gerenciamento de efluentes de abatedouros avÍcolas - estudo de caso super frango

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GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS ESTUDO DE CASO (SUPER FRANGO) José Fernandes Júnior 1 Osmar Mendes 2 Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental AV. Universitária, nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3946-1351. CEP: 74605-010 – Goiânia - GO. Resumo A indústria avícola tem um papel muito importante no desenvolvimento econômico e social de uma região. No processo de abate a água é o principal insumo natural utilizado que ao final do processo gera uma elevada vazão de efluentes. Havendo, portanto, a necessidade da adoção de sistemas de tratamento desses efluentes para reduzir as concentrações das cargas poluidoras, em especial, nesse caso da Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO. Nesse estudo avaliou-se a eficiência do projeto implantado na remoção de carga de poluição e comparado aos parâmetros com aqueles referenciados na legislação vigente. Comparações também foram feitas quanto às cargas geradas pela indústria estudada e as referências de outros casos pesquisados. Os resultados da eficiência do projeto foram avaliados em cada etapa do sistema e mostraram que o mesmo está respondendo com uma eficiência total de 89,33% na remoção da DBO, e que, também, pode ser traduzido na redução dos demais elementos constituintes do efluente. Palavras chaves: abate avícola, geração e tratamento de efluentes. Abstract The poultry industry has a very important paper in the economical and social development of an area. In the discount process the water is the main natural input used that at the end of the process generates a high effluents flow. Having, therefore, the need of the adoption of system of treatment of those effluents to reduce the concentrations of the you defecate pollutant, especially, in that case of the Biochemical Demand of Oxygen - DBO. In that study the efficiency of the project was evaluated implanted in the removal of pollution load and compared the parameters with those referênciados in the effective legislation. Comparisons were also made as for the loads generated for the it elaborates studied and the references of other researched cases. The results of the efficiency of the project were appraised in each stage of the system and they showed that the same is answering with a total efficiency of 89,33% in the removal of DBO and that it can also be translated in the reduction of the other constituent elements of the effluent. Keywords: it abates aciculae, generation and treatment of effluent 1 Acadêmico do curso de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás ([email protected]) 2 Profº do Dep. de Engª da Universidade Católica de Goiás - UCG ([email protected])

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GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS

ESTUDO DE CASO (SUPER FRANGO)

José Fernandes Júnior 1 Osmar Mendes2

Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental AV. Universitária, nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3946-1351.

CEP: 74605-010 – Goiânia - GO.

Resumo A indústria avícola tem um papel muito importante no desenvolvimento econômico e social de uma região. No processo de abate a água é o principal insumo natural utilizado que ao final do processo gera uma elevada vazão de efluentes. Havendo, portanto, a necessidade da adoção de sistemas de tratamento desses efluentes para reduzir as concentrações das cargas poluidoras, em especial, nesse caso da Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO. Nesse estudo avaliou-se a eficiência do projeto implantado na remoção de carga de poluição e comparado aos parâmetros com aqueles referenciados na legislação vigente. Comparações também foram feitas quanto às cargas geradas pela indústria estudada e as referências de outros casos pesquisados. Os resultados da eficiência do projeto foram avaliados em cada etapa do sistema e mostraram que o mesmo está respondendo com uma eficiência total de 89,33% na remoção da DBO, e que, também, pode ser traduzido na redução dos demais elementos constituintes do efluente.

Palavras chaves: abate avícola, geração e tratamento de efluentes.

Abstract The poultry industry has a very important paper in the economical and social development of an area. In the discount process the water is the main natural input used that at the end of the process generates a high effluents flow. Having, therefore, the need of the adoption of system of treatment of those effluents to reduce the concentrations of the you defecate pollutant, especially, in that case of the Biochemical Demand of Oxygen - DBO. In that study the efficiency of the project was evaluated implanted in the removal of pollution load and compared the parameters with those referênciados in the effective legislation. Comparisons were also made as for the loads generated for the it elaborates studied and the references of other researched cases. The results of the efficiency of the project were appraised in each stage of the system and they showed that the same is answering with a total efficiency of 89,33% in the removal of DBO and that it can also be translated in the reduction of the other constituent elements of the effluent. Keywords: it abates aciculae, generation and treatment of effluent

1 Acadêmico do curso de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás ([email protected]) 2 Profº do Dep. de Engª da Universidade Católica de Goiás - UCG ([email protected])

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1 INTRODUÇÃO

A avicultura teve seu desenvolvimento no cenário mundial a partir de 1945, que

até então era totalmente rudimentar. Com a deflagração da guerra, o exército americano

passou a ter uma demanda pela oferta de carnes vermelhas para alimentar suas tropas. Assim,

foi preciso aumentar a produção de carnes alternativas, de preferência de pequenos animais,

como as aves, que estivessem prontas para consumo num curto espaço de tempo, tal

necessidade fez com os Estados Unidos da América começassem a desenvolver pesquisas no

sentido de obter novas linhagens, rações e alimentos que atendessem aos requerimentos

nutricionais das aves e medicamentos específicos para a avicultura.

No Brasil, os reflexos desses avanços começaram a chegar no final da década de

50 e início da década de 60, quando tiveram início as importações de linhagens híbridas

americanas de frangos, mais resistentes e produtivas. Com elas, padrões de manejo e

alimentação foram se alterando gradativamente. Na década de 70, a indústria brasileira de

frangos cresceu em média 12% a.a., sendo que os principais investimentos ocorreram na

Região Sul, região de grande produção de milho e de crescente produção de soja.

O alto nível tecnológico alcançado pela avicultura nacional, notadamente a de

corte, colocou a atividade em posição privilegiada em relação a outras atividades pecuárias

desenvolvidas no Brasil, com nível de produtividade internacional, comparada a dos países

mais atualizados no mundo. A indústria de carnes é absorvedora de tecnologias geradas na

indústria de bens de capital e são essas, que geram inovações, que se poderiam chamar de

"radicais" para o segmento.

Na indústria em geral, há uma demanda muito grande por água de boa qualidade e

grande parte do referido volume será eliminado para corpos receptores com uma alta carga de

matéria orgânica e sólidos, motivo pelo qual águas residuárias, geradas em todos os processos

industriais, devem passar por um tratamento específico. Nos matadouros e frigoríficos os

efluentes são gerados em grande quantidade e representam um problema sério pelo seu alto

teor de matéria orgânica e o lançamento desses despejos in natura acarreta sérios prejuízos ao

meio ambiente (MARLISE, 2006).

Todas as etapas do processamento industrial contribuem de alguma forma para a

carga de resíduos potencialmente impactantes para o meio ambiente. Nesse caso, os resíduos

são sangue, vísceras, penas, carne e tecidos gordurosos, perdas de processo, detergentes ativos

e cáusticos, dentre outros. O mais significativo é o sangue, ao qual, na área de abate, juntam-

se ainda penas, esterco e sujeiras; despertando, por isso, maior preocupação. Na maioria das

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vezes, podem ser adotados procedimentos preventivos, tais como a separação mecânica dos

componentes, com vistas à recuperação dos resíduos, de modo a serem comercializados como

rações, óleos, sebo etc.

As descargas poluentes da indústria podem ser reduzidas através da combinação

de técnicas que incluem o gerenciamento eficiente das águas, medidas de controle de geração

de resíduos na própria planta, controles de processo e vários níveis de tratamento biológico

(Relatório Setorial da Avicultura, 1995).

O consumo de água é função direta de sua capacidade de abate. Segundo o

DIPOA (1978), em geral, “o consumo médio de água, em matadouros avícolas, poderá ser

calculado tomando como base o volume de 30 (trinta) litros por ave abatida, incluindo-se aí o

consumo em todas as seções do matadouro”. O volume de despejo, hoje, por ave abatida,

tende a ser reduzido, podendo ser estimado em cerca de 20 (vinte) litros em média

(MARLISE, 2006).

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Conforme o homem caminha na linha do tempo, seus hábitos e costumes vão

sofrendo alterações, e com o avanço das indústrias alimentícias tem propiciado uma grande

oferta e demanda por produtos de distintas origens.

Nesse contexto, surge a indústria de abate avícola que acaba tendo um grande

papel no desenvolvimento econômico e social da região na qual a unidade se encontra

instalada e também para o país.

O abate e processamento de carcaças de aves abrangem atividades de controle

desenvolvidas dentro do abatedouro, desde o momento em que as aves chegam à plataforma

de recepção, até a obtenção do produto final, sendo a água utilizada em diversas operações

que ao final do processo tem se um volume de efluente que é proporcional à quantidade de

aves abatida/dia (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2006).

Estes efluentes ao serem dispostos com seus poluentes característicos promovem a

alteração da qualidade dos corpos receptores elevando conseqüentemente a sua poluição.

Assim, o papel dos recursos hídricos para o desenvolvimento do homem e suas atividades

tanto para o suprimento de água para abastecimento, como também corpo receptor dos dejetos

tem se um quadro preocupante perante o aumento da população e a falta de saneamento, que

leva o corpo receptor a receber esgoto doméstico e efluentes industriais, onde este corpo

hídrico acaba sendo manancial para cidades que estão a jusante dos pontos de emissão

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(SPERLING, 1996).

O processo produtivo dentro de uma planta de abate avícola é iniciado colocando-

se as aves de bico para baixo nos funis do sangradouro, para que seja realizada a sangria. Esta

operação é considerada de grande importância para a melhor conservação da carne.

Posteriormente as aves são encaminhadas a escaldaria, para a escaldagem com base em água

aquecida; daí vai para a depenadeira, onde serão devidamente depenadas. A próxima operação

é a evisceração, realizada manualmente em mesas ou balcões apropriados. As carcaças são

introduzidas em tangues com água natural para uma rápida lavagem. Depois, são colocadas

em tangues com água fria, visando o pré-resfriamento. Essa operação é realizada para que a

carne perca calor, seja protegida contra alterações diversas e readquira em parte a água

anteriormente perdida. As carcaças, então, são levadas ao balcão de embalagem, onde são

colocadas em sacos plásticos com ou sem vísceras comestíveis. Em seguida vão para a câmara

frigorífica e, posteriormente, são encaminhadas ao mercado para comercialização (SEBRAE,

2006).

A disposição das águas residuárias do abate de aves quando não atendem os

padrões de lançamento estipulados por normas e regulamentações causam a poluição hídrica.

Essa poluição é definida como qualquer alteração física, química ou biológica da qualidade de

um corpo hídrico, capaz de ultrapassar os padrões estabelecidos para a classe, conforme o seu

uso preponderante. Considera-se a ação dos agentes: físicos materiais (sólidos em suspensão)

ou formas de energia (calorífica e radiações); químicos (substâncias dissolvidas ou com

potencial solubilização); biológicos (microorganismos) que deterioram a qualidade ou

inviabilizando a vida aquática (SPERLING, 1996).

Os sistemas de tratamento de efluentes são baseados na transformação dos

poluentes dissolvidos e em suspensão em gases inertes e/ou sólidos sedimentáveis para a

posterior separação das fases sólida/líquida. Sendo assim, se não houver a formação de gases

inertes ou lodo estável, não se pode considerar que houve tratamento. A Lei de Lavoisier,

sobre a conservação da matéria é perfeitamente aplicável ao caso, observando-se apenas que

ao remover as substâncias ou materiais dissolvidos e em suspensão na água, estes sejam

transformados em materiais estáveis ambientalmente. A poluição não deve ser transferida de

forma e lugar. É necessário conhecer o princípio de funcionamento de cada operação unitária

utilizada, bem como a ordem de associação dessas operações que define os processos de

tratamento (GIORDANO, 2006).

Como descrito anteriormente, no processo de abate de aves os recursos hídricos

são um dos insumos naturais de maior importância por estar presente em todo o processo

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industrial. Nas operações de limpeza e higienização das instalações industriais gera uma

vazão de efluente que ao chegar à Estação de Tratamento de Efluente tem uma elevada carga

orgânica, daí a necessidade do conhecimento qualitativo e quantitativo desse efluente para a

verificação quanto aos padrões estabelecidos pela legislação ambiental vigente em Goiás.

Nesse estado limita-se à carga orgânica somente em relação a DBO, estabelecendo a

concentração máxima de 60 mgO2/L ou sua redução em 80%, assim como também para a

aferição da eficiência de todo o tratamento desses efluentes antes do lançamento no curso

d’água.

O despejo avícola tem suas características físicas, químicas e biológicas

conhecidas. Contendo sangue, gordura, compreendendo pedaços de carcaças e restos de

conteúdos de vísceras. O tratamento de efluentes líquidos tem por objetivo primordial atender

os parâmetros de lançamento, que são estabelecidos pela legislação ambiental.

De acordo com NUNES, (2004), os processos de tratamento das águas

residuárias consiste nas seguintes fases:

Tratamento preliminar - remove apenas sólidos muito grosseiros, flutuantes e

matéria mineral sedimentável. Os processos de tratamento preliminar são os seguintes:

gradeamento ou peneiras estáticas, desarenadores, caixas de retenção de óleo e gordura;

Tratamento secundário - remove matéria orgânica dissolvida e em suspensão. A

DBO é removida quase que totalmente. Dependendo do sistema adotado, as eficiências de

remoção são altas. Os processos de tratamento secundário são os seguintes: processos de

lodos ativados, lagoas de estabilização, sistemas anaeróbios com alta eficiência, lagoas

aeradas, filtros biológicos e precipitação química com alta eficiência;

Tratamento terciário ou avançado - quando se pretende obter um efluente de alta

qualidade, ou a remoção de outras substâncias contidas nas águas residuárias. Os processos de

tratamento terciário são: adsorção em carvão ativo, osmose inversa, eletrodiálise, troca iônica,

filtros de areia, remoção de nutrientes, oxidação química e remoção de organismos

patogênicos.

No sistema de tratamento de efluentes de abate avícola é mais usual o tratamento

biológico, tendo como níveis de tratamento o preliminar, primário e secundário. O tratamento

preliminar consiste, basicamente, na remoção dos sólidos grosseiros ou suspensos, sendo as

caixas de areia responsáveis para a retenção desse material. Os tangues de flutuação são

utilizados para retirada de óleos e graxas. No tratamento primário, ainda havendo sólidos em

suspensão não grosseiros, sua remoção é feita através de gradeamento simples, peneiras

vibratórias e peneiras estáticas, reduzindo parte da DBO. O tratamento secundário tem a

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predominância dos mecanismos biológicos, para a remoção da matéria orgânica e eventuais

nutrientes. Nesta etapa, a remoção de sólidos e de matéria orgânica não sedimentável permite

produzir um efluente em conformidade com o padrão de lançamento previsto na legislação

ambiental, reduzindo com eficiência a DBO presente no efluente (GIORDANO, 2006).

O sistema de tratamento das águas residuárias geradas em abatedouros avícolas

deve seguir parâmetros para o seu lançamento em corpos receptores sem que causem danos

ambientais ao meio aquático.

Nos abatedouros avícolas, as diversas etapas do processo de abate e de

beneficiamento das aves requerem um grande volume de água ocorrendo assim a geração de

águas residuárias como é mostrado no Quadro 1.

Quadro 1: Efluentes Líquidos Gerados em Matadouros de Aves Operação Despejos

Área de recepção

Recepção Água de lavagem de pisos e paredes

Sangria Água de lavagem de pisos e do túnel de sangria

Escaldagem Água de extravasamento e drenagem dos tangues no fim do período de processamento

Depenagem Água utilizada para o transporte de penas e lavagem de carcaça Área suja

Remoção de cutículas Água de lavagem dos pés

Evisceração Água utilizada para o transporte de vísceras e lavagem de carcaça

Pré-resfriamento e resfriamento

Água de extravasamento e drenagem dos tangues no fim do período de processamento

Área limpa

Gotejamento Água removida das carcaças Fonte: CETESB (1980)

Os resíduos das operações de matadouros de aves são originados das operações de

lavagem realizadas nas instalações ao longo do processamento e do beneficiamento das aves.

Esse efluente bruto apresenta características, tais como: características físicas, químicas e

biológicas que são apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2: Características Médias de Efluentes Brutos de Matadouro de Aves

Parâmetros Valor Vazão 12,4 l/aves DBO5 13,6 kg/1000 aves Resíduos não filtráveis total 7,0 kg/1000 aves Sólidos totais 12,0 kg/1000 aves Óleos e Graxas 0,58 kg/1000 aves

Fonte: Nemerow, Nelson L. - Liquid Wasteof Industry Theories, Pratices and Treatment.

As principais características do despejo bruto gerado nos abatedouros de aves,

segundo a Environmental Protection Agency (EPA), que são apresentadas no Quadro 3.

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Quadro 3: Características dos Efluentes Brutos de Matadouros de Aves Parâmetros Unidade Variação Média

Vazão 1/ave 19 - 38 26 DBO5 kg/1000 aves 9,6 - 16,1 12,2 Resíduo não filtrável kg/1000 aves 3,12 - 7,7 5,1 Sólidos totais kg/1000 aves - 16,9 Óleos e graxas kg/1000 aves 4,4 - 5,9 5,2 pH - 6,3 - 7,4 6,9

Fonte: EPA Tecchnology Transfer Seminar Publication - Upgrading Poultry - Processing Facilites to Reduce Pollution – Vol. 3.

Os padrões estabelecidos através de estudos da CETESB (1980) apresentam a

relação dos parâmetros do efluente gerado por 1000 aves abatidas, sendo apresentados no

Quadro 4.

Quadro 4: Características de Efluentes Brutos segundo resultado de levantamento efetuados em abatedouro Parâmetros Unidade Variação Média

Vazão 1/ave 9,7 - 15,8 11,9 DBO5 kg/1000 aves 6,1 - 11,8 9,9 Resíduo não filtrável total kg/1000 aves 2,1 - 8,6 5,2 Resíduo não filtrável volátil kg/1000 aves 1,9 - 3,9 3,2 Nitrogênio total kg/1000 aves 0,5 - 1,5 1,06 Nitrogênio amoniacal kg/1000 aves 0,08 - 0,24 0,14 Fósforo total kg/1000 aves 0,08 - 0,11 0,10

NMP Coli total/1000 ml - 1,9x108 a 8,7x108 4,02x108

Fonte: CETESB (1980)

As lagoas de estabilização são consideradas como uma das técnicas mais simples

de tratamento de esgotos, onde suas faixas de eficiência, segundo CETESB (1980) são

apresentadas no Quadro 5.

Quadro 5: Faixas e médias de eficiência de remoção de sistemas de tratamento em operação

Eficiência de remoção (%) DBO5 RNFT Coliformes totais Sistemas

Faixa Média Faixa Média Faixa Média Lagoas anaeróbicas (P) 75 – 91 83 55 – 94 75 99,3 – 99,9 99,6 Lagoas facultativas (2 em série) (P)

86 86 58 58 99,99 99,99

Lodos ativados (areação prolongada) (P)

74 – 95 89 58 – 93 79 96 – 99,7 97,85

Valores adotados de eficiência - 85 - 70 - 99,0 (P) – sistemas de pré-tratamento - CETESB (1980)

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3 METODOLOGIA

Nesse estudo objetivou-se comparar os parâmetros da revisão bibliográfica com

os resultados das análises/eficiência da ETEI3 do Abatedouro São Salvador Ltda, localizado

na cidade de Itaberaí - GO que está inserida na bacia do Rio Tocantins, distando cerca de 110

km da Capital. O Abatedouro está instalado numa área de 376.100,00 m2, operando em dois

turnos de 8 horas, proporcionando a geração de 450 empregos diretos em cada turno,

abatendo cerca de 125.000 aves nos dois turnos, gerando com uma vazão de 138 m³/h de

efluentes.

Para atender os objetivos propostos, foram realizados análises físico-químicas e

exame bacteriológico do efluente pelo Laboratório de Análises Microbiológicas. As coletas

foram realizadas em diferentes pontos do processo de tratamento, no mês de junho de 2006,

cujas cópias foram cedidas pelo departamento de Engenharia do Abatedouro São Salvador. As

coletas foram realizadas nos pontos: peneiras estáticas, flotador primário, flotador secundário,

entrada das lagoas anaeróbias, entrada da primeira e segunda facultativa e na saída do sistema

(efluente tratado).

Foram realizadas análises dos parâmetros de: demanda química de oxigênio -

DQO, demanda bioquímica de oxigênio - DBO, óleos e graxas - OG, oxigênio dissolvido -

OD, pH, nitrogênio total - NT, nitrogênio amoniacal, também fósforo total - PT, sólidos

sedimentáveis, sólidos totais, sólidos totais fixos, sólidos totais voláteis e ainda, cor, turbidez

e condutividade.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A estação de tratamento de esgoto industrial - ETEI do abatedouro é composto por

peneiras estáticas, flotação por ar dissolvido - FAD, seguido de lagoas de estabilização

constituído por lagoas anaeróbias e facultativa. As peneiras estáticas estão localizadas no final

das linhas de penas e vísceras. O efluente que passa pelas peneiras são reunidos e conduzidos

ao flotador primário onde são removidos os óleos e as graxas, e posteriormente, para o

flotador secundário. O efluente da linha industrial encontra-se com o efluente da linha

sanitária para em seguida serem lançados na lagoa anaeróbia e depois para as lagoas

facultativas. A ETEI está localizada cerca de 200m no corpo receptor que pertence à classe II,

3 ETEI – Estação de Tratamento de Esgoto Industrial

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onde o seu lançamento se dá a montante da captação da ETA4, distando aproximadamente

600m da indústria.

Para o tratamento das águas residuárias deste tipo de atividade, visando alcançar

níveis de depuração desse despejo, aplica-se quase exclusivamente o processo de tratamento

primário e biológico mostrados nas Figuras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12

respectivamente, ilustram o processo da ETEI do Abatedouro São Salvador.

Figura 1: Peneira estática linha de vísceras Figura 2: Peneira estática linha de vísceras

Figura 3: Vista superior do flotador primário Figura 4: Vista superior do flotador primário

Figura 5: Vista superior do flotador primário Figura 6: Vista superior do flotador primário

4 ETA – Estação de Tratamento de Água

1 2

5 6

3 4

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Figura 7: Vista superior do flotador secundário Figura 8: Vista frontal do flotador secundário

Figura 9: Ilustra a lagoa anaeróbia nº 1 Figura 10: Ilustra a lagoa anaeróbia nº 2

Figura 11: Ilustra a lagoa facultativa nº 1 Figura 12: Ilustra a lagoa facultativa nº 2

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9 10

11 12

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A Figura 13 mostra o fluxograma hidráulico que vai deste a capitação, tratamento

e reservação da água, até as etapas onde são gerados os efluentes líquidos.

Figura 13: Fluxograma hidráulico

Na Figura 14, mostrada as quatro linhas de geração de efluente e o respectivo

encontro do efluente líquido para ser tratado na ETEI.

Figura 14: Linhas de geração de efluente

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O Quadro 6 mostra os resultados das análises dos influentes brutos coletados na

entrada da lagoa anaeróbia.

Quadro 6: Coleta na entrada da lagoa anaeróbia

Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia Óleos e graxas 398,6 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 1.050,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias OD 0,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Titulometria DQO 2.899,0 mg/L - O2 1 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 6,1 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 245,3 mg/L 01 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 221,8 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 3,0 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria Sólidos sedimentáveis

4,5 mg/L 0,1 mg/L NR Sedimentação (lmhoff)

Sólidos totais 2.086,0 mg/L 1,0 mg/L NR Gravometria Sólidos totais fixos 468,0 mg/L 1,0 mg/L NR Gravometria Sólidos totais voláteis 1.618,0 mg/L 1,0 mg/L NR Gravometria Cor 857,4 uH 0,01 uH NR Colorimetria Turbidez 619,0 NTU 0,01 NTU NR Turbidimetria Condutividade 875,5 µS/cm 0,01 µS/cm NR Potenciometria

NR - Não há Referência pela Legislação VMP - Valor Maximo Permitido

O boletim do Quadro 7 mostra os resultados das análises dos parâmetros do

efluente após ter passado pelas peneiras estáticas que estão após as linhas de vísceras e linha

de penas.

Quadro 7: Após passagem da peneira estática Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 382,0 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 1.025,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 1.945,0 mg/L - O2 1 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 6.3 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 239,0 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 214,0 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 2,7 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

O Quadro 8 mostrado os resultados das análises dos efluentes ao passar pelo

flotador primário.

Quadro 8: Saída do flotador primário Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 377,0 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 973,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 1.834,3 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 5,7 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 226,1 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 203,1 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 2,5 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

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O Quadro 9 mostra os resultados das análises dos parâmetros dos efluentes ao

entrar no flotador secundário.

Quadro 9: Entrada do flotador secundário

Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia Óleos e graxas 356,6 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 863,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 1.692,0 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 5,9 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 210,0 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 190,6 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 2,5 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

O Quadro 10 mostra os resultados das análises dos efluentes após o efluente ter

passado pelo flotador secundário.

Quadro 10: Saída do flotador secundário Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 233,6 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 802,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 1.528,7 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 6,3 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 192,1 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 170,4 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 2,5 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

O Quadro 11 mostra os resultados das análises dos efluentes após o encontro das

linhas industrial e sanitária.

Quadro 11: Após a calha parchal Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 211,0 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 724,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 1.463,0 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 6,2 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 188,0 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 167,0 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 2,4 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

O Quadro 12 mostra os resultados das análises dos parâmetros do efluente lançado

pela lagoa anáerobia1.

Page 14: GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS - ESTUDO DE CASO SUPER FRANGO

14

Quadro 12: Saída lagoa anaeróbia 1 (direita) Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 195,8 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 675,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 1.230,9 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 6,5 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 172,0 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 155,7 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 2,3 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

O Quadro 13 mostrado os resultados das análises dos parâmetros do efluente que é

lançado pela lagoa anaeróbia 2.

Quadro 13: Saída da lagoa anaeróbia 2 Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 121,6 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 598,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 1.119,8 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 6,4 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 161,3 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 151,2 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 1,7 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

O Quadro 14 mostra os resultados das análises dos parâmetros do efluente

coletados na entrada da lagoa facultativa.

Quadro 14: Entrada da lagoa facultativa Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 103,4 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano DBO 390,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5

dias DQO 922,2 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 6,5 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 98,6 mg/L 0,1 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 89,6 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e Titulação Fósforo total 1,6 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria

O Quadro 15 mostra os resultados das análises da amostra do efluente para se

determinar a concentração da DBO no meio da lagoa facultativa 1

Quadro 15: Meio da facultativa 1 Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

DBO 273,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5 dias

O Quadro 16 mostra os resultados das análises do efluente para se determinar a

concentração da DBO no meio da lagoa facultativa 2.

Quadro 16: Meio da facultativa 2 Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

DBO 236,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5 dias

Page 15: GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS - ESTUDO DE CASO SUPER FRANGO

15

O Quadro 17 mostra os resultados das análises dos parâmetros do efluente após o

seu tratamento que será lançado no corpo receptor.

Quadro 17: Efluente tratado Parâmetros Resultados Unidade Limite detecção VMP Metodologia

Óleos e graxas 19,2 mg/L 0,1 mg/L NR Extração com n-hexano

DBO 112,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Incubação a 20ºC - 5 dias

OD 0,0 mg/L - O2 0,1 mg/L - O2 NR Titulometria DQO 387,0 mg/L - O2 5 mg/L - O2 NR Espectrofotometria pH 7,1 1 a 14 NR Potenciometria Nitrogênio total 52,6 mg/L 01 mg/L NR Titulometria Nitrogênio amoniacal 45,9 mg/L 0,1 mg/L NR Destilação e

Titulação Fósforo total 0,6 mg/L 0,01 mg/L NR Espectrofotometria Sólidos sedimentáveis

< 0,1 mg/L 0,1 mg/L NR Sedimentação (lmhoff)

Sólidos totais 760,0 mg/L 1,0 mg/L NR Gravometria Sólidos totais fixos 308,0 mg/L 1,0 mg/L NR Gravometria Sólidos totais voláteis 452,0 mg/L 1,0 mg/L NR Gravometria Cor 698,0 uH 0,01 uH NR Colorimetria Turbidez 643,0 NTU 0,01 NTU NR Turbidimetria Condutividade 1.253,0 µS/cm 0,01 µS/cm NR Potenciometria

Para determinar a vazão necessária do abate de 1000 aves, multiplicou-se o

número de horas de funcionamento pela vazão em m³ de água/h e dividiu pelo número de aves

abatidas dia, obtendo a vazão por 1000 aves/dia (m³/1000 aves abatidas), calculada pala

equação 1.

Q = (m³ de água/h) x horas/funcionamento Equação (1) nº. de aves abatidas

Q = 138m³/h x 16 horas 125.000

Para calcular as concentrações dos constituintes do efluente bruto do abatedouro

São Salvador que é objeto da avaliação deste estudo, multiplicou-se a vazão em m³/dia pela

concentração de cada parâmetro e dividiu pela quantidade de aves abatidas por dia. Assim,

obtendo as respectivas concentrações em kg/1000 aves abatidas, verificando que as

concentrações da DBO, OG e NT apresentam taxas elevadas de concentrações, o PT é o que

apresentou uma taxa de 50% a menos de concentração e o pH com valor que esta dentro dos

parâmetros da revisão bibliográfica, onde são apresentadas respectivamente nas Figuras 15,

16, 17, 18, 19 e 20.

Q = 17,66 m³ de água/1000 aves abatidas

Page 16: GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS - ESTUDO DE CASO SUPER FRANGO

16

Figura 15: Comparação da DBO Figura 16: Comparação de Óleos e Graxas

Figura 17: Comparação do Nitrogênio Total Figura 18: Comparação do Fósforo Total

Figura 19: Comparação das vazões Figura 20: Relação do pH do efluente

A taxa de remoção da DBO do sistema de lagoas anaeróbias apresenta uma

baixa eficiência representando apenas 12,08%. Este fato pode estar relacionado com o arranjo

hidráulico, entrada e saída da lagoa apresentado na Figura 21. Onde a entrada do efluente se

dá pela lateral da lagoa facultativa, não havendo um fluxo longitudinal do efluente, que,

provavelmente esteja ocorrendo curto-circuito na dinâmica hidráulica da lagoa. Verifica-se

ainda, uma pequena variação da eficiência na remoção da DBO da lagoa anaeróbia 1 em

relação a anaeróbia 2 na remoção da DBO e dos demais constituintes do efluente. O sistema

de lagoas facultativas respondeu com uma taxa de remoção de DBO satisfatória com 82,40%,

onde as eficiências das lagoas estão apresentadas na Figura 22.

DBO kg/1000 aves abatidas

9,918,55 CETESB

ABATEDOURO

O.G kg/1000 aves abatidas

5,27,04 CETESB

ABATEDOURO

NT kg/ 1000 aves abatidas

1,06

4,33CETESB

ABATEDOURO

PT kg/ 1000 aves abatidas

0,10,05

CETESB

ABATEDOURO

pH kg/ 1000 aves abatidas

66,1 CETESB

ABATEDOURO

Vazões/1000 aves abatidas

1217,66 CETESB

ABATEDOURO

Page 17: GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS - ESTUDO DE CASO SUPER FRANGO

17

Figura 21: Eficiência das lagoas anaeróbias Figura 22: Eficiência das lagoas facultativas

A eficiência da ETEI na remoção da DBO do Abatedouro São Salvador está

atendendo aos parâmetros legais, assim, estando com uma eficiência total na remoção da

carga orgânica de aproximadamente 89,33%, sendo calculada pela fórmula seguinte e

apresentada pela Figura 23:

Eficiência na remoção da DBO = DBOafluente - DBOefluente x 100 Equação (2) DBOafluente

Eficiência na remoção da DBO = 1050 mg/L - 112 mg/L x 100 1050 mg/L Eficiência na remoção da DBO = 89,33%

112

390

636,5

724

802

863

973

1050 1025

0

75

150

225

300

375

450

525

600

675

750

825

900

975

1050

Efluentebruto

Entradaflotadorprimário

Saídaf lotadorprimário

Entradaflotador

secundário

Saídaf lotador

secundário

Entradalagoa

anaeróbia 1

Saída lagoaanaeróbia 1

Entradalagoa

facultativa 1

Saída lagoafacultativa 2

Processos

DBO

Figura 23: Mostra a eficiência do STAR

Eficiência das lagoas anaeróbias

12,08%

83%

0%10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Valor doreferencial

Valor calculadodo Abatedouro

Efieciência das lagoas facultativas

86% 82,40%

0%10%

20%30%

40%50%60%

70%80%

90%100%

Valor doreferencial

Valor calculadodo Abatedouro

Page 18: GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS - ESTUDO DE CASO SUPER FRANGO

18

As concentrações da DBO, OG, NT e PT foram calculadas a partir dos boletins das

análises físico-químicas e exame bacteriológico comparadas com as da revisão bibliográfica,

verifica que as taxas dessas concentrações de DBO, OG e NT apresentaram teores superiores

aquelas referênciadas pela CETESB. A DBO apresentou concentração de 18,55 kg/1000 aves

abatidas resultando em 87,37% acima do valor referênciado de 9,9 kg/1000 aves abatidas. A

concentração de O.G apresentou teor de concentração de 7,04 kg/1000 aves abatidas estando

35,38% acima da referência pesquisada de 5,2 kg/1000 aves abatidas. O NT apresentou maior

teor de concentração em relação a referência, resultado em 4,33 kg/1000 aves abatidas

representando 308,49% acima do valor de referência, mostrado em 1,06 kg/1000 aves

abatidas. O PT apresentou menor teor de concentração 0,05 kg/1000 aves abatidas estando

100% abaixo da referência citada em 0,1 kg/1000 aves abatidas. A quantidade de água

necessária para o abate de 1000 aves está em 47% acima da quantidade necessária para se

processar 1000 aves, conforme dados referenciados. O pH dessa água residuária apresenta

1,66% acima do valor mínimo sugerido pela bibliografia.

5.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O que norteou este estudo foi a avaliação da remoção da DBO que

conseqüentemente reduz a concentração dos demais constituintes do efluente que é gerado no

processo de beneficiamento das aves no Abatedouro São Salvador. O sistema de tratamento

de águas residuárias apresenta uma eficiência total de 89,33%, estando assim atendendo aos

parâmetros da legislação vigente no Estado de Goiás.

O sistema de lagoas de estabilização – lagoas anaeróbias apresentaram um déficit

na eficiência da remoção de DBO devido ao fluxo hidráulico do efluente por não ser

uniforme. Já as lagoas facultativas apresentaram eficiência de remoção de carga de DBO

satisfatoriamente comparada com os parâmetros da revisão bibliográfica, essa eficiência está

associada aos fatores ambientais locais, tais como radiação solar, temperatura e vento.

O Abatedouro São Salvador está em franco crescimento de suas atividades, onde

sua capacidade de abate poderá aumentar de 125.000 para 170.000 aves dia. Diante dessa

futura realidade sugerimos que o sistema seja ampliado para que tenha condições de remover

a concentração da DBO e, conseqüentemente dos demais constituintes do efluente a uma taxa

de eficiência total que cumpra os parâmetros da legislação sem que venha causar alterações

junto ao corpo receptor.

Page 19: GERENCIAMENTO DE EFLUENTES DE ABATEDOUROS AVÍCOLAS - ESTUDO DE CASO SUPER FRANGO

19

Sugerimos, ainda, que se promova melhorias na remoção de O.G nos flotadores,

com a recuperação desse material e seu aproveitamento como fonte de combustível para a

alimentação das caldeiras.

Quanto ao uso da água, sugerimos a adequação das instalações industriais, para

que possibilite a redução do consumo da água por ave abatida. Hoje este consumo está em

17,66 m³/1000 aves abatidas, sendo que a demanda sugerida na revisão bibliográfica

encontra-se em 12 m³/1000 aves abatidas, isso resultará na economia com o tratamento da

água captada e tratada na estação de tratamento de água – ETA, com reflexos diretos na

estação de tratamento dos efluentes industriais - ETEI.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVICULTURA Industrial - Informe Embrapa - Abate e processamento de aves alternativas. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=6303&tipo_tabela=cet&categoria=processamento#>. Acesso em: 06 mar. 2006. CRESPO, P.G. – Manual de Projeto de Estações de Tratamento de Esgotos. 2ª ed. Belo Horizonte, 2005. GIORDANO, G. Tratamento e Controle de Efluentes Industriais. Disponível em: <http://www.eng.uerj.br/pos/pesquisa.htm#topo>. Acesso em: 12 mar. 2006. NARDI, I. R. de, LIMA, A. R. de, AMORIM, A. K. B., NERY, V. D. Análise de séries temporais na operação de sistema de tratamento de águas residuárias de abatedouro de frango., Disponível em: <http://www.abes-dn.org.br/publicacoes/engenharia/resaonline/v10n04/v10n04a06.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2006. Produção de Frango de Corte. Disponível em: <tia.embrapa.br/FontesHTML/Ave/ProducaodeFrangodeCorte/Preservacao.html>. Acesso em: 19 abr. 2006. SEBRAE – Ponto de Partida Para Início de Negócio – Abatedouro de Aves. Disponível em: <http://www.sebraeminas.com.br>. Acesso em: 12 abr. 2006. SPERLING, M. V. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. 2 ed. revisada.. Belo Horizonte: UFMG, 1996. v. 1. NUNES, J.A. Tratamento físico-químico de águas residuárias industriais.4 ed. revisada.Aracaju, 2004.