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    5.2 Escolha do Tipo de Estaca

    Segundo SIMONS e MENZIES, so considerados os seguintes aspectos relativos ao projetode estacas:

    1. Tipos de estacas2. Estacas em solos coesivos3. Estacas em solos granulares4. Efeito de grupo de estacas5. Atrito lateral negativo6. Cargas laterais em estacas7. Ensaios de estacas

    Trs critrios de projetos devem ser sempre observados:

    a) o material da estaca no deve ser solicitado em acesso;b) deve haver um coeficiente de segurana adequado ruptura por cisalhamento;c) os recalques devem ser mantidos dentro de limites tolerveis.

    Deve-se observar que as estacas podem ser necessrias por diversos motivos, como:

    a) transferir as cargas a uma camada mais resistente e/ou menos compressvel;b) resistir a foras horizontais de encontros de pontes ou muros de arrimo;c) aumentar a estabilidade de edifcios altos;d) resistir a foras de subpresso;e) evitar danos devidos eroso superficial;f) compactar areias fofas.

    Em qualquer situao, o tipo de estaca escolhido e o mtodo de projeto utilizado seroinfluenciados pelos fatores que determinam a deciso de usar estacas, em primeiro lugar.

    H numerosos tipos de estacas, protegidos por patentes ou no, nos grupos anteriores.Considerando os fatores tcnicos abaixo relacionados, a escolha se reduz a dois ou trs tipos e aescolha final feita em geral com base no custo total, embora a reputao de um empreiteiro deestanqueidade pode ser um fator decisivo na escolha.

    Fatores que determinam a escolha do tipo de estaca

    Os fatores fundamentais que devem ser considerados na determinao do tipo de estaca aser adotado so:

    a localizao e o tipo de estrutura;

    as condies do solo, incluindo a posio do nvel do lenol fretico; a durabilidade em longo prazo. As estacas de madeira ficam sujeitas decomposio

    especialmente acima do lenol fretico, e ao ataque dos microorganismos marinhos. O concreto,suscetvel ao ataque qumico na presena de sais e cidos do solo, e as estacas de ao podemsofrer corroso, se a resistividade especfica da argila for baixa e o grau de despolarizao foralto;

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    custos totais para o cliente. A forma mais barata de estaqueamento no ,necessariamente, a estaca mais barata por metro de construo. Atrasos no contrato, devido falta de apreciao de um problema particular por parte de um empreiteiro que executa asestacas, pode aumentar consideravelmente o custo total de um projeto. O de ensaios deve serconsiderado de o empreiteiro que executar as estacas tiver pouca experincia para estabelecer ocomprimento ou o dimetro exigido para as estacas. Em particular, a ruptura de uma estacadurante a prova de carga pode implicar em despesas adicionais muito grandes ao contrato.

    conveniente recorrer a uma firma conhecida, com boa experincia local. Deve-se enfatizar que amaioria dos atrasos e problemas em contratos de estaqueamento, poderiam ser evitados por meiode uma pesquisa completa do local, to cedo quanto possvel.

    Estacas de grande deslocamento

    Estacas cravadas e moldadas no local

    As vantagens so: podem ser cravadas com uma nega predeterminada; os comprimentos das estacas so facilmente ajustveis;

    pode ser executada em base alargada, aumentando a densidade relativa de uma camda de

    fundaao granular, obtendo-se uma capacidade final de carga muito mais elevada; a armadura no determidada pelos efeitos do manuseioou das tensoes da cravao;

    podem ser cravadas com uma extremidade fechada, excluindo desta maneira os efeitos da guasubterrnea;

    podem ser cravadas com uma extremidade fechada, excluindo desta maneira maneira osefeitos da gua subterrnea;

    o barulho e a vibrao podem ser reduzidos podem para alguns tipos, como por exemplo,utilizando-se um tampo no fundo da estaca.

    As desvantagens so: inchamento da superfcie do solo vizinho, que pode afetar estruturas ou instalaes

    prximas; amolgamento do solo, que pode provocar readensamento e o desenvolvimento de

    atritos laterais negativos nas estacas; deslocamento de muros de arrimo prximos; levantamento de estacas previamente

    cravadas, onde a penetraao do p das estacas dentro da camada de apoio no foi suficiente paradesenvolver a reisistncia necessria s foras ascendentes;

    danos por trao nas estacas sem armadura ou estacas ainda com concreto fresco, onde asforas no p da estaca eram suficientes para resistir aos movimentos ascendentes;

    danos a estacas sem revestimentos ou com revestimento de pouca espessura au\inda comconcreto fresco, devido s foras laterais desenvolvidas no solo, como por exemplo,estrangulamento;

    o concreto no pode ser verificado aps a concluso do trabalho; o concreto pode ser enfraquecido se um fluxo artesiano ocorrer no fuste na estaca durante

    a retirada do revestimento; perfis leves de ao ou camisas de concreto de pr-moldado podem ser estragadas ou

    distorcidas durante a cravao; limitao do comprimento, devido fora de levantamento necessria para retiraro

    revestimento; barulho; vibrao e deslocamentos do solo podem causae malestar ou provocardanos em estruturas adjacentes;

    no pode ser cravada com dimetros muito grandes e tambm no se pode executar basesalargadas muito grandes;

    no pode ser cravada onde h limites de altura para quipamento.Comprimentos de estacas de at 24 m e cargas nas estacas de aproximadamente 1500 kN

    so usuais.

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    Estacas pr-moldadas cravadas de concreto armado ou protendido

    As vantagens so:

    podem ser cravadas com um nega predeterminada; estvel em solos compressveis, porexemplo, argilas moles, siltes e turfas;

    o material da estaca pode ser inspecionado antes da cravao; pode ser recravada se for afetada por inchamento do solo; o procedimento de construo no afetado pelo lenol fretico; pode ser cravada com granes comprimentos; pode ser transportada acima do nvel do

    terreno, por exemplo, dentro dgua para estruturas martimas; pode aumentar a densidade relativa de uma camada de fundao granular.

    As fotos mostram condies de manuseio e um ptio de depsito de Estacas Pr-Moldadas de seo quadrada da marca ICOMAC, fabricadas em Juiz de Fora/MG,.

    As desvantagens so:

    o inchamento e a alterao do solo circundante podem causar dificuldades, como asdiscutidas acima para as estcas cravadas e moldadas no local;

    no se pode modificar o compromento com rapidez; pode sofrer danos durante a cravao; a armadura pode ser determinada pelas exigncias de levantamento e transportes, e no

    pelas cargas estruturais;

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    no pode ser cravada com dimetros muito grandes ou em locais onde haja onde hajalimitaes de altura para equipamento;

    barulho, vibrao e deslocamentos do solo podem causar dificuldades.Comprimento de estacas at 27 m e cargas at 1000 KN so usuais

    Estacas de madeira

    As estacas de madeira so leves, de fcil transporte e, em alguns pases, baratas. Podemser agrupadas e reforadas com pontas de cravao. As estacas de madeira esto sujeitas sdecomposies e ao ataque por microorganismos marinho e geralmente so usadas somenteabaixo do nvel fretico, mas podem ser impregnadas sob presso, paraproteg-las quando acima do lenol fretico. Usualmente, so utilizadas como estacasfuncionando por atrito lateral, mas, s vezes, trabalham por resistncia de ponta.

    Neste ltimo caso, deve-se tomar cuidado para evitar os danos devidos ao excesso decravao. O perigo de estragar a estaca durante a cravao pode ser reduzido, limitando-se aqueda e o nmero de golpes do pilo do bate-estaca. O peso do pilo do bate-estaca deveria ser,pelo menos, igual ao peso da estaca para condies difceis de cravao e de at 20 m e cargasat 600KN so usuais.

    Estacas de pequeno deslocamento

    Exemplos destas estacas so os perfis laminados de ao, estacas helicoidais (em forma deparafuso) ou tubos de extremidade aberta e perfis ocos onde o solo, removido durante a ravao.Algumas das observaes relacionadas no item Estacas de Grandes Deslocamentos tambm seaplicam aqui.

    As estacas de perfis laminados de ao so de fcil transporte e podem ser cravadas comgrande energia de cravao. Podem ser cravadas em comprimentos muito grandes, e ocomprimento da estaca pode ser alterado rapidamente. Podem suportar cargas pesadas, e podemser ancoradas com sucesso em superfcies rochosas com taludes acentuados (Bjerrum, 1957). Asestacas esto sujeitas corroso, que pode ser prevista no projeto, ou podem ser tratadas comproteo catdica, ou pintadas.

    As estacas helicoidais so muito valiosas em obras no mar, porque podem resistir a forasde trao e de compresso.

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    De um modo geral, as estacas de pequeno deslocamento so particularmente teis se osdeslocamentos do solo e o amolgamento forem reduzidos ao mnimo.

    As estacas de perfis laminados de ao so usadas em comprimentos de at 36m, comcargas de trabalho de at 1700KN, e as estacas helicoidais, em comprimentos de at 24 m, comcargas de trabalho de at 2500KN.

    Estacas, sem deslocamento, escavadas e moldadas no local

    Vantagens

    no h risco de inchamento do solo; o comprimento pode ser prontamente alterado; o solo pode ser inspecionado e comparado com dados de investigao do local; podem ser executadas com comprimentos e dimetros muito grandes, sendo possveis

    alargamentos da base de at dois ou trs dimetros da estaca em argilas e rochas brandas; a armadura no depende do transporte ou das condies de cravao; pode ser instalada sem muito barulho ou vibrao, e onde haja limitaes de altura para o

    equipamento.

    Desvantagens

    os mtodos de escavao podem afofar os solos arenosos ou com pedregulho, outransformar rochas moles em lama, como por exemplo, no caso de calcreo mole oumarga;

    suscetvel a estrangulamento em solo compressvel; dificuldades na concretagem submersa. O concreto no pode ser inspecionado

    posteriormente; a entrada de gua pode causar danos ao concreto, caso ainda no tenha ocorrido a pega,

    ou a uma alterao do solo circundante, provocando reduo da capacidade de carga da estaca; no podem se executadas bases alargadas em solos granulares.

    O concreto deve ser lanado to rpido quanto possvel aps a escavao para evitar oamolecimentodo solo. importante que o concreto tenha trabalhabilidade, adequada, de talmodo que o concreto possa fluir pelas paredes do fuste da estaca. Na prtica, isto significa que oabatimento do concreto deve ser da ordem de 100mm a 150mm. Para evitar segregao, ninhosde abelha, exudao e outros defeitos causados por excesso de gua, o uso de um aditivoplastificante pode ser conveniente. De um modo geral, o concreto dever conter no mnimo300Kg de cimento por metro cbico.

    Comprimento de estaca de at 45m, com cargas de at 10000KN, so usuais.

    5.3 - Peculiariedades dos Diferentes Tipos de Fundaes Profundas(Segundo a NBR 6122)

    1 ESTACAS DE MADEIRAAs estacas de madeira devem atender s seguintes condies:a) a ponta e o topo devem ter dimetros maiores que 15 e 25 centmetros respectivamente;b) a reta que une os centros das sees de ponta e topo deve estar integralmente dentro da estaca;c) os topos das estacas devem ser convenientemente protegidos para no sofrerem danos durantea cravao; quando, entretanto, durante a cravao ocorrer algum dano na cabea da estaca, essaexigncia pode ser dispensada;

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    d)as estacas de madeira devem ter seus topos (cota de arrasamento) abaixo dgua permanente;em obras provisrias ou quando as estacas recebem tratamento de eficcia comprovada, essaexigncia pode ser dispensada;e)em terrenos com mataces, devem ser evitadas as estacas de madeira;f)quando se tiver que penetrar ou atravessar camadas resistentes, as pontas devem ser protegidaspor ponteira de ao;g)em guas livres, as estacas de madeira devem ser protegidas contra o ataque de organismos.

    2 ESTACAS DE AO Estacas de ao devem ser praticamente retilneas e resistir corroso, pela prpria naturezado ao ou por tratamento adequado. Quando inteiramente enterradas em terreno natural,independentemente da situao do lenol dgua, as estacas metticas dispensam tratamentoespecial. Havendo, porm, trecho desenterrado ou imerso em aterro com matrias capazes deatacar o ao, obrigatria a proteo desse trecho com um encamisamento de concreto ou outrorecurso adequado (pintura, proteo catlica, etc.) As estacas de ao podem ser constitudas por perfis laminados ou soldados, simples oumltiplos, tubos de chapa dobrada (seo circular, quadrada ou retangular), tubo sem costura etrilhos. As estacas metlicas podem ser emendadas por solda, telas aparafusadas ou luvas. Consideram-se retilneas as estacas cujo raio de curvatura for maior que 400 metros.3 ESTACAS EM CONCRETO3.1ESTACAS PR-MOLDADAS OU PR-FABRICADAS As estacas pr-moldadas podem ser de concreto armado ou protendido, concretadas emformas horizontais ou verticais, ou por sistema de centrifugao. Devem receber cura adequada,de modo a terem resistncia compatvel com os esforos decorrentes de manuseio, transportes,cravao e utilizao.

    3.2ESTACAS MOLDADAS IN LOCO As estacas moldadas in loco so executadas enchendo-se de concreto perfuraespreviamente executadas no terreno, atravs de escavaes ou cravaes de tubo de pontafechada. Podem ou no ser alargadas (por ex. Tubulo). Essas perfuraes podem ter suasparedes suportadas ou no e o suporte pode ser privido por um revestimento, recupervel ouperdido, ou por lama tixotrpica. S admitida a perfurao no suportada em terrenos nocoesivos, acima do lenol dgua, natural ou rebaixado.

    A fig. 1mostra um esquemaem que a escavao feita com p, em etapas, cuja profundidade varia de0,5 m a 2,0 m. Escoradas demadeira, ajustadas por meio de anis de ao, escava-

    se nova etapa e, assim, prossegue-se.

    utilizao de cilindros telescpicos de ao, cravadospor percusso, osquais resistem o orifcio escavado por p ou picareta.Atingida a profundidade desejada, feitooalargamento da base e, concomitantemente com aconcretagem, so recuperados os cilindros. O sistema mais empregado em solos no coesivos.

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    Anlise de custo das fundaes profundas (ABCP, 2008)

    Considerando uma escala relativa de custos da utilizao de fundaes profundas,podemos, de um modo genrico, afirmar que:

    . a estaca pr-moldada uma das solues mais econmicas;

    . a estaca tipo hlice j foi considerada de custo elevado porm, devido a sua altaprodutividade e ao aumento da demanda, houve uma progressiva reduo de custos ao longo

    dos anos;

    . a estaca Franki considerada mais custosa que as estacas anteriores (pr-moldada e

    hlice), porm de custo inferior a estaca raiz;

    . a estaca do tipo raiz apresenta alto custo;

    . O tubulo uma soluo vivel quando utilizado acima do nvel d.gua e com pequenas

    profundidades, de 4 a 6 m.

    Concluso

    O melhor tipo de fundao aquela que suporta as cargas da estrutura com segurana e

    se adequa aos fatores topogrficos, macio de solos, aspectos tcnicos e econmicos, sem afetara integridade das construes vizinhas. importante a unio entre os projetos estrutural e oprojeto de fundaes num grande e nico projeto, uma vez que mudanas em um provocamreaes imediatas no outro, resultando obras mais seguras e otimizadas.

    5.4 Prescries e Consideraes da Norma

    So apresentados aqui as prescries da Norma Brasileira (NBR 6122) sobre a elaboraode projeto e a execuo de fundaes em profundidade, particularmente no que diz respeito:

    1.1) Cargas admissveis a serem consideradas;Cargas admissveis de uma Estaca ou Tubulo isoladoTubulo isoladoEfeito de grupo de Estacas ou Tubules

    1.2) Emendas de estacas;1.3) Preparo de cabeas e ligao com o loco de coroamento.

    1.1Cargas admissveisA determinao da carga admissvel deve ser feita para as condies finais de trabalho

    da estaca, tubulo ou caixo. Essa observao particularmente importante no caso defundaes passveis de eroso, fundaes em que parte fique fora do terreno e no caso defundaes prximas as escavaes.

    1.1.1 Carga admissvel de uma estaca ou tubulo isoladoConforme j definido, a carga admissvel de uma estaca ou tubulo aquela que provoca

    apenas recalques admissveis para a estrutura e que apresenta segurana ruptura do solo e do

    elemento de fundao. Na definio dos recalques admissveis, deve ser examinada asensibilidade da estrutura projetada a recalques, especialmente a recalques diferenciais; os quais,de ordinrio, so os que prejudicam sua estabilidade. Os dois primeiros aspectos (recalques e

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    segurana ruptura do solo) definem a carga admissvel do ponto de vista geotcnico. Oltimo aspecto (segurana ruptura do elemento de fundao) define carga admissvel doponto de vista estrutural.

    1.1.1.1Carga admissvel a partir da segurana ruptura1.1.1.1.1 A carga admissvel ruptura determinada aps um clculo ou verificaoexperimental (em prova de carga) da capacidade de carga na ruptura. Essa capacidade de carga dada pela soma de duas parcelas:

    pr PPP += 1

    Onde:

    Pr = capacidade de carga na ruptura da estaca ou tubulo tambm referido como Pu capacidade de carga ltimaP1 = parcela correspondente ao atrito lateral (positivo ou negativo) tambm referido como PsPp = parcela correspondente resistncia de ponta tambm referido como Pb

    1.1.1.1.2 A partir do valor calculado (ou determinado experimentalmente) para a capacidade decarga na ruptura, a carga admissvel obtida mediante aplicao de coeficiente de seguranaadequado, no inferior a 2,0, salvo para o caso de estacas escavadas com uso de lama. (VerNorma).

    1.1.1.1.3 O atrito lateral considerado positivo no trecho do fuste de estaca ou tubulo aolongo do qual o elemento de fundao tenda a recalcar mais que o terreno circundante.

    1.1.1.4 O atrito lateral considerado negativo no trecho em que o recalque do solo tender a ser

    maior que o da estaca ou tubulo. Este fenmeno ocorre no caso de solo em processo deadensamento provocado pelo peso prprio ou devido a sobrecargas lanadas na superfcie,rebaixamento de lenol dgua ou amolgamento decorrente da execuo de estaqueamento.

    1.1.1.5 No caso de estacas em que se prevem aes de atrito negativo, a carga admissvel deveser obtida deduzindo da carga de ruptura a parcela prevista para o atrito negativo, e aplicando ocoeficiente de segurana 2,0 diferena. Isso equivale a admitir-se um coeficiente de seguranainferior a 2,0 sobre a soma das cargas til e de atrito negativo.1.1.1.6 Recomenda-se calcular o atrito negativo segundo mtodos tericos que levem em conta ofuncionamento real do sistema estaca-solo.

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    1.1.1.7 Os seguintes mtodos so usados na determinao da capacidade de carga do solo(capacidade de carga de fundaes profundas);

    a) Mtodos estticosPodem ser tericos, quando o clculo feito com teoria desenvolvida dentro na Mecnica

    dos Solos, ou semi-empricos, quando so usadas correlaes com ensaios in situ.

    Os coeficientes de segurana a serem aplicados devem ser os recomendados pelos autoresdas teorias ou correlaes.Na anlise das parcelas de resistncia de ponta e de atrito lateral, necessrio levar em

    conta a tcnica executiva, as peculiaridades de cada tipo de estaca ou tubulo; quando oelemento de fundao tiver base alargada, o atrito lateral deve ser desprezado ao longo de umtrecho inferior do fuste (acima do incio do alargamento da base) igual ao dimetro da base.

    b) Provas de cargaA capacidade de carga pode ser determinada por

    provas de carga executadas de acordo com a NBR 6121.Neste caso, na determinao da carga admissvel,

    o fator de segurana contra a ruptura deve ser igual a 2,0,devendo-se contudo observar que durante a prova decarga o atrito ser sempre positivo, ainda que venha a sernegativo a longo da vida til da estaca. Tal fato terrepercusses diretas em 1.1.1.1.5.

    O carregamento da estaca ou tubulo de provapode no indicar uma carga de ruptura ntida, isto

    ocorre quando no se pretendia levar a estaca ou tubulo

    ruptura. Ou ento a estaca e o tubulo tm capacidadede resistir a uma carga maior do que aquela que se pode

    aplicarna prova (por uma limitao de reao, p, ex.), ou

    quando a estaca carregada at apresentar um recalqueconsidervel, mas a curva carga-recalque no indica uma carga de ruptura, mas umcrescimento constante do recalque com a mesma. Nos dois primeiros casos, deve-se extrapolar acurva para de obter a carga de ruptura, o que deve ser feito por mtodos consagrados naMecnica dos Solos.

    No terceiro caso, a carga de ruptura pode ser convencionada com aquela que correspondena curva carga x deslocamento (ver Figura) ao recalque expresso pela frmula a seguir, ou poroutros mtodos consagrados.

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    D

    DA

    LPr +

    =

    Onde:r = recalque de ruptura convencional

    P = carga de ruptura convencionalL = comprimento da estacaA = rea da seo transversal da estacaE = mdulo de elasticidade do material da estacaD = dimetro do circulo circunscrito estaca

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    Na interpretao da prova de carga devem ser consideradas a natureza do terreno, avelocidade de carregamento e a estabilizao dos recalques (deslocamentos); uma prova de cargaem que no houve estabilizao dos recalques, s indica a carga de ruptura; para que se possaestabelecer uma relao carga-recalque (deslocamento) necessrio que haja estabilizao dosrecalques (deslocamentos) nos estgios do ensaio pelo menos at aquela carga.

    Deve-se observar tambm o disposto em 1.1.1.2.

    c) Mtodos dinmicosSo mtodos de estimativa da capacidade de carga de estacas cravadas a percusso,

    baseados na observao do seu comportamento durante a cravao. Dentre os mtodosdinmicos esto as chamadas Frmulas Dinmicas e os mtodos que usam a Equao daOnda. O coeficiente de segurana a adotar nas frmulas dinmicas no deve ser inferior aoproposto pelos autores, e deve conduzir s cargas admissveis compatveis com as estimativaspor mtodos estticos ou provas de carga no local da obra.

    Nota: Os mtodos dinmicos no devem ser usados isoladamente, ou seja, no dispensam o

    clculo esttico ou prova de carga.

    O melhor uso dos mtodos dinmicos no sentido de se garantir a qualidade (ouhomogeneidade) de um estaqueamento, atravs da observao de que as estacas apresentem ummesmo comportamento na cravao, cabendo aos mtodos estticos ou provas de cargadefinirem a profundidade mnima a ser atingida pelas estacas.

    1.1.1.2Carga admissvel a partir do recalque1.1.1.2.1 A verificao do recalque pode ser feita atravs de clculo por mtodo consagrado,terico ou semi-emprico, sendo as propriedades do solo obtidas em ensaios de laboratrio ou insitu (eventualmente atravs de correlaes) e levando-se em considerao as modificaes

    nessas propriedades causadas pela instalao do elemento de fundao, ou por prova de carga.1.1.1.2.2 No caso de verificao por prova de carga, a carga admissvel a carga admissvel no

    pode ser superior a5,1

    1daquela que produz o recalque (medido no topo) aceitvel pela estrutura.

    1.1.1.2.2 Quando em um projeto forem especificados o tipo de estaca ou tubulo, a carga e orecalque admissvel, a compatibilidade destes elementos deve ser verificada atravs da realizaode prova de carga. Deve ser adotado um procedimento anlogo no caso de elementos defundao submetidos a cargas horizontais com deslocamentos especificados.

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    1.1.1.3Para estacas trabalhando trao sujeitas a esforos horizontais ou a momentos1.1.1.3.1 No caso de prova de carga trao ou para carga horizontal, vale o coeficiente desegurana 2,0 ruptura e o coeficiente de segurana 1,5 em relao carga correspondente aodeslocamento compatvel com a estrutura. Se a prova de carga horizontal for realizada sem cargavertical simultnea, a fixao do deslocamento compatvel deve-se considerar a influncia dacarga vertical que atua na estaca ou tubulo.

    1.1.1.3.2 Em estruturas sujeitas a esforos cclicos, as eventuais provas de carga devem serfeitas de modo a verificar a influncia desse tipo de carregamento.

    1.1.2 Tubulo isolado1.1.2.1De acordo com o j definido, a carga admissvel sobre um tubulo isolado depende dasensibilidade da construo projetada aos recalques , especialmente aos recalques diferenciais, osquais de ordinrio so os que prejudicam a sua estabilidade.

    1.1.2.2A carga admissvel pode ser determinada atravs de mtodos tericos, provas de carga ecorrelaes.

    a) Mtodos tericosComo no caso de estacas, a capacidade de carga na ruptura de um tubulo dada pela

    soma das duas parcelas, sendo a primeira correspondente ao atrito lateral e a segunda resistncia de ponta;

    A determinao das duas parcelas deve ser feita de acordo com teoria desenvolvida pelaMecnica dos Solos, que leva em conta as caractersticas dos solos atravessados e de apoio, atcnica executiva e a existncia ou no de base alargada;

    A partir do valor calculado, a carga admissvel obtida mediante a aplicao de umcoeficiente de segurana que deve ser igual ao recomendado pelo autor da teoria, vlidas as

    consideraes de Presso Admissvel para Fundaes Superficiais;Quanto ao atrito lateral, ver o disposto em 1.1.1.1;

    b) Provas de cargaA capacidade de carga pode ser determinada por provas de carga. Na determinao da

    carga admissvel, o coeficiente de segurana contra a ruptura deve ser no mnimo igual a 2,0,devendo contudo observar que durante a prova de carga o atrito dera sempre positivo, ainda quevenha a ser negativo ao longo da vida til do tubulo. Tal fato ter repercusses diretas no item1.1.1.1.5;

    O tubulo a ser ensaiado deve ser um dos tubules a ser utilizado na obra, e caso isso noseja possvel, um tubulo executado de maneira a reproduzir o mais prximo possvel dascondies dos tubules a serem utilizados e com dimenses tais que os resultados obtidospossam ser satisfatoriamente analisados e corretamente extrapolados.

    Nota: So vlidas as demais prescries aplicveis s estacas conforme 1.1.1.1;

    c) CorrelaesA capacidade de carga do tubulo pode ser determinada atravs de correlaes diversas,

    devidamente justificadas.

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    1.1.3 Efeito de grupo de estacas ou tubules1.1.3.1Entende-se por efeito de grupo de estacas ou tubules, o processo de interao dasdiversas estacas ou tubules que constituem uma fundao, ao transmitirem ao solo as cargasque lhes so aplicadas. Essa interao acarreta uma superposio de tenses, de tal sorte que orecalque do grupo de estacas ou tubules, para a mesma carga por estaca , em geral, diferentedo recalque da estaca ou tubulo isolado.

    1.1.3.2A carga admissvel de um grupo de estacas ou tubules, e assente a uma profundidadeno pode ser maior que a de uma sapata de mesmo contorno que o do grupo. Se assente a umaprofundidade acima das pontas das estacas ou tubules igual a 1/3 do comprimento depenetrao da camada suporte (ver Figura), a distribuio de presses calculada por um dosmtodos consagrados na Mecnica dos Solos. Em particular, deve ser feita uma verificao derecalques, que , sobretudo, importante quando houver uma camada compressvel abaixo dacamada onde assentam as estacas.

    1.1.3.2.1No caso particular de conjunto de tubules de base alargada a verificao deve ser feitaem relao a uma sapata que envolva as bases alargadas e seja apoiada na mesma cota de apoio

    dos tubules.

    1.1.3.2.2 Pode-se adotar qualquer outro mtodo consagrado de clculo, desde que leve emconta as caractersticas reais do comportamento do solo.

    1.1.3.3Atendida a considerao de 1.1.3.2, o espaamento mnimo entre as estacas ou tubulesparalelos fica condicionado, apenas, s razes de ordem executiva.

    1.1.3.4As consideraes de 1.1.3.2 no so vlidas para blocos de elementos inclinados.

    1.2Emendas de Estacas As estacas de madeira, ao, de concreto armado ou protendido podem ser emendadas,

    desde que as sees emendadas possam resistir a todas as solicitaes que nelas ocorram duranteo manuseio, cravao e durante o trabalho da estaca.

    Ateno especial deve ser dada aos esforos de trao decorrente da cravao porpercusso ou vibrao.

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    No caso de estacas metlicas, o eletrodo a ser utilizado na solda deve ser compatvel como material da estaca. O uso de telas parafusadas ou soldadas obrigatrio nas emendas, sendoque seu dimensionamento deve satisfazer s normas em vigor.

    A foto ao lado mostra-nos umaemenda de duas estacas atravs desoldagem.

    As peas so produzidas com anismetlicos, incorporados s duasextremidades, e com comprimentos padresat 12 metros

    1.3Preparo de cabeas e ligao com o bloco de coroamento

    1 O topo de estacas pr-moldadas danificado durante a cravao ou acima da cotade arrasamento deve ser demolido. Nessa operao dede-se empregar, nas estacas de seotransversal menor que 2000 cm2 um ponteiro trabalhando com pequena inclinao em relao horizontal. Nas estacas de maior seo, pode-se utilizar um matelete leve, tomando-se o mesmocuidado quanto inclinao, recompondo-se quando necessrio o trecho de estaca at a cota dearrasamento.

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    2 As estacas moldadas no solo apresentam, em geral, um excesso de concreto emrelao cota de arrasamento, o qual deve ser retirado, com os mesmos cuidados indicados noitem anterior. indispensvel que o desbastamento do excesso de concreto seja levado atatingir o concreto de boa qualidade, ainda que isso venha a ocorrer abaixo da cota dearrasamento, recompondo-se, a seguir, o trecho de estaca at essa cota.

    3 No caso de estacas de ao ou madeira, deve ser cortado o treco danificado durante

    a cravao ou o excesso em relao cota de arrasamento, recompondo-se, quando necessrio, otrecho da estaca at essa cota.4 Nas estacas de concreto, quando a armadura da mesma no tiver funo resistente

    aps a cravao, no h necessidade de sua penetrao no bloco de coroamento. Caso contrrio,a armadura deve penetrar suficientemente no bloco a fim de transmitir a solicitaocorrespondente.

    5 Nas estacas de ao de perfis laminados ou soldados, quando se tratar de estacas decompresso, basta uma penetrao de 20 cm no bloco. Pode-se, eventualmente, fazer umafretagem, atravs de espiral, em cada estaca nesse trecho. No caso de estacas trabalhando trao, deve-se soldar uma armadura de modo a transmitir as solicitaes correspondentes.

    6 No caso de estacas de ao tubulares, ou se utiliza o disposto em 5 ou, se a estacafor cheira de concreto at a altura tal que transmita a carga por aderncia camisa, o disposto em

    4 como estaca de concreto.7 Nas estacas vazadas de concreto ou ao, antes da concretagem do bloco, o furo

    central deve ser convenientemente tamponado.8 O topo dos tubules apresenta, normalmente, dependendo do tipo de

    concretagem, concreto no satisfatrio. O mesmo deve ser removido at que se atinja materialadequado, ainda que abaixo da conta de arrasamento prevista, reconcretando-se a seguir o trechoeventualmente cortado abaixo dessa cota.

    9 Tubules sujeitos apenas a esforos de compresso no precisam ter ferragem deligao com o bloco de coroamento, se este existir.

    10 Em qualquer caso, deve ser garantida a transferncia adequada de carga do pilarpara o tubulo.

    11 obrigatrio o uso de lastro de concreto magro em espessura no inferior a 10 cm

    para execuo do bloco de coroamento de estaca ou tubulo. No caso de estacas de concreto oumadeira e tubules, o topo dessa camada deve ficar 5 cm abaixo do topo acabado da estaca outubulo.