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“Aprender a Viver JuntosGLOBAL F Prof. Dr. Luís Farinha Crónica de uma lição de vida Desta vez a aula foi diferente. O Professor, um convidado VIP, Dr. Luís Farinha, Diretor do Museu do Aljube, veio à Ferreira Dias proferir a palestra “Não à (Há) Pena de Morte: Saber para não Ignorar!”, no âmbito do Projeto Global F, das Escolas Associadas da UNESCO. Cumpriram-se, numa primeira fase, os objetivos 3 (Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades), 4 (Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos) e 16 (Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis). Nós ouvimos as palavras do Professor que não nos veio impingir matéria e se limitou a pôr-nos a pensar. E deu muito que pensar o que disse. És a favor ou contra a pena de morte?” A esta pergunta colocada assim desta forma, toda a gente responde, da forma mais politicamente correta: “Contra!”. Porém, há casos que começam a surgir, de forma particular: e quem pratica aqueles crimes hediondos de violação de menores, de pedofilia, xenofobia, racismo, exclusão social, que atentam contra os direitos humanos? Percebemos, então, que o Direito à Vida é um dos Direitos Humanos. [ Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal . - Dec. Univ. Direitos Humanos]. Somam-se exemplos de violação desse Direito por esse mundo fora, que geram em nós sentimentos de inquietação, espanto, angústia e até mesmo revolta. E as ideias fluem, as reflexões também e a verdade vai crescendo no raciocínio que se esclarece, no coração que aceita e na alma que se vai apaziguando. O Professor disse que um sinal de civilização das nações foi a abolição da Pena de Morte. Portugal é pioneiro nesta matéria, o que muito nos orgulha. E as grandes superpotências mundiais, EUA, Médio Oriente, China ainda não atingiram esse grau de civilização? Mais do que o poder económico, é a força do Humanismo que civiliza os cidadãos de cada nação. E o Humanismo é o estado de perfeição que separa a humanidade da animalidade. O animal é um ser da natureza, inteiramente confundido com ela; o homem está, pelo contrário, em excesso, sendo, por excelência, um ser antinatura. Com efeito, é essa distância que nos permite entrar na história da cultura, sem ficarmos presos à natureza, e é também por ela que nos é possível questionar o mundo, julgá-lo e transformá-lo. Sem ela, nenhuma moral seria possível, nenhum julgamento ético teria alguma vez existido. É verdade que nos preocupamos com o destino das baleias. Mas nunca vi nenhuma baleia preocupar-se com o destino dos homens. A vida é um bem precioso e um Direito inquestionável e sempre que somos convocados a pronunciar-nos a favor ou contra a pena de morte, o aborto ou a eutanásia… não temos opinião formada ou deixamo-nos levar pelo “senso comum”, que nem sempre é o “bom senso”, porque estamos a falar do Direito à Vida. A única forma de evitarmos que em nós submerja o animal que lá se esconde (marca de ADN de quando eramos primatas pré-históricos) é apurarmos em nós o ser humano que somos, aprendendo a gerir emoções, de forma racional, democrática e moral. Podemos não criar um santo, mas evitamos um patife. Só assim a Paz estará permanentemente em construção.

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Page 1: GLOBAL F “Aprender a Viver Juntos · [Artigo 3 ° Todo indivíduo ... inquestionável e sempre que somos convocados a pronunciar-nos a favor ou contra a pena de morte, o aborto

“Aprender a Viver Juntos” GLOBAL F

Prof. Dr. Luís Farinha

Crónica de uma lição de vida

Desta vez a aula foi diferente. O Professor, um convidado VIP, Dr. Luís Farinha, Diretor do Museu do Aljube, veio à

Ferreira Dias proferir a palestra “Não à (Há) Pena de Morte: Saber para não Ignorar!”, no âmbito do Projeto Global

F, das Escolas Associadas da UNESCO.

Cumpriram-se, numa primeira fase, os objetivos 3 (Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para

todos, em todas as idades), 4 (Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover

oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos) e 16 (Promover sociedades pacíficas e inclusivas

para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,

responsáveis e inclusivas em todos os níveis).

Nós ouvimos as palavras do Professor que não nos veio impingir matéria e se limitou a pôr-nos a pensar. E deu

muito que pensar o que disse.

“És a favor ou contra a pena de morte?” A esta pergunta colocada assim desta forma, toda a gente responde, da

forma mais politicamente correta: “Contra!”. Porém, há casos que começam a surgir, de forma particular: e quem

pratica aqueles crimes hediondos de violação de menores, de pedofilia, xenofobia, racismo, exclusão social, que

atentam contra os direitos humanos?

Percebemos, então, que o Direito à Vida é um dos Direitos Humanos. [Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida,

à liberdade e à segurança pessoal. - Dec. Univ. Direitos Humanos]. Somam-se exemplos de violação desse Direito

por esse mundo fora, que geram em nós sentimentos de inquietação, espanto, angústia e até mesmo revolta.

E as ideias fluem, as reflexões também e a verdade vai crescendo no raciocínio que se esclarece, no coração que

aceita e na alma que se vai apaziguando.

O Professor disse que um sinal de civilização das nações foi a abolição da Pena de Morte. Portugal é pioneiro nesta

matéria, o que muito nos orgulha. E as grandes superpotências mundiais, EUA, Médio Oriente, China ainda não

atingiram esse grau de civilização?

Mais do que o poder económico, é a força do Humanismo que civiliza os cidadãos de cada nação. E o Humanismo é

o estado de perfeição que separa a humanidade da animalidade. O animal é um ser da natureza, inteiramente

confundido com ela; o homem está, pelo contrário, em excesso, sendo, por excelência, um ser antinatura. Com

efeito, é essa distância que nos permite entrar na história da cultura, sem ficarmos presos à natureza, e é também

por ela que nos é possível questionar o mundo, julgá-lo e transformá-lo. Sem ela, nenhuma moral seria possível,

nenhum julgamento ético teria alguma vez existido. É verdade que nos preocupamos com o destino das baleias.

Mas nunca vi nenhuma baleia preocupar-se com o destino dos homens. A vida é um bem precioso e um Direito

inquestionável e sempre que somos convocados a pronunciar-nos a favor ou contra a pena de morte, o aborto ou

a eutanásia… não temos opinião formada ou deixamo-nos levar pelo “senso comum”, que nem sempre é o “bom

senso”, porque estamos a falar do Direito à Vida.

A única forma de evitarmos que em nós submerja o animal que lá se esconde (marca de ADN de quando eramos

primatas pré-históricos) é apurarmos em nós o ser humano que somos, aprendendo a gerir emoções, de forma

racional, democrática e moral. Podemos não criar um santo, mas evitamos um patife. Só assim a Paz estará

permanentemente em construção.

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Obrigada, Professor Luís Farinha.

As coordenadoras do Projeto Global F (Escolas Associadas da UNESCO).

Ana Paula Cunha

Maria dos Anjos FernandeS

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