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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM ADRIELY CAPELINI CURCIO PRISCILA SCHIMIDT BORGES GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: A VIVÊNCIA DE UMA GRAVIDEZ PRECOCE VITÓRIA/ES 2018

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE

VITÓRIA - EMESCAM

ADRIELY CAPELINI CURCIO

PRISCILA SCHIMIDT BORGES

GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: A VIVÊNCIA DE UMA GRAVIDEZ PRECOCE

VITÓRIA/ES

2018

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ADRIELY CAPELINI CURCIO

PRISCILA SCHIMIDT BORGES

GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: A VIVÊNCIA DE UMA GRAVIDEZ PRECOCE

Trabalho de conclusão de curso apresentado a

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de

Misericórdia de Vitória em cumprimento parcial às

exigências do Curso de Graduação em

Enfermagem.

Orientadora: Dra. Italla Maria Pinheiro Bezerra

VITÓRIA/ES

2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

ADRIELY CAPELINI CURCIO

PRISCILA SCHIMIDT BORGES

GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: A VIVÊNCIA DE UMA GRAVIDEZ PRECOCE

Trabalho de conclusão de curso apresentado a

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de

Misericórdia de Vitória em cumprimento parcial às

exigências do Curso de Graduação em

Enfermagem.

___________________________________________

Orientadora: Dra. Italla Maria Pinheiro Bezerras

Coordenadora do Curso de Enfermagem EMESCAM

___________________________________________

Prof.ª Aldirene Libano Maestrini Dalvi

Preceptora de Estágio Supervisionado EMESCAM

1º Banca Avaliadora

__________________________________________

Prof.ª Ms. Patrícia Correa de Oliveira Saldanha

Professora do curso de Enfermagem EMESCAM

2º Banca Avaliadora

VITÓRIA/ES

2018

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O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.

O que for o teu desejo, assim será tua vontade.

O que for a tua vontade, assim serão teus atos.

O que forem teus atos, assim será teu destino.

Brihadaranyaka Upanishad

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RESUMO

A gravidez na adolescência está intimamente ligada às mudanças socioculturais que ocorreram

no decorrer dos séculos. A inserção da mulher no mercado de trabalho a ajudou a conquistar a

própria independência, porém, em sua maioria, não lhe deu condições para dividir as

responsabilidades entre a vida pessoal, familiar e empregatícia. Atualmente a adolescência é

vista como a passagem da infância para a vida adulta, marcada por profundas transformações e

fragilidades, dentre elas as mudanças hormonais, comportamentais e morais. A falta de diálogo

dentro do âmbito familiar, a influência da mídia, o acesso sem supervisão à internet, e os

namoros cada vez mais precoces, são alguns dos motivos estudados que levam o adolescente

ao interesse em se descobrir sexualmente. As consequências disso estão nos altos índices

encontrados de gravidez na adolescência e na contração de infecções sexualmente

transmissíveis. O presente estudo teve como objetivo analisar a percepção de mulheres que

engravidaram na adolescência em relação as suas vivências nesse período de tempo, bem como

identificar os fatores considerados por elas como condicionantes para esse ato precoce, as

mudanças ocorridas e descrever o papel da família e/ou parceiro antes, durante e após a

gestação. Tratou-se de uma pesquisa do tipo descritiva, desenvolvida a partir de abordagem

qualitativa, no município de Vitória/ES. Para a realização desse estudo foi utilizado o sistema

conhecido como “bola de neve”. A partir dos dados coletados evidenciou-se que as mulheres,

em sua maioria, não planejaram ter filhos com a idade que os tiveram, e relataram que foi um

momento de pouca maturidade e muita irresponsabilidade. Depreendeu-se através das

entrevistas que a falta de planejamento, educação em saúde sexual, despreocupação e

imaturidade da idade são fatores determinantes no número de meninas nessa condição, tratando-

se de um problema de saúde pública.

Palavras-Chave: Gravidez na Adolescência; Sexualidade; Saúde Pública;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 10

3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 11

3.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 11

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 11

4 MÉTODO ............................................................................................................................. 12

4.1 TIPO DE ESTUDO ........................................................................................................ 12

4.2 CENÁRIO ....................................................................................................................... 12

4.3 POPULAÇÃO ALVO .................................................................................................... 12

4.4 COLETA DE DADOS .................................................................................................... 12

5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................................ 14

6 RESULTADOS .................................................................................................................... 15

6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES ........................................................... 15

6.2 TÉCNICA DE ORGANIZAÇÃO DOS DADOS E EVIDÊNCIAS PERCEBIDAS ..... 15

7 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 17

8 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 22

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 23

APÊNDICES ........................................................................................................................ 26

APÊNDICE A ...................................................................................................................... 27

APÊNDICE B ....................................................................................................................... 28

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Cavasin (2007), um dos fatores mais determinantes para classificar uma

gestação como precoce está no contexto produzido pela própria sociedade. Já houveram épocas

em que gestar uma criança aos 15 (quinze) anos de idade não era motivo para estranheza, mas

visto como algo normal dentro dos padrões estabelecidos. É importante observar que o modelo

de juventude toma formas diferentes ao longo da história, variando de local para local.

As diversas mudanças ocorridas no fim do século passado, em virtude da Revolução

Industrial na Europa, e, especialmente, as consequentes à I Guerra Mundial, deram

oportunidade as mulheres para se inserirem em diversas áreas de trabalho que não estavam

disponíveis a elas antes. Contudo, essa jornada de trabalho não veio seguida por políticas que

lhes possibilitassem condições para dividir as responsabilidades entre a vida pessoal/familiar,

com as do emprego. Surgia então uma nova categoria: A da adolescente que se lançava no

mercado de trabalho. Gestar uma criança nesse período então tornava-se sinônimo de empecilho

para a evolução profissional (SANTOS; NOGUEIRA, 2009).

A adolescência é uma etapa da vida no qual profundas transformações ocorrem e que

podem implicar no crescimento e desenvolvimento desses indivíduos. É uma fase de transição

entre a infância e a vida adulta, conhecida como um período de maturidade do processo

psicológico, social e maturacional, assim como do crescimento somático e o desenvolvimento

de habilidades psicomotoras, da atuação intensa dos hormônios levando a mudanças relevantes

de forma e expressão, tais como as mudanças biológicas, psicossociais, cognitivas, morais e,

até mesmo, espirituais. (SILVA, 2012; LIMA, 2013)

Nessa fase da vida, o adolescente deve ter autonomia e liberdade sobre seu corpo diante

das questões sexuais e reprodutivas, sendo esta a dimensão fundamental da saúde, a reprodução

e sexualidade, assegurando o direito de escolha como princípio de cidadania, corroborando com

o conceito de saúde reprodutiva definido pela Conferência de Cairo em 1988 da OMS, em que

estabeleceu ser um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não de mera ausência

de doença ou enfermidade, em todos os aspectos relacionados ao sistema reprodutivo, suas

funções e processos (VENTURA, 2009).

Nesse contexto, revela-se que muitas são as fragilidades da fase inicial da adolescência

até a vida adulta devido as mudanças comportamentais e físicas. A atual realidade brasileira

mostra que a maioria dos adolescentes encontrados nas periferias não tem uma base familiar

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estabelecida e a outra parcela que tem este privilégio, muitas vezes não tem acesso a

informações sobre sexualidade em casa, por conta da dificuldade que alguns pais ainda tem de

tocar no assunto, transformando-o no conhecido “Tabu”, gerando consequências diretas na

pratica sexual cada vez mais precoce e escondida. Os resultados gerados são situações como o

sexo desprotegido por medo de levantar esse assunto com os pais ou por receio que eles limitem

a liberdade de sair ou ver quem desejam caso descubram seu interesse pelo assunto.

Esse segmento populacional é conhecido como a fase das vulnerabilidades, o que

implica no aumento de riscos de agravos à saúde, como: a gravidez precoce, aborto induzido e

as infecções sexualmente transmissíveis, além do uso de drogas, os acidentes e as diferentes

formas de violência (BRASIL, 2007). Dentre os riscos, destaca-se a gravidez na adolescência

que tem repercutido diretamente na saúde dessa população, sendo cada vez mais precoce.

O medo de serem rejeitadas por seus parceiros e familiares ao informar que estão

grávidas, faz com que muitas dessas meninas não procurem pelo serviço de saúde para buscar

informações e optem por abortar. Observa-se que a maior parte desses abortamentos está sendo

praticada de forma cada vez menos segura, no intuito de resolver rapidamente essa questão

antes que o feto se desenvolva e para que ninguém descubra. Esse fato agrava-se principalmente

quando o feto se encontra em estágio mais avançado, podendo levá-las a complicações serias,

como esterilidade ou até mesmo o óbito. Em 2011, dados demonstraram que de todas as mortes

relacionadas a prática do aborto, 17% foram de jovens entre 10 e 19 anos. (BRASIL, 2013).

Outro fator preocupante é o poder da mídia. Ela exerce um papel importante quando se

trata de sexualidade. Nas novelas, as cenas que envolvem esse assunto são cada vez mais

frequentes e explicitas, além disso, muitas crianças tem acesso a celulares e a internet cada vez

mais cedo, podendo se achar de tudo e sem a supervisão de ninguém (MAIA et al.,2010).

Também não existe mais tanta resistência dos pais para liberar seus filhos a namorar tão cedo

como era na década de 90. Muitas adolescentes já têm seu primeiro namorado aos 13 ou 14

anos e, por conseguinte, relações sexuais cada vez mais desprotegidas e despreparadas.

(MOREIRA et al., 2008)

Assim, a gravidez na adolescência deve ser abordada de forma ampliada focando-se o

aspecto da sexualidade, sem julgamentos de valores e com respeitos aos direitos sexuais e

reprodutivos de adolescentes e jovens, sendo uma abordagem que seja discutida por diversos

ambientes como na escola, família e comunidade, contribuindo assim para o fortalecimento da

autonomia e do autocuidado (SPINDOLA; RIBEIRO; FONTE, 2015). Nos serviços, os

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profissionais ao desenvolverem educação em saúde sexual com os adolescentes, devem

direcionar ações com o intuito de atender suas necessidades e fortalecer autonomia para a

promoção da sua saúde (GUERREIRO et al., 2014).

Nessa perspectiva, entende-se que a prevenção da gravidez a partir dos direitos sexuais

e reprodutivos aconteça envolvendo os sujeitos, profissionais de saúde e as adolescentes, e que

seja uma ação baseada na orientação específica para esse grupo sobre o sexo seguro e

responsável, opções e negociações entre os parceiros dos métodos contraceptivos,

sensibilização sobre as consequências de uma gravidez não planejada e das infecções

sexualmente transmissíveis, uma vez que dados revelam que anualmente no país, em torno de

um milhão de jovens, entre os 10 aos 19 anos de idade, tornam-se mães e por sua vez, tal

condição acaba sendo reincidente ainda nesta fase de vida (ALMEIDA et al., 2016).

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2 JUSTIFICATIVA

Diante ao exposto, justificou-se a necessidade de entender as percepções dessas

mulheres que foram mães na adolescência quanto ao processo de sexualidade e as mudanças

após a descoberta da gravidez. Desse modo, o presente estudo teve como pergunta norteadora:

Como as mulheres que foram mães durante a adolescência enxergam esse momento na vida

delas? A hipótese desse estudo foi que a gravidez na adolescência se condicionou pela falta de

conhecimento das adolescentes.

O estudo sobre a vivência de mulheres que foram mães na adolescência é fundamental

para entender quais desafios ainda existem para a ocorrência da gravidez não planejada, dando

visibilidade a possíveis fatores que influenciam o início de vida sexual precoce. Logo, esse

estudo traz uma relevância no sentido de prover resultados que podem redirecionar práticas de

saúde a esse grupo populacional, enfatizando a importância no processo de planejamento

familiar no sentido de desenvolver ações voltadas para prevenção de riscos, no que se refere a

gestação, para que se reduza números de gravidez nessa faixa etária quando não planejada,

assim como, caso aconteça, esta seja uma etapa segura tanto para mãe quanto para o bebe.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a percepção de mulheres que engravidaram na adolescência em relação as suas

vivências nesse período de tempo.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar fatores que essas mulheres consideram como condicionantes para a gestação na

adolescência;

Identificar as mudanças de vida dessas mulheres após a descoberta da gravidez e após o

nascimento da criança;

Descrever o papel da família e/ou do parceiro antes, durante e depois da gestação.

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4 MÉTODO

4.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, desenvolvida a partir de abordagem

qualitativa, conduzida de acordo com a guideline internacional para pesquisas qualitativas

COREQ (Critérios consolidados para relato de pesquisa qualitativa), obedecendo aos 32 itens

estabelecidos pelo checklist (TONG; SAINSBURY; CRAIG, 2007).

4.2 CENÁRIO

Esta pesquisa foi realizada no município de Vitória/ES, tendo como cenários tanto as

Unidades Básicas de Saúde (UBS) selecionadas, quanto uma instituição de referência em saúde

da mulher.

4.3 POPULAÇÃO ALVO

Identificou-se por meio de busca ativa mulheres que atualmente encontram-se com

idade superior a dezoito anos e que engravidaram no período da adolescência, entre os 12 (doze)

e 18 (dezoito) anos de idade, com base na lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, que dispõe em

seu art. 2º que o período da adolescência equivale as pessoas maiores de 12 anos e menores de

18 (BRASIL, 1990).

4.4 COLETA DE DADOS

Para a realização desse estudo foi utilizado o método conhecido como “bola de neve”,

que teve início dentro das UBS. Em seguida passou a ser em uma instituição referência em

saúde da mulher, após esta ser indicada como um local propício para a coleta de dados.

O método “bola de neve” se trata de um tipo de amostragem não probabilística, que

utiliza cadeias de referência. Sendo assim, a partir desse tipo específico de amostragem, não é

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possível determinar a probabilidade de seleção de cada participante na pesquisa, mas torna-se

útil para o estudo de determinados grupos difíceis de serem acessados.

A execução da amostragem em bola de neve se constrói da seguinte maneira: para o

pontapé inicial, lança-se mão de documentos e/ou informantes-chaves, nomeados como

sementes, a fim de localizar algumas pessoas com o perfil necessário para a pesquisa, dentro da

população geral. Isso acontece porque uma amostra probabilística inicial é impossível ou

impraticável, e assim as sementes ajudam o pesquisador a iniciar seus contatos e a tatear o grupo

a ser pesquisado. Em seguida, solicita-se que as pessoas indicadas pelas sementes indiquem

novos contatos com as características desejadas, a partir de sua própria rede pessoal, e assim

sucessivamente e, dessa forma, o quadro de amostragem pode crescer a cada entrevista, caso

seja do interesse do pesquisador. Eventualmente o quadro de amostragem torna-se saturado, ou

seja, não há novos nomes oferecidos ou os nomes encontrados não trazem informações novas

ao quadro de análise (VINUTO, 2014)

Foi utilizada para a coleta de dados uma entrevista semiestruturada com a finalidade de

identificar os fatores que desencadeiam uma gestação precoce, relatando assim a vivência de

cada uma das entrevistadas sobre a gravidez na adolescência.

As entrevistas forneceram um material empírico que juntamente com os coletados pela

observação, foram organizados a partir da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin

(2011), que dispõe em três etapas para melhor direcionar a análise, a conhecer:

I. Pré-análise: Que é a fase de organização propriamente dita. Nela escolheram-se os

documentos que foram submetidos a análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos

e a elaboração dos indicadores que fundamentam a interpretação final.

II. Exploração do material: Esta fase consiste essencialmente de operações de codificação,

desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas.

III. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: Nesta fase os resultados brutos foram

tratados de forma que ao final possuem um significado. Nela, o analista propôs

inferências e adiantou interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam

respeito a outras descobertas inesperadas.

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5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O projeto desta investigação foi submetido inicialmente a Escola Técnica do SUS do

município de Vitória (ETSUS) para análise da viabilidade de sua aplicação. Após aprovado, o

projeto passou pelo Comitê de Ética em Pesquisa, cumprindo as exigências formais dispostas

na Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, que dispõe sobre

pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2018).

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6 RESULTADOS

6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES

Foram abordadas 35 mulheres na intenção de se realizar entrevistas semiestruturadas.

Dessas, 28 (vinte e oito) aceitaram responder ao questionário e 07 (sete) manifestaram recusa.

A faixa etária da pesquisa variou dos 18 aos 43 (quarenta e três) anos de idade.

Das 28, 05 (cinco) relataram possuir apenas um filho, 09 (nove) possuem dois e 14

possuem três ou mais. Quanto ao grau de escolaridade, 04 (quatro) tem ensino fundamental

incompleto, 12 tem ensino médio incompleto, 10 (dez) tem ensino médio completo e/ou curso

técnico e 02 (duas) tem ensino superior. Consoante a pergunta sobre o exercício de algum tipo

de atividade remunerada na época da gestação, 05 (cinco) afirmaram que trabalhavam no

período que engravidaram e 23 (vinte e três) não. Ao serem questionadas se a gravidez foi

planejada, 21 (vinte e uma) responderam que não e 7 responderam que sim.

6.2 TÉCNICA DE ORGANIZAÇÃO DOS DADOS E EVIDÊNCIAS PERCEBIDAS

Tabela 1: Organização do material empírico segundo técnica de análise de dados de Bardin.

Vitória, Brasil, 2018.

Unidades de

registro

Unidade de contexto Evidências Categorias

analíticas

Irresponsabili

dade; Falta de

diálogo em

casa; medo e

susto;

A pouca idade e a imaturidade

levam a atos pelos quais não são

medidas as consequências.

Depois da descoberta, o maior

medo não se encontra em gestar

um bebê, mas na reação dos

familiares e do parceiro ao

contar o ocorrido.

Falta de diálogo familiar,

falta de conhecimento

sobre métodos

contraceptivos e

apreensão por causa da

reação da família e do

parceiro.

GRAVIDEZ NA

ADOLESCÊNCIA:

PERCEPÇÕES

Estudo

interrompido;

Maior

responsabilida

de e apoio

familiar;

As meninas acabam criando um

senso de responsabilidade que

antes não tinham e o medo da

falta de apoio na gestação que a

maioria relata, em geral termina

após o nascimento da criança,

aumentando sua aceitação.

Maior

responsabilidade e

menos tempo para se

dedicar aos estudos por

entender que a tarefa

do cuidado está

diretamente ligada às

mulheres, julgamento

de valores costuma

terminar após o

nascimento da criança.

DESCOBERTA

DA GRAVIDEZ E

MUDANÇAS

OCORRIDAS

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Teria planejado;

esperaria para

acontecer no

tempo certo;

Apesar do amor e laço afetivo

que envolvem mãe e filho, nota-

se que a maioria teria feito

escolhas diferentes se isso fosse

possível. Dentre os pontos mais

vistos temos a vontade de terem

estudado mais e no momento

certo, formação de uma família

estruturada e melhores

condições financeiras.

Experiências vividas,

melhores escolhas ao

olhar para o passado,

não recomendação

para que outras

meninas passem pelo

mesmo período.

EXPERIÊNCIA E

MATURIDADE

APÓS A

MATERNIDADE

NA

ADOLESCENCIA

Como demonstrado na tabela 1, notou-se que a maioria das mulheres proferia o mesmo

discurso sobre os anseios e temores que as afligiam, evidenciando o despreparo ao se

encontrarem grávidas tão cedo.

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7 DISCUSSÃO

Não há como definir apenas um fator que influencie uma mulher, ainda no início de sua

vida reprodutiva, a tornar-se mãe. Cada uma, de maneira particular e subjetiva, traça sua história

a partir das variáveis encontradas a cada dia vivido. Falta de responsabilidade? Desejo de se

inserir no mundo adulto? Pouca informação? Vulnerabilidade? Vontade de ser mãe? Todas as

opções juntas? O importante é entender que há incontáveis elementos interconectados, estes, de

característica econômica, social e cultural (CAVASIN, 2007).

Assim, considerando essa temática, ao abordar as participantes sobre a percepção delas

sobre seu período de gravidez, muitas disseram ter sido um período difícil e assustador, até

mesmo aquelas que planejaram a gestação admitiram que a adaptação à nova rotina não foi um

momento fácil “Fiquei desesperada, fiquei sem chão no momento, mas depois eu pensei direito

e arrumei uma solução”, “Queria tirar, tanto que eu fiz sumo de remédio natural pra tomar,

mas não deu certo não. Mas eu fiquei desesperada porque não tinha ninguém pra apoiar”,

“Fiquei com medo, medo do meu pai”.

Apreende-se que a grande maioria das mulheres que respondeu aos questionários veem

essa fase da vida como um momento de irresponsabilidade, pois sabiam a maneira de se

prevenir e não o fizeram. Aquelas que afirmaram não ter possuído instrução quando mais novas,

estão entre as mulheres que atualmente tem 30 anos ou mais, o qual demonstra que na época

em que eram jovens o assunto de sexualidade não era tão acessível como é hoje.

Segundo os resultados encontrados por Belo e Silva (2004), dados mostram que as

mulheres que engravidaram na adolescência tinham sim conhecimento sobre os métodos

contraceptivos, embora admitam ter feito mal-uso ou nenhum uso dos mesmos. Essas

informações, apesar de irem de encontro a hipótese inicial da nossa pesquisa, corroboram com

os dados encontrados a partir das entrevistas feitas.

Dentre os conflitos vivenciados no momento da descoberta da gestação, o medo de

contar aos familiares e ao parceiro assume um ponto importante na vida delas por não

conseguirem prever a reação deles diante da notícia. Moreira et al. (2008), em sua pesquisa,

mostram que esse receio por vezes é tão exacerbado que as adolescentes deixam de contar que

estão grávidas e optam em abortar por conta própria, preferindo pôr a própria vida em risco ao

pensar em perder o afeto e auxílio das pessoas que consideram importantes.

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Ao observar as mudanças identificadas após a descoberta da gravidez, tem-se como

tema relevante a evasão escolar. Sobre isso, percebeu-se que com o passar dos anos e das

mudanças ocorridas nas normas educativas, os jovens têm se tornado cada vez mais

dependentes dos pais para terminarem os estudos que se tornaram mais extensos,

principalmente por causa da crescente necessidade de qualificação profissional para

conseguirem se inserir no mercado de trabalho, o que também dificulta a autonomia econômica.

No que diz respeito aos estudos, existem duas vertentes: a das adolescentes que tem o apoio dos

pais ou responsáveis para continuar os estudos e as que precisam parar para trabalhar e/ou

cuidar da criança. Diante disso, muitas dessas adolescentes ao se depararem com uma gravidez

inesperada, buscam refúgio na família que já era a base de sustentação, quando não moram com

o parceiro ou não tem independência financeira. A família, por outro lado, não encontra outra

solução se não amparar mãe e filho nesse momento, caso não os afastem e rompam os laços.

(BRANDÃO; HEILBORN, 2005)

Vale ressaltar também o julgamento social que acomete algumas dessas adolescentes no

momento em que se encontram em estado avançado de gestação, que culminam no abandono

estudantil, como revelam os fragmentos abaixo: “Tudo, os amigos que eu tinha se afastaram,

eu larguei os estudos, parei de sair”, “Em relação a escola tudo mudou, você começa a sentir

vergonha porque você vai mudando, seus coleguinhas começam a te deixar de lado e você

escuta né, principalmente mulher falar uma das outras e isso só foi me afastando, quando

chegou no finalzinho da gravidez já não quis mais ir pra escola, depois veio a criança, eu tive

que me focar nisso e parei de vez, então por isso que eu tenho só até o primeiro grau [...]”.

Além de todas as mudanças físicas ocorridas no corpo e nas relações sociais, muitas das

entrevistadas apontaram como consequência do nascimento do primeiro filho o aumento das

responsabilidades que está atrelada as mudanças ocasionadas pela chegada de um ser, que agora

passa a ser de responsabilidade total da adolescente.

Ao analisar a aceitação familiar após o nascimento da criança, Silva e Tonete (2006),

apontam em sua pesquisa que, conforme a notícia da gravidez vai sendo difundida entre os

membros da família, a maioria das pessoas passa a expressar sentimentos positivos com relação

a chegada de um novo membro, acarretando uma melhora na harmonia e na dinâmica familiar.

Diante disso, percebe-se a concordância com os dados obtidos, onde das 28 mulheres

descritas, apenas 02 relataram não ter possuído nenhum apoio da família e do companheiro e

as outras 26 (vinte e seis) tinham o apoio de pelo menos um dos lados “eles apoiaram sim,

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financeiramente também eles estão me ajudando”, “ minha família apoia totalmente e o pai da

criança só apoiou no começo”, “Dos meus familiares não muito, porque né, eu tinha 17 anos,

mas ficou bem estremecido. Meu marido não, meu marido apoiou o tempo todo".

Ao serem perguntadas sobre a possibilidade de se mudar algo caso possuíssem a

oportunidade de voltar atrás, apenas três declararam que não mudariam nada, porém todas as

outras responderam que, se pudessem, tentariam se prevenir e se planejariam melhor diante de

uma decisão tão importante e que traz consigo diversas mudanças, dada a dificuldade de se criar

uma criança no período juvenil "Mudaria, não teria tido filho naquela época, teria estudado,

feito ensino médio, faculdade. Primeiro, acho que hoje em dia eu estaria pensando, né?! No

assunto, sobre casar, ter filhos, essas coisas. Teria investido na minha vida como um todo. [...]

Filho adiou bastante meus planos", "Se eu tivesse esses conhecimentos, fazia não. Hoje em dia

está muito difícil. Antigamente eu não pensava como hoje né, o tempo vai passando a gente vai

amadurecendo.".

Apesar da grande maioria das mulheres que responderam o questionário se arrepender

de ter engravidado tão cedo, isso não tem ligação alguma com o sentimento de falta de amor ou

rejeição pelos filhos. Essa opinião se deve as dificuldades encontradas e a falta oportunidade

para o crescimento pessoal e profissional que acabaram tendo "Bom, eu não me arrependo do

meu filho, mas com certeza eu teria planejado, porque mudou muita coisa, depois foi mais

difícil pra trabalho, pra estudo, porque eu não voltei, mas se pudesse mudar essa parte, poder

ter o mesmo filho que eu tenho hoje pra frente, eu teria", “Eu me preservava mais, amo minha

filha, mas teria tomado mais cuidado”.

De acordo com a cartilha da Primeira Infância e Gravidez na Adolescência (2013), da

mesma forma que o corpo de uma adolescente não está biologicamente maduro para gestar uma

criança, também não existe uma maturidade psicológica para que elas sejam mães. Isso se deve

a dificuldade que essas adolescentes têm em se colocar no lugar do outro, estando centradas nas

suas próprias vontades e necessidades, diferentemente das mulheres que já são adultas.

Quando se analisa o quesito “vida social” algumas destacaram a falta de liberdade que

passaram a ter após o nascimento do bebê “Não teria engravidado, estaria curtindo, perdi

metade da minha infância, perdi tudo, fui começar a curtir depois de velha”, “se fosse agora

eu não pensava nisso não porque é um saco”, “depois que nasceu aí que você não vai mais

mesmo durante um bom tempo (nas festinhas)”.

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Ao considerar o avanço tecnológico que atualmente testemunham-se no campo da

contracepção e as melhorias no cenário da saúde reprodutiva e sexual, uma das melhores

maneiras de adesão a um programa de prevenção é a viabilização de informações e meios

relativos aos métodos anticoncepcionais existentes. Ofertar alternativas de escolha aos jovens,

inclusive ao casal, fornece proteção a ambos e, consequentemente, um melhor aproveitamento

do recurso proposto. Esta é uma ocasião importantíssima, implica em uma vida sexual segura

e satisfatória, possuindo a possibilidade de reproduzir, caso queiram e a autonomia para optar

sobre em qual período da vida e quantas vezes devem fazê-lo (BERLOFI et. al. 2006).

No Brasil, o planejamento de gravidez ainda não é uma realidade para a maior parte das

mulheres. Ao se realizar um estudo em São Paulo, foi identificado que as mulheres que têm

mais chances de efetuar o planejamento são as mais velhas, que exercem trabalho remunerado

e possuem maior intervalo de tempo entre a menarca e a primeira relação sexual e ainda foi

evidenciado que a ocorrência da primeira relação sexual antes dos 16 anos tem relação direta

com o não planejamento de gravidez (BORGES et al, 2016).

Outro estudo, este realizado em Teresina-PI, Brasil, constatou que o conhecimento não

é o único fator responsável, mas contribui significativamente para o desfecho da gravidez não

planejada, entretanto, outros fatores, como idade, sexarca, renda, estado civil e escolaridade

estão também associados à gravidez na adolescência e ao não planejamento da gestação. Nesse

contexto, revela-se a importância de uma assistência direcionada a esse público, considerando

suas singularidades e a necessidade de prevenção dos agravos (ARAUJO, NERY, 2018).

As equipes de atenção básica não podem esquivar-se diante das dificuldades

encontradas no trabalho com adolescentes, pois também são responsáveis por esse processo.

Além disso o profissional enfermeiro deve constituir um elo entre o adolescente e a UBS, com

auxílio das escolas e famílias. Seguindo esse ponto de vista, a atuação da enfermagem dentro

da atenção básica e em programas como saúde na escola, pode contribuir para levar

esclarecimentos e conhecimento a esse grupo, pois os mesmos não deixam de ter também o

papel de educador e formador de opiniões (ARAUJO, NERY, 2018).

Por fim, diante do exposto, constata-se a fundamental importância do papel dos

profissionais de saúde em sintonia com as escolas com relação a esse a tema, atuando na

educação quanto ao uso de métodos contraceptivos de forma que o adolescente compreenda

que existem escolhas que devem ser feitas de maneira pensada no momento de descoberta da

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vida sexual, para que esta seja exercida de forma segura e planejada. Além disso, cabe a família

fortalecer os laços de afetividade e criar em casa um ambiente em que o diálogo e a discussão

sobre as consequências desse tema estejam presentes.

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8 CONCLUSÃO

Depreendeu-se através das entrevistas que a falta de planejamento, educação em saúde

sexual, despreocupação e imaturidade da idade são fatores determinantes no número de meninas

nessa condição, tratando-se de um problema de saúde pública.

A união entre o usuário, a família e a unidade básica de saúde foi identificada como base

primordial para o estreitamento dos laços de confiança e afetividade, propiciando um ambiente

onde o diálogo esteja sempre presente, para que desta forma, os adolescentes sintam-se

confortáveis para conversar sobre qualquer assunto, fazendo com que a tomada de decisões seja

feita de maneira pensada, tornando a adolescência um momento de crescimento e aprendizado

saudável.

Diante disso, é de fundamental importância a busca da promoção à saúde como prática

social intersetorial, tendo como ponte a articulação do sujeito/coletivo, público/privado,

estado/sociedade, clínica/política, setor sanitário/outros setores, propiciando a ruptura com a

fragmentação da abordagem do processo saúde-doença, diminuindo a vulnerabilidade, os riscos

e os danos que nele se produzem.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A -

TCLE - Termo De Consentimento Livre e Esclarecido

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o Sr.(a) _________________

________________, portador(a) da cédula de identidade ________________________,

declara que, após leitura minuciosa do TCLE, teve oportunidade de fazer perguntas, esclarecer

dúvidas que foram devidamente explicadas pelos pesquisadores, ciente dos serviços e

procedimentos aos quais será submetido e, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e

explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO em participar

voluntariamente desta pesquisa.

E, por estar de acordo, assina o presente termo:

Vitória ES, _______ de ________________ de _____.

______________________________

Assinatura da participante

Ou

Impressão dactiloscópica

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APÊNDICE B -

Entrevista aplicada a mulheres que foram mães na adolescência

Entrevistador: ___________________ Data ___/____/____

Idade atual: Com quantos anos você engravidou:

Quantos filhos você tem: Qual o seu grau de escolaridade:

Trabalhava quando engravidou: Consultas de pré-natal:

1- Sua gravidez foi planejada? ___________________________________________________

2- O que você acha que influenciou a você engravidar? _______________________________

3- Como você vê a sua gravidez na adolescência? ____________________________________

4- Qual foi sua primeira reação? __________________________________________________

5- Como você descobriu que estava grávida? ________________________________________

6- Você pensou ou tentou abortar? ________________________________________________

7- Antes de engravidar, como era tratado o assunto da sexualidade em sua casa, escola ou

unidade de saúde? ____________________________________________________________

8- Que informações você recebia quanto ao uso de contraceptivos? ______________________

9- Como foi a reação do seu parceiro? _____________________________________________

10- E de seus pais ou familiares? _________________________________________________

11- O que mudou na sua vida quando você descobriu a gravidez? Em que sentido? (Corpo,

relacionamento familiar, amizades, estudos) ________________________________________

12- E após sua criança ter nascido? _______________________________________________

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13- Houve apoio emocional/financeiro por parte dos familiares e do pai? ____________

___________________________________________________________________________

14- Como você enxerga o papel dos serviços de saúde nesse momento? __________________

15- Se você tivesse antes os mesmos conhecimentos que tem hoje, acha que faria as mesmas

escolhas? Se não, o que você faria diferente? ________________________________________