gestão de resíduos sólidos unidade 1

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GESTÃO DE RESÍDUOS SOLIDOS Prof. Giovani Renato Zonta Prof. Luiz Alessandro da Silva PROGRAMA DA DISCIPLINA UNIDADE 1 – CONCEITUAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. UNIDADE 2 – A DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS.

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Page 1: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

GESTÃO DE RESÍDUOS SOLIDOS

Prof. Giovani Renato Zonta

Prof. Luiz Alessandro da Silva

PROGRAMA DA DISCIPLINA

UNIDADE 1 – CONCEITUAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.UNIDADE 2 – A DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS.UNIDADE 3 – TECNOLOGIAS PARA TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, MÉTODOS E INOVAÇÕES.

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APRESENTAÇÃO

Descrever

Esperamos poder contribuir com o seu aprendizado! Bons estudos!

Prof. Giovani Renato Zonta

Prof. Luiz Alessandro da Silva

Page 3: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA

EMENTA

Conceituação, Políticas e gestão de resíduos sólidos, Caracterização dos resíduos sólidos,

geração e impactos, Políticas aplicadas e gestão de resíduos sólidos, Gestão Integrada de

Resíduos, A dimensão socioeconômica da gestão dos resíduos, Gestão Ambiental e

sustentabilidade, Gestão compartilhada dos resíduos sólidos, Políticas de Incentivos a gestão de

resíduos, Tecnologias para Tratamento de resíduos sólidos, métodos e inovações, Utilização dos

resíduos sólidos como matriz energética, Reciclagem mecânica e energética – aplicações

específicas, Cenário Atual e perspectivas.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

Esta disciplina tem por objetivos:

Discorrer a cerca dos conceitos fundamentais sobre resíduos sólidos;

Conhecer os principais métodos para os tratamentos dos resíduos sólidos;

Capacitar o(a) acadêmico(a) a propor técnicas adequadas de disposição final dos

resíduos;

Compreender as ferramentas de gestão de resíduos sólidos no Brasil.

PROGRAMA DA DISCIPLINA

UNIDADE 1 – CONCEITUAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.UNIDADE 2 – A DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS.UNIDADE 3 – TECNOLOGIAS PARA TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS, MÉTODOS E INOVAÇÕES

Page 4: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Sumário

UNIDADE 1 – CONCEITUAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.

TÓPICO 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS, GERAÇÃO E IMPACTOS.1.1 Introdução1.2 Conceitos e classificação1.2.1 Classificação dos Resíduos Sólidos quanto a sua origem1.3 Fontes geradoras1.3.1 Resíduos industriais1.3.2 Resíduos da construção civil1.4 Impacto ambiental1.5 Monitoramento Ambiental1.5.1 Aspectos do monitoramento ambiental 1.5.2 Implantação

Tópico 2 – Políticas aplicadas e gestão de resíduos sólidos 2.1 Introdução2.2 Evolução da política de Resíduos sólidos2.3 Política de Resíduos sólidos – Lei federal 12.3052.4 Políticas Internacionais Referentes à geração de Resíduos2.4.1 Conferencia de Estocolmo2.4.2 A Convenção de Basiléia 2.4.3 ECO 92 - Rio de Janeiro 19922.5 Leitura complementar

Tópico 3 Gestão Integrada de Resíduos3.1 Introdução3.2 Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) Aspectos Básicos3.3 Resíduos Sólidos Industriais e Agroindustriais 3.3.1 Inventário Nacional de Resíduos Industriais3.3.2 Caracterização dos resíduos agroindustriais3.3.2.1 Resíduos sólidos3.2.2.2 Esterco animal3.2.2.3 Resíduos de cultivo agrícola3.2.2.3 Resíduos Agroindustriais3.4 Estudo de Caso3.4.1 Estudo de Caso A - Gestão de Resíduo da Indústria do Agronegócio

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UNIDADE 1 – CONCEITUAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.

TÓPICO 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS, GERAÇÃO E IMPACTOS.

1.6 Introdução

A produção de resíduos sólidos tornou-se um grande problema mundial, com reflexos que

extrapolam a área ambiental, visto que a ausência de sustentabilidade do ciclo linear de produção

e descarte de materiais, além de esgotar as reservas naturais, tem transformado o planeta em um

largo depósito de lixo, causando a degradação do meio ambiente (COSTA, 2011).

Para Costa et. al., o interesse com as questões ambientais parece acontecer em ondas

sucessivas e na contingência da conjuntura vigente: forças políticas e pressões econômicas e

ideológicas. Os recursos naturais têm sido explorados no planeta de forma muito errônea e a

conseqüência disso, é o desequilíbrio ambiental, onde um dos grandes problemas é a produção

crescente de resíduos sólidos.

Para que possamos iniciar uma mudança de paradigma e assim, buscar o equilíbrio para

que as gerações futuras possam aproveitar o meio, é necessário que os conceitos inerentes à

produção de resíduos sólidos sejam conhecidos e usados como base para o entendimento da

posição sócio cultural que vivemos.

1.7 Conceitos e classificação

São resíduos, nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos

nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água,

ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia

disponível. (NBR 10004:2004).

Uma definição de resíduos sólidos abrangente, e a proposta pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT). A NBR 1004 (ABNT 2004a) define resíduos sólidos como:

“Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou de corpo de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”.

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Segundo o Portal Brasil, produzimos em média 161.084 mil toneladas de resíduos sólidos ao

dia. Este cenário mostra a urgência em buscar soluções a fim de destinar de forma correta o

resíduo no sentido de aumentar a reciclagem e diminuir o seu volume. Atualmente, 59% dos

municípios brasileiros dispõem seus resíduos em lixões (Portal Brasil, 2010) .

ÍCONE 3 – O texto Resíduos Sólidos do site Portal Brasil apresenta um cenário mais completo sobre a produção e algumas sugestões para a diminuição dos nossos resíduos produzidos. (http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/residuos-solidos).

1.2.1 Classificação dos Resíduos Sólidos quanto a sua origem

Segundo Lima (2000), os resíduos sólidos são materiais heterogêneos, (inertes, minerais e

orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente

utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos

naturais. A classificação quanto à origem, características físicas, químicas e biológicas dos

resíduos, podem-se ser colocadas da seguinte forma:

QUADRO 01 – Classificação dos Resíduos Quanto à Origem e Características

OrigemCaracterísticas Físicas

Características Químicas

Características Biológicas

Domiciliar;Comercial;Industrial;Serviços da Saúde;Portos, Aeroportos, Terminais Ferroviários e Rodoviários;Agrícola;Construção Civil;Limpeza Pública;Agroindustriais;

Compressividade;Teor de Umidade;Gravimétrica;Per capitaPeso Específico

Poder Calorífico;Teores de Matéria Orgânica;Relação Carbono/Nitrogênio;Potencial Hidrogeniônico;

Bactérias;Vírus;Helmintos;Protozoários;

Fonte: Adaptado de Lima (2000)

O quadro acima mostra de forma clara como os resíduos são gerados. A necessidade de se

conhecer a origem a característica de cada resíduo é importante quando da disposição correta

dos resíduos.

Ribeiro e Morelli (2009) apresentam um esquema desta classificação quanto a origem, mais

corriqueira, é apresentado na figura 1.

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Figura 1 – Classificação dos resíduos sólidos quanto à sua origem

Fonte: Adaptado de Ribeiro e Morelli (2009)

As controvérsias entre as classificações começam quando pensamos nos dois grupos.

Muitos autores como BIDONE & POOVINELLI, consideram os resíduos radioativos, os rejeitos

agrícolas e os provenientes dos serviços de saúde como subdivisões principais dos tipos de

resíduos (Ribeiro e Morelli, 2009)

1.8 Fontes geradoras

São consideradas fontes geradoras, toda e qualquer fonte que possa produzir um resíduo.

Segundo a Lei nº 12.305/2010, os resíduos sólidos são classificados quando as fontes geradoras

conforme os Quadros 2 e 3, através das seguintes classificações: 

Urbanos

Industriais

RESÍDUOS SÓLIDOS

ServiçosDomiciliares

Serviços de saúde

Portos, aeroportos e ferrovias

Poda e capina

Sacolão e feira-livre

Comercial e shopping

Limpeza de boca-de-lobo

Indústrias de Transformação

Rejeitos Radioativos

RejeitosAgrícolas

Construçãoe demolição

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QUADRO 02 – Classificação das fontes geradoras quanto à origem

Quanto à origem

Resíduos domiciliaresOs originários de atividades domésticas em residências urbanas; 

Resíduos de limpeza urbanaOs originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; 

Resíduos sólidos urbanos Os englobados nas alíneas “a” e “b”; 

Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços

Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; 

Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico

Os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; 

Resíduos industriais: Os gerados nos processos produtivos e instalações industriais; 

Resíduos de serviços de saúdeOs gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVSç

Resíduos da construção civil

Os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; 

Resíduos agrossilvopastorisOs gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; 

Resíduos de serviços de transportesOs originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; 

Resíduos de mineraçãoOs gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios; 

Fonte: Adaptado da Lei 12305/2010

Quanto à periculosidade da fonte geradora de resíduos, a legislação apresenta dois itens,

como podemos verificar no quadro 3:

Page 10: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

QUADRO 03 – Classificação das fontes geradoras quanto à periculosidade

Quanto à periculosidade

Resíduos perigosos

Aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; 

Resíduos não perigososAqueles não enquadrados na alínea “a”. 

Fonte: Adaptado da Lei 12305/2010

Outro ponto importante é o armazenamento de resíduos perigosos, como é  o caso dos

resíduos hospitalares (seringas que podem estar contaminadas, resíduos medicamentosos,

nucleares, etc.). Estes resíduos são um grande problema e este, se caracteriza em que forma os

armazenar com segurança.

No caso dos resíduos de origem nucelar, duas soluções podem ser propostas, como

armazenar em recipientes hermeticamente fechados e depositados em profundas galerias

subterrâneas ou nos fundos oceânicos. Porém ambas não oferecem segurança, pois podem

ocorrer acidentes como vazamentos causados por abalos sísmicos ou pelo tempo de

deterioração.

ÍCONE 3 – O texto Acidentes Nucleares, apresenta um referencial histórico de todos os acidentes com produtos perigosos ocorridos entre a década de 50 ate os anos 2000. (http://www.library.com.br/Filosofia/nucleare.htm, acesso em novembro de 2011 ).

1.3.1 Resíduos industriais

São aqueles gerados nos processos produtivos e nas instalações industriais. Podem ser

de inúmeros tipos.Atualmente, os resíduos sólidos industriais, que são corretamente destinados a

aterros sanitários industriais, sofrem um processo classificatório prévio ao seu tratamento e

disposição final. A classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que

lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com

listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido

(ABNT, 2004a).

De maneira geral, esta classificação é feita considerando-se os resultados de análises

físico-químicas sobre o extrato lixiviado obtido a partir da amostra bruta do resíduo. As

concentrações dos elementos detectados nos extratos lixiviados são comparadas com os limites

máximos estabelecidos nas listagens constantes da NBR 10.004. Contudo, nas situações em que

o resíduo industrial chega ao aterro sem uma classificação exata, há atrasos ou erros no

Page 11: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

tratamento e disposição final do mesmo, gerando problemas ao aterro e à empresa responsável

pelo resíduo.

O reaproveitamento e a reciclagem de resíduos industriais não é uma questão simples,

pois requerem conhecimentos multidisciplinares, baseados em técnicas de engenharia, princípios

de economia, das ciências sociais, e das técnicas de planejamento urbano e regional.

1.3.2 Resíduos da construção civil

Segundo a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (2002),

resíduos da construção civil são aqueles provenientes de construções, reformas, reparos e

demolições de obras de construção civil e os resultantes da preparação e escavação de terrenos,

tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solo, rocha, madeira, forro, argamassa,

gesso, telha, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente

chamados de entulho de obra, caliça ou metralha.

FIGURA 2 – Exemplo de resíduos da construção civil

FONTE: http://negocionovale.web285.uni5.net/upload/image_files/photo_5403.jpg

Segundo RINO (2004) apud Andere e Santos (2009), a geração de Resíduos de

Construção Civil (RCC) per capita no Brasil pode ser estimada pela mediana como 500

kg/hab.ano de algumas cidades brasileiras.

Page 12: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

1.4 Impacto ambiental

Entende-se por impacto ambiental qualquer deterioração do meio ambiente que decorre de

atividade humana.

Segundo a Resolução n.º 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),

Alterada pelas Resoluções nº 11, de 1986, nº 05, de 1987, e nº 237, de 1997, Impacto Ambiental

é "qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada

por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem

diretamente ou indiretamente a:

Saúde, a segurança, e o bem estar da população;

Atividades sociais e econômicas;

Biota;

Condições estéticas e sanitárias ambientais;

A qualidade dos recursos ambientais.

Desta forma, uma melhor definição de Impacto Ambiental pode ser descrita como uma

alteração ou efeito ambiental significativo, podendo ser negativo ou positivo (Bitar & Ortega,

1998).

1.5 Monitoramento Ambiental

Podemos conceituar o monitoramento ambiental como um sistema que visa observar

constante e regularmente o estado do meio ambiente e suas mudanças. Ele deve estar adaptado

às necessidades de cada local, uma cidade, por exemplo, com indicadores que possam ser

monitorados de forma regular.

O monitoramento Ambiental é um instrumento de gestão que fornece informações para

relatórios do estado do meio ambiente, auditorias, avaliação de impacto ambiental e controle, ou,

ainda, para a formulação de políticas ecológicas. Também é importante avaliar as variáveis, como

a social, a econômica, pois estas tem uma ação direta sobre o meio.

O monitoramento ambiental permite, ainda, compreender melhor a relação das ações do

homem com o meio ambiente, bem como o resultado da atuação das instituições por meio de

planos, programas, projetos, instrumentos legais e financeiros, capazes de manter as condições

ideais dos recursos naturais (equilíbrio ecológico) ou recuperar áreas e sistemas específicos.

ÍCONE 6 – Um exemplo de fácil visualização para monitoramento ambiental, pode ser o

monitoramento de um corpo hídrico. Assim, teríamos os seguintes objetivos para o

monitoramento:

Acompanhar as alterações da qualidade física, química e biológica do rio;

Page 13: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Desenvolver modelos para previsões de comportamento do corpo hídrico;

Criar e adequar instrumentos de gestão;

Apresentar dados que venha a subsidiar ações mitigadoras e saneadoras.

(adaptado de http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/

CONTAG01_73_711200516719.html, acesso em 18/11/2011).

Segundo Machado (1995), a elaboração de um registro dos resultados do monitoramento é

de fundamental importância para o acompanhamento da situação, tanto para a empresa e para o

Poder Público, como também para a realização de auditoria, tema que veremos no próximo

tópico.

1.5.1 Aspectos do monitoramento ambiental

O monitoramento ambiental pode ser realizado pela empresa ou pelo Poder Público, de

maneira isolada ou integrada, auxiliando na elaboração de outro instrumento ambiental, como por

exemplo a auditoria. Nesses casos, o monitoramento é essencial para a auditoria pois, sem o

registro de medições e/ou observações de períodos anteriores, a auditoria fica restrita apenas a

uma avaliação da situação presente (Machado, 1995).

Ainda segundo Machado (1995), uma empresa que não efetua um monitoramento constante

e/ou não registra adequadamente os resultados do monitoramento, não está apta a realizar uma

auditoria ambiental completa e adequada.

1.5.2 Implantação

Implantar atividades de monitoramento ambiental requer um estudo e uma seleção criteriosa

prévia de indicadores que possam expressar as condições qualitativas e quantitativas do local

onde será realizado o monitoramento. Esses parâmetros devem descrever, de forma

compreensível e significativa, os seguintes aspectos:

QUADRO 04 – Aspectos e indicadores descritivos para monitoramento ambiental

Aspectos IndicadoresEstado e as tendências dos recursos ambientais; Objetivos do monitoramentoSituação socioeconômica da área em estudo; O que será monitoradoDesempenho de instituições para o cumprimento de suas atribuições.

Informações que se pretende obter.

Fonte: Adaptado da Lei 12305/2010

Assim, a implantação de um monitoramento ambiental cria, uma imagem boa das

empresas, mas também como um dever corporativo este gera resultados éticos na empresa.

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste primeiro tópico, referente aos conceitos básicos dos Resíduos Sólidos, você estudou

os seguintes assuntos:

A produção de resíduos sólidos é hoje um grande problema mundial, com reflexos que

extrapolam a área ambiental;

Para uma mudança de paradigma e encontrar o equilíbrio, é necessário que os conceitos

inerentes à produção de resíduos sólidos sejam conhecidos e usados como base para o

entendimento da posição sócio cultural que vivemos;

Podemos conceituar como resíduos, nos estados sólidos e semi-sólidos, os que resultam

de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e

de varrição.

No conceito de resíduos podemos incluir os lodos provenientes de sistemas de tratamento

de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem

como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou corpos de água;

Quanto a sua origem, os resíduos sólidos são materiais heterogêneos, que resultam das

atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando,

entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais;

Consideramos como fonte geradora, toda e qualquer fonte que possa produzir um resíduo;

Segundo a Lei nº 12.305/2010, os resíduos sólidos são classificados quando as fontes

geradoras conforme sua origem e sua periculosidade;

O armazenamento de resíduos perigosos, como os resíduos hospitalares e os resíduos

nucleares, são um grande problema devido a forma os armazenar com segurança;

Resíduos industriais são os gerados através dos processos industriais;

A classificação dos resíduos é feita considerando-se os resultados de análises físico-químicas sobre o extrato lixiviado obtido a partir da amostra bruta do resíduo e são comparados com os limites máximos estabelecidos nas listagens constantes da NBR 10.004;

O reaproveitamento e a reciclagem de resíduos requerem conhecimentos multidisciplinares, baseados em técnicas de engenharia, princípios de economia, das ciências sociais, e das técnicas de planejamento urbano e regional;

Page 16: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Segundo a Resolução CONAMA nº 307, de 05/07/2002, os resíduos da construção civil

são aqueles provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de

construção civil;

Conceituamos impacto ambiental como qualquer deterioração do meio ambiente

decorrente da atividade humana;

Monitoramento ambiental é um sistema que visa observar constante e regularmente o

estado do meio ambiente e suas mudanças. Ele deve estar adaptado às necessidades de

cada local, uma cidade, por exemplo, com indicadores que possam ser monitorados de

forma regular.

Através do monitoramento ambiental, compreendemos a relação das ações do homem

com o meio ambiente;

O monitoramento ambiental pode ser realizado pela empresa ou pelo Poder Público, de

maneira isolada ou integrada, auxiliando na elaboração de outro instrumento ambiental,

como por exemplo a auditoria;

Para implantar um monitoramento ambiental é necessário um estudo bem como uma

seleção de indicadores para expressar as condições qualitativas e quantitativas do

monitorado;

Page 17: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

AUTO-ATIVIDADE!

Olá Acadêmico (a)! Agora é só você resolver as questões a seguir. Com isso você

reforçará seu aprendizado. Boa atividade!

1) Defina, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que são resíduos

sólidos.

2) Explique como os resíduos sólidos são classificados.

Page 18: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Tópico 2 – Políticas aplicadas e gestão de resíduos sólidos

2.1 Introdução

Os problemas ambientais provocados pelos humanos, decorrem do uso do meio ambiente

para obter os recursos necessários para produzir os bens e serviços que estes necessitam, e dos

despejos de materiais e energia não aproveitados no meio ambiente, como também os resíduos

decorrentes destas atividades, Barbieri (2002).

Rossi (2009) coloca que as questões morais, questões éticas, assim com outras, sociais e

políticas devem ser consideradas, para que a tecnologia não seja um fim em si mesma, mas

proporcione meios para um fim que deve ser o bem estar geral da sociedade.

Quando agimos em relação a recursos limitados como se não estivéssemos sujeitos a

limites, é acarretado o preço do consumo, ou individual, ou na coletividade. Assim, tem os

legisladores, a função de usar o direito ambiental como ferramenta para estabelecer normas que

prevejam condutas que contribuam para a melhoria e das condições ambientais.

2.2 Evolução da política de Resíduos sólidos

No contexto brasileiro, a Constituição Federal é norma fundamental e superior, estruturada

e organizada do Estado, com implicações, portanto, em todas as ações do Estado e na

interpretação das normas Rossi (2009).

A Constituição Federal estabelece no art. 170 os princípios gerais das atividades

econômicas. Em seu art. 225 estabelece a imposição ao Poder Público e a coletividade a

obrigação de defender o ambiente.

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações.” (Art. 225)

Segundo Rossi (2009), a questão dos Resíduos Sólidos foi considerada pelo direito

brasileiro de forma predominante na sua historio, como uma questão privada enquanto gerado

nosso domicílios. O Estado somente ocorria quando o assunto era tratado como sanitário e por

estes motivos, foram instituído os serviços públicos, gerando tributos.

Nas décadas de 1960 para 1970, inicia-se uma mudança no foco, como por exemplo, o

decreto-lei nº 303, de 23 de fevereiro de 1967, que criava o Conselho Nacional de Controle da

Poluição Ambiental e dá outras providências, revogado pela  LEI Nº 5.318/26.09.1967.

Page 19: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Percebe-se que o assunto dos resíduos permanece com uma forte implicação ao tema

saneamento. Podemos verificar isso na Lei n. 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais

para o saneamento básico onde se lê em seu art. 2, que fala sobre os princípios fundamentais dos

serviços públicos e ao saneamento, especificificamente em seu inciso III, onde se lê:

“III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana

e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à

saúde pública e à proteção do meio ambiente;”

Segundo Ribeiro e Morelli (2009), a gestão ambiental no Brasil tem como um dos seus

principais referenciais a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei Federal . 6.938/1981, que

estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e

aplicação, sendo esta uma das bases para o desenvolvimento de uma legislação aplicável à

problemática dos resíduos.

2.3 Política de Resíduos sólidos – Lei federal 12.305

Oportunamente, quando o mundo discute relacionados a sustentabilidade, a Lei Federal

12.305 2 de Agosto de 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Tramitando por

quase 20 anos no Congresso Nacional, esta nova lei representa um marco histórico na gestão

ambiental no Brasil, com possibilidades de promover grandes mudanças no cenário dos resíduos.

Já em seu Art. 1o, se institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus

princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e

ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluída os perigosos, às responsabilidades dos geradores

e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Segundo Para que esta seja

implementada são necessárias ações conjuntas entre o poder público, o setor empresarial e a

sociedade, fazendo-se necessário inclusive que os estados e municípios, embasados por essas

diretrizes, criem novos planos de ação ajustados à nova política, dentro das suas peculiaridades e

realidades, proporcionando às respectivas populações um modelo eficiente de gerenciamento de

resíduos que priorize a não-geração de resíduos, a reciclagem e a destinação adequada dos

resíduos.

UNI ÍCONE 6 A participação social é definida na Lei nº 12.305/2010 como “controle social”, sendo

o conjunto de mecanismos e procedimentos que garanta à sociedade informações e participação

nos processos de formulação, implementação e avaliação das políticas publicas relacionadas aos

resíduos sólidos.

Os princípios, instrumentos e as diretrizes que regem a Política Nacional de Resíduos

Sólidos podem ser apontados de forma resumida no quadro abaixo.

Page 20: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

QUADRO 5 – PRINCÍPIOS, INSTRUMENTOS E DIRETRIZES DA PNRH

Princípios Instrumentos Diretrizesa) Prevenção e precaução;

b) O poluidor-pagador e protetor-recebedor;

c) A visão sistêmica (ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública);

d) Desenvolvimento sustentável;

e) A ecoeficiência;

f) A cooperação entre poder público, setor empresarial e a sociedade em geral;

g) Responsabilidade compartilhada (ACV);

h) Reconhecimento do reutilizável e do reciclável como bem econômico e social, gerador de trabalho e renda e promotor da cidadania;

i) Respeito às diversidades locais e regionais;

j) Direito à informação e ao controle social;

k) A razoabilidade e proporcionalidade.

a) Planos de Resíduos Sólidos;

b) Inventários e sistema declaratório anual;

c) Coleta seletiva, sistemas de logística reversa e outros;

d) Criação e desenvolvimento de cooperativas;

e) Monitoramento e fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;

f) Cooperação técnica e financeira entre setor público e privado;

g) Pesquisa científica e tecnológica;

h) Educação ambiental;

i) Incentivos fiscais, financeiros e creditícios;

j) FNMA e FNDCT;

k) Sinir;

l) Sinisa;

m) Conselhos de Meio ambiente e Conselhos de Saúde;

n) Órgãos colegiados municipais;

o) Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos;

p) Acordos setoriais.

a) Não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento de resíduos e a disposição final adequada;

b) Gestão integrada dos resíduos sólidos;

c) Promover a integração da organização, do planejamento e da execução das funções públicas relacionadas à gestão;

d) Controlar e fiscalizar as atividades geradoras sujeitas ao licenciamento;

e) Manter de forma conjunta o Sistema Nacional de Informações sobre a gestão dos resíduos sólidos.

FONTE: Adaptado da Lei Nº 12.305/2010.

Page 21: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

UNI ÍCONE 6 Para ler a Lei Federal 12.305 2 de Agosto de 2010 acadêmico (a), você pode

acessar o site do governo federal http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-

2010/2010/Lei/L12305.htm.

Um dos grandes ganhos com relação ao estabelecimento da Política Nacional de Resíduos

Sólidos foi a definição dos Planos de Resíduos Sólidos, em todas as esferas, Figura 3. O Decreto

7.404/2010 estabeleceu a obrigatoriedade de elaboração de uma Versão Preliminar do Plano a

ser colocada em discussão com a sociedade civil que devem ser formulados, implementados e

operacionalizados com ampla participação social, além de possuir ampla publicidade.

FIGURA 3 – PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE ACORDO COM A LEI Nº 12.305/2010

FONTE: Adaptado da Lei Nº 12.305/2010.

Plano Nacional de Resíduos

Sólidos

Plano Estadual de Resíduos

Sólidos

Planos Microrregionais de Resíduos

Sólidos

Planos Intermunicipais de Resíduos

Sólidos

Planos Municipais de

Resíduos Sólidos

Planos de Resíduos Sólidos de

regiões metropolitanas

ou aglomerações

urbanas

Page 22: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

UNI ÍCONE 6 Em setembro de 2011, foi lançado no site do Conselho Nacional de Recursos

Hídricos, uma Versão Preliminar para Consulta Pública do PLANO NACIONAL DE

RESÍDUOS SÓLIDOS. Você pode acessar o site através do endereço

http://www.cnrh.gov.br/pnrs/documentos/consulta/versao_Preliminar_PNRS_WM.pdf

2.4 Políticas Internacionais Referentes a geração de Resíduos

O cenário mundial de resíduos é muito heterogêneo, visto que tem-se países em

desenvolvimento que não respeitam o meio ambiente em detrimento do crescimento econômico,

bem como países desenvolvidos que não vêem a necessidade de cuidar do meio ambiente, já que

isso iria provocar mudanças no consumo.

2.4.1 Conferencia de Estocolmo

A conferência de Estocolmo foi realizada em junho de 1972 e foi a primeira atitude mundial

em tentar organizar as relações de Homem e Meio Ambiente. cPara Passos (2009), os sérios

problemas ambientais que afetavam o mundo foram a causa da convocação pela Assembléia

Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1968, da Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente Humano, que veio a se realizar em junho de 1972 em Estocolmo.

ARAÚJO (2008) assinala o ano de 1960, como “o ponto de partida de uma nova postura em

relação às questões ambientais e à visão do meio ambiente como valor complexo a ser protegido

do ponto de vista internacional.

A Conferência teve a participação de 113 países representantes, 250 organizações-não-

governamentais e dos organismos da ONU e produziu a Declaração sobre o Meio Ambiente

Humano, uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam

governar as decisões concernentes a questões ambientais. Outro resultado formal foi um Plano de

Ação que convocava todos os países, os organismos das Nações Unidas, bem como todas as

organizações internacionais a cooperarem na busca de soluções para uma série de problemas

ambientais.

UNI ÍCONE 6 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, e, atenta à necessidade de um critério e de princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano. Você pode acessar a declaração através do endereço http://www.mp.ma.gov.br/site/centrosapoio/DirHumanos/decEstocolmo.htm.

2.4.2 A Convenção de Basiléia

Page 23: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Convenção de Basiléia, que discorreu sobre o controle dos movimentos transfronteiriços e

resíduos perigosos e sua destinação final que ocorreu em março de 1983, foi preparada pelo

PNUMA, que teve como base os trabalhos já desenvolvidos pela Comunidade Européia e da

OCDE. Fundamentalmente tem uma natureza mista, respondendo, por um lado, à forma freqüente

em direito internacional do ambiente da Convenção-quadro, mas incluindo também disposições

que possibilitam a adoção de protocolos relativos a uma forte efetividade da responsabilização

dos Estados. O ato final da Conferência foi assinado por 105 Estados e pela Comunidade

Européia como organização de integração econômica regional. Em 1997, a Convenção tinha 109

partes contratantes mais a Comunidade Européia. A vida da Convenção é ritmada por reuniões da

sua Conferência das partes e dos órgãos subsidiários; também é dotada de correspondentes e de

uma secretaria. O estatuto de observador é largamente reconhecido à sociedade civil, composta

de associações de industriais de resíduos e de ONG’s ambientais.

A Convenção estabeleceu uma lista de resíduos perigosos, dando assim a definição da

sua competência material. Essa não é absolutamente rígida, porque se um Estado exportador

qualificou na sua legislação nacional um resíduo como perigoso e esse não está contemplado nas

listas da Convenção, fica desde logo também abrangido. Globalmente, estão incluídos os resíduos

industriais e hospitalares, os resíduos domésticos e os resíduos industriais provenientes da

incineração de resíduos domésticos.

O instrumento principal da Convenção é o controle baseado num procedimento escrito de

autorização prévia. Os princípios são os seguintes: a exportação é possível somente se o Estado

importador dispõe das capacidades técnicas e financeiras para o tratamento ecologicamente

racional; um Estado-Parte não pode normalmente autorizar uma exportação ou uma importação

relativa a um Estado que não assinou a Convenção; os Estados de trânsito estão submetidos a

esse procedimento escrito. Todavia, os Estados exportadores podem concluir acordos bilaterais,

multilaterais e regionais com Estados terceiros, desde que as estipulações respeitem os termos da

Convenção de Basiléia. Por outro lado, resulta da segunda e terceira Conferências das partes, a

interdição de exportar resíduos perigosos, nos termos da Convenção, provenientes dos países da

OCDE, da Comunidade Européia e do Liechtenstein a qualquer Estado não membro dessas

organizações internacionais, a partir de 31 de dezembro de 1997. A vontade de excluir do

mercado mundial dos resíduos os Estados que não assinaram a Convenção ainda não chegou a

um pleno sucesso.

2.4.3 ECO 92 - Rio de Janeiro 1992

No final da década de 80, Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou uma Resolução

determinando à realização, até o ano de 1992, de uma Conferência sobre o meio ambiente e

desenvolvimento que pudesse avaliar como os países haviam promovido a Proteção Ambiental

desde a Conferência de Estocolmo de 1972.

Page 24: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Durante a sessão onde foi aprovada essa resolução, o Brasil ofereceu-se para sediar o

encontro em 1992. Em 1989, em Assembléia Geral, a Organização das Nações Unidas (ONU),

convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CNUMAD), que ficou conhecida como "Cúpula da Terra", e marcou sua realização para o mês de

junho de 1992, de maneira a coincidir com o Dia do Meio Ambiente. No Quadro 6, são elencados

os principais objetivos desta conferencia. Dentre os objetivos principais dessa conferência,

destacaram-se os seguintes:

QUADRO 6 – Principais Objetivos da ECO 92

Objetivos

1. Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente;

2. Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-poluentes aos países subdesenvolvidos;

3. Examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;

4. Estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;

5. Reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as decisões da conferência.

FONTE: Adaptado da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO 92.

Essa Conferência foi organizada pelo Comitê Preparatório da Conferência (PREPCOM),

que foi formado em 1990 e tornou-se responsável pela preparação dos aspectos técnicos do

encontro. Durante as quatro reuniões do PREPCOM antecedentes à Conferência, foram

preparados e discutidos os termos dos documentos que foram assinados em junho de 1992 no

Rio de Janeiro.

UNI ÍCONE Em 1992, Severn Suzuki, representante da ECO – Environmental Children’s

Organization – silenciou o mundo com apenas seis minutos de discurso às Nações Unidas.

Você pode assistir este vídeo no site Youtube, através do endereço

http://www.youtube.com/watch?v=pB40ljgX7ZA&feature=player_embedded.

Page 25: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

2.5 Leitura complementar

OS MOVIMENTOS SOCIAIS E A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A Política Nacional de Resíduos Sólidos terá papel fundamental na inclusão

econômica, social e cultural das pessoas que vivem, convivem e sobrevivem das

atividades de reutilização e reciclagem de produtos, materiais e embalagens pós

consumo. A responsabilidade e gestão compartilhadas entre fabricantes, importadores,

distribuidores, comerciantes, poderes públicos e consumidores terá na logística reversa

uma das principais ferramentas de gestão e as cooperativas de trabalhadores em

reciclagem, estimuladas pela Lei 12.305/10 (artigo 36, § 1º), serão fundamentais para

fortalecer as parcerias estratégicas dos municípios e consórcios na operacionalização dos

programas integrados de resíduos sólidos em suas áreas de atuação.

Estas cooperativas e associações serão estimuladas e auxiliadas pelos poderes

públicos, inclusive com incentivos e recursos organizacionais e financeiros que facilitem

sua consolidação como instrumentos indispensáveis na gestão dos resíduos. As

empresas terão nestas organizações, parceiras estratégicas em suas responsabilidades

de acompanhamento e retorno de seus produtos e embalagens (logística reversa), sendo

indispensáveis atividades técnicas e operacionais comuns. Os acordos setoriais entre

poderes públicos e setores empresariais devem garantir a capacitação de trabalhadores

internos e externos às empresas, possibilitando a formação de mão de obra qualificada.

Surgirão novas atividades e oportunidades econômicas, gerando trabalho e renda de

qualidade para um contingente tradicionalmente marginalizado da sociedade.

Os movimentos sociais e comunitários, principalmente os relacionados com a

inclusão social, organização e acesso ao trabalho, meio ambiente e autogestão podem

ser protagonistas fundamentais da organização e capacitação dos trabalhadores

cooperativados para que os serviços prestados às empresas ou órgãos públicos sejam

satisfatórios, regulares e legais. Indispensável destacar que estas organizações

precisarão estar licenciadas pelos órgãos ambientais e de segurança do trabalho e que

serão necessários treinamentos específicos dos recursos humanos, ampliando os

conhecimentos técnicos de manejo dos resíduos e as capacidades administrativas dos

trabalhadores, estimulando a participação dos cooperados nas decisões internas e

estabelecendo uma rede de relações externas que garantam o fortalecimento da

participação popular e da democracia.

Page 26: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

É uma oportunidade importante para que os movimentos sociais sejam fortalecidos

e busquem a integração social, econômica e cultural de setores da sociedade que

tradicionalmente estão na margem destes processos, resgatando a dignidade humana e

contribuindo para um futuro sustentável, onde as responsabilidades sejam compartilhadas

e os recursos naturais utilizados para promover o bem comum e a paz social.

Antonio Silvio HendgesPublicado na revista EcoLógica em 19 Fevereiro 2011, (http://revistaecologica.com/index.php?option=com_content&view=article&id=1034%3Aos-movimentos-sociais-e-a-politica-nacional-de-residuos-solidos-artigo-de-antonio-silvio-hendges-&catid=163%3Ameio-ambiente, acesso em 18/11/2011.)

Page 27: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, referente às políticas aplicadas e gestão de resíduos, você estudou os

seguintes assuntos:

Que os problemas ambientais provocados pelos humanos, decorrem do uso do meio

ambiente para obter os recursos necessários para produzir os bens e serviços que estes

necessitam, e dos despejos de materiais e energia não aproveitados no meio ambiente,

como também os resíduos decorrentes destas atividades;

Quando agimos em relação a recursos limitados como se não estivéssemos sujeitos a

limites, é acarretado o preço do consumo, ou individual, ou na coletividade;

Que o contexto brasileiro, a Constituição Federal é norma fundamental e superior,

estruturada e organizada do Estado, com implicações, portanto, em todas as ações do

Estado e na interpretação das normas;

A questão dos Resíduos Sólidos foi considerada pelo direito brasileiro de forma

predominante na sua historio, como uma questão privada enquanto gerado nosso

domicílios;

Nas décadas de 1960 para 1970, inicia-se uma mudança no foco, como por exemplo, o

decreto-lei nº 303, de 23 de fevereiro de 1967, que criava o Conselho Nacional de Controle

da Poluição Ambiental;

A gestão ambiental no Brasil tem como um dos seus principais referenciais a Política

Nacional do Meio Ambiente, Lei Federal . 6.938/1981, que estabelece a Política Nacional

do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, sendo esta uma

das bases para o desenvolvimento de uma legislação aplicável à problemática dos

resíduos;

Que a Lei Federal 12.305 2 de Agosto de 2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos

Sólidos;

São necessárias ações conjuntas entre o poder público, o setor empresarial e a sociedade,

inclusive que os estados e municípios, embasados por essas diretrizes, criem novos

planos de ação ajustados à nova política, dentro das suas peculiaridades e realidades;

Um dos grandes ganhos com relação ao estabelecimento da Política Nacional de Resíduos

Sólidos foi a definição dos Planos de Resíduos Sólidos, em todas as esferas;

Que o cenário mundial de resíduos é muito heterogêneo, visto que tem-se países em

desenvolvimento que não respeitam o meio ambiente em detrimento do crescimento

Page 28: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

econômico, bem como países desenvolvidos que não vêem a necessidade de cuidar do

meio ambiente, já que isso iria provocar mudanças no consumo;

A conferência de Estocolmo foi realizada em junho de 1972 e foi a primeira atitude mundial

em tentar organizar as relações de Homem e Meio Ambiente;

Convenção de Basiléia, que discorreu sobre o controle dos movimentos transfronteiriços e

resíduos perigosos e sua destinação final que ocorreu em março de 1983;

No final da década de 80, Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou uma Resolução

determinando à realização, até o ano de 1992, de uma Conferência sobre o meio ambiente

e desenvolvimento que pudesse avaliar como os países haviam promovido a Proteção

Ambiental desde a Conferência de Estocolmo de 1972;

Que os objetivos da ECO 92 são de Examinar a situação ambiental, estabelecer

mecanismos de transferência de tecnologias não-poluentes, examinar estratégias

nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao processo de

desenvolvimento, estabelecer um sistema de cooperação internacional e reavaliar o

sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para

implementar as decisões da conferência.

Page 29: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

AUTO-ATIVIDADE!

Olá Acadêmico (a)! Agora é só você resolver as questões a seguir. Com isso você

reforçará seu aprendizado. Boa atividade!

1. Qual a importância da Política nacional de Resíduos Sólidos para o eco desenvolvimento da

sociedade?

2. Desenvolva um pequeno texto sobre a evolução da visão mundial frente aos resíduos

baseada nas principais convenções.

Page 30: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Tópico 3 Gestão Integrada de Resíduos

3.1 Introdução

As dimensões técnica e ecológica consideradas em conjunto tornam evidentes os

paradoxos do modelo de desenvolvimento vigente, e apontam as imposições socioeconômicas e

ambientais que este modelo traz para as decisões técnicas e para os impactos ambientais, Zabetti

(2003).

Desta forma, podemos afirmar que a apropriação dos recursos naturais, regida pela lógica

capitalista, em seu ritmo produtivo linear e em uma crescente acelerada, vem gerando poluição,

resíduos e degradação, e isto é o fator responsável pela crise ambiental.

CAPRA afirma que:

(...) um dos principais desacordos entre a economia e a ecologia deriva do fato de que a natureza é cíclica, enquanto que nossos sistemas industriais são lineares. Nossas atividades comerciais extraem recursos, transformam-nos em produtos e em resíduos, e vendem os produtos a consumidores, que descartam ainda mais resíduos depois de ter consumido os produtos. Os padrões sustentáveis de produção e de consumo precisam ser cíclicos, imitando os processos cíclicos da natureza. Para conseguir esses padrões cíclicos, precisamos replanejar num nível fundamental nossas atividades comerciais e nossa economia. (CAPRA. 1996:232).

A ameaça de um colapso do meio ambiente, aliado ao esgotamento dos recursos naturais

promove uma busca de soluções e esclarece um movimento crescente na sociedade para a

revisão de certos paradigmas, social, político e tecnológico, visando um desenvolvimento

sustentável. A pressão da sobre os governos, tem gerado um ambiente propício à busca de

soluções para gerar um equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente. Um dos exemplos

dessa busca é o chamado Princípio Poluidor Pagador.

[...] o princípio que usa para afetar os custos das medidas de prevenção e controle da poluição, para estimular a utilização racional dos recursos ambientais escassos e para evitar distorções ao comércio e ao investimento internacionais, é o designado princípio do poluidor-pagador. Este princípio significa que o poluidor deve suportar os custos do desenvolvimento das medidas acima mencionadas decididas pelas autoridades públicas para assegurar que o ambiente esteja num estado aceitável [...] (ARAGÃO, 1997, p. 60).

Colombo (2004), afirma que é oportuno detalhar que este princípio não permite a poluição

e nem pagar para poluir. Pelo contrário, procura assegurar a reparação econômica de um dano

ambiental quando não for possível evitar o dano ao meio ambiente, através das medidas de

precaução. Desta forma, o princípio do poluidor-pagador não se reduz à finalidade de somente

Page 31: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

compensar o dano ao meio ambiente, deve também englobar os custos necessários para a

precaução e prevenção dos danos, assim como sua adequada repressão.

Veja, que a idéia não ;Le a de inviabilizar os processos de desenvolvimento e sim criar um

cenário para uma discussão visando o bem para o meio ambiente. No âmbito dos resíduos

sólidos, que hoje são tidos com rejeitos de processo industrial, é percebível uma mudança do

deste paradigma, colocando-os como não mais como rejeitos e sim como matérias primas para a

reutilização em outros processos, tendo como exemplo, o sistema de gestão integrada de

resíduos.

3.2 Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) Aspectos Básicos

A Norma brasileira NBR ABNT 10004 – Resíduos sólidos – classificação, define resíduos

sólidos como:

“aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível”.

Segunda Zanta e Ferreira (2003), os resíduos sólidos de origem urbana (RSU)

compreendem aqueles produzidos pelas inúmeras atividades desenvolvidas em áreas com

aglomerações humanas do município, abrangendo resíduos de várias origens, como residencial,

comercial, de estabelecimentos de saúde, industriais, da limpeza pública (varrição, capina, poda e

outros), da construção civil e, finalmente, os agrícolas.

Dentre os vários RSU gerados, são normalmente encaminhados para a disposição em

aterros sob responsabilidade do poder municipal os resíduos de origem domiciliar ou aqueles com

características similares, como os comerciais, e os resíduos da limpeza pública, Zanta e Ferreira

(2003).

Os resíduos sólidos urbanos são classificados como objetivo de permitir seu correto

tratamento e disposição final. Por exemplo, um resíduo sólido industrial não pode ser tratado e

disposto da mesma maneira que se trata e dispõe um resíduo sólido domiciliar. Os resíduos

gerados em um município são classificados da seguinte maneira:

Page 32: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Quadro 07 – Classificação dos resíduos municipais conforme seu tipo

Tipo de classificaçãoQuanto à sua origem;Quanto à sua biodegradabilidade;Quanto à sua periculosidade;Quanto à sua reciclabilidade;Quanto à sua legislação vigente.

Fonte: Adaptada da ABNT NBR 10.004

Para fins de classificação dos resíduos sólidos urbanos, pode-se seguir quanto a sua

origem, descrito no quadro 8:

Quadro 08 - classificação origem dos resíduos sólidos Urbanos

Tipo de resíduo Descrição

Lixo doméstico

É aquele produzido nos domicílios residenciais. Compreendem papel, jornais velhos, embalagens de plástico e papelão, vidros, latas e resíduos orgânicos, como restos de alimentos, trapos, etc.

Lixo comercial

É aquele proveniente dos estabelecimentos comerciais. Restaurantes e hotéis produzem, principalmente, restos de comida, enquanto supermercados e lojas produzem embalagens.

Lixo público

São os resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes da natureza, tais como folhas, galhadas, poeira, terra e areia, e também aqueles descartados irregular e indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis, papéis, restos de embalagens e alimentos. Nas atividades de limpeza urbana, os tipos "doméstico" e "comercial" constituem o chamado lixo domiciliar, que, junto com o lixo público, representam a maior parcela dos resíduos sólidos produzidos nas cidades

Lixo domiciliar especial

Apesar de serem considerados resíduos domiciliares, existem alguns tipos de resíduos que requerem cuidados especiais no seu manejo final, uma vez que causam perigos ao meio ambiente e à saúde geral da população. Exemplos destes são:entulho de obras; pilhas e baterias (classe I); lâmpadas fluorescentes (classe I); pneus

Lixo industrial

O lixo proveniente das indústrias apresenta uma fração que é praticamente comum aos demais: o lixo dos escritórios e os resíduos de limpeza de pátios e jardins; a parte principal, no entanto, compreende aparas de fabricação, rejeitos, resíduos de processamentos e outros que variam para cada tipo de indústria. Há os resíduos industriais especiais, como explosivos, inflamáveis e outros que são tóxicos e perigosos à saúde, mas estes constituem uma categoria à parte.

Lixo de fontes especiaisLixo radioativo; lixo de portos, aeroportos e terminais rodo ferroviários; lixo agrícola; resíduos de serviços de saúde

Fonte: Adaptado ABNT 10004.

Page 33: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

UNI ÍCONE Agora que você sabe que os resíduos sólidos podem ser classificados de

acordo com a sua procedência/origem, saiba também que devemos ter um cuidado

especial com o seu destino/destinação. Estar atento a esta problemática é de fundamental

importância para não gerar transtornos futuros..

De acordo com a caracterização dos resíduos sólidos urbanos nos EUA mostram que os

restos de alimentos combinados com podas de vegetação corresponderam a 23% da geração de

resíduo sólido urbano no ano de 1996 de tal forma que medidas que reduzam a geração deste

tipo de resíduo terão importante efeito na redução de resíduos, Maia (1998).

No Brasil, Reduzir, Reutilizar e Reciclar os resíduos sólidos urbanos se constitui

atualmente no principal elemento para a redução do passivo ambiental já que pode ser estimado

um valor de 20 a 30% do peso dos resíduos gerados, por um programa 3R's bem executado.

FIGURA 03 - Metodologia de Fluxo de Materiais para Estimar o Descarte de Produtos e

Materiais nos R.S.U.

Fonte: PROJETO: COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA CIDADE DE CASCAVEL – ESTADO DO PARANÁ/BRASIL. http://www.bvsde.paho.org., acesso em 22/11/2011.

Page 34: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

3.3 Resíduos Sólidos Industriais e Agroindustriais

Segundo a Norma ABNT NBR 10 004 de 09/1987, os resíduos sólidos industriais são

classificados nas seguintes classes:

a) Resíduos de Classe I - Perigosos - Resíduos que, em função de suas propriedades

físico-químicas e infecto-contagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio

ambiente. Devem apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

b) Resíduos de Classe II - Não Inertes - Aqueles que não se enquadram nas classificações

de resíduos classe I ou classe III. Apresentam propriedades tais como: combustibilidade,

biodegrabilidade ou solubilidade em água.

c) Resíduos de Classe III - Inertes - Quaisquer resíduos que submetidos a um contato

estático ou dinâmico com água, não tenham nenhum de seus componentes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água definidos pelo Anexo H da

Norma NBR 10.004.

3.3.1 Inventário Nacional de Resíduos Industriais

Segundo a Resolução CONAMA Nº 313 de 29 de outubro de 2002, o Inventário de

Resíduos É o conjunto de informações sobre a geração, características, armazenamento,

transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos

gerados pelas indústrias.

Em 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) editou a Resolução 313, que

de acordo com esta Resolução (Art. 8), cada Indústria deve registrar mensalmente (e manter na

Unidade Industrial) os dados de geração de resíduos para efeito de obtenção dos dados para o

Inventário Nacional de Resíduos Industriais.

No art. 4º é descrito que indústrias das tipologias previstas na Classificação Nacional de

Atividades Econômicas do IBGE, abaixo discriminadas, deverão, no prazo máximo de um ano

após a publicação desta Resolução, ou de acordo com o estabelecido pelo órgão estadual de

meio ambiente, apresentar a este, informações sobre geração, características, armazenamento,

transporte e destinação de seus resíduos sólidos, de acordo com os anexos de I a IX:

Page 35: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

QUADRO 09 - características, armazenamento, transporte e destinação de seus resíduos sólidos de acordo com o anexo

Anexo Descrição

IPreparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados;

IIFabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool;

III Fabricação de produtos químicos;IV Metalurgia básica;V Fabricação de produtos de metal, excluindo máquinas e equipamentos;VI Fabricação de máquinas e equipamentos;VII Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática;VIII Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias;IX Fabricação de outros equipamentos de transporte;

FONTE: Adaptado da Resolução CONAMA Nº 313 de 29 de outubro de 2002

A partir desta norma, as empresas devem informar anualmente a geração dos seus

resíduos. Para tanto, as informações solicitadas seguem um fluxo, que podemos visualizar na

FIGURA 9:

Page 36: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

FIGURA 04 - Esquema das informações solicitadas na resolução do CONAMA 313

FONTE: Adaptado da Resolução CONAMA Nº 313 de 29 de outubro de

3.3.2 Caracterização dos resíduos agroindustriais

Segundo Matos (2005), o conhecimento das quantidades geradas e as principais

características físicas e químicas dos resíduos agroindustriais, é fundamental para a concepção

e o dimensionamento dos sistemas de tratamento e, ou, disposição dessas águas na natureza.

3.3.2.1 Resíduos sólidos

Os resíduos sólidos de agroindústrias, como por exemplo, os bagaços, tortas residuais,

restos de frutas e hortaliças, etc., são constituídos por todos os resíduos por industrias

agroindustriais, como as usinas sucro-alcooleiras, os frigoríficos e matadouros e indústrias do

processamento de carnes (vísceras e carcaça de animais). Outras industrias geradoras destes

tipos de resíduos são as indústrias da celulose e papel, gerando resíduos da madeira, lodo do

1. Informações Gerais da IndústriaI. Razão social da indústriaII. Endereço da unidade industrialIII. Endereço para correspondênciaIV. Contato técnicoV. Característica da atividade industrialVI. Responsável pela empresa

4. Informações sobre resíduos sólidos gerados nos anos

anterioresXI. Resíduos gerados nos anos anteriores que estão sob o controle da indústria

3. Informações sobre resíduos sólidos gerados nos últimos

doze meses1. Formas de armazenamento2. Formas de tratamento na indústria3. Formas de tratamento fora da indústria/destino

2. Informações sobre o processo de produção desenvolvido pela

indústriaVII. Liste as matérias primas e insumos utilizadosVIII. Identifique qual a produção anual da industriaIX. Apresente uma relação das etapas em que decorre o processo industrialX. Relacione todas as etapas do processo de produção

3.1. Na Própria IndústriaInformações sobre resíduos sólidos gerados1. Armazenamento2. Tratamento3. Reutilização 4. Reciclagem5. Disposição final

3.2. Fora da IndústriaInformações sobre resíduos sólidos gerados1. Armazenamento2. Tratamento3. Reutilização 4. Reciclagem5. Disposição final

Page 37: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

processo de produção e do tratamento de águas residuárias como exemplo, curtumes (aparas de

couro e lodo do processo e tratamento de águas residuárias), etc. Em indústrias de

processamento de alimentos cárneos, é gerado como resíduos sangue, gorduras (banhas),

sólidos orgânicos ou inorgânicos, sais e químicos que são adicionados durante as operações de

processamento. Já na industrialização dos peixes, os resíduos constituem os resíduos sólidos

pequenos pedaços de peixes, escamas e peles, vísceras, etc.

UNI ÍCONE 6 Diversos trabalhos já foram desenvolvidos para dar uma destinação aos rejeitos de processos industriais Um trabalho interessante foi a do Prof. Alberto Wisniewski Junior, que realizou a caracterização dos produtos advindos da produção de biocombustivel de óleo de peixe residual. Neste trabalho, foi possível verificar que a fração de biogasolina produzida é muito semelhante a gasolina de petróleo fóssil e com uma carga poluente muito menos. Você pode acessar o trabalho na integra através do endereço http://www.tede.ufsc.br/tedesimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1208.

Nas granjas de confinamento, para suínos, aves, bovinos, eqüinos, ovinos, são produzidas

grandes quantidades de dejetos, que dependendo to ipo de gestão, podem ser manejados na

forma sólida (conteúdos de sólidos totais maiores que 15-20 dag L-1), quando então são

denominados “estercos”, Matos (2005).

3.3.2.2 Esterco animal

A produção de resíduos na suinocultura é variável de acordo com o estádio de

desenvolvimento do animal, tipo e quantidade de ração fornecida, condições climáticas, etc. Um

suíno na faixa dos 15 - 100 kg produz, diariamente, o equivalente a 5-9 % de sua massa como

fezes+urina, o que corresponde, em média, de 2,35 kg e esterco por dia ou, somando-se a urina

produzida, a 5,8 kg d-1, ou seja, 0,17 m3cab-1 mês-1. A geração de poluentes produzida, por dia,

por suínos está apresentada no Quadro 1.

Quadro 10 - Quantidade de DBO5, sólidos totais e voláteis produzidos por dia pelos suínos

Parâmetro Kg dia-1 (animal de 100 kg)-1

Quantidade produzidaConteúdo da Umidade (%)

BDO5Sólidos Totais

Sólidos Voláteis

6.775-85%

0,20-0,250,50-0,970,35-0,80

Fonte: Matos 2005.

Alguns trabalhos apresentam a adubação com esterco como uma forma de reutilização

deste rejeito. Carvalho e Caetano (2006) mostram que o esterco é amplamente recomendado

para o cultivo da figueira.

Page 38: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

AMPODALL’ORTO et al. (1996) recomendam para a figueira adubação com 10kg de

esterco de curral bem curtido por cova, por ocasião do plantio, e a mesma quantidade por planta

anualmente como adubação de produção. Dos benefícios da utilização da adubação orgânica na

cultura da figueira, a melhoria das propriedades físicas do solo, o fornecimento de nutrientes e o

aumento da população de organismos “nematófagos” do solo podem ser considerados os mais

importantes. No solo, o aumento do teor de matéria orgânica causa, entre outros efeitos, o

aumento do pH e da saturação por bases, assim como a complexação e a precipitação do

alumínio da solução do solo (FRANCHINI et al., 1999, MELLO & VITTI, 2002).

UNI ÍCONE 6 Os fungos nematófagos, normalmente chamados de fungos destruidores de nematóides, estão catalogadas com mais de 150 espécies. (Fonte: http://www.scielo.br/pdf/pvb/v23n3/a01v23n3.pdf, acesso em 21/11/2011).

3.3.2.3 Resíduos de cultivo agrícola

A produção de resíduos agrícolas é extremamente variável, dependendo da espécie

cultivada, do fim a que se destina, das condições de fertilidade do solo, condições climáticas, etc.

Sabe-se, por exemplo, que, na cultura da soja, produz-se cerca de 2.700 t de biomassa para cada

1.000 t de grãos colhidos, Matos (2005).

O conteúdo de nutrientes em resíduos de culturas é muito variável, dependendo do tipo de

material e, dentre outras coisas, da fertilidade do solo. Uma característica muito importante para

resíduos sólidos é a relação carbono/nitrogênio (C/N), pois é usada como referencial para

preparo da mistura de resíduos a serem compostados e para monitorar o processo de

degradação aeróbia dos resíduos. A relação C/N é, obviamente, maior em resíduos muito ricos

em carbono e pobres em nitrogênio, como é o caso de serragem de madeira, por exemplo, que

pode apresentar valores em torno de 800:1. NO quadro 11, verificamos a relação do Nitrogênio

(N), Fósforo (P) e Potássio (K) em alguns resíduos.

Quadro11 - Composição química da matéria seca de resíduos vegetais

Resíduo Ntotal Ptotal Ktotal

Gad kg-1Palha de trigo 0,5 0,08 0,75Palha de milho 0,68 0,16 0,68Palha de aveia 0,54 0,08 0,98

Fonte: Matos 2005.

A utilização destes resíduos como fonte de macronutrientes para adubação é uma saída

para os rejeitos produzidos pelo cultivo agrícola.

Page 39: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

UNI ÍCONE 6 O uso de palha de café como adubo é altamente rentável, como podemos verificar neste artigo. É possível reduzir os gastos com adubo químico – o insumo que mais vem pesando no custo de produção de várias culturas – utilizando no solo a casca do café, resíduo rico em nutrientes como nitrogênio e potássio. (Fonte: h http://www.agrocapixaba.com.br/uso-de-palha-de-cafe-como-adubo-e-altamente-rentavel/, acesso em 06/11/2011).

3.3.2.3 Resíduos Agroindustriais

A geração de resíduos na agroindústria é, marcadamente, sazonal, uma vez que a

matéria-prima é de produção irregular no ano. Por essa razão, diz-se que existe alta instabilidade

do volume produzido de resíduos agroindustriais.

As usinas açucareiras e destilarias produzem, como resíduo sólido, o bagaço de cana a

torta de filtro. O processamento de 1000 toneladas de cana rende, nas usinas açucareiras, em

média, 280 toneladas de bagaço e 35 toneladas de torta de filtro, Matos (2005).

Figura 5 – Rejeito do processamento da cana-de-açúcar

Fonte:

http://3.bp.blogspot.com/_3RXhwYXmgVQ/S-GDFkJ5WQI/AAAAAAAAB0w/4ec

jEh8xbgw/s400/bagaco.jpg.

UNI ÍCONE 6 Sendo o resíduo do bagaço de cana abundante, Adalberto Pessoa Júnior, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, desenvolveu uma fibra que poderá se tornar um tecido que, com o acréscimo de enzimas e fármacos, tem potencial para ser utilizado como

Page 40: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

curativo com múltiplas aplicações. (Fonte: http://saude-joni.blogspot.com/2010/05/tequinfim-coisa-boa.html/, acesso em 06/11/2011).

Os resíduos de matadouros são constituídos por esterco dos currais, vômitos, conteúdo

estomacal e conteúdo intestinal, além de ossos e pele. Nos matadouros de bovinos são

produzidos cerca de 23 kg de barrigada e 18 kg de dejetos, para cada animal abatido, enquanto

nos abatedouros de frango o descarte de material (penas, intestinos, pé, cabeça e sangue)

representa 30% da massa total do animal, Matos (2005).

Na industrialização de peixe há produção de resíduos predominantemente constituídos por

pedaços de peixes, escamas e peles, vísceras, etc.

Figura 6 – Rejeito do processamento da cana-de-açúcar

.

Fonte: http://impressope.uai.com.br/noticias/fotos/20111001155717132.jpg

UNI ÍCONE 6 A solução que as agroindústrias utilizam para os rejeitos provenientes do abate de aves, por exemplo, é a sua transformação em farinhas. Estas farinhas são utilizadas no processo de produção de rações para peixes por exemplo, como podemos ler no em alguns artigos. No endereço abaixo, você acadêmico, pode ler um trabalho que mostra a avaliação desta ração Acesse e leia o trabalho em http://www.scielo.br/pdf/rbz/v34n2/25447.pdf/.

3.4 Estudo de Caso

De acordo com o que aprendemos nos tópicos anteriores, abaixo é apresentado um estudo

de caso, para a construção do conhecimento referente aos resíduos industriais e agroindustriais.

3.4.1 Estudo de Caso A - Gestão de Resíduo da Indústria do Agronegócio

Page 41: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

A questão dos resíduos industriais e agrícolas coloca a humanidade frente a desafios

ambientais sem precedentes em termos de recuperação, estocagem e tratamento, os quais se

não forem gerenciados adequadamente, ameaçam e comprometem a atividade industrial e

potencializam os perigosos desta atividade a sociedade.

Por outro lado, a crescente necessidade de reduzir custos de produção, a aplicação dos

conceitos de logística reversa, ou seja, retornar subprodutos à cadeia produtiva, aliado à

consciência ambiental crescente implantada nos processos industriais e as restrições cada vez

mais rígidas da legislação ambiental, têm favorecido a busca e a efetiva utilização de novas

tecnologias de tratamento de resíduos sólidos, que contemplem o desenvolvimento sustentável.

Nas últimas décadas, os problemas ambientais têm se tornado cada vez mais evidentes e

freqüentes, principalmente devido ao desmedido crescimento populacional e ao aumento da

atividade industrial. Com estes fatores os problemas devido a ação da atividade humana têm

atingido dimensões preocupantes, podendo ser observadas através de alterações na qualidade do

solo, ar e água.

Um dos grandes problemas crônicos das indústrias do agronegócio é a geração de

grandes quantidades de lodo em seu efluente. Frigoríficos, fábricas de rações e usinas de

processamento de oleaginosas geram uma carga poluente de subprodutos de seus processos que

deve ser adequadamente tratada. O correto tratamento e disposição do lodo industrial deve fazer

parte do programa de tratamento de efluentes da empresa. Esta ação visa não apenas o

cumprimento das legislações aplicáveis, mas também é uma fonte potencial de economia de

recursos e, mais importante, educa e fomenta seus funcionários com as idéias e conceitos de

segurança, saúde e meio ambiente.

O custo destas operações pode alcançar 60% dos custos operacionais da empresa e

portanto não pode ser negligenciado. Durante anos os projetos das estações de tratamento de

resíduos sólidos industriais praticamente ignoravam o destino dos sólidos descartados. Em muitas

situações os projetos apresentavam uma seta indicando o desenho de um caminhão, com as

mágicas palavras: “destino final adequado”. Parte das indústrias nunca haviam realizado estudos

para avaliar as potencialidades de uso destes resíduos.

A grande complexidade técnica e custos significativos nos procedimentos operacionais da

gestão de resíduos sólidos passam a ser abordados em situação de importância principal pelas

áreas operacionais e pela administração central. Inicialmente armazenam este material em áreas

contíguas às ETE’s e quando este volume aumenta, lançam mão de todos os meios para se livrar

emergencialmente dos resíduos gerados. Desta forma não é incomum encontrarmos lodo

armazenado em condições precárias, a simples distribuição para agricultores sem critérios de

segurança, chegando até ao absurdo técnico do seu simples lançamento nos cursos d’água.

Devemos destacar que estas atitudes não são absolutamente de responsabilidade isolada dos

Page 42: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

operadores, mas envolve uma seqüência de omissões, que torna a todos profissionais da área de

saneamento e de meio ambiente, co-responsáveis por esta situação.

ÍCONE 6 - Esta é uma grande oportunidade para o gestor ambiental aplicar e desenvolver seu trabalho.

Entre as conseqüências de práticas inadequadas de disposição de resíduos sólidos, citam-

se a redução da eficiência técnica do processo global de tratamento de efluentes e a degradação

dos recursos naturais. Problemas como a liberação de odores e a atração de vetores aos locais

de estocagem de lodo são problemas vivenciados diariamente nas indústrias.

ÍCONE 6 - Vetores são indivíduos, insetos ou ratos por exemplo, que carregam em seu corpo bactérias e outros seres, capazes de transmitir doenças

Além dos benefícios ambientais e sociais, a gestão de resíduos sólidos representa um

mercado com boas perspectivas nas áreas de projeto, planejamento e gestão de serviços,

equipamentos e insumos.

Uma das alternativas mais aplicadas para o tratamento do lodo industrial é a digestão

anaeróbia que pode ser seguida pela destinação final em aterros sanitários exclusivos. Na

seqüência do processo, outras alternativas são empregadas como a disposição de superfície, a

disposição oceânica, lagoas de armazenagem, a incineração ou a reciclagem agrícola. Opções

como a incineração e a disposição em aterros sanitários requerem tecnologia sofisticada e podem

apresentar alto custo.

A alternativa da reciclagem agrícola tem o grande benefício de transformar um resíduo em

um importante insumo agrícola que fornece matéria orgânica e nutrientes ao solo, trazendo

também vantagens indiretas ao homem e ao meio ambiente. As vantagens são: reduzir os efeitos

adversos à saúde causados pela incineração, diminuir a dependência de fertilizantes químicos e

melhorar as condições para o balanço do CO2 pelo incremento da matéria orgânica no solo. Pode

ainda, num sentido mais amplo, influenciar as condições da biosfera pela sua integração com

políticas globais referentes ao ciclo do Carbono e ao ciclo do Nitrogênio.

Do ponto de vista econômico, o uso do lodo e sólidos efluentes tratados como fertilizante

orgânico representa o reaproveitamento integral de seus nutrientes e a substituição de parte das

doses de adubação química sobre as culturas, com rendimentos equivalentes, ou superiores aos

conseguidos com fertilizantes comerciais. As propriedades do produto o tornam especialmente

interessante a solos agrícolas desgastados por manejo inadequado, bem como para recuperação

de áreas de degradação.

Page 43: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

O exemplo apresentado a seguir é adaptado de estudos do sistema de tratamento de

efluentes e resíduos sólidos de indústrias fabricantes de rações animais. O primeiro passo é

conhecer as etapas e conceitos do sistema de tratamento de efluentes líquidos e de onde será

gerada a fração sólida de rejeitos a ser tratada. Alguns conceitos importantes:

pH

É o produto hidrogeniônico da água. Em outras palavras, mede o grau de acidez ou

alcalinidade de um determinado efluente, a quantidade de íons H+ na solução. A faixa

recomendada para o tratamento biológico situa-se entre 6,5 e 8,5.

TEMPERATURA

Valores elevados de temperatura, ou seja, acima de 40ºC, podem causar muitos problemas

aos corpos d’água principalmente devido à redução drástica do valor de oxigênio dissolvido.

Valores próximos de 0ºC provocam a redução de atividade celular dos microrganismos.

ÓLEOS E GRAXAS

É um parâmetro que mede a quantidade de substâncias oleosas em efluentes líquidos. A

presença de óleos e graxas é um fator indesejável, não só do ponto de vista estético, como

também dificulta a troca de oxigênio entre o efluente e o ar devido à formação de película

oleosa que é mais leve que a água. Em tratamentos biológicos, a presença de óleos e graxas

em grande quantidade é prejudicial à decantação do lodo.

DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO)

É um parâmetro que mede a quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente um

determinado despejo. É uma medida indireta da quantidade total de matéria orgânica presente

no efluente.

DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO)

É um parâmetro que mede a quantidade de oxigênio necessária para oxidar biologicamente

um determinado despejo. É um medida indireta da quantidade total de matéria orgânica

biodegradável presente no efluente.

LODO

O lodo é composto basicamente por colônias de bactérias e microrganismos que se

desenvolvem em tratamentos biológicos. Deve ser descartado constantemente, pois essa

operação é responsável pela renovação da microbiota nos sistemas de tratamento biológicos.

O tratamento físico-químico de efluentes consiste das seguintes etapas:

RADEAMENTO

Page 44: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

O gradeamento consiste na separação de sólidos grosseiros, compostos geralmente por

papéis, plásticos, estopas, com utilização de barras verticais ou inclinadas. São empregadas

com espaçamento que pode variar de ¼ a 6 polegadas. O material de fabricação dependerá

das características dos efluentes, podendo ser construídas em aço-inox, aço-carbono ou fibra

de vidro.

FLOCULAÇÃO

É uma operação unitária que consiste na agitação branda e maior tempo de residência,

favorecendo o crescimento de flocos. Normalmente são utilizados coadjuvantes de floculação,

dentre os quais se se destacam os polieletrólitos. Estes produtos fazem com que as impurezas

se aglutinem formando os flocos para serem facilmente removidos.

FLOTAÇÃO

O sistema consiste em pressurizar uma mistura efluente/ar entre 2 e 7 kgf/cm2, para em

seguida permitir uma expansão no tanque do flotador. Em pressões elevadas a solubilidade do

ar na água aumenta e, quando ocorre a expansão na câmara do flotador, a pressão cai,

liberando o ar na forma de microbolhas em fluxo ascendente.

ESPESSAMENTO DE LODOS

Os lodos de natureza físico-química apresentam concentrações de sólidos, em geral elevadas,

variando de 3 a 10%. Espessadores de lodo tem a função de proporcionar adensamento o

lodo, ou seja, concentração deste tipo de material.

DECANTAÇÃO

O decantador recebe o efluente, no qual os sólidos deslocam para o fundo do tanque por

gravidade e a fase líquida clarificada é dirigida até a tubulação de saída para dar seqüência a

posterior tratamentos ou descarte em corpo receptor. O lodo biológico é separado do efluente

clarificado. A concentração de sólidos no lodo decantado varia de 0,4 a 0,8%, sem a adição de

coadjuvantes de decantação.

O tratamento biológico de efluentes consiste das seguintes etapas:

O tratamento biológico segue o mesmo processo que ocorre na natureza em rios e lagos.

Em condições ótimas de pH e temperatura, associadas a um efluente de natureza biodegradável,

são favorecidos o crescimento e desenvolvimento dos microrganismos.

LAGOAS AERADAS:

O oxigênio é fornecido através de aeradores (superfície ou submersos) ou sopradores de ar

comprimido. Ocupam grandes áreas. Para evitar o risco de contaminação do lençol freático

em solos permeáveis, a impermeabilização do subsolo tem sido recomendada. Geralmente,

Page 45: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

há a necessidade de um sistema de decantação após as lagoas aeradas para retenção de

sólidos sedimentáveis.

Também é importante que você conheça alguns conceitos do descarte do lodo (sólido)

resultante do tratamento de efluentes líquidos:

LEITOS DE SECAGEM

O leito é formado por camadas de tijolos, areia e brita. Parte da água percola pela camada

filtrante e parte evapora. O percolado deve ser enviado de volta ao sistema de tratamento, de

preferência, ao tanque de aeração.

FILTRO A VÁCUO

Trata-se de um equipamento caro, com custo operacional elevado. Foi muito utilizado, quando

os filtros-presa e centrífugas apresentavam preços proibitivos. Concentração final do lodo da

ordem de 25%.

CENTRÍFUGAS/DECANTERS

São dimensionadas com base na concentração de sólidos no lodo adensado e na vazão

volumétrica. A concentração de sólidos atinge valores médios de 25% para lodo físico-

químico.

FILTROS-PRENSA

O lodo biológico deve ser condicionado com cal e cloreto férrico para poder ser desaguado em

filtros-prensa. A proporção recomendada é de que para cada 100 kg de lodo em base seca,

seja utilizado cal em torno de 50 kg e uma quantidade de 30 kg de cloreto férrico. A

concentração de sólidos no lodo desaguado pode atingir até 40 %.

SECADOR DE LODO

Este equipamento tem por finalidade utilizar energia térmica para a secagem do material. Essa

energia pode ser produzida por combustíveis e por gases gerados em caldeiras. O lodo seco

apresenta concentrações de sólidos acima de 90%, podendo ser retirado do equipamento na

forma granulada ou em pó.

O problema da área de tratamento de efluentes em uma planta de produção de rações é a

alta carga orgânica produzida. Atualmente, a legislação permite certas quantidades de material

orgânico com destino final ao meio ambiente ( vide tabela 1).

Page 46: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Quadro 12 – Comparação dos padrões legais referente ao efluente final descartado em

leitos naturais.

Item Padrão legal Padrão do resíduo da empresa

pH 6,0 a 9,0 7,5Óleos e Graxas 30 mg/L < 10DBO Redução de 80% 87%DQO Redução de 80% 85%Nitrogênio Máximo de 10 mg/L 9,0 mg/LFósforo Máximo de 1,0 mg/L 0,7 mg/LSólidos Totais 150 mg/L 420 mg/L

Fonte: Adaptado da Resolução 430, de 13/05/2011.

Pode-se verificar que a planta está bem próxima dos limites aceitáveis pela legislação, ou

seja, em condição é crítica, impedindo trabalhos de ampliação de escala e produção sem que haja

uma otimização do sistema de tratamento de efluentes.

O lodo produzido pelas diversas áreas de produção das empresas geralmente é levado

para um local apropriado, onde é disperso sobre o solo. Entretanto, o custo de transporte deste

material é bastante elevado.

Os projetos desenvolvidos visam reduzir a carga orgânica eliminada para o rio pela fábrica

e atender a legislação vigente. Além disso, possíveis ampliações de escala na indústria e no

processo iriam aumentar essa quantidade de material orgânico descartado o que acarretará na

extrapolação destes limites legais.

Logo, a redução ou a completa eliminação do lodo produzido no sistema de tratamento de

efluentes é de suma importância para a adequação da fábrica as normas estabelecidas pela

legislação vigente.

O desafio deste tipo de projeto é a criação de um sistema que reduza o máximo possível a

quantidade de água retida no lodo, sendo assim deve ser feita a análise dos melhores

equipamentos para que se atinja esse objetivo. O enfoque de atuação do profissional em gestão

ambiental estará sempre na viabilidade econômica e no retorno dos gastos futuros em todo o

projeto, objetivando o atendimento a política de segurança, saúde e meio ambiente. (UNI

chamando a atenção).

As etapas principais do projeto em questão são:

Redução da quantidade de água presente no lodo para diminuir o valor pago no transporte

deste material, ou seja, aumentar a lucratividade da empresa;

Page 47: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Reduzir a quantidade de matéria orgânica presente no efluente final;

Selecionar o(s) melhor(es) equipamento(s) para realizar a concentração e secagem do

lodo produzido na planta;

Buscar possibilidades da utilização do resíduo sólido gerado pelo processo.

As plantas de produção de ração animal são composta por um sistema de tratamento de

efluentes que consiste nas seguintes etapas:

Gradeamento: O efluente possui em sua constituição papéis, plásticos, fios de tecido, por

isso, é feita a retenção deste material antes do material seguir para a próxima etapa;

Tanque de Equalização: O tanque de equalização tem por objetivo reter o óleo e os sólidos

que por ventura venham a passar para nos efluentes.

Lagoa de Equalização: Na lagoa de equalização é feita a mistura (homogeneização) de

todos os efluentes provenientes da fábrica.

Tratamento físico-químico e Flotação: No efluente equalizado é adicionado sulfato de

alumínio e uma solução polimérica com a função de criar flocos no lodo presente no

efluente. Após o tratamento químico, o material é levado ao flotador no qual recebe ar

(microbolhas), com a finalidade de levar os flocos para a superfície do equipamento e em

seguida fazer a separação do lodo flotado.

Lagoa de aeração: O lodo obtido do tratamento anterior é direcionado para o tanque de

equalização. Já o efluente clarificado, é descarregado no tanque de aeração. O tanque de

aeração consiste em um sistema com agitadores na qual a carga orgânica proveniente do

flotador é consumida pelas bactérias presentes no tanque, diminuindo assim a quantidade

de matéria orgânica no efluente.

Decantador: Após o tratamento biológico, o efluente é direcionado para o decantador. Este

sistema consiste em retirar as partículas mais pesadas no sistema por efeito da gravidade.

O efluente neste ponto está clarificado e pronto para ser descartado no corpo hídrico.

Page 48: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Lançamento do efluente: Após a etapa de decantação o efluente é lançado para o rio por

gravidade.

Figura 07 – Esquema de Efluentes da empresa CCCC

EfluentesExtração

Tanque deEqualização

Lagoa deEqualização

Flotador

Lagoa deAeração

Decantador

Rio

Lodo

Lodo Físico-Químico

Tanque deArmazenagem de Borra

GorduraEfluentes

Incubatório

EfluentesLavanderia

EfluentesRestaurante

Fonte: pesquisa

O leito de secagem é um método muito barato. Entretanto necessita de 15 dias de

tratamento. Esse tipo de desaguamento é muito realizado em locais onde a temperatura ambiente

é elevada e a empresa possui grande espaço físico.

A lagoa de lodo é uma possibilidade de tratamento, mas raramente é aplicada pois

apresenta muitas desvantagens:

Área requerida muito extensa;

Proliferação de insetos;

Emanação de odores;

Necessidade de utilização de manta de impermeabilização para evitar contaminações de

solo e lençol freático;

Page 49: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Grande período de tratamento (20 a 50 dias).

O filtro a vácuo é um equipamento muito caro e de custo operacional muito elevado. Está

técnica está em desuso por esses motivos.

Os filtros-presa necessitam de grandes quantidades de cal e cloreto férrico para obter o

grau de umidade requerida. Além disso, os gastos relativos ao equipamento e ao custo de

operação são elevados, o que inviabiliza o uso deste tipo de filtro.

Com essa análise destas características, a melhor alternativa adotada pelas empresas

fabricantes de rações é a utilização de um secador de lodo a fim de diminuir a carga de água

presente no material.

Alternativa para o tratamento do lodo - Secador de Lodo

O secador de lodo, além de contribuir para a solução do problema da umidade no lodo,

pode utilizar alternativas presentes na fábrica como fontes de calor para a operação do

equipamento. Geralmente utilizam-se fumos das caldeiras, por ser uma fonte de energia térmica

não usada em nenhum processo da planta industrial.

Realizando o levantamento de dados dos estudos hipotéticos, a quantidade de lodo

produzida foi estimada em 5 m3/dia, ou seja, 150 m3/mês.

Como alternativa foi sugerido o uso de decanters, filtros presa e filtro a vácuo. Os dois

últimos possuem custo elevado de operação além do alto valor do próprio equipamento.

Selecionado o dencater, efetua-se o levantamento de dados para o uso deste equipamento

(dados operacionais).

Portanto o projeto de Engenharia seguiria as seguintes etapas:

1. Após o tratamento do lodo no flotador, aquele é levado por gravidade para um tanque,

onde será armazenado até completar este volume.

2. O lodo será recalcado para outro tanque de maior capacidade por meio de uma bomba de

deslocamento positivo (para materiais viscosos).

3. Após completar o volume no tanque aéreo, o efluente e o lodo irão para o tanque de

mistura, onde será adicionado cal para correção do pH e solução polimérica para a

formação de flocos para facilitar o processamento no decanter.

4. Nesta etapa o lodo é processado no decanter atingindo uma umidade final por volta de

80%. A água retirado no equipamento retorna à lagoa de equalização e o borra é enviado

para secador.

Page 50: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

5. A borra processada no secador atinge uma umidade final de 10%.

6. A borra seca é armazenada em um contentor.

Figura 08 - O fluxograma desta proposta de processamento do lodo a ser seco

Efluentes

Flotador Tanque 20 m3 Bomba

Tanque 40 m3

Bombadosadora

Cal

PolímeroTanque de

Mistura

Decantador

Secador

Armazenagem

Lagoa deEqualização

Lodo Físico-Químico

(GEL)

Contentor

Lodo seco

Lodoconcentrado

ou Borra

Água

LodoFísico-

Químico

Fonte: Pesquisa

Essa proposta pode ser incrementada com a opção de utilização do lodo seco como

combustível direto a ser queimado em geradores de vapor na fábrica, eliminando assim o gasto de

transporte do lodo. O transporte do lodo será apenas do contentor até a entrada do cavaco no

gerador de vapor, onde seria misturado a borra formada pelo decanter.

Um dos pontos a serem observados nesta adição a proposta é a viabilidade do

equipamento gerador de vapor em receber este tipo de combustível. Uma das limitações é a

formação de um material denso pela adição de lodo concentrado ao cavaco da madeira,

combustível geralmente mais utilizado. Isso não ocorre em caldeiras que possuem a grelha

rotativa de alimentação. Alguns estudos mostram que até 15% de lodo pode ser adicionado

juntamente com o cavaco para alimentação da caldeira.

Vale lembrar que a possibilidade da queima do lodo na caldeira, poderá produzir gases

que possam provocar corrosão nas tubulações do sistema de produção de vapor. Deve ser

investigada os possíveis tipos substâncias que poderiam provocar a diminuição da vida útil da

caldeira.

Page 51: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

Através deste escopo de estudo prático apresentado, você teve a oportunidade de

conhecer a realidade em torno de projetos ambientais e industriais com objetivo de

reaproveitamento energético, logística reversa (reincorporação de subprodutos na linha de

produção) e atendimento das legislações em vigor.

O papel do gestor ambiental caminha em sintonia com os profissionais de Engenharia e

gestores administrativos das empresas. É de grande relevância a sua visão estratégica para

alcançar os resultados satisfatórios envolvendo os projetos ambientais e industriais em questão.

Page 52: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, referente a Gestão Integrada de Resíduos, você estudou os seguintes

assuntos:

As dimensões técnica e ecológica consideradas em conjunto tornam evidentes os

paradoxos do modelo de desenvolvimento vigente, e apontam as imposições

socioeconômicas e ambientais;

A ameaça de um colapso do meio ambiente, aliado ao esgotamento dos recursos naturais

promove uma busca de soluções e esclarece um movimento crescente na sociedade para

a revisão de certos paradigmas, social, político e tecnológico, visando um desenvolvimento

sustentável;

Principio do poluidor pagador procura assegurar a reparação econômica de um dano

ambiental quando não for possível evitar o dano ao meio ambiente;

Os resíduos sólidos de origem urbana (RSU) compreendem aqueles produzidos pelas

inúmeras atividades desenvolvidas em áreas com aglomerações humanas;

Os vários RSU gerados, são normalmente encaminhados para a disposição em aterros

Os resíduos sólidos urbanos são classificados como objetivo de permitir seu correto

tratamento e disposição final;

No Brasil, Reduzir, Reutilizar e Reciclar os resíduos sólidos urbanos se constitui

atualmente no principal elemento para a redução do passivo ambiental já que pode ser

estimado um valor de 20 a 30% do peso dos resíduos gerados, por um programa 3R's bem

executado;

Os resíduos sólidos industriais são classificados da seguinte forma: Resíduos de Classe I -

Perigosos – Resíduos de Classe II - ão Inertes – Resíduos de Classe III – Inertes;

Segundo a Resolução CONAMA Nº 313 de 29 de outubro de 2002, o Inventário de

Resíduos É o conjunto de informações sobre a geração, características, armazenamento,

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transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos

resíduos gerados pelas indústrias;

que indústrias das tipologias previstas na Classificação Nacional de Atividades

Econômicas deverão, apresentar informações sobre geração, características,

armazenamento, transporte e destinação de seus resíduos sólidos;

o conhecimento das quantidades geradas e as principais características físicas e químicas

dos resíduos agroindustriais, é fundamental para a concepção e o dimensionamento dos

sistemas de tratamento e, ou, disposição dessas águas na natureza;

Os resíduos sólidos de agroindústrias, como por exemplo, os bagaços, tortas residuais,

restos de frutas e hortaliças, etc., são constituídos por todos os resíduos por industrias

agroindustriais;

Nas granjas de confinamento, para suínos, aves, bovinos, eqüinos, ovinos, são produzidas

grandes quantidades de dejetos, que dependendo do tipo de gestão, podem ser

manejados na forma sólida;

A produção de resíduos na suinocultura é variável de acordo com o estádio de

desenvolvimento do animal, tipo e quantidade de ração fornecida, condições climáticas,

etc;

Alguns trabalhos apresentam a adubação com esterco como uma forma de reutilização

deste rejeito;

A produção de resíduos agrícolas é extremamente variável, dependendo da espécie

cultivada, do fim a que se destina, das condições de fertilidade do solo, condições

climáticas, etc;

A utilização destes resíduos como fonte de macronutrientes para adubação é uma saída

para os rejeitos produzidos pelo cultivo agrícola;

Page 54: Gestão de resíduos sólidos   unidade 1

A geração de resíduos na agroindústria é, marcadamente, sazonal, uma vez que a

matéria-prima é de produção irregular no ano;

Os resíduos de matadouros são constituídos por esterco dos currais, vômitos, conteúdo

estomacal e conteúdo intestinal, além de ossos e pele.

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AUTO-ATIVIDADE!

Olá Acadêmico (a)! Agora é só você resolver as questões a seguir. Com isso você

reforçará seu aprendizado. Boa atividade!

3) Defina, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que são resíduos

sólidos.

4) Explique como os resíduos sólidos são classificados.