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PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS- DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
FICHA PARA CATÁLOGO - PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Educação para as relações étnicos raciais no contexto dos discursos anti-racistas: limites e impasses dos movimentos sociais negros no Brasil.
Autor: Adelaide Serra de Oliveira
Esc. de Atuação Colégio Estadual Monteiro Lobato – Ensino fundamental e Médio
Mun. da Escola Umuarama
N. R. Educação Umuarama
Orientador Prof. Drª Luciana Regina Pomari
I. Ens. Superior IES: Unespar – Campus Paranavaí
Disciplina/Área História
Prod. Didático-Pedagógica
Unidade Didática
R. Interdisciplinar
Geografia,educação Física
Público Alvo Alunos da 8ª série do Ensino Fundamental
Localização Colégio Estadual Monteiro Lobato – Ensino Fundamental e Médio – Umuarama - PR
Apresentação
A igualdade de tratamento e de oportunidades a todos os cidadãos brasileiros é prevista na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 como um princípio jurídico norteador das relações entre todos os cidadãos brasileiros. No que se refere ao contingente negro da população brasileira, esses cidadãos foram vítimas de abusos e opressões decorrentes da escravidão. Atualmente, por consequência, a maioria da população negra tem se apresentado em condições socioeconômicas menos favorecidas em diferenciados âmbitos da sociedade brasileira. A Lei 10.639/03 oferece a oportunidade para a construção de uma metodologia objetiva e eficiente para o ensino de História da África e a cultura afro-brasileira. Dessa forma, a história da África deverá ser abordada no mesmo nível de aprofundamento com que os outros continentes tenham sido estudado no Brasil, o racismo ainda é insistentemente negado no discurso brasileiro, mas se mantém presente nos sistemas de valores que regem o comportamento da nossa sociedade, expressando-se através das mais diversas práticas sociais”
Assim, é importante pensar em uma prática pedagógica inovadora no ensino de História, capaz de estimular os alunos e professores a novas formas de pensar, sentir e agir, ampliando a leitura de mundo dos educando, possibilitando-lhes ações críticas e transformadoras, sobretudo, ao tratar das questões relativas à discriminação e preconceito racial na escola.
Palavras-Chave (3 a 5 palavras)
Multiculturalismo, Pluralidade, Anti-racismo.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3
2 ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A CULTURA AFRO-DESCENDENTE ................................................................................................. 5
3 PROPOSTAS DE ATIVIDADES: DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA ...................................................... 18
3.1 UNIDADE - VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA DA CULTURA AFRO-
DESCENDENTE ............................................................................................... 19
3.2 UNIDADE - DEBATENDO SOBRE PRECONCEITO E
DISCRIMINAÇÃO RACIAL .......................................................................... 22
3.3 UNIDADE - CONSCIÊNCIA NEGRA.................................................... 26
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 29
3
1 INTRODUÇÃO
Em busca de compreensão para a resolução de problemas que advém da prática
pedagógica não focada na educação para as relações étnico-raciais, os docentes
precisam reestruturar seus conhecimentos para levar aos alunos que o continente
africano tem história rica e complexa. Os africanos e seus descendentes
espalhados pelo mundo devido à Diáspora, fora de seu continente de origem
passaram a fazer parte na construção econômica, social e cultural dos várias nações
do continente americano e entre eles o Brasil.
A Lei 10.639/03 oferece a oportunidade para a construção de uma
metodologia objetiva e eficiente para o ensino de História da África e a cultura afro-
brasileira. Dessa forma, a história da África deverá ser abordada no mesmo nível de
profundidade com que os outros continentes têm estudado.
A inclusão de conteúdos diferenciados deixa clara a necessidade do
desenvolvimento de ações na escola que leve os escolares a repensarem as suas
relações de convivência. A reflexão favorece a adoção, pelos professores de
História, de um referencial pedagógico baseados em estudos da historia da África de
forma crítica e reflexiva, desconstruindo e eliminando os estereótipos e
representações preconceituosas construídos sobre os africanos e seus
descendentes.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica – DCEs Paraná (2008)
apontam a importância de desenvolver um trabalho pedagógico voltado à
diversidade, compreendendo uma possibilidade real de construção identitária, de
reconhecimento das contribuições dos diferentes grupos humanos à Constituição
Nacional, para o enfrentamento às mais diferente formas de violência. Nesse âmbito,
de forma ampla, merecem destaque o preconceito, a discriminação e,
particularmente, o racismo, sem que sejam abandonados os desafios antigos que
permanecerão na pauta da superação da comunidade escolar.
Consideramos que a escola não é neutra. Nesse sentido, é capaz de
reproduzir a discriminação e preconceito racial de várias formas, mas também é
apropriada para colaborar com uma convivência pacífica, mediante uma cultura
atenta à diversidade. Segundo Gomes (2005), “[...] no Brasil, o racismo ainda é
insistentemente negado no discurso brasileiro, mas se mantém presente nos
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sistemas de valores que regem o comportamento da nossa sociedade, expressando-
se através das mais diversas práticas sociais”.
Assim, é importante pensar em uma prática pedagógica inovadora no ensino
de História, capaz de estimular os alunos e professores a pensar em novas formas
de sentir e agir, ampliando a leitura de mundo dos educandos, possibilitando-lhes
ações críticas e transformadoras, sobretudo, ao tratar das questões relativas à
discriminação e preconceito racial na escola.
Nas salas de aula, a população afro-descendente não pode ser lembrada
somente no que tange à problemática da escravidão do negro, minimizando a sua
importância para a cultura brasileira. O Art. 8º da Deliberação 04/06 declara que
cada unidade escola/instituição precisa compor uma equipe muldisciplinar incumbida
de orientar o desenvolvimento de ações efetivas sobre a cultura afro descendente,
ao longo do período letivo e não apenas em datas festivas, pontuais, deslocadas do
cotidiano da escola (PARANÁ, 2006).
A formação das equipes disciplinares revela que, após seis anos do
estabelecimento legal, ainda é evidente a necessidade de desenvolvimento e
apropriação de metodologias alternativas que vincule os conteúdos escolares à
curiosidade e interesse dos escolares. Para Silva (2005, p. 21) é preciso “conhecer
para entender, respeitar para integrar, aceitando as contribuições culturais, oriundas
de várias matrizes culturais presentes na sociedade brasileira”
Portanto, com o propósito de buscar a valorização da história e cultura afro
brasileira e, concomitantemente, perceber as relações com o preconceito e
discriminação, procuramos nesta Unidade Didática apontar possíveis caminhos para
o ensino da disciplina de História, com base nas seguintes indagações: Como
debater as questões relacionadas aos termos preconceito e discriminação racial na
escola? Quais os recursos didático-pedagógicos a serem aplicados à prática na sala
de aula?
Acreditando na importância de efetivar um ensino em História que atenda à
diversidade e promova uma compreensão crítica de mundo nos alunos, sobretudo,
ao tratar da cultura afro-brasileira e a história da África reestruturada, essa Unidade
Didática propõe recursos didático-pedagógicos para o trabalho no 8ª Ano do ensino
fundamental sobre a situação dos afro-descendentes no Brasil, por meio de
reflexões teóricas e práticas, envolvendo questionário de sondagem, pesquisas em
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livros e sites da internet, vídeoclips, músicas, imagens, apresentação de painéis
temáticos, questionamentos e documentários para reflexões e debates.
2 Algumas reflexões sobre a cultura afro-descendente
No longo período que antecedeu a divisão da sociedade em classes, o ser
humano ignorou a possibilidade de considerar a existência entre grupos étnicos de
diferenças de ordem natural que pudessem significar superioridade ou inferioridade.
Não existiam julgamentos baseados em preconceitos raciais. Acredita-se que até
“[...] o surgimento da divisão da sociedade em classes, outros critérios, entre eles os
religiosos, eram mais importantes que a existência de raças, como causa de
preconceitos entre os grupos humanos” (AZEVÊDO, 1990, p. 23).
Uma mudança na consciência étnica dos povos passou a existir com o
surgimento das primeiras sociedades escravistas. A escravidão precisou do
fortalecimento do discurso racista para ser legitimada e naturalizada como instituição
básica da economia colonial brasileira. Nesta estrutura de produção forjou-se a
noção de desigualdade social extensiva às relações entre os povos africanos
trazidos para América como escravos, consolidando, assim, uma divisão da
sociedade do ponto de vista jurídico, econômico, social, cultural, político-
administrativo e étnico-racial.
O racismo não é somente uma ideologia elaborada voluntariamente pelos
indivíduos, é um fenômeno mais estrutural e sistêmico de manutenção de repartição
de desigual e realizada dos grupos sociais. E na necessidade de manter certos
grupos sociais expropriados dos bens culturais e materiais de uma sociedade, que
encontramos as estruturas constitutivas do racismo.
Historicamente, o racismo é uma consciência coletiva segregadora que cria
as ideologias racistas. Na sociedade brasileira, o racismo não é um fenômeno
passageiro, ele tem sido mantido no dia a dia em todos os níveis do convívio social,
principalmente, nas escolas. No ambiente escolar, a discriminação racial é um
componente prático no dia a dia, moldando comportamentos discriminatórios isto é,
legitimando a repartição dos bens culturais e materiais de forma desigual e
racionalizada.
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As novas leis 10.639/03 e 11.645/08 surgiram como resultado da luta do
movimento negro e dos povos indígenas. Para alcançar o desmantelamento
estrutural do racismo, é preciso buscar a erradicação dele no bojo das consciências
coletivas, presentes hegemonicamente na sociedade brasileira. Necessariamente a
erradicação do racismo nas consciências coletivas depende de estratégias concretas
de contenção e combate à circulação e manutenção de ideologias racistas no
ambiente escolar. Um primeiro passo para concretizar estas estratégias de ação é
demonstrar que o aluno negro e afro-descendente não se sente valorizado pela
escola.
Mesmo a escravidão antiga, não era justificada tendo por base critérios de
inferioridade racial dos escravizados, ao contrário da escravidão moderna. Como
evidencia Finley (1991):
[...] ninguém se envergonha que seus ancestrais gregos ou romanos fossem escravos, tampouco existem males sociais políticos cuja culpa recaia sobre a escravidão antiga, não importa quão remotamente. Contrariamente, o escravo do Novo Mundo carregava na cor de sua pele um sinal externo de sua origem escrava, mesmo após várias gerações com gravíssimas conseqüências econômicas, sociais, políticas e psicológicas (FINLEY 1991, p. 101).
O critério demarcador de diferenças entre os indivíduos que eram escravos e
os não escravos na antiguidade de caráter econômico e jurídico era ser membro de
uma tribo conquistada. Já na escravidão da era Moderna, a justificativa para se
escravizar é sustentada por uma suposta inferioridade ou não humanidade de
indivíduos que apresentam características fenotípicas diferentes, no caso a
pigmentação da pele, textura do cabelo, formato dos cabelos e lábios.
Isso não significa afirmar que antigamente os homens simplesmente
ignoravam as diferenças entre eles. Pelo contrário, como mostra Schawacz (1996, p.
148) “[...] já na antiguidade clássica os homens se interessavam pela questão da
diferença”. Os romanos chamavam de “bárbaros” todos aqueles que não fossem
eles mesmos; a cristandade chamou de pagãos todos aqueles que não eram ela
própria, e a Europa na época da exploração do Novo Mundo designou como
“primitivos” os homens que encontraram em estágios tecnológicos diferentes do que
se encontrava.
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A existência de diferenças naturais entre os homens passa a ser postulada conjuntamente no período que corresponde à passagem para o modo de produção capitalista, mostrando a filiação das idéias de diferença, superioridade, inferioridade às modificações que ocorrem no modo de produzir a vida material (SCHAWARCZ, 1996, p. 163).
No marco das sociedades industriais capitalistas, o racismo, antes de ser
uma ideologia para justificar a conquista de outros povos, foi, muitas vezes, uma
forma de justificar “as diferenças entre classes, principalmente, nos países em que a
linha divisória das classes sociais tende a coincidir com a linha divisória das raças, o
que significa afirmar que ele serviu como arma na luta de classes” (PATTO, 1997, p.
32).
Para o autor supracitado, os intelectuais brasileiros discutiram sobre a
identidade nacional buscando captar sua essência orientados, especialmente, pelas
teorias que pregavam a supremacia racial branca. Nesse sentido, até os anos 50
preocupavam-se com a questão da miscigenação racial brasileira para entender em
que medida ela viabilizava/invibilizava a construção de uma identidade nacional.
Ianni (1988) enfatiza que as discussões sobre as relações raciais precisam
começar por se concentrar na análise das relações de produção, pois este é o
contexto em que florescem e ganham sentido as condições de integração e
antagonismos étnico-raciais. No ponto de vista do autor citado, foram as
modificações a que foi submetido o negro no plano jurídico que produziram
alterações econômicas, atingindo em escala variável, é claro, o conjunto da
sociedade brasileira. Atualmente, estas alterações, é necessário ressaltar, não foram
revolucionadas e continuam afetando, pois, o sistema social e as relações
interpessoais e a estrutura dos padões vigentes em nossa sociedade. Para o autor,
o branco continua a ser identificado como o senhor, como grupo dominante, e o
negro, por sua vez, continuava associado ao trabalho escravo, basta verificar os
livros didáticos presentes nas escolas.
Em seus trabalhos destinados a discutir a questão racial, Ianni (1988) traçou
uma análise não muito profunda das imbricações raciais e sociais do negro na
estrutura de classe no Brasil.
O negro e o mulato com freqüência são duplamente alienados, porque são alienados como membros de uma raça diferente, inferior, em face do branco
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e como membros de uma classe social também subordinada a outra, na qual a maioria pode ser branca. Há casos em que a situação se complica, pois que a maioria negra é subordinada a grupos brancos e mulatos (IANNI, 1988, p. 97).
Nessse sentido, não discutiu as tensões interclasses e não ressaltou os
conflitos étnico-raciais entre brancos e pardos na sociedade brasileira. Na análise de
Ianni, o racismo não foi considerado como elemento forjador das relações entre
senhores e escravos. O racismo era a base das práticas e das relações sociais.
Nesse contexto, as práticas eram fundadas na assimetria, na hierarquia e na
extrema desigualdade entre homens e negros (ARENDT, 1989, p. 93).
O negro deve ser analisado em sua dupla alienação: como raça e como
membro da classe. Neste sentido, para reduzir ou eliminar as condições da sua
alienação, da sua condição duplamente subalterna, o negro é levado a elaborar
uma consciência política dúplice; é levado a pôr-se diante de si mesmo e do branco
como membro de outra raça e de outra classe. “Enquanto membro de raça, está só,
e precisa lutar a partir dessa condição. Nesse contexto, raça e classe subsumem-se
recíproca e continuamente, tomando mais complexa a consciência e a prática
políticas do negro” (IANNI, 1988, p. l0l). Mas, em nosso entendimento, os resultados
atuais do racismo devem oferecer questões para aprofundar as discussões sobre as
assemetrias étnico-raciais no Brasil.
Maues (1997, p. 77) pontua sobre “[...] a necessidade de priorizar o
presente nas explicações das relações raciais”. De acordo com a autora, esta
perspectiva decorre de uma análise vinculada a interpretação histórico-estrutural.
Para Fernandes (1989), no início da formação do capitalismo brasileiro, o
negro foi preterido em favor da mão-de-obra imigrante, ao mesmo tempo em que
certos traços culturais da população negra não se coadunavam com a necessidade
de uma sociedade de homens livres - o preconceito e a discriminação como
reminiscências do arcaísmo da sociedade escravista. Para este autor, o
esclarecimento da situação pós-abolição do ponto de vista da sociedade de classes
em desenvolvimento, pode mostrar que a situação social do negro não sofreu uma
modificação substancial: devido à falta de preparo; à exclusão das oportunidades
sociais e econômicas; ao isolamento econômico e sóciocultural, na qual o negro foi
situado dentro da sociedade colonial brasileira.
A principal barreira à ascensão social do negro e do mulato é de natureza estrutural. Se a passagem para a ordem social competitiva se desse de
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forma rápida e homogênea do ponto de vista da absolvição dos estoques raciais em presença teria desaparecido o paralelismo entre “raça negra e “a posição inferior”, como o monopólio da dominação racial pelos extratos superiores da “raça branca” (FERNANDES, 1978, p. 196).
O autor reflete, portanto, também a respeito da falta de uma política oficial
para reeducar o negro e fazê-los compreender os novos padrões e ideais de
homem criado pelo trabalho livre, o que dificulta sua inclusão na nova estrutura
social. Devemos ressaltar que a busca de construir políticas para integrar
gradativamente o negro na sociedade após a abolição foi quase inexistente.
De acordo com Fernandes (1978), o preconceito existe, mas ao mesmo
tempo se redefine na dinâmica da modernização da sociedade brasileira. Não é que
ele seja superado, mas tem particularidades provenientes do passado brasileiro - o
preconceito de ter preconceito - redefinido na dinâmica da modernização. Para o
autor, o negro deve se mobilizar, eliminando a separação de raça e classe, porque,
no Brasil, as categorias raciais não contém potencialidades revolucionárias e,
portanto, o negro tem de praticar uma estratégia de luta que funde raça e classe.
Para o autor citado acima, o racismo e as relações raciais vigentes na
sociedade capitalista não se manifestam como herança do passado escravista, mas
foram incorporados, reforçados, transformados e institucionalizados para a
manutenção das desigualdades raciais e sociais. Desta forma, ele resgata em seus
estudos sobre a problemática negra o dado racial ao tentar explicar sua situação na
sociedade brasileira. Assim, se configura todo um discurso sobre o negro, suas
relações e interpretações diferentes para sua condição e problemática.
As explicações para o surgimento do movimento negro brasileiro, de acordo
com Fernandes (1978, p.10) “são justificadas sobretudo no sentimento de exclusão
de que a população negra foi vítima logo após a abolição e de suas tentativas
frustradas de participação integral como cidadão em todas as esferas da sociedade
(trabalho, política, lazer, etc.)”, em caráter de igualdade, com os demais extratos
sociais que foram lentamente adquirindo formulações coletivas, ou seja, o “protesto
negro” somente foi ganhando espaço como luta pelos direitos dentro da ordem
vigente e busca da ascensão social com muitas dificuldades e lentidão.
As primeiras organizações negras se configuraram como tentativa de
aglutinação dos negros como estratégia de superação da condição posta pelo novo
sistema de produção. Fernandes (1978) ao analisar as organizações negras do
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início do século XX, deixa transparecer que elas surgiram tendo por base as
condições sociais nitidamente desfavoráveis do negro em relação ao branco dentro
da sociedade brasileira e, por isto, eles buscavam, entre outras coisas, a
consolidação da ordem social competitiva.
[...] a situação de miséria, o tratamento diferencial e o isolamento vão provocar um doloroso processo de auto-afirmação e de protesto, que projetará o “homem de cor” no cenário histórico, como agentes de reivindicações econômicas, sociais e políticas próprias. O sentido dessas reivindicações é bem conhecido. Correspondendo ansiosamente às expectativas assimilacionistas da sociedade inclusiva, as inquietações e os movimentos sociais amparam-se sob o signo de uma ordem econômica, social e política estabelecida. Mas, contra a espécie que ela acobertava, graças aos mecanismos imperantes de acomodação entre “negros” e brancos (FERNANDES, 1978, p. 10).
Os movimentos sociais negros orientados, principalmente, pela ideia de se
integrar e de transgredir as barreiras impostas pelo preconceito é que surgem no
início do século as primeiras organizações negras1, constituídas essencialmente por
uma minoria, que teve ascensão social, como a classe média negra e tomar
iniciativa de tomar a iniciativa de se congregar em associações, fossem elas
recreativas, beneficentes ou culturais.
A partir da década de 20, por exemplo, a imprensa negra contribuiu para
amenizar a problemática do negro brasileiro, sobretudo, pelas críticas ao modelo
segregracionista de relações raciais nos Estados Unidos, acompanhado por um
discurso de integração e participação do negro em todas as esferas da sociedade
brasileira, ressaltando as condições de igualdade com os demais extratos socio-
raciais.
Cardoso (2008, p. 16) relata que:
Foi na imprensa Negra de São Paulo, nos períodos criados inicialmente para divulgar as produções literárias e a movimentação social, que estas experiências foram re-elaboradas e termos como dignidade, respeito e civilização passaram a ganhar outros sentidos nas páginas de joranais...
1 No período compreendido entre 1927 e 1945, surgiram várias associações beneficentes, culturais ou
recreativas. Entre elas pode-se citar: Associação José do Patrocínio, Associação dos Negros Brasileiros, Centro Cívico Beneficente Senhoras Mães Pretas, Centro Cívico Palmares, Clube Negro Cultural Social, Federação dos Homens de Cor, Grêmio Recreativo e Cultural, Grêmio Recreativo Kosmos, Legião Negra Brasileira, entre outros, sendo expoente máximo deste período a Frente Negra Brasileira (FERNANDES, 1989).
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Para os estudiosos dos movimentos sociais, a promeira metade XX foi um
período importante para esses movimentos, em especial, a Frente Negra Brasileira –
FNB que contribuiu para mostrar o potencial mobilizador do segmento negro.
[...] na medida das suas possibilidades, tentou e vem tentando alterar o triste quadro que se encontra o plano educacional e social através de uma ação bastante consistente no campo da educação, seja empenhando-se para que a população negra se eduque, se instrua, seja tomando medidas para que isso se concretize. De fato, se considerarmos o movimento negro como um indicador de atitude do negro, percebemos que a educação sempre esteve no centro de suas preocupações. Nas primeiras décadas do século, surgiram na cidade de São Paulo inúmeras associações negras que desenvolveram diversas atividades educacionais, desde a encenação de peças teatrais, sessões de declamações de poesias - os chamados festivais litero-dançantes -, promoção de palestras educativas, formação de bibliotecas, até atividades educativas mais formais, como cursos de atualização, de alfabetização e mesmo de um curso primário regular, como o mantido pela Frente Negra Brasileira. Essa associação, cujas atividades no campo educacional merecem ser conhecidas, tal o seu grau de abrangência e organização, promoveu cursos de música, inglês, educação física, corte e costura, formação social (segundo alguns, uma espécie de preparatório para o ginásio), além de atividades como carpintaria, costura, que, embora não se configurassem como cursos profissionalizantes, na prática funcionavam como tal (PINTO, l993, p. 28).
As organizações negras existentes nos anos 20 e 30 colocaram uma maior
preocupação com a integração do negro na sociedade de classes, reivindicando
modificações nas relações raciais. Contudo, mesmo diante das transformações
históricas e com a alteração do sistema de produção, a situação do negro não sofreu
alterações significativas no Brasil (CARDOSO, 2008).
Os pontos importantes da pauta de reivindicações das primeiras
manifestações e lideranças negras foi focada na luta pela integração seja política,
econômica, social e religiosa e, ainda, a defesa de posições nacionalista e
anticomunista, embora refletissem as ideologias da época, segundo Pinto (1993, p.
153), “[...] certamente expressavam as necessidades do negro que naquele
momento lutava para conquistar um espaço onde o estrangeiro se configurava como
sério concorrente”.
Com relação ao preconceito, Pinto (1993) observa duas posições: uma
acreditava que o preconceito dificilmente deixaria de existir, mesmo se o negro
conseguisse se integrar na sociedade; outra concebia que este preconceito deixaria
de existir através da reeducação de negros e brancos. Em síntese,
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De acordo com as idéias expressas no discurso negro da década de 1930, ganhar a vida, dessa forma determinada é o passo crucial não só para o negro sobreviver fisicamente mas, fundamentalmente, para que ele tenha uma identidade livre dos estigmas que a continuidade de sua situação de “marginal” só ajudava a reproduzir. Pelo menos na crença de suas lideranças que tanto clamavam e lutavam para que o negro também acreditasse nisso (MAUÊS, 1997, p. 137).
Nesse ponto, o autor supracitado evidencia que a educação apareceu como
um instrumento importante para a promoção e integração do negro na sociedade e
na cidadania. Ae educação se tornou necessariamente, o instrumento de preparação
do negro para o seu novo papel na luta contra a ignorância, na introdução de valores
e na efetivação de práticas ligadas, principalmente, à organização da família, à
conduta moral e de convivência social, aos hábitos de poupança, “formas sadias” de
lazer.
No decorrer da história houve um considerável esforço do negro em
entender a sua situação nos mais diversos campos, entre eles o da educação. O
negro a partir daí, poderia buscar várias soluções para a sua perfeita integração na
sociedade brasileira. Pinto (1993, p. 335) entende que “[...] mesmo não se referindo
a condicionantes mais amplos, ele já possuía consciência crítica de sua situação e
dos seus determinantes” sociohistóricos.
No final dos nos 70, o Movimento Negro Unificado que esteve desmobilizado
desde a implantação do governo militar, ressurgiu no Brasil, passando a se constituir
uma nova fase no processo histórico das mobilizações negras. O Governo Médici,
apesar de ser o período o mais repressivo do regime militar, nesse período deu
início à retomada da luta dos negros contra o preconceito e a discriminação racial,
principalmente, influenciados por acontecimentos em nível nacional e internacional
como a abertura política, os movimentos de libertação dos países africanos, a
radicalização da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e a libertação de
Angola.
Segundo Mauês (1997), a orientação dos movimentos negros que ganharam
impulso nesse contexto histórico foi marcada pela denúncia da discriminação racial e
contestação da ordem existente, demarcando, assim, uma luta que compreende ao
mesmo tempo a questão racial e a de classes (o que nem sempre é consenso).
Houve um rompimento total com a adesão aos valores (brancos), afirmação de
valores ditos negros, no compromisso com a destruição de mitos tais como a
democracia racial brasileira e sua substituição pela verdadeira história do negro no
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Brasil, o que significou dar visibilidade positiva aos negros e resgatar a sua memória
social, o que significou dar maior visibilidade positiva aos negros e resgatar a sua
memória social.
A partir dos anos 70, o movimento negro foi marcado pela valorização da
diferença, ou seja, valorização de um negro diferente do branco. O discurso do
movimento negro dos anos 70 e 80 foi marcado por uma ênfase na identidade
étnica, através da afirmação da identidade negra, fazendo referência à África, numa
espécie de estética negra, com críticas àqueles que não assumem o modo de “ser
negro”. Os discuros demosntram preocupação com a exaltação do negro afro-
brasileiro, defendendo a existência de uma “cultura negra” e valorizando os sinais
diacríticos que reforçam o pertencimento a um grupo étnico-racial, como uso de
cabelo afro, a aceitação do ritmos afros, da estética africana, da religiosidade de
diversos bens culturais afro-descendentes.
Essas simbologias e valores parecem funcionar como marcadores de
diferença, tornando o negro diferente do branco, oposto e, ao mesmo tempo, servem
como indicador de união do negro em torno de uma causa comum, ou seja,
converge-se para a formação de uma identidade e estabelecer um pertencimento
identitário positivo podendo se autovalorizar.
Pode-se então dizer que os discursos dos movimentos negros dos anos 70 e 80 se dirige, com as duas chamadas - denúncia do racismo/contestação da ordem e assunção da negritude/ volta as raízes -, no primeiro caso à sociedade brasileira (branca em particular), no segundo, ao negro especificamente. Caudatário de um projeto mais amplo das elites negras, esse discurso coloca em pauta os seus eixos principais e o resgate histórico, de um lado, a denúncia e o protesto, de outro (MAUÊS, 1997, p. 245).
Ressalta Pinto (1993), que o movimento negro que se organiza nesse
período tem formas de ver e de reivindicar a educação. Para este autor, esse
movimento foi marcado por uma tendência de reconhecimento da necessidade da
educação para os negros, denunciando os prejuízos causados pela escola, pois é
nela que o negro tem a possibilidade de receber a maior carga de branqueamento.
Por isso, o movimento conclamou os negros a se posicionarem criticamente em
relação à postura da história do negro, ao seu modo de ser, as suas habilidades,
costumes, omissão dos motivos subjacentes à abolição, o silêncio nos currículos e a
espoliação cultural do negro.
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Sendo assim, militantes e pesquisadores sugerem que os currículos
deveriam conter os conteúdos relativos à participação do negro na história e ainda
informações sobre as raízes culturais da população negra. Através do que alguns
denominam estudos africanos, a cultura negra e sua complexidade passam a ser
vistas como de grande importância para a formação da criança negra, nas décadas
de 70 e 80 do século XX.
O movimento negro cobrou uma postura mais crítica com relação à
responsabilidade do sistema educacional do negro, ressaltando que as autoridades
devem ter o empenho em valorizar e estimular uma maneira de ser negra que é
diferente do branco. Colocou-se assim uma reivindicação do mundo negro frente ao
sistema educacional brasileiro. O movimento propôs o reconhecimento da cultura
afro-brasileira, contribuindo para o fortalecimento da identidade étnica de grande
parte da população brasileira.
Atualmente, há falta de consenso em torno da problemática negra, sobre
qual política seja a mais acertada para encaminhar os debates sobre a diversidade
cultural na escola. De acordo com Brandão (1987) foi o próprio encaminhamento
tomado pelos estudos sobre os negros no Brasil que trouxeram um efeito perverso
ao tentar desmistificar o mito da democracia racial. Ele ressalta, principalmente,
aqueles feitos a partir da década de 50 que isolaram os problemas da população
negra dos problemas das camadas das populares e urbanas, que até hoje
continuam a passar por fora das dimensões institucionais do problema, isto é, do
social e econômico, mas também do político e do cultural.
Na contemporaneidade, a ênfase nas barreiras da afirmação do negro,
enquanto sujeito coletivo, passou a legitimar qualquer manifestação cultural de
afirmação da afro-diversidade, postura que foi retomada do movimento negro dos
anos 50, e que passou a ser vista criticamente pelos que militavam contra o
preconceito como uma resposta imanente e produtiva do negro (BRANDÃO, 1987, p.
39). Tal postura, às vezes, legitimava até instituições político culturais como modelos
de organização social”quase perfeitas” ou inquestionáveis, pois só por ser
instituições negras eram inquestionáveis e boas.
Por uma inversão perversa, a mística erudita do específico cultural aproxima-se então da alienação. A implicação é que o mundo exuberante e grossamente desconhecido das instituições negras acaba sempre visto como inquestionável, e sempre necessariamente “bom”. Não à dialética! (BRANDÃO, 1987, p. 39).
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Com essa afirmação, Brandão (1987) enfatiza que, devido à extinção do
racismo institucionalizado em todo o mundo, a razão essencial da persistência das
desigualdades raciais, deve-se ao fato de os negros sofrerem de uma falta de cultura
e instrução não compatíveis com a inserção na economia atual, de forma autônoma
e igualitária.
Conforme Munanga (1996), a razão maior, segundo esse tipo de raciocínio,
não está mais no racismo da sociedade, mas essencialmente nas forças de
mercado, indiferentes à raça e às atitudes baseadas apenas nas carências dos
negros. Numa economia em que a inteligência, fundamentada no domínio da
informática e das telecomunicações, o sofrimento da identidade atributo
indispensável para a sobrevivência de qualquer pessoa, independente de sua raça,
sexo e religião. Portanto, nesta perspectiva, combater o racismo supõe uma guerra
contra a pobreza, com medidas que promovam o crescimento econômico e pleno
para os negros.
Para muitos intelectuais de esquerda, a visão do racismo é uma questão de
classe, e as desigualdades raciais são interpretadas como reflexo do conflito de
classes e os preconceitos raciais considerados como atitudes socais propagadas
pela classe dominante visando à divisão dos membros da classe dominada para
legitimar a exploração e garantir a dominação. Para a esquerda radical, lutar contra
o racismo significa transformar profunda e radicalmente a estrutura de uma
sociedade de classes. Essa situação leva esses movimentos a se isolarem das
esferas da sociedade e passam a ser vistos como “exotismo ou cultos”, “coisas de
negros”, estranhos (MUNANGA, 1996).
Sendo assim, apesar de em nível de discurso existir uma confluência entre
os dois aspectos (raça e classe), as lideranças negras parecem minimizar ora um,
ora outro aspecto da questão. Portanto, a ação política do movimento negro se
dicotomiza entre aqueles que optam por um projeto político visando ao todo social
brasileiro e aqueles que priorizam somente o conjunto da população negra, não
enfatizando seu caráter de classe na luta contra o racismo e não compreendendo a
existência de um contigente populacional não negro que também é explorado.
Nascimento (1989) considera duas diferentes maneiras de conceber a luta
anti-racista no Brasil: alguns acham que a luta contra o racismo deve ser
independente da luta de classes; outros acentuam a questão de classe como
16
primordial. Há outros que, ao defender a relevância do recorte social, justificam que
tomar urna postura mais abrangente na luta contra a discriminação racial, pode levar
a um equacionamento dos problemas do negro no contexto de problemáticas mais
amplas. Isto pode significar abandonar ou tornar secundária a questão racial ou
mesmo acarretar a abdicação de sua especificidade enquanto negro “portador de
uma cultura e uma tradição”, tornando a questão racial invisível.
Souza (1991, p. 97) esclarece que “[...] a posição que defende a inserção da
luta do negro numa luta mais abrangente é justificada pelo pertencimento da maioria
dos negros brasileiros aos extratos mais baixos da estrutura social”. Para este autor,
quando a questão racial é predominante na luta política dos movimentos sociais,
essa questão constitui-se em alvo de críticas por colocar a situação de opressão de
forma independente de nacionalidade, raça, sexo, crença, etc., evitando-se o risco
de se considerar que a questão particular (de raça) sobrepondo-a à questão
universal (de classe).
Cardoso (2008) afirma que o pensamento das lideranças negras das
organizações das primeiras décadas do século XX foi marcado por uma posição
assimilacionista integracionista. Além de apresentar como preocupação maior a
integração do negro na sociedade nos campos político, social e econômico,
delineou-se também uma acentuada inquietude com o comportamento moral e social
do homem negro. Para tanto, a educação assumiu uma dimensão muito importante
para preparar e colocar o negro em nível de condições para ser competitivo com o
branco.
A partir da Constituição Federal barsileira de 1988, sob “[...] pressão do
protesto negro com a criminilização do racismo, é que todo o arcabouço jurídico
passou a ser organizado de modo a redefinir e combater a exclusão racial, caso da
Lei de 1989, e mais tarde da lei Paim de 1997” (CARDOSO, 2008, p. 22).
Pinto (1993) mostra que o movimento negro atual tem como uma das suas
principais estratégias de luta a tentativa de marcar “diferenças” numa forma de se
contrapor, o que pode ser perigoso, haja vista o ressurgimento do racismo amparado
justamente pela hipervalorização das diferenças ou identidades culturais. Neste
sentido, a defesa do direito de diferença, da singularidade das culturas e a apologia
das particularidades e especificidades culturais podem ser negativas, uma vez que
apropriadas por aqueles que, em nome dessa diferença, possam defender ideias
racistas.
17
É preciso considerar as especificidade presentes no próprio meio negro,
atigem as diferentes camadas da sociedade. Apesar dos afro-brasieleiros formarem
a maioria entre as classes oprimidas, eles têm pontos de vista e orientações
político-ideológicas diferentes, não existe um negro genérico, pois a população
negra apresenta diferenças, seja de sexo, seja de escolaridade, seja de classe
social, e o apelo para a formação de uma “identidade negra” tem de considerar estas
especificidade do próprio meio negro (CARDOSO, 2008). É nas diferenças que que
o negro deve ser analisado.
O processo de construção histórica das teorias racistas mostra sua
vinculação com as transformações ocorridas no modo de produção da vida material,
evidenciando que a “naturalização das diferenças” se deu em um contexto onde o
grupo dominante de argumentos irrefutáveis, sob sua ótica, para justificar sua
dominação e as desigualdades sociais. O modelo positivista de ciência foi útil neste
processo e a educação serviu para divulgar e legitimar tais teorias.
A educação é um dos caminhos para resolver a situação do negro. Contudo,
são necessárias modificações nos currículos, por exemplo, com a introdução da
História da África nos currículos escolares, redefinição da historiografia do negro
brasileiro trabalham na formação e preparo de educadores, funcionários, pais e
alunos para lidarem com as diferenças (SOUZA, 2008).
Direcionar as ações do movimento negro para os campo das denúncias e da
conscientização é importante, porém insuficiente para alcançar mudanças mais
amplas e significativas para a sociedade, pois as lideranças do movimento negro
têm que levar em conta que centralizar o discurso e a linha de ação nos aspectos
raciais/culturais significa essencializar uma questão de complexidade maior. E
manter um discurso racionalizado é necessário por enquanto, mas deverá ser
apresentado por outro mais integrador.
Entretanto, não basta resumir a problemática à questão de classes.
Conforme Savoia e Lima (2008), o desafio é considerar a simultaneidade destas
questões, que não são excludentes, mas complementares. Superar o racismo
melhora a cidadania dos negros, mas também melhora a dos brancos.
Para conseguir tal intento e propor mudanças que articule estes dois pólos
de uma luta anti-racista consciente é preciso redefinir a concepção de homem, negro
e de educação, buscando compreender as limitações educacionais que atrapalham
a luta anti racista, a partir de práticas intencionais travadas no cotidiano escolar.
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3 PROPOSTAS DE ATIVIDADES: Discriminação e Preconceito Racial na Escola
Muitas medidas têm sido elaboradas no sentido de proporcionar ações
efetivas para o combate à discriminação e o preconceito racial, confirmando,
sobretudo, a responsabilidade do Estado em promover o acesso negado durante
séculos de opressão aos instrumentos de cidadania à população negra. No Art. 5º
da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, incisos 41 e 42 tem-se
que a prática do racismo é afirmada como “crime inafiançável e imprescritível, sujeito
à pena de reclusão, nos termos da lei” (BRASIL, 1996).
O discurso atual centra-se na afirmação de valores da cultura afro
descendente. A Lei 10.639/03 aponta como obrigatório o ensino de História e
Cultura Afro-Brasileiras nas escolas, com a intenção de implementar ações para a
efetiva superação de práticas preconceituosas seguidas de racismo e discriminação
no espaço escolar.
Conforme Souza (2008, p. 42), a escola é um espaço onde ocorre parte do
desenvolvimento humano, território este “[...] onde o educar corresponde a ações de
criar e recriar mundos e possibilidades, local onde a principal possibilidade se faz na
constituição do indivíduo, enquanto parte do coletivo”.
Pensando nisso, essa Unidade Didática apresenta uma sequencia de
atividades a serem desenvolvidas na escola, a partir dos seguintes objetivos:
- Valorizar a história da cultura afro descendente no Brasil;
- Reconhecer as participações históricas dos africanos e seus descendentes
na produção de riquezas materiais e culturais na África e no Brasil;
- Compreender a diferença entre os conceitos preconceito e discriminação
racial;
- Debater sobre as formas e métodos que viabilizam a superação da
discriminação e preconceito racial no cotidiano escolar;
- Indicar subsídios teórico-práticos norteadores para o trabalho com a
temática, no sentido de fornecer um reconhecimento da história da África de forma
crítica;
- Fornecer aos alunos negros e afro-descendentes imagens, conceitos,
produtos culturais que estimulem o orgulho de ter como ancestrais os povos
africanos.
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3.1 unidade - VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA DA culturA afro-descendente
De início será realizada uma sondagem inicial por meio de um questionário a
fim de diagnosticar o que os alunos sabem sobre as temáticas trabalhadas no
desenvolvimento do projeto. Antes se:
1- Você já sofreu situações de constrangimento em relação à sua etnia?
Relate:
2- Qual foi a sua reação no momento?
3 – Por que você acha que isso aconteceu?
4- Será que é comum ocorrer casos como o que acabou de relatar? Comente:
5- Onde ocorreu e quem mais presenciou?
6- Houve alguma intervenção de alguém? Comente:
7- Você já presenciou conflitos dentro da escola em relação à discriminação
ou preconceito racial? Relate:
8- Você acha que esses conflitos e situações têm prejudicado a você ou a
algum colega de sala? Comente:
9- O que você faria se ocorresse com você?
10- Como você acha que poderia ser resolvido esse tipo de problema?
Após os comentários iniciais, serão apresentados dois vídeos para reflexão
e debates: “África um elo perdido na história”, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=YxBwWHLF694&feature=related; e a “Construção
da igualdade Parte I e II”, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=F5XaRwBjj48&feature=related; e
http://www.youtube.com/watch?v=4izvzr742mY&feature=related.
20
Na sequencia, os alunos (em duplas) refletirão sobre:
O que vocês acharam dos documentários?
Qual a contribuição dos povos africanos?
O que vocês acham dos castigos físicos sofridos pelos negros?
Debater sobre: a exclusão econômica e cultural dos negros e afros
descendentes: uma cartografia do resumo no Brasil;
Posteriormente, serão explorados os elementos da história africana e/ou da
presença africana na História do Brasil, em conformidade com os conhecimentos
prévios dos alunos. Será apresentado o vídeo intitulado “A Influência afro-
descendente no Brasil”, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=cNye4U7FwKQ&feature=fvwrel.
A partir do vídeo serão levantados os conhecimentos dos alunos acerca das
relações sociais estabelecidas, das visões que foram construídas sobre africanos e
afro-descendentes no Brasil, sobre a cultura africana e/ou a mescla de culturas que
se convencionou chamar "cultura brasileira" com forte influência de elementos
africanos.
Será apresentada a imagem a seguir para reflexão.
Disponível em: http://www.pousadadascores.com.br/leitura_virtual/cultura_brasileira/negro.htm.
21
Qual a reflexão que você faz desta imagem?
Debate com os alunos.
O objetivo do debate é destacar as culturas africanas, suas crenças,
religiões, músicas, danças, artes visuais e o que representou a escravidão para o
povo africano, como vivem as comunidades quilombolas, compreendendo de que
forma a cultura africana influência a cultura brasileira.
Para complementar será apresentado o vídeo “A Influência africana no
Brasil”, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=gRAbcqAYkSY&feature=related. A partir do vídeo,
os alunos serão instigados a refletir sobre a presença ou ausência desses elementos
no modo de vida deles.
Após as reflexões iniciais, o professor trabalhará com uma aula expositiva,
com a utilização de slides desenvolvidos no movie macker, com imagens, música e
citações sobre a história da cultura afro descendente no Brasil, com ênfase nas
participações históricas dos africanos e seus descendentes na produção de riquezas
materiais e culturais na África e no Brasil.
O que vocês entenderam das lutas e as formas de resistência, bem como dos elementos da cultura trazida pelos africanos.
Destacar os principais movimentos sociais negros no Brasil: lutas, projetos e políticas públicas;
Propor aos alunos uma síntese sobre a influência da cultura negra no Brasil e das relações sociais estabelecidas entre os diferentes grupos étnicos. O objetivo é fazer com que os alunos percebam as relações entre o passado (os conteúdos estudados em História) e o tempo presente, observando as mudanças e permanências nas relações estabelecidas entre os diferentes grupos étnicos e da situação dos afro-descendentes na sociedade brasileira.
Após as reflexões, os alunos serão convidados a pesquisar sobre a cultura
africana no laboratório de informática da escola. O professor dividirá a turma em
grupos, deixando que cada grupo escolha seu tema de pesquisa, de acordo com as
sugestões abaixo:
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- Religião
- Culinária
- Expressão artística (artes visuais)
- Música
- Dança
- Brincadeiras e lendas
- Esportes
- Comunidades Quilombolas
Para cada tema os alunos abordarão o ontem e hoje, isto é,
como era na África, como essa cultura veio para o Brasil e como
ela se aplica hoje.
Sugestão de sites:
http://www.pousadadascores.com.br/leitura_virtual/cultura_brasil
eira/negro.htm.
Sugestão de vídeo: “Aquilombadas”, disponível em:
http://br.youtube.com/watch?v=-UVxENgLaUQ.
Como atividade complementar, os alunos (em duplas) refletirão sobre
algumas questões importantes para a compreensão da pesquisa realizada, com
registros no caderno para posterior debate:
3.2 unidade - DEBATENDO SOBRE preconceito e discriminação racial
Com o objetivo de analisar a relação entre o negro e o preconceito, nesta
unidade serão debatidas as questões relativas ao preconceito e discriminação racial.
Primeiramente, será apresentado o texto “A Questão do Preconceito, da
Discriminação e do Racismo numa Reflexão Crítica”, proposto por Otaviano Afonso
Pereira (2008), primeiramente, para leitura e reflexão.
23
A Questão do Preconceito, da Discriminação e de Racismo numa Reflexão Crítica O Racismo no Brasil se apresenta com um dos grandes desafios a serem superados pela
população negra, já que esta condição, acrescida da distribuição injusta da riqueza e dos inúmeros benefícios gerados pela política econômica à classe dominante, notadamente "branca", relega a grande maioria negra a condições extremamente precárias de sobrevivência.
Acredita-se que a luta política pela igualdade entre negros e "brancos" não está desconectada da luta pelo fim de uma sociedade que tende a homogeneizar culturas, hierarquizar e coisificar as relações entre as pessoas que, em última instância, estão condenadas a serem reduzidas simultaneamente a consumidores e mercadorias.
Assim sendo, para que homens e mulheres sejam humanamente emancipados-já que a emancipação política já ocorreu e tenham todos as mesmas condições de desenvolver suas potencialidades, uma autêntica individualidade, se faz necessário, antes de tudo, repensar radicalmente este modelo de organização da vida econômica social e política.
Nesta análise parte-se do pressuposto de que a esfera da luta política é expressão direta do modelo econômico adotado, sendo impossível alterar àquela significativamente de uma maioria subjugada, independentemente da cor da pele e do gênero, sem que o campo da reprodução da vida, ou seja, a estrutura econômica e produtiva seja alterada em profundidade.
Desta forma, ao pensar na luta pela promoção da igualdade entre os seres humanos, e aqui especificamente entre negros e "brancos", que tenham como principal parceiro o Estado burguês na luta contra a discriminação, deve-se levar em consideração que nenhuma medida estatal será tomada contrariamente à reprodução dessa lógica que se fundamenta pela exploração, dominação e acumulação de capital em escala planetária. Ou seja, esperar que o Estado nacional, por meio de medidas legais elimine de fato as injustiças e discriminações sociais, principalmente, àquelas ao acesso a postos de trabalho, é no mínimo ingenuidade tendo em vista a natureza capitalista do Estado...
Fonte: Texto na íntegra: http://neafroucb.webnode.com/news/a%20quest%C3%A3o%20do%20preconceito,%20da%20discrimi
na%C3%A7%C3%A3o%20e%20do%20racismo%20numa%20dimens%C3%A3o%20critica/.
Após a leitura e reflexão do texto, em duplas, os alunos responderão sobre:
O que é necessário para que homens e mulheres sejam
humanamente emancipados?
O que você entendeu sobre preconceito e discriminação?
Por que atitudes de preconceitos e discriminação não podem
ser legitimadas na sociedade?
Reflitam sobre a frase destacada no texto: Animais-vos...que
está por chegar o tempo feliz da nossa liberdade,o tempo em
que seremos todos irmãos,o tempo em que seremos todos
iguais.
Comentem sobre atitudes de preconceitos e discriminação
verificadas na escola?
Por que isso acontece?
O que você acha que é preciso fazer para que o preconceito e a
discriminação não adentre os muros da escola?
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Para complementar o trabalho com a questão do preconceito e
discriminação, a música é um recurso que contribuirá para estimular a interpretação,
o debate e a reflexão. A música possibilita que as pessoas se expressem e falem de
si (seus sonhos, desejos, descobertas, angústias, dúvidas e experiências), de sua
família e do mundo (TATIT, 1987).
Com esse propósito será apresentado o vídeoclip “Racismo”
http://www.youtube.com/watch?v=7wPgoxWTpb4&feature=fvwrel. O vídeo trata do
racismo, preconceito e discriminação na música “Racismo” de Gabriel o Pensador,
composição de Gabriel O Pensador.
Para complementar, os alunos assistirão o vídeo intitulado “Racismo Não!!!”,
disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=SOlfDYyDfhk&feature=fvwrel.
Comentem sobre o conteúdo da música do vídeoclip
“Racismo de Gabriel O pensador”.
Você gostou?
De que trata a música?
Você concorda com as opiniões do autor?
O que você tem a dizer sobre os pontos desfavoráveis do
racismo nos relacionamentos humanos?
Com base na música e no vídeo apresentado “Racismo...
Não!!! (em duplas) elaborem uma paródia.
Apresentação das paródias à classe.
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Ainda, com a intenção de refletir sobre a questão da discriminação e
preconceito racial, será organizado um tempo para o trabalho com a música “Olhos
Coloridos” de Sandra de Sá.
Olhos Coloridos Sandra de Sá
Os meus olhos coloridos Me fazem refletir
Eu estou sempre na minha E não posso mais fugir...
Meu cabelo enrolado Todos querem imitar Eles estão baratinado
Também querem enrolar... Você ri da minha roupa Você ri do meu cabelo Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso... A verdade é que você (Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo Tem cabelo duro
Disponível em: http://letras.terra.com.br/sandra-de-sa/74666/.
Os alunos ouvirão a música e refletirão sobre a sua letra.
Subsidiar reflexões sobre o racismo.
Comentem sobre as expressões:
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...
O que faz pensar essas expressões: Ela fala
de preconceito? De discriminação? Justifiquem
Comentem também sobre:
A verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
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Ainda, nesta Unidade, os alunos refletirão sobre:
Levantar alguns poetas e artistas negros que se
destacaram na luta pelo reconhecimento do negro como
parte “real” da formação do povo brasileiro;
Levantar informações sobre as personalidades negras
do passado e do presente e dos heróis negros que se
destacaram na luta e resistência contra os maus tratos
e desprestígios dos povos africanos trazidos para o
Brasil como escravos.
3.3 unidade - Consciência Negra
Os alunos assistirão o vídeo “Homenagem à Consciência Negra Mundial” ,
disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=38NWGZNnK78. e partilharão dos
conhecimentos propostos.
Após as discussões sobre o vídeo, o professor trabalhará com o texto a
seguir.
Consciência Negra Consciência e com ciência
Consciência negra não é coisa só para negros, mas sim para todos, negros, brancos e de
todas as cores, pois antes de tudo somos iguais. Iguais, semelhantes, esta é a consciência que todos devemos ter. A Lei N.º 10.639, de 9 de
janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o resgate da contribuição dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país
A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares. Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.
27
Porém, hoje as estatísticas sobre os brasileiros ainda espelham desigualdades entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Por isso, é importante conhecermos algumas informações sobre o assunto.
Zumbi dos Palmares
Zumbi foi o grande líder do quilombo Palmares, considerado herói da resistência
antiescravagista. Estudos indicam que nasceu em 1655 no quilombo, sendo descendente de guerreiros angolanos.
Com poucos dias de vida, foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso, sendo entregue depois a um padre, conhecido como Antônio Melo que o batizou com o nome de Francisco.
Aos 15 anos, ele foge da casa do padre e retorna a Palmares, onde muda o nome para Zumbi. Ficaria conhecido em 1673, quando a expedição de Jácome Bezerra foi desbaratada. Um ano antes de sua morte, caiu em um desfiladeiro após ser baleado num combate contra as tropas de Domingo Jorge Velho, que seria mais tarde acusado de matá-lo. Dado como morto, Zumbi reaparece em 1695, ano de sua morte.
Aos 40 anos, ele morre após lutar contra milícias organizadas por donos de terras durante dezessete anos. Durante mais uma incursão comandada por Domingos, Zumbi foi abatido no seu esconderijo descoberto depois da traição de um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que revelou onde o líder se encontrava
Fonte: disponível em: http://www.sitecurupira.com.br/negros/consciencia.htm.
Após a leitura e comentários sobre o texto proposto, os alunos (em duplas)
refletirão sobre:
Comentem sobre a importância da Lei N.º 10.639, de
9 de janeiro de 2003.
Como surgiu o Dia da Consciência Negra?
Quem foi Zumbi dos Palmares?
O que você diz da determinação desse herói negro?
Dê a sua opinião.
Existem heróis assim atualmente?
Dia da Consciência Negra, ensaiar uma dança para
apresentação à comunidade escolar.
As atividades serão finalizadas com a elaboração de painéis temáticos. Para
o desenvolvimento das atividades, os alunos serão divididos em duplas para
apresentação das atividades. Os alunos poderão apresentar paródias, pesquisas,
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textos, tudo o que foi produzido durante a proposta de intervenção. O que valerá
será a criatividades das duplas. Será finalizada com a apresentação de uma dança.
O objetivo dos painéis é fornecer aos alunos negros e afro-descendentes
imagens, conceitos, produtos culturais que estimulem o orgulho de ter como
ancestrais os povos africanos.
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