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GISELE SONelNI DA ROSA OLIVEIRA o PROCESSO DE AVALlAr;Ao DA APRENDIZAGEM ESCOLAR EM UMA TURMA DE 4' SERlE DO ENSINO FUNDAMENTAL Monogra!ia apresentada para obten9ao do titulo de Especializa9ao no curso de P6s-Gradua9ao em Psicopedagogia, Centro de P6s-Gradua9ao Pesquisa e Extensao da Universidade TUIUTI do Parana. Orientadora: Laura Bianca Monti Curitiba 2000

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GISELE SONelNI DA ROSA OLIVEIRA

o PROCESSO DE AVALlAr;Ao DA APRENDIZAGEM

ESCOLAR EM UMA TURMA

DE 4' SERlE DO ENSINO FUNDAMENTAL

Monogra!ia apresentada para obten9ao do

titulo de Especializa9ao no curso de

P6s-Gradua9ao em Psicopedagogia, Centro de

P6s-Gradua9ao Pesquisa e Extensao da

Universidade TUIUTI do Parana.

Orientadora: Laura Bianca Monti

Curitiba2000

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SUMARIO

INTRODUQAo

CAPiTULO I: . 8

1 A AVALlAQAo NO COTIDIANO DA SUPERVISAo PEDAGOGICA 8

1.1 Conselho de Classe . 10

CAPITULO II : 14

2 A AVALlAQAo DO COTIDIANO NA SAlA DE AULA 14

2.1 A Percepgao dos Alunos . 14

2.2 A Percepgao dos Pais

2.3 A Percepgao da Professora

21

27

CAPiTULO III..

3 UMA EXPERIECIA DE AVALlAQAO NUMA TURMA DE 4" SERlE

NA DISCIPLINA DE liNGUA PORTUGUESA .

30

34

CONSIDERAQOES FINAlS. 35

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 37

ANEXOS 38

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INTRODUr;:AO

Este trabalho de pesquisa e 0 resultado de urn estudo e atua,ao junto a

uma turma de 4a serie na disciplina de Lingua Portuguesa, numa Escola

Publica Estadual do Municipio de Florian6polis

o trabalho foi realizado na Escola Basica Edith Gama Ramos, localizada

no bairro de Capoeiras, a rua Prefeito Dib Cherem n.'. 2773.

o tema Avaliac;::8.o da Aprendizagem que sera aqui abordado foi uma

solicitac;::8.o a escola pesquisada, vindo a atender uma necessidade colocada

pela mesma.

Falar sobre avaliayao da aprendizagem, e antes de mais nada, falar sabre

educary8.o. A avaliaC;:8o da aprendizagem tern se tornado cad a vez mais urn

desafio para especialistas e educadores, uma vez que apesar do discurso ter

mudado, as praticas se perpetuam. Cada vez mais a avaliac;::8.o tern side

classificat6ria, seletiva e excludente, atendendo a urn modele s6cio-estrutural

vigente.

Par acreditarmos naD ser esta a forma mais coerente de conduzir a

avalia9ao vimos a necessidade de direcionar este trabalho, com 0 objetivo de

provocar uma reflexao sobre a avalia9ao na perspectiva da constrUl;ao do

conhecimento.

Desta forma, 0 trabalho foi desenvolvido com 0 objetivo geral de elaborar e

vivenciar novas situa90es de avalia9ao em conjunto com os alunos da 4a. serie,

professcra de LIngua Portuguesa e supervisora da escola.

Os objetivos especificos fcram desenvolvidos no senti do de:

conhecer e analisar como vem sendo realizada a avaliac;::ao da

aprendizagem em Lingua Portuguesa nesta 4a. serie, tanto do ponto

de vista do professor quanto dos alunos;

diagnosticar que pressupostos teoricos orientam esse professor de

LIngua Portuguesa no processo de avaliar os alunos;

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identificar que criterios S8.0 efetivamente utilizados no processo de

avaliagao da aprendizagem equal 0 valor dado a esse processo pelo

professor, pelos pais e pel os alunos;

propor e discutir alternativas em conjunto com 0 professor e especialista

para 0 desenvolvimento de uma pratica de avaliac;8.o permeada na

perspectiva da constrUC;8.o do conhecimento,

contribuir para dismistlficagao do valor atribufdo a nota junto ao

professor e aos alunos

A metodologia para consecuc;8.o dos objetivos propostos seguiu as

principios da pesquisa/ac;8.o, uma vez que alem da pesquisa propriamente dita,

envolveu a participac;ao de pesquisadores e pesquisados num mesmo processo.

Vale aqui ressaltar que inicialmente prevfamos realizar este trabalho com

todos os professores envolvidos com a 4a. serie referida. Entretanto apenas a

professora de Lingua Portuguesa aceitou a desafio.

Nesta escola as turmas de 3a. e 4a. series tem mais de um professor

distribuidos par disciplina, 0 de Lingua Portuguesa, outro para CiEmcias e

Estudos Sociais outro para Matematica e outro para Educac;ao Fisica.

Partindo do pressuposto da pesquisa/ac;8.o iniciamos a fase exploratoria

onde fizemos entrevistas com a supervisora da escola e questionarios com as

alunos da 4a.serie, as pais e com a professora de Lingua Portuguesa da referida

turma.

A partir das informac;oes obtidas na fase explorat6ria, partimos para 0

momento de formula,ao do problema buscando as interpreta,oes possiveis

acerca da problematica levantada para que pudessemos de forma conjunta

buscar alternativas viaveis para uma proposta de avaliac;8.o mediadora.

Em seguida fizemos a coleta de dad as, utilizando-nos de instrumentos

como: observac;8.o de situac;oes de aprendizagem e de avaliac;oes, mapeamento

de notas dos alunos, alem da participac;8.o em reunioes e conselhos de classe

promovidos pela escola.

A fase de analise e interpretac;8.o de dados foi realizada mediante

discussao entre pesquisadora, supervisora da escola, professora da cia sse

mediadas pelo referencial te6rico selecionado para este trabalho.

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Vencida esta etapa, nossa sistematica de intervenc;ao junto a sala de

aula, se constituiu na elaborac;ao conjunta de urn plano de ac;ao entre

pesquisadora , professora de classe supervisora da escola, para a efetivac;aode

uma proposta de trabalho de avaliagao na perspectiva da construgao do

conhecimento.

Apes a elabora~ao de urn plano de a~ao, a trabalho sabre a avalia~ao da

aprendizagem em sala de aula, foi desenvolvido pela professora da turma.

No decorrer das atividades procuramos tarnbem estabelecer momentos

para a avaliagao com a professora das atividades desenvolvidas e ou

redimensionamento das mesmas

Finalmente nosso relat6rio foi estruturado em capitulos.

No primeiro capitulo analisamos a avaliac;:ao no cotidiano da supervisao

pedagegica e tarnbern no conselho de classe.

No segundo capitulo procuramos registrar e analisar as percepc;:6esdos

alunos, dos pais e dos professores aeerca da avaliac;:aoda aprendizagern.

o terceiro capitulo constitui-se no relata das experieneias desenvolvidas

com a grupo da 43 serie.

Ao final procuramos registrar nossas eontribuig6es aeerca da problematica

trabalhada.

Neste sentido, entendemos que a presente relatorio de pesquisa vern

contribuir para que educadores., especiahstas e a propria eseola, enquanto

institui<;ao,reflitam sabre a pratica avaliativa e a funyao da educa<;ao,visando

alternativas para a problematica educacional que desafia a eseola e

consequentemente a educador.

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Situando a Escola e seu Cotidiano

A Escola Basica Edith Gama Ramos esta situada a Rua Prefeito Dib

Cherem, n.'. 2773, bairro Capoeiras - Florianopolis.

A referida escala atende crianc;:as que res idem em suas proximidades

bairro Capoeiras e Monte Cristo.

E uma escola publica mantida pelo Governo do Estado. Apresenta-se em

condif):oes razoaveis de conservac;ao, passui treze salas de aula, uma biblioteca,

sala do diretor. sala de professores secretaria, sal a de supervisao escolar e sala

de orientagao escolar. Hi! ainda uma cozinha, urn patio coberlo adaptado como

refeit6rio. uma cantina, banheiro para meninas para meninos, e banheiro para

professores. Dispoe de urn patio aberto em forma de ~U', cercado pelas salas de

aula e uma quadra de esporles localizada no centro.

Em frente a escola ha uma praga bern arborizada que poderia ser melhor

utilizada par professores pais e calma e espac;:osa.

Somente a professora de Educac;ao Ffsica das series iniciais utiliza esse

espago.

A escola possui 824 alunos assim distribuidos por turma

2 turmas de pre escolar

4 turmas de 1a serie

4 turmas de 2a serie

2 turmas de 3a serie

3 turmas de 4a serie

3 turmas de sa serie

3 turmas de 6a serie

3 turmas de 7' serie

2 turmas de sa serie

A equipe pedagogica e formada por 17 professores efetivos distribuidos

de pre a 4'. serie, estando 4 afastados da escola. Destes, 7 professores tern

fOrmal):c3o no magisterio de 1a a 4a . serie e 6 com formal):c30 a nivel de 3° grau.

Para lecionar de 5' a 8' serie ha 27 professores. Destes, 23 possuem

formagao a nivel de 3' grau, somente 4 possuem formagao de magisterio da l'

a 4a serie.

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Ha 1 supervisora e 3 orientadoras, todas com habilita9ao especifica. 1

secretaria, 1 coordenador de turma, 2 administradores, 1 merendeira, 4 agentes

de servi90s gerais. 2 vigias e 1 bibliotecaria.

A escola funciona em dais turnos de dura9c3.0 de 4 haras cada. No recreio

as criangas permanecem livremente no patio.A rotina escolar inicia-se com a organiza9ao das turmas par coJunas no

patio antes de entrar para as salas de aula.

Os alunos freqGentam a escola uniformizados, sen do que se assim naD

comparecerem deverao trazer justificativa dos pais. Casa contra rio naD poderao

assistir aulas nem permanecer na escola.Bimestralmente sao realizados conselhos de classe par serie, do qual

participam as respectivas professoras a supervisora e as orientadoras

educacionais.

Para a entrega de boletins, ap6s 0 termino de cad a bimestre, e realizada

uma reuniao de pais com as respectivas professoras.

As Rel34;;oes Interpessoais na Escola

A treca dos diretores oeerre em toda a rede escolar do Estado, nos

momentos de novas gest6es politicas.

Algumas escolas enviam uma lista triplice, sendo que um dos nomes eselecionado para ocupar a cargo. E importante lembrar que nesta escolha a

diret6rio municipal do partido governista tern substancial J.n~uencia. Isto quer

dizer que cada escola pode ter uma forma especifica de conduzir esse processo.

Nesta escola 0 diretor fai exonerada de pais de nove anos no cargo.

A Secretaria Estadual de Educa9aOalegou a nao cumprimento do calendario

letivo, ou seja, a escola deveria iniciar as aulas no dia 13 de fevereiro e

prorrogou para 0 dia 20 do mesmo mes, utilizando essa seman a para discutir

coletivamente e implementar Projeto Politico Pedag6gica da escola.

No entanto, antes deste prop6sito se concretizar, a diretor loi alastado e

em protesto a maioria dos professores decidiram nao iniciar as aulas.

A Secretaria da Educa9aO solicitou que a escola enviasse uma lista triplice, com

indica90es de names para a dire9aOda escola. A escola nao atende a pedido.

A Secretaria Estadual de Educa,ao ignora a conmto estabelecido na unidade

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escolar, nomeia nova direc;ao, externa a escola.

Em protesto praticamente toda a escola continuou fechada e os alunos sem

aulas.

Esta situac;ao permaneceu por alguns dias, e apesar do epis6dio virar

noticia nos telejornais, a Secretaria de Educac;ao do Estado foi irredutivel em sua

decisao afirmando que os professores teriam que cumprir os dias letivos

previstos no calendario. Desse modo, os professores foram pressionados a

voltarem as salas de aula, inclusive com ameac;a de desconto dos dias parados.

Essas medidas geraram no interior de escola um clima de atrito,

especial mente entre a atual direc;ao e a anterior.

Sabemos que em situa,oes dessa natureza ha sempre muita especula,ao

e, como que por uma necessidade logica cada uma das partes tem seus aliados

que servem para sustentac;ao e acirramento do conflito.

Mas ha. tambem os que preferiam ficar numa posic;ao de neutralidade, se

e que isso loi possivel.

E neste contexte que a escola vem desenvolvendo seu trabalho.

o Projeto Politico Pedagogico da escola loi interrompido, e em reuniao

pedagogica houve atrito entre os participantes, submergindo antigos

discussoes.

Isto vem interferindo diretamente em todo 0 trabalho pedagogico, pois

qualquer iniciativa de interac;ao e dificultada. No entanto, surgem iniciativas

significativas, embora isoladas, que tendem a ser neutralizadas.

A questao da indisciplina dos alunos e apontada por alguns prolessores

como uma das conseqOEmcias dos atritos existentes entre os varios profissionais

dentro da escola

Ha necessidade de estabelecer algumas normas para 0 conjunto. Evitando

orientac;oes contradit6rias, uma das principais causas da indisciplina.

E importante ainda gerar um ambiente de respeito mutuo entre professores e

alunos, entre alunos e equipe de apoio. Porem vale lembrar, que a indisciplina

nao e um problema desta escola, e em muitas e talvez por isso seja necessario

as escolas repensarem sua forma de fazer educac;ao e analisar as causas da

indisciplina.

Eo dificil lalar do trabalho da atual dire,ao por dois motivos: primeiro

porque nao acompanhamos todo 0 processo, segundo por termos obtido

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informavoes contradit6rias.

No entanto, a centraliza,iio das decis5es tomou-se uma alternativ

garantir a viabilidade de seu trabalho. Acreditamos que essa centralizavao do

poder nas decisoes foi a forma utilizada no exercicio de autoridade e se tornou

muito pr6xima do autoritarismo, mesmo que nao fosse esse a objetivo almejado.

Se nao houver discussao sabre 0 processo de tomada de decisoes, nao se pode

esperar colaboravao. A consequ€mcia e a desarticulavclo entre as varios

segmentos da escola.

Essa desarticulavao, aliada ao conflito que vem se agravando, acabaram

por colocar 0 pedag6gico em segundo plano.

Uma possivel alternativa talvez seja a de retomar e dar prioridades as

questoes pedag6gicas, deixando de lad a as atritos prevalecendo a bam sensa e a

profissionalismo.

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CAPiTULO I

A AVALlAY.A.O NO COTIDIANO DA SUPERVIS.A.O PEDAGOGICA

o servic;:ode 5upervisao pedagogica na escola Edith Gama Ramos conta

apenas com uma supervisora. A integra,ao desta e da equipe de orienta,ao

ainda se desenvolve em termos formais, burocraticos e administrativo.Segundo a propria supervisora "hij uma proposta de trabalho eonjunto,

mas lem sido dificif conerelizll-Ia par conta da crise desencadeada ap6s a

nomeagiio da atual diregiio, alingindo todo a corpo administrativo e pedag6gico."

E tambem devido a formac;:aofragmentada, que acaba par refletir no trabalho

pedagogico.

Em decorrencia disso cada profissional assumiu uma missao

individualizada a realizar. A orientac;:aose volta para as alunos, a supervisao

para as professores, perdendo-se a rela,ao entre ambos para a constru,ao do

processo pedagogico.

Assim, como todas as relac;oes sociais de produc;ao mais amp las saoconstruidas sem a participa,ao consciente dos trabalhadores, essas tambem se

reproduzem no cotidiano escolar. como forma "natural" do nossa sistema S8

organizar para perpetuar-se.

Portanto, 0 trabalho pedagogico e urn trabalho coletivo, nao ha como

educar na perspectiva da fragmenta,ao. E preciso que a a,ao desse grupo,

que faz educac;ao esteja articulada com as metas e objetivos maiores contidos

num projeto politico pedagogico para a escola.

Em entrevista, a supervisora nos informou que houve no inicio do ana uma

tentativa de constru,ao do Projeto Politico Pedagogico para a escola.

Aconteceram algumas reuni6es onde foram tiradas medidas concretas a serem

postas em pratica esse ano. Porem 0 Projeto Politico Pedag6gico ainda nao foi

implementado.

Em rela,ao a avalia,ao da aprendizagem houveram alguns avan,os. Ficou

definido que quando 30% da turma nao atingisse a media 5,0, 0 professor teria

que fazer a revisao do conteudo e aplicar nova prova. A cada bimestre 0

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professor devera realizar no minimo tres avalia90es para chegar a uma media.

Alem dessas medidas ficou estabelecido que em dias de estudo, mensais

e bimestrais 0 tema volta ria a ser discutido. Seriam convidadas pessoas

capacitadas a faze-Io, 0 que acabou por nao ser concretizado.

Percebeu-se, durante 0 andamento da pesquisa, havia uma preocupa9ao

muito grande por parte da supervisao em rela980 a avalia9ao, inclusive pareceu-

nos que este tenha side 0 tema de maior discussao em reunioes, talvez por

solicitac;aodos proprios professores.

o trabalho de supervisao que vivenciamos atraves dessa pesquisa

esteve um pouco confuso por conta dos problemas internos ocorridos na escola

ja anteriormente descritos, Mesmo assim, percebemos que ha uma preOCUpa9aO

com a aprendizagem dos alunos.

Uma das atividades realizada pela supervisora e 0 acompanhamento

do trabalho dos professores atraves dos cadernos de pianos e das visitas as

salas de aula.

Observamos que nem todos os professores demonstraram aceitac;ao a

essa atitude. Alguns professores nao apresentam 0 plano de aula em tempo

habil, poucos procuram a supervisao escolar, e quando isso ocorre e para

solicitar materiais didaticos.

Ha uma tendencia na escola em caracterizar a func;ao de supervisor em

Uapagador de incendio" , somente nas emergencias ve-se sua importancia.

Entendemos que isso tem mais chances de acontecer quanto 0 campo

de trabalho da supervisao nao estiver bern demarcado. A supervisao nao esta

na escola para preencher lacunas, e sim para desenvolver seu trabalho.

A definic;ao do espac;o de trabalho da supervisao tem side problematica,

nao somente nesta escola, mas em muitas escolas e por esse motivo tem sido

alvo de criticas.

o planejamento estrategico deveria constituir-se numa alternativa para a

organiza980 do trabalho escolar, uma vez que permite localizar os problemas

que a escola enfrenta e a partir dai estabelecer prioridades para 0 trabalho

pedagogico delegando responsabilidades a cada segmento.

Assim, cada segmento ter. que estabelecer sua metas a partir de um

planejamento geral, de forma que venha a concretizar os objetivos propostos.

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1.1 Conselho de Classe

o canselha de classe e realizado ao final de cad a bimestre e em dois

momentos. Num primeiro momento S8 reunem especialistas (orientadoras e

supervisora) e professores de pre a 48 serie. Em momento as especialistas e

professores de S8 a 88 serie.

Segundo a supervisora, a conselho de ciasse e precedido par um trabalho

de pre-conselho, assim definido:

Antes de fazer 0 conselho em si a gente visita as turmas junto com 0

traba/ho de orientaq8o, supervisao. Questiono as alunos se tern a/gumaGoisa para falar, se a/guma Goisa nao esta bern, 0 que eles gostariam quemudasse nas au/as "X" se tern a/guma Goisa para acrescentar, afgumacritica a fazer urn ponto positivo para dizer au 0 que deve ser mefhorado(Supervisora Escolar)

Durante 0 periodo de pesquisa tivemos oportunidade de participar de urn

canselho de classe das turmas de pre-escola a 4a. serie. Participaram as

orientadoras, a supervisora e as professoras, distribuidas em grupos por serie,

coordenados por urn especialista (orientayc3o educacional e supervisao escolar).

Essa dinamica resultou num subgrupo sem coordenador, impossibilitando

a professora de pre-escola a expor e discutir as problemas da turma com a

especialista.

Neste encontro participamos do grupo da 4a. serie coordenado por uma

das orientadoras.

DALBEM " em estudos sabre a priltica do conselho de ciasse diz que este

refiete as rela,oes fragmentarias da organiza,ao da propria escola. Quando nao

hil um trabalho coletivo no cotidiano da escola, no conselho:

! DALBEN, Angela I. L. de Freitas. Trabalho Escolar e Conselho de Classe. Sao Paulo: Papirus,1992. p. 183.

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os professores reunem-se a verbalizam falos e notas muilas vezesdesconexas, dando conhecimento a seus pares daquilo que estaaconlecendo especialmente com 0 rendimento numerico da turmacom a qual trabalha.

Na escala estudada a conselho foi desenvolvido segundo os mesmas

principios. A caordenadara do subgrupo das 4a. series anunciava a nome do

aluno e dele vinham os comentarias sabre seu campartamenta e aprendizagem;

varias vezes pade-se abservar que apes a anuncio do nome do aluno uma ou

autra professara dizia "esse e bam" e sem mais comentarios prosseguia-se.

Apenas uma professora da 4a. serie trouxe registros de seus alunas.

A referida professora valendo-se desses registros solicitou a orientadora

que chamasse as pais para canversar sabre as dificuldades apresentadas. No

entanto as demais professaras se limitaram a comentar exclusivamente sobre as

problemas referentes a sua disciplina.

Uma das professoras assim se refere quanta a sua participa9aO no

canselha de classes: "s6 vou me manifestar quando 0 atuno na minha disciplina

apresentar problema." (professora de sala de aula)

Os camentarios sabre cada aluna sao de certa forma superficiais e por

vezes rotuladores, demonstrando que a avalia,ao e utilizada tambem para punir e

controlar 0 comportamento da turma.

A autoridade que 0 professor dispoe legalmente para avaliar seus alunos

pode assumir um tear autoritaria como demanstram essas falas:

"Tem que dar uma prensa nesse pessoaf"

7em que puxar 0 tapete dessa turma"

"Eu vou cobrar os exercicios, e vou cobrar ainda mais"

(professoras de sala de aula)

Essas expressoes refletem 0 clima de canfronto entre professores e

alunas.

Nota-se que essa forma de organizar 0 conselho de ciasse dificulta a

efetiva9ao do trabalho de supervisao, pais as discussoes de cada grupo nao sao

colocadas no grande grupo para buscar solu,oes cooperadas.

Houve um linico momenta de socializa,ao no conselho no qual a

supervisora colocau a questao da indisciplina na escola, especialmente das 4a

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series, alegando que a motivo poderia ser a fato de uma professora ter ficado

doente e sem substituil'ao. Os alunos eram dispensados mais cedo ou ficavam na

escola aguardando a pr6xima aula.

Tambem destacou que a escola esta passando por uma situa¥80 dificil

devido aos desentendimentos entre a atual direc;ao e a anterior, sendo que 0

coletivo esta sendo atingido.

Uma professora salientou que:

~ preciso que haja uma s;ntonia e ma;s comunicar;ao entre professor epesseal administrative, pais mui/as vezes um toma uma aUtude e outrotoma outra atitude para a mesma situar;ao e as a/unes aproveilam essas'brechas' 'Iazendo a que querem'. (professora de sala de aula)

Os professores foram aos poucos se retirando do recinto sem que fosse

feita nenhuma avaliac;ao do assunto levantada pela professora e pela supervisora.

Quando s6 restavam poucos participantes do conselho, uma das

professaras afirmou ser necessaria discutir durante 0 canselha de cia sse outra

questaa mais abrangentes camo conteudo, metodologia, formas de ver e

avaliar a aprendizagem dos aluno. Muitos professores demonstraram nao querer

discutir para nao se expor frente ao grupo.

Atraves da fala da supervisora nota-se que ha uma grande preocupal'ao

com a indisciplina na 4a. serie. De certa forma a enfase maior esta situada no

aspecto emocional em detrimento do aspecto cognitiv~ de aquisil'ao do

conhecimento propriamente dito.

A escala entende que deve preparar emacianalmente os alunos para a

5a. Serie, parque nesta serie ha uma mudan¥a significativa, juntamente com urn

alto indice de reproval'ao. Embora a divisao em disciplinas sob a

responsabilidade de professores variados, de metodologias diferenciadas que

se apresentam das S'. series em diante, ja foi implementado nesta escola tambem

nas 3a e 43 series.

Considerando 0 relato anterior sobre 0 conselho de classe percebeu-se

que falta ainda urn melhar planejamento, de forma a torna-Io um momenta rico

onde pudessem ser discutidas e encaminhadas diretrizes para a escola e uma

metodologia de ensino que busque superar as dificuldades de aprendizagem tao

citadas durante 0 conselho.12

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A propasta inicial da supervisaa previa para este ana a participal'aa eti~~pp,-

dos alunos no conselho de classe, fato este ainda naD concretizado devido a

inumeras dificuldades, e ate mesmo a naD aceita~ao par parte de alguns

professores.

Certamente no momento do conselho de classe, deveria ocorrer al8m

da troca de informac;oes sabre natas e avaliac;ao dos alunos, a priorizac;ao

na discussaa sabre a avalial'aa das metadalagias utilizadas e as

problemas enfrentados, para que coletivamente possam surgir ideias para

tentar romper com as dificuldades encantradas no processo de aquisil'ao de

conhecimento do alunos.Sabedores da funl'ao do conselho de classe sugerimos um repensar da

sua efetiv8C;;80na escola, articulando 0 trabalho coletivo em beneficia do aluno.

Eo necessario apontar as dificuldades, discuti-Ias em conjunto e encaminhar

possiveis soluc;oes.Precisamos superar a visao de que conselho de classe seja mais uma

reuniao onde sao lanl'ados problemas que do ponto de vista do professor, nao

tern mais SOIUC;80, au urn momento de "descarrego" do professor.

Se tentarmos superar essas e muitas outras dificuldades, 0 conselho de

classe podera ser mais um grande momento de socializal'ao e propostas de

estudo para que se avance na parte pedag6gica, tao carente de melhorias e um

maior compromisso pDf parte dos envolvidos nesse processo.

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CAPiTULO II

2 A AVALIACAO DO COTIDIANO NA SALA DE AULA

Este capitulo tern como caracteristica realizar uma reflexao sobre a

concep,ao e p,,;tica da avalia,ao da aprendizagem no cotidiano de aula, que

poderia despertar significativas altera~oes no processo de ensinar e aprender e

consequentemente na avalia(fao.

Por isso achamos importante captarmos as percepc;:oes dos alunos, dos

pais e da professora sabre avaliac;:ao, a tim de orientar nossa analise em relac;ao

a esse desafio que tern se tornado a avalia,ao da aprendizagem na escola.

2.1 A Percep<;:<3edes Alunes

Com 0 objetivo de conhecer 0 processo avaliativo do ponto de vista dos

alunos utilizamos um questiontuio e a observac;ao, instrumentos para coletar as

dados sabre a entendimento e a interpretac;ao que 0 aluno taz, desse processo

par ele constantemente vivenciado e temido.

o temar em relac;ao a avaliac;ao naD se da ao acaso, muitas sao as

posturas e p,,;ticas dos professores que tern contribuido de forma decisiva para a

perpetuac;ao da avaliac;ao como instrumento de punic;ao, julgamento e

classificac;ao.

Veja nesta citac;ao:

"( ... ) Olha, preslem aien,80, islo vai cair na prova".

Isso denota 0 quanto a sala de aula deixa de ser urn espa,o de apropria,ao

do conhecimento, para se tornar num espa,o de preocupa,ao em torno da

prova, do resultado.

A preocupa,ao com notas. provas, e testes tambem estao explicitas nas

lalas dos alunos quando questionados sobre qual seu entendimento sobre

avalia,ao.

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Ueu en/endo por avaliac;ao, comportamento, provas e traba/hos"

"eu entendo que e uma nota"

"e 0 que manda as meus amigos maus para a recuperac;ao do ana

inteiro."

"eu nao entendo muito mais eu acho que e bam para a nota me/horar'

Falas, sabre avalia\=ao que giram em tarna de natas e provas

representam 52% das opinioes dos alunos que fizeram parte da pesquisa,

a que chega a ser um dado alarmante demonstranda a quanta a avaliac;:aopar

eles vivenciada tern sido alienante, onde a participaC;aono processo tern se

restringido a dar respostas as perguntas formuladas pelo professor.

Ao contr.rio, a avalia9ao poderia ser comparada a um grande jogo onde

as regras, criterios e objetivos seriam estabelecidos previa e claramente entre

ambas as partes, facilitando ao aluno sentir-se mais sujeito do seu processo de

avaliac;aoe menos temeroso a ele.

No entanto, 30% dos alunos que fizeram parte da pesquisa

reconheceram que a avalia\=aoe algo importante, embora nao tenham conseguido

explicar porque a consideram importante.

Isso e conseqOencia de toda hist6ria de vida escolar onde a avalia\=ao

tem sido realizada de forma estanque alargando ainda mais 0 fossa existente

entre 0 processo de aprendizagem e 0 ate de avaliar.

Ainda quanto a essa questao, uma pequena minoria (18%) dos alunos, nao

conseguiram expressar-se de forma clara sobre seu entendimento sobre

avaliac;ao

Em relaC;ao aos instrumentos pelos quais sao avaliados, 56%

conseguem identifica-Ios de forma clara e precisa. Os instrumentos mais

citados foram provas, trabalhos, comportamento, ditados, testes, leitura entre

outros.

Esses instrumentos utilizados pela escola para avaliar se configuram

mais como urn ato de verifica\=aodo que avalia\=aoda aprendizagern conforme

afirma LUCKESI ':

2 LUCKESI, Cipriano Carlos. Avalia<;:ao da Aprendizagem Escolar: Estudos e Proposi<;:6es. SaoPaulo, Cortez, 1995. p. 92.

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A dinamica do ate de verificar encerra-se com a obtenr;:ao do dadoou da informar;:ao que busca, isto e, 've-se ou nao se ve' algumacoisa. E. pronto! Por si, a verificar;:ao nao imp/ica que 0 sujeitoretire dela conseqOencias novas e significalivas.

A avalia~ao, por sua vez, ultrapassa a verifica~ao e a obten~ao de

resultados, uma vez que pressupoe uma atribui~ao de valor ou qualidade para

posterior tomada de decisao em rela~ao ao objeto avaliado, inserindo-o numa

dinamica de a~ao.

Os demais alunos, compreendendo 44%, nao conseguiram identificar os

instrumentos pelos quais tem side avaliados. Supomos que a lalta de

informa~ao, aliada a forma mecanica como se tem trabalhado a avalia~ao resulte

nesta dificuldade de identificar os instrumentos utilizados.

Acreditamos que dialogo, observa~ao, registro e reflexao sabre a

observado poderao se constituir em elementos alternativos capazes de modificar

a rela~ao que a aluno estabelece com os instrumentos de avalia~ao. Assim:

Registrar a propria pratica pode ser um rico instrnmento de (raba/ho parao professor que busca reconstruir as conhecimentos junto com asalunos, porque a relata do vivida proparciana condiq6es especiais para 0ala de refletir.3

Quanto a significa,ao e a utilidade da nota atribuida na avalia,ao,

perguntamos aos alunos para que serve a nota. As respostas seguiram a mesma

16gica das respostas anteriores e constituiram-se em depoimentos superficiais e

um tanto quanto 6bvio do ponto de vista do senso comum em rela~ao a avalia~ao.

Vejamos nessas respostas:

"seIVe para passar de ana""para passar de ana ou rodar""seIVe para a boletim"

78% dos depoimentos dos alunos pesquisados, apresentam preocupa~ao

com a nota que se da no sentido da promo~ao para 0 ano seguinte sem

3 WARSCHAUER, Cecilia. Aroda e 0 Registro: Uma Parceria entre Professor , Alunos eConhecimento. Sao Paulo: Paz e Terra, 1993.p.61.

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qualquer interesse sobre a aprendizagem dela decorrente. E 0 famoso Uestudar

para passar de ano".

Dessa forma a nota tornou-se mais importante que a aprendizagem, nao

so para 0 aluno como tambem para os professores os pais e a propria escola.

No comer;o, e tudo novidade ( ) uma gracinha ver aque/esloquinhos de genie ja fazendo provas como os mais ve/hos ( ... ). Muitasvezes, as criam;as fazem as provas e nem tem nor;~o, n~o sabem queest~o sendo avaliados. A propria crianr;a quer fazer prova para se igualarao irm~o ou aos colegas mais adianlados, sentindo-se foda imporlante. Eassim vai ( ... ). Tudo comec;a tao inocentemente, que mais tarde osprofessores, perplexos nao conseguem entender 0 que foi que ouve, poisdessa pequena brincadeira, chega-se a grande distorc;ao do ensino:estudar para tirar nota e nao para aprender. 4

Ainda em rela~ao a essa pergunta uma parcela dos alunos 22% veem a

nota inserida no processo de aquisi9ao do conhecimento, mesma que ainda seja

na espa9a restrita da prova

Para eles a nota serve para:

"Ava/iaro a/uno"

"Ver se 0 aluno foi mal ou bern na prova"

"Ver se a pessoa esla entendendo a materia" e ale

"ver se estamos melhorando"

A nota, seja na forma numerica ou conceitual e uma exigencia do sistema

educacional. Predsamos conduzi-Ia da forma mais transparente possivel para

que sirva como referenda para 0 trabalho de constru~ao do conhecimento.

E necessaria dismistificar a papel da avalia9aa enquanta "premia" au "castiga"

onde alunos e professores ficam mais preocupados com a nota em si, do que

com a aprendizagem. Assim, qui~a possamos imaginar,

( ... ) um dia em que nao haja mais nota na escota - au qualquer tipo dereprovar;ao - , mas cerlamente havera necessidade de continuar existindoavaliar;ao, para peder se acompanhar 0 desenvolvimento dos educandose ajuda·fos em suas eVentuais dificufdades.$

4 VASCONCELOS, Celso dos Santos. AvaliaC;30: Concepc;c3o dialetica - Libertadora do Processode Avaliac;c3o Escolar. Sao Paulo, Cadernos Pedag6gicos do Libertad-3, 1993. p,43.5 VASCONCELOS, op. Cil. p.137.

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Outra questaa a ser analisada se refere a apiniaa do aluna sabre

"0 erro". Para ele, 0 erro e vista como uma atitude culpasa e par vezes tamada

como defeito, cuja responsabilidade "nica e exclusiva Ii do aluno, que a pratica

considerada de forma descontextualizada, a que dificulta sua interpreta9ao.

41% dos alunos afirmaram que quando erram a procedimento mais

utilizado pelos professores Ii 0 de atribuir pontos negativ~s, ou seja, tem a nota

rebaixada.

Errar no processo de avaliayao naa se constitui na realimentayaa do

processo de construir a conhecimento, mas no de atribuir uma nota.

liEu fico com um ponto a menos e uma nota mais baixa"

(aluno)"~mais uma nota que baixa e mais uma coisa que voce nao aprende"

(aluno)

Nestes casos 0 erro e visto como fonte de castigo, como nos lembra

Luckesi, ou seja, a aluna e penalizada com a perda de pontos por nao ter

correspondido as expectativas do professor.

Acreditamos que 0 erro nas atividades escolares precisa e deve ser

corrigido pelo professor, mas que essa correyao seja realizada principalmente

atraves de questionamentos junto ao aluno, para que esse possa entao justificar

qual raciocinio 0 levou a determinada resposta.

Dessa forma 0 erro passa a ser visto como fonte de virtude ou de

crescimento, resultado da observayao do fato tal qual acontece sem preconceito

para que dele passam ser retirados os possiveis beneficios. Isto acontecera amedida que 0 preconceito for vencido dando espayo a observayao. "E preciso,

antes de mais nada, observar, para depois ju/gar." 6

Ainda obtivemos respostas sobre como 0 aluno se posiciona frente ao

erro, referindo-se ao processo de revisao de conteudo, sem priorizar apenas umanota final.

G LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliayao da Aprendizagem Escolar: Estudos e Proposic;6es. SaoPaulo, Papirus, 1995. p.137

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"eu apago e tento arrumar'

"eu procuro estudar mais"

"eu corrijo e no outro dia que fizer a prova a gente /embra do e"o e nao

erra mais"

(alunos)

Essas respostas representam 44% dos alunos que fizeram parte da

pesquisa, e tambem dao a ideia do erro como algo indesejilVel. Abandonando

qualquer possibilidade do erro ser visto como um trampolim para 0 crescimento,

uma vez que e condenado, portanto precisa ser combatido.

Os demais 15% responderam que quando erram a professora os corrige;

somente em uma das respostas observamos a possibilidade do aluno refaze-Ia.

Veja:

"born se eu errar, eu posso consertar e arrumar os meus erras".(aluno)

Para finalizar perguntamos quais seriam as sugest6es para melhorar 0

processo de avalia9ao na escola.

Como ja era de se esperar a maiaria absoluta, au seja, 81% das

respostas aprovam a atual pratica de avalia9aO na escola. Em relac;:ao a isso

observamos que 0 aluno nao questiona, reproduz a que ja esta sedimentado.

"gosto dessa forma que sou ava/iado e nao tenho sugestoes"" eu nao acho que deva mudar"

(alunos)

E quando questiona nao consegue prop~r nada diferente do ja

estabelecido.

Podemos considerar que essa aceita9ao passiva se deva em grande

parte pelo fato dos alunos nao terem experenciado outras formas de avalia9aO

senao as ja citadas por eles anteriormente ( provas, testes, trabalhos, leituras,

comportamento), 0 que dificulta a amplia9ao aos espa90s para se efetivar a

avalia9aO. E tambem pelo condicionamento do qual foram submetidos desde 0

primeiro dia de vida escolar, reproduzindo assim 0 processo seletivo imposto

socialmente.

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Nao e dificil encantrar em nassas escalas situac;6escomo essa descrita parVASCONCELOS 7 .

... ) Os alunos ja es/ao condicionados, defonnados pela enfase a nota,ou seja, 0 sO rnobilizarn, s6 fiearn quietos, quando sao ameac;ados,pressionados pela nota. Os proprios alunos diante da indisciplina dosco/egas.mandam: 'tira ponto, professor!

Entretanto, se a escola se propor a romper com tal situa9ao ten; que

modificar totalmente esse tipo de rela9ao que alunos e professores estabelecem

com a conhecimento com a aprendizagem e par canseguinte com a avaliaC;ao.

A atual pratica esta bastante enraizada como podemos perceber nessa fala

onde avaliac;aoe comportamento sao sinonimos.

"Para quem faz bagunc;a uma nota baixa, para quem faz pouca bagunc;auma nota mais ou menos, para quem nao faz bagunr;a

uma nota alta"(aluno)

Apesar da opiniao quase que unanime em relaC;ao a avaliac;ao,obtivemas

duas sugestaes diferenciadas. Uma que preve a inclusao de trabalhos em grupo

como forma de avalia9ao, e a outra que propae a realiza9ao de pesquisas.

A nosso ver ambas se constituem em instrumentos riquissimas para

promover uma aprendizagem realmente significativa para 0 educando, permitindo

a ele buscar a conhecimento de maneira mais prazerosa com menos desgaste

tanto para 0 aluno quanto para 0 professor.

Para isso nao precisamos abolir de nossas escolas os instrumentos ja

utilizados para avaliar, e sim abrir mao do uso autoritario da avaliac;ao, alterando

completamente nossa postura e pratica em relac;ao a avaliaC;ao e 0 proprio

conhecimento. Nesta situac;ao vale lembrar, "novas ideias abrem possibilidades

de mudamia, mas nao mudam .. 0 que muda a fealidade e a pfatica". 8

2.2 A Percep9ae des Pais

'VASCONCELOS, op. Cit. p. 35.8 Ibid. p.53.

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Foram enviados 30 questionarios, dos quais 21 retornaram.

Antes de entrarmos propriamente nas quest6es sobre avaliac;ao,

procuramos saber qual 0 grau de formac;ao dos pais.

Os dados podem ser conferidos na tabela abaixo:

% Escolaridade

20 prirnario incompleto

10 primario incomplete

10 1° grau incomplete

30 l' grau completo

15 2' grau incompleto

10 2' grau completo

5 3' grau completo

Quanto as quest6es de avaliac;ao propriarnente ditas, percebemos que,

as concepc;6es tradicienais acerca da avaliac;ao nao estao arraigadas somente na

cabec;a dos professores, pois tambem mostram-se muito presentes no discurso

des pais.

Quando perguntamos 0 conceito dos pais sobre avaliay.o escolar, 19%

a relacionam com 0 comportamento e somata ria de netas.

Urn pai assim se expressa: "E a somat6ria de pontos que 0 a/uno recebe

sabre comportamento, conhecimento sabre a materia, disciplina, etc. ".

Essa afirmaC;ao denota que os pais reproduzem 0 mesmo sistema de

avaliayao per eles vivenciado, sistema de cobranya e de atitudes autoritarias.

LUCKESI 9, a esse respeito afirma que:

9 LUCKESI, op. cit. p. 28.21

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A pratica esco/ar predominante hoje se realiza dentro de um modelote6rico de compreensao que pressupoe a educaqao como um mecanismode conservaqao e reprodur;ao da sociedade. 0 autoritarismo e e/ementonecessario para a garantia desse modelo social, dai a pratica da avaliaqaomanifestar-se auloritaria.

Os pais se posicionaram nao em relac;:aoa avaliac;:aoda aprendizagem, e

sim, a uma avaliac;:aoda escola, considerando-a muito boa, demonstrando nao

conhecer 0 tipo de avalia9ao praticada.

"Eu goslo do cofegio, e uma escola boa, nunca me decepcionou, esperoque continue assim".

(Pai)

Quando perguntados sobre como seus filhos sao avaliados, a grande

maioria afirma saber como ela e feita, entretanto poucos citam os instrumentos

que sao utilizados.

Quando indagamos 0 que pensam a respeito constatamos que 43% dos

pais consideram a avaliac;:aoda aprendizagem boa. mostrando-se satisfeitos.

Porem 33% se omitiram a essa resposta mesmo tendo afirmado saber como

seus filhos eram avaliados.

Por Dutro lado, uma pequena minoria aponta a necessidade de se primar

mais pelo raciocinio aDfalar sabre a sistema de avaliaryaoda escola.

"Regular, porque 0 afuno decora mais que aprende"(Pai)

A fala desse pai nos indica a importancia de se redimensionar a pratica

avaliativa tornando-a mais coerente com um projeto de transformayao social.

Conforme LUCKESI" enfatiza:

Estando a alual pratica da avaliar;ao educacionaf escolar a serviqo de umentendimento le6rico conservador da sociedade e da educar;ao, paraprop~r 0 rompimenlo de seus limiles, que e 0 que procuramos fazerlemos de necessariamenle silua-fa num contexto pedagogico, ou seja,temos de, opostamente c%car a avaliar;ao escolar a servir;o de umapedagogia que enlenda e es/eja preocupada com a educar;ao comomecanisme de transfonnar;ao social.

I LUCKESI, op. cit. p. 26.

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Com relayao a participayao dos pais na vida escolar de seus filhos,

95% alirmam auxiliar na realiza9ao de tarelas de casa. Esse dado e

significativo pois revela que de algum modo as pais acorn pan ham a educando

em suas tarefas escolares.

Apenas 5% afirmam nao auxiliar seus fithos nas tarefas. Justificam

"nao ter tempo". Contudo, demonstram em outro momenta nao estar as margens

do processo de aprendizagem do seu filho

Quando perguntado 0 que voce laz quando percebe que seu filho nao esta

aprendendo, responde: "Conversaria com a professora para saber 0 que es/a

acontecendo. "

Com 0 objetivo de sabermos que relayao as pais estabelecem entre a

aprendizado e a nota, perguntamos se seus filhos apresentam notas baixas

regularmente. 86% afirmam que seU$ filhos nao apresentam notas baixas, as

demais afirmam que seus filhos apresentam notas baixas com regularidade.

No caso de apresentarem notas baixas a maioria dos pais dizem conversar

e orientar seus filhos a estudar. No entanto essa orientayao compreende atitudes

como:

"PUXQ a orelha e mando es/udal".(PAl)

A imposi9aO do castigo enquanto alternativa tambem esteve presente.

Essa atitude denota 0 quanto 0 castigo ainda e utilizado para obter empenho do

educando.

Dessa forma, 0 erro gera castigo, inclusive fisico, como forma de corrigir

uma falha na assimilayao de determinado conteudo.

Acreditamos nao ser 0 castigo que justificara uma posterior melhora, e sim

o medo de tal atitude, pois ele s6 loi castigado porque nao conseguiu um padrao

de aluno socialmente preestabelecido conlorme ressalta LUCKESI:"

A ideia e a pratica do castigo decorrem da concep~ao de que as condutasde um sujeito, no caso ° aluno que n~o corresponde a urn padrao

II LUCKESI, op. Cit. p. 52

23

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preestabe/ecido. merecem ser castigados a fim de que ele 'pague' 0 seuerro e aprenda a conduta que seria correta

Concluimos que a nota ainda e fator relevante para tomada de decisoes

tanto dos pais quanto dos professores como dos proprios alunos.

Sobre a reprova9ao dos filhos, 67% dos pais responderam que estes

nunca foram reprovados. Os demais 33%, afirmam ja ter passado por essa

experiencia.

A posi9ao dos pais diante da reprova9ao e bastante divergente.

57% aprovam, pois entendem que esta seja a (mica forma de "punir quem nao

estudou", os demais pais apresentam opinioes diversas. Uns entendem que a

reprova9ao deva ser 0 "ultimo recurso" a ser utilizado, outro acha dificil falar de

reprova9ao "no atual sistema". Apenas urn pai defende a nao reprova9ao e

procura incentivar 0 filho oferecendo recompensas.

A maioria dos pais veem a reprova9ao como algo que depende somente

do aluno nao considerando todo 0 contexte que envolve a dinamica de

trabalho, os metodos de ensino e os limites do processo de ensinar. Tendo como

agravante dessa situa9ao a profecia auto-realizante, aqui entendida como urn

julgamento previo e superficial, muitas vezes esteriotipado em relac;ao ao

potencial do aluno.

Oiante do exposto entendemos ser urgente repensar a questao da

reprova9ao na escola, buscando trabalhar as causas da mesma.

Quando perguntamos aos pais se concordam com a forma como seu filho

vern sendo avaliado, 67% responderam afirmativamente. Apenas 5% nao

concordam.

Percebe-se nas falas dos pais que concordam com a forma como seu filho

vern sendo avaliado uma aceita9ao condicionada ao "born desempenho dos

filhos". Veja:

"Sim concordo, porque 0 a/uno lem que estudar para aprender. E fazendoprovas e traba/hos, ele con segue aprender me/hor"

(Pai)

"Concordo pois quando ele lira nota baixa em uma prova ainda temrecuperat;iJo da mesma prova, acho isso 6limo"

(Pai)24

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Podemos supor que a fato dos pais aprovarem esta forma de avalia~ao

ocorra par terem interiorizado a experiencia vivid a par eles enquanto alunos,

considerando-a como (lnica forma de garantir a aprendizagem.

Entretanto, alguns pais concordam parcialmente com as formas mais

tradicionais de avalia,ao. Ressaltam que a escola deveria fazer 0 aluno pensar

mais, au seja, que a escola deveria desenvolver mais a sensa critico da crian~a

e nao apenas torna-los meros repetidores dos conteudos repassados.

A fala dos pais nos leva a refletir acerca da atual avalia,ao escolar e do

proprio sistema de ensino, e 0 reiniciar qualquer transformayao mais profunda.

Existem estudos e pesquisas mais recentes que comprovam a utilizayao

de outras formas de avaliar com maior eficacia. Estas concebem a crian~a como

um todo, de modo a favorecer as que apresentam maiores dificuldades na

aprendizagem, aquelas que sua vez iraQ se evadir da escola por nao conseguirem

acompanhar aos padr6es estabelecidos.

Ao perguntarmos sobre a freqOencia com que as pais se dirigem a escola,

pudemos constatar que a grande maioria, 57% comparecem a escola apenas

quando sao chamados, geralmente para entrega de notas.

Isso demonstra 0 quanta a escola esta sozinha para executar seu

trabalho, e 0 quanto os pais estao alheios a esse trabalho.

Por outro lado, a escola solicita a presenya dos pais apenas para ouvir

reclamayoes, para entrega de boletins ou para colaborar financeiramente com a

escola.

Todavia fica a pergunta: Que outro espa,o tem os pais para participar da

vida escolar dos seus filhos?

Felizmente ha uma parcela de pais, 24%, que dizem ir a escola para

conhecer a trabalho desenvolvido.

Desta surge outra questao: De que forma a escola tern se estruturado

para oferecer informayoes aos pais, uma vez que constatamos nao ser uma

constante a presenya de pais na escola.

Apenas 10% de todos os pais pesquisados comparecem a escola seus

filhos obtem notas baixas demonstrando que a nota baixa e uma preocupa,ao

que os pais querem dividir com a escola.

Quando perguntamos aos pais sobre 0 tempo disponivel para conversar

com a professora, 43 % afirmam estar sempre disponiveis, 28% disp6e do dia de25

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entrega de notas e apenas 19% nao dispoe de tempo nenhum. Desta forma cabe

a escola se articular para desenvolver urn trabalho mais consistente com as pais.

Par ultimo perguntamos como os pais gostariam que seus filhos fossem

avaliados, 46% aceitam como esta sendo realizado, 19% omitiram-se e outros

reivindicam algum tipo de mudan9a.

o alto Indice de aceita9ao da atual pratica de avalia9ao, por parte dos pais,

ja era uma estimativa da equipe tendo em vista 0 grande numero de pais que

afirmaram concordar com a forma de avaliac;ao praticada. T alvez isso S9 deva ao

fato da escola nao possuir uma (mica proposta de avalia9ao que seja trabalhada

sistematicamente.

Embora em numero bastante reduzido, ha propostas dos pais sabre

mudamyas. A escola deveria:

"desenvolver mais 0 sense crltico, mais 0 raciocfnio"

"explicar porque ele esta sendo ava/iado"(Pai)

(Pail

Essas falas nos traduzem com precisao a insatisfayc30 de alguns pais em

rela9ao a avalia9ao e que de alguma forma vem demandando uma resposta da

escola.

A escola por sua vez optando par mudan9as na forma de conceber e

conduzir a avalia9ao, podera encontrar respaldo em teorias como a de

HOFFMANN":

A 8valiaqAo e a refiex§o transformada em aqao. AqBO essa que nosimpulsiona a novas reflexoes. Ref/exilo permanente do educador sobresua realidade. e acompanhamento passe a passo, aD educando, na sualrajet6ria de construgao do conhecimento.

Finalmente pudemos verificar, atraves dos dados coletados, que a

questao da avalia9ao continuara sendo objeto de estudo de educadores, uma vez

que constitui-se em urn dos diversos desafios que a escola enfrenta.

12 HOFFMANN. Jussara. Avaliayao Escolar: Julgamento ou Construyao? Petr6polis: Vozes,1995. p. 18

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2.3 A Percepc;:ao da Professora

Com 0 objetivo de conhecermos como a professara de Lingua

Portuguesa da 4a. serie percebe as quest6es relacionadas com a avaliary.3o da

aprendizagem, elaboramos urn questionario contendo 10 quest6es.

Alem do questionario respond ida pela professora, pudemos cantar com

sua participary80 em reuni6es semanais, quando discutia-se as encaminhamento

das atividades com a turma. E diga-se de passagem, esses foram as

momentos mais significativos pois como a propria professora colocou, era a

unica oportunidade que tinha para discutir com alguem suas propostas, dividir

suas preocupa96es e expor suas incertezas.

Apesar do tempo para essa traca ter sido pequena, apenas uma hara aula

par semana, pudemos discutir todas as atividades realizadas com a turma e

ainda algumas quest6es teoricas, na medida em que retomamos a questionario

por ela respondido no inicio da pesquisa

Segundo a professora um criterio importante para a realizac;ao da avaliac;ao

e a "justic;a". Entende que nosso sistema escolar esta estruturado de forma a

exigir um conceito quantitativo, sendo que a mesma procura avaliar 0 aluno como

urn todo utilizando para isso.

Utrabalhos que os alunos fazem, provas, testes, exercicios,observaqaes e procuro registrar momentos significativos".

(Professora)

Em alguns momentos discutimos os instrumentos utilizados para a

realizac;ao da avaliac;ao.

A questao que se colocava era a de "que instrumentos possibilitariam a

concretizac;ao de uma pro posta de avaliac;ao mediadora do ponto de vista da

construc;ao do conhecimento?"

Ha uma tendencia em se negar a utilizac;ao da prova e outros instrumentos

considerados tradicionais quando 0 mais importante seria redimensiona-Ios.

Porem, se utilizarmos a prova com uma func;ao diagnostica mudaremos

seu enfoque. Oesse modo, a avaliac;ao toma outra dimensao, pois nao se

encerra na verificac;ao, mas constitui-se em elemento para tam ada de decisaa

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do professor e retomada do seu trabalho.13

A professora afirma que ao perceber que seus alunos naD aprenderam

determinado conteudo procura, uoporlunizar momentos para 0 atuno retazer seus

traba/has e ree/abarar seus conhecimentos", Acredita, que 0 erro deveria ser

encarado de forma normal, upois a partir dele 0 a/uno ree/abara seus conceitos"

VASCONCELOS'4 afirma: "Sabemos que a erro faz parte na aprendizagem,

na medida que expressa uma hip6tese de constru9Bo do conhecimento ( .. rNeste sentido 0 efro e util aD aluno na medida que busca alternativas para

construir seu conhecimento, e para 0 professor, porque mostra 0 raciocinio do

aluno. Sendo 0 erro urn elemento informativo para urn redimensionamento

da pratica.

Durante 0 period a que acompanhamos a turma percebemos mementos em

que as alunos puderam refazer as erros em atividades diarias. Nas provas,

redac;oes, ditados, testes os erros sao assinalados para que 0 aluno perceba 0

que deve melhorar.

A professora entende a processo de aprendizagem como alga

dinamico, determinado par diversos fatores. Atraves das aulas isso tornou-se

evidente na medida em que a mesma chamava os alunos para assumirem 0

compromisso com sua aprendizagem. Porque nao basta que 0 professor ensine,

e preciso que 0 aluno queira aprender e vice-versa.

Acreditar no potencial do aluno e fundamental, principalmente quando estes

ja trazem de casa uma baixa auto-estima

A reprovaC;ao e vista pela professora como urn meio para 0 aluno melhorar

a aprendizagem. Mas deve ser tambem a ultima medida ap6s oferecer todas as

oportunidades para evita-Ia Ate mesmo porque nao ha como fugir do sistema.

o problema nao se encerra na reprovac;ao em si. Ha de se considerar

suas conseqOencias, e mais ainda, no ana seguinte os alunos reprovados

voltam com as mesmas dificuldades e talvez menos autoconfianc;a. Por sua vez

a escola continuara a mesma, a professor, os conteudos e a mesma forma de

avaliar. Qual a possibilidade de se obter um resultado diferente?

E necessario que a escola descubra e discuta as causas da reprovac;ao

atacando-as com determinaC;ao ou continuaremos com os altos indices de

13 LUCKES1, op. cit. p.2B.14 VASCONCELOS, op. cit. p. 71.

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reprovayao existentes,

A professora aponta algumas dificuldades que encontra para avaliar a

aprendizagem do aluno. Uma delas se refere ao aprofundamento teorico, e al8m

de conhecer a teoria, relaciona-Ia com a pratica. Afirmou ainda que nos cursos

de magisterio (a nivel de 2° e 3° graus) 0 tema avalia9aO foi pouco estudado

e discutido, isso a tem obrigado a buscar leituras sobre 0 tema.

Outra diliculdade apontada e a lalta de um trabalho coletivo na escola.

Na medida que nao he esse coletivo construfdo, 0 trabalho se fragmenta e

qualquer iniciativa isolada acaba por se diluir no conjunto.

Conforme ja tratamos anteriormente, 0 trabalho da escola passa por uma

crise profunda, porem nao se pode permitir que ela perpetue e que ela sirva para

justificar a desarticulayao no pedagogico da escola.

A professora diz que a avalia9aO precisa ser repensada, tanto a nivel de

sala de aula, quanto a nivel de sistema educacianal. E necessaria discutir em

conjunto e estabelecer novos criterios para melhorar a pratica avaliativa.

Se considerarmos somente 0 questionario respondido, podemos perceber

uma visao bastante idealista da professora conceber a problematica da

avaliacyao. No entanto, ao longo do periodo em que acompanhamos seu trabalho,

pudemos observar que ha um comprometimento com 0 pedagogico,

colocando-a a par das possibilidades e limites de seu trabalho

Finalmente, queremos registrar que a ausencia de um projeta Politico

Pedagogico na escola, em con sequencia de um planejamento estrategico

dificulta a realiza9ao de um trabalho conjunto, ponto esse lembrado Inumeras

vezes pel a professora.

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CAPITULO III

UMA EXPERIENCIA DE AVALlA9AO NUMA TURMA DE 4'. SERlE NA

DISCIPLINA DE liNGUA PORTUGUESA.

Com 0 abjetivo de conhecermos a dina mica do grupo, realizamos algumas

observac;6es em sala de aula, em situ8c;oes de aprendizagem e de avalia<;8o com

uma turma de 48, serie na disciplina de Lingua Portuguesa.

Para delimitarmos 0 que seria observado fcram definidos alguns eixos

interaC;80 professor-aluno-conhecimento, a metodologia e a avaliac;ao da

aprendizagem.

Na interac;ao professof-aluno-conhecimento, constatamos que esta S8

constitui numa relaC;80 bastante complexa e cheia de contrastes.

o espa,o da sala de aula e 0 cemlrio on de cada um de seus

personagens (professores e alunos) trazem consigo Qutras historias que nao as

escritas nos livros, mas as praticas e saberes registradas na hist6ria de vida de

cada urn.

Eo portanto nesse espa,o complexo construido diariamenle pela intera<;:§o

e que aconteee a apropriar;80 do conhecimento

Durante 0 period a observado 0 grupo S8 mostrou bastante dis posta a

trabalhar, par vezes urn tanto quanta inquietos e ansiosos em relaC;8o as

atividades. Notau-se tambem uma preocupary8o explicita referente a avaliac;ao e

atribuic;:ao de notas par parte dos abanos.

A dinamica utilizada em sala de aula pela professora favorece e estimula a

participac;:ao dos alunos nas atividades. As aulas basicamente sao expositivas e

dialogadas com a utiliza~o do livre didatico para a realizac;:ao de leituras e

atividades de estudo. Utiliza-s8 tambem de Qutras atividades elaboradas pela

professora como: utilizac;:ao de slides, fichas de leitura, fichas com gravura para

confecC;8o de redaC;8o, etc .. Outras atividades sao trazidas pelos alunos como a

brincadeira do" 0 que e?" Oogo esse baseado em adivinha,oes) atraves da qual

e bastante trabalhada a expressao oral.

Em relac;ao a avaliac;ao das atividades desenvolvidas sao marcados dias

especiais para a sua realizac;ao, e sao feitas atraves de instrumentos como:

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provas, reda~6es, fichas de leitura, testes de leitura, ditados entre outros.

Em nenhuma das aulas observadas presenciamos a avaliac;ao da aprendizagem

acontecendo simultaneamente a realiz8gao de tarefas.

Na observ8t;§o de uma atividade de avalia<;ao, no case a prova,

comprovamos que antes da chegada da professora a sala, os alunos estavam

muito agitados e ansiosos.

Era comum auvi-Ios comentar: ( ... ) eu estudei, eu nao sei nada, ( ... )

.. ) you tirar zero, ( .. ) eu sei tudo.

A pratica da realiz8gao de provas e uma constants em nossas escolas

essa par sua vez nao e uma exigemcia apenas do sistema educacional ou dos

professores, como forma de ter-S8 a ~garantia" de que 0 aluno real mente

aprendeu determinado conteudo. e sim como pressao dos pr6prios pais e da

sociedade como urn todo.

E interessante tambem observarmos como os educadores de maneira

geral, reagem a algum tipo de inova9iio em rela~ao a avalia9iio. A preocupa9iio

primeira consiste em aprender novas tecnicas e instrumentos para se obter

resultados, antes mesmo, de compreender 0 verdadeiro "senti do da avalia9ao da

aprendizagem na escola"

A esse respeito concordamos com HOFFMANN" em rela9iio ao atual

sistema de avaliayao nas escolas:

A verdade e que tal sistema classificat6rio e tremendamente vago nosentido de apontar as fa/has do processo. Nao aponta as reaisdificuldades dos a/unos e dos professores. Nao sugere qua/querencaminhamento, porque discrimina e seleciona antes de mais nada.Apenas reforqa a manutenqao de uma escola para poucos ..

Comentaremos a seguir as atividades desenvolvidas junto ao grupo da

4a serie.

o relato das atividades serao descritas de acordo com a ordem em que

foram acontecendo. Assim, a dramatizayao foi a primeira atividade realizada

com 0 grupo. Essa atividade fazia parte dos planas da professora, que nos

colocou ser do seu interesse analisar seus alunos. Os alunos representaram uma

12 HOFFMANN, op. Cit. p. 26

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situa9ao por eles vivenciada em familia. A professora sugeriu 0 tema

"hora do cafe".

Essa atividade nos possibilitou uma aproxima9ao ainda maior com a

turma e serviu para que pudessemos compreender algumas atitudes das crian\,as

em sala de aula.

Apresentada a atividade, e esclarecidas as duvidas a professora come\,ou

a distribui\,ao de papeis (pai, mae, irmaos).

Num primeiro momento aconteceu muita confusao e uma certa

desorganizaltc30 do grupo, todos queriam participar ao mesmo tempo.

A professora precisou intervir para que 0 grupo pudesse se organizar e entao

comeltar a representaltao.

Durante a apresenta\,ao dos varios grupos formados, algumas praticas

tornaram-se comuns, prevalecendo a imagem de uma familia conservadora. A

figura da mae se transformou no ponto forte do cafe da manha. 0 pai e

representado por um personagem autoritario, portanto temido.

o relacionamento entre os irma os se refletiu de forma bastante agressiva,

caracterizado pelo tom de voz empregado durante as verbalizalt0es e pela

situa9ao de brigas.

Sabemos no entanto que para a crian\,a, fic\,ao e realidade sao coisas

multo pr6ximas e que na dramatizaltao 0 real sede espalto ao imaginario, afantasia. Todavia sabemos tambem que ambas tem seu cunho verdadeiro.

A auto-avalia\'ao tambem fez parte das atividades da pesquisa sendo

uma pratica que vinha sendo adotada pela professora. Assim, no dia destinado

a realizac;:ao desta tarefa participamos mais como observadores.

A professora, ao iniciar a auto-avalia9c30 fez uma chamada muito

interessante aos alunos sobre a impartancia da avalialtao no processo de

ensino- aprendizagem, buscando campromete-Ios com 0 mesmo. Alertou quanta

a responsabilidade que cada urn deveria ter com as atividades de rotina, bern

como da avalialtao e a importancia daquele momento de reflexao sabre 0 trabalho

desenvolvido.

Em seguida, a professora estabeleceu alguns criterios, das quais os

alunas deveriam se avaliar, como 0 canteudo estudado, a trabalho da professora,

o que necessitava ser melhorado, a que estava bom, a disciplina e sugestoes.

No desenrolar da atividade e de posse da palavra, os alunos pouco32

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tin ham a falar. A auto-avalia~ao se limitou a depoimentos superficiais como:

"eu gostei do conteudo, "tem que me/horar na discip/ina".

Quanta as sugestoes: "Fazer menos bagunga", "Estudar mais".

Entendemos que a dificuldade apresentada para falar a respeito de si

proprio e do outro fosse devido a falta de pratica desse momenta de reHexao e

dialogo. A maior parte do tempo que passamos em sala de aula a professor se

viu na obriga,ao de manter seus alunos ocupados com alguma tarefa, com

receio de que a aula se transformasse em "anarquia"

Dessa forma 0 dialogo a discussao e a reflexao nao teve seu espac;o

garantido, devido a inseguran9a par parte do professor de nao conseguir dar

continuidade ao programa estabelecido e par nao conseguir controlar a turma.

Uma outra atividade desenvolvida foi 0 uso das fichas de

acompanhamento individual (em anexo).

a objetivo dessa atividade, foi 0 de despertar os alunos para uma maior

participa~ao em rela~aoa sua pr6pria avaliayao, ao passo que, a cada registro

eles fossem se percebendo no processo. Conseguindo assim identificar atraves

das fichas seu crescimento e eventuais dificuldades apresentadas nas atividades

de reda,ao, interpreta,ao de texlo e gramatica.

A apresenta,ao das fichas a classe, foi acompanhada por uma situa,ao

interessante; todos queriam saber se 0 preenchimento das fichas iria valer

notas, demonstrando, como ja falamos anteriormente, a preocupayao em relac;:ao

a nota.

De maneira geral, pudemos constatar que as crianc;as foram bastante

sinceras ao preencherem as fichas, e par vezes rigorosas quanto a sua pr6pria

avalia,ao.

A maior resistencia por eles apresentada, foi quanto a contagem do

nlimero de erros contidos na reda,ao para 0 preenchimento da ficha vindo

assim a confirmar as respostas obtidas nos questionarios, onde os erros sao

vistos como defeitos.

Em conversa com a professora sobre a analise que haviamos realizado

das reda,oes questionamos a utiliza,ao aos conceitos atribuidos tipo:

Bam, Goslei, Muilo Bam, Precisa me/horar, entre outros.

Na oportunidade colocamos que, para a crianc;:a esses conceitos nao

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refletiam efetivamente como ele esta e nem em que real mente precisa melhorar.

As sugest6es de encaminhamento feitas foram basicamente quanto a

maior clareza dos conceitos atribuidos e no oferecimento de urn atendimento

mais individualizado, atentando para as dificuldades de cada um e a

possibilidade de se refazer a redac;ao, criteria basi co para a construc;ao do

conhecimento.

Para finalizar nossa pesquisa com a turma, elaboramos uma atividade

contendo 0 conteudo por eles ja trabalhado em sala e cobrado em prova.

A atividade foi realizada sem aviso previo, 0 que causou urn certo receio por

parte dos alunos por acharem que seria uma prova e nao estavam preparados.

Ao explicarmos a atividade, em nenhum momenta informarnos que tal

atividade valeria nota, e no caso de duvidas poderiam consultar 0 livro. Essa

atitude causou certa tranqOilidadeaos alunos.

Para nossa surpresa, ao avaliarmos essa atividade e comparanda-a com a

prova feita pela professora pudemos constatar que 0 nivel de acertos da turma foi

equilibrado e que alguns alunos ainda nao conseguiram dominar parte do

conteudo trabalhado, no caso "verbos".

As dificuldades comumente apresentadas pelos alunos, constituiram-se

basicamente no dominic dos mod os e tempos dos verbos e sua identificac;ao

nurn contexto.

Essa dificuldade e perfeitarnente compreensivel se levarmos em conta a

forma como e estruturado 0 conteudo no programa, onde os verbos sao

trabalhados de forma descontextualizada.

o objetivo dessa atividade foi saber se ha a necessidade de marcar datas

para realizar a verificac;ao de conteudo e acabar com 0 fantasma da prova

marcada.

Porem, 0 que percebemos e que nao houve diferenc;a significativa no

numero de acertos, ° que mais uma vez vem a confirmar que nao ha necessidade

de se marcar um dia especifico para a avaliayao. Isso deveria ocorrer

simultaneamente durante as aulas e ao final de cada atividade realizada.

Acreditamos que esta sera uma atitude que viria contribuir para a

dismistifica,8o do valor atribuido a nota.

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CONSIDERA<;OES FINAlS

Durante 0 desenvolvimento deste trabalho nos propusemos a pesquisar a

questao da avaliagao da aprendizagem numa turma de 4a. serie; entendendo

esta como urn componente do processo educativo.

Na perspectiva da construgao do conhecimento a avaliac;ao da

aprendizagem e concebida como realimentadora do processo pedagogica, uma

vez que assume a funyao de diagnosticar 0 estado em que S8 encontra a

aprendizagem de cada alune

Dessa forma a avaliac;ao naG pode ser considerada isolada dos demais

elementos que compoe 0 processo de aquisiC;80 do conhecimento.

Assim, buscamos trabalhar a avaliac;ao de forma contextualizada, ou

seja, na elaborayao dos conteudos e na escolha da metodologia a ser utilizada.

Atraves dos dad os coletados, constatamos que essa vi sao de avaliayao

nao esta presente na concepyao dos pais, dos alunos. nem dos professores.

Entretanto, ressaltamos a atitude da professora com a qual realizamos

a pesquisa frente a pratica de avaliayao exercida. As discuss6es,

questionamentos e sugest6es promovidos atraves das atividades realizadas

resultaram numa reayao positiva, pois levou-a repensar a forma como vinha

avaliando seus alunos, percebendo que mesmo estando comprometida com 0

processo de aquisiyao do conhecimento dos alunos em algumas atividades a

avaliayao era realizada de forma mecanica.

Neste sentido, a experiencia vivenciada pela professora provocou uma

refiexao e consequentemente uma mudanya de atitude frente a avaliay8o,

propondo-se a redimensionar sua pratica de avaliayao para 0 ana seguinte.

Na escola pesquisada 0 entendimento e a pratica predominante acerca da

avaliayao e bastante diversa e por vezes contraditoria, por nao ter sido ainda

construida uma proposta pedag6gica consistente e consequentemente uma

proposta de avaliayiio.

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Entendemos ser urgente a constru~ao de uma proposta pedagogica para

a escola. Para isso a elabora<;ao do planejamento estrategico constituir-se-a

numa primeira etapa para a constru~ao dessa proposta.

No momenta cabe lembrar a importancia do trabalho de supervisao escolar

bem como dos demais especialistas enquanto articuladores desse processo. Eo

importante que esses profissionais possam corresponder as necessidades pastas

pelo contexto escolar a competencia tecnica e a comprometimento politico.

Compromisso politico para S8 colocar a favor da educa<;ao como

instancia de transforma~ao social, e competemcia tecnica para traduzir esse

compromisso, no fazer pedag6gico.

Finalmente acreditamos naD existir receitas nem modelos que sirvam

para todas as realidades escolares, pois cada realidade tem suas proprias

necessidades. Cabe aos envolvidos em cada realidade conhecer quais sao essas

necessidades, buscando formas para intervir.

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