gestagestaoo operacional e logistica i miolo grafica 2 ed nacional

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Ministério da Educação – MEC Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Diretoria de Educação a Distância – DED Universidade Aberta do Brasil – UAB Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP Bacharelado em Administração Pública Gestão de Operações e Logística I Rodrigo de Alvarenga Rosa 2012 2ª edição Gestão Operac Logistica Grafica.indd 1 31/10/12 18:21

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  • Ministrio da Educao MEC

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES

    Diretoria de Educao a Distncia DED

    Universidade Aberta do Brasil UAB

    Programa Nacional de Formao em Administrao Pblica PNAP

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logstica I

    Rodrigo de Alvarenga Rosa

    20122 edio

    Gesto Operac Logistica Grafica.indd 1 31/10/12 18:21

  • 2012. Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. Todos os direitos reservados.

    A responsabilidade pelo contedo e imagens desta obra do(s) respectivo(s) autor(es). O contedo desta obra foi licenciado temporria

    e gratuitamente para utilizao no mbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, atravs da UFSC. O leitor se compromete a utilizar

    o contedo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reproduo e distribuio ficaro limitadas ao mbito interno dos cursos.

    A citao desta obra em trabalhos acadmicos e/ou profissionais poder ser feita com indicao da fonte. A cpia desta obra sem auto-

    rizao expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanes previstas no Cdigo Penal, artigo

    184, Pargrafos 1 ao 3, sem prejuzo das sanes cveis cabveis espcie.

    1 edio 2011

    R788g Rosa, Rodrigo de Alvarenga

    Gesto de operaes e logstica I / Rodrigo de Alvarenga Rosa. 2. ed. reimp. Florianpolis : Departamento de Cincias da Administrao / UFSC; [Braslia] : CAPES : UAB, 2012.

    158p. : il.

    Bacharelado em Administrao Pblica Inclui bibliografia ISBN: 978-85-7988-088-9

    1. Logstica empresarial. 2. Administrao de materiais. 3. Gesto de compras. 4. Estoques. 5. Educao a distncia. I. Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Brasil). II. Universidade Aberta do Brasil. III. Ttulo.

    CDU: 658.78

    Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

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  • PRESIDNCIA DA REPBLICA

    MINISTRIO DA EDUCAO

    COORDENAO DE APERFEIOAMENTO DE PESSOAL DE NVEL SUPERIOR CAPES

    DIRETORIA DE EDUCAO A DISTNCIA

    DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDTICOS

    Universidade Federal de Santa Catarina

    METODOLOGIA PARA EDUCAO A DISTNCIA

    Universidade Federal de Mato Grosso

    AUTOR DO CONTEDO

    Rodrigo de Alvarenga Rosa

    EQUIPE TCNICA

    Coordenador do Projeto Alexandre Marino Costa

    Coordenao de Produo de Recursos Didticos Denise Aparecida Bunn

    Capa Alexandre Noronha

    Ilustrao Adriano Schmidt ReibnitzIgor Baranenko

    Projeto Grfico e Finalizao Annye Cristiny Tessaro

    Editorao Adriano Schmidt ReibnitzLvia Remor Pereira

    Reviso Textual Claudia Leal Estevo Brites Ramos

    Crditos da imagem da capa: extrada do banco de imagens Stock.xchng sob direitos livres para uso de imagem.

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  • Gesto Operac Logistica Grafica.indd 4 31/10/12 18:21

  • Sumrio

    Apresentao ............................................................................................................7

    Unidade 1 Introduo Logstica

    Definio de Logstica .............................................................................................13

    Nvel de Servio .....................................................................................................18

    Qualidade do Servio Logstico .......................................................................25

    Atividades da Logstica ...........................................................................................27

    Tempo do Ciclo do Pedido...............................................................................30

    Processo Logstico ..................................................................................................32

    Administrao de Materiais ..............................................................................33

    Distribuio Fsica ...........................................................................................37

    Equilbrio de Custos sob a tica da Logstica .........................................................41

    Planejamento da Logstica ......................................................................................43

    Unidade 2 Gesto do Processamento do Pedido

    Definio de Gesto do Processamento do Pedido ..................................................55

    Manuteno da Informao ....................................................................................62

    Unidade 3 Gesto de Transporte

    Gesto de Transporte ..............................................................................................69

    Anlise Comparativa dos Modais .....................................................................74

    Custos de Transporte .......................................................................................78

    Fatores que Impactam os Custos do Modal de Transporte ................................81

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  • Mdulo 5

    Unidade 4 Gesto de Estoque

    Definio de Gesto de Estoque .............................................................................89

    Razes para a Organizao Manter Produtos em Estoque ................................91

    Classificao dos Estoques ...............................................................................94

    Custos Relacionados ao Estoque .....................................................................96

    Planejamento de Estoque ..............................................................................104

    Controle de Estoque ......................................................................................114

    Gesto de Compras ..............................................................................................116

    Seleo de Fornecedores ...............................................................................120

    Armazenagem .......................................................................................................123

    Tipos de Armazns ........................................................................................129

    Gesto de Almoxarifado ................................................................................132

    Inventrio ......................................................................................................134

    Manuseio de Materiais ..........................................................................................137

    Embalagem de Proteo .......................................................................................141

    Classificao de Materiais .....................................................................................142

    Administrao de Patrimnio ................................................................................146

    Classificao dos Recursos Patrimoniais ......................................................... 147

    Depreciao ..................................................................................................148

    Vida Econmica dos Recursos Patrimoniais ...................................................149

    Consideraes finais .............................................................................................155

    Referncias ...........................................................................................................156

    Minicurrculo ........................................................................................................158

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  • Apresentao

    Mdulo 5 7

    Apresentao

    Ol, amigo estudante!

    Bem-vindo disciplina Gesto de Operaes e Logstica I!

    O objetivo desta disciplina levar voc, estudante, a conhecer os conceitos bsicos de logstica, incluindo neste estudo o detalhamento das principais atividades da Administrao de Materiais, que uma parte da logstica, e os Mtodos de Previso da Demanda Interna de Bens e de Servios.

    Este livro-texto est estruturado em quatro Unidades: a primeira Unidade apresenta uma introduo logstica, na qual os principais conceitos relacionados ao tema sero estudados. Dentre eles, destacamos a definio de logstica, o que o Nvel de Servio e os Processos Logsticos.

    Na segunda Unidade, voc aprender a Gesto do Processa-mento do Pedido e a sua importncia para o bom funcionamentoda logstica.

    Na terceira Unidade, voc estudar os modais de transporte, uma breve comparao entre eles e, sobretudo, sua importncia para a logstica.

    Na quarta Unidade, voc aprender a Gesto de Estoque, quais so as razes para a organizao manter estoque, como ele classificado e como se faz o seu controle; estudar a Gesto de Compras, que impacta diretamente o estoque e a Armazenagem, pois sem ela seria praticamente impossvel termos estoque. Tambm encontrar uma breve introduo ao Manuseio de Materiais, Embalagem de Proteo, classificao de materiais e, por fim, estudar a Administrao de Patrimnio.

    Para facilitar o seu estudo, no incio de cada Unidade, voc encontrar os Objetivos Especficos de Aprendizagem e, ao seu

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  • Mdulo 5Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    8

    trmino, encontrar um resumo dos principais temas abordados e as Atividades de aprendizagem. Ao longo do texto, vai encontrar glossrios e links que o auxiliaro na compreenso de termos e de conceitos importantes e, ainda, o Saiba mais, que lhe indicar leituras complementares para o aprofundamento de determinados temas. Ao final do livro, sero apresentadas as Referncias para consulta.

    A partir desse contexto disciplinar, imagine um exemplo muito comum em nossas cidades e que funo, normalmente, de servidores pblicos municipais: a conservao de jardins, de praas e de ruas. Para fazer esta conservao, preciso ter mudas, terra, adubo, caminho, ferramentas, pessoas, entre outros. Em certo dia da semana ou do ms, preciso juntar todos esses itens em um local, sede da equipe de conservao, para serem deslocados para o local a ser cuidado.

    Para que isso seja possvel, preciso realizar a compra de todos os itens citados e contratar o pessoal para a execuo do servio. Tambm necessrio um caminho que tenha combustvel e um motorista para poder fazer o deslocamento, no mesmo? E, uma vez que o pessoal esteja na praa, as rvores e as plantas mais antigas devem ser podadas e recolhidas para serem levadas para um local apropriado. Alm disso, os servidores, os equipamentos e os materiais no utilizados devem retornar para a sede da equipe de conservao. Dessa forma, o caminho deve fazer um ou mais roteiros para levar tudo de volta, inclusive o material que foi retirado do jardim.

    Todo esse processo de comprar, utilizar, distribuir e entregar o material para o cliente pode ser entendido como logstica, que vai desde o contato com os fornecedores at a entrega do produto produzido ao consumidor. Claro que nessa apresentao no detalhamos todo o processo de logstica, mas na primeira Unidade voc ter mais detalhes e mais definies acerca do que seja a logstica. E, acredite, a logstica envolve toda a organizao privada e toda a organizao pblica municipal, estadual e federal, sem distino. Sem logstica, no existe servio pblico, quer ver? Vamos l!

    Como podemos funcionar sem lpis, sem caneta, sem papel, sem formulrio para ser preenchido, sem energia eltrica, sem gua? E o papel higinico? E se faltar papel higinico no banheiro?

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  • Apresentao

    Mdulo 5 9Bacharelado em Administrao Pblica

    Para que tudo ocorra de forma devida, preciso ter uma equipe fazendo logstica! E olha que muitas vezes no nos lembramos de que ela existe, lembramos dela apenas quando falta alguma coisa.

    Nas escolas, por exemplo, o gestor tem de comprar comida para preparar a merenda dos estudantes. Se comprar muito antes do consumo, ela pode estragar, se no comprar, as crianas podem ficar com fome. Se a merendeira no conseguir fazer todo o lanche para as crianas, ocorrero duas situaes: vai ter criana sem comer na hora do recreio ou atrasada em seu retorno aula. E como armazenar o lanche pronto em uma cidade muito quente? O lanche pode estragar ou, ao consumi-lo, as crianas podem passar mal. Assim, a merendeira tem de armazenar o lanche em um local adequado, por exemplo, em uma geladeira, que tem de ser grande para poder comport-lo. Portanto, a merendeira tambm faz logstica!

    Para o hospital de uma cidade ou de um Estado, o gestor tem de comprar medicamentos, gua, energia eltrica, no tem? E as ambulncias? Se elas no funcionarem, como sero buscados os clientes, oops, os pacientes? Ele tem, tambm, de organizar o atendimento, fazer uma agenda de quem ser atendido, onde ser atendido e quando isso ocorrer. Tudo isso logstica! Aps concluir esta disciplina, voc vai entender e valorizar mais esse processo!

    Bons estudos!

    Professor Rodrigo de Alvarenga Rosa

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  • Unidade 1

    Objetivos especficos de aprendizagem

    ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de:

    ff Conceituar logstica;

    ff definir nvel de Servio e correlacion-lo com a Qualidade do Servio Logstico;

    ff definir e descrever quais so as atividades da logstica, diferenciando atividades de Planejamento de atividades de apoio Operacional;

    ff entender o Processo Logstico e suas etapas: administrao de Materiais e distribuio Fsica; e

    ff Saber explicar o que o equilbrio de custos sob a tica da logstica.

    introduo Logstica

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  • Mdulo 5

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  • Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 13

    Caro estudante,nesta Unidade, apresentaremos os principais conceitos de logsti ca de forma que voc possa ter a base necessria para entender o tema. Os aspectos a serem abordados nesta Unidade, em consonncia com seus objeti vos, so: defi nio de Logsti ca; nvel de Servio; itens de Controle e Qualidade do Servio; ati vidades da Logsti ca; Processos Logsti cos, alm de questes acerca do Ciclo do Pedido do Produto, do equilbrio de Custos e do Planejamento da Logsti ca, os quais agregam valor organizao.Perguntamos a voc, amigo estudante: ser que uma organizao, pblica ou privada, que no tenha como entregar seus produtos aos clientes, pode existi r? Se ela no existi r, no precisar de voc, administrador! em uma organizao, a rea que se preocupa com o fornecimento de matria-prima, com a produo, com o estoque, com a distribuio dos produtos, entre outras coisas, a logsti ca. Portanto, a razo de voc, gestor, trabalhar para distribuir o que produzido por uma organizao passa pela logsti ca! Para entender melhor a logsti ca e saber como ela gerida, voc ver que ela se divide em dois processos: administrao de Materiais e distribuio Fsica. Vamos, ento, estudar esta rea importante para sua profi sso. acredite, voc se encantar! O caminho longo, mas pode acreditar, muito interessante, se voc entender bem esta Unidade, as demais fi caro bem mais simples, pois esta a base para qualquer assunto a ser estudado em logsti ca.

    deinio de Logstica

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 514

    Voc j pensou que a logstica algo que faz parte do seu dia a dia? Vamos comear apresentando um exemplo ao qual iremos, ao longo da disciplina, acrescentar mais detalhes, ampliando-o: a preparao de merenda em uma escola pblica.

    Para fazer a merenda, o gestor da escola deve comprar todos os produtos, como po, manteiga, arroz, feijo, carne etc. Esses produtos devem ser comprados respeitando a qualidade que se pretende em relao merenda a ser oferecida aos estudantes. Para que o gestor possa comprar esses produtos, um funcionrio designado precisa ir ao supermercado, se for uma escola particular, ou fazer licitao, se for uma escola pblica, o que sabemos, usualmente, tratar-se de um processo demorado. Uma vez comprados os produtos, eles devem ser transportados at a escola, que dever possuir um local adequado para a sua armazenagem, respeitando os prazos de validade e as condies requeridas por cada tipo de produto, por exemplo: se precisam ser refrigerados ou no. Com esses produtos, a merendeira deve produzir a merenda em razo do nmero de estudantes atendidos.

    As atividades listadas anteriormente devem respeitar outro prazo, que o perodo letivo escolar e os dias teis, e esses nada mais so do que a representao de um conceito de logstica. Claro que o conceito a seguir mais amplo do que o exemplo apresentado, mas o abrange perfeitamente.

    Logsti ca defi nida como a colocao do produto certo, na quanti dade certa, no lugar certo, no prazo certo, com a qualidade certa, com a documentao certa, ao custo certo, sendo produzido ao menor custo, da melhor forma, e deslocado mais rapidamente, agregando valor ao produto e dando resultados positi vos aos acionistas e aos clientes. Tudo isso respeitando a integridade humana de empregados, de fornecedores e de clientes e a preservao do meio ambiente.

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 15

    Uma vez que j sabemos o que logstica, podemos definir o Gerenciamento da Logstica como a coordenao das diferentes atividades componentes da logstica, tornando-as um conjunto harmonioso de atividades que visa obter os menores custos logsticos que atendam ao Nvel de Servio contratado pelo cliente. Mas tudo o que falamos at agora somente tem razo de existir se a logstica gerar valor para os clientes, para os fornecedores e para os acionistas da organizao.

    Algumas pessoas concebem o conceito de logstica como o transporte ou o estoque/armazenagem de produtos, no entanto, a logstica engloba o transporte, o estoque/armazenagem de produtos e diversas outras atividades, desde o suprimento para a produo at a entrega do produto final ao cliente.

    Podemos no mximo dizer que estudaremos logstica com nfase em transporte ou em estoque ou em armazenagem. Veja a Figura 1, que demonstra a utilizao correta do termo logstica, e a Figura 2, que utiliza erroneamente o termo logstica.

    Figura 1: Utilizao correta do termo logsticaFonte: Elaborada pelo autor deste livro

    Figura 2: Utilizao errnea do conceito de logsticaFonte: Elaborada pelo autor deste livro

    Podemos, ainda, dividir a logstica conforme suas aplicaes, dentre as quais, destacamos: Logstica Reversa e Logstica de Servios. A Logstica Reversa trata de fluxos inversos de itens para

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  • Forma Tempo Lugar Posse

    MarketingFinanas

    Logstica

    Produo

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 516

    reparos e devolues de material de embalagens (pallets, pilhas, recipientes de refrigerante, de agrotxicos etc.), e a Logstica de Servios aplica todos os conceitos tradicionais de logstica na rea de servio. No entanto, ela aplicada mais em insumos para o servio do que no servio propriamente dito. Como exemplos, temos: escritrios de advocacia, escritrios de consultoria, igrejas, consultrios mdicos, escritrios de contabilidade, organizaes de projeto de engenharia etc.

    No servio pblico, podemos perceber que a Logstica de Servio muito importante, pois a sua aplicao ocorre em praticamente todas as organizaes pblicas. Como qualquer outra organizao, o setor pblico tambm precisa ser abastecido de papel, de formulrios, de lpis, de caneta, de material de expediente etc.

    Um negcio ou um produto ou o resultado de uma organizao, de maneira geral, gera quatro tipos de valor: forma, tempo, lugar e posse.

    O valor forma gerado pela produo, pela fbrica; os valores tempo e lugar so controlados pela logstica, respectivamente, pelo estoque e pelo transporte; o valor posse gerado pelo marketing e pelas finanas, que facilitam a transferncia da posse para o consumidor. Observe a Figura 3.

    Figura 3: Valores de um produtoFonte: Elaborada pelo autor deste livro

    Como vimos, a logstica controla metade das oportunidades de se agregar valor a um produto. Ento, o valor gerado pela logstica pode ser expresso de duas formas: tempo e lugar. Os produtos possuem valor para o cliente quando (tempo) e onde (lugar) ele necessita do produto. Para deslocar o produto da indstria at o local indicado

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  • vOs modais, ou modos de transporte, sero estudados em Unidades

    frente.

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 17

    pelo cliente, a logstica se utiliza de diversos modais de transportes para agregar o valor lugar. Para atender ao prazo contratado pelo cliente, a logstica se vale de estoques bem distribudos na sua regio de atuao a fim de melhorar o processo de entrega. Assim, a manuteno de estoques responde pelo valor tempo.

    Para a grande maioria das pessoas, o jornal da semana anterior no tem valor, pois aquelas informaes desatualizadas no lhes interessa mais. No entanto, para um servidor pblico, um jornal especfico, o Dirio Oficial da Unio ou do Estado, de dias, de meses e at de anos atrs, pode ter um valor enorme. Assim, um diferencial de um prestador de servio logstico conseguir atender ao cliente no tempo e no lugar desejado por ele, nada mais, nada menos do que o solicitado.

    H ainda o uso inadequado do conceito de logstica como o de logstica integrada. Uma vez que o princpio da logstica prev a integrao de fornecedores, de organizaes e de clientes, acrescentar o termo integrado pode ser visto como redundncia, pois se a logstica no for integrada, ela no ser logstica.

    Voltemos ao exemplo da preparao de merenda escolar apresentado anteriormente: de nada adiantaria os esforos para comprar e preparar os produtos se eles no estivessem na escola, no horrio do intervalo das aulas ou, ainda, antes do horrio da aula para a sua preparao.

    Portanto, o servidor pblico diligente, responsvel pela merenda, deve ter uma logstica bem planejada para que no horrio dos intervalos da aula tudo esteja disponvel na qualidade desejada para atender aos estudantes. Perceba a importncia da aplicao da logstica no seu dia a dia, como servidor pblico, e imagine, a partir desse exemplo, quanto ela pode ser utilizada em uma organizao pblica.

    O estudo sobre a logstica est apenas comeando, h ainda muito

    que conhecer sobre ela para voc entender a importncia desse

    tema em sua vida profissional e, por que no, em sua vida pessoal!

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 518

    ne de Serio

    O Nvel de Servio pode ser definido como a qualidade (prazo combinado/atendido, confiabilidade, integridade da carga, atendimento etc.) na tica do cliente. s vezes, face necessidade de um melhor Nvel de Servio solicitado pelo cliente, este pode aceitar pagar um preo maior por ele.

    O Nvel de Servio deve ser estabelecido em contrato antes de se iniciar qualquer atividade, principalmente as atividades logsticas. Portanto, a primeira informao contratual que deve ser estabelecida com o cliente qual o Nvel de Servio que o cliente deseja comprar.

    O Nvel de Servio determina o mercado em que a organizao deseja atuar, ou seja, uma organizao pode optar por trabalhar com qualidade inferior de produtos ou de servios conquanto tenha compradores dispostos a pagar menos por produtos de baixa qualidade.

    Vejamos um exemplo: um cliente pode optar por comprar um carro 1.0 bsico ou um carro srie luxo. O segundo modelo, obviamente, muito mais caro, mas oferece um Nvel de Servio muito melhor. Ocorre que devemos considerar o fato de que existe mercado para ambos os modelos, com margens de lucro diferenciadas.

    Nesse sentido, muito importante que a organizao escolha seu nicho de mercado e, a partir dele, que ela estabelea o Nvel de Servio que ir oferecer. Uma organizao no deve, via de regra,

    aps esse estudo inicial da logsti ca, voc consegue perceber como ela faz parte do seu dia a dia? ao falarmos de logsti ca, precisamos antes de qualquer coisa saber o que o cliente quer, e que ele defi nido na disciplina Marketi ng como o Nvel de Servio. nesta seo, nos deteremos a estudar o nvel de Servio.

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 19

    oferecer produtos de Nvel de Servio muito diferentes, pois isso pode confundir o cliente em relao imagem que ele tem da organizao no mercado. Outra questo importante que devemos retomar que o Nvel de Servio deve ser estabelecido em contrato antes de a organizao iniciar qualquer atividade, principalmente as atividades logsticas. Portanto, para definirmos o Nvel de Servio, devemos definir antes os itens de controle para avaliao e estabelecer os parmetros mximo e mnimo que cada item de controle deve atingir para estar dentro da qualidade contratada. Assim, lembre-se de um fator muito importante: o Nvel de Servio deve ser estabelecido de tal forma que possa ser numericamente mensurvel, no deixando margem discusso. No Quadro 1 so apresentados alguns exemplos corretos e incorretos de Nvel de Servio para sua anlise:

    Correto incorretodeve ser entregue no dia 30/1/2010, s 9h, no armazm de Vitria, endereo x.

    deve ser entregue rpido.

    permiti do 2% de perda de peso de material at a entrega no armazm do cliente.

    no pode perder muito produto.

    O produto no pode sofrer qualquer ti po de avaria durante o processo logsti co.

    no pode estragar muito o produto.

    Quadro 1: Exemplos de Nvel de Servio

    Fonte: Elaborado pelo autor deste livro

    Voltando ao exemplo de oferta de merenda aos estudantes. E se a escola simplesmente anunciar que haver bebida gostosa na merenda, o que os estudantes poderiam pensar? Vamos ter refrigerante na merenda, oba! Mas de fato a escola somente pode oferecer suco preparado de garrafa. Por esse exemplo, podemos observar que um ndice de controle mal definido pode gerar confuso. No entanto, se fosse anunciado que seria servido suco de caju preparado, com certeza nenhum estudante teria dvida, nem falsa expectativa em relao bebida a ser servida na merenda.

    Dessa forma, podemos entender que a qualidade do servio logstico pode ser vista como o cumprimento de todos os itens de controle do Nvel de Servio estabelecidos em contrato, o que nos lembra de uma questo importante: a organizao prestadora do servio logstico no deve, a pretexto de fidelizar o cliente, realizar um

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 520

    Nvel de Servio acima do estipulado em contrato por duas razes: pela perda potencial de receita e por prejudicar o prprio cliente.

    Primeiramente, se o cliente contratou um servio de determinada qualidade, a organizao deve entender que ele aceita pagar por aquele Nvel de Servio e este lhe basta. Se quisesse mais qualidade, ele iria negociar novamente e a organizao prestadora de servio poderia auferir mais receitas, cobrando um pouco mais por um servio de melhor qualidade, caso ela tambm pudesse oferec-lo. No segundo caso, a organizao prestadora de servio, no intuito de oferecer um servio melhor, por exemplo, poderia entregar o produto ou o servio antes da data combinada, causando transtorno para o cliente, pois ele no estava preparado para receber o produto antes do prazo combinado, no dispondo de rea de estocagem, de equipamentos, de pessoal, entre outros.

    Assim, uma vez estabelecido o Nvel de Servio, ele o item vital a ser mensurado e alcanado em logstica, nem menos, nem mais, mas exatamente o combinado. Portanto, uma organizao de logstica tem qualidade no servio logstico quando cumpre integralmente o Nvel de Servio contratado. Para estabelecer o Nvel de Servio, so preconizadas trs etapas:

    ff Pr-transao: nessa etapa ocorre a negociao, o estabelecimento do Nvel de Servio contratado, tudo posto de maneira formal e por escrito.

    ff Transao: nessa etapa o processo logstico realmente realizado. Para tanto, preciso administrar os nveis de estoque, os prazos, o transporte caso tenha sido contratado, deve ocorrer o rastreamento do produto.

    ff Ps-transao: nessa etapa so observadas as garantias, os reparos, as peas de reposio que foram contratadas. Muitos servios logsticos so contratados com a montagem do equipamento na organizao do cliente, essa montagem realizada nessa etapa. tambm nessa etapa que ocorre o atendimento a queixas e a reclamaes de clientes, e o que deveria ser sempre feito, mas raramente feito no Brasil, uma pesquisa de satisfao do cliente para verificar

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 21

    se tudo que foi combinado estava a contento. Com base nessa pesquisa, possvel gerar melhorias e mudanas no contrato que sejam importantes para ambas as partes ou, at mesmo, descobrir um novo servio.

    Para voc entender melhor, vamos voltar ao exemplo da preparao de merenda para os estudantes. Nesse caso, a pr-transao pode ser vista como a portaria, o decreto ou a lei que estabelece a obrigatoriedade da merenda nas escolas. Essa lei deve especificar o que deve ser oferecido, em que qualidade, em que escolas e em que nvel de escolaridade, por exemplo. Usualmente, as faculdades no oferecem merenda.

    Ser que a lei efetivamente define esses aspectos? Pense nisso

    e reflita sobre o que falta para que a lei os contemple.

    Na transao ocorre a aquisio dos produtos, a preparao da merenda e a sua entrega ao cliente final, o estudante, que vai consumi-la. Ateno! Na prtica das organizaes privadas, quem define o Nvel de Servio o cliente final, mas nas organizaes pblicas a lei que define o Nvel de Servio e, portanto, uma lei deveria expressar o que realmente o povo quer, ou seja, o que o cliente final quer. Ser que isso ocorre?

    Veja, a lei pode simplesmente dizer que se deve oferecer merenda nas escolas e os aspectos gerais do que deve ser servido, mas se voc perguntar aos estudantes a preferncia deles, eles estabelecero o Nvel de Servio que desejam dentro do limite estabelecido pela lei.

    Na ps-transao, devemos perguntar aos estudantes se eles ficaram satisfeitos, se sugerem algo novo etc. Experimente colocar um caixa de sugestes na sua organizao e observe o resultado, se possvel, informe a quem deu a sugesto que voc a utilizou para estimul-lo a continuar sugerindo.

    Gesto Operac Logistica Grafica.indd 21 31/10/12 18:21

  • *EBTIDA representa a

    gerao operacional de

    caixa da organizao, ou

    seja, quanto ela gera de

    recursos apenas por meio

    de suas atividades opera-

    cionais, sem levar em

    considerao os efeitos

    financeiros e os de impos-

    tos. Por isso, alguns profis-

    sionais chamam o eBiTda

    de fluxo de caixa operacio-

    nal. Fonte: elaborado pelo

    autor deste livro.

    *EVA esse indicador foi

    desenvolvido pela Stern

    Stewart & Co para medir

    o valor de desempenho

    de uma determinada

    operao/atividade. Trata-

    -se de uma metodologia

    para medio interna do

    desempenho de uma orga-

    nizao quanto criao

    de valor por seus proces-

    sos. Fonte: elaborado pelo

    autor deste livro.

    *ROI termo que signifi-

    ca em portugus: Retorno

    sobre investimento. esse

    indicador visa medir o

    percentual de retorno

    conseguido sobre o capital

    investido, possibilitando

    saber qual organizao

    foi mais rentvel em um

    determinado perodo. Por

    exemplo, um investimento

    de R$ 100 mil que possibi-

    lita um resgate de R$ 120

    mil dar um ROi bruto de

    20%. Fonte: elaborado

    pelo autor deste livro.

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 522

    Por que ainda assim alguns estudantes ficam com a sensao

    de que a merenda no os agradou plenamente? Talvez porque

    a merenda estivesse ruim mesmo!

    Na maioria das vezes, as escolas no so claras e objetivas em divulgar aos estudantes o que ser servido na merenda. Por isso, para voc entender melhor como controlar o atendimento ao Nvel de Servio, estabeleceremos os itens de controle para o Nvel de Servio.

    A logstica pode ser vista como a gesto de processos, ou a administrao de processos, tanto em questes administrativas quanto em questes operacionais. Para gerirmos processos, a maneira eficaz de faz-lo seria por meio do controle efetivo e quantitativo das operaes/processos. E, para efetivarmos esse controle, a melhor maneira realiz-lo por meio dos itens de controle, da tica da qualidade ou dos indicadores de qualidade. Na lngua inglesa, esses indicadores so conhecidos como Key Performance Indicator (KPI). Os itens de controle so os parmetros, mximo e/ou mnimo, que cada atividade logstica deve atingir para estar dentro da qualidade contratada, ou seja, o Nvel de Servio, e devem ser estabelecidos de tal forma que possam ser numericamente mensurveis, no deixando margem discusso. O momento correto para estabelecermos os itens de controle, como j estudamos, na etapa de pr-transao.

    Os indicadores podem ser agrupados em trs categorias:

    ff Custos: esses indicadores medem os custos envolvidos nas operaes logsticas e so voltados para a rea contbil da organizao. So eles: Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization (EBTIDA*), Economic Value Added (EVA*), Return on Investiment (ROI*) e custo de perda de venda).

    ff Valor: esses indicadores dizem respeito ao custo financeiro empregado diretamente nas atividades. So eles: custo de logstica, custo de transporte, custo de transporte por quilometro rodado, custo de transporte por tonelada transportada, custo por pedido custos de processamento do pedido/nmero de pedidos.

    Gesto Operac Logistica Grafica.indd 22 31/10/12 18:21

  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 23

    ff Desempenho (Lead Time (LT) tempo total entre a colocao do pedido at sua a entrega): esses indicadores medem a eficincia das operaes logsticas e so de extrema importncia para a gesto da logstica no mbito operacional. So eles: quantidade de pedidos entregues no prazo, ndice de ocupao dos armazns, distncia mdia percorrida pelos veculos, giro de estoque, nmero de entregas por veculo, ndice de avarias, quantidade de devolues, acuracidade dos documentos, separao de pedidos por hora, On time in full (OTIF).

    Dentre os indicadores de Desempenho, detalharemos o indicador OTIF, tendo em vista que um indicador pouco conhecido e aplicado nas organizaes. Esse indicador permite a avaliao operacional e, ao mesmo tempo, a avaliao de qualidade, de forma sinttica e simples, de clculo e de anlise do resultado. O OTIF mede quantos pedidos foram realizados, conforme o que foi solicitado/contratado em termos de prazo e de qualidade. Assim, o OTIF calcula dois itens para cada pedido: On Time se o pedido foi entregue no prazo; e In Full se o pedido foi entregue completo e perfeito conforme contratado. Se ambos os aspectos foram atendidos, o OTIF desse pedido 1, caso contrrio, zero. O OTIF da organizao calculado somando-se os OTIFs de cada pedido e dividindo-os pelo nmero de pedidos. Para explicar o clculo do OTIF, usaremos a Tabela 1.

    Tabela 1: Clculo do ndice de desempenho OTIF

    Pedido 1 Pedido 2 Pedido 3 Pedido 4 Pedido 5On Time (prazo)

    1 (no prazo) 1 (no prazo) 0 (fora do prazo)

    0 (fora do prazo)

    1 (no prazo)

    In Full (qualdiade)

    0 (fora da qualidade)

    1 (dentro da qualidade)

    1 (dentro da qualidade)

    0 (fora da qualidade)

    0 (fora da qualidade)

    OTiF por pedido

    0 1 0 0 0

    Fonte: Elaborada pelo autor deste livro

    Com base na Tabela 1, calculamos o OTIF da organizao da seguinte forma: OTIF da organizao = Nmero de OTIF por pedido perfeito Nmero de pedidos. Assim, o OTIF da organizao igual

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 524

    a 1 dividido por 5, ou seja, 0,20, o que significa um nmero muito baixo de operaes perfeitas, somente 20%.

    Pela anlise da Tabela 1, podemos ainda observar se a organizao est errando mais em entregar fora do prazo ou se est errando mais em no entregar o pedido conforme o combinado (quantidade e qualidade). No exemplo citado, a organizao errou mais em entregar o produto fora da qualidade (0), trs vezes, do que em entreg-lo fora do prazo, duas vezes. Portanto, esse indicador permite uma anlise dos valores de forma combinada ou separada, sendo muito til para a anlise do Desempenho das operaes logsticas.

    Os indicadores de Custo so mais difceis de serem aplicados a um exemplo pequeno, como o da oferta e preparao de merenda escolar. Poderamos fazer a anlise de uma organizao pblica ou privada, mas para o exemplo da merenda, no temos como aplic-los.

    No entanto, vrios indicadores de Valor poderiam ser usados no exemplo da preparao de merenda, como o custo de aquisio de produtos, o custo de distribuio da merenda (quanto custa o trabalho do funcionrio que faz a entrega dos lanches, a lavagem dos pratos e dos talheres etc.) e, se essa merenda for produzida fora da escola e tiver de ser trazida de carro, haver mais custos em sua distribuio. Com esses valores, o gestor da organizao pode saber se est excedendo ou no ao oramento.

    Outro exemplo no qual o ndice de Desempenho OTIF pode ser aplicvel em organizaes pblicas o servio de emisso de certides ou de alvars. Voc pode medir quantas solicitaes de emisso foram entregues no prazo e quantas solicitaes foram entregues sem erros. Com esses valores, basta calcular o OTIF conforme voc viu anteriormente.

    Para que qualquer um dos indicadores adotados possa trazer benefcios gerenciais para a organizao e ter sucesso na sua implantao, voc, gestor, deve observar as seguintes questes:

    ff Por que medir? Se o gestor no sabe por que est medindo, ento, melhor nem perder tempo.

    ff Como analisar o resultado? Se o gestor no sabe ou no consegue analisar os resultados, porque perder tempo coletando dados.

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 25

    ff Como medir? Se for algo muito difcil de ser medido ou algo que gere muito erro na medio, melhor o gestor no utilizar esses dados para controle.

    ff A fonte confivel? O lugar onde se coleta a informao confivel? De preferncia, a informao nica? O gestor no pode ter o mesmo dado vindo de lugares diferentes, pois aumenta a chance de existir erro.

    ff Qual a periodicidade de coleta de dados? Minutos, horas, dias, turnos, ms, anos etc.

    ff Como divulgar o item de controle? A maneira mais correta de faz-lo por meio de um nico canal de informao.

    ff Qual a forma de apresentao? Sempre que possvel, o gestor deve promover a sua visualizao grfica.

    ff Existem justificativas para os desvios que ocorreram? Sempre que for apresentar resultados de itens de controle, o gestor deve ter justificativas e explicaes para os desvios que ocorreram, seno melhor esperar at levantar todas as justificativas para apresentar os resultados.

    ff Quais aes devem ser tomadas para resolver o desvio? Sempre que forem apresentados desvios e suas justificativas, o gestor deve apresentar, tambm, quais aes sero tomadas ou j esto sendo tomadas para que

    o problema no mais ocorra.

    Reflita sobre essas questes e compartilhe suas ideias no

    Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem (AVEA) com seu

    tutor e com seus colegas de curso.

    Qaidade do Servio Logstico

    Aps o estudo da seo anterior, voc concorda que o Nvel de Servio est relacionado expectativa de qualidade do cliente? E que a qualidade seria o atendimento a essa expectativa do cliente em relao ao Nvel de Servio?

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 526

    A seguir, voc observar que a qualidade do servio logstico pode ser vista como o cumprimento de todos os itens de controle do Nvel de Servio estabelecidos em contrato.

    Fazer alm do combinado no Nvel de Servio no ter

    qualidade, desperdcio!

    Voltemos ao exemplo de uma organizao pblica que emite certides e alvars. Se voc, servidor pblico, combinar com um cliente que vai emitir a certido solicitada por ele em trs dias, no adianta fazer essa emisso antes, pois voc vai ter de ocupar seus arquivos com essa certido, correndo o risco de perd-la ou de extravi-la e, principalmente, de deixar de atender outras coisas importantes com prazos mais apertados.

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 27

    atiidades da Logstica

    As atividades da logstica so estabelecidas com base no Nvel de Servio, por isso ele se encontra no centro do processo logstico demandando para cada uma das atividades da logstica as suas atividades complementares. Voc pode observar essa relao de maneira esquemtica na Figura 4.

    Figura 4 : Estabelecimento das atividades da logstica Fonte: Elaborada pelo autor deste livro

    No esquema da Figura 4, percebemos que as atividades complementares: Compras, Armazenagem, Embalagem de Proteo, Manuseio de Materiais, Transporte e Manuteno da Informao

    na seo anterior, voc viu que a logsti ca um processo composto de diversas ati vidades que podem ser defi nidas com base na funo que elas exercem no processo logsti co. nesta seo, voc conhecer as ati vidades da logsti ca: Gesto do Processamento do Pedido; Gesto de Transporte; e Gesto de estoque. Vamos a elas!

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 528

    se relacionam diretamente com as atividades de Gesto do Processamento do Pedido, de Gesto de Transporte e de Gesto de Estoque.

    Na atividade Gesto do Processamento do Pedido, estudamos a atividade complementar Manuteno da Informao, na qual estabelecida a infraestrutura necessria para recebimento e tratamento dos pedidos recebidos, os padres para colocao de pedidos, as normas de tratamento e o fluxo das informaes dentro da organizao.

    Na atividade Gesto de Transporte, estudamos a atividade complementar Transporte, que diz respeito parte mais operacional da atividade. Nessa atividade so tomadas as seguintes decises: a seleo do modal de transporte*, o dimensionamento da frota, a escolha dos veculos da frota, os roteiros a serem percorridos, a deciso por se utilizar ou no de intermodalidade* e multimodalidade* e a programao de sada para a circulao da frota, entre outras.

    Lembra-se do exemplo da preparao de merenda escolar? Podemos imaginar o Transporte como o meio por intermdio do qual os produtos chegam escola, geralmente de caminho ou de veculo menor. Mas se a prefeitura tiver um setor central que faa a distribuio dos produtos para a produo da merenda nas escolas do municpio, ela deve ter ento uma frota para fazer essa distribuio.

    Na atividade Gesto de Estoque, estabelecemos as polticas de estocagem de insumos e de produtos acabados, a previso de vendas, a definio da quantidade e do tamanho dos armazns para atender a logstica, entre outras. As atividades complementares que mais esto relacionadas Gesto de Estoque so: Compras, Armazenagem, Embalagem de Proteo e Manuseio de Materiais.

    Na atividade Compras, fazemos a escolha dos fornecedores, definimos os produtos a serem comprados, o momento de comprar e de quanto comprar. Portanto, necessrio que a escola planeje quanto ser o estoque formado de arroz, de po, de suco, de legumes, de manteiga, de leite, de caf etc. Repare que esses produtos ocupam espao e, s vezes, um espao caro, como uma cmara fria. Se esta

    *Modal de transporte

    ou modos de transpor-

    te, so os diversos ti pos

    de transporte dispon-

    veis para se transportar

    uma carga. em termos de

    logsti ca, os modais de

    transporte so defi nidos

    em virtude do veculo de

    transporte e do ambien-

    te onde o transporte

    realizado, como o marti -

    mo, o fl uvial, o lacustre, o

    ferrovirio, o rodovirio, o

    dutovirio, o areo. Fonte:

    elaborado pelo autor

    deste livro.

    *Intermodalidade o

    transporte de qualquer

    mercadoria realizado

    por mais de um tipo de

    modal, por exemplo, uma

    parte do transporte

    feita de trem (ferrovirio)

    e a outra parte feita de

    caminho (rodovirio).

    Fonte: elaborado pelo

    autor deste livro.

    *Multi modalidade em

    termos operacionais

    igual intermodalidade, a

    diferena que na multi-

    modalidade apenas um

    documento responde por

    todos os meios de trans-

    porte utilizados, indepen-

    dentemente do trecho

    percorrido e, na intermo-

    dalidade , emitido um

    documento de transporte

    para cada trecho percorri-

    do. Fonte: elaborado pelo

    autor deste livro.

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 29

    cmara fria parar de funcionar, a escola corre o risco de perder todos os produtos.

    E o prazo de validade? Vrios desses produtos tm prazos de validade bem curtos, outros, longos, de seis meses ou mais. Por isso, somente possvel ao gestor ter uma previso daquilo que deve estocar se ele souber a demanda a que esses produtos se destinam, ou seja, o nmero de estudantes para os quais a merenda ser oferecida e as caractersticas dos produtos a serem utilizados. Tudo isso decidido quando estudamos o estoque.

    Na atividade Armazenagem, definimos o espao necessrio para armazenar os produtos, o layout do armazm, a distribuio dos produtos nesse layout, os cuidados com a integridade da carga, o nmero de locais para estacionar os caminhes a serem atendidos e as medidas de segurana patrimonial contra roubo e incndios/exploses, entre outras.

    O gestor da escola deve prever os locais onde o caminho possa ser descarregado com rapidez e segurana. Deve, ainda, prever reas onde possam ser armazenados os produtos sem correr riscos de inundao, alm de prover a segurana do prdio, o controle de entrada e sada dos produtos, entre outras coisas.

    Na atividade Manuseio de Materiais, efetuamos a escolha do tipo de equipamento de manuseio, as polticas de guarda e recuperao de produtos e as polticas de coleta de pedidos.

    Na atividade Embalagem de Proteo, elaboramos o projeto de embalagem que facilita o manuseio, a armazenagem e a segurana patrimonial das mercadorias movimentadas dentro dos armazns e durante o transporte. Por exemplo: o suco transportado em caixas de garrafas, o leite em caixas longa vida soltas ou dentro de outras caixas. Assim, a caixa que comporta 12 caixas de leite e a caixa que comporta vrias garrafas de suco so exemplos de embalagens de proteo para o estudo da elaborao da merenda. Para o caso de grandes escolas, possvel utilizar equipamentos como carrinhos de compra para facilitar o deslocamento de produtos at a cozinha.

    Vale ressaltar que a logstica uma atividade nica e sistmica e que todas as suas atividades, direta ou indiretamente, fazem uso ou necessitam de todas as atividades complementares. Lembra-

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  • Comprar Ma-

    tria-Prima

    Produzir

    Produto

    Cliente

    faz

    Pedido

    Processa-

    mento do

    Pedido

    Manuten-

    o do

    Estoque

    TransporteEntrega

    no

    Cliente

    Se no tiver

    Estoque

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 530

    se da Figura 4? Ela foi apresentada para efeito didtico, mas, na prtica, as atividades ocorrem simultaneamente e no mesmo grau de importncia para a logstica.

    Lembre-se deste anti go provrbio: a fora de uma corrente igual fora do elo mais fraco! e assim o na logsti ca. a operao logsti ca tem enorme chance de falhar no todo se uma de suas ati vidades falhar, independentemente de qual seja.

    Teremos ainda vrias sees para discutir cada uma das

    atividades da logstica e suas atividades complementares.

    Tempo do Cico do Pedido

    Como voc viu anteriormente, a logstica um processo composto de atividades. Para acompanhar se o processo est ocorrendo da forma como foi planejado, o gestor deve medir o tempo entre a colocao do pedido pelo cliente at o momento em que esse pedido foi entregue a este de forma correta. Observe, na Figura 5, o processo logstico relacionado ao Ciclo do Pedido.

    Figura 5: Atividades do Ciclo do Pedido logsticoFonte: Elaborada pelo autor deste livro

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 31

    O Ciclo do Pedido o conjunto de atividades, incluindo todas as atividades da logstica, que devem ser realizadas para que o produto solicitado possa ser entregue ao cliente no Nvel de Servio contratado.

    Assim, o Tempo do Ciclo do Pedido, conhecido tambm como Lead Time (LT), o tempo medido a partir do momento em que o cliente faz a colocao do pedido at o momento em que ele o recebe dentro das condies de qualidade solicitadas, ou seja, de acordo com o Nvel de Servio que contratou. O Tempo do Ciclo do Pedido um dos indicadores mais importantes de qualidade da logstica, pois mede a eficincia de todo o processo logstico. Por meio dele, o cliente calcula o momento em que deve fazer novo pedido a fim de repor seu estoque.

    No caso da preparao de merenda escolar, mais difcil de explicar como ocorre o Tempo do Ciclo do Pedido, mas se olharmos para o exemplo de um hospital, podemos imagin-lo a partir do momento de marcao (colocao do pedido) da data para a realizao de um exame at o dia em que sai o seu resultado com laudo mdico. H casos em que o Tempo de Processamento do Pedido, no caso de exames mdicos, chega a 12 meses! Gerenciar o Tempo de Processamento do Pedido uma boa meta para os hospitais pblicos, voc no acha?

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  • Voc estudou na seo anterior que logsti ca processo e como tal uma ati vidade organizada para ser desenvolvida de forma sistmica, cujas partes so decisivas para o todo. nesta seo, voc entender como ocorre o processo logsti co e quem parti cipa dele.

    Fornecedores Clientes

    Organizao Privada,

    Indstria ou

    Organizao Pblica

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 532

    Processo Logstico

    O processo logstico visto como o conjunto de todas as etapas e de todos os integrantes que compem a logstica de algum produto de uma organizao. Assim, ele composto, entre outros, dos seguintes atores: da indstria, da organizao pblica, da organizao privada, dos fornecedores e dos clientes. Na Figura 6, voc pode visualizar esquematicamente os atores do processo e perceber que o foco est nas parcerias com fornecedores com vistas a atender ao cliente.

    Figura 6: Atores dos processos logsticosFonte: Elaborada pelo autor deste livro

    Para que os fornecedores saibam o que a organizao quer, quando quer e onde quer, necessrio a troca de informao entre eles. Uma vez que o fornecedor tenha tudo que a organizao precisa, ele envia os produtos solicitados por meio de um modal de transporte.

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  • Organizao Pblica

    Organizao Privada,

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 33

    Esse processo denominado Suprimento Fsico (termo mais usado nos Estados Unidos da Amrica), ou Administrao de Materiais (termo mais usado em outros pases), sendo Administrao de Materiais o termo que utilizaremos neste estudo.

    Do mesmo modo, uma vez que a organizao tenha tudo que o cliente precisa, ela envia-lhe os produtos comprados por algum meio de transporte at o local combinado. Esse processo denominado Distribuio Fsica.

    Assim, temos dois processos na logstica: a Distribuio Fsica e a Administrao de Materiais. Veja como se d esse processo por meio da Figura 7.

    Figura 7: Processos logsticosFonte: Elaborada pelo autor deste livro

    Administrao de Materiais

    Para entender o que Administrao de Materiais, voc precisa saber antes que Material todo bem que pode ser contado, registrado, que tem por funo atender s necessidades de produo ou de prestao de servio de uma organizao, seja ela pblica ou privada.

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 534

    A partir desse conceito, podemos definir que a Administrao de Materiais na logstica o conjunto de atividades que tem por objetivo planejar, executar e controlar os materiais adquiridos e usados por uma organizao com base nas especificaes e no uso dos produtos a serem adquiridos por ela. Todo esse processo deve ser feito da forma mais eficiente e econmica que se possa conseguir realizar.

    a administrao de Materiais , portanto, um conjunto de ati vidades que tem por fi nalidade o abastecimento de materiais para a organizao no tempo certo, na quanti dade certa, na qualidade solicitada, sendo tudo isso conseguido ao menor custo possvel.

    Cabe Administrao de Materiais todas as atividades referentes aquisio de matrias-primas para abastecimento da organizao, como o controle de estoque e a deciso de rep-lo, a escolha de fornecedores, os processos de compra, a armazenagem e a entrega para produo, tudo isso sincronizado com as necessidades de produo.

    As principais atividades inerentes Administrao de Materiais so: Manuteno de Estoques, Processamento do Pedido, Compras, Programao do Produto, Embalagem de Proteo, Armazenagem, Manuseio de Materiais, Manuteno da Informao e Transporte. Todas essas atividades sero detalhadas nas prximas Unidades.

    Caro estudante, na prefeitura do seu municpio ou em um

    rgo estadual ou federal, os nomes citados para Administrao

    de Materiais podem no aparecer no organograma dessas

    organizaes. Mas no se preocupe! Em geral, todas essas

    denominaes dizem a mesma coisa e fazem as mesmas

    atividades que foram mencionadas.

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  • vConfi ra a ntegra desse texto consti tucional acessando: .

    acesso em: 26 nov. 2010.

    Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 35

    A Administrao de Materiais, em sua viso mais operacional, tem por objetivo resolver as seguintes questes:

    ff O que comprar (qual o produto a ser comprado)?ff Quem necessita da compra (departamentos e reparties que necessitam do produto)?

    ff Quantas unidades devem ser compradas (no apenas um pedido, mas o lote econmico de compra)?

    ff Quando comprar (prazo-limite que o produto deve chegar menos o tempo do processo de compra)?

    ff Quais so os possveis fornecedores (pesquisar os fornecedores e classific-los para poder consult-los e eventualmente dar notas em funo da confiana/credibilidade neles)?

    ff Qual o preo justo para a compra (fazer uma sondagem no mercado local e nacional (eventualmente internacional) e somar a esses valores o custo de frete para se ter um parmetro do valor cobrado pelo produto, que servir como base para o processo de compra)?

    ff Como realizar o processo de compra (no caso do servio pblico, o gestor deve sempre seguir a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, mais toda a legislao pertinente e, assim, deve escolher se o processo ocorrer por dispensa ou por licitao)?

    ff Como receber os produtos do fornecedor vencedor do processo de compra (fazer testes no produto, como exames do Ministrio da Agricultura, testes em laboratrio de ensaios fsicos para medir a resistncia de uma cadeira de sala de aula ou teste em microcomputadores etc.)?

    ff Como entregar os produtos aos solicitantes (tudo de uma vez, entrega parcial etc.)?

    ff Como controlar o estoque/armazenagem dos produtos estocados pela organizao?

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 536

    As perguntas anteriores nos do noo da complexidade da

    funo do administrador de materiais e da dificuldade de

    realizar todo o processo de maneira gil para que atenda aos

    servidores e/ou aos funcionrios. Aps conhecer o conceito

    de Administrao de Materiais, vamos agora definir quem o

    administrador de materiais.

    O administrador de materiais a pessoa responsvel por executar procedimentos que respondam s perguntas elaboradas anteriormente de forma honesta, sria, sempre buscando a economia dos custos para a organizao por meio de compras realizadas a custos mais baixos e do gerenciamento dos estoques armazenados para evitar roubos, avarias, perda de validade, entre outros.

    Cabe a esse profissional estruturar os procedimentos da Administrao de Materiais para que ela seja padronizada e normatizada dentro da organizao e possa, tambm, ser implantada a Qualidade Total na Administrao de Materiais.

    Note que, se a Administrao de Materiais no realizar suas tarefas a contento, a organizao corre o risco de parar de fornecer seus produtos por no ter material para abastecer a produo, fazendo com que a escola ou o hospital possa parar de atender populao por falta de merenda, de medicamentos, entre outros.

    Voc consegue perceber como a Administrao de Materiais

    importante em qualquer organizao, seja ela privada ou pblica?

    Nas organizaes pblicas, a Administrao de Materiais o processo logstico mais presente na rea de servios e basicamente demanda o abastecimento de produtos para permitir a execuo desses servios. Para entender melhor esse processo, vamos voltar ao exemplo da merenda escolar?

    Pois bem, por analogia, temos a fbrica como a servidora merendeira, que tem por funo preparar a merenda; os clientes

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    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 37

    so os estudantes, que tm uma expectativa em relao merenda saudvel e gostosa no horrio do intervalo; e os fornecedores so as organizaes privadas: supermercados, atacadistas ou fbricas, que ganham as licitaes de fornecimento de produtos alimentcios e que devem entreg-los na escola. Ficou mais claro para voc o processo de Administrao de Materiais?

    Distribio Fsica

    A Distribuio Fsica trata do processamento de pedidos, do transporte, da estocagem de produtos acabados e da armazenagem dos produtos finais da organizao. Podemos ainda dizer que a Distribuio Fsica cobre todas as atividades que vo desde a sada do produto acabado da fbrica at a sua entrega final ao cliente.

    O transporte e o gerenciamento de estoque so as principais atividades que compem a Distribuio Fsica, movimentando os produtos desde o fim da produo at o mercado de clientes.

    Podemos citar, tambm, as seguintes atividades envolvidas na Distribuio Fsica: servio ao cliente, previso de demanda, controle de estoques, processamento de pedidos, suporte aos servios e reposio de partes, seleo de locais de fbricas e de armazns, empacotamento, manuseio de bens de estoques, gerenciamento de rejeitos e de sobras. E ainda, a Logstica Reversa, que o processo de trazer de volta para a indstria os produtos com defeitos e/ou rejeitados pelos clientes.

    A Distribuio Fsica pode variar sua forma de atuar por causa do mercado, assim, temos: Distribuio Fsica para mercado de clientes finais, Distribuio Fsica para mercado de indstrias e Distribuio Fsica para mercado de intermedirios. Vejamos cada um desses processos:

    ff Os clientes finais: so aqueles que usam o produto para satisfazer suas necessidades, geralmente adquirem pequenas quantidades e so em grande nmero.

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    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 538

    ff Os consumidores industriais: so aqueles que compram para produzir novos produtos, geralmente adquirem grandes quantidades e so em menor nmero.

    ff Os consumidores intermedirios: so aqueles que compram em grandes quantidades e distribuem para os consumidores finais e/ou industriais e so em pequeno nmero. Os intermedirios no consomem o produto, mas oferecem os produtos para revenda, s indstrias ou aos consumidores finais.

    Para continuar a falar sobre a Distribuio Fsica, vamos introduzir

    o conceito de Canais de Distribuio, observe-o a seguir:

    Um Canal de Distribuio corresponde a um conjunto de organizaes que participam do fluxo de produtos desde o fornecedor da indstria, passando pela prpria indstria que produz, at o cliente final. Os Canais de Distribuio so usualmente formados por atacadistas, varejistas, revendedores, distribuidores etc.

    Uma organizao pode entregar os seus produtos produzidos diretamente aos seus clientes, Canal de Distribuio 1; ou pode vend-los para uma ou mais lojas de varejo, que os vendem para o cliente final, Canal de Distribuio 2; ou, ainda, as organizaes podem vender os produtos para atacadistas que os vendem para lojas varejistas, que, por fim, os vendem para os clientes finais do produto, Canal de Distribuio 3. Para ilustrar alguns possveis Canais de Distribuio, observe a Figura 8.

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  • Fbrica

    Loja de

    Varejo

    Loja de

    Varejo

    Cliente

    Final

    Canal de

    Distribuio 1

    Canal de

    Distribuio 2

    Canal de

    Distribuio 3

    Cliente

    Final

    Cliente

    Final

    Fbrica Fbrica

    Atacadista

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    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 39

    Figura 8: Exemplos de Canais de DistribuioFonte: Elaborada pelo autor deste livro

    Se a Distribuio Fsica ocorrer no mbito internacional, outras organizaes podem ser incorporadas ao Canal de Distribuio visando maior eficincia da distribuio.

    O sistema de transporte na Distribuio Fsica pode ser classificado em dois tipos: Distribuio um para um e Distribuio um para muitos.

    No tipo Distribuio um para um, o veculo totalmente carregado no depsito da indstria ou em um centro de distribuio (lotao completa) e a carga transportada para um nico ponto de destino, podendo ser qualquer organizao do Canal de Distribuio. Nesse tipo de distribuio, o veculo carregado de maneira a ocupar toda a sua capacidade (volume e/ou peso) e, consequentemente, tende a diminuir o custo de transporte. Na prtica, a Distribuio um para um denominada transferncia de produtos.

    No tipo Distribuio um para muitos, tambm conhecido como Distribuio Compartilhada, ocorre a situao na qual o veculo carregado no depsito da organizao ou em um centro de distribuio, nem sempre com lotao completa, e a carga transportada para diversos pontos de destino do Canal de Distribuio. Como exemplo, podemos ter diversos atacadistas em municpios diferentes ou diversas lojas varejistas. Para cumprir essa distribuio, elaborado para cada veculo da frota um roteiro especfico de entregas por meio de ferramentas matemticas de Roteirizao de Veculos.

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    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 540

    Nesse tipo de entrega, temos a tendncia de no atingir o melhor aproveitamento da capacidade do veculo. Isso se deve aos diversos tamanhos, formas e pesos das cargas que esto sendo transportadas, o que dificulta a acomodao da carga de forma a usar ao mximo a capacidade do veculo. Alm disso, o caminho deve ser carregado na ordem inversa das entregas, o que tambm impede a melhor ocupao do espao interno da carga no caminho. Para minimizar esse problema, existem caminhes com abertura lateral e fechamento em lona, tornando acessvel toda a sua lateral e no apenas a sua parte traseira. Esses caminhes so comumente usados na distribuio de refrigerantes.

    Retomando o exemplo iniciado em sees anteriores, a preparao de merenda escolar, lembra-se? Pois bem, ainda supondo que a fbrica seja a servidora merendeira que tem como funo preparar a merenda, que os clientes sejam os estudantes que tm uma expectativa em relao merenda saudvel e gostosa no horrio do intervalo, que os fornecedores sejam organizaes privadas: supermercados, atacadistas ou fbricas, que ganham as licitaes de fornecimento de produtos alimentcios e que devem entreg-los na escola.

    O que estaria faltando nesse processo?

    At neste ponto o gestor estava agindo segundo o processo de Administrao de Materiais, mas agora ele precisa tirar o produto da cozinha e lev-lo at a cantina, supondo que esses dois locais estejam distantes um do outro. Assim, ao tirar o produto pronto da cozinha, escolher o meio de transporte, a forma de descarregar esse meio de transporte, a forma como o produto final ser embalado, como ser armazenado e efetivamente entregue ao cliente final o estudante , o gestor passa a realizar mais uma etapa do processo logstico: a Distribuio Fsica.

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    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 41

    equirio de Custos so a tica da Logstica

    O que buscamos na logstica no somente minimizar o custo de Transporte ou de Estoque ou de Processamento do Pedido, mas sim minimizar a soma desses trs custos. Invariavelmente, os custos de Transporte e de Estoque se comportam de maneira inversa, quando um aumenta o outro diminui.

    a organizao deve sempre buscar minimizar o custo global de logsti ca que atende ao nvel de Servio contratado pelo cliente.

    Dessa forma, a organizao deve trabalhar para buscar o equilbrio de custos. Vrias anlises de custos podem ser feitas e devem ser analisadas. Para facilitar a o entendimento de uma dessas anlises, observe o grfico da Figura 9, que apresenta de forma clara a necessidade do equilbrio de custos entre as Atividades de Planejamento.

    muito importante para a logsti ca que ela seja realizada dentro de custos planejados. dessa forma, voc, gestor, profi ssional de logsti ca, deve sempre fazer uma anlise criteriosa dos custos envolvidos no processo logsti co de forma a manter o seu equilbrio. Por isso, nesta seo, voc estudar o comportamento dos principais custos da logsti ca.

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  • Custo Global

    Custo de Estoque

    Custo de Transporte

    Estoque/No ArmazmCusto Mnimo

    Processamento do Pedido

    C

    u

    s

    t

    o

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    Mdulo 542

    Figura 9: Equilbrio de custos logsticosFonte: Adaptada de Ballou (1993)

    No grfico da Figura 9, o eixo vertical representa os custos, e o eixo horizontal representa a quantidade em estoque/nmero de armazns. Existem quatro curvas de custos representadas: Custo de Transporte, Custo de Estoque, Custo de Processamento do Pedido e Custo Global. A curva de Custo de Processamento do Pedido est representada no grfico porque compe o Custo Global, no entanto, o valor do Processamento do Pedido frente ao Custo de Transporte e ao Custo de Estoque pode ser considerado zero.

    Analisando as duas curvas mais relevantes, Custo de Transporte e Custo de Estoque, note que, medida que aumenta o nmero de armazns, existe a tendncia a utilizar transportes ponto a ponto, fbrica para armazm, no qual a organizao vale-se de modais de transportes que transportam maior volume de carga com a tendncia natural de diminuio de frete. Assim, a curva de Custos de Transporte tende a reduzir os custos. Em contrapartida, com o aumento dos armazns, h a tendncia para aumentar a quantidade em estoque, pois o estoque est distribudo geograficamente. Com o aumento de armazns e com o aumento da quantidade em estoque, a curva de Custo de Estoque tende a aumentar os custos.

    Como o Custo Global a soma dos trs custos, necessrio procurar o menor Custo Global. O menor Custo Global no o menor Custo de Transporte, nem o menor Custo de Estoque e sim, usualmente, quando as duas curvas de custo se encontram.

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    Mdulo 5 43

    Paneamento da Logstica

    Com o planejamento da logstica, a organizao visa definir, baseada no Nvel de Servio, os modais de transporte a serem utilizados, a rede de distribuio e de suprimento, os nveis de estoque, os modelos, os tamanhos e a quantidade de armazns e a localizao fsica das instalaes (fbrica, armazns e garagens).

    O planejamento da logstica deve, ainda, possibilitar organizao trs objetivos: a reduo de custos, a reduo de investimento e a melhoria de servio. No objetivo reduo de custos, a organizao busca, sobretudo, a reduo de custos variveis associados ao transporte e armazenagem. Normalmente, frente a vrias alternativas para transporte e para armazenagem, a organizao opta pela alternativa de menor custo. No entanto, ela espera que mesmo reduzindo os custos, o Nvel de Servio seja mantido no mesmo patamar anterior reduo de custos. Dessa forma, sendo alcanado o objetivo de reduzir os custos, a organizao aumenta a margem de lucro do produto ou pode analisar a reduo de preos visando uma fatia maior de mercado.

    No objetivo reduo de investimento, a organizao busca investir o mnimo possvel nos processos logsticos. Assim, investimentos com armazenagem e frota so evitados e a organizao utiliza servios de terceiros, sem investimentos. O risco desse objetivo que ele pode aumentar os custos variveis e a vantagem que ele

    Voc deve ter percebido at aqui que a logsti ca um processo complexo que envolve diversas ati vidades e, portanto, para que o processo logsti co seja realizado com xito, necessrio que voc faa o planejamento de todas as ati vidades que comporo o processo logsti co. Vamos conhecer mais sobre o planejamento da logsti ca?

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    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 544

    pode aumentar o retorno sobre o capital investido. Essa estratgica, sob o ponto de vista financeiro, pode ser at interessante, mas sob o ponto de vista operacional muito perigosa, pois corre o risco de a organizao no conseguir terceiros para realizar os servios contratados em momentos de pico de demanda por transporte e armazenagem. Na poca de alta demanda por servios logsticos, tambm ocorre o aumento do valor desses servios.

    No objetivo melhoria de servio, a organizao visa aumentar ou manter a receita por meio da melhoria do Nvel de Servio prestado. Esse objetivo perigoso do ponto de vista de marketing, pois a melhoria do Nvel de Servio pode implicar uma mudana de nicho de mercado pela organizao. Ele se torna interessante quando o preo final mantido e com isso a organizao ganha vantagem competitiva oferecendo mais ao cliente pelo mesmo preo.

    em princpio, esses objeti vos podem ser antagnicos, ou seja, como possvel reduzir custos e melhorar o servio prestado? Como possvel reduzir investi mentos e reduzir custos? as respostas para essas questes no so fceis, mas por causa dessas questes que existem os profi ssionais de logsti ca, pessoas que tm a funo de inovar com novos equipamentos, com materiais e com processos visando trazer resultados positi vos para os trs objeti vos do planejamento.

    Em muitas organizaes, a falta de planejamento e de mtodos acarreta desperdcios que para serem resolvidos no precisam de muito investimento. A implantao de procedimentos operacionais poder significar uma reduo substancial de custos e pode ser uma opo de anlise inicial para resolver os aparentes conflitos entre os objetivos listados anteriormente.

    Para elaborar um planejamento logstico, devemos levantar alguns parmetros bsicos e essenciais de acordo com a realidade futura do mercado e da organizao. Dentre os principais parmetros

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    Mdulo 5 45

    utilizados, citamos os seguintes: Nvel de Servio ao cliente, demanda, caractersticas do produto, opes de modais de transporte, estabilidade poltico-econmica.

    O Nvel de Servio um dos fatores que pode determinar a demanda. Isso porque ele determina o nicho de mercado em que a organizao atua. Ademais, para patamares mais altos de Nvel de Servio, h a tendncia de aumento dos custos dos servios logsticos.

    A demanda projetada do produto em certo Nvel de Servio no futuro , sem dvida, o principal parmetro para qualquer projeto logstico. No entanto, em muitos produtos, principalmente no varejo, estimar a demanda algo extremamente complexo, face s inmeras variveis e ao grau de incerteza delas. Sem o clculo da demanda, em que quantidade e local ocorrer, impraticvel elaborar um planejamento de logstica.

    As caractersticas do produto influenciam as decises de transporte e de armazenagem, alm de questes de risco que podem elevar os custos logsticos.

    As opes de modais disponveis so muito importantes, pois com base nelas podemos escolher uma ou mais opes de transporte. Tendo mais de uma opo de modal de transporte, podemos decidir at por uma operao intermodal. Alm disso, podemos prever novos investimentos em ferrovias, em portos, em armazns e outras facili-dades logsticas.

    A estabilidade poltico-econmica de um pas tambm um fator muito importante, pois ela determina os riscos dos investimentos e as oscilaes de demanda. Os pases com alto grau de instabilidade poltico-econmica praticamente inviabilizam planejamentos de mdio e longo prazo com algum grau de preciso. Esses planejamentos so feitos como uma anlise e viso do que pode vir a acontecer sem valores financeiros e sem quantitativos, somente com estimativas de valores e de sentimentos.

    O planejamento logstico responde ainda a trs perguntas: o que deslocar de um ponto para outro? Quando realizar esse deslocamento? Como fazer esse deslocamento?

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    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 546

    Voc, como profissional de logstica, dever sempre estar atento

    s trs perguntas citadas, buscando reduzir os investimentos, os

    custos variveis e manter ou melhorar o Nvel de Servio prestado.

    Para responder s perguntas anteriores, voc no deve sob nenhuma hiptese trabalhar sem fazer um timo planejamento, buscando antecipar-se aos detalhes, como o tempo para tomar decises que contribuam para que a organizao possa alcanar os trs objetivos mencionados anteriormente.

    Para qualquer planejamento logstico, fundamental o conhecimento de algumas informaes, como o Nvel de Servio oferecido, a demanda real e a demanda projetada, a localizao dos possveis fornecedores, as facilidades logsticas, sobretudo os modais de transporte, a facilidade de contratao de mo de obra capacitada local, a infraestrutura de energia, os pr-requisitos ambientais, os benefcios governamentais, a segurana das instalaes e da carga.

    Dessa forma, voc deve realizar trs tipos de planejamento e cada tipo definido por causa do horizonte de planejamento. Assim, temos os seguintes tipos de planejamento logstico:

    ff Planejamento Estratgico: aquele que ocorre no longo prazo, ainda que no exista um consenso entre os autores da rea do que seja longo prazo, pois alguns definem longo prazo como maior do que um ano, outros definem como maior do que cinco anos. Neste estudo, adotaremos o conceito de planejamento Estratgico como maior do que cinco anos.

    ff Planejamento Ttico: aquele que ocorre em um horizonte mximo de um ano. Normalmente, acompanha o oramento anual das organizaes.

    ff Planejamento Operacional: aquele que ocorre no dia a dia das organizaes, com horizonte mximo de uma semana a no mximo duas semanas.

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  • a certas reas.

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    Mdulo 5 47

    Esses trs nveis de planejamento devem ser aplicados s trs dimenses da logstica: Localizao, ao Estoque e ao Transporte. Para cada uma dessas trs dimenses, alguns tpicos devem ser analisados na hora do planejamento, veja a Figura 10.

    Figura 10: As trs dimenses do planejamento logstico Fonte: Elaborada pelo autor deste livro

    A partir deste ponto, com base nas informaes citadas anteriormente, voc, gestor, pode analisar cada uma das decises tomadas pelas diferentes dimenses da logstica.

    Na Localizao, voc deve tomar as seguintes decises: nmero, dimenso e localizao das instalaes e alocao de armazns para atender a certas reas. Com base nesses dados, apesar do alto grau de complexidade do problema, possvel definir qual o nmero de armazns, quais suas dimenses e suas localizaes. Tambm possvel definir as garagens dos veculos de transporte e os pontos de transbordo das mercadorias, caso isso seja uma definio.

    Alm disso, possvel, pela tica da logstica, definir quais so os fornecedores em melhor condio logstica para atender ao suprimento da fbrica/organizao e a melhor localizao da prpria fbrica. Uma vez definidas as instalaes logsticas, voc pode alocar quais pontos de demanda sero atendidos por quais armazns, definindo as zonas de atuao para cada armazm.

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  • vVoc se lembra dos conceitos desses ti pos de transporte? em caso de

    dvida, retome a leitura

    da seo Ati vidade da

    Logsti ca.

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    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 548

    No transporte, voc deve tomar as seguintes decises: escolher o modal, as rotas (roteirizao) e o tipo de embarque. A escolha do modal de transporte define os tipos de transporte que podem ser usados, como o martimo, o ferrovirio, o rodovirio ou o areo. Essa deciso pode influenciar projetos de construo, de infraestrutura para serem usados pela organizao no seu planejamento. Voc pode, ainda, tomar a deciso de no usar um meio de transporte, mas vrios meios de transporte, utilizando a intermodalidade ou a multimodalidade.

    A segunda deciso diz respeito escolha de rotas, ou roteirizao, ou roteamento, que a definio de aonde a frota de veculos circular. Existem dois nveis de roteirizao, um que prev somente a sequncia de pontos que sero visitados pela frota sem definir efetivamente os caminhos a serem seguidos. O outro, mais operacional, define cada rua e cada caminho que ser percorrido pelos veculos podendo ser rastreado por satlite, o que aumenta a segurana da carga transportada.

    Voc sabia que existem diversos softwares que podem ser

    usados no servio de roteirizao?

    A partir dos pontos de demanda e de clientes, realiza-se o servio de roteirizao, que usualmente est incorporado a um software Geographic Information System (GIS) , que realiza a entrada de dados e apresenta os resultados de forma visual em um mapa da regio a ser atendida.

    A terceira deciso diz respeito definio do tipo de embarque. Os embarques podem ser totais ou fracionados. Os embarques totais ocorrem quando o veculo transportador ocupado somente por cargas de um cliente. Outra opo carregar o veculo de transporte com cargas de diversos clientes, fracionadas, consolidando-as para a viagem e/ou a operao ferroviria.

    Nas decises referentes manuteno de estoques, destacamos: o nvel de estoque e a distribuio do estoque. Tendo as definies

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    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 49

    de localizao das facilidades, dos modais de transporte e do tipo de embarque, voc pode estudar o nvel de estoque que pretende operar. Normalmente, esse nvel influenciado pelo Nvel de Servio vendido, pelos lotes mnimos de produo, pelos modais disponveis, pela localizao das facilidades, entre outros. Outro estudo que voc deve fazer refere-se distribuio do estoque, ou seja, definir ponto a ponto da rede logstica o nvel de estoque necessrio.

    Vale ressaltar que as diversas decises devem ser tomadas simultaneamente, pois cada uma delas gera influncia nas demais, no havendo uma ordem certa para o planejamento. Ressaltamos ainda que essas decises so razoavelmente complexas, apesar das inmeras ferramentas de pesquisa operacional e de computao para apoiar a sua tomada de deciso. Assim, apesar do uso intensivo de ferramentas e de computadores, a sua experincia, como tomador de deciso, muito importante e deve ser ouvida.

    Esse planejamento mais aplicado em organizaes nas quais essas etapas ficam mais claras e definidas. Para ajud-lo nessa compreenso, vamos fazer um pequeno exerccio baseado no exemplo da preparao de merenda escolar. Vamos ao exerccio?

    O que deslocar de um ponto para outro?

    Onde compraremos os produtos para a produo da merenda? No caso do servio pblico, devemos antes fazer uma licitao que nos apresentar quem ser o vencedor do processo. E se esse vencedor for de outra cidade ou de outro Estado?

    Onde sero entregues os produtos?

    Na escola ou no almoxarifado central da prefeitura ou do Estado?

    Uma vez respondidas essas duas perguntas, podemos definir quando deslocar os produtos de um ponto a outro.

    Quando realizar o deslocamento?

    Devemos prever quanto tempo levar o processo licitatrio, uma vez que dependemos dele, afinal de contas, neste momento, fazemos parte de uma organizao pblica e temos de levar em conta

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    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    Mdulo 550

    que o processo de licitao, s vezes, muito demorado, por isso, para realizar o deslocamento, precisamos saber o tempo de entrega.

    Por causa desse prazo, para no deixar a escola sem estoque para preparao da merenda, devemos prever o tempo de entrega para definirmos quando temos de iniciar o deslocamento.

    Como fazer o deslocamento?

    Ser feito com carro leve de um fornecedor local e com poucos produtos? Ou ser realizado por um caminho vindo direto da fbrica?

    E, ainda, como resolver tais questes reduzindo o Custo Global? Por exemplo, o mesmo caminho que traz o leite, pode trazer a manteiga. Mas necessrio certo cuidado, pois se esse mesmo caminho trouxer o alho, este pode estragar o leite com o seu cheiro. Nessa linha de raciocnio, o exemplo ilustrativo quanto necessidade de um bom planejamento logstico.

    Complementando...

    Para entender melhor o conceito de ciclo do pedido, apresentado na seo Tempo do Ciclo do Pedido, e perceber que ele est em todos os lugares,

    assista ao filme:

    O Nufrago com Tom Hanks. Para voc captar o momento certo do filme, observe as cenas do garotinho correndo pelas ruas de Moscou, na situao, ele busca um Tempo do Ciclo do Pedido, ou LT, perfeito.

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    Unidade 1 introduo Logsti ca

    Mdulo 5 51

    Resumindonesta Unidade, voc aprendeu que logsti ca a colocao

    do produto certo, na quanti dade certa, no lugar certo, no prazo

    certo, na qualidade certa, com a documentao certa e ao custo

    certo, produzindo da melhor forma, deslocando mais rapidamen-

    te, agregando valor ao produto e dando resultados positi vos aos

    acionistas e aos clientes. Tudo isso respeitando a integridade de

    empregados, de fornecedores, de clientes e a preservao do

    meio ambiente.

    estudou sobre a importncia do nvel de Servio como a

    defi nio exata e mensurvel do que o cliente deseja em termos

    de servio, preconizando trs etapas para o seu estabelecimento:

    pr-transao, transao e ps-transao.

    Conheceu as trs ati vidades da logsti ca: Gesto do Proces-

    samento do Pedido, Gesto do Transporte e Gesto do estoque,

    e as suas ati vidades complementares: Compras, armazenagem,

    Manuseio de Materiais, Manuteno da informao, embalagem

    de Proteo e Transporte.

    aprendeu que a logsti ca se divide em dois processos: admi-

    nistrao de Materiais e distribuio Fsica e que, para ser realiza-

    da, gera diversos custos, o que faz com que a organizao busque

    sempre minimizar o seu Custo Global.

    Voc estudou, ainda, o que o planejamento logsti co e os

    aspectos que devem ser observados em sua elaborao, como o

    transporte, o estoque e a localizao.

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Gesto de Operaes e Logsti ca i

    52

    Vamos conferir se voc teve bom entendimento do que abordamos nesta Unidade? Para a realizao das ati vidades ser necessrio que voc tenha bem defi nido o que entende por logsti ca. em seguida, procure uma organizao pblica de seu municpio ou regio a fi m de observar e de registrar como feita a logsti ca na operao dessa organizao e escrever sobre o nvel de Servio por ela prestado. aTenO: escolha bem a organizao para a realizao das ati vidades desta Unidade, pois ela tambm ser uti lizada por voc para responder s ati vidades das prximas Unidades. Caso voc seja servidor pblico, o ideal escolher uma rea da sua organizao. Como dica, sugerimos a escolha de organizaes que ofeream servios mdicos, servios de coleta de lixo, servios educacionais e outros. Com base nos dados coletados na organizao pblica escolhida, responda s questes a seguir:

    Atividades de aprendizagem

    1. Quem so os fornecedores e os clientes da organizao?

    2. Qual a origem das matrias-primas e o desti no dos produtos acaba-

    dos da organizao?

    3. Quais ati vidades da logsti ca e suas ati vidades complementares so

    desenvolvidas na organizao?

    4. Como a administrao de Materiais estruturada? (departamentos,

    nmero de pessoas, bens que ela possui: veculos, armazns etc.).

    5. Como a distribuio Fsica estruturada? (departamentos, nmero

    de pessoas etc.).

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  • Bacharelado em Administrao Pblica

    Unidade 2

    Objetivos especficos de aprendizagem

    ao finalizar esta Unidade, voc dever ser capaz de:

    ff definir e explicar a Gesto do Processamento do Pedido, suas etapas e sua importncia para a logstica; e

    ff Conceituar informao e explicar como realizada a Manuteno da informao.

    Gesto do Processamento do Pedido

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  • Mdulo 5

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