globalização

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Comunicação e Cultura Educação Comunicação e Multimédia Dora Estevão 1 O mundo na era da globalização” de Anthony Giddens Curso: Educação e Comunicação Multimédia Disciplina: Cultura e Comunicação Docente: Doutor José Orta Discentes: Dora Estevão, nº 10917 Dezembro, 2010

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Critica à Globalização baseada na análise do livro:"Giddens"

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Comunicação e Cultura

Educação Comunicação e Multimédia

Dora Estevão 1

“O mundo na era da globalização” de Anthony

Giddens

Curso: Educação e Comunicação Multimédia

Disciplina: Cultura e Comunicação

Docente: Doutor José Orta

Discentes: Dora Estevão, nº 10917

Dezembro, 2010

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Índice

ÍNDICE ______________________________________________________________________________________2

1 - INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________________3

2 – VIDA E OBRA DO AUTOR ___________________________________________________________________3

3 – O MUNDO NA ERA DA GLOBAL IZAÇÃO ______________________________________________________5

3.1 - GLOBALIZAÇÃO __________________________________________________________________________5 3.2 - RISCO _________________________________________________________________________________8 3.3 - TRADIÇÃO ____________________________________________________________________________ 11 3.4 – FAMÍLIA _____________________________________________________________________________ 12 3.5 - DEMOCRACIA _________________________________________________________________________ 14

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS _________________________________________________________________ 15

BIBLIOGRAFIA______________________________________________________________________________ 17

WEBGRAFIA _______________________________________________________________________________ 18

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1 - Introdução

O objectivo da leitura desta obra é analisar a globalização enquanto fenómeno

diversificado que está a reestruturar profundamente a humanidade e o indivíduo.

Com o presente trabalho pretendo elaborar um resumo crítico sobre a obra “O mundo na

era da globalização” de Anthony Giddens para a disciplina de Comunicação e Cultura.

Numa primeira análise considerei interessante saber mais acerca da vida e obra deste

autor.

Pretendo abordar esta obra tendo por base os cinco capítulos por que é dividida:

Capítulo 1 Globalização;

Capítulo 2 Risco;

Capítulo 3 Tradição;

Capítulo 4 Família;

Capítulo 5 Democracia.

Por último irei tecer algumas considerações finais sobre este tema tão complexo e

controverso – a Globalização.

2 – Vida e obra do autor

Giddens nasceu em Londres em 18 de Janeiro de 1938, é hoje considerado um

septuagenário sociólogo e filósofo contemporâneo. Homem multifacetado, foi

considerado por muitos uma figura de destaque do novo trabalhismo britânico, foi

professor de Sociologia em Cambridge e obteve diversos títulos honoríficos. O seu

contributo na área da sociologia foi um passo essencial no mundo. Foi assessor do ex-

Primeiro-Ministro britânico Tony Blair e entre 1997 até 2003, ocupou o cargo de

director da London School of Economics and Political Science. Escreveu mais de trinta

obras, publicadas ao longo de duas décadas, muitas delas relacionadas com o tema da

globalização.

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Giddens foi o pai do termo “terceira via”, esta obra teve um grande sucesso e foi

consultada em todo o mundo por inúmeros líderes políticos. Podemos destacar algumas

das suas 34 obra, por ordem cronológica, tais como:

Capitalism and modern social theory, Cambridge, University Press, 1971

La constitution de la société :elements de la théorie de la structuration, Paris,

Presses Universitaires de France, 1987

Modernity and self- identity: self and society in the late modern age, Stanford,

Stanford University Press, 1991

Social theory today, Cambridge, Polity Press, 1993

The consequences of modernity, Cambridge, Polity Press, 1995

Sociology ,Cambridge, Polity Press, 1995

Para uma terceira via: a renovação da social-democracia, Lisboa, Presença, 1999

Giddens aborda um tema complexo, actual e controverso – a Globalização, numa época

de mudança. Assim, foi seleccionado para ser o último conferencista do século XX das

Reith Lectures da BBC, ano 1999, transmitidas pela Radio 4 e pelo World Service da

televisão britânica. O resultado desta conferência dá origem a uma obra ambiciosa,

complexa e controversa – “O mundo na Era da Globalização”, em que o autor tece

considerações positivas e negativas sobre o impacto da globalização na sociedade.

O autor foi o pioneiro no desenvolvimento deste conceito. Segundo o autor a

globalização é um fenómeno diversificado que está a reestruturar profundamente as

nossas formas de viver enquanto humanidade e enquanto indivíduos, a vários níveis –

economia electrónica global, ciência e tecnologia, relações interpessoais (casamento,

sexualidade, família), cultura e tradição, religião, política.

Esta obra controversa tem como principal objectivo gerar um debate electrónico a nível

global.

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3 – O mundo na era da Globalização

“O mundo está a aproximar-se velozmente do fim” Arcebispo Wulfstan, 1014

Ao longo da história sempre pairou no pensamento do Homem um cenário catastrófico,

de que o mundo iria acabar por este ou por aquele motivo. Mas se o Mundo se formou

há tantos milhões de anos porque é que não continuará por mais anos. Será que estamos

perto do fim?

A globalização é o assunto da actualidade, é o tema do dia. Com o processo de evolução

e o impacto e progresso da ciência e da tecnologia, será que podemos dizer que estamos

a caminhar para o princípio do fim?

Se por um lado a globalização traz coisas boas para a sociedade, por outro lado pode-a

pôr em causa. O planeta está a ser ameaçado. Qual será o preço a pagar pela factura?

Devemos ponderar os prós e contras da Globalização e tomar a decisão mais correcta

para a prosperação do planeta.

3.1 - Globalização

A Globalização é um fenómeno mundial emergente dos finais do século XX. Este

fenómeno teve as suas raízes no século XVI com as trocas comerciais existentes na

época. A Globalização é um termo corrente muito divulgado pela média mas não tem

um conceito definido. Muitos autores tentaram defini- lo:

Almeida (2004:13) - “globalização significa um universo de diferenças num e para um

mundo cuja evolução é desmedida. … a electrónica se encontra disponibilizada ao

serviço do Homem, tanto o mundo e, consequentemente, o ser humano evoluíram”.

Blázquez (2003:1) - “El fenómeno de la Globalización (‘la tendencia de los mercados y

de las empresas a extenderse, alcanzando una dimensión mundial que sobrepasa las

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fronteras nacionales’), se ve potenciado por el enorme salto que han dado las nuevas

tecnologías de las comunicaciones facilitando el nacimiento de una "sociedad en red".

Actualmente vivemos num mundo de mudanças constantes, quem resistir a esta

mudança não sobrevive. Temos que nos adaptar à mudança e consequentemente encarar

de frente a globalização, que surgiu do nada mas que veio para ficar entranhada nas

nossas vidas.

O termo globalização é relativamente recente e controverso, uma vez que gera

polémicas ao seu redor. Os cépticos consideram que a globalização marca esta fase da

nossa história tal como outros acontecimentos marcaram outras épocas. Segundo eles,

traduz-se numa conversa sobre a globalização. Em termos económicos e de soberania,

os governos continuam a controlar a vida económica do país. Para os radicais a

globalização é um fenómeno presente e concreto na nossa vida, que facilita a

liberalização do comércio e provoca um aumento do volume do comércio externo, o que

origina um aumento dos movimentos de capitais e uma maior eficiência do sistema

financeiro. O desenvolvimento da economia actual não tem qualquer comparação com a

economia de outras épocas.

Com a evolução das novas tecnologias, a informação está acessível ao clique de um rato,

podem-se destabilizar economias por se poderem realizar rapidamente transferências de

capitais avultados.

Hoje os mercados globais têm um grande volume de transacções financeiras por dia, o

valor do nosso dinheiro depende dessas transacções, das flutuações de mercado e das

transformações tecnológicas. Em escassos segundos, podem-se criar fortunas ou cair na

banca rota.

Segundo Giddens, nem os cépticos nem os radicais compreenderam o verdadeiro

significado da globalização e o seu impacto na sociedade. Ambos encaram a

globalização como um fenómeno de natureza económica, o que está errado, pois “a

globalização é política, tecnológica e cultural, além de económica” (p:22).

Tudo isto se deve à evolução nos sistemas de comunicação e ao advento das

comunicações por satélite. Hoje podemos comunicar em tempo real com qualquer

indivíduo em qualquer parte do mundo, para que esse milagre aconteça, basta fazer uso

das tecnologias que temos ao nosso dispor, como um computador e uma ligação à maior

rede global, que é a Internet.

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A comunicação electrónica é um meio de transmissão de informação rápido e acessível

a qualquer indivíduo, por exemplo o correio electrónico veio para ficar, faz parte do

nosso quotidiano, aos poucos vai alterando os nossos hábitos e as nossas vidas.

Mas tudo isto só é possível com a evolução das novas tecnologias, cada vez mais

sofisticadas, rápidas e acessíveis a qualquer indivíduo.

A globalização não é apenas mais uma coisa que “anda por aí”, remota e afastada do

indivíduo. É também um fenómeno “interior”, que influencia aspectos íntimos e

pessoais das nossas vidas. (Giddens, A., 1999:23).

A globalização não é um processo simples, é uma rede complexa de processos.

Segundo Daniel Bell, a globalização torna os países demasiados pequenos para

solucionar problemas grandes e torna os países demasiado grandes para solucionar

problemas pequenos.

Do ponto de vista económico, a globalização poderá ser caracterizada pela negativa,

uma vez que é a responsável pelo reaparecimento de identidades culturais, em que os

nacionalismos surgem como resposta à globalização. Estas mudanças estão a ser

influenciadas por factores estruturais, históricos e tecnológicos, que podem gerar

conflitos e um agravamento das desigualdades sociais, assim

como, criar um fosso ainda maior entre pobres e ricos.

Actualmente vive-se na era da informação, quem não se

adaptar ao novo advento da mudança não sobrevive na

sociedade da informação. Os Estados Unidos são uma

superpotência que domina em termos económicos, políticos,

militares e culturais. Como exemplos temos, a bebida mundialmente conhecida – a

Coca-Cola, o pronto a comer – McDonald’s, cadeia de televisão CNN, marca de

cigarros - Marlboro, marca de automóveis - Ford, entre outros.

A globalização não se vive somente no ocidente ou nos países ricos ou nos países

industrializados, é um fenómeno descentralizado que não está sob a alçada de nenhum

lobby mas as suas consequências fazem-se sentir por todo o planeta.

Contudo, torna-se extremamente difícil julgar a globalização como benéfica ou

prejudicial para a sociedade. A sociedade tem que estar preparada para assumir os riscos.

Há um provérbio que diz: “Quem não arrisca não petisca”, sem risco não há evolução e

desenvolvimento da sociedade. Mas tudo tem o seu preço...

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3.2 - Risco

O mundo vive actualmente uma situação de risco que se caracteriza pelo aquecimento

global, o clima já não é como era há alguns anos. Este tem sofrido alterações climáticas

que podem ser devastadoras para a humanidade e que podem por em causa a própria

sobrevivência do homem.

Na última década tem-se assistido a inúmero acidentes naturais, como ciclones, tufões,

tsunamis, erupções vulcânicas, tempestades diversas. Será que já estamos a sofrer o

resultado das interferências do homem na natureza? Como vamos adaptar-nos a estas

mudanças? A que perigos estamos sujeitos? O que estará para vir?

Ao longo da história da humanidade, o homem teve de enfrentar em diversas épocas

situações complicadas de risco, que comparativamente ao risco que se vive actualmente

este é insignificante. Na minha opinião quem correu mais riscos foi o primeiro homem,

porque para sobreviver teve de realizar diversas conquistas como aprender a erguer-se e

caminhar de forma bípede, a inventar utensílios e ferramentas de caça, a lutar com

animais ferozes, a descobrir o fogo, a comunicar, a viver em sociedade, etc. Foi a mais

incrível e extraordinária aventura dos nossos antepassados.

No período medieval viveu-se na treva, com muitas dificuldades e muita insegurança

devido aos vários acontecimentos marcantes da época, tais como, a queda do império

romano, as invasões barbaras, o feudalismo, a expansão do cristianismo, etc.

Neste período desconhecia-se o termo “risco”, este só passou a ser utilizado por

navegadores que enfrentavam o desconhecido, tendo o risco no seu conceito, a palavra-

chave de “espaço”. Mais tarde em termos financeiros, o conceito de risco passou a

incluir a noção de tempo.

Segundo Giddens, as culturas tradicionais não dispõem do conceito de risco porque não

precisam dele. Risco não é o mesmo que acaso ou perigo. (p:32).

O conceito de risco só se pode utilizar em sociedades com alguma complexidade, pois

fora dela é inexistente. Nas culturas tradicionais existe a ideia de destino, ou a vontade

dos deuses, rituais, bruxarias, magia, superstições, etc. Todos estes termos ainda estão

muito enraizados na sociedade moderna.

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Na sociedade industrial moderna, o risco tem duas faces, uma positiva e outra negativa.

Na primeira face, é considerada uma fonte de energia positiva de riqueza do capitalismo

moderno. Arriscar é excitante, é uma aventura sem limites. O r isco gera lucros quando

se investe financeiramente. Para proteger os indivíduos dos riscos que correm no dia-a-

dia, é necessário um seguro para colmatar situações de doença, invalidez, velhice,

acidentes profissionais, acidentes de viação, etc. O objectivo das seguradoras é o de

garantir a segurança dos indivíduos protegendo-os do risco. O risco existe mas é

transferido para a seguradora mediante um determinado pagamento, que em caso de

necessidade, esta irá cobrir parcialmente ou na totalidade esse risco. As seguradoras

vivem do risco e das atitudes dos indivíduos em relação a ele.

Vivemos numa sociedade capitalista, onde se julgava que o risco fosse capaz de regula

o futuro. Temos de aprender a viver com a incerteza dos novos tempos.

Giddens explica que existem dois tipos de risco, o risco externo que têm origem no

mundo natural e não está directamente relacionado com a acção do homem, uma vez

que surge através da tradição ou de fenómenos naturais como a seca, os terramotos, as

tempestades, a fome, etc. O outro tipo de risco, é o risco provocado que resulta do

impacto do desenvolvimento tecnológico sobre a natureza. O risco criado refere-se a

situações de que não temos qualquer experiências histórica. Este risco afecta a natureza

e coloca em causa a vida do homem em sociedade, através da tradição, família e outras

instituições.

Até á pouco tempo o homem tinha de se preocupar com os riscos provocados pelos

fenómenos naturais, mais recentemente “começamos a preocupar-nos menos com o que

a natureza nos pode fazer e mais com aquilo que nós fizemos à natureza”. (Giddens,

1999:36).

Em sociedades mais tradicionais ainda existe a preocupação com o risco externo, uma

vez que são países pobres que dependem para a sua sobrevivência da natureza. Por

exemplo um ano de seca provoca fome e morte nos povos pobres.

Será que este risco não é o somatório do impacto do desenvolvimento tecnológico. Será

que não somos nós a interferir nos fenómenos naturais? O aquecimento global não será

um exemplo bem visível da globalização?

O risco provocado pelo homem torna-se cada vez mais arriscado. Na maioria das vezes

só se consegue ter a certeza do risco que enfrentamos quando já é tarde de mais. Por

exemplo a doença BSE das vacas loucas e a gripe das aves, será que irão fazer novas

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vítimas? O planeta tem dado diversos sinais de que está doente, com o buraco negro, o

aquecimento global, etc, será que o homem tem o seu dedinho de culpa? Talvez só

tenhamos a certeza quando já for demasiado tarde.

O alarmismo pode ser um bem necessário para a redução dos riscos. Nos dias de hoje

nunca saberemos se estamos ou não a ser alarmistas.

A ciência e a tecnologia devem andar de mãos dadas e tentar reduzir através das

investigações os riscos provocados em parte pelo homem.

Seja como for, e segundo o provérbio: “mais vale prevenir que remediar”. Devemos nos

proteger contra os riscos sejam eles de que tipo forem. Com se sabe a ciência nem

sempre anda de mãos dadas com a tecnologia exemplo disso é o caso dos produtos

transgénicos, isto é, produtos alterados geneticamente. Segundo os cientistas estes

produtos são perigosos para a saúde do homem, a médio ou a longo prazo e ameaçam a

biodiversidade do meio ambiente, etc.

Os interesses económicos e políticos prevalecem sobre os dados científicos.

O risco está presente na aldeia global, não pode ser ignorado. Compete aos

consumidores estarem alertados para determinados fenómenos que estão a surgir na

nossa sociedade. Cada um de nós deve ter uma palavra na decisão da escolha que

pretende efectuar na sua vida.

Actualmente vive-se numa época em que o equilíbrio entre o risco e o perigo se alterou.

O homem criou perigos eminentes, de natureza catastrófica para o próprio ser humano.

Os riscos provocados tornam-se mais perigosos que os riscos externos.

O risco esta inteiramente ligado a uma economia que se quer dinâmica e a uma

sociedade cada vez mais inovadora. A globalização faz com que tenhamos de enfrentar

cada vez mais riscos. O risco pode ser controlado e encarado como factor essencial ao

desenvolvimento científico e tecnológico.

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3.3 - Tradição

Ao longo da história a tradição e o costume têm condicionado a vida das pessoas.

Segundo o autor, a tradição é na realidade um produto dos últimos dois séculos da

Europa. Este conceito é recente. As tradições são criadas como forças de poder. Outrora

os Reis, imperadores, e outros utilizavam este conceito para proveito próprio.

As tradições evoluem, alteram-se e transformam-se rapidamente, podendo assim ser

inventadas e reinventadas. Mas a tradição pura não existe porque se vai adaptando aos

novos tempos, algumas deixam de fazer sentido outras adaptam-se às novas realidades.

As tradições que se têm mantido no tempo por mais anos, são as tradições religiosas.

Para se considerar uma tradição, esta não tem que existir há séculos.

A tradição tem meios de acção pouco questionáveis.

Para Giddens, “a tradição é talvez o conceito mais básico do conservadorismo, pois os

conservadores acreditam que é depositária da sabedoria”, as principais características da

tradição devem ser o ritual e a repetição. (p:49)

A família, sexualidade e diferença de géneros, continuam repletas de tradições e

costumes. Com o impacte da globalização, esta situação tende a alterar-se, perdem-se

valores, tradições e costumes, que são o reflexo de uma sociedade moderna e

desenvolvida.

Mas as tradições são essenciais à humanidade, elas dão continuidade e forma à nossa

vida, sem elas ficamos sem objectivos definidos.

É através da tradição que são introduzidas novas dinâmicas nas nossas vidas,

precisamos dela para sobreviver, porque sem ela não nos resta mais nada. Um indivíduo

sem valores não é ninguém. Um indivíduo sem tradição é como se estivesse no mar alto

sem qualquer tipo de orientação.

Considera-se que a tradição está a modernizar-se, ou seja, as tradições estão a passar por

transformações importantes. A tradição já não é o que era!

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3.4 – Família

“em grande parte do mundo de hoje avança uma forte maré que cria um ambiente novo e frequentemente estranho para se trabalhar, divertir, casar, criar filhos ou reformar.”

Toffler , 1984:7

O mundo está a sofrer mudanças profundas que marcam significativamente os modos de

vida, os hábitos, os costumes e as expectativas dos indivíduos. Estas transformações

trazem à luz, para a sociedade, alguns aspectos positivos: melhores tecnologias, mais

informação e, consequentemente, melhor qualidade de vida.

O risco criado pela globalização afecta por exemplo o casamento que antigamente era

regulado pela tradição e pelos costumes, hoje tudo está em mudança. As mudanças

afectam a nossa vida pessoal a todos os níveis, incluindo os valores da família que são

constantemente postos em causa.

O casamento é considerado um contrato que pode ser dissolvido quando uma das partes

o desejar. Nas cidades o divórcio e a coabitação são cada vez mais frequentes mas nas

aldeias o casamento e a família são ainda valorizados.

A família tradicional constituía uma unidade económica em algumas culturas.

A desigualdade entre genes é constante na família tradicional. Em tempos a mulher era

propriedade do marido e aos filhos eram-lhe negados os seus direitos.

A virtude feminina dominava a vida sexual. As atitudes relativas à homossexualidade

foram ditadas por uma mistura de tradição e natureza. Há uma separação nítida entre a

sexualidade e a reprodução.

Mais tarde a família deixou de ser uma entidade económica e o casamento como

contrato foi substituído por amor. A família tem mudando, isto é, tem sofrido

transformações devido a uma maior importância que se dá ao casal e ao acasalamento.

O casal é o centro da vida familiar, mas o significado do casamento tem vindo a alterar-

se, o casamento significa que o casal tem uma relação estável, já não tendo como pilar o

acasalamento.

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O casal que pretenda ter um filho tem que amadurecer a ideia e fazer contas à vida, pois

um filho é um pesado fardo financeiro, ao contrário nas famílias tradicionais em

algumas culturas, os filhos são considerados recursos de natureza económica.

A relação pura depende de actos de confiança, de abertura em relação ao outro, de

ideais que por vezes se encontram desfasados da realidade.

Numa boa relação deve existir respeito entre as partes e cada parte deve ter os mesmos

direitos e obrigações. A comunicação é essencial para existir confiança na relação.

O diálogo é uma característica da democracia, o que permite uma discussão pública das

questões, uma vez que nenhuma democracia pode funcionar sem confiança.

Na família democrática a autoridade dos pais deve estar implícita nos seus actos.

A igualdade entre sexos e a liberdade das mulheres têm sido temas de debate por

diversos grupos fundamentalistas.

Actualmente, a vida familiar já não é a mesma devido à globalização, muitas leis

surgem ou são adaptados aos novos tempos, são leis que dizem respeitos essencialmente

ao casamento, ao divórcio, à criação dos filhos e seus direitos e às relações

homossexuais.

Os sistemas tradicionais da família estão a modificar-se, será que terá os dias contados

com a globalização? Mais dia, menos dia alteram-se e adaptam os seus conceitos às

novas realidades vividas no mundo

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3.5 - Democracia

A expansão da democracia deve-se ao desenvolvimento das comunicações a nível

global e consequentemente à globalização.

Segundo Giddens, a democracia é um sistema que envolve competição efectiva entre

partidos políticos que querem ocupar posições de poder. (p:70)

Hoje está-se a viver num paradoxo democrático porque enquanto a democracia se está a

expandir pelo mundo, nas democracias mais antigas dá-se a desilusão dos processos

democráticos, uma vez que nos países ocidentais perde-se a confiança nos políticos e

supostamente na democracia. O desinteresse pela política e políticos é cada vez maior.

Actualmente com a situação do nosso país, já não existe estabilidade, o governo está

desajustado da realidade, é pouco flexível e pouco dinâmico para competir na economia

electrónica global. Os cidadãos já não confiam na política, vêm-na como uma actividade

suja e corrupta em que só os interesses pessoais dos políticos interessam. Para estas

atitudes, a comunicação social tem tido um papel essencial, uma vez que a sociedade

está aberta à informação e a corrupção é mais divulgada nos mass media.

Os mass media promovem a democracia, e a “sociedade global da informação é uma

poderosa força de democratização”. (Giddens, 1999:78)

A democracia está em expansão mas permanecem regimes opressivos e o desprezo

pelos direitos humanos é constante no mundo.

Segundo Giddens, só é possível atingir a democracia quando nos apoiamos no

desenvolvimento, e este só poderá ser conseguido perante a existência de regimes

puramente democráticos.

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4 – Considerações Finais

A globalização tem consequências em praticamente todos os domínios da

vida social, muitas difíceis de prever e/ou de controlar.

Declaração de Al Gore no Live Earth

As transformações que ocorrem no mundo são ditadas pelo ritmo acelerado da evolução

das tecnologias da informação e das comunicações. Atingem a sociedade de formas

distintas, muitas das quais imperceptíveis, uma vez que as aceitamos naturalmente

porque fazem parte de nosso quotidiano. A revolução da tecnologia induziu uma nova

forma de sociedade, caracterizada pela globalização das actividades económicas, pela

descentralização de decisões, pela flexibilidade do trabalho, pela individualização e pela

instabilidade social e política. O impulso tecnológico do séc. XX, gerado por um

potencial de mudança, marcou as instituições sociais.

Hoje, a ciência e a tecnologia são vitais na economia de um país e influem fortemente

na qualidade de vida e no bem-estar social, afectando não só as estruturas produtivas

mas também o conjunto das estruturas e instituições sociais. A sociedade vive

profundos momentos de mudança, que parametrizam uma nova era e novos conceitos

dela característicos, assumindo-se do virtual, do ciberespaço, das redes de informação-

comunicação na qual a electrónica e a tecnologia modificam as regras do jogo

económico. (Carioca, 1997:10-11)

Como já sublinhou Ponte (1990:5), está a surgir uma (nova) consciência de que

vivemos um período de grandes mudanças nos processos de produção, nas actividades

profissionais e até no próprio domínio cultural. Avanços em múltiplas áreas da ciência e

da tecnologia, na exploração do espaço e dos oceanos, em novas descobertas no campo

da medicina, em novas matérias, em novas formas de organização do trabalho e de

relacionamento humano, que projectam uma vida totalmente diferente para a

Humanidade.

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O paradigma da sociedade pós-industrial é hoje, essencialmente,

globalização e digitalização. (...) Nada ficará como dantes, uma vez que são

características desta sociedade global: a interdependência crescente dos

actores, a hiperconcorrência, a complexidade, a incerteza, a velocidade

crescente da produção do conhecimento e da informação (...).

Trigo, 2002:23

Para Giddens, a Globalização é revolucionária, política, tecnológica e cultural, é

essencialmente influenciada pela evolução das tecnologias em termos de comunicação.

A globalização é considerada como um fenómeno que afecta profundamente todos os

campos da nossa vida quotidiana e reacende identidades culturais.

Este fenómeno pode destruir as economias locais mas deve ser tido em conta para que

as consequências não sejam superiores aos benefícios.

Com o advento da globalização, surgem novas injustiças e uma enorme volatilidade

económica, política e cultural.

Actualmente a globalização é um fenómeno descentralizado que não passa despercebido

a ninguém, as instituições como família, trabalho, casamento têm de se adaptar à

globalização porque esta veio para ficar.

Apesar da obra ter sido publicada à mais de uma década, esta continua bastante actual,

pois muito se falou e continua a falar da globalização. O que significa viver num mundo

globalizado? Quais as reais consequências da globalização? Como é que este conceito

evoluiu e como se implantou no mundo? Esta obra não responde às questões de forma

definitiva, uma vez que as novas questões que surgem na sociedade global estão em

construção.

O maior desafio é perceber o que virá a seguir. Que acontecerá amanhã? Que revolução

económica, política ou cultural teremos a seguir?

Temos uma certeza, a civilização deixou de ser um aglomerado de locais para se tornar

numa aldeia global, o homem transformou-se num cidadão do mundo, sem pátria e sem

uma identidade.

A globalização trouxe transformações significativas tornando a sociedade mais

complexa, inovadora e competitiva. Essas transformações estão a reestruturar a nossa

forma de ver o mundo.

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Bibliografia

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Retirado: http://www.google.pt