gestÃo de resÍduos sÓlidos em rede de cidades...
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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
REDE DE CIDADES CONECTADAS POR
EMPRESAS PRODUTORAS DE
PETRÓLEO E GÁS: MACAÉ E RIO DAS
OSTRAS
Anibal Alberto Vilcapoma Ignacio (UFF )
Bruna Moraes de Lima (UFF )
Lea Maria Dantas Sampaio (UFRJ )
A indústria de petróleo e gás natural trouxe desenvolvimento para os
municípios do Norte Fluminense, mas trouxe também ônus ambiental.
Uma das mais preocupantes consequências do acelerado
desenvolvimento é o aumento exponencial do volume do lixo de todos
os tipos, o que traz um impacto ambiental, agravado pela falta de
gestão adequada e orientada por um real dimensionamento do
problema, por parte dos gestores municipais. O presente artigo propõe
um modelo de dimensionamento de geração de resíduos, nos
municípios de Rio das Ostras e Macaé, bem como do aterro sanitário
apropriado para recebê-los, em um horizonte de planejamento de 30
anos. Estas informações podem vir a se tornar de vital importância
como base para definir políticas de gestão de resíduos sólidos, nestes e
em outros municípios produtores de petróleo e gás.
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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Palavras-chaves: gestão de resíduos sólidos, indústria de petróleo e
gás, modelo de dimensionamento de resíduos sólidos.
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1. Introdução
A partir da década de 1970, a indústria de petróleo e gás natural que se instalou nos
municípios do Norte Fluminense tem tido um crescimento bastante acelerado. Os municípios
de Armação dos Búzios, Cabo Frio, Carapebus, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu,
Campos dos Goytacazes, Macaé, Quissamã e Rio das Ostras ainda sofrem com o surto
econômico, seguido de um crescimento descontrolado. Uma das mais preocupantes
consequências do acelerado desenvolvimento é o aumento exponencial do volume do lixo de
todo tipo, impactando ainda mais o meio ambiente da região, inclusive afetando outras
cadeias produtivas. Isto é devido também à expansão imobiliária para atender à grande
população que tem imigrado de todas as regiões do país e do exterior, atraída por novos
empregos, provocando inclusive a favelização da região que ocorre quando grande parcela
desta migração não está capacitada para os empregos oferecidos.
A recente Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS,
2010), traz um grande desafio por suas diretrizes que precisam ser seguidas, desde produtores,
consumidores, até os governos de âmbito municipal, estadual e federal. Essa lei institui a
responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos, isto é, fabricantes, importadores,
distribuidores, comerciantes, consumidores, serviços públicos de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos: todos como responsáveis, ao longo do ciclo de vida dos produtos, de sua
origem ao pós-consumo.
Ressalta-se que a PNRS (2010) impõe ainda a eliminação dos lixões, o encaminhamento
apenas dos rejeitos - restos dos resíduos que não podem ser reaproveitados - para serem
descartados nos aterros. Para se chegar a um sistema sustentável, cada município deve
considerar suas características locais e adequar sua gestão dos resíduos a esta realidade.
Presume-se que o aprendizado decorrente da análise da região piloto, formada pelos
municípios de Macaé e Rio das Ostras, pode vir a capacitar as cidades em questão a
estabelecerem relações entre si, dimensionarem o problema, refletirem a respeito dos meios
de se implantar um novo paradigma socioeconômico, através de uma nova política de gestão
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inovadora e integrada, representada pela Economia Circular (SAMPAIO & IGNACIO, 2012).
Com o objetivo de dimensionar aterros sanitários e analisar a atual conjuntura dos municípios
conectados por empresas produtoras de petróleo e gás, o presente artigo expõe a definição, as
principais características e a cadeia dos resíduos sólidos urbanos dos mesmos. Para se cumprir
as metas desejadas, é realizada uma projeção de geração de resíduos sólidos urbanos e,
posteriormente, o dimensionamento dos aterros sanitários.
2. Resíduos sólidos urbanos
Segundo a ABNT NBR 10004 (2004), resíduos sólidos são resíduos nos estados sólido e
semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água ou exijam
para isso, soluções técnicas e/ou economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia
disponível.
Como tal definição proporciona uma ampla abrangência, a mesma norma estabelece uma
classificação para os resíduos sólidos. Baseada na norma, Massukado (2004) descreve suas
classes como: Classe I-Perigosos, Classe II – Não Perigosos (A e B).
Particularmente neste estudo, utiliza-se o termo ‘resíduos sólidos urbanos’ (RSU) para
englobar os resíduos sólidos produzidos por domicílios, estabelecimentos comerciais, de
serviços, administrativos, industriais etc.
2.1. Caracterização dos resíduos sólidos
Os RSU são peculiarmente marcados pela sua composição heterogênea e o conhecimento de
suas características é imprescindível para um correto gerenciamento dos mesmos. Segundo
IBAM (2001), a geração per capita, massa específica, teor de umidade, compressividade e
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composição gravimétrica são características físicas relevantes para se caracterizar o RSU.
A geração per capita relaciona a quantidade de resíduos, gerada diariamente ou anualmente, a
cada habitante de uma determinada região. A quantia de resíduos domiciliares, em especial, é
fortemente influenciada pelo modo de vida da população. Em 2012, a geração de RSU per
capita no Brasil foi de 383,2 kg/hab/ano (ABRELPE, 2012), enquanto que na cidade do Rio
de Janeiro, o mesmo índice foi de 634,3 kg/hab/ano (IPP, 2012). Essa característica é de suma
importância para o dimensionamento de veículos de coleta e das unidades que compõem o
sistema de limpeza urbana.
A massa específica é a razão entre a massa do resíduo e o seu volume ocupado que é,
comumente, expresso em kg/m³. Sua determinação é importante para o dimensionamento dos
equipamentos e das instalações do aterro. Em 2012, a massa específica do lixo na cidade do
Rio de Janeiro, coletada pela Companhia de limpeza urbana (COMLURB) foi de 133,02
kg/m³ (IPP, 2012).
O teor de umidade ou líquido presente nos resíduos é medida em percentuais da massa total
dos mesmos. No gerenciamento dos resíduos, essa característica é importante para o
dimensionamento de incineradores e de usinas de compostagem dos componentes orgânicos,
mas também porque influencia diretamente no cálculo do ‘chorume’ produzido. Na cidade do
Rio de Janeiro, este teor registrado em 2012 foi de 36,57% (IPP, 2012).
‘Compressividade’ é o grau de compactação ou a redução do volume que uma massa de lixo
pode sofrer quando compactada, influenciando no dimensionamento de veículos coletores e
estações de transferência com compactação. Submetido a uma pressão de 4kg/cm², o volume
do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do seu volume original.
Outra caracterização importante dos resíduos sólidos consiste na composição gravimétrica, a
qual permite melhor análise dos resíduos para maximizar o aproveitamento das frações
recicláveis para comercialização e posterior definição da forma ótima de disposição final dos
mesmos. Condições socioeconômicas, como poder aquisitivo, cultura e desenvolvimento
tecnológico, bem como hábitos e condições climáticas influenciam na composição
gravimétrica dos resíduos sólidos. Assim, cada região tem uma composição particular.
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Ademais, a composição pode variar ao longo do tempo, pois essas mesmas condições se
modificam com o tempo.
A elevada geração de resíduos do tipo orgânico, putrescível e agregado fino, aponta a
importância de se definir o tratamento e a disposição adequada final desse tipo (VILHENA,
2002). Entretanto, o manejo de resíduos sólidos não recebe a atenção necessária da população,
tampouco do poder público. Como consequência, tem-se aumento da poluição ambiental e
redução da qualidade de vida com inúmeros casos de contaminação do solo e de águas
subterrâneas.
A prefeitura da cidade de Macaé (RJ) utilizou, durante aproximadamente 15 anos, uma área
de 160,6 m² como lixão municipal, depositando resíduos sólidos urbanos, industriais, de
serviço de saúde e perigosos de classe I. Ao desativar o lixão, a prefeitura retirou em torno de
1,5 m de lixo da superfície. Embora não haja nenhuma comprovação de ações para remediar o
antigo lixão, é de conhecimento público que esta área vem sendo apropriada e ocupada por
populações de baixa renda. Na construção das edificações, sobretudo na etapa de recorte de
solo para a fundação do radier de sustentação de pilares, é possível observar a massa de lixo
disposta no solo, ao longo do tempo. Ainda assim, as famílias utilizam água de poços
escavados e fossas do tipo sumidouro. Não há estatísticas oficiais sobre doenças de veiculação
hídrica, desconforto ambiental ou contaminação do solo e do lençol freático, mas amostras de
água coletadas apresentaram coloração, odor desagradável e sabor salino, além de coliformes
fecais (FERREIRA et al., 2011).
2.2. A cadeia de resíduos sólidos domiciliares: do berço ao túmulo
Logarezzi (apud MASSUKADO, 2004) afirma que o ciclo dos resíduos sólidos tem início
com a geração dos mesmos, seja por consumo de produtos e serviços, por produção, por
comercialização ou por oferta de serviços. Após o descarte, ocorre o acondicionamento e, às
vezes, armazenamento para, sequencialmente, haver coleta, transporte/transferência,
tratamento e destinação final dos resíduos sólidos. Os processos e os fluxos que os
concatenam são descritos na Figura 1.
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Figura 1 – Cadeia de resíduos sólidos domiciliares
Fonte: Os autores
O acondicionamento consiste em dispor o material rejeitado em caixas, tambores ou sacos
plásticos, a fim de facilitar o manejo do mesmo. Além de facilitar a realização da coleta, este
processo evita acidentes e proliferação de vetores, minimizando impactos negativos, visual e
olfativo. O armazenamento dos resíduos ocorre quando há necessidade de se guardar os
resíduos, até que o serviço de coleta ocorrer. Esse processo é mais comum nos locais onde a
coleta não é diária.
De acordo com IBAM (2001), coletar o lixo significa recolhê-lo de modo acondicionado, da
fonte geradora, através de um veículo coletor, o qual permite transportar o mesmo a uma
estação de transferência, centro de tratamento ou disposição final. Para que esse processo seja
eficiente, é importante que as etapas anteriores de acondicionamento e armazenamento sejam
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devidamente cumpridas e que a coleta seja regular, com dias e horários determinados. A
coleta pode ser convencional e/ou seletiva. A diferença entre elas está na separação dos
resíduos em diversas frações, que ocorre na seletiva e não na convencional.
A localização dos aterros sanitários, estações de transferência e centros de tratamento fica,
normalmente, longe dos centros da massa que gera tais resíduos. Assim, os resíduos coletados
precisam ser transportados por caminhão baú ou caminhão compactador, até esses pontos.
Quando a distância entre o domicílio e o local de descarga do caminhão é muito longa
(superior a 25 km), pode-se usar estações de transferências que geram maior economia. Essas
estações são locais onde os resíduos são transferidos dos veículos coletores para veículos de
maior capacidade de carga, como carretas ou barcaças.
As usinas ou centrais de triagem e beneficiamento são instalações onde os resíduos recicláveis
são separados, sejam eles provenientes de coleta seletiva ou convencional, e beneficiados,
visando maior ganho com a venda dos mesmos. O processo de beneficiamento dos resíduos
pode envolver lavagem, trituração, peneiramento, prensagem e enfardamento.
Tratamento de resíduos consiste em efetuar procedimentos, a fim de se reduzir a quantidade
ou o potencial poluidor dos mesmos (IBAM, 2001). Os processos de reciclagem,
compostagem, incineração e outros afins são alternativas de tratamento de resíduos. A
definição de quais tipos de tratamento se deve utilizar é uma estratégia que deve considerar as
particularidades de cada município ou região.
A última etapa da cadeia de resíduos sólidos é a destinação final dos mesmos. Como a PNRS
(2010) prevê a eliminação de lixões até 2014, considera-se neste estudo que a destinação final
ocorrerá de maneira adequada, nos aterros sanitários. Massukado (2004) cita as seguintes
vantagens de se utilizar aterro sanitário: controle de proliferação de vetores, possibilidade de
disposição de lodos provenientes de estações de tratamento de água e esgoto, e baixo custo de
operação.
3. Projeção de geração de resíduos sólidos urbanos
Para se definir os cenários futuros é preciso projetar a geração de resíduos sólidos, que por sua
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vez depende do crescimento populacional local. Análises da região definida como amostra
piloto, formada pelos municípios de Macaé e Rio das Ostras, permitem realizar inferências
sobre os demais municípios conectados por Empresas Produtoras de Petróleo e Gás (EPPG),
pois todas estas cidades sofrem os mesmos impactos socioambientais. Assim, para se
determinar o crescimento populacional dos dois municípios, utiliza-se o modelo de Malthus.
De acordo com Sodré (2003), o Modelo de Crescimento Exponencial de Malthus determina
que a taxa de variação da população, em relação ao tempo, é proporcional à população
presente. Isto é:
Onde a taxa é uma constante.
Analisando-se a equação, percebe-se que, para , há crescimento populacional; enquanto
para , há decrescimento populacional. A solução dessa equação é dada por:
Onde é a população inicial em .
A questão é que para , a população cresce e tende ao infinito, e para a população
diminui e tende a zero. No primeiro caso, o modelo utilizado pode não funcionar para
projeções em longo prazo, sendo necessário se utilizar um fator ambiental de limitação. Neste
estudo, utilizou-se a área da unidade territorial como fator limitante.
Para se determinar a taxa de crescimento , no presente trabalho, utilizam-se os dados
populacionais de 1999 a 2010, das cidades de referência.
O modelo é implementado no Microsoft Excel e, para ser executado é preciso linearizar a
equação , o que resulta em:
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Utilizando-se a ferramenta “Regressão” e adotando-se um nível de significância de 5%,
obtém-se um modelo válido para a população de Macaé, o qual tem seus resultados dispostos
na Tabela 1. Percebe-se que o valor de “R-Quadrado” está bem próximo de 1 e o “valor-P”
estão bem próximo de zero e, portanto menor que o nível de significância. Então, pode-se
concluir que a regressão linear é válida e, portanto, a variável t representa a população.
Tabela 1 – Resultados do modelo de regressão RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,984023011
R-Quadrado 0,968301285
R-quadrado ajustado 0,965419584
Erro padrão 0,030570661
Observações 13
ANOVA
gl SQ MQ F F de significação
Regressão 1 0,314030049 0,314030049 336,0172247 1,35838E-09
Resíduo 11 0,010280219 0,000934565
Total 12 0,324310268
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores Inferior 95,0%Superior 95,0%
Interseção 11,70632448 0,0179862 650,8503511 1,41481E-26 11,66673712 11,74591183 11,66673712 11,74591183
Variável X 1 0,041538414 0,002266048 18,33077262 1,35838E-09 0,036550876 0,046525952 0,036550876 0,046525952
Fonte: os autores
O modelo obtido para a equação linearizada é
Logo, o modelo de comportamento da população, ao longo do tempo, é dado por
Aplicando-se o modelo à população macaense, obtém-se a projeção populacional, descrita a
seguir. Considerando-se que a cidade de Macaé possui uma área de 1.216,846 km², as
projeções são aceitáveis. Em 2045, por exemplo, a densidade demográfica projetada seria de
702,48 hab/km². De forma análoga, o mesmo procedimento, considerando a cidade de Rio das
Ostras, obtém:
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Como Rio das Ostras possui uma área de 229,044 km², em 2045 teria uma densidade
demográfica de 18.184,46 hab/km². Obviamente, esse resultado é inviável, uma vez que
supera a de Nilópolis, cidade de maior densidade demográfica do estado do Rio de Janeiro,
com 8.117,62 hab/km², em 2010.
Descontando-se as áreas de proteção ambiental e rural, o território habitável da cidade seria
ainda menor, elevando ainda mais a densidade demográfica. Diante de tal inconsistência,
adota-se a área da cidade como fator limitante do modelo implementado.
Assim como Rio das Ostras serve como moradia para trabalhadores de Macaé, São Gonçalo
(RJ) também possui boa parte de sua população, economicamente ativa, trabalhando em
Niterói e Rio de Janeiro. De acordo com ANDRADE et al. (2010), o elevado custo de vida
das cidades de Niterói e Rio de Janeiro fez com que diversas pessoas buscassem São Gonçalo
como alternativa viável de moradia. A característica de cidade-dormitório de ambas, bem
como a extensão territorial aproximada das mesmas permite se adotar São Gonçalo como
parâmetro para estabelecer o fator limitante do crescimento populacional de Rio das Ostras.
São Gonçalo possui 247,709 km² e, em 2010, apresentava densidade demográfica de 4.035,90
hab/km². Considerando-se esta densidade e o território de Rio das Ostras, a cidade suportaria
aproximadamente um milhão de habitantes. A partir deste valor, o crescimento deve ser
reduzido. Nesse caso, utiliza-se a taxa de crescimento da cidade de São Gonçalo.
Em outras palavras, até a projeção populacional atingir 1 milhão de pessoas, utiliza-se o
resultado do modelo , depois de atingir o valor projetado de
1.035.724, o resultado considerado é .
Graficamente, a influência do fator limitante é mais bem percebida, na Figura 2.
Figura 2 – Projeção amortecida da população de Rio das Ostras
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Fonte: Os autores
Sem o fator limitante, a população cresce exponencialmente e tende ao infinito; com o fator
limitante, a população cresce, comedidamente. Todavia, com o fator limitante o crescimento
sofre uma retração abrupta, fato bastante incomum em projeções populacionais.
Portanto, é preciso aplicar uma metodologia de amortecimento da projeção. Opta-se, então,
por se utilizar a média móvel dos últimos 5 anos para uma projeção mais fiel à realidade de
crescimento populacional (Figura 3).
Figura 3 – Projeção populacional de Rio das Ostras/Macaé
0
200000
400000
600000
800000
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o
Ano
Macae
Rio das Ostras
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Fonte: Os autores
Com a projeção populacional se pode determinar a quantidade de resíduos a serem gerados
pelo indicador geração per capita, utilizados os índices de geração, apresentados em IBAM
(2001), como na Figura 4.
Figura 4 - Projeção de geração de resíduos sólidos de Macaé e Rio das Ostras
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Ge
raçã
o a
nu
al (
Kg/
ano
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es
Ano
Macaé
Rio das Ostras
Fonte: Os autores
Segundo Silva (2008), o Relatório Ambiental Simplificado (RAS) do novo aterro sanitário de
Macaé, elaborado em outubro de 2005, apresenta a composição gravimétrica dos resíduos
macaenses (Tabela 2).
Tabela 2 – Composição gravimétrica de Macaé
Fonte: RAS (2005) apud Silva (2008)
Baseando-se na composição gravimétrica supracitada, realiza-se a análise gravimétrica dos
resíduos das cidades-piloto para três horizontes: 2015, 2030 e 2045 (ver Tabela 3).
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Tabela 3 – Geração de resíduos por componentes
Componentes 2015 2030 2045 2015 2030 2045
Papel - Papelão - Tetra pak 16.896.013 38.585.904 76.000.694 7.987.158 57.195.123 103.898.911
Plástico duro - PET - filme 6.654.291 15.196.592 29.931.955 3.145.646 22.525.608 40.919.330
Vidro incolor e colorido 2.670.770 6.099.312 12.013.506 1.262.538 9.040.890 16.423.405
Metal ferroso e não-ferroso 1.442.895 3.295.179 6.490.347 682.092 4.884.379 8.872.814
Matéria orgânica putrescível e agregado fino 26.028.687 59.442.451 117.080.775 12.304.396 88.110.370 160.058.604
Rejeitos* 2.891.448 6.603.281 13.006.147 1.366.858 9.787.913 17.780.423
Total 56.584.103 129.222.719 254.523.424 26.748.687 191.544.283 347.953.488
*Rejeitos: inerte, folhas/flores, madeira, borracha, pano/trapo, couro, osso, coco, vela/parafina, eletro/eletrônico
Geração de resíduos (kg/ano)
Macaé Rio das Ostras
Fonte: Os autores
4. Dimensionamento dos aterros sanitários
De posse das projeções, pode-se fazer os cálculos para o dimensionamento de aterros
sanitários na região-piloto. Quando possível, os dados utilizados baseiam-se em
características do município de Macaé, para ambas as cidades. Do contrário, pode-se adotar
valores propostos pela metodologia do Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos (IBAM, 2001).
Sendo assim, segundo Silva (2008), considera-se uma taxa de compactação final de 0,80 t/m³
para o lixo aterrado. Segundo Bispo (2008), o aterro tem de 26 a 27 m de profundidade, o que
permite se utilizar o valor de 25 m. De acordo com IBAM (2001), pode-se utilizar o valor de
230 kg/m³ para o peso específico do lixo domiciliar, quando não houver dados mais precisos.
Tabela 4 – Dados para dimensionamento de aterro sanitário - Macaé
2020 2025 2030 2035 2040 2045
Número de habitantes 302.601 372.451 458.426 564.246 694.493 854.806
Geração anual de lixo (kg) 73.824.352 97.196.075 129.222.719 165.347.928 204.983.263 254.523.424
Geração de lixo acumulada (kg) 315.343.895 728.320.658 1.274.259.092 1.449.944.252 2.352.444.445 3.471.995.530
Peso específico (kg/m³)
Volume de lixo sem compactação (m³) 1.371.060,41 3.166.611,56 5.540.256,92 6.304.105,44 10.228.019,32 15.095.632,74
Taxa de compactação (kg/m³)
Volume de lixo compactado (m³) 394.179,87 910.400,82 1.592.823,87 1.812.430,32 2.940.555,56 4.339.994,41
Altura do aterro (m)
230
800
25
Fonte: Os autores
Dados para dimensionamento da área necessária para implementação do aterro sanitário estão
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nas Tabelas 4 e 5, referentes à Macaé e Rio das Ostras.
Tabela 5 – Dados para dimensionamento de aterro sanitário - Rio das Ostras
2020 2025 2030 2035 2040 2045
Número de habitantes 223.031 380.906 650.533 995.369 1.094.208 1.150.085
Geração anual de lixo (kg) 26.748.687 50.093.718 100.185.944 191.544.283 298.646.452 330.056.291
Geração de lixo acumulada (kg) 173.093.893 508.275.625 1.183.985.633 1.697.326.549 3.276.932.348 4.962.611.147
Peso específico (kg/m³)
Volume de lixo sem compactação (m³) 752.582,14 2.209.894,02 5.147.763,62 7.379.680,65 14.247.531,95 21.576.570,21
Taxa de compactação (kg/m³)
Volume de lixo compactado (m³) 216.367,37 635.344,53 1.479.982,04 2.121.658,19 4.096.165,44 6.203.263,93
Altura do aterro (m)
230
800
25
Fonte: Os autores
Considerando-se que o aterro implementado começaria a receber resíduos em 2015, calcula-se
a área necessária para os resíduos de cada cidade com diferentes valores de vida útil (Tabela
6).
Tabela 6 – Dimensionamento de aterro sanitário
Macaé Rio das Ostras
5 2020 15.767 8.655
10 2025 36.416 25.414
15 2030 63.713 59.199
20 2035 72.497 84.866
25 2040 117.622 163.847
30 2045 173.600 248.131
Ano equivalente
à vida útilVida útil (anos)
Área (m²)
Fonte: Os autores
Aplicando-se os resultados ao atual aterro sanitário de Macaé, localizado às margens da BR-
101 e medindo 72.000 m² (SILVA, 2008), a vida útil do aterro seria de 20 anos. No que tange
ao aterro sanitário de Rio das Ostras, o atual aterro conta com 75.000 m² de área, o que
proporciona ao aterro uma vida útil inferior a 20 anos (MONITOR DIGITAL, 2010).
Cabe ressaltar que o presente estudo considera apenas os RSU (domiciliares, comerciais, de
serviços e industriais), excluindo os resíduos gerados por serviço de saúde, de construção e
demolição, de terminais de transporte, de poda e capinação, de estações de tratamento de água
e de esgoto. Ao englobar todos esses tipos de resíduos, a quantidade gerada de resíduos seria
ainda maior, aumentando assim a área necessária para atender a vida útil desejada do aterro
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sanitário.
A análise dos resultados obtidos permite concluir que a implementação de políticas que visem
prevenção, redução, reutilização e tratamento dos resíduos pode minimizar a quantidade a ser
depositada no aterro sanitário. Assim, a aplicação dessas políticas possibilitaria uma vida útil
maior para uma mesma área destinada ao aterro ou, delimitada a vida útil desejada, reduziria o
tamanho do terreno necessário para o mesmo.
Segundo notícia do Monitor Digital (2010), Rio das Ostras conta com uma Central de
Tratamento de Resíduos e uma Usina de Reciclagem de Entulhos, em fase final de
construção. Segundo Bispo (2008), o aterro de Macaé possui uma Central de Tratamentos de
Resíduos.
As políticas de tratamento, já adotadas pelas cidades, combinadas com programas de
conscientização da população, que focam na redução e reutilização de resíduos, podem
aumentar a projeção de vida útil dos aterros. Posto isso, constata-se que as demais cidades
conectadas por EPPG também devem adotar essas políticas de minimização de resíduos que,
além de aumentarem a vida útil dos aterros existentes e daqueles a serem implementados,
podem reduzir os gastos municipais nos serviços de coleta.
5. Conclusões
O aumento exponencial da geração de resíduos sólidos é consequência do surto econômico e
do crescimento descontrolado que os municípios conectados por EPPG sofrem. A cadeia
produtiva petrolífera, aquecida pelos grandes campos de óleo descoberto na camada Pré-Sal,
proporcionará às cidades envolvidas um crescimento acelerado, mas também ônus ambiental.
Em virtude do crescimento exponencial populacional e, consequentemente, de geração de
resíduos, o simples descarte adequado dos mesmos não é suficiente para solucionar o
problema. Todas as ações dos órgãos da administração pública, da sociedade, das empresas e
indústrias devem estar comprometidas entre si, com ampla participação e intercooperação das
partes. Isto possibilita a elaboração e implantação de práticas que garantam o
desenvolvimento sustentável do sistema.
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A proposta de um modelo de dimensionamento de geração de resíduos, tomando-se Rio das
Ostras e Macaé como cidades-piloto que já adotam políticas e programas de tratamento e
minimização de geração de resíduos, serve para nortear as cidades ligadas por EPPG, na
adoção de tais políticas e programas.
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