grandes culturas - cultivar 166

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Março de 2013

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Ajustes necessários.....................10Conheça os aspectos do controle químico que precisam ser ajustados para o manejo correto da ferrugem nos cafezais brasileiros

Destaques

Índice

Diretas 04

Plantas daninhas em milho 08

Ferrugem no cafeeiro 10

Lesões da bainha em arroz 12

Mancha de ramulária em algodão 14

Controle de cupins em cana 16

Buva resistente a glifosato em soja 18

Percevejo marrom em soja 20

Tratamento de sementes em soja 23

Utilização de nitrogênio na supressão de daninhas 26

Informe empresarial - BR-3 29

Podridão radicular em cevada 30

Empresas - Estação Basf 33

Nematoides em feijão 34

Coluna ANPII 36

Coluna Agronegócios 37

Mercado Agrícola 38

Intervalo adequado.............................20Como o intervalo correto entre as pulverizações de inseticidas pode auxiliar no combate do percevejo marrom, um dos principais insetos que limitam a produtividade da soja

Expediente

Cultivar Grandes Culturas • Ano XIV • Nº 166 • Março 2013 • ISSN - 1516-358X

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480Rua Sete de Setembro, 160, sala 702Pelotas – RS • 96015-300

DiretorNewton Peter

[email protected]

Assinatura anual (11 edições*): R$ 173,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:US$ 130,00Euros 110,00

Nossos Telefones: (53)

Nossa capa

Bainha lesionada.......................12Que fatores considerar no manejo do complexo de lesões da bainha, doenças que crescem em importancia na cultura do arroz irrigado

Competição involuntária..............08Os cuidados adicionais no manejo de herbicidas quan-do se adota o consórcio de plantas de coberturas ou forrageiras como brachiarias, na cultura do milho

Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

• Geral3028.2000• Assinaturas:3028.2070• Redação:3028.2060

• Comercial:3028.20653028.20663028.2067

REDAÇÃO• Editor

Gilvan Dutra Quevedo• Redação

Carolina S. SilveiraJuliana Leitzke

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

MARKETING E PUBLICIDADE• Coordenação

Charles Ricardo Echer

• VendasSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithieli Barcelos

CIRCULAÇÃO• Coordenação

Simone Lopes• Assinaturas

Natália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

Gilvane L. Jakoby

GRÁFICA: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Page 4: Grandes Culturas - Cultivar 166

Diretas

04 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

BrasmaxA Brasmax lançou três variedades de soja no Show Rural 2013: Veloz, Alvo e Tornado. As três variedades têm hábitos de crescimento indeter-minados com ciclo precoce e superprecoce. Além da característica RR, os lançamentos possuem o gene RPS1K, responsável pela sanidade da raiz, e estarão disponíveis para o plantio na safra 2013/14.

IntactaA Monsanto destacou a tecnologia Intacta RR2 para a cultura da soja. Dados de 500 lavouras experimentais espalhadas por 275 municípios do Brasil mostraram produtividade adicional média de 6,59 sacas por hectare, comparadas com a cultivar mais produtiva de cada região. Segundo Adriano Silva, supervisor comercial para a Região Sul e Mato Grosso do Sul, este incremento na produtividade ocorre graças a tecnologias avançadas de mapeamento, proteção às principais lagartas e tolerância ao glifosato.

DekalbA Dekalb levou aos produtores do Paraná o sistema multiplantio de híbridos com as tecnologias VT PRO e VT PRO2. “A proposta é diluir os risco e manter o potencial produtivo, utilizando diferentes variedades, com recomendações adequadas de adubação e estande de plantas”, explicou Thiago Bortoli, gerente de Biotecnologia Milho. Para o multiplantio na região Sul, são indicados os híbridos DKB 275 PRO, DKB 285 PRO e DKB 330 PRO.

AgroesteA Agroeste destacou a variedade de soja AS 3610 Ipro, com tecnologia Intacta RR2 PRO, e o híbrido de milho AS 1656 PRO2 que traz a tecnologia VT PRO2 com maior potencial produtivo e tolerância às principais lagartas que atacam a cultura do milho. Segundo o gerente regional da Agroeste para o Paraná e São Paulo, Flávio Salvadori, a empresa também procurou alertar os produtores para os problemas causados pela diabrótica.

BRS 360 RRA Embrapa lançou durante o Show Rural a cultivar de soja BRS 360 RR, fruto de uma nova geração de cruzamentos desenvolvidos pela empresa. Indicada para as regiões 201, 202 e 204, a cultivar alcançou a marca de 4.376kg por hectare em lavoura experimental no município de Campo Mourão. A cultivar é de ciclo precoce e tem hábito de crescimento indeterminado e possui resistência a diversas doenças e nematoides.

PioneerA DuPont Pioneer apresentou durante o Show Rural os híbridos de milho, e as cultivares de soja: 95Y21, 95R51 e 95Y72, lançadas para o plantio no Sul do Brasil. Os visitantes da feira também conheceram a tecnologia Optimum Intrasect de proteção contra insetos, tecnologia que proporciona o controle de sete pragas do milho.

BioGeneA BioGene destacou os híbridos de milho para a região de Casca-vel BG7051H, BG7060HR e BG7049H, além de lançar o híbrido precoce BG7046, com alto potencial produtivo para a safra verão e cultivo das áreas de refúgio. A empresa ainda apresentou os híbridos precoces para a safrinha, BG7032H, BG7049H, BG7037H e os hí-bridos superprecoces BG7065H e BG7061H, com elevado potencial

Bayer CropScienceA Bayer CropScience levou aos visitantes do Show Rural ferramentas desenvolvidas para o manejo da soja e do milho, com apresentação de palestras de renomados pesquisadores. A Bayer também apresentou os fungicidas Fox e Sphere Max para o manejo de doenças da soja e o inseti-cida CropStar, voltado para o tratamento de sementes de soja e milho.

Thiago Bortoli

produtivo. Os produtores também receberam infor-mações sobre qualidade de plantio, tratamento de se-mentes industrial e sobre a tecnologia Bt Optimun Intrasect, ferramenta que auxilia no manejo integra-do de lagartas na cultura.

Adriano Silva

Flávio Salvadori

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05www.revistacultivar.com.br • Março 2013

ParceriaEverton Queiroz, gerente comercial da Bayer CropScience para a região de Toledo, mostrou bastante entusiasmo na participação da empresa no Show Rural 2013. “Para nós da Bayer CropS-cience, é uma grande satisfação fazer parte destes 25 anos de Show Rural, em parceria com a Coopavel, levando aos produtores informações para que eles possam realizar suas atividades de forma sustentável”, destacou.

DupontA Dupont levou para o Show Rural da Coopavel seu portfólio de pro-dutos para proteção de cultivos, com destaque para o fungicida Aproach Prima e os inseticidas Premio e Lannate. Durante o evento, o estande contou com a presença do gerente de negócios para o Brasil, João Bosco de Freitas; do gerente comercial para o Paraná, Jorge Artuzi, e do vice-presidente da DuPont Produtos Agrícolas, Mario Tenerelli.

SyngentaA Syngenta destacou no Show Rural, para a cultura da soja, as varie-dades Vtop RR, Syn 1163, Syn 1257 e Syn 1258, o lançamento do fungicida ScoreFlexi, que se junta ao Priori Xtra no controle de doenças fúngicas, além dos inseticidas Curyom e Engeo Pleno. “Em tratamento de sementes apresentamos o Cruiser, que oferece mais controle e vigor, e o Avicta Completo, indicado contra doenças, pragas e nematoides”, explicou Herlon Pereira, coordenador de Comunicação Mercadológica da Syngenta. Em milho foi lançada a biotecnologia Agrisure Viptera 3, juntamente com a apresentação de híbridos de alto desempenho, como Formula e Status, além do Velox, híbrido de ciclo hiperprecoce com adaptação para a região Sul.

AvaliaçãoA Syngenta considera o Show Rural um dos mais importantes eventos do agronegócio brasileiro e a Coopavel é uma parceira fundamental. “Justamente por isso, a Syngenta optou por ter o Show Rural como sede de nossa reunião bimestral de diretoria, permitindo à liderança conhe-cer de perto as necessidades da agricultura paranaense. E, além disso, reconhecer todo o excelente trabalho feito pela equipe de profissionais da empresa, que se dedicou durante meses para apresentar nossas soluções integradas aos clientes e contribuir com o sucesso do evento”, avaliou o diretor geral da Syngenta para o Brasil, Laércio Giampani.

Produquímica O destaque da Produquímica durante o Show Rural 2013 foi o Tecnotour Produquímica, atividade, cujo objetivo foi oferecer aos visitantes maior conte-údo técnico sobre produtos e serviços da empresa, através do contato com a tecnologia digital, de forma prática e interativa. “A atividade ocorreu em uma área de plantio especialmente preparada para este tour, com seis estações com-parativas”, explicou Alexandre Meconi, gerente de Marketing e Comunicação Corporativa da Produquímica.

Morgan A Morgan Sementes e Biotecnologia, marca comercial da Dow AgroS-ciences, apresentou no Show Rural Coopavel a tecnologia Powercore. Também destacou os híbridos 30A16 e o 30A68, que mostraram exce-lente produtividade em ensaios realizados no Oeste do Paraná. “Um dos diferenciais do Powercore são as três proteínas BT distintas inseridas, que reduzem a possibilidade da praga-alvo desenvolver resistência”, afirmou a gerente de marketing da Morgan, Diogênes Panchoni.

INPevO Instituto Nacional de Processamentos de Embalagens Vazias de Agro-tóxicos (INPev) e a Associação dos Distribuidores de Defensivos Agrí-colas e Veterinários do Oes-te (Addav) participaram do Show Rural Coopavel 2013. No estande a atração foi a pre-sença do espantalho Olímpio, que reforçou a importância da correta destinação de em-balagens vazias de defensivos agrícolas. No espaço também foram expostos painéis com o ciclo de vida desse tipo de material e informando como realizar a tríplice lavagem e a lavagem sob pressão.

Everton Queiroz

Alexandre Meconi (dir.)

PalestrasDurante o Show Rural a UPL promoveu em seu estande palestras sobre o manejo de percevejos. No complexo de pragas esses insetos são considerados os de maior risco para a soja, podendo causar grandes danos desde a fase vegetativa até o final do período reprodutivo, explicou o professor Silvestre Belettini.

Artuzi, Tenerelli e Bosco

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Itaforte BioprodutosDurante o Show Rural Coopavel a Itaforte Bioprodutos destacou seu portfólio para grãos, como o Tricho-dermil, fungicida biológico que atua na inibição de doenças de solo. De fácil uso, indicado para aplicação pre-ventiva no sulco de plantio, via pivô central, ou no tratamento de semen-tes, é recomendado para diferentes cultivos, no controle de Fusarium e Rhizoctonia em feijão e soja.

06 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

UPLEntre os destaques preparados pela UPL durante o Show Rural Coopavel os produtores puderam conhecer o programa de manejo de percevejos Extingue Bugs. “Colocamos à disposição do agricultor não apenas produtos, mas uma equipe de especialistas pronta para orientar e sugerir o manejo adequado de acordo com cada praga, cultura e região. Fortalecendo os laços com o produtor, a UPL tem certeza de que as chances de sucesso serão muito maiores”, explicou Marcelo Pessanha, gerente de Produtos da UPL.

MicroquímicaA Microquímica levou ao Show Rural sua linha de fertilizantes, inoculantes, adjuvantes e reguladores de crescimento vegetal.

HerbicidaA Unidade de Proteção de Cultivos da Basf lançou no 25° Show Rural Coopavel o herbicida Heat. O produto possui rápido efeito no controle de importantes plantas daninhas de folhas largas como a buva, uma das princi-pais ervas resistentes e que está presente em grande parte do Brasil, principalmente na região Sul. “O herbicida é utilizado na dessecação para plantio das principais culturas como soja, arroz, milho, trigo e algodão, além do manejo de plantas daninhas em pós-emergência nas culturas do arroz e cana-de-açúcar, e na dessecação pré-colheita em batata e feijão”, explicou o gerente de Negócios e Cereais Centro-Sul, Marcelo Batistela.

AgroDetectaA Basf apresentou no Show Rural o AgroDetecta, serviço que tem por objetivo oferecer aos produtores informações sobre os melhores momentos para realizar pulverizações para o controle de doenças. O AgroDetecta

Tour SojaA Unidade de Proteção de Cultivos da Basf realizou o 2° Tour de Soja nas cidades gaúchas de Tupanciretã e Cruz Alta, com a finalidade de discutir e apresentar soluções do manejo da cultura da soja. Em Tupan-ciretã, o evento foi realizado na propriedade Santa Tecla, do Grupo AWG Soldera, às margens da Rodovia RST-377. No local, está instalado um campo experimental com 32 variedades de soja. Os palestrantes desta etapa foram Ricardo Balardin, da Universidade Federal de Santa Maria; Marcelo Madalosso, do Instituto Phytos; o pesquisador Luiz Gustavo Floss e o gerente da Santa Tecla, Marlon Lírio. Em Cruz Alta, o evento ocorreu na propriedade Agropecuária São Felipe, de Tiago Rubert, às

ParticipaçãoCom equipe composta por 30 colaboradores, a Milenia Agrociên-cias participou da 25ª edição do Show Rural Coopavel. A empresa recebeu mais de 600 produtores de 13 caravanas das Regionais de Londrina e Cascavel. Durante a visita o público conheceu o portfólio das culturas de soja, milho e trigo, com os produtos Galil, Poquer, Vezir e Azimut. “Há 25 anos o Show Rural Coopavel é uma vitrine tecnológica, umas das maiores feiras do Brasil e uma forte referên-cia para a região Sul. Neste cenário surge a Milenia, que participa ativamente do evento, marcando fortemente presença no campo, através da demonstração do excelente portfólio para soja, milho e trigo, além de uma equipe extremamente tecnificada”, explicou o gerente de Marketing da Milenia, Fabrício Pacheco.

atua por meio do monitoramento agrometeoro-lógico, que é realizado por uma rede de estações meteorológicas e interpretadas através de modelos matemáticos de previsão de ocorrência de doenças. “O serviço é exclusivo da Basf e, por enquanto, será utilizado na detecção e monitoramento de doenças, mas nossa pretensão é utilizá-lo também em outras atividades na fazenda, que tenham alguma correla-ção com agrometeorologia”, explicou o gerente de Serviços e Sustentabilidade da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf, Dieter Schultz.

Marcelo Batistela

Dieter Schultz

margens da Rodovia BR-377, onde é conduzido um campo experimental com 17 varie-dades de soja. Palestraram Carlos Alberto Forcelini, da Universidade de Passo Fundo, e o produtor Tiago Rubert.

Alltech A Alltech Crop Science participou pela primeira vez da sua 25ª edição do Show Rural. Durante o evento, os engenheiros agrônomos da empresa mostraram aos visitantes soluções naturais que a marca oferece para a nu-trição, proteção e performance dos grãos. O público conferiu seis campos demonstrativos de três culturas: soja, milho e feijão nas fases vegetativa e reprodutiva. Com apoio de fones de ouvido, o público acompanhou o tratamento realizado com os produtos da Alltech Crop Science nas áreas demonstrativas. “Foi uma excelente oportunidade para consolidar a nova marca em todo o mercado de grãos”, avaliou o diretor comercial da empresa, Ney Ibrahim.

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07 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Milho

Competição involuntária

Plantas como Brachiaria ruziziensis são uma alternativa para o plantio em consórcio com o milho, seja para cobertura do solo ou como forrageira para alimentação animal. Contudo, sua adoção implica em cuidados adicionais no manejo de

herbicidas para conter de forma eficiente as daninhas e agir seletivamente em relação à cultura consorciada

O Brasil é um dos poucos países em que é possível realizar o cultivo de mais de uma cultura

por ano na mesma área, como é o caso da

Elemar Voll

sucessão soja e milho safrinha, cuja explora-ção está concentrada nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. Anualmente se cultivam ao redor de cinco

milhões de hectares com esta sucessão, que representa 34,7% da área de milho do país (Conab, 2009), mostrando a importância deste sistema de produção de grãos para a agricultura nacional.

No entanto, a produção de grãos continuada neste sistema de soja e milho safrinha pode não se tornar sustentável, principalmente por problemas relacionados ao manejo do solo, como a baixa cobertura de palha e a redução do teor de matéria orgânica, que aumentam a suscetibilidade à erosão hídrica e as perdas de água por evaporação, além de resultar em maior com-pactação, sendo a principal consequência o aumento da suscetibilidade destas culturas aos períodos de estiagem, com diminuição da produtividade. Outro problema deste sistema é o baixo investimento realizado no controle das plantas daninhas na cultura do milho safrinha, o que resulta em aumento da infestação e do banco de sementes de infestantes nestas áreas.

Uma alternativa para minimizar os impac-tos negativos desta sucessão é a introdução de

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plantas de cobertura no sistema, que pode ser realizada após a colheita do milho safrinha ou de forma consorciada. Nesse contexto, forra-geiras tropicais, como as braquiárias, sendo um exemplo a Brachiaria ruziziensis (ou Urochloa ruziziensis), têm sido estudadas em consórcio com o milho safrinha, com bons resultados como opção de cobertura do solo.

Há também a possibilidade da cultura consorciada ser produzida com a finalidade de forrageira, para ser utilizada na alimen-tação animal ou servir de cobertura para o solo, o que aumenta a rentabilidade geral do sistema de produção de grãos com base na sucessão soja-milho safrinha.

No entanto, em sistemas consorciados de produção, as espécies utilizadas estão sujeitas à competição entre si, além da competição naturalmente exercida pelas plantas daninhas, o que torna fundamental planejar corretamente o manejo de her-bicidas na área, para controlar as plantas daninhas e apenas suprimir parcialmente a forrageira. Dentro deste contexto, é importante considerar algumas opções de herbicidas pós-emergentes para a cultura do milho safrinha, no controle das plantas daninhas e na seletividade para B. ruziziensis cultivada consorciada, evitando-se perdas na produção do milho. Para isso, é necessário manejar adequadamente a braquiária, o que inclui ajustar a densidade de semeadura e realizar a correta supressão da forrageira com a aplicação de herbicidas.

Caso a B. ruziziensis não seja devidamen-te manejada, pode ocorrer diminuição da produtividade do milho. Com a necessidade de controlar gramíneas, tem sido importan-te o uso de graminicidas pós-emergentes.

08www.revistacultivar.com.br • Março 2013

Um dos herbicidas mais usados é o nico-sulfuron, sendo possível utilizar também outros herbicidas como o mesotrione e o tembotrione.

ExpErimEntoUm experimento foi realizado em 2009,

em Londrina, Paraná, a 587m de altitude, em Latossolo Vermelho eutroférrico, com 74% de argila e 2,4% de matéria orgânica, após a colheita da soja.

A semeadura da B. ruziziensis foi feita a lanço, com posterior incorporação superficial com grade niveladora. Também foi realizada a semeadura do milho, tendo sido usado espa-çamento entre linhas de 0,90m e densidade de sete plantas por metro. A aplicação do herbicida pós-emergente é feita entre 20-30 dias após a semeadura, com a braquiária em início de perfilhamento e plantas daninhas monocotiledôneas e dicotiledôneas, com duas a seis folhas verdadeiras.

Foram avaliados o controle das plantas daninhas, a fitotoxicidade para a B. ruzizien-sis e a produtividade do milho.

Os principais infestantes presentes na área foram: mentastro, caruru, trapoeraba, capim-colchão, nabo e poaia, na população de 28,4 plantas m2.

A presença das plantas daninhas não resultou em diminuição da biomassa da B. ruziziensis, pois não houve diferença significativa quanto ao desenvolvimento da forrageira entre a testemunha com controle manual das infestantes e a testemunha sem controle, determinados por ocasião da co-lheita do milho safrinha (Tabela 1).

Mesotrione e tembotrione resultaram em leve branqueamento em poucas folhas

de plantas de milho. Com nicosulfuron foi observado leve amarelecimento em algumas folhas, considerando o híbrido usado. Os sinais de fitotoxicidade dos herbicidas no milho desapareceram em todos os trata-mentos aos 28 dias após a aplicação dos herbicidas.

Os níveis de fitotoxicidade (controle) observados na B. ruziziensis foram inicial-mente altos para tembotrione (>80%) e praticamente mantidos ao final de 42 DAA; os de mesotrione reduziram-se sig-nificativamente (<10%), enquanto que os de nicosulfuron, inicialmente baixos na primeira semana (<20%), elevaram-se na segunda semana a níveis médios e, aos 42 DAA a níveis altos (>70%).

Todos os tratamentos foram considera-dos seletivos para a cultura do milho. No entanto, as maiores produções de biomassa da B. ruziziensis foram obtidas com atrazine. Na avaliação da interferência da braquiária sobre a cultura do milho, observou-se que, quando a espécie não sofreu nenhum tipo de controle, a competição causou redução na produtividade de 45,3%, em comparação com as testemunhas com controle manual das plantas daninhas.

tabela 1 - Efeito de herbicidas aplicados no milho safrinha consorciado com braquiária (B. ruziziensis), no controle de plantas daninhas infestantes, na biomassa seca da braquiária (BmS-Braru) e na produtividade do milho com e sem a braquiária. Londrina, pr, 2011

tratamentos Dose (g ha-1)

Mesotrione + (Atrazina+Óleo) 60 + 800Mesotrione + (Atrazina+Óleo) 90 + 800Mesotrione + (Atrazina+Óleo) 120 + 800Mesotrione + (Atrazina+Óleo) 60 + 1200

(Atrazina+Óleo); 800(Atrazina+Óleo); 1200

Tembotrione; 75,6Tembotrione; 100,8

Tembotrione + Atrazina 50,4 + 1000Tembotrione + Atrazina 75,6 + 1000

Nicosulfuron + (Atrazina+Óleo) 16 + 800Nicosulfuron + (Atrazina+Óleo) 20 + 800

testemunha capinadatestemunha sem capina

médiaC. V. (%)

Controle BrArU (%)14 DAA12,5 c16,2 c18,7 c13,7 c2,5 d3,7 d88,7 a86,2 a85,0 a91,2 a55,0 b58,7 b0,0 d0,0 d

-16,23

Controle p. D. (%)14 DAA86,7 b95,0 a83,7 b90,0 b80,0 b85,0 b90,2 b91,0 b93,7 a98,2 a85,0 b88,7 b100,0 a

0,0 c-

8,55

BmS-BrArU(kg ha-1)4919,6 a4.116,4 a2.961,8 b2.861,4 b6.024,1 a5.582,3 a753,0 c461,8 c893,5 c240,9 c

1.355,4 c833,3 c

6.255,0 a6.074,3 a

-79,56

Com5.400Aa5.702Aa5.906Aa6.193Aa5.793Aa5.761Aa5.713Aa6.287Aa5.913Aa6.291Aa5.852Aa6.068Aa3.566Bb3.397Ab5.556B15,87

Sem5.893,4Aa6.281,7Aa5.844,3Aa6.233,4Aa5.929,1Aa6.373,0Aa6.242,6Aa5.900,3Aa6.067,2Aa5.909,8Aa6.166,8Aa5.976,2Aa6.523,0Aa4.601,2Ab5.996 A

produtividade

1 Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Fernando Adegas, Elemar Voll e Dionísio Gazziero,Embrapa Soja

CC

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Café

10 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Ajustes necessáriosO emprego da irrigação e o uso de cultivares mais suscetíveis à ferrugem têm feito com que a incidência da doença cresça de forma preocupante nos cafezais brasileiros. Esse cenário exige ajustar o manejo químico. Em café Conilon o uso de

produtos protetores à base de cobre é uma das alternativas recomendadas para melhorar os resultados de controle

A produção de café, tanto Arábica quanto Conilon, é limitada por vários fatores, como as doenças

que têm ocupado lugar de destaque, por causar problemas desde o plantio até a colheita, tornando a produção dependente de aplicações de produtos fitossanitários. Merece destaque a fer-rugem, causada por Hemileia vastatrix Berk. et Br., por provocar a queda das folhas e promover o depauperamento da plantas.

Os produtos à base de cobre foram um dos primeiros a serem utilizados na agricultura a partir dos anos de 1930. Posteriormente, vieram os triazóis ao final da década de 1970, seguidos das estrobiluri-nas nos anos de 1990 a 2000. Esta mudança de grupos químicos trouxe avanços no controle de doenças das plantas como a redução da dose do produto aplicado por hectare em mais de 70%, formulações mais seguras e fáceis de manipular, além da redução

da toxicidade ao homem e ao ambiente. Contudo, uma das melhorias mais sig-

nificativas foi a operada no controle das doenças em decorrência do efeito curativo e da translocação do produto na planta via apoplasto. Outro aspecto interessante, porém preocupante, foi o que ocorreu a partir da redução do custo dos produtos fitossanitários em decorrência do ven-cimento de patentes, que favoreceu o uso excessivo do controle químico, em detrimento de outros métodos de controle.

Na Tabela 1 são mostradas algumas características dos fun-gicidas protetores (no caso, o cobre) e sistêmicos (triazóis) normalmente utilizados no con-trole da ferrugem do café. Estas informações são importantes para que seja feito o uso adequado dos produtos, resultando no melhor

controle ao longo do tempo.

No café Conilon, a resistência genética é a melhor estratégia utilizada no controle da ferrugem, em decorrência da alta varia-bilidade genética no campo, da rusticidade do material obtido por sementes ou clones. Contudo, nos últimos anos, a condução da cultura sofreu alterações como a adoção sistemática da irrigação, a seleção de clones mais suscetíveis à ferrugem e o aumento de produtividade. Estes fatores fizeram com que a importância da ferrugem crescesse nas regiões produtoras, chegando a níveis preo-cupantes, tornando necessária uma melhor avaliação do controle químico da ferrugem.

O controle químico da ferrugem no café Arábica tem sólida base histórica acumula-da desde a década de 1970. Nesta época, os produtos à base de cobre e algumas caldas faziam parte das recomendações técnicas. No Conilon, os estudos intensificaram-se a partir da década de 90, quando os triazóis encontravam-se amplamente presentes no mercado, fazendo com que o uso de fun-gicidas protetores desempenhasse função secundária. Outros fatores também favo-

Aspectos como irrigação e seleção de clones suscetíveis alteraram cenário da cultura

Page 11: Grandes Culturas - Cultivar 166

receram o uso quase que exclusivamente de fungicidas sistêmicos no Conilon, como a alta densidade de plantio e a lavagem de produtos pela irrigação.

Atualmente, há necessidade de se ajustar o controle químico da ferrugem no Conilon. O uso quase que exclusivo de produtos sistêmicos, a seleção de clones mais produtivos e suscetíveis à ferrugem e a ocorrência de condições favoráveis à doença no campo têm feito com que o controle tradicional perca sua efetividade, conforme dados observados no campo e em área experimental na safra de 2010/2011 (Figura 1).

Em dois anos consecutivos foi avaliada eficiência do uso exclusivo de produtos triazóis em comparação com a inclusão de uma ou duas aplicações de hidróxido de cobre no manejo químico da ferrugem. Nos dois casos, a mistura do fungicida protetor proporcionou um controle mais efetivo da doença, conforme resultado obtido no experimento de 2011 (Tabela 2).

Um dos ajustes necessários para me-lhoria do controle da ferrugem no café Conilon é a volta do uso de produtos

Fotos Marcelo Barreto da Silva

O controle tradicional da ferrugem tem perdido efetividade ao longo dos últimos anos

11www.revistacultivar.com.br • Março 2013

tabela 1 - Comparação entre característica de fungicida protetor e fungicida sistêmico

Fungicida protetor ou de contatoAção antes da infecção

Uso preventivo recomendado Limitada penetração no tecido da planta

não se movimentam no interior da plantapouca eficiência no controle da ferrugem

Amplo mecanismo da ação Exigem melhor cobertura foliar

Baixo risco de perda de eficiência

Fungicida sistêmico ou erradicanteAção preferencialmente pós-infecção

Uso curativo recomendadopenetram no tecido da planta

Diferentes níveis de translocação na plantaAlta eficiência no controle da ferrugem

mecanismo de ação seletivopode ser aplicado via solo

Alto risco de perda de eficiência

tabela 2 - Comparação entre os diferentes tratamentos utilizados no controle da ferrugem do café Conilon. Quando em três aplicações, considerar os meses de outubro, dezembro e março. Comparação da média da incidência da doença na última avaliação, São mateus (ES), 2011

produto Aplicado1) Hidróxido de cobre-epoxiconazol+piraclostrobina -hidróxido de cobre

2) Hidróxido de cobre-Fluriafol (Foliar)-Hidróxido de cobre3) testemunha

4) Hidróxido de cobre+ epoxiconazol+piraclostrobina (Dez/Mar)5) Hidróxido de cobre -Flutriafol (Drench)- Hidróxido de cobre

6) epoxiconazol+piraclostrobina - epoxiconazol+piraclostrobina (Out/Mar)7) epoxiconazol+piraclostrobina - Hidróxido de cobre - epoxiconazol+piraclostrobina

incidência Final (%)24,2 A23,7 A23,6 A10,1 B8,9 B6,3 B5,1 B

nível de controle (%)00057637479

Figura 1 - Baixa eficiência de controle da ferrugem por meio de fungicidas sistêmicos. na área circulada, intensidade da ferrugem observada nos tratamentos que fizeram uso de hidróxido e fungicidas contendo triazóis e estrobirulinas. A linha contínua em azul representa situação sem controle químico. nas demais curvas são descritas a evolução da ferrugem em parcelas contendo somente fungicidas triazóis com estrobirulinas

Marcelo Barreto da Silva,Univ. Federal do Espírito Santo

O cultivo de Coffea canephora no Brasil é responsável por cerca

de 40% da produção nacional de café. Os principais estados produtores são Espírito Santo, Rondônia, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia e Rio de Janeiro. O estado do Espírito Santo, tradicional produtor de café Arábica, também é res-ponsável por 75% da produção nacional

CAfé No BrASIl de C. canephora (café Conilon), o que o coloca na posição de primeiro produtor nacional desta espécie (Ferrão et al, 2007). Os municípios de Jaguaré, Vila Valério, Linhares, Sooretama, São Mateus, Nova Venécia, São Gabriel da Palha, Rio Bananal e Pinheiro se destacam na produção dessa espécie, onde a variedade mais popular entre os produtores é a Conilon.

protetores à base de cobre. Apesar da menor eficiência do cobre, quando este é associado a produtos sistêmicos, o controle do conjunto é melhor, auxiliando inclusive no manejo da resistência a fungicidas, fato já detectado em outras culturas como tomate e citrus.

Outras medidas de controle preci-sam ser incorporadas como escolha mais

criteriosa dos clones resistentes, adoção do monitoramento da doença no campo com critério para iniciar a aplicação de fungicidas, ajuste na época da aplicação de fungicida via solo e a melhoria na tec-nologia de aplicação.

A escolha criteriosa de clones é uma das medidas para prevenir problemas com a doença

CC

Page 12: Grandes Culturas - Cultivar 166

A sustentabilidade do setor orizícola está ligada diretamente a altas produtividades e qualidade do

grão retirado da lavoura. A busca por estes incrementos produtivos remetem à excessiva perda de rusticidade por parte da planta, apre-sentando danos ainda mais severos quando atacada por patógenos em safras passadas (Gráfico 1).

Diante deste cenário, há necessidade de proteger as plantas de arroz do efeito deletério das doenças, o que justifica-se pela grande gama de patógenos que podem vir a ocasionar danos à cultura. Doenças até então classificadas como secundárias têm sido frequentemente observadas nas áreas de cultivo, porém não identificadas no momento correto, como é o caso do complexo de lesões da bainha, representado pelas manchas das bainhas (Rhizoctonia oryzae), queima das bainhas (Rhizoctonia solani) e podridão das bainhas (Sarocladium oryzae), principalmente. A dificuldade de identificação remete a erros que partem de posicionamento de fungicidas até tomadas de decisões equivocadas de mane-jo, como repetição de aplicações em cobertura

de nitrogênio.Característica de áreas de cultivo intensivo

de arroz, o gênero Rhizoctonia sp é recorrente nas áreas e responsável por danos crescentes, representados por duas espécies que rece-bem denominações de mancha das bainhas (Rhizoctonia oryzae) e queima das bainhas (Rhizoctonia solani).

A sintomatologia diferencia os dois pató-genos por características detalhadas das lesões. A mancha das bainhas (Rhizoctonia oryzae) pode aparecer distribuída em reboleiras na lavoura e as lesões mostram-se ovais, entre 0,5cm e 2cm de comprimento e 0,5cm e 1cm de largura, localizando-se próximas à lâmina de água. As lesões são de coloração verde-claro a acinzentado no centro, bordas escuras e mar-gens marrom-avermelhadas bem definidas. Em alguns casos apresentam esclerócios.

Já para queima das bainhas (Rhizoctonia solani), as lesões são semelhantes nas folhas e colmos, estando localizadas próximas à lâ-mina de água e distribuídas em reboleiras em lavouras com rotação com soja. No entanto, as lesões grandes apresentam coloração verde-acinzentada no centro, ovaladas, coalescem e

possuem borda irregular e de coloração mar-rom. Ataques severos podem causar secagem das folhas e acamamento devido à infecção do colmo. O colmo pode apresentar lesões menores. Em alta umidade produz micélio branco e, por fim, esclerócios de coloração rosada a parda.

Os dois patógenos possuem características semelhantes de epidemiologia com umidade relativa do ar adequada acima de 90%, porém com uma variação de tolerância à baixa tempe-ratura. Para mancha das bainhas (Rhizoctonia oryzae), a faixa de temperatura adequada é ampla e está entre 10ºC e 35°C, já para queima das bainhas (Rhizoctonia solani) apresenta-se entre 25ºC e 37°C. Além disso, atividades de manejo são decisivas para a manutenção e o aumento da progressão da doença, como ureia em excesso (> 200kg/ha), alta densidade de plantas (acima de 100kg/ha) e manutenção de restos culturais (soqueira) associados a solos com matéria orgânica acima de 2%. Especial-mente para Rhizoctonia solani, a cultura da soja está entre as culturas hospedeiras representan-do um potencial multiplicador deste inóculo, principalmente no atual avanço da soja sobre a

Doenças anteriormente consideradas secundárias têm sido observadas com frequência nas áreas de cultivo de arroz irrigado. É o caso do complexo de lesões da bainha, composto por patógenos de difícil identificação que induzem a erros no manejo, capazes de redundar em prejuízos severos

Bainha lesionadaArroz

12 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Ger

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Page 13: Grandes Culturas - Cultivar 166

Gráfico 1 - rendimento de grão em diferentes cultivares e anos de cultivos submetidos ou não à aplicação de fungicidas

13www.revistacultivar.com.br • Março 2013

área orizícola. Todos estes fatores contribuem para sobrevivência do patógeno na forma de esclerócios (0,5mm) e micélio no solo.

As infecções iniciais ocorrem a partir de hifas oriundas destes esclerócios, que flutuam sobre a água ou micélio em restos culturais flutuantes. As hifas crescem sobre perfilhos ao nível da água e, posteriormente, infectam as bainhas das folhas pelos estômatos ou cutícula. A doença evolui na medida em que o microclima se estabelece e o controle fica limitado a partir do início do emborrachamen-to. Em ataques muito severos de Rhizoctonia oryzae, a doença ocasiona a seca total ou parcial das folhas, podendo ocasionar o acamamento das plantas (Kimati, 1997).

Outra doença ligada ao complexo de lesões na bainha de crescente representatividade é a podridão da bainha (Sarocladium oryzae). A identificação no campo é possível pelos sin-tomas típicos da doença presentes na bainha, abaixo da folha bandeira, podendo atingir panículas jovens. As lesões começam como manchas oblongas ou irregulares, de coloração castanho-escuro, evoluindo para grande parte da extensão do colmo, causando descoloração da bainha.

Em severidade elevada, as lesões de coloração acinzentada ou marrom-claro ao centro aumentam e podem coalescer, cobrindo a maior parte da bainha da fo-lha, dificultando a emissão da panícula e levando ao apodrecimento das espiguetas dentro da bainha. Nesse caso, a maioria dos grãos é estéril, chocha e descolorida. As espiguetas infectadas possuem coloração marrom-avermelhado e podem apresentar esterilidade.

Este patógeno tem seu desenvolvimento adequado em umidade relativa superior a 90% e temperaturas variáveis entre 20ºC e 25°C próximos à maturidade da cultura do arroz, sobrevivendo na forma de micélio nos restos culturais e pode ser transmitido pelas sementes. O manejo inadequado da lavoura também possui grande responsabilidade pela elevação da incidência deste patógeno, como ervas daninhas presentes em taipas e pousios, quantidade elevada de nitrogênio e adensamento da cultura associada à lesão

de insetos. Como nos demais patógenos ligados ao

complexo de lesões da bainha, a união de estratégias de manejo tem por objetivo reduzir a sobrevivência e a progressão da doença in-crementando a eficiência do controle químico (veja Box).Marcelo Madalosso,Instituto Phytus/URI SantiagoFelipe Frigo Pinto eRicardo Balardin,Univ. Federal de Santa Maria

CC

Sintomas de queima das bainhas (Rhizoctonia solani) nacultura do arroz irrigado; alguns já em processo de coalescência

Sintomas castanho-escuros após infecção de Rhizoctonia solani em plantas de soja

Lesões irregulares marrom-escuros, coalescendo e evoluindo para a extensão do colmo

• Reduzir o adensamento da cultura (< 100kg/ha); evitar excesso de ureia (< 200kg) e manutenção da lâmina de água uniforme em 10cm;

• Destruição de restos culturais (soqueira) após a colheita, associada à drenagem da área;

• Adubação com potássio pode reduzir a incidência da doença;

• Aplicação de fungicidas (triazóis + estrobilurinas), até os 40 DAE, sob condições de histórico de ocorrência das doenças;

• Uso de cultivares tolerantes/resistentes;

• Rotação com culturas não hospe-deiras (evitar soja em áreas com queima das bainhas (Rhizoctonia solani).

EStrAtéGIAS

Lesões de coloração acinzentada ou marrom-claro ao centro, dificultando a emissão da panícula

Gerson Dalla Corte

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Deb

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Page 14: Grandes Culturas - Cultivar 166

Algodão

14 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

rência de variabilidade de Ramularia are-ola no Brasil. Observou-se que o material resistente FMT 705, resistente na região do estado de Mato Grosso, comportou-se como suscetível no estado de São Paulo. Por outro lado, o material, Fibermax 966, considerado moderadamente suscetível em Mato Grosso, foi um dos melhores em São Paulo.

Foi verificado que o patógeno da ra-mulária pode causar prejuízos na produção de algodão, que chega a 28% quando se utilizam materiais genéticos suscetíveis. O sistema de plantio do algodoeiro também pode influenciar a incidência da doença. Foi verificado que o cultivo de algodoeiro menos adensado e de modo a evitar o

sombreamento excessivo ajuda no controle de R. areola.

O controle químico é uma das medidas utilizadas. Para tal se recomenda que a aplicação do fungicida seja realizada logo que as primeiras lesões do patógeno sejam vistas nas folhas mais velhas da planta. O número dessas aplicações pode ser dimi-nuído, como também dispensado, quando for utilizado material genético mais resis-tente. Convém lembrar que é importante o conhecimento do modo de ação e tipo de translocação do produto na planta para o bom controle químico da doença e também que a maneira alternada de aplicação do princípio ativo do fungicida é essencial para evitar o aumento da frequência de

Severidade e resistência

A mancha de ramulária (Ramu-laria areola, Atk.) se encontra disseminada atualmente por

toda região algodoeira do Brasil. Até uns 15 anos atrás era considerada doença secun-dária, pelo menos na maioria das regiões produtoras de algodão. As cultivares que existiam há dois ou três anos eram todas suscetíveis ao patógeno, principalmente na região do cerrado do Brasil, sendo ne-cessária a aplicação de fungicidas (até dez aplicações anuais, em algumas regiões) para se ter bom nível de controle.

Recentemente foi lançada a cultivar FMT 705 com resistência a essa doença para as regiões dos cerrados. Estudos recentes mostraram um indicativo da ocor-

Severidade e resistênciaDisseminada pelas diversas regiões produtoras de algodão do Brasil a mancha de ramulária tem se tornado um grande desafio aos cotonicultores. O uso de cultivares resistentes e tolerantes é uma das principais armas para o produtor manejar a doença. Mas é preciso estar atento à variabilidade do comportamento dos materiais disponíveis no mercado nos diferentes locais de cultivo

Disseminada pelas diversas regiões produtoras de algodão do Brasil a mancha de ramulária tem se tornado um grande desafio aos cotonicultores. O uso de cultivares resistentes e tolerantes é uma das principais armas para o produtor manejar a doença. Mas é preciso estar atento à variabilidade do comportamento dos materiais disponíveis no mercado nos diferentes locais de cultivo

Page 15: Grandes Culturas - Cultivar 166

isolados resistentes, dentro da população de R. areola. Todavia, deve-se ter em mente que o método mais racional e econômico para controle desse patógeno é o uso de cultivares resistentes ou tolerantes.

Para verificar a possível existência de genótipos com essa característica foram estudados 18 materiais genéticos oriundos das principais entidades públicas e privadas que trabalham com melhoramento gené-tico de algodoeiro no Brasil. A avaliação da doença foi feita aproximadamente aos 110 dias de idade da planta, atribuindo-se nota na parcela variando de 1 a 5, cres-centes com o grau de desenvolvimento dos sintomas. Segundo as notas médias, os genótipos foram classificados em alta-mente resistente = AR, resistente = R, moderadamente resistente = MR, mode-radamente suscetível = MS, suscetível = S e altamente suscetível = AS, utilizando-se como referência o material genético que apresentou o melhor comportamento no experimento.

O desempenho do material genético estudado é apresentado na Tabela 1. É importante ressaltar a variação de resposta, para o mesmo genótipo conforme o local de

15www.revistacultivar.com.br • Março 2013

tabela 1 - Desempenho de genótipos estudados para resistência a mancha de ramulária no ano agrícola de 2009/10

mAtEriAL GEnÉtiCo1 CNPA BA 2005-3008

2 EPAMIG 083 CNPA GO 2006-1584 CNPA MT 05-6141

5 FIBERMAX 9936 FIBERMAX 910

7 PR 04-1418 LDCV 03

9 LD 9800160110FMT 70111 FMT 70512 IPR JATAÍ

13 CD 05-8221 (IMA)14 CD 05-8276 (IMA)

15 DP 604 BG16 FIBERMAX 966

17 IAC 25 RMD18 NUOPAL

mtSASrSSSSASSSrSS

mSSSSS

SpASS

mSASSSSS

ArSASSr

mrASr

mrAS

Fotos Edivaldo Cia

Sintomas na folha de Ramularia areola

estudo. A cultivar FMT 705 foi resistente no estado de Mato Grosso e suscetível em São Paulo. Fibermax foi resistente em São Paulo e suscetível em Mato Grosso. LD 98001601 foi melhor em São Paulo e rela-tivamente suscetível em Mato Grosso. Ou-tros genótipos como CNPA BA 2005-3008, LD CV 03, DP 604 BG, Nuopal e Epamig 08 foram suscetíveis, em graus diversos, nos dois estados. As diferentes respostas para alguns desses materiais genéticos são ilustradas na Tabela 1, demonstrando a ocorrência de variabilidade de R. areola no Brasil. Um vez que não se detectou genótipo resistente a todas prováveis va-riantes desse patógeno, recomenda-se ao cotonicultor muito cuidado na escolha do material genético a ser cultivado.

Figura 1 – Variabilidade de ramularia areola observada em genótipos de algodoeiro no ano agrícola de 2009/10

Edivaldo Cia e Milton Geraldo Fuzatto,IAC

CC

Page 16: Grandes Culturas - Cultivar 166

Cana-de-açúcar

16 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Div

ulga

ção

A cana-de-açúcar é uma das princi-pais culturas do Brasil, chegando a 7,5 milhões de hectares de área

plantada, sendo só no estado de São Paulo de aproximadamente três milhões de hectares. Em 2009, de acordo com dados da Compa-nhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade alcançou 81,3t/ha, porém, essa produtividade poderia ser maior se não fossem os prejuízos causados por pragas, sendo os cupins uma das mais importantes, principal-mente a espécie Heterotermes tenuis, pois é a mais frequente e de maior distribuição, sendo que os danos atingem até 10t/ha/ano.

O controle químico convencional dessas pragas enfatiza o uso de inseticidas de alto poder residual. Até 1985, o uso de inseticidas clorados vinha sendo empregado, mas com a portaria 329 do Ministério da Agricultura de 2 de setembro de 1985 que proibiu o uso desse grupo de agroquímicos, fez-se necessário estudar novas moléculas de inseticidas, além de outras estratégias para o controle de cupins subterrâneos em cana-de-açúcar.

O manejo através do levantamento de espécies e população em áreas de reforma de cana, o uso racional de inseticidas químicos e a melhoria do teor de matéria orgânica no solo, produzem uma condição mais adequada para o controle e a convivência da cultura com essas pragas.

A principal família dos cupins-praga é a Rhinotermitidae, sendo que a espécie mais importante do Brasil é Heterotermes tenuis. Essa espécie é a mais comumente encontrada na cultura da cana, causando maior prejuízo devido ao seu hábito subterrâneo, atacando as raízes da planta e chegando ao colmo. Seu ninho é difuso e possui grande capacidade de adaptação ao agroecossistema da cana, já que se trata de uma cultura semiperene, com renovação do canavial após cada cinco anos, ou seja, as operações de aração, gradagem, subsolagem, sulcamento, calagem e adubação são realizadas a cada período de cinco anos, destruindo grande parte das galerias desta espécie de cupim, porém não destroem os ninhos com a respectiva rainha, permitindo novos ataques quando ocorre o novo plantio da cana.

Os danos na cana são causados em três períodos: a) logo após o plantio, nas gemas dos toletes da cana-planta; b) no início do cresci-mento e perfilhamento, causando injúrias e c) após o corte, quando as soqueiras ficam vul-neráveis devido ao estresse. Os danos podem ser reconhecidos por falhas de germinação, em reboleiras, galerias nos toletes e presença de fezes próximas às soqueiras.

A isca Termitrap permitiu realizar um levantamento de espécies de cupins na região de Piracicaba, São Paulo, durante três anos,

sendo que a espécie mais atraída foi H. tenuis, porém foi possível coletar ainda as espécies: Cornitermes cumulans, Procornitermes spp., Nasutitermes spp., Anoplotermes spp., Cons-trictotermes spp., Ruptitermes spp., Syntermes molestus, Cylindrotermes sp., Neocapritermes spp. e Coptotermes havilandi. Os danos nas raízes da cana foram associados à H. tenuis e Procornitermes sp.

A isca Termitrap foi desenvolvida na Esalq/USP, Piracicaba, São Paulo, a partir de testes de materiais atrativos à H. tenuis em laboratório e campo. O papelão corrugado foi o mais atrativo, sendo então utilizado na con-fecção de iscas para estudos de levantamento de cupins em cana, flutuação populacional e controle.

monitorAmEntoO monitoramento de cupins na cana deve

ser realizado após a última colheita, antes da reforma da área, adotando-se os seguintes procedimentos:

a) Levantamento nas soqueiras: deve-se realizar a avaliação de soqueira de cana em dois a quatro pontos por hectare, retirando-se a touceira de cana e cavando-se uma trincheira de 50 x 50 x 50cm. Avaliam-se o número de espécies de cupins e a população de cupins através da escala: 0 – ausência de cupins; 1 – 1 a 10 insetos; 2 – 11 a 100 insetos e 3 – mais de 100 insetos.

b) Levantamento com iscas Termitrap: deve-se instalar 20 iscas por hectare, equi-distantes ou em caminhamento diagonal na área, marcadas com estacas de bambu, após a colheita da cana do canavial a ser reformado. Após 15 dias, avaliam-se as iscas com a escala de notas igual à utilizada para o levantamento nas soqueiras.

Recomenda-se, ainda, realizar o controle químico quando houver mais de 30% de pon-tos infestados com cupins pelo levantamento populacional em soqueiras ou mais de 20% com as iscas Termitrap.

iSCAS pArA CUpinSAs iscas para cupins subterrâneos ainda

Cavalo de troiaCupins são pragas importantes em canaviais, principalmente no que se refere à espécie

Heterotermes tenuis, considerada mais frequente e agressiva à cultura. Um dos principais obstáculos para o seu controle reside na dificuldade de atingir a rainha, o que resulta em

novos ataques e prejuízos. A utilização de iscas, que além de proporcionar o monitoramento, permite que os insetos atraídos levem para dentro das colônias agentes químicos ou biológicos, é uma ferramenta promissora para o manejo desses inimigos subterrâneos

Page 17: Grandes Culturas - Cultivar 166

cinco dias e esporulação em cadáveres de H. tenuis, produzindo mais de 1 x 108 conídios/cadáveres, característica importante para o uso do patógeno na estratégia de iscas.

Pesquisas sobre a aplicação dos fungos B. bassiana e M. anisopliae diretamente no solo demonstraram que o solo possui efeito prejudicial aos fungos, devido à presença de bactérias e fungos antagônicos. Apesar de B. bassiana e M. anisopliae serem encontrados no solo, na verdade sua quantidade é pequena, não possuindo potencial de inóculo capaz de causar doenças em cupins. Para serem aplica-dos diretamente sobre o solo, seria necessária uma grande quantidade de conídios, o que tornaria esse tipo de controle não econômico. Portanto, o uso de iscas pode proteger os en-tomopatógenos da ação antagônica dos solos, funcionando como uma estratégia inoculativa dos patógenos na colônia de cupim.

Em condições de campo foram realizados vários experimentos com o objetivo de se verificar a diminuição da população de H. tenuis. Os inseticidas imidacloprid e fipronil e o regulador de crescimento triflumuron foram estudados em pequenas concentrações nas iscas, associados aos fungos B. bassiana e M. anisopliae. Em alguns experimentos verificou-se a diminuição da população e H. tenuis com a aplicação de iscas de monitoramento, demonstrando o potencial de aplicação desses princípios ativos para o controle dessa praga em iscas, porém, observou-se que em con-

centrações mais elevadas ocorreu repelência, sendo importante realizar mais testes de repe-lência em condições de laboratório e campo, bem como o estudo de outros princípios ativos. Os fungos não apresentaram repelência aos cupins, porém em todos os experimentos a diminuição da população de cupins foi mais lenta, necessitando de mais pesquisas para a avaliação do controle com população marcada e mais tempo de avaliação, no mínimo de seis meses.

Nas últimas décadas os métodos de detec-ção e controle de cupins vêm se aperfeiçoando, desde a descoberta de novas moléculas de inseticidas até o desenvolvimento de estraté-gias mais eficazes como iscas. Porém, ainda são necessários estudos sobre a bioecologia de espécies de cupim de madeira seca e subterrâ-nea em áreas urbanas, bem como espécies com ninhos subterrâneos e epígeos em áreas agríco-las, pois desta forma será possível aperfeiçoar e desenvolver novos métodos de controle.

O maior avanço em termos de controle de cupins foi o desenvolvimento de iscas, porém, ainda são necessários estudos mais abrangentes com relação ao comportamento das espécies-praga, substâncias atrativas ou mesmo pesquisas sobre a comunicação quí-mica com feromônios, para o aperfeiçoamento das iscas ou mesmo o desenvolvimento de novas técnicas.

Apesar da grande evolução nas pesquisas de controle de cupins com iscas, ainda são ne-cessários mais experimentos que comprovem a sua eficácia em condições de campo. Também, é importante o estudo de novos inseticidas e/ou reguladores de crescimento para a utiliza-ção desses ingredientes ativos em associação aos fungos entomopatogênicos. CC

estão em fase de estudos, porém, possuem potencial grande de utilização, pois são capazes de atrair grandes quantidades de insetos, utili-zam os aspectos de biologia, comportamento de trofalaxia e tunelamento dos cupins e ainda podem levar um agente químico ou biológico para dentro da colônia, disseminando-o e eliminando a rainha e o ninho do cupim, além de se constituir em uma alternativa barata e ecológica.

Dessa maneira, a utilização de isolados selecionados dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae é uma alternativa viável. Esses entomopatógenos encontram condições favoráveis de temperatura e umi-dade nas colônias dos cupins. Os fungos são impregnados na forma de conídios em iscas atrativas tipo Termitrap, já desenvolvidas para o monitoramento e controle em cana-de-açúcar e florestas. Trata-se, portanto, de uma introdução inoculativa do patógeno na colônia, podendo ser usado em associação com um inseticida ou regulador de crescimento em subdosagem.

As pesquisas com H. tenuis em cana iniciaram-se em 1991, no Departamento de Entomologia da Esalq/USP, quando foi sele-cionada uma isca altamente atrativa (Termi-trap). Essa isca é composta de materiais muito atrativos, para H. tenuis, coletando também Cornitermes cumulans, Procornitermes spp., Nasutitermes spp., Anoplotermes spp., Cons-trictotermes spp., Ruptitermes spp., Syntermes molestus, Cylindrotermes sp., Neocapritermes spp. e Coptotermes spp. Nesse mesmo ano iniciaram-se os bioensaios para a seleção de isolados de B. bassiana e M. anisopliae, sendo que para o primeiro fungo foram testados 142 isolados, de onde foram selecionados o isolado 634 obtido de Solenopsis invicta e o isolado 1037 de M. anisopliae. Esses isolados causavam mortalidade acima de 90% após

Ataque de Heterotermes tenuis em colmo de cana-de-açúcar em Olímpia (SP)

José Eduardo M. de Almeida,Instituto Biológico

Page 18: Grandes Culturas - Cultivar 166

18 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Soja

Cobertura supressoraO aumento de biótipos de daninhas resistentes à aplicação de herbicidas se torna

rotina a cada safra no Brasil. É o caso da buva resistente ao glifosato, cuja incidência tem se intensificado principalmente em lavouras de soja do Paraná e do Rio Grande do Sul. O uso de plantas de cobertura de inverno, associado à dessecação de pré-

semeadura, é uma das alternativas para auxiliar no manejo desse problema

Nos últimos anos vem sendo ob-servado aumento nos casos de plantas daninhas resistentes a

herbicidas. Esse fato decorre do uso contínuo do mesmo mecanismo de ação herbicida, o que leva à seleção de biótipos resistentes. No Sul do Brasil, casos de resistência de buva (Conyza bonariensis L.) ao herbicida glifosato vêm sendo relatados com frequência, espe-cialmente nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná. Situação essa, que tem resultado em prejuízos e perdas aos produtores rurais, especialmente os sojicultores.

A presença de populações de buva resis-tentes em lavouras de soja torna necessária a adoção de métodos alternativos de controle. Contudo, a solução imediata para a resistência de buva a glifosato tem sido a associação dessa ferramenta a outros herbicidas, o que reflete no aumento do custo de produção. Sendo assim, faz-se necessária a adoção de práticas alternativas, não baseadas somente no uso de herbicidas, mas em um conjunto de ações que venham a promover o manejo da buva.

A utilização de coberturas de inverno pode ser uma prática importante ao manejo de buva resistente ao glifosato. Esse método baseia-se na permanência de cobertura no solo durante o período de maior fluxo de emergên-cia de buva e início do seu estabelecimento. A camada de palha produzida pela cobertura

de inverno, através do seu efeito físico, reduz o número de plantas de buva, o que diminui a incidência de luz sobre o solo e dificulta o estabelecimento da espécie daninha.

ExpErimEntoPara avaliar o efeito supressor de plantas

de coberturas de inverno sobre o desenvol-vimento inicial de plantas de buva, asso-ciadas ao manejo químico em dessecação pré-semeadura da soja, um experimento foi conduzido no município de Jaboticaba, Rio Grande do Sul, no ano agrícola 2011/2012. Como coberturas de inverno foram utilizadas as espécies: azevém (Lolium multiflorum L.), ervilhaca (Vicia angustifolia L.), aveia-preta (Avena strigosa Schreb), nabo (Raphanus spp.) e trigo (cultivar Quartzo), bem como uma área mantida em pousio, sem o cultivo de plantas de cobertura. A semeadura ocor-reu em 30/5/2011, sendo somente o trigo semeado em linha com espaçamento de 0,17m e, as demais coberturas, a lanço com posterior incorporação.

Na dessecação das coberturas em pré-semeadura da soja, realizada 20 dias antes da semeadura (DAS), foram utilizados os tratamentos herbicidas: glifosato (960g i.a/ha), glifosato + 2,4-D (960 + 1.209g i.a/ha), glifosato + 2,4-D (960 +1.209g i.a/ha)/paraquat+diuron (200 + 100g i.a/ha), glifo-

sato + chlorimuron–ethyl (960 + 80g i.a/ha), glifosato + chlorimuron-ethyl (960 + 80g i.a/ha)/paraquat + diuron (200 + 100g i.a/ha), glifosato + saflufenacil (960 + 35g i.a/ha)/paraquat + diuron (200 + 100g i.a/ha), sendo que a complementação de paraquat + diuron aos tratamentos glifosato + chlorimuron-ethyl e glifosato + saflufenacil foi realizada sete dias antes da semeadura da soja e, de glifosato + 2,4-D, no dia da semeadura da soja; em todos os tratamentos foi acrescido óleo mineral (0,5% v/v).

A semeadura da soja, cultivar Energia, foi

tabela 1 - massa seca da parte aérea (mSpA) de coberturas vegetais de inverno no pré-florescimento e emergência de buva (Conyza bonariensis) em pré–dessecação para semeadura da soja, cultivar Energia. Jaboticaba (RS), 2011/12

Coberturapousio

AzevémAveia–preta

trigonabo

ErvilhacamédiaCV(%)*

Buva (planta m-2)74 B16 C11 C

154 A42 BC12 C51

41,9

mSpA (t ha-1)1,1 C**4,3 A3,9 A3,8 A

2,9 AB1,5 BC

2,914,3

*Coeficiente de variação; **Médias seguidas por letras distintas, comparadas na coluna, diferem pelo teste de Duncan (p<≤0,05).

O aumento de biótipos de daninhas resistentes à aplicação de herbicidas se torna rotina a cada safra no Brasil. É o caso da buva resistente ao glifosato, cuja incidência tem se intensificado principalmente em lavouras de soja do Paraná e do Rio Grande do Sul. O uso de plantas de cobertura de inverno, associado à dessecação de pré-

semeadura, é uma das alternativas para auxiliar no manejo desse problema

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realizada em 18/11/2011 com espaçamento de 0,43m entre linhas, na busca por uma população aproximada de 32 plantas/m-2. Vinte e oito dias após a emergência (DAE) da soja foi realizada avaliação da infestação de buva na área.

Dentre as espécies avaliadas como cober-tura vegetal no período de inverno, azevém, aveia–preta e trigo foram aquelas que tiveram maior produção de massa aérea em relação às demais plantas de cobertura utilizadas, apresentando valores médios de 4,3t/ha; 3,9t/ha e 3,8t/ha, respectivamente (Tabela 1). Em situação intermediária, ficaram nabo e ervilhaca, com uma produção de massa seca média equivalente a 2,9t/ha e 1,5t/ha, respectivamente. Esses valores de produção de massa seca refletiram de forma direta na menor infestação de plantas de buva obser-vada, exceto quando o trigo foi a planta de cobertura. Nesse caso, embora a produção de massa seca tenha sido elevada, possivelmente a semeadura em linha possa ter favorecido a infestação por plantas de buva, até o pleno estabelecimento da cultura.

De maneira geral, é possível observar que quando relacionada à produção de massa seca de parte aérea das coberturas com a infestação de buva antes da dessecação em pré-semeadura da soja, as coberturas que apresentaram maior incremento de massa seca foram as que tiveram maior redução na emergência de plantas de buva. A ervilhaca, mesmo tendo baixa produção de massa seca, apresentou alta supressão sobre a emergência de buva na área.

Aos 28 DAE, observa-se ainda o efeito supressor das coberturas de inverno sobre a infestação de buva na área, havendo intera-ção com os manejos químicos adotados na dessecação em pré-semeadura da soja (Tabela 2). Todos os herbicidas mostraram-se eficazes na dessecação das coberturas e no controle da buva, à exceção do glifosato isolado. Nesse

caso, a infestação de buva, principalmente nas parcelas correspondentes ao pousio de inverno, foi mais expressiva (Tabela 2). Ressalta-se, no entanto, bom controle da planta daninha na área após cobertura de nabo, mesmo quando glifosato foi aplicado isolado, fato que eviden-cia a eficiência desta cobertura de inverno para o manejo da buva resistente.

As associações herbicidas em pré-seme-adura da soja apresentaram desempenho superior frente à utilização do glifosato isolado (Tabela 2). Entretanto, para a associação de glifosato ao herbicida chlorimuron-ethyl, não foi observada diferença significativa, quando comparado ao uso isolado do glifosato na área mantida em pousio. Consequentemente, isso resulta em maior infestação e desenvolvimento de buva nesta área.

A associação de glifosato + 2,4-D, com posterior aplicação de paraquat + diuron, foi eficaz no controle das plantas de buva que emergiram na área avaliada (Tabela 2). Todavia, plantas de buva em estádio de de-senvolvimento mais avançado, como aquelas presentes na área mantida em pousio, apre-sentam maior dificuldade de controle, mesmo para associações como glifosato + saflufenacil, complementadas com paraquat + diuron.

Os resultados demonstram a eficácia do efeito supressor das coberturas vegetais, complementada pela aplicação de herbi-cidas associados e/ou em sequência, na pré-semeadura da soja, no manejo de po-pulações de buva resistente ao glifosato. A presença de vegetação sobre a área, através de coberturas verdes de inverno, além de diminuir a incidência de plantas de buva, compromete o seu desenvolvimento inicial, potencializando a ação dos herbicidas. Deste modo, a ação conjunta de cobertu-ras de inverno e associações herbicidas se torna uma ferramenta eficaz no manejo e controle de buva resistente ao glifosato, o que também reforça a necessidade do uso do manejo integrado de plantas daninhas, não focando exclusivamente em uma úni-ca estratégia de manejo, como o controle químico. Deste modo, é possível atrasar a evolução de plantas daninhas resistentes nas lavouras.

www.revistacultivar.com.br • Março 2013

A utilização de coberturas de inverno pode ser uma prática importante no manejo de buva resistente ao glifosato

A presença de populações de buva resistentes em lavouras de soja torna necessária a adoção de métodos alternativos de controle

Fotos Sabrina Peruzzo

tabela 2 - infestação de buva (Conyza bonariensis) (plantas m-2) em função de diferentes tratamentos herbicidas pré-semeadura da soja, 28 dias após a emergência da cultura (28 DAE). Jaboticaba (RS), 2011/12

Cobertura

Aveia preta AzevémErvilhaca

nabopousiotrigo

CV (%)

Gly+2,4 D2

B 1 b B 2 abB 0 bB 0 aA 17 bB 0 b

Gly1

B 15 aB 8 aB 14 aC 0 a

A 41 aB 18 a

*Médias seguidas por letras distintas, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, diferem pelo teste de DMS (p≤0,05). 1 Glifosato (960g i.a ha-1); 2 2,4-D (1.209g i.a ha-1); 3³Paraquat + diuron (200 + 100g i.a ha-1) aplicado no dia da semeadura da soja; 4 Chlorimuron–ethyl (80g i.a ha-1); 5 paraquat + diuron (200 + 100g i.a ha-1), aplicado sete dias antes da semeadura da soja; 6 Saflufenacil (35g i.a ha-1).

Gly+2,4 D/G3

A 0 bA 0 bA 1 bA 0 aA 2 cA 0 b

Gly+Chl/G5

B 0 bB 3 abB 3 abB 0 aA 58 aB 0 b

Gly+Chl4

B 0 b B 1 ab B 3 ab B 1 a

A 45 a B 0 b

Gly+Saf6/G5

B 0 bB 2 ab

AB 3 abB 0 aA 17 bB 0 b

Herbicidas

58

Sabrina Peruzzo, Fabiane Lamego, Tiago Kaspary, Marcela Reinehr e Claudir BassoUFSM/Cesnor

CC

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20 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Soja

Intervalo adequado

Nas diferentes regiões produtoras de soja no Brasil ocorre um com-plexo de espécies de percevejos,

sendo que Euschistus heros, Piezodorus guildinii e Nezara viridula são consideradas as mais importantes. Dentre o complexo de percevejos que atacam a soja, o percevejo marrom E. heros é uma das principais pragas na região Centro-Oeste, o que inclui o estado do Mato Grosso. A predominância de uma dessas espécies varia em função do local, do clima, das cultivares e do estágio e desenvolvimento da cultura. A extensão dos danos ocasionados pelos perce-vejos pode depender de outros fatores, como o estágio de desenvolvimento das plantas durante o período de infestação, visto que estes insetos ocorrem desde a fase vegetativa da cultura. Entretanto, são prejudiciais a partir do início da formação de vagens (R3) até a máxima acumulação de matéria seca do grão (R7). Porém, os percevejos podem aparecer na lavoura durante o período vegetativo, aumen-tando progressivamente a população na fase reprodutiva, com crescimento exponencial e acelerado no final do ciclo da cultura. O cresci-mento populacional na fase reprodutiva pode ser decorrente da intensa migração de insetos

adultos, provenientes de lavouras recém-colhidas, em busca de melhores condições de abrigo, alimentação e reprodução.

Os principais danos ocasionados pelos per-cevejos à soja são: abortamento de sementes e/ou abscisão de vagens, quando a infestação ocorre durante o início de desenvolvimento das vagens, e enrugamento e deformação de sementes, para ataque no período de enchi-mento das sementes. As atividades de alimen-tação destes insetos sugadores à soja ainda são responsáveis por reduções no rendimento, na porcentagem de germinação, pela alteração na qualidade das sementes, retenção foliar e transmissão de doenças às sementes.

Portanto, devido à capacidade de ocasio-nar danos à cultura e à constante ocorrência deste percevejo nas principais regiões produto-ras de soja, existe uma dependência da utiliza-ção do controle químico, com o uso na forma curativa. Os níveis de ação recomendados pelo MIP-Soja são de (2 percevejos ≥ 0,5cm/me-tro) para lavouras de consumo e (1 percevejo ≥ 0,5cm/metro) para lavoura de sementes. Alguns trabalhos feitos com controle curativo concluíram que as realizações de apenas duas pulverizações são suficientes para manter o

nível populacional dos percevejos abaixo do nível de controle. Assim, torna-se necessário avaliar a eficiência de diferentes intervalos de pulverização para o controle do percevejo marrom da soja, E. heros.

ExpErimEntoEm estudo rea l izado no mu-

nicípio de Rondonópolis, Mato Grosso (16o42'13,05"S/54o39'43,0"W) na safra 2010/11, a cultivar de soja TMG 132 RR foi semeada com o delineamento experimental em blocos ao acaso, contendo quatro repe-tições. As parcelas foram constituídas com 12m de largura por 10m de comprimento. As práticas culturais adotadas para manutenção da cultura foram: plantio direto, adubação, controle de plantas invasoras e controle de pragas e doenças, exceto a pulverização de inseticidas para controle de percevejo marrom. No trabalho foram realizadas pulverizações com a mistura comercial de neonicotinoide (tiametoxam) e piretroide (lambdacialotrina) com diferentes intervalos entre pulverizações. A primeira pulverização foi realizada em todas as parcelas, com exceção da testemunha - tra-tamento I em 14 de março/2011 quando as

Intervalo adequadoO percevejo marrom Euschistus heros é uma das principais pragas que afetam as áreas de cultivo de soja no Brasil. Responsável por danos que vão desde o abortamento de sementes até a transmissão de doenças, o inseto precisa ser combatido de forma eficiente. Entre as alternativas para melhorar o controle curativo está a adoção de intervalos corretos entre as pulverizações

O percevejo marrom Euschistus heros é uma das principais pragas que afetam as áreas de cultivo de soja no Brasil. Responsável por danos que vão desde o abortamento de sementes até a transmissão de doenças, o inseto precisa ser combatido de forma eficiente. Entre as alternativas para melhorar o controle curativo está a adoção de intervalos corretos entre as pulverizações

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plantas estavam saindo do estágio de desen-volvimento R2.

A segunda pulverização foi efetuada com períodos (intervalos) diferentes após a primei-ra. Sendo o tratamento II realizado com 14 dias após a primeira pulverização; o tratamen-to III realizado com 21 dias após a primeira

pulverização e o tratamento IV realizado com 28 dias após a primeira pulverização. Em todas as pulverizações, a concentração da dose foi a mesma, 0,25L/ha. Na aplicação foi utilizada barra pulverizadora contendo seis bicos tipo leque modelo TJ60 11002 da Teejet, espaçados de 50cm. Utilizou-se um pulverizador costal

de pressão constante (CO2) com volume de calda de 200L/ha. Todas as pulverizações foram feitas no final da tarde e no momento das aplicações a umidade relativa do ar variou de 58% a 85%, com temperatura variando de 26,5ºC a 31°C, velocidade do vento de 1,6km/h a 2,6km/h.

21www.revistacultivar.com.br • Março 2013

Figura 1 - Médias (+EP) de ninfas do percevejo E. heros após diferentes intervalos de pulverização na soja - safra 2010/11, Rondonópolis (MT)

*Médias (EP) seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Figura 2 - Médias (+EP) de adultos do percevejo E. heros após diferentes intervalos de pulverização na soja - safra 2010/11, Rondonópolis (MT)

*Médias (EP) seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Cec

ília

Cze

pak

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22 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

As avaliações foram realizadas antes da primeira pulverização (uma prévia), e com 1, 7 e 12 dias para todos os tratamentos e testemunha. Após a segunda pulverização, que foi realizada apenas nos tratamentos, as avaliações foram feitas em todas as parcelas, em intervalos de 1, 3 e 7 dias, englobando todos os tratamentos até a última avaliação, sete dias após pulverização do tratamento III. Ao todo, foram feitas 13 avaliações, em cada avaliação foram realizadas duas batidas de pano por repetição, contabilizando o número total de ninfas e adultos caídos no pano. Ao final do ensaio, realizou-se a colheita de duas linhas de 5m para avaliação do rendimento entre os tratamentos. Todo o material co-lhido foi previamente identificado quanto ao tratamento e repetição, beneficiado e em seguida, pesado.

rESULtADoSNa avaliação realizada após um dia da pul-

verização do tratamento II, foi observada dife-rença significativa da testemunha. Em média, foram encontradas mais ninfas na testemunha (4,0) quando comparado com o tratamrnto II (0,0) (Figura 1). Já nas duas avaliações feitas após três e sete dias, a população de ninfas permaneceu baixa quando comparada com os demais tratamentos, mas não apresentou diferença significativa. No dia seguinte, após aplicação do tratamento III, houve diferença significativa entre tratamentos e testemunha. Em média, 0,5 ninfa nos tratamentos II e III contra 4,5 ninfas do tratamento I (Figura 1). Com três dias da pulverização, a população de ninfas ainda permanecia em menor quan-tidade quando comparada com a testemunha, mas não havendo diferença significativa. Na avaliação feita após um dia da aplicação do tra-tamento IV, houve diferença significativa entre o tratamento e os tratamentos I e II (Figura 1). Foi encontrada 0,3 ninfa no tratamento IV

contra 4,5 ninfas nos demais. Porém, não foi observada diferença nas avaliações feitas com três e sete dias.

Com relação ao número de percevejos adultos, na avaliação feita com um dia após aplicação do tratamento II, houve diferença entre o tratamento e a testemunha. Em média, foi encontrado 0,3 adulto contra 3,0 da testemunha (Figura 2). Entretanto, nas avaliações feitas após três e sete dias do tratamento II, a quantidade de adultos não apresentou diferença entre os demais trata-mentos. Na avaliação de um dia após aplicação do tratamento III, foi observada diferença no número de percevejos adultos. Em média, 0,8 adulto nos tratamentos II e III, contra 2,5 dos tratamentos I e IV (Figura 2). Nas avaliações realizadas após três e sete dias, o número de adultos não apresentou diferença entre os tratamentos. Nas avaliações feitas com um, três e sete dias após o tratamento IV não foi observada diferença significativa entre os tratamentos (Figura 2).

Em relação ao peso de soja observado ao final da safra, houve diferença significativa entre os tratamentos II e III contra os trata-mentos I e IV (Figura 3). A quantidade média

Figura 3 - Rendimento médio de soja em kg/ha após o manejo de diferentes intervalos de pulverização, Safra 2010/11, Rondonópolis (MT)

*Médias (+EP) não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

de soja obtida após pulverizações com 14 e 21 dias foi superior a 3.000kg/ha, enquanto que a testemunha e a segunda pulverização aos 28 dias não ultrapassaram esse valor. A diferença da produção entre os tratamentos com intervalos diferentes da segunda pulve-rização foi de, aproximadamente, 650kg de soja por hectare.

Assim, foi observado que a segunda pulve-rização quando feita em intervalos de 14 e 21 dias após a primeira pulverização apresentou resultados satisfatórios quanto ao controle de ninfas e adultos do percevejo E. heros. Também foi visto que a realização da segunda pulverização com 28 dias após realização da primeira não obteve resultados satisfatórios quanto ao controle de ninfas e adultos do percevejo E. heros, reduzindo a produção de soja ao final da safra. Apesar dos resultados observados, é importante sempre realizar o monitoramento dos percevejos na área antes da reaplicação.

Dentro do complexo de percevejos que atacam a cultura da soja, o percevejo marrom é uma das principais pragas no Centro Oeste

Robério Neves,UFRPELúcia Vivan,Fundação MT

CC

Fotos Cecília Czepak

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23www.revistacultivar.com.br • Março 2013

Soja

Trato inicial

Entre os principais fatores que limi-tam o rendimento na cultura da soja, as doenças apresentam grande

importância e são de difícil controle. Parte significativa desses patógenos é transmitida via sementes e pode causar a perda da qualidade fisiológica e redução na germinação.

Patógenos associados às sementes são transportados de duas maneiras: infecção ou infestação. A infecção significa que o patógeno é transportado internamente, incrustado nos tecidos da semente. Quando um patógeno é transportado passivamente, ele é um conta-minante ou infestante, e está na superfície da semente (Agarwal; Sinclair, 1987).

Os exemplos mais clássicos de doenças difundidas através das sementes são a antrac-nose (Colletotrichum de matium var. truncata), a mancha púrpura da semente e o crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii), a seca da haste e vagem (Phomopsis spp.), a mancha olho-de-rã (C. sojina), a mancha parda (Septoria glycines), e algumas espécies de Aspergillus (A. flavus) são produtoras de micotoxinas, inviabilizando a utilização dos grãos como alimento (Menten, 1991).

Silveira e Peske (2010), estimando o potencial de mercado que o tratamento de sementes representa, tomando como exemplo apenas o controle químico com fungicidas, obtiveram o seguinte valor: considerando R$

2,60 o custo médio por saca de 40kg de um fungicida aplicado às sementes, 8,71 milhões de sacas de sementes de soja utilizadas na safra 08/09 e 99,5% de adoção, pelo método de tratamento de sementes somente no estado de Mato Grosso, obtém-se o potencial de R$ 22,5 milhões, valor altamente significativo. Esse cálculo simples, baseado em apenas um produto, fornece enorme dimensão no poten-cial de mercado para os produtos que podem ser agregados ao tratamento de sementes.

Entre as alternativas pesquisadas para o tratamento de sementes para diminuir o impacto dos produtos químicos, tem-se a mi-crobiolização, que se define como a aplicação de microrganismos vivos às sementes para o controle de fitopatógenos e/ou promoção do crescimento de plantas, através do controle biológico (Melo 1996), que é o controle de um organismo por outro organismo, com o objetivo de reduzir a população do patógeno.

As espécies de Trichoderma estão entre os microrganismos mais estudados com potencial antagonista a patógenos habitantes de solo e, apesar de recentes no Brasil, cada vez mais pesquisadores se interessam em desenvolver técnicas de laboratório e campo a fim de consolidar este assunto (Bettiol; Morandi, 2009).

A ação antagonista desse fungo ocorre em função da produção de metabólitos voláteis

e não voláteis, hiperparasitismo e competi-ção por espaço, nutrientes e oxigênio. Além de sua ação como antagonista, evidências comprovam a ação de Trichoderma como promotor de crescimento (Martins-Corder e Melo, 1998).

A inoculação do Trichoderma nas semen-tes depende de fatores como idade do esporo, concentração do inóculo, tipo do solo, pH, temperatura, umidade, vigor e técnica de incorporação dos esporos às sementes (Har-man, 2000).

O fungo Trichoderma é caracterizado morfologicamente pela presença de micélio, no início é de coloração branca e de crescimento rápido, após, torna-se cotonoso e compacto, com tufos verdes.

Os produtos à base de Trichoderma podem ser empregados de várias maneiras no campo, que variam da cultura e das doenças-alvo, podendo ser veiculados às sementes ou apli-cados via pulverização do sulco de plantio em grandes áreas de cultivo de feijão, soja e milho (Lobo Jr. et al, 2005).

tEStES rEALizADoSOs experimentos foram realizados no

Laboratório de Fitopatologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), campus Toledo, em 2010. Para o tratamento, foram utilizadas sementes de soja da varie-

Trato inicialCharles Echer

Antracnose, mancha púrpura da semente, crestamento foliar de cercospora, seca da haste e vagem, mancha olho-de-rã e mancha parda estão entre os principais patógenos transmitidos via semente na cultura da soja. Com vantagens econômicas e ambientais, o

tratamento de sementes com fungicidas e com o emprego da microbiolização é alternativa para proteger a lavoura de doenças na fase inicial, melhorar os índices de germinação e o

desenvolvimento das plântulas

Antracnose, mancha púrpura da semente, crestamento foliar de cercospora, seca da haste e vagem, mancha olho-de-rã e mancha parda estão entre os principais patógenos transmitidos via semente na cultura da soja. Com vantagens econômicas e ambientais, o

tratamento de sementes com fungicidas e com o emprego da microbiolização é alternativa para proteger a lavoura de doenças na fase inicial, melhorar os índices de germinação e o

desenvolvimento das plântulas

Page 24: Grandes Culturas - Cultivar 166

24 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Tabela 2 – Incidência de fungos (%) em sementes de soja nos diferentes tratamentos realizados

tratamentos

testemunhatrichoderma

tween + águaHipoclorito: água

Carboxin + thirammédiaCV (%)

F

Cladosporium spp.41,32bc1,32a57.32c2,00a32,00b21,1649,006,70*

Aspergillus spp.10,0b0,00a6,64b0,00a4,00ab1,03388,348,44*

Nota: *Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si, significativamente a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.NS = Não significativo

Fusarium spp.16,64b0.00a6,64ab0.00a0,64a6,661142,401,20*

Cercospora kikuchii5,33a2,00a8,00a5,33a5,33a1,30

103,770,93nS

incidência de patógenos (%)

tabela 1 - porcentagem de germinação (%), índice de Velocidade de Germinação (iVG), índice de plântulas normais, anormais e mortas de sementes de soja V-MAX nos diferentes tratamentos de sementes

tratamentostestemunha

trichoderma spp.tween+água

Hipoclorito: águaCarboxin + thiram

média CV(%)

F

iVG42.16a38.16ab40.16ab36.66b39.00ab39,238,222,49*

Germinação (%)98,0ab100,0a97,3ab88,0b94,0ab24,04,983,56*

Nota: *Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si, significativamente a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

plântulas normais(%)39,20b58,64ab46,00ab58,64ab72,00a13,7329,743,610*

plântulas Anormais(%)60,0c

41,0abc50,40a31,32ab20,0a10,0639,885,535*

mortas (%)4,00a1,32a4,00a7,32a1,32a3,610,90

1,21nS

dade V-MAX transgênica, sem tratamento químico, produzidas na safra 09/10. Para aquisição do isolado de Trichoderma spp., foram colhidas amostras de solo de mata na região de Toledo.

Foram utilizados cinco tratamentos compostos de sementes: T1 - sem qualquer tipo de tratamento (testemunha); T2 - inoculadas com suspensão de Trichoderma spp. ajustada para 5x104 conídios.mL-1 em solução de água + uma gota de Tween80 (imersão por dez minutos); T3 - imersas por dez minutos em solução de água + Tween80 (proporção de uma gota por 1L); T4 - desinfestadas, através da imersão du-rante dez minutos em solução de hipoclo-rito de sódio 1%: água, na concentração de 3:1; T5 – tratadas com fungicida carboxin + thiram (50g + 50gi.a), suspensão con-centrada via imersão por dez minutos.

Para condução do experimento, foram utilizadas caixas Gerbox desinfestadas

com solução concentrada de hipoclorito de sódio 1% por cinco minutos. Após, foram depositadas três folhas estéreis de papel Germitest em cada caixa, previamente umedecidas com água esterilizada e, em seguida, 25 sementes de cada tratamento foram dispostas aleatoriamente em cada caixa. Mantidas a 25°C, com fotoperíodo de 12 horas luz/12 no escuro por um perí-odo de sete dias. Foram avaliados a veloci-dade de germinação, o índice de velocidade de germinação (IVG)-(Maguire, 1962), os índices de percentual de plântulas normais, anormais e mortas e a sanidade de semen-tes (Portal Patologia de Sementes, 2010).

rESULtADoS oBtiDoSCom relação à germinação das sementes,

observa-se que houve diferença significativa entre os diversos tratamentos realizados, sendo que as maiores porcentagens de germinação foram com Trichoderma spp.,

seguido de testemunha, Tween + água e carboxin + thiram (Tabela 1), enquanto que no hipoclorito observou-se o menor percentual de germinação.

O Trichoderma spp. obteve melhores médias quanto à porcentagem de germi-nação.

Para o índice de velocidade de germi-nação, observa-se na Tabela 1 que houve diferença significativa entre os diferentes tratamentos avaliados. O cálculo de Magui-re (1962) permitiu verificar que as maiores médias de velocidade de germinação foram observadas na Testemunha, com índice de 42,16, seguido de Tween + água, carboxin + thiram e Trichoderma, sendo o hipoclo-rito: água que apresentou menor índice de velocidade de germinação.

O baixo IVG observado em hipoclo-rito: água pode ser explicado por Mayer e Polijakoff-Mayber (1989), ao citarem que concentrações salinas causam limi-tações na absorção de água, provocando carência energética, desencadeada nos processos metabólicos da germinação, logo, reduzindo-os.

O percentual de plântulas normais e anormais apresentou diferenças significa-tivas entre os tratamentos, sendo que para ambas as variáveis o fungicida carboxin + thiram apresentou maior porcentagem de plântulas normais (72%) e menor de anormais (20%), enquanto que na testemunha observou-se maior número de plantas anormais (60%) e menor de normais (39,20%), como é possível ver na Tabela 1.

Para a variável de plântulas mortas não se observou diferença significativa entre os diferentes tratamentos, tendo o hipoclorito: água apresentado maior porcentagem de plantas mortas (7,32%), enquanto que Trichoderma e carboxin + thiram apresentaram menor porcentagem (1,32% para ambos).

Através dos dados observados na Ta-bela 2, pode-se constatar a eficiência no controle de fitopatógenos pelo bioprotetor Trichoderma, onde, comparado aos demais tratamentos, a incidência de patógenos

Semente infectada por Cercospora kikuchii apresentando cor púrpura no tegumento

Semente infectada por Fusarium semitectum, apresentando densa camada de micélio branco

Semente infectada por Aspergillus flavus, demonstrando as colônias verde-amareladas

Fotos Emanuele Guandalin Dal'Maso

Page 25: Grandes Culturas - Cultivar 166

Plântula de soja com colônias características do fungo Trichoderma spp., apresentando coloração esverdeada

Semente apresentando colônias iniciais de Trichoderma spp. com coloração branco-amarelada

Nononononono

apresentou diferença significativa, com os menores valores. Entretanto, para os diferentes tratamentos avaliados, a pre-sença de diversas espécies de patógenos demonstrou variação conforme o trata-mento realizado.

Pode-se concluir com esse trabalho que as sementes de soja tratadas com Tri-choderma, hipoclorito de sódio e carboxin + thiram, obtiveram melhores resultados no controle de patógenos. Entretanto, o tratamento de sementes com Trichoderma spp. proporcionou maiores índices germi-

nativos comparativamente aos demais tra-tamentos, não diferindo estatisticamente da Testemunha. Em relação às análises de plântulas normais, anormais e mortas, o tratamento que apresentou melhor resulta-do foi o que empregou o fungicida carboxin + thiram, observando-se maiores índices de plântulas normais.

Para o tratamento de sementes, o ideal seria a combinação ou até mesmo a consorciação dos tratamentos Tricho-derma e carboxin + thiram, em que, conjuntamente, apresentariam melhores

resultados no controle de patógenos e no desenvolvimento das plântulas. Entre-tanto, estudos são necessários no que se refere à possível influência do fungicida no desenvolvimento do fungo de interesse Trichoderma spp.

Emanuelle Dal’Maso, Marcia de Holanda Nozaki, Juliano Paludo, José Renato Stangarlin eGiovana Muller,Unioeste

CC

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26 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Plantas daninhas

Atualmente, o manejo de plantas daninhas está fortemente atrelado à utilização do herbicida glifosato

nas lavouras. A enorme adoção desta molécula é consequência da popularização dos sistemas conservacionistas de manejo de solo (plantio direto e cultivo mínimo) – comumente funda-mentados na dessecação pré-semeadura, bem como da introdução de cultivares transgênicas resistentes ao glifosato. Como pontos positivos deste herbicida, destacam-se reduzido im-pacto ambiental, custo relativamente baixo, alta eficácia sobre grande número de espécies vegetais, pouco volátil, pouso sensível à foto-decomposição, facilidade de aplicação e baixa toxicidade a organismos não alvo.

O glifosato é um herbicida não seletivo, de ação sistêmica, usado no controle de plantas daninhas anuais e perenes e sem atividade

residual no solo, uma vez que é fortemente adsorvido pelas partículas coloidais de argila e matéria orgânica, sendo, também, muito pouco lixiviável. Trata-se de um herbicida inibidor da EPSPs, enzima que participa da rota de síntese de três aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano) (Figura 1). Por consequência desta inibição, observa-se a paralisação do crescimento das plantas, ama-relecimento, menor síntese de compostos de defesa e necroses com posterior morte (Figura 2), que normalmente ocorre entre dez e 21 dias após a aplicação.

O herbicida glifosato é altamente sistê-mico, ou seja, espalha-se com facilidade para diversas estruturas vegetativas das plantas e isto usualmente ocorre no sentido fonte-dreno. Quando maduras, as folhas são as principais fontes de carboidratos das plantas,

enviando-os aos meristemas (zonas de cresci-mento), caules, ramos, frutos, flores, sementes e raízes (drenos). Assim sendo, a aplicação de glifosato deve ser realizada sempre com foco nas folhas das plantas-alvo. Neste caso, quanto ao metabolismo foliar, quanto mais ativo estiver, maior a translocação de carboidratos no sentido fonte-dreno e, por consequência, maior distribuição de glifosato na planta, resultando em melhor controle.

NITROGêNIO NO SOLOCom frequência, alternativas têm sido

propostas na busca por elevar a eficácia do glifosato em plantas daninhas, sobretudo sobre as espécies de difícil controle. Em teoria, o es-tado nutricional da planta-alvo pode interferir na eficácia dos herbicidas, principalmente os sistêmicos com translocação no sentido

Elevar a eficácia do glifosato na dessecação de plantas daninhas de difícil controle, como capim-braquiária e corda-de-viola, tem sido uma busca frequente da pesquisa. Uma das

alternativas propostas reside na aplicação de nitrogênio via solo ou em calda de pulverização

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Campo Grande (MS), Machado et al (2012) apresentaram trabalho que avaliou a fertili-zação prévia do solo com sulfato de amônio com o objetivo de elevar o controle da corda-de-viola (I. triloba).

Após aplicação de 1.000g/ha de glifosato registraram 41,7% de massa seca residual em plantas que não foram adubadas, em oposição a apenas 11,2% detectados para as plantas adubadas. Concluíram que a fertilização pré-via dos vasos com sulfato de amônio elevou a eficácia do glifosato sobre a corda-de-viola,

fonte-dreno. Neste caso, Carvalho et al (2011) compararam formas de uso do nitrogênio para elevar o controle do capim-braquiária. Reali-zaram fertilização prévia do solo com sulfato de amônio (150kg/ha), bem como adição de sulfato de amônio à calda herbicida. Obser-varam que a fertilização prévia do solo com sulfato de amônio elevou a eficácia da menor dose do glifosato (1.080g/ha), igualando-a à maior dose do produto (1.800g/ha).

Da mesma forma, Cathcart et al (2004) observaram que a oferta de nitrogênio às

plantas interferiu no controle de algumas espécies daninhas (Setaria viridis (L.) P. Beauv. e Amaranthus retroflexus L.), em que plantas com maior oferta de nitrogênio foram controladas mais facilmente pelos herbicidas. Também Dickson et al (1990) reportaram que plantas de Avena sativa L. foram mais tolerantes ao fluazifop e ao glifosato, quando se desenvolveram em ambiente com menor disponibilidade de nitrogênio.

No último Congresso Brasileiro da Ci-ência das Plantas Daninhas, realizado em

O estudo da dinânimica e comportamento de daninhas é fundamental para o seu manejo correto

Figura 1 - representação esquemática de parte da via metabólica de síntese dos aminoácidos aromáticos triptofano, fenilalanina e tirosina, com destaque para o sítio de ação do herbicida glifosate, por meio da inibição da EpSps

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28 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

resultando em maior redução percentual de massa fresca e seca.

NITROGêNIO NA CALDAPode-se dizer que o ponto crítico do gli-

fosato é sua absorção foliar, em que algumas formulações necessitam de até seis horas sem chuva para que a molécula seja adequada-mente absorvida. Trata-se de um processo bifásico que envolve rápida penetração inicial pela cutícula, seguida de absorção simplástica lenta, dependente de fatores como a idade da planta, ambiente, adjuvantes e concentração do herbicida na calda. Na tentativa de elevar a eficácia do herbicida glifosato sobre a co-bertura vegetal, acelerar a senescência, bem como a penetração cuticular e absorção celular da molécula, diversas substâncias têm sido adicionadas à calda de pulverização, como, por exemplo, sulfato de amônio e ureia.

As principais atividades benéficas decor-rentes da adição de sulfato de amônio à calda são: a formação de sais glifosato-amônio que

possuem maior facilidade de absorção; alte-ração na morfologia das gotas, atrasando ou prevenindo a cristalização do glifosato na su-perfície foliar; a acidificação do apoplasto foliar, que facilita a absorção celular de herbicidas ácidos fracos; e atuação do sulfato como anta-gonistas de cátions bi ou trivalentes. Por outro lado, o principal mecanismo relatado para a ureia diz respeito à contribuição na penetração cuticular, devido ao rompimento de ligações éster, éter e di-éter da cutina (efeito peneira) e à difusão facilitada desta molécula.

A utilização do sulfato de amônio (SA) pode ser realizada com dose da ordem de 15 gramas por litro de calda. A ureia (U), por sua vez, é empregada com dose de 5g/L, porém, com menor eficiência que o sulfato de amônio (Carvalho, 2009). Ainda, existem evidências de efeitos benéficos da atuação conjunta destes dois fertilizantes, em dose de 7,5 + 2,5g/L (SA + U). Porém, deve-se atentar para a utilização de fertilizantes nitrogenados em calda herbici-da, pois a adoção destes produtos pode reduzir

a vida útil de bombas, mangueiras e demais componentes de pulverização.

ASpECtoS GErAiSConsiderando-se a importância do gli-

fosato para a agricultura mundial, diversos aspectos devem ser observados para assegurar sua eficácia no controle de plantas daninhas, tais como: dose, volume de calda, qualidade da água utilizada como veículo de pulverização, estádio fenológico das plantas daninhas e atividade de adjuvantes. Neste sentido, dicas simples que podem melhorar a qualidade da dessecação na propriedade agrícola estão relacionadas à qualidade da água e ao volume de calda.

Sugere-se sempre realizar análise da água utilizada na propriedade, quantificando-se os níveis de íons, com destaque para os cátions bi e trivalentes. Neste caso, não deve ser utilizada água com nível de dureza superior a 150ppm de CaCO3 ou com presença significativa de cobre, zinco ou ferro. Quanto ao volume de calda, entende-se que por ser extremamente móvel nas plantas, não há necessidade de elevado molhamento foliar. Neste sentido, recomenda-se redução do volume de calda para 100L/ha – 150L/ha, ou menos, sempre que possível. Este ajuste favorece a concen-tração de herbicida na gota de pulverização, bem como melhora a proporção de herbicida/íons presentes na solução. Por último, vale ressaltar que a presença de orvalho ou muita poeira sobre as folhas também compromete a eficácia deste herbicida, de modo que devem ser evitada.

Figura 2 - Sintomas do glifosato quando aplicado sobre a trapoeraba. a) Clorose inicial; b) Clorose avançada; c) Início da necrose; d) Necrose avançada

A corda-de-viola é uma das plantas de difícil controle em cultivos agrícolas

Edisom Carlos Ribeiro Machado eSaul Jorge Pinto de Carvalho,IFSuldeMinas

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29www.revistacultivar.com.br • Março 2013

Informe empresarial

medida, além de consistir em poderoso recurso para preservar a qualidade da bebida do café no dia a dia de uma propriedade, apresenta custo-benefício extremamente favorável ao cafeicultor.

Desenvolvido com o apoio de reno-mados pesquisadores, o produto Fegatex é oferecido pela empresa BR3 ao mercado brasileiro desde 2001. Trata-se do único fungicida registrado pelo Ministério da Agricultura para controlar fungos que depreciam a qualidade de bebida do café, com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em todo o ciclo de produção do café (da lavoura ao grão colhido).

O cafeicultor, ao produzir um café de qualidade, além de sua satisfação pessoal de produzir um bom café, tem rentabili-dade garantida, atende às exigências dos mercados nacional e internacional, coloca no mercado um produto que faz bem à saúde e dá prazer à população. Todos se beneficiam da qualidade do café!

Qualidade e lucratividadePara oferecer um bom produto final o produtor de café deve se cercar de cuidados

que começam na lavoura e passam pela adoção de práticas que resultam no controle de fungos durante o amadurecimento e a secagem do fruto

Nos últimos anos a demanda por café de qualidade intensificou-se, vem premiando com melhores

preços os melhores cafés, o que tem despertado maior atenção ao manejo pré e pós-colheita do café.

Ainda na planta, ao amadurecer, o fruto deixa de contar com compostos naturais que lhe conferem resistência às infecções fúngicas. A partir do amadurecimento do grão e até o término da secagem, quando se remove o alto teor de água do grão, é o período reco-nhecidamente crítico para a qualidade final do grão do café.

O foco da atenção tem sido a adoção de práticas que resultam no controle de fungos durante o amadurecimento e a secagem do fruto. Logo, as etapas de colheita, preparo e secagem devem ser planejadas e executadas para se minimizar a exposição dos frutos a condições propícias ao surgimento de fungos e bactérias causadores de podridões e fermen-tações indesejáveis.

O desenvolvimento de tais microrganis-mos, além de depreciar a qualidade de bebida e, consequentemente, o seu valor comercial, pode ser acompanhado pela produção de micotoxinas. Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos toxigêni-cos que podem causar sérios danos à saúde humana quando ingeridas.

Os fungos mais comuns responsáveis pela deterioração e presença de micotoxinas em grãos de café, são: Aspergillus amstetodami, A. candidus, A. flavus, A. glaucus, A. halophilicus, A. ochraceus, A. parasictus A. repens, A. restric-tus, A. ruber, Fusarium sp (várias espécies), Phoma herbariume e algumas espécies do gênero Penicillium.

A micotoxina em café que mais preocupa quanto à segurança alimentar é a Ocratoxina

A (OTA). Sua presença tem sido atribuída principalmente aos fungos Aspergillus ochra-ceus, Aspergillus carbonarius e Aspergillus niger. Essa preocupação levou a União Europeia, principal mercado consumidor de café, a estabelecer em 2007 (Quadro 1), limite de tolerância bastante rigoroso para presença de OTA em café solúvel, 5 PPB (partes por bilhão).

Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento desses fungos, e esses aspectos variam em função das muitas práticas da cafeicultura. Podem interferir na ocorrência de tais fungos a técnica de secagem adotada, o tempo de espera do café ensacado na colheita, o tempo de amontoa no terreiro antes da secagem, as condições climáticas de algumas safras ou regiões e até mesmo a ocorrência de impre-vistos como a chuva durante a secagem e na logística da colheita.

Para se preservar a qualidade do fruto, toda a boa técnica deve ser aplicada, inclusive o controle químico de tais microrganismos. Tal

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- Aplicações de Fegatex nas lavouras com histórico de bebida “riado” ou “rio”, 30 e 60 dias antes da colheita.

- O café que seca no pé, por vezes oriundo de diferentes floradas, ou o de colheitas tardias, deve ser protegido com o produto ainda na lavoura a cada 30 dias.

- O Fegatex deve ser adicionado na água do lavador.

- O produto deve ser aplicado sobre o café em coco ou descascado no terreiro

- O café no terreiro deve receber a apli-cação do produto mesmo quando já estiver com a presença dos fungos (mofos).

- Os terreiros, lavadores, tulhas e ar-mazéns devem ser limpos e desinfestados com o produto, antes de receberem os grãos de café.

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* Restrição europeia para Ocratoxina A (OTA) em cafés encontra-se em regulamento publicado no Jornal Oficial da União Europeia, Regulamento (CE) N° 1881/2006 da Comissão Europeia, de 20 de dezembro de 2006, que entrou em vigor em 1° de março de 2007, estabelece limites de tolerância máxima para OTA em café torrado e solúvel, 5 PPB e 10 PPB, respectivamente.

No início da maturação (primeiros frutos cereja-verde-cana aparecendo), fase inicial de aplicação do Fegatex

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30 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Cevada

Nocivo no calor

A produtividade da cevada pode ser fortemente afetada por diversos fatores, tais como elementos climá-

ticos (alagamento, seca), fertilidade, plantas daninhas, pragas e doenças. Dentre as doenças fúngicas na cultura da cevada no Brasil, a podridão radicular, causada por Sclerotium rolfsii Sacc. (telimórfico Athelia rolfsii), assim como os danos, tem sido pouco estudada. S. rolfsii é um fungo habitante de solo, podendo sobreviver em hospedeiros alternativos e na ausência de hospedeiros na forma saprofítica, colonizando matéria orgânica e restos vege-tais, ou na forma de estruturas de resistência denominadas escleródios. Além disso, este patógeno pode infectar cerca de 1.180 hos-

Favorecido por temperaturas entre 27ºC e 30oC o fungo Sclerotium rolfsii, causador da podridão radicular, provoca prejuízos superiores a 30% à produtividade na cultura da cevada. Entre as

estratégias de manejo, o tratamento químico de sementes ajuda a evitar a entrada do patógeno em áreas indenes e protege a lavoura nos primeiros estádios de desenvolvimento

pedeiros, monocotiledôneas e dicotiledôneas, distribuído ao longo do mundo (Farr et al, 2011). Os escleródios de S. rolfsii são peque-nas estruturas globosas de coloração branca, nos estádios iniciais de formação, evoluindo para marrom-claro com o amadurecimento, com diâmetro variando de 0,5mm a 1,5mm, formadas a partir do enovelamento de hifas imersas em uma matriz de glucana extrace-lular, podendo sobreviver no solo por mais de um ano. Escleródios possuem reservas como polifosfato, glicogênio, proteínas e lipídios, que servem como fonte de nutrição nos primeiros estádios de desenvolvimento após a germinação dessas estruturas (Willetts e Bullock, 1992).

De maneira geral, S. rolfsii predomina em regiões quentes com temperaturas variando de 27ºC a 30°C, favorecendo o crescimento micelial e formação de escleródios. Com a queda da temperatura, abaixo de 15°C, o cres-cimento micelial e a formação de escleródios podem ser afetados (Mathur et al, 1976). Em resposta à luz e à maior demanda por oxigênio, a produção de escleródios é mais facilmente observada na superfície do solo e sobre o tecido hospedeiro colonizado (Miller et al, 1977).

Por anos consecutivos (2009, 2010, 2011 e 2012) vem sendo observada a ocorrência da podridão radicular, causada por S. rolfsii, em cultivos de cevada, em áreas experimentais da Universidade Estadual de Maringá, na região

Page 31: Grandes Culturas - Cultivar 166

todos de controle envolvendo vários princípios (químico, cultural, biológico, entre outros).

Muitos fungicidas inibem a germinação e o crescimento micelial de S. rolfsii in vitro. Contudo, normalmente há pouco efeito sobre o patógeno, quando em associação com o hospedeiro, pois o fungo coloniza inicial-mente o tecido radicular e a região do coleto, onde fungicidas aplicados via pulverização dificilmente atingirão o alvo. Além disso, a aplicação de fungicidas reduz as populações de antagonistas habitantes dos solos, tal como Trichoderma spp., assim, favorecendo a população de S. rolfsii (Backman et al, 1975). A utilização de bactérias e actinomicetos e fungos como antagonistas para suprimir S. rolfsii têm demonstrado baixa eficiência a campo (Punja et al, 1985). Contudo, o tra-tamento químico de sementes pode efetiva-mente evitar a entrada do patógeno em áreas indenes através de sementes contaminadas e, além disso, proteger a cultura nos primeiros estádios de desenvolvimento em áreas onde a doença ocorra.

O plantio da cevada em regiões em que no inverno as temperaturas predominantes

A cultura da cevada ocupa a quarta posição mundial na produção de cereais com 170 milhões de toneladas produzidas anualmente

umidade do solo, tem sido possível observar, visualmente e facilmente, crescimento micelial cotonosso, de coloração branca nas regiões do coleto das plantas sintomáticas, além do colmo e folhas baixeiras. Juntamente com o micélio formam-se os escleródios, pequenos, de formato esférico, com coloração variando de branco a marrom-claro. O fungo tem infectado plantas de cevada em quaisquer es-tádios de desenvolvimento e comprometendo seriamente a produção.

Abaixo de 5,0cm da superfície do solo, a germinação de escleródios de S. rolfsii é fortemente reduzida, pois ocorrem a redução de oxigênio e o aumento da concentração de gás carbônico. Solos bem drenados com pH > 5,0 e plantios pouco adensados também contribuem para a redução da intensidade da doença no campo.

Em razão da extensa gama de hospedeiros, da alta prolificidade, da habilidade de produzir escleródios e de colonizar matéria orgânica e restos vegetais, o valor prático no controle desse patógeno é frequentemente limitado. O controle significativo da doença é muito dependente de combinação ordenada de mé-

noroeste do estado do Paraná, onde foi possível verificar no ano de 2011 aproximadamente 23% de plantas mortas e redução estimada na produtividade de 34,2%. A ocorrência da doença é inicialmente observada em pequenos focos, através lesões marrons aquosas no co-leto das plantas, que evoluem para podridão no caule e raízes, murcha, tombamento e morte de plantas e perfilhos. Esses pequenos focos evoluem para grandes reboleiras com cultivos sucessivos, com o passar dos anos. Nessas áreas afetadas (reboleiras), quando há ocorrência de altas temperaturas e alta

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32 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

permaneçam ao redor de 15°C, possivelmente não será afetado (ou será menos atingido), pois o crescimento e a multiplicação de S. rolfsii são afetados negativamente nestas condições.

O aumento da matéria orgânica que normalmente contribui para o crescimento das populações de antagonistas no solo, tam-bém favorece a multiplicação do patógeno, devido à sua capacidade saprofítica (Beute et al, 1981).

Quanto ao efeito das práticas culturais, a densidade de plantio (alta em cereais de inverno) constitui-se em um dos fatores que mais contribuem para o aumento da intensi-dade da doença no campo, devido ao aumento da disponibilidade de tecido suscetível para a colonização e formação de microclima favorável ao patógeno (Punja, 1985). Além disso, a rotação de cultura com espécies hos-pedeiras favorece o aumento do inóculo na área ano após ano, o estresse físico e biológico impostos às plantas e as condições ambientais favoráveis ao patógeno aumentam a infecção por S. rolfsii (Rodriguez-Kabana et al, 1974). A utilização de fertilizantes amoniacais, tais como ureia e bicarbonato de amônia, tem reduzido a intensidade da doença, inibindo a germinação e reduzindo a taxa de crescimento micelial (Punja et al, 1982). Apesar de não ser possível para grandes áreas, o controle físico utilizando temperaturas elevadas (exposição dos escleródios a temperaturas acima de 50°C) tem apresentado boa eficiência. Temperaturas elevadas, muitas vezes não inviabilizam os escleródios, mas favorecem a ação de micror-ganismos antagonistas (Mihail et al, 1984).

Entre as principais medidas de controle, a aração profunda, acima de 20cm de pro-fundidade, utilizando extensão de aivecas para a inversão do solo e a adição de restos vegetais de aveia e milho, que promovem a

A cevada (Hordeum vulgare L.) per-tence à tribo Triticeae e família

Poaceae (Gramineae), cujo centro de origem reside em torno dos países do Oriente Médio, Israel, Síria, Iraque, Turquia, Síria e Jordânia (Harlan, 1979). H. vulgare figura entre as primeiras espécies domesticadas pelo homem, quando estes povos passaram de nômades para sedentários, cerca de dez mil anos atrás, no período Neolítico ou Revolução Agrícola (Vasil, 1994).

Atualmente, a cevada ocupa mun-dialmente a quarta posição na produção de cereais, com cerca de 170 milhões de toneladas, anualmente. A cevada é utilizada na produção de malte, alimentação animal e humana, sendo consumida na forma in-tegral, malteada ou como farinha (Hancock,

A CulturA dA CEVAdA1992; Minella, 1999), sendo excelente fonte de energia, fibras, ácidos graxos entre outros nutrientes (Schmidt, 2011).

No Brasil, a cultura da cevada tem sido desenvolvida, basicamente na Região Sul Temperada, onde esta espécie encontra condições favoráveis para o seu desenvol-vimento. Segundo dados da Conab (2012), na safra de 2012 foram cultivados 99,9 mil hectares com esta cultura, sendo alcançado produtividade média de 3.470kg/ha e um total de 346,7 mil toneladas. O estado do Paraná é o principal produtor, respondendo aproximadamente por 63,99% da produção total, sendo seguido pelos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com 31,02% e 4,99%, respectivamente.

Podridão radicular de escleródio (Sclerotium rolfsii Sacc.) em cevada (Hordeum vulgare L.): A) Plantas colonizadas exibindo murcha, seca e morte e escleródios na base. B) Hifas e escleródios coletados do solozosfera de plantas colonizadas sintomáticas (barra: 1,0mm)

liberação de NH3 (amônia), aumentando as populações de antagonistas a S. rolfsii (Mihail et al, 1984; Gautum et al, 1979) são alternativas de controle que podem con-tribuir para a redução do inóculo de forma economicamente viável.

Resumidamente, em áreas onde não ocor-ra a doença, recomenda-se regulamentar as possíveis vias de entrada do patógeno na área, tais como trânsito de maquinários e veículos (devem ser desinfestados por agentes químicos ao entrarem na área) oriundos de áreas onde a doença ocorra e o uso de sementes sadias (tratamento de sementes). Em áreas onde o patógeno já esteja presente, recomenda-se isolar as reboleiras para que o trânsito de ma-quinários (plantio, pulverizações e colheita) e

pessoas não espalhem o inóculo para as demais áreas adjacentes.

Além dessas medidas, a rotação de cultu-ras, com espécies não hospedeiras, por longos períodos, a aração profunda invertendo o solo, no intuito de enterrar o inóculo, o enterrio ou queima de restos culturais e calagem são medidas que contribuem para a redução do inóculo no solo. Ricardo Oliveira, Dauri Tessmann e João B. Vida,UEMBárbara de Melo Aguiar,Embrapa Arroz e FeijãoJefferson F. do Nascimento,UFRR

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33www.revistacultivar.com.br • Março 2013

Empresas

e prejudicou muito os resultados da safra. “Justamente queremos desenvolver pesqui-sas nessa região, para que situações como essas não voltem a acontecer. Para que o agricultor já saiba antes o que fazer para proteger sua lavoura”, ressaltou o presiden-te da Fundação Rio Verde, Joci Piccini.

O centro de Lucas do Rio Verde/MT representa o sétimo da Basf no Brasil. Atu-almente a empresa possui outros espaços semelhantes em Uberlândia, no estado de Minas Gerais; Goiânia, em Goiás; Ribeirão Preto, em São Paulo; Ponta Grossa, no Paraná; Bandeirantes, Paraná, e em Santa Bárbara, no Rio Grande do Sul.

Mais tecnologiaBasf e Fundação Rio Verde inauguram centro de pesquisas para

auxiliar no desenvolvimento da agricultura no Mato Grosso

Com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de tecnologias e formas de manejo que vão ao

encontro da necessidade do produtor de Mato Grosso, a Basf, em parceria com a Fundação Rio Verde, inaugurou em fe-vereiro o Centro Experimental Avançado (CEA). Localizado junto à Fundação, em Lucas do Rio Verde (MT), o local abriga uma estrutura com laboratório e mais 15 hectares de parcelas para a realização dos ensaios.

Os sete profissionais que atuam no CEA, entre pesquisadores, estagiários e auxiliares de campo, conduzem, principal-mente, estudos de eficácia biológica e fito-xicidade de agroquímicos para o controle de doenças, plantas daninhas e pragas nas principais culturas do cerrado, como soja, algodão, milho, feijão e arroz. O Centro de Lucas do Rio Verde terá capacidade para realizar 120 estudos por ano.

Segundo o vice-presidente sênior da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para a América Latina e de Sustentabi-lidade para a América do Sul, Eduardo Leduc, com esta iniciativa os parceiros têm a possibilidade de adequar novas tecnologias às realidades dos agricultores da região Centro-Oeste. “Assim, consegui-mos contribuir de forma mais ativa para o desenvolvimento da agricultura do médio norte mato-grossense e do cerrado como

um todo”, diz. Leduc ressaltou também que é im-

portante manter o foco no produtor, para que se possam desenvolver pesquisas que satisfaçam suas lacunas produtivas. Atu-almente, muitas dessas tecnologias e pro-dutos são importados da Alemanha e dos Estados Unidos e de acordo com o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da unidade de Proteção de Cultivos da Basf para a América Latina, Leandro Martins, agora será possível criar no Brasil estes processos, testá-los e até mesmo exportá-los.

A região de Mato Grosso já enfrentou graves problemas fitossantiários no passa-do, como nas safras de 2004/2005 em que a ferrugem asiática tomou conta das lavouras

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Estrutura abriga laboratório junto a uma áreacom 15 hectares de parcelas experimentais

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Carolina Silveira/Cultivar

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34 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

O feijão é, atualmente, umas das culturas agrícolas de maior im-portância econômica no cenário

nacional, por ocupar extensas áreas do terri-tório brasileiro. Não obstante, o modelo de exploração agrícola vigente, baseado essen-cialmente em estreita base genética, tem acar-retado no aparecimento e/ou intensificação dos mais diversos problemas fitossanitários. Merecem destaque doenças causadas por nematoides, sobretudo o nematoide das galhas radiculares (Meloidogyne spp.) e o nematoide das lesões (Pratylenchus spp.).

Os fitonematoides constituem-se em um dos principais problemas limitantes da produção agrícola mundial e, dentre os fatores que os colocam no status de importantes pató-genos para a agricultura está a dificuldade em controlá-los. Na literatura, existem centenas de relatos a respeito de supressão da produ-tividade de culturas agrícolas em função do ataque de nematoides. Apesar disso, muitas vezes tais patógenos são ainda negligenciados ou considerados de menor importância. Vá-rios fatores contribuem para isso, entre eles o fato de que o seu parasitismo geralmente reduz a produtividade sem causar sintomas

Aliado importanteFeijão

Popular em outros cultivos comerciais como a soja, o tratamento de sementes contra nematoides é ferramenta promissora também no feijoeiro. Contudo, seu emprego não deve ocorrer isoladamente, mas de forma integrada com outras medidas como rotação

de culturas com plantas não hospedeiras e emprego de cultivares resistentes

visíveis, resultando em pequeno esforço para o desenvolvimento de sistemas de manejo efetivos e econômicos. Mesmo em culturas onde os nematoides são reconhecidamente importantes, muitos outros problemas ocor-rem na lavoura, desviando o foco do manejo desses patógenos.

Na cultura do feijoeiro, especificamente, perdas de produtividade causadas por nema-toides têm sido frequentemente relatadas por produtores e pesquisadores. Dentre as prin-cipais práticas para o controle de nematoides estão o controle químico, o uso de variedades resistentes, a rotação de culturas, o tratamento de sementes com produtos nematicidas, a adição de matéria orgânica ao solo e o controle

biológico. O uso de variedades resistentes aos ne-

matoides é um dos métodos mais eficientes e econômicos de evitar perdas. Além do au-mento na produção das culturas e da redução na reprodução dos nematoides, o cultivo de plantas resistentes não demanda equipamen-tos especiais para utilização, além de ser uma tecnologia ambientalmente segura. Também a rotação de culturas é um dos métodos mais recomendados para o manejo de nematoides em culturas anuais ou perenes de ciclo curto. Entretanto, algumas espécies, como os nema-toides de galhas, Meloidogyne spp., possuem ampla gama de hospedeiros, o que dificulta a escolha de plantas para rotação, principalmen-te considerando-se as duas principais espécies do gênero, M. incognita e M. javanica. Outra espécie extremamente polífaga, Pratylenchus brachyurus, atualmente o principal problema relacionado à produção de soja em sistema de plantio direto no Centro-Oeste brasileiro, também pode ser controlada pela rotação com algumas poucas espécies de plantas não hos-pedeiras, notadamente Crotalaria spectabilis e C. breviflora, algumas cultivares de milheto ou aveias-pretas.

Diante deste cenário, torna-se muito necessário, senão imprescindível, o desen-volvimento de táticas de manejo eficientes, econômicas e sustentáveis. Neste particular, o tratamento de sementes com nematicidas tem galgado inconteste relevância, seja pela eficiência, economia ou pelo pequeno impacto ambiental. Portanto, para contornar o impacto ambiental causado pelos nematicidas aplica-dos no sulco de semeadura, sem abrir mão de seu benefício no controle de nematoides, o tratamento de sementes, por aliar essas duas características, além da facilidade de aplicação,

Fêmeas de Pratylenchus brachyurus no interior de raízes de feijoeiro (à esquerda) e fêmeas de Meloidogyne incognita no interior de raízes de feijoeiro (à direita)

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surge como opção de manejo desses patógenos em culturas como soja e algodoeiro. De acordo com a Embrapa Soja, o tratamento de semen-tes representa apenas 0,6% do investimento na produção da cultura da soja.

Para o feijoeiro, informações a respeito de seu uso são escassas, o que motivou as pesqui-sas conduzidas no Instituto Agronômico do Paraná, em Londrina, Paraná, com diferentes produtos químicos (abamectina, thiodicarb e difenoconazole) e biológicos (Trichoderma harzianum), utilizados via tratamento de sementes, para a redução populacional de Pratylenchus brachyurus, Meloidogyne incognita e M. javanica, três das principais espécies de nematoides que ocorrem na cultura.

Sementes da cultivar Iapar 81, sabidamen-te suscetível aos três nematoides, foram trata-das com os produtos citados e, após três, nove e 15 dias depois da inoculação, que deu-se con-comitantemente ao plantio das sementes, foi avaliado o número de nematoides que haviam penetrado no interior das raízes das plantas de feijoeiro. Os tratamentos à base de aba-mectina e thiodicarb foram os mais eficientes em reduzir a quantidade de nematoides que penetraram nas raízes, independentemente da data de avaliação e da espécie de nematoide. Aos 60 dias após a inoculação, agora com base no fator de reprodução dos nematoides, observou-se menor população do nematoide nas plantas tratadas com abamectina e thiodi-carb (Gráficos 1, 2 e 3), assim como observado

nas avaliações iniciais. Vale lembrar que o fator de reprodução é um parâmetro que é obtido dividindo-se a população inicial, inoculada no início do experimento, pela população final, extraída das raízes ao término do período experimental.

Entretanto, mesmo havendo tal redução, os valores obtidos para fator de reprodução, da ordem de 20 para M. incognita e M. java-nica (Gráficos 2 e 3), ainda são considerados elevados, uma vez que indicam que a po-pulação cresceu 20 vezes no intervalo de 60 dias. Quando em comparação à testemunha, em que não se utilizou nenhum produto no tratamento das sementes, essa redução pode ser considerada favorável, desde que outras ferramentas de manejo sejam aliadas, já que os fatores de reprodução na testemunha foram maiores que 70, indicando que a população cresceu mais que 70 vezes na testemunha. Esse fato evidencia, ainda, que o efeito do tratamen-to de sementes dá-se exclusivamente na fase inicial da cultura, fato comprovado pela menor incidência de nematoides no interior das raízes aos três, nove e 15 dias da germinação.

Esse efeito mostra que o tratamento de sementes é muito importante no manejo de nematoides em feijoeiro, pois resulta em menor penetração de nematoides nas raízes no início do desenvolvimento das plantas, o que contribui positivamente para seu desen-volvimento inicial. Esse controle da população de nematoides na fase inicial da cultura é

fundamental para que a produtividade possa atingir elevados patamares, fato já verificado e comprovado por vários autores, quando da aplicação de produtos nematicidas no sulco de plantio do algodão, por exemplo. Entretanto, não deve ser utilizado como medida isolada para o manejo de nematoides, uma vez que, passado o período residual dos produtos utilizados, a população do nematoide cresce acentuadamente até o final do ciclo da cultura, garantindo grande quantidade de inóculo no solo para a próxima safra.

Portanto, a partir dos resultados da pes-quisa realizada, pode-se concluir que o trata-mento de sementes à base, principalmente, de abamectina e thiodicarb é ferramenta eficaz e prática dentro da cadeia produtiva do feijoeiro para o manejo de nematoides, reduzindo os danos ambientais inerentes ao uso de produtos de alta toxidez. Entretanto, não deve constituir única opção de manejo desses patógenos. Recomenda-se que, necessariamente, seja adotado em adição a outros métodos de ma-nejo, como a rotação de culturas com plantas não hospedeiras dos nematoides ou cultivares resistentes. CC

35www.revistacultivar.com.br • Março 2013

Andressa, Gonçalves Júnior, Francielly e Miria abordamtratamento de sementes contra nematoides em feijão

Gráfico 1 Gráfico 2

Gráfico 3

Andressa Machado,Daniel Bento Gonçalves Júnior eFrancielly de Moraes Namur,IaparMiria Roldi,UEM

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36 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Coluna ANPII

Ferramenta essencial

Já tem sido cantado e decan-tado pelo mundo afora o exemplo do Brasil de cultivar

mais de 25 milhões de hectares com soja, com uso quase que exclusivo de inoculante como fonte de nitrogênio. Levando-se em conta que cada hec-tare de soja, para produzir três mil quilos de grãos, necessita de cerca de 280 quilos de nitrogênio, é possível ver a enorme dimensão que o uso deste produto representa para o país e para o agricultor.

Somente para efeitos de exercício, reforçando a importância deste insu-mo, vamos analisar alguns números. Em primeiro lugar, enumeramos algumas premissas para poder fazer um raciocínio lógico:

remos ainda fazer mais um exercício: caso a ureia, como muitos preveem, venha a baixar de preço, é possível até mesmo supor que caia pela metade. Ainda assim, o aumento de custo da lavoura e a diminuição do lucro do agricultor serão de R$ 247,50.

Agora vamos ver do ponto de lo-gística. Sabe-se que há um estrangu-lamento na circulação de mercadorias pelas estradas brasileiras. Estradas mal conservadas, algumas até mesmo não conservadas, excesso de cami-nhões por quilômetro de estrada e, ao mesmo tempo, falta de caminhões para transportar todas as mercado-rias, mormente aquelas ligadas ao agronegócio. Recentes levantamentos têm demonstrado que estamos próxi-

Solon de AraujoConsultor da ANPII

o nitrogênio necessário para as mais elevadas produções de soja. Cinco a seis mil quilos de grãos por hectare podem ser obtidos tendo o inoculante como único provedor de nitrogênio, desde que se faça uma boa inoculação e se dê todas as condições para que haja uma boa nodulação.

Um trabalho recentemente publi-cado nos Estados Unidos, na revista Crop Science, volume 52, maio/junho 2012 de autoria de Mastrode-menico e Purcell, derrubou mais um mito sobre a FBN. Até pouco tempo acreditava-se, baseado em trabalhos mais antigos, que o processo de fi-xação praticamente se encerrava no final da floração, diminuindo dras-ticamente ou quase parando na fase

Com baixo custo, a Fixação Biológica de Nitrogênio reúne ganhos econômicos e ambientais que a transformam em

elemento indispensável à sustentabilidade e à competitividade do agronegócio brasileiro

O uso da fixação biológica do nitrogênio assume um papel cada vez mais importante no agronegócio brasileiro

1 – Produtividade da soja para este exercício: 3.000kg/ha.

2 – Necessidade de N/ha: 280kg, equivalente a, aproximadamente, 600kg de ureia.

3 – Preço da ureia, R$ 1.000,00/ton, equivalente a R$ 600,00/ha.

4 – Carga de um caminhão car-reta: 30ton.

5 – Em média, cada agricultor usaria 100kg de N, equivalente apro-ximadamente, a 200kg de ureia.

Com estes números em mãos, vamos fazer um exercício, para ver o que ocorreria se não tivéssemos o inoculante como uma ferramenta para uso na cultura da soja.

Do ponto de vista do custo da lavoura, portanto do rendimento financeiro para o agricultor, teríamos a aplicação de R$ 600,00/ha em ureia. Descontando o custo do inoculante, de R$ 5,00/ha, o acréscimo de custo por hectare seria de R$ 595,00. Pode-

mos de um “apagão” logístico no país. Ora, se fôssemos usar 200kg de ureia por hectare de soja nos 25 milhões de hectares plantados no país, teríamos necessidade de transportar cinco milhões de toneladas de fertilizantes nitrogenados pelas estradas, repre-sentando mais de 167 mil viagens. Mais estrangulamento nas rodovias, mais acidentes, mais danos à nossa já precária rede de circulação.

Isto sem falar na “economia ambiental” que o uso de inoculante representa, pois se sabe que cada qui-lo de fertilizante nitrogenado emite 4,2kg de carbono equivalente, desde a produção até o uso na lavoura.

Desta forma, o uso da Fixação Biológica do Nitrogênio assume um papel cada vez mais importante no agronegócio brasileiro. Existem centenas de trabalhos, no Brasil e no restante do mundo, mostrando que a FBN é capaz de fornecer todo

de enchimento de grãos. Os autores citados, em um amplo experimento de campo, durante dois anos, com cultivares de soja de ciclos longo e curto, demonstraram que a fixação do nitrogênio continua se processando até o final do enchimento de grãos, sendo, portanto, responsável pelo for-necimento deste nutriente até quase o final do ciclo.

Portanto, todo o trabalho reali-zado pela pesquisa, pela extensão e pelas empresas produtoras de ino-culante no Brasil apresenta elevado significado econômico e ambiental, nem sempre reconhecido em toda sua plenitude, mas de grande en-vergadura para a competividade do agronegócio brasileiro. CC

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termoplást ico biodegradável . No entanto, seu desempenho é limitado devido à sua sensibilidade à água e à elevada fragilidade, relacionada ao crescimento anárquico de cristais de amilose. A aplicação da nanotecnologia para esses polímeros pode abrir novas possibilidades para melhorar não só as propriedades, mas também a relação entre custo-preço e eficiência.

Compósitos poliméricos são mis-turas de polímeros com cargas inor-gânicas ou orgânicas e com certas geometrias (fibras, flocos, esferas, partículas). Diversos compósitos foram desenvolvidos reforçando polímeros para melhorar as suas propriedades térmicas, mecânicas e de barreira. A maioria destes materiais reforçados apresenta interações precárias na interface entre os dois componentes, pois os materiais macroscópicas de re-

se sobrepõem, tal como enzimas imobi-lizadas que podem acuar como compo-nentes antimicrobianos, eliminadores de oxigênio ou biossensores.

Na prática, o uso de biopolímeros pela indústria alimentar enfrenta pro-blemas de custo relativamente elevado quando comparados com polímeros sintéticos. No entanto, o esforço na busca de desenvolvimento sustentável aumenta a procura por biopolímeros, logo o aumento da escala tem diminu-ído o custo de produção. O surgimento de nanocompósitos promete ampliar a utilização de películas comestíveis e biodegradáveis, melhorando as suas propriedades mecânicas, térmicas e de barreira, mesmo em teores muito baixos.

Ainda persiste a necessidade de investigar a biossegurança dos nano-materiais, posto que a sua dimensão

Em artigo recente, aqui neste espaço, abordamos a pro-dução de bioplásticos, uma

nova oportunidade para o agronegócio. Se associarmos a nanotecnologia com os bioplásticos, será possível reduzir as perdas e melhorar o controle sanitário dos alimentos.

O termo nanômetro significa a es-cala na faixa de 10-9m. No último meio século, a nanotecnologia tornou-se um campo multidisciplinar da ciência aplicada e da tecnologia, que permite criar, caracterizar e utilizar materiais de estruturas, dispositivos e sistemas com novas propriedades derivadas de suas nanoestruturas. Todos os sistemas biológicos e artificiais têm o primeiro nível de organização na escala nanomé-trica. Ao utilizar técnicas de nanotec-nologia, é possível reunir as moléculas em objetos ou desmontar um objeto em

moléculas, como a natureza já faz nos processos de degradação.

Devido ao seu tamanho, as na-nopartículas têm área de superfície proporcionalmente maior e consequen-temente mais átomos da superfície do que na microescala. Na faixa de nano-escala, os materiais podem apresentar diferentes propriedades eletrônicas, que, por sua vez, afetam suas proprie-dades ópticas, catalíticas e reativas.

Na atual idade, a maioria dos materiais utilizados para embalagem de alimentos não é degradável, o que representa um grave problema ambiental, de ordem global. Novos biomateriais têm sido explorados para desenvolver matérias de embalagem como filmes comestíveis e biodegra-dáveis, com o objetivo de prolongar a vida útil e melhorar a qualidade dos alimentos, além de reduzir os resíduos de embalagens. No entanto, o uso de polímeros comestíveis e biodegradáveis apresenta problemas como fragilidade, ou constituem barreira insuficiente para penetração de gases e umidade, além da sensibilidade ao calor e alto custo.

Por exemplo, o amido tem recebi-do muita atenção como um polímero

forço geralmente contêm defeitos, que são desprezíveis quando a estrutura é menor (nanoescala).

A dispersão uniforme das nano-partículas conduz a uma grande área da matriz de enchimento interfacial, o que altera a mobilidade molecular, o comportamento de relaxamento, melhorando significativamente as propriedades térmicas e mecânicas do material. Uma redução do tamanho de partícula aumenta o número de partí-culas de enchimento, aproximando-os um do outro, assim, as camadas de interface de partículas adjacentes se sobrepõem, alterando as propriedades estruturais de forma significativa.

Além da ação de reforço, as na-nopartículas, cuja principal função é melhorar as propriedades mecânicas e de barreira dos materiais de embala-gem, há vários tipos de nanoestruturas responsáveis por outras funções, que conferem propriedades às embalagens, como atividade antimicrobiana, imobi-lização de enzimas, biossensoreamen-to, capacidade de remoção de oxigênio ou indicação do grau de exposição a algum fator de degradação, entre ou-tras. Algumas nanopartículas podem ter múltiplas aplicações que, por vezes,

lhes permite, em tese, penetrar nas células. Apesar de que as propriedades de segurança dos materiais, na sua forma a granel, sejam bem conhecidas, os nano-homólogos frequentemente exibem propriedades diferentes dos en-contrados na macroescala. Há poucos dados científicos sobre a migração da maior parte dos tipos de contidos em embalagens para alimentos, bem como os seus eventuais efeitos toxicológicos. É razoável supor que a migração pode ocorrer, daí a necessidade de infor-mações precisas sobre os efeitos de nanopartículas para a saúde humana após exposição crônica.

Os estudos de biossegurança consti-tuem parte essencial de todo o processo de desenvolvimento de novos materiais na escala nanométrica, especialmente se destinados à embalagem de alimen-tos. A sua execução conjuntamente com a evolução do desenvolvimento de embalagens permitirá o uso de tecnolo-gias inovativas, que reduzirão as perdas de alimentos, tornando-os, concomi-tantemente, inócuos e seguros.

Coluna Agronegócios

37www.revistacultivar.com.br • Março 2013

nanoembalagens de alimentos

Décio Luiz GazzoniO autor é Engenheiro Agrônomo

CC

O esforço na busca de desenvolvimento sustentável aumenta a procura por biopolímeros, logo o aumento da escala tem diminuído o custo de produção

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Coluna Mercado Agrícola

Clima favorável e safra cheia sinalizam cautela aos produtores

TRIGO - O mercado do trigo segue favorável, com poucas ofertas internas e cotações em alta, entre R$ 650,00 e R$ 780,00 por tonelada, com valores até acima desse patamar nas posições mais próximas das indústrias. Há re-clamações dos produtores frente à medida do governo que retirou a taxa de importação de trigo de fora do Mercosul (que era de 10% e deverá favorecer as negociações com a Rússia). Isso serve para limitar as cotações internas, que podem ter chegado ao topo dos indicativos e somente com problemas internacionais e avanços em dólar poderá haver novos ganhos. Segue favorável ao novo plantio, que mantém expectativas de lucros aos produtores.

ALGODÃO - O mercado obteve ganhos importantes neste começo de ano, com avanços em fevereiro atrelados a exportações, crescimento no mercado internacional e ajustes próximos dos 20% no último mês. Os indicativos são de R$ 55,00 a R$ 58,00 por arroba, o que dá melhores condições aos produtores que estão com a safra nos campos neste momento.

EUA - A Safra 2013/14 começa a ser plantada em solo americano e vai se estender até o final de maio, quando entram as últimas lavouras de soja e milho. O inverno longo e rigoroso, somado ao fato de o País passar por um período de seca desde o ano passado, com perdas na safra anterior e problemas para a primeira safra de trigo deste ano, favorece as cotações. As primeiras estimativas de plantio devem ser divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em final de março. Os produtores plantarão mais

miLHoExportações seguram mercado A safra está em colheita há várias semanas e uma

boa parte do que foi colhido seguiu para a exportação, com recorde em janeiro com mais de 3,3 milhões de toneladas exportadas. O ritmo foi acelerado em fevereiro e tudo aponta que em março o quadro não será diferente. O milho disputará espaço nos portos com a soja e desta forma criará suporte contra gran-des baixas nos indicativos internos, o que em outros anos era fato comum. O milho alcançou níveis de R$ 30,00 a R$ 32,00 nos portos, patamares que tendem a servir de base para formar as cotações nas regiões produtoras. Cenário que obrigará as indústrias a bancar números parecidos ou melhores, para não perder o grão para o mercado internacional.

SoJAReação e bons fundamentosO mercado da soja segue favorável aos produ-

tores, com boas oportunidades de fechamentos e cotações atrativas. Os negócios realizados nos meses de agosto e setembro do ano passado é que estão resultando nos melhores lucros aos produtores, porque foram efetivados com níveis de R$ 10,00 a R$ 12,00 por saca acima do que esta sendo praticado atualmente. A boa notícia é que os Estados Unidos já exportaram tudo o que tinham programado e os novos negócios de março em diante irão servir para

derrubar os estoques finais americanos e forçar impor-tações. Principalmente a partir do final do primeiro semestre, para atender à demanda interna, ou seja, haverá pela frente, além dos tradicionais compradores, como a China, a presença dos EUA como potencial importador. Cenário que trará bom apelo para manter as cotações em alta. O ano segue bom para soja e neste final de março o Departamento de Agricultura dos Es-tados Unidos (USDA) divulgará a intenção de plantio dos EUA, que apresenta indicativos de avanço e queda na área (ainda indefinidos). Os produtores americanos plantarão mais se tiverem bons lucros. Caso haja dú-vidas, podem reduzir a área. As duas opções são boas para os brasileiros, pois se plantarem mais será porque as cotações estão em alta e se cultivarem menos irão favorecer a safra nova, que terá menor oferta.

FEIJÃOForte altaO mercado do feijão entrou em 2013 com indica-

tivos firmes, forte avanço nas cotações, grande queda na área plantada e perdas importantes na produção, com as principais regiões produtoras sofrendo com o clima, o que resultou em oferta menor e cotação de feijão nobre batendo próximo dos R$ 300,00, perto do limite potencial para as vendas de varejo. Isso porque existe espaço limitado junto ao varejo, que não pode passar dos R$ 8,00 nas gôndolas e como se opera entre os R$ 4,00 e R$ 6,00, continua com bom potencial de

demanda, devendo manter os indicativos firmes, com o feijão girando de R$ 150,00 a R$ 250,00 para a maior parte dos negócios. O mercado tende a seguir firme, porque não há como recuperar as perdas neste ano.

ArrozColheita avançando e produtor segurandoO mercado do arroz vê a safra chegar neste

mês de março com indicativos de que a colheita se estenderá até abril. Isso esticará as entregas, com os produtores esperando que o governo lhes traga apoio, com recursos e limitação das importações. Fato que desagradou a presidente Dilma Rousseff, que reclamou que o arroz cresceu muito em 2012, esquecendo que o preço do produto estava parado há quase dez anos e agora sofreu apenas correções, para que houvesse condições dos produtores continuarem plantando. Porque se continuasse na faixa dos R$ 20,00 aos R$ 25,00 registrados nos anos anteriores, certamente haveria uma verdadeira fuga do setor, com migração para cultivos mais lucrativos como o de soja. Cenário que colocaria o Brasil na depen-dência total do arroz importado. O mercado segue com fôlego para trabalhar com cotações a partir de R$ 30,00, o que dá margem aos produtores e não afeta o consumidor (cujo poder aquisitivo permite pagar R$ 2,50 em média pelo quilo no varejo). Há boas expectativas para o setor neste ano.

CURTAS E BOASse as cotações futuras forem lucrativas. Caso haja riscos, podem reduzir a área. Há projeções sobre ambas as opções. Para plantarem mais o milho terão que avançar um dólar por bushel e alcançar os sete dólares. E a soja terá de andar próxima dos 15 dólares em Chicago. Caso as cotações estejam abaixo desses patamares, o País pode ter área estável ou menor, pois os produtores sabem que o governo não tem dinheiro para lhes dar suporte em caso de cotações baixas e prejuízos.

CHINA - Passado o Ano-novo chinês, que ocorreu no meio de fevereiro, a China vem às compras. O país deverá importar mais, porque o inverno ainda está forte e longo, com alta demanda de alimentos. Aumentou o consumo de ração e desta forma os chineses irão importar quase todos os principais grãos em volumes maiores que em 2012. Bom para o mercado internacional. Seguirá como a locomotiva do agronegócio mundial, devendo consumir quase 600 milhões de toneladas de grãos (quase 100 milhões de toneladas importadas).

MERCOSUL - O clima novamente foi o fator decisivo, com seca e problemas principalmente na Argentina, que teve milho e soja afetados pela estiagem, com perdas de mais de dez milhões de toneladas destes dois produtos. Agora, em fase de plantio do feijão (que atende à exportação e ao mercado brasileiro), a seca também está fazendo com que ocorra redução da área. Inicialmente se aponta diminuição de 10%, mas há produtores que estimam queda maior, o que resultará em menos produto para vender.

38 Março 2013 • www.revistacultivar.com.br

Vlamir [email protected]

A safra chega em ritmo forte neste mês de março, com indicativos de que haverá recorde de colheita de soja, com chances de o Brasil, pela primeira vez na história, superar a produção dos EUA e chegar ao topo da lista dos maiores produtores mundiais. Existem indicativos que giram ao redor de 83 milhões de toneladas da oleaginosa. Já o milho de verão pode alcançar cerca de 35 milhões de toneladas ou até transpor esse número, apesar da cultura ter sofrido com seca em pontos do Sudeste e do Sul do Brasil. A safra, em geral, apresenta-se melhor que no ano passado, com pouco mais de seis milhões de hectares plantados. Tudo indica que haverá média acima dos cinco mil quilos por hectare (enquanto o País poderia ter níveis de sete toneladas ou mais). A colheita desta primeira safra também aponta para um grande volume, e soja e milho já disputam ferrenhamente os transportadores, principalmente com destino aos portos para onde grande parte da safra seguirá nos primeiros meses depois da colheita. Com expectativas de que até junho mais de dez milhões de toneladas de milho serão exportadas e pelo menos 20 milhões de toneladas de soja e derivados. Volumes que apontam para um transporte de 30 milhões de toneladas, ou mais, justamente com destino a locais que não evoluíram nos últimos anos e que deverão formar filas gigantescas para descarregar. Já se observam filas de navios ao largo para atracar. Esses fatores impactam no aumento dos custos de logística e acabarão sendo pagos pelos produtores. A estimativa é de que nestas próximas semanas haverá forte apelo na linha de aumento nos custos dos fretes, principalmente para a soja, o que irá diminuir o lucro potencial dos produtores. Mas há o que comemorar. É preferível sofrer com entraves na logística a enfrentar problemas no clima, que acabam resultando em volumes menores e prejuízos maiores. Chega-se ao momento em que a cautela é a maior ferramenta de lucros para os produtores.

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