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Gestão Senge-PR Forte, Unido e Resistente 2020/2023Diretor-Presidente – Leandro GrassmannConfira aqui a Diretoria

Este material é produzido pelos jornalistas Manoel Ramires (DRT 4673) e Luciana Santos (DRT 11763). O projeto gráfico e diagramação são da designer gráfica Ana Luisa Dibiasi.

Para falar conosco, envie um e-mail [email protected] ou [email protected] – Rua Marechal Deodoro, 630 – 22º andar – Conj. 2201 – Centro Comercial Itália. CEP: 80010-010. Telefone: (41) 3224-7536.

Paraná, 2020.

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Futebol, política e religião não se discutem, diz uma máxima

daqueles governados por aqueles que priorizam o debate como forma de aprimorar o mundo em que vivem e a sociedade ou que buscam manter os mecanismos de controle que normalizam preconceitos de toda espécie e a desigualdade social em cidades, estado, países e até continentes. A esses assuntos que podem e devem ser discutidos estão a economia e a engenharia civil, consequentemente. Nesta série especial, você vai ler sobre os investimentos públicos e privados, os avanços e retrocessos, as políticas destinadas ao setor e relações trabalhistas durante duas décadas. São números e dados de órgãos como o IBGE e DIEESE somados a análise de especialistas que opinam sobre

Construção civil vive crise pós Copa do Mundo

Oscilações na Engenharia Civil trouxeram forte impacto nos trabalhadores

ENTREVISTA: Engenharia Civil precisa de um projeto de país

Pandemia contaminou relações trabalhistas na Engenharia Civil

Referências bibliográficas

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a década de ouro da engenharia brasileira no Século XX até os motivos que levaram à retração do setor, além de se traçar perspectivas de futuro diante dos efeitos de uma recessão econômica potencializados pela pandemia de Covid-19. As matérias abordam o cenário da construção após a Copa do Mundo, o impacto no emprego e nos direitos dos trabalhadores, como o coronavírus contaminou as relações trabalhistas e o que o Brasil precisa voltar a fazer para crescer, gerar renda e qualidade de vida para o seu povo. Leia e construa com a gente as duas próximas décadas.

LEANDRO GRASSMANNpresidente Sindicato dos Engenheiros

no Estado do Paraná (Senge-PR)

APRESENTAÇÃO

ÍNDICE

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Retomada em 2018 fracassou no governo Bolsonaro com falta de políticas para o setor

Construção civil vive crise pós Copa do Mundo

Maracanã. Foto: Daniel Brasil / Portal da Copa

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Os grandes eventos esportivos e os Programas de Aceleração do Crescimento (PAC) trouxeram para a engenharia civil brasileira uma “década de ouro” entre 2003 e 2014. O vigor do setor, no entanto, foi implodido após a Copa do Mundo no Brasil com a crise econômica e política e com a operação Lava Jato. A Construção Civil até ensaiou uma retomada do crescimento em 2018, mas levou um novo baque a partir de 2019, já no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), com a falta de investimentos em infraestrutura e políticas de desenvolvimento para o país. O “esfarelamento” da engenharia civil já era sentida – destaque-se – no segundo semestre do ano passado, bem antes da pandemia de coronavírus atacar os brasileiros, seus empregos e a economia.

O estudo “A Construção Civil e os Trabalhadores: panorama dos anos recentes”, organizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), mostra que um dos setores mais importante do país na geração de empregos e de alavancagem do Produto Interno Bruno (PIB) se encontra sob forte ameaça. Ainda mais diante da iniciativa do Governo Federal em fevereiro deste ano de abrir espaço para que empresas internacionais participem dos processos licitatórios de grandes obras no país, desprotegendo as construtoras brasileiras sob o argumento que elas são corruptas.

Em Davos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu incluir o Brasil no “Acordo sobre Compras Governamentais”, a pedido da Organização Mundial do Comércio (OMC) para permitir o “tratamento isonômico” a estrangeiros que tenham interesse em participar de licitações e concorrências públicas no país.

Na avaliação de engenheiros brasileiros, por outro lado, a engenharia brasileira não teme a competição. Pelo contrário, ela defende regras que deem condições de entrar nesta disputa. No entanto, o que o “juiz Guedes” propunha é que as empresas brasileiras “joguem de igual para igual” com as estrangeiras em um cenário em que o setor nacional foi enfraquecido nos últimos anos e carece de incentivos atualmente.

Mas que cenário é esse?

O setor da Construção Civil apresentou forte alta no período de 2004 a 2013. Para a doutoranda da USP, Raquel Rodrigues lage, na obra A construção pesada Brasileira, as condições para o setor se fortalecer a partir de 2000 passam tanto pela proteção ao mercado interno e barreiras à participação estrangeira quanto pelo modelo de concessão de serviços permitindo a diversidade. Houve a retomada com incentivos governamentais e demanda interna por outras de infraestrutura.

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“Os programas de aceleramento do crescimento (PAC 1 e 2) focaram em investimentos em energia, refinarias, gasodutos, rodovias, ferrovias (norte-sul, transnordestina e oeste-leste) e transportes. Com investimentos de R$ 503,9 bilhões até 2010, sendo R$ 67,8 bilhões do orçamento da União e R$ 436,1 bilhões de estatais e da iniciativa privada”, relata a doutora. Em 2010, por exemplo, enquanto o Produto Interno do país cresceu 7,5%, o da construção civil bateu em 13,1%.

É a mesma avaliação do engenheiro civil, diretor do Senge-PR e assessor de Gestão de Políticas Públicas junto ao CREA-PR, Samir Jorge. Para ele, o

país adotou política de investimentos com programas de inclusão social e programas governamentais (PAC,MCMV, Criação de Universidades, Política externa, dentre outros).

“Nos governos dos presidentes Lula e Dilma (PT), o setor privado passou a perceber que estava circulando mais recursos e ampliou seus investimentos. Bancos privados baixaram juros, a exportação bateu recordes sucessivos, a indústria automobilística cresceu, setor aéreo cresceu, dentre outras ações. Por conta das ações governamentais, o setor privado passou a investir muito mais que o próprio governo”, confirma o engenheiro.

Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais em Feira de Santana/BA e entregas simultâneas em Teresina/PI, em Itabuna/BA, em

Ananindeua/PA, em Itapeva/SP e em Susano/SP. Foto: Roberto Stuckert Filho.

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Essas condições não existiram antes do governo petista. Com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a prioridade não era o investimento público e o desenvolvimento econômico do país, segundo o engenheiro civil e mestre em Desenvolvimento Econômico.

Embora o período entre 2003 a 2014 tenha sido de grandes projetos, muitos deles não saíram do papel ou ficaram mais caros do que o orçado inicialmente. Apenas duas das 10 maiores obras do PAC foram concluídas. Pouco mais de 9% no governo Lula e 26% na Era Dilma. Houve sobrepreço em 49% e a Lava Jato investigou nove grandes obras.

Muito dinheiro, desperdício de recursos

Crise política, financeirae ensaio da retomada

A partir de 2014, a instabilidadepolítica e o noticiário policial foi fundamental para que o setorpassasse a apresentar resultados negativos. Foram quatro anos dequedas superiores à própria queda do Produto Interno Bruto (PIB) total. Tanto que a retração de 2016 do PIB nacional em 3,3% refletiu em uma queda de 10% da construção civil. As grandes obras da Copa do Mundo como estádios, mobilidade urbana, corredores de ônibus, aeroportos e infraestruturas para as Olimpíadas cessaram.

“Os impactos da Operação Lava Jato, aumento dos juros e da inflação, restrição ao crédito e desemprego, além da grave crise política, foram fatores que impactaram fortemente o crédito no setor no período em análise”, avalia o documento do DIEESE.

Desde que assumiu o segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff

sofreu um processo de desgaste pelo então senador derrotado nas urnas, Aécio Neves (PSDB), turbinado pela atuação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), e as pautas bombas no Congresso, e pela pela cobertura da mídia das prisões de petistas e aliados políticos comandadas pelo ex-juiz Sérgio Moro, em parceria com o procurador da República, Deltan Dallagnol. A desconstrução implodiu o governo e levou ao impeachment em agosto de 2016.

Neste turbilhão, as obras pararam. As construtoras investigadas quase quebraram. Segundo dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC 2018), “o setor público perdeu representatividade como cliente da

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indústria da construção, com queda de 12,5 p.p. nos últimos dez anos (de 43,2% para 30,7%) nos três segmentos: Obras de infraestrutura, passando de 61,5% para 50,4%; Construção de edifícios, caindo 6,7 p.p., de 28,6% para 21,9%; e os Serviços especializados para construção, de 20,4% para 19,3%”.

O crédito para a construção civil só voltou a crescer apenas em 2018, puxado inicialmente pelo crédito para pessoas jurídicas (empresas). Época em que o governo do presidente Michel Temer (MDB) adotou a política de liberação do FGTS para ser usado na compra e reforma de casas.

Em 2017 foram liberados quase R$ 50 bilhões para os brasileiros. “O movimento de recuperação do crédito imobiliário para Pessoa Física ocorreu

nos anos de 2018 e 2019, quando houve crescimento de 7,3% e 7,4%, respectivamente”, calcula o estudo. Por outro lado, de abril a dezembro de 2014, às operações reais de crédito somaram R$ 138,8 bilhões e, no ano completo de 2019, R$ 109,3 bilhões. Ou seja, “o montante de recursos liberados não voltou ao mesmo patamar de antes da crise do setor”.

Para o engenheiro Civil, diretor do Senge-PR e assessor de Gestão de Políticas Públicas junto ao CREA-PR, Samir Jorge, as escolhas políticas do Governo Temer, no momento da crise, foram erradas. A agenda neoliberal desestimulou a economia. Ele comenta que nos anos de 2018 e 2019 houve crescimento de desemprego passaram dos 11%.

Operação Lava Jato revelou casos de corrupção e ampliou a crise política. Foto: André Richter – Agência Brasil/EBC

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“Tal fato impactou sensivelmente a geração de empregos dos engenheiros. Com a economia em retração e a falta de investimentos públicos, que se repetiu desde 2015. O modelo conservador imprimido pelo Governos Temer e Bolsonaro tiraram o dinheiro de circulação e as incertezas econômicas e políticas se ampliaram, gerando um

processo próximo à recessão e com isso, os empregos dos nossos engenheiros diminuíram na mesma proporção”, comenta. Esses impactos no trabalho dos engenheiros será abordado na reportagem “Oscilações na engenharia civil trouxeram forte impacto nos trabalhadores”.

Troca-se presidente, troca-se o rumo da construção civil. Segundo avaliação do DIEESE, o setor vinha apresentando maior atividade, a partir do 2º semestre de 2019. No entanto, essa tendência não se manteve em 2020. “Mesmo antes da pandemia da Covid-19, o setor já dava sinais de desaceleração”, pontua o estudo.

Segundo Valter Fanini, o Brasil seguiu desregulamentando o trabalho, reduzindo os direitos trabalhistas e os gastos e investimentos públicos, além de deixar ao mercado a quase exclusividade de comandar a economia. Sabemos que no curto prazo todas estas reformas são recessivas, pois retiram renda do trabalhador e diminuem o consumo das famílias”, explica.

País sem projeto

Retirando dinheiro da construção

Um dos principais pontos da retração foi a escolha política do governo de liberar a utilização do FGTS para outros setores da economia que não fossem da construção. É o caso da Medida Provisória 889, que se converteu na

Lei 9.932 de 11 de dezembro de 2019, e passou a permitir saques dos saldos das contas ativas e inativas do FGTS, para além das possibilidades previstas anteriormente.

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“O FGTS passou a ser utilizado não só como fonte de recursos para a aquisição da casa própria e para investimentos em infraestrutura (saneamento, mobilidade e etc.), mas também como um instrumento de estímulo ao aquecimento da atividade econômica. A consequência imediata disso foi a redução dos recursos disponíveis para investimentono setor da Construção Civil”, expõe o estudo.

O estudo do DIEESE faz um alerta:“o setor da Construção Civil é dependente de investimentos públicos e privados. Seu desempenho também depende bastante do crédito. Sem a retomada consistente e continuada dos investimentos, o setor tende amanter a tendência de retração oubaixo crescimento verificada nos últimos anos”.

O presidente Jair Bolsonaro e ministros durante Cerimônia de Lançamento do novo FGTS e liberação. Foto: Marcos Corrêa/PR

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Retração econômica, ausência de projetos e informalidades são marcas do período

Oscilações na engenharia civil trouxeram forte impacto nos trabalhadores

Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

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Economia bombando, brasileiros adquirindo casa própria, governos e iniciativa privada investindo em infraestrutura. Esse cenário ficou lá traz, em 2013. Época em que o setor da engenharia conseguiu um total de 7,96 milhões de ocupados na Construção Civil. Desse total, 5,7 milhões estavam na construção de edifícios, sendo seguidos por 1,9 milhão em serviços

O estudo “A Construção Civil e os Trabalhadores: panorama dos anos recentes”, promovido pelo DIEESE, mostra que a queda de participação da engenharia como um setor estratégico de desenvolvimento do país, como vimos na reportagem “Construção civil vive crise pós Copa do Mundo”, levou também empregos e direitos.

Em 2013, por exemplo, a participação da construção de edifícios era de 76,7% de tudo que era construído na engenharia civil. Naquele ano, os financiamentos imobiliários batiam recordes, chegando a R$ 134,9 bilhões. No Brasil havia menos desemprego e mais renda, alimentando o sonho da casa própria. A CAIXA encerrou o ano com 3 milhões e 240 mil unidades contratadas.

especializados para a construção e294 mil em infraestrutura. De lá para á, o setor perdeu 1,57 milhão de empregos. E a queda só não foi pior porque a quantidade de ocupados em obras de infraestrutura subiu nos últimos anos: de 294 mil postos de trabalho em 2013 para 425 mil em2020, mas já apresentando recuo(veja gráfico abaixo).

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Informalidade é a regrana construção

Por outro lado, a queda dos negócios não só levou ao desemprego como ao aumento da informalidade no período mais recente. Os trabalhadores por conta-própria sem contribuição para a Previdência correspondiam a 41,9% do total de ocupados em 2019. Somados aos 19,9% de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, representam 61,8% dos ocupados do setor. Os empregados formais no setor privado (com carteira de trabalho assinada) eram 22,2% do total de ocupados, os trabalhadores por conta própria contribuintes para a Previdência eram 10,5%.

Esses números revelam que a informalidade era a regra na contratação na construção de edifícios (751 mil formais contra 1,1 milhão de informais em 2019) e de serviços especializados em construção. A tendência só não se repetia em obras de infraestrutura, de acordo com o DIEESE, porque os contratos de obras públicas

leva à maior exigência de formalização dos vínculos de trabalho.

Segundo o engenheiro Civil, diretor do Senge-PR e assessor de Gestão de Políticas Públicas junto ao CREA-PR, Samir Jorge, no setor privado ocorre informalidade principalmente nos pequenos e médios empreendimentos, que do ponto de vista de volume é o maior, se verificar a quantidade de projetos que tramitam para aprovação em qualquer município. Ocorre preponderantemente na Construção Civil.

“O combate a esta situação é executado via fiscalização específica de um grupo criado dentro do CREA, em parceria com o Sinduscon-Pr. Quando fiscalizada a situação o proprietário é notificado a regularizar a situação. Nestes casos abre-se um procedimento administrativo dentro do CREA que pode gerar multa ao proprietário”, esclarece o especialista.

Foto: Pedro Vidal/Agência IBGE

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Perdas trabalhistas em rotatividade de empregos

O cenário de informalidade, o recuo do setor e a fragilização das entidades sindicais também influenciaram na perda de renda e direitos dos trabalhadores. Em uma categoria formada por 90,1% de homens e 9,9% de mulheres, com 47,3% dos trabalhadores apenas com ensino médio completo, 50,8% dos vínculos de trabalho não chegam há um ano.

Essa rotatividade também impactou nas greves mais recentes. “Em 2019, no período de janeiro a maio, foram

As paralisações foram defensivas, para denunciar a perda de direitos como atrasos salariais e para garantir cláusulas vigentes. Na avaliação do presidente do Sindicato dos

registradas 17 greves na Construção no país. No mesmo período deste ano de 2020, foram apenas nove paralisações, uma redução de 47,1%, praticamente a metade”, observa o DIEESE. O estudo mostra que a Construção Pesada foi responsável 68,2% do total das horas paradas e, no mesmo período de 2020,o segmento com maior participação foi o da Construção Civil (38,5%), superando o verificado nos segmentos de Montagem Industrial e da Construção Pesada.

Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Leandro Grassmann, o país vive um perigoso processo proposital de enfraquecimento das entidades representativas, as relações de trabalho

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estão precarizadas, o que influencia no aumento na informalidade e no desemprego. Para ele, com menos recursos para obras, é natural que a pressão recaia sobre os trabalhadores, que acabam por aceitar condições piores de remuneração e jornada.

“A necessidade fala mais alto. Afinal, quem faria greve ou reclamaria numa condição em que faltam empregos? Junte-se a isso a falta de recursos para os sindicatos e a própria falta de interesse de muitos trabalhadores em fortalecer as Entidades Sindicais e o cenário acaba mais desfavorável ainda para quem depende da venda de mão de obra para subsistir”, pontua Grassmann.

O momento não é de otimismo, uma vez que a pandemia trouxe recessão econômica e o Governo Federal não sinaliza com a retomada em obras de infraestrutura ou de crédito para a construção. Segundo o IBGE, em junho deste ano, 21 milhões de brasileiros tiveram queda de renda domiciliar per capita média.

“Com a nova crise econômica, a partir da pandemia provocada pelo coronavírus (Covid-19), e também do esvaziamento do papel do Estado como indutor de investimentos, especialmente no setor da Construção Civil, o cenário deve se agravar em 2020”, conclui o estudo do DIEESE.

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“Nós, engenheiros, deveríamos nos interessar e nos engajar muito mais pelas questões que são decisivas para o desenvolvimento econômicoe social do país”.

ENTREVISTAEngenharia civil precisa de um projeto de país

O engenheiro Valter Fanini analisa as duas décadas de construção civil, cenários econômicos e políticos. Foto: Anderson Tozato/CMC

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20 anos. 5 mandatos presidenciais. Quatro presidentes. Dois rumos políticos econômicos. Esse período e a conjuntura política e financeira brasileira são tempo suficiente para analisar o avanço e o retrocesso da engenharia civil brasileira neste século. Da década de ouro, com investimento público e privado à recessão econômica com o receituário neoliberal que está enfraquecendo o setor e as empresas nacionais, muitas experiências e protocolos podem ser aprendidos. Um deles é que o rumo atual não deve trazer novamente o crescimento econômico,a produção e o emprego.

Nesta entrevista com o engenheiro civil, secretário-geral da Fisenge e mestre em Desenvolvimento Econômico pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Valter Fanini, ele avalia os fatores econômicos e sociais e as suas influências para os engenheiros. “Vivia-se um momento político conturbado com um claro confronto entre Executivo e Legislativo que impossibilitava a efetivação de políticas econômicas anticíclicas”, avalia Fanini sobre o período em que a Era iluminada começou a se chispar.

Valter Fanini: A Engenharia Civil e a construção civil, da mesma forma que os demais setores da economia, dependem e funcionam atreladas às condições gerais da macroeconomia doméstica. Portanto a ascensão ou o declínio de determinado setor em determinado período, somente poderá ser explicado a partir de um olhar sobre as variáveis macroeconômicas que influenciaram ou influenciam de forma significativa a demanda de bens e serviços pelas famílias, o nível de investimento, os gastos do governo e a exportação líquida que somados formam a demanda agregada da economia, cuja principal medida é o PIB – Produto Interno Bruto.

Nos últimos 20 anos, a engenharia civil conseguiu caminhar independente do cenário econômico do país ou se mistura com os momentos de avanços e crises?

Qualquer alteração para mais ou para menos e um desses fatores da demanda acabará por influenciar as demais e vice-versa. No entanto, é o investimento e os gastos do governo que podem ser alterados por decisões da classe empresarial ou da classe política dirigente, executivo e legislativo, já que os gastos das famílias dependem do nível salarial que não é definida pela classe trabalhadora e as exportações dependem do nível de competitividade da nossa economia, das demandas externas e do valor do câmbio, que são fatores exógenos à economia doméstica.A partir destas premissas podemos responder algumas questões ligadas ao passado recente da engenharia civil e da construção civil e prospectar alguma coisa para seu futuro.

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Valter Fanini: Porque a partir de 2002, 2003 os fatores que ameaçavam a estabilidade de preços e o desequilíbrio do balanço de pagamento começaram se arrefecer, o que significa que o Governo poderia colocar em práticas políticas que incentivassem o crescimento econômico através do

Valter Fanini: Porque logo após a implantação do Plano Real o principal objetivo do governo era manter o controle da inflação e não fazer a economia crescer. Para isto toda a política econômica voltou-se para controlar um eventual excesso de demanda e não para ampliá-la. Ou seja, conter a demanda para que não houvesse pressão sobre os preços. Dessa forma o governo Fernando Henrique Cardoso promoveu um elevado contingenciamento do orçamento fiscal, reduzindo gastos e investimentos públicos, manteve a taxa básica de juros elevada desincentivando os investimentos privados, efetuou controle de crédito ao consumidor, desacelerou a execução da política

Porque tivemos uma retomada do crescimento da construção civil a partirdo ano de 2002 com um crescimento mais vigoroso a partir de 2007, 2008?

Porque a engenharia civil e a construção civil permaneceram com baixos índices de crescimento logo após o plano real quando imaginávamos que vencido o processo de hiperinflação teríamos o campo aberto para um vigoroso crescimento econômico e consequentemente elevação da demanda de bens de consumo e de capital ligado à engenharia civil?

aumento da demanda. O que vimos a partir de então foi um aumento da massa salarial através do aumento do salário-mínimo, uma melhor distribuição de renda através dos programas sociais, principalmente do Bolsa-Família, que deram início a um crescimento econômico puxado pelo

habitacional e abriu a economia para produtos importados com uma taxa de câmbio amplamente favorável aos importadores. Num ambiente macroeconômico como este, a construção civil somente cresceria por milagre.

“[...] o governo Fernando Henrique Cardoso promoveu um elevado contingenciamento do orçamento fiscal, reduzindo gastos e investimentos públicos, manteve a taxa básica de juros elevada desincentivando os investimentos privados”

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consumo das famílias. Este crescimento econômico inicial melhorou as expectativas dos empresários que começaram a investir, finalmente entrou o setor público aumentado os seus gastos e ampliando os investimentos diretos e indiretos através de estatais com o programa que convencionou-se chamar de PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Além disso tivemos um ciclo de valorização de nossas

commodities minerais e agrícolas que garantiram uma tranquilidade em nosso balanço de pagamentos. Tudo isto contribuiu para a formação de um ciclo virtuoso na economia, o que favoreceu enormemente a construção civil e a engenharia civil, anunciando-se na época até um apagão de engenheiros civis como uma falta generalizada de engenheiros civis no mercado, o que não era verdade.

Valter Fanini: Como afirmamos em nossas colocações iniciais em uma economia tocada pelo regime capitalista o bom desempenho econômico vai depender das decisões de duas classes sociais, da classe empresarial e da classe política. Portanto uma crise econômica interna sempre terá origem nas decisões desse grupo de pessoas, a não ser que tenha origem em fatores externos, como a crise econômica dos anos 80 que foram provocadas pelo segundo choque de oferta do Petróleo e pelo brutal aumento das taxas de juros internacionais.

No meu ponto de vista, a recessão de 2015 e 2016 foram provocadas pelo desencontro entre política governamental e expectativas empresariais. O governo federal havia inaugurado uma época de enormes

O que fez com que este ciclo virtuoso tivesse fim e o Brasil entrasse em recessão em 2015 e 2016 com graves consequências para a construção civil?

incentivos fiscais com o objetivo de aumentar a poupança empresarial buscado com isto o aumento dos investimentos privados.

Como decorrência dos incentivos fiscais, as receitas públicas foram reduzidas obrigando a redução dos investimentos públicos. No entanto, boa parte deste excedente de poupança empresarial acabou virando remessa de lucros ao exterior ou depósitos em fundo DI (renda fixa). Sabe-se pela teoria macroeconômica que poupança não investida é igual recessão.

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Valter Fanini: A saída a época seria aumentar os investimentos públicos para compensar a falta de investimentos privados garantido a manutenção da demanda e evitando a recessão. No entanto, vivia-se um momento político conturbado com um claro confronto entre Executivo e Legislativo que impossibilitava a efetivação de políticas econômicas

Valter Fanini: Por dois motivos principais: o Governo Temer abandonou a política desenvolvimentista que vinha sendo adotada pelos governos anteriores e passou a adotar uma agenda de reformas institucionais com viés altamente neoliberal. Ou seja, desregulamentar o trabalho, reduzir os direitos trabalhistas, reduzir os gastos e investimentos públicos, deixando

anticíclicas. A este confronto entre Executivo e Legislativo somava-se uma enorme desconfiança popular na classe política promovida pela operação “Lava Jato” que desestabilizava o governo e piorava enormemente as expectativas dos demais agentes econômicos. Era a combinação perfeita para sustentar um processo recessivo.

ao mercado a quase exclusividade de comandar a economia. Sabemos que no curto prazo todas estas reformas são recessivas, pois retiram renda do trabalhador e diminuem o consumo das famílias. O crescimento voltaria caso houvesse uma enorme disposição da classe empresarial em investir mesmo tendo a demanda retraída. O que parece pouco provável.

O governo errou ao incentivar o empresariado, reduzindo a arrecadação?

Passada a crise política, por que após a saída da Presidente Dilma a economia não voltou a crescer?

(Brasília – DF, 08/02/2017) Cerimônia de Anúncio do Calendário de Saque de Contas Inativas do FGTS. Foto: Marcos Corrêa/PR

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Valter Fanini: Acho que nós, engenheiros, deveríamos nos interessar e nos engajar muito mais pelas questões que são decisivas para o desenvolvimento econômico e social do país. Para isto é muito importante que tenhamos além dos conhecimentos técnicos inerentes às nossas profissões, algum discernimento do funcionamento das economias capitalistas, do funcionamento do aparelho do estado e dos fundamentos da ação política. Ou seja, temos que ser agentes da política e não ficar a margem dela adotando sempre algum salvador da pátria que aparece como paladino de alguma causa moral.

Nossas entidades de classe deveriam ser os centros do debate das políticas econômicas que nos afetam para que de forma coletiva pudéssemos influenciar os parlamentos e os governos naquilo que nos interessa ou, pelo menos, ajudar a sociedade na escolha de uma classe política efetivamente comprometida com o país.

Então o que os engenheiros poderiam fazer para melhorar a empregabilidade e os salários? Era possível se desatrelar desse cenário?

Valter Fanini: Com o término do Governo Dilma, os economistas que assumiram a área econômica do governo federal, inicialmente com o ministro Meirelles e agora com Guedes, tem visão econômica bastante distinta daqueles dos governos Lula e Dilma. Enquanto os do Governo Lula e Dilma se orientavam por uma visão com forte influência do Keynesianismo e da visão de economistas nacionais como Celso Furtado, conhecidos como

A gestão do ministro Paulo Guedes à frente da economia não aprofunda o desinvestimento público, e consequentemente, não serve de mola para a retomada do crescimento? Sem um mercado interno forte, há condições para revigorar setores como da construção de edifícios e infraestrutura?

desenvolvimentistas, o pessoal de Temer e Bolsonaro orientam-se muito mais pela visão do novo liberalismo ou do neoliberalismo que o Estado tem pouco ou quase nenhum papel a exercer na economia, a não ser fornecer uma moeda estável com inflação controlada.

Tanto que quase todas as iniciativas de salvamento da economia de empregos e empresas saíram do Congresso Nacional enquanto eles permaneciam

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agarrados aos seus dogmas de que o Estado não deveria intervir. A realidade se impôs e eles tiveram que recuar em seus dogmas e promover uma forte intervenção do Estado, não somente com ajudas emergenciais

“A crise da Covid-19 veio como uma avalanche sobre eles e os deixaram sem rumo. Enquanto a pandemia chegava e apavorava o país, eles continuavam a repetir a cantilena de que bastava seguir com conjunto de reforma propostas e tudo estaria resolvido.”

em crédito e dinheiro a fundo perdido, como na mediação de relações entre empregadores e empregados.

Portanto o pensamento econômico dominante do governo promove sim um desinvestimento público e não coloca o Estado como protagonista do processo de saída da crise econômica. Desta forma, as experiências históricas sobre crises econômicas desta natureza mostram que a saída através do investimento privado é lento e incerto. Com isso podemos afirmar que ou o Governo Federal muda a sua visão sobre o papel do Estado na retomada do crescimento econômico ou permaneceremos por um longo tempo em estagnação econômica.

Foto: Dênio Simões/ Agência Brasília

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Construção está entre os setores que mais solicitaramseguro desemprego nos últimos dois anos

Pandemia contaminou relações trabalhistas na engenharia Civil

Mesmo durante a pandemia, a construção civil não parou suas atividades, como na construção de uma ponte em Foz do Iguaçu. Foto: Jose Fernando Ogura/AEN

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Diferente de muitos outros setores como varejo e comércio, a construção civil seguiu seu ritmo durante a pandemia de coronavírus. Muito em decorrência de decisões políticas que mantiveram o setor como serviço essencial. No começo de março, diante das medidas de isolamento social, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou decreto definindo a construção como um desses serviços. A medida era uma das maneiras encontradas pelo chefe do Executivo para furar a quarentena e manter a economia ativa, segundo ele. Mas não foi apenas o presidente que apresentou esse entendimento. Em Curitiba, o prefeito Rafael Greca (DEM) manteve a construção, assim como transporte coletivo e supermercados, entre os serviços essenciais. O mesmo aconteceu com o governador do estado, Ratinho Junior (PSD), que em abril colocou o setor no rol de serviços essenciais.

Essas decisões mantiveram estáveis a construção civil diante da pandemia. De acordo com o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo IBGE, os “custos da construção desaceleram em maio com menor pressão da mão de obra”. O mesmo processo se repetiu em junho. Ou seja, os trabalhadores estão pagando a conta.

“Os acumulados nos 12 meses para a parcela da mão de obra caíram de 3,51% em maio para 3,37% em junho. Já os custos acumulados dos 12 meses de

materiais caíram de 3,89% emmaio para 3,60% em junho de 2020”, assinala Augusto Oliveira, gerente da pesquisa Sinapi.

Por outro lado, para o estudo do DIEESE, “A Construção Civil e os Trabalhadores: panorama dos anos recentes”, as medidas do Governo Federal prejudicaram os trabalhadores e beneficiaram empresários, principalmente com as edições das MP 927 e 936.

“Durante a vigência do estado de calamidade pública, os empregadores passam a dispor de um conjunto de vantagens em relação à legislação trabalhista podendo, inclusive, alterar os contratos de trabalho unilateralmente ou mediante acordos individuais”, retoma o estudo. Aliado a isso, houve a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho e a redução salarial.

Dados do Ministério da Economia em relação aos pedidos de seguro de desemprego mostram que a queda da atividade em maio de 2019 e 2020 colocam a construção entre os setores em que o benefício foi mais requerido. Dos 627 mil pedidos feitos naquele mês no ano passado, 60 mil foram no setor. Já em abril e maio deste ano, em meio a pandemia, os pedidos saltaram para 1,7 milhão no bimestre, sendo 132,6 mil na construção. O pior setor ficou com serviços, com 714,8 mil pedidos de seguro-desemprego.

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Trabalhadores ficaram desprotegidos emconvenções coletivas

Outro dado que chama atenção é a falta de regras de proteção ao coronavírus nas convenções de trabalho. De 12 Convenções Coletivas celebradas no período da pandemia, apenas a do Pará estabelece duas cláusulas reproduzindo “as orientações da OMS em relação às medidas de isolamento social e prevenção à covid-19, especialmente em ambientes com grande aglomeração de pessoas, como os alojamentos dos trabalhadores”.

No Brasil, desde o começo das medidas de isolamento social, a quantidade de brasileiros ocupados e afastados do trabalho presencial caiu pela metade. Na primeira semana de maio,

esse número era de 19,8 milhões de trabalhadores. No começo de julho, com o surto passando dos 2 milhões de contaminados totais, a quantidade de trabalhadores ocupados afastados é de apenas 10,1 milhões, o que representa 10% da população.

O futuro próximo não é otimista para o emprego no país e na construção civil, ainda mais sem a sinalização da retomada do investimento público e privado. “O cenário é de grande incerteza, agravada pela conduta ambígua dos governos federal e estaduais em relação à pandemia do coronavírus”, conclui o estudo.

Prefeito Rafael Greca vistoria com o secretário de Obras, Rodrigo Rodrigues, as obras de perfilamento do Rio Pilarzinho. Curitiba, 28/07/2020. Foto: Pedro Ribas/SMCS

Governador Ratinho Junior visita obra durante a pandemia. Foto: Rodrigo Félix Leal/AEN

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DIEESE: “A Construção Civil e os Trabalhadores: panorama dos anos recentes”. Caderno Estudos e Pesquisas. Nº 95 – 08 de julho de 2020https://www.dieese.org.br/estudosepesquisas/2020/estPesq95trabconstrucaocivil.html

RODRIGUES, Raquel: “A construção pesada Brasileira”. USP. São Paulo, 2017https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-26042018-122429/publico/2017_RaquelRodriguesLage_VOrig.pdf

AGÊNCIA IBGE: “PAIC 2018: Indústria da construção sofre com a queda nas obras de infraestrutura e nas contratações do setor público”. Acessado em 3 de agosto de 2020.https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27793-paic-2018-industria-da-construcao-sofre-com-a-queda-nas-obras-de-infraestrutura-e-nas-contratacoes-do-setor-publico

JORNAL GGN: “Os números do crédito imobiliário da Caixa em 2013”. Acessado em 3 de agosto de 2020.https://jornalggn.com.br/infraestrutura/construcao-civil/os-numeros-do-credito-imobiliario-da-caixa-em-2013/#:~:text=A%20Caixa%20Econ%C3%B4mica%20Federal%20atingiu,a%20m%C3%A9dia%20dos%20anos%20anteriores.

AGÊNCIA IBGE: “Distribuição de auxílio emergencial alcança 29,4 milhões de domicílios em junho”. Acessado em 3 de agotos de 2020.https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/28354-distribuicao-de-auxilio-emergencial-alcanca-29-4-milhoes-de-domicilios-em-junho

AGÊNCIA IBGE: “Custos da construção civil desaceleram para 0,14% em junho”. Acessado em 3 de agosto de 2020.https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/28251-custos-da-construcao-civil-desaceleram-para-0-14-em-junho

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS