grande consumo n.º 2/2010

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Farmetro conceito em expansão Scantrends marcas recuperam fôlego IBM smarter planet Alimentaria 2010 balanço positivo em período de recessão JBaptista mundo de sabor Futuro Lojas Retalho Futuro Lojas Retalho Nº02/2010 | MARÇO/ABRIL Revista bimestral Portugal | €4,80

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A Revista dos Negócios de Distribuição

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Page 1: Grande Consumo N.º 2/2010

Farmetro conceito em expansão Scantrends marcas recuperamfôlego IBM smarter planet Alimentaria 2010 balanço positivoem período de recessão JBaptista mundo de sabor

FuturoLojasRetalho

FuturoLojasRetalho

Nº02/2010 | MARÇO/ABRIL

Revista bimestral

Portugal | €4,80

Page 2: Grande Consumo N.º 2/2010

plantar o maior olival desta terra.porque não?

olival, Beja

A Europa investe nas zonas rurais

Fundo Europeu Agrícolade Desenvolvimento Rural

Tudo começou com uma árvore. Depois duas, três, três mil. Hoje, Oliveira da Serra

tem o maior olival do mundo, com mais de 6 milhões de oliveiras. Cada uma plantada com gps,

regada com o apoio de estações meteorológicas que avaliam as necessidades do solo,

tratada com mãos sábias. Um mar de verde-azeitona que cresce todos os dias

e nos faz acreditar que podemos fazer de Portugal um dos maiores produtores do mundo.

Ou mesmo o maior. Porque não?

Page 3: Grande Consumo N.º 2/2010

Tem tanto de estranho como de positivo ouvir o inspector-geral da ASAE, António Nunes, fazer um balanço

favorável da acção de fiscalização levada a cabo aquando do último Dia do Consumidor. Não pelo facto de se ter

registado uma baixíssima taxa de infracções, mas, sobretudo, pelo facto de o responsável máximo da

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica atribuir estes resultados directamente à acção do organismo

que dirige, sem, verdade seja dita, deixar de reconhecer algum mérito aos próprios operadores económicos, que

se apresentam, nas suas palavras, mais cumpridores.

Certo é que, quatro anos após a sua criação, as opiniões continuam a dividir-se relativamente à efectividade

deste organismo que, enquanto é ou não é considerado inconstitucional, continua a levar a cabo a sua

actividade. Nalguns casos, como elevados benefícios para a saúde do consumidor, noutros com resultados um

tanto ou quanto duvidosos e com os procedimentos decorrentes da acção de fiscalização a constituírem motivo

de queixas por parte dos operadores económicos visados. Não só pela forma intimidatória com que procuram

operar – desde logo com a denominação “Polícia” nas suas vestes – como pela forma implacável com que

aplicam a lei, mesmos nalguns casos onde deveria imperar o bom senso na sua aplicação directa. Não que a lei

exista para não ser respeitada, mas, acima de tudo, ao atentar aquilo que é a realidade do tecido económico

nacional, com todas as suas debilidades e fragilidades. O que leva a que, nalguns casos, se registe uma

verdadeira caça às bruxas, agindo a ASAE com frequência através de denúncia, ou apenas um método

“inteligente” – mais um – de prejudicar a concorrência, mesmo que na nossa própria casa não cumpramos os

requisitos obrigatórios em matéria de higiene e segurança alimentar. Mas enquanto o lixo estiver debaixo do

tapete do vizinho…

Estes aspectos demonstram o modo, por vezes pouco claro, como este organismo actua na sua vigilância diária,

não se percebendo com alguma frequência o que deverá ser feito para ir de encontro à legislação vigente. Cabe

aos operadores económicos conhecerem os diplomas que regulam a sua actividade, diz a ASAE. Mais

cooperação pedem os empresários, cansados de uma autoridade que actua com demasiada rigidez junto

daqueles que não foram defendidos aquando criação da própria lei.

Este poderia ser o balanço de quatro anos de actividade, com diversos capítulos polémicos pelo meio, mas sem

tirar importância à acção de um organismo que veio pôr fim a muitas práticas duvidosas e altamente prejudiciais

ao consumidor. O objecto deste dia assinalado no passado mês de Março e que teve como condão pôr-nos a

pensar relativamente a algumas das nossas práticas. Afinal, continuamos a ser um povo com costumes

demasiado brandos e excessivamente tolerantes no que é respeitante à defesa dos nossos direitos individuais.

Se este gesto fosse replicado com mais frequência, teríamos, seguramente, um País mais evoluído em matérias

de serviço e atendimento ao cliente. Pelo menos mais respeitosa no modo como diariamente os consumidores

são tratados em Portugal. As empresas que já perceberam a importância do poder de decisão do consumidor

estão na vanguarda das respectivas áreas de negócio. O consumidor, por sua vez, é que ainda não deu conta que

é ele próprio o driver de crescimento da economia e objecto desejado de todos dos decisores e estratégias

comerciais/marketing. “Ser”” consumidor final é hoje um poderoso instrumento. Pelo menos para aqueles que

perceberem isso.

03

EDITORIALN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

2

Page 4: Grande Consumo N.º 2/2010
Page 5: Grande Consumo N.º 2/2010

Propriedade: Bruno Fa

rias

Morada:Apartado

19115 – Gare do

Oriente –

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Director: Bruno Fa

rias

E-mail: brunofar

ias@revistagrand

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tes Gráficas, LD

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el Martins, Stia

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Direcção Comerci

al – Jorge Reis

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ercial:Ana Paul

a Sustelo

anasustelo@revis

tagrandeconsumo.

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912 201 535

Produção: RBL GRAP

HICS

Comunicação e Ma

rketing, Lda.

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3 EDITORIAL

6 NOTÍCIAS

8 PRODUTOS

10 FARMETRO

12 SCANTRENDS AC NI

ELSEN

16 TEMA DE CAPA

– LOJAS DO FUTUR

O

20 IBM

24 PAMPILAR

28 ALIMENTARIA 2010

32 ALIMENTARIA&HORE

XPO

36 OPINIÃO

– Diogo Figueire

do

- ACCENTURE

37 OPINIÃO

– Carlos Maia

- STAPLES

38 OPINIÃO

– Sónia Costa

- DAN CAKE

39 OPINIÃO

– João Palmeira

- CHEP

40 5 PERGUNTAS A…

- Teresa Burnay

– UNILEVER/JERÓN

IMO

MARTINS

42 J.BAPTISTA, LDA.

46 NOTÍCIAS VINHOS

48 SOGRAPE

50 A FECHAR

Page 6: Grande Consumo N.º 2/2010

Auchan e Montepio fecham parceria O Clube Rik & Rok, do Grupo Auchan, e o Montepio acabam de lançar uma

parceria centrada no projecto “Vamos Aprender a Gerir”, que tem por objectivo

promover a Educação Financeira

junto de crianças entre os 6 e os

12 anos de idade. O projecto

arrancou no Jumbo da Amadora

e depois da Associação de

Solidariedade Social do Alto da

Cova da Moura foi a vez das

crianças do Externato das

Pedralvas colocarem em prática

os conhecimentos adquiridos a

partir dos conteúdos inscritos

no “Programa de Educação

Financeira do Montepio”.

“Vamos Aprender a Gerir” tem como objectivo

divulgar, junto dos mais novos, conceitos como

dinheiro e crédito, mas também ensinar a definir

prioridades, a elaborar um orçamento individual e

familiar e a fazer as respectivas compras num

hipermercado. Este projecto procura desenvolver,

junto das crianças, o sentido de responsabilidade

pessoal e familiar no contexto

da comunidade, permite adquirir

competências, conhecimentos e

atitudes positivas relativamente

à utilização do dinheiro e ganhar

estímulo para a poupança.

Toys ‘R’ Us sobelucro líquido em

43%A Toys ‘R’ Us Inc. alcançou um lucro líquido de 312

milhões de dólares no exercício fiscal de 2009, que concluiu a

30 de Janeiro. O resultado líquido para o ano de 2008 situou-se em

218 milhões de dólares, sendo que em relação a 2009 o aumento foi

de 43,1%. O EBITDA ascendeu a 1.168 milhões de dólares, o valor

mais elevado na história da empresa, desde a sua fundação em 1948.

No que diz respeito ao mercado português, os resultados revelaram-se

positivos mesmo em ano de crise. Comparativamente ao ano anterior, 2009

representou uma subida do volume de vendas em 2,1%. O ano foi também

assinalado por uma subida no número total de clientes a visitar lojas Toys ‘R’ Us.

Estes dados reforçam a posição da Toys ‘R’ Us no mercado português, onde se

afirma como líder no seu segmento. Os resultados são estimulantes e cimentam a

estratégia seguida até agora.

A empresa concluiu o exercício de 2009 com uma liquidez de cerca de 1.100

milhões de dólares. Para além deste facto, a Toys ‘R’ Us dispõe de linhas de

crédito no valor de 1.200 milhões de dólares, sendo que no final do ano fiscal de

2009 a liquidez da empresa ultrapassava os 2.300 milhões de dólares.

Pedro Abreu lidera IKEA Loures Pedro Abreu, director-adjunto da IKEA Alfragide, assume a direcção da loja IKEA

Loures e a liderança de uma nova equipa de 480 colaboradores. Com um

investimento global de 70 milhões/€, a IKEA Loures criará 480 postos de

trabalho directos e cerca de 100

indirectos. O processo de

recrutamento, que teve início

internamente em Janeiro de 2009,

reuniu, até 29 de Fevereiro de 2010,

um total de mais de 24.000

candidaturas.

Com um percurso profissional que

passa pelas grandes insígnias da

distribuição em Portugal, Pedro Abreu

integrou a IKEA Portugal em 2006,

ano em que assumiu a direcção

adjunta da primeira loja IKEA em Portugal, a IKEA Alfragide. Em 2009 iniciou o

desafio de preparar a abertura da terceira loja IKEA, em Loures, e de liderar a mais

jovem equipa da IKEA Portugal. Licenciado em Comunicação Social com

especialização em Relações Públicas, Marketing e Publicidade pelo Instituto

Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, Pedro

Abreu dedicou a sua carreira, desde cedo, à grande distribuição.

A nova loja IKEA, a maior da Península Ibérica à data de abertura, contará com

uma área construída de 38.500m2, da qual faz parte uma Área de Exposição

de 6.500m2, uma zona de Complementos com 6.700 m2 e uma área de

Self-Service com 7.400m2. A IKEA Loures contará ainda com um

restaurante com capacidade para mais de 700 pessoas e um parque

com cerca de 2.350 lugares de estacionamento gratuito.

Diageo e SCC renovam contratode distribuição

A Diageo e a Sociedade Central de Cervejas e

Bebidas (SCC) renovaram o seu contrato

exclusivo de distribuição das marcas Guinness e

Kilkenny para Portugal, Continental e Açores,

quer para o canal Horeca, quer para o da

Distribuição Moderna. Desde 2007, que a SCC é a

distribuidora exclusiva destas duas marcas

irlandesas, as quais estão disponíveis em diferentes

embalagens: Barril, Guinness Draught em lata e

Guinness Extra Stout em garrafa.

A Guinness e a Kilkenny reforçaram a sua presença no

mercado, através da penetração em

novos estabelecimentos de

restauração e bebidas, fora da

zona algarvia, historicamente

onde a Guinness tem maior

presença, e aumentando a sua

disponibilidade no canal da

Distribuição Moderna através de

novas oportunidades. “Ter a

Guinness no nosso portfólio de

Marcas Internacionais é um

activo único que nos permite

responder a todos os segmentos de mercado, particularmente, para os

consumidores que preferem esta Cerveja”, Alberto da Ponte, CEO da SCC.

A distribuição e activação continuarão, no futuro, a ser o foco desta parceria,

apoiando o crescimento sustentado das marcas.

06

NOTÍCIAS

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 7: Grande Consumo N.º 2/2010
Page 8: Grande Consumo N.º 2/2010

Santiago lança queijos fatiados Campainha A Santiago apresenta os novos queijos fatiados Campainha

em quatro variedades: Flamengo, Ovelha, Cabra e Mistura.

Estes novos produtos, de fabrico artesanal, foram pensados

para facilitar a preparação de sanduíches, aperitivos e

saladas no dia-a-dia, oferecendo uma gama variada para

satisfazer todos os apreciadores de queijo.

A embalagem transparente, com um design diferenciador,

permite ver o produto, tem abertura fácil e as fatias são

separadas com “interleaver” que facilita o seu

manuseamento.

As embalagens são de 200gr para a variedade flamengo e

de 150gr para as variedades ovelha, cabra e mistura. Estão

à venda nos balcões de charcutaria das grandes superfícies a

um PVP de 1,69€ para o queijo Flamengo, 2,59€ o queijo de Ovelha, 2,39€ o

queijo de Cabra e 1,99€ o queijo de Mistura.

Para João Santiago, Administrador da empresa

Santiago, “estes novos queijos têm os valores de

qualidade e tradição da marca Campainha.

Agora os apreciadores de queijo têm à sua

disposição 4 variedades de queijo diferentes,

embalados de forma inovadora e mais prática,

prontos para serem apreciados e combinados

com os mais variados produtos desde os diferen -

tes tipos de pão, saladas, sanduíches, frutas e com -

potas ou até mesmo utilizados em cozinhados. Com

esta aposta numa nova gama, pretendemos atingir

uma boa taxa de penetração na distribuição moderna”.

Nestlé lança gelatinas NoddyJá se encontram disponíveis as gelatinas para consumo

imediato Noddy, duas delícias propostas de Limão e Morango

que vão encher de cor as prateleiras dos super e hipermercados

de todo o país. Muito sabor e diversão

oferecidos por uma das personagens

preferidas da Cidade dos

Brinquedos.

As gelatinas prontas

para consumo

Noddy são

ideais para

levar para a

escola ou para o

jardim ao fim de

semana. Elas não vão

querer sair de casa

sem o companheiro

de brincadeiras e as

gelatinas preferidas.

Pleno de entusiasmo,

curiosidade e uma fonte inesgotável

de energia, a personagem “empresta” pela

primeira vez os seus valores às gelatinas mais

divertidas do mercado. Agora os mais pequenos vão brincar a

sério à casinha das Gelatinas, como na série de TV. Procure-as

nas prateleiras mais coloridas do corredor de frio

da sua loja! No Verão, a marca promete mais

novidades! Com a garantia de qualidade Nestlé.

Azeite Oliveira da Serra DOP ajuda olivalportuguêsO lançamento da edição limitada de Azeite Oliveira

da Serra DOP Azeites do Norte Alentejano procura

contribuir para o desenvolvimento do olival

português. Assim, por cada garrafa vendida do

azeite Oliveira da Serra DOP (Denominação de

Origem Protegida), a Sovena oferece uma oliveira à

Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Casa

Branca, a quem a empresa se junta com o objectivo

de contribuir para a preservação do olival e da

riqueza gastronómica do nosso país. No total, serão

vendidas 2.000 garrafas para oferecer 2.000

oliveiras, destinadas à replantação e requalificação

do olival.

Segundo Duarte Roquette, Senior Brand Manager de

Oliveira da Serra, este projecto é mais do que um

azeite: “É mais um passo para o desenvolvimento

do olival e agricultura portugueses Esperamos, com

esta edição, contribuir para a requalificação de um

olival protegido e de um azeite com características

únicas em Portugal, como é esta zona do Norte do

Alentejo”.

Esta é uma edição exclusiva e limitada de

2.000 garrafas embaladas e numeradas à

mão, de um azeite frutado e doce,

verificado e certificado pela

Cooperativa Agrícola dos

Olivicultores de Casa Branca.

Prisca Gourmet lançado na Alimentaria

A Casa da Prisca – Salsicharia Trancosense, LDA

aproveitou a realização da Alimentaria Barcelona

para apresentar ao mercado as suas mais recentes

propostas em compotas, ao abrigo de duas gamas

distintas: Prisca Gourmet e Casa da Prisca

Prestige. Disponível nas referências Laranja,

Frutos Vermelhos, Abóbora, Morango, Frutos

Tropicais, Mel, Figo, Alperce e Tomate, Prisca

Gourmet apresenta-se como uma gama Premium, que

tem por base “um produto diferenciador, de altíssima

qualidade, composto por compotas de 100% fruta natural que vão de encontro

às exigências dos consumidores de paladar mais exigente. Também a nível do

packaging procurámos inovar e disponibilizar uma embalagem que permitisse à

gama Prisca Gourmet ser uma referência, não só pelas características intrínsecas

do produto, como pela forma como se apresenta, abrindo portas à presença a

outros mercados”, assume Hélder Santos, Export

Manager da Casa da Prisca.

A este lançamento – em destaque no Salão Inoval –

junta-se ainda a presença da gama Casa da Prisca

Prestige, composta por dez referências de

compotas tradicionais portuguesas e que

complementam a oferta da Casa da Prisca nesta

área de negócio. Doce de Laranja, Tomate, Pêssego,

Ginja, Marmelo, Amora, Figo, Morango, Abóbora

com Noz e Frutos Vermelhos são os sabores ao

abrigo desta gama de tradicional sabor português.

08

PRODUTOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 9: Grande Consumo N.º 2/2010

Vitalis e Caramulo com as garrafas mais leves emPortugalA Unicer, em parceria com a Logoplaste, através do Programa de

Desenvolvimento de Embalagem criou as garrafas mais leves do mercado

nacional. O plano de redução de gramagem abrange os cerca de 145 milhões de

garrafas das marcas Vitalis e Caramulo, que vão ser colocadas no mercado em

2010, resultando numa redução no consumo

anual de PET em 248 toneladas. As actuais

garrafas PET das marcas de água lisa da Unicer

apresentam uma nova imagem e uma

resistência melhorada, o que é assinalável dada

a nova gramagem: as de 33cl com 10,5gr; as de

50cl, com 13,5gr; e as de 1,5L, com 27,5gr.

Desde a introdução do PET em Portugal, em 1997,

que a Unicer encara o processo de redução do peso

das embalagens como uma área prioritária na sua

actividade. Como o core business da Logoplaste assenta

nesta mesma premissa, em conjunto têm promovido o

desenvolvimento sustentável da categoria de águas

engarrafadas em Portugal. Só através deste empenho se

consegue obter índices de melhoria contínua ao longo de

toda a cadeia logística, com reduções significativas da

embalagem na origem, traduzindo-se em relevantes

vantagens ambientais e económicas, designadamente

em termos de produção e transporte.

Surf conquista 6% do mercadoNo mercado português há somente 9 meses, o detergente Surf posiciona-se

neste momento com 6% de quota de mercado (dados AC Nielsen), ultrapassando

outras marcas do segmento, como Xau, Tide e Xtra.

Surf foi ainda eleito pelos consumidores portugueses como o Produto do Ano

2010. Esta eleição teve por base critérios como

a atractividade, experimentação e grau de

satisfação do produto. A marca apresentou-se

também como líder das preferências dos

consumidores no que respeita ao

perfume, com a imagem da marca a

ser considerada a mais atractiva.

Surf está disponível ao PVP

Recomendado de 3,49€

(líquido concentrado e

diluído 21 doses) e

5,99€ (em pó 40

doses).

PUB

09

PRODUTOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 10: Grande Consumo N.º 2/2010

10

DISTRIBUIÇÃO

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Com início de actividade em Dezembro do ano passado, a Farmetro é um conceito de

parafarmácias de pequena dimensão que opera na rede de Metro do Porto. Trata-se de

um conceito único a nível nacional, de comercialização de produtos de saúde e bem-

estar e que vai alargar a sua representatividade nesta rede de transportes ao longo

deste ano. Diogo Gama Rocha, Director-Geral da Companhia Portuguesa de Saúde e Bem-

Estar, explica os valores adjacentes a este conceito que tem surpreendido os

utilizadores da rede de Metro da Invicta.

TEXTOAbel Martins

Conceito em expansão

no Metro do Porto

Page 11: Grande Consumo N.º 2/2010

11

DISTRI

BUIÇÃ

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

Disponibilidade de produto, qualidade e credi bi -

lidade de serviço, preço competitivo e capa cidade

de atendimento são alguns dos argumentos de

venda reconhecidos a esta marca registada, pro -

prie dade da Companhia Portuguesa de Saúde e Bem-Estar, e que,

desde Dezembro de 2009, tem vindo a surpreender os utiliza -

dores da rede de Metro do Porto. Somente com três espaços em

funcionamento – todos em formato quiosque – a Farmetro surge

no seguimento da necessidade desta rede de transportes em

acres centar valor ao serviço que diariamente presta a todos os

utentes. Do concurso internacional, lançado em 2007, ao arran -

que da exploração de espaços comerciais no interior das estações

de metro, em finais de 2009, com a materialização da loja da

“Casa da Música”, foi um ápice, apresentando-se o timing de

abertura do primeiro espaço como muito vantajoso para a enti -

dade proprietária. “Para nós este timing trouxe vantagens a

todos os níveis. Numa primeira análise, porque a primeira fase da

rede do Metro do Porto já está estabilizada e amadurecida em

termos de clientes diários, e depois, porque conseguimos apren -

der, evitando, assim, alguns erros cometidos no passado na área

das parafarmácias. Só desta forma é que o negócio faz sentido

e consegue ser sustentado pela fidelização já alcançada com

todos os clientes que temos, neste curto período de actividade.

Entendemos que esta foi a altura certa para estruturar, criar e

lançar um negócio que, repito, é inovador e vai ao encontro das

reais necessidades do nosso público-alvo: os clientes do Metro

do Porto” esclarece Diogo Gama Rocha, Di rec tor-Geral da Com -

panhia Portuguesa de Saúde e Bem-Estar.

Sem descriminar os valores de investimento envolvidos, o res -

ponsável adianta que se encontra para breve prazo o alargamento

da rede de lojas, com a escolha dos três espaços iniciais para o

arranque do projecto – Casa da Música, Trindade e Bolhão – a

representar cerca de 30% do movimento diário de utilizadores de

metro na Invicta, razão pela qual os próprios espaços garantiam,

à partida, uma maior percentagem de sucesso e retorno. Isto

“tendo em consideração que até à data, à excepção das cafe ta -

rias exis tentes, esta realidade não tinha quaisquer hábitos de

consumo, mesmo sendo vivida diariamente por centenas de

milhares de pessoas. Para tal, é necessário criar condições para

que os nossos clientes e potenciais clientes, ao contactarem com

a marca Farmetro®, percebam e reconheçam a qualidade do

serviço e todos os benefícios, nomeadamente financeiros, para

que a credibilidade e satisfação sejam repetidamente também

uma realidade”, reforça.

Concretização que permitiu estar mais perto dos utilizadores

desta rede urbana e vai de encontro à pretensão de acrescentar

valor ao serviço do Metro do Porto, atingindo o maior número

possível de utentes da rede estabelecida. Ainda que a presença

física em todas as estações não seja uma realidade, Diogo Gama

Rocha adianta que boa parte dos utentes do Metro do Porto já

tomou contacto com o conceito, considerando mesmo a sua

presença alargada a toda a rede como uma realidade, o que

concretiza indicadores fortes em termos de branding. “Para já, o

balanço é bastante posi tivo, tendo em consideração que estamos

há muito pouco tempo num espaço que, até à data, poucos

hábitos de consumo tinha e na nossa área não existia nenhum

exemplo a operar. No entanto, os indicadores e a avaliação diária

que fazemos dos pontos de venda deixam-nos satisfeitos e

superam, em parte, as expectativas que tínhamos para o arran -

que deste projecto. Já fidelizámos clien tes e os mesmos reco -

nhecem a qualidade do nosso serviço, da equipa e dos produtos

que disponibilizamos, tendo para já, e ao contrário de outros

exemplos nesta área de negócio, uma grande percentagem de

venda de medicamentos, o que para nós já é uma vitória”,

assume o Director-Geral da Companhia Portuguesa de Saúde e

Bem-Estar.

Medicamentos, dermocosmética, puericultura e nutrição (à ex -

cep ção de medicamentos sujeitos a receita médica) são as áreas

traba lha das pelas lojas Farmetro que empregam, actualmente,

dez colaboradores, número sujeito a um aumento a um curto

prazo em função do plano de expansão anunciado. “Os cola bo -

ra dores são auxiliares de farmácia e recebem formação da

direcção técnica e dos nossos parceiros – laboratórios –, pois é

fundamental que tenham formação sobre todos os produtos que

vendem, e que não vendem, para que no momento de contacto

com os nossos clientes estejam bem informados e saibam

analisar as reais necessidades de cada um. É uma imposição que

fazemos na negociação com todos os laboratórios e que não

renunciamos, pois só assim con se guimos prestar o serviço de

excelência e reconhecida qualidade a que nos propomos”, conclui

Diogo Gama Rocha.

Page 12: Grande Consumo N.º 2/2010

12

ANÁLISE

N.º2/201

0 | MARÇ

O/ABRIL

TEXTOAbel Martins

O mercado de FMCG apresentou indicadores de recuperação do consumo em Fevereiro,

não só ao apresentar-se estável neste período, como ao dar conta de uma evolução

positiva por parte das marcas, que melhoraram a sua tendência face a Janeiro. Apesar do

crescimento contínuo das Marcas Próprias e de Primeiro Preço é a retoma das Marcas de

Fabricante que merece o destaque nesta edição do Scantrends.

Marcasrecuperam

fôlego em fevereiro

Page 13: Grande Consumo N.º 2/2010

13

ANÁLISE

N.º2/2010 | MARÇO/

A segunda edição do Scantrends de 2010 (qua -

drisemana 5 a 8 - 1 de Fevereiro a 28 de Feve rei -

ro) apresenta algumas novidades metodológicas

que procuram autorizar uma melhor compreensão

da performance dos mercados de grande consumo. Mais concre -

tamente, a dicotomia entre Marcas de Distribuição e os Primeiros

Preços (MDD+PP) cuja concretização se prende com a progressiva

importância que este “fenómeno” do retalho moderno apresenta,

quer junto dos seus concorrentes directos quer no que aos hábitos

de consumo dos portugueses diz respeito. Outra novidade prende-

se com a individualização dos Lacticínios e dos Congelados.

Considerações metodológicas à parte, cabe dizer que os bens de

grande consumo estabilizaram quando comparados com o período

homólogo do ano passado (-0,3%), demonstrando, simultanea -

men te, uma tendência favorável face à quadrisemana 1 a 4 de 2010,

onde registava uma perda de 1,4% face ao mesmo período de 2009.

Em suma, no segundo mês do presente ano, o mercado de bens de

grande consumo apresenta indícios de recuperação face aos últimos

dois meses de 2009 e ao mês de Janeiro de 2010, sendo que a esta

performance não é alheia a subida as vendas em valor, quer das

MDD+PP quer das marcas de indústria. Que embora apresentem

resultados diferentes, com as MDD+PP a subirem 2,3% e as marcas

de fabricante a decresceram (-1,4%), não dei xam de evidenciar um

interessante aumento do consumo de FMCG em Portugal, com as

marcas de fabricante a recuperarem face ao arranque de 2010 onde

se encontravam a perder 2,2% no mês de Janeiro.

Analisando sector a sector, cabe dizer que a Alimentação recupera

face ao mês de Janeiro, com realce para as MDD+PP que voltaram

a registar níveis de crescimento na ordem dos 2,4%, enquanto as

marcas de fabricante perdem quase 2% (-1,9%) nas vendas em

valor apuradas neste período. Já as bebidas apresentam-se estáveis

no arranque deste ano, com os fabricantes a apurarem uma ligeira

quebra nas vendas em valor (-0,8%) e as marcas próprias e de

primeiro preço a apresentarem-se estáveis, ao crescer somente

0,3%. Isto quando analisado o indicador YTD 2010 vs YTD 2009,

uma vez que o Nielsen Market Track referente à quadrisemana 5 a

8 de 2010 reporta uma redução nas vendas em valor das marcas de

fabricante em -1,8%, enquanto as MDD+PP voltam a subir vendas,

ao passar de uma quebra de 2% em Janeiro para uma subida de

2,6% em Fevereiro, numa inversão dos comportamentos registados

no mês anterior.

Aliás, refira-se a título de curiosidade que as marcas de fabricante

voltaram a entrar num percurso descendente, depois de terem

subido níveis de venda em Dezembro em 1,7% (muito por força da

época, naturalmente, e após terem perdido mais de 1% no mês de

Novembro de 2009), apresentando-se estáveis em Janeiro para

voltar a descer vendas em Fevereiro.

Quem perdeu também no período analisado foram os artigos de

Higiene no Lar que após um Janeiro muito positivo para o negócio

- ao registar crescimentos de 3,7% para as marcas de indústria e de

4,4% para as MDD+PP-, apresentaram-se em Fevereiro com uma

performance mais modesta, onde as marcas de indústria perderam

vendas em 2,5% e as MDD+PP mantiveram-se estáveis face ao

período homólogo. O indicador YTD 2010 dá conta do crescimento

desta área de negócio numa relação de +1,1% para os fabricantes

e de 1,9% para as marcas próprias e de primeiro preço, o que se

insere na linha de análise do comportamento deste sector ao longo

dos últimos meses e que se apresenta mais entusiástico para as

MDD+PP do que para as marcas de indústria, como os gráficos dão

a entender.

Já na Higiene Pessoal continuam a ser as marcas de distribuição e

os primeiros preços as que mais crescem na categoria (+3,7%%),

ainda que com evidente desaceleramento dos respectivos níveis de

crescimento, por oposição à progressiva estabilização (Janeiro) e

subida (Fevereiro, +1,4%) das vendas em valor das marcas de

fabricante, o que confirma a ideia de fidelização dos consumidores

Evolução do Mercado de Grande Consumo

Variação em valor % Variação quadrissemanal em valor vs período homólogo

8,2%

–0,1%

2008 vs 2007 2009 vs 2008

–0,8%

S 2010 08S 2009 09

S 2009 13S 2009 17

S 2009 21S 2009 25

S 2009 29S 2009 33

S 2009 37S 2009 41

S 2009 45S 2009 49

S 2009 53S 2010 04

-0,30,0

–3,0

7,0

–1,0

0,0

–1,0 –1,0 –1,0 –1,0

–0,1

–2,6 –0,8

–1,4

YTD 10 vs YTD 09

Page 14: Grande Consumo N.º 2/2010

determina uma importância combinada de 28,6%, com as MDD a

ostentarem um crescimento na ordem dos 3,3% ao longo dos últi -

mos três exercícios - enquanto as marcas de Primeiro Preço parecem

não granjear grande capital de confiança por parte dos portugueses

ao não representar mais do que 1% de quota em valor do mercado,

de acordo com o Nielsen Market Track.

Isto no caso das categorias alimentares, uma vez que no segmento

não-alimentar a quota combinada em valor das MDD no universo

de higiene do lar e pessoal é de 25,5%, registando-se um compor -

tamento semelhante ao anteriormente indicado, com as MDD a

terem uma preponderância muito superior face aos primeiros preços

em ambos os universos. Por confusão entre os conceitos, por falta

de confiança por parte dos portugueses, ou, simplesmente, por uma

fraca experiência de compra, seja qual for o motivo (todos ou ne -

nhum deles) certo é que as MDD não demonstram sinais de esta -

rem a abrandar, reforçando, inclusive, a sua quota de mercado em

valor nos segmentos analisados. É com interesse que iremos dar

conta da sua evolução ao longo deste ano, ainda que haja alguns

pontos que discriminam um possível início de recuperação de níveis

anteriores de consumo.

nacionais às suas marcas favoritas de higiene pessoal, mesmo

perante uma significativo aumento da oferta disponível nestas áreas

por parte das insígnias, a preços francamente convidativos.

De resto, é um facto incontornável que as Marcas de Distribuição e

de Primeiro Preço têm vindo a aumentar a sua importância no global

das vendas em valor ao longo dos últimos dois anos, apresentando

de acordo com o Year to Date 2010 (YTD 2010) uma quota em

valor combinada de 32% (29,3% MDD; 2,7% PP), enquanto em

2008 se encontravam abaixo dos 30%. Um crescimento inte res -

sante e que se tem registado em quase todas as categorias do

mercado, atingido na Alimentação uma quota em valor de 37%

(33,6% MDD; 3,4% PP), com particular realce para os Congelados

onde o seu peso nas vendas da categoria atinge uns impressionantes

53,7% (MDD+PP YTD 2010), num claro sinal de que os portu -

gue ses não percepcionam mais-valias nas marcas de indústria pre -

sen tes neste segmento, quando avaliadas em relação quali dade/

/pre ço com as MDD+PP.

Mesma lógica pode ser aplicada no caso das Bebidas, onde estas

marcas representam cerca de 20% do mercado em valor - com

particular destaque para as não-alcoólicas, onde o YTD 2010

As Marcas de Distribuição

e de Primeiro Preço têm

vindo a aumentar a sua

importância no global das

vendas em valor ao longo

dos últimos dois anos, ao

apresentar uma quota em

valor combinada de 32%

em YTD (29,3% MDD;

2,7% PP), enquanto em

2008 se encontravam

abaixo dos 30%

Ano 2008 Ano 2009 YTD 10

Ano 2008 Ano 2009 YTD 10

Análise da Marca de Distribuição + Primeiros Preços

Quota em Valor MDD+PP Alimentação

Quota em Valor MDD+PP Higiene (Lar+Pessoal)Quota em Valor MDD+PP Bebidas

Quota em Valor MDD+PP

Ano 2008 Ano 2009 YTD 10

MDD

PP

Ano 2008 Ano 2009 YTD 10

MDD PP

Quota em Valor Ano 2009 YTD 2010 Ano 2009 YTD 2010Mercearia 32,9 32,9 2,9 2,9

Congelados 47,2 47,2 5,3 6,5

Lacticínios 27,0 27,6 3,3 3,5

MDD PP

Quota em Valor Ano 2009 YTD 2010 Ano 2009 YTD 2010

Higiene Lar 29,4 30,1 2,1 2,1

Higiene Pessoal 18,5 19,6 1,1 1,3

MDD PP

Quota em Valor Ano 2009 YTD 2010 Ano 2009 YTD 2010

Bebidas Alcoólicas 10,8 12,1 0,5 0,6

Bebidas Não Alcoólicas 24,7 27,4 1,7 1,4

26,8

2,2

27,7

2,5

29,3

2,7

MDD

PP

MDD

PP

MDD

PP

31,7

2,7

32,4

3,3

33,6

3,4

18,3

0,9

16,4

1,0

15,0

0,9

21,6

0,9

22,9

1,0

23,9

1,6

14

ANÁLISEN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 15: Grande Consumo N.º 2/2010
Page 16: Grande Consumo N.º 2/2010

16

TEMA DE CAPA

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

TEXTODuarte Cunha

Tecnologia aprofunda

de compraEXPERIÊNCIA

O ambiente de loja nos próximos cinco anos será, seguramente,

diferente daquilo que estamos habituados no arranque da

segunda década do século XXI. Apesar da profusão de soluções

e equipamentos tecnológicos actualmente disponíveis, o

amanhã trará novos contornos. Pagamentos biométricos, carros

de compra inteligentes, ou compras através de telemóvel são

alguns desses exemplos de uma dimensão de compra superior.

Page 17: Grande Consumo N.º 2/2010

O retalho mundial encontra-se a caminhar a

passos largos para uma renovação da experiência

de compra. Ano após ano, são introduzidas e

apresentadas novidades e certo é que, nos

próximos cinco anos, a envolvente da experiência de compra do

retalho um pouco por todo o Mundo será, significativamente,

diferente. Uma projecção do estudo da TNS “New Future in

Store”, que aponta a introdução de mais recursos tecnológicos

como uma das mais significativas transformações do ambiente de

loja tal como o hoje conhecemos. Em todas as suas vertentes,

no trinómio composto por consumidores, retalhistas e distri -

buidores.

Se, por um lado, os consumidores irão deparar-se com renovados

conceitos de negócio à medida que o ciclo de vida de conceitos

e produtos vai terminando, por outro, os retalhistas terão que

continuamente inovar e a apresentar novas possibilidades num

ambiente de loja que, incontornavelmente, será ainda mais digital,

em que os produtores terão que estar ao nível de uma procura e

experiência de compra ainda mais exigente.

Na base desta enorme transformação encontra-se uma maior

disponibilidade de informação e de ferramentas de comunicação

que permitem níveis de interacção e de proximidade nunca antes

vistos entre consumidores, retalhistas e indústria. Socialmente,

verifica-se a passagem da geração do Baby Boom que, durante

anos, conduziu o mindset do consumo à escala mundial, para

uma nova geração mais informada, atenta e exigente, suportada

nas possibilidades conferidas pela tecnologia na formulação da

sua escolha final: a Geração Y.

Pagamentos por dados biométricos (impressão digital), carrinhos

de compra “inteligentes” (capazes de processar um conjunto

diver sificado de dados), networked shopping (através electro -

domésticos “inteligentes”, capazes de comunicar as necessidades

domésticas ao exterior e assegurar a sua entrega ao domicilio),

compra e venda através de telemóvel e uma maior adesão a redes

sociais como fóruns de discussão de tendências e troca de

informações, foram algumas das doze possibilidades colocadas à

apreciação de consumidores da América do Norte e da Europa

que, à partida, são as regiões mais capazes de colocar em prática

as inovações acima descritas.

E os resultados são, no mínimo, interessantes, uma vez que a sua

recolha permite, não só, compreender melhor o consumidor

actual, como antecipar algumas das suas necessidades futuras,

ao catalogar as suas respostas em quatro critérios: apelativo,

atractivo à utilização, inovador e possivelmente em uso em

2015.

BIOMETRIA LIDERA

De todas as possibilidades tecnológicas colocadas à apreciação

dos shoppers, o pagamento por impressão digital surge como a

inovação mais apreciada pelos consumidores auscultados, ao

reunir um total de 41% das respostas como apelativo e de 25%

de atractivo à utilização. A pequena diferença entre estas duas

percentagens indica que esta inovação teria uma forte adesão

em quase todos os países analisados, sendo que nos EUA e

Canadá a diferença registada entre as duas respostas mais

frequentes é ainda menor (31%, 19%; 37% e 26% respec -

tivamente). Note-se ainda que esta inovação reuniu 25% dos

votos de primeiro lugar nas medidas a implementar a curto prazo,

com o Reino Unido (31%), França e Espanha (28%) a serem

os principais entusiastas da sua aplicação.

Em segundo lugar deste ranking encontram-se os quartos de

prova assistidos. Através do recurso a uma tecnologia hoje per -

feitamente estabelecida – os painéis touch-screen – a comuni -

cação com o staff de vendas passaria para um nível superior,

fomentando, assim, uma experiência de compra mais interactiva

e enriquecedora para o consumidor. Ainda que reúna uma

percentagem de respostas muito semelhantes ao pagamento por

biometria (40% considera apelativo, 23% como atractivo à

utilização), os consumidores japoneses e alemães apresentam

níveis muito baixos de crença na sua aplicação e mais-valia. O

que se deve, provavelmente, ao facto de não trazer grande

diferença entre sair do gabinete de prova e solicitar ajuda a um

colaborador. Contudo, e por muito contraditório que possa

parecer, 73% dos inquiridos acredita que estará em uso em

2015. EUA, China, Espanha e Reino Unido são os mercados em

que esta solução reúne mais entusiastas, com a sua taxa de

respostas a variar entre os 75% e 78%. Já 57% dos inquiridos

catalogam esta tecnologia como inovadora.

Os carros de compras “inteligentes” são a terceira tecnologia mais

votada, ao reunir 39% das respostas como apelativo e 23%

como atractivo à utilização, os dois indicadores mais relevantes

deste estudo e que determinam um forte entusiasmo

relativamente à possibilidade da sua imple mentação. O carrinho

de compras “inteligente”, e à semelhança do pagamento por

biometria, reforça a ideia de que o consumidor deseja que o acto

de compra se torne mais rápido e eficiente, com estas

ferramentas a revelarem-se uma excelente oportu ni dade, de

modo a que os retalhistas cheguem a todos os consumidores em

pleno acto de compra. Os 18 pontos percen tuais de respostas

de primeiro lugar sublinham o cariz popular desta

inovação, apresentando-se os consumidores17

TEMA DE CAPA

N.º2/2010 | MARÇ

Page 18: Grande Consumo N.º 2/2010

18

TEMA DE CAPA

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

dos EUA (28%), Canadá (24%) e Espanha (23%) como

bastante receptivos à sua implementação.

Não deixa de ser interessante verificar que o scans corporais 3D

são algo que os consumidores encaram como verdadeiramente

inovador e diferenciador face a tudo resto, ao reunir 39% das

respostas como tecnologia apelativa – a mesma percentagem de

resposta para o item anterior – ainda que os consumidores

considerem menos provável a sua implementação prática, com

apenas 20% das respostas neste indicador. Mas a sua vertente

inovadora é reconhecida por 72% dos inquiridos que destacam

o seu cariz vanguardista e diferenciador, se bem que 57% das

respostas apontam para uma enorme descrença face à sua

aplicação real a curto prazo. Apesar de esta tecnologia estar a ser

aplicada em alguns outlets em todo o mundo – e ainda que

encaixe perfeitamente em espaços onde os consumidores estão

disponíveis para pagar mais por serviços personalizados - a

quantidade de dados e de serviços decorrentes da sua utilização

poderá levar à sua massificação, ao permitir situações como

novas encomendas sem ter que voltar à loja, com a garantia de

que o vestuário se encontra feito à sua medida. Este aspecto é

potenciador de uma imediata fidelidade por parte do consumidor,

que não enjeitará, certamente, a possibilidade de poder comprar

remotamente, enquanto a indústria de moda poderá ver

incomensuravelmente melhorada a sua informação disponível

relativamente às formas, tamanhos e gostos de determinadas

regiões do Globo.

REDES

A noção de networking começa a ser expressa no quinto lugar

deste ranking de possibilidades tecnológicas que os consumidores

gostariam de ver implementadas de modo a melhorar a expe riên -

cia de compra. Mais concretamente, as plataformas on-line, com

o desenvolvimento de produtos em colaboração com os consu -

mi dores a ser a quinta solução tecnológica mais votada pelos

consumidores e com 79% dos inquiridos a acreditar na sua

implementação em 2015. A exploração das ferramentas on-line

Votos em primeiro

49%

67%

57%

67% 67%

40%

39%

63%

60%

73%

73%

72%

79%

79%

77%

54%

46% 69%

70% 42%

29%

39% 76%

Pagamento biométrico por impressão digital

Ajuda interactiva em provadores

Carros de compras inteligentes

Scanning do corpo em 3D

Websites de desenvolvimentocolaborativo de produtos

Compras em grupo por clientes

Compras em rede

Espelho interactivo nos provadores

Compras por telemóvel

Assistente de vendas holográfico

Compras em Redes Sociais

Informação de vendas e produtos viatelemóvel (baseado na localização)

Pagamento biométrico por impressão digital

Ajuda interactiva em provadores

Carros de compras inteligentes

Scanning do corpo em 3D

Websites de desenvolvimentocolaborativo de produtos

Compras em grupo por clientes

Compras em rede

Espelho interactivo nos provadores

Compras por telemóvel

Assistente de vendas holográfico

Compras em Redes Sociais

Informação de vendas e produtos viatelemóvel (baseado na localização)

41%

40%

39%

37%

20%

36%

31%

26%

23%

23%

39%

17%

17%

19%

28% 14%

23%

23% 10%

19%

18% 8%

8%

9%

Novidade Crença no usoProbabilidade de usoApelo

Pagamento biométrico por impressão digital

Ajuda interactiva em provadores

Carros de compras inteligentes

Scanning do corpo em 3D

Websites de desenvolvimentocolaborativo de produtos

Compras em grupo por clientes

Compras em rede

Espelho interactivo nos provadores

Compras por telemóvel

Assistente de vendas holográfico

Compras em Redes Sociais

Informação de vendas e produtos viatelemóvel (baseado na localização)

25%

6%

18%

12&

7%

12%

6%

5%

2%

2%

2%

2%

Inovação %

Resultados globais dos 8 países do estudo (Canadá, China, França, Alemanha, Japão, Espanha, ReinoUnido e Estados Unidos)Há 5 leituras a fazer do estudo Novo Futuro nas Lojas:

Apelo: percentagem de lojistas que pontuam uma inovação com 8, 9 ou 10, sendo que 10 indica “muito apelativo”. Sendo assim, se uma inovação tiver 40%, por

exemplo, significa que 40% dos lojistas a pontuaram com 8 ou mais

Probabilidade de uso: percentagem de lojistas que afirmaram que, decididamente, usariam essa inovação

Novidade: percentagem de lojistas que indicaram uma inovação como extremamente ou muito inovadora bem como diferente

Crença no uso: percentagem de lojistas que acreditam que essa inovação estará em utilização no seu país em 2015

Votos em primeiro: percentagem de votos dessa inovação em primeiro

Page 19: Grande Consumo N.º 2/2010

19

TEMA DE CN.º2/2010 | MARÇO/ABR

possibilita uma exponencial troca de informações, com os

consumidores a pronunciarem-se sobre produtos que gostariam

de ver produzidos, ao mesmo tempo que avaliam o modo como

os actualmente existentes podem ser melhorados.

Esta interacção on-line é considerada como extremamente

inovadora por 40% dos consumidores, enquanto 37% consi -

dera-a apelativa à utilização. Mas este é apenas um dos meios

actualmente disponíveis para promover a troca de ideias e

opiniões entre produtores e consumidor final, uma vez que o

network shopping, a compra por telemóvel, as compras por

grupos on-line ou criação de uma rede social inteiramente

dedicada ao shopping são aspectos tidos em conta por grande

parte dos inquiridos que consideram relevantes a sua aplicação a

curto prazo. Naturalmente com índices de resposta diferentes,

que variam entre os 37% de interesse para os sítios na Internet

de desenvolvimento de produtos e os 19% para a disponi -

bilização de informação relativa a produtos e lojas por telemóvel

e mediante a localização geográfica do consumidor.

Possibilidades que deverão ser encaradas não como miragens de

um amanhã tecnológico mas como aspectos concretos de uma

indústria em transformação e bastante atenta à evolução do

tecido social. Aliás, os recursos tecnológicos com base na plata -

forma web e rede móvel são aqueles que maiores índices de

resposta recolhem como em aplicação em 2015, à excepção do

network shopping que cai para índices mínimos de resposta –

54% - quando comparado com as outras possibilidades, as quais

variam entre os 69% e os 79% de respostas neste indicador.

Quer isto dizer que o consumidor-tipo continua a privilegiar o

lado “humano” do acto de compra, ao estar disponível para

receber e trocar informação via web ou rede móvel, mas a ter

que efectivar o acto de compra por si mesmo, nas suas lojas

favoritas e, se possível, com recurso a outra pessoa amiga, ou

mesmo à assistente da loja. É assim que se compreende o fraco

interesse e reduzida crença na probabilidade de implementação

demonstrada pelos espelhos interactivos no quarto de prova ou

pela assistente de vendas holográfica. Tecnologia e inovação sim,

mas sem perder o seu cariz pessoal e intimista e que passa pela

prova pessoal nas lojas preferidas de cada um.

FUTURO

Uma coisa é certa: vivemos tempos de profundas mudanças, em

que o impacto da tecnologia e a velocidade da sua implemen -

tação está a conduzir a sociedade para novos focos de interesse

e a mudar os nossos valores. É, igualmente, interessante verificar

a divergência entre a teoria e a prática e constatar, com alguma

regularidade, que o entusiasmo do consumidor perante as novas

tecnologias nem sempre se traduz na satisfação no acto de

compra. Com tantas vertentes a serem constante e sublimi -

narmente absorvidas, os retalhistas terão que disponibilizar

significativas melhorias em termos de valor e conveniência de

modo a efectivar nas lojas novos modelos de negócio.

Por outro lado, a conveniência surge, cada vez mais, como o

paradigma que irá orientar o processo de venda ao longo dos

próximos anos, com o preço a ser considerado uma variante de

segunda categoria, a não ser que as marcas sejam capazes de

evidenciar uma diferenciação palpável face às suas concorrentes,

enquanto os retalhistas de sucesso disponibilizarão um sortido

bastante mais vasto do que hoje em dia, onde a disposição dos

produtos será, sem dúvida, ainda mais talhada em função do

estilo de vida dos consumidores.

Page 20: Grande Consumo N.º 2/2010

20

TECNOL

OGIA

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

chave do sucessooferta

TEXTOBruno Farias

Quantificar e qualificar informação para estabelecer padrões e tendências de consumo

são alguns dos maiores desafios que actualmente se colocam à indústria de TI.

Solicitações às quais a IBM procura dar resposta através de um centro de inteligência

denominado de IBM Institute for Business Value. Parte integrante de um movimento que

procura fornecer respostas para abordar os desafios futuros que se colocam ao retalho

moderno.

A costumização da

como

Page 21: Grande Consumo N.º 2/2010

21

TECNOLOGIAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

A Smarter Planet é a premissa da IBM para

melhor servir a sociedade civil como um todo,

assim como os diversos sectores de actividade

onde, naturalmente, se encontra o retalho, área

de negócio de importância reconhecida na facturação anual

apurada a nível nacional e internacional, e à qual dedica, agora,

um centro de inteligência designado por IBM Institute for

Business Value. Uma pequena parte deste pilar estratégico que a

IBM tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos, que

passou pelo alicerçar de alguns fundamentos a nível da capa -

cidade computacional – exponencialmente aumentado -, foi

reforçado com aquisições de alguns produtos líderes de mercado

em termos de software, permitindo, actualmente, ser ainda mais

útil e servir melhor cada uma das indústrias a que se dirige, tendo

como pano de fundo as suas mais diversas necessidades.

Ou apenas o primeiro passo dado de modo a acompanhar a

mudança de paradigma a nível mundial, apresentando-se, hoje

em dia, a tecnologia como uma ferramenta que, entre outras

funções, constitui um “importante apoio ao retalho a nível do

comportamento do consumidor uma vez que a tecnologia como

suporte ao cliente em si tem anos. Estamos perante um patamar

diferente, com o consumidor a utilizar a tecnologia como suporte

à compra, gerindo-a de forma útil e percepcionando-a em tempo

real”, começa por explicar António Pedro Ribeiro, Senior Manager

Consultant de Retalho da IBM Portugal.

Quantificar e qualificar informação de modo a identificar padrões

de comportamento e tendências claras de consumo é, portanto,

a meta que se coloca actualmente à indústria de TI que encontra

na massificação destes serviços e componentes um dos seus

principais desafios, mas cujos argumentos não passam desper -

cebidos até aos mais sépticos ou menos apetrechados tecno -

logicamente, ao ser inequívoca a forte apostada registada ao

longo dos últimos três anos e em vários quadrantes da sociedade.

Ao qual o retalho moderno não é incólume sendo unânime a

percepção de que o consumidor se apresenta cada vez mais

conhecedor, metódico e assertivo nas suas escolhas. “Seja na

pré-selecção dos produtos a adquirir através da Internet, ou na

racionalização da compra, com todo o conforto e até com maior

rigor na selecção do seu cabaz. Era normal até uns anos a esta

parte ver esta aposta como falhada, mas hoje apresenta-se como

complementar nos processos de venda. O que deixa um rasto

fundamental que é uma base tecnológica daquilo que é uma

caracterização do consumidor. Esse é um dos desafios actuais e

há que trabalhá-lo, sendo que o volume de informação é,

naturalmente, muito”, acrescenta.

Um imenso fluxo de informação que obriga à incorporação de

diferentes tecnologias em várias etapas decorrentes do mesmo

processo de compra. Da consulta do catálogo, à avaliação do

stock, ao simples facto de, por exemplo, o consumidor em

viagem querer ter acesso às várias lojas onde esses mesmos

produtos estão disponíveis, o que obriga à necessidade de integrar

várias tecnologias para que esse padrão seja claro e perceptível.

“O consumidor quer ser parte activa da concepção de novos

produtos, serviços e até da experiência de compra, o que gera

um enorme volume de informação a analisar e que obriga à sua

categorização efectiva para poder ser considerado. Constata-se,

igualmente, a flexibilidade do novo modelo de retalho e o

conforto que este apresenta. Se o retalho for capaz de apresentar

promoções mais costumizadas, que sejam capazes de ir ao

encontro das suas pretensões e de garantir a sua disponibilidade

numa óptica de conforto - sem rupturas de stock – mais de 60%

dos consumidores inquiridos num estudo afirmam que o cabaz

de compras neste retalhista aumentaria. Os operadores têm que

entender isto e progressivamente trabalhar para se posicionarem

neste patamar de serviço”, prossegue António Pedro Ribeiro.

Este é, portanto, o desafio que se coloca actualmente ao retalho

e à indústria de TI, transformar a informação existente em

informação útil e de suporte efectivo ao negócio.

Page 22: Grande Consumo N.º 2/2010

22

TECNOLOGIA

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

de, por vezes, ser promovida em função do reforço desta base

por parte dos operadores concorrentes. Não obstante este nível

de recursos e capacidade de serviço funcionar como um factor

de diferenciação, somente a internacionalização poderá contribuir

para o esbatimento deste investimento e, como se sabe, são

poucos os exemplos em Portugal de operações de retalho

nacionais com sucesso no exterior, o que obriga a esforços de

optimização a outro nível. “Na vertente dos custos há que ser

mais eficiente, quer os retalhistas quer a cadeia de valor como

um todo, estando a caminhar para uma gestão cooperativa cada

vez mais forte, uma vez por imposição do retalhista, outra pela

actividade conjunta, e os processos têm-se tornado mais eficien -

tes. Há que continuar e eliminar ainda mais ineficiências, alar -

gando os automatismos estipulados e a sua consequente

integração entre os vários elementos da cadeia”, considera

António Pedro Ribeiro.

Em suma, o desafio não poderia ser maior, com o consumidor a

apresentar-se cada vez mais informado, num contexto econó -

mico complicado e com uma competitividade acrescida que

conduz a produtos mais baratos e diferenciadores. O que faz com

que se tenha de “conquistar a confiança do cliente e temos

estudos que demonstram a ideia do consumidor-defensor

(tendência de crescimento de 20% em 2008) que precisa de

pelo menos três experiências negativas para deixar de o ser. Isto

é uma base forte de compra por parte dos retalhistas, mas

sobretudo de venda, ao ser o melhor difusor da mensagem.

Como se consegue aumentar esta quota? Mais uma vez, através

de uma base tecnológica melhor e que nos permita conhecer

melhor os clientes, as suas preferências e motivações de compra,

aumentar os laços de “afinidade”, chegar mais perto deles e

trabalhar o lado emocional. Nesse aspecto, há também um

caminho longo a percorrer, uma vez que é hábito no retalho

considerar que o seu público é indiferenciado e que nem sequer

o conhecemos, o que não é verdade”, conclui o Senior Manager

Consultant de Retalho da IBM Portugal.

Razões que, a curto prazo, irão conduzir a alterações significativas

na experiência de compra e na consequente gestão de loja, assim

considera António Pedro Ribeiro, que encontra na falta de

massificação de algumas componentes tecnológicas um obstá -

culo a contornar para que a interactividade entre consumi -

dor/retalhista possa dar um salto qualitativo para um patamar

superior de actividade.

EXEMPLO

Um caminho no qual Portugal ainda parte um pouco atrasado,

com o país a apresentar-se ainda num estado embrionário no que

à implementação de base tecnológica para os consumidores diz

respeito. Ou o início da base de fidelização através de procedi -

mentos considerados como essenciais para um salto qualitativo

num futuro próximo em termos de serviço prestado e dispo -

nibilidade da oferta, com suporte ao canal web e interligado à

componente física da loja.

O Reino Unido e os EUA são os mercados onde a IBM tem

registado as experiências mais significativas, com os próprios

operadores a fazerem a triagem considerada necessária para a

implementação de uma base tecnológica verdadeiramente

dirigida ao consumidor e promotora de uma experiência de

compra única. Claro que está que o investimento em causa é

significativamente elevado, mas “inevitável” uma vez que parece

cada vez mais incontornável que o retalho, num período entre

cinco a dez anos, seja “necessariamente diferente, o que faz com

que se apresente como um imperativo. Aqui a grande questão é

que quando este caminho começar a ser massificado ninguém

mais estará na disposição de ir à loja arriscando-se a não

encontrar o artigo que procura. Parece-nos inevitável e os reta -

lhistas que estão a enveredar por esse caminho são casos de

sucesso. Além de que, uma vez materializada, esta base

tecnológica permite outra coisa no retalho, nomeadamente, o

marketing direccionado, ou CRM. Um aspecto essencial para que

os operadores possam vencer os desafios futuros, através de

aspectos relativamente simples como a segmentação dos

clientes por código residente, por exemplo, e que permite direc -

cionar esforços e acções muito específicas e focadas”.

Mas para que estes aspectos sejam uma realidade é necessário

que exista uma partilha de recursos, apresentando o retalho

nacional alguns casos contraditórios no que à implementação de

base tecnológica diz respeito, sobretudo a nível do canal Internet,

peça essencial para que este grande puzzle se possa harmonizar

como um todo, ao conferir o intercâmbio de informação em

tempo real entre o suporte digital e a gestão de stocks na loja. O

que tem por base um evidente problema de escala, com as

preocupações iniciais a nível de implementação de recursos

tecnológicos a serem, essencialmente, de índole primária, com a

integração com outras componentes a verificar-se num estádio

posterior, ainda que forma mais ou menos inevitável, e apesar

Page 23: Grande Consumo N.º 2/2010
Page 24: Grande Consumo N.º 2/2010

24

ENTREV

ISTA

marcas próprias

em inovação e desenvolvimento

tecnológico”

desafio

TEXTODuarte Cunha

“As

sãoum

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

Page 25: Grande Consumo N.º 2/2010

Grande Consumo - Que balanço faz dos 18 anos que a

PampiLar leva em actividade?

Paulo Marques - Faço um balanço muito positivo. Temos

crescido continuamente e de forma consistente ao longo destes

18 anos, o que nos permite ter uma estrutura coesa e sólida,

reflectindo um posicionamento distinto no mercado. O sucesso

da nossa actividade tem sido fruto de muito trabalho e empenho

em concentrar a nossa atenção num conjunto de clientes

estrategicamente relevantes e com potencial em crescimento.

GC - Que dificuldades encontra uma empresa que

opera neste sector, sabendo-se de antemão a

forte presença e prestígio internacional de algumas

marcas concorrentes?

PM - Encontra as mesmas dificuldades que qualquer outra

empresa encontra quando se instala num mercado e num sector

competitivo. A concorrência existe em todas as áreas, o que é

de salutar, pois é esta que permite que evoluamos e sejamos

melhores. O que é necessário é uma empresa saber-se demarcar

e definir correcta e cirurgicamente o caminho que quer trilhar.

Estamos conscientes que temos uma concorrência forte, com

presença internacional, mas não nos preocupa de sobremaneira,

pois o nosso objectivo principal é chegarmos a nichos específicos

de mercado, é diferenciarmo-nos, é ter a qualidade das multina -

cionais mas não necessariamente a sua estratégia. O nosso tra -

balho direcciona-se para um serviço de qualidade e persona lizado

com os nossos clientes, que são a nossa principal preocupação.

GC - A diferenciação e a inovação é o segredo deste

negócio, como de tantos outros?

PM - A inovação e a diferenciação são, sem dúvida, as palavras-

chave para conquistarmos os nossos clientes e potenciais

clientes, assim como para nos desenvolvermos no mercado.

Cada vez mais os produtos necessitam de ter características

diferentes, inovadoras orientadas para as necessidades de

clientes que procuram serviços e produtos exigentes.

GC - Que exemplos mais recentes de inovação apresen -

taram ao mercado? Em que segmentos se faz repre sen -

tar a PampiLar?

PM - Desenvolvemos recentemente um produto de destaque

que é o papel higiénico compacto ultra-longo com 500 serviços

por rolo, disposto em apresentações de 4 e 12 rolos. O papel

higiénico ultra-longo equivale a 3,5 rolos do papel normal. Este

conceito inovador em Portugal permite que haja uma armazena -

gem doméstica mais eficaz e, para a distribuição, o aumento da

rentabilidade do linear. A PampiLar orienta a sua inovação para

as necessidades resultantes do modo de vida urbano, onde o

espaço é exíguo, devendo o papel ocupar o mínimo possível e

garantir o máximo de funcionalidade. Estamos no mercado da

grande distribuição, produzimos marcas próprias dos vários

distribuidores, assim como uma linha de produtos PampiLar.

GC - Que capacidade apresentam as duas linhas de pro -

du ção e que produtos disponibilizam ao mercado nacio -

nal? É esperado, em 2010, o alargamento desta oferta

disponível?

PM - Temos três linhas de altíssima produção de guardanapos,

localizadas em Serzedo, e outra em Viseu. A unidade de Serzedo

sofreu uma remodelação total nas linhas de produção,

aumen tando a sua capacidade produtiva no fabrico de

guardanapos, bem como a sua diversidade, podendo

ocupar 70% do valor das vendas para 2010. Relativamente

à linha de produção de Viseu, também ela completamente

reformulada, disponibiliza o fabrico de rolos de papel de cozinha

e papel higiénico e tem uma capacidade produtiva ainda com

possibilidade de crescimento e que contribuirá no ano 2010 com

cerca de 30% da facturação.

GC - O negócio das marcas próprias surge como um com -

plemento indispensável à actividade de parte significa -

tiva da indústria portuguesa? Este negócio constitui uma

oportunidade ou um desafio para as marcas?

PM - O negócio das marcas próprias é algo que está no mercado

e ao qual a indústria tem que, inevitavelmente, se adaptar. A

partir daí poder-se-á considerar uma oportunidade para a

indústria evoluir noutras vertentes, bem como um desafio em

termos de inovação e desenvolvimento tecnológico.

Ao fim de 18 de anos de actividade, a PampiLar prepara-se para, em 2010, reforçar

a sua capacidade industrial e continuar a apostar em força no mercado nacional, como

assume o seu Administrador, Paulo Marques, em entrevista na Grande Consumo. O percurso da

empresa, as suas mais recentes inovações e os desafios que se colocam às empresas portuguesas

foram temas abordados pelo responsável de uma marca que soube traçar o seu caminho.

25

ENTREVISTA

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 26: Grande Consumo N.º 2/2010

26

ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

GC - É cada vez mais difícil decidir entre optar por pro -

du zir numa vertente de preço ou de qualidade? O

consu midor reconhece o esforço de inovação neste tipo

de negócio?

PM - A qualidade é sempre a nossa principal preocupação. Caso

contrário, o consumidor entenderia que as suas necessidades não

estão a ser satisfeitas e, como tal, recusaria o produto. Se tiver -

mos em conta que o consumidor acompanha de forma atenta as

inovações realizadas nos produtos, o que faz dele mais selectivo

e exigente com o que procura e com o que compra, verificamos

que é inevitável não pensarmos a todo o instante numa com bi -

nação adequada entre preço e qualidade dos produtos colo -

cando, porém, a qualidade no topo das prioridades. Procuramos

sempre atingir o máximo de qualidade a preços competitivos, de

forma a mantermos um excelente nível de serviço que fidelize os

clientes e seja uma das chaves de êxito no plano comercial.

GC - Que papel desempenhou o KartoGroup no cresci -

men to da PampiLar, que, segundo sabemos, tem vindo

a traçar um caminho de maior autonomia face ao grupo

italiano?

PM - A parceria com o Kartogroup, um dos maiores players

europeus de tissue, foi muito importante para o desenvolvimento

da PampiLar, pois serviu de incentivo para cultivar um perfil de

inovação no seio da empresa, resultando num conjunto de pro -

dutos inovadores e de qualidade elevada no segmento dos rolos

de cozinha, guardanapos e higiénicos. No entanto, em 2008, a

PampiLar decidiu iniciar o seu próprio caminho na área industrial

sempre acreditando que pode fazer em Portugal produtos de

qualidade e capazes de ser consumidos a nível nacional.

GC - O progressivo desaparecimento do comércio tradi -

cio nal e a consequente concentração do retalho organi -

zado em Portugal é benéfico para a indústria portu guesa?

PM - Vejo isto de duas formas. Por um lado, a indústria está

muito mais dependente dessas concentrações, levando a que as

margens se deteriorem. Por outro lado, o facto de haver um

conceito mais organizado e exigente de indústria levou a que em

Portugal se fizessem grandes progressos nesse âmbito.

GC - Qual é o vosso produto mais vendido e que peso

tem na facturação anual?

PM - A Pampilar tem um grande peso na área dos guardanapos

e é aí que estamos a fazer grandes apostas a nível tecnológico

de forma a elevar cada vez mais o nível qualitativo.

GC - Com que indicadores encerrou a PampiLar o ano de

2009 e que perspectivas trazem para 2010?

PM - Em 2009, a facturação da PampiLar atingiu os 7 milhões

de Euros, o que significa cerca de 45% de crescimento e, perante

investimentos que foram feitos este ano, estima-se que o

crescimento em 2010 ronde os 35%.

GC - Que mais-valias competitivas irá a nova linha de

alta produção trazer à companhia?

PM - Não podemos falar só de uma linha de alta produção.

Contudo, em termos qualitativos, estamos a um nível superior ao

que tínhamos em 2008, com uma capacidade instalada quatro

vezes maior.

GC - O foco continua a ser o mercado interno, ou apos -

tam cada vez mais na exportação? A internaciona -

lização é o caminho a seguir face ao esmagamento das

margens e aumento da concorrência no mercado do -

més tico?

PM - Vamos continuar a apostar em força no mercado nacional,

pois consideramos que ainda há muito para fazer neste mercado.

Contudo, não iremos deixar de parte a internacionalização, até

porque a nossa estratégia de crescimento também privilegia a

expansão para o mercado espanhol e francês.

GC - Como é que perspectiva a PampiLar no futuro pró -

ximo, uma vez que conta já quase com duas décadas em

actividade?

PM - Num momento de crise, continuamos a acreditar neste

projecto, imprimindo-lhe todos os dias um novo fôlego. Con ver -

temos a PampiLar numa empresa 100% industrial e capaz de

dar respostas a um mercado exigente e muito competitivo. Para

além disso, mantemos um respeito permanente pelo consumidor,

tentando sempre ir ao encontro às suas reais necessidades sem

nunca tentar impor conceitos. O futuro está garantido enquanto

formos capazes de inovar e enquanto tivermos a capacidade de

ser competitivos, sem nunca esquecer a importância da estrutura

económica e financeira que suporta a actividade.

“A qualidade é sempre a

nossa principal

preocupação. Caso

contrário, o consumidor

entenderia que as suas

necessidades não estão a

ser satisfeitas e, como tal,

recusaria o produto. Se

tivermos em conta que o

consumidor acompanha

de forma atenta as

inovações realizadas nos

produtos, o que faz dele

mais selectivo e exigente

com o que procura e com

o que compra,

verificamos que é

inevitável não pensarmos

a todo o instante numa

combinação adequada

entre preço e qualidade

dos produtos colocando,

porém, a qualidade no

topo das prioridades.

Procuramos sempre

atingir o máximo de

qualidade a preços

competitivos, de forma a

mantermos um excelente

nível de serviço que

fidelize os clientes e seja

uma das chaves de êxito

no plano comercial”

Page 27: Grande Consumo N.º 2/2010
Page 28: Grande Consumo N.º 2/2010

28

FEIRAS

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

balanço

em época de recessão

Mais visitantes, mais empresas participantes e um melhor perfil de presenças são

alguns dos highlights que se podem retirar de mais uma edição da Alimentaria

Barcelona, a 18.ª, que se realizou entre os dias 22 a 26 de Março num recinto único da

Fira de Barcelona, na Gran Vía, e que encerrou com sinal “mais”. Edição onde a

participação nacional recolheu indicadores positivos, com boas perspectivas de negócio

e de internacionalização da sua oferta. Afinal, a necessidade sempre aguçou o engenho

e a crise apenas despertou a necessidade de reagir…

POSITIVTEXTOBruno Farias

Page 29: Grande Consumo N.º 2/2010

29

FEIRAS

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

Chegou ao fim mais uma edição da Alimentaria

Barcelona, a maior manifestação do sector

alimentar que se concretiza este ano na Península

Ibérica. Na sua 18.ª edição, a Alimentaria Barce -

lona realizou-se, na íntegra, no recinto da Fira de Barcelona, na

Gran Vía, e acolheu um total de 140.542 visitantes ao longo dos

cinco dias do certame, mais 8% face à edição de 2008. Número

que têm, naturalmente, que ser considerados positivos, pese a

difícil conjuntura económica vivida no país vizinho, com os

respectivos indicadores que são do conhecimento geral. Mas

certo é que os dados finais superaram as mais optimistas pre vi -

sões, com a Alimentaria 2010 a reunir um número superior de

visitantes e ao ter presentes cerca de 4 mil empresas expositoras,

provenientes de 75 países.

Mas não foi só pela quantidade, como também pela qualidade,

que a Alimentaria 2010 se destacou, uma vez que o perfil de

visi tante foi do agrado generalizado das empresas expositoras,

opinião da qual os representantes nacionais não divergem, ao

valorizar a vasta presença de profissionais deste sector, prove -

nientes de diversas partes do globo. Ao todo, mais de 36.000

vi si tantes procedentes de 155 países (+9% face ao previsto ini -

cialmente). “Cada vez mais os empresários seleccionam as feiras

de maior dimensão para visitar, uma vez que permitem ana lisar

vários aspectos do negócio num só lugar. Para os expositores é

sempre melhor um visitante informado, pois é meio caminho

andado para a concretização de um bom negócio. Mas é im -

portante, cada vez mais, seleccionar os visitantes que têm acesso

às feiras profissionais. Um visitante que não seja pro fissional,

apenas curioso, pode muitas vezes retirar atenção e dispo -

nibilidade aos profissionais”, considera Amândio Santos,

Administrador da Derovo.

Aspectos presentes naquela que é a maior manifestação da

indústria alimentar que se realiza na Península Ibérica e que este

ano teve como foco o valor das marcas como instrumento de

diferenciação e peça fundamental no processo de projecção das

empresas alimentares no exterior. Um tema caro a todos os ex -

po sitores presentes, nacionais ou estrangeiros, conscientes de

que os desafios que actualmente se colocam às marcas de

indústria são, necessariamente, diferentes quando comparados

com um passado recente, próprio da exigência de operar num

mercado global e decorrentes da transição para um novo modelo

económico. Desafios aos quais as empresas portuguesas não são

alheias e que leva a que a representação em feiras internacionais

faça todo o sentido, como recorda Carlos Botelho, Director de

Marketing da Cerealis: ”Habitualmente fazemo-nos representar

em diversas feiras, dentro e fora do espaço europeu, mediante o

plano que temos, uma vez que desenvolvemos vendas em vários

mercados a nível mundial. O mercado global a isso obriga, somos

um fornecedor que actua desde a Finlândia à África do Sul, dos

EUA à China, temos as nossas vantagens competitivas e procu -

ramos explorar os diversos mercados onde estamos repre sen -

tados nas diversas categorias onde actuamos. Também a nível

dos diferentes perfis de clientes, este tipo de iniciativas tem a sua

devida importância, ao reunir profissionais ligados aos diferentes

canais de comercialização”.

Os valores e atributos das marcas e a sua percepção pelo con -

sumidor foram, de resto, os protagonistas do Fórum Internacional

da Alimentação. Iniciativa cujo modelo procurava conjugar a

vertente teórica trazida pelo estudo da Synovate “Que espera

hoje o consumidor das marcas” – onde foram apresentados al -

guns case studies internacionais – com a experiência de terreno

Page 30: Grande Consumo N.º 2/2010

trazida por alguns dos profissionais da indústria local e que en ri -

queceram este fórum com o seu saber de experiência feito, es ten -

dendo os argumentos de interesse da feira também até às suas

actividades paralelas. Com as marcas sempre como pano de

fundo.

MARCAS

Razões que levam a que, na altura de fazer o balanço, este só

possa ser positivo, com a edição 2010 da Alimentaria Barcelona

a dar conta da vitalidade do seu modelo de negócio, assim como

da importância estratégica do sector da alimentação para a eco -

nomia local, apresentando-se este certame como uma excelente

plataforma de internacionalização para muitas empresas que a

elegem como patamar preferencial de promoção no exterior. Ar -

gumentos igualmente reconhecidos pelas empresas portuguesas

que ali se fizerem representar, ora para cimentar relações comer -

ciais com o país vizinho, ora para alargar a sua rede de contactos

aos mercados do norte da Europa, Médio Oriente, ou Ásia. Di -

ferentes metas para apostas distintas, mas que, no balanço final,

deixaram os expositores nacionais satisfeitos, apresentando-se

esta feira como um importante ponto de contacto também para

as empresas nacionais. “Dos anos que levamos a participar nesta

iniciativa - seis ou sete edições – esta deve, provavelmente, ter

sido a nossa melhor participação, com o visitante a mostrar-se

ávido por inovação. Não sei se será efeito da propagada crise,

mas registámos um interesse superior por novos produtos”,

regista Carlos Gonçalves, da Confeitaria Carlos Gonçalves,

empresa que há mais de 20 anos se faz representar no mercado

espanhol, hoje parte natural da sua actividade comercial.

Quem esteve também em destaque foi a Casa da Prisca – Salsi -

charia Trancosense, LDA. que ao longo dos cinco dias do certame

registou uma forte afluência no seu stand, onde pôde apresentar

os seus mais recentes lançamentos em compotas, chutneys ou

charcutaria de cura natural. Sabor português que despertou a

atenção de visitantes provenientes de diferentes origens e que

poderão, a curto prazo, levar estes paladares beirões a outras

partes do Mundo, como nos contou José Mário Santos, Sócio-

-Gerente da Casa da Prisca. “Nesta edição da Alimentaria, veri -

ficámos uma maior dinâmica de potenciais compradores, o que

não só nos deixa satisfeitos por ver reconhecida a qualidade dos

nossos produtos, como por nos permitir levar mais longe o nome

da nossa empresa e, quem sabe, também os nossos produtos.

Nunca escondemos, nem negámos, a intenção de interna cio -

nalizar o nome da Casa da Prisca e, de facto, a presença regular

em actividades desta natureza tem contribuído para a cons tru -

ção de um capital de confiança de dignos representantes dos

produtos típicos portugueses”, assume o responsável. Também

no salão Innoval, a Casa da Prisca esteve em destaque, com as

embalagens da gama Prisca Gourmet (lançada em conjunto com

a gama Prestige, na Alimentaria), a serem alvo de críticas posi -

tivas, pelo seu perfil arrojado e distintivo dentro do segmento em

que se inserem. Mais um ponto positivo a juntar à participação

desta empresa familiar na feira ibérica de alimentação.

Motivos de orgulho para a indústria nacional, a que se juntam as

participações da Barrancarnes e do IVDP, que, ainda que em áreas

de negócio distintas, lograram chamar a atenção dos muitos

visitantes do salão, reforçando contactos e alargando fronteiras

no que concerne ao conhecimento de produtos portugueses. No

caso da Barracarnes, pela sua inegável relação qualidade/preço,

muito competitiva quando comparada com os concorrentes do

sector cárnico espanhol, pela qualidade da sua oferta e pelo

próprio processo produtivo que culminaram na apresentação de

um produto de alta qualidade e sabor requintado. No caso da

30

FEIRAS

N.º2/201

0 | MARÇ

O/ABRIL

Page 31: Grande Consumo N.º 2/2010

participação do IVDP, as marcas do Porto e Douro viram a sua

presença sair beneficiada ao abrigo de uma imagem coerente e

apelativa, sob a denominação “Wines of Portugal”, e que veio dar

continuidade ao trabalho iniciado aquando da Prowein deste ano.

O que ajudou a chamar muitos interessados em conhecer melhor

a realidade vitivinícola portuguesa, cuja difusão da oferta passa

em muito pela experimentação. Um factor em comum na

participação destes dois operadores, cujos indicadores recolhidos

por parte dos visitantes permitem antecipar novas experiências

em futuras edições da Alimentaria. Não obstante as diferentes

realidades – naturalmente incomparáveis - que determinam a

representação de cada uma destas entidades em salões desta

natureza. “Sobretudo no que concerne ao mercado espanhol,

registamos um fraco apoio por parte das entidades nacionais,

não nos sendo possível aceder a apoios dos organismos com -

petentes, como acontece quando se trata de outros mercados.

Temos que fazer tudo por nós mesmos, caso contrário conti -

nuaríamos a aguardar para entrar neste mercado, onde temos

vindo a conquistar o nosso espaço”, considera Eduardo Bernardo,

Director Comercial da Barrancarnes, que assume a intenção de

continuar a marcar presença nesta feira no decorrer das próximas

edições. Onde se a participação portuguesa se pautar pelos níveis

deste ano, o prestígio da indústria nacional somente terá a ga -

nhar, uma vez que nem todos os bons exemplos foram possíveis

de registar nestas linhas.

Não foi só pela

quantidade, como

também pela qualidade,

que a Alimentaria 2010

se destacou, uma vez que

o perfil de visitante foi do

agrado generalizado das

empresas expositoras,

opinião da qual os

representantes nacionais

não divergem, ao

valorizar a vasta presença

de profissionais deste

sector, provenientes

diversas partes do globo.

Ao todo, mais de 36.000

visitantes procedentes de

155 países, ou seja mais

9% face ao número

inicialmente previsto

SELECÇÃO NACIONAL

ANIMATED DRINKS, LDA.

BARRANCARNES, S.A.

BY APPOINTMENT DUCHEF PORTUGAL LDA

CARM - CASA AGRICOLA ROBOREDO MADEIRA, S.A.

CASA DA PRISCA-SALSICHARIA TRANCOSENSE, LDA

CEREALIS PRODUTOS ALIMENTARES, S.A.

COMPRA DIRECTA - PRODUTOS ALIMENTARES, LDA

CONFEITARIA CARLOS GONÇALVES, LDA.

DAN CAKE PORTUGAL S.A.

DEROVO - DERIVADOS DE OVOS, S.A.

DIATOSTA - INDUSTRIA ALIMENTAR, S.A.EDULAB

LABORATORIO DE EDULCORANTES, LDA

GAC - INGREDIENTES & PRODUTOS ALIMENTARES, LDA.

GL IMPORTAÇAO E EXPORTAÇAO S.A.

IMPERIAL - PRODUTOS ALIMENTARES, S.A.

IVDP

LACTICINIOS DO PAIVA, S.A.

LOUROFOOD, LDA.

MAÇARICO, S.A.

NOVA DOÇARIA DISTRIBUÇAO ALIMENTAR, S.A

PANIKE - INDUSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTARES

CONGELADOS, S.A.

QUEIJO SALOIO - IND. DE LACTICINIOS, S.A.

QUINTA DOS AVIDAGOS

QUINTA DO CRASTO

QUINTA DO FEITAL

QUINTA DO PORTAL

REAL COMPANHIA VELHA

SOGRAPE - SOGRAPE VINHOS SA

VDS

31

FEIRAS

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 32: Grande Consumo N.º 2/2010

32

ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Um ano antes da sua realização,

a Alimentaria&Horexpo é

lançada na Grande Consumo por

Victor Pascual, director da feira

por parte da Reed Exhibitions.

Em pleno pico da última grande

manifestação alimentar que se

realiza antes do certame

nacional, a Alimentaria

Barcelona, o responsável explica

a reestruturação da feira

nacional, o porquê da sua

concretização e os pontos

fortes da mesma.

Conheça as

razões na

entrevista que

se segue.

TEXTOBruno Farias

Page 33: Grande Consumo N.º 2/2010

33

ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Grande Consumo – Estamos a sensivelmente um ano da

realização da Alimentaria&Horexpo Lisboa. Com que

expectativas parte para esse iniciativa?

Victor Pascual – Eu diria que estamos muito entusiasmados e

com expectativas altas relativamente à realização do certame. E

essas mesmas expectativas prendem-se com o facto de estarmos

muito envolvidos no projecto, uma vez que não passa somente

pela junção de duas feiras, mas sim pela construção de um

projecto que acreditamos ser superior à mera soma dessas duas

manifestações. Ainda que a Alimentaria Lisboa e a Horexpo

sejam duas feiras de referência em Portugal nos respectivos

sectores a que se dirigem, as circunstâncias que envolvem da

economia ibérica e mundial, aliadas ao facto de o sector

alimentar reivindicar um outro modelo de feira, levou-nos a

apresentar um novo projecto que fosse de encontro a essas

necessidades e que procura conferir mais-valias a expositores e

visitantes de forma a terem o máximo de retorno possível.

GC – E porque aspectos passa essa atribuição de valor

acrescentado?

VP – Pela convergência de todo um canal de distribuição, tanto

a nível do comércio tradicional, como do retalho organizado,

assim como ao nível da hotelaria, canal de enorme importância

não só pelos níveis de consumo internos, como pela sua

importância em termos turísticos. Concentrar estes três canais

juntamente com a indústria da maquinaria hoteleira num só

evento multiplica os motivos de interesse para os expositores

presentes. Não só porque a feira passa a apresentar-se mais

atractiva, em função da elevação da diversidade da oferta

disponível, mas também por se apresentar mais apetecível em

termos empresariais e comerciais, uma vez que uma feira como

este perfil eleva as garantias de possíveis negócios.

GC – Mediante o actual contexto da economia

portuguesa seria possível adoptar outro modelo de

feira que não este que acaba de descrever? Seria viável

prosseguir com duas feiras em separado?

VP – Neste momento não tinha sentido dar continuidade à

separação desses dois canais de comercialização, que, no

passado, se encontravam a crescer muito e, como tal, exigiam

uma imensa especialização. Todavia, mediante a concentração

da distribuição moderna e perante a fragmentação do comércio

tradicional havia que optimizar o modo de proceder, uma vez

que há cada vez mais empresas a produzirem produtos e marcas

para esses mesmos operadores e que não são capazes de se fazer

representar em duas ou três feiras separadas. Por todo estes

motivos, havia que concentrar o certame, uma vez que era isto

que nos estava a pedir o sector e há, de facto, circunstâncias

económicas que nos conduziram a isto.

GC – E que outros argumentos são apresentados aos

expositores além de mais valor e oferta?

VP – Oferecemos mais procura e vamos trabalhar de outra

forma a captação de compradores internacionais, capazes de

distribuir produtos portugueses em países onde existem comu -

nidades portuguesas, mas também com fortes relações com

Portugal. Um outro aspecto importante passa também pelo

aumento ou incremento do tipo de actividades de formação e

informação, não só ao promover ao que já era feito nas duas

feiras, como ao potenciar todo o tipo de actividades que possa

ser considerado como um valor acrescentado para o visitante.

Ainda que a sua denominação seja Alimentaria&Horexpo, cabe

dizer que em causa estão três grandes salões: Alimentaria, Ho -

rexpo e TecnoAlimentaria. Sector último dedicado aos equipa -

mentos para a indústria alimentar e ao “packaging”, que se

encontrava inserido no antigo alinhamento da Alimentaria, e ao

qual queremos dar especial relevância dado acreditarmos ter

potencial de crescimento. Todas estas decisões têm como

expectativas

para a Alimentaria&HorexpoALTAS

Page 34: Grande Consumo N.º 2/2010

objectivo criar uma noção de “networking”, ao congregarmos no

mesmo salão a distribuição, a indústria alimentar e a hotelaria,

numa representação dupla de participante e visitante, apre -

sentando-se o novo modelo de negócio da Alimentaria&Horexpo

como uma plataforma de “networking” e negócio que visa

contrariar a dispersão que caracterizava o modelo anterior e que

dificultava a criação das tão desejadas sinergias.

GC – Não teme que a periodicidade da feira possa ser

um obstáculo à sua organização?

VP – Penso que a periodicidade bienal neste tipo de sectores é

a indicada uma vez que, apesar de estarem sempre a sair

produtos novos, as feiras acabam por ser um espaço privilegiado

para o lançamento produtos, ou para projectar as suas

estratégias de marketing.

GC – Esse, é de resto, um dos objectivos de qualquer

feira…

VP – Claro! Razão pela qual ao realizar-se anualmente acabava

por perder o seu real impacto, uma vez que nem todas as

empresas são capazes de apresentar inovações todos os anos, o

que levaria a que a feira perdesse a sua importância como ponto

de referência para a apresentação de novos produtos e

antecipação de tendências futuras.

GC – Apesar das dificuldades por que passa a economia

espanhola, o mercado português continua a ser enca -

rado como uma extensão natural da sua actividade? Há

interesse da indústria espanhola em estar presente

neste certame em Portugal?

VP – Acredito que Portugal sempre foi um mercado prioritário

para as empresas espanholas, em função das relações comer -

ciais, geográficas, entre outras, que sempre conduziu ao seu

interesse. Que se vai manter no sector alimentar mas também

nos equipamentos para a hotelaria e na maquinaria para

indústria alimentar, com a perspectiva de se poder ver reforçado

o número de participantes em função de uma previsível redução

do número de m2 ocupados, mas o consequente aumento do

número de expositores. Esse é o nosso objectivo, não nos in te -

34

ENTREVIS

TA

N.º2/201

0 | MARÇ

O/ABRIL

ressa vender espaço mas sim trabalhar de forma a ter muita

oferta e estamos confiantes de que este projecto consegue

transparecer esse valor.

GC – Espera também o reforço da presença de expo si -

tores provenientes de outros mercados. A interna cio -

nalização da feira é uma realidade?

VP – Enquanto organizadores da Alimentaria Barcelona,

Alimentaria México e Alimentaria&Horexpo temos uma relação

muito estreita com os nossos expositores que, amiúde, nos vêem

como seus assessores em termos de estratégia de feiras. Pela

qualidade que estes certames apresentam, quando sugerimos

uma participação numa feira em Portugal esta solicitação é tida

em boa conta. Pelo que acredito que iremos ter uma presença

significativa de empresas europeias, que se encontram a procurar

nichos de mercado para continuar a assegurar crescimento. Se

por um lado, o mercado português é encarado como pouco

apelativo para aqueles que procuram mercados de grande escala,

por outro é encarado como um destino onde existem imensas

possibilidades a vários níveis, o que desperta o interesse de

muitos operadores em estarem presentes. Esse tem sido o nosso

trabalho, no sentido de demonstrar que a participação numa

feira alimentar é um bom ponto de partida para conhecer melhor

a realidade do país e as oportunidades que encerra para aqueles

que querem diversificar a sua presença a nível do espaço europeu.

GC – Não raras vezes a organização da Alimentaria

Lisboa foi chamada à atenção para o facto de que os

pre ços praticados serem elevados para o retorno obti -

do. Concorda com esta ideia?

VP – Sempre se comentou que a Alimentaria Lisboa, dentro do

contexto de feiras nacionais, tinha preços considerados médio-

altos. Mas para dar uma resposta séria ao visitante e ao

expositor este investimento é necessário, uma vez que se o preço

por m2 for relativamente baixo, creio que as expectativas de

retorno tenham que ser também baixas. Pelo que a marca

Alimentaria designa feiras de qualidade e, sendo um produto de

“Na próxima edição

iremos fazer um esforço,

com a apresentação de

um projecto com mais

possibilidades e com

preços mais baixos face à

última edição de 2009.

Por vários motivos, não

só porque nos dá mais

“músculo” em termos de

representatividade, mas

também porque nos

permite estar mais perto

dos nossos clientes

(expositores), que

sabemos estarem a

atravessar uma fase

difícil, mas que não

deixam de precisar de se

dar a conhecer”

Page 35: Grande Consumo N.º 2/2010

qualidade, apresenta uma relação qualidade/preço adequada.

Mas na próxima edição iremos fazer um esforço, com a apre -

sentação de um projecto com mais possibilidades e com preços

mais baixos face à última edição de 2009. Por vários motivos,

não só porque nos dá mais “músculo” em termos de repre sen -

tatividade, mas também porque nos permite estar mais perto

dos nossos clientes (expositores), que sabemos estarem a

atravessar uma fase difícil, mas que não deixam de precisar de

se dar a conhecer. E queremos estar ao lado desses mesmos

expositores que sempre nos apoiaram ao proporcionar-lhes a

possibilidade de estarem numa feira profissional internacional a

preços mais competitivos, partilhando esforços para uma

representação que seja benéfica a todos.

GC – O objectivo é voltar a encher os quatro pavilhões

do recinto da AIP?

VP – Sim, temos essa meta no horizonte, mas acima de tudo

queremos promover negócios. Não somos uma empresa que

vende metros, mas sim oportunidades de negócio. Se aumen -

tarmos o número de expositores e tivermos menos m2 comer -

cializados seria um sucesso, pois representaria um crescimento

da oferta.

GC – Existem objectivos quantitativos em termos de

expositores?

VP – Gostaríamos de ver representados 800 expositores directos

e indirectos e receber cerca de 30 mil visitantes profissionais,

sendo que um dos nossos grandes objectivos é aumentar este

rácio. O que nem sempre é muito fácil de atingir, uma vez que

uma feira alimentar é muito atractiva ao público em geral e

temos que promover uma filtragem de actividade de modo a

tornar o perfil do visitante ainda mais dirigido.

GC – O mesmo raciocínio pode ser aplicado às activi -

dades paralelas, de modo a que possam ser encaradas

como um valor adicional à visita à feira?

VP – Naturalmente que sim e é nesse sentido que estamos

desenvolvendo iniciativas que possam ir de encontro a essas

expectativas. Espaços como o Inoval, a Loja Inteligente, além

das conferências e seminários habituais são algumas das formas

encontradas para atrair esses visitantes. Mas também estamos

focados na promoção de iniciativas gastronómicas que, por

exemplo, irão permitir, ao longo dos quatro dias do evento, ver

em acções de demonstração alguns dos chefes de cozinha mais

conceituados de Portugal, no sentido de dar a conhecer, quer a

cozinha regional portuguesa quer os respectivos produtos origi -

nários dessas regiões. Esta vertente será reforçada com a pro -

mo ção de um grande concurso gastronómico dirigido aos

pro fissionais da restauração. Queremos, também a este nível,

contribuir para que esta feira seja ainda mais profissional e se

assuma como a feira do sector em Portugal.

GC – Ainda que o modelo esteja definido, é importante,

contudo, escutar as necessidades e os conselhos que as

associações sectoriais têm para fazer?

VP – Claro que sim, é para nós muito clara a ideia de que somos

uma feira de produtores. E para o sermos temos que saber ouvir

e levar em linha de conta as suas pretensões e necessidades.

Uma feira é, em suma, um canal de comunicação e para co mu -

nicar temos que conhecer, quer os produtores quer a oferta. Seja

directamente, seja por intermédio das associações

do sector, há que conhecer o mercado e as suas

necessidades. É por isso que nos encontramos

a trabalhar como entidades como a FIPA e a

APED, uma vez que temos muito claro que

sem conhecimento não é possível fazer nada.

“(…) é para nós muito

clara a ideia de que somos

uma feira de produtores.

E para o sermos temos

que saber ouvir e levar

em linha de conta as suas

pretensões e

necessidades. Uma feira

é, em suma, um canal de

comunicação e para

comunicar temos que

conhecer, quer os

produtores quer a oferta.

Seja directamente, seja

por intermédio das

associações do sector, há

que conhecer o mercado e

as suas necessidades”

35

ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 36: Grande Consumo N.º 2/2010

cado o Trade Promotion Management (TPM).

O TPM representa, assim, o processo de orçamen -

tação, planeamento, apresentação e execução de um

programa de incentivos orientado a determinados

produtos. É um processo chave na indústria de bens

de grande consumo, que a maior parte das

organizações está longe de dominar. O objectivo é

alocar fundos a programas de colaboração com o

trade, através da oferta de “valor” (ex: desconto) em

troca de acções (ex: produto em catálogo), de forma

eficaz conseguindo aumentos significativos das

vendas beneficiando ambas as partes.

A indústria de bens de grande consumo investe

tempo e recursos em negociação com o retalho

sempre na busca do aumento das vendas e da

respectiva quota de mercado, representando já um

investimento de 65% do orçamento de marketing,

refere o estudo da Nielsen. É necessária uma nova

abordagem à gestão de promoções, para permitir

quebrar o ciclo de um grande investimento em

promoções que resultam num pequeno retorno. O

TPM representa uma vantagem competitiva neste

processo.

Fica claro que uma nova abordagem ao TPM

permitiria à indústria de bens de grande consumo

quebrar o ciclo e, assim, vencer alguns dos principais

obstáculos, como comportamentos estabelecidos,

limitações tecnológicas e processos genericamente

ineficientes.

A Accenture estudou a forma como as organizações

líderes de mercado estão a fazer frente a estas

mudanças e criou uma visão própria para as abordar:

um jogo de soma positiva para a indústria de bens de

grande consumo e para o retalho.

De acordo com o estudo Accenture Trade Promotions

Best Practices, falta à indústria de bens de grande

consumo uma visão clara da estratégia de promoções

de trade. Muitas vezes repete-se o plano de anos

anteriores, provocado pela falta de informação

estruturada, pela ausência de visibilidade dos

programas de promoção nas organizações e pela

incapacidade de integrar diferentes áreas da

organização.

A indústria de bens de grande consumo tem visto o

seu poder reduzido na cadeia indústria/retalhis -

ta/consumidor, com as formas tradicionais de

marketing a tornarem-se menos eficazes. Enquanto

consumidores, facilmente nos apercebemos destas

alterações nos nossos padrões de consumo, na

deslocação a supermercados e grandes superfícies.

Esta mudança alterou a lógica estabelecida e o

comportamento dos clientes. O investimento em

campanhas de media directamente ao consumidor,

como TV ou outdoors, está a tornar-se menos

efectivo e com menor retorno, enquanto acções em

loja têm reflexo imediato. O investimento em

promoções está a revelar-se mais eficaz por estar

mais próximo do local de compra, mas investir mais

não significa maior retorno; é necessário canalizar o

investimento para onde este for mais rentável.

Estima-se que apenas 16% das trade promotions

sejam rentáveis, e que 30% deste investimento vai

directamente para o “bolso” do retalho, não passando

para o consumidor (Fonte: AC Nielsen Supermarket

Business). Cada vez mais os produtores dependem

dos retalhistas para influenciar os consumidores, com

acções promocionais cada vez mais complexas, sendo

determinante como “arma na abordagem” ao mer -

Trade PromotionManagement

(TPM) – O desafio

Diogo Cabral FigueiredoConsultor da Accenture

na Área de SI&T

36

OPINIÃ

O

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

Page 37: Grande Consumo N.º 2/2010

aposta na marca Staples. Com efeito, é realizado um

grande esforço interno, potenciado pelos nossos

colaboradores, para fazer crescer esta marca e valo -

rizá-la junto dos diferentes públicos que nos procu -

ram. A acção dos nossos colaboradores de loja é

essencial para o seu sucesso. São eles o principal elo

e veículo humano para transmitir esse feedback aos

clientes. Como o comprova a recente adesão à

plataforma ‘Eu Sou Cliente’. Esta iniciativa acarreta,

directamente, uma forte carga formativa nos RH da

empresa, através do contacto directo dos nossos

clientes com o Customer Service da Staples. Trata-se

de um compromisso com a qualidade e excelência do

serviço prestado, que só pode beneficiar a per for -

mance dos profissionais da Staples.

A Staples tem um perfil de cliente muito diversificado

e uma preocupação com todos eles, como o

comprovam o lançamento do novo cartão de cliente

‘Staples Biz’, para a classe empresarial, assim como o

cartão ‘Professor +: Dê mais valor às suas notas’,

dirigido aos professores. Esta aposta não pode ser

apenas externa, o que faz com que a Staples promova

formação aos seus colaboradores de Loja para

corresponder às exigências de cada público. Porque

são eles o rosto da marca para o cliente. E algo de

que nos podemos orgulhar é o facto de todos os

colaboradores estarem aptos a atender todos os tipos

de cliente, satisfazendo as suas necessidades.

Posto isto, a Staples tem a máxima preocupação em

munir os seus colaboradores das mais variadas ferra -

mentas de trabalho, não descurando o lado pessoal e

profissional. Pelo contrário. A Staples trabalha para

conciliar as diferentes vertentes dos seus colabora -

dores, potenciando as suas qualidades e a sua

satisfação profissional.

No contexto empresarial actual, ainda para mais na

área da distribuição, a gestão dos Recursos Humanos

apresenta-se como um factor incontornável para o

bom desempenho de qualquer empresa. Isto porque

se trata de um sector em crescendo e que exige uma

rápida adaptação das pessoas e profissionais ao nível

dos hábitos de consumo da sociedade moderna,

marcada por constantes alterações legais, econó -

micas e financeiras. No fundo, o espelho do mundo

de hoje. Com efeito, torna-se cada vez mais neces sá -

ria a valorização pessoal e profissional dos cola bo -

radores da área.

Na Staples, foi adoptado um conjunto de ferramentas

que tem como objectivo a formação dos colabora -

dores e a possibilidade de proporcionar novas opor -

tunidades na nossa estrutura interna. Nesta lógica,

foi assinado um protocolo com a Agência Nacional

para a Qualificação no âmbito do projecto ‘Novas

Oportunidades’, uma iniciativa que tem como objec -

tivo proporcionar condições e apoiar os colaboradores

da empresa e respectivas lojas nos vários processos

escolares. Este facto permite conjugar o crescimento

académico com o profissional.

Outro exemplo desta política de RH prende-se com o

patrocínio ao Global Management Challenge, uma

competição que incentiva os jovens a pensarem de

forma estratégica e a integrarem-se no mundo

empresarial. Trata-se de um óptimo “terreno” para a

descoberta de novos talentos e para estimular os

colaboradores da Staples, que se vêem inseridos

numa entidade que privilegia a troca de novas ideias

e conceitos empresariais.

Num outro sentido, mas que pretende aumentar o

espírito de marca nos nossos colaboradores e o seu

orgulho em pertencerem a esta equipa, situa-se a

A importância dosRecursos Humanosna gestão moderna

Carlos MaiaDirector-Geral, Staples Office Centre Portugal

37

OPINIÃON.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Page 38: Grande Consumo N.º 2/2010

Estudos recentes da consultora AC Nielsen relativos a

índices de Confiança dos Consumidores revelam que a

saúde é apenas a terceira preocupação dos Portugueses.

À frente ficam, de forma algo compreensível atendendo

aos tempos de crise acentuada que vivemos, a preo cu -

pação com o emprego e o equilíbrio entre a vida pro fissio -

nal e a vida pessoal. Mas para nós, que desenvol vemos o

nosso trabalho na indústria alimentar, é precisamente a

saúde que tende a ocupar um espaço cada vez maior

entre as nossas prioridades.

Enquanto produtores de bens alimentares não podemos

deixar de ter em consideração aspectos como a falta de

consciência alimentar com consequentes maus hábitos

que afectam milhões de pessoas em todo o mundo

provocando o que já se apelida de “doenças do século”:

obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, dia be -

tes, entre outras. Nesse sentido, acreditamos que temos

que encontrar soluções e desenvolver produtos de valor

acrescentado, que garantam matrizes nutricionais ade -

quadas capazes de proporcionar uma alimentação mais

equilibrada. Estas matrizes materializam-se em produtos

com fórmulas melhoradas, ingredientes cada vez mais

naturais e valores nutritivos assinaláveis.

Por isso, no momento de planear novos lançamentos e

definir estratégicas de marketing para os nossos novos

produtos temos a responsabilidade de garantir que

estamos a oferecer ao mercado uma opção de consumo

equilibrada e o mais saborosa, saudável e nutritiva

possível. A embalagem é também um dos aspectos mais

importantes dos novos lançamentos assumindo um papel

principal na comunicação e transparência dos valores

nutricionais dos nossos produtos. No caso da DanCake -

uma marca para consumidores de todas as idades e seg -

mentos – também temos em consideração necessidades

de praticidade e conveniência de consumo, oferecendo

formatos de embalagem individuais, fáceis de transportar

e consumir em qualquer lugar.

Mas, mais do que uma preocupação, as novas tendências

de consumo alimentar – soluções fast food e alimentos

ricos em açúcares e gorduras – encerram um enorme

desafio à indústria do sector. Marcas com grande tradição

como a DanCake (que está no mercado desde 1978)

compreendem a necessidade da mudança dos hábitos

alimentares e aplicam os seus melhores esforços para se

adaptarem à nova realidade do consumo, preservando a

memória que associa a sua marca a inesquecíveis

momentos de prazer e sabor. Não é um desafio fácil de

vencer mas sabemos que estamos no bom caminho

quando integramos uma empresa que elege como os

seus principais desafios e pilares de inovação para o futuro

a redução de açúcares, gorduras e sal.

O nosso mais recente lançamento, a Frutíssima, é bem

simbólico da aposta que a DanCake está a fazer no

sentido de oferecer produtos inovadores, mais saudáveis

e saborosos. Não só a Frutíssima é composta por um

elevado percentual de fruta (que chega aos 80% no caso

da Frutíssima Figo) como foi apresentada ao mercado

em embalagens de três formatos, cada um adaptado a

uma necessidade de consumo diferente. Podemos

afirmar que já não existe razão para não se ter uma

alimentação saudável com sabores genuínos e de valor

acrescentado. “Viva com Sabor” com DanCake.

Sónia CostaMarketing & Trade Marketing

Manager DanCake

38

OPINIÃ

O

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

Os novos desafios doconsumo alimentar

Page 39: Grande Consumo N.º 2/2010

João PalmeiraCountry Manager CHEP Portugal

39

OPINIÃON.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

mais atractivo aos olhos do cliente, enquanto, por

outro lado, maximizam a área comercial. O seu uso

permite comercializar produtos no solo em lineares,

mas também em todo e qualquer sítio estratégico da

loja.

Em Portugal, as paletes display de 600mm x 800mm

(½ palete) são actualmente uma realidade nas

importantes cadeias de distribuição. A sua construção

à base de madeira, plástico e metal melhora o

comportamento em empilhamento e em arma -

zenamento. No entanto, uma nova tendência actual

está marcada pela implantação da ¼ de palete

(400mm x 600mm). Os seus benefícios e utilização

são menos conhecidos no nosso país, apesar de ser

um equipamento muito utilizado noutros países,

como a Alemanha.

Como vemos, na cadeia de abastecimento, e segundo

indicam distintos estudos de mercado, a decisão de

implementar a palete display, está a ser uma medida

estratégica tanto da equipa comercial como do

departamento de logística. Ambas as áreas de negó -

cio estão conscientes das suas vantagens. De um

ponto de vista meramente logístico, as paletas de

exposição facilitam os processos de preparação de

pedidos (picking) para aqueles produtos com um

nível de rotação médio/alto. Do ponto de vista

comercial, este tipo de palete serve para reduzir os

custos de reposição e elimina a “venda falida”; ou

seja, a venda que não é realizada porque não está

disponível stock suficiente.

A CHEP gere este tipo de equipamentos em sistema

de pooling e aconselha os seus clientes sobre os seus

benefícios, utilização e manipulação.

A tradicional palete de 1200mm x 800mm, que

durante décadas serviu como elemento básico para

garantir os processos de produção, armazenamento,

transporte e distribuição de mercadorias, evoluiu

actualmente para novos sub-formatos, convertendo-

se numa poderosa ferramenta, não apenas do ponto

de vista logístico, mas também do ponto de vista

comercial. A meia palete (600m x 800mm) e a ¼

de palete (400mm x 600mm) são agora as

protagonistas da cadeia logística, no que diz respeito

a sistemas de paletização. Estes formatos são

tecnicamente conhecidos como “paletes display” ou

“paletes de exposição”.

Os actuais desafios da maioria dos distribuidores

estão relacionados com o acelerar dos processos de

distribuição, incrementar os controlos em cada elo da

sua cadeia e aumentar os serviços às lojas, o que

pressupõe evitar as roturas de stock, enquanto se

optimiza a gestão dos produtos. Os formatos de

palete denominados display equilibram o binómio

Frequência de Entrega / Quantidade por Referência,

para além de tornarem os processos de reposição

mais eficientes. Permitem, assim, uma reposição

eficaz, tanto dos produtos lineares, como dos

produtos em promoção. Desta forma, consegue-se

alcançar uma redução nos custos, seguindo a filosofia

de One Touch Aproach. Por outro lado, as quanti -

dades que são manipuladas, são maiores e o custo

unitário é minimizado.

Constata-se igualmente um aumento das vendas,

pelo facto de que aqueles produtos, que são geridos

empregando paletes tipo display, têm uma maior

“presença” no linear da venda. O produto torna-se

A palete Display e a logística da venda

Page 40: Grande Consumo N.º 2/2010

todo o dia, enquanto hidrata a pele – reduzindo a

perda de água e prevenindo a secura da epiderme.

Na primeira utilização cuida da pele das axilas, a

partir das 4 semanas os pêlos ficam notoriamente

mais finos e com o seu uso contínuo conseguirá

axilas mais suaves por mais tempo.

GC - Que objectivos qualitativos e quantita ti -

vos foram estabelecidos para este lançamen -

to?

TB - Dove, enquanto marca para todas as mulheres

reais que se preocupam com a sua imagem, tem

como principal orientação a inclusão no mercado de

produtos que façam realmente a diferença no dia-a-

dia das consumidoras. E, só assim, Dove se poderá

assumir como líder em inovação, estabelecer-se

como owner da plataforma Minimising e marcar

presença no quotidiano das consumidoras.

GC - O facto de ter sido eleito Produto do Ano

é um importante trunfo de comunicação

junto do consumidor final?

TB - Temos planeadas acções de ponto de venda,

passatempos no nosso site e também acções de media

relations em que comunicamos esta grande vitória,

mas, mais que um trunfo de comunicação, ser eleito

Produto do Ano é, para nós, um grande sinal de

reconhecimento e confiança por parte do nosso target,

pois os produtos do ano são eleitos pelos consu -

midores. Quando o próprio consumidor é o primeiro a

classificar-nos como o melhor desodo ri zante feminino

de 2009, só podemos ficar orgulhosos.

Teresa BurnayHead of Marketing Personal Care

de Unilever/Jerónimo Martins

40

5 PERGUN

TASA...

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

Grande Consumo - Que balanço faz do

lançamento de Dove Minimising?

Teresa Burnay - O balanço do ano de lançamento

da gama de desodorizantes Dove Minimising é muito

positivo. Além de termos revolucionado o mercado

de desodorizantes, criámos um novo segmento e

conseguimos aumentar o valor global do mercado

de deos. Este lançamento foi o principal projecto da

marca em 2009, mas apesar de ser um produto

pioneiro e que vinha ao encontro das necessidades

das nossas consumidoras, tínhamos um grande

desafio: conseguir explicar os benefícios do produto

e a sua forma de actuação. Para isso, investimos

fortemente na sua comunicação, tanto above the

line como bellow the tine. Graças a este lançamento

conquistámos cerca de 16% de quota de mercado

em hipermercados, o que nos permite agora estar a

disputar a sua liderança.

GC - Em que se distingue face aos restantes

desodorizantes femininos? Encontra-se

previsto o alargamento da gama em 2010?

TB - A gama Minimising foi a grande inovação no

mercado dos desodorizantes em 2009. Uma gama

de deos Premium que, com a sua fórmula única à

base de Complexo Pró-epil com extractos naturais e

¼ de creme hidratante, conjuga mais benefícios que

qualquer outro, com a vantagem de ajudar a

solucionar um problema que afecta o dia-a-dia das

consumidoras: os inestéticos pêlos. Por sabermos que

esta propriedade minimising é altamente valorizada

pelas mulheres reais, em 2010, queremos continuar

a investir nesta gama para a consolidar no mercado.

GC - Que drivers orientaram a concepção

deste produto?

TB - “Aquela sensação de picar entre depilações, que

nos deixa desconfortáveis e com a pele das axilas

irritada” foi este o feedback das consumidoras que

fez com que Dove iniciasse um processo de três anos

de investigação para criar um desodorizante que

trouxesse um benefício extra, o alívio da sensação de

picar entre depilações. Com a sua formulação

exclusiva, Dove Minimising garante eficácia durante

“Em 2010, queremos

continuar a investirnesta gama”

Page 41: Grande Consumo N.º 2/2010

Novo mecanismo de cabo retráctil patenteado - simples mas genial

Exposição em livre serviço, com a máxima protecção

Design “user-friendly” – simples e rápido de montar, em qualquer lugar

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Page 42: Grande Consumo N.º 2/2010

42

REPORT

AGEM

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

de saborcom um mundoporta a porta

TEXTOAbel Martins

Com uma facturação superior a 3 milhões/€ e uma equipa de 20 colaboradores, a

J.Baptista, LDA. é o distribuidor dos gelados Nestlé para a região envolvente da Grande

Lisboa. Uma PME que arrancou a sua actividade em 2008, com José Baptista, ex-quadro

Nestlé, a trocar uma carreira na maior empresa alimentar do Mundo pelo risco de ter

uma empresa própria. Decisão da qual não se arrepende e que preenche o seu

quotidiano. Saiba o porquê.

Page 43: Grande Consumo N.º 2/2010

43

REPORT

AGEM

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

A J.Baptista, LDA. é uma empresa especializada de distribuição

alimentar dirigida a produtos e soluções ultracongeladas desti -

nadas ao mercado do consumo fora do lar, que conta já com uma

facturação acima dos 3 milhões/€ e emprega vinte colabo -

radores. Se a realidade se resumisse à frieza dos números, poder-

se-ia dizer que estávamos perante mais uma PME portuguesa

que, como tantas outras, tenta singrar no competitivo mundo da

distribuição alimentar. Mas se a estes argumentos adicionarmos

o lado humano da história, eis que tudo ganha outros contornos,

uma vez que o seu gerente, José Baptista, trocou a certeza de

uma carreira fundamentada – e com responsabilidades de venda

em várias marcas líderes do mercado – naquela que é a maior

empresa alimentar do Mundo, a Nestlé, pelo sonho e incerteza de

trabalhar por conta própria. “Em 2008, a Nestlé, ao reorganizar

o negócio de gelados em Portugal, promoveu a criação de uma

rede de distribuidores com diferentes e superiores competências.

Não pude resistir a este convite e a este desafio. Perante os riscos

da mudança de uma carreira sempre em ascensão na maior

empresa alimentar do Mundo, pela incerteza de ser empresário

em Portugal, tomei a decisão que considero hoje a mais certa,

pese embora também a mais trabalhosa”, considera José

Baptista, gerente da J.Baptista, LDA.

Ao assumir uma especialização no canal Horeca, este operador

viu a oportunidade de alargar a sua gama para produtos snacks e

polpas de fruta – que se juntam à gama de gelados Nestlé, bem

como as referências de pastelaria ultracongelada da Casa dos

Profiteroles -, aproveitando a sua capacidade de distribuição em

frio negativo. Operando num regime de distribuição misto, pré-

-venda e auto venda, a empresa tem obtido resultados acima do

mercado e apresenta interessantes níveis de crescimento anuais

que a convertem num singular, e cada vez mais raro, exemplo de

sucesso, sobretudo ao ter-se em conta o fenómeno de transfe -

rência do consumo de fora para dentro do lar. “A aposta da J.

Baptista,LDA, por defeito de formação, foi sempre na qualidade

do seu serviço e, por esta razão, as recentes alterações no mer -

cado não se fizeram sentir com grande intensidade. Obviamente

que as mesmas aconselham à prudência mas a fragmentação

que constitui este canal é, simultaneamente, uma oportunidade

para crescer neste período. A criação de valor neste negócio está

relacionada não só na venda mas, sobretudo, no serviço que

prestamos ao cliente. Podemos afirmar com orgulho que nestes

dois anos a empresa continua a evoluir na sua carteira de clientes

com uma taxa superior a 15%”, reforça.

Razão pela qual o responsável não descura a possibilidade de

alargar a sua rede de influência a outros destinos de Portugal

Continental, ainda que considere o período actual como objecto

de consolidação da sua actividade, cuja área de influência é a

região envolvente da Grande Lisboa.

EXERCÍCIO

Vontade de crescer que não deixa de estar presente, ainda que o

mercado não se encontre propício a grandes riscos. Desafios ine -

rentes à própria actividade comercial que, por vezes, encerram

em si grandes oportunidades, com o gerente da J.Baptista, LDA.

a analisar com alguma prudência as possibilidades de crescimento

em 2010. O que não significa, naturalmente, que o crescimento

não seja um objectivo natural de qualquer empresa, mas com a

devida conta, peso e medida.

Até porque para José Baptista a “evolução do estilo de vida dos

Portugueses reflecte-se no seu comportamento de consumo no

mercado fora do lar. Os alimentos disponíveis e os novos for -

matos de restauração são o melhor exemplo disso. Hoje temos

um mercado insígnias que oferece vários formatos de restau ra -

ção satisfazendo estes novos comportamentos. Há, no entanto,

Ao assumir uma

especialização no canal

Horeca, este operador viu

a oportunidade de alargar

a sua gama para produtos

snacks e polpas de fruta –

que se juntam à gama de

gelados Nestlé, bem como

as referências de

pastelaria ultracongelada

da Casa dos Profiteroles -,

aproveitando a sua

capacidade de

distribuição em frio

negativo. Operando num

regime de distribuição

misto, pré-venda e auto

venda, a empresa tem

obtido resultados acima

do mercado e apresenta

interessantes níveis de

crescimento anuais

Page 44: Grande Consumo N.º 2/2010

uma clara contracção do consumo mas não do estilo

de vida e dos novos hábitos alimentares. Ao observarmos os

níveis de confiança dos consumidores e conjugarmos com as

recentes notícias divulgadas sobre a situação do País, seria

irresponsável da minha parte esperar crescimentos, antes pelo

contrário. Por esta razão a J.Baptista, LDA. tem vindo a analisar

a opor tu ni dade para novas parcerias. A inovação é um elemento

funda mental para continuar a assegurar a nossa imagem e a

nossa presença no mercado”, aponta.

Sinergias que procuram dar continuidade ao trabalho que tem

vindo a ser desenvolvido ao longo dos últimos dois anos, apesar

de a conjuntura económica não ser a mais favorável ao arranque

de novas empresas. Mas, por vezes, os investimentos feitos em

contra-ciclo, desde que devidamente estruturados, podem ter

uma palavra a dizer em determinados segmentos de mercado,

dinamizando a compra e fomentado o consumo. A distribuição

alimentar não é uma excepção a esse a regra.

Qualidade da oferta, confiança nos parceiros envolvidos e credi -

bilidade são alguns dos “ingredientes” considerados necessários

para qualquer negócio, ainda que no actual contexto do mercado

alimentar a qualidade dos produtos não seja, per si, um garante

de vendas asseguradas, continuando a acção humana a ser um

factor decisivo para a concretização de negócios. “Creio que hoje

em dia a qualidade dos produtos não é, por si só, um factor

decisivo de sucesso. O mercado procura produtos credíveis mas,

sobretudo, parcerias credíveis. A confiança adquirida no parceiro

fornecedor/distribuidor de produtos e soluções resulta de um

conjunto de elementos tais como: qualidade das equipas de

vendas, rigor no atendimento, na entrega e consequente esta bi -

lidade nos fornecimentos”, considera José Baptista. Que destaca

ainda o modelo de negócio adoptado “reconhecido pela Nestlé

Portugal” cuja presença, desde o início, no portfólio desta dis -

tribuidora “apoiou a construção da nossa empresa, com o padrão

qualitativo dos seus produtos a reforçar a nossa própria cultura.

Seria ingrato não referir que a presença das marcas da Nestlé

são, sem dúvida, uma mais-valia para qualquer empresa”,

acrescenta.

Ao ter como factor crítico de sucesso o facto de operar com frota

própria, a J.Baptista, LDA. alia à qualidade dos produtos e à

credibilidade das relações uma rede de distri buição eficaz e

precisa, capaz de respon der em tempo útil às necessidades e

solicitações dos seus clientes. Já o armazenamento a frio é da

respon sa bilidade de um terceiro operador que, até à data, tem-se

reflectido como uma “mais-valia” para a empresa. Ao permitir

concentrar investimentos e competências naquilo que é essencial

para a manutenção e elevação da satisfação dos clientes. “Tem

sido uma constante preocupação para esta empresa o controle

de custos procurando sempre parceiros que nos garantam a

mesma qualidade de serviço com menores custos”, conclui o

gerente da J.Baptista.

Afinal, no “mundo moderno”, as sinergias e a optimização dos

circuitos comerciais e logísticos são condições essenciais para

assegurar competitividade e capacidade de resposta. E há, em

Portugal, um conjunto de novas PME’s que se apresentam

capazes de fazer face aos desafios futuros, reinventando modelos

de negócios ou disponibilizando serviços esquecidos no processo

de massificação do consumo. A J.Baptista, LDA. é um interes -

san te exemplo de que é possível crescer em contra-ciclo.

Ao ter como factor crítico

de sucesso o facto de

operar com frota própria,

a J.Baptista, LDA. alia à

qualidade dos produtos e

à credibilidade das

relações uma rede de

distribuição eficaz e

precisa, capaz de

responder em tempo útil

às necessidades e

solicitações dos seus

clientes. Já o

armazenamento a frio é

da responsabilidade de

um terceiro operador

que, até à data, tem-se

reflectido como uma

“mais-valia” para a

empresa. Ao permitir

concentrar investimentos

e competências naquilo

que é essencial para a

manutenção e elevação

da satisfação dos clientes

REPORTAGEM

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL44

Page 45: Grande Consumo N.º 2/2010
Page 46: Grande Consumo N.º 2/2010

Grandes Quintasapresenta-seCom cerca de 600 hectares, 115 dos

quais de vinha e distribuídos por

cinco quintas, a Casa d´Arrochella

integra-se no naipe de uma nova

geração de produtores de vinho da

Região Demarcada do Douro. O

Grandes Quintas Colheita 2007 e o

Grandes Quintas Reserva 2007 são

dois tintos que chegam agora ao

mercado e que procuram fazer a

diferença, explorando as

potencialidades vitivinícolas únicas

da região duriense.

Proveniente das castas Touriga

Nacional, Tinta Roriz e

Tinta

Amarela o Grandes Quintas Reserva

apresenta cor vermelha rubi, com

densidade e profundidade. Segundo

as notas do enólogo Luís Soares

Duarte tem nariz com carácter

Douro, notas mentoladas e florais de

violetas e estevas, prolongando-se

com anotações de especiarias. Na

boca o ataque é contínuo, sendo o

fim muito elegante.

O Grandes Quintas Colheita 2007

provém das vinhas novas da Quinta

do Cerval, utilizando as castas

Touriga Nacional (60 por cento) e o

Alicante Bouchet. Do Vale de

Canivens vieram a Tinta Amarela,

Tinta Roriz e Touriga Nacional,

resultando num vinho com notas de

fruta e baunilha do estágio em

carvalho francês, com boa

intensidade e persistência.

Já o Grandes Quintas Branco chegará

ao mercado um pouco mais tarde e

irá reforçar, a curto prazo, a gama de

vinhos da Casa d’Arrochella.

Quinta dos CarvalhaisEspumante ReservaRosé 2006 Produzido apenas em anos de

excelência, a colheita de 2006

promete deliciar, seja servido

como aperitivo ou a acompanhar

pratos de carne branca, peixe ou

sobremesas. Produzido

exclusivamente de uvas das castas

Touriga Nacional e Encruzado,

oriundas da Quinta dos Carvalhais, a

propriedade da Sogrape Vinhos na

região do Dão, o Espumante Reserva

Rosé 2006 caracteriza-se por uma

tonalidade rosa salmão e uma

espuma muito fina e persistente. Na

boca revela uma acidez estimulante e

equilibrada, e um final de grande

complexidade e persistência. Por

tudo isto, o enólogo

Manuel Vieira comenta: “Este

espumante merece uma dedicação

de corpo e alma”.

Uma disponibilidade regida pela

elegância e sofistificação para ficar a

conhecer o que de

melhor se produz no

Dão. Herdeira dos

saberes antigos, a

nova colheita de

Quinta dos Carvalhais

Espumante Reserva

Rosé 2006

mantém-se fiel aos

princípios que

desde sempre

regeram a

marca –

Elegância,

Intensidade,

Delicadeza e a

Personalidade

única da Região

do Dão.

Quinta de PancasReserva 2007

O novo Quinta de Pancas

Reserva 2007, produzido

na unidade da Companhia

das Quintas localizada na

região de Alenquer e

assinado pelos enólogos

João Corrêa e Nuno

do Ó, é um tinto que

honra a região de

Lisboa, integrando as

castas Merlot

(60%), Touriga

Nacional (30% e

Cabernet Sauvignon

(10%).

Com fermentação a

temperatura

controlada de 30.ºC

e maceração de um

mês das uvas Touriga e Cabernet,

este vinho estagiou 20 meses em

barricas de carvalho francês,

apresentando um teor alcoólico de

13,4.º.

De cor vermelho profundo opaco, o

Quinta de Pancas Reserva 2007 tem

um aroma complexo com notas de

minerais, especiarias, frutos

vermelhos e leve pano de fundo

floral. Na boca apresenta um grande

corpo e concentração com acidez

marcante e um final persistente,

onde as notas de fruta casam com

algumas nuances de vegetal seco.

Especialmente recomendado para

acompanhar carnes assadas e pratos

de carne, deve ser conservado a

temperatura constante de 15.ºC e

servido à temperatura de 18.ºC.

46

VINHOS

N.º2/2

010 |

MARÇO/

ABRIL

Altas QuintasMensagem deTrincadeira Altas Quintas Mensagem de

Trincadeira 2007 segue o sucesso do

pioneiro “Mensagem de Aragonez” e

é o 2.º monovarietal do conceito

“Mensagem” de Altas Quintas. Sem

ter um perfil padronizado, Mensagem

é um vinho produzido apenas em

anos com castas de qualidade

excepcional. Assim se nota a

diferença do “terroir” único de Altas

Quintas que resulta na forma de

monocastas, mesmo em castas

difíceis como a Trincadeira, que

surpreenderá o mais expert dos

enófilos.

Com uma produção limitada a 3.300

garrafas, Altas Quintas Mensagem de

Trincadeira 2007 é produzido a partir

de uma selecção de uvas da casta

Trincadeira dos melhores blocos das

vinhas de Altas Quintas, obtido após

fermentação em balseiros de

carvalho francês com temperatura

controlada, seguida de um período

de maceração longo. De cor

granada intensa, Altas Quintas

Mensagem Trincadeira 2007

revela um aroma a frutos

silvestres e a notas de pimentos

vermelhos típicos da casta, tudo

mesclado com notas de café fresco,

especiarias e tosta de madeira.

Na boca mostra-se um vinho de

grande profundidade, com uma

frescura marcante e um final

longo.

Para além deste Mensagem de

Trincadeira 2007, Altas

Quintas brinda ainda à

chegada de Altas Quintas

Colheita Tinto 2006, um

vinho que apresenta uma

cor granada e notas de

frutos negros densos e

condensados

mesclados com notas

de chocolate, café e

tosta da madeira. No

seu conjunto mostra

uma frescura típica

do seu “terroir”,

estrutura, elegância e

uma longa e

agradável

persistência.

Page 47: Grande Consumo N.º 2/2010

47

VINHOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Quinta da Dona 2004distinguida A prestigiada revista britânica

Decanter elegeu o Quinta da Dona

2004, da Aliança Vinhos de Portugal,

como um dos 10 melhores néctares

de Portugal. As distinções não ficam

por aqui visto que também a Wine

Detective, Sarah Ahmed, nomeou o

tinto para o Top 50 dos vinhos

portugueses de 2009.

“Só se produz nos melhores anos e

apresenta uma adorável

maturação da Baga, assim como

notas de cereja madura com um

toque mineral”, eis a descrição da

Wine Detective, vencedora do

prémio para a melhor Crítica de

vinhos portugueses do ano de 2009.

Digno representante da Bairrada, o

Quinta da Dona 2004 é

proveniente de uma parcela

com uma excelente exposição

na Quinta da Rigodeira, uma

das propriedades da Aliança

Vinhos de Portugal.

Desenvolvido pelo enólogo

Francisco Antunes,

trata-se de um tinto

equilibrado e bastante

encorpado, de paladar

elegante e com um

final de boca

persistente. De cor rubi

intenso, destaca-se

pelo aroma frutado

com nuances de frutos

vermelhos intensos e

chocolate preto. Ideal

para acompanhar com

carnes de caça.

Visconde de Borba comnovas castas e imagem O vinho Visconde de Borba 2009, do

vitivinicultor Marcolino Sebo, da sub-

região de Borba, Alentejo, apresenta

uma imagem renovada, o que coincide

com a reformulação das suas castas

constituintes, que passam a ser

Aragonês, Trincadeira e Alicante

Bouschet.

Esta renovação decorre de rigorosos

estudos de mercado e corresponde à

vontade de ajustamento ao gosto do

consumidor, que já anteriormente

teve início com a progressiva

introdução de novas castas nas

vinhas e que vai ter continuidade.

Quanto à imagem, pretende-se

marcar, no plano estético, a renovação

do produto, mas sem romper com a

identidade.

O Visconde de Borba tinto 2009,

de 13,5 % vol., tem colheita e

selecção manual de uvas, seguida

de fermentação em cuba de inox

com temperatura controlada e

maceração, a que se segue o

envelhecimento de dois a três

meses em garrafa.

Em nota de prova é um

vinho de cor granada,

aroma fino e elegante onde

sobressaem os frutos

vermelhos e silvestres e

algum floral. Na boca é

macio, redondo e

encorpado, com uma ligeira

acidez a equilibrar o

conjunto. Tem boa

persistência final. Deve ser

servido a uma temperatura

de 16-18ºC e é ideal para

acompanhar grelhados e

carnes vermelhas.

XS Soberanassurpreende crítica Península de Setúbal com raízes

alentejanas, moderno e afirmativo. É

assim o vinho

XS Soberanas 2006. A primeira

colheita deste tinto, uma nova

marca no portfólio das

Soberanas, tem-se revelado um

autêntico sucesso de vendas e

recebidos os melhores elogios.

Lançado no mercado em finais

de 2009, já acumula

excelentes pontuações por

parte da imprensa

especializada. Numa

escala de 20 pontos,

obteve 17 na revista

Wine e 16 na Revista

de Vinhos. Parte agora

à conquista do mercado

externo, com enfoque

no norte-americano e

canadiano.

O XS nasceu com a colheita de 2006,

de vindima manual, e demonstra a

excelência das uvas das Soberanas e

um perfil único. A edição de

estreia assenta num vinho

extremamente equilibrado e de

notável complexidade, com a

qualidade das cinco castas

plantadas nas vinhas do famoso

produtor alentejano (Alicant

Bouschet, Trincadeira, Aragonês,

Alfrocheiro e Tinta Caiada).

Depois de um estágio de seis

meses em barricas de carvalho

francês, estagiou ainda em cubas

de inox e em garrafa, tendo

adquirido uma excelente

complexidade. PVP

recomendado: 8,5€

Adega de Redondoreforçou exportaçãoem 2009 Com mais de dois milhões de garrafas

de vinho exportadas em 2009, a que

corresponde um crescimento de 45%

em relação a 2008, a Adega de

Redondo encerrou o ano como o

segundo maior exportador de vinhos

do Alentejo. Com Angola, Suíça,

Inglaterra, Luxemburgo e EUA a

assumirem-se como mercados

preferenciais, foram, contudo, vinte o

número de países onde foram

consumidas marcas como Porta da

Ravessa, Anta da Serra, Real Lavrador

e Reserva AcR. A exportação

representou 15% das vendas da

Adega de Redondo, que fechou o ano

de 2009 com um volume de

negócios na ordem dos 19 milhões

de euros.

Para o corrente ano, “os objectivos

da Adega de Redondo passam por

ultrapassar a barreira dos três

milhões de garrafas exportadas. É

um objectivo ambicioso, mas em

função da estratégia que estamos a

desenvolver e dos contratos

celebrados, é um número que está ao

nosso alcance”, confidencia João

Vieira de Carvalho, Director-Geral da

ACR.

Com os volumes de exportação a

registarem um crescimento

acumulado de 186% em apenas

cinco anos, João Vieira de Carvalho

não esconde que o segredo do

sucesso reside, “na qualidade e na

consistência dos vinhos que

produzimos, bem como na sua

excelente relação qualidade-preço.

Por outro lado, estes resultados

também resultam do êxito da

política comercial da Adega de

Redondo para os mercados externos

e do excelente trabalho desenvolvido

pelos nossos parceiros nos 20 países

em que estamos presentes”.

Page 48: Grande Consumo N.º 2/2010

A Essência do Vinho voltou a reunir

a produção vinícola nacional que, ao longo de

quatro dias, levou até ao Palácio da Bolsa, no

Porto, 18 mil visitantes. Evento onde a Sogrape Vinhos

marcou presença e do qual faz um balanço positivo,

considerando-o uma peça fundamental para a interacção

entre produtos e consumidores. Rita Vilas-Boas, Directora

de Marketing da Sogrape Vinhos, aborda os principais

pontos da participação na EAV 2010.

TEXTODuarte Cunha

48

VINHOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

“A Sograpeé hoje, e cada vez mais,

uma empresainternacional”

Page 49: Grande Consumo N.º 2/2010

monia de toda a sua gama, os vinhos da Casa Ferreirinha come -

çaram a aparecer ao público com uma apresentação reno vada.

Primeiro foi Esteva, depois Vinha Grande e até Barca Velha...

Hoje acredito plenamente que o objectivo de veicular uma

identidade visual uniforme e de grande qualidade foi conseguida

e a associação de Casa Ferreirinha a vinhos de tradição e

excelência é cada vez maior.

GC - A Sogrape Vinhos tem vindo a optar no mercado

interno pela introdução de algumas variações das suas

principais marcas, estendendo-as a outras regiões sob a

mesma denominação comercial. É mais fácil introduzir

estas novas variantes do que lançar novas marcas? Esta

aposta é valorizada e reconhecida pelo consumidor?

RVB - O mercado de vinhos está repleto de marcas, pelo que o

lançamento de outras deve ser criteriosamente ponderado. O

alargamento da gama Grão Vasco ao Alentejo, Dão e Douro sim -

bolizou, já em 2005, uma nova

abordagem que tem como prin -

cipal missão facilitar a escolha do

consumidor ao juntar três das suas

regiões preferidas sob a mais-valia

de uma marca de quali dade e

confiança estabelecidas. Com mais

de 50 anos de história, com grande

credibilidade e forte notoriedade,

este passo foi um sinal de vitalidade,

sustentada numa qualidade

consistente ao longo dos anos.

Neste contexto, Grão Vasco como

marca multi-regional é uma mais-

valia para o consumidor.

GC - A internacionalização tem sido uma

aposta con sistente da Sogrape Vinhos.

Este crescimento externo traduz um menor interesse pelo

mercado nacional ou somente uma opção estratégica de

ser uma empresa cada vez mais global?

RVB - Já em 1942, a Sogrape foi fundada com a ambição de dar a

conhecer ao mundo e criar notoriedade para os vinhos portu gueses.

Presente em mais de 125 países, com ope rações próprias nos vários

continentes, a Sogrape é hoje, e cada vez mais, uma empresa

internacional. Portugal, a par de outros, integra o con junto de

mercados estra tégicos para a Sogrape Vinhos e respec tivas marcas.

GC - Que peso tem o mercado nacional e as ex por tações,

res pec tivamente, na facturação da empresa?

RVB - Em 2009, o mercado nacional represen tou cerca de 28% do

volume de negócios da Sogrape Vinhos, enquanto o mercado inter -

nacional teve um peso de aproximadamente 72%.

GC - Que novidades prevêem ainda lançar este ano? 2010

será um ano de mais lan ça men tos e reno vada comu nicação

com o mer cado e o con su midor, ou so mente de desen -

volvimento do trabalho feito nos anos ante riores?

RVB - A comunicação com o mercado e o consumidor tem de ser

constante, e 2010 não será excepção. Para este ano pers pectiva-se

a conso lidação dos projectos pre viamente iniciados e, quem sabe,

outros poderão surgir.

49

VINHOS

N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL

Grande Consumo - Que balanço faz da

participação na Essência do Vinho 2010? Em

que medida se revela importante a presença

da Sogrape Vinhos neste tipo de iniciativas?

Rita Vilas-Boas - Enquanto empresa produtora de vinhos líder em

Portugal, a Sogrape Vinhos identifica de forma criteriosa os mo -

mentos chave para comunicar directamente com o consu midor. A

Essência do Vinho, assim como outros eventos onde marcamos

presença com as nossas marcas, são essenciais para comunicarmos,

impactarmos e fidelizarmos consumidores. É o momento em que os

vinhos ganham um rosto e as discussões se promovem em torno da

troca de experiências que fazem do vinho um produto tão especial.

Nesse sentido, a edição de 2010 da Essência do Vinho foi mais um

exemplo disso mesmo. Para além da presença habitual das marcas

com vários vinhos para prova e de uma zona exclusivamente de di -

cada a cocktails, em linha com o que tem vindo a ser feito nos últimos

anos, a Sogrape Vinhos procurou oferecer novas e inte res santes

propostas aos visitantes. Assim, promoveu provas comentadas de

vinhos raros, como a vertical de Casa Ferreirinha Reserva Especial,

um “workshop” de cocktails Porto Ferreira e criou o closet Quinta dos

Carvalhais. Neste contexto, o balanço da nossa participação é ex tre -

mamente positivo, com cada vez mais consumidores e clientes a pro -

cura rem e comprovarem a excelência a que a Sogrape Vinhos os

habituou.

GC - O mercado nacional de vinhos necessita de mais

mostras desta natureza, ou o carácter anual da Essência do

Vinho faz com que seja uma referência incontor nável para

o sector?

RVB - A Essência do Vinho é, de facto, uma referência incon tornável,

mas outros eventos há que também o são. Tudo depen de de forma

como queremos estar presentes e quem queremos atingir.

GC - O perfil de visitante do certame é interessante e

representativo para os expositores?

RVB - Uma vez decidida a participação no evento, qualquer visitante

é importante para a Sogrape Vinhos. Quem nos procura é porque nos

quer conhecer, perceber ou reencontrar. Con su midores, clientes ou até

jornalistas, todos merecem a atenção da equipa da Sogrape Vinhos

na respectiva e correspondente abordagem, comercial ou informativa.

GC - A participação da Sogrape Vinhos nesta edição da feira

contou com a apresentação de alguma novidade? Em que

vinhos, ou segmentos, incidiu a sua presença?

RVB - Como sabe, a Sogrape tem um alargado portfólio com origem

nas principais regiões vitivinícolas portuguesas, mas também na

Argentina, Chile e Nova Zelândia. Para o visitante, a grande vanta -

gem de um evento como a Essência do Vinho passa pela disponi -

bilidade deste conjunto de vinhos, alguns deles raros, e pelo acesso a

novidades, como foi este ano o caso de Offley Rosé ou até de Mateus

Rosé Sparkling.

GC - Como avalia o “resytling” operado na gama de vi nhos

da Casa Ferreirinha? Esta medida atingiu os ob jec tivos

propostos e hoje é mais fácil para o consumidor identificar

toda a gama deste produtor?

RVB - Em 2007, a Sogrape Vinhos entendeu que era o momento

de apresentar ao mercado “a nova imagem da tradição”. Com o

objectivo de rejuvenescer a imagem da marca e consolidar a har -

Page 50: Grande Consumo N.º 2/2010

Estes são alguns dos dados avançados pela

mais recente ferramenta de análise sectorial

criada pela APED que, trimestralmente ao

longo deste ano, irá fornecer informações

úteis que permitam compreender melhor a evolução deste

importante sector de actividade. Que, em 2009, viu as suas

Áreas de Saúde crescer uns impressionantes 35% - ainda

que com uma base de comparação relativamente baixa –

atingindo uma facturação de 28 milhões/€, com um

parque de lojas bastante reduzido quando comparado com

os canais tradicionais de comercialização.

Estes espaços apresentam-se ainda como as lojas mais

baratas deste sector de actividade no que à venda de

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)

concerne, ao ter como preço médio unitário de venda ao

público uma cifra de 5,52€, constituindo “um exemplo caro

para a APED, uma vez que fomos activos precursores da

sua criação, com resultados que vão de encontro às nossas

expectativas a nível do preço e da satisfação do consumi -

dor”, como assume Vicente Dias, Presidente da APED.

Recorde-se que, no ano transacto, abriram 61 novas

parafarmácias da distribuição moderna.

O Barómetro de Vendas APED 2009 determinou ainda

que, em 2009, o volume de vendas agregado do mercado

de retalho alimentar e não alimentar foi de 17.253 mi -

lhões/€, o que corresponde a um decréscimo de -1% das

vendas face ao período homólogo de 2008. Ou seja, este

exercício acabou por terminar melhor do que inicialmente

se chegou a prever em termos de possíveis quebra nos

níveis de consumo, com o mercado de retalho alimentar a

aumentar vendas em 1% e o não-alimentar a cair 4%.

Estes valores representam o comércio moderno e tradi -

cional.

Em termos de segmentação por canais de distribuição, a

preferência dos consumidores vai para os supermercados,

que continuam a liderar com uma quota de mercado de

43,8%. Os restantes formatos (hipermercados, discounters

e lojas tradicionais) obtiveram quedas de quota de mercado

nos produtos alimentares. Para breve, está a divulgação dos

dados referentes ao primeiro trimestre deste ano.

50

A FECHAR

N.º2/201

0 | MARÇ

O/ABRIL

As áreas de saúde das lojas de

distribuição moderna cresceram 35%

em 2009, atingindo os 28 milhões/€

de facturação, o que constituiu a maior

taxa de crescimento deste sector de

actividade. Lojas que se apresentam

ainda como as mais baratas no que à

venda de Medicamentos Não

Sujeitos a Receita Médica diz

respeito, ao apresentar um preço

médio de comercialização de 5,52€.

Dados avançados pelo recém-criado

Barómetro de Vendas APED.

áreas de saúde

35% em 2009cresceram

Page 51: Grande Consumo N.º 2/2010
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