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GOVERNANÇA METROPOLITANA NO BRASIL Transporte Público Saneamento Ambiental Zoneamento Urbano Região Metropolitana de Goiânia

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Governança Metropolitana Vol. I - Região Metropolitana de Goiânia

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  • GOVERNANA METROPOLITANA

    NO BRASIL

    Transporte Pblico Saneamento Ambiental

    Zoneamento Urbano

    Regio Metropolitana de Goinia

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    1

    Plataforma IPEA de Pesquisa em Rede

    PROJETO: GOVERNANA METROPOLITANA NO BRASIL

    RELATRIO

    Componente I

    Subcomponente I.II

    ____________________________________________

    Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil

    Anlise Comparativa das Funes Pblicas de Interesse Comum

    INSTITUIO: Secretaria de Desenvolvimento da Regio Metropolitana de Goinia Estado de Gois

    Julho de 2013

    Coordenao Nacional da Rede IPEA

    Marco Aurlio Costa - IPEA

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    2

    Coordenao Nacional do Projeto

    Marco Aurlio Costa - IPEA

    Relatrio de Pesquisa

    Coordenadora Estadual do Projeto

    Lucelena Melo - SEDRMG

    Equipe Estadual

    Dbora Ferreira da Cunha - bolsista IPEA

    Colaborao

    Elcileni de Melo Borges - IESA/UFG

    Elayne Freitas Gomes Caetano - SEDRMG

    Lucio Warley Lippi - SEDRMG

    Formatao e Capa

    Renan Amabile Boscariol Bolsista IPEA

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    3

    SUMRIO 1.1. ASPECTOS POPULACIONAIS................................................................................................................................6

    1.3. FLUXOS SOCIOECONMICOS E CULTURAIS ............................................................................................. 17

    2.1. USO DO SOLO ........................................................................................................................................................ 23

    2.1.1. HISTRICO E CARACTERIZAO DA GESTO DA FPIC ....................................................................................... 23

    2.1.1.1. Estrutura institucional e normativa ..................................................................................................................... 30

    2.1.1.2. Instrumentos de planejamento e gesto ............................................................................................................... 31

    2.1.1.3. Projetos de investimento e recursos para o financiamento ................................................................................. 34

    2.1.1.4. Controle social ..................................................................................................................................................... 37

    2.1.2. ANLISE DA EFETIVIDADE DO ARRANJO DE GESTO E DA GOVERNANA METROPOLITANA ............................... 38

    2.1.2.1. Anlise da dinmica socioeconmica e suas interfaces com o uso do solo ......................................................... 39

    2.1.2.2. Governana do uso do solo metropolitano: a questo dos grandes empreendimentos ....................................... 48

    2.1.2.3. Avaliao da Governana Metropolitana relativa FPIC Uso do Solo ............................................................. 51

    2.2. SANEAMENTO AMBIENTAL ............................................................................................................................. 52

    2.2.1. HISTRICO E CARACTERIZAO DA GESTO DA FPIC ....................................................................................... 52

    2.2.1.1. Estrutura institucional e normativa ..................................................................................................................... 60

    2.2.1.2. Instrumentos de planejamento e gesto ............................................................................................................... 61

    2.2.1.3. Projetos de investimento e recursos para o financiamento ................................................................................. 64

    2.2.1.4. Controle social ..................................................................................................................................................... 66

    2.2.2. ANLISE DA EFETIVIDADE DO ARRANJO DE GESTO E DA GOVERNANA METROPOLITANA ............................... 66

    2.2.2.1. Anlise da dinmica socioeconmica e suas interfaces com o saneamento ambiental ....................................... 67

    2.2.2.2. Governana do saneamento ambiental metropolitano: a questo do saneamento ambiental e da expanso da

    infraestrutura urbana (gua, Esgoto, Macrodenagem, Resduos Slidos) ...................................................................... 68

    2.2.2.3. Avaliao da Governana Metropolitana relativa FPIC saneamento ambiental ............................................. 70

    2.3. TRANSPORTE ........................................................................................................................................................ 71

    2.3.1. HISTRICO E CARACTERIZAO DA FPIC ........................................................................................................... 71

    2.3.1.1. Estrutura institucional e normativa ..................................................................................................................... 80

    2.3.1.2. Instrumentos de planejamento e gesto ............................................................................................................... 81

    2.3.1.3. Projetos de investimento e recursos para o financiamento ................................................................................. 84

    2.3.1.4. Controle social ..................................................................................................................................................... 85

    2.3.2. ANLISE DA EFETIVIDADE DO ARRANJO DE GESTO E DA GOVERNANA METROPOLITANA ............................... 86

    2.3.2.1. Anlise da dinmica socioeconmica e suas interfaces com o transporte .......................................................... 86

    2.3.2.2. Governana do transporte metropolitano: a questo do transporte e da expanso da infraestrutura urbana ... 95

    2.3.2.3. Avaliao da Governana Metropolitana relativa FPIC transporte ................................................................ 97

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    4

    FIGURAS FIGURA 1: Mapa da RMG segundo a populao e taxa de crescimento demogrfico no perodo 2000-2010. ................ 8

    FIGURA 2: Imagens do corredor preferencial universitrio. ............................................................................................. 9

    FIGURA 3: Imagens do Projeto Corredor Gois - BRT Norte-Sul. ................................................................................. 10

    FIGURA 4: PIB total e por setor de atividade na RMG nos anos de 2000 e 2010. .......................................................... 11

    FIGURA 5: Rendimento mdio por domiclio na RMG no ano de 2010. ........................................................................ 17

    FIGURA 6: Tipologia da Mobilidade Pendular na Regio Metropolitana de Goinia no ano de 2010............................ 20

    FIGURA 7: Uso e cobertura do solo na RMG, ano de 2010. ........................................................................................... 25

    FIGURA 8: Macro rede viria bsica de Goinia e Entorno. ........................................................................................... 29

    FIGURA 9: Aglomerados subnormais em Goinia. ......................................................................................................... 42

    FIGURA 10: Distribuio espacial dos assentamentos subnormais na RMG. ................................................................. 44

    FIGURA 11: Rede hidreltrica estrutural de Goinia. ...................................................................................................... 53

    FIGURA 12: ETE Dr. Hlio Seixo de Britto. ................................................................................................................... 59

    FIGURA 13: Municpios que fazem parte da "Associao de Municpios do Alto Meia Ponte e Adjacentes" (AMAMPA)

    .......................................................................................................................................................................................... 63

    FIGURA 14: Rede bsica de corredores estruturais de transporte da RMTC. .................................................................. 72

    FIGURA 15: Corredor Anhanguera.................................................................................................................................. 73

    FIGURA 16: Localizao dos terminais de integrao urbano na regio metropolitana de Goinia, no ano de 2012. .... 76

    FIGURA 17: Distribuio dos fluxos de transporte metropolitano da RMTC no ano de 2012. ....................................... 77

    FIGURA 18: Proposta do VLT Eixo Anhanguera. ........................................................................................................... 79

    FIGURA 19: Estrutura institucional e normativa da RMTC. ........................................................................................... 81

    FIGURA 20: Aes indicadas para priorizao do transporte coletivo na Rede Bsica de Corredores de Transporte da

    RMTC PDSTC-RMG .................................................................................................................................................... 82

    FIGURA 21: Aes do Plano Diretor de Goinia para o Sistema de Transporte Coletivo da Rede Metropolitana. ........ 83

    QUADROS QUADRO 1: Vocao e potencialidades dos municpios da RMG conforme sua economia. .......................................... 13

    QUADRO 2: Caracterizao socioeconmica dos municpios da RMG. ......................................................................... 14

    QUADRO 3: Estimativa da populao e movimentao pendular acima de 15% do total de habitantes dos municpios da

    RMG, no ano de 2010. ...................................................................................................................................................... 18

    QUADRO 4: Localidades que recebem os maiores ndices de pessoas do estado de Gois, ano de 2010. ...................... 19

    QUADRO 5: Instrumentos de Planejamento e Gesto dos Municpios da RMG. ............................................................ 33

    QUADRO 6: PAI Plano de Ao Integrada Aes Estruturantes. .............................................................................. 35

    QUADRO 7: PAC na RMG: Investimentos (R$) e Nmero de empreendimentos por Municpio. ................................. 36

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    5

    QUADRO 8: Proviso de Moradia na RM de Goinia pelo programa PAC HABITAO. ........................................... 45

    QUADRO 9: Empreendimentos de Grande Porte Implantados ou em implantao na RMG, durante o perodo 2008-2013

    (FPIC Uso do Solo). ......................................................................................................................................................... 49

    QUADRO 10: Informaes dos municpios da RMG segundo o diagnstico dos servios de gua e esgotos no ano de

    2009. ................................................................................................................................................................................. 55

    QUADRO 11: Esgoto sanitrio ambiental na RMG, ano de 2010.................................................................................... 56

    QUADRO 12: Sistema de disposio do lixo da RMG. ................................................................................................... 58

    QUADRO 13: Empreendimentos de Grande Porte Implantados ou em implantao na RMG, no perodo 2008-2013 (FPIC

    Saneamento). .................................................................................................................................................................... 65

    QUADRO 14: Sntese da histria do transporte coletivo da RMTC (Continua...). .......................................................... 74

    QUADRO 15: Fontes de recursos do Programa Metropolitano de Transporte Coletivo. ................................................. 84

    QUADRO 16: Canais de atendimento e comunicao dos usurios do SIT-RMTC. ....................................................... 85

    QUADRO 17: Sntese das Aes do Programa Metropolitano de Transporte Coletivo. .................................................. 95

    QUADRO 18: Empreendimentos de Grande Porte Implantados ou em Implantao na RMG - FPIC Transporte (2008-

    2013). ................................................................................................................................................................................ 96

    GRFICOS GRFICO 1: Evoluo populacional e taxa de crescimento anual da RMG. .................................................................... 7

    GRFICO 2: Percentagem de emprego por setor de atividade na RMG no ano de 2011. ............................................... 15

    GRFICO 3: Valor do rendimento mdio nominal mensal (R$) na RMG no ano de 2011. ............................................ 16

    GRFICO 4: O Programa Minha Casa, Minha Vida na RMG no perodo 2009-2013. ................................................... 37

    GRFICO 5: Taxa de Crescimento Geomtrico anual dos municpios da RMG no perodo 2000/2010. ........................ 40

    GRFICO 6: Participao da populao do ncleo e da periferia da RMG. .................................................................... 41

    GRFICO 7: Unidades habitacionais financiadas pelo PMCMV na RMG entre os anos de 2009 e 2013. ..................... 46

    GRFICO 8: UHs produzidas pelo PMCMV na RMG, segundo faixa de renda, entre 2009 e junho de 2013................ 47

    GRFICO 9: Diviso modal na RMG em 2000. .............................................................................................................. 87

    GRFICO 10: Participao de cada modo de transporte ................................................................................................. 88

    GRFICO 11: Evoluo da diviso modal das viagens motorizadas na Grande Goinia. ............................................... 91

    GRFICO 12: Produo e atrao de viagens por municpio na hora pico da manh. .................................................... 92

    GRFICO 13: Distribuio das viagens por transporte coletivo, por municpio de origem conforme a sua distribuio

    interna e para outros municpios (%). ............................................................................................................................... 93

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    6

    1. CARACTERIZAO DA DINMICA

    METROPOLITANA

    1.1. ASPECTOS POPULACIONAIS

    A Regio Metropolitana de Goinia foi instituda em 1999, atravs da Lei Complementar n. 27/99,

    reorganizando o Aglomerado Urbano de Goinia, institudo em 1980, com 8 municpios. Atualmente,

    compem a RMG 20 municpios (LC n. 78/2010), em uma rea de 7.397,203Km, dentre os quais

    alguns apresentam uma forte conurbao com Goinia e outros, algum grau de relao econmica

    com a Capital, e, portanto, de interesse metropolitano. Residem na RMG 2.173.141 habitantes o que

    equivale a 36,2% de toda populao do Estado (Censo 2010). Goinia a principal cidade de toda

    esta regio, com 60% da populao da RMG. Concentra, ainda, a maior parte dos empregos e do PIB

    da regio.

    A anlise dos indicadores populacionais das ltimas dcadas mostra um expressivo crescimento

    populacional, com taxas mdias anuais de crescimento em torno de 3%. Considerando as ltimas trs

    dcadas, a populao da RMG passou de 1.312.709 habitantes para os 2.173.141, aproximadamente

    1,7 vezes superior, como ilustra o Grfico 1.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    7

    GRFICO 1: Evoluo populacional e taxa de crescimento anual da RMG.

    Fonte: Censos Demogrficos IBGE.

    A distribuio espacial desta populao nos municpios extremamente desigual, com 90% da

    populao da RMG est concentrada em quatro municpios: Goinia, com 1,3 milho de habitantes;

    Aparecida de Goinia, com 455 mil; Trindade, com 104 mil e Senador Canedo, com 84 mil habitantes

    (Censo 2010). Os demais municpios apresentam menor populao relativa, destacando-se entre eles,

    Inhumas, com 48 mil; Goianira, com 34 mil; Nerpolis e Bela Vista de Gois, ambos com

    aproximadamente 24 mil habitantes.

    Neste breve quadro demogrfico destacamos o crescimento expressivo de municpios do entorno de

    Goinia, com destaque para Goianira, com taxa de crescimento anual de 6,79% na ltima dcada.

    Tambm o municpio de Senador Canedo cresceu a uma taxa de 5,29% a.a. e Santo Antnio de Gois,

    com taxa de 4,72% a.a., contribuindo para o adensamento no entorno do municpio de Goinia (Figura

    1).

    Evoluo populacional x taxa crescimento anual da RMG

    1.312.709

    1.743.431

    2.173.141

    2,48%

    3,20%2,83%

    0

    300.000

    600.000

    900.000

    1.200.000

    1.500.000

    1.800.000

    2.100.000

    2.400.000

    1991 2000 2010

    hab

    itan

    tes

    0,00%

    0,50%

    1,00%

    1,50%

    2,00%

    2,50%

    3,00%

    3,50%

    Taxa c

    rescim

    en

    to a

    nu

    al

    populao total taxa crescimento

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    8

    FIGURA 1: Mapa da RMG segundo a populao e taxa de crescimento demogrfico no perodo

    2000-2010.

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE 2010.

    Elaborao: SEDRMG, 2013.

    A perspectiva de que o crescimento urbano continue, ainda que a menores taxas, porm mantendo

    valores elevados quando comparado com algumas capitais, regies ou aglomerados urbanos do pas.

    Na distribuio regional, a expectativa de que o crescimento nos municpios do entorno se

    intensifique em relao Goinia. A metade dos municpios da RMG possui elevado grau de

    urbanizao, com taxas acima de 90% (Censo 2010), a outra metade registra taxas menores, em

    funo de suas caractersticas, com predomnio de atividades rurais, entre eles, Abadia de Gois,

    Aragoinia, Bela Vista de Gois, Brazabrantes, Caldazinha e Hidrolndia; estes com taxas abaixo de

    75%.

    1.2. Aspectos econmicos

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    9

    A metrpole goianiense tem 256,8 km2 de rea urbana e 1,3 milhes de habitantes, o crescimento da

    cidade e a preservao da qualidade de vida da populao requerem altos e constantes investimentos,

    especialmente em infraestrutura. A previso oramentria da Prefeitura de Goinia para o ano de

    2013 de cerca de 3,5 bilhes para investimentos em melhorias em diversas reas. A malha viria da

    cidade ter R$ 42,4 milhes de investimento visando principalmente, abertura de novas vias,

    prolongamento, recuperao, construo de corredores, viadutos.

    Segundo a Prefeitura Municipal os projetos de custo mais elevado, tais como os corredores de

    transporte tero aporte do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) Mobilidade Urbana, que

    seguem diretrizes estabelecidas no ltimo Plano Diretor (2007), como a abertura de corredores de

    transporte, visando priorizar o transporte pblico e facilitar a mobilidade urbana, alguns corredores

    preferenciais j foram implantados ou esto em implantao, tais como o Corredor Universitrio

    (imagem abaixo), Corredores T-7, T-9, T-63.

    FIGURA 2: Imagens do corredor preferencial universitrio.

    Fonte: Prefeitura de Goinia (disponvel: http://www.goiania.go.gov.br/ acessado: julho/2013)

    Outro corredor importante o Corredor Gois (BRT Norte Sul), a Prefeitura de Goinia est

    finalizando o projeto do BRT Veculo Rpido sobre Rodas (imagem abaixo) que cruzar a cidade

    de Norte a Sul, estendendo-se at o municpio de Aparecida de Goinia. O corredor ter 22,7 km de

    extenso, contar com sete terminais de integrao, 32 estaes de embarque e desembarque, com

    estimativas para transportar cerca de 12 mil passageiros hora-pico. O trecho ser exclusivo, com

    canaleta central destinada operao do transporte coletivo que utilizar nibus articulados, que vo

    circular com velocidade entre 25 e 30 km/h, hoje a mdia na extenso proposta de 14 km/h. O

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    10

    investimento previsto R$ 280 milhes, divididos entre recursos do PAC 2 da Mobilidade Urbana e

    da Prefeitura de Goinia.

    FIGURA 3: Imagens do Projeto Corredor Gois - BRT Norte-Sul.

    Fonte: Prefeitura de Goinia (disponvel: http://www.goiania.go.gov.br/ acessado: julho/2013)

    A economia da RMG quase totalmente centrada nas atividades que se desenvolvem no municpio

    de Goinia. Por outro lado, h distintos perfis econmicos entre os municpios que compem a regio.

    H alguns que tm uma atividade agropecuria mais expressiva em relao a outras atividades,

    contrastando com outros, com pouca expresso econmica, fortemente dependente da capital e

    servindo como cidades-dormitrio. Em geral, os demais municpios da RMG apresentam-se

    dependentes de Goinia para o atendimento de alguns servios como sade e educao.

    J Goinia apresenta um perfil de atividades econmicas compatvel com a sua posio e funo de

    centro regional e capital do estado, concentrando atividades de servios, comrcio, alm de atividades

    industriais. A Figura 4 demonstra as dinmicas do PIB na RMG.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    11

    FIGURA 4: PIB total e por setor de atividade na RMG nos anos de 2000 e 2010.

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE 2010; Elaborao: SEDRMG 2013.

    Com o processo de modernizao agrcola, a partir dos anos 80, o estado de Gois vem ganhando

    importncia e dinamismo, principalmente, na atividade agropecuria, seja em funo da maior

    produo agrcola, da diversificao de culturas, ou do aumento de produtividade. Na indstria

    tambm se percebeu avanos, com a maior diversificao no ramo de alimentos, alm dos segmentos

    da cadeia automobilstica, do ao e derivados da cana-de-acar.

    Em 2010, as exportaes goianas apresentaram um resultado favorvel, com aumento de 11,9% no

    valor exportado. Registrou-se elevao na contribuio relativa das quantidades, o que foi

    impulsionado pelo aumento de preos de commodities agrcolas e minerais. Quanto s importaes,

    o crescimento ocorreu num ritmo mais acelerado do que as exportaes, fechando o ano de 2010 com

    expanso de 46,4% em relao a 2009.

    No aspecto da produo industrial, no fechamento do ano de 2010 a produo local registrou

    crescimento de 17,1%, apresentando taxas de dois dgitos praticamente em todos os meses. Em grande

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    12

    parte, o bom desempenho no ano foi impulsionado pelos resultados positivos observados nos ramos

    de alimentos e bebidas (9,8%), produtos qumicos (69,5%) e minerais no metlicos (14,2%).

    O setor industrial em Gois apresenta um comportamento mais uniforme que os demais setores, com

    sequncia de taxas positivas ao longo do perodo, exceto no ano de 2009. A indstria de transformao

    goiana tem se tornado cada vez mais diversificada, com crescimento na fabricao de medicamentos,

    produo de automveis e de aos e derivados. Seu perfil produtivo mais voltado para o mercado

    interno, pois predomina na estrutura industrial goiana a produo de alimentos, menos afetada pela

    crise internacional.

    Outro setor a ser ressaltado da construo civil, que tem mostrado bom desempenho em Gois em

    razo de grandes obras de infraestrutura, incluindo a Ferrovia Norte-Sul e a duplicao da BR-060, a

    construo de habitaes populares, entre outros fatores, que devero aquecer o mercado de trabalho

    e estimular a economia.

    No setor de servios a situao no deve alterar muito. A expectativa de taxas positivas, em

    decorrncia do aumento da renda, do consumo das famlias e das empresas.

    No contexto macroeconmico, o PIB de Gois atingiu o valor de R$ 97,576 bilhes, com um

    incremento de R$ 11,961 bilhes em 2010, sendo este o maior incremento desde 1995. Em termos de

    variao do PIB, houve acrscimo de 8,8% em comparao ao ano anterior, com registro de

    crescimento nos trs grandes setores: a indstria, com a maior taxa (13,7%), seguida pelo setor de

    servios (6,4%) e pela agropecuria (5,4%). A participao no PIB nacional, que era de 2,6% em

    2009, manteve-se no mesmo patamar no ano de 2010. Com isso, o estado de Gois se manteve na 9

    posio no ranking nacional.

    O Instituto Mauro Borges de Estatstica e Estudos Socioeconmicos IMB realizou, em 2012, um

    estudo sobre o perfil e potencialidades dos municpios goianos, atravs do agrupamento de

    municpios a partir do Produto Interno Bruto municipal de 2009, pois se trata de estatstica bastante

    esclarecedora do tamanho e da dinmica da economia do municpio. Por si s, o indicador possui um

    poder de retratar a realidade de um municpio que nenhum outro indicador capaz. Essa capacidade

    que a estatstica PIB municipal possui deve-se ao fato de que, para sua construo, so necessrias

    muitas outras estatsticas, tornando-o assim um excelente indicador sntese, que apresenta o resultado

    final das atividades produtivas.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    13

    Nesse sentido, foi utilizado o montante do PIB municipal de 2009 e a taxa de crescimento nominal

    referente ao perodo de 2002 a 2009. Atravs do valor do PIB foi possvel identificar os municpios

    como de elevado, mdio e pequeno porte econmico. Como municpios de porte econmico elevado

    foram considerados aqueles cujo montante do PIB situa-se acima da mdia dos municpios brasileiros.

    Os municpios considerados de porte econmico mdio foram aqueles cuja produo econmica se

    encaixava entre a mdia e mediana dos municpios brasileiros, e os de porte econmico pequeno, as

    economias abaixo da mediana dos municpios brasileiros.

    Para a caracterizao dos municpios, quanto ao dinamismo, foi analisado o crescimento do PIB entre

    o perodo de 2002 a 2009. Assim foi possvel classificar os municpios em Dinmicos (municpios

    com maior crescimento), Intermedirios (municpios com crescimento situados entre dinmicos e

    estagnados) e Estagnados (municpios de menor desempenho). Os municpios classificados em

    Economia de elevado porte no foram caracterizados quanto ao dinamismo

    Em geral, os resultados do estudo a partir da classificao proposta - municpios de elevado, mdio e

    pequeno porte - possibilitou um agrupamento de municpios para a RMG que confirma as

    desigualdades presentes no territrio, pois os municpios metropolitanos foram distribudos de acordo

    com suas caractersticas e potencialidades, variando entre dinmicos e estagnados, ver Quadro 1.

    QUADRO 1: Vocao e potencialidades dos municpios da RMG conforme sua economia.

    Municpios

    Produo

    principal da

    Agropecuria

    Principais

    atividades

    industriais

    Potencial

    turstico no

    municpio

    Sede ou participante de

    Arranjo Produtivo Local

    Articulado ou em

    Articulao

    Porte Elevado

    Aparecida de Goinia

    Goinia

    Senador Canedo

    Trindade

    Mdio Porte dinmica

    Bela Vista de Gois

    Mdio Porte crescimento intermedirio

    Guap

    Hidrolndia

    Inhumas

    Nerpolis

    Mdio Porte estagnada

    Goianira

    Pequeno Porte dinmica

    Brazabrantes

    Nova Veneza

    Santo Antnio de Gois

    Terezpolis de Gois

    Pequeno Porte com crescimento intermedirio

    Abadia de Gois

    Bonfinpolis

    Caldazinha

    Catura

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    14

    Goianpolis

    Pequeno Porte estagnada

    Aragoinia

    Fonte: IMB/Segplan/GO-2012.

    Organizao: Dbora Ferreira da Cunha.

    Segundo estudo do IMB (2011), apresentado no relatrio sobre a caracterizao socioeconmica dos

    municpios goianos, avaliados a partir da anlise de indicadores econmicos e sociais (IFDM sade,

    educao, emprego e renda; PIB per capita; percentual da populao atendida com gua; consultas

    pr-natais; matrculas nos ensinos fundamental, mdio e tcnico; ndice de participao dos

    municpios - ICMS), a RMG a regio do Estado que tem menor carncia, de acordo com as variveis

    econmicas e sociais utilizadas. Entretanto, quando se analisa o conjunto dos 246 municpios do

    Estado, que foram subdivididos no estudo em seis grupos, os municpios da RMG ficaram assim

    distribudos:

    QUADRO 2: Caracterizao socioeconmica dos municpios da RMG. GRUPOS MUNICPIOS CARACTERSTICAS

    GRUPO 1 Goinia, Aparecida de Goinia

    e Senador Canedo

    Municpios que mais recebem investimentos privados, alm

    de possurem prefeituras com melhores condies financeiras

    para implementao de polticas pblicas compensatrias.

    GRUPO 3

    Nerpolis, Inhumas, Santo

    Antnio de Gois, Bela Vista

    de Gois, Goianira,

    Brazabrantes e Catura

    So municpios que apresentam relativa qualidade de vida de

    seus habitantes

    GRUPO 4 Nova Veneza e Goianpolis

    So municpios que mostram um relativo dinamismo

    econmico, j que apresenta em muitos casos uma agricultura

    dinmica com produtos de alto valor agregado, sendo que em

    alguns j existe um processo de industrializao.

    GRUPO 5

    Trindade, Hidrolndia,

    Caldazinha, Abadia de Gois,

    Terezpolis de Gois,

    Bonfinpolis, Aragoinia e

    Abadia de Gois

    Formado por municpios com baixo dinamismo econmico e

    um grau considervel de carncias sociais, alm do fato de as

    prefeituras no terem condies prprias de implementar

    polticas pblicas compensatrias.

    Fonte: IMB/Segplan/GO-2011; Organizao: Dbora Ferreira da Cunha.

    No campo da oferta de trabalho, segundo dados da RAIS Relao Anual de Informaes

    Sociais, do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), no ano de 2010 foram gerados 104.331 novos

    empregos formais no estado de Gois, o equivalente a 49% do total de empregos gerados em toda a

    regio Centro-Oeste (213.287). Em termos relativos, foi observado um aumento de 8,63%, passando

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    15

    de 1.209.310 empregos formais, em 2009, para 1.313.641, em 31 de dezembro de 2010. Este resultado

    ficou acima da mdia nacional, que foi de 6,94%. Em Gois, quase todos os setores da economia

    registraram aumento no nvel geral de emprego, exceto o setor de servios industriais de utilidade

    pblica, que teve reduo de 540 postos de trabalho, com variao relativa negativa de 5,67%. A

    agropecuria teve aumento relativo de 6,31%, atingindo um estoque de empregos formais de 81.696,

    em 2010, ante 76.847, em 2009. O grfico abaixo mostra a distribuio do emprego na RMG por

    setor de atividade concentra-se no setor de servios na maioria dos municpios da RMG.

    GRFICO 2: Percentagem de emprego por setor de atividade na RMG no ano de 2011.

    Fonte: IMB/Segplan/GO.

    A maioria dos municpios da RMG possui rendimento mdio mensal variando entre R$ 950 e R$

    1.160, valores menores que a mdia da regio e do Estado, apenas trs municpios Goinia, Senador

    Canedo e Santo Antnio de Gois possui rendimentos maiores, um destaque para Santo Antnio de

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    16

    Gois que apresentou rendimento mdio maior que Goinia, ambos superiores que as mdias da

    regio e do Estado, ver grfico a seguir.

    A Figura 3, a seguir, mostra a distribuio da renda mdia por domiclio na RMG, observa-se uma

    distribuio semelhante da renda mdia por domiclio, entre as menores e maiores faixas de renda,

    predominando as faixas de 1 a 2 S.M. e 2 a 5 S.M.

    GRFICO 3: Valor do rendimento mdio nominal mensal (R$) na RMG no ano de 2011.

    Fonte: IMB/Segplan/GO.

    998,76

    1.121,79

    923,76

    1.158,10

    1.003,41

    990,36

    978,62

    1.030,51

    1.056,20

    1.835,57

    1.070,51

    1.148,35

    1.073,68

    1.026,96

    1.128,13

    1.128,85

    2.108,76

    1.328,75

    965,04

    1.116,19

    1.673,79

    1.467,99

    0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250

    Abadia de Gois

    Aparecida de Goinia

    Aragoinia

    Bela Vista de Gois

    Bonfinpolis

    Brazabrantes

    Caldazinha

    Catura

    Goianpolis

    Goinia

    Goianira

    Guap

    Hidrolndia

    Inhumas

    Nerpolis

    Nova Veneza

    Santo Antnio de Gois

    Senador Canedo

    Terezpolis de Gois

    Trindade

    REGIO

    ESTADO

    valor mdio mensal (R$)

    mu

    nic

    pio

    s

    Valor do rendimento nominal mdio mensal (R$) na RMG - 2011

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    17

    FIGURA 5: Rendimento mdio por domiclio na RMG no ano de 2010.

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE 2010; Elaborao: SEDRMG 2013.

    1.3. FLUXOS SOCIOECONMICOS E CULTURAIS

    O maior nmero de deslocamentos na RMG tem sua origem nos municpios do entorno com destino

    Goinia, dos quais grande parte da populao vive em regies perifricas, distantes dos locais de

    estudo, trabalho, sade e lazer, por isso, se deslocam para Goinia em busca de servios de educao,

    de sade e procura de emprego formal.

    Especificamente quanto ao movimento pendular em busca de oportunidades de emprego na

    RMG, um elevado contingente de trabalhadores gravitam em torno de Goinia, onde se encontram

    maior parte das atividades industriais e estabelecimentos comerciais, seguida por Aparecida de

    Goinia, Senador Canedo, Goianira e Trindade, pois so estes locais que concentram a maior

    disponibilidade de emprego e atividades de gerao de renda. O Quadro 3 mostra a movimentao

    pendular da RMG.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    18

    QUADRO 3: Estimativa da populao e movimentao pendular acima de 15% do total de

    habitantes dos municpios da RMG, no ano de 2010.

    Municpio

    Estimativa

    da

    populao

    total

    Estuda em

    municpio

    diferente

    Ttrabalha

    em

    municpio

    diferente

    Estuda e

    trabalha

    em

    municpio

    diferente

    Total da

    populao

    pendular

    % populao

    pendular

    Senador Canedo 84.443 3.118 20.836 1.147 25.101 29,7

    Goianira 34.060 1.108 7.527 365 9.000 26,4

    Aparecida de

    Goinia 455.657 20.163 88.718 6.824 115.705 25,4

    Abadia de Gois 6.876 238 1.284 81 1.603 23,3

    Bonfinpolis 7.536 224 1.385 64 1.673 22,2

    Santo Antnio de

    Gois 4.703 115 768 34 917 19,5

    Trindade 104.488 3.057 16.227 780 20.064 19,2

    Brazabrantes 3.232 217 361 42 620 19,2

    Caldazinha 3.325 116 417 18 551 16,6

    Fonte: Microdados do Censo Demogrfico IBGE 2010; Elaborao: Adaptado Segplan/IMB 2012.

    Um elevado nmero de pessoas que se desloca diariamente para Goinia se origina de quatro

    municpios limtrofes capital, maior plo urbano do estado: Aparecida de Goinia, Trindade,

    Senador Canedo e Hidrolndia. Em Senador Canedo, praticamente 30% da populao que trabalha

    ou estuda o faz em outra localidade, normalmente em Goinia. Em Aparecida de Goinia, cidade com

    455.65 7 mil habitantes, 115.705 se deslocam, totalizando 25,4% da populao local. Por sua vez,

    no municpio de Trindade mais de 20 mil pessoas realiza deslocamento dirio, por motivos de estudo

    e trabalho, o que representa 19% da populao. A cidade de Hidrolndia, municpio que inclusive

    concentra alguns empreendimentos industriais possui uma movimentao pendular da populao na

    faixa de 13% em relao ao total de habitantes.

    Goinia, maior polo urbano do Estado, a segunda localidade a receber a maior quantidade de pessoas

    de outros municpios, com semelhante fenmeno de pendularidade, ou seja, a cidade recebe um tero

    do movimento pendular em Gois (35%), que corresponde a 191 mil pessoas, como mostra o quadro

    abaixo.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    19

    QUADRO 4: Localidades que recebem os maiores ndices de pessoas do estado de Gois, ano de

    2010.

    No caso das aglomeraes urbanas, os deslocamentos ficam condicionados distribuio e hierarquia

    de funes entre os municpios integrantes, devendo-se considerar tanto a questo do mercado de

    trabalho quanto infraestrutura oferecida, como o caso dos estabelecimentos educacionais e

    servios de sade, entre outros.

    Por sua vez, a mobilidade pendular tambm est presente entre municpios no aglomerados, quando

    expressa a localizao de atividades atrativas decorrentes apenas da existncia de uma grande

    indstria ou um grande estabelecimento de comrcio ou de servios, cooperativa, empresa

    agropecuria ou escola e universidade. A localizao das indstrias em regies que concentram

    populao e oferta de servios acaba atraindo pessoas de outros municpios, como ficou perceptvel

    em relao a Goinia.

    O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico e Social (IPARDES) est desenvolvendo um

    estudo sobre a tipologia dos deslocamentos pendulares para trabalho e/ou estudo do Brasil, a partir

    dos dados do Censo IBGE (2010). O objetivo da tipologia diferenciar os municpios quanto

    grandeza dos fluxos pendulares e ao tipo de fluxo predominante, se de sada ou de entrada. Os

    resultados preliminares j apontam que a tipologia permite distinguir, fundamentalmente, recortes

    que remetam a distintas ordens de ao exigidas por esses espaos, sejam aquelas atinentes ao

    exerccio das funes pblicas de interesse comum (entre municpios receptores e evasores de alta e

    mdia intensidade de fluxos), sejam relativas a estratgias de integrao e desenvolvimento regional,

    aqui inserindo municpios tipificados como evasores ou receptores de baixa intensidade. A Figura 4

    apresenta a tipologia da mobilidade pendular da RMG (2010), destacando Goinia como Grande

    Receptor e Aparecida de Goinia como Grande Evasor, os demais municpios da regio classificam-

    se entre mdios e pequenos evasores.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    20

    FIGURA 6: Tipologia da Mobilidade Pendular na Regio Metropolitana de Goinia no ano de 2010.

    Fonte: Censo Demogrfico IBGE 2010; Elaborao: IPARDES 2013.

    Alguns municpios da RMG caracterizam fluxos sociais e culturais que se destaca na regio, Trindade

    pela realizao da Festa do Divino Pai Eterno (Romaria e Novena), Nova Veneza com festival italiano

    de cultura e gastronomia, o artesanato em Hidrolndia com a tradicional Festa das Fiandeiras.

    O municpio de Trindade recebe romeiros de todo o estado de Gois e de vrias cidades do Brasil

    durante todo o ano, com maior intensidade nos finais de semana e em maior proporo durante a festa

    do Divino Pai Eterno que termina no primeiro domingo de julho. Os ltimos registros constam que

    passaram pela cidade durante os 10 dias de festa mais de 2,7 milhes de pessoas (Baslica, 2013),

    representando proporcionalmente mais de 20 vezes a populao do municpio.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    21

    2. ANLISE DAS FUNES PBLICAS DE

    INTERESSE COMUM SELECIONADAS

    A Constituio do Estado de Gois, promulgada em 05 de outubro de 1989, autorizou a criao da

    Regio Metropolitana de Goinia, mediante lei complementar, constituda por agrupamento de

    Municpios limtrofes, visando integrar a organizao, o planejamento e a execuo de funes

    pblicas de interesse comum (Artigo n. 04, inciso I, alnea a).

    Conforme a CE, em seu Art. 90, 2. so consideradas funes pblicas de interesse comum: I.

    transporte e sistema virio; II. segurana pblica; III. saneamento bsico; IV. ocupao e uso do

    solo, abertura e conservao de estradas vicinais; V. aproveitamento dos recursos hdricos;

    distribuio de gs canalizado; VI. cartografia e informaes bsicas; VII. aperfeioamento

    administrativo e soluo de problemas jurdicos comuns; VIII. outras definidas em lei complementar.

    E que as diretrizes do planejamento das funes de interesse comum da Regio Metropolitana sero

    objeto do Plano Diretor Metropolitano (Art. 91).

    Dez anos aps o advento da Constituio Estadual, a Lei Complementar n. 27/99 criou de fato a

    Regio Metropolitana de Goinia inicialmente composta por 11 municpios (Art. 1), mais a Regio

    de Desenvolvimento Integrado de Goinia RDIG, composta por 07 municpios (Art. 2). Nos anos

    de 2004 e 2005, foram acrescidos outros dois municpios pelas LCEs n 48/2004 e 54/2005, e a RMG

    passou a ser composta por 13 municpios. Em 2010, com a Lei Complementar n. 78, de 25 de maro,

    todos os municpios da grande Goinia foram incorporados na sua totalidade na composio da RMG,

    que passou a ser composta por 20 municpios (Art. 1).

    A legislao estadual, desde a LCE n. 27/1999, considera como de interesse comum as atividades

    que atendam a mais de um municpio, assim como aquelas que mesmo restritas ao territrio de um

    deles, sejam, de algum modo, dependentes ou concorrentes de funes pblicas e servios supra

    municipais. O Art. 5 da referida Lei dispe que as funes pblicas de interesse comum sero

    definidas pelo CODEMETRO entre os campos funcionais previstos nos incisos de I a VIII do art. 90

    da Constituio Estadual e mais os seguintes: I. planejamento; II. poltica de habitao e meio-

    ambiente; III. desenvolvimento econmico; IV. promoo social; V. modernizao institucional. E

    que a integrao da execuo das funes pblicas comuns ser efetuada pela concesso, permisso

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    22

    ou autorizao do servio entidade estadual, quer pela constituio de entidade de mbito

    metropolitano, quer mediante outros processos que, atravs de ajustes, venham a ser estabelecidos

    (Pargrafo nico).

    A mesma LCE n. 27/1999 autorizou o Chefe do Poder Executivo a instituir o Conselho de

    Desenvolvimento da Regio Metropolitana de Goinia - CODEMETRO e instituiu duas cmaras

    temticas: a Cmara Deliberativa de Transportes Coletivos CDTC (Art. 6, 5) e a Cmara

    de Uso e Ocupao do Solo (Art. 8, Pargrafo nico).

    O CODEMETRO foi criado pelo Decreto n. 5.193/2000, e a instncia de carter normativo e

    deliberativo responsvel pela gesto metropolitana, estando atualmente sob a responsabilidade da

    Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Regio Metropolitana de Goinia (SEDRMG), que

    dever promover a execuo das diretrizes definidas pelo Conselho e o assessoramento tcnico e

    administrativo necessrio ao seu funcionamento, bem como acompanhar as atividades aprovadas e

    declaradas de interesse comum pelo Conselho.

    Das oito cmaras temticas propostas na criao do CODEMETRO transporte coletivo, habitao,

    atendimento social, saneamento bsico, desenvolvimento econmico, meio ambiente, segurana

    pblica e ocupao e uso do solo , apenas a Cmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC)

    foi instalada e funciona ativamente.

    Conforme pontuado no Relatrio Subcomponente 1.1 Arranjos Institucionais de Gesto

    Metropolitana, pesquisa Governana Metropolitana/IPEA, a funo transporte a nica FPIC com

    gesto efetiva e carter metropolitano na RMG. Tal constatao foi confirmada na pesquisa de opinio

    com alguns dos principais atores que participam da gesto e governana metropolitana na RMG,

    realizada entre janeiro e fevereiro de 2013 1 . Sobre as FPIC que se destacam por experincias

    relevantes na RMG, houve convergncia nas respostas de ambos os atores sociais, apontando a funo

    transporte como o destaque da RMG, e vrios agentes destacaram a ausncia de articulaes em torno

    de algumas FIPC, tais como: sade, segurana pblica, educao, saneamento bsico e questes

    ambientais.

    1 Os resultados da pesquisa esto apresentados no subcomponente 1.1. Arranjos Institucionais de Gesto Metropolitana,

    pesquisa Governana Metropolitana/IPEA (p. 42-55).

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    23

    2.1. USO DO SOLO

    2.1.1. HISTRICO E CARACTERIZAO DA GESTO DA FPIC

    A RMG a principal regio econmica do Estado de Gois, com destaque para a capital Goinia, a

    maior aglomerao urbana de Gois e considerada a segunda maior da Regio Centro-Oeste do Brasil.

    Os dados demogrficos evidenciam o processo de acelerado crescimento populacional por que passou

    a RMG nos ltimos quarenta anos, nesse perodo, a RMG cresceu 4,3 vezes com um comportamento

    praticamente linear passando de 501.063 habitantes em 1970 (considerando os 20 municpios da

    grande Goinia) para 2.173.141 habitantes em 2010. Na mesma velocidade, ocorre um incremento

    muito grande de problemas sociais, para os quais h uma lacuna de gesto e propostas de solues

    das questes de tipo metropolitanas. Essa a situao da FPIC Uso e Ocupao do Solo em que

    no h propriamente uma politica metropolitana voltada para tal fim.

    Como lembra Visconde (2002), Goinia mesmo surgindo como espao planejado, teve seu

    crescimento e apropriao do uso do solo muitas vezes sem o controle do setor pblico, e cresceu em

    parte de forma espontnea e desordenada, direcionada pelos especuladores que nortearam o

    parcelamento e a ocupao da cidade, como tambm de todo seu entorno.

    A aprovao da Lei Municipal n. 4.526, de 1971 (Lei de Parcelamento do Solo Urbano de Goinia),

    que impedia a aprovao de loteamentos sem infraestrutura mnima para fins urbanos em Goinia,

    fez com que as terras dos municpios limtrofes de Goinia passassem a representar uma opo de

    parcelamento menos onerosa. Aps 1972, o nmero de novos loteamentos abertos em Goinia

    reduziu-se consideravelmente e a problemtica da moradia em Aparecida de Goinia agravou-se,

    contribuindo para a ao dos incorporadores imobilirios no municpio.

    O uso do solo nas bacias hidrogrficas caracterizam-se pelo forte componente urbano da Regio

    Metropolitana de Goinia. A compreenso da sua dinmica se d a partir da anlise das estruturas

    urbanas que compem o espao metropolitano e da inter-relao entre elas e o ambiente natural.

    Localizada na regio central do Estado de Gois a RMG banhada pela bacia hidrogrfica do Rio

    Meia Ponte (que perpassa 16 municpios metropolitanos, num total de 38 municpios goianos), e seus

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    24

    dois principais afluentes rio Caldazinha e Ribeiro Joo Leite, os quais cortam a regio norte da

    capital goiana, e de onde provm a maior barragem de abastecimento de gua que beneficia toda a

    RMG.

    No entanto, com o crescimento desordenado, e sem regras para uso e ocupao do solo, a barragem

    do Joo Leite sofre degradao devido ao antrpica e a especulao imobiliria. Todos os cursos

    d'gua que cortam a malha urbana de Goinia esto parcialmente ou totalmente comprometidos, no

    que se refere qualidade ambiental. As margens foram ocupadas ilegalmente e desmatadas at o

    limite do canal.

    A topografia que os cursos d'gua esto inseridos na cidade caracterizada por muitas curvas e as

    reas que os margeiam so suscetveis a inundaes, poluio e degradao ocasionada tambm pela

    populao ribeirinha (UCG/ARCA, 2003).

    Um exemplo de desterritorializao em Goinia a Vila Roriz, fundada em 1970, caracterizada por

    habitaes reduzidas a abrigos temporrios e provisrios, para pessoas que vivem numa vila

    construda sobre um aterro s margens de um rio e um crrego (rio Meia Ponte e ribeiro Anicuns)

    que so receptores dos esgotos da cidade (Cam. Luis, 2007)2 e, que, ainda sofre inundaes at os

    dias de hoje.

    A seguir, o Mapa de Uso e Ocupao do Solo na RMG (Figura 5) ilustra a dinmica das estruturas

    urbanas que compem o espao metropolitano e da inter-relao entre elas e o ambiente natural.

    2 As margens da Vila Roriz. Documentrio-Video Ambiental vencedor do Prmio Fio Cruz, 2007.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    25

    FIGURA 7: Uso e cobertura do solo na RMG, ano de 2010.

    Fonte: Ferreira, N. C. (CIAMB/UFG) 2011.

    A expanso urbana desenfreada na regio norte de Goinia atinge as margens do Rio Meia Ponte,

    comprometendo o principal manancial do Estado de Gois. Um exemplo o setor Goinia II s

    margens do Rio Meia Ponte, que desde sua criao, tambm na dcada de 1970, alvo de criticas por

    ter sido estruturado em regies de fundo de vale, contribuindo para o processo erosivo em vertentes,

    o qual gera assoreamento, poluio e diminuio da vazo do curso dgua.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    26

    A Carta de Risco de Goinia, publicada em 1991 e reeditada em 2007, condena as construes de alto

    impacto como as moradias em sries, em reas de plancie prximas ao rio Meia Ponte e a seus

    afluentes. No entanto, o setor Goinia II hoje uma das localidades de maior ao do capital

    imobilirio e da expanso urbana de Goinia.

    Recentemente o poder pblico municipal de Goinia promoveu, revelia da sociedade civil

    organizada, uma alterao na Lei Complementar n 171/2007 do Plano Diretor de Goinia (projeto

    aprovado pela Cmara Municipal no dia 25 de abril de 2013 e sancionado pelo Prefeito via LC n

    246/2013), o qual, entre outras medidas polmicas, autoriza a construo de galpes e grandes

    empresas no trecho de 350 metros s margens da Perimetral Norte da Capital regio de localizao

    dos dois mais importantes mananciais da cidade: o Ribeiro Joo Leite e o Rio Meia Ponte.

    A RMG ainda possui alguns municpios com caractersticas predominantemente rurais, porm os

    maiores danos ambientais causados ao Rio Meio Ponte provem das indstrias. Segundo pesquisa de

    Ribeiro e Leo (2002) esto presentes na RMG os 13 gneros de indstria de transformao mais

    poluentes, muitas das quais esto estabelecidas prximas aos cursos dgua do Rio e seus afluentes,

    e a maioria no possui tratamento prprio de esgoto, fazendo seus despejos diretamente no Rio Meia

    Ponte ou na rede pblica de coleta os trechos do Meia Ponte que percorrem Goinia e Inhumas so

    os mais degradados (62% de suas reas de Proteo Ambiental APP esto comprometidas). De

    acordo com a SEMARH, so lanados no curso do rio, todos os dias, mais de 180 mil m3 de esgoto e

    uma tonelada de resduos slidos, razo pela qual o Rio Meia Ponte ocupa o posto de stimo rio mais

    poludo do Brasil.

    A expanso urbana de Goinia, que foi alm dos limites fixados no plano urbanstico bsico, criou

    novas configuraes, em especial o surgimento de novos polos comerciais e de atividades econmicas

    que, de fato, condicionaram novos fluxos de trfego e novas solicitaes do sistema virio. A

    conurbao com municpios vizinhos, em especial com Aparecida de Goinia, tambm contribuiu

    para este quadro.

    Ao sul, o processo de crescimento da cidade gerou uma conurbao com o municpio de Aparecida

    de Goinia, que mais se parece com uma regio perifrica da cidade de Goinia, dada a dependncia

    que se estabelece por servios pblicos e privados, emprego, comrcio, escola, atividades sociais e

    de lazer.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    27

    No contexto metropolitano, outros fenmenos urbanos, de mesma natureza, so presenciados no eixo

    leste oeste, envolvendo os municpios de Trindade e Goianira, a oeste e noroeste, e Senador Canedo,

    a leste. Nestes municpios, limtrofes com Goinia, surgiram vrios loteamentos, distantes de suas

    sedes, porm prximos aos limites da capital, gerando o mesmo efeito de conurbao, presenciado ao

    sul.

    Como exemplo, vale registrar que o municpio de Goianira apresenta, desde os anos 1990, um

    crescimento concorrente com Goinia ao longo da rodovia GO-070, aonde vem se formando

    inmeros bairros populares e continua aflorando novos lanamentos de loteamentos, caracterizado

    pelo abrigo de migrantes, pessoas socialmente excludas das condies de moradia na metrpole e

    trabalhadores do polo industrial de Goianira, o que para muitos analistas vem configurando uma

    tendncia de conurbao noroeste de Goinia (Goianira e Trindade, constituindo o ncleo urbano

    chamado Trindade 2) um grande vetor da expanso da periferia de Goinia3

    A consequncia de tais fatos conjugados (expanso urbana interna Goinia, periferizao e

    conurbao com outros municpios) desnudam a complexidade da soluo dos problemas urbanos da

    RMG, em especial no que diz respeito circulao, ao atendimento dos fluxos de viagens,

    principalmente do transporte coletivo.

    A rede viria da RMG pode ser caracterizada em dois grupos. Um primeiro composto por rodovias

    e vias de ligao entre os municpios, em especial com Goinia. Um segundo, formado pelo sistema

    virio de Goinia.

    Uma caracterstica presente nas vias de ligao dos municpios com Goinia a ocupao lindeira

    por ncleos habitacionais e loteamentos, em especial na aproximao com a cidade, que do a estas

    vias de funo rodoviria um uso urbano, com os consequentes efeitos na circulao: reduo da

    fluidez e, principalmente, reduo do grau de segurana.

    Os principais pontos de acesso cidade de Goinia e sua rea conurbada so as rodovias: GO-040,

    na ligao com Aragoinia e com a regio leste de Aparecida de Goinia; GO-060 na ligao com

    Trindade, GO-070 na ligao com Goianira e Brazabrantes, a BR-153, que corta a cidade em sua

    3 ALVES, Thais Moreira e CHAVEIRO, Eguimar F. Metamorfose urbana: a conurbao Goinia-Goianira e suas

    implicaes scio-espaciais. Revistas Geogrfica Acadmica, v.1, n.1 (xii 2007) 95-107.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    28

    parte leste, estabelecendo a ligao com a regio sul de Aparecida de Goinia e Anpolis e a Av.

    Jamel Ceclio, na ligao com Senador Canedo (Figura 8).

    O sistema virio de Goinia apresenta uma caracterstica radio-concntrica, fruto da concepo do

    plano urbanstico bsico que levou implantao da cidade. Nesta concepo, o Centro Cvico e

    Administrativo, localizado no centro da cidade era o ponto para o qual convergiam os eixos virios

    principais: a Av. Araguaia, Gois e Tocantins.

    Os eixos estruturais da cidade so a Av. Anhanguera, no sentido leste oeste e a Av. Gois no sentido

    norte sul. No extremo norte, destaca-se ainda a Av. Perimetral Norte e na regio sul, um conjunto

    de vias, como a Av. 85, Mutiro, T-7 e T-9, que tambm servem a estruturao do transporte coletivo.

    Os eixos estruturais da cidade so a Av. Anhanguera, no sentido leste oeste e a Av. Gois no sentido

    norte sul. No extremo norte, destaca-se ainda a Av. Perimetral Norte e na regio sul, um conjunto

    de vias, como a Av. 85, Mutiro, T-7 e T-9, que tambm servem a estruturao do transporte coletivo.

    Grande parte da populao da RMG vive no entorno do ncleo metropolitano: entre 2000 e 2010 foi

    agregado no total da RM Goinia 429.844 habitantes (incremento de 24,66%), com destaque para o

    crescimento da Periferia da metrpole4 (incremento de 33,96%), contra apenas 19,12% da capital

    goiana.

    Sem conseguir se instalarem em Goinia os migrantes que chegam capital vo se instalar nos demais

    municpios metropolitanos onde o preo da terra mais acessvel, mas onde os loteamentos so

    realizados de forma aleatria, sem regras para o uso e ocupao do solo, e no oferecem as condies

    bsicas para sua habitabilidade, tais como: rede de esgoto, abastecimento de gua, transporte, asfalto,

    servios de educao e sade. No item 2.1.2.1. Anlise da dinmica socioeconmica e suas interfaces

    com o uso do solo sero apresentadas as informaes e mapeamento dos novos empreendimentos

    habitacionais da RMG nos anos recentes.

    4 Dados do Observatrio das Metrpoles Ncleo Goinia.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    29

    FIGURA 8: Macro rede viria bsica de Goinia e Entorno.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    30

    2.1.1.1. ESTRUTURA INSTITUCIONAL E NORMATIVA

    Na estrutura institucional do Governo do Estado de Gois no existe rgo de gesto e controle

    metropolitano para a funo pblica de uso do solo, portanto, os projetos e pedidos de parcelamento

    e de empreendimentos so tramitados, analisados e aprovados nas prefeituras dos respectivos

    municpios.

    A LCE n. 27/1999, que criou a RMG, autorizou o Chefe do Poder Executivo a instituir o Conselho

    de Desenvolvimento da Regio Metropolitana de Goinia CODEMETRO, instncia de carter

    normativo e deliberativo responsvel pela gesto metropolitana, estando atualmente sob a

    responsabilidade da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Regio Metropolitana de Goinia

    (SEDRMG).

    Ainda no mbito da LCE n. 27/1999 foi criada a Cmara de Uso e Ocupao do Solo, de carter

    no deliberativo, proposta para ser subordinada ao CODEMETRO. A referida Lei, em seu Pargrafo

    nico do Art. 8 procurou assegurar na sua composio a participao do Conselho Regional de

    Engenharia e Arquitetura CREA, do Instituto dos Arquitetos do Brasil IAB e das Universidades

    Federal, Estadual e Catlica de Gois. No obstante, no foram definidas as suas atribuies e poderes

    e a Cmara ainda no foi instalada no h qualquer registro de funcionamento da Cmara de

    Uso do Solo na RMG.

    Dessa forma, a gesto da FPIC de Uso do Solo na RMG, bem como a anlise de parcelamento e de

    empreendimentos (segundo tipologia e porte), sua tramitao (anuncia e aprovao desses projetos)

    so de responsabilidade unicamente de rgos municipais locais, tais como: Secretaria de

    Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade de Goinia (antiga Secretaria de Planejamento e

    Urbanismo SEPLAM); Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Aparecida de Goinia; Secretaria

    de Urbanismo e Habitao em Trindade; Secretaria de Planejamento e Ao Urbana em Senador

    Canedo; ou Secretaria de Obras em vrios municpios.

    De modo geral, observa-se a predominncia de regulamentao atravs das LUOS Leis de Uso e

    Ocupao do Solo, especficas de cada municipalidade. Embora 15 dos 20 municpios da RMG j

    possuam seus Planos Diretores, uma caracterstica observada a baixa regulamentao das definies

    destes, sendo que, por exemplo, a maioria das Zonas Especiais de Interesse Social ZEIS institudas

    pelos Planos Diretores no foram mapeadas nem regulamentadas com as Leis dos PDs (constatao

    da Pesquisa Rede Planos Diretores Participativos Mcidades/IPPUR-UFRJ).

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    31

    2.1.1.2. INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTO

    Conforme j mencionado, a RMG ainda no possui seu Plano Diretor Metropolitano de

    Desenvolvimento Integrado, embora a atual gesto estadual por meio da SEDRMG j tenha dado

    incio ao processo para sua elaborao.

    Tambm no foram elaborados os Planos Setoriais exceto o do transporte; e no h participao da

    sociedade civil na formulao de programas e projetos para a RMG, o que evidencia a ausncia de

    um projeto poltico de planejamento urbano desenvolvido e proposto na busca de solues para os

    vrios problemas que afligem a populao metropolitana, tais como: dficit de habitao, de

    saneamento bsico, degradao do meio ambiente, violncia, alto ndice de mortes no trnsito, entre

    outros.

    Na atualidade a expanso do mercado imobilirio guia boa parte do crescimento da RMG. Os

    instrumentos previstos no Estatuto das Cidades (Lei 10.257, de 2001), como o imposto progressivo

    no tempo, criao de Zonas Especiais de Interesse Social ZEIS ou reas de proteo ambiental ainda

    no foram regulamentados. Mesmo no caso do municpio de Goinia que teve seu Plano Diretor

    municipal aprovado em 2007, considerado um bom PD do ponto de vista tcnico, e desde ento j

    passou por vrias alteraes e complementaes, esses instrumentos tem baixa aplicabilidade.

    Quase todos os municpios da RMG j elaboraram seus Planos Diretores Municipais (15 dos 20

    municpios), e de modo geral, todos eles incorporaram as principais diretrizes do Estatuto das

    Cidades, objetivando, em maior ou menor grau, assegurar: o cumprimento da funo social da

    propriedade e da cidade; o direito terra urbana e moradia; ao saneamento ambiental, a justa

    distribuio dos benefcios e nus decorrentes do processo de urbanizao; a ordenao e controle

    do uso e ocupao do solo; a proteo e recuperao do meio ambiente; a regularizao fundiria

    e urbanizao de reas de habitao popular etc. No entanto, a forma de implementao e os

    mecanismos criados para garantir o cumprimento da funo social da propriedade colocada nos

    Planos Diretores desses municpios goianos so frgeis e no garante a sua auto-aplicabilidade. E em

    nenhum deles consta planejamento especfico dos municpios com o propsito de resolver os

    problemas metropolitanos pois apenas buscam solucionar os problemas de carter local.

    Conforme concluso da pesquisa do Ministrio das Cidades, Rede Planos Diretores Participativos

    RPDP, a nica poltica com sinergia suficiente para articular os municpios metropolitanos est

    relacionado Rede Metropolitana de Transporte. Alm desta, O Plano Diretor de Goinia destaca

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    32

    uma iniciativa na rea ambiental, no mbito do Consrcio Intermunicipal do Rio Meia Ponte, que,

    embora inclua outros municpios que no pertencem regio metropolitana, estabelece uma

    pactuao ambiental com o municpio de Goianira que pode ser considerada como inserida numa

    poltica metropolitana. 5

    Outro destaque na RMG deve-se a Poltica Nacional de Habitao PNH, que condicionou o

    planejamento habitacional como etapa obrigatria para o acesso aos recursos pblicos; embora no

    haja exigncia legal para que o Plano de Habitao se torne Lei, o Estado de Gois aderiu PNH, e

    dos 20 municpios da RMG 19 receberam recursos do Fundo Nacional de Habitao de Interesse

    Social FNHIS/SNHIS para elaborao do seu PLHIS: 06 municpios concludos, entregues na

    CAIXA/MCidades; 10 municpios parcialmente; 03 esto elaborando, e apenas 01 no recebeu

    recursos federais Brazabrantes (municpio integrado a RMG em 2010) conforme dados no Quadro

    5 a seguir.

    H que se mencionar ainda o Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio Meia Ponte CBMP, de

    carter consultivo e deliberativo, que embora no tenha carter metropolitano, inclui os 16 municpios

    da RMG que perpassam a bacia hidrogrfica.

    Estudo realizado pelo Observatrio das Metrpoles na RMG j alertava que com exceo de

    Goinia, os municpios metropolitanos privilegiavam o planejamento oramentrio em detrimento ao

    Planejamento Municipal e as Diretrizes Polticas (COMO ANDA A METRPOLE GOIANIENSE,

    2005, p. 63).

    No mesmo sentido, a pesquisa realizada por Santos (2008) apontou como o principal problema na

    RMG a falta de um parlamento metropolitano de discusso, planejamento e propostas de soluo

    para os problemas metropolitanos por exemplo, todos os entrevistados afirmaram que o oramento

    de seu municpio no destina verba alguma Regio Metropolitana de Goinia.

    No que concerne ao uso e ocupao do solo e a poltica habitacional, observa-se que a falta de moradia

    constitui-se num dos mais graves problemas sociais na RMG, sendo mais evidente no ncleo

    metropolitano: embora o dficit habitacional e as reas de posses ou a serem regularizadas e em

    5 MOYSS, A; BORGES, E. M. e KALLABIS, R. P. Relatrio Estadual de Avaliao dos Planos Diretores

    Participativos dos Municpios do Estado de Gois (CD-Rom). Pesquisa da Rede Planos Diretores Participativos RPDP CONCIDADES/Ministrio das Cidades-IPPUR/UFRJ. 2009.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    33

    processo de regularizao tenham grande peso, principalmente, nos municpios de Trindade, Senador

    Canedo, Goinia e Aparecida de Goinia - esta situao se agrava na capital Goinia.

    QUADRO 5: Instrumentos de Planejamento e Gesto dos Municpios da RMG.

    Fonte: Secretaria das Cidades/GO e AGEHAB, 2012.

    Parcerias SituaoNmero da Lei do

    PD

    Parcerias/ Recursos do SNHIS

    *

    Situao PLHIS

    Local de Entrega

    Abadia de Gois SECIDADES Lei aprovadaLC n 003/2008

    de 14-07-2008

    Recursos SNHIS (seleo 2008);

    PUBLICNo entregue

    Aparecida de Goinia SECIDADES Lei aprovadaLei n 004 e

    005/2001

    Recursos SNHIS (seleo 2007);

    Conv. AGEHAB 2011

    Parcial

    AGEHAB

    Aragoinia SECIDADES Lei aprovadaLei n 856/2008 de

    16/10/2008

    Recursos SNHIS (seleo 2009);

    Conv. AGEHAB

    2010/GEOPLANO

    Parcial

    AGEHAB

    Bela Vista de GoisSECIDADES

    MCIDADESLei aprovada

    LC n 032/2008

    de 30-06-2008

    Recursos SNHIS (seleo 2007);

    Conv. AGEHAB 2010

    Parcial

    AGEHAB

    Bonfinpolis SECIDADES Lei aprovadaLei n 490 de

    23-06-2008

    Recursos SNHIS (seleo 2009);

    Convnio AGEHAB 2010; ARCA

    Concludo

    entregue MCidades

    (em 20/09/2011)

    Brazabrantes ARCA em elaborao X No entregue

    Caldazinha paralisado X Convnio AGEHAB 2010

    Concludo

    entregue CAIXA e

    AGEHAB

    Catura SECIDADES paralisado X

    Recursos SNHIS (seleo 2009);

    Conv. AGEHAB 2010

    Concludo;

    entregue na CAIXA

    Goianpolis SECIDADES Lei aprovada

    Lei 991 de

    11/03/2003

    Recursos SNHIS (seleo 2009);

    Conv. AGEHAB 2010

    Parcial

    AGEHAB

    Goinia Lei aprovada Lei n 171/2007Recursos SNHIS (seleo 2007);

    ARCA

    Concludo

    entregue parcial

    CAIXA

    Goianira SECIDADES Lei aprovada Lei n 005/2007 Recursos SNHIS (seleo 2007) Parcial

    CAIXA

    Guap SECIDADES Lei aprovada

    LC n12/2008 de

    26/11/2008Convnio AGEHAB 2010

    Parcial

    AGEHAB

    HidrolndiaSECIDADES/

    MCIDADESLei aprovada Lei n 288/2006 Recursos SNHIS (seleo 2007)

    Parcial

    CAIXA

    Inhumas SECIDADES Lei aprovada Lei n 2.675/2007

    Recursos SNHIS (seleo 2007);

    Convnio AGEHAB 2010

    Parcial

    AGEHAB

    Nerpolis SECIDADES Lei aprovada

    Lei 1472 de

    29/11/2008

    Recursos SNHIS (seleo 2009);

    Convnio AGEHAB 2010; ARCA

    Concludo;

    entregue AGEHAB,

    CAIXA, MCIDADES

    (em 11/04/2012)

    Nova Veneza PUC/ARCA concludo X

    Recursos SNHIS (seleo 2009);

    Convnio AGEHAB 2010

    Concludo;

    entregue AGEHAB,

    CAIXA, MCIDADES

    (em 05/01/2012)

    Santo Antnio de Gois SECIDADES Lei aprovadaLei 367/06 de

    22/12/06Recursos SNHIS (seleo 2008) No entregue

    Senador CanedoSECIDADES Lei aprovada Lei n 1317/2007

    Recursos SNHIS (seleo 2008);

    Convnio AGEHAB 2010

    Parcial

    AGEHAB

    Terezpolis de Gois SECIDADESconcludo

    DESDE 2010X Recursos SNHIS (seleo 2007) No entregue

    Trindade SECIDADES Lei aprovadaLei n 008 de 02 de

    junho de 2008

    Recursos SNHIS (seleo 2008);

    Convnio AGEHAB 2010

    Parcial

    AGEHAB

    Notas: 1) Informaes sobre os Planos Diretores levantadas pela SDRMG em abril de 2012: fornecidas pela SECIDADES e municpios.

    2) Informaes sobre os PLHIS levantadas pela AGEHAB em junho de 2012, junto GERATEC/AGEHAB, CAIXA e MCIDADES.

    * Nota: Receberam recursos do Fundo Nacional de Habitao de Interesse Social - FNHIS (implementado pela Lei 11.124/2005).

    Municpio

    Plano Local de Habitao de Interesse SocialPlano Diretor Participativo

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    34

    2.1.1.3. PROJETOS DE INVESTIMENTO E RECURSOS PARA O

    FINANCIAMENTO

    Conforme informado a RMG ainda no possui seu Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado

    embora j tenha sido iniciado o processo para sua elaborao pela Secretaria de Estado de

    Desenvolvimento da Regio Metropolitana de Goinia (SEDRMG). E tambm no h dotao

    oramentria relativa ao Fundo de Desenvolvimento da RMG FUNDEMETRO.

    O Relatrio Subcomponente 1.1. Arranjos Institucionais de Gesto Metropolitana, (item 2.3.

    Oramento e financiamento) mostrou que a RMG vem sendo contemplada com recursos e no

    planejamento oramentrio estadual desde o PPA 2000-2003 (Programa da RMG Metrpole

    Cidad). Todavia, no contexto do oramento do estado de Gois no h registros de recurso

    destinados a FPIC Uso e Ocupao do Solo da RMG, propriamente: ao longo do perodo considerado

    percebe-se que o planejamento para as questes metropolitanas foi sendo direcionado

    especificamente para a funo transporte urbano, que desde a criao da RMG, foi esta funo que

    conseguiu estruturar e fazer funcionar a gesto metropolitana.

    O planejamento da atual gesto (2011-14) est consolidado no Plano de Ao Integrada de

    Desenvolvimento PAI, que uma integrao dos principais programas do PPA 20122015 cuja

    execuo receber as prioridades da Administrao Pblica. A SEDRMG teve dois programas

    considerados subordinados a dois programas integradores do PAI: o Programa de Desenvolvimento

    Integrado da Regio Metropolitana de Goinia e o Programa de Implantao do VLT.

    O Programa de Desenvolvimento Integrado da RMG tem por objetivo promover o desenvolvimento

    do espao metropolitano, direcionando o processo de ocupao do solo, visando uma melhor

    distribuio das atividades no territrio, integrado a uma poltica de mobilidade urbana, na construo

    de uma regio moderna e socialmente inclusiva. Suas aes estruturantes, as metas de investimento

    e cronograma, podem ser vistas conforme o Quadro 6 a seguir.

    Todavia, a execuo financeira dos programas do PPA (2012-2015) que envolvem aes para RMG

    at o momento alcana apenas 2% do valor orado, envolvendo aes relacionadas sade e ao

    transporte. Comparando proporcionalmente as aes destinadas s questes metropolitanas em

    relao ao Oramento Geral do Estado (OGE) nos perodos: de 2004-2007 representaram 1,4%; e nos

    perodos de 2008 a 2015, menos de 0,5%.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    35

    QUADRO 6: PAI Plano de Ao Integrada Aes Estruturantes.

    PROGRAMA PROJETOS CRONOGRA

    MA

    RESPONSAVE

    L

    INVESTIMENTO

    (R$)/FONTE

    Programa de

    Desenvolviment

    o Integrado da

    Regio

    Metropolitana de

    Goinia

    Implantao do

    CODEMETRO

    2012 a 2015

    SEDRMG

    Sem custo

    Elaborao do Plano

    Diretor da Regio

    Metropolitana de Goinia

    36 meses

    2012 a 2015

    SEDRMG

    Convnios: 176.000,00

    OGE: 1.441.000,00

    Situao atual:

    OGE: 1.896.285,71

    autorizado pelo

    governador p/ iniciar a

    elaborao do PDRMG

    Elaborao do projeto e

    construo da Estao

    Cerrado Centro Gastronmico 24 horas na

    antiga rodoviria de

    Goinia

    AGDR

    Convnios: 495.000,00

    OGE: 55.000,00

    Projeto de reestruturao Nova Praa Cvica

    SEDRMG

    Convnios: 495.000,00

    OGE: 55.000,00

    Programa de

    Implantao do

    VLT Veculo Leve sobre

    Trilhos

    Implantao do Veculo

    Leve Sobre Trilhos Eixo Anhanguera - Goinia

    24 meses

    2012 a 2014

    SEDRMG

    PAC Mobilidade:

    215.000.000,00

    Estado-emp.BNDES:

    371.000.000,00

    Iniciativa Privada:

    550.000.000,00

    Total: 1,3 bilho

    Programa de

    Desenvolviment

    o Regional e

    Polos

    Desenvolviment

    o

    Concluso do Centro de

    Excelncia (Esporte e

    Lazer)

    AGEL

    CEF: 9.900.000,00

    EMENDA

    PARLAMENTAR:

    25.000.000,00

    TESOURO:

    9.900.000,00

    Total: 45 milhes

    Programa de

    Desenvolviment

    o Regional e

    Polos

    Desenvolviment

    o

    Implantao do Parque

    Ambiental Morro da

    Serrinha

    SEMARH

    2012: R$ 300.000,00

    2013: R$ 19.850.000,00

    2014: R$ 19.850.000,00

    Total R$ 40.000.000,00

    Fonte: Segplan/GO 2012.

    Em termos de investimentos com recursos federais, somente no mbito do Programa de Acelerao

    de Crescimento PAC, entre 2009 e 2012, foram investidos na RMG em torno de R$ 476,9 milhes

    em infraestrutura urbana e social (incluindo empreendimentos em: saneamento; guas em reas

    urbanas; recursos hdricos; creches e pr-escolas; praas dos esportes e da cultura; quadras esportivas

    nas escolas; unidade bsica de sade UBS; unidade de pronto atendimento UPA; urbanizao de

    assentamento precrio; preveno em rea de risco; pavimentao; mobilidade urbana e aeroporto) -

    conforme Quadro 7 abaixo.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    36

    QUADRO 7: PAC na RMG: Investimentos (R$) e Nmero de empreendimentos por Municpio.

    Municpios N

    Empreend.

    Investimento

    (RS) Executor rgo Responsvel

    Abadia de Gois 3 675.020,10 Municpio Mcidades; ME;

    FUNASA

    Aparecida de Goinia 62 94.524.219,60 Municpio/ Estado Mcidades; ME; MS;

    MC; FUNASA

    Aragoinia * 2 0,00 Municpio Mcidades; MS

    Bela Vista de Gois 4 1.429.469,14 Municpio Mcidades; ME; MS

    Bonfinpolis 4 1.624.158,36 Municpio/ Funasa Mcidades; ME; MS;

    FUNASA

    Caldazinha 3 301.162,70 Municpio/ Funasa MS; FUNASA

    Catura 4 30.588,67 Municpio Mcidades

    Goianpolis 5 1.872.296,27 Municpio MS; FUNASA

    Goinia 72 325.019.045,01 Municpio/ Estado

    Mcidades; ME; MS;

    MC; MIN;

    INFRAERO

    Goianira 9 6.628.032,89 Municpio Mcidades; ME; MS;

    FUNASA

    Guap 2 1.337.745,23 Municpio ME; FUNASA

    Hidrolndia 4 31.436,67 Municpio Mcidades; MS;

    FUNASA

    Inhumas 62.917,04 Municpio Mcidades; MS

    Nerpolis 33 30.588,67 Municpio Mcidades; ME; MS

    Nova Veneza 1 30.588,67 Municpio Mcidades

    Santo Antnio de Gois 2 549.833,62 Municpio Mcidades; ME

    Senador Canedo 28 33.494.722,03 Municpio Mcidades; ME; MC;

    MS

    Terezpolis de Gois 3 647.817,49 Municpio Mcidades; ME;

    FUNASA

    Trindade 19 8.590.639,11 Municpio/ Estado Mcidades; ME; MC;

    MS

    Total geral 233 476.880.281,27 - -

    * N.C. - ainda em Ao Preparatria. Fonte: 6 Balano do PAC/MPOG 2013.

    Por seu turno, conforme os dados da CAIXA Regional Sul de Gois, no perodo entre 2009 e 2013

    (at junho) a movimentao de recursos na proviso habitacional no mbito do Programa MCMV na

    RMG, girou em torno de R$ 3,7 bilhes. Os principais municpios com maior nmero de contrataes

    foram; Goinia, Aparecida de Goinia, Trindade, Goianira e Senador Canedo conforme Grfico 4

    a seguir.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    37

    GRFICO 4: O Programa Minha Casa, Minha Vida na RMG no perodo 2009-2013.

    Fonte: CAIXA Regional Sul/GO; posio at junho de 2013.

    2.1.1.4. CONTROLE SOCIAL

    Conforme mencionado no h nenhuma iniciativa na RMG que caracterize uma poltica

    metropolitana da FPIC Uso e Ocupao do Solo, e, portanto, no h como registrar o controle social

    sobre a gesto da mesma. Com a reestruturao do CODEMETRO espera-se que possa ser garantida

    a implementao da cmara temtica de Uso do Solo e efetivao da participao social no arranjo

    institucional da RMG.

    Nem mesmo no tocante ao uso do solo nas bacias hidrogrficas e a degradao ambiental um

    problema latente na metrpole goianiense conforme mostrado anteriormente, no existe nenhum

    canal de participao e controle social nos destinos da RMG nem sequer no mbito do Consrcio

    Intermunicipal do Rio Meia Ponte, a que faz aluso o Plano Diretor Municipal de Goinia, h

    registros de canais de participao e controle social.

    APARECIDA DE GOINIA

    25%

    GOINIA46%

    GOIANIRA; 6%

    SENADOR CANEDO8%

    TRINDADE6%

    MCMV na RMG: 3,7 bilhes de R$ (2009-2013)

    ABADIA DE GOIS

    APARECIDA DE GOINIA

    ARAGOIANIA

    BELA VISTA DE GOIS

    BONFINOPOLIS

    BRAZABRANTES

    CALDAZINHA

    CATURA

    GOIANPOLIS

    GOINIA

    GOIANIRA

    GUAP

    HIDROLNDIA

    INHUMAS

    NERPOLIS

    NOVA VENEZA

    SANTO ANTONIO DE GOIAS

    SENADOR CANEDO

    TEREZOPOLIS DE GOIAS

    TRINDADE

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

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    38

    Todavia h que se mencionar a importante participao dos movimentos sociais por moradia no

    municpio de Goinia e do entorno embora as lutas sejam inseridas no no contexto metropolitano,

    mas de forma localista/municipalista. O Estado de Gois de modo geral, e em especial na RMG e

    RIDE-DF, vem sendo destaque nos programas habitacionais do Governo Federal voltados para a

    produo cooperativada de moradia; alcanando a liderana em vrios programas de autogesto

    coletiva como o Crdito solidrio e o MCMV Entidades (informaes da CAIXA).

    2.1.2. ANLISE DA EFETIVIDADE DO ARRANJO DE GESTO E DA

    GOVERNANA METROPOLITANA

    As questes de planejamento e gesto do uso do solo frente s dinmicas metropolitanas da RMG

    dependeriam diretamente do efetivo funcionamento do CODEMETRO e sua Cmara de Uso e

    Ocupao do Solo. No entanto, a instalao desta Cmara prevista na LC n. 27/99 ainda no

    aconteceu no h registro de seu funcionamento.

    Apesar da acentuada expanso urbana e crescimento populacional na RMG, observa-se que o

    ordenamento territorial da metrpole vem se dando sem planejamento, vendo aflorar continuamente

    novos bairros populares e loteamentos nas iminncias das vias de ligao dos municpios limtrofes

    com Goinia, dando a estas vias de funo rodoviria um uso urbano, sem regras ao uso e ocupao

    do solo, com os consequentes efeitos ambientais, na circulao, mobilidade e aumento da insegurana

    acentuando os processos de conurbao em curso.

    No geral, estes assentamentos, distantes dos centros urbanos e desprovidos de infraestrutura e

    servios, caracterizam-se pelo abrigo de migrantes, pessoas socialmente excludas das condies de

    moradia na metrpole, aonde vem ocorrendo a implantao do maior nmero de empreendimentos

    habitacionais nos anos recentes (PAC, MCMV, Crdito Solidrio e empreendimentos privados)

    como procura mostrar o texto a seguir.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    39

    2.1.2.1. ANLISE DA DINMICA SOCIOECONMICA E SUAS INTERFACES

    COM O USO DO SOLO

    A RMG, atualmente composta por 20 municpios (conforme alterao da LCE n 078/2010), somava,

    em 2010, uma populao de 2.173.141 habitantes, distribuda num territrio de 7.315,1 km2, o que

    lhe confere uma densidade demogrfica aproximada de 297,07 hab./km2 e taxa de urbanizao de

    98,0%.

    Trata-se da principal regio econmica do Estado de Gois, considerada a maior aglomerao urbana

    estadual (2/3 da populao total do Estado) e a segunda maior da Regio Centro-Oeste do Brasil.

    A evoluo populacional da RMG evidencia um processo de acelerado crescimento: a participao

    da populao metropolitana no total estadual passou de 34,8% para 36,2%, entre 2000-2010. Sendo

    que apenas 04 municpios: Goinia; Aparecida de Goinia; Trindade e Senador Canedo, concentram

    aproximadamente 90% da populao do aglomerado metropolitano (aproximadamente 2 milhes de

    habitantes).

    A taxa mdia de crescimento anual da populao metropolitana, entre 2000 e 2010, foi 2,23%. Na

    mesma velocidade, observa-se um incremento muito grande de problemas sociais decorrentes do

    processo de metropolizao em curso.

    A maioria dos municpios da RMG apresentou taxas mais elevadas que s de Goinia (1,76%). No

    perodo considerado, destaca-se o incremento populacional dos municpios: Goianira (6,17%),

    Senador Canedo (4,74%) e Santo Antnio de Gois (4,21) os quais figuram entre os 10 primeiros

    no ranking de crescimento anual de Gois; os municpios de Abadia de Gois e Bonfinpolis tiveram

    crescimento de 3,29% e 3,48%, respectivamente; Aparecida de Goinia, j totalmente conurbada ao

    ncleo metropolitano, cresceu 3,08%.

    Outros municpios com integrao Baixa e Mdia ao ncleo metropolitano tiveram crescimento acima

    de 2,5%, so eles: Hidrolndia (2,89%); Aragoinia (2,69%); Nerpolis (2,67%), Terezpolis

    (2,59%) e Trindade (2,58%). Os demais municpios tiveram crescimento abaixo de 2,5% chamando

    ateno o desempenho de Goianpolis com taxa nula de crescimento (0,01%) dados no Grfico a

    seguir.

  • Relatrio 1.2. Caracterizao e Quadros de Anlise Comparativa da Governana Metropolitana no Brasil: Anlise Comparativa

    das Funes Pblicas de Interesse Comum

    40

    GRFICO 5: Taxa de Crescimento Geomtrico anual dos municpios da RMG no perodo

    2000/2010.

    Fonte: Censos Demogrficos IBGE;

    Elaborao: Observatrio das Metrpoles - Ncleo Goinia - 2011.

    Nesses termos quando se compara as taxas de crescimento anual da RM de Goinia, dividida em seu

    Ncleo e Periferia6, possvel observar que a Periferia apresentou crescimento de 3,0% a.a. contra

    1,8% do Ncleo. O peso populacional de ambos segue caminhos inversos: enquanto o Ncleo vai

    perdendo peso de 62,7% para 59,9%; a Periferia vai aumentando sua fatia populacional de 37,3%

    para 40,1% (conforme Grfico 6 a seguir).

    6 Considera-se como Ncleo metropolitano o municpio de Goinia e a Periferia metropolitana os 19 municpios que

    compem a RM de Goinia.

    3,29 3,082,69

    2,48

    3,48

    1,571,51

    0,760,01

    1,76

    6,17

    0,10

    2,89

    0,94

    2,672,40

    4,21 4,74

    2,59 2,52

    RMG: Taxa Geometrica de Crescimento (a.a.)

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    41

    GRFICO 6: Participao da populao do ncleo e da periferia da RMG.

    Fonte: Censos Demogrficos IBGE.

    Elaborao: Obse