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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
NADIVA FERREIRA CAVASSANI
LEITURA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Artigo científico apresentado ao Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE/SEED na área de Língua Portuguesa encaminhado pela Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP de Jacarezinho.
Orientadora: Profª Mestre Vera Maria Ramos Pinto.
LEITURA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Autora: Nadiva Ferreira Cavassani1
Orientadora: Vera Maria Ramos Pinto2
Resumo: A leitura é uma atividade indispensável a qualquer área do conhecimento
e está ligada ao sucesso da pessoa que aprende. Dessa forma, permite ao leitor
relacionar-se com outros leitores, possibilitando a aquisição de diferentes pontos de
vista e novas experiências. Diante disso, o presente artigo tem como objetivo
apresentar proposta de intervenção pedagógica, realizada no Colégio Estadual Dr.
Generoso Marques de Cambará, com alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental
que participaram do projeto Leitura: Desafios e Possibilidades. O trabalho foi
baseado no Método Recepcional, com algumas adaptações, e procurou propiciar
aos estudantes a leitura de contos, fábulas e livros da escritora Lygia Bojunga
Nunes, a fim de possibilitar a abertura de novos conhecimentos e motivar os
adolescentes a praticarem o ato de ler.
Palavras chaves: Leitura; desafios; possibilidades e práticas.
1 Professora de Língua Portuguesa da Rede Pública do Estado do Paraná, com Especialização em
Psicopedagogia, Linguística e Literatura pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho. E-mail: nadivacavassani @seed.pr.gov.br. 2
Docente do Curso de Graduação e Pós-Graduação do Centro de Letras, Comunicação e Artes, da Universidade Estadual do Norte do Paraná- UENP/ campus Jacarezinho , mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected].
INTRODUÇÃO
Todo vez que um professor inicia o Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) é pertinente ter um problema relacionado ao ensino que seja
relevante o suficiente para justificar um estudo mais profundo e uma busca de
soluções que venham ao encontro desse problema para procurar solucioná-lo.
Diante da nossa experiência como docente de alunos do Ensino Fundamental e
percebendo o desafio que professores de Língua Portuguesa encontram quando se
pede aos estudantes para fazerem a leitura de um texto e das muitas vozes que os
professores costumam ouvir na sala de aula quando os alunos dizem “não gosto de
ler” ou “eu li, mas não entendi nada”, surge a problematização: o que o professor
deve fazer? Como deve agir diante de uma situação como esta? Como amenizar
algumas das dificuldades que os alunos têm em relação à leitura de textos?
Pensando nestas questões, conhecendo as dificuldades de levar os
estudantes a ler e sentindo a necessidade de respostas a estas perguntas e
questionamentos que nos preocupam como professora de Língua Portuguesa do
Colégio Estadual Dr. Generoso Marques, do município de Cambará, Núcleo
Regional de Jacarezinho e percebendo, também, o desafio que encontramos em
relação às dificuldades de se entender o que se lê, foram organizadas atividades de
leitura a partir da fundamentação teórica e de uma metodologia que viesse a atender
as necessidades de nossos alunos.
O trabalho com a leitura foi o desafio recorrente do projeto de intervenção
apresentado. Isso nos levou a buscar estratégias que fizessem com que as
atividades de leituras se tornarem prazerosas e que trouxessem bons resultados,
uma vez que a escola alfabetiza, ensina a ler, mas proporciona poucas tarefas para
que os alunos pratiquem a leitura, embora os professores saibam que o ato de ler
deve ser contínuo para que os estudantes deem conta dos textos imprescindíveis
para realizarem as novas exigências que vão surgindo ao longo de toda a vida
escolar.
É através do hábito da leitura que os estudantes podem tomar consciência
das suas necessidades, auto educar-se, promover a sua transformação e a
transformação do meio em que vive. Ler é uma prática básica, essencial para
aprender. A leitura é parte indispensável a qualquer área do conhecimento. Está
ligada ao sucesso do se que aprende e permite ao indivíduo situar-se e relacionar-se
com o outro, no entanto, é necessário empenho, perseverança, dedicação para
praticar à leitura.
O hábito de ler nem sempre é um ato prazeroso, porém é necessário.
Segundo Paulo Freire, no livro A Importância do Ato de Ler, em três artigos que se
complementam, há duas formas básicas de se conhecer a leitura do mundo e a
leitura da palavra. “A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo”
(FREIRE, 1985). Logo a leitura implica sempre em um paradigma que a orienta e
uma experiência que a motiva.
Seguindo o raciocínio de Freire, a leitura é associada à forma de ver o
mundo, sendo que o professor de Língua Portuguesa deve propiciar uma possível
aprendizagem de leitura global significativa, pois a leitura tem significado quando a
metodologia de aprendizagem tem sentido para o aluno, sendo essencial para o
desenvolvimento de habilidades de leitura e não simplesmente decodificação dos
sons, mas reflexões sobre a informação, conhecimento e prazer.
Para alcançar o objetivo geral do projeto, incentivar o hábito da leitura nos
alunos, propusemos- nos a desenvolver estratégias de leitura que permitissem aos
alunos a compreensão da palavra escrita, levando-os a serem leitores autônomos e
competentes, por meio de práticas de leituras propostas pelo Método Recepcional,
com algumas adaptações. Procuramos incentivar os alunos a lerem a partir da
reprodução das histórias compreendidas nos textos lidos, para, depois, criarem
suas próprias composições. Desse modo, fizemos rodas de contação de histórias
acerca dos assuntos lidos nos textos literários.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O projeto denominado “Leitura: desafios e possibilidades” será desenvolvido
com a finalidade de se praticar o hábito da leitura. Angela Kleiman (2012, p.16),
apresenta a seguinte consideração em relação à leitura
[...] a leitura como processo psicológico em que o leitor utiliza diversas estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, sociocultural, enciclopédico. Tal conhecimento requer a mobilização e a interação de
diversos níveis de conhecimento, o que exige operações cognitivas de ordem superior [...].
Cosson e Paulino (2009, p.63) a esse respeito afirmam
[...] a leitura de obras literárias cumpre um papel importante no
desenvolvimento do ser humano, quer no sentido estrito de favorecer o trato com a escrita, quer no mais amplo de educar os sentimentos e favorecer o entendimento das relações sociais [...].
Nos últimos anos, no Brasil, a preocupação com os índices de testes
nacionais e internacionais mostram que a habilidade de leitura dos estudantes
brasileiros encontra-se muito abaixo do esperado (COSSON; PAULINO, 2009, p.62).
Para vencer estas dificuldades que os estudantes têm apresentado e favorecer o
hábito da leitura segundo Geraldi (1987, p.87), “[...] parece-me que devemos,
enquanto professores, propiciar um maior número de leituras, ainda que a
interlocução que nossos alunos faça hoje com o texto esteja aquém daquelas que
almejaríamos[...]”.
Para Bordini e Aguiar (1988, p.85), “[...]. Quanto mais leituras o indivíduo
acumular, maior a propensão para a modificação de seus horizontes, [...]”. Já Freire
menciona que “a compreensão do texto a ser alcançada por uma leitura crítica
implica a percepção das relações entre o texto e o contexto” (1993, p.11).
Diante das assertivas dos autores, entendemos que formar leitores é
importante, não só na escola, mas também fora da escola, para a vida, pois em
todos os momentos a leitura poderá ajudar o futuro leitor a vencer dificuldades que,
às vezes, aparecem por falta da leitura, tais como: de um endereço que se precisa
localizar, extrair uma informação, ou até mesmo uma leitura para se descontrair. Por
isso, é necessário que o professor leve para os estudantes propostas diversificadas
de textos que levem os alunos a gostar de praticar o hábito de ler. De acordo com
Freire (1993, p.102)
[...] O ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra [...].
Já, nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica, no que se refere à
disciplina de Língua Portuguesa, em específico, à leitura, encontra-se a seguinte
afirmação: “[...] ler é familiarizar-se com diferentes textos, produzidos em diferentes
esferas sociais [...]” (DC. 2008, p.71). Sendo assim, aos professores de Língua
Portuguesa cabe a responsabilidades de propiciar ocasiões para o desenvolvimento
de atividades que envolvam diferentes tipos de textos, para que os estudantes
percebam o sujeito presente nestes textos.
Segundo Geraldi (1997, p.92-93), “[...]. O ato de ler tem sempre um
propósito”, por exemplo; “ler para obter uma informação”, ou para “responder
questões estabelecidas, ou pelo prazer de se praticar este ato [...]”. Assim sendo, o
desenvolvimento de atividades de leitura deve ser relacionado com este propósito.
Solé (1998), ao escrever sobre os objetivos de leitura, diz que “ler é muito
mais do que possuir um rico cabedal de estratégias é técnicas”. Para Sole,
[...] Ler é, sobretudo, uma atividade voluntária e prazerosa que o professor deve-se mostrar um apaixonado pela leitura, porque é muito difícil que alguém que não sinta o prazer com a leitura consiga transmiti-lo aos demais... e acrescenta que os leitores têm objetivos em relação ao texto e estes podem ser muito variados, tais como: Ler para seguir instruções, obter informações, para aprender, para comunicar-se, ler para revisar um escrito, ler para verificar o que se aprendeu e ler por prazer [...].
Acredita-se que ao professor cabe a tarefa de ajudar os alunos a
perceberem a importância de praticar a leitura para que, com o passar do tempo,
esses estudantes sejam capazes de colocarem objetivos de leitura em sua rotina
diária, que sejam leituras que os interessem, que estejam adequadas ao seu
entendimento, ajudando-os a descobrirem as diversas utilidades da leitura em
situações que promovam a aprendizagem, tornando-se um leitor ativo. Segundo
Bordini e Aguiar (1988, p.18),
[...] pode-se afirmar que, se o professor está comprometido com uma proposta transformadora da educação, ele encontra no material literário o recurso mais favorável à consecução de seus objetivos. Neste caso, vale à pena investir na formação do leitor [...].
Geraldi (1984, p.19) escreve que os professores do Ensino Fundamental das
séries iniciais têm apresentado preocupações com o ensino da leitura, porém de
uma forma mecânica.
Grande tem sido a preocupação dos professores (em especial no início do primeiro grau) com o aprimoramento da mecânica da leitura. Indiscutível o valor desta mecânica, no sentido de desenvolver a leitura clara e fluente. Esta habilidade, porém, é mero passo em direção a objetivos qualitativamente superiores (que devem começar a ser atingidos desde os primeiros anos da escola), ou seja, a penetração na mensagem e a apreciação crítica desta, atividade relegada, atualmente, a um plano secundário, quando não esquecidas de todo.
A escola, nas séries iniciais, tem ensinado o aluno a ler, mas muitos leem
sem entender o que estão lendo, uma minoria compreende o que leu e é capaz de
responder algumas perguntas sobre o texto. Hoje é muito comum os professores
ouvirem os estudantes dizerem: „já li, mas não entendi nada‟. O estudante brasileiro
“lê, como diz conhecido educador, como agulha de vitrola: vai passando pela trilha e
produzindo som” (GERALDI, 1984, p.19).
A falta de hábito de se praticar a leitura faz com que as pessoas se
distanciem mais e mais dos livros, os estudantes saem da escola e esquecem que
precisam continuar lendo, e o resultado dessa falta se percebe quando o indivíduo
não é capaz de compreender um recado, um anúncio de serviço.
Através da leitura as pessoas poderão verificar suas experiências e valores.
Ler é uma condição para que as pessoas saibam posicionar-se diante de uma
situação, seja ela de valores moral, social, religioso ou ético, ter uma opinião própria,
ser crítico. No entanto, o que vemos, dentro das escolas, nas salas de aula; nos dias
atuais, são estudantes que não estão tendo interesse pela leitura. Embora um dos
principais objetivos das escolas seja ensinar a ler, o que se percebe é que os
estudantes, não todos, mas a uma boa parte, não conseguem ir além da simples
decodificação.
A escola enfatiza o ensino da escrita e muitas vezes se esquece da leitura.
Ensinar a ler exige analisar os aspectos ligados à compreensão, às estratégias e
aos procedimentos de leitura. Portanto é preciso pensar o ensino da leitura sobre
novas nuances, ou seja, é preciso cruzar as fronteiras e adentrar num mundo novo.
Marcuschi no artigo “Leitura e compreensão de texto falado e escrito como um ato
individual de uma prática social” ( 2005, p.38), escreve que:
Em toda sociedade letrada os que têm acesso à escrita podem desenvolver quatro habilidades no uso da língua: falar e escrever, ouvir e ler, [...] pouca gente escreve além de bilhetes, cartas pessoais ou preenche formulários, sendo que a maioria lê pouco (cf. Stubbs, 1980). Transpondo essas observações para o panorama brasileiro, para o qual não dispomos de dados confiáveis, creio que a situação se acentua drasticamente. Isso é o que constata Perini (nesta coletânea) no caso dos analfabetos funcionais que elevam o desequilíbrio a cifras alarmantes [...].
Ter acesso à leitura é algo bom, o que está levando os estudantes e até
alguns professores a se distanciarem do ato de ler? Sabe-se, hoje, que algumas
pessoas só leem se for do interesse e da necessidade dela e por essa ótica temos
em nossas escolas discentes considerados analfabetos funcionais.
Por esta realidade presente em algumas escolas brasileira e, segundo
Angela Kleiman (2012, p.21), “[...] à própria formação precária de um grande número
de profissionais da escrita que não são leitores, tendo, no entanto, que ensinar a ler
e gostar de ler”. Isso faz com que a atividade do ato de ler se torne mais difícil e
menos prazerosa. Ainda segundo a autora (2012, p.21), “para formar leitores,
devemos ter paixão pela leitura”. Isto é o que se pretende com este projeto: (um
leitor apaixonado em um país de leitores apaixonados), que a leitura se baseia no
desejo de ler e no prazer de ler. (BELLENGER apud KLEIMAN, 2012, p.22 )
Em que se baseia a Leitura? No desejo. Esta resposta é uma opção. È tanto o resultado de uma observação como de uma intuição vivida. Ler é identificar-se como apaixonado ou como místico. É ser um pouco clandestino, é abolir o mundo exterior, deportar-se para uma ficção, abrir o parêntese do imaginário. Ler é muitas vezes trancar-se ( no sentido próprio e figurado). É manter uma ligação através do tato, do olhar, até mesmo do ouvido (as palavras ressoam). As pessoas leem com seus corpos. Ler é também sair transformado de uma experiência de vida, é esperar alguma coisa. É um sinal de vida, um apelo, uma ocasião de amar sem a certeza de que se vai amar. Pouco a pouco o desejo desaparece sob o prazer. (BELLENGER apud KLEIMAN, 2012, p.22).
Segundo Ângela kleiman (2012, p.22), “ninguém gosta de fazer aquilo que é
difícil demais, nem aquilo do qual não consegue extrair sentido”. Sendo assim,
pretende-se, além de incentivar a leitura, desenvolver estratégias que resgatem o
gosto e o prazer pelo ato de ler, pois é, o contato com o texto, que o estudante toma
conhecimento das manifestações sócio-culturais, mesmo que distante no tempo e no
espaço. A promoção da leitura é uma responsabilidade de todo corpo docente de
uma escola, sabe-se que não se supera uma dificuldade com ações isoladas.
Sendo assim, buscando atingir estas propostas para a realização deste
projeto, pretendemos fazer uso do Método Recepcional, a partir da discussão
teórica empreendida por Bordini e Aguiar (1988) , com algumas adaptações.
O método em questão prioriza o leitor como elemento primordial na relação
com o texto, exige a participação ativa do receptor em contato com o texto,
independente do gênero. Assim sendo, não há uma relação passiva entre leitor e
texto, ao contrário, o leitor precisa posicionar-se de forma ativa/participativa e crítica
diante do texto.
O Método Recepcional propõe o trabalho com textos dos mais variados
gêneros e temas possíveis. Enfatiza a comparação entre o familiar e o novo, entre o
próximo e o distante, no tempo e no espaço, do mais simples ao mais complexo e
assim sucessivamente. O debate e a reflexão devem estar sempre em prática, tanto
através da fala como de textos escritos que se tornam matérias para possíveis
consultas posteriormente. Segundo as autoras Bordini e Aguiar (1988, p.86),
O processo de trabalho apóia-se no debate constante entre todas as suas formas: oral, escrito, consigo mesmo, com os colegas, com o professor e com os membros da comunidade. A materialização desse constante fazer presentifica-se na produção de texto pelos estudantes, os quais passam a tomar parte do acervo a ser questionado. Desenvolvem-se, assim, as noções de herança e participação histórico-cultural.
O Método Recepcional é, portanto, eminentemente social ao pensar o sujeito
em constante interação, através de debates e ao atentar para a interação do
estudante que o tornará sujeito da história. Nesse método, a avaliação se dará
durante todo o processo de leitura em que a participação e a habilidade para refletir
sobre as atividades devem ser observadas pelo professor. Para Bordini e Aguiar
(1988, p.86),
Os critérios de avaliação a serem empregados, pelo professor, tendo em mira os princípios que dirigem o método recepcional, abrangem a dinâmica do processo e cada leitura do aluno. No desenvolver dos trabalhos, esses devem evidenciar capacidade de comparar todas as atividades realizadas, questionando sua própria atuação e a de seu grupo. A resposta final deve
ser uma leitura mais exigente que a inicial em termos estéticos e ideológicos.
A leitura não se limita ao que está escrito. No texto aparecem lacunas que o
leitor preencherá conforme seus conhecimentos e suas habilidades de reflexão. Não
se deve, no entanto, esquecer que o texto foi produzido com um determinado
esquema de sentido, logo, a interação com ele, no preenchimento dos vazios, não
deve ser aleatória. Faz-se necessário à reflexão e deve haver a possibilidade de
sugerir o que está sendo dito através das pistas que o texto deixou, visto que
“[...] por ser uma estrutura organizada de sentidos possíveis, o texto permite ao leitor uma interação direcionada, na qual ele reconhece os significados que lhes são familiares ou enfrenta os desconhecidos, mas com indicações que o auxiliam [...]. (BORDINI; AGUIAR, 1988, p.87 ).
O Método Recepcional procura considerar tudo que o leitor pensa e sabe
antes de efetivar a leitura, reconhece até mesmo o momento que a antecipa ao ato
de ler. O estudante traz consigo horizontes que o texto irá manter ou mexer. Quanto
mais diferente for o texto de tudo que o leitor conhece maiores serão as
possibilidades de seus saberes.
[...] O leitor possui um horizonte que o limita, mas pode transformar-se continuamente, abrindo-se. Esse horizonte é o mundo de sua vida, com tudo que o povoa: vivências pessoais, culturais, sócio-histórica e normas filosóficas, religiosas, estéticas, jurídicas, ideológicas, que orientam ou explicam tais vivências [...]” (BORDINI e AGUIAR,1988, p.87).
A obra literária deixa espaço que permite que o leitor reflita sobre o que está
sendo exposto e não oferece somente ideias acabadas hierarquizando o ato da
leitura. O texto deve possibilitar a alteração do horizonte do leitor, mas por mais
possibilidade de ruptura que a obra oferece, isso não acontecerá se o leitor não
estiver aberto ao novo. O Método Recepcional vem, de acordo com as autoras,
Bordini e Aguiar (1988,p.40)
[...] superando-se o imobilismo dos modelos idealistas tradicionais, e, no que concerne à literatura, as atividades de leitura receberiam a ordenação e a referencialidade de que carecem para serem aceitas pelo alunado... A
adoção de um método de ensino depende do posicionamento do professor, quanto ao aluno que tem à frente, o que a escola quer formar se é um estudante crítico, capaz de assumir atitudes diante de um texto.
Assim sendo, o Método Recepcional pretende que o leitor possa, através da
comparação dos elementos da obra emancipatória ou conformadora com seus
conhecimentos dos sentimentos humanos e os de si mesmo, alargar ou manter o
seu horizonte de expectativas. Pressupõe o método que, quanto maior o leque de
leituras, a ampliação do horizonte do leitor será mais favorecida. Ou seja, a prática
de leitura que prime por um aumento gradual de dificuldade de compreensão
contribuirá para expandir o universo de interpretação e compreensão do mundo por
parte do aluno. Logo as chamadas obras difíceis são objetivos que o Método
Recepcional visa atingir por trazerem maiores possibilidades de interação e
induzirem a maior reflexão.
ESTRATÉGIA DE AÇÃO
A implementação do projeto ocorreu no primeiro semestre de 2013, no
Colégio Estadual “Dr. Generoso Marques”, localizado no município de Cambará,
com alunos do 8ª ano do Ensino Fundamental, no período vespertino.
A sistematização do trabalho de implementação pedagógica foi concretizada
por meio de oficinas, embasadas no Método Recepcional, de Bordini & Aguiar
(1988), que teve por finalidade minimizar as dificuldades encontradas pelos alunos
durante o processo de leitura e compreensão de textos.
O projeto teve seu primeiro momento com a explanação do passo a passo das
atividades a serem realizadas às diretoras da escola, à equipe pedagógica e ao
corpo docente do Colégio. O roteiro apresentado para a realização das oficinas
seguiu as seguintes etapas:
a) Primeira oficina: Apresentação do projeto e da unidade didática aos estudantes e
sondagem a respeito do conhecimento dos alunos sobre o assunto a ser
trabalhado e quais as preferências dos estudantes em relação ao trabalho.
b) Segunda oficina: visita à biblioteca para observar a preferência de leitura dos
estudantes.
c) Terceira oficina: Dinâmica da caixinha com perguntas para os estudantes sobre o
tipo de textos que eles gostam de ler. O que os estudantes têm lido e o porquê
dessas preferências de leitura.
d) Quarta oficina: Apresentação aos estudantes de fábulas e contos para leitura e
seleção de um dos textos pelos estudantes para discussão e dramatização.
e) Quinta oficina: Produção de história em quadrinho e leitura corretiva orientando o
aluno quando necessário. A atividade foi para o mural do colégio.
f) Sexta oficina: Debate sobre as ações realizadas.
g) Sétima oficina: Sugestão de outras leituras de “Contos” rompendo com o
horizonte de expectativa dos estudantes que foram orientados a formarem cinco
equipes para realizarem as atividades de leitura e dramatização.
h) Oitava oficina: dramatização dos contos.
i) Nona oficina: Os estudantes narraram às histórias lidas, porém sobre outro ponto
de vista e depois fizeram a escrita dos textos narrados.
j) Décima oficina: Questionamento de horizonte de expectativa dos estudantes e o
jogo do igual / diferente.
k) Décima primeira oficina: Debate coletivo.
l) Décima segunda oficina: Dinâmica da caixinha com o espelho e produção de
texto.
m) Décima terceira: Apresentação dos livros Tchau, Os Colegas, A Casa da
Madrinha e O Meu Amigo Pintor, todos da escritora Lygia Bojunga.
n) Décima quarta oficina: momento de leitura do conto Tchau e debate acerca da
atitude do menino rico.
o) Décima quinta oficina: produção de textos, expondo a opinião sobre a amizade e
o convívio prazeroso entre duas pessoas: uma rica e a outra pobre.
p) Décima sexta oficina: pesquisa no laboratório de informática sobre temas de
filmes que trabalham algum tipo de exclusão e escolha do filme que os alunos
assistirão.
q) Décima sétima oficina: assistir ao filme. Roda de contação de história e debate
sobre as condições de vida dos que vivem abandonados na rua.
r) Décima oitava oficina: hora de produção de textos.
s) Décima nona oficina: Ruptura do horizonte de expectativas. Foram apresentados
aos alunos os livros da escritora Lygia Bojunga: A Bolsa Amarela, Angélica, A
Casa da Madrinha, Corda Bamba, O Sofá Estampado e Os Colegas.
Apresentação de sugestões de como seria direcionada a leitura destes livros e
como seria a apresentação final.
t) Vigésima oficina: momento do feedback com os alunos acerca das atividades de
leitura.
u) Vigésima primeira oficina: apresentação dos livros pelos alunos em forma de
propaganda viva, resumo, teatro.
v) Vigésima segunda oficina: hora da produção de textos, avaliando os trabalhos
com a leitura.
w) Vigésima terceira oficina: ampliação do horizonte de expectativas e sugestões de
outras leituras.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Em fevereiro de 2013, foi realizado o primeiro contato com os alunos do
oitavo ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual “Dr. Generoso Marques”
Cambará, visto que esse era o momento de iniciar a implementação do projeto no
Colégio.
Nesse primeiro contato, foi exposto aos estudantes o programa PDE e sua
importância para a capacitação da professora e, consequentemente, a melhoria da
qualidade de ensino.
Foi, também, apresentado a exposição do projeto: Leitura: Desafios e
Possibilidades que visa oportunizar, aos alunos, estratégias de leituras que
permitam a compreensão da palavra escrita, o incentivo do hábito da leitura e levar
os estudantes a serem leitores autônomos e competentes, através de práticas de
leituras, propostas no Método Recepcional.
Ao ficarem sabendo do projeto, os estudantes mostraram-se bastante
receptivos e animados em participarem do projeto de leitura. A professora
estabeleceu os dias que iriam trabalhar o projeto, ficando acertadas as aulas das
sextas-feiras para o desenvolvimento das atividades.
Após esse primeiro encontro com os alunos do oitavo ano do Ensino
Fundamental, aconteceu a primeira oficina de leitura. Este foi um momento de muito
diálogo com a turma. Em seguida, a professora falou aos estudantes que iria fazer
com eles a dinâmica da caixinha de música e que a caixinha deveria ir sendo
passada de mão em mão. Assim, quando a música parasse, a pessoa que estivesse
com a caixa deveria falar para a turma o que ela gosta de fazer quando está em
casa. Todos participaram e deram muitas risadas. Foi uma ocasião para a
professora fazer uma aproximação com os alunos. O objetivo, nesta oficina, era
mostrar aos estudantes que, na escola, todos têm vez para falar e contar sobre a
sua vida.
A partir dessa oficina, novamente, foi falado aos estudantes que as aulas, nas
sextas-feiras, seriam diferentes, pois estariam trabalhando com atividades do projeto
do programa PDE.
Na segunda oficina, a professora foi com os alunos até a biblioteca para fazer
uma visita. O objetivo, nesse momento, era observar a preferência de leitura de
cada estudante, por isso, foi deixado que cada aluno ficasse bem à vontade para
manusear os livros nas estantes e escolher um para retirá-lo e fazer a leitura.
Ao realizar a terceira oficina, a professora levou para a classe uma caixinha
com as seguintes perguntas: o que você já leu nas séries anteriores? Por que
prefere este tipo de leitura? Os estudantes ficaram bem à vontade para falar aos
colegas e para a professora as preferências de leitura deles. Após, foi feito um
comentário, explicando aos alunos porque é importante estarem sempre procurando
praticar o ato de ler, uma vez que a leitura possibilita que o estudante se torne um
leitor proficiente não apenas para se adaptar à sociedade, mas para entendê-la, lidar
com situações adversas e agir de forma consciente.
Na quarta oficina, foi apresentado aos alunos uma coletânea de contos e
fábulas. A professora arrumou a classe deixando um local especial para leitura,
colocou os contos e as fábulas em exposição e deixou que cada estudante
manuseasse os pequenos livrinhos. Depois disse a eles que era o momento de
selecionar um conto ou uma fábula para fazerem a leitura. Como havia livros
repetidos, vários alunos estavam fazendo a mesma leitura. Após a primeira leitura
dos estudantes, a professora pediu a eles que se agruparem por afinidades de
títulos dos livros. Formaram-se cinco grupos. Foi sugerido aos estudantes a releitura
dos textos e que, após a releitura, eles fizessem uma dramatização do texto. Foi
dado um tempo para os alunos se organizarem. Depois, fizeram a apresentação.
Com esta dinâmica, foi possível perceber que os estudantes gostaram muito de
participar dessa oficina e que a leitura pode ser algo prazeroso quando o leitor
entende o que está lendo.
Para a quinta oficina, a professora levou para a classe folhas de papel sulfite,
lápis para colorir e régua. Depois de colocar os materiais à disposição dos alunos,
fez-se um comentário sobre a oficina da aula anterior, das leituras que fizeram dos
contos e fábulas e foi dito aos estudantes que, para a oficina do dia, eles iriam criar
histórias em quadrinhos. Estas histórias, depois de prontas, seriam colocadas no
mural do colégio. Os alunos ficaram motivados a fazer os desenhos e escrever os
textos dos quadrinhos. Como a turma estava dividida em grupos, os que tinham
mais habilidade para desenhar ficaram responsáveis em criar os desenhos, uns
para escrever os textos nos quadrinhos e outros para fazer a pintura dos desenhos.
Foi uma oficina muito divertida, os estudantes se preocupavam com os detalhes,
com a letra que estavam fazendo nos quadrinhos, com a concordância, a pontuação
das histórias.
Depois de tudo pronto foram anexar os trabalhos no mural do colégio. Foi
gratificante observar que outros colegas do colégio paravam para fazer a leitura dos
trabalhos no mural.
Na sexta oficina, foi feito um debate acerca dos trabalhos realizados até o
momento de implementação do projeto. Todos os estudantes queriam fazer seus
comentários e dizer o que estavam sentindo em poder participar das aulas de leitura.
A professora disse a eles que quando um colega estivesse falando, eles não
deveriam interromper e sim esperar para falar. Foi uma atividade muito boa, pois os
alunos participaram do debate com bastante atenção e ficaram bem à vontade para
expor o que estavam sentindo.
Sétima oficina: A professora sugeriu aos estudantes outras leituras de
“Contos” rompendo com o horizonte de expectativas dos estudantes, orientando-os
a formarem cinco equipes para realizarem as atividades de leitura e dramatização,
preparando assim para a próxima oficina. Foi pedido aos estudantes que usassem
da criatividade.
A oitava oficina foi o momento de dramatização dos contos, os alunos
levaram para a classe roupas, prepararam o cenário, dividiram a classe em dois
espaços e fizeram a apresentação dos contos.
Chegando a nona oficina, a professora pediu aos estudantes para escreverem
as histórias que leram e dramatizaram, porém, com outro ponto de vista, dando um
final diferente da narração apresentada pelo autor do texto. Foi possível perceber
que alguns alunos tiveram mais dificuldade para realizar esta tarefa.
Na décima oficina, a professora fez com o questionamento do horizonte de
expectativas dos estudantes, através do “jogo do igual/diferente”. A turma foi dividida
em dois grupos, e cada aluno simbolizava um elemento da sua história. No jogo,
cada aluno estava representando um elemento da história, e se defrontava no
espelho com o seu correspondente na outra história falando o que eles têm em
comum e de diferente com o outro. Quando uma dupla esgotava o assunto, a outra a
substituía na frente do espelho. Os alunos que ficaram sem correspondente
monologavam sozinhos, dizendo o que eram. Após a professora convidou os
estudantes a fazerem de conta que as duas histórias eram dois espelhos em que
eles podiam se olhar, logo em seguida, foi sugerido que cada aluno convidasse um
elemento da outra história para ficarem do outro lado do espelho. Com isso,
provocou um debate coletivo com cada dos alunos. Com esta atividade foi possível
observar que alguns estudantes mostraram-se inseguros com medo de falar.
Quando chegou o dia da décima primeira, oficina a professora organizou a
classe e convidou os estudantes a formarem dois grupos, um de frente do outro,
disse que para aula daquele dia, eles iriam comentar as atividades de leitura que
estavam realizando. Lembrou-os de que deveriam respeitar quando um colega
estivesse falando. Os resultados dessa oficina foram surpreendentes.
Para a décima segunda oficina, a professora PDE levou para a classe uma
caixinha e dentro dessa caixa havia um espelho. Depois propôs aos estudantes à
dinâmica de abrir a caixa e olhar. Em seguida, após todos se verem no espelho,
escreveu no quadro a seguinte pergunta: “como eu sou por fora e por dentro”.
Sugeriu aos estudantes que eles poderiam guardar as respostas para si ou se
preferissem se manifestarem escrevendo, desenhando ou falando. Em seguida
comentou com os estudantes que o espelho poderia não ser apenas o objeto
concreto que os refletiu, mas que cada um dos estudantes poderiam se vê em
outros objetos ou pessoas. Pediu exemplos de objetos e sugeriu a eles o livro.
Na décima terceira oficina, a professora levou para a classe e apresentou
para a turma os livros: Tchau, Os Colegas, A Casa da Madrinha, O meu Amigo
Pintor, fez uma breve descrição do assunto dos livros, dizendo que os temas dos
mesmos giram em torno da amizade, da alegria de viver, da luta pela sobrevivência.
Depois colocou os livros em exposição, sobre a mesa e disse que se os estudantes
poderiam escolher um e levar para fazer a leitura. Os resultados foram bons porque
todos resolveram retirar um livro para ler.
Décima quarta oficina, a professora PDE levou para a classe um texto retirado
do livro Tchau, fez a leitura e depois pediu para os estudantes ler novamente.
Depois sugeriu um debate acerca da atitude do menino rico. Pediu aos estudantes
para levantarem a mão quando fossem falar e que não interrompesse quando um
colega estivesse fazendo seu comentário. A turma se organizou e o debate acabou
com a sugestão de produzirem textos expondo a opinião sobre a amizade de duas
pessoas: uma rica e a outra pobre. A professora PDE sugeriu que a atividade de
produção fosse tarefa de casa.
Chegando para a próxima aula, a décima quinta oficina, os estudantes
trouxeram a atividade pronta de suas casas, onde expunham suas opiniões sobre a
amizade e o convívio prazeroso entre pessoas pobres e ricas. Foi feito a leitura dos
textos e a professora aproveitou para fazer a correção e a reescrita dos mesmos.
Depois pediu aos alunos para passarem a limpo os textos, pois iria colocá-los no
mural do colégio. Com este trabalho de leitura, foi possível observar que os jovens
leitores estavam gostando de participar das oficinas de leitura.
Na décima sexta oficina, a professora foi com os estudantes até o laboratório
de informática para pesquisarem filmes cujo tema trabalhasse algum tipo de
exclusão. Foi uma atividade de leitura que os jovens fizeram com muita atenção e
curiosidade, pois liam resenhas de filmes. Anotavam o nome do filme e comentavam
o tipo de exclusão que trazia o filme. Ainda no laboratório de informática,
combinaram que, na próxima oficina, iriam assistir a um dos filmes. Os estudantes
escolheram através de votos o filme que queriam assistir. O filme selecionado foi
“Central do Brasil”. A professora combinou com os alunos e, no dia do filme, levaram
pipoca.
Na décima sétima oficina, a professora PDE preparou a classe, levou pipocas
para os alunos e assistiram ao filme. Foi para os estudantes uma oficina diferente.
Após o filme, a professora estimulou a turma para formarem uma roda de
comentários sobre o filme. Surgiu um debate acerca dos que vivem na rua. Depois,
como tarefa de casa, pediu aos estudantes para escreverem textos dando a opinião
sobre o tema pesquisado: “exclusão”.
Quando chegou o dia da décima oitava oficina, foi o momento de leitura e
releitura dos textos que iriam ser colocados no mural do colégio. Foi possível
observar que os estudantes estavam sentindo prazer em participar das atividades.
Eles começaram a comparar os livros que retiraram para leitura com as atividades
que estavam fazendo nas oficinas.
Décima nona oficina, a professora levou para a turma os livros: A Bolsa
Amarela, Angélica, A Casa da Madrinha, Corda Bamba, O Sofá Estampado e Os
Colegas. Foi o momento da Ruptura do horizonte de expectativas. A professora
propôs a leitura, sugeriu como deveria ser a apresentação das mesmas e, num
prazo marcado, a turma se dividiu em grupos para apresentação dos livros.
Na vigésima oficina, foi o momento do feedback com os estudantes acerca
das atividades de leituras realizadas. Os jovens ficaram à vontade para comentar as
atividades de leitura, o projeto da professora PDE e sugeriram que gostariam que a
professora continuasse o trabalho de leitura com eles nos próximos bimestres.
Já, na vigésima primeira oficina, foi o dia da apresentação dos livros de leitura.
Os estudantes se organizaram, trouxeram os materiais que iriam utilizar para a
apresentação. Para este dia, os representantes do NRE, a direção do colégio e os
professores com seus alunos foram convidados a assistirem a apresentação. Os
estudantes apresentaram alguns livros em forma de propaganda viva, outros fizeram
a apresentação em redações e histórias em quadrinhos e houve o grupo que
apresentou o livro Angélica em forma de teatro. Foi uma oficina que emocionou a
muitos, por poder presenciar a criatividade dos alunos ao apresentarem os livros.
Vigésima segunda oficina: a professora PDE pediu aos estudantes que
produzissem textos avaliando o trabalho que realizaram durante o período que
estavam trabalhando com o projeto de leitura.
Na vigésima terceira oficina, foi o momento de ampliação do horizonte de
expectativa dos estudantes, pois, das oficinas anteriores, surgiu à necessidade de
dar prosseguimento ao trabalho com a leitura.
Com a vigésima terceira oficina, concluímos o projeto. E, com o término desse
trabalho, podemos afirmar que o ponto positivo da implementação desse projeto de
leitura é que iremos dar continuidade a ele.
Os trabalhos, as atividades de leitura, portanto, não irão acabar com o
encerramento do nosso programa PDE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados obtidos, podemos afirmar que os objetivos foram
alcançados, pois os estudantes realizaram as atividades de leituras propostas por
nós e produziram textos.
Ficou evidente que trabalhar com o Método Recepcional no projeto de leitura,
elaborado por nós, levou os estudantes a perceberem que, ao praticar o ato de ler,
eles buscaram as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua
formação cultural, religiosa, familiar, enfim, os estudantes foram ao encontro das
várias vozes que os constituem como cidadãos.
Foi possível perceber, também, que trabalhar com a leitura levou os
estudantes a leituras de outros textos e orientou-os a participar da elaboração dos
significados dos textos, confrontando-os com os próprios conhecimentos e
experiências de vida, uma vez que a prática de leitura é um princípio de cidadania e
o aluno, por intermédio da leitura, pode ficar sabendo quais as suas obrigações e
defender seus direitos.
Ao compartilhar essas práticas de leitura, objetivo desse artigo, esperamos
contribuir de alguma forma com os professores de Língua Portuguesa, motivando-os
a trabalhar a leitura por meio do Método Recepcional que é uma das orientações
nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa.
A oportunidade de participar do PDE foi, com certeza, gratificante, uma vez
que permitiu tempo para leituras e estudos, proporcionando, assim, melhores
momentos para nossa formação e capacitação profissional. Houve dificuldades,
momentos de trabalho árduo, mas valorosos, pois além de enriquecermos nosso
conhecimento teórico, o PDE contribuiu muito para nossa prática como professora
em sala de aula.
REFERÊNCIAS
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