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Universidade Federal de São Carlos Departamento de Engenharia de Produção
Curso de Especialização Lato Sensu – Gestão Pública
Gestão ambiental na UFSCar:
Avanços no uso racional de energia e no
destino de resíduos sólidos
Aluno: Dib Miguel Botelho
Orientador: Prof. Dr. José Flávio Diniz Nantes
São Carlos
2010
ii
Universidade Federal de São Carlos Departamento de Engenharia de Produção
Curso de Especialização Lato Sensu – Gestão Pública
Gestão ambiental na UFSCar:
Avanços no uso racional de energia e no
destino de resíduos sólidos
Dib Miguel Botelho
Monografia apresentada como requisito para a integralização do
Curso de Gestão Pública da Secretaria Geral de Recursos
Humanos e do Departamento de Engenharia de Produção da
Universidade Federal de São Carlos.
Orientador: Prof. Dr. José Flávio Diniz Nantes
São Carlos
2010
iii
Dedico este trabalho à minha
esposa e aos meus filhos.
iv
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus, e de maneira especial à minha família,
esposa e filhos, que acreditaram em mim depositando toda confiança e me dando o apoio
necessário para o término deste trabalho. Agradeço também a todos os professores que
ministraram o curso de Especialização em Gestão Pública, cada qual desempenhando um
papel importante através de suas disciplinas, em especial ao meu orientador, que através de
empenho e dedicação não mediu esforços para poder me auxiliar no necessário. Finalmente, a
todos os colegas de curso, que me ajudaram nos momentos de dificuldade.
v
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de mostrar como a gestão ambiental tem sido
tratada na UFSCar, seus avanços no uso racional de energia e também na destinação final dos
resíduos sólidos urbanos. Para atingir aos objetivos propostos, a monografia utilizou um
procedimento metodológico qualitativo, utilizando um questionário que foi aplicado aos
principais setores responsáveis pela gestão ambiental do campus de São Carlos. Os resultados
mostraram que a UFSCar tem buscado alternativas para reduzir, reutilizar e reciclar os
resíduos, visando minimizar os impactos ambientais negativos, sociais, econômicos e
sanitários decorrentes da destinação final dos mesmos. A Universidade também tem
procurado, através de programas e campanhas de conscientização, reduzir o consumo de
energia elétrica, contribuindo assim para uma eficiência energética.
Palavras-chave: Eficiência Energética; Gestão Ambiental; Resíduos Sólidos.
vi
Abreviaturas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV – Análise de Ciclo de Vida
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
CCI – Câmara de Comercio Internacional
CEMA – Coordenadoria Especial para o Meio Ambiente
CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz
DiEET – Divisão de Engenharia Elétrica e Telecomunicações
EDF – Escritório de Desenvolvimento Físico
EdUFSCar – Editora da UFSCar
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
MEC – Ministério da Educação e Cultura
NBR – Denominação de norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
ONU – Organização das Nações Unidas
PABX - Private Automatic Branch Exchange
PAE – Programa Agro-Ecológico
PCE- Programa de Conservação de Energia e Controle de Resíduos
PEAm – Programa de Educação Ambiental
PGRP – Plano de Gerenciamento de Resíduos Perigosos
PIB – Produto Interno Bruto
PND – Plano Nacional de Desenvolvimento
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
P & D – Pesquisa e Desenvolvimento
REUNI – Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
RU – Restaurante Universitário
UFSCar – Universidade Federal de São Carlos
UGR – Unidade de Gestão de Resíduos
3 Rs - Reduzir, Reutilizar e Reciclar
vii
Sumário
1. Introdução................................................................................................... 1
1.1 O problema de pesquisa.......................................................................... 2
1.2 Objetivos................................................................................................. 3
1.3 Justificativas........................................................................................... 3
2. Metodologia................................................................................................. 5
3. Gestão Ambiental....................................................................................... 6
3.1 Conceitos e definições............................................................................ 6
3.2 Princípios da Gestão Ambiental............................................................. 10
3.3 Importância da Gestão Ambiental para as empresas.............................. 12
3.4 Utilização de Energia............................................................................. 18
3.4.1 Eficiência Energética.................................................................. 18
3.4.2 Energia Elétrica.......................................................................... 22
3.4.3 Resíduos sólidos urbanos........................................................... 25
4. Apresentação dos resultados..................................................................... 31
4.1 A Instituição........................................................................................... 31
4.2 Restaurante Universitário....................................................................... 32
4.2.1 Caracterização do RU................................................................. 33
4.2.2 Consumo de Energia.................................................................. 34
4.2.3 Resíduos sólidos......................................................................... 35
4.3 Escritório de Desenvolvimento Físico................................................... 36
4.3.1 Caracterização do EDF............................................................... 36
4.3.2 Consumo de Energia.................................................................. 37
4.4 Divisão de Engenharia Elétrica e Telecomunicações............................. 38
4.4.1 Caracterização da DiEET........................................................... 38
4.4.2 Consumo de Energia.................................................................. 40
4.5 Coordenadoria Especial para o Meio Ambiente..................................... 41
4.5.1 Caracterização do CEMA........................................................... 41
4.5.2 Consumo de Energia.................................................................. 43
4.5.3 Resíduos sólidos......................................................................... 44
5. Conclusões e considerações finais............................................................. 46
Referências Bibliográficas......................................................................... 48
Apêndice...................................................................................................... 52
1
1. Introdução
As empresas possuem responsabilidades em relação ao meio ambiente. As
questões ambientais deixaram de ser uma questão de opção, para ser de sobrevivência, e com
isso foi transformada em um instrumento de gestão, imprescindível para as novas exigências
de mercados consumidores que buscam por produtos ambientalmente mais adequados. Dessa
maneira, o grande desafio das empresas neste momento é identificar e desenvolver possíveis
políticas de gestão com muita estratégia, possibilitando obter um diferencial de mercado e
vantagem na competitividade (CHEHEBE, 1998).
Segundo Howard (1999), as empresas que já atuam ou que estão pensando em
competir com seus produtos, em um mundo globalizado, precisam se preocupar com o meio
ambiente, pois várias normas são criadas para atender a questão ambiental, em virtude de uma
cobrança muito forte da comunidade científica e da opinião pública.
Devido ao crescimento da consciência ambiental pelos governos, organizações
e consumidores, as questões ambientais tornaram-se essenciais nos negócios das empresas,
uma vez que muitas delas, para ganhar competitividade em relação aos seus produtos,
passaram a se preocupar com o meio ambiente (COSTA & GOUVINHAS, 2002).
Por esses motivos, a sustentabilidade ambiental tornou-se um requisito
obrigatório. De acordo com Sarney Filho, Martins, Goldenstein, Werthein (1999),
desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade é todo um conjunto de ações visando a
diminuição da poluição, que tem implicação direta na saúde das pessoas.
O ideal e necessário seria sensibilizar os cidadãos para atitudes responsáveis
em relação ao meio ambiente. É sem duvida uma grande mudança na sociedade, que
começaria por mudar comportamentos antigos, que dessem lugar a novas atitudes, as quais
trariam inúmeros benefícios para o desenvolvimento sustentável, sem prejuízo das
necessidades básicas de todos.
Para um empreendimento ser sustentável, é preciso observar se o mesmo é
ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.
Somente com ações práticas e estratégias eficientes, aliadas ao comprometimento da
comunidade é que a sustentabilidade poderá tornar-se uma realidade. O futuro das
organizações está na dependência de se tornarem sustentáveis.
2
Como sustentabilidade entende-se as preocupações com os três pilares:
econômico, ambiental e social. No entanto, observa-se que nas empresas, a preocupação com
as questões econômicas são muito mais significativas que as preocupações com implicações
ambientais.
Diante do contexto apresentado, fica evidente a necessidade das organizações
realizarem uma gestão dos recursos naturais, no sentido de preservá-los. Além da preservação
dos recursos ambientais, a gestão ambiental tem também o objetivo de reduzir custos. Nesse
sentido, dois itens se destacam como componentes importantes na composição dos custos
totais das empresas: o consumo de energia e a destinação dos resíduos sólidos.
Esse contexto também é observado nas Instituições públicas. Nessas
organizações, as questões envolvendo a preservação dos recursos ambientais deveriam ser
observadas de forma ainda mais rigorosa, pois as instituições públicas, sobretudo as de
ensino, deveriam dar exemplos à comunidade de respeito ao meio ambiente.
Por esse motivo, o presente trabalho pretende identificar como uma Instituição
Pública de ensino superior, a Universidade Federal de São Carlos, tem tratado a questão
ambiental, principalmente em relação ao uso da energia e destinação dos resíduos sólidos.
Pode-se afirmar que a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ainda encontra-se no
inicio desse processo, mas podem ser observadas ações por parte da direção da Universidade,
no sentido de preservar o meio ambiente do campus de São Carlos.
1.1 O Problema de Pesquisa
É fundamental a utilização racional da energia em uma organização. Isto se
deve ao fato da energia impactar as dimensões econômica, ambiental e social da
sustentabilidade. Os aspectos econômicos estão relacionados à redução de custos, que ocorre
à medida que a energia é poupada, a questão ambiental relaciona-se à redução dos recursos
utilizados para geração de energia, enquanto a questão social relaciona-se ao exemplo que
uma instituição de ensino deve dar à comunidade acadêmica e à sociedade em que está
inserida.
Uma instituição de ensino deve ser a primeira a dar bons exemplos desse
procedimento, promovendo campanhas de redução do consumo de energia envolvendo toda a
comunidade e favorecendo, nos novos projetos de construção de prédios e edifícios, o uso de
energia solar entre outros.
3
A gestão dos resíduos sólidos também é muito importante dentro do contexto
ambiental da Universidade. A quantidade de lixo gerado no campus é muito grande, afinal, a
população do campus de São Carlos atinge cerca de 9100 pessoas entre servidores, docentes,
alunos e funcionários terceirizados.
1.2 Objetivos
Diante do problema apresentado, foi elaborado o seguinte objetivo geral para a
monografia: verificar como UFSCar realiza a gestão ambiental no campus de São Carlos,
particularmente em relação ao consumo de energia e a destinação dos resíduos sólidos.
Os objetivos específicos são os seguintes:
(i) identificar as principais dificuldades encontradas pela UFSCar para
racionalizar o uso da energia e realizar a gestão dos resíduos sólidos.
(ii) verificar os avanços realizados pela UFSCar para melhorar o
aproveitamento da energia e a destinação dos resíduos sólidos.
1.3 Justificativas
O uso racional de energia e a gestão dos resíduos sólidos devem ser
considerados como itens fundamentais para qualquer tipo de organização. Isto ocorre em
razão da importância econômica desse procedimento, pois o custo da energia representa, em
muitas instituições, um componente muito significativo nos custos. Além da questão
econômica, deve-se ressaltar o aspecto ambiental da utilização racional de energia.
Contribuir para a redução da energia utilizada é tarefa de todos e uma
obrigação das organizações, sobretudo, as públicas. No caso de uma Instituição de Ensino
pública essa constatação é ainda mais importante, para servir de exemplo à comunidade na
qual a Universidade está inserida.
Outra justificativa para a realização desse trabalho reside no fato de que,
especificamente no caso da UFSCar, muitas pesquisas nesse sentido têm sido geradas ao
longo dos últimos anos. O contato da UFSCar com empresas privadas tem aumentado; o
número de consultorias nessa área, envolvendo diversos departamentos da UFSCar comprova
4
isso. Portanto, os conhecimentos gerados dentro da UFSCar precisam ser utilizados dentro do
campus, visando à redução do consumo de energia com aumento da utilização de fontes
alternativas. O mesmo se aplica aos resíduos sólidos gerados no campus.
Dessa forma, espera-se identificar como a UFSCar tem tratado a questão
ambiental no campus de São Carlos, especificamente em relação ao uso racional de energia e
destinação dos resíduos sólidos. A intenção é verificar quais foram as soluções encontradas e
quais os problemas que ainda persistem.
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2. Metodologia
Este trabalho será realizado de forma qualitativa, pois o objetivo é identificar
como a UFSCar tem realizado a gestão ambiental no campus de São Carlos, especificamente
com relação ao uso de energia e a gestão de resíduos sólidos. Portanto, não se pretende
mensurar os resultados. Entre os diversos tipos de pesquisa qualitativa, optou-se pelo estudo
de caso, pois este procedimento metodológico é o que mais se adapta aos propósitos do
trabalho.
As informações foram obtidas por meio da aplicação de um questionário, com
questões abertas e fechadas, aplicado aos responsáveis pelos seguintes setores da UFSCar:
Restaurante Universitário e Escritório de Desenvolvimento Físico (EDF). Além desses
setores, o responsável pela área energética do campus lotado na Divisão de Engenharia
Elétrica e Telecomunicações (DiEET) da Prefeitura Universitária também foi entrevistado.
O Restaurante Universitário foi escolhido em razão de apresentar um consumo
de energia considerado mais crítico, enquanto o EDF por ser um dos responsáveis pela gestão
ambiental no campus. Também foi entrevistada a responsável pela Coordenadoria Especial
para o Meio Ambiente (CEMA). Desde a sua criação esse órgão da UFSCar criou e
desenvolveu vários programas relacionados ao meio ambiente, em especial aos dois temas
tratados na monografia: uso racional da energia e gestão dos resíduos sólidos. O roteiro de
entrevistas encontra-se no Apêndice do trabalho.
Cabe destacar que a direção da UFSCar tem, nos últimos anos, dirigido
esforços para encontrar alternativas energéticas mais adequadas para o campus de São Carlos.
No entanto, observa-se que o conhecimento gerado na universidade acerca das questões
ambientais nem sempre é absorvido internamente.
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3. Gestão Ambiental
Nesse capítulo serão abordados três temas principais: a gestão ambiental, a
utilização de energia e a gestão dos resíduos sólidos. Os dois últimos temas têm o objetivo de
dar foco à monografia, cujo objetivo é identificar as formas de utilização da energia no
campus de São Carlos e verificar como é realizada a gestão dos resíduos sólidos.
Atualmente, a sustentabilidade do planeta e a gestão ambiental se tornaram
questões cada vez mais conhecidas pela população, mostrando uma preocupação relevante
com o meio-ambiente.
As decisões internas da organização hoje requerem considerações explícitas
das influências provindas do ambiente externo, e seu contexto inclui considerações de caráter
social e político, que se somam às tradicionais considerações econômicas. A sociedade atual
tem preocupações ecológicas, de segurança e de proteção que não existiam de forma tão
pronunciada nas últimas décadas (DONAIRE, 1999).
3.1 Conceitos e definições
O objetivo principal da gestão de um sistema é assegurar seu bom
funcionamento e melhor rendimento. O conceito de gestão surgiu no domínio privado e diz
respeito à administração dos bens possuídos por um proprietário. (CAMPANHOLA, 1995).
Segundo Meyer (2000), a gestão ou a administração tem como objetivo
primeiro obter benefícios por meio da aplicação de menores esforços. Diante disto, faz-se
necessária a busca de formas de melhorar o uso dos recursos que estejam à disposição, sejam
eles de ordem humana ou financeira. Considerando que os recursos ambientais são finitos,
eles passaram a ser objeto de gestão, por meio da qual os seres humanos poderão obter um
desenvolvimento sustentável.
Segundo Rebelo (1998), gerir significa uma ação humana de administrar,
controlar ou utilizar alguma coisa obtendo o máximo benefício social por um período sem
limites de tempo determinado. O objetivo final da gestão ambiental é a de contribuir para se
tornar o desenvolvimento sustentável de maneira a garantir o atendimento das necessidades
do homem do presente, sem comprometer as necessidades humanas das gerações futuras.
Entende-se por administrar o arranjo dos diversos fatores que compõem um
7
processo sob um conjunto de princípios, normas e funções, cuja finalidade é a de alcançar
determinados objetivos. O controle de um processo traduz-se na colocação de limites de
atuação e pode ser efetuado de diferentes maneiras, conforme os objetivos que se deseja
alcançar e, por fim, utilizar implica no uso de algo para determinado fim específico.
De acordo com o autor, podem ser propostas várias definições sobre gestão,
uma vez que os estudos científicos estão associados à lógica da empresa quando diz respeito
ao processo de gestão:
(i) é um conceito ligado aos tempos modernos, é uma prática estratégica
científico-tecnológica que conduz no tempo a decisões e ações comuns
para um mesmo objetivo;
(ii) é altamente estratégica, seguindo um princípio de finalidade econômica,
sendo conhecida em muitas finalidades específicas. Sendo necessário
para conseguir suas finalidades, um princípio de realidade das relações
de poder, envolvendo além do cálculo das forças presentes também a
concentração de esforços em pontos seletos, como dos instrumentos,
técnicas e táticas para sua execução;
(iii) é científico-tecnológica, que visa articular coerentemente em várias
ações e múltiplas decisões indispensáveis a fim de alcançar os fins
específicos e dispor as coisas de modo adequado;
(iv) é um conceito que reúne elementos da administração de empresas e
elementos que permitam seu gerenciamento como estratégia
tecnicamente confirmada e cientificamente determinada.
Todos estão envolvidos nos interesses e conflitos surgidos a partir do momento
em que se tenta estabelecer um acordo. Se existe uma ameaça à sobrevivência da economia,
deve-se fortalecer a implantação de sistemas de gestão que venha interceder e conciliar as
partes interessadas. Muitas empresas, pensando nas questões ambientais, usam estratégias
baseadas na proteção ambiental para aumentar sua competitividade, atingindo assim seus
objetivos.
Uma tarefa dupla é atribuída ao projeto de gestão de recursos naturais pelo fato
da natureza e a sociedade estarem unidas: garantir uma boa integração no processo de
desenvolvimento econômico e tomar para si toda a responsabilidade das interações entre
recursos e condições de reproduções ambientais, estabelecendo uma ligação aceitável com a
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gestão do espaço e aquela referente aos meios naturais (MEYER, 2000). O autor relata que a
partir do entendimento que os recursos naturais são esgotáveis, cresceu a necessidade de se
estudar mais profundamente a gestão ambiental.
Após a década de 70, o homem passou a tomar consciência do fato de que as
raízes dos problemas ambientais deveriam ser buscadas nas modalidades de desenvolvimento
econômico e tecnológico e de que não seria possível confrontá-los sem uma reflexão sobre o
padrão de desenvolvimento adotado. Isso levou a humanidade a repensar a sua forma de
desenvolvimento, essencialmente calcada na degradação ambiental, e fez surgir uma
abordagem de desenvolvimento sob uma nova ótica, conciliatória com a preservação
ambiental. Assim, surge o desenvolvimento sustentável (FIORILLO, 2006; SEIFFERT,
2006).
O desenvolvimento sustentável é uma tarefa de âmbito mundial. Trata-se de
uma questão de puro compromisso, porém a sua aplicação no dia-a-dia exige mudanças na
produção e no consumo e na forma de pensar e viver. O desenvolvimento sustentável foca
questões ambientais, sociais e econômicas. Seja numa realidade social desenvolvida quanto
subdesenvolvida, cabe a noção do desenvolvimento, a busca contínua no sentido de melhorar
as condições de vida. Desta forma, enquanto existir algo que poderá ser melhor caberá a
hipótese do desenvolvimento.
Comparando com a realidade praticada na maioria dos países ou regiões,
Maimon (1996), relata que na prática, os principais instrumentos de política ambiental são os
de comando e controle, que podem ser definidos como um conjunto de regulamentos e
normas impostos pelo governo, com o objetivo de influenciar diretamente as atitudes do
poluidor, limitando ou determinando seus efluentes, sua localização, hora de atuação, etc.
No passado, tinha-se a preocupação de que o crescimento econômico atingisse
o meio ambiente, enquanto a preocupação dos tempos modernos é com o que os impactos
ambientais podem causar às perspectivas econômicas. Dessa maneira o objetivo final da
gestão ambiental é cooperar para manter o equilíbrio, de forma que sejam atendidas as
necessidades humanas do presente sem comprometer as futuras gerações.
A gestão ambiental para o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), é um
processo de acordo de interesses e conflitos entre agentes sociais que agem sobre o meio
ambiente. Definem-se continuadamente como os diferentes elementos, por meio de suas
ações, modificam a qualidade do meio ambiente e também como ocorre a distribuição social
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dos custos e benefícios resultantes destas ações.
Meyer (2000) apresentou a gestão ambiental da seguinte forma:
Objetivo: manter o meio ambiente saudável para o atendimento das necessidades
humanas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações
futuras.
Meios: atuar sobre as modificações causadas no meio ambiente pelo uso e/ou descarte
dos bens e detritos gerados pelas atividades humanas, a partir de um plano de ação
viável técnica e economicamente, com prioridades definidas.
Instrumentos: monitoramentos, controles, taxações, imposições, subsídios, divulgação,
obras e ações, além de treinamentos e conscientização.
Base de atuação: diagnósticos e prognósticos (cenários) ambientais da área de atuação,
a partir de estudos e pesquisas dirigidos à busca de soluções para os problemas que
forem detectados.
Resumindo, o objetivo final da gestão ambiental é a contribuição para tornar o
desenvolvimento sustentável garantindo atender as necessidades da população atual, sem
comprometer as gerações futuras.
Por esse motivo, as questões relacionadas à gestão ambiental passaram a ser
estratégicas para a empresa, ou seja, tratar o ambiente de forma respeitável pode conferir às
empresas uma vantagem competitiva no mercado em que atuam.
A Legislação ambiental é um poderoso instrumento colocado à disposição da
sociedade, a fim de que se faça valer o direito constitucionalmente assegurado a todo cidadão
brasileiro de viver em condições dignas de sobrevivência, num ambiente saudável e
ecologicamente equilibrado (BARROS, 2002).
Essa preocupação clara da população em relação aos impactos causados pela
produção industrial ao meio ambiente torna o mercado ainda mais competitivo, induzindo as
empresas a demonstrarem responsabilidade ambiental as comunidades e órgãos de
fiscalização.
Muitas empresas passaram a divulgar sua responsabilidade ambiental através
da implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e selos de certificação chamados de rótulo
ecológico. Esse rótulo atesta que determinados produtos são adequados ao uso e apresentam
menor impacto ambiental em relação aos seus concorrentes (MACEDO, 2000).
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3.2 Princípios da gestão ambiental
DONARE (1999) mostrou que no relatório “Our Common Future”, da
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, vinculado à ONU, ficou
evidente que não há desenvolvimento sustentável sem preservação ambiental. A proteção
ambiental foi definida em 27 de novembro de 1990 pela Câmara de Comércio Internacional
(CCI), como entre muitas prioridades uma das mais importantes para a execução de negócios
de qualquer natureza. Existem 16 princípios referentes à gestão ambiental, que devem ser
observados pelas organizações sendo imprescindíveis para conseguir o desenvolvimento
sustentável:
1. Prioridade organizacional: reconhecer que a questão ambiental é de
vital importância para a empresa.
2. Gestão integrada: integrar em todos os negócios as práticas ambientais,
políticas e programas.
3. Processo de melhoria: estar sempre melhorando as políticas
corporativas, os programas e a performance ambiental em ambos os
mercados (externo e interno), sem deixar de lado o conhecimento
científico, o desenvolvimento tecnológico, as necessidades dos
consumidores e os anseios da comunidade.
4. Educação do pessoal: educar, motivar e treinar o pessoal.
5. Prioridade de enfoque: sempre que for iniciar uma atividade ou projeto,
considerar as repercussões ambientais.
6. Produtos e serviços: fabricar desenvolver produtos e serviços que não
agridam o ambiente, que não gastem muita energia, e que possam ser
usados, reciclados ou armazenados de forma segura.
7. Orientação ao consumidor: instruir corretamente consumidores e
distribuidores a cerca do uso correto e seguro, transporte,
armazenamento e descarte dos produtos.
8. Equipamentos e operacionalização: levando em conta o uso eficiente da
energia, das matérias primas e da água, desenvolver, desenhar e operar
os equipamentos e máquinas, de forma a minimizar os impactos
negativos ao ambiente.
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9. Pesquisa: conduzir ou apoiar projetos de pesquisas que estudem os
impactos ambientais das matérias-primas, produtos, processos, resíduos
e emissões associados ao processo de produção da empresa, a fim de
minimizar os seus efeitos.
10. Enfoque preventivo: em conformidade com os mais modernos
conhecimentos científicos e técnicos, modificar a manufatura e o uso de
produtos ou serviços, para prevenir que o meio ambiente sofra
degradações.
11. Fornecedores e subcontratados: estender aos subcontratados e
fornecedores a adoção dos princípios ambientais da empresa.
12. Planos de emergência: sabendo da repercussão que eventuais acidentes
podem causar, desenvolver planos de emergência em comunhão com
todos os setores da empresa envolvidos.
13. Transferência de tecnologia: as tecnologias e métodos de gestão que
são amigáveis ao meio ambientes devem ser disseminados e
transferidos entre os setores público e privado.
14. Contribuição ao esforço comum: contribuir para o desenvolvimento de
programas governamentais, iniciativas educacionais e políticas públicas
e privadas que tenham como meta a preservação do meio ambiente.
15. Transparência de atitude: estar sempre dialogando com as comunidades
interna e externa, com relação aos riscos potenciais e ao impacto das
operações, produtos e resíduos.
16. Atendimento e divulgação: permitir que sejam feitas auditorias
ambientais regularmente, a fim de verificar se os padrões da empresa
estão encaixados na legislação, e fazer com que todos os interessados
(administração, acionistas, empregados, autoridades e público em geral)
estejam bem informados a respeito da empresa.
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3.3 Importância da gestão ambiental para as empresas
Para Porter (1999), a visão que prevalece ainda é ecologia versus economia: de
um lado estão os benefícios sociais que se originam de rigorosos padrões ambientais; e de
outro, estão os custos da indústria com prevenção e limpeza - custos estes que, neste enfoque,
conduzem a altos preços e baixa competitividade.
Com o passar do tempo, o ser humano passou a sentir mais independente de
recursos naturais e explorou a terra passando a agredir o meio ambiente. A exploração da
natureza gerada com o crescimento da população passou a se tornar mais significativa, sempre
buscando suprir as necessidades do homem, acreditando que a própria natureza, aliada ao
desenvolvimento científico poderiam neutralizar as agressões cometidas pelo homem.
Já nos dias atuais as empresas, mostrando-se opostas a essas idéias, fazem um
compromisso com o meio ambiente, demonstram confiança e apostam no futuro. Em outras
palavras, elas buscam uma nova perspectiva em que os cuidados ambientais deixam de ser
obstáculos à atividade da empresa, se tornam a garantia de que ela se firmará no mercado com
maiores oportunidades de negócios (CASTRO, 1996).
As contribuições da gestão ambiental para as diferentes atividades da
organização (quer ela esteja subsumida ao respectivo cargo, quer esteja vinculada às
atribuições de um departamento específico ou, ainda, dispersa horizontalmente por suas
diversas áreas de competência) são agrupadas por Groenewegen & Vergragt (1991) em três
esferas: produtiva, da inovação e estratégica.
Na esfera produtiva, a gestão ambiental intervém, por um lado, no controle do respeito
às regulamentações públicas pelas diferentes divisões operacionais e, por outro, na
elaboração e na implementação de ações ambientais.
Na esfera da inovação, a gestão ambiental aporta um auxílio técnico duplo: de um
lado, acompanhando os dispositivos de regulamentação e das avaliações toxicológicas
de produtos e emissões a serem respeitados; de outro, auxiliando a definir projetos de
desenvolvimento.
Na esfera estratégica, a gestão ambiental fornece avaliações sobre os potenciais de
desenvolvimento e sobre as restrições ambientais emergentes (resultantes tanto da
regulamentação quanto da concorrência).
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North (1992) apresenta algumas variáveis para a correta avaliação de posição
da empresa, dentre elas o processo produtivo. Um processo para ser considerado
ambientalmente amigável deve estar próximo dos seguintes objetivos:
poluição zero;
nenhuma produção de resíduos;
nenhum risco para os trabalhadores;
baixo consumo de energia;
eficiente uso de recursos.
É necessário que a empresa faça uma estimativa de seu balanço ambiental,
considerando as entradas e saídas do processo produtivo, levando em conta também os
padrões ambientais estabelecidos na busca de obedecê-los e superá-los.
Com toda essa preocupação das empresas em adotarem um Sistema de Gestão
Ambiental surgiram vários conjuntos de normas não obrigatórias relacionadas à preservação
do meio ambiente, dentre elas a ISO 14000.
Segundo Kaminski (2000), a ISO série 14000 é constituída por uma série de
normas que fornecem ferramentas e estabelece um padrão de Sistema de Gestão Ambiental,
ou seja, fornece uma estrutura para gerenciar os impactos ambientais e sua implantação
atende diretamente as necessidades fundamentais das empresas em relação à pressão do
mercado consumidor e a cobrança de instituições. O autor ainda acrescenta que a norma
também é considerada um referencial padrão de procedimentos para qualquer implementação
de sistema ambiental.
De acordo com Meyer (2000), cada vez mais a questão ambiental está se
tornando uma preocupação para os executivos de vários setores empresariais. A globalização
dos negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade ambiental descritos na série ISO
14000, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação
ambiental nas escolas permitem antecipar que a exigência futura dos consumidores aumentará
de intensidade em relação à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida. Diante deste
fato, as organizações deverão, de maneira acentuada, incorporar a variável ambiental na
prospecção de seus cenários e nas tomada de decisões, além de manter uma postura
responsável de respeito à questão ambiental.
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De acordo com Donaire (1999), existem cinco razões principais pelas quais um
gerente responsável deveria aplicar o princípio da gestão ambiental em sua empresa:
1. Sobrevivência ecológica: se não houver empresas que se preocupem com o
ambiente não há como existir uma economia orientada para o ambiente, e o
resultado é que não se poderá esperar o mínimo de qualidade para a espécie
humana.
2. Oportunidade de mercado: a empresa verá as oportunidades de mercado
sendo reduzidas e o risco de sua responsabilização por danos ambientais
elevará, o que acarretará prejuízos econômicos.
3. Redução de riscos: com a diminuição dos riscos os conselhos de
administração, os diretores executivos, os chefes de departamentos e outros
membros do pessoal assegurarão seus empregos e carreiras profissionais.
4. Redução de custos: várias oportunidades deixarão de ser aproveitadas.
5. Integridade pessoal: o conflito entre os homens de negócios e suas próprias
consciências trará perda da auto-estima, sem a qual não há real
identificação com o emprego ou profissão.
O autor relata os seis princípios considerados essenciais para que a empresa
tenha sucesso ao incorporar a questão ambiental em todos os seus setores:
1) Qualidade: um produto que é fabricado de forma benigna e que pode ser
usado e descartado sem causar danos, é considerado de alta qualidade; na
maioria dos casos não é possível eliminar totalmente os danos causados por
produtos que não são de alta qualidade, e portanto o objetivo é apenas
minimizá-los.
2) Criatividade: ela aparece de forma intensificada quando as necessidades
biológicas humanas são respeitadas pelas condições de trabalho. Exemplos:
alimentação saudável, baixo nível de ruído, etc.
3) Humanidade: se nas estratégias e nos objetivos da empresa for incluído o
senso de responsabilidade para com todas as formas de vida, e não visar
somente o sucesso econômico, o clima no trabalho será mais humano.
4) Lucratividade: ela pode aumentar através da exploração de oportunidades
15
de mercado de produtos de apelo ecológico e também da adoção de
inovações ecológicas redutoras de custo.
5) Continuidade: o importante evitar riscos de responsabilização oriundos da
legislação ambiental e riscos de mercado causados pela demanda
decrescente de produtos danosos ao ambiente.
6) Lealdade: se o país não se descaracterizar em função da destruição do
ambiente, haverá uma ligação emocional entre as pessoas e o mesmo.
O uso estratégico de instrumentos tradicionais de administração para fins
ecológicos faz com que os administradores de orientação ecológica usem os canais de
comunicação especiais e muitas vezes internacionais de que dispõem, assim como sua
influência nas câmaras de comércio e organizações de classe conforme (Winter, citado por
Donaire, 1999). Estende-se, assim, ao contexto ambiental, a eficácia das equipes de
administração, treinadas e experientes em fixar objetivos e fazer com que eles sejam
atingidos.
Em síntese, Winter (1987) citado por Donaire (1999), cita as seis principais razões
para a aplicação do princípio da gestão ambiental em uma empresa:
sem empresas orientadas para o ambiente, não poderá existir uma economia orientada
para o ambiente – e sem esta última não se poderá esperar para a espécie humana uma
vida com o mínimo de qualidade;
sem empresas orientadas para o ambiente, não poderá existir consenso entre o público
e a comunidade empresarial – e sem consenso entre ambos não poderá existir livre
economia de mercado;
sem gestão ambiental da empresa, esta perderá oportunidade no mercado em rápido
crescimento e aumentará o risco de sua responsabilização por danos ambientais,
traduzida em enormes somas de dinheiro, pondo desta forma em perigo seu futuro e os
postos de trabalho dela dependentes;
sem gestão ambiental da empresa, os conselhos de administração, os diretores
executivos, os chefes de departamento e outros membros do pessoal verão aumentada
sua responsabilidade em face de danos ambientais, pondo assim em perigo seu
emprego e sua carreira profissional;
16
sem gestão ambiental da empresa, serão potencialmente desaproveitadas muitas
oportunidades de redução de custos;
sem gestão ambiental da empresa, os homens de negócios estarão em conflito com sua
própria consciência – e sem auto-estima não poderá existir verdadeira identificação
com o emprego ou a profissão.
Uma das ferramentas e métodos que visam a auxiliar na compreensão, controle
ou redução dos impactos ambientais é a Análise de Ciclo de Vida (ACV).
Chehebe (1998) define a análise de ciclo de vida como uma técnica para
avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto,
compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares
que entram no sistema produtivo à disposição do produto final.
Segundo Tibor (1996) um dos principais objetivos da ACV é encorajar os
determinadores de políticas públicas, organizações privadas e o público a abordarem questões
ambientais de uma maneira sistemática e que considerem o impacto ambiental de um maior
espectro de atividades.
Em relação à ACV, o autor destaca alguns elementos como:
O auxílio da ACV na avaliação do impacto ambiental de produtos,
processos ou atividades
A avaliação do impacto ambiental de produtos, processos e atividades
A construção básica tem quatro elementos: determinação do objetivo e
escopo do estudo, inventário das entradas e saídas do ciclo de vida,
avaliação do impacto ambiental do inventário e interpretação dos
resultados.
Quanto aos processos, Fiksel (1996) citado por Rohrich et al. (2004)
caracteriza os processos mais limpos como aqueles em que há inovações tecnológicas, a fim
de gerar menos poluição. Os produtos mais limpos seriam aqueles que geram menos poluição
e lixo durante o seu ciclo de vida. O autor afirma que as inovações para os produtos vão além
dos processos, porque, muitas vezes, exigem reconfiguração do processo produtivo, que está
acima da aplicação de melhorias contínuas.
17
A extração das matérias-primas e os processos e métodos da produção são
algumas das etapas do ciclo de vida do produto que causam impactos ambientais. A poluição
ambiental está relacionada à atividade industrial e ao padrão de especialização da indústria.
Seu nível de atividade e a localização também são determinantes da carga de poluição
industrial de um país.
De acordo com Callenbach et al. (1993), as estratégias da administração com
consciência ecológica são caracterizadas por três elementos-chave:
(i) Inovação: as estratégias necessitam de inovações “eco-favoráveis” e
conservadoras de recursos, trazendo uma diminuição no impacto
ambiental das operações de uma empresa e vantagens ao consumidor.
(ii) Cooperação: os efeitos econômicos e ecológicos obedecem a leis
diferentes (tanto é verdade que a competição norteia os efeitos
econômicos enquanto a cooperação norteia os outros), por isso, é
importante que haja cooperação entre os agentes do ciclo completo de
vida de um produto (matéria prima, produção, uso e descarte).
(iii) Comunicação: no que se refere à administração, a comunicação e as
relações públicas são componentes de marketing, e estão restritas à
publicidade de produto ou institucional. No entanto, nas estratégias da
administração, com consciência ecológica a comunicação possui uma
importância estratégica global, em razão da crise de confiança que afeta
as empresas individualmente e setores inteiros.
Com base nos princípios e nas estratégias apresentadas, foram formulados
pelos autores os seguintes argumentos para uma empresa considerar a questão ambiental:
(i) ser uma das primeiras empresas a aceitar o desafio ambiental (antes das
concorrentes);
(ii) “vestir a camisa” do meio ambiente e fazer com que todos saibam que a
empresa realmente preocupa-se com essa questão;
(iii) prevenir a poluição, e procurar fazer algo a mais em prol do meio
ambiente;
(iv) ganhar a confiança e o comprometimento dos funcionários nessa causa.
18
Cada vez mais as pessoas preocupadas com a questão ambiental optam por
trabalhar em empresas que dão importância à preservação do meio ambiente.
Destacam-se, além desses, os benefícios econômicos e os estratégicos. Os
primeiros referem-se principalmente às economias de custo devido à redução do consumo de
água e outro insumos, economias com a reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e
diminuição e efluentes, redução de multas e penalidades por poluição. Há ainda o incremento
de receitas, aumento da participação no mercado trazido pela inovação dos produtos e menor
concorrência, possibilidade de lançar novos produtos para novos mercados e aumentar a
demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. Os benefícios
estratégicos estão relacionados com a melhoria da imagem da instituição, renovação do
portfólio de produtos, alto comprometimento do pessoal, melhoria nas relações de trabalho,
melhoria e criatividade para novos desafios, aumento da produtividade, entre outros.
3.4 Utilização de Energia
De modo geral existem quatro principais tipos de energia: hídrica, elétrica,
nuclear e solar. Neste trabalho será considerada apenas a energia elétrica, a mais utilizada pela
universidade no campus de São Carlos.
3.4.1 Eficiência energética
De acordo com Jannuzzi (2000), eficiência energética é considerada como um
conjunto de tecnologias e métodos para que se reduza o consumo de energéticos na geração
de eletricidade (melhoria de eficiência do lado da oferta) e equipamentos de uso final (lado da
demanda, ou uso final). Nesse conjunto está também o desenvolvimento de tecnologias
avaliando a melhoria de eficiência das tecnologias de uso final.
O setor energético no Brasil experimenta grandes transformações em relação à
sua estrutura de gerenciamento e decisões de novos investimentos. Este fenômeno está
relacionado com novas condições tecnológicas e financeiras, e de custos para a geração de
eletricidade. Existe uma diversidade com relação aos objetivos das mudanças ocorrendo de tal
forma em cada país. Neste sentido pode-se afirmar que a grande preocupação é garantir que
estas mudanças sejam mais competitivas, com eficiência econômica e com grandes
19
investimentos da iniciativa privada no setor energético.
Para a indústria de eletricidade, além de atender objetivos sociais, de proteção
ambiental, assegurando investimentos que tornam o sistema energético sustentável, existe
também o grande desafio que é mantê-la competitiva.
No Brasil, iniciou-se um processo de reformas baseando-se na privatização das
companhias de distribuição. Seus reflexos foram enormes para o planejamento do setor
elétrico estabelecendo uma política de bens públicos. Ao mesmo tempo em que a tradição de
planejamento centralizado foi abandonada, introduziu-se a idéia de que o setor público deve
realizar apenas um planejamento indicativo deixando aos agentes privados a decisão de
determinar os investimentos em expansão dos serviços de energia. A Eletrobrás era
responsável por planejar, financiar, construir operar todo o sistema elétrico junto com as
demais empresas de eletricidade do país, até meados de 1990.
A Eletrobrás e demais companhias estaduais, promoveram diversos programas
de utilidade pública como eletrificação rural, de favelas, tarifas subsidiadas para
consumidores de baixa renda, entre outros. Com relação à eficiência energética, desde 1985 o
país mantinha um programa de âmbito nacional, o PROCEL, que acumulava experiência na
coordenação, implantação e avaliação de varias ações nessa área. A partir de 1998, os
trabalhos do PROCEL terminaram sem novas perspectivas. O mesmo acontece com as
atividades P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), tradicionalmente realizadas no CEPEL,
principal centro de pesquisas financiado e gerenciado pelo setor elétrico, exigindo novas
definições frente ao novo contexto de P&D no ambiente competitivo.
No processo de reformas não havia uma política para provisão de bens públicos
durante a transição para um ambiente de gerenciamento privado do setor e de maior
competição. Foram, então, introduzidas algumas medidas importantes para garantir
investimentos em eficiência energética e P&D. Desde 1998, as empresas privatizadas eram
obrigadas a investir 1% de sua receita anual em programas de pesquisa e desenvolvimento e
eficiência energética. Durante o ciclo 1998-99, um total de R$196 milhões foi investido em
programas de eficiência energética. Vale ressaltar que a definição de programas considerados
como de melhoria de eficiência energética do lado da oferta é bastante amplo e traz benefícios
como:
- melhorias no sistema de distribuição de energia (reforços e novas instalações)
visando redução de perdas técnicas.
- regularização de consumidores (instalação de medidores) reduzindo perdas
20
comerciais
- projetos de redução de perdas reativas no sistema de distribuição e melhoria
na operação de assuntos secundários.
Jannuzzi (2000) relata que os requisitos mínimos exigidos pela regulação do
lado da demanda pelas concessionárias foram cumpridos. Em alguns setores o investimento
foi além do exigido, dentre eles o programa de iluminação pública e programas para o setor
industrial e residencial. Mesmo assim houve distorções nos programas de uso final. Algumas
concessionárias investiram em iluminação pública, obtendo ganhos financeiros
compartilhando esses investimentos com as prefeituras locais. Outras investiram em suas
próprias instalações creditando essas iniciativas como projetos de melhoria em prédios do
setor comercial, quando esses projetos deveriam ser considerados como projetos de melhoria
de eficiência energética do lado da oferta, favorecendo a venda de energia para seus
consumidores. Os investimentos de algumas concessionárias em projetos de melhoria do
consumo de energia em seus prédios foram equivalentes ao total gasto em programas de
eficiência energética para o setor residencial.
Pode-se observar que as concessionárias priorizam seus investimentos com os
fundos regulados em projetos trazendo benefícios, o que é natural e esperado. Para o
consumidor, no entanto, esse mecanismo não garante que esses benefícios sejam repassados.
Através da introdução da competitividade e privatização dos serviços de eletricidade, espera-
se que recursos regulados por uma agência pública venham trazer benefícios aos
consumidores de baixa renda.
As concessionárias tendem a diminuir o número de consumidores que recebem
uma tarifa mais baixa e subsidiada. Os programas regulados de eficiência energética estão
relacionados a programas de instalação de medidores em consumidores de baixa renda, que
devido às condições desse consumidor torna-se viável uma política para financiamento do
acesso e manutenção à rede elétrica. Não há, por parte da concessionária, interesse em
promover um programa de eficiência de energia, que resultará em prejuízo para a mesma.
Cabe a ANEEL realizar uma avaliação dos programas de eficiência energética
implementados pelas concessionárias, baseando-se no mecanismo de controle de despesas das
mesmas. Não existe uma avaliação com relação ao desempenho dos projetos, metas de
energia conservada, custos por unidade de energia conservada e capacidade evitada. Para isso
seriam necessários dados referentes ao mercado das próprias concessionárias, estabelecimento
de referências para proceder a essa avaliação. É uma avaliação de caráter bastante técnico e
21
especializado, que torna necessária a confecção de protocolos de avaliação e monitoramento,
juntamente com as proposições dos programas de eficiência energética, aumentando a
confiabilidade do setor elétrico, auxiliando as concessionárias a procurar fontes menos
poluentes e a serem mais competitivas. Devem ser estabelecidos objetivos e prioridades para
programas de eficiência energética e P&D juntamente com procedimentos de avaliação e
monitoramento para melhor utilização dos recursos regulados.
Uma iniciativa progressista foi a criação da Resolução de 1%. Porém, as
concessionárias, através da formulação de seus programas de eficiência energética e P&D,
limitam os benefícios sociais. Devido à falta de aplicação por parte a ANEEL dos recursos
para eficiência energética e P&D é que hoje não são atingidos os objetivos. É necessário criar
políticas favoráveis de eficiência energética e fontes renováveis. No Brasil, a eficiência
energética e P&D não são suficientes para a satisfação de interesses públicos, na criação de
um mecanismo para financiamento de bens públicos que o regime de mercado pode não
prover.
De acordo com Queiroz (2008), as organizações preocupadas com o
aquecimento global e as mudanças climáticas que afetam nosso planeta vêem na eficiência
energética a solução mais econômica, eficaz e rápida para a redução de dióxido de carbono
(CO2). Para reduzir desperdícios e perdas no meio ambiente é necessário que se consuma
energia de forma eficiente. Dessa maneira, muitos benefícios são conquistados quando se usa
a energia de forma eficiente, como o uso controlado de recursos naturais (petróleo e o gás, por
exemplo).
Conforme Oliveira (2008), outra forma de usar a energia de forma eficiente é
quando em projetos arquitetônicos tem-se o cuidado de escolher como construir no terreno,
levando em conta a incidência dos ventos e a iluminação natural, a proteção das fachadas
através de painéis, contra a incidência direta da luz solar e pelo prolongamento de telhado. O
projeto cauteloso na estrutura levando em conta as aberturas e as janelas, minimizando o uso
de luz artificial e reduzindo a compra de condicionadores de ar.
Não basta implementar no Brasil políticas favoráveis à eficiência energética,
através dos órgãos competentes sem a conscientização da população. Para atingir aos
objetivos necessários, é preciso que todos mudem suas atitudes no dia-a-dia, através de ações
que realmente tragam benefícios para a sociedade em geral. Trata-se de sensibilizar o público
para a importância da eficiência energética, abordando temas relacionados com a energia e as
alterações climáticas, e que com pequenas atitudes pode-se ajudar e muito, como adquirir
22
produtos eletro-eletrônicos que tenham consumo reduzido de energia.
Sensibilizar os diversos setores da economia, entre eles empresas,
universidades e empresas da construçao civil responsaveis pela construçao dos edifícios (tanto
comerciais como residenciais), que tem um consumo mais elevado de energia, para que
desenvolvam programas de eficiência energética, como iluminação inteligente e aquecedores
solares entre outros.
3.4.2 Energia elétrica
De acordo com Enciclopédia Delta (2009), dentre os vários tipos de energia a
elétrica é a que mais se usa no mundo e tem maior utilidade para o homem, e é gerada nas
usinas hidrelétricas. É importante para o desenvolvimento da sociedade, muito usada nos
lares, sítios, indústrias, gerando luz, força que movimenta motores e é utilizada em vários
produtos elétricos e eletrônicos como computador, geladeira, microondas e chuveiro.
No Brasil, a eletricidade abastece as cidades proporcionando mais conforto à
população, diversão através do rádio, televisão, ajudando as donas de casa a cuidar melhor de
suas casas, quando esta usa uma máquina de jato de água para a limpeza pesada, que na
verdade, se torna leve. Antigamente, não se podiam conservar grandes quantidades de
alimentos, pois não havia como armazená-los. Hoje, porém, já não é necessário nos
preocupar, pois através dos refrigeradores e dos freezers podemos conservar muitos alimentos
como a carne, que antes só poderia ser conservada em banha animal (gordura de porco) e em
quantidade muito pequena.
Hoje na área rural as tarefas de uma fazenda são praticamente todas
mecanizadas como a ordenha das vacas, o trator que ara a terra, a água que se leva de uma
represa para irrigar uma plantação, e tantas outras mais. Com o crescente aumento da
construção civil podemos destacar os prédios e shoppings, onde as escadas rolantes e
elevadores dependem da energia elétrica.
De acordo com Pires, Gostkorzewick, Giambiagi (2001), a energia elétrica que
é produzida através das águas, sol e vento é chamada de energia limpa, pois apresenta baixos
índices de produção de poluentes, em todas as fases de produção, distribuição e consumo. É
fonte renovável, pois nunca irá se esgotar como acontecerá um dia com o petróleo, sendo a
mais utilizada no Brasil devido à quantidade enorme de rios existentes. Não podemos ter uma
atitude egoísta quanto ao consumo de energia elétrica, devemos usá-la racionalmente como
uma questão de cidadania.
23
Há um custo elevado com a geração de energia elétrica nas usinas
hidrelétricas, inclusive a sua distribuição até os consumidores finais. Apesar de o Brasil ser
privilegiado em fontes hídricas (não poluentes), o consumo exagerado, principalmente em
horário de pico, pode causar problemas sérios ao consumidor final e ao sistema, originando
quedas de energia em regiões inteiras (blecaute).
Dentre alguns fatores que limitam a retomada do crescimento econômico
destaca-se a dificuldade para a ampliação da oferta de energia. No setor elétrico brasileiro
houve, no passado, um desenvolvimento que trouxe um crescimento, aumentando a demanda
em patamares superiores à taxa de oferta de energia. Por essa razão, o mercado brasileiro de
energia elétrica apresentou taxas de expansão superiores às do PIB, aliado ao descompasso
entre o crescimento da oferta e o do consumo de energia elétrica. Isso pode representar um
entrave potencial para um crescimento econômico sustentável. O principal objetivo deste
trabalho é mostrar que poderá surgir um problema devido à restrição na oferta de energia
elétrica, para as perspectivas de crescimento econômico no Brasil nos próximos anos.
Nos anos 80, o consumo de energia elétrica cresceu significativamente
impulsionado pela maturação dos projetos industriais previstos no II PND e implantados no
final dos anos 70, pelos níveis baixos de tarifas. No período 1981-1990, o consumo total de
energia elétrica cresceu a uma taxa média anual de 5,9%, enquanto o PIB cresceu, em média,
1,6% a.a. Em 1991-2000, o consumo total de energia elétrica teve taxa média de 4,1%, o PIB
taxa de 2,6%. Em termos de segmentos do consumo, o aumento nas classes residencial e
comercial vem crescendo com taxas superiores à do consumo total de energia elétrica do país.
Entre 1980 e 1990 os consumos das classes residenciais e comerciais, em relação ao consumo
total de energia, evoluíram, respectivamente, de 20,4% e 11,6% para 23,4% e 12%.
Entre 1990 e 2000, essas participações aumentaram, respectivamente, para
27,6% e 15,4%, enquanto o consumo total de energia da classe industrial passou de 53,6% em
1980 para 50,9% em 1990 e 43,2% em 2000, havendo reestruturação da indústria nacional
para modernização e uso mais eficiente de energia elétrica, contribuindo para um aumento de
consumo na primeira fase do plano real. Nesse período o poder aquisitivo das classes de
menor renda aumentou.
No Brasil são das distribuidoras, e não das geradoras, as maiores margens de
lucro na cadeia produtiva, diminuindo os impactos na tarifa final, aumento dos preços dos
contratos bilaterais a partir de 2003. Entre 2002 e 2003, ocorreram diversos processos de
revisão tarifária das distribuidoras, os quais regularam as tarifas, evitando ganhos de
24
produtividade obtidos nos períodos anteriores.
É importante que se apliquem políticas de estímulo à oferta e à demanda de
energia. No Brasil, torna-se urgente o aumento da oferta, mas não devem ser descartadas
políticas de conservação e de gerenciamento de demanda, o que irá melhorar, inclusive, a
qualidade e a confiabilidade dos sistemas de distribuição no Brasil. O Brasil é um dos últimos
países a implantar um modelo competitivo no mercado de eletricidade, podendo aprender com
os erros e acertos observados nos demais modelos.
De acordo com Schaeffer (2008), apenas 30% do potencial hidrelétrico
brasileiro é atualmente utilizado devido à problemática na construção de novas usinas
hidrelétricas.
Devido ao aumento do consumo de energia elétrica, no Brasil nos últimos anos
houve um considerado aumento de hidrelétricas, mesmo com a grande queda de consumo
com o racionamento de 2001. Desde o começo de 1960 grandes empreendimentos
hidrelétricos foram construídos num período em que não se preocupava com os impactos
ambientais e sociais de grandes obras de engenharia. Nessa época não se pensava em discutir
sobre alternativas tecnológicas de geração de energia elétrica nem mesmo em relação ao
formato dos lagos criados por grandes barragens. As populações locais eram simplesmente
indenizadas por suas perdas inadequadamente, tendo que se mudar para outras áreas.
A falta de informação e diálogo com a sociedade dificulta um consenso para
que o país avance em relação a diminuir custos e sensibilizar o povo sobre o aumento no
consumo de energia elétrica que ocorrerá nas próximas décadas, evitando que ocorra o pior
que seria a falta de energia elétrica. A hidroeletricidade ainda se manterá por 20 anos como a
fonte de geração de energia elétrica.
De acordo com Leite (2009), devido o oferecimento de leilões de energia
elétrica o Brasil acabou optando por construir mais termelétricas a combustível fóssil.
Considerando o que poderá ocorrer no prazo de 20 anos, devido o progresso tecnológico e as
varias mudanças em relação ao desenvolvimento, torna-se difícil tomar decisões a respeito de
acelerar o crescimento econômico e conter ou reduzir danos ambientais de investimentos em
infraestrutura. Dentro desses 20 anos será de suma importância fazer a população tomar
consciência em relação à eficiência energética, reduzindo o consumo e desperdício de energia
elétrica.
De acordo com Hasse (2009), houve uma diminuição das emissões de
poluentes em 3%. A crise ambiental só será reduzida se buscarmos outras formas de geração
25
de energia. Não se deve pensar em crescimento econômico, sem considerar a sustentabilidade
de cada negócio ou atividade. Os investimentos em tecnologias limpas contribuem para
amenizar o problema em relação às mudanças climáticas (aquecimento global, degelo,
catástrofes meteorológicas).
Neste sentido, o Brasil tem contribuído e muito através da tecnologia do etanol
da cana, do biodiesel hidroeletricidade e até da energia eólica. Hoje o mundo todo é
praticamente obrigado a procurar por sistemas ambientalmente sustentáveis, do ponto de vista
ambiental, econômico e social.
3.4.3 Resíduos Sólidos Urbanos
De acordo com Ribeiro (2010), o que se vê no Brasil é um total descuido e
descaso em relação ao serviço de limpeza na totalidade dos municípios, aumentando assim a
degradação do meio ambiente. Através do gerenciamento correto pode-se dar aos resíduos
sólidos urbanos o destino adequado, e dessa forma, contribuir para a redução dos impactos
ambientais negativos.
É importante salientar que a educação tem significativa relevância no que diz
respeito aos 3 R’s – reduzir, reutilizar e reciclar. Essas três ações irão minimizar esses
impactos negativos, sem danos ao meio ambiente, à sociedade e à saúde, e que de fato
também haverá um ganho considerável na economia em decorrência do destino dos resíduos
sólidos.
Devido ao crescimento da população nas grandes cidades, a quantidade elevada
de indústrias e uma cultura que enfatiza o consumo de bens trazem como conseqüência um
aumento considerável dos resíduos sólidos urbanos, culminando com uma situação caótica.
A redução, reutilização e reciclagem são de suma importância para gerir
adequadamente os resíduos sólidos, exigindo a ativa participação e responsabilidade dos
atores envolvidos, sendo eles o cidadão, a sociedade em suas varias camadas, empresas,
indústrias e administração pública, para através de políticas públicas colaborar no controle
dos resíduos.
De acordo com a NBR 10004(2004, p.1), da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), são considerados resíduos sólidos os que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição,
26
bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Monteiro et al. (2001, p.25) definem resíduos sólidos ou lixo como “todo
material sólido ou indesejável e que necessita ser removido por ter sido considerado inútil por
quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a este ato”.
Desta maneira, merece destaque o reaproveitamento e a relatividade da
característica inservível do lixo, que foi considerado por Bidone (2001, p.4), sobre o
entendimento desta relatividade, levando em conta o tempo e o espaço: “um valor de uso ou
utilidade nulo para um detentor pode corresponder a um valor de uso positivo para outro”.
Observa-se a falta de uma política que reduziria os impactos negativos , o que
ajudaria a gerir com competência a limpeza urbana. Essa política poderia dar a destinação
final dos resíduos sólidos, diretrizes e ações para minimizar impactos negativos através de
instrumentos legais, tecnologias adequadas e mudanças de comportamento, visando a redução
na geração e na disposição final dos resíduos sólidos (ANGELIS NETO et al.,2006; BRASIL,
2006; MONTEIRO et al., 2001; MORAES, 2007; PARANÁ, 2003).
É importante frisar que o gerenciamento dos resíduos sólidos é uma ação
integrada e torna-se adequada em todas as suas fases, inclusive o modo de acondicionar e
coletar esse resíduo para contribuir positivamente para o seu descarte final.
É através de uma conscientização e buscando a interação sobre como se dá a
dinâmica dos resíduos sólidos, seus impactos e fatores intervenientes, que os gestores e a
sociedade como um todo entendem o seu papel, sendo responsáveis e desenvolvendo políticas
e ações que mudem hábitos, que estabeleçam de normas legais e especificas para a
administração de resíduos sólidos.
A classificação dos resíduos sólidos urbanos é estabelecida, segundo a
NBR10004/2004 da ABNT, quanto à natureza, origem e à periculosidade. Segundo a origem,
Monteiro et al. (2001), relatam que os resíduos sólidos são agrupados em cinco classes:
doméstico ou residencial; comercial; público; domiciliar especial (entulho de obras, pilhas e
baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus); e de fontes especiais (industrial, radioativo, de
portos, aeroportos e terminais rodo-ferroviários, agrícola, resíduo de serviços de saúde).
Bidone e Povinelli (1999) apresentam outra classificação quanto à origem dos
resíduos sólidos urbanos, industriais, de serviços de saúde, radioativo e agrícolas. Segundo os
autores, os resíduos sólidos urbanos são constituídos pelos residenciais, comerciais, de
27
varrição, de feiras livres, de capinação e de poda.
Os lixos residenciais, comerciais e públicos (resíduos presentes nos
logradouros públicos e aqueles descartados irregular e indevidamente pela população, como
entulhos e bens considerados inservíveis) correspondem à maior parcela dos resíduos sólidos
produzidos nas cidades (MONTEIRO et al., 2001).
Em relação às responsabilidades no gerenciamento destes resíduos, “somente
aqueles domiciliares, comerciais e públicos são de responsabilidade do poder público
municipal. Os demais são os geradores” (ANGELIS NETO et al., 2006, p.87).
Angelis Neto et al. (2006) e Garcia (2006) consideram três as etapas de gestão
dos resíduos: coleta, transporte e destino final. Gomes et al. (2001, p. 146) destacam que os
sistemas de coleta e transporte estão razoavelmente resolvidos nos grandes centros urbanos,
sendo que a etapa de disposição final é mais difícil devido à falta de critérios técnicos de
projeto, operação e monitoramento para a seleção de áreas e implantação desses sistemas.
Neste sentido, Brasil (2006) e Monteiro et al. (2001) destacam a falta de
eficiência e um conjunto de normas que regulamentam os serviços de coleta de resíduos
sólidos no país, sendo que grande parte dos resíduos gerados estão perto das habitações,
principalmente daquelas de baixa renda, ou colocadas em terrenos abandonados, logradouros
públicos, encostas de morros e cursos d’água.
Em relação aos resíduos públicos, tem-se observado na maioria das cidades
brasileiras uma deficiência quanto à limpeza nas ruas, avenidas, bem como a disposição sem
adequação dos resíduos vindos de podas de árvores sobre células de aterro para posterior
incineração. Qualquer que seja o método usado para gerir os resíduos sólidos de alguma
forma causará impacto ambiental (GARCIA, 2006).
Dessa maneira, com relação ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos não
se deve esquecer que as ações normativas, operacionais financeiras e de planejamento deverão
estar interligadas, de maneira que todos os órgãos públicos estejam envolvidos, para
juntamente com a sociedade considerar as questões econômicas e sociais relativas à limpeza
urbana.
Devido ao aparecimento de novas tecnologias por ocasião da Revolução
Industrial, houve gradativamente a substituição da mão-de-obra por serviços mecanizados,
favorecendo assim o êxodo rural (PALSULE, 2004). Dessa maneira, os trabalhadores tiveram
que se mudar para as cidades em busca de outro tipo de mão de obra.
28
Devido à mudança do ambiente rural para o ambiente urbano, o homem viu-se
obrigado a adaptar-se com a nova vida, acarretando muitos problemas, entre eles a geração de
resíduos, que teve um aumento considerável.
De acordo com Garcia (2006, p.125), “o problema com resíduos tornou-se
público à medida que sua produção passou a ser em massa”. Em decorrência do aumento da
produção de resíduos ocorreu um agravamento dos impactos ambientais com conseqüências
graves à população.
Segundo Monteiro et al. (2001), existe um aumento da geração de lixo devido
ao crescimento da população nas cidades, ao aumento de materiais recicláveis e à diminuição
da matéria orgânica, o que está diretamente relacionada ao alto poder aquisitivo e cultural.
Porém, “o acesso a um nível educacional não asseguram hábitos mais saudáveis para o meio
ambiente urbano”, e a falta de coleta seletiva desestimula a segregação na fonte (MUCELIN;
BELLINI, 2008, p. 123).
Conforme Bidone (2001), os fatores psicológicos e sociológicos têm papel
relevante quanto aos resíduos, no tempo e no espaço. Dessa maneira, as pessoas consideram o
lixo como algo negativo, e acredita-se que quanto mais distante ele esteja do ambiente urbano
mais perto estará a extinção dos problemas causados por ele.
De acordo com Brasil (2006), alguns componentes que estão presentes nos
resíduos sólidos urbanos são considerados pesados. Dentre eles estão lâmpadas fluorescentes,
pigmentos, remédios, papéis e outros (como os biológicos infectantes). Dessa maneira, as
lâmpadas fluorescentes, pilhas, equipamentos elétricos e outros vários tipos de resíduos não
podem ser levados para o lixo urbano.
O pneu é um dos causadores dos problemas ambientais, pois é descartado de
maneira incorreta favorecendo a proliferação de vetores, por sua baixa compressibilidade e
pelo seu lento processo de degradação de seus componentes (PARANÁ, 2003).
Do ponto de vista sanitário os efeitos contrários advindos dos resíduos sólidos
são mais indiretos do que diretos, e relacionam-se à transmissão de doenças através de vetores
como mosquitos, moscas, ratos, baratas e aves que se proliferam em acondicionamento, coleta
e disposição inadequados (MORAES, 2007).
Neste sentido, a universalidade da coleta periódica dos resíduos sólidos faz-se
necessária para que haja eficiência e para que se tenha um controle na transmissão de
doenças.
29
Dentre os fatores que contribuem para os efeitos negativos destacam-se a falta
de interesse de profissionais, pesquisadores e população, a falta de atenção do poder público e
de capacitação técnica aliada ao uso de tecnologias e equipamentos inadequados.
De acordo com Dagnino (2004), a geração de resíduos sólidos torna-se uma
preocupação para o ser humano, pois há muito tempo o homem vem usando os recursos
naturais de forma descontrolada e inadequada para satisfazer suas muitas necessidades de
sobrevivência de alimentação e de reafirmação na sociedade, alterando dessa maneira o meio
ambiente onde vive.
Pode se classificar a geração de resíduos em dois aspectos: como um
importante produto final do metabolismo humano devido a sua natureza biológica; o outro
aspecto é o fato de que este homem tem necessidade de se relacionar social e
economicamente, o que vem caracterizá-lo pelo seu metabolismo urbano e social.
O conceito de material reciclável que procuramos vem valorizar muito o
metabolismo social. Atualmente, o que é chamado de motor do metabolismo biológico como
sendo as necessidades primárias está muito mais ligado às necessidades secundárias como
parte inseparável do metabolismo social.
Devido à maneira das sociedades se organizarem em grandes aglomerações
surgem necessidades ligadas diretamente à vida da cidade, tornando impossível de se
realizarem. Um exemplo é o sistema de saneamento básico e o habitat adaptado à vida urbana.
Por não serem satisfeitas essas primeiras necessidades em conseqüência
também não serão alcançadas as necessidades secundárias das modernizações. No passado
havia grupos nômades, que para satisfazerem suas necessidades básicas recolhiam os
alimentos e fabricavam ferramentas, portanto gerando alguns tipos de resíduos.
No entanto, havia um equilíbrio entre o metabolismo e a capacidade da
natureza. O crescimento dos impactos ambientais negativos é devido à manipulação
tecnológica da natureza em conjunto com as relações desequilibradas dos homens organizados
em sociedade.
A população em geral, através da propaganda que visa o crescimento da
aquisição desenfreada de bens, é levada a crer que os produtos feitos pelas empresas são
indispensáveis para sua existência. Todos os dias as indústrias e o comércio alimentam falsas
necessidades para que as pessoas possam adquirir os seus produtos, crescendo assim a
produção de supérfluos.
Neste sentido, é necessário fazer com que a sociedade se sinta sensibilizada e
30
mais participativa, a fim de conseguir uma significativa redução da produção de lixo, o
máximo reaproveitamento e reciclagem de materiais a disposição dos resíduos, para que não
haja agressão ao meio ambiente e que os resíduos sejam dispostos de forma mais sanitária,
atingindo toda a população e a universalidade dos serviços.
31
4. Apresentação dos Resultados
Este capítulo apresenta os resultados obtidos em setores da UFSCar envolvidos
direta ou indiretamente com a gestão ambiental, em especial o consumo de energia e a gestão
dos resíduos sólidos no campus de São Carlos.
4.1 A Instituição
A Universidade Federal de São Carlos foi fundada em 1968, e é a única
localizada no interior do estado de São Paulo. A Universidade possui três campi: São Carlos,
Araras e Sorocaba. O mais antigo fica em São Carlos, localizado a 235 km de São Paulo, onde
são oferecidos inúmeros cursos de graduação. Em Araras são oferecidos os cursos de
graduação em Engenharia Agronômica e Biotecnologia e mestrado em Agroecologia e
Desenvolvimento Rural.
Os campi de São Carlos e Araras possuem toda a infra-estrutura necessária
para o funcionamento adequado das atividades da Universidade. Contando com mais de 250
laboratórios, Biblioteca Comunitária e Biblioteca setorial, 4 ambulatórios, 2 teatros, 3
anfiteatros, 3 auditórios, ginásio de esportes, um parque esportivo com 8 quadras e 2 piscinas,
2 restaurantes universitários, 5 lanchonetes, 85 salas de aula e 376 vagas em moradia
estudantil.
O novo campus de Sorocaba, localizado próxima ao km 100 da rodovia João
Leme dos Santos (SP-264), tem cerca de 700 mil metros quadrados, com edifícios de Gestão
Acadêmica, Administrativa, 11 salas de aula e 8 laboratórios didáticos e de informática, além
de Restaurante Universitário e Biblioteca. As construções, assim como todas as atividades
acadêmicas da unidade, são regidas pelo princípio do desenvolvimento sustentável.
A UFSCar vem se consolidando como instituição capaz de implementar
processos democráticos de decisão e de buscar instrumentos sistemáticos para lidar, de forma
qualificada, com suas decisões diárias e com a análise, proposição, acompanhamento e
avaliação de suas ações.
Para a atual administração, a gestão da Universidade de forma planejada,
participativa e sustentável é um dos principais eixos de atuação. O crescimento e
amadurecimento da UFSCar, somados à complexidade da situação em que as universidades
públicas vivem, indicam um momento adequado para uma reflexão sobre entraves,
32
perspectivas e diretrizes para o desenvolvimento da instituição. Entre essas diretrizes destaca-
se a questão ambiental.
Para que a universidade pública cumpra satisfatoriamente sua missão na
formação de profissionais qualificados e na produção de conhecimento, visando o
desenvolvimento pleno e sustentável do país, é necessário que suas atividades sejam
compatíveis com a manutenção da qualidade ambiental, dentro de seus limites ou no espaço
geográfico em que esteja inserida.
Neste sentido, a Universidade deve ter uma política ambiental clara e adequada
à sua realidade, que direcione suas atividades administrativas, de ensino, pesquisa e extensão,
visando a sua sustentabilidade. A Universidade Federal de São Carlos vem desenvolvendo
oficialmente uma política ambiental desde 1993, quando foi criada a Coordenadoria Especial
para o Meio Ambiente (CEMA), pela Resolução nº. 201/93 do Conselho Universitário, tendo
como função planejar e coordenar as atividades relacionadas a:
- desenvolvimento de uma política ambiental para a UFSCar;
- explorações agroflorestais;
- ocupação racional dos campi;
- apoio e/ou desenvolvimento de assuntos ambientais;
- programas de educação ambiental;
- programas de conservação de energia;
- programas de controle de resíduos;
- controle da utilização de produtos considerados tóxicos nos campi da UFSCar;
- outras atividades necessárias para o alcance dos seus objetivos.
4.2 Restaurante Universitário
O Restaurante Universitário da UFSCar (RU) apresenta um consumo de
energia bastante significativo e, por essa razão, foi escolhido para fazer parte do estudo de
casos dessa monografia.
33
4.2.1 Caracterização do RU
O Restaurante Universitário da UFSCar tem o objetivo de fornecer refeições à
comunidade universitária, com qualidade nutricional e a um preço acessível. O RU elabora e
distribui uma media de 4.000 refeições por dia, entre o almoço e o jantar. Essa quantidade de
refeições ocorre nos períodos letivos, pois na época das férias o numero de refeições servidas
diminui significativamente.
- Infra-estrutura
O Restaurante Universitário possui dois refeitórios, contendo 987 lugares,
possui também um local para higienização de bandejas e talheres, a cozinha, um almoxarifado
para armazenar alimentos não perecíveis, câmara de congelamento e resfriamento, uma
caldeira a lenha, uma câmara de lixo, escritórios administrativos, um guichê para venda de
tickets, vestiários e lavatórios destinados aos funcionários e aos usuários.
- Funcionários e cargos
Atualmente, o Restaurante Universitário conta com 18 servidores trabalhando
diretamente no setor administrativo e no operacional. No RU também trabalham 28
funcionários de uma empresa terceirizada, responsável pela elaboração e distribuição das
refeições. Outra empresa terceirizada destina 13 funcionários para higienização e limpeza do
RU. Portanto, neste local trabalham 59 pessoas. A distribuição de cargos entre esses
funcionários encontra-se na Tabela 1.
Tabela 1 - Cargos e respectivos funcionários do RU
Cargo Quantidade
Nutricionista 2
Açougueiro 1
Cozinheiro 3
Operadores de caldeira 2
Administrativos 10
Empresa Terceirizada A 28
Empresa Terceirizada B 13
TOTAL 59
34
4.2.2 Consumo de Energia
As atividades de trabalho do Restaurante Universitário consomem uma
quantidade significativa de energia. A maior parte do consumo refere-se à energia elétrica. A
segunda fonte energética é proveniente de uma caldeira, que utiliza a queima da madeira para
o seu funcionamento.
As principais atividades realizadas no Restaurante Universitário que consomem
energia elétrica são: fornos, fritadeiras, fatiadoras e descascadores de legumes. Para as
operações de limpeza são utilizadas dois principais equipamentos: maquina de lavar bandejas
e enceradeira. Estes dois equipamentos consomem uma quantidade significativa de energia.
A administração do Restaurante Universitário tem consciência do alto consumo
energético, e se propõe a realizar ações para reduzir esse consumo. No entanto, a única
medida concreta até o momento foi a de apagar as luzes dos ambientes, quando os mesmos
não estão sendo utilizados e desligar os que não estão em uso. O consumo é alto em razão do
refeitório e de outras salas não receberem luz natural em quantidade suficiente, necessitando
realmente de luz artificial durante o dia.
A administração entende que essa ação representa muito pouco, diante do alto
consumo energetico mas alega que já é um começo. Foi ressaltado que é feita a orientação aos
funcionários em relação às luzes acesas sem necessidade e os funcionários têm colaborado. A
administração do Restaurante Universitário acredita que isso representa o melhor caminho
para a redução do consumo de energia.
A conscientização dos funcionários pode ser feita através de palestras,
indicando a importância de mudanças de postura dos funcionários e pelo fornecimento de
cartilhas ilustrativas. Cabe ressaltar que essa mudança de atitude dos funcionários deveria ser
mais ampla e não ficar restrita ao Restaurante Universitário. A iniciativa deveria partir da
direção da UFSCar, que assumiria a função de conscientizar a comunidade acadêmica para a
importância de reduzir o consumo de energia.
35
4.2.3 Resíduos Sólidos
A UFSCar, através da reitoria, desenvolveu um programa de reciclagem do
lixo em parceria com a Prefeitura Municipal de São Carlos, que tem como público-alvo a
comunidade universitária, composta aproximadamente por 9.100 pessoas: 7.500 alunos, 900
docentes e 700 funcionários. Também disponibiliza a entrega de materiais recicláveis no
campus à comunidade externa.
Existe uma parceria com a Prefeitura Municipal em relação ao programa de
coleta seletiva de resíduos comuns, supervisionado por um funcionário, e conta com o apoio
indireto de outros, como o pessoal da equipe terceirizada de limpeza do campus e o pessoal
das cooperativas de catadores da cidade.
O material gerado é doado às cooperativas como forma de incentivo ao seu
funcionamento. O RU tem participação ativa nesse programa, colaborando no sentido de
minimizar os impactos ambientais, pois inclui a prática ambientalmente segura de redução da
quantidade de resíduos.
A administração do Restaurante Universitário informou que existem vários
tipos de lixo, dentre eles o proveniente de material de escritório (como papéis e copos
descartáveis), os quais são destinados a uma empresa para serem reciclados. Há alguns tipos
de resíduos que são as sobras de preparo dos alimentos processados pela cozinha do RU,
sendo composto de folhas de verduras, cascas de legumes e frutas. O uso de canecas no RU
foi implantando através de um programa educativo para minimização de resíduos sólidos dos
RUs de São Carlos, Araras e Sorocaba. O objetivo é a reutilização da caneca, evitando assim a
necessidade da reciclagem.
A caneca é pessoal, sendo que cada usuário é responsável por sua higienização.
Ela é distribuída gratuitamente aos calouros quando ingressam na Universidade. A EdUFSCar
também possui vários modelos de canecas à venda.
36
4.3 Escritório de Desenvolvimento Físico
O Escritório de Desenvolvimento Físico da UFSCar (EDF), de Projetos de
Arquitetura e Ornamentação de Obras, que é vinculado à Reitoria, foi criado em 1993 para
assessorar e elaborar projetos e planos para o desenvolvimento físico dos campi da UFSCar.
Dessa forma, o EDF trabalha diretamente na execução de projetos de arquitetura, engenharia e
elementos técnicos para encaminhamento de licitações de novos edifícios, reformas e
adequações.
4.3.1 Caracterização do EDF
O EDF tem o objetivo de coordenar as atividades que visam à elaboração de
estudos, planos e projetos para o desenvolvimento físico e sustentável, bem como identificar e
encaminhar providências no sentido de adequação do espaço físico, além de manter cadastro
atualizado dos bens e imóveis dos campi, contribuindo significativamente para o
desenvolvimento da UFSCar. Ainda busca aprimorar o sistema de gestão de projetos e obras,
conduzir os processos de projetos e obras ligados ao REUNI1.
- Infra-estrutura
O EDF conta com um arquivo de plantas antigas da UFSCar, que auxilia na
busca de soluções atuais. Além disso, conta uma máquina de cópia heliográfica, capaz de
reproduzir cópias fiéis de plantas antigas referente aos primeiros prédios construídos pela
UFSCar.
Desde a sua criação o EDF, dada a sua atribuição de desenvolver trabalhos de
arquitetura e engenharia, está localizado no prédio da Prefeitura Universitária, facilitando a
identificação dos problemas e soluções em relação aos projetos e obras.
- Funcionários e cargos
Atualmente, o EDF conta no seu quadro de trabalho com 18 pessoas
trabalhando diretamente na elaboração dos projetos e obras. Destes, 12 são servidores
efetivos, 4 prestadores de serviços e 2 estagiários. A distribuição de cargos entre esses
funcionários encontra-se na Tabela 2.
1 REUNI: É um programa com medidas que visam ampliar o acesso e a permanência no ensino superior.
37
Tabela 2 - Cargos e respectivos funcionários do EDF
Cargo Quantidade
Diretor 1
Administrador 1
Diretor da DiENG 1
Assessor de Engenharia 1
Chefe da Divisão de Orçamentação 1
Engenheiro Civil 2
Diretor da DiARQ 1
Chefe do Departamento de Projetos 1
Arquiteto e Urbanista 3
Prestador de Serviços de Engenharia 1
Prestador de Serviços de Arquitetura 3
Estagiário de Arquitetura 1
Estagiário de Engenharia 1
TOTAL 18
4.3.2 Consumo de Energia
O EDF tem procurado contribuir para a redução do consumo de energia
atuando em três frentes. A primeira refere-se à aquisição de equipamentos para uso nas
atividades desenvolvidas pelo departamento, priorizando aqueles que possuem o selo
PROCEL de economia de energia. A segunda diz respeito à conscientização dos usuários no
sentido de adotar medidas cotidianas que reduzam o consumo de energia elétrica, como por
exemplo, evitar o acendimento desnecessário de luzes. A terceira e mais abrangente medida,
priorizar os projetos que apresentem características sustentáveis, principalmente em relação
ao consumo de energia.
Dentre as atividades realizadas no EDF e que consomem bastante energia
elétrica estão: impressões de documentos utilizando impressoras de grande porte e a
iluminação dos vários ambientes de trabalho.
O administrador do EDF entende que uma das formas mais acertadas na
redução do consumo de energia elétrica, seria customizar os trabalhos, evitando-se, por
38
exemplo, impressões que são utilizadas apenas para conferência ou testes. Outra medida
consiste em elaborar projetos que priorizem a utilização de iluminação natural.
Foi relatado que a administração do EDF orienta os funcionários
constantemente em relação ao consumo desnecessário de energia, e que devido ao alto
comprometimento dos funcionários com as atividades do departamento e ao natural interesse
dos mesmos pela sustentabilidade da Instituição, a receptividade do processo de
conscientização é plenamente aceitável e compreendido pelos mesmos.
A administração do departamento tem consciência que em suas atividades de
trabalho, o consumo de energia poderia ser reduzido, levando em conta algumas adequações
do espaço físico, propiciando melhor aproveitamento de iluminação natural, reduzindo-se
assim a utilização de energia elétrica.
O administrador tem consciência do alto consumo energético e se propõe a
reduzi-lo. Propõe que se façam campanhas no sentido de conscientizar as pessoas que devam
economizar recursos naturais de qualquer natureza, sendo um deles a energia elétrica. A
conscientização poderia ser feita através de processo de orientação, despertando o interesse
nas pessoas pela sustentabilidade e o uso racional de energia. Outra medida é a elaboração de
projetos arquitetônicos que priorizem a iluminação natural.
4.4 Divisão de Engenharia Elétrica e Telecomunicações
A Divisão de Engenharia Elétrica e Telecomunicações (DiEET) é um setor da
Prefeitura Universitária da UFSCar que tem por finalidade coordenar e fiscalizar projetos de
eletricidade nos campi da universidade.
4.4.1 Caracterização da DiEET
A Divisão de Engenharia Elétrica e Telecomunicações é responsável pelo
gerenciamento e manutenção dos sistemas infra-estruturais de energia elétrica de alta tensão,
transformadores, quadros de força, iluminação pública, racionalização do consumo de energia
elétrica, sistema de telefonia, plataforma de comunicação de grande porte, contando com 1600
ramais, sistema de tarifação e gerenciamento remoto do PABX do campus de Araras,
permitindo ligações ramal-ramal entre os campi.
39
- Infra-estrutura
A DiEET está instalada no prédio da Prefeitura Universitária, área norte do
campus de São Carlos, e possui duas seções: Seção Elétrica e Seção de Telefonia.
Foi relatado pelo diretor da DiEET a existência de duas estações de rede
elétrica, sendo a primeira localizada na área sul, próximo ao Núcleo UFSCar Escola, e a
segunda na área norte, dentro do pátio da Prefeitura Universitária, próxima a seção de
Urbanização. A localização estratégica contribui para um maior controle sobre o sistema
elétrico de potência, evitando assim a interrupção total de energia na UFSCar.
Os custos com a implantação da segunda estação de energia foram menores,
havendo uma maior seletividade dos circuitos elétricos. Do ponto de vista ambiental, antes a
rede aérea secundária de energia possuía cabos “nus” de alumínio e os galhos de árvores em
contato com estes cabos provocava o desligamento do circuito elétrico, ocasionando o seu
desligamento.
Com a substituição desta rede por cabos multiplexados, a isolação diminuiu
significativamente a necessidade de poda de galhos de árvores, preservando desta maneira a
copa das árvores.
- Funcionários e cargos
Atualmente a DiEET conta no seu quadro de trabalho com 11 funcionários,
ocupando os cargos de apontador, eletricista e telefonista. A distribuição de cargos entre esses
funcionários encontra-se na Tabela 3.
Tabela 3 - Cargos e respectivos funcionários da DiEET
Cargo Quantidade
Diretor da DiEET 1
Engenheira Eletricista 1
Eletricista 3
Apontador 1
Técnico de Laboratótrio/Eletricidade 1
Telefonista 4
TOTAL 11
40
4.4.2 Consumo de Energia
Uma das maiores despesas da UFSCar é o consumo de energia elétrica, e por
isso a DiEET considera uma área importante de sua atuação na busca de bons resultados, quer
seja por ações de manutenção ou através de ações financiadas pela FINEP.
Com o agravamento da crise no setor energético nacional, foi necessário criar
medidas de racionalização e conservação de energia, impulsionando uma campanha mais
agressiva e informativa das técnicas de racionalização e forma de tarifação de energia junto à
comunidade universitária. Tal campanha obteve ótima repercussão.
O diretor da divisão relatou que o desenvolvimento de projetos elétricos das
novas edificações de UFSCar priorizou materiais mais eficientes do ponto de vista energético,
como as substituições de lâmpadas fluorescentes de 40 w por 32 w; reatores com fator de
potência; interruptores para duas lâmpadas luminárias em todo o campus, em torno de
aproximadamente 28 mil lâmpadas. Dessa maneira, não houve necessidade de aumento da
demanda contratada junto à CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), proporcionando uma
significativa redução de energia elétrica.
A utilização de aparelhos de ar condicionados no campus em dias com
temperaturas elevadas é o grande responsável pelo aumento do consumo de energia. O valor
contratado de demanda chega a ser ultrapassado, apresentando nessas condições um aumento
significativo da ordem de 10% ou mais. Por este motivo, ocorre a cobrança de tarifa adicional
na conta de energia do campus.
O uso racional da energia elétrica é obtido desligando-se luminárias em salas
bem iluminadas e desligando os aparelhos de ar condicionados uma hora antes do
encerramento do expediente de trabalho. Deve-se evitar, sempre que possível, ligar
equipamentos com potência acima de 1000 W no horário de pico, compreendido entre 18 e 21
horas.
Foi manifestada pela diretoria a preocupação em orientar e esclarecer a todos
consumidores do campus de São Carlos sobre a importância da redução do consumo de
energia elétrica, pois o valor mensal da conta de energia elétrica é da ordem de R$
280.000,00.
A diretoria da DiEET acredita que por existir uma cultura já instalada na
população em geral com relação às Instituições Públicas no Brasil, tem-se a falsa idéia de que
não é necessário economizar energia. Deveria ocorrer justamente o contrário, os usuários do
patrimônio público, servidores e alunos, enfim, toda a comunidade acadêmica, deveria dar o
41
exemplo, pois os recursos da universidade são públicos.
Neste sentido, o diretor da divisão relatou que a solução encontrada foi a de
não instalar um aparelho de ar condicionado em sua sala, contribuindo assim para a redução
do consumo de energia.
O departamento tem procurado conscientizar seus funcionários da importância
da redução do consumo de energia, que essa atitude traria benefícios financeiros que
poderiam ser aplicados em outras áreas de ensino, pesquisa, extensão. Essa conscientização
poderia ser reforçada através de campanha motivacional dos consumidores por meio de
folders e panfletos contendo orientações sobre a utilização racional da energia elétrica.
4.5 Coordenadoria Especial para o Meio Ambiente
A Coordenadoria Especial para o Meio Ambiente (CEMA) foi criada em 1993
de acordo com a resolução nº 201/93 do Conselho Universitário, para tratar especialmente das
questões ambientais da UFSCar. A CEMA atua diretamente em programas específicos de
manejo de resíduos, educação ambiental, preservação de áreas verdes e conservação de
energia elétrica.
4.5.1 Caracterização da Cema
Desde a sua criação, a CEMA incorporou alguns programas como o PAE
(Programa Agro–Ecológico), que tem como objetivo principal a otimização no uso da terra. O
PAE deu origem a dois outros programas: o PCE (Programa de Conservação de energia e
Controle de resíduos), envolvendo principalmente a conservação de água, energia elétrica e
coleta seletiva e o PEAm (Programa de Educação Ambiental), voltado para projetos de
educação ambiental.
Várias atividades foram desenvolvidas por estes programas, destacando-se a
ocupação das áreas rurais do campus de São Carlos, através de reflorestamento e criação de
reservas legais, a elaboração de um projeto de coleta seletiva de materiais recicláveis, medidas
de conservação de energia elétrica, campanhas educativas, e atividades de educação ambiental
através da trilha da natureza.
42
A CEMA busca, além disso, incorporar temas fundamentais para a definição de
uma política ambiental na Universidade, tendo como diretrizes básicas uma gestão interna
ambientalmente correta e a possibilidade de repassar à sociedade conhecimentos e
experiências positivas sobre a relação com o meio ambiente.
Neste sentido, a Coordenadoria Especial para o Meio Ambiente, através da
UGR (Unidade de Gestão de Resíduos), é responsável pela destinação dos resíduos
potencialmente perigosos gerados na UFSCar de São Carlos. A metodologia adotada permite
realizar o tratamento da disposição final de resíduos químicos, a partir de mecanismos seguros
visando à redução, recuperação, reutilização, reciclagem e/ou inertização dos resíduos
evitando que estes possam impactar negativamente a qualidade e a disponibilidade dos
recursos naturais.
- Infra-estrutura
Está localizada na UFSCar, no horto florestal da área norte do campus de São
Carlos. Possui duas edificações, sendo uma a própria secretaria da CEMA e o Programa Agro-
ecológico e a outra que corresponde à UGR (Unidade de Gestão de Resíduos). Na UGR
existem dois laboratórios de análises químicas, uma sala de equipamentos, um galpão para
armazenamento provisório de resíduos químicos, um depósito para reagentes, uma edificação
para depósito de material radioativo e uma coluna de destilação para recuperação de solventes
orgânicos.
Possui um pequeno trator, equipamentos para análises químicas e físicas de
resíduos gerados nos laboratórios da UFSCar. As análises utilizam o sistema de osmose
reversa para destilação de água, espectrofotômetro, espectro de absorção atômica,
rotaevaporadores e phmetro.
- Funcionários e cargos
Atualmente, a CEMA conta com 9 funcionários trabalhando diretamente, para
realização de seus objetivos. A distribuição de cargos encontra-se na Tabela 4.
43
Tabela 4 - Cargos e respectivos funcionários da CEMA
Cargo Quantidade
Coordenadora do CEMA 1
Auxiliares administrativos 2
Engenheira Química 1
Bióloga 1
Técnico de Laboratório 1
Técnico de Nível Médio 2
Jardineiro 1
TOTAL 09
4.5.2 Consumo de Energia
A coordenação do CEMA relatou que orienta os funcionários com relação a
determinadas atitudes tomadas pelo departamento para a redução no consumo de energia.
Dentre elas, destacam-se a de manter as luzes acesas apenas quando necessário, devendo ser
apagadas ao sair, a instalação de reatores para pré-tratamento de resíduos com uso de energia
solar e a substituição de destiladores de água comuns por sistemas de purificação mais
modernos e eficientes.
Foi ressaltado que no setor não há atividades que consumam muita energia. O
maior gasto de energia deve-se a alguns equipamentos de laboratório usados para a
recuperação de resíduos químicos provenientes dos laboratórios da UFSCar. O consumo de
energia já está otimizado, e portanto não há motivos para se preocupar em reduzir os gastos
com energia.
Embora não havendo consumo significativo de energia no departamento, existe
por parte da chefia e também dos funcionários a preocupação constante de evitar o
desperdício de energia.
Existe um programa em andamento para economia de energia, o qual é
coordenado pela Prefeitura Universitária. Foi sugerido que sejam incluídos no programa
campanhas para conscientização da comunidade acadêmica por meio de cartazes, faixas,
adesivos próximos aos interruptores, conversas nos departamentos, e inserções na rádio
UFSCar.
44
4.5.3 Resíduos Sólidos
A destinação dos resíduos sólidos gerados na UFSCar é feita através da
Unidade de Gestão de Resíduos (UGR). A metodologia adotada permite realizar o tratamento
da disposição final de resíduos químicos, a partir de mecanismos seguros visando à redução,
recuperação, reutilização, reciclagem dos resíduos.
A UGR colocou em funcionamento um programa de gerenciamento dos
resíduos gerados na Universidade. Suas atividades foram estabelecidas a partir de uma
estimativa da quantidade mensal de resíduos gerados. Em decorrência do projeto de expansão
da Universidade, a UGR está gradualmente se adequando ao aumento destes resíduos, tendo
como principais objetivos:
Quantificar e qualificar os diversos resíduos gerados na UFSCar e
desenvolver tecnologia para passivação, reaproveitamento e descarte final dos mesmos;
Desenvolver, nortear e determinar as ações necessárias para o
cumprimento da legislação do meio ambiente;
Orientar, fiscalizar e propor medidas tecnicamente corretas e seguras
para o descarte, recuperação ou tratamento de resíduos em geral;
Realizar o armazenamento, o tratamento e a passivação dos resíduos
potencialmente perigosos e encaminhar para aterro industrial ou incineração os não
recuperáveis;
Incentivar, articular e sistematizar as atividades relacionadas ao
gerenciamento de resíduos;
Desenvolver procedimentos para o tratamento de resíduos específicos;
Sendo dado um enfoque maior à redução da produção, ao
reaproveitamento, e ao tratamento e ao uso de práticas educativas participativas e continuadas
também são consideradas.
O Plano de Gerenciamento de Resíduos Perigosos – PGRP da UFSCar abrange
todas as atividades de manejo de resíduos, contemplando os aspectos referentes à geração,
segregação, acondicionamento, identificação, armazenamento temporário, coleta, transporte,
tratamento, avaliação ecotoxicológica e destinação final, realizadas de forma sistêmica e
integradas. As atividades seguem uma série de procedimentos técnicos e administrativos, que
são definidos, padronizados e sistematizados. Proporcionando informações que permitem o
manuseio e uso dos produtos com segurança e assegura que a legislação de Segurança e Meio
Ambiente e Saúde sejam cumpridos em todas as operações.
45
O plano traçado pela UGR da UFSCar é constituído por 8 passos principais:
Passo 1 – Geração: a idéia principal é a redução de resíduos na fonte geradora.
Passo 2 – Classificação: objetiva classificar e quantificar os resíduos gerados por área/setor
da universidade.
Passo 3 – Segregação: consiste na separação dos resíduos por classe, no momento de sua
geração. A intenção é evitar a mistura dos resíduos incompatíveis, possibilitando a
reutilização ou reciclagem.
Passo 4 – Acondicionamento: é feito na origem dos resíduos e visa controlar os riscos para a
saúde e facilitar a coleta, o armazenamento e o transporte.
Passo 5 – Coleta e Transporte: trata-se da remoção dos resíduos do abrigo externo de
armazenamento até a etapa de tratamento.
Passo 6 – Armazenamento na UGR: armazenamento em abrigo exclusivo para resíduos
químicos.
Passo 7 – Tratamento/Recuperação de resíduos químicos: são coletados semestralmente 5
toneladas de resíduos, parte desse total é tratado e recuperado na UGR.
Passo 8 – Destinação Final: A UFSCar realizou até o momento duas retiradas para destinação
final do passivo ambiental de substâncias químicas potencialmente perigosas a primeira
retirada ocorreu em julho de 2005, e, recentemente, em março de 2009, foi feita a destinação
final de 10.000 Kg de resíduos químicos.
46
5. Conclusões e Considerações Finais
Os objetivos inicialmente traçados para essa monografia foram atingidos. Foi
possível identificar as dificuldades e os avanços obtidos pela direção da UFSCar na gestão
ambiental do campus de São Carlos, sobretudo com relação ao consumo de energia e gestão
dos resíduos sólidos.
Com relação ao consumo de energia, observou-se que a Universidade registra a
preocupação em relação a reduzir sua utilização. No entanto, a comunidade acadêmica, na sua
maioria, não se apresenta conscientizada para essa finalidade. É bastante freqüente a presença
de luzes acesas sem necessidade e aparelhos e equipamentos funcionando sem necessidade.
A pesquisa de campo indicou que campanhas conscientizadoras dirigidas à
comunidade acadêmica, principalmente para setores que consomem muita energia elétrica,
como o RU, poderia auxiliar na redução desse consumo.
Em relação à gestão dos resíduos sólidos, a UFSCar avançou bastante nos
últimos anos. A ação mais significativa ocorreu no ano de 2000, com a construção da Unidade
de Gestão de Resíduos (UGR).
A UGR possui instalações especiais para o armazenamento, tratamento e
recuperação de resíduos considerados perigosos. O edifício da UGR não possui janelas para
evitar a entrada de luminosidade e a ventilação é mantida por elementos vazados junto ao teto.
O piso possui placas de concreto vazado que permite escoar líquidos que eventualmente
sejam derramados, conduzindo-o através de uma canaleta para um reservatório especial.
De todo modo, foi possível observar que a UFSCar tem avançado na gestão
ambiental em seu campus de São Carlos. Ressalte-se que a Universidade apresentou um
grande crescimento nos últimos anos, a quantidade de alunos, professores e servidores
aumentou significativamente, o mesmo acontecendo com a infra-estrutura física, muitos
prédios foram e estão sendo construídos.
Esse crescimento além do progresso também acarreta problemas. Os setores
responsáveis pela gestão do campus como Prefeitura, EDF e CEMA tem conhecimento das
demandas antigas e das mais recentes que afeta o meio ambiente e, na medida do possível,
tem procurado superar as dificuldades.
Foi identificado que campanhas conscientizadoras lideradas pela direção da
universidade seriam bem recebidas e poderiam trazer resultados positivos para a redução do
consumo de energia e destinação dos resíduos sólidos.
47
A comunidade acadêmica é sensível aos problemas ambientais e certamente irá
aderir à campanha, mas é necessário que o processo seja iniciado.
48
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Apêndice
Questionário
1. Caracterização do setor
1.1 Número de funcionários (Cargos e Objetivo do departamento)
1.2 Descrição do cargo do entrevistado (assistente, supervisor, nível, cargo)
2. Uso da energia no setor (departamento)
2.1 Em sua opinião, quais têm sido as ações do departamento para se
reduzir o consumo de energia?
2.2 Quais as principais atividades que mais consomem energia?
2.3 Em sua opinião, qual seria uma forma de redução do consumo de
energia?
2.4 Existe alguma preocupação por parte da chefia do departamento em
orientar os funcionários no sentido de reduzir o consumo de energia?
2.5 Se houvesse essa preocupação, como você acha que isso seria recebido
pelos funcionários?
2.6 Especificamente, na sua atividade de trabalho, você acha que o
consumo de energia poderia ser reduzido?
( ) Sim ( ) Não
2.7 Se sim, como isso poderia ser feito?
2.8 Você conhece algum projeto para reduzir o consumo de energia
desenvolvido em outras instituições, que poderia ser aplicado na UFSCar? Se sim, qual o
projeto?
( ) Sim ( ) Não
2.9 Você acha válido que a instituição conscientize seus funcionários para a
importância da redução do consumo de energia?
2.10 Como essa conscientização poderia ser feita?