gestão ambiental - i parte

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Gesto Ambiental

Tecnlogo em

Profa. Dra. Waverli M. Matarazzo-Neuberger

1o semestre de 2011 - 2a edio

www.metodista.br

Desafios da sustentabilidade: ecologia, polticas e tecnologia

Universidade Metodista de So PauloConselho Diretor: Wilson Roberto Zuccherato (presidente), Paulo Roberto Lima Bruhn (vicepresidente), Nelson Custdio Fer (secretrio). Titulares: Augusto Campos de Rezende, Carlos Alberto Ribeiro Simes, Eric de Oliveira Santos, Gerson da Costa, Henrique de Mesquita Barbosa, Maria Flvia Kovalski, Osvaldo Elias de Almeida. Suplentes: Jairo Werner Junior, Ronald da Silva Lima. Reitor: Marcio de Moraes Pr-Reitoria de Graduao: Vera Lcia Gouva Stivaletti Pr-Reitoria de Ps-Graduao e Pesquisa: Fbio Botelho Josgrilberg Diretor da Faculdade de Gesto de Servios: Fulvio Cristofoli Coordenao do NEAD: Adriana Barroso de Azevedo

Coordenador do Curso de Gesto Ambiental Profa. Dra. Waverli M. Matarazzo-Neuberger Organizador Profa. Dra. Waverli M. Matarazzo-Neuberger Professores Autores Carlos Henrique Andrade de Oliveira Francisco Henrique da Costa Lgia Rodrigues Morales Luiz Rogrio Mantelli Nestor Kenji Yoshikawa Waverli Maia M. Neuberger Vicente Manzione Filho Assessoria Pedaggica Adriana Barroso de Azevedo Caroline de Oliveira Vasconcellos Patricia Brecht Innarelli Rosangela Spagnol Fedoce

Coordenao Editorial Profa. Dra. Waverli M. Matarazzo-Neuberger Editorao Eletrnica Editora Metodista Projeto Grfico Cristiano Leo Reviso Andreia Orsoni Impresso Assahi Grfica e Editora Ltda. Data desta edio 1o semestre de 2011

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Metodista de So Paulo) Universidade Metodista de So PauloUn3d

expediente

Desafios da sustentabilidade: ecologia, polticas e tecnologia / Universidade Metodista de So Paulo. Organizao de Waverli Maia Matarazzo-Neuberger. 2.ed. So Bernardo do Campo : Ed. do Autor, 2011. 184 p. (Cadernos didticos Metodista - Campus EAD) Bibliografia ISBN 978-85-7814-161-5 1. Gesto ambiental 2. Cincias sociais 3. Desenvolvimento sustentvel

4. Ecologia - Aspectos polticos 5. Ecologia e tecnologia I. Matarazzo-Neuberger, Waverli Maia M. II. Ttulo. CDD 363.7

UNIVERSIDADE METODISTA DE SO PAULO Rua do Sacramento, 230 - Rudge Ramos 09640-000 So Bernardo do Campo - SP Tel.: 0800 889 2222 - www.metodista.br/ead permitido copiar, distribuir, exibir e executar a obra para uso no-comercial, desde que dado crdito ao autor original e Universidade Metodista de So Paulo. vedada a criao de obras derivadas. Para cada novo uso ou distribuio, voc deve deixar claro para outros os termos da licena desta obra.

Gesto Ambiental

Tecnlogo em

Desafios da sustentabilidade: ecologia, polticas e tecnologiaOrganizador Profa. Dra. Waverli M. Matarazzo-Neuberger

1o semestre de 2011 - 2a edio

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Aprendizagem e autonomiaCaro(a) aluno(a) do Campus EAD Metodista, com muita alegria que o(a) recebemos na Universidade Metodista de So Paulo! Esperamos que sua trajetria acadmica seja marcada por desafios, novas experincias de ensino-aprendizagem e muitas conquistas. Agora, voc est conectado Educao a Distncia, modalidade que apresenta crescimento significativo no pas. Para ter uma ideia, em 2000, o nmero de alunos que estudavam a distncia no somava dois mil. Em 2009, dados estatsticos indicam que mais de dois milhes de brasileiros j aderiram modalidade. Alm do crescimento e dos resultados positivos nas avaliaes do Exame Nacional de Desempenho Estudantil (ENADE), quando comparados modalidade presencial, a Educao a Distncia destaca-se enquanto promotora da democratizao do acesso ao curso superior e qualificao profissional. Com o auxlio das Tecnologias da Educao e Comunicao (TIC), rompemos fronteiras a nvel nacional de distncia, tempo e acesso. Mais do que a incluso digital, nosso objetivo promover a incluso social, atravs de uma formao humana, da vivncia acadmica associada a valores tico-cristos, enquanto instituio ligada Igreja Metodista, e s demandas do mercado de trabalho. A fim de auxili-lo neste processo de formao, cujo foco principal a qualidade, este Guia de Estudos apresenta textos desenvolvidos pelos docentes da instituio, nos quais so apresentados os conceitos principais trabalhados no curso. Este material atua como um norteador das atividades de estudos, guiando-o(a) a outras fontes de pesquisa, como artigos cientficos, livros, revistas e demais referncias importantes sua trajetria escolar. Bons estudos e sucesso! Prof. Dr. Marcio de Moraes Reitor

Gesto AmbientalMdulo - Ecologia e Conservao da Natureza

09 13 17 21 25 29 33

Conceitos bsicos de ecologia Ciclos biogeoqumicos: entendendo a estrutura de um ciclo e estudando o ciclo da gua Ciclos biogeoqumicos: o ciclo do carbono e do nitrognio e as interferncias humanas Relaes ecolgicas Sucesso ecolgica reas protegidas e o desafio de conservar a natureza Protegendo espcies e populaes: a forma mais difundida de conservar a natureza

Mdulo - Construo do Conhecimento Cientfico

37 41 45 49 53 57 63 67 71 73 81

Conceitos gerais Pesquisa bibliogrfica na prtica Mtodo Projeto de pesquisa

Pesquisa estatstica -2 Fase Redacional da Pesquisa Citaes A Filosofia, o mundo e a conscincia crtica Os pr-socrticos e os fundamentos da filosofia Teoria e possibilidade do conhecimento

sumrio

Pesquisa estatstica -1

Mdulo - Sustentabilidade

87 95 101 107 115 121 127

Origens do Desenvolvimento Sustentvel Relaes entre Meio Ambiente e Economia Mudana Climtica: cincia e adaptao Mitigao da mudana climtica: o mercado de carbono Mensurando o Desenvolvimento Sustentvel Inovao Tecnolgica Valorao Econmica e Pagamento por Servios Ambientais

Mdulo - Poltica Ambiental

131 137 145 151 155 159

Aspectos Institucionais da Legislao Ambiental Introduo a legislao ambiental e a poltica nacional do meio ambiente Crimes ambientais Legislao recusos hdricos Legislao Ar Ocupao e uso do Solo

Ecologia e conservao da natureza

Conceitos bsicos de ecologiaProfa. Ligia Rodrigues Morales Objetivos:Conhecer as principais estruturas de um ecossistema, assim como o seu funcionamento; Reconhecer a importncia da dinmica dos ecossistemas para a estabilidade da Biosfera e para a conservao ambiental.

Mdulo

Palavras-chave:Ecologia, ecossistema, cadeia alimentar

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Ecologia uma rea da biologia que estuda os organismos e suas relaes com o meio ambiente em que vivem. A palavra ecologia vem do grego oikos = casa e logos = estudo, significando, literalmente, o estudo da casa. O ecossistema a unidade bsica no estudo da ecologia. Num ecossistema, o conjunto dos seres vivos interage entre si e com o meio natural de maneira equilibrada, por meio da ciclagem da matria e do uso eficiente da energia solar. O conceito bioma usado para determinar um grande ecossistema regional ou subcontinental, definido por um tipo principal de vegetao e paisagem caractersticas. Todos os ecossistemas so constitudos por dois fatores: Fator bitico: representado pelos seres vivos e que tambm pode ser chamado de biocenose ou biota. Exs.: fungos, animais, plantas, protozorios, bactrias, vrus etc. Fator abitico: tambm chamado de bitopo, representado por todos os elementos necessrios s atividades dos seres vivos, como gua, solo, rochas, temperatura, luz, minerais, umidade, vento, pH etc. Pode-se citar como exemplos de ecossistemas: Mata Atlntica, Floresta Amaznica, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Antrtida, mangues, desertos, mares, uma cidade, um aqurio etc. Todos esses ecossistemas possuem dimenses e composio variveis, porm a mesma constituio bsica. _________________________________________ O hbitat o local ocupado pela espcie onde ela encontra tudo de que necessita para sua sobrevivncia. O hbitat chamado de endereo da espcie. J nicho ecolgico a funo que uma espcie desempenha no ambiente e suas relaes com as demais espcies; a descrio do seu modo de vida: como esse ser vivo faz seu ninho, de que se alimenta, se tem hbito noturno ou diurno, se decompositor, se produtor, como atrai seu parceiro, suas taxas de metabolismo e crescimento etc. O nicho ecolgico chamado de profisso do ser vivo. Espcies diferentes podem ocupar um mesmo hbitat, mas possuir nichos ecolgicos diferentes. Espcies que ocupam ou desempenham nichos semelhantes, em regies distintas, so denominadas de equivalentes ecolgicos. Uma caracterstica fundamental dos ecossistemas a homeostase, ou seja, o estado de equilbrio dinmico, por meio de mecanismos de autocontrole e autorregulao, os quais entram em ao assim que ocorre qualquer mudana. Porm, quando essas mudanas so profundas e por longo tempo, causadas pela ao do homem, o meio no consegue absorv-las, surgindo, ento, um desequilbrio ou impacto ecolgico. Existem vrias formas de se causar um desequilbrio. Poluir uma delas. 10Universidade Metodista de So Paulo

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Resilincia o termo usado para designar a capacidade de um ecossistema de se recuperar aps sofrer um desequilbrio. Populao o conjunto de organismos da mesma espcie que ocupa uma determinada rea na mesma unidade de tempo. Em um ecossistema, encontra-se a comunidade, que denominada como o conjunto de todas as populaes presentes numa determinada regio. Unindo todas as comunidades e seus respectivos ecossistemas de todo o planeta, tem-se a biosfera ou ecosfera, que definida como poro da Terra que contm vida. Todos os seres vivos necessitam de alimento, ou seja, de energia e matria para realizar suas atividades metablicas e formar as substncias qumicas que constituem a sua biomassa. A cadeia alimentar, ento, representa o fluxo contnuo de energia e matria entre os seres vivos em um ecossistema. As cadeias alimentares so constitudas de seres vivos caracterizados como: produtores ou auttrofos: so aqueles que produzem o prprio alimento, por meio da fotossntese ou quimiossntese, usando a energia do Sol ou outras substncias respectivamente. Exs.: vegetais, algas e cianobactrias; consumidores ou hetertrofos: so os que precisam buscar alimento em outros seres vivos. Exs.: animais, fungos e protozorios; decompositores ou saprfitos: so aqueles que fazem a decomposio da matria orgnica morta, contribuindo para a ciclagem dos elementos da natureza. Exs.: fungos e bactrias. Veja um exemplo clssico de representao de uma cadeia alimentar: CAPIM Onde: Capim = produtor, que ocupa o 1o nvel trfico. Gafanhoto = consumidor primrio, que ocupa o 2o nvel trfico. Sapo = consumidor secundrio, que ocupa o 3o nvel trfico. Cobra = consumidor tercirio, que ocupa o 4o nvel trfico. Gavio = consumidor quaternrio, que ocupa o 5o nvel trfico. Fungos e cactrias = decompositores, que ocupam o 6o nvel trfico. Quando vrias cadeias alimentares se entrelaam, tem-se uma teia alimentar. Pode-se representar uma cadeia alimentar na forma de pirmides trficas. Nelas, pode-se visualizar as quantidades de energia, de matria orgnica ou de indivduos disponveis em cada nvel trfico. As pirmides de energia representam a energia disponvel As em cada nvel trfico da cadeia alimentar. Em geral, certo elo da cadeia transfere ao elo seguinte apenas cerca de 10% da enerpirmides gia til que recebeu, ou seja, a energia apresenta um fluxo de energia decrescente, ao longo da cadeia alimentar, e quanto mais representam a distante o nvel trfico estiver dos produtores, menor ser energia disponvel em a disponibilidade de energia que ele recebe. por isso cada nvel trfico da que as cadeias alimentares, em geral, no possuem cadeia alimentar. mais que quatro ou cinco nveis trficos. 11www.metodista.br/ead

GAFANHOTO

SAPO

COBRA

GAVIO

FUNGOS E BACTRIAS

Assim como energia e matria passam de um ser vivo para outro, h casos de substncias txicas que so transferidas de um ser vivo para outro: a amplificao biolgica. Amplificao biolgica ocorre quando h um aumento de concentrao de poluentes ao longo da cadeia alimentar. Isso ocorre porque: necessrio um grande nmero de elementos do nvel trfico anterior para alimentar um determinado elemento do nvel trfico seguinte; o poluente considerado recalcitrante ou de difcil degradao; o poluente lipossolvel e biocumulativo. Exemplos desses poluentes so chumbo, mercrio, DDT e alguns outros praguicidas e elementos radioativos. O resultado da amplificao que alguns animais podem se extinguir por estarem no topo da cadeia alimentar, onde h maior acmulo do poluente em questo. Um poluente pouco concentrado, lanado no ambiente, pode no ser agressivo. Porm, ao se acumular na cadeia alimentar, pode aparecer em altas concentraes que podem ser adversas ou letais s espcies.

Referncias BRAGA, B. et al. Introduo engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentvel. 2. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 318p. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 434p.PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservao. Londrina: Planta, 2001. 328p.

12Universidade Metodista de So Paulo

Ecologia e conservao da natureza

Ciclos biogeoqumicos: entendendo a estrutura de um ciclo e estudando o ciclo da guaProfa. Dra. Waverli Maia Matarazzo Neuberger Objetivos:Entender o processo bsico de ciclagem de elementos qumicos essenciais para a vida que ocorre na natureza; Entender, em cada ciclo, as inter-relaes entre biosfera, hidrosfera, litosfera e atmosfera; Compreender o efeito da interferncia humana nesses ciclos.

Mdulo

Palavras-chave:Ciclos biogeoqumicos, ciclagem na natureza, ciclo da gua

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Antoine-Laurent de Lavoisier, considerado o criador da qumica moderna, ficou clebre por seu enunciado do prncipio da conservao da matria: Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Esse enunciado perfeito quando se pensa em ciclos biogeoqumicos e, ainda, causa uma inveja muito grande, pois todos os processos humanos de transformao geram resduos que representam desperdcio, ao contrrio do que ocorre na natureza. Um dos principais desacordos entre a economia e a ecologia deriva do fato de que a natureza cclica, enquanto os sistemas humanos so lineares. Para comear a aprender sobre esse imenso processo de reciclagem contnua da natureza, considere primeiro que qualquer componente de um ecossistema pertence a uma das quatro grandes divises: biosfera, litosfera, hidrosfera e atmosfera. A biosfera compreende toda a parte viva do planeta. A litosfera composta pela camada slida mais externa do planeta, constituda por rochas e solo, podendo tambm ser chamada de crosta terrestre. A atmosfera a camada de gases que envolve o planeta e a hidrosfera composta por toda a gua livre do planeta, compreendendo todos os rios, lagos, lagoas, mares, guas subterrneas, guas glaciais, lenis de gelo e vapor de gua. Todas essas divises esto intimamente relacionadas entre si. Um ciclo biogeoqumico corresponde ao ciclo completo de um elemento qumico, por meio da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera. isso que diz cada parte da palavra biogeoqumico: bio, porque envolve a vida, geoqumico, pois est diretamente relacionado composio qumica da Terra e troca entre suas divises. Considere o esquema da figura 1, bsico para compreender todos os ciclos biogeoqumicos: Nesse esquema, verificou-se que os elementos qumicos acabam passando por vrias etapas conhecidas como compartimentos, sendo identificados como atmosfera, comunidades terrestres e aquticas (biosfera), solo, sedimentos ocenicos e rochas (litosfera) e gua (hidrosfera), permeando tudo. A transio de um comparti- Figura 1: Esquema geral de um ciclo biogeoqumico mento para outro indicada ao lado de cada uma das setas. Para compreender melhor a dinmica do ciclo, h que se considerar as seguintes perguntas: 1. De onde vm os nutrientes que o ecossistema utiliza? 2. O que acontece com os nutrientes dentro do ecossistema? 3. O que acontece com os nutrientes quando deixam o ecossistema? 4. Quando os nutrientes realizam a ciclagem por meio do ecossistema, como voltam? 5. Qual a velocidade de troca de nutrientes entre os diferentes compartimentos? Os ciclos podem ser classificados em dois tipos bsicos, considerando seu compartimento maior, de movimento mais lento e, em geral, no biolgico. Primeiro, quando o compartimento reservatrio gasoso (atmosfera ou hidrosfera) e, segundo, quando o compartimento reservatrio sedimentar (crosta terrestre ou litosfera). A velocidade com que um elemento realiza a ciclagem est muito relacionada ao tipo bsico de ciclo. Assim, ciclos gasosos so rpidos, enquanto ciclos sedimentares so lentos, porque os elementos qumicos esto presos a outras estruturas e geralmente terminam como sedimento ocenico profundo e retornam lentamente, por meio de processos geolgicos, para serem reutilizados pela vida. O ltimo tipo de ciclo no tem uma fase gasosa e o elemento qumico relativamente insolvel em gua, como o fsforo. 14Universidade Metodista de So Paulo

Dos 92 elementos qumicos conhecidos na natureza, cerca de 40 so essenciais vida. Dentre esses, pode-se reconhecer duas categorias: os macro e micronutrientes. Como o nome indica, macronutrientes so aqueles encontrados em maior quantidade na matria viva do que os micronutrientes. Tanto os macro quanto os micronutrientes so essenciais manuteno da vida e a quantidade exigida no torna um mais importante que o outro. So macronutrientes elementos como carbono, hidrognio, nitrognio, oxignio, fsforo, enxofre, clcio, sdio, magnsio e potssio, que, juntos, correspondem a 95% da matria viva. So exemplos de micronutrientes: ferro, mangans, cobre, zinco, boro, silcio, molibdnio, cloro, vandio, cobalto, selnio, cromo, nquel, flor, iodo e estanho. Todos esses elementos so continuamente reciclados na natureza, embora se conheam em detalhes apenas alguns ciclos. O ciclo da gua Vejamos agora o ciclo da gua. Componente mais abundante da matria viva, a gua necessariamente reciclada, para garantir a vida no planeta. A gua que bebemos hoje pode ser a mesma que nossos bisavs beberam e a imensa quantidade de gua na superfcie terrestre (5 quatrilhes de toneladas) a mesma, desde que nosso planeta se formou. Para entender esse ciclo , observe a figura 2. O ciclo da gua tem o oceano como seu maior reservatrio. A gua deixa esse reservatrio por evaporao e vai para a atmosfera, voltando a ele por precipitao, escoamento superficial e descarga de aquferos. Pela precipitao ou chuva, a gua da atmosfera tambm chega aos continentes, penetra pelos solos carregando os aquferos subterrneos e escoa pela superfcie formando os rios. Toda a energia para o ciclo da gua vem do sol.Imagem 1

Sabe-se que a gua est presente em todas as formas de vida e, como se pode ver Figura 2: na figura 2, tambm est presente em todo o planeta e em grandes quantidades. A gua tambm o solvente universal. Junte todos esses fatores para entender que o ciclo da gua corresponde a um gigantesco sistema circulatrio do planeta, que no conhece barreiras e comunica oceanos, atmosfera, continentes e subsolos. Conhecer esse ciclo essencial para avaliar como um poluente dissolvido em gua pode contaminar outras reas e compartimentos, no importando a distncia.

Representao

tambm importante para entender a dinmica do planeta. O vapor de gua na atmosfera do planeta, que forma as nuvens, por exemplo, essencial para a manuteno da vida na Terra, porque em conjunto com outros gases, como dixido de carbono, metano, xido nitroso e oznio, responsvel pelo efeito estufa, hoje lembrado apenas como vilo do aquecimento global. Se no fosse pelo efeito estufa, a vida, como a conhecemos, nunca teria surgido na Terra, porque o planeta seria demasiadamente frio. Estima-se entre -32C e -23C caso esses gases no existissem. A radiao solar, que chega ao solo, absorvida e, em seguida, reemitida na forma de radiao infravermelha. Essa radiao perderse-ia no espao se no fosse pela presena das nuvens, em conjunto com esses outros gases, que absorvem e reemitem de volta a radiao infravermelha (o calor) para a superfcie da Terra. O problema atual com o efeito estufa que o aumento da quantidade de gases, como dixido de carbono, proveniente da queima de combustveis fsseis; gs metano, liberado pela decomposio de lixo, pelo gado ou outros animais que criamos, entre outras fontes e, outros gases, 15www.metodista.br/ead

Recapitulando so trs os processos principais envolvidos neste ciclo: Precipitao, Evaporao e Transpirao e todos envolvem o calor do sol.

tem aumentado a capacidade de a Terra manter calor alm do necessrio e fora da regulao que manteve a vida da forma que conhecemos durante todo esse tempo. Uma consequncia direta do aquecimento global ser o derretimento das calotas polares e do gelo das montanhas, liberando para os rios e oceanos a gua presa no segundo maior compartimento, alterao do ciclo da gua, das correntes ocenicas e, consequentemente do clima da Terra como um todo. S para se ter ideia da quantidade de gua em cada um dos compartimentos apresentados na figura 2 e o tempo de renovao de cada um deles, estude com ateno a tabela 1. Repare que as guas no solo, nos rios e na atmosfera, que so mais frequentemente afetadas pelas atividades humanas, so tambm as que possuem tempo de renovao menor, aumentando a possibilidade de espalhar essa contaminao pelo restante do sistema. Tabela 1. Tamanho dos reservatrios expresso em teratons por ano de gua no planeta e tempo de renovao expresso em anos ou na forma citada

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RefernciasODUM, E. P.; THOMSON, G. W. B. Fundamentos de ecologia. So Paulo: Ed Pioneira Thomson, 2007. 612p.

ImagensFigura 2. Representao esquemtica do ciclo da gua. Fonte: acesso em 06.12.2010. 16Universidade Metodista de So Paulo

Ecologia e conservao da natureza

Ciclos biogeoqumicos: o ciclo do carbono e do nitrognio e as interferncias humanasProfa. Dra. Waverli Maia Matarazzo Neuberger Objetivos:Entender o processo bsico de ciclagem do carbono e do nitrognio; Conhecer a fase geolgica e biolgica de um ciclo e suas inter-relaes; Entender, em cada ciclo, as interrelaes entre biosfera, hidrosfera, litosfera e atmosfera; Compreender o efeito da interferncia humana nesses ciclos.

Mdulo

Palavras-chave:Carbono, aquecimento global, nitrognio.

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O elemento qumico carbono o quarto elemento mais abundante no universo e um dos constituintes bsicos da vida. Ele existe em todas as substncias orgnicas, do DNA aos combustveis fsseis, e seu ciclo divide-se em duas fases: o ciclo biolgico, que relativamente rpido, com renovao do carbono atmosfrico a cada 20 anos, e o ciclo geolgico, extremamente lento, com tempo de renovao contado em milhes de anos. O ciclo do carbono est representado na figura 1.

Figura 1: Ciclo do Carbono

O ciclo biolgico do carbono envolve principalmente os processos de fotossntese e respirao. A fotossntese usa a energia solar para, a partir de dixido de carbono e gua presentes na atmosfera, sintetizar acares, como a glicose. Representando o que foi dito em uma reao qumica, teramos: 6CO2 + 6H2O + energia (luz solar) C6H12O6 + 6O2 Os animais, as plantas e os fungos utilizam os acares assim produzidos como fonte de energia, liberando a energia presa nessas ligaes pela respirao. Isso representado em uma reao qumica seria: C6H12O6 (matria orgnica) + 6O2 6CO2 + 6 H2O + energia Dessa forma, o carbono volta para a atmosfera como dixido de carbono. A decomposio, que representa a respirao de microrganismos como bactrias e fungos, tambm devolve dixido de carbono atmosfera. O ciclo geolgico do carbono tem como seu maior reservatrio a litosfera. Encontra-se armazenado em rochas calcreas, em sua maioria, mas tambm em combustiveis fsseis. Para entender esse ciclo, considere que o dixido de carbono, presente na atmosfera, combina-se com a gua, formando cido carbnico. Esse cido reage com o clcio preso nas rochas e acaba formando carbonato de clcio. Esse carbonato de clcio dissolvido na gua acaba chegando aos oceanos e pode ser capturado pelos organismos para construir envoltrios e conchas ou depositar-se no fundo do oceano. A maioria dos organismos que capturam esse carbonato microscpica, mas to abundante que pode ser vista em imagens de satlites. Nas figuras 2 e 3, consta,respectivamente, um desses organismos, Emiliania huxleyii, e uma imagem de satlite que mostra a concentrao de bilhes desses organismos no litoral da Inglaterra. Na figura 3, essa concentrao representada por uma mancha esbranquiada. Observe tambm a beleza do envoltrio de Emiliania huxleyii. O envoltrio de bilhes de organismos que morrem acaba sendo depositado no fundo dos oceanos e esses sedimentos vo se acumulando ao longo de milhares de anos, formando rochas sedimentares, como as rochas calcrias. Em milhes de anos, o fundo ocenico de calcrio se movimenta lentamente para camadas mais profundas da crosta terestre e submete-se a grandes 18Universidade Metodista de So Paulo

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2

O ciclo do carbono

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Figura 2 - Emiliania huxleyii

Figura 3 - Imagem de satlite mostrando florao de Emiliania huxleyii, no litoral Inglaterra

presses e altssimas temperaturas. Essa rocha transforma-se em magma, liberando o dixido de carbono, que volta finalmente atmosfera por meio de erupes e outras atividades vulcnicas. A figura 4 representa o estoque de carbono contido em diversos reservatrios desse ciclo. Observe que a maior parte do carbono est presa no ciclo geolgico. Naturalmente, o carbono preso no petrleo, carvo e gs natural tambm estava dentro dessa escala geolgica do ciclo do carbono, com liberao ocorrendo em milhes de anos. H cerca de 200 anos, passaram a ser usados como combustveis e a liberar para a atmosfera um estoque de dixido de carbono, resultante da queima desses combustveis, que no estaria disponvel de outra forma. Os incndios naturais e provocados so outros elementos do ciclo rpido, que adicionam CO2 atmosfera ao consumirem biomassa e CH4 na matria orgnica e ao provocarem a morte de Atmosfera - 10 plantas, que se decompem e formam tambm CO2. O aumento de CO2, nos ltimos 50 anos, Carbono na evidente no grfico apresentado na figura 5.biomassa - 610 Dixido de carbono dissolvido no oceano - 740 Dixido de carbono na atmosfera - 760 on carbonato no oceano - 1.300 Carbono orgnico nos solos e sedimentos 1.600 Combustveis fsseis 4.200 on bicarbonato ocenico 37.000 Carbono Orgnico em Rochas Sedimentares - 10.000.000 Carbono em Rochas Sedimentares - 40.000.000Figura 4 - Reservas de carbono na Terra expressas em Gigatoneladas. Figura 5 - Concentraes de CO2 Atmosfrico medidas em Mauna Loa, Havai

Mas a talvez seja muito tarde para ns em razo da rapidez das alteraes que provocamos e da lentido dessa reposio do ciclo. Agora que voc entendeu como os ci19www.metodista.br/ead

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5

Essa influncia humana pode ocasionar aumento da temperatura na Terra. Entendendo o ciclo do carbono, d para vislumbrar que, em alguns milhes de anos, esse problema estar resolvido, uma vez que o ciclo geolgico do carbono ir tratar de aprisionar esse dixido de carbono excedente em rochas sedimentares.

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clos biogeoqumicos funcionam, aproveite para aplicar os conhecimentos adquiridos e compreender o funcionamento do ciclo do nitrognio representado na figura 6. O nitrognio o gs mais abundante da atmosfera e representa 78% dos gases nela existentes. Nem precisa dizer que a atmosfera o maior reservatrio desse elemento e tambm a vlvula de segurana desse ciclo. O passaporte de sada e volta desses gases para a atmosfera so as bactrias nitrificantes, que fixam o nitrognio do ar no solo, e as desnitrificantes, Figura 6 - Representao esquemtica do Ciclo do Nitrgenio que o devolvem atmosfera. H tambm um ciclo curto do nitrognio no qual os organismos heterotrficos degradam as protenas e excretam o nitrognio excedente, normalmente pela urina, na forma de amnia, ureia ou cido rico. O nitrognio, naturalmente, sempre foi escasso e sua fixao e liberao so reguladas por bactrias, muitas simbiontes de plantas. So elas que fazem com que nitritos, nitratos e amnia sejam rapidamente absorvidos. Porm, esse panorama tambm est sendo alterado por ns, porque ao utilizamos essas substncias como adubos para as plantas, o adubo dissolvido pela gua e assim atinge o lenol fretico, os rios e mares. A liberao de esgotos em corpos de gua tambm libera grande quantidade de nitrognio. Esse excesso de nitrgenio acaba favorecendo a florao de algas e de outros organismos oportunistas. Essas floraes podem ser to grandes, que acabam consumindo todo o oxignio do corpo de gua e provocando a morte de outros organismos, como peixes. Esse processo conhecido como eutrofizao.

RefernciasODUM, E. P.; THOMSON, G. W. B. Fundamentos de ecologia. So Paulo: Thomson Learning, 2007. 612p.

ImagensImagem 1: acesso em 06.12.2010. Imagem 2: acesso em 06/12/2010. Imagem 3: acesso em 06.12.2011. Imagem 5: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Mauna_Loa_Carbon_Dioxide-pt.svg acesso em 06.12.2010 . Imagem 6: acesso em 06.12.2010. 20Universidade Metodista de So Paulo

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6

Ecologia e conservao da natureza

Relaes ecolgicas

Mdulo

Profa. Ligia Rodrigues Morales

Objetivos:Conhecer as principais relaes ecolgicas existentes entre os seres vivos, compreendendo a sua relevncia para o equilbrio e evoluo das populaes.

Palavras-chave:Relaes ecolgicas, predatismo, mutualismo

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Duas ou mais espcies que convivem em um mesmo hbitat podem desenvolver relaes mtuas favorveis ou desfavorveis para uma ou para todas as espcies participantes da relao. Isso o que se denomina interaes ou relaes ecolgicas. Pode-se classificar as relaes ecolgicas em: relaes intraespecficas: compreendem relaes estabelecidas entre indivduos pertencentes mesma espcie. relaes interespecficas: trata-se de relaes estabelecidas entre indivduos pertencentes a espcies diferentes. relaes harmnicas ou positivas: compreendem relaes nas quais no se verifica nenhum tipo de prejuzo entre os organismos associados e pelo menos uma das espcies beneficiada. relaes desarmnicas ou negativas: so relaes nas quais pelo menos uma das espcies prejudicada.Veja a seguir os tipos de relaes ecolgicas. Relaes harmnicas Intraespecficas Colnia: formada por indivduos iguais entre si, da mesma espcie, e na qual os indivduos associados se acham unidos por um substrato comum, revelando um pequeno grau de liberdade de locomoo e uma profunda interdependncia fisiolgica. Exs.: caravelas, cracas, corais, esponjas (as caravelas possuem indivduos especializados em promover a proteo, a digesto e a reproduo). Sociedade: tipo de relao na qual os indivduos cooperam uns com os outros, apresentando profundo grau de interdependncia e diviso de trabalho entre si. formada por indivduos diferentes uns dos outros, porm da mesma espcie as castas. Dentro das castas, pode-se ter soldados, rainha, operria, zango etc., dependendo da espcie considerada. Exs.: formigas, cupins, abelhas, vespas. Interespecficas ou simbiose Protocooperao: ocorre quando uma espcie ajuda a outra e ambas tiram igual benefcio da associao, porm uma espcie pode viver separadamente da outra. Exs.: flores (nctar) e insetos (polinizadores), caranguejo e anmona, aves e plantas (alimento e disperso), anu e gado. Mutualismo: uma relao em que uma espcie ajuda a outra, numa relao ntima, no podendo uma viver sem a outra. Se houver separao, ambas morrem. Exs.: algas e fungos (liquens), microrganismos no estmago dos ruminantes, protozorios no estmago do cupim, bactrias e leguminosas, micorrizos (fungos e razes de plantas).

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Comensalismo: ocorre quando uma espcie (comensal) se alimenta dos restos alimentares de outra espcie. Exs.: rmora e tubaro, pssaro-palito e jacar, peixes e tubares, peixes e piranha, hiena e leo, ameba no intestino humano. Inquilinismo: ocorre quando uma espcie usa a outra apenas como moradia. O inquilino obtm abrigo (proteo) ou suporte no corpo da hospedeira. Exs.: orqudeas e bromlias em rvores, peixe Fierasfer e pepino-do-mar. Relaes desarmnicas Amensalismo ou antibiose: competio entre espcies e uma delas inibe o crescimento da outra. Exs.: fungos que produzem antibiticos e inibem as bactrias, folhas de pinheiro e de jacarand eliminam substncias que dificultam ou inibem o crescimento de novas sementes, dinoflagelados liberam toxinas (mar vermelha) que podem determinar a morte da fauna marinha. Predatismo: quando uma espcie (predador) se beneficia da outra (presa), usando-a como alimento, ou seja, os predadores capturam e destroem a presa fisicamente para se alimentar. O predador atua como regulador, contribuindo para manter a populao de presas. Os predadores tambm promovem uma ao seletiva (seleo natural), uma vez que as presas capturadas so, muitas vezes, aquelas com menor capacidade de fuga por doenas, velhice ou outros fatores. Exs.: lagartixa e mosca, tamandu e formiga, leopardo e gazela, aranha e besouro, raposa e coelho, leo e zebras. Parasitismo: consiste numa interao ecolgica entre uma espcie denominada parasita e outra denominada hospedeiro. O parasita aloja-se externa ou internamente no hospedeiro, causando-lhe leses, deformaes, intoxicaes e, eventualmente, a morte. Os parasitas so, geralmente, muito especficos, atacando apenas uma ou duas espcies. J os predadores, geralmente, so generalistas e utilizam-se de vrias espcies de presas como alimento. O sucesso do parasita normalmente tanto maior quanto menos incmodos ou prejuzos causar espcie hospedeira, pois a morte do hospedeiro representa tambm a perda de seu hbitat. Os parasitas podem ser endoparasitas (internos), como fungos, bactrias, protozorios e vermes, ou ectoparasitas (externos), como piolho, pulga, carrapato, sanguessuga, fungos e bactrias.Piolho Tamandu Imagem 7 Fungo Imagem 9 Imagem 8

Interespecficas

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Competio: ocorre quando dois indivduos disputam algum fator ambiental, como alimento, territrio, luminosidade, parceiros etc. A competio pode ser intraespecfica ou interespecfica, ou seja, entre indivduos da mesma espcie ou de espcies diferentes, respectivamente. A competio, assim como o predatismo e o parasitismo, tambm favorece o processo seletivo, que culmina na preservao de formas de vida mais bem adaptadas ao ambiente e na extino dos indivduos com baixo poder adaptativo. Assim, a competio pode ser um fator regulador de densidade populacional, contribuindo para evitar a superpopulao das espcies.

Sapo

Intraespecfica Canibalismo: ocorre quando um indivduo captura e destri fisicamente outro da mesma espcie para se alimentar. Exs.: peixes, aranhas, louva-deus.

Aranha

Referncias BRAGA, B. et al. Introduo engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentvel. 2. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 318p. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 434p. RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 504p.

Referncias de imagens Imagem 7 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/K_1033CR08-9_Yellow_fungus_on_stalk.jpeg. Acesso em 14Jan2009. Imagem 8 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3b/Myresluger2.jpg. Acesso em 14Jan2009. Imagem 9 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7e/Pediculus_humanus_capitis_ CDC9217.png.png. Acesso em 14Jan2009. Imagem 10 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/70/Bufo_viridis_%28Marek _Szczepanek%29.jpg. Acesso em 14Jan2009. Imagem 11 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Spider_1_big.jpg. Acesso em 14Jan2009. 24Universidade Metodista de So Paulo

Imagem 11

Exs.: lees e leopardos, cavalos e bois, sapo e lagartixa, e todos os indivduos de uma mesma espcie.

Imagem 10

Ecologia e conservao da natureza

Sucesso ecolgica

Mdulo

Profa. Ligia Rodrigues Morales

Objetivos:Compreender o processo de formao de um novo ecossistema, atravs da sucesso ecolgica, e suas transformaes em seus diversos fatores.

Palavras-chave:Sucesso ecolgica, comunidade clmax, dinmica de populao

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Os ecossistemas naturais esto em constante modificao. A sucesso ecolgica ocorre em um ecossistema desde sua fase inicial at atingir seu equilbrio e estabilidade, ou seja, durante o processo de sucesso, o ecossistema passa por vrios estgios, desde a juventude at a maturidade. Na sucesso ecolgica, a comunidade age sobre o meio fsico, tornando-o propcio ao aparecimento e desenvolvimento de novas espcies. Tambm ocorre competio entre as espcies que se desenvolvem, o que culmina na coexistncia de populaes. Quando a sucesso ecolgica comea em um ambiente totalmente abitico ou que sofreu um distrbio cataclsmico, denomina-se sucesso primria. Nesse caso, podem ser exemplos: uma rea que sofreu um perodo de vulcanismo, um campo de lava, uma superfcie de rocha ou areia recm-exposta.

Figura de um musgo crescendo sobre a rocha, representando a sucesso primria

Quando a sucesso se inicia a partir de um grande distrbio, mas nem todas as formas de vida foram destrudas do ambiente, chama-se sucesso secundria.

Figura representando uma sucesso secundria

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Nesse caso, a rea j possui uma camada de solo e resqucios de vegetao. A sucesso tambm pode ser classificada como autognica ou alognica: Sucesso autognica: ocorre quando as mudanas sucessionais so determinadas, em grande parte, por interaes internas entre espcies e/ou pelo ambiente fsico; Sucesso alognica: ocorre quando foras externas ao ambiente afetam, controlam e determinam regularmente as mudanas. Por exemplo: tempestades, incndios e inundaes. Uma substituio contnua de espcies ocorre ao longo da sucesso, que pode ser dividida em estgios ou sries (sere): inicial, intermediria, tardia e clmax. No estgio inicial, surgem seres vivos tipicamente pequenos, com ciclos de vida curtos (anuais) e com rpida disperso de sementes. Esses seres, considerados estabilizadores ambientais, constituem a comunidade pioneira ou ecese. Exemplos de seres vivos pioneiros so cianobactrias, liquens, musgos, insetos diversos, aranhas, gramneas, ervas pequenas e outros vegetais rasteiros. No estgio intermedirio, as espcies de vida curta so substitudas por espcies de ciclo de vida um pouco mais longo, com lenta disperso de sementes e de maior porte (herbceas e arbustivas), no caso de vegetais. J na comunidade tardia, surgem plantas e animais associados a ecossistemas maduros com maior diversidade de nichos. A comunidade considerada clmax quando sua estabilidade e biodiversidade chegam a seu ponto mximo. Com relao bioenergtica, ocorrem as seguintes transformaes durante a sucesso ecolgica autognica: a biomassa (B) e os detritos orgnicos tendem a aumentar; a produo primria bruta (P) e a respirao (R) tendem a aumentar, assim como a eficincia na utilizao da energia; a produo primria lquida tende a diminuir; a razo P/R tende a diminuir, aproximando-se de 1 (um); a razo B/P tende a aumentar; a composio de espcies tende a mudar; a diversidade aumenta e tende a ficar uniforme; seres vivos instveis tendem a ser substitudos por seres estveis; o ciclo de vida dos seres vivos tende a aumentar, inclusive sua complexidade; o tamanho dos organismos e/ou seus propgulos tende a aumentar; as relaes de simbiose tendem a ter maior frequncia; as cadeias alimentares tendem a ficar mais longas; os nichos ecolgicos tendem a ser mais estreitos; o ecossistema tende a ficar mais estvel e resistente, porm com menor elasticidade; os ciclos biogeoqumicos tendem a ficar mais fechados; o ndice de ciclagem dos elementos tende a aumentar, assim como a taxa de armazenamento e a reposio; aumentam a reteno e conservao de nutrientes, cuja utilizao se torna mais eficiente.

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Existe um complexo conjunto de fatores que rege uma comunidade, promovendo mudanas em sua estrutura e composio. O nmero de indivduos de uma populao pode ser controlado pelas interaes ecolgicas que a espcie possui com os outros organismos da comunidade. Alm disso, a limitao de outros componentes ambientais, como luminosidade, temperatura, gua, fsforo, nitrognio, oxignio e salinidade, pode impedir que uma populao cresa com o seu potencial mximo. As taxas de mortalidade, natalidade, imigrao e emigrao fazem variar o nmero de indivduos e, consequentemente, a densidade de uma populao. Esses fatores ecolgicos, biticos e abiticos que interferem no sucesso de uma espcie em ocupar um ambiente so conhecidos como fatores limitantes. O potencial bitico a capacidade mxima de crescimento de uma populao. Dificilmente uma espcie atinge seu potencial bitico, pois os fatores limitantes raramente esto em condies timas, desfavorecendo, assim, seu crescimento. A diferena entre o potencial bitico e o crescimento real de uma espcie chamada de resistncia ambiental ou resistncia do meio.

Grfico representando o potencial bitico e resistncia ambiental

A capacidade suporte o potencial de um meio em suprir todas as necessidades de uma comunidade. Os fatores limitantes, o potencial bitico, a capacidade de suporte e tambm as relaes ecolgicas so fundamentais para se compreender e estudar a dinmica da populao de uma espcie e o processo da sucesso ecolgica, que a formao de um novo ecossistema.

Referncias BRAGA, B. et al. Introduo engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentvel. 2. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 318p. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 434p. PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservao. Londrina: Planta, 2001. 328p. RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 504p. 28Universidade Metodista de So Paulo

Ecologia e conservao da natureza

reas protegidas e o desagio de preservar a naturezaProfa. Dra. Waverli Maia Matarazzo Neuberger

Mdulo

Objetivos:Entender o panorama geral de proteo de reas; Compreender as prioridades para estabelecer reas protegidas e saber aplic-las ao planejamento de reservas.

Palavras-chave:Planejamento de reservas, reservas e parques, conservao de reas protegidas.

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Embora poucos de ns saibamos as diferenas entre um parque, uma reserva e uma rea de proteo ambiental, a importncia deles para a conservao da natureza, em um mundo superpovoado e profundamente afetado pelas atividades humanas, facilmente reconhecida. Essas reas especiais devem ter como objetivo a conservao da diversidade biolgica e dos processos ecolgicos a elas inerentes, pois sem essa proteo correm o risco de ser extintas. essencial saber que essas reas so normalmente pequenas ou menores que o necessrio para cumprir sua funo, pois so remanescentes de ecossistemas maiores, fortemente influenciadas por ambientes que as cercam, os quais, em geral, so altamente modificados, influenciadas por eventos externos, de escala local ou global, e nunca suficientes para conservar toda a diversidade biolgica de certo ecossistema. Se considerarmos todas as reas protegidas do mundo, veremos que apenas 5,9% da rea seca da Terra, ou 7.992.660 km2, corresponde a reas protegidas. A conservao martima tem sido bem menos priorizada que a terrestre. As reas anteriormente mencionadas podem parecer expressivas, mas, alm de ser insuficientes para proteger a biodiversidade do mundo, tambm so mal distribudas, com pases como Alemanha com 24,6% de seu territrio protegido, ao lado da Rssia com apenas 1,2% e do Brasil com 8,3%. Existem trs grandes motivos para criar reas protegidas: Preservao de um ecossistema, em especial aqueles que possuem interesse para os homens, como as reas de mananciais produtoras de gua, ou que tenham espcies selvagens de vegetais que cultivamos. Preservao da biodiversidade, protegendo reas com alto endemismo e grande riqueza em espcies, como os hotspots, ou reas-chave que, apesar de no ser necessariamente extensas, detm boa parte da biodiversidade do planeta. Existem 25 hotspots tropicais identificados, que, juntos, renem 44% das espcies de plantas do mundo, 28% das espcies de aves, 30% de mamferos, 38% dos rpteis, 54% dos anfbios, tudo isso em apenas 1,4% da superfcie terrestre. Proteo de espcies, ou grupos de espcies particulares, que esto ameaadas de extino ou so carismticas. Por vezes, ecossistemas inteiros so conservados em razo do desejo de conservar algumas espcies. Esses trs motivos no so mutuamente excludentes e se os trs puderem ser identificados na criao de uma reserva, tanto melhor ser. Sistemas de informao geogrfica, que usam imagens de satlite para planejar grandes espaos, so ferramentas teis na identificao de reas a ser conservadas e permitem descobrir lacunas nas estratgias de conservao. Na maioria das vezes, reservas so criadas em reas remanescentes, geralmente pobres ou de difcil ocupao. Veja, por exemplo, a localizao das reservas de Mata Atlntica no Brasil. Voc ver que, apesar de os estados de So Paulo e Paran estarem entre os mais desmatados, os maiores remanescentes desse ecossistema sobreviveram por causa do relevo ngreme. Eram terras que ningum queria. Embora o quadro anterior reflita a realidade, sempre que possvel, algumas regras bsicas devem ser consideradas no planejamento e estabelecimento de uma reserva. Veja-as a seguir: 30Universidade Metodista de So PauloImagem 12 Mata Atlntica

Reservas maiores so sempre mais favorveis conservao do que reservas menores. So vrios os motivos, entre eles: conseguem manter populaes maiores de espcies e ter maior biodiversidade que as menores, conservando at mesmo espcies que possuem grandes reas de deslocamento. Ainda, quanto maior a reserva, menos esta sofrer com o efeito de borda. Tentar proteger o ecossistema integral e no apenas parcialmente, sempre que possvel. muito aconselhvel incluir nascentes e at bacias inteiras de rios dentro de uma reserva, como tambm pntanos, pennsulas, cnions e quaisquer outros elementos da paisagem. Reservas no fragmentadas so melhores que as fragmentadas. Muitas vezes, uma estrada estreita suficiente para interromper o fluxo de espcies entre dois fragmentos. H, ainda, o efeito de borda que intensificado em reas fragmentadas. Optar sempre por mais reservas do que por reservas mais isoladas. Sempre uma estratgia melhor para a conservao ter mais reservas com metapopulaes interligadas por corredores, que so reas com vegetao nativa que unem duas ou mais reservas, do que reas isoladas. Se corredores no forem possveis, sempre interessante escolher uma rea menor que possa servir de ponte na travessia entre as reas maiores e sempre alternar reservas grandes e pequenas. Quanto mais diversificadas as paisagens encontradas em uma reserva, melhor. Heterogeneidade, tanto espacial quanto temporal, importante no estabelecimento dessas reas. Assim, escolher uma rea com rios, brejos, matas e montanhas melhor do que escolher uma rea que tenha somente um desses ecossistemas representados. A razo disso que quanto maior a diversidade de paisagens, maior o nmero de espcies e de flexibilidade perante mudanas temporais a que todas as reas protegidas esto sujeitas. Formatos mais compactos, tendendo ao circular, so preferveis a reservas alongadas e com pequena rea interna. Isso porque o efeito de borda certamente ir comprometer muito mais o segundo tipo do que o primeiro, diminuindo a probabilidade de a segunda reserva manterse por um bom tempo. Estabelecer reas tampo entre a reserva e suas cercanias tambm uma estratgia que garante a conservao por mais tempo. Zonas tampo amortecem impactos, que certamente no podero ser evitados na ntegra, e podem ser usadas como reas de ecoturismo e conscientizao. Manejo de reservas deve sempre que possvel ser integrado. Isso significa que prefervel ter objetivos comuns e manejo integrado entre reservas prximas a trabalhar com cada uma individualmente. Problemas ambientais normalmente no tm fronteiras e costumam afetar todas as reas ao mesmo tempo, o que refora a necessidade desta estratgia. Integrar a populao do local e de reas prximas tambm essencial para a conservao da rea. A seleo de reas e o planejamento e estabelecimento de reservas precisam considerar o dinamismo dos sistemas naturais e a importncia dos distrbios naturais e antrpicos. As motivaes biolgicas, para a criao de reservas anteriormente relatadas, precisam estar associadas s questes de fundo cultural, aos interesses humanos, assim como as influncias polticas e econmi31www.metodista.br/ead

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cas, se o que se deseja a conservao a longo prazo dessas reas. Todo planejamento de uma reserva deve ser conduzido de forma a garantir certa flexibilidade diante de mudanas inevitveis. Um exemplo claro a necessidade de construir cenrios que simulem o que pode acontecer com reservas, por meio de mudanas climticas, que certamente viro pela frente. Os objetivos conservacionistas de uma reserva dificilmente sero contemplados se a populao tradicional, que vive nessas reas ou nas suas cercanias, no for includa desde o princpio nesse processo. Prticas sustentveis devem ter uso continuado, enquanto prticas conflitantes, com a conservao da rea, devem mudar por meio da educao e de outras estratgias de suporte. Prticas polticas e econmicas congruentes com os objetivos da reserva tambm so necessrias, em particular as que incentivam uma gesto integrada das reas de proteo.

Referncias PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservao. Londrina: E. Rodrigues, 2001.

Referncia de imagen Imagem 12 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/66/MataAtlantica60.JPG. Acesso em 14Jan2009 32Universidade Metodista de So Paulo

Ecologia e conservao da natureza

Protegendo espcies e populaes: a forma mais difundida de conservar naturezaProfa. Dra. Waverli Maia Matarazzo Neuberger Objetivos:Compreender os propsitos e implicaes de programas de conservao de espcies e populaes; Saber quais variveis devem ser conhecidas e monitoradas para a conservao de uma espcie ou populao.

Mdulo

Palavras-chave:Conservao de espcies, populaes, populao vivel mnima, metapopulao, conservao in situ e ex situ.

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Pergunte maioria das pessoas que voc conhece o que conservao da natureza e certamente voc obter definies que envolvem exemplos de conservao de espcies, principalmente daquelas que os ecologistas conhecem como espcies carismticas. Pandas, ursos polares, tigres, elefantes e micos-lees so exemplos de espcies carismticas que conseguem atrair a simpatia e mobilizar pessoas para sua conservao. Mas at mesmo as espcies carismticas s atraem ateno quando esto sofrendo algum tipo de ameaa e suas populaes esto em franco declnio. Normalmente, a primeira atitude para conservar essas espcies ameaadas garantir que a rea em que vivem seja preservada. Isso nem sempre efetivo, uma vez que difcil delimitar essa rea e certamente parte da populao permanecer fora dela e, ainda, sujeita aos fatores que a esto levando extino. Outro problema definir o tamanho da populao que precisa ser conservada, para garantir a sobrevivncia da espcie, ou o que se conhece como populao vivel mnima, conforme a definio de Shaffer (1981, apud Primack e Rodrigues, 2001 pg 137): Uma populao vivel mnima (PVM) para qualquer espcie em um determinado hbitat a menor populao isolada que tenha 99% de chances de continuar existindo por 1000 anos, a despeito dos efeitos previsveis da estocasticidade gentica, ambiental e demogrfica, e de catstrofes naturais. A aplicao dessa definio requer um estudo demogrfico detalhado da populao e uma anlise ambiental da rea, conhecimento nem sempre disponvel sobre a maioria das espcies que precisam ser conservadas. De forma geral, sugere-se que para vertebrados um nmero adequado de PVM seria de 500 a 1.000 indivduos e para espcies com populaes extremamente variveis, a PVM poderia atingir at 10 mil indivduos. Aps estabelecer uma PVM, possvel calcular a rea dinmica mnima (ADM) para manter essa populao. Taiss reas so calculadas geralmente a partir da rea ocupada por um nico indivduo, mas precisam considerar a composio de hbitats, a existncia de hbitos migratrios, a inter-relao entre espcies e, em muitos casos, o comportamento das espcies para que sua conservao seja realmente efetiva. Os planos de conservao de uma espcie, com pequena populao, podem ser prejudicados por trs grandes fatores ligados gentica, por perda de variabilidade gentica, endogamia e deriva gentica, flutuaes demogrficas, por variaes ao acaso nas taxas de nascimento e mortalidade, e flutuaes ambientais, que podem estar ligadas alterao de relaes, como predao, competio, ou ocorrncia de doenas e escassez de alimentos e tambm a catstrofes naturais, como incndios, terremotos, erupes vulcnicas, enchentes ou secas. Do ponto de vista gentico, o que acontece que populaes pequenas no conseguem ter genes mais raros que s uma populao grande consegue manter. Isso promove perda de variabilidade gentica. Esses genes, normalmente, nem se expressam, porque so recessivos, mas sua presena na populao garante a possibilidade de adaptarem-se a novas situaes, caso estas ocorram, e sua ausncia implica perda de flexibilidade evolucionria. Alm disso, o grande nmero de cruzamentos entre parentes prximos acaba resultando em menor nmero de crias, ou crias fracas, que nem chegam a se reproduzir, dificultando a sobrevivncia da populao. Esse fenmeno conhecido como depresso endogmica. s vezes, nessas populaes pequenas e com hbitats muito comprometidos, podem at ocorrer cruzamentos com outras espcies, o que resulta em crias fracas e estreis. Isso conhecido como depresso exogmica. Em qualquer populao, h um percentual de indivduos que no procria em razo da idade, sade, esterilidade, desnutrio, comportamentos reprodutivos e estruturas sociais. Isso faz com que a parcela de indivduos em condies de reproduzir-se no represente, de fato, toda a populao, diminuindo ainda mais o pool gentico disponvel. O clculo da densidade demogrfica eficaz con34Universidade Metodista de So Paulo

sidera somente os reprodutores e existem vrios fatores que podem afetar essa populao, como proporo desigual entre sexos e variaes muito grandes no nmero de crias, fazendo com que a influncia gentica de alguns indivduos seja maior que a de outros nas geraes seguintes. Quanto demografia, quando as populaes tm menos de 50 indivduos, variaes nas taxas de nascimento e mortalidade podem provocar flutuaes aleatrias no tamanho da populao e comprometer seriamente sua sobrevivncia. A proporo ideal entre machos e fmeas tambm deve ser mantida para que ocorra o acasalamento, assim como a estrutura social, que garante a sobrevivncia das populaes, pois espcies que vivem em bandos dependem do grupo para buscar alimento e proteger-se de ataques, entre outras atividadess. Espcies que vivem em grandes territrios tendem a ter dificuldade em encontrar parceiros quando sua densidade demogrfica muito reduzida. Catstrofes naturais podem acabar com parte de uma populao e at com a populao inteira de uma dada rea. Do ponto de vista ambiental, qualquer alterao que implique aumento de dificuldade para a sobrevivncia de uma determinada espcie, como aumento de competio, escassez de alimento ou abrigo, entre outras, muito mais dramtica e de difcil recuperao quando as populaes so pequenas. Essas tendncias de as populaes pequenas irem ao declnio, anteriormente relatadas, podem ser relacionadas a um vrtice de extino e esse caminho precisa ser muito bem monitorado para evitar que a extino realmente ocorra. Para conservar uma espcie, essencial conhecer sua histria natural, suas exigncias de hbitat, alm das caractersticas desses hbitats, a distribuio das espcies, considerando em especial sua capacidade de deslocamento, as interaes com outras espcies, aspectos estruturais, fisiolgicos e de comportamento dessas espcies essenciais adaptao ao ambiente em que vivem, caractersticas genticas e demogrficas da populao existente. Tais informaes podem ser obtidas na literatura cientfica e mediante a realizao de trabalhos de campo, observaes e monitoramento das populaes, uma vez que ainda faltam informaes importantes para a conservao da maioria das espcies. tambm fundamental estudar as populaes existentes, principalmente as que esto em reas prximas e que podem comunicar-se entre si. comum encontrar populaes centrais, razoavelmente estveis, e populaes satlites flutuantes. Esse sistema com populaes temporrias e flutuantes conhecido como metapopulao. Um estudo populacional de uma dada espcie deve obrigatoriamente incluir todas essas populaes, uma vez que a destruio do hbitat de uma populao central pode levar extino numerosas populaes satlites que dela dependem. Outras estratgias de conservao de espcies podem ser programas de reintroduo que consistem em liberar em uma dada rea,

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onde determinada espcie j existia, indivduos oriundos de outros ambientes selvagens ou criados em cativeiro. Quando j existe uma populao pequena na rea, pode ocorrer apenas um programa de acrscimo liberando nessa populao outros indivduos, de forma a aumentar o seu tamanho, seu pool gentico e adequar sua demografia. Existem ainda programas de introduo que visam a colocar espcies em reas que antes elas no ocupavam, principalmente quando os ambientes que so naturalmente ocupados por essas espcies sofreram alto grau de deteriorao. Todos esses programas devem ser muito bem planejados para dar a esses indivduos reais possibilidades de sobrevivncia, sem danificar o ambiente em que esto sendo introduzidos nem estabelecer relaes prejudiciais ao desenvolvimento de outras espcies. Especial cuidado deve ser tomado com a possvel introduo de doenas contradas no cativeiro. Anteriormente, descreveram-se vrias implicaes para a conservao das espcies em seus ambientes naturais. Esse tipo de conservao conhecido como in situ. Populaes muito pequenas e que precisam de grandes extenses de reas para sobreviver podem muitas vezes se beneficiar das estratgias de conservao ex situ, ou seja, fora do ambiente natural, como criao em zoolgicos, aqurios e jardins botnicos, para posterior reintroduo em seus ambientes nativos, bem como manuteno de bancos de sementes.

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Referncia PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservao. Londrina: E. Rodrigues, 2001. 36Universidade Metodista de So Paulo

Construo do conhecimento cientfico

Conceitos gerais

Mdulo

Prof. Dr. Nestor Kenji Yoshikawa

Objetivos:Conhecer as idias bsicas do conhecimento cientfico; Introduzir o conceito de tecnologia; Definir pesquisa.

Palavras-chave:Cincia, tcnica, pesquisa e tecnologia

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ConhecimentoO senso comum o conhecimento que adquirimos atravs da educao informall, por meio de informaes do dia a dia e das necessidades enfrentadas ao longo do desenvolvimento da sociedade. Este conhecimento, tambm designado como conhecimento popular, difere do conhecimento no qual se aplica um modo diferente de observao, em princpio, com maior detalhe e critrios diferentes. O conhecimento popular, portanto, predominantemente superficial e subjetivo, outra categoria de conhecimento, que procura ser mais sistemtico, verificvel e factual, se chama conhecimento cientfico.

CinciaCincia, o conhecimento das verdades gerais ou a operao de leis gerais, especialmente obtidas e testadas atravs do mtodo cientfico. Como necessitamos de diferentes definies para poder estabelecer um entendimento, pode ser considerada como um conjunto de enunciados lgicos e dedutivamente justicados por outros enunciados. J Ander Egg (1978) definiu de forma mais abrangente: A cincia um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou provveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificveis, que fazem referncia a objetos de uma mesma natureza

Conhecimento cientficoO conhecimento cientfico real, pois lida com os fatos, sendo que as hipteses so comprovadas ou no, por meio da experimentao e pela razo. A base terica a sustentao para veracidade das comprovaes. O conhecimento cientfico possui a caracterstica da verificabilidade e da repetitibilidade.

TcnicaA Tcnica, segundo Milton Vargas, nasce junto com a humanidade e se caracteriza por ser um saber dirigido a um determinado fim prtico e que, eventualmente, pode ser conduzido pela teoria (VARGAS, 1985). Segundo o mesmo autor,: O domnio da tcnica no exige o conhecimento preliminar da teoria que suporta a atividade: a descoberta do fogo pelo homem no exigiu o conhecimento terico, bem como navegar na internet no necessita de conhecimentos bsicos da programao de softwares. [...] Tecnologia o tratado das aplicaes de conhecimentos cientficos ao estudo dos materiais e processos utilizados pela Tcnica... (VARGAS, 1985)

PesquisaA definio, com base filosfica, considera a pesquisa como: Atividade bsica das cincias na sua indagao e descoberta da realidade. uma atitude e uma prtica terica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. uma atividade de aproximao sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinao particular entre teoria e dados.(Minayo, 1993) A pesquisa terica possui, segundo Oliveira (1999), uma abordagem unitria, global e seus resultados devem ser vlidos e aceitos universalmente, j a pesquisa aplicada vale-se destes princpios, leis e teorias para satisfazer s diferentes necessidades humanas. Segundo Gil (1999), a pesquisa : processo formal e sistemtico de desenvolvimento do mtodo cientfico. O objetivo fundamental da pesquisa descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos cientficos. 38Universidade Metodista de So Paulo

Portanto, pesquisa um conjunto de aes, propostas para encontrar a soluo para um problema, que tm por base procedimentos racionais e sistemticos. A pesquisa realizada quando se tem um problema e no se tem informaes para solucion-lo.

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Pesquisa cientficaPesquisa cientfica, muitas vezes classificada como pesquisa bsica ou terica, utiliza toda abordagem cientfica, o que implica dizer que necessitamos de meios para atingir o conhecimento cientfico de algum determinado assunto ou problema. A obteno desse conhecimento permite formular as leis dos fenmenos naturais, que so a base para desenvolvimento de estudos ou pesquisas aplicadas com uma finalidade prtica.

Pesquisa tecnolgicaA partir das definies de Pesquisa Cientfica e Tecnolgica, pode-se ento entender que na pesquisa tecnolgica temos um objetivo e finalidade prtica, para determinadas demandas do mercado no setor produtivo. Todos os procedimentos necessrios para o desenvolvimento cientfico so utilizados, portanto, para a conduo de uma pesquisa tecnolgica. Conclui-se que a pesquisa tecnolgica, em linhas gerais, tem uma finalidade prtica, existindo uma preocupao preponderante com os aspectos prtico e econmico do objeto de pesquisa. Na interao escola-empresa, a grande maioria dos convnios e contratos firmados tem se voltado para a pesquisa aplicada ou tecnolgica, que a que melhor atende aos interesses e funo social da empresa e, ao mesmo tempo, permite escola equipar-se para, tambm, desenvolver pesquisas tericas, originrias, em sua maioria, do ambiente acadmico ou de instituies a ele relacionadas.

Cincia, o conhecimento das verdades gerais ou a operao de leis gerais, especialmente obtidas e testadas atravs do mtodo cientfico.

Referncias VARGAS, M. Metodologia da pesquisa tecnolgica. Rio de Janeiro: Globo. 1985 MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. So Paulo: HUCITEC, 1993 GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2002. v. 1. 171 p. 39www.metodista.br/ead

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Construo do conhecimento cientfico

Pesquisa bibliogrfica na prticaProf. Ms. Luiz Rogrio Mantelli

Mdulo

Objetivos:Entender a importncia da pesquisa bibliogrfica; Conhecer as principais bases de peridicos de acesso pblico; Conhecer o Portal de Peridicos CAPES; Entender o mtodo de pesquisa bibliogrfica atravs das palavras-chave. Reconhecer as fontes confiveis para pesquisa e a importncia do uso dessas.

Palavras-chave:Base de peridicos; pesquisa bibliogrfica; Peridicos CAPES; palavra-chave.

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Durante todo o curso, um dos assuntos mais debatidos e comentados justamente a pesquisa bibliogrfica. Os professores solicitam diversos trabalhos e, para elabor-los, os alunos realizam buscas por meio de sites como o Google, procura do tema selecionado. O problema que, na maioria das vezes, para alunos, muito complicado definir se o contedo encontrado adequado para ser utilizado, ou seja, se a fonte confivel ou no. Existe, atualmente, uma srie de critrios que deve ser utilizada para definir a confiabilidade de um material. Contudo, esses critrios devem ser utilizados cuidadosamente. Por exemplo, h preconceito de que sites como o Wikipdia apresentam contedos duvidosos. Isso acontece porque o Wikipdia uma espcie de enciclopdia livre, ou seja, se eu e voc quisermos escrever sobre determinado assunto, como funcionamento dos motores bicombustveis, poderemos fazer isso sem complicao alguma. O problema que no somos engenheiros e, dessa maneira, escreveremos de forma superficial sobre o assunto. Em alguns casos mais graves, realmente h definies completamente errneas, que comprometeriam substancialmente uma pesquisa cientfica. Por outro lado, muitos assuntos so escritos por pesquisadores bastante srios, que elaboram um texto coeso e perfeitamente escrito, repleto de detalhes, o qual poderia ser utilizado perfeitamente em qualquer tipo de pesquisa. Nesses casos, os autores indicam at fontes bibliogrficas. Com essa descrio, voc certamente est se perguntando como avaliar os contedos do Wikipdia a ponto de utiliz-los em suas pesquisas. A melhor indicao para isso a seguinte: se voc possui domnio sobre o assunto pesquisado, saber julgar a confiabilidade do contedo do Wikipdia. Se referncias forem apresentadas, voc poder consult-las diretamente. No entanto, se o assunto no de seu domnio, abra mo das bases similares ao Wikipdia e utilize como alternativa outras bases de pesquisa que sero discutidas na sequncia.

Bases confiveis para pesquisa cientficaComo j comentado, h uma srie de bases confiveis disponveis para que as pesquisas sejam efetuadas. Em geral, artigos cientficos passam pela avaliao de diversos revisores, especialistas na rea do contedo estudado, de modo a garantir a qualidade do material publicado. Por isso, so considerados confiveis e perfeitamente aceitos em qualquer tipo de pesquisa. Contudo, encontr-los nem sempre uma tarefa simples. As bases de peridicos, fontes de artigos cientficos, muitas vezes so restritas a universidades e rgos pblicos. Dessa maneira, quem no se enquadra nas situaes anteriormente dispostas tem como alternativa a opo de comprar os artigos. Fique tranquilo, voc, como estudante da Universidade Metodista, ter acesso a essas bases de peridicos quando estiver nos polos. Se estiver em casa, haver bases gratuitas de peridicos. Para entender melhor como tudo isso funciona, leia com ateno o exemplo a seguir: Joo, um importante gestor ambiental, pesquisador da UFPA (Universidade Federal do Par) e estuda a dinmica populacional na Floresta Amaznica. Ele est escrevendo um artigo sobre esse assunto e procurando algumas informaes no Portal de Peridicos CAPES. O Portal de Peridicos CAPES uma base mantida pelo governo brasileiro que possui convnio, atualmente, com 15.475 revistas cientficas, chamadas de peridicos. As reportagens dessas revistas so os chamados artigos cientficos, procurados pelo Joo. Contudo, dentre mais de 15 mil revistas, como Joo saber onde est o contedo que ele procura? Isso bastante simples. As revistas podem ser ordenadas por assunto, como matemtica e ecologia, por exemplo. Alm disso, o trabalho de muitos anos, com muita leitura, d bases para Joo conhecer as melhores revistas de sua rea de atuao, aquelas mais cobiadas pelos pesquisadores para publicao de seus trabalhos. 42Universidade Metodista de So Paulo

Como voc pde perceber, os artigos so publicados por revistas, as quais, por sua vez, esto organizadas em bases de peridicos. Essas bases so indexadas no Portal de Peridicos CAPES. A figura 1 ilustra a organizao de peridicos e o acesso por meio da base CAPES.

Figura 1. Organizao e acesso dos artigos por meio da base de peridicos CAPES. O Portal de Peridicos CAPES pode ser acessado por meio do site www.periodicos.capes.gov. br. Para maiores detalhes, a figura 2 ilustra a pgina inicial desse portal. Note que existe uma srie de opes. Voc pode fazer a sua busca pelo nome da revista ou por assunto de interesse. Note, tambm, que h um link especfico para auxiliar o usurio denominado Como Usar?.

Figura 2. Portal de Peridicos CAPES.

Caso voc no tenha acesso ao Portal de Peridicos CAPES, a busca pode ser feita por meio de bases como SciELO e SCIRUS, que so gratuitas. O acesso pode ser feito pelos links a seguir: Base SciELO www.scielo.org Base Scirus www.scirus.com 43www.metodista.br/ead

As figuras 3 e 4 mostram a pgina inicial dos portais anteriormente mencionados, respectivamente. Note, no caso do Scielo, que a busca pode ser refinada por assuntos de interesse, como cincias agrrias, cincias biolgicas, cincias da sade, cincias exatas e da terra etc.

Figura 3. Pgina inicial da base de busca SciELO. Note que a busca pode ser refinada por assunto de interesse.

Figura 4. Pgina inicial da base de peridicos SCIRUS.

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Jornais e revistas comunsAlm dos artigos cientficos, tambm possvel utilizar nas buscas artigos publicados em revistas comuns, como National Geographic, Super Interessante, Veja ou poca, alm de reportagens de jornais. Contudo, esse material tambm deve ser utilizado com critrio. No so todas as reportagens que podem ser agregadas a trabalhos cientficos. Em jornais e revistas, frequentemente o jornalista introduz seu ponto de vista com relao aos contedos publicados. Por outro lado, reportagens so muito bem aceitas em salas de aula, quando o professor pode direcionar o foco do aluno, permitindo que ele no seja conduczdo pela opinio do jornalista.

Palavras-chaveAt agora, voc estudou algumas bases disponveis para pesquisa de artigos cientficos. Contudo, por meio de que critrios as buscas sero efetuadas? Como estudado anteriormente, h as palavras-chave que devero ser utilizadas para filtrar as buscas de modo a auxiliar na obteno do material desejado. Voltemos ao caso de Joo. Se o pesquisador quiser encontrar artigos sobre a comunidade de primatas na Floresta Amaznica como um todo, possivelmente as palavras-chave utilizadas para busca sero: primatas e Floresta Amaznica. Se ele quiser encontrar um artigo somente sobre o comportamento desses primatas, a palavra comportamento dever ser includa na busca. Por outro lado, se quiser estudar uma determinada espcie, poder acrescentar o nome desejado, como Cebus kaapori. Dessa maneira, as palavraschave sero: Floresta Amaznica, Cebus kaapori e comportamento.

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Construo do conhecimento cientfico

Mtodo

Mdulo

Prof. Dr. Nestor Kenji Yoshikawa

Objetivos:Entender o conceito sobre mtodo; Descrever os principais mtodos de pesquisa; Aplicao dos mtodos cientficos.

Palavras-chave:Mtodo, induo, deduo, hiptese.

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MtodoA palavra grega mthodos significa o caminho para chegar a um fim, ou seja, o mtodo o caminho que devemos trilhar para atingir um objetivo. Em um mtodo cientfico adota-se regras e critrios para desenvolver um experimento, tendo como fim a obteno de conhecimento, bem como aprimorar conhecimentos pr-existentes. O filsofo Renee Descartes publicou um tratado matemtico (a matemtica tem por caracterstica a certeza, a ausncia de dvidas) para conduzir o pensamento humano na busca do conhecimento, chamado de O Discurso sobre o mtodo. Esta proposio foi muito importante, pois a deduo que fazemos mediante propostas ou premissas esto claramente descritas nesse mtodo, conhecido como cartesiano, que pode ser resumido em etapas e tem como funo: levantar informaes pertinentes ao assunto, analisar, sintetizar e organizar em em graus de complexidade crescente. Sendo que as concluses so ordenadas e classificadas.

Mtodos pesquisaA investigao cientfica conjunto de procedimentos intelectuais e tcnicos usados, para que sejam atingidos os mtodos cientficos. Mtodo cientfico o conjunto de processos ou operaes mentais que se deve empregar na investigao. a linha de raciocnio adotada no processo de pesquisa. Os mtodos que fornecem as bases lgicas investigao so: dedutivo, indutivo, hipottico-dedutivo, dialtico e fenomenolgico (GIL, 1999). De forma breve, veja a seguir, em que bases lgicas esto pautados tais mtodo.

Mtodo dedutivoMtodo proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupe que s a partir da razo ser possvel se chegar ao conhecimento verdadeiro. O raciocnio dedutivo tem o objetivo de explicar o contedo das premissas. Por intermdio de uma cadeia de raciocnio em ordem descendente (anlise do geral para o particular) chega-se uma concluso. Usa o silogismo como construo lgica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira, denominada: concluso. Exemplo de raciocnio dedutivo: Todo homem mortal. .........................................(premissa maior) Jos homem. .....................................................(premissa menor) Logo, Jos mortal. .............................................(concluso)

Mtodo indutivoMtodo proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume, considera que o conhecimento fundamentado na experincia, sendo ento os princpios pr-estabelecidos irrelevantes. No raciocnio indutivo, a generalizao deriva de observaes de casos da realidade concreta. As constataes particulares so a base para elaborao de generalizaes. Exemplo de raciocnio indutivo: Jos mortal. Mario mortal. Paulo mortal. ... Antonio mortal. Ora, Jos, Mario, Paulo... e Antonio so homens. Logo, (todos) os homens so mortais. 48Universidade Metodista de So Paulo

Mtodo hipottico-dedutivoPopper props que, quando os conhecimentos disponveis sobre determinado assunto so insuficientes para a explicao de um fenmeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, so formuladas conjecturas ou hipteses. Das hipteses formuladas, deduzem-se conseqncias que devero ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqncias deduzidas das hipteses. Enquanto no mtodo dedutivo procura-se confirmar a hiptese adotada, no mtodo hipottico-dedutivo, ao contrrio, procuram-se evidncias, muitas vezes empricas, para false-la.

Mtodo dialticoFundamenta-se na dialtica proposta por Hegel, na qual as contradies transcendem-se, dando origem a novas contradies, que passam a requerer soluo. Consiste na argumentao contraditria, considerando que o mundo se encontra em constantes transformaes. Normalmente, utilizado na pesquisa qualitativa.

Mtodo fenomenolgicoPreconizado por Husserl, o mtodo fenomenolgico no dedutivo nem indutivo. Qualquer experimento necessita ser descrito conforme seu desenvolvimento, isto , deve-se fazer uma descrio direta. A realidade construda socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Ento, a realidade no nica: existem tantas quantas forem as suas interpretaes e comunicaes. O sujeito/ ator reconhecidamente importante no processo de construo do conhecimento. Normalmente, utilizado na pesquisa qualitativa. Dependendo do assunto ou tema a ser abordado, haver a necessidade do uso de mais de um mtodo, para ampliar as possibilidades de anlise e obteno de respostas sobre o problema proposto na pesquisa.

Mtodos cientficosO mtodo utiliza-se da tcnica como ferramenta, para auxiliar a busca de um produto ou resultado. A tcnica a parte prtica, sendo que os recursos tcnicos podem ser aprimorados ao longo do tempo, obtendo-se assim resultados cada vez mais aperfeioados. O mtodo cientfico depende de enunciados precisos, sendo que a descrio sistemtica dos procedimentos, para busca das relaes de causa e efeito, foram aceitos e adotados de forma mais efetiva, com estudo desenvolvido por Francis Bacon (1561-1626), denominado de Novum Organum. Com Bacon a observao e a experimentao, para o entendimento do fenmeno, so utilizadas na busca da verdade. Assim, questes levantadas para um problema, tais como: porque, como, onde e quando ocorre um fenmeno, podem ser examinadas de maneira mais ordenada. Toda pesquisa cientfica depender,portanto do mtodo adotado e da utilizao de tcnicas adequadas. Referncias CERVO, A.L. BERVIAN, P.A. Metodologia Cientfica. So Paulo: Makron Books, 4. Ed., 1996. COSTA M.A.F. COSTA, M.F.B. Metodologia da Pesquisa: conceitos e tcnicas. Rio de Janeiro: Intercincia, 2001. OLIVEIRA, S.L. Tratado de Metodologia Cientfica. So Paulo: Pioneira ,1999. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2002. v. 1. 171 p. REA, L.M. PARKER, R. A. Metodologia de Pesquisa: do planejamento execuo. So Paulo: Pioneira, 1997. 49www.metodista.br/ead

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Construo do conhecimento cientfico

Projeto de pesquisa

Mdulo

Prof. Dr. Nestor Kenji Yoshikawa

Objetivos:O conceito de Tecnologia e os projetos de pesquisa; Conhecer as etapas do planejamento e plano de pesquisa; A formulao de problemas e o objetivo da pesquisa.

Palavras-chave:Tecnologia, projeto, planejamento, plano, objetivo.

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Tecnologia[...] A tecnologia abrange o estudo sistemtico do trabalho humano em seus mltiplos aspectos, como o estudo dos materiais sobre os quais incide a produo dos utenslios domsticos, ferramentas, mquinas, instrumentos e da energia atravs da qual a transformao submetida ao trabalho. A tecnologia, diferentemente das cincias convencionais, por ser a aplicao da cincia, envolve na sua parte prtica e objetiva o emprego de mtodos especficos para o seu desenvolvimento (Oliveira, 1999, p. 3) Conforme Vargas (1985)