governança e participação na gestão territorial

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DGOTDU - Governança

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  • CAPA POLTICA DE CIDADES GOVERNNCIA... VOL. 5 FRENTE AZUL MAGENTA AMARELO PRETO OBRA N. 11285

  • CAPA POLTICA DE CIDADES GOVERNNCIA... VOL. 5 VERSO AZUL MAGENTA AMARELO PRETO OBRA N. 11285

    NMEROS DA SRIE J PUBLICADOS

    1. A energia nas cidades do futuro 2. Cidades inteligentes, governao territorial e tecnologias de informao e comunicao 3. A identidade dos lugares e a sua representao colectiva Bases de orientao para a concepo, qualificao e gesto do espao pblico

    4. Alteraes climticas e desenvolvimento urbano

    PRXIMO NMERO DA SRIE

    6. Mobilidade, acessibilidade e logstica na cidade

    NMEROS DA SRIE J PUBLICADOS

    1. A energia nas cidades do futuro 2. Cidades inteligentes, governao territorial e tecnologias de informao e comunicao 3. A identidade dos lugares e a sua representao colectiva Bases de orientao para a concepo, qualificao e gesto do espao pblico

    4. Alteraes climticas e desenvolvimento urbano

    PRXIMO NMERO DA SRIE

    6. Mobilidade, acessibilidade e logstica na cidade

  • O que a POLTICA DE CIDADES POLIS XXI

    A Poltica de Cidades POLIS XXI, lanada publicamente pelo XVII Governo em Abril de 2007, atravs do Secretrio de Es-tado do Ordenamento do Territrio e das Cidades, visa superar as debilidades do sistema urbano nacional e responder aos desafi os cada vez mais complexos que se colocam s cidades portuguesas, tornando-as motores efectivos do desenvolvimento das regies e do Pas.

    Benefi ciando da experincia acumulada dos anteriores programas nacionais e comunitrios dirigidos resoluo de problemas urba-nos e dinamizao do desenvolvimento urbano (PROSIURB, PO-LIS, URBAN e URBACT I, entre outros), a Poltica de Cidades POLIS XXI integra-se nos objectivos da Estratgia de Lisboa e da Estra-tgia Nacional de Desenvolvimento Sustentvel (ENDS) e tem no Modelo Territorial e nas Orientaes Estratgicas para os sistemas urbanos dos diversos espaos regionais do PNPOT um referencial fundamental para a sua implementao.

    Partindo do reconhecimento de que o nosso modelo de desenvolvi-mento, cada vez mais dependente do conhecimento e da inovao, exige s cidades uma elevada qualifi cao das suas funes e uma forte capacidade de fi xao e atraco de pessoas qualifi cadas e de actividades inovadoras, a Poltica de Cidades POLIS XXI tem como ambio tornar as cidades portuguesas:

    Territrios de inovao e competitividade; Territrios de cidadania e coeso social; Territrios de qualidade de ambiente e de vida; Territrios bem planeados e governados.

    Para concretizar esta ambio, a Poltica de Cidades POLIS XXI assume no perodo 2007-2013 os seguintes objectivos opera-tivos:

    Qualifi car e integrar os distintos espaos de cada cidade; Fortalecer e diferenciar o capital humano, institucional, cultural e econmico de cada cidade; Qualifi car e intensifi car a integrao da cidade na regio envolvente; Inovar nas solues para a qualifi cao urbana.

    A prossecuo destes objectivos concretiza-se em trs eixos de interveno, traduzindo uma viso de cidade a diferentes escalas territoriais:

    Regenerao urbana; Competitividade / diferenciao; Integrao regional.

    No mbito dos Programas Operacionais do QREN 2007-2013 foram reservados cerca de mil milhes de Euros do FEDER para fi nanciar os seguintes instrumentos da Poltica de Cidades:

    Parcerias para a regenerao urbana; Redes urbanas para a competitividade e a inovao; Aces inovadoras para o desenvolvimento urbano; Equipamentos estruturantes do Sistema Urbano Nacional.

    Esto igualmente criados mecanismos para assegurar a articulao dos instrumentos especfi cos da Poltica de Cidades com outros do-mnios de interveno previstos nos Programas Operacionais regio-nais e que tm particular relevncia para o sucesso das operaes integradas de desenvolvimento urbano.

    Prev-se ainda que a Poltica de Cidades POLIS XXI venha a re-correr a outras fontes de fi nanciamento, compreendendo recursos pblicos nacionais e comunitrios e tambm a instrumentos de fi nanciamento europeus, em particular o Banco Europeu de Inves-timento (BEI). Adicionalmente, o Estado procurar novas formas de fi nanciamento, quer no quadro de parcerias pblico-privado, quer criando condies para um maior envolvimento de fundos privados.

    A Poltica de Cidades POLIS XXI ser implementada segundo uma abordagem descentralizada. Pretende-se apoiar projectos de iniciativa local que sero seleccionados mediante procedimentos concursais de mbito nacional ou regional, consoante o programa de fi nanciamento pblico a utilizar. A sua concretizao assentar no recurso generalizado contratualizao, tanto no que respeita ao estabelecimento de parcerias locais para o desenvolvimento dos projectos, como no acesso aos recursos fi nanceiros que o Estado disponibiliza para o efeito.

  • O instrumento de poltica Aces Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano

    E ste instrumento da Poltica de Cidades destina-se a apoiar projectos que tenham por objectivo desenvolver solues inovadoras de resposta a problemas urbanos identifi cados, transferir, para aplicao nas cidades portuguesas, solues testadas com sucesso noutros pases ou, ainda, ge-neralizar solues que tendo sido j aplicadas com resultados positivos em territrio nacional, caream de replicao a uma escala mais alargada para assegurar a sua adopo sustentada.

    Nessa perspectiva, foram identifi cadas oito reas temticas para a imple-mentao deste instrumento de poltica:

    a) Prestao de servios de proximidade;b) Acessibilidade e mobilidade urbana;c) Segurana, preveno de riscos e combate criminalidade;d) Gesto do espao pblico e do edifi cado;e) Construo sustentvel;f) Ambiente urbano;g) Criatividade e empreendedorismo na valorizao dos recursos territoriais;h) Governao urbana com incremento da participao dos cidados e dos actores econmicos e sociais.

    Este leque inicial de temas poder vir a ser ampliado no futuro. Tal como sucede nos outros domnios de implementao da Poltica de Cidades, os projectos a apoiar sero seleccionados atravs de procedimentos concursais abertos ao longo do perodo 2008-2013.

    Este instrumento de poltica tem suporte fi nanceiro no Eixo IX (Reforo do sistema urbano nacional) do Programa Operacional Temtico Valorizao do Territrio (POVT) do QREN 2007-2013, tendo sido reservados 90 milhes de Euros para esse efeito.

    A seleco das candidaturas e o acompanhamento dos projectos co-fi nan-ciados est a cargo da DGOTDU, que actua na qualidade de organismo inter-mdio de gesto, ao abrigo de contrato de delegao de competncias com a Autoridade de Gesto do POVT.

    A abertura dos procedimentos concursais e os respectivos resultados so anunciados na comunicao social e nos stios da Internet da DGOTDU, da Autoridade de Gesto do POVT e do QREN.

    Mais informaes em:www.dgotdu.pt/pcwww.qren.pt/www.povt.qren.pt/

  • Srie POLTICA DE CIDADES - 5

    Governncia e participaona gesto territorial

  • Nota de apresentao

    E sta srie de publicaes da DGOTDU, especifi camente dedicada s reas temticas referenciais para a im-plementao do instrumento da Poltica de Cidades POLIS XXI, Aces Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano, tem por objectivo principal fornecer elementos de apoio preparao de bons projectos para candidatura a este domnio de interveno do Eixo IX do Programa Operacional Temtico Valorizao do Territrio.

    Para alm desta fi nalidade imediata, pretende-se tambm que estas publicaes constituam uma base geral de informao e divulgao, tendo como principais destinatrios as autarquias locais e os tcnicos particulares. As questes abordadas so amplamente reconhecidas como fazendo parte dos grandes desafi os que hoje se colocam ao desenvolvimento urbano e territorial europeu, pelo que da maior importncia que sejam includas nas agendas municipais e nas nossas prticas de urbanismo e de ordenamento do territrio.

    O objectivo destes documentos no apontar solues tcnicas ou metodologias para a aco concreta, mas sim chamar a ateno para algumas das questes mais signifi cativas que hoje se colocam nas reas temticas se-leccionadas, sensibilizar os diferentes intervenientes nos processos de desenvolvimento urbano e territorial para a necessidade da sua considerao e fornecer bases para um aprofundamento de conhecimentos.

    Nesta ptica, as publicaes da Srie Documentos de Orientao POLTICA DE CIDADES obedecem a uma es-trutura comum, com uma primeira parte de enquadramento do tema, orientada para identifi car e situar os desafi os que actualmente se colocam, uma segunda parte contendo exemplos de boas prticas, que possam ser inspiradoras da concepo dos projectos a candidatar ou da actuao das autarquias, e uma bibliografi a de referncia.

    Este documento de orientao trata da governncia e da participao na gesto territorial.

    hoje claro que o sucesso da gesto territorial depende em grau elevado da colaborao entre os agentes directos das transformaes territoriais. Mas depende em grau igualmente elevado da participao e do envolvi-mento activo dos cidados e das organizaes da sociedade civil. O territrio um recurso colectivo cujo destino e modo de utilizao interessa a todos.

    Promover uma boa governncia territorial e estimular e organizar a participao dos cidados e das organiza-es da sociedade civil nas principais decises de gesto territorial exige no apenas a vontade poltica de o fazer, mas tambm tcnicas apropriadas, que assegurem a compreenso do que est em jogo e tambm a comunicao entre os diferentes actores dos processos territoriais. Nesse processo, importante ter em adequada considerao as caractersticas e os interesses prprios de cada grupo, reconhecendo em particular a necessidade de elucidao dos no especialistas. disso que nos fala esta publicao.

    Abril de 2009

    Vitor CamposDirector-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano

  • Resumo

    0 presente trabalho foi desenvolvido pela Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universi-dade Nova de Lisboa para a Direco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvi-mento Urbano e tem enquadramento nos termos de referncia para a elaborao de documentos de orientao no mbito do Instrumento de Poltica Aces Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano da Poltica de Cidades POLIS XXI e no tema Governncia Urbana com incremento da participao dos cidados e dos actores econmicos e sociais. Esta publicao destina-se a tcnicos e especialistas na rea de planeamento e desenvolvimento urbano, escala dos Planos Municipais de Ordenamento do Territrio (PMOT) em dois mbitos territoriais distintos: o mbito intra-urbano e a cidade/regio. Inclui um enquadramento conceptual da situao e uma anlise da correspondente evoluo normativa de acordo com conceitos inovadores sobre os processos participativos em planeamento. Identifi ca os aspectos dominantes para assegurar boas prticas. Prope, tambm, metodologias para processos participativos e identifi ca alguns casos de suces-so com lies de relevncia nacional e internacional.

    Lia VasconcelosPh.D., MCP, Arquitecta - coordenao

    Rosrio OliveiraPh.D., Arquitecta Paisagista

    rsula CaserMEM, Gegrafa

  • Ficha Tcnica

    Ttulo

    Governncia e participao na gesto territorial

    Srie

    Poltica de Cidades - 5

    Abril de 2009

    Autores

    Lia Vasconcelos Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (coordenao)

    Rosrio Oliveira TERCUD - Centro de Estudos do Territrio, Cultura e Desenvolvimento, Universidade Lusfona

    rsula Caser Consultora, Wteamup

    Editor

    Direco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano

    Campo Grande, 50, 1749-014 LISBOA

    www.dgotdu.pt [email protected]

    Design e produo grfi ca

    Vtor Higgs

    Impresso e acabamento

    Europress, Editores e Distribuidores de Publicaes, Lda.

    Tiragem: 500 exemplares

    ISBN: 978-972-8569-45-7

    Depsito legal: 279131/08

    Propriedade da DGOTDU Direco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano

    Reservados todos os direitos de acordo com a legislao em vigor

  • 1. Introduo 12

    2. Participao pblica no processo de planeamento municipal 16

    3. Governncia e participao: conceitos e metodologias 24 3.1. Conceitos 24

    3.1.1. Governncia 24

    3.1.2. Participao 26

    3.2. Metodologias 29

    3.2.1. Articulando actores e conhecimento 29

    3.3. Workshop win-win uma sinopse 34

    4. Exemplos de sucesso e lies aprendidas 40 4.1. Amesterdo, uma referncia para o planeamento urbano estratgico 42

    4.2. Detroit Collaborative Design Center amplifying the diminished voice 44

    4.3. Cova da Moura: participao e capacitao na interveno socioterritorial 46

    4.4. Requalifi cao do Rossio de Leiria 50

    4.5. Plano Municipal de Ambiente de Torres Vedras 52

    5. Desafi os e perspectivas de futuro 55

    6. Bibliografi a 57

  • 1. Introduo

    H oje em dia h uma intensifi cao de cresci-mento urbano e diversifi cao de funes no espao urbano europeu que coloca desafi os

    crescentes ao planeamento em contextos de re-

    cursos cada vez mais limitados. Os problemas

    que emergem so complexos1 pois enquadram

    frequentemente vrias dimenses e um leque de

    actores diversifi cado que exigem, quer dos pro-

    gramas de interveno quer dos instrumentos de

    planeamento que iro regular, formatos diferen-

    tes at no seu desenvolvimento (e. g. integrando

    vises dos prprios residentes dessas reas) ex-

    travasando arenas meramente tcnico-poltico-

    cientfi cas que, embora muito valiosas, se tm

    revelado restringidas para adequar as respostas

    a um contexto que, pela sua diversidade coloca

    questes muitas vezes inesperadas, de grande

    complexidade, ambiguidade e incerteza.

    Tal como na Europa, em Portugal estas novas

    dimenses dos espaos urbanos levam ao desafi o

    de repensar que tipo de aces inovadoras pode-

    ro contribuir para um melhor e mais efi ciente

    planeamento das cidades, nomeadamente como

    poder uma nova viso de planeamento contribuir

    para a qualifi cao do espao urbano. Portugal

    forado a rever a poltica de cidades, seja ao nvel

    de concepo de interveno, seja ao nvel do pro-

    cesso de desenvolvimento das prprias polticas e

    da sua interveno com base em instrumentos de

    ordenamento territorial. At muito recentemente,

    a interveno da Administrao Pblica atravs do

    planeamento era vista como a forma de assegurar

    um melhor ambiente urbano do que o resultante

    da livre iniciativa dos mercados e dos particula-

    res (Portas et al., 2007, p. 195). Actualmente, as

    agendas das polticas urbanas tm necessaria-

    mente que prever a construo de consensos

    que compatibilizem os interesses presentes com

    a defi nio de objectivos estratgicos e assegu-

    rem a coerncia da implementao das polticas

    no exerccio da democracia e de acordo com

    uma opinio pblica cada vez mais esclarecida e

    empenhada na implementao de tais polticas

    e propostas. O carcter inovador das aces de

    desenvolvimento urbano pode, em grande parte,

    ser o resultado no de uma ideia particularmente

    criativa, mas do processo que a ela possa conduzir

    e da forma como os diversos actores nela partici-

    parem e dela se apropriarem.

    Neste mbito, colocado ao pas um conjunto

    de prioridades e desafi os refl ectidos na Poltica de

    Cidades POLIS XXI cuja ambio tornar as cida-

    des portuguesas:

    Territrios de inovao e competitividade;

    Territrios de cidadania e coeso social;

    Territrios de qualidade de ambiente;

    Territrios de qualidade de vida;

    Territrios bem planeados e governados.

    De entre os objectivos especfi cos que preten-

    dem concretizar esta ambio, o que se refere ao

    fortalecer e diferenciar o capital humano, insti-

    tucional, cultural e econmico de cada cidade,

    enquadrado em conseguir territrios de cidadania

    e coeso social, aquele que merece uma maior

    ateno no mbito da presente publicao que se

    dedica ao tema da Governncia2 e Participao,

    fundamental, entre outros aspectos, para a emer-

    gncia de aces inovadoras de desenvolvimento

    urbano.

    Compreende-se assim que uma interveno

    com consequncias visveis na resoluo dos pro-

    blemas urbanos implica uma nova governncia

    assumida pelos diferentes nveis da administrao

    pblica, bem como por outros actores envolvidos

    e pelos cidados em geral, atravs da adopo de

    1 . I n t r o d u o P g i n a 1 2

  • prticas participativas e colaborativas que podem

    estar para alm das previstas no quadro normati-

    vo vigente.

    Em Portugal, como noutros pases, o potencial

    da participao tem sido largamente reconheci-

    do pelos profi ssionais, pelos polticos e mesmo

    pelos cidados, e tem vindo a ter, cada vez mais

    um papel predominante nas agendas, respon-

    dendo tambm a um quadro legislativo europeu

    mais exigente deste ponto de vista. Contudo, na

    prtica, a expresso da participao ainda mui-

    to limitada e h um sentimento generalizado de

    mal-estar nos contextos de deciso pblica onde

    a mesma requerida. No entanto, atendendo a

    que o nvel local particularmente relevante para

    a implementao da Poltica de Cidades Polis XXI

    e que o estabelecimento de parcerias que se tra-

    duzam na convergncia de interesses de vrios

    actores pblicos e privados bem como de fontes

    diversifi cadas de fi nanciamento, parece inevitvel

    que estas orientaes se consubstanciem em pro-

    cessos participativos adequados aos objectivos

    em questo.

    A presente publicao fornecer um quadro

    conceptual que ajude a referenciar os promoto-

    res da Poltica de Cidades Polis XXI no mbito da

    participao, no quadro dos Planos Municipais de

    Ordenamento do Territrio (PMOT), incluir uma

    anlise da evoluo da respectiva normativa, iden-

    tifi car casos de sucesso e lies deles extradas

    e disponibilizar ferramentas e orientaes para

    actuaes futuras.

    1 Problemas abrangendo nveis mltiplos em questes de escala de interveno territorial, imbudos de

    incerteza, informao tcnica multidisciplinar, multi-actores com interesses e valores variados, muitos

    participantes com poder e competncia desigual, solues requerendo aces coordenadas (e. g., a

    localizao de uma infra-estrutura associada a elevada percepo de risco).

    2 Diferente de governao porque implica o envolvimento activo directo na deciso de outros

    intervenientes para alm das entidades governamentais visando a resoluo de problemas de

    interesse mtuo A opo por governncia vem na linha de tantos outros vocbulos de origem

    latina que, em portugus, mantm a terminao ncia (sufi xo que exprime a ideia de aco

    ou de resultado de uma aco) e que, em ingls foram transformados em ance. Tambm

    diferente de governana porque segundo Arago (2005) governana, provm do francs antigo

    (gouvernance), semanticamente considerada sinnimo de governo, alm de que o o sufi xo

    ana transmite, por vezes, a ideia de quantidade excessivamente grande ou at exagerada, como

    em comilana, embirrana, fartana, festana. (ARAGO, A. A Governncia na Constituio Europeia.

    Uma oportunidade perdida?, in: A Constituio Europeia. Estudos em homenagem ao Prof. Doutor

    Lucas Pires, FDUC, Coimbra, 2005).

    Porto, zona ribeirinha

    Ro

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    livei

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    1 . I n t r o d u o P g i n a 1 3

  • Dir

    eito

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    ado

    s

  • 2. Participao pblica no processo de planeamento municipal

    A cultura democrtica em Portugal rela-tivamente recente e no se tem assistido a uma participao activa dos cidados no senti-

    do da valorizao do ordenamento do territrio

    como uma questo essencial da qualidade de

    vida. Contudo, uma breve anlise da normativa

    que regulamenta a Poltica de Ordenamento do

    Territrio e de Urbanismo permite verifi car que o

    entendimento que cada um dos instrumentos faz

    acerca da importncia da participao pblica e

    dos momentos do processo de planeamento em

    que a mesma dever ser considerada, tem vindo

    progressivamente a merecer uma maior ateno

    ao longo da ltima dcada.

    Esta preocupao encontra-se assumida no

    Programa Nacional da Poltica de Ordenamento

    do Territrio (Lei n. 58/2007, de 4 de Setembro),

    onde so identifi cados quatro problemas ao nvel

    da cultura cvica, planeamento e gesto territo-

    rial:

    1. Ausncia de uma cultura cvica valorizadora do ordenamento do territrio e baseada no conhecimento rigoroso dos problemas, na participao dos cidados e na capacitao tcnica das instituies e dos agentes mais directamente envolvidos.

    2. Insufi cincia das bases tcnicas essenciais para o ordenamento do territrio, designadamente da informao georreferenciada sobre recursos territoriais, da cartografi a certifi cada, da informao cadastral e do acesso em linha ao contedo dos planos em vigor.

    3. Difi culdade de coordenao entre os principais actores institucionais, pblicos e privados, responsveis por polticas e intervenes com impacte territorial.

    4. Complexidade, rigidez, centralismo e opacidade da legislao e dos procedimentos de planeamento e gesto territorial afectando a sua efi cincia e aceitao social.

    PROGRAMA NACIONAL DA POLTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITRIO

    4 problemas ao nvel da cultura cvica, planeamento e gesto territorial

    2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 6

  • Quando se procede anlise da componen-

    te participativa nos vrios instrumentos legais

    que regulamentam a Poltica de Ordenamento do

    Territrio e de Urbanismo, ainda que se verifi que

    constar dos objectivos, a sua prtica tem sido

    muito restringida ao direito informao e aos

    momentos de discusso pblica dos planos. Esta

    preocupao foi consagrada na reviso constitu-

    cional de 1997 (n. 5 do artigo 65. da Lei n. 1/97,

    de 20 de Setembro) que, por sua vez, consagrou

    a garantia da participao dos interessados na

    elaborao dos instrumentos de planeamento ur-

    banstico e de quaisquer outros instrumentos de

    planeamento fsico do territrio. A Lei n. 83/95,

    de 31 de Agosto, regula o exerccio do direito de

    participao popular em procedimentos adminis-

    trativos e do direito de aco popular.

    A Lei n. 48/98, de 11 de Agosto (LBPOTU),

    consagrou como princpio da poltica de ordena-

    mento do territrio e de urbanismo o princpio

    da participao, reforando a conscincia cvica

    dos cidados atravs do acesso informao e

    interveno nos procedimentos de elaborao,

    execuo, avaliao e reviso dos instrumentos

    de gesto territorial (IGT) [alnea f) do artigo 5.].

    No entanto um dos seus dois grandes objectivos

    [alnea b) do artigo 2.], a regulao no mbito

    da poltica de Ordenamento do Territrio e de Ur-

    banismo, das relaes entre os diversos nveis da

    Administrao Pblica e desta com as populaes

    e com os representantes dos diferentes interesses

    econmicos e sociais no explcito no que se

    refere a como podero ser assegurados. De facto,

    as referidas relaes entre os diferentes nveis da

    Administrao Pblica e desta com as populaes

    e com os seus representantes deixada em aber-

    to sem oferecer propostas de concretizao.

    Outro dos princpios afi ns do princpio da par-

    ticipao o princpio da concertao. O artigo

    21. da LBPOTU, sob a epgrafe participao e

    concertao, determina que os IGT so subme-

    tidos a prvia apreciao pblica (n. 1) e que a

    elaborao e aprovao dos IGT vinculativos dos

    particulares so objecto de mecanismos refora-

    dos de participao dos cidados, nomeadamente

    atravs de formas de concertao de interesses

    (n. 2). A concertao consiste na anlise das ra-

    zes de discordncia e das objeces s propos-

    tas de IGT apresentadas, com vista obteno de

    uma soluo concertada que permita ultrapassar

    as objeces formuladas. Trata-se tambm da

    concretizao do princpio da coordenao, con-

    sagrado na alnea c) do artigo 5. da LBPOTU, que

    implica a articulao e compatibilizao do orde-

    namento do territrio com as polticas de desen-

    volvimento econmico e social e com as polticas

    sectoriais com incidncia na organizao do terri-

    trio, no respeito por uma adequada ponderao

    dos interesses pblicos e privados em causa.

    O Decreto-Lei n. 380/99, de 22 de Setem-

    bro, com a redaco actual introduzida pelo

    Decreto- Lei n. 316/2007, de 19 de Setembro

    (RJIGT), que desenvolve as bases de ordena-

    mento do territrio e de urbanismo, defi nindo

    o regime de coordenao dos mbitos nacional,

    regional e municipal do sistema de gesto terri-

    torial, o regime geral de uso do solo e o regime

    da elaborao aprovao, execuo e avaliao

    dos IGT, trata expressamente do direito de parti-

    cipao no artigo 6., assegurando que todos os

    cidados, bem como as associaes represen-

    tativas dos interesses econmicos, sociais, cul-

    turais e ambientais, tm o direito de participar

    na elaborao, alterao, reviso, execuo e

    avaliao dos IGT.

    Este direito compreende duas situaes dis-

    tintas:

    a possibilidade de formulao de sugestes

    e pedidos de esclarecimento ao longo dos

    procedimentos de elaborao, alterao, re-

    viso, execuo e avaliao;

    a interveno na fase de discusso pblica

    que precede obrigatoriamente a aprovao

    dos IGT.

    2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 7

  • O mbito municipal (Seco IV) aquele em

    que se verifi ca uma maior especifi cao das fases

    de acompanhamento (Comisso Mista de Coorde-

    nao), concertao e participao. Esta ltima

    prev que, ao longo da elaborao dos planos mu-

    nicipais de ordenamento do territrio (PMOT), a

    Cmara Municipal deve facultar aos interessados,

    particulares, entidades ou associaes represen-

    tativas dos direitos a ponderar, designadamente

    econmicos, sociais, culturais e ambientais, todos

    os elementos relevantes para que estes possam

    conhecer o andamento dos trabalhos e a evoluo

    da tramitao procedimental, bem como formular

    sugestes autarquia e Comisso de Acompa-

    nhamento (artigo 77. do RJIGT)

    Destacam-se, porm, dois momentos em que

    os interessados so especialmente chamados a

    participar:

    o primeiro momento ocorre no incio do pro-

    cedimento (participao preventiva). Desti-

    na-se a que os interessados possam formu-

    lar sugestes e apresentar informaes so-

    bre quaisquer matrias que entendam dever

    ser consideradas no mbito da elaborao,

    alterao ou reviso dos PMOT.

    o segundo momento ocorre aps a con-

    cluso do perodo de acompanhamento do

    PDM ou da conferncia de servios do PU ou

    PP e, quando for o caso, decorrido o pero-

    do de discusso pblica, atravs de aviso a

    publicar no Dirio da Repblica e a divulgar

    atravs da comunicao social e internet

    (participao sucessiva).

    Do aviso consta a indicao do perodo de dis-

    cusso, do local e da data das sesses pblicas a

    ter lugar, da forma como os interessados podem

    apresentar as suas reclamaes, observaes ou

    sugestes e dos locais onde se encontra dispon-

    vel a proposta de plano.

    Findo o perodo de discusso pblica, a Cma-

    ra Municipal pondera as reclamaes, observaes,

    sugestes e pedidos de esclarecimento apresenta-

    dos, respondendo por escrito e fundamentadamen-

    te aos interessados que invoquem a desconformi-

    dade com outros IGT efi cazes ou com disposies

    legais e regulamentares aplicveis, a incompatibi-

    lidade com planos, programas e projectos que de-

    vessem ser ponderados em fase de elaborao e a

    eventual leso de direitos subjectivos.

    Os resultados da ponderao da discusso p-

    blica so divulgados atravs da comunicao so-

    cial e da pgina da Internet da Cmara Municipal.

    Em matria de reforo de mecanismos de

    participao privada, refere-se a expressa admis-

    sibilidade e a regulao de contratos para planea-

    mento introduzida no RJIGT pelo Decreto-Lei n.

    316/2007, de 16 de Setembro. Estes contratos tm

    a virtude de conciliar interesses pblicos e priva-

    dos e de operacionalizar a execuo dos Planos de

    Urbanizao e dos Planos de Pormenor, responsa-

    bilizando os seus destinatrios pela concretizao

    das operaes neles previstas.

    Relativamente concertao de interesses, o

    actual RJIGT s prev expressamente a concerta-

    o de interesses pblicos entre si, quer no decur-

    so dos trabalhos da Comisso de Acompanhamen-

    to do PDM, quer aps a emisso do parecer fi nal

    desta, entre a Cmara Municipal e as entidades

    que tenham discordado das solues da proposta

    do plano. Esta ltima concertao tambm pode

    ser promovida pela CCDR, tendo em vista uma

    soluo concertada que permita ultrapassar as

    objeces formuladas.

    Embora a lei no preveja expressamente a

    concertao entre interesses pblicos e privados,

    nada impede que esta possa ocorrer em sede de

    discusso pblica, no mbito da ponderao a

    efectuar pela Cmara Municipal, das reclamaes,

    observaes e sugestes apresentadas pelos par-

    ticulares.

    Apesar de todos estes aspectos relativos

    participao pblica no processo de planeamento

    a nvel local, o PNPOT estabelece ainda medidas

    prioritrias para uma participao pblica mais

    2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 8

  • efi ciente. Assim, ao nvel dos seus objectivos es-

    tratgicos contempla o reforo da qualidade e

    efi cincia da gesto territorial, promovendo a

    participao informada, activa e responsvel dos

    cidados e das instituies. Este objectivo estra-

    tgico , por sua vez, enquadrado por dois objec-

    tivos especfi cos:

    Promover a participao cvica e institucional nos processos de planeamento de desenvolvimento territorial

    Medidas prioritrias

    1. Reforar os mecanismos de acesso informao no mbito da elaborao e divulgao dos instrumentos de gesto territorial, nomeadamente atravs do uso das TIC, com vista a uma maior co-responsabilizao e envolvi-mento da sociedade civil.

    2. Integrar os princpios das Agendas 21 Locais nos instrumentos de gesto territorial e incentivar a cooperao aos nveis local e regional, recorrendo institucionalizao de parcerias, contratualizao e implementao de Programas de Aco Territorial.

    3. Rever os modelos de acompanhamento, participao e concertao previstos no regime jurdico dos instrumen-tos de gesto territorial, no sentido de garantir o maior envolvimento das entidades pblicas e das organiza-es econmicas, sociais, culturais e ambientais desde a fase inicial de defi nio do contedo e das principais opes desses instrumentos.

    4. Incentivar a organizao e participao qualifi cada da sociedade civil na prestao de servios de interesse geral, promovendo parcerias e redes de base territorial.

    Incentivar comportamentos positivos e responsveis face ao ordenamento do territrio

    Medidas prioritrias

    1. Desenvolver aces de sensibilizao, educao e mobilizao dos cidados para uma cultura valorizadora do ordenamento do territrio, do urbanismo, das paisagens e do patrimnio em geral.

    2. Introduzir e reforar nos programas dos vrios graus de ensino, desde o ensino bsico ao secundrio, os princ-pios orientadores de boas prticas de ordenamento e qualifi cao do territrio.

    3. Estimular o contributo e a participao dos jovens em aces de ordenamento do territrio, nomeadamente no quadro do Programa Nacional de Juventude e do Voluntariado Jovem.

    4. Fomentar a investigao e a inovao na rea do ordenamento do territrio e do urbanismo, nomeadamente atravs da instituio de bolsas de estudo especiais.

    5. Divulgar boas prticas em ordenamento do territrio e urbanismo e incentivar a participao em concursos para atribuio de prmios a nvel nacional.

    PROGRAMA NACIONAL DA POLTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITRIO

    Objectivos especfi cos e Medidas prioritrias

    2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 1 9

  • Ainda que este elenco de medidas se revele

    bastante estimulante para ser considerado na ela-

    borao e implementao de planos e projectos

    a diferentes nveis, apresentaremos de seguida

    uma anlise mais detalhada de como que a par-

    ticipao pblica considerada nas vrias fases

    de planeamento no mbito dos PMOT, por serem

    estes que merecem um maior destaque no mbito

    desta publicao.

    As fases consideradas de acordo com a legis-

    lao em vigor so:

    Preparao do plano;

    Acompanhamento da elaborao do plano;

    Concertao;

    Discusso pblica;

    Implementao do plano.

    A Cmara Municipal deve facultar aos inte-

    ressados todos os elementos relevantes ao co-

    nhecimento sobre a tramitao procedimental

    em todas estas fases. Para cada fase identifi -

    cado o nvel de participao pblica previsto, as

    exigncias defi nidas bem como os actores en-

    volvidos, de acordo com legislao e os desafi os

    que se colocam no sentido de assegurar que o

    processo de planeamento a nvel local possa ser

    efectivamente participado, por vezes, desejavel-

    mente, para alm das instituies que consti-

    tuem as Comisses de Acompanhamento ou de

    Coordenao. As propostas apresentadas neste

    mbito esto para alm do que a legislao pre-

    v e devem ser entendidas como procedimentos

    complementares para uma melhor efi cincia dos

    planos. (Tabela 1). A boa integrao dos resultados

    de um processo participativo formal e no formal

    poder favorecer o encontrar de solues inova-

    doras para o planeamento e desenvolvimento ur-

    bano. Por exemplo, a elaborao de um diagnsti-

    co participativo poder fornecer equipa tcnica

    responsvel pela elaborao do plano informa-

    es, perspectivas, problemas ou potencialidades

    muito para alm das que partida podero ser

    recolhidas apenas numa perspectiva bibliogrfi -

    ca ou de levantamentos de terreno. Tambm na

    fase de acompanhamento da elaborao do pla-

    no dever ser promovida a participao activa do

    pblico na defi nio de propostas e de solues a

    considerar no plano e no limitar a dar a conhecer

    ao pblico a anlise, diagnstico, propostas e ce-

    nrios, apenas numa perspectiva informativa. Da

    mesma forma, na fase de participao, para alm

    dos procedimentos participativos formais, fun-

    damental promover outros momentos ou meios

    adequados que permitam uma maior e mais es-

    clarecida participao do pblico, abrindo cami-

    nho para a criao de condies que assegurem

    o estabelecimento de compromissos e partilha de

    responsabilidades na fase de implementao do

    plano. Se tal acontecer, provavelmente ser poss-

    vel prever o acompanhamento e monitorizao da

    implementao do plano.

    Estes exemplos so tambm aplicveis a pro-

    jectos que se encontrem fora do quadro do Sis-

    tema de Gesto Territorial, nomeadamente pro-

    jectos de desenvolvimento urbano, no mbito dos

    quais se considera essencial considerar as com-

    ponentes de participao e de governncia como

    forma de garantir a inovao ao nvel do processo

    de concepo, implementao e avaliao.

    Agir neste sentido pressupe aprofundar con-

    ceitos e metodologias que constam do captulo

    seguinte.

    2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 2 0

    Dir

    eito

    s re

    serv

    ado

    s

  • Dir

    eito

    s re

    serv

    ado

    s

  • I. PREPARAO DO PLANOFASES

    II. ACOMPANHAMENTODA ELABORAO DO PLANO3

    informao do plano fundamentao da deliberao pela cmara municipal

    NVEL DE PARTICIPAO PBLICA

    Informao respeitante a outros pla-nos, programas, projectos j existen-tes ou em preparao e identifi cao de problemas em campo

    Participao preventiva para formu-lao de sugestes e apresentao de inconformidades sobre questes que possam ser consideradas no pro-cedimento de elaborao do plano.

    Dar a conhecer ao pblico: avaliao da execuo do plano4 anlise e diagnstico propostas, opes, alternativas, cenrios

    Informar sobre a deliberao de ela-borao do plano atravs da publica-o em dirio da repblica e divulgar atravs da comunicao social e da internet

    EXIGNCIAS Obriga a identifi car e a ponderar nos diversos mbitos os planos progra-mas e projectos com incidncia na rea em causa, por forma a assegu-rar as necessrias compatibilizaes

    Obrigatria a fi xao do perodo de participao na deliberao da ela-borao do plano

    Acompanhamento assduo e continu-ado dos trabalhos de plano, devendo a comisso de acompanhamento apre-sentar um parecer escrito relativo ao: cumprimento das normas legais; compatibilidade com instrumentos de gesto territorial efi cazes e ao funda-mento tcnico das solues defendi-das pela cmara municipal

    Cmaras municipais;cidadosACTORES

    ENVOLVIDOS

    Equipa de elaborao do plano Cidados e associaes representati-vas de interesses a ponderar

    Comisso de acompanhamento que integra representantes de servios e entidades da administrao direc-ta ou indirecta do estado

    Prever uma forma de comunicao mais ampla e acessvel, nomeada-mente atravs de um processo de co-municao e de informao activa

    DESAFIOS/PROPOSTAS(no previstos na legislao)

    Prever o envolvimento activo dos ci-dados e/ou dos seus representantes atravs da recolha de opinies dos actores locais envolvidos na imple-mentao dos respectivos progra-mas, planos e projectos

    Assegurar o envolvimento activo dos cidados e/ou dos seus representan-tes atravs do estabelecimento de uma adequada concertao de inte-resses, apenas prevista ao nvel das entidades que constituem a comis-so de acompanhamento

    Prever a possvel integrao de pro-postas, opes, alternativas, cen-rios de outras organizaes, nome-adamente as no governamentais

    3 O acompanhamento da elaborao dos Planos de Urbanizao e de Pormenor facultativo e a sua publicitao da

    responsabilidade da Cmara Municipal. Uma vez concluda a elaborao do plano a Cmara Municipal apresenta Comisso de

    Coordenao e Desenvolvimento Regional a proposta de plano, os pareceres eventualmente emitidos e o relatrio ambiental.

    4 No caso da reviso dos PDM.

    2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 2 2

    Tabela 1 - Participao Pblica nas vrias fases do processo de planeamento dos Planos Municipais de Ordenamento do Territrio (PMOT)

  • III. CONCERTAO5 IV. DISCUSSO PBLICA V. IMPLEMENTAO DO PLANO

    Participao dos actores envolvi-dos na elaborao da aproposta do plano e envolvimento das entidades que formulem objeces s solues defi nidas

    Participao activa dos interessados sobre a defi nio de propostas e so-lues do plano

    Faseamento e formas de implemen-tar e monitorizar o plano de aco

    Concertao com as entidades que, no decurso dos trabalhos da comis-so de acompanhamento, formulem objeces s solues defi nidas para o futuro plano e que na fase fi nal as mantenham

    Discusso pblica6 sobre a proposta do plano no inferior a 30 dias (PDM) e 22 dias (PU e PP)

    A legislao omissa

    Comisso de acompanhamento e cmara municipal aps concluso da fase de acompanhamento

    Cidados, entidades pblicas e asso-ciaes

    Prever a participao de outros acto-res e no apenas das entidades que integrarem a comisso de acompa-nhamento, que podero revelar-se pouco representativas das reais ex-pectativas presentes por parte de outras entidades ou actores locais

    Participao activa do pblico na defi nio de propostas e de solues a considerar no plano atravs do en-volvimento activo dos cidados e/ou dos seus representantes

    Promover momentos ou meios ade-quados que permitam uma maior e mais esclarecida participao do pblico. Assegurar o estabelecimen-to de compromissos e partilha de responsabilidades na implementao do plano

    Prever o envolvimento activo dos cidados no acompanhamento e monitorizao da implementao do plano

    5 No caso dos Planos de Urbanizao e Planos de Pormenor a Cmara Municipal pode promover a realizao de concertao nos 20

    dias subsequentes realizao da conferncia de servios por parte da Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional.

    6 No caso dos Planos de Urbanizao e dos Planos de Pormenor o perodo de discusso pblica deve ser anunciado com a

    antecedncia mnima de 5 dias e no pode ser inferior a 22 dias.

    2 . P a r t i c i p a o p b l i c a n o p r o c e s s o d e p l a n e a m e n t o m u n i c i p a l P g i n a 2 3

  • 3. Governncia e participao: conceitos e metodologias

    3.1. CONCEITOS

    3.1.1. Governncia

    Visando dar uma resposta a estes novos

    desafi os, um leque de novas prticas polticas

    aparece nos interstcios das vrias camadas ins-

    titucionais do Estado e entre as instituies es-

    tatais e as organizaes da sociedade. As redes

    informais ganham expresso na Unio Europeia

    (UE), havendo especialistas que vo to longe

    ao ponto de caracterizar a UE como uma ex-

    perimentao de encontrar formas alternativas

    de desenvolver polticas pblicas (Hajer et al.,

    2003, 2). Na literatura diversos autores7 defen-

    dem a importncia destes acordos informais

    como sendo aqueles que produzem solues,

    ao contrrio das convenes, directivas ou de-

    cises autoritrias (Hajer et al., 2003, 1). Esta

    sociedade em rede (Castells, 1998) de maior

    fl uidez, caracterizada por um poder fragmen-

    tado e no por um poder concentrado, em que

    as instituies e organizaes devem partilhar

    objectivos, actividades, recursos e poder ou au-

    toridade para conseguirem ganhos colectivos e

    minimizar perdas (Bryson et al., 1992).

    A ideia est longe de ser a criao de mais

    governo, mas sim operar em rede de organiza-

    es, assumindo estas um papel crucial ao tra-

    zer para a mesa o debate aberto. Uma resposta

    a isto poderia ser conseguida atravs da criao

    e estruturao de fruns abertos promovendo a

    interaco de todos os interessados para o de-

    bate de ideias.

    Assiste-se pois, a uma democracia expan-

    siva (Warren, 92 in Hajer et al., 2003, 3) ca-

    racterizada por uma crescente participao ()

    empurrando a democracia para alm das esferas

    polticas tradicionais e relacionando o processo

    decisrio com as pessoas que so afectadas

    (Hajer et al., 2003, 3). Continuamos a operar em

    contextos hierrquicos, embora estas estruturas

    tenham cada vez mais de competir e/ou mesmo

    enquadrar, processos abertos, invulgares e ad

    hoc que revelam uma capacidade notvel na

    resoluo de problemas e criam oportunidade

    de aprendizagem e mudana em circunstncias

    em que as instituies tradicionais formais fa-

    lham (Hajer et al., 2003, 3). Estes processos pre-

    tendem dar resposta nova realidade da socie-

    dade em rede, uma vez que as redes implicam

    fl uidez Hajer et al., 2003, 5).

    Novas instituies emergem caracteriza-

    das por serem fl uidas, em evoluo, em rede,

    e integram dilogo e inteligncia distributiva

    () mantendo uma interaco, aprendizagem

    e adaptao constante (Healey, 2000 in Hajer

    et al, 2003, 56). Nesta linha cabe aos especia-

    listas desconstrurem os refl exos intelectuais

    existentes e libertarem-se de padres tcitos de

    pensamento, repensando a governao, as po-

    lticas e a administrao luz destas mudanas

    nos processos sociais (Hajer et al., 2003, 2).

    nesta ordem de ideias que emerge um

    novo vocabulrio em contextos de polticas

    pblicas traduzindo novas prticas de entre as

    quais a Governncia assume um papel de rele-

    vo: pretende ser uma nova resposta para novas

    preocupaes, uma soluo diferente para pro-

    blemas especiais () atravs de formas menos

    autoritrias, hierarquizadas e formalizadas, das

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 4

  • quais se espera uma maior legitimidade e efi c-

    cia, mas tambm maior responsabilidade, parti-

    lha, coerncia, etc (Arago, 2005).

    Mas a governncia assume formatos varia-

    dos, dependendo da nfase que lhe dada:

    1. a abordagem por critrio - converte os

    interesses dos cidados em critrios tc-

    nicos que se apoia em infra-estruturas

    hard do tipo de medidas polticas;

    2. o modelo de empreendedorismo cons-

    tri consensos atravs de alianas ad

    hoc entre actores-chave - que se concen-

    tra em infra-estruturas soft, processos

    de construo de consensos;

    3. a abordagem participativa - uma abor-

    dagem mais sistemtica para incluir

    membros das comunidades polticas,

    assegurando um espao que traz para

    o processo o leque de conhecimentos e

    valores das comunidades polticas e en-

    tre os stakeholders - que integra infra-

    estruturas soft e hard, com nfase na

    argumentao e debate e na construo

    de direitos no que se refere ao processo

    (Healey, 1998: 239-240).

    Todos estes formatos assumem (1) uma for-

    ma de democracia formal para a governncia

    em que os polticos so eleitos pelos cidados;

    (2) que por si s so insufi cientes para legiti-

    mar a relao entre a actividade do governo e a

    componente social e econmica; (3) todos pro-

    curam abrir os processos de governao para

    conseguir uma interaco mais contnua entre

    o governo, empresas e cidados (Healey, 1998:

    239-240).

    Contextos de governncia colaborativa, en-

    corajam a formao de trs tipos de capital im-

    portantes para a sustentabilidade a longo prazo:

    (1) capital intelectual (recursos de conhecimen-

    to); (2) capital social (credibilidade e compre-

    enso social) que construdo pela interaco

    pessoal e (3) capital poltico (capacidade de agir

    colectivamente para desenvolver qualidades lo-

    cais e captar ateno externa e recursos) (Innes

    e Booher, 1999). Podemos pois analisar a cons-

    truo de capacidade de construo institucio-

    nal em termos de recursos de conhecimento,

    recursos relacionais e capacidade mobilizadora

    (Healey, 1998).

    Uma participao efectiva e expandida

    pode, se bem e profi ssionalmente conduzida,

    trazer mais-valias importantes ao processo de

    planeamento, de gesto territorial e ao desen-

    volvimento urbano, como tal, sendo a participa-

    o parte integrante da governncia, deve ser

    vista como um recurso imprescindvel s boas

    prticas neste campo de aco.

    Do ponto de vista terico as polticas urba-

    nas reposicionaram-se para reformular o deba-

    te sobre o poder comunitrio8 e distanciaram-

    -se da representatividade poltica do dia-a-dia

    para uma preocupao com o protesto urbano

    e os movimentos sociais9 (Stoker, 1998). Mais,

    para compreender as polticas dum complexo

    sistema urbano necessrio posicionarmo-nos

    para alm da noo de poder como competn-

    cia para conseguir que um actor faa alguma

    coisa que no faria de outra maneira () numa

    sociedade complexa o acto de poder crucial a

    capacidade de criar liderana e uma forma de

    operacionalizar que permita que tarefas signifi -

    cativas sejam feitas10 (Stoker, 1998).

    Ainda no enquadramento destas teorias,

    uma delas argumenta que o sucesso da inter-

    veno implica um processo de aprendizagem

    colectivo para encorajar mudanas de compor-

    tamento e atitudes dos cidados empowering/

    capacitando-os e tornando-os agentes activos

    visando uma sociedade justa e sustentvel (Jo-

    nes, 2003), estes grupos podem constituir uma

    vantagem no sentido em que atravs da aco

    deliberativa da sua parte esto em posio de

    ganhar benefcios e bem estar para eles pr-

    prios11 (Downing et al., 1995).

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 5

    7 James, Rosenau, Judith Innes,

    Jonh Dryzek.

    8 reformulated community

    power debate (Stoker, 1998).

    9 everyday representative

    politics to a concern with

    urban protest and social

    movements (Stoker, 1998).

    10 to understand the politics

    of a complex urban system it

    is necessary to move beyond

    a notion of power as the

    ability to get another actor

    to do something they would

    not otherwise do () in a

    complex society the crucial

    act of power is the capacity

    to provide leadership and

    a mode of operation that

    enables signifi cant tasks to

    be done (Stoker, 1998).

    11 groups may be advantaged

    in the sense that through

    deliberative action on their

    part they are in a position to

    gain benefi ts or welfare for

    themselves (Downing et al.,

    1995).

  • Embora tradicionalmente o planeamento e

    desenvolvimento urbano tenham estado asso-

    ciados mais componente democrtica repre-

    sentativa e tecnocrata, tem muito a ganhar com

    a governncia colaborativa, e vice-versa, por

    ser uma rea de interface que coloca a nfase

    nas articulaes de conhecimentos e promoo

    de inter-relaes entre actividades e lugares.

    Expandindo a base de interesses dos espaos

    tradicionais de tomada de decises de que se

    focavam maioritariamente num leque restrito

    de interesses poderosos, se adequadamente

    estruturada, permite responder a um nmero

    maior de interesses por um lado, e por outro,

    conseguir integrar um leque mais abrangente

    de conhecimentos, gerando solues mais ino-

    vadoras, fundamentadas e sustentveis.

    Em Portugal temos assistido a um debate cres-

    cente sobre participao. Neste enquadramento

    tcnicas inovadoras bottom-up (e. g. construo

    de consensos, workshops participativos) tm

    vindo a ser adoptadas, pelo menos desde os anos

    90, assegurando que entidades locais trabalhem

    em colaborao com o cidado, as organizaes

    comunitrias, ONG, empresas, sindicatos e outros

    actores locais visando chegar a acordos sobre ac-

    es, polticas e propostas.

    Esta tendncia no alheia s orientaes

    nas quais a Europa se enquadra. De facto, na

    perspectiva da criao de cidades mais sau-

    dveis, em que as directivas Europeias para a

    interveno urbana reclamam a construo de

    comunidades sustentveis (Bristol, 2005) estas

    comunidades so identifi cadas como diversi-

    fi cadas, refl ectindo caractersticas locais, no

    obedecendo a um padro defi nido e que tm

    de ter 8 caractersticas: (1) activas, inclusivas e

    seguras12 (2) bem administradas13, (3) bem re-

    lacionadas14, (4) bem servidas15, (5) ambiental-

    mente sensveis16, (6) bem sucedidas economi-

    camente17, (7) bem projectadas e construdas18,

    (8) justas para todos19 (Bristol, 2005, p. 6).

    3.1.2. Participao

    Da literatura, bvio que a participao ao

    longo dos tempos refl ecte grande ambivalncia

    sendo frequentemente assumido que pouco

    clara a sua contribuio, bem como, inconclusi-

    vo o formato que deve assumir (Day, 1997). Uma

    das razes para esta situao resulta da palavra

    participao ter sido usada para situaes mui-

    to dspares por pessoas diferentes, contribuindo

    para o esvaziamento do seu signifi cado. Tanto se

    pode chamar participao apenas a um processo

    informativo, onde o cidado apenas informado

    do que vai acontecer, por exemplo, como a um

    trabalho em grupo, em que as pessoas interagem

    e propem aces. Estes formatos diferentes de

    participao muitas vezes no so explicitados

    contribuindo para gerar a confuso na percep-

    FIG. 1 - COMUNIDADES SUSTENTVEIS

    Fon

    te

    Bri

    sto

    l, 20

    05

    Bem equipadas

    (infra--estruturas)

    Com bons

    Servios

    Justas para todos

    Activas, inclusivas e seguras

    Participadas e bem

    lideradas

    Bem desenhadas

    e construdas

    Amigas do ambiente

    Criativas e

    Inovadoras

    Lugares onde as pessoas querem viver e trabalhar, agora e no futuro

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 6

    COMUNIDADESSUSTENTVEIS

  • 3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 7

    Sesses participativas

    E

    qu

    ipa

    WTe

    amu

    p

    12 Fair, tolerant and cohesive with a strong local culture and other shared community activities.

    13 with effective and inclusive participation, representation and leadership.

    14 with good transport services and communication linking people to jobs, schools, health and other

    services.

    15 with public, private, community and voluntary services that are appropriate to peoples needs and

    accessible to all.

    16 providing places for people to live that are considerate of the environment.

    17 with a fl ourishing, diverse and innovative local economy.

    18 featuring quality built and natural environment.

    19 including those in other communities, now and in the future.

    20 Mais do que uma fase, um momento corresponde a um determinado objectivo da aco participativa.

    21 Estas entrevistas/inquritos podem inclusive ser feitas em perodos pr-workshop, por exemplo.

    22 No se trata propriamente de um plenrio, pois o trabalho desenvolve-se, regra geral, em vrias

    salas paralelas. No entanto nesta fase todos os participantes dentro da mesma sala colaboram.

    o do conceito, que assume com esta limitada

    rigorosidade um mbito demasiado lato.

    O facto que a participao e a democracia

    se interligam fortemente e no faz sentido falar

    numa sem considerar a outra. Se o planeamento

    for considerado uma forma de actividade polti-

    ca ento numa democracia ter necessariamen-

    te de considerar alguma forma de participao.

    Como torn-la relevante ainda est em debate e

    h posies diversas entre os especialistas, em-

    bora os defensores da participao considerem

    que quando esta efectiva h maior potencial

    de resposta ao interesse pblico.

    Em contextos participativos, no exerccio da

    profi sso os planeadores propem decises mas

    tm simultaneamente de integrar os desejos e

    pedidos dos cidados, o que exige formatos que

    se adeqem a alguma forma de equilbrio, re-

    presentando isto uma questo de liderana,

    organizao, alternativas, e sistemas de respon-

    sabilidade e confi ana (Day, 1997).

    Quer o nvel de cidadania, quer a intensida-

    de da participao esto fortemente ligadas ao

    tipo de democracia desejada. Formas mais de-

    liberativas de democracia exigem formatos de

    participao mais activos e interactivos (e. g. f-

    runs participativos), enquanto uma democracia

    mais representativa se coaduna com formatos

    de participao mais informativos e passivos

    (e. g. consulta).

    O exerccio de cidadania apoia-se em trs

    pilares o direito a saber, o direito a compre-

    ender e o direito de agir (Larsen, 2002). O tipo

    de democracia vigente revela-se por uma maior

    ou menor capacidade de os integrar e promover.

    Um crescente espao para cada um deles, con-

    tribui para um maior envolvimento dos cidados

    e uma democracia mais consolidada.

    Passaremos de seguida apresentao de

    algumas metodologias que podero ser teis

    na implementao dos conceitos anteriormente

    apresentados.

  • Dir

    eito

    s re

    serv

    ado

    s

  • 3.2. METODOLOGIAS

    O leque variado e diversifi cado de metodo-

    logias existentes implica que, por razes de res-

    trio, sejamos aqui forados a dar uma sntese

    de uma metodologia ilustrativa no nos poden-

    do estender para aspectos de detalhe, por vezes

    de importncia vital para o sucesso dos proces-

    sos participativos. No entanto, procuraremos

    sempre que possvel, dar exemplos pontuais de

    boas prticas que possam ser inspiradores para

    quantos queiram trabalhar estas reas.

    3.2.1. Articulando actores e conhecimento

    H hoje uma variedade de maneiras de es-

    truturar e conduzir a participao, tendo esta

    de se adaptar a situaes especfi cas apresen-

    tadas. Um conjunto de casos de estudo bem

    sucedidos inspirar metodologias de carcter

    mais interactivo e tem vindo a ditar as novas re-

    gras para processos de participao interactiva

    com potencial para assegurar resultados.

    Quanto mais complexo o problema a tratar

    mais no incio do processo decisrio deve ser

    assegurada a participao. Contrariamente aos

    processos de tomada de deciso tradicionais, o

    envolvimento de todos os stakeholders deve

    ser encorajado, para alm da mera participao

    institucional, para garantir que todos os interes-

    ses sejam trazidos para a mesa.

    Um conjunto de regras-chave deve tambm

    ser observado/cumprida tendo em vista um pro-

    cesso com sucesso: (1) envolvimento em fases

    iniciais do processo abrindo espao de debate e

    disponibilizando tempo para que os participan-

    tes compreendam o processo e a informao em

    circulao; (2) todos os stakeholders devem

    estar envolvidos para assegurar que todos os in-

    teresses so considerados; (3) a nfase deve ser

    colocada nos interesses em vez de insistir nas

    posies, para abrir o leque de opes possveis

    e facilitar a procura de solues colaborativas

    (Innes, 1995; Vasconcelos, 2001, 1997a, 1997b).

    Estas regras permitem, entre outras vantagens,

    a possibilidade do estudo/projecto/plano ser

    ajustado ao longo do processo. Simultaneamen-

    te, o foco no interesse permite ultrapassar o

    impasse frequentemente criado porque os en-

    volvidos se focam apenas na sua posio previa-

    mente assumida. Permite tambm que se crie

    a oportunidade de gerar solues inovadoras

    (Innes, 1995; Vasconcelos, 1997a), 1997b).

    Para o processo muito importante que

    seja conduzido por facilitadores externos, com-

    pletamente independentes, pois s assim pode

    ser assegurada uma facilitao isenta. Assim

    separado o poder de deciso do poder sobre a

    conduo do processo decisrio. Isto permite

    assegurar uma participao genuna de todos e

    o respeito pelas ideias sugeridas pelos partici-

    pantes.

    Um processo participativo inclui momen-

    tos20 especfi cos que se relacionam com o que

    se pretende trabalhar e com os resultados a

    atingir. No h necessariamente uma relao

    especfi ca entre estes momentos e as fases do

    processo de planeamento e gesto territorial,

    uma vez que um ou mais destes momentos po-

    dem fazer parte de qualquer das fases. De facto

    as metodologias so universalmente aplicveis

    a qualquer fase do plano, uma vez que esto

    intrinsecamente ligadas a resultados de din-

    micas de grupos, objectivos da aco e resul-

    tados esperados. A sua seleco est antes de-

    pendente dos resultados esperados da sesso

    e dos nveis desejados de interaco entre os

    participantes.

    Portanto, considerando as metodologias de

    participao no seu todo podemos identifi car os

    seguintes momentos de um processo participa-

    tivo baseado num workshop win-win:

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 2 9

    Dir

    eito

    s re

    serv

    ado

    s

  • 3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 0

    (1) Coligir informao

    Nesta componente o foco principal incide so-

    bre a recolha da informao para o desenvol-

    vimento do Plano, que pode ser feita atravs

    de entrevistas/inquritos a actores-chave21

    relevantes para o plano em desenvolvimento

    e/ou fruns participativos envolvendo enti-

    dades/indivduos a quem se destina o plano.

    Colige-se, assim, informao mais completa e

    diversifi cada por se abrir o leque de contribu-

    tos (e. g. identifi cao de um espao urbano

    uma praa que importante para o encontro

    dos mais velhos e portanto prever equipamen-

    tos que facilitem esse convvio).

    (2) Gerar ideias

    Uma componente crucial no desenvolvimen-

    to do Plano gerar ideias que podem vir a

    integrar o Plano, abrindo muitas vezes novas

    oportunidades e formas inovadoras de identi-

    fi car novas linhas estratgicas ou mesmo en-

    contrar solues mais inovadoras ou susten-

    tveis para problemas identifi cados (e. g. usar

    o exrcito e escuteiros no apoio limpeza dos

    matos nas fl orestas para evitar incndios).

    (3) Hierarquizar

    Quando h a gerao de muitas ideias e de-

    safi os, raramente h oramento que permita

    levar tudo avante, ento necessrio que os

    que geraram essas ideias e desafi os as prio-

    ritizem.

    (4) Construir uma viso

    importante criar uma ideia colectiva do que

    se pretende atingir com o Plano. Para isso

    essencial que se construa consensualmente

    com todos os participantes do processo par-

    ticipativo uma viso de futuro, uma espcie

    de meta consensual mas que fundamentar o

    imaginrio dos que colaboraram na sua cons-

    truo. Esta aspirao colectiva vir a enqua-

    drar as propostas do Plano, contribuindo para

    que o conjunto faa sentido para todos os par-

    ticipantes.

    (5) Desenvolver/avaliar propostas

    Desenvolver propostas tambm uma com-

    ponente da participao pblica que poder

    trazer ideias novas ou novas formas de solu-

    cionar difi culdades existentes. importante

    que se acorde sobre os critrios para seleccio-

    nar ou avaliar as propostas desenvolvidas.

    (6) Visualizar

    Um boa forma de comunicar as ideias/desafi os

    gerados pelos grupos aos outros participantes

    a visual (e. g. poster, PowerPoint, imagem,

    etc.) o que obriga a sintetizar a mensagem e

    constitui uma ajuda para memorizao e co-

    municao a outros participantes.

    (7) Informar/partilhar resultados/

    concluses e encerramento.

    Alm do trabalho dos grupos tem de haver

    sempre perodos onde todos os participantes

    se encontram para poderem obter ou forne-

    cer informaes ou partilhar resultados dos

    trabalhos em subgrupo. Estes momentos tm

    que existir pelo menos no incio dos trabalhos,

    onde assumem um carcter mais informativo

    de como se vai prosseguir o trabalho, e quais

    so os objectivos e metodologia, e no fi m do

    trabalho quando se tiram concluses e se es-

    clarece o que se prev para o desenvolvimen-

    to ulterior.

    (8) Avaliar o processo

    Aps cada aco participativa imprescind-

    vel que os participantes avaliem o processo

    que se seguiu durante todos os trabalhos para

    que estes possam ser melhorados no futuro e

    resolvidos alguns problemas identifi cados pe-

    los participantes.

  • 3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 1

    (9) Assumir o compromisso

    Para assegurar a continuidade dos trabalhos

    aconselhvel criar formas dos participan-

    tes assumirem compromissos, quer fazendo

    parte de grupos de trabalho, quer responsa-

    bilizando-se por coligir alguma informao

    identifi cada como relevante, quer trazendo

    outros actores-chave para o processo.

    A seleco de quais desses momentos devem

    fazer parte do processo participativo a estrutu-

    rar resulta dos objectivos identifi cados para a(s)

    sesso(es).

    H tambm o que podemos denominar de

    momentos vazios que podem trazer mal-estar

    e impacincia aos participantes de um evento

    participativo (e. g. um workshop) como sejam

    os tempos de espera antes de iniciarem os tra-

    balhos (e. g. tempo de espera do representante

    que ir abrir a sesso). muito importante que

    estes perodos sejam pensados anteriormente

    de modo a envolver os participantes em algu-

    ma actividade que lhes preencha o tempo de

    espera e que simultaneamente possa ser im-

    portante como, por exemplo recolha de dados

    para o projecto. Isto permite envolver de forma

    pontual os presentes, criando ritmo na sesso

    logo desde o incio e permite aos participantes

    darem o seu contributo, manterem-se ocupa-

    dos e comearem a interagir com os outros.

    importante, no entanto que os resultados desta

    actividade no sejam base dos trabalhos que se

    seguem, visto que nem todos os participantes

    a fi zeram.

    As sesses de uma forma global obedecem

    sempre a uma lgica de formato que se repete.

    Inicia-se com todos para defi nir regras, objecti-

    vos e informar sobre o que se vai fazer a seguir,

    depois o grupo divide-se em grupos mais peque-

    nos para trabalharem mais em detalhe aspectos

    especfi cos, e fi nalmente volta a reunir-se para

    partilhar o trabalho feito.

    E

    qu

    ipa

    WTe

    amu

    p

    Eq

    uip

    a W

    Team

    up

    Grupos

  • Os grupos de trabalho podem organizar-se

    por dimenso, grupos de actores e temas.

    No que se refere dimenso os participantes

    podem ser encorajados a fazer mesmo uma refl e-

    xo individual e posteriormente a partilhar com

    todos as suas ideias. Este formato que considera

    apenas 1 elemento dever ser s usado em con-

    textos em que os participantes j estejam muito

    habituados a trabalhar juntos ou em reas de es-

    pecialidade em que os presentes so tcnicos da

    mesma.

    Num incio de um dia de trabalhos, se os parti-

    cipantes so mais ou menos desconhecidos, con-

    vm ento organiz-los aos pares 2 elementos

    numa primeira fase do trabalho pode ser a melhor

    possibilidade, at porque quebra o gelo inicial,

    permite uma interaco plena com o parceiro, e

    posteriormente na apresentao dos resultados

    permite que se sintam mais confi antes.

    Por experincia, sugerimos que se evite a uti-

    lizao de grupos de 3 elementos pois geralmen-

    te, um domina, um ouve e o terceiro dorme. Um

    grupo de 4-5 elementos um formato adequado

    para os participantes trabalharem em autonomia

    com um acompanhamento menos intenso de fa-

    cilitao. Todos interagem, existe uma massa cr-

    tica para uma interaco criativa e as sinergias

    fazem-se sentir.

    Dimenses de 6-10 elementos, exigem uma

    facilitao intensa, caso contrrio o grupo tem

    tendncia em se subdividir em grupos mais pe-

    quenos no havendo uma troca de ideias efectiva

    entre todos os membros mas apenas dentro dos

    subgrupos criados. Pode ser um bom formato se

    os participantes tiverem perspectivas muito dife-

    renciadas, mas tambm pode gerar-se facilmente

    confl ito se no tiverem um facilitador indepen-

    dente responsvel por conduzir o dilogo. Portan-

    to, neste caso, o trabalho de grupo assume uma

    forma mais estruturada e de facilitao intensa.

    Quando profi ssionalmente preparado e bem con-

    duzido pode chegar a resultados inesperados pois

    permite que os participantes partilhem ideias em

    oposio, que geralmente procurariam evitar. O

    facilitador, neste caso, responsvel pelo proces-

    so o que lhe permite em qualquer momento evitar

    uma escalada do confl ito. Portanto, criam-se con-

    dies para que os participantes se esclaream

    reciprocamente quanto s razes desses antago-

    nismos. Isto leva a um entendimento mtuo maior,

    promovendo o desenvolvimento de solues ino-

    vadoras.

    Grupos maiores que 10 elementos, sugere-se

    que se volte ao princpio e se opte por reparti-los

    em grupos mais pequenos.

    Refl exo individual (1 elemento)

    Trabalho em pares (2 elementos)

    Trabalho em grupo (3 elementos)

    Trabalho em grupo (4-6 elementos)

    Trabalho em grupo (6-10 elementos)

    Trabalho em grupo (> 10 elementos)

    Quanto composio, conforme o tipo de ac-

    tores-chave a envolver, podemos considerar as se-

    guintes alternativas: (1) grupos homogneos, isto

    o mesmo tipo de actor-chave e como tal de

    esperar solues mais especfi cas; (2) grupos mis-

    tos, juntando actores-chave diversifi cados, neste

    caso de esperar que as solues sejam menos

    especfi cas mas que apaream solues inovado-

    ras pois este formato permite cruzar conhecimen-

    tos que geralmente no se cruzam; (3) por temas,

    permitindo aos participantes que se inscrevam no

    seu tema de preferncia, podendo contribuir para

    algo que j refl ectiram e provavelmente j tm de-

    senvolvido/acumulado conhecimentos a partilhar

    e portanto tm maior motivao e envolvimento;

    (4) por sorteio, neste caso os grupos so consti-

    tudos de forma completamente aleatria, o que

    particularmente adequado a contextos em que

    h uma grande desconfi ana mtua entre os par-

    ticipantes e portanto assegura-se a percepo dos

    participantes de que os grupos foram constitu-

    dos sem qualquer ideia pr-concebida.

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 2

  • Pr-determinado:

    grupos homogneos (actores)

    Pr-determinado: grupos mistos (actores)

    Por interesse temtico

    dos participantes (escolha)

    Por sorteio

    O local deve tambm ser escrupulosamente

    escolhido. Deve ser um local neutro que no seja

    visto como a casa de uma das partes, especial-

    mente se houver alguma controvrsia sobre a

    questo a ser debatida. Do ponto de vista logs-

    tico deve ter a possibilidade de uma sala grande

    onde caibam todos os participantes e de salas

    mais pequenas para que possam alojar os subgru-

    pos que se formarem. As mesas e cadeiras devem

    ser amovveis para se poderem formar facilmente

    grupos de trabalho.

    O facilitador, especialmente em caso de con-

    trovrsia, deve ser um elemento independente

    do contexto, no entanto, para casos de trabalho,

    inclusive do dia a dia, onde h uma boa relao

    entre os envolvidos pode at ser um membro de

    um dos grupos de actores.

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 3

    E

    qu

    ipa

    WTe

    amu

    p

    E

    qu

    ipa

    WTe

    amu

    p

    Grupos

    TTTT

    CCCC EEEE

    SALA 2

    SALA 4SALA 3

    Os actores participantes

    so agrupados por tipode actor

    MIS

    TO

    S

    PTCE PTCE

    PTCE PTCE

    SALA 1 SALA 2

    SALA 3 SALA 4

    Os actores participantes

    so misturados aleatoriamente

    TE

    M

    TIC

    OS PTCE PCCT

    PEEC PPTT

    SALA 3

    SALA 1 SALA 2

    SALA 4

    Os actores participantes

    inscrevem-se por tem

    P - Poltico;

    T - Tcnico; C - Cidado; E - Empresrio

    FIG. 2 - GRUPOS DE TRABALHO

    a

    HO

    MO

    G

    NE

    OS

    PPPP

    SALA 1

  • 3.3. WORKSHOP WIN-WIN UMA SINOPSE

    Um workshop win-win prev sempre uma

    sesso de abertura que antecede o efectivo de-

    senvolvimento de trabalhos do workshop pro-

    priamente dito. Nesta fase preliminar, assegura-

    -se o espao para que entidade ou entidades de

    relevo local possam dar as boas vindas aos par-

    ticipantes e fazer os discursos que achem conve-

    nientes. Uma vez terminada esta fase entra-se no

    perodo dos trabalhos do workshop, mais pro-

    priamente no plenrio inicial do workshop.

    Um workshop participativo tipicamente

    constitudo por fases em que todos os participan-

    tes se renem, alternadas com outras fases em

    que estes participantes se subdividem em grupos

    mais pequenos. Os plenrios, correspondentes

    reunio de todos os participantes na mesma sala

    podem ser iniciais, a meio do processo, ou fi nais.

    Quando os plenrios so iniciais, podem ser

    utilizados para fomentar uma partilha de infor-

    mao temtica entre a entidade organizadora

    e os participantes visando a criao de um nvel

    de conhecimentos mais equilibrado ou para a in-

    formao sobre as regras de trabalho. Quando

    se realizem no fi m do evento podem servir para

    a apresentao dos trabalhos de vrias salas

    que trabalharam em paralelo, e como sesso de

    avaliao, agradecimento e encerramento. Se o

    workshop tiver um perodo mais alargado po-

    dero introduzir-se plenrios alternados com os

    trabalhos de grupo, permitindo um intercmbio

    de ideias ou um ponto de situao. Uma vez ter-

    minado o plenrio pode voltar a repartir-se no-

    vamente os participantes por subgrupos (iguais

    ou diferentes) e a reuni-los novamente no fi nal

    para partilhar os trabalhos desenvolvidos nos

    subgrupos.

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 4

    E

    qu

    ipa

    WTe

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    p

    Preliminares do workshop registo de participantes

    E

    qu

    ipa

    WTe

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    p

  • Plenrio inicial e actividade pr-workshop

    E

    qu

    ipa

    WTe

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    p

    Eq

    uip

    a W

    Team

    up

    Um workshop win-win tem quatro fases es-

    senciais:

    1 PRELIMINARES DO WORKSHOP.

    Fase em que a equipa facilitadora e a equi-

    pa do plano se encontram para defi nirem o

    nmero de participantes, as tipologias de

    actores-chave a envolver, os objectivos para

    a sesso e os produtos esperados da aco.

    Nesta fase estrutura-se a metodologia e esta-

    bilizam-se os aspectos operacionais.

    2 PR-WORKSHOP.

    Corre no dia do workshop e inclui toda a

    actividade antes do mesmo comear: por

    um lado a componente mais operacional

    (fi chas de presenas, pastas a distribuir aos

    participantes, etc.) e por outro lado a acti-

    vidade delineada para esta fase que possa

    manter activos os que chegam mais cedo

    e ser ao mesmo tempo um meio de reco-

    lher informao complementar para o pla-

    no, actividade essa que deve permitir ser

    interrompida a qualquer altura, ou seja, no

    momento em que comea a sesso de aber-

    tura do workshop. Esta actividade tem a

    vantagem de funcionar como almofada

    para atrasos que por vezes so difceis de

    prever e ao mesmo tempo inicia logo o en-

    volvimento dos participantes e encoraja a

    interaco.

    3 WORKSHOP WIN-WIN.

    Propriamente dito inclui geralmente:

    Fase da gerao de ideias (pares)

    Os participantes trabalham dois a dois

    para gerarem propostas/ideias para

    a resoluo dos problemas e desafi os

    inerentes ao tema da sesso (e. g. Como

    resolver problemas de mobilidade num

    concelho?).

    Fase da apresentao

    das ideias geradas (pares)

    As propostas/ideias so apresentadas a

    todos os outros participantes da sala e

    esclarecidas caso seja necessrio.

    Fase da agregao de ideias idnticas (cola-

    borao de todos)22

    As propostas/ideias apresentadas so

    agregadas de acordo com as suas seme-

    lhanas em nuvens/clusters. Nesta fase

    o facilitador deve esclarecer os partici-

    pantes dos perigos de uma agregao

    demasiadamente forte ou fraca, ou seja,

    nesta fase deve prevalecer o bom sen-

    so para que no se agregue tudo ou se

    separe tudo. De qualquer maneira s se

    agregam propostas/ideias com o con-

    senso de todos os participantes da sala.

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 5

  • 3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 6

    Fase da prioritizao dos clusters

    (colaborao de todos)

    Uma vez apresentadas e agregadas as

    propostas/ideias de todos os grupos os

    participantes procedem sua prioriti-

    zao, utilizando pontos autocolantes

    tipo votos, por exemplo. Escolhem-se

    assim os clusters mais relevantes na

    perspectiva actual dos participantes em

    cada sala. As propostas/ideias com mais

    votos so escolhidas para serem traba-

    lhadas mais em profundidade.

    Fase de aprofundamento

    (grupos de 4 a 5 elementos)

    Nesta fase os participantes renem-se

    em grupos de 4 a 5 elementos e, em

    conjunto, trabalham mais em profun-

    didade a proposta seleccionada. Para

    estruturar estes trabalhos a equipa de

    facilitao elaborou previamente com

    a equipa local de coordenao uma fi -

    cha de trabalho simples. Assim evita-se

    que os participantes nos seus grupos

    percam tempo para consensualizar o

    modo de trabalho do sub-grupo. As fi -

    chas de trabalho podem considerar, por

    exemplo, as seguintes vertentes: ttulo

    do projecto; caracterizao sucinta do

    projecto proposto; inventariao das

    barreiras sentidas para a implementa-

    o do projecto proposto; indicao de

    pistas de como ultrapassar essas bar-

    reiras; inventariao de quem envolver;

    quaisquer outros aspectos relevantes

    para o plano.

    Fase da visualizao dos resultados

    Encorajar os participantes a criar uma

    forma de visualizao dos resulta-

    dos dos trabalhos do grupo visando a

    apresentao posterior em plenrio,

    permitindo que o porta-voz escolhi-

    do consiga transmitir a mensagem do

    grupo de forma mais efi caz. Os grupos,

    depois de uma resistncia que algumas

    vezes demonstrada inicialmente, ul-

    trapassam facilmente esta resistncia

    e chegam muitas vezes a ser bastante

    criativos. Esta visualizao coloca-

    da numa perspectiva de marketing

    sugerindo aos participantes que, com

    certeza, querem que a sua proposta se

    destaque entre todas as outras elabo-

    radas pelos grupos na mesma sala bem

    como por todos os grupos em todas as

    salas, portanto tm de a explicar de for-

    ma apelativa aos outros participantes

    no plenrio. Por outro lado, permite ao

    porta-voz de cada grupo ter um suporte

    fsico para poder falar mais facilmente

    sobre o trabalho do grupo.Agregao, prioritizao

    E

    qu

    ipa

    WTe

    amu

    p

    E

    qu

    ipa

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    p

  • 3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 7

    C

    entr

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    do

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    Cid

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    WTe

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    p

    Plenrio fi nal

  • Fase de apresentao em plenrio

    O plenrio permite que todos os partici-

    pantes que trabalharam em subgrupos

    na fase anterior se possam inteirar do

    que foi conseguido e debater assuntos

    de interesse para todos.

    Ainda no plenrio, este poder ter uma

    componente do assumir de compro-

    misso dos participantes atravs, por

    exemplo, de uma inscrio em grupos

    de trabalho temticos, o assinar de uma

    contratualizao entre todos para o se-

    guimento dos trabalhos, etc.

    Fase da avaliao

    No fi nal deve haver sempre uma avalia-

    o da forma como o processo decorreu

    o que permite avaliar se foi ao encontro

    das expectativas de quem participou.

    Esta fase permite tambm recolher su-

    gestes e comentrios para outras ac-

    es posteriores.

    4 PS-WORKSHOP

    Numa fase posterior tudo o que os participan-

    tes trabalharam durante o evento rene-se

    num relatrio que dever circular por todos

    os participantes no perodo de uma sema-

    na a dez dias, posterior ao workshop, e ser

    corrigido com as sugestes dos participantes.

    Sempre que possvel sugere-se que o relatrio

    fi nal seja disponibilizado ao pblico em geral

    (e. g. disponibiliz-lo na internet). Este relat-

    rio dever ter registado todos os contributos

    dos participantes sem qualquer interpretao

    ou avaliao, meramente descritivo. Servir

    como memria de grupo para apoio continu-

    ao dos trabalhos.

    3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 8

    C

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    Torres Wshp1

  • 3 . G o v e r n n c i a e p a r t i c i p a o : c o n c e i t o s e m e t o d o l o g i a s P g i n a 3 9

    PROTTIPO WORKSHOP WIN-WIN

    PLENRIO ENCERRAMENTO

    PLENRIO DEBATE

    G1 G2 G3

    G1 G2 G3

    RELATRIO

    *Os Grupos de Trabalho da primeira fase (G1)no tm que ser necessariamente os mesmos

    da segunda fase (G1)

    PS-WORKSHOP

    ACOLHIMENTO/PRELIMINARES

    PLENRIO DE ABERTURA

    PR-WORKSHOP

    Gerao de ideiasApresentao de ideias

    Agregao de ideiasPrioritizao

    Aprofundamento

    Visualizao dos resultadosTrabalho em Grupos*

    Trabalho em Grupos

    Apresentao em Plenrio

  • 4. EXEMPLOS Rosrio Oliveira

  • Ro

    sri

    o O

    livei

    ra

    O s estudos de caso que se apresentam de seguida pretendem ilustrar alguns exemplos de processos participativos que te-

    nham contribudo para o sucesso de iniciati-

    vas no mbito do planeamento e desenvolvi-

    mento urbano. Com o objectivo de apresentar

    resultados e lies aprendidas que possam ser

    teis a diferentes actores e propsitos, optou-

    se por incluir casos nacionais e internacionais,

    com abordagens a diferentes escalas e em dis-

    tintos contextos histricos, sociais, culturais

    e econmicos.

  • 4.1 Amesterdo uma referncia A mesterdo tem uma longa tradio de planeamento estratgico desde o sculo XIX, especialmente no que se refere ao desenvol-

    vimento fsico, tanto relativamente cidade pro-

    priamente dita, como em relao regio envol-

    vente. Esta tradio justifi ca-se pela necessidade

    de gerir um territrio com uma rea limitada e

    que, em parte foi conquistada ao mar, sendo de

    destacar um dos planos estratgicos mais reco-

    nhecidos internacionalmente elaborado em mea-

    dos dos anos 30 do sculo XX.

    Esta tradio de planeamento acompa-

    nhada por uma relao forte entre a ocupao

    do solo e uma cultura de governncia que tem

    vindo, de forma continuada, a estabelecer a ar-

    ticulao entre polticas programas e projectos

    apesar de possveis confl itos entre os departa-

    mentos ministeriais. O resultado desta prtica de

    orientao estratgica resulta de um processo

    poltico interactivo que envolve os trs nveis de

    governao nacional, regional e local.

    Processo

    Nos anos 70 as comunidades tcnico-polti-

    cas assumem acordos estratgicos em que so

    defi nidos os projectos, as suas agendas, as for-

    mas de fi nanciamento e os critrios a considerar

    nos processos regulamentares. Este tipo de acor-

    do e os conceitos a ele inerentes so consolida-

    dos nos instrumentos de planeamento nos trs

    nveis de governao.

    Nos anos 80 surgem novas ideias acerca da

    organizao e imagem da cidade como resulta-

    do de novas relaes que se estabeleciam entre

    o governo e os cidados, reforando diferentes

    formas de colaborao na construo de capaci-

    dade para tornar Amesterdo competitiva a nvel

    nacional e internacional.

    Em 1990 estas novas relaes passam a esta-

    belecer-se entre o sector pblico e o sector priva-

    do onde se enfatiza uma coordenao e concer-

    tao horizontal, no desprezando os compromis-

    sos j estabelecidos com a comunidade poltica,

    mas passando o sector privado a desempenhar

    um papel mais relevante no desenvolvimento e

    implementao de projectos urbanos.

    A partir de 2000 ganham expresso novos

    conceitos de espao e lugar, como resposta a

    uma populao urbana extremamente densa e

    expanso da rea de infl uncia de Amesterdo a

    uma escala sub-regional. Ainda que essa opo

    tenha sido o resultado do consenso conseguido

    atravs de uma coordenao poltica e tcnica

    num processo de governao multinvel, come-

    am a surgir diferentes processos de governn-

    cia nos novos distritos envolvidos pela expanso

    urbana.

    Resultados

    O processo de planeamento do territrio tor-

    nou-se progressivamente mais complexo, sendo

    actualmente mais difcil o processo de estabele-

    cimento de consensos. Contudo, as aces que

    esto a ser promovidas para a construo de

    novas alternativas benefi ciam de uma cultura de

    governncia j existente, ainda que o Conselho

    4 . E x e m p l o s P g i n a 4 2

  • a para o planeamento urbano estratgico

    Municipal23 reconhea a necessidade de criao

    de novas plataformas de negociao mais fl uidas

    e informais.

    Lies aprendidas

    A existncia de espao para uma boa articu-

    lao entre o Conselho Municipal e os cidados

    favoreceu a construo de uma cidade que hoje

    se assume com uma identidade prpria e um lu-

    gar cosmopolita e mult