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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014
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GESTÃO E USO DO SOLO NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO BONITO – MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PR
Milena Pellissari Bedim [email protected]
Curso de Geografia – UNIOESTE
Vanda Moreira Martins [email protected]
Curso de Geografia – UNIOESTE
RESUMO: A proposta da pesquisa é realizar o levantamento e mapeamento dos solos
e identificar as alterações morfopedológicas e ambientais na sub-bacia hidrográfica
localizada na margem esquerda do córrego Bonito. Considerando tratar-se de um
córrego de primeira ordem, sob uso de turismo rural, lazer, agricultura, mata ciliar
alterada entre outros, observa-se o desencadeamento de impactos ambientais nas
últimas seis décadas. O objetivo é averiguar e identificar as consequências dos
impactos na dinâmica ambiental da sub-bacia, correlacionando-os com as Leis
Ambientais vigentes (uso do solo no meio rural e urbano e Código Florestal Brasileiro).
Para tanto estão sendo realizados levantamentos sobre o histórico de uso do solo da
sub-bacia hidrográfica, classificação e mapeamento dos solos, além da caracterização
dos elementos fisiográficos (topografia, declividade, morfometria da sub-bacia e rede
de drenagem) para fins de gestão ambiental.
Palavras-chave: Bacia Hidrográfica; Solos; Código Florestal; Planejamento Ambiental.
EIXO 5: Planejamento Ambiental e Ordenamento Territorial.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento urbano e rural, fundamentado na ocupação de áreas
destinadas à preservação e/ou conservação, levou à transformação rápida dos
recursos naturais, sobretudo à degradação dos solos. Então, coube a ciência e, entre
elas, a Geografia Física, reunir conhecimento e utilizar técnicas que possam contribuir
para prevenir, minimizar ou corrigir os impactos ambientais.
Localizado na região Oeste do Paraná, o Município de Marechal Cândido Rondon
tem como base econômica as atividades agropecuárias, pois seus solos (Latossolos
Vermelhos e Nitossolos Vermelhos) e o relevo suavemente ondulado constituem os
requisitos naturais básicos que garantem a sustentabilidade dos sistemas
agroindustriais locais. No entanto, apesar da necessidade da conservação dos solos, a
utilização adequada das práticas conservacionistas é ainda, pouco praticada
(MAGALHÃES, 2008). Destaca-se, contudo, a importância em saber transferir os
resultados das experiências de uso do solo positivas, mantendo o progresso
econômico e sua utilização correta, de forma sustentável. Para tanto, é necessário
conhecer o solo e como ele se comporta na paisagem, reunindo, assim, um conjunto
de informações úteis à sociedade que, de alguma forma, utiliza esse recurso natural,
base de todas as atividades humanas na superfície da Terra.
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O mapeamento e a identificação das alterações morfopedológicas e ambientais na
bacia poderão, então, fornecer informações mais precisas sobre os reflexos das
recentes condições de uso dos solos, contribuindo para as pesquisas e ações cujas
temáticas abordam a gestão e o planejamento ambiental.
CARACTERIZAÇÀO DA ÁREA DE ESTUDO
A sub-bacia (Figura 1), doravante denominada “Halli”, localiza-se no Município de
Marechal Cândido Rondon, região Oeste do estado do Paraná, sob clima subtropical
úmido e compartimento geomorfológico conhecido como Terceiro Planalto
Paranaense, cujo substrato geológico é formado por rochas efusivas básicas. A
referida sub-bacia integra a bacia hidrográfica do Córrego Bonito e, ambas fazem
parte da bacia do rio Paraná. O recente processo de colonização (iniciado há
aproximadamente seis décadas), as alternâncias de uso do solo e os impactos
ambientais na sub-bacia “Halli” nortearam o interesse em pesquisar a problemática
sócio-ambiental da mesma. É importante ressaltar que, ao longo de toda a sub-bacia
“Halli” é possível encontrar variáveis de análise como o antigo lixão da cidade de
Marechal Cândido Rondon; as chácaras de criação de suínos; as chácaras de turismo
rural e lazer; a mata ciliar alterada ou ausente (Figura 2) e, ainda, o conflito
socioambiental que envolve as áreas de lazer e o lixão.
FIGURA 1 – Localização da Área de Estudo
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OBJETIVO
Realizar o levantamento detalhado dos solos e identificar os principais impactos socioambientais e alterações morfopedológicas na sub-bacia.
Figura 2 - Uso do solo na sub-bacia “Halli” – Marechal Cândido Rondon - PR.
Fonte: Google Earth – 10/04/2014
1. Antigo Lixão de Marechal Cândido Rondon; 2. Criação de Suínos; 3. Chácara de turismo rural e lazer; 4. Agricultura; 5. Mata ciliar alterada ou ausente; 6. Aeroporto de Marechal Cândido Rondon.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os principais componentes das bacias hidrográficas: o solo, a água, a vegetação e a fauna, coexistem em permanente interação, respondendo às interferências naturais como o intemperismo e a modelagem da paisagem e aquelas de natureza antrópica, como o uso e ocupação, afetando os ecossistemas como um todo.
As bacias hidrográficas possuem características geofísicas e sociais integradas e,
por serem unidades geográficas naturais, são mais adequadas para a
compatibilização da produção com a preservação ambiental. Os problemas que se
manifestam em sub-bacias geralmente são de nível local. Portanto, as pessoas que
residem nesses locais são, ao mesmo tempo, causadores e vítimas de parte dos
problemas. Assim, as leis, as normas e as fiscalizações podem ter pouco significado
se a população não estiver sensibilizada para os problemas socioambientais.
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Levando-se em consideração que o manejo adequado do solo é importante para
minimizar as perdas de solo e a lixiviação de fertilizantes ou agrotóxicos, as quais
causam danos, tanto para a lavoura como para o ambiente, é importante que cada vez
mais estudos sejam realizados com a finalidade de atenuar os problemas e dar
subsídio às instituições rurais (GROSSI, 2003).
Considerando ainda que um significativo percentual das áreas das bacias
hidrográficas é constituído pelo espaço rural e as atividades agropecuárias são
aquelas que ocupam maiores extensões do espaço geográfico, os impactos gerados
por essas atividades podem ser refletidos nas bacias hidrográficas superiores.
O manejo integrado das bacias hidrográficas, portanto, deve ir além das áreas
rurais, pois elas refletem a garantia de abastecimento hídrico, tanto em qualidade
quanto em quantidade, para as populações urbanas, processamentos industriais e
vida útil de reservatórios para geração de energia e lazer. Assim, o espaço rural
assume relevância não somente na produção de alimentos e fibras, mas como
“produtor” de água em qualidade e quantidade satisfatória para utilização múltipla.
(SOUZA; FERNANDES, 1996).
METODOLOGIA
Etapa 1: elaboração do recorte espacial (delimitação da área de estudo) com leituras dirigidas às temáticas relacionadas às Bacias Hidrográficas e a análise integrada da Paisagem (GROSSI, 2003; PISSARRA & POLITANO, 2003; MORESCO, 2007); à investigação e procedimentos utilizados no levantamento dos solos a partir da Análise Estrutural da Cobertura Pedológica (BOULET, 1988; RUELLAN, 1988) que reúne um conjunto de procedimentos (os estudos em topossequências de solos a partir de sondagens a trado manual), além da descrição morfológica dos horizontes (SANTOS et al. 2005), das técnicas e análises físico-químicas tradicionais de rotina (EMBRAPA, 1997) e da classificação (EMBRAPA, 2013) dos solos;
Etapa 2: caracterização da área de estudo, seguido dos aspectos antrópicos e ambientais da sub-bacia; análise dos diferentes tipos de uso do solo na sub-bacia com base na legislação ambiental vigente, enfatizando o Código Florestal Brasileiro (Vade Mecum Saraiva, 2013); Etapa 3: elaboração dos mapas de uso do solo, declividade, localização da área de estudo, hipsometria e do mapa preliminar de solo a partir de fotos aéreas, cartas topográficas de 1:50.000 e técnicas de geoprocessamento, utilizando os SIGs Global Mapper e Quantum Gis;
Etapa 4: levantamento de solos por meio: a) da descrição, da identificação e da classificação dos solos (SANTOS et al. 2005; EMBRAPA, 2013; b) dos trabalhos em campo; c) das análises físico-químicas de rotina em laboratório (LEPSCH, 2002; EMBRAPA, 1997).
Etapa 5: sistematização, análise e interpretação dos dados relativos à pesquisa, seguido de aferição em campo dos elementos observados, identificados e representados nos mapas temáticos.
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa, ainda em andamento, encontra-se na fase de levantamento dos
dados e informações sócio-ambientais e fisiográficas da sub-bacia: a) elaboração das
cartas temáticas básicas (topografia, declividade, uso do solo, carta de solos) com
auxílio de SIGs (Sistema de Informação Geográfica), como os softwares Global
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Mapper e Quantum Gis; b) Coleta de documentos e dados sobre o histórico de uso do
solo na sub-bacia, sobretudo sobre o histórico de instalação do antigo lixão da cidade
de Marechal Cândido Rondon, junto à CODECAR (Companhia de Desenvolvimento de
Marechal Cândido Rondon) e à Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon -
PR.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRADY, Nyle C.; WEIL, Ray R. Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos.
3. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2013.
BOULET, R. Análise estrutural da cobertura pedológica e cartografia. In:
Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 25, Campinas, 1988. Anais. Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo, 1988. 79-90p.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de
Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2° ed. Rio de Janeiro:
Centro Nacional de Pesquisa de Solos – CNPS. (EMBRAPA – CNPS. Documentos, 1).
1997.
EMBRAPA – Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 3° Ed. rev. Ampl.
Brasília, DF: Embrapa, 2013.
GROSSI, C.H. Sistemas de Informação Geográfica – Basin 3.0 na Modelagem Hidrológica da Bacia Experimental do Rio Pardo, SP. 2003. 101 f. Dissertação (Mestre) – Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2003.
LEPSCH, I. F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002.
MAGALHÃES, V. L. Os sistemas pedológicos e paisagem na bacia de Sanga Clara Marechal Cândido Rondon-PR. 93f. 2008. Dissertação de Mestrado em
Geografia – DGE/PGE/UEM. Maringá – PR.
PISSARRA, T.C.T.; POLITANO, W.A. Bacia Hidrográfica no Contexto do Uso do Solo com floresta. Jaboticabal: Ed. FUNESP, 2003.
ROCHA, Anderson. S. da. Morfopedologia e fragilidade ambiental nos fundos de vale do trecho superior do Córrego Guavirá Marechal Cândido Rondon – PR.
Francisco Beltrão, 2011. 125p. (Dissertação de Mestrado) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
RUELLAN, A. Pedologia e desenvolvimento; a ciência do solo a serviço do desenvolvimento. In: MONIZ, A. C., FURLANI, A. M. C., FURLANI, P. R., FREITAS, S. S. (Eds). A responsabilidade social da ciência do solo. Campinas: Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo, 1988. P. 69-74.
SANTOS, R. D. dos. et. al. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5° ed.
Viçosa: SBCS, 2005, 100p.
SOUZA, Enio Resende de; FERNANDES, Maurício Roberto. Sub-bacias hidrográficas unidades básicas para o planejamento e gestão sustentáveis das atividades rurais. Belo Horizonte, 1996. EMATER-MG.
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TEODORO, Valter Luiz Iost. O conceito de Bacia Hidrográfica e a importância da caracterização morfométrica para o entendimento da dinâmica ambiental local.
Revista Uniara, n° 20, 2007.
VADE MECUM Saraiva / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a
colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti – 15 ed. atual e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2013.