gestão integrada de bacias hidrográficas · vidas humanas (cheias e doenças) e de destruição...

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Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas Rodrigo Proença de Oliveira Planeamento e gestão de recursos hídricos

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Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas

Rodrigo Proença de Oliveira

Planeamento e gestão de recursos hídricos

Planeamento e gestão de recursos hídricos

• Avaliação da disponibilidade da água

• Usos da água e outras pressões sobre as águas

• Balanço necessidades-disponibilidades

• Modelos de planeamento e gestão de recursos hídricos

• Caso de estudo de planeamento e gestão de recursos • Caso de estudo de planeamento e gestão de recursos hídricos

• Loucks, D. P. and E. van Beek, Water Resources Systems Planningand Management, UNESCO, Paris, 2005– http://www.wldelft.nl/rnd/intro/fields/water-management/book.html

IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

Os desafios do planeamento e da gestão integrada dos recursos hídricos.

O que é o planeamento? O que é a gestão? Integrar o quê?

Importância do recurso água

• Necessitamos de água para:– Abastecimento humano;– Produção de alimentos;– Manutenção de ecosistemas;– Manutenção de actividades económicas.– Manutenção de actividades económicas.

• A água é insubstituível para muitos (todos?) destes usos;

• A água é um bem escasso / um recurso finito;• A água pode também ser a causa de perdas de vidas humanas (cheias e doenças) e de destruição de bens.

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Consumo de água

• O consumo de água aumentou 6 vezes no último século – mais do dobro do aumento da população;

• A captação de água para irrigação aumentou mais de 60% desde 1960;• Quantidades necessárias para produzir alimentos:

– 1 chávena de café: 150 litros; – 1 litro leite: 1000 litros;– 1 kg trigo: 1300 litros; – 1 kg carne: 1600 litros; – 1 kg arroz: 3000 litros

• Nos países desenvolvidos cada pessoa consome 500 a 800 litros de água por dia e nos países em desenvolvimento apenas 60 a 150 litros; Uma criança nascida no mundo desenvolvido consome 40 vezes mais água do que uma nascida no mundo em desenvolvimento.

• População em regiões sujeitas a stress hídrico: – actualmente 40%;

– em 2025, 65% (cerca de 5.5 mil milhões de pessoas);

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Recursos hídricos per capita gerados internamente em cada país

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The United Nations World Water Development Report, 2003

Disponibilidade de água versus população

Europa:

4,1 x103m3/ano/hab

América do Norte:

17.5 x103m3/ano/hab

África:

IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

The United Nations World Water Development Report, 2003

África:

5,1 x103m3/ano/hab

Ásia:

3,3 x103m3/ano/hab

América do Sul:

28,3 x103m3/ano/hab

Austrália/Oceania:

50 x103m3/ano/hab

Água e saúde

• Mais de 1,1 mil milhões de pessoas sem acesso a um abastecimento sustentado de água de boa qualidade;

• Mais de 2.4 mil milhões de pessoas ( > 1/3 da população mundial) sem acesso a saneamento de boa qualidade;

• Mais de 6 000 crianças morrem por dia de doenças • Mais de 6 000 crianças morrem por dia de doenças relacionadas com a água

• Mais de 250 milhões de pessoas por ano afectadas por doenças relacionadas com a água (implicando a ocupação de metade dos leitos hospitalares)

• Investimento anual em infra-estruturas hídricas: – Actual: 70 mil milhões de USD– Necessário: 180 mil milhões de USD

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Situação portuguesa

• Portugal não é um país pobre em RH– Portugal: 150 hab/hm3/ano– Espanha: 400 hab/hm3/ano– Reino Unido: 450 hab/hm3/ano

• Variabilidade espacial– Precipitação média anual: ~900 mm– Precipitação média anual: ~900 mm– Norte do país (Gerês): ~4000 mm– Alentejo e interior do Douro: ~550 mm

• Variabilidade sazonal– Semestre mais chuvoso (Out.-Mar.): ~700 mm– Semestre mais seco (Out.-Mar.): ~200 mm

• Variabilidade interanual– Precipitação anual: 560 mm – 1400 mm– 25% dos anos abaixo de 800 mm ou acima de 1100 mm.

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Precipitação anual

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Precipitação anual por bacia

Fonte: PNAIST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

Variação da precipitação mensal

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Fonte: PNA

O problema

Sistema natural

Inicia-se a exploração dos recursos

Começa a artificialização do sistema

Os recursos começam a escassear

Intensifica-se a exploração dos recursos

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É necessário construir novas infra-estruturas

É necessário compatibilizar usos

As melhores soluções não são óbvias

Quais ? Onde ? Quando ?

Quais os usos a sacrificar ? Em que situações ?

São gerados novos problemas

Implementam-se soluções

Conflitos associados à água

• Quezílias locais• Médio Oriente:

– Rio Jordão (Israel, Siria e Palestina)– Rios Tigres e Eufrates (Turquia, Siria e Iraque)

• EUA• EUA– Rio Colorado: EUA vs Mexico– California (Norte vs Sul)– Rio Delware: Nova Iorque vs Pensilvânia – Florida, Georgia, Alabama

• Península Ibérica– Lima, Minho, Douro, Tejo, Guadiana.

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Componentes do desafio

• Aleatoriedade/ Variabilidade espacial e temporal;• Complexidade dos problemas:

– Necessidade de conhecimentos em muitas disciplinas;– Multiplicidade de soluções;– Inexistência de soluções óptimas.

• Múltiplas vertentes de análise:• Múltiplas vertentes de análise:– Técnicas– Económicas– Políticas– Sociais

• Conflitos de interesses;• Dificuldade de quantificação de algumas questões o que complica

a comparação de diferentes possíveis soluções;

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Problemas tipo

• Planeamento (Longo prazo):– Que alterações profundas

há a realizar no sistema para satisfazer os usos / fins do sistema ?

• Gestão (Médio prazo):

• Planeamento:– Como resolver os problemas de cheias

de uma determinada localidade?– Como resolver os problemas de

abastecimento de uma região?– Como resolver os problemas de

contaminação de um curso de água?

Exemplos:

• Gestão (Médio prazo):– Qual a política de operação

do sistema, tendo em conta a sua configuração (condições naturais, infra-estruturas, usos/fins) ?

• Gestão em tempo real (Curto prazo):– Qual a decisão apropriada

para o próximo período tendo em conta o estado do sistema ?

contaminação de um curso de água?

• Gestão:– Qual deve ser a política de exploração

de uma albufeira para satisfazer certos fins?

• Gestão em tempo real:– Que volumes de água devo atribuir a

cada uso esta semana tendo em conta o estado do sistema e as previsões de afluências?

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Conceptualização do problema: Definição de âmbito

• Conceito de Sistema– Conjunto que funciona como um todo e que inclui vários

componentes que interagem entre si, e por isso precisam por isso de ser estudadas de forma integrada

• Componentes de um sistema de recursos hídricos– Componente natural:– Componente natural:

• Ciclo Aéreo• Ciclo Terrestre (superficial e subterrâneo)

– Componente humana• Social• Legal• Económica

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Principais bacias hidrograficas e aquiferos

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Escalas de Tempo

• Anual– Estimativas grosseiras de disponibilidades hídricas

• Mensal– Análise do desempenho de sistemas de recursos hídricos;– Balanço necessidades disponibilidades à escala da bacia.

• Dia– Análise do desempenho de redes de distribuição e drenagem

urbana;urbana;– Balanço necessidades disponibilidades à escala de um rede

urbana.• 1 hora / 6 horas

– Análise do desempenho de redes de distribuição e drenagem urbana;

– Balanço necessidades disponibilidades à escala de um rede urbana.

– Avaliação da qualidade da água– Estudos de cheias

• 15 -30 minutos– Estudos de cheias em bacias pequenas

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Ciclo hidrológico

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Instituto Geológico e Mineiro (2001). Água Subterrânea: Conhecer para Preservar o Futuro. Instituto Geológico e Mineiro (http://www.igm.pt).

Distribuição de água na Terra

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ReservatóriosVolume aproximado de água,

em Km3 de água Percentagem aproximada

da água total

Oceanos 1 320 000 000 96.1

Glaciares 29 000 000 2.13

Água subterrânea 8 300 000 0.61

Lagos 125 000 0.009

Mares interiores 105 000 0.008

Humidade do Solo 67 000 0.005

Atmosfera 13 000 0.001

Rios 1 250 0.0001

Volume de água total 1 360 000 000 100%

Distribuição da água naTerra (adaptado de Nace, U.S. Geological Survey,1967).

Recursos hídricos disponíveis

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Precipitação sobre os continentes

Origens de água

• Origens superficiais– Cursos de água

– Albufeiras

– Precipitação

• Origens subterrâneas• Origens subterrâneas– Furos / Poços

– Galerias

– Nascentes

– Charcas

• Reutilização

• DessalinisaçãoIST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

Origens de água em Portugal

Abastecimento publico Irrigação

Abastecimento industrial

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Planeamento, gestão e monitorização

• Estado das massas de água– Rede climatológica /

meteorológicos:– Rede hidrométrica:– Rede sedimentológica– Rede águas subterrâneasPressões Medidas

Licenciamento

– Rede águas subterrâneas– Rede de qualidade da água

• Pressões:– Volumes captados:– Descargas– Uso do solo

• Implementação das medidas

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Estado das massas de

água

Pressões Medidas

Objectivos

Objectivos de planeamento e gestão

O usos da água e outras pressões sobre as massas

de águas

Objectivos de planeamento e gestão

• Proteger e recuperar o estado químico e ecológico das massas de água;

• Controlar e minimizar as pressões sobre as massas de água;

• Satisfazer as necessidades de água das • Satisfazer as necessidades de água das diferentes necessidads de água;

• Proteger pessoas e bens dos riscos transmitidos pela água (cheias e riscos para a saúde).

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Usos/utilizações da água

• Abastecimento doméstico/municipal;

• Abastecimento industrial;

• Irrigação;

• Produção de energia;• Produção de energia;

• Garantia ou promoção da qualidade da água e dos ecossistemas;

• Recreio;

• Navegação;

• Protecção contra cheias.

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Usos, Necessidades e consumos

• Uso/utilização:

– Qualquer actividade que necessita de água

• Uso consumptivos

– Abastecimento doméstico/municipal;

– Abastecimento industrial;– Abastecimento industrial;

– Irrigação;

• Usos não consumptivo– Produção de energia;

– Recreio;

– Navegação;

– Garantia ou promoção da qualidade da água e dos ecossistemas;

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Necessidades líquidas vs Necessidades brutas

• Necessidade:

– Volume de água pretendido para um dado uso;

• Necessidades brutas / Procura efectiva total (volume captado):

– Necessidades líquidas acrescidas das perdas da rede entre a captação e o ponto de consumo.

• Necessidades líquidas:• Necessidades líquidas:

– Volume de água efectivamente necessário para um dado uso

• Consumo:

– Volume de água efectivamente utilizado para um dado uso;

• e (eficiência) = Nec.liquidas / Vol.captado

• p (percentagem de perdas) = 1 - e

• Nec. Liquidas = (1-p) x Volume captado

• Volume captado = Nec.liquidas / (1-p)IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

Abastecimento urbano / municipal

Abastecimento doméstico/municipal

• Inclui:– Uso doméstico;– Uso comercial ou industrial satisfeitos a partir da rede urbano;– Usos públicos;

• Características:• Características:– Exigência de um elevada fiabilidade/garantia (~95%);

• Factores que afectam este uso:– Clima;– Tipologia da habitação;– Classe social / Hábitos de higiene;– Preocupações ambientais;– Importância das unidades comerciais ou industriais.

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Retorno: ~80% do volume captado

Volume captado

Abastecimento doméstico/municipal

• PNA (2001) (disponível em www.inag.pt):– População servida em Portugal por sistemas públicos: 8,1 M (85%);

– Volume captado: 560 hm3/ano (8% das necessidades totais);

– Consumo útil: 330 hm3/ano;

– Capitação: 130 l/hab/dia-530 l/hab/dia

– Taxa de perdas:~35%

– Objectivo da taxa de perdas para 2020: 15% – Objectivo da taxa de perdas para 2020: 15%

• PEAASAR II (2006):– Nível de atendimento de AA. Em alta: 93%; Em baixa: 93%.

– Nível de atendimento de SAR. Em alta: 89%;

• Em baixa: Recolha: 76%; Tratam.: 80%.,

• PNUEA (2001) (disponível em www.inag.pt):– Procura efectiva total: 570 hm3/ano;

– Consumo útil total: 330 hm3/ano;

– Eficiência actual: 58%

– Meta de eficiência para 2011: 80%;IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

Abastecimento doméstico/municipal Capitação

• Capitação: Consumo diário médio anual por habitante (l/hab/dia)

• Valores típicos de capitação (Linsley)– Uso doméstico: 250 l/hab/dia (150-300 l/hab/dia)

• Lavatórios: 20 l/hab/dia• Cozinha: 30 l/hab/dia• Duche: 45 l/hab/dia• Lavagem de roupa (à máquina): 35 l/hab/dia• Lavagem de roupa (à máquina): 35 l/hab/dia• Retrete: 95 l/hab/dia

– Uso comercial e industrial: 150 l/hab/dia (30-300 l/hab/dia)– Uso publico: 75 l/hab/dia (60-100 l/hab/dia)

• Uso doméstico (valores referidos no PNUEA):– Torneiras: 41%– Duche: 39%– Autoclismo: 11%;

– Máquina roupa: 7% (35 a 220 litros/lavagem (carga de 5 kg)).

– Máquina de loiça: 2%.IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

Abastecimento doméstico/municipal Uso eficiente da água

• Possíveis medidas:– Abastecimento urbano (redes):

• Redução de pressão;• Utilização de águas residuais para irrigação e “usos menos nobres”;• Aproveitamento de água pluvial.• Redução de perdas;

– Abastecimento urbano (edifícios):• Redução de pressão;• Redução de pressão;• Utilização de águas residuais;• Redução de perdas;• Autoclismos;• Máquinas de lavar loiça e roupa mais eficientes;

• Instrumentos:– Consciencialização pública;– Sistema tarifário adequado;

• Custos (PNUEA):– Abastecimento urbano: 1 €/m3;– Drenagem e tratamento de AR urbanas: 1 €/m3

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Abastecimento doméstico/municipal Estimativa

• Nec.Liquida = Cap x Pop. x #dias• Nec.Brutas = Nec.liquidas / (1-p)

• População– Fixa;– Fixa;– Flutuante.

• No dimensionamento (escala temporal distinta):– Qp = Fp x Fa x Cap x Pop– Fp = 1,5 + 70/√Pop– Fa ~ 0.8

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Satisfação de necessidadesAbastecimento público

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Abastecimento industrial

Abastecimento industrial

• Necessidades dependem de:– Tipo de industria;– Processo de fabrico;– Existência de esquemas de poupança / recirculação;

• Características:– Exigência de um elevada fiabilidade/garantia (~95%);– Parâmetros de qualidade específicos.– Parâmetros de qualidade específicos.

• PNA (2001):– Necessidades brutas: 385 hm3/ano (5% das necessidades totais);– Consumo: 275 hm3/ano.

• PNUEA (2001):– Necessidades brutas: 385 hm3/ano; Consumo útil: 275 hm3/ano;– Eficiência actual: 71%;– Meta para 2011: 84%.

• Há certos sectores industriais que conseguem eficiências de 90% (e.g certas unidades industriais do sector do fabrico da pasta de papel).

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Abastecimento industrialUso eficiente da água

• Possiveis Medidas:– Melhoria do processo de fabrico;– Recirculação de água / reutilização de água;– Aproveitamento de água pluvial.

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Abastecimento industrialEstimativa

• Muito difícil de estimar e de estabelecer regras genéricas;

• Necessidades dependem de:– Tipo de industria;– Processo de fabrico;– Processo de fabrico;– Existência de esquemas de poupança / recirculação;

• É conveniente proceder a inquéritos específicos para estimar valores de necessidades.

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Satisfação de necessidadesAbastecimento industrial

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Irrigação

Área agrícola

• Area agrícola: ~8.892.700 ha (PNA, 2001)– Culturas temporárias: 1.484.000 ha– Árboreas e arbustivas: 914.800 ha– Matas e florestas: 3.403.000 ha– Pousios, prados, pastagens: 1.350.00 ha – Área improdutivo: 1.740.000– Área improdutivo: 1.740.000

• RGA 1999: SAU (Sup. Agricola Utilizada): 3.863.116 ha– Terras aráveis: 1.761.222 ha

• Culturas temporárias: 1.177.299 ha• Pousio: 562.717 ha• Hortas familiares: 21.606 ha

– Culturas permanentes: 711.628 ha– Pastagens permanentes: 1.389.844 ha

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RGA 1999

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Regadio versus sequeiro

• Sequeiro• Regadio

• (Leal, 1995):– Área com aptidão para regadio: 2.806.030 ha– Áreas equipadas 987.440 ha (Públicas: 124.000 ha; Privadas: 773.440 ha)

• (RGA/89):– Área equipada: 871.600 ha– Área regada: 625.990 ha

• (RGA/99):– Área irrigável: 791.986 ha– Área regada: 606.213 ha– Área drenada 46.865 ha

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RGA 1999: Sistema de rega

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RGA 1999

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IrrigaçãoQuantidade requerida pelas plantas

• Quantidade de água requerida pelas culturas depende:– Cultura;– Solo;– Clima;– Outros factores (e.g. quantidade de fertilizante)

Produção (ton/ha)

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Cultura A, Zona 1

Cultura A, Zona 2

Cultura B, Zona 2

Dotação: Quantidade de água aplicada por ano (mm/ano)

O ponto de produção máxima não é necessariamente o ponto economicamente óptimo.

Irrigação

• Características:– Grandes volumes;– Admite-se níveis de garantia de abastecimento mais baixo;

• PNA:– Necessidades brutas: 6550 hm3/ano (87% das necessidades totais);– Necessidades líquidas: 3800 hm3/ano;– Necessidades líquidas: 3800 hm3/ano;

• PNUEA:– Procura efect. total: 6550 hm3/ano; Consumo util: 3800 hm3/ano.– Eficiência actual: 58% – Meta para 2011: 66%;

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Retorno: ~20% do volume captado

Volume captado

Estimativa das necessidades de rega

• Nec.Liq. = ETPc – Pu• ETPc = Kc x ETPo

• Precipitação util, Pu:– A precipitação só é útil se se mantiver no solo

disponível para as plantas;– Pu = f(solo, teor de humidade)– Pu = f(solo, teor de humidade)

• Kc = f(Cultura, estado de desenvolvimento)

• Dotação: volume fornecido por unidade área (PNA 2001/Leal 1995):

– Lima : ~4000 m3/ha– Douro: ~5000 m3/ha– Tejo: ~ 6000 m3/ha– Guadiana: ~ 7000 m3/ha– Algarve: ~8000 m3/ha

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(Volumes fornecidos por irrigação)

Métodos de irrigação

• Principais métodos de irrigação:– Gravidade (efic: 0,40 a 0,55)– Aspersão (efic: 0,50 a 0,50)

• Pivot central• Deslocamento linear• Canhão

– Gota a gota (irrig. localizada) (efic: 0,55 a 0,80)– Gota a gota (irrig. localizada) (efic: 0,55 a 0,80)

• Aspectos a considerar– Topografia– Tipo de solo– Vento– Disponibilidade de água– Custo da energia

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Uso eficiente da água para irrigação

• Melhoria das estimativas das necessidades de água pelas plantas;

• Redução de perdas nos sistemas de adução;• Reconversão de métodos de rega;

– Rega gota a gota;– Rega gota a gota;– Rega por aspersão com cortinas de vento;

• Rega em horário nocturno.

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Satisfação de necessidadesIrrigação

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Produção de energia

Fluxograma energético (2000)

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Produção de energia

• Arrefecimento de centrais termoelectricas;• Produção de energia hidroelectrica;

• Tipos de centrais hidrolectricas:– Fio de água– Albufeira / Armazenamento / Queda

• Coef.Regularização = Vutil / Vol. Afluente Medio Anual

• “Rule of thumb”:– Re < 4 horas – fio de água puro;– 4 horas < Re < 400 horas – fio de água;– Re > 400 horas - albufeira

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Produção de energia

Volume de encaixe de cheias

Volume útil

NPA

NMCDescarga

H

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• E = e x Vol x H x γ

Volume útil

Volume mortoNme

Volume turbinado

H

Produção de energia

Albufeiras

Potencia (MW)

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Fios de água

Centrais térmicas

Hora do dia

Diagrama de ponta (diagrama de carga)

Diagrama de ponta anual

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Potencia instalada e dia de maior consumo

Fonte: REN

Potência instalada

IST: Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas 2009/10 © Rodrigo Proença de Oliveira, 2009

Fonte: REN

Produção por tipo de centro electroprodutor

10'000

20'000

30'000

40'000

50'000

60'000

En

erg

ia e

lect

rica

em

itid

a (

GW

h)

Saldo Importador

Emissão térmica (Gás)

Emissão térmica (Fuel+Gasóleo)

Emissão térmica (Carvão)

Recepção de Prod. Regime Especial

Emissão hidráulica (Centrais SENV)

Emissão hidráulica (Fios de água SEP)

Emissão hidráulica (Albufeiras SEP)

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0

10'000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

En

erg

ia e

lect

rica

em

itid

a (

GW

h)

Emissão hidráulica (Albufeiras SEP)

Tipo de Emissão

• Mercado eléctrico nacional:– Consumo: 50’000 GWh– Potencia instalada: 11’400 MW

Fonte: REN

Produção hidroelectrica

• Potencia hidroeléctrica instalada: 3730 GW• Produtibilidade hidroeléctrica anual média: 12’000 GWh• Volume de água utilizado anualmente: > 87’000 hm3

– Produção de energia hidroeléctrica: 85’860 hm3– Arrefecimento de centrais térmicas: 1’250 hm3– Pequenos aproveitamentos: ??– Pequenos aproveitamentos: ??

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Grande centrais hidroeléctricas

Potencia Energia produzida em ano médio

Alto Lindoso 2 x 317 MW 970 GWh

Castelo de Bode 139 MW 390 GWh

Alqueva 2 x 130 MW -

Aguieira 270 MW 237 GWh

Carrapatelo 180 MW 949 GWh

Crestuma-Lever 105 Mw 399 GWh

Protecção contra cheias

Controlo de cheias (redução do risco de cheias e inundações)

• Deslocação de pessoas e bens de áreas com uma probabilidade elevada de ocorrência de inundações;

• Melhoramento das secções dos cursos de água para aumento da sua capacidade aumento da sua capacidade de vazão;

• Construções de diques para aumento da secção de vazão;

• Atribuição de um volume de encaixe de cheias para atenuação do hidrograma de cheia.

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Atenuação de cheias

NMC

NPA

Nme

Volume de encaixe de cheias

Volume útil

Volume morto

Caudal afluente, Qa

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Exemplo: Room for the river (Holanda)

• O território protegido pelos diques é cada vez mais urbanizado e por infra-estruturas e vez mais urbanizado e por infra-estruturas e serviços de valor crescente;

• Durante as cheias de 1993 e 1995, o Reno foi contido no seu leito, mas …;

• Em caso de rotura dos diques, as consequências seriam catastróficas;

• O actual modelo de ocupação do território não é viável;

• Aumentar e reforçar os diques não é solução; É preciso quebrar a tendência.

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Exemplo: Room for the river (Holanda)

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Exemplo: Room for the river (Holanda)

• Dar espaço ao rio Reno;

• Objectivos:– Reduzir o risco de cheias;– Melhorar a qualidade da água.

• Metas:– Até 2015: Assegurar uma capacidade de escoamento de 16’000 m3/s;

– Até 2020: Reduzir os níveis máximos de cheia em 70 cm.

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Room for the river: Plano base: 2015

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Exemplo: Room for the river (Holanda)

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• Medidas

– Remoção de obstáculos;

– Rebaixamento e alargamento do leito;

– Afastamento de diques;

– Remoção de polders;

– Melhoria do dique (casos pontuais);

• Custo

– 2.1 biliões de euros.

Hydrometropole

Fonte: Pavel Kabat, Wageningen Univ.

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Hydrometropole

Fonte: Pavel Kabat, Wageningen Univ.

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Outros usos

Garantia da qualidade de água

– É necessário assegurar um regime de caudais que garanta um bom estado ecológico do curso de água e zonas ripícolas;

– Não se trata apenas de garantir um caudal mínimo; É necessário garantir uma variedade de caudais próxima do regime natural;próxima do regime natural;

– É necessário assegurar um regime de caudais que permita a diluição de descargas no meio hídrico;

– No caso específico das albufeiras:• É necessário assegurar recirculação da água armazenada nas albufeiras de

modo a evitar zonas de estagnação com má qualidade da água;• É necessário assegurar que a água descarregada das albufeiras tem uma

qualidade compatível com as utilizações a jusante.

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Navegação e recreio

• É necessário garantir uma altura de água e um regime de velocidades de escoamento que permitam a navegação e actividades de recreio nos cursos de água e espelhos de água;

• Dependendo das situações é necessário:• Dependendo das situações é necessário:– Promover a estabilidade do nível de água para garantir o funcionamento de marinas e praias fluviais;

– Garantir velocidades de escoamento reduzidas;– Garantir uma ambiente saudável para espécies piscícolas que são objecto de pesca de recreio.

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• Canal-ponte sobre o Rio Elba que une a rede de canais da Alemanha Oriental com a Ocidental. Fica situado junto a Magdeburgo, próximo de Berlim.

• Tem cumprimento de 918 m.• Custou cerca de 500 milhões de euros e demorou 6 anos a construir.

Contaminação

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Contaminação de águas superficiais

• Contaminação pontual:– Rejeição de efluentes domésticos (tratados ou não tratados):

• Matéria orgânica,

– Rejeição de efluentes industriais (tratados ou não tratados):• Matéria orgânica, metais pesados.

– Derrames por acidente.• Contaminação não pontual (difusa)• Contaminação não pontual (difusa)

– Agricultura:• Fertilizantes, pesticidas

– Pecuária:• Matéria orgânica

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Contaminação de aquíferos

Furo

Pesticidas e fertilizantes

DerramesFossas sépticas

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• Contaminação– Doméstica (fossas sépticas);– Agricola (pesticidas e fertilizantes, e.g. nitratos)– Pecuária– Industrial (derrames)– Bombeamento (intrusão salina);

Lixeiras

Intrusão salina

Água doce Oceano

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Água Salgada

Água doce

Água Salgada

Extracção excessiva

Oceano