gourmetização - escola eco · outro problema na produção de alimentos são os produtos...

8
Exemplar n° 81 Maio 2016 Primeira publicação: 29 de Maio de 1995 Não jogue este impresso em vias públicas Não importa se somos reconhecidos por sermos bons alunos, no final sempre haverá uma tabela para nos classificar. Entenda sobre a meritocracia na escola . Página 4. Escola de Educação Comunitária Av. Engenheiro Richard, 116 Grajaú - Rio de Janeiro, RJ (21) 2577-4546 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Gourmetização A modinha do momento ou reflexo do nosso complexo de vira lata? Leia e saiba mais sobre o fenômeno da Gourmetização. Página 7 Até Quando? Desastres Naturais Até quando vamos esperar a natureza responder aos ataques cometidos pelo próprio homem? A falta de comprometimento e respeito proporcionam Desastres Naturais irreparáveis. Leia na página 2 A Maconha no cérebro adolescente Saiba como o cérebro do adolescente, ainda em franco desenvolvimento, pode ser mais sensível aos efeitos das drogas. Página 3 escola

Upload: doanbao

Post on 23-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

Exemplar n° 81 Maio 2016Primeira publicação: 29 de Maio de 1995

o j

og

ue

est

e i

mp

ress

o e

m v

ias

bli

cas

Não importa se somos reconhecidos por sermos bons alunos, no final sempre haverá uma tabela para nos classificar. Entenda sobre a meritocracia na escola . Página 4.

Escola de Educação ComunitáriaAv. Engenheiro Richard, 116

Grajaú - Rio de Janeiro, RJ(21) 2577-4546

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Gourmetização

A modinha do momento ou reflexo do nosso complexo de vira lata? Leia e saiba mais sobre o fenômeno da Gourmetização. Página 7

Até Quando? Desastres Naturais

Até quando vamos esperar a natureza responder aos ataques cometidos pelo próprio homem? A falta de comprometimento e respeito proporcionam Desastres Naturais irreparáveis. Leia na página 2

A Maconha no cérebro adolescente

Saiba como o cérebro do adolescente, ainda em franco desenvolvimento, pode ser mais sensível aos efeitos das drogas. Página 3

escola

Page 2: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

2

www.eco.g12.br

Fracassei em tudo o que tentei na vida.Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.

Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.

Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.

Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.

Professor Darcy Ribeiro

E você, de que lado prefere estar?Muitos buscam sem saber exatamente o que buscam.

As ideias são fragmentadas, implicações de momentos e posicionamentos que se alternam – o que mais se questiona hoje é: “Você é de direita ou de esquerda?”, “Base governista ou oposição?”. Em meio a essas questões, o que vemos são respostas vagas, imprecisas, incapazes de esclarecer uma posição não política, mas de pensamento e formação ideológica. E a explicação é muito simples – as verdades são insubstanciais, incorpóreas, surgem a desaparecem como vapor.

A PAPELETA, no entanto, segue como se aqui cultivássemos um espaço e fonte de inspiração, buscando não apenas razões, mas caminhos para entender o presente (e não mais o passado), sendo capazes de estabelecer novos caminhos em meio a tempos tão conturbados.

No ano de 2012, a região serrana do Rio de Janeiro sofreu com as fortes chuvas de verão. Famílias ficaram sem moradia, houve inundações e as cidades ficaram em estado de alerta. Essa catástrofe – tida como um dos maiores desastres naturais do país – como muitas outras, foi ocasionada pela falta de comprometimento do ser humano com a natureza. Ser humano que, aliás, nunca espera que a natureza, um dia, responda aos maus tratos sofridos por tanto tempo.

Já é característica marcante no Brasil a corrupção. O Estado não considera importante a fiscalização em prol do bem comum, priorizando apenas o lucro. Isso faz com que desastres ambientais sejam não tão raros e seus impactos na vida da população sejam irreparáveis.

Os fatos se repetem, como ocorreu em Minas Gerais, por exemplo. No acidente em Mariana, a falta de fiscalização e seriedade levou a uma tragédia que, apesar de “matar” o rio Doce e dificultar a vida de muitas pessoas, foi esquecida pela população do restante do Brasil e pela mídia.

Entretanto, não podemos culpar apenas nossas autoridades. A população brasileira também colabora negativamente para a ocorrência desses fenômenos ao jogar lixo nas ruas e construindo casa em locais de risco, por exemplo, não notando que essas atitudes, um dia, retornarão em forma de preocupação e danos.

Maio 2016

Municípios em prol do em de toda a população deveriam dar mais atenção aos moradores de áreas de risco, como morros e encostas, aumentando o número de campanhas que buscam o bem estar e a segurança de todos, para que isso se torne algo comum a todos, no dia a dia, não apenas resultados de campanhas. Como ocorre agora em Teresópolis (RJ), por exemplo, cidade na qual a prefeitura incentiva a reciclagem com descontos em contas de energia elétrica. Essa medida, dentre muitas outras, reduz o despejo de lixa nas ruas, evitando fatores de risco que proporcionem mais desastres naturais.

Amanda Guarino – Pré III

Pensar e agir em educação nos idos de 2016 tem sido tarefa árdua. Dias difíceis para a política e economia; a conjuntura social atordoada; desajustes morais – nada é exemplo e a repetição de decepções é frequente. Pensamos, pois, como educar e transmitir ensinamentos ou valores sem esses dois aspectos precípuos do processo de ensino e aprendizagem: exemplo e repetição?

Diante do cenário aturdido do qual fazemos parte, cabe a nós educadores buscarmos um fio condutor que nos leve a tecer a verdade e a certeza de um pensamento lógico, racional que nos permita construir bases sólidas para lidar e transpor esse momento firmes em nossas convicções – livres da manipulação que nos tentam a todo instante: eis o grande e atual desafio.

Nos textos que se apresentam nessa edição pretendemos abordar aquilo que faz parte de nossa realidade: provocação, saúde, consciência jovem, preservação do meio ambiente – lemos o futuro e o presente enlaçados, se cruzando diante de nossos olhos. Tentando nos aprontar para a vida incerta que nos espera.

Se o desfiladeiro de desesperança nos aparece inevitavelmente – desculpe-me o pessimismo – preparemo-nos, pois, para esse mergulho sem razão em temer, peito aberto, certezas fincadas em nós e com vontade de lutar, não só por direitos, democracia, liberdade, mas pela certeza que há em todos nós.

Aproveitem cada texto, extraindo de cada um a reflexão necessária para nosso interior.

Uma excelente leitura a todos!Até a próxima!

Professora Ana Carolina Nóbrega

Até Quando? DESASTRES NATURAIS

Page 3: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

3

www.eco.g12.br

Uso pesado de maconha na adolescência pode estar relacionado a maior risco de morte antes dos 60 anos, sugere um novo estudo.

O trabalho, realizado pelo Instituto Karolinska, da Suécia, avaliou 45 mil homens que fizeram o serviço militar obrigatório no país […].

Os especialistas arriscam as razões para essa associação: usuários pesados de maconha tenderiam a fumar tabaco com maior frequência, ter um pior padrão alimentar, apresentar saúde mais precária e, ainda, maior incidência de câncer de pulmão e problemas cardíacos. Os dados, publicados no periódico American Journal of Psychiatry, mostram também que o risco de morte por suicídio e acidente é diretamente proporcional à quantidade de droga usada na adolescência.

O cérebro do adolescente, ainda em franco desenvolvimento, pode ser mais sensível (tanto do ponto de vista biológico como emocional) aos efeitos de qualquer tipo de droga.

[…]Estudos anteriores já davam uma dimensão desses

riscos. Alguns dos mais frequentes são piora cognitiva (padrões mais pobres de Q.I., por exemplo), maior chance de quadros pricóticos, impulsividade, falta de motivação, dificuldades persistentes de memória e desenvolvimento

inadequado do córtex pré-frontal (área do cérebro ligada a julgamento, pensamento complexo e tomada de decisões).

Outros trabalhos também jpa elencam possíveis impactos econômicos e sociais, de longo prazo, com esse padrão de uso mais precoce e mais frequente de maconha, como dificuldades nos relacionamentos interpessoais, menor qualificação no trabalho, salários mais baixos e problemas financeiros.

Jairo Bouer é médico formado pela USP, com residência em psiquiatria.

Trabalha com comunicação e saúde

Como a Maconha Afeta O Cérebro Adolescente

Agarrado ao pranto, sonho meuAnte à batalha do que é sólido e é concretoAnte ao regozijo do que é o conformismoE a escrever em negras linhas, o destinoAtrelado ao pranto, sonho meu

Gastaríamos bobagensViveríamos em tempos rudes, a sonharDesejando aquilo que não alcançaríamosEmbora sofrêssemos, por oraperdurássemos no tempo

Ante à dor e ao fracassoDesgarrando-nos do tempo einventando um novo silêncio (aquele que não é calado)Ante o frio e a noite, sonharSob as regras do vento, sonhar

Ao passo que, sonhar enão realizarEntregar-me às mentiras e ao tempo...

Não serei o mesmo.De toda a alma, e de todo pranto,Não serei o mesmo.

Lucas Maciel

Maio 2016

Page 4: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

4

www.eco.g12.br

Vivemos em um mundo capitalista, no qual só visamos ao lucro, a preocupação na perda de material é grande. Vários agricultores utilizam produtos contra pragas para minimizar desperdício, e muitas vezes esse uso é exagerado e inconsequente.

Essa grande quantidade de agrotóxicos acaba fazendo mal à saúde de todos – produtores e consumidores –, uma vez que o nosso corpo não consegue combater e eliminar essas toxinas. Além de causar irritação nos olhos e na pele, pode causar efeitos no aparelho digestivo, por exemplo, dificultando a digestão de alimentos e a absorção de nutrientes, causando, dentre vários problemas, intolerâncias alimentares.

Uma forma muito popular para tentar diminuir a quantidade desses componentes químicos é lavar bem os alimentos antes do consumo. Porém sabemos que essa prática não é suficiente, pois os níveis dessas substâncias nos alimentos é tão alto que somente a higienização não é suficiente, não nos deixando livres de doenças, apenas reduzindo a intensidade de ocorrência de sintomas. Além disso, estudos apontam para um aumento na resistência das pestes.

Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a aceleração do crescimento e amadurecimento de frutas, legumes e verduras, por exemplo, bem como ocupar menos espaço nas fazendas.

Existem vários aspectos negativos quando se trata do assunto “agrotóxicos”. Mesmo com alguns fatores positivos, precisamos que haja um controle fiscal maior sobre esses produtos e formas de produção, além de um incentivo para a compra e a venda de produtos orgânicos, mais saudáveis e livres desses inimigos que “moram” no nosso prato.

Gabriella Emerim – Pré III

Pense na pessoa mais inteligente que conhece entre seus amigos. É provável que você tenha pensado naquele amigo que sempre se destaca por suas notas altas, o “gênio” da turma. Mas por que essas pessoas com notas altas e facilidade de resolver problemas usando a lógica são sempre consideradas as mais inteligentes?

Ensinam-nos matérias novas todos os dias e somos obrigados a aprendê-las, decorá-las, porque seremos testados mais tarde. Nesses “testes” são avaliadas a nossa memória e nossa capacidade de copiar o que os professores dizem e se copiamos tudo corretamente.

Particularmente, a pessoa que possui o dom do conhecimento é aquela que questiona o que encontra ao seu redor e alcança uma conclusão própria e não aquele que decorou uma fórmula e, em situação oportuna soube usá-la.

Aprendemos, desde pequenos, a sermos superiores: “O homem é criado para o sucesso”. Senso assim, obter notas altas significa ser melhor que outros, ser mais inteligente. Entretanto, ao julgar-se superior torna-se inferior.

Pessoas que acreditam ser perfeitas entendem que não precisam melhorar, logo não buscam o conhecimento e o crescimento. Enquanto aqueles que se acham inferiores buscam o alcançar o padrão daqueles que se tornam “espelhos” para elas.

Pensando em resultados, nos questionamos “Por que alguns alunos são considerados mais inteligentes que outros?” Será porque o número que está escrito em sua prova passa a classificá-lo?

Quando traçamos um perfil de alguém a partir de seus graus e médias é porque nos ensinaram a valorizar mais a quantidade de acertos em nossas provas do que a profundidade de nosso conhecimento.

Ninguém nasce dominando o conhecimento. Errar não é sinônimo de “burrice”. Inteligente mesmo é aquele que aprende com seus erros e faz de tudo para não repeti-los.

Gostaríamos de ter mais tempo para ler, ficarmos atualizados com os acontecimentos, termos uma bagagem cultural maior, porém, infelizmente, sacrificamos esse tempo, muitas vezes, estudando, revisando e revendo o que foi visto na aula, pois, afinal, temos que estudar para aquela prova de amanhã, que determinará meu futuro. É incrível como essa necessidade controla e altera os caminhos de nossas vidas.

Não importa se somos reconhecidos por sermos um bom aluno, pois no final, sempre haverá uma tabela para nos classificar.

Classificado da Nota

O PERIGO

mora no prato:

AGROTÓXICOS

Maio 2016

CLASSIFICADOS

Page 5: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

5

www.eco.g12.br

O que prega o ditado popular “Você é o que você come” assusta, tendo em vista os índices de sobrepeso na população.

Os riscos e o aumento da obesidade têm gerado a abordagem e discussão do tema em pesquisas e reportagens nas últimas décadas.

E o seu prato? Quais riscos ele oferece? O quanto ameaçar e perigoso pode ser aquele lanchinho no shopping ou no cinema?

Descubra algumas curiosidades a seguir..

Você sabia que 60% dos americanos estão acima do peso saudável?

Os americanos atualmente consomem, em média, 200 calorias a mais por dia do que uma década atrás – o suficiente para acrescentar 9 quilos à silhueta a cada ano.

Uma criança que come em casa ingere, em média, 130 calorias a menos por refeição do que nos dias em que almoça num restaurante fast-food.

Um refrigerante supersize contém o equivalente a 48 colheres de chá de açúcar.

Seria preciso andar 7 horas seguidas para queimar um lanche supersize com refrigerante, fritas e Big Mac*.

Um sanduíche Big Mac americano contém 600 calorias e fornece 51% da quantidade de gordura recomendada para ingestão diária. Nas filiais brasileiras, essa relação é um pouco melhor: o Big Mac brasileiro contém 490 calorias e fornece 31% da gordura que um adulto deve ingerir em um dia.

O lanche mais pecaminoso do McDonald's americano vem na caixa de dez unidades de tiras de peito de frango empanadas: são 1250 calorias, 570 delas na forma de gordura.

VEJA, 18 agosto 2004, p. 116.

VIDA

VOCÊ É o que você come?

Com a melhora na condição de vida no Brasil nas últimas décadas, os brasileiros têm vivido mais – isso é o que mostram pesquisas atuais. O país atualmente encontra-se na obrigação de investir na área da saúde, no lazer e no sistema previdenciário, para que possam proporcionar conforto e boas condições de vida a essa parcela da população que chega à terceira idade.

A velhice, normalmente, é a faixa na qual o corpo fica mais debilitado, precisando, portanto, de maior assistência médica. Logo, idosos que não possuem capacidade financeira para comprar remédios caros e pagar pelos seus tratamentos médicos devem receê-los gratuitamente do governo, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) e através de programas como o “Médico em Casa” e “Farmácia Popular” criados para atender essa parcela da população.

Além desse problema que os idosos não podem enfrentar em um país que almeja ser desenvolvido, vale destacar a falta de lazer oferecido para eles gratuitamente, por exemplo, praças públicas de qualidade e adequadas a esse público, com aparelhos específicos para a terceira idade, que beneficiem sua saúde e para que possam ter lazer com sua família e amigos. Além disso, o oferecimento de alguns locais privados que oferecem o direito à meia entrada ou entrada gratuita como, por exemplo, cinema, teatro, centros culturais e estádios de futebol.

O aumento da expectativa de vida é um fator benéfico para qualquer pessoa, entretanto é preciso estar preparado, para proporcionar boa qualidade de vida aos idosos. Como já foi observado, é necessário que o governo invista no Sistema Único de Saúde, cadastrando mais médicos e disponibilizando mais remédios gratuitos aos idosos. Além disso, é necessário o aumento da oferta de praças públicas e centros de lazer com equipamentos e atividades que melhorem e permitam maior socialização para a vida dos idosos na comunidade. Dessa forma, além de viver muito tempo, os brasileiros viverão cada vez melhor.

Gabriel Amaral – Pré III

NA TERCEIRAIDADE

Maio 2016

Page 6: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

6

www.eco.g12.br

Na década de 1980, surgiu na Itália um movimento chamado “Slow Food”. Inicialmente criado com o intuito de contrariar o “fast-food”, o movimento hoje na Europa espalha raízes pela moda, educação, turismo, preservação do patrimônio, lazer, vida familiar entre outros.

No Brasil, quando pensamos em “Consumo Lento” encontramos traços do movimento na moda e na produção de alimentos. De forma geral, o Slow Movement é uma iniciativa que desafia a velocidade e a efemeridade da vida, prega que a qualidade deve ser privilegiada sobre a quantidade, buscando a sustentabilidade o equilíbrio nas mais variadas na vida moderna.

Países da Europa, os Estados Unidos e o Brasil estão adotando uma nova visão de mercado, um modelo de produção artesanal que é muito melhor para a nossa saúde do que o estilo de vida que levamos nos dias de hoje, além de apresentar uma relação de trabalho vantajosa para o consumidor e para o produtor, inclusive sendo benéfica para o meio ambiente.

Em 1914 foi instituído o Fordismo, que pregava a produção de mercadorias em massa e o estoque delas. Esse modelo de rápida produção – vigente até hoje – obriga a indústria alimentícia e produzir mais rapidamente, trazendo

CONSUMO LENTO – VOCÊ SABE O QUE É?

a adição de agrotóxicos e conservantes, substâncias químicas que geram danos à saúde e ao meio ambiente.

Algumas empresas ainda hoje escravizam seus funcionários, até mesmo crianças, explorando a mão de obra por um salário insuficiente. A maioria dos consumidores não têm acesso a estas informações, e com a compra desses produtos acabam por apoiar este modelo de indústria e produção. Com as mercadorias artesanais se faz necessário e possível rastrear o produto, além disso o trabalho é manual, executado por um pequeno grupo de pessoas – geralmente, no caso de produção agrícola, institui-se a agricultura familiar.

Um dos resultados desse tipo de produção é a confecção de roupas, cujo preço é mais alto do que as produzidas em larga escala, porém sua durabilidade e sua qualidade são maiores, sendo, então, aquisições mais vantajosas a longo prazo. Ademais essas roupas são produzidas com matérias primas extraídas da natureza sem sua exploração, o que diminui o impacto ambiental.

Em virtude dos fatos mencionados, para que tenhamos um estilo de vida mais saudável e boas relações de trabalho, é preciso que essa forma de produção e consumo seja divulgada, e que a população seja estimulada a fazer parte do movimento, além da criação de legislação ou incentivos fiscais para uma melhor e mais ampla regularização dessa forma de comércio.

Samara Barros – Pré III

SLOW FOOD … SLOW FASHION

Maio 2016

Page 7: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

7

www.eco.g12.brMaio 2016

O urso pardo, no final da tarde, recostado numa grande pedra ainda quente pelo sol, alisava o barrigão.

Com ele, falava aos berros outro urso também corpulento que cultivava uma barba densa e dourada. Era vaidoso, tinha o porte elegante, quase 3 metros e pesava cerca de 300 quilos. Bem-apessoado. E ele ruminava as frases: você comeu quase tudo, o dianteiro e o traseiro, nem esperou assar direito o cabrito, um cabritãozão.

Eu estava morrendo de fome, retrucou o pachorrento. Pode comer toda a sobremesa. Se você jantar a carcaça com esse coelho gordo que você trouxe, vai ficar igual ao que eu comi. Talvez até mais.

Cara-de-pau, sobrou só um pedaço da carcaça, quase sem carne e crua. Gosto é de assado, bem dourado. O coelho está como eu trouxe, no pelo ainda. Vou ter que esperar assar. Não é justo: eu cacei e estou com mais fome que você estava, porque eu corri atrás dos bichos, eu fiz a força. Você merece uma porrada bem dada.

É?! Mas você não é macho pra isso. Está fraco, com fome, cansado e sabe o que mais, vou pra minha gruta e dormir por sete meses.

Não vai mesmo, respondeu com uma bocada na barriga do companheiro. Os dois não cresceram juntos, se é que adiantaria, um veio do Alasca e o outro da Sibéria. A família do urso pardo está espalhada pelo planeta. Vive também nos Estados Unidos, México e China. Mas isso não interessa agora.

O urso caçador urrava frases ameaçadoras. Foi a pior coisa do mundo eu hoje topar com você! Você mata nossos irmãos para tomar-lhes a caça e até as mulheres. Finge que protege os desvalidos, que se importa com os mais fracos. Mata e rouba os nossos iguais pra não caçar. Ladrão! Cretino! Só pensa em você! Não respeita o espaço dos outros, fascista!

O outro ficou de pé. Tinha por baixo uns 4 metros e pesava 500 quilos ou mais.

Previu o que aconteceu? Pois ele abraçou o barbudoe abocanhou-lhe um baita pedaço da pata esquerda. Essa bocada não o matou, mas foi moral. O antagonista recuou.

Ah, ele não comeu o naco da pata do irmão. Cuspiu-o e foi embora para a gruta. Estava com muito sono.

Assim como os ursos, bem diferentes de nós, as pessoas andam mal-humoradas. Os diálogos rancorosos viram bate-boca. Dão origem a troca de ofensas, às vezes, até troca de bofetões e cusparadas.Está difícil acatar a opinião contrária à nossa.

A imunologia do brasileiro anda em baixa. Ele precisa de outra proteína agregada à H1N1. Melhor seria H1N1C1. Precisa-se de urgente civilidade. Afinal, somos os racionais.

“Por Deus, pela minha família”, por?Por que não pelas minhas tênues convicções?

Professor Abelardo Soares

O fenômeno da gourmetização pode ser observado com muita frequência atualmente, A palavra “gourmet”, de origem francesa, é associada a algo elegante, logo o consumo nessa área aumentou devida à necessidade das pessoas exibirem-se. Em contrapartida, aumenta-se também o preço desses produtos, fazendo com que classes mais baixas não possam consumi-los.

A população brasileira tende a valorizar mais o que vem dos outros países, tendo uma constante visão de inferioridade acerca daquilo que é genuinamente brasileiro – constituindo uma subalternidade também chamada de “complexo de vira-lata”. Os produtos “gourmet” são feitos, em sua maioria, com matéria prima estrangeira e por essa razão são vistos como refinados e superiores, desvalorizando assim o mercado nacional.

A princípio, o uso de ingredientes importados acarreta o aumento do preço do produto final. Entretanto, muitas empresas tomam proveito desse aumento de preço e colocam o nome gourmet em tudo, sem necessariamente usar mercadorias caras e de qualidade no processo de produção. O que é favorável para o empresário é extremamente negativo para as classes mais baixas que não possuem poder de compra desses produtos, gerando mais um aspecto de segregação entre as classes sociais.

Os indivíduos vivem imersos, cada vez mais, em uma sociedade de espetáculo, na qual ter algo e vangloriar-se disso torna-se prioridade. O fato de ser capaz de comprar uma mercadoria produzida apenas para a elite, diferenciando-se assim de outras camadas sociais, agrada o consumidor e aumenta gradativamente a demanda para aquele produto.

A gourmetização, por fim, embora ocorra no dia a dia, triplica o preço de uma mercadoria, muitas vezes por estética ou status. A fiscalização para assegurar que o preço faça jus a qualidade dos produtos, o incentivo do Estado para empresas nacionais terem a capacidade de concorrer com as entrangeiras e o uso de fenômeno da gourmetização para medidas sustentáveis como, por exemplo, alimentos sem uso de agrotóxicos são medidas capazes de tornar essa prática mais próspera possível.

Clara Beatriz Cavalcante – Pré III

O Fenômeno daGOURMETIZAÇÃO

Os Ursos e NósOu Vice-versa

Page 8: Gourmetização - Escola ECO · Outro problema na produção de alimentos são os produtos transgênicos. Estes são resultado de cultivos modificados geneticamente, objetivando a

8

Clara Beatriz Cavalcante – Pré III

Gabriel Amaral – Pré III

Lucas Maciel - ex aluno

Coordenação: Prof.ª Ana Carolina Nóbrega

www.eco.g12.br

Prof.ª Ana Carolina NóbregaProf. Abelardo SoaresDiagramação: Fabio de Carvalho

Editor Responsável: Prof.ª Ana Carolina Nóbrega

Colaboradores:

Gabriella Emerim – Pré III

Samara Barros – Pré III

Amanda Guarino – Pré III

Raquell Pureza – Pré II

Limites do uso da

O Potencial e os

Maconha

Maio 2016

XXXI CONCURSO DE LITERATURAMARIA HELENA XAVIER FERNANDES

“Biquínis e mensagens devem ser curtos para aguçar o interesse e longos o suficiente para cobrir o objeto.”

Carlos Heitor Cony

Em 2016, o XXXI CONCURSO DE LITERATURA MARIA HELENA XAVIER FERNANDES apresenta como escritor homenageado e fonte de inspiração, CARLOS HEITOR CONY. O jornalista e escritor produz livros, crônicas publicadas em jornais e revistas e tem uma vasta obra literária.

O texto a seguir foi escrito em 1997, e Cony questiona a comunicabilidade em tempos modernos. Impressionante como o tema continua tão atual mesmo tendo sido escrito há quase vinte anos. Leia e contemple...

Estudiosos do comportamento humano na vida moderna constatam que um dos males de nossa época é a incomunicabilidade das pessoas. Já foi tempo em que, mesmo nas grandes cidades, nos bairros residenciais, ao cair da tarde era costume os vizinhos se darem boa noite, levarem as cadeiras de vime para as calçadas e ficar falando da vida, da própria e da dos outros.

A densidade demográfica, os apartamentos, a violência urbana, o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo no casulo doméstico. Moro há 18 anos num prédio da Lagoa; tirante os raros e inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem, não falo com eles nem eles comigo. Não sou exceção. Nesse lamentável departamento, sou regra.

Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para navegar na Internet. Um dos argumentos que me dão é que posso falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as colheitas de arroz na China e como estão os melões na Espanha.

Uma de minhas filhas vangloria-se de ser internauta. Tem amigos na Pensilvânia e arranjou um admirador em Dublin, terra do Joyce, do Bernard Shaw e do Oscar Wilde. Para convencê-la de seus méritos, ele mandou uma foto em cor que foi impressa em alta resolução. É um jovem simpático, de bigode, cara honesta. Pode ser que tenha mandado a foto de um outro.

Lembro a correspondência sentimental das velhas revistas de antanho. Havia sempre a promessa: “Troco fotos na primeira carta”. Nunca ouvi dizer que uma dessas trocas tenha tido resultado aproveitável. Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva primeiro aprender a se comunicar com o vizinho de porta, de prédio, de rua. Passamos uns pelos outros com o desdém de nosso silêncio, de nossa cara amarrada. Os suicidas se realizam porque, na hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa noite.

VIZINHOS E INTERNAUTAS

Livros são a razão de sermos alfabetizados e termos conhecimento – cada um na sua área. Cada pessoa tem seus gostos e escolhas: aventura, ficção, terror, comédia, romance e muitos outros, porém, os livros para muitas pessoas são uma forma de saída da realidade, uma espécie de fuga dos problemas da vida.

Nada mais, nada menos que uma história para nos fazer rir, chorar e se entreter sem sair de casa ou gastar seu 3G: os livros são uma forma que temos de colocar nossa imaginação em prática, exercitá-la, animando assim cada pessoa, em qualquer canto do mundo.

Histórias interessantes e que deixam algo em suspense sempre deixam os leitores curiosos, animados para ler e descobrir um pouco mais, criando leitores ávidos, sempre querendo mais.

Todos nós poderíamos ler, mas não pela obrigação de termos um bom resultado em uma avaliação da escola. Ler para fazer tudo mais mágico e divertido! Devemos acreditar que se lermos, tudo ficará melhor e mais compreensível de se resolver.

A vida da leitura – e com leitura – é saudável, educativa e com vantagens que só nos beneficiam: a realidade mais divertida e curiosa.

Raquell Pureza – Pré II

Entretenimento ao Alcance De Todos