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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO ESCOLAR: O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO SISTEMA EDUCACIONAL Por: Elaine Elen Boechat de Rezende Orientador: Prof . Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Niterói, 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU

GESTÃO ESCOLAR: O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO SISTEMA EDUCACIONAL

Por: Elaine Elen Boechat de Rezende

Orientador: Prof . Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Niterói, 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU

GESTÃO ESCOLAR: O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO SISTEMA EDUCACIONAL

Por: Elaine Elen Boechat de Rezende

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Niterói, 2010

Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE- requisito à obtenção do grau de Especialista em Administração e Supervisão Escolar.

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AGRADECIMENTO

A Deus, por estar sempre na minha vida e tornar tudo possível.

Ao meu esposo, e toda minha família que, com muito carinho e apoio,

não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.

Aos professores por sua inspiração no amadurecimento dos meus

conhecimentos e conceitos que me levaram a execução e conclusão desta

monografia.

Aos meus colegas da Pós - Graduação, pelo incentivo e pelo apoio

constantes que foram tão importantes na trajetória deste curso.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................5

METODOLOGIA ................................................................................................6

CAPÍTULO I - Desafios da Educação Escolar no Brasil..................... 7

CAPÍTULO II- Funcionamento dos Sistemas de Ensino no Brasil........14

CAPÍTULO III- Gestão do Ensino no País: O trabalho da coordenação

pedagógica para a qualidade do ensino no país.............................19

BIBLIOGRAFIA...........................................................................27

WEBGRAGIA ..............................................................................28

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INTRODUÇÃO

O tema deste estudo é gestão escolar. A questão central deste trabalho

é abordar o papel do coordenador pedagógico no sistema educacional.

O assunto sugerido é de total importância, pois dentro das inúmeras

mudanças que ocorrem na sociedade atual, de ordem econômica, política,

social, ideológica, a escola, como instituição de ensino e de práticas

pedagógicas, enfrenta muitos desafios que comprometem a sua ação frente às

exigências que surgem. Assim, os profissionais, que nela trabalham, precisam

estar conscientes de que os alunos devem ter uma formação cada vez mais

ampla, promovendo o desenvolvimento das capacidades desses sujeitos.

Para tanto, torna-se necessária a presença de um coordenador

pedagógico consciente de seu papel, da importância de sua formação

continuada e da equipe docente, além de manter a parceria entre pais, alunos,

professores e direção.

A função da Coordenação pedagógica é coordenar o planejamento

pedagógico para qualificar a ação do coletivo da escola, vinculando e

articulando o trabalho à Proposta Pedagógica da instituição. Possibilita

também, a construção e o estabelecimento de relações entre todos os grupos

que desempenham o fazer pedagógico, refletindo e construindo ações

coletivas. É nessa perspectiva que faz - se fundamental analisar as diferentes

ações do coordenador pedagógico no sistema educacional.

São, portanto objetivos desta pesquisa analisar as diferentes ações do

coordenador pedagógico no sistema educacional, bem como na prática

pedagógica.

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METODOLOGIA

Este trabalho parte de uma ampla e atualizada pesquisa bibliográfica.

Dentre os autores consultados destacam-se: Moacir Gadotti e Pedro Demo.

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CAPÍTULO I

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL

Muito se discute a importância do Brasil que é um país em

desenvolvimento, articular os objetivos de crescimento econômico e

inclusão social que tanto necessita.

Dificilmente este duplo desafio poderá ser enfrentado com

chances de sucesso sem a revisão do papel da coordenação pedagógica

a fim de buscar uma melhoria consistente e progressiva da qualidade da

educação.

Todavia, o reconhecimento da centralidade da educação para o

desenvolvimento do país coexiste com a constatação de inúmeras

dificuldades para o fortalecimento do sistema educacional, decorrentes de

um processo histórico de transformação do ensino.

A melhoria da qualidade da educação envolve a superação de

problemas complexos, tais como insuficiência de pessoal qualificado,

carência de recursos tecnológicos e escassez de financiamento. Neste

cenário, um esforço de mudança que, gradativamente, busque aumentar a

eficácia dos sistemas educacionais, certamente requer investimentos em

diferentes áreas: melhorias na infra-estrutura das redes de ensino, novas

tecnologias educacionais, aprimoramento dos processos de formação de

professores, ampliação dos mecanismos que estimulem a permanência na

escola de crianças oriundas de famílias de baixa renda, além de outras.

Pode-se dizer que a Escola de uma maneira geral encontra-se

em crise, mediante o seu histórico. Todavia, a partir das críticas,

cabe-nos afirmar que ela também pode estar melhor, ou desta forma,

como ela poderia estar melhor.

O sistema educacional precisa passar por uma transformação.

Por meio de denúncias de carências e, sobretudo, a sua importância

para a sociedade e a reafirmação dos seus valores, a coordenação

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pedagógica nas instituições de ensino, necessita de razão para a

educação, ou seja, a educação constitui uma idéia de construir,

transmitir, dar continuidade a determinados valores; assim, ela

precisa dar sentido a construção ética, pois “a educação sempre foi

um terreno regido pela ética” (VALLE,1997:p. 23) no entanto, a

coordenação pedagógica, exercendo um papel importante na gestão

educacional, propicia em se tratando de educação a própria

preservação da sociedade em que se vive.

A partir da idéia de continuidade proporcionada pela educação,

visto que sem ela nada se pode transportar ou gerar, não existe,

todavia, construção ética, e sendo assim, desconsidera-se o sentido

da educação.

Conforme o conceito de construção e mais ainda, a criação da

sociedade, assegura-se que a arte de ensinar está sempre ligada a

um ideal.

1.1 Breve Histórico da Educação Brasileira

Os portugueses trouxeram um padrão de educação próprio da Europa

para o território brasileiro, embora as populações que por aqui viviam já

possuíssem características próprias de se fazer educação a qual, entretanto,

da forma que se praticava entre as populações indígenas não tinha, as marcas

repressivas do modelo educacional europeu. Assim, um evento marcante na

história da Educação Brasileira pode ser notada com a chegada dos

portugueses ao território do Novo Mundo, sendo então este fato histórico

marcado pela primeira grande ruptura travada.

O indigenísta Orlando Villas Boas contou num programa de entrevista na

televisão um fato observado por ele numa aldeia Xavante que retrata bem a

característica educacional entre os índios, onde ele observava uma mulher que

fazia alguns potes de barro:

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“Assim que a mulher terminava um pote

seu filho, que estava ao lado dela, pegava o

pote pronto e o jogava ao chão quebrando.

Imediatamente ela iniciava outro e,

novamente, assim que estava pronto, seu filho

repetia o mesmo ato e o jogava no chão. Esta

cena se repetiu por sete potes até que Orlando

não se conteve e se aproximou da mulher

Xavante e perguntou por que ela deixava o

menino quebrar o trabalho que ela havia

acabado de terminar. No que a mulher índia

respondeu: "- Porque ele quer." (BOAS,2003,

P. 20)”

A série Xingú, produzida pela extinta Rede Manchete mostra de uma

maneira geral de como era feita a educação entre os índios. Neste seriado,

crianças indígenas sobem nas estruturas de madeira das construções das

ocas, numa altura inconcebivelmente alta.

Os jesuítas, quando chegaram por aqui eles não trouxeram somente a

moral, os costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos

pedagógicos que funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759,

quando uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão

dos jesuítas por Marquês de Pombal, transformando a sociedade, em termos

de educação, everedar-se para o mais absoluto caos. Tentou-se as aulas

régias, subsídio literário, mas o caos persistiu até que a Família Real, fugindo

de Napoleão na Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo.

Um sistema educacional nas terras brasileiras não foi possível de ser

implantado, na verdade. Todavia, a chegada da Família Real permitiu uma

nova ruptura com a situação anterior. Para preparar terreno para sua estadia

no Brasil D. João VI abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a

Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos

de mudança, a Imprensa Régia. O Brasil, no entanto, segundo alguns autores

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foi finalmente descoberto e a nossa História passou a ter uma complexidade

maior.

Muito tem se mexido no planejamento educacional até os dias atuais,

mas a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos

os países do mundo, que é a de manter o status quo para aqueles que

frequentam os bancos escolares.

Pode-se dizer que a Educação Brasileira tem um princípio, meio e fim

bem demarcado e facilmente observável. Portanto, tratar da história da

Educação no Brasil a partir da abertura política será o assunto do próximo

tópico.

1.2 Democratização da gestão educacional

Pensou-se que pudesse discutir questões sobre educação de uma forma

democrática e aberta com o fim do Regime Militar (1964 – 1985), a eleição

indireta de Tancredo Neves, seu falecimento e a posse de José Sarney, no

entanto, as discussões sobre as questões educacionais já haviam perdido o

seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Para isso contribuiu a

participação mais ativa de pensadores de outras áreas do conhecimento que

passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que as questões

pertinentes a escola, a sala de aula, a didática e a dinâmica escolar em si

mesma.

“Uma política democrática de educação

é uma reivindicação antiga dos educadores

brasileiros. Durante o período autoritário (1964

a 1985) o tema da participação e da

democratização da gestão da educação, tomou

boa parte das discussões e dos debates

pedagógicos, tanto no setor público quanto no

setor privado.” (GADOTTI,1999,P.28)

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Profissionais da área de sociologia, filosofia, antropologia,

história, psicologia, entre outras, impedidos de atuarem em suas

funções, passaram a assumir postos na área da educação e a

concretizar discursos em nome da mesma por questões políticas

durante o Regime Militar.

O efeito da democratização da gestão escolar dispõe de ampla

literatura, como afirma os teóricos:

“ ... o sucesso da escola pode ser

impulsionado através da prática de uma

administração participativa, voltada para

objetivos claros definidos coletivamente pela

comunidade escolar.” (GIRLING,.KEITH, 1996, P.

12)

Ao tipo de administração participativa favorece o despertar de

iniciativas a cerca das interlocuções, dos diálogos, da crítica e da

reflexão, como resposta aos anseios e às necessidades da escola

pública e da sociedade que a financia.

“A organização escolar do próximo século... terá que

possuir uma postura de responsabilidade, presteza

nas decisões, propósitos claros e visão eventualista

como forma de pensar em existir... agilidade,

maleabilidade e suas proposições bem definidas

pelo consenso do coletivo.”( LOPES,1998,P.39)

Por outro lado, como é especificado na Constituição Federal de

1988, Xavier (1997) afirma que em alterações organizacionais do sistema

de ensino deve ter a "... equidade no atendimento aos alunos..." como um

dos seus pilares.

A equipe escolar deve voltar sua atenção para a concretização do

plano de desenvolvimento da escola e do projeto pedagógico,

implementado coletivamente. São pensados para este fim, aspetos

humanos, financeiros e materiais.

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O administrativo deve buscar ações que promovam a integração da

escola consigo própria, com seu sistema de ensino e coordenação

pedagógica estabelecendo parcerias.

A coordenação pedagógica precisa encarregar-se da

operacionalização e construção do processo ensino-aprendizagem

centrado no aluno e na integração com a comunidade.

O relacional é responsável pelas relações necessárias ao bom

desenvolvimento dos trabalhos planejados para atender à consecução dos

objetivos definidos e à missão da escola.

Uma das estratégias usadas para estabelecer uma prática escolar

participativa constitui na comunicação entre a equipe escolar, os pais, os

estudantes e seus familiares. Essas pessoas, dispondo de uma visão

comum definem objetivos, metas, caminhos teóricos e práticos a serem

seguidos. Elas constroem o Plano de Desenvolvimento da Escola, os

projetos financeiro e pedagógico de forma mais abrangente e realista.

Raramente as pessoas que convivem na mesma escola

comungam de uma mesma visão de conjunto a respeito das

necessidades de cada grupo. Portanto, a comunicação transparente,

pode ser uma estratégia eficiente capaz de promover uma certa visão de

conjunto e facilitar a possibilidade de integrar a comunidade escolar

consigo própria e com a comunidade local.

O foco das preocupações da administração das escolas deve ser a

própria escola e seu corpo de alunos a partir da vivência de sua equipe

escolar, em seu sentido mais amplo que envolve inclusive o corpo

docente, técnico-administrativo, discente, colegiado escolar e lideres

comunitários.

O método empregado para a compreensão do tema da

investigação foi o método dialético, tendo seu foco no processo em que

se entende que a sociedade constrói o homem e, por sua vez é por ele

construída.

Do fim do Regime Militar até aos dias de hoje, a fase politicamente

marcante na educação, foi o trabalho do Ministro Paulo Renato de

Souza à frente do Ministério da Educação. Logo no início de sua gestão,

através de uma Medida Provisória extinguiu o Conselho Federal de

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Educação e criou o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao

Ministério da Educação e Cultura. Esta mudança tornou o Conselho

menos burocrático e mais político.

Temos que reconhecer que, em toda a História da Educação no

Brasil, contada a partir do descobrimento, jamais houve execução de

tantos projetos na área da educação numa só administração, mesmo

que possamos não concordar com a forma como vem sendo executados

alguns programas.

Entre esses programas destacamos:

• Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental e de Valorização do

Magistério - FUNDEF

• Programa de Avaliação Institucional - PAIUB

• Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Básica - SAEB

• Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM

• Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs

• Exame Nacional de Cursos – ENC

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CAPÍTULO II

FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE ENSINO NO BRASIL

2.1. Os sistemas educacionais no Brasil e a descentralização.

No Brasil, os sistemas educacionais possuem estruturas muito

frágeis e convivem com freqüentes reformas que são superficiais e nada

contribuem para mudanças positivas. Alem do mais, existe outra

característica do funcionamento desses sistemas a qual constitui na

descontinuidade administrativa, visto que, por sua vez, eles são

presididos pelos princípios de patrimonialismo – isola subsistemas, e

pelo paternalismo – instiga a dependência e a alienação.

“ A administração pública da escola pode se

fundar sobre uma visão sistêmica estreita que

procura acentuar os aspectos estáticos – como o

consenso, a adaptação, a ordem – ou numa visão

dinâmica que valoriza a contradição, a mudança, o

conflito.” (SANDER, 1984. P. 30)

A partir da afirmação de Sander, pode-se mencionar dois

paradigmas de sistema de ensino:

• Sistema Fechado – Embora consista em abolir as

contradições e os conflitos, não quer dizer que não

ocorram os mesmos, apenas são camuflados e

integrados.

• Sistema Aberto – Trabalha com a tensão e o conflito. A

escola e a sala de aula é o locus fundamental da

educação, possibilitando a tomada de decisão pela

comunidade escolar.

Essas duas formas de sistema predomina na prática o

confronto entre uma visão funcionalista estática da educação e uma visão

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dialética, dinâmica do sistema. Um sistema único e descentralizado seria a

proposta para o sistema de ensino, assim como o sistema de saúde (art.

198 da Constituição), conquistado graças a pressão dos profissionais da

área, ou seja, o sistema único descentralizado de saúde favorece a

igualdade na assistência, preservando a autonomia das pessoas em

defesa de sua integridade física e moral.

Um sistema único e descentralizado pode propiciar a

democratização, a qualidade dos serviços públicos, proporcionando mais

subsídios à coordenação pedagógica com a transparência administrativa.

Porem, nesse sentido, é preciso contar com uma sólida participação

efetiva da população.

Caracterizada pela tendência atual mais forte dos

sistemas de ensino, a descentralização institui as últimas reformas

empreendidas por Estados, Municípios e até o Governo Federal; embora

encontrando resistência por parte das organizações de educadores e

pela burocracia, associada muitas vezes na luta contra a inovação

educacional.

A nova LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional – envereda para a descentralização e autonomia da escola,

apesar de ainda conservar a estrutura do sistema centralizado, herança

do período autoritário, fundamentado num estadismo beligerante e

conservador.

Em se tratando da Coordenação Pedagógica, alguns dos

princípios essenciais à administração de um sistema único e

descentralizado de ensino estão descritos a seguir:

• Da gestão democrática – Trata da valorização da escola

e da sala de aula, eliminando a mediação entre a

direção dos órgãos responsáveis pela educação e as

escolas facilitando a o trabalho da coordenação escolar.

• Da comunicação direta com as escolas – Definida pela

comunicação entre as escolas e a população, a qual

precisa participar mais maciçamente, tendo maior

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informação e utilizando o diálogo entre alunos, pais,

professores e o poder público.

Todavia, a escola, locus central da educação, deve

construir e elaborar a cultura. A autonomia escolar

deveria ser o princípio básico tido pelo órgão

responsável pela educação.

• Da autonomia da escola – Propõe a cada escola a

escolha de seu próprio projeto pedagógico. A escola

pode significar um projeto, e não somente um prédio,

mas uma idéia que permitiria associar várias unidades

escolares superando as adversidades do sistema

educacional.

• Da avaliação permanente do desempenho escolar –

Remete o princípio da gestão democrática. Num sistema

único e descentralizado de educação pública esta

questão consiste em um dos pontos cruciais, visto que

as escolas muitas vezes não são avaliadas ou são

avaliadas burocraticamente. A avaliação deve ser

incluída como parte essencial do projeto da escola,

envolvendo a coordenação pedagógica, além de alunos

e professores, pais e comunidade e o poder público.

2.2. O tema da autonomia escolar.

A autonomia da escola desenvolve-se tanto pela

consequência de um caminho percorrido, um desafio à prática da

educação quanto pela preocupação dos atuais sistemas educativos e de

seus respectivos educadores.

Diante do pluralismo político como valor universal e da

globalização da economia, hoje, os sistemas educacionais estão

emergidos numa explosão descentralizadora. A reivindicação pela

autonomia é crescente. A multiculturalidade é um fenômeno

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contemporâneo, visto que a afirmação regional, de cada língua, de

cada dialeto e a valorização das culturas locais tende a ganhar força.

Discutir a autonomia da escola é discutir a própria natureza da

educação, ou seja, a sua história. A escola que ganha autonomia ganha

também a capacidade de educar para a liberdade.

Dessa forma, discute-se a história da luta pela autonomia

intelectual e institucional da escola, associada a liberdade de expressão

e de ensino.

A autonomia escolar enraíza-se no processo de ensinar

dos primórdios da filosofia grega, demonstrado no diálogo de Sócrates e

Menón em torno da questão “se a virtude podia ser ensinada”, no

entanto o mestre Sócrates afirmou que o escravo Menón deve procurar a

resposta, nele mesmo. Assim, educar significa para o educando buscar

a resposta do que pergunta, capacitar, formar para a autonomia. O

diálogo era o método da escola, no ideal de Sócrates, que deveria ser

instituída em torno da autonomia, proporcionando, por sua vez, o

discípulo a descobrir a verdade. Educar significa, portanto, auto-

educação.

A origem da palavra “autonomia” advém do grego, em que

“autos” significa si mesmo e “nomos” quer dizer lei. Autonomia é

entendida por autoconstrução, autogoverno.

“ A escola autônoma seria aquela que se

autogoverna. Mas não existe autonomia absoluta.

Ela sempre está condicionada pelas circunstâncias,

portanto a autonomia será sempre relativa e

determinada historicamente.” (GADOTTI, 1999.

P.23)

Com base na descentralização da escola, o termo

autonomia teve um papel relevante contra o poder instituído

burocraticamente, isto é, o centralismo deu lugar a participação.

Pode-se dizer que a moderna escola anti-autoritária tem

como precursor o educador e humanista italiano Vittorino da Feltre

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(1378-1446), onde ele propunha métodos ativos com a participação

dos alunos em sua escola chamada “La casa Giocosa” (A casa

Alegre), numa época em que predominavam os métodos autoritários

da escolástica, centrados no mestre.

Muitos educadores contribuíram para o desenvolvimento

de um novo paradigma educativo, a Escola Nova, entre eles John

Dewey (1859-1952) tem a sua grande participação em que seus

princípios do “aprender fazendo”, “aprendendo pela vida” e “para a

democracia” são lembrados até hoje. A autonomia e auto-atividade do

educando foram consagradas também, além de Dewey, pelas obras de

Maria Montessori (1870-1952), Pistrak, Jean Piaget (1896-1980) e

Célestin Freinet (1896-1966).

Jean Piaget afirma em seu livro La autonomia em la

escuela1 que “a autonomia é uma preparação para a vida do cidadão,

tanto melhor, quanto mais substituem nela o exercício concreto e a

experiência da vida cívica à ligação teórica e verbal”.

“A autoridade é, sem dúvida, necessária para

impedir a criança de prejudicar e prejudicar-se;

mas a educação não começa senão no momento

me que cessa autoridade. A única coerção

educativa é a autocoerção. “ ( REBOUL,1974.P. 43)

O que levantou mais alto a bandeira da escola foi a Escola Nova

a qual se define como livre organização dos estudantes, autogoverno.

Assim, o movimento da Escola Nova enfatizou mais a autonomia como

fator de desenvolvimento pessoal do que como fator de mudança

social.

1 PIAGET, J. HELLER J. La autonomía em la escuela. 3. ed. Buenos Aires: Losada, 1950, p. 26.

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CAPÍTULO III

GESTÃO DO ENSINO NO PAÍS

3.1. O trabalho da coordenação pedagógica para a qualidade do

ensino no país.

Mediante a atual situação de precariedade do ensino

no Brasil, particularmente o ensino fundamental, e pela insuficiência

da ação do Estado no provimento de um ensino em quantidade e

qualidade compatíveis com as necessidades da população, a

participação da população usuária na coordenação pedagógica da

escola básica sugestiona iniciativas necessárias para se superar

esta condição e exigir os serviços a que tem direito.

Para uma verdadeira democracia social, não basta a população

apenas ir as urnas votar nas eleições periódicas para ocupantes dos

cargos do Estado, mas deve ser exigido o permanente controle

democrático do Estado, com intuito de levá-lo agir conforme os

interesses dos cidadãos. O Estado, por sua vez, precisa ter o controle

em todas as instâncias e o dever de prestar os serviços principalmente

naquelas mais essenciais à população, que estão mais próximas, como

é o caso da educação, a qual deve procurar ressaltar a importância da

instalação de mecanismos institucionais que estimule a participação da

coordenação pedagógica, assim como educadores, funcionários,

inclusive de usuários a quem devem ser servidos por ela.

“A escola necessita da adesão de seus usuários

(não só de alunos, mas também de seus pais ou

responsáveis) aos propósitos educativos a que ela

deve visar, e que essa adesão precisa redundar

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em ações efetivas que contribuam para o

desempenho do estudante.” (BASTOS, 1999, P.

23).

O senso comum inclusive os políticos, administradores da educação e

até os círculos acadêmicos onde se discutem políticas educacionais,

identificam duas características configuradoras da má qualidade do ensino

público no Brasil, hoje, que constitui na má preparação para o mercado de

trabalho e a ineficiência em levar o aluno à universidade.

O aluno de algumas escolas particulares tem receio de se

inscrever no vestibular mais concorrido da rede pública porque tiveram

uma educação de péssima qualidade. Além disso, não há um estímulo

por parte da coordenação pedagógica para que o aluno procure

acreditar que ele é capaz de conseguir o objetivo de ingressar numa

universidade pública desde que se esforce.

Segundo relatos de alunos, são raridade determinadas escolas que

envolvem o aluno no clima do vestibular. Boa parte delas sequer mantém

informados os estudantes das datas de inscrição dos exames (GOES, 2003, P.

32)

As pressões externas, decorrentes da insatisfação das pessoas

com a ordem existente quando surgem, acarretam mudanças nas

organizações sociais. A escola vem sofrendo enormes pressões

externas e a sociedade tem demonstrado seu desagrado em relação

ao trabalho realizado pelas instituições educacionais.

O descontentamento dentro da organização escolar deixa claro

o anseio por uma maneira diferente de fazer a educação. Cada

escola quer determinar a melhor alternativa de ação, a partir de um

modelo próprio e, coletivamente, alcançar a excelência que a

comunidade escolar pretende tornar uma realidade.

Pensando na solução para esta questão é que está se buscando

implementar a gestão democrática do ensino. Isso envolve:

• Autonomia dos estabelecimentos de ensino na gestão

administrativa, f inanceira e pedagógica;

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• Livre organização dos segmentos da comunidade escolar;

• Participação dos segmentos da comunidade escolar nos

processos decisórios em órgãos colegiados;

• Transparência dos mecanismos administrativos,

financeiros e pedagógicos;

• Garantia de descentralização do processo educacional;

• Valorização dos profissionais da educação;

• Eficiência no uso de recursos, etc.

A descentralização pode ser compreendida e aplicada como o

fortalecimento da organização escolar que, ao possuir maior

autonomia, define sua identidade, redefine o seu papel e o dos

diferentes segmentos envolvidos, superando os processos centralizados

e centralizadores até agora existentes, fundamentados na natureza

técnico-burocrática da administração dos sistemas de ensino, e não

apenas entendida como uma transferência de encargos.

Seria interessante refletir sobre as seguintes questões:

• Descentralizar o quê, por que e para quê?

• Que relações existem entre processos decisórios e

participativos?

Como descentralizar estabelecendo:

1. A democratização nas relações de poder e do

trabalho da coordenação pedagógica?

2. A reorganização dos espaços decisórios?

3. A definição dos processos de participação?

A medida que a escola vai construindo sua autonomia é

processada a descentralização.

A autonomia não significa ausência de leis, regras ou como

criticam alguns autores esse termo de renovação da educação,

considerando-o “privatista” onde ocorre a desobrigação do Estado em

relação a educação. Todavia, o termo autonomia caracteriza-se a

possibilidade de a escola ser o centro das decisões, traçar seus

rumos, buscar seus caminhos, criar condições de vir a ser o que se

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pretende, dentro dos parâmetros gerais de uma gestão mais eficaz do

ensino tanto particular quanto estatal.

Em busca de um ensino de melhor qualidade para todos é

pressuposto a Autonomia para que a escola tenha garantia de recursos

materiais e humanos para poder pensar e fazer acontecer seu caminho.

A escola torna-se o centro das decisões com autonomia,

inclusive assume a responsabilidade por essas decisões. Para isso,

o Estado, no caso da escola pública, precisa assumir a sua

responsabilidade, ou seja, oferecer à escola os meios para a

concretização dessa autonomia.

A escola particular deve possuir, por sua vez os recursos

necessários e suficientes para suas atividades de ensino e avaliar

seu desempenho, e, cabe à escola, pela própria lei, conquistar sua

autonomia pedagógica, administrativa e financeira, definindo, em

conjunto com a comunidade, as prioridades de sua atuação, e

prestando contas, a esta comunidade, dos resultados obtidos.

A prática institucional da democratização do ensino

desencadeará, um processo circular, em que as instâncias

envolvidas - equipe diretiva, corpo docente, discente, pais,

funcionários - redimensionem o fazer pedagógico, administrativo e

financeiro, proporcionando essa construção coletiva, sincronizada e

abrangente traçar uma nova estrutura capaz de romper a cadeia de

recriminações mútuas e da busca de culpados pelo insucesso da

escola, além de avançar na concretização de desejos comuns.

Nessa busca de transformação, a escola e a sociedade planejam e

realizam ações que viabilizam o processo de qualificação do ensino, sem

esquecer que os problemas de gestão estão presentes nos vários níveis

decisórios, e que é imprescindível à conquista de autonomia, que, por sua

vez, requer integração e descentralização.

No contexto da democratização, a descentralização do sistema de

ensino, leva a uma reorganização dos espaços de atuação e das

atribuições das diferentes instâncias decisórias - Governo, Secretaria,

Diretoria Regional de Ensino, Escola - com novos processos e instrumentos

de participação, de parceria, de controle.

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A descentralização da administração da educação e à construção

da autonomia da escola somente poderá ser efetuada a partir de uma

gestão democrática, nas diferentes instâncias.

Uma mudança eficaz na coordenação pedagógica não é obtida por

qualquer processo de descentralização. A função da Instituição privada

de ensino e do Estado, no caso da rede pública, precisa ser bem

definida, de coordenação geral da política educacional, de garantia da

melhoria da qualidade de ensino, de manutenção do sistema etc., e do

papel de escola nesse processo.

Gestão democrática implica participação intensa e constante dos

diferentes segmentos sociais nos processos decisórios, no compartilhar

as responsabilidades, na articulação de interesses, na transparência das

ações, em mobilização e compromisso social, em controle coletivo.

Quando se faz gestão democrática, realizam-se processos

participativos. E processo participativo pressupõe criação e ação em

órgãos colegiados; planejamentos conjuntos e participativos; decisões

compartilhadas entre os diferentes segmentos; pensar e fazer com

parcerias; passagem do âmbito burocrático da administração para o

âmbito pedagógico da ação; participação interativa dos segmentos da

comunidade escolar, entre outros.

Cada escola precisa construir sua gestão democrática. Não há

fórmulas ou receitas mágicas, mas deve haver vontade, capacidade,

criatividade, perseverança e certeza de que esse é o caminho para se

alcançar uma escola pública de qualidade.

“A gestão democrática poderá constituir um

caminho real de melhoria da qualidade de ensino

se ela for concebida, em profundidade, como

mecanismo capaz de alterar práticas pedagógicas.

Não há canal institucional que venha a ser criado

no sistema de ensino que, por si só, transforme a

qualidade da educação, se não estiver pressuposta

a possibilidade de redefinição e se não existir uma

vontade coletiva que queira transformar a

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existência pedagógica concreta. “(BASTOS, 1999,

P. 34).

3.2. Gestão Democrática Educacional

A gestão democrática da escola tem sido um dos desafios destes

tempos pós-LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). O

orizonte desse conceito de gestão é o da construção da cidadania que

inclui a noção de autonomia, participação, construção partilhada,

pensamento crítico em oposição à idéia de subalternidade, mas envolve,

também, a de responsabilidade, prestação de contas, bem comum,

espaço público. Na gestão democrática, a ideologia da burocracia como

um fim em si mesma é substituída pela de organização que tem a

finalidade de levar a escola a desempenhar com êxito o seu papel. A

questão da administração competente da escola pública, sem dúvida,

está articulada com a competência técnica, humana e política, que vai

assegurar uma adequada percepção da realidade concreta que cerca a

escola.

Uma escola democrática é aquela que por entender o seu caráter

político, ultrapassa práticas sociais alicerçadas na exclusão, na

discriminação, na apartação social que inviabilizam a construção do

conhecimento; por perceber a dimensão humana do processo ensino-

aprendizagem, aposta no crescimento pessoal, interpessoal e intragrupal,

vinculado às relações sócio-históricas em que se dá esse processo; por

considerar que o fato de administrar uma escola tem uma dimensão técnica,

preocupa-se em organizar, numa ação racional, intencional e sistemática, as

condições que melhor propiciem a realização de sua finalidade, lembrando

sempre que este aspecto não é neutro nem apenas instrumental.

Quando todas essas dimensões se articulam, eleger o/a

diretor/a da escola, buscar a participação mais expressiva de

professores e professoras, pessoal de apoio administrativo, pais,

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mães, responsáveis, alunos e alunas no cotidiano da escola e

oferecer à população educação de qualidade, que é direito de todos,

é algo que se constrói na própria dinâmica do processo.

A gestão escolar passa, necessariamente, pelo entendimento de

que administrar uma escola é possibilitar que crianças e jovens, de

quaisquer camadas sociais, se apropriem do conhecimento e construam

valores e que isso só ocorrerá se ela se organizar pedagogicamente

para isso.

Para realizá-la e para que não seja destituída de sentido, a gestão

do processo educacional tem que se entender, sobretudo, como

participante de um processo maior, onde é preciso o entendimento de que

para se tornar um instrumento de "controle democrático", a serviço da

educação, a escola, enquanto instituição social, tem que se preocupar com

o que o Professor Pedro Demo chama de "qualidade política", isto é, com a

superação da qualidade formal. Diz ele que “Educação não pode se bastar

com qualidade formal, porque seu signo mais profundo é a qualidade

política, que é fim” (DEMO, 1997, P.43).

Portanto, a eleição de diretores e diretoras não pode ser, sozinha,

indicador de que a gestão da escola é democrática. É fundamental, para

que a democracia se instale no sistema de ensino do país, que seja

assegurado a todos os alunos e alunas o acesso ao conhecimento, seja

ele ou ela proveniente de qualquer parte do Brasil, originário desta ou

daquela classe social, deste ou daquele grupo étnico, seja católico,

evangélico, umbandista ou judeu.

É preciso, ainda, que a instituição de ensino de uma maneira geral,

assim como a coordenação pedagógica tome verdadeiramente a seu cargo a

função de oferecer as condições materiais e pedagógicas para que os

professores realizem o seu trabalho de educar as novas gerações, além de

desenvolver políticas concretas de capacitação dos profissionais que

administram as escolas de seu sistema, criando mecanismos institucionais

para um eficiente e eficaz planejamento, coordenação, acompanhamento e

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avaliação da ação educativa e de controle da aplicação dos recursos públicos

de que a escola vier a dispor.

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1996. (Mimeog.).

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XAVIER, Antônio Carlos R; SOBRINHO, José. A Gestão da Escola e da

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http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/index.html. Acesso em: 01 de setembro de

2003.

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