grafia virtual x grafia escolar: o internetês em sala de aula

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DÉBORA REJANE DE JESUS SOUSA GRAFIA VIRTUAL X GRAFIA ESCOLAR: INTERNETÊS EM SALA DE AULA ALTO ARAGUAIA 2009

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Este trabalho apresenta um estudo sobre o uso do Internetês na sala de aula através de uma revisão de literatura. Para tanto, abordaremos a evolução da escrita até chegarmos aos dias atuais, como são construídos e compartilhados os textos na Rede, as ferramentas utilizadas na internet para a comunicação, quais são os tipos de Internetês mais utilizados e, por fim, analisaremos alguns textos em que ele foiempregado. Desta forma, construímos considerações a respeito do tema.

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DÉBORA REJANE DE JESUS SOUSA

GRAFIA VIRTUAL X GRAFIA ESCOLAR: INTERNETÊS EM SALA DE AULA

ALTO ARAGUAIA 2009

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DÉBORA REJANE DE JESUS SOUSA

GRAFIA VIRTUAL X GRAFIA ESCOLAR: INTERNETÊS EM SALA DE AULA

Monografia apresentada como exigência para a conclusão do curso de Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Alto Araguaia – UNEMAT. Orientador: Prof. Dr. Cássia ReginaTomanin Co-orientadora: Esp. Fabiana S. de Andrade.

ALTO ARAGUAIA 2009

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DÉBORA REJANE DE JESUS SOUSA

GRAFIA VIRTUAL X GRAFIA ESCOLAR: INTERNETÊS EM SALA DE AULA

Monografia apresentada como exigência para a conclusão do curso de Licenciatura Plena em Letras do Campus Universitário de Alto Araguaia – UNEMAT. Orientador: Prof. Dr. Cássia Regina Tomanin Co-orientadora: Esp. Fabiana S. de Andrade.

Aprovado em: 26 / 06 / 2009

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Prof. Dra. Cássia Regina Tomanin (Orientadora)

___________________________________________________ Prof. MS. Albano Dalla Pria (Membro)

___________________________________________________ Prof. Sérgio (Membro)

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Dedico a Deus e a meus amigos que, nas horas de necessidade extremas, comportaram-se como verdadeiras mães, protegendo e ajudando o filho em uma selva perdida.

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AGRADECIMENTOS

“Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores.”

Ao meu Senhor Deus todo Poderoso é o meu primeiro agradecimento, por ter me dado

forças, porque nas horas de angústia e tristeza tem me mostrado sempre uma solução

e socorro imediato.

Em especial a minha mãe e meu pai que esteve presente em minha vida

universitária a todo instante por meio de suas orações e lágrimas.

A toda a família que participou me encorajando, tendo paciência e

compreensão nos momentos que precisaram de mim e eu não pude estar presente.

Não posso agradecer em especial somente a uma pessoa, mas posso listar

várias e ainda faltará algumas pessoas, cada uma a seu modo foram especial nessa

revolução de minha vida:

v Cida, a culpada de tudo começar;

v Solange, minha segunda mãe durante todo o curso;

v Fabiana, Leandro, anjos enviados por Deus;

v Meus irmãos, Adilson José de Sousa, Ademilson José de Sousa e Anísio

José de Sousa;

v A minhas cunhadas, cunhado e sobrinhos amados;

v Edineiva Coelho, João Cleito, Flávia, Dircina, José, Jaelma colegas de

classe, incentivadores constantes;

Agradeço também alguns que não estão mais aqui, a minha avó Rita Maria,

minha prima Maria, pessoas muito especiais que viram o começar dessa minha

caminhada, mas que por ordem Divina, não tiveram a oportunidade de ver a minha

vitória. Principalmente, meu irmão Amilton José, que juntamente com todos outros

irmãos, me incentivou, encorajou e possibilitou minha estadia nesta cidade, mais que

infelizmente não teve a oportunidade de participar comigo desta festa.

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“Amo ao Senhor, porque ele ouviu a minha voz e minha súplica. Porque inclinou para mim os seus ouvidos; portanto, invocá-lo-ei enquanto viver.”

Salmos 116, 1 e 2.

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RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo sobre o uso do Internetês na sala de aula através

de uma revisão de literatura. Para tanto, abordaremos a evolução da escrita até

chegarmos aos dias atuais, como são construídos e compartilhados os textos na Rede,

as ferramentas utilizadas na internet para a comunicação, quais são os tipos de

Internetês mais utilizados e, por fim, analisaremos alguns textos em que ele foi

empregado. Desta forma, construimos considerações a respeito do tema.

Palavras-chave: Internetês, Evolução da Escrita, Ferramentas de comunicação,

Hipertexto.

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ABSTRACT

This work presents a study on the use of the Internetês in the classroom through a literature revision. For in such a way, we will approach the evolution of the writing until arriving at the current days, as they are constructed and shared the texts in the Net, the tools used in the Internet for the communication, which are the types of Internetês more used and finally we will analyze some texts where it was used. In such a way, constructing recommendations regarding the subject. Words key: Internetês, Evolution of the Writing, Tools of communication. Hipertext.

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LISTA DE QUADROS

Figura 1 – Surgimento do Emoticon 24 Quadro 1 – Evolução da escrita 14 Quadro 2 – Vantagens e desvantagens do email 19 Quadro 3 - Expressões e abreviações utilizadas por internautas 22 Quadro 4 – Emoticons 25

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO............................................................................................................................11 2 A EVOLUÇÃO DA ESCRITA...................................................................................................13 3 HIPERTEXTO: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA ..................................................................16 4 FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA COMUNICAÇÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS..18 5 USO DO INTERNETÊS NA SALA DE AULA..........................................................................11 6 ANÁLISE DE DADOS...............................................................................................................17 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................19 8 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................20

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1INTRODUÇÃO

As novas tecnologias revolucionaram os meios de comunicação e de

informação da sociedade contemporânea. Os computadores interligados a uma rede

favorecem vários tipos de comunicação, dentre os quais se podem citar o e-mail, as

mensagens deixadas em páginas do Orkut, as conversa on-line no MSN e outros

recursos que envolvem escrita, voz e imagem.

A presente pesquisa teve como foco refletir a respeito da escrita utilizada na

rede Internet e, em um recorte mais específico, investigou-se se esta forma de escrita

tem afetado a grafia dos alunos.

No recorte sobre a modalidade escrita observou-se o modo como os internautas

tratam da língua escrita em ambiente virtual. Os novos modelos acatados refletem uma

conhecida qualidade de todas as línguas: a economia de signos.

O freqüente uso dos meios de entretenimento encontrados na Internet tem feito

com que jovens tragam para a sala de aula a escrita utilizada nestes meios

comunicacionais.

É preciso tomar conhecimento desta linguagem utilizada em Rede, para que os

educadores possam orientar os alunos, de maneira a reconhecer e analisar as

diferenças entre linguagem culta, apreendida na escola e a utilizada na Internet.

A prática de produzir textos é uma atividade solitária, mas, por trás da escritura,

há um universo de vozes e textos que instigam a produção. Assim, o ato da escrita, em

si, é solitário, mas a ação sugere uma intensa prática social que envolve muitos

interlocutores que se influenciam e debatem entre si.

Durante as realizações das práticas curriculares, percebemos que alunos

utilizavam abreviações, em geral encontradas em sites de relacionamentos da internet,

detectando assim essa forma de escrita em diversos textos. Foi através desta

observação que surgiu a curiosidade e vontade de pesquisar a que ponto tal escrita tem

avançado das barreiras do espaço virtual e chegado até a sala de aula.

Sendo uma prática muito recente, a comunicação em Rede e todas as suas

novidades ainda estão sendo pensadas e investigadas por professores e

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pesquisadores. Uns acham que o Internetês é saudável, outros acham nocivo; uns

acham que pode afetar a estrutura da Língua e outros acham que não.

O uso do Internetês se expandiu devido à capacidade e a velocidade de

informação que os estudantes encontram para pesquisas, ou o comerciante para

divulgação de seus produtos ou prestação de contas. Fato esse que se refletiu na

escrita em sala de aula, e se nota com cada vez mais freqüência nas mudanças

apresentadas nos textos escolares, cartas e até mesmo em documentos.

Como o número de usuários da Internet aumenta gradativa e rapidamente,

tornando também cada vez mais necessário seu uso, tanto como meio de comunicação,

como instrumento para aprendizado a tendência de empregar o Internetês é cada vez

maior. Os mais atingidos por essa forma econômica de escrever são os jovens, que na

maioria dos casos ainda são estudantes, o que reflete, ou pode refletir, na escrita em

sala de aula.

Diante do exposto, notamos a necessidade de pesquisar os impactos dessa

linguagem que já extrapolou os limites da rede e chegou às escolas. É, então, preciso

verificar se o constante uso do internetês no ciberespaço pode exigir mudanças no

ensino da Língua. Um curso de Licenciatura em Letras precisa participar deste debate e

produzir conhecimento sobre o assunto, por meio de pesquisas. Este é um dos motivos

pelo qual este tema foi escolhido para esta pesquisa monográfica.

Neste trabalho de pesquisa, pretende-se estudar as fronteiras entre a oralidade e

a escrita, visto que, em ambientes virtuais, as marcas do que “pode e o que não pode”

na comunicação oral e na escrita são cada vez mais parecidas.

Objetiva-se mostrar que está se instaurando uma nova forma de escrita com fins

específicos para a Internet, e que esta escrita tem sido utilizada em outro contexto: a

sala de aula. Para isso, mostraremos através da revisão de literatura e de textos

produzidos pelos alunos durante o Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa.

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2 A EVOLUÇÃO DA ESCRITA

Desde os primórdios da civilização, a humanidade procurou transmitir as

informações que estavam ao seu redor. Observando a história da invenção da escrita,

percebe-se que o homem começou a escrever com dois objetivos primordiais: primeiro,

a necessidade de evoluir o tipo de comunicação, ou seja, a escrita foi, no princípio,

apenas o fruto natural do desenvolvimento da fala; e segundo, registrar e propagar o

conhecimento adquirido com suas experiências e expressar seus sentimentos.

Higounet (2003, p.10) menciona que as primeiras manifestações da escrita foram para

“[...] apreender o pensamento e fazê-lo atravessar o espaço e o tempo”.

As primeiras comunicações escritas, foram feitas a partir de desenhos em

cavernas, sinais gráficos e signos que expressavam frases, pensamentos e feitos

heróicos. A necessidade de aumentar estes signos, apareceram justamente porque

muitas vezes essas frases não completavam por total o sentido que buscavam. A

enciclopédia Barsa apresenta que “a evolução que deu origem à escrita foi a idéia de

evocar idéia ou pensamentos por meio de um signo que representasse uma só e

determinada palavra” (ESCRITA, 2002, p. 480).

Estudos mostram que o primeiro registro histórico da escrita foram encontrados

na Mesopotâmia, a escrita Ideográfica, utilizando símbolos gráficos criados para

representar idéias num contexto geral. Outro achado da escrita de grande importância

para a que conhecemos hoje é a escrita Pictográfica, esta consistia em desenhos,

símbolos, representando a realidade vivida no momento.

Até chegarmos à escrita tal como conhecemos, houve grande evolução na

civilização de diferentes povos (Mesopotâmia, Eufrates, Egípcios) e em seus registros

gráficos; longos caminhos foram traçados e muitas mudanças ocorreram até o

surgimento do alfabeto.

No quadro abaixo podemos observar como tem sido a evolução da Escrita com

o passar dos tempos:

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Quadro 1 - Evolução da escrita

Período Descrição 4.000 a.C. Escrita em 4.000 a.C. na região da Mesopotâmia,

registrou os primeiros sistemas lineares, o alfabeto Pictográfico.

3250 e 1950 a.C Têm-se os primeiros registros da escrita Cuneiforme, as gravuras em tábuas de argila.

3.200 a.C É desta época a escrita Hieroglífica, encontrada junto com os primeiros achados na civilização egípcia.

3000 e 146 a.C.

Neste período surge o Alfabeto Latino, criado pelos Fenícios e com modificações advindas dos gregos.

1600 a.C. É no primeiro Reino Dinástico Chinês que é inventado o papel e a partir disto, desenvolvido a escrita com Ideogramas.

Fonte: Adaptado de Carabajal (2009, p.1).

Pelo Quadro 1 percebe-se que de tempos em tempos a escrita sofreu

transformações advindas da diversificação dos povos e seus meios de comunicar-se,

demarcando uma nova Era de transmissão dos saberes, permitindo a expansão do

conhecimento a outras culturas.

Através da escrita possibilitou-se a divulgação de todos os tipos de

conhecimentos, os quais antes só podiam ser passados oralmente, sendo perdidos,

aumentados, ou ainda ter diminuído sua importância com o passar dos tempos. A partir

da escrita, puderam-se armazenar por escrito culturas, registros históricos, fatos

corriqueiros do dia a dia, e tudo quanto possa se imaginar.

Durante os séculos a escrita tem passado por diversas fases e grandes

transformações, como foi enfatizado anteriormente. Neste momento da História,

notamos a cultura letrada novamente em transformação, ao percebermos que da

Escrita Linear, escrita em livros, evoluímos para escrita na utilização do ciberespaço,

conhecido e divulgado na Rede Internet. Não são apenas inovações tecnológicas, é a

nova forma global de se escrever: o hipertexto, nova forma de se escrever, de ler,

empreender e difundir conhecimentos, que tem tomado espaço em nosso mundo real.

Atualmente, é possível perceber nas atividades cotidianas de sala de aula o

quanto tais modificações têm impactado com a escrita e regras utilizadas na Língua

Portuguesa. Os novos meios comunicacionais proporcionam aos alunos, a

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possibilidade de mesclarem informações vindas do ambiente educacional, com as

obtidas nas suas relações interpessoais o que acaba refletindo na sua produção escrita.

A escrita procedente da Internet tem gerado novas formas de produção de

textuais, devido a grande utilização desta ferramenta. Os jovens transportam o tipo de

grafia utilizada na Rede virtual para a sala de aula através de expressões, frases,

imagens, abreviações e marcas que representam a simulação da língua falada.

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3 HIPERTEXTO: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA

A Internet que conhecemos hoje se originou na década de 50 e 60, criada pelo

governo americano no intuito de tornar a comunicação mais rápida entre os centros

militares. Na década posterior a utilização desta tecnologia se popularizou, inclusive

internacionalmente, através do uso por algumas universidades da Inglaterra, Noruega,

e Estados Unidos.

No Brasil, a chegada da Internet aconteceu a partir de 1992, com a finalidade

de interligar centros de pesquisas do país com universidades e em 1995 propagou-se

como objeto de uso para toda população.

Segundo Tajra (1999) a Internet tem como características principais:

Não possui um dono, não pertence a nenhum governo; [...] Mesmo que o computador esteja desligado ou quebrado a Internet continua funcionando; Computadores com diferentes configurações de hardware e de sofware conseguem se comunicar. (TAJRA, 1999, p. 6)

Dessa forma, fica claro que a Internet foi desenvolvida para ser uma tecnologia

de Rede que compartilhasse informações militares (CAPRON; JOHNSON, 2006) e com

sua evolução passou a ser uma Rede de comunicação global, aperfeiçoando-se

diariamente. Contudo, a Internet popularizou-se ao transformar-se em uma tecnologia

de integração, na qual se podem encontrar lojas virtuais, divulgação comercial, meios

de comunicação e principalmente o entretenimento, entre outros.

É no world wide web, ou simplesmente www, que os computadores se

interligam por meio de site ou páginas virtuais, os chamados hipertexto. A palavra

hipertexto foi referida pela primeira vez por Ted Nelson em 1995, desde então diversos

autores tem estudado e difundido vários conceitos, tais como:

v Tajra (1999, p.21) define como “conjunto de vários links interligados”;

v Andrade (2005, p.16) descreve como “um texto na tela unido a outros textos por

meio de anexos que o leitor ativa à vontade, passando livremente de um

fragmento a outro”.

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v Bugay e Ulbvicht (2000, p.45) mencionam “o hipertexto destinado a pesquisa de

informação é uma ferramenta pedagógica extremamente flexível e tem um papel

formador muito importante, pois obriga o usuário a se concentrar em um

determinado objetivo.”

v Bayron (1995, p.142) considera que, os hipertextos são manifestações

tecnológicas que dependem da iniciativa, invenção e relação dialógica de seu

usuário.

Essa ligação entre texto estando conectado a Rede, possibilita transmitir desde

palavras a imagens e sons promovendo a interação entre diferentes máquinas com o

usuário. O que de fato o difere de um texto comum, é que o hipertexto possibilita ao

leitor saltar de um texto para outro com maior facilidade, podendo observar diversos

textos e correlacioná-los.

Assim, nota-se que o hipertexto veio para acrescentar no que diz respeito à

produção textual, possibilitando agregar e ao mesmo tempo propagar informações,

ampliando o sentido do texto dentro da Internet.

O hipertexto trouxe ao mundo das comunicações um novo método de escrita,

possibilitando saltar e ao mesmo tempo retomar de um ponto a outro, fornecendo

conhecimento e ligando o mesmo a outros já adquiridos.

Estamos habituados ao processo de leitura e escrita em livros impressos,

porém a o uso constante da Internet tem evoluído este tipo de escrita para a

digitalizada, dando uma maior mobilização e interação entre o leitor e a escrita. Essa

integração tem facilitado o desenvolvimento de uma nova linguagem utilizada na Rede,

incorporando de maneira quase que imperceptível em nossa escrita habitual, novos

meios de comunicação e de expressar emoções. Para Andrade (2005, p.17) “O suporte

material determina o modo como escrevemos e também nossa atitude como leitões

dessa construção textual”.

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4 FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA COMUNICAÇÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS

Com a chegada da Internet e das novas tecnologias, foi possível a digitalização

de fotografias, partituras, mapas até chegarmos ao letramento digital. Este último se

tornou mais evidente a partir dos blogs, chats, e-mail e outros, que segundo Marcuschi

(2004, p. 64) representam “estratégias” da língua falada.

3.1. Blog

Komesu (2004) o blog foi criado em agosto de 1999,

concebido como um espaço em que o escrevente pode expressar o que quiser na atividade da (sua) escrita, com a escolha de imagens e de sons que compõem o todo do texto [...] possibilita ao escrevente a rápida atualização das páginas pessoais. (KOMESU 2004, p.113)

Podemos observar o número crescente das pessoas que fazem uso desta

ferramenta, em sua grande maioria adolescentes e jovens. Os blogs são abrangem

assuntos diversos, como publicação de receitas culinárias, poesias, notícias,

fotografias, como forma de diário on-line e outras; pessoas criam blogs para outras

possam ver e participarem de suas vidas e para interagirem em assuntos comuns.

3.2. E-mail

Outra ferramenta muito utilizada na Internet é o e-mail, tem a finalidade de

principal o correio digital, pode-se armazenar e troca de correspondências de textos,

arquivos pessoais como fotos, vídeos, músicas e documentações em geral, é também

utilizado em empresas para fins comerciais.

Pessoas de diferentes meios e idades fazem uso desta tecnologia, Paiva (2004)

ressalta que:

[...] o autor, ou produtor do e-mail, é uma persona de curto prazo (orientador, cliente, amigo, coordenador, colega, subordinado, etc) que interage com outros usuários, também personas de curto prazo

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(orientando, profissional, subordinado, colega, chefe, etc) com objetivos semelhantes, através da mediação de um artefato cultual eletrônico. PAIVA (2004, p.78)

O e-mail pode ser utilizado de maneira privada ou gratuita, das duas maneiras

ele oferece ao usuário um local em que se podem visualizar todas as correspondências

recebidas, chamada caixa de entrada, identificando o tamanho do conteúdo, o

remetente e data enviada. Possibilita ainda, o reenvio da mesma mensagem, através

do encaminhamento, trocando apenas o endereço virtual, para o novo endereço de

quem irá receber. Paiva (2004) ressalta ainda que:

[...] Entendo que o meio de transmissão de mensagens eletrônicas e-mail gerou um novo gênero textual, também denominado e-mail que gera textos diversos que se distinguem dos demais textos (anúncios, cartas, etc) também transmitidos eletronicamente. (PAIVA 2004, p.76)

Entre os jovens o e-mail é utilizado como meio de entretenimento. No quadro

(sic) apresentado por Paiva (2004), observamos algumas vantagens e desvantagens do

e-mail:

Quadro 2 – Vantagens e desvantagens do e-mail

Vantagens Desvantagens

Velocidade na transmissão. Assincronia. Baixo custo. Uma mesma mensagem pode ser enviada para o mundo inteiro. A mensagem pode ser arquivada, impressa, re-encaminhada, copiada, re-usada. As mensagens podem, geralmente, ser lidas na web, ou baixadas através de um software. Arquivos em formatos diversos podem ser anexados. Facilita a colaboração, discussão, e a criação de comunidades discursivas.

Dependência de provedoras de acesso. Expectativa de feedback imediato. Acesso discado ainda é muito caro. O e-mail pode ir para o endereço errado, ser copiada, alterada. Há excesso de mensagens irrelevantes. Mensagens indesejadas circulam livremente. Problemas de incompatibilidade de software pode dificultar ou impedir a leitura. Arquivos anexados podem bloquear a transmissão de outras mensagens ou,

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O usuário é facilmente contatado.

ainda conter vírus. Arquivamento ocupa espaço em disco, gerando lentidão da máquina. O receptor pode ser involuntariamente incluído em fora e malas diretas. Há uma certa invasão de privacidade.

Fonte: Retirado de Paiva (2004, p.73)

Esta ferramenta tem sido muito utilizada no meio virtual, por apresentar grandes

facilidades em armazenamento e compartilhamento de arquivos, porém alguns

beneficiários desta tecnologia ainda têm muitas reclamações do serviço oferecido.

Segundo Paiva (2004), a velocidade ainda prevalece como o maior ponto de vantagem,

mas, os provedores podem prejudicar a velocidade na transmissão dos e-mails, podem

ainda congestionar a caixa de entrada, e perturbar o usuário. Outra desvantagem de

relevância é o feedback imediato, porque nem todos querem responder quando lêem e

assim constrange e inibe a quem enviou a mensagem por não ter um retorno imediato

como pretendia.

São inúmeras as desvantagem quando pensamos que o e-mail foi enviado ao

endereço errado, ou a mensagem foi repetida, devido a possibilidade do mesmo texto

ser enviado e reenviado a diversos endereços eletrônicos ao mesmo tempo. É

imprescindível que o usuário saiba para que serve cada ferramenta tecnológica que vai

manusear, para que tais desvantagens mencionadas não ocorram durante o envio do e-

mail.

3.3 Chat

O chat pode ser definido como um ambiente virtual, em que há conversações

em tempo real, ali as pessoas se reúnem para conversarem simultaneamente sobre

assuntos diversificados. No chat temos indivíduos de toda e qualquer parte que estão

ligados através da internet.

Sua definição é estabelecida por vários autores através de conceitos muito

semelhantes, variando algumas vezes apenas sua função:

v Chat – conversa informal, 'bate-papo'. Forma eletrônica de diálogo ou bate-papo

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via internet ou BBS que se processa em tempo real.

v Chat Room – sala de 'bate- papo'. Um lugar na internet, como uma 'sala', onde

as pessoas vão 'bater papo'. (TAJRA, 1999);

É uma das maneiras de efetuar comunicação na internet. Ela ocorre de forma instantânea entre o emissor e o receptor; [...] esse serviço, geralmente, é oferecido pelos provedores de internet, os quais disponibilizam nas suas paginas bárias salas com temas diversos, tais como: esporte, paquera, sexo, mais de trinta, etc. (TAJRA, 2001, p. 149)

Desta forma, observamos que a internet tem sido de fundamenta importância

para a comunicação na sociedade atual. Santos (2008, p.3) ressalta que “É claro que a

Internet serve para muitas outras funcionalidades, mas a comunicação é a principal

característica de todos os recursos da rede [...]”. SANTOS (2008, p.3).

3.4 Lista de discussão

Essa é uma ferramenta bastante simples. É a associação de um grupo de

pessoas em torno de uma idéia em comum, com temas bem definidos. Em geral os

participantes são acadêmicos, grupos de impressas, professores e até donas de casa.

O requisito básico para se fazer parte desta associação é cada integrante possuir um e-

mail para disponibilizar as correspondências e ter interesse no mesmo assunto.

Segundo Marcuschi (2004), em uma lista de discussão os interesses “não são definidas

pelo número de participantes e sim pela natureza da participação e identidade do

participante”. MARCUSCHI (2004, p.58)

3.5 Fórum eletrônico

O Fórum eletrônico é uma página permanente na internet, onde se possibilita

aos integrantes trocar mensagens mesmo não estando conectados a um correio

eletrônico. É permitido também que as mensagens sejam arquivadas e lidas no

momento que o participante achar necessário.

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5 USO DO INTERNETÊS NA SALA DE AULA

A Internet cada vez mais vem sendo empregada como meio de comunicação, e

na busca constante de aproximar as fronteiras da oralidade com a escrita em ambientes

virtuais, os jovens tem se empenhado, entre outras coisas, para que essa comunicação

seja mais semelhante o possível da linguagem oral. Desta forma surge o Internetês,

possibilitando a partir de pequenos símbolos ou agregações de consoantes, que

internautas identifiquem frases inteiras, palavras, expressões faciais e até emoções

através da tela do computador.

O Internetês foi desenvolvido por internautas que fazem uso da Internet por

longas horas, em busca de entretenimento sem sair de casa e desconectar-se, esse é

um rápido e simplificado meio para comunicarem entre si nos sites de relacionamentos,

como se estivesse em tempo real e a máquina não fosse um empecilho para a fala.

O quadro abaixo foi montado para que se visualize algumas das abreviações

mais utilizadas pelos internautas, mostrando como muitas vezes são variadas as formas

de escrever, e chamar a atenção com uma única palavra.

Quadro 3 - Expressões e abreviações utilizadas por internautas

Norma culta Internetês Você vc, v Porque Pq Beijocas bjkas Beijo bj Thau Xau Acho Axu Quando qndo, qnd Onde Ond Tudo bom Tdb Beleza Blz Se C Valeu Vlw Cadê você? Cd vc? Mais + É Eh Comigo Cmg Também Tb

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Teclar Tc Firmeza Fmz Não naum, n Casa kasa, ksa Risos rsrsrs, kkkk Nada Nd Demais D+ Legal Lg Como Cm O quê? o q? Fim de semana Fd Quais as novidades? qs as 9da10?

Com a exemplificação destes, podemos notar que, ao executar o Internetês,

vogais são suprimidas, palavras são escritas em caixa alta para indicar espanto ou

admiração, tudo para que as palavras fiquem o mais perto o possível da língua falada.

Outra conseqüência da expansão do uso do Internetês foi sua variação1, mas

usando o mesmo sentido com economia das letras. O que é explicado por Santos

(2008) que afirma “existe na Internet a liberdade para simplificar as palavras e até criar

outras novas, porque esse tipo específico de linguagem reproduz a linguagem oral, o

português não-padrão” (SANTOS, 2008, p. 3).

Dentre as formas mais encontradas podemos notar: o Miguxês, Lol, Acrónismos

e Emoticons (Smiles).

a) Miguxês

Em que os adolescentes trocam algumas letras por “x”, para que as palavras

tenham sentidos mais carinhosos, com tom meloso ou ainda infantil, como no exemplo:

“voxeh q um doxinho?”.

1 O Internetês não possui variação no sentido lingüístico, por não constituir uma linguagem. No entanto, neste trabalho usamos a palavra variação para exemplificar que o Internetês evoluiu para outras formas.

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b) Lol

É outra forma do Internetês criado por americanos, usado em sites como yahoo,

MSN e jogos para representar risos e expressões em inglês. Expressando sons de

risos.

c) Acrónimos

Os são usados como abreviações de expressões em inglês, são palavras

formadas por iniciais de uma frase, consideradas siglas e também consideradas uma

forma do Internetês.

d) Emoticons ou Smile

Em 1982 surgiu o primeiro smile para identificar um sorriso, reproduzido em um

post do professor Scott Fahlman, da Carnegie Mellon University.

Figura 1 – Surgimento do Emoticon

Fonte: IDG NOW, 2007.

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Com sua criação, os smiles passaram a ser usados como uma forma de

expressar sentimentos e ações, em forma de imagem. Pode-se defini-los como

caracteres que agrupados e alinhados imitam a expressão facial, para que as

mensagens possam chamar mais as atenções daqueles que as vêem.

O Quadro 4 demonstra os mais utilizados no mundo virtual para demonstrar as

emoções reais.

Quadro 4 - Emoticons

Norma culta Emoticons

Pessoa com o cabelo enrolado &:-)

Com vergonha ou tímido X-)

Estou feliz :-)

Estou feliz e de óculos B-)

Triste ou com raiva :-(

Estou gargalhando :-))))

Você fez perguntas bobas <:-)

Mensagem de partir o coração (:-...

Estou perplexa :-/

Estou impressionada :-0

Dando língua :-P

De boné d:-)

De boné, dando língua d:-P

Estou muito triste (:-(

Mandando beijo :-x

Mandando beijo (:-x

Rindo :-D

De madrugada |-(

Chorando :'-(

Oh,não!! :-o

Abraços []'s

Zangado :-||

Careca (:-)

Feliz :-)

Triste :-(

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15

Batman B-)

Barbudo :-)>

Espancado %+(

Olho roxo ?-)

Gravata borboleta :-)X

Óculos quebrados R-)

Nariz quebrado :^)

Sobrancelhas espessas |:-)

Chinês <|-)

Vaca 3:-)

Santo O:-)

Falando :-V

Chorando :'-(

Usuário de óculos ::-)

Fonte: (GRESPAN, 1998, p.6)

Desta forma, devemos observar em que circunstância se pode empregar cada

expressão textual, e o lugar específico para que a mesma aconteça, evitando assim

equívocos quanto ao uso da escrita.

Alguns professores e pesquisadores em Língua Portuguesa, afirmam que

linguisticamente o Internetês não oferece risco ao ensino de Língua Portuguesa. No

texto publicado pelo jornal A tribuno do dia 30 de maio de 2005 a professora Bittencourt

(apud, Malzone, 2005), comenta que o esta forma de grafia tem a mesma característica

da Estenografia, uma escrita simplificada, para aproveitar melhor o tempo e o espaço. A

Estenografia só era utilizada em situações especificas, assim como a linguagem usada

na internet.

Educadores que já enfrentam nos textos dos alunos problemas, como os de

coerência e coesão, marcas de oralidade, agora se vêem diante a essa nova marca de

uma linguagem típica do meio computacional, o Internetês.

Essa novidade tem causado grande inquietação aos professores, não só da

Língua Portuguesa, mas a todo meio docente. Ao considerarmos a produção de textos

dos alunos, Brito (apud, MALZONE, 2005) diz se uma construção marcada por

particularidades do indivíduo. A solução encontrada por Bittencourt (apud, MALZONE,

2005), para barrar o uso do Internetês é ter bom sendo e impor limites aos usuários.

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Na sala de aula há posicionamentos contra e a favor. Os professores que se

posicionam contrários, afirmam que este tipo de escrita é apenas comodismo, vício pelo

uso freqüente. Outros consideram um desrespeito a regras da Língua Portuguesa.

Carneiro (2002) orienta que “Nesse ambiente da Internet, diversas informações,

vindas das mais variadas fontes, nem sempre confiáveis também são jogadas a todo

momento dentro da rede” (CARNEIRO, 2002, p. 45) Assim, é preciso estar atento às

mudanças advindas da Internet dentro e fora do contexto escolar, da mesma forma que

devemos destacar a importância de manipular a linguagem em contextos, espaço, lugar

e tempos diversos.

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6 ANÁLISE DE DADOS

Neste seção, analisam-se os trechos de alguns textos manuscritos por alunos

do Ensino Médio e Ensino Fundamental, recolhidos em aulas de Estágio

Supervisionado de Língua Portuguesa, no ano de 2009.

Inicialmente pretendeu-se estudar a nova forma de escrita oriunda do ambiente

virtual, o Internetês, por meio do estudo dos períodos observados. Conforme as

análises foram sendo desenvolvidas sentiu-se a necessidade de inserir uma

contextualização teórica.

Apresenta-se uma análise composta por quatro textos que trazem variações

mais freqüentes do Internetês:

A) Texto 1: “[...] qndo eu percebi eu já tava no chão. [...] q triste, era só um

sonho [...]”.

Neste exemplo foram detectados dois Internetês, “qndo” e ”q”. Houve a

subtração do encontro vocálico ”ua” abreviando a palavra, mas mantendo o sentido, da

mesma forma aconteceu com a conjunção “que” onde o aluno excluiu “ue“ para a

formação da conjunção “que”.

Observa-se que mesmo com essa “reestruturação da escrita” a leitura é de fácil

entendimento e não prejudica a interpretação do texto. Isso porque tanto leitor e escritor

possuem o mesmo “mundo textual”, ou seja, conhecem o significado do termo e tem um

conhecimento partilhado (PRESTES, 2000).

Kloch e Travaglia (2000) explicam ainda que:

O estabelecimento do sentido de um texto depende em grande parte do conhecimento de mundo dos seus usuários, porque é só este conhecimento que vai permitir a realização de processos cruciais para a compreensão[...] (KOCH e TRAVAGLIA, 2000, p. 60)

B) Texto 2: [...] Vc se esqueceu do churrasco [...]”.

Observamos pelo exemplo acima que o Internetês “vc” nada mais é que a

continuação da seqüência da queda da vogal, já utilizada em vários outros Internetês.

Observamos ainda, que a palavra “você” é originaria de um processo de

redução, passando dentre outros por, “vosmercê” > ”você” > "cê" nos dias atuais, em

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que Landsmann (1998) menciona: “nosso conhecimento não é desenvolvido apenas

pela incorporação de dados novos, mas também pela possibilidade de organizar,

reelaborar um conhecimento que já possuímos” (LANDSMANN, 1998, p. 55)

Concomitante/e ao processo de redução fonética e conseqüente/e alteração na

escrita, o pronome “você” sofre também uma alteração de referência , ou seja, deixa de

indicar a terceira pessoa e passa a indicar a segunda pessoa do discuso.

C) Texto 3: “[...] tudo isso pq Tereza queria uma liberdade [...]”.

Neste caso a conjunção subordinada “porque” foi reduzida a “pq”, no mesmo

objetivo das demais, visando a necessidade de rapidez entre as conversações. Foram

excluídos vogais e a consoante “r”.

D) Texto 4: “[...] estava ao meu lado ao levantar um beijo eu tdei”. Durante a

construção da frase apresentada houve na preposição a subtração da vogal (e) e ao

mesmo tempo a agregação de duas consoantes (td) formando a palavra “tdei”. Notamos

aqui uma das características do Internetês, a necessidade do de economizar tempo.

É necessário que percebamos que o Internetês é uma linguagem em estudo.

Embora grande número de pessoas em determinadas comunidades conheçam, não o

podemos utilizá-la de forma indiscriminada. Assim, é necessário que educadores

instruam o aluno a respeito das variadas formas de linguagens, para que possam usá-

las de maneira adequada.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante os estudos realizados a respeito do Internetês, percebe-se que são

diversas as opiniões dos estudiosos quanto ao uso dessa forma de escrita em sala de

aula. Nota-se também que dentre estes não há concordância em relação ao quanto

pode ser nocivo ou não ao ensino da Língua Portuguesa.

É preciso priorizar nos alunos a competência de distinguir dentre a diversidade

textual, o que deve ou não ser usado. Faraco (2005) menciona que “saber escrever de

duas maneiras pode ser melhor do que escrever de uma só. Mas a competência se

revela mesmo no uso adequado de cada sistema em seus respectivos contextos”

(FARACO, 2005, p. 2)

Sabe-se que o conhecimento e a aprendizagem são contínuos e inovações

sempre ocorrem. Para que não ocorra nos textos formais o Internetês, os professores

devem orientar os alunos quanto essa nova forma de escrita, e em que ambiente é

permitido usar.

Para que se possa modificar a situação assistida nas escolas é preciso promover

debates, desenvolver ações, que aproximem os educadores e alunos, dessa novidade

virtual que invade o meio escolar. As conclusões verificadas com a pesquisa permitem

a sugestão de algumas pospostas como:

· Gerar discussões entre os docentes de cada instituição, a fim de que se

integrem ao assunto e possam planejar maneiras para melhor orientar os

alunos.

· Promover debates do Internetês em sala de aula.

· Conscientizar os alunos que o Internetês é apropriado para escrita virtual,

cabendo à sala de aula a escrita formal.

· Propiciar a oportunidade dos alunos produzirem textos utilizando as duas

formas de escrita, mostrando assim a diferença entre elas.

É importante ao educador estar sempre procurando ampliar seus conhecimentos,

para diante de inovações, como o Internetês, ele possa verificar o grau de importância

do acontecimento e transformá-lo em aprendizado para o aluno.

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8 REFERÊNCIAS

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