geração distribuída usando veículos elétricos

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  • 8/2/2019 Gerao distribuda usando veculos eltricos

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    JONAS CASTIGLIONI LIMA

    IMPACTO DOS VECULOSELTRICOS SOBRE AS DECISESDAS CONCESSIONRIAS DE

    ENERGIA

    Curitiba, 2012.

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    JONAS CASTIGLIONI LIMA

    IMPACTO DOS VECULOS

    ELTRICOS SOBRE AS DECISESDAS CONCESSIONRIAS DEENERGIA

    Dissertao apresentada como requisitoparcial para a obteno do grau de Mestreem Engenharia Eltrica, no Programa dePs-Graduao em Engenharia Eltrica,Departamento de Engenharia Eltrica,Setor de Tecnologia, da UniversidadeFederal do Paran,

    Orientadora: Prof. Elizete Maria LourenoCo-Orientador: Prof. Marciano MorozowskiFilho

    Curitiba, 2012.

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    RESUMO

    Este trabalho tem como objetivo analisar o impacto que o crescimento do

    mercado de veculos eltricos causar nas decises das concessionrias dedistribuio de energia eltrica. So apresentados os modelos de veculoseltricos disponveis no mercado e so feitas anlises sobre o seu consumo deenergia eltrica e sua capacidade de interagir com as redes de distribuio. Osimpactos so analisados em termos de mudanas nas curvas de carga dosistema, anlise de tenses nodais e perdas nas linhas da rede de distribuio,atravs do mtodo de simulao de Monte Carlo aplicado a um modelo

    determinstico da rede baseado no clculo do fluxo de potncia pelo mtodo dasoma de potncias. Os resultados e grficos apresentados foram obtidos coma utilizao de um software desenvolvido em linguagem MATLAB e,inicialmente, permitem concluir que os impactos sero relevantes, a partir denveis de participao de 10% de veculos eltricos no mercado, e implicarona necessidade de novas estratgias para o planejamento do crescimento darede, sob os aspectos tcnico, econmico e financeiro.

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    Lista de figuras

    Figura 1 arquitetura de um EV

    Figura 2 HEV na configurao srieFigura 3 HEV na configurao paralelo

    Figura 4 HEV na configurao mista

    Figura 5 PHEV na configurao srie

    Figura 6 PHEV na configurao mista

    Figura 7 Nissan LEAF, referncia de EV para este estudo

    Figura 8 Chevy VOLT, referncia como PHEV

    Figura 9 curva de carga diria do alimentador BT

    Figura 10 Topologia de um alimentador BT residencial

    Figura 11 Fluxograma do motor de simulao.

    Figura 12 Tenses nas barras ao longo do dia para 0% de participao

    Figura 13 Tenses mdias e desvios padres s 4:00 horas

    Figura 14 Tenses mdias e desvios padres s 14:00 horas

    Figura 15 Tenses mdias e desvios padres s 18:00 horas

    Figura 16 Curva de carga ativa, sem participao de EVs

    Figura 17 Curva de carga ativa, com 20% de participao de EVs, incio de

    recarga s 19:00 horasFigura 18 Curva de carga ativa, com 20% de participao de EVs, incio de

    recarga 01:00 hora

    Figura 19 Curva de carga ativa, com 20% de participao de EVs, incio de

    recarga s 22:00 horas

    Figura 20 Percentual de perdas ativas totais no alimentador BT

    Figura 21 Percentual de perdas reativas totais no alimentador BT

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    Abreviaturas e Acrnimos

    AGC - Automatic generation control (controle automtico da gerao)

    ANEEL - Agncia Nacional de Energia Eltrica

    BG - Balance Group (Grupo de Balanceamento de Energia)

    CCEE - Cmara de Comrcio de Energia Eltrica

    DS - Dinmica de Sistemas

    EV - Electric Vehicle (veculo eltrico)

    HEV - Hybrid Electric Vehicle (veculo eltrico hbrido)ICE - Internal Combustion Engine (motor de combustor interna)

    IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers

    INESC - Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores

    MEV - More Electric Vehicles (veculos mais eltricos)

    MME - Ministrio das Minas e Energia

    MPC - Model Preditive Control (controle preditivo de modelo)

    ONS - Operador Nacional do Sistema

    PCH - Pequena Central Hidreltrica

    PD - Programao Dinmica

    PEV - Plug-in Electric Vehicle (veculo eltrico conectvel)

    PHEV - Plug-in Hybrid Electric Vehicle (veculo eltrico hbrido conectvel

    PQ - Programao Quadrtica

    SEP - Sistema Eltrico de Potncia

    SUV - Sport Utility Vehicle

    V2G - Vehicle to Grid (veculo na rede)

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    SUMRIO

    1. INTRODUO ............................................................................................. 8

    1.1. MOTIVAO ......................................................................................... 81.2. OBJETIVO ............................................................................................ 91.3. RESULTADOS ESPERADOS ............................................................... 9

    1.3.1. Resultados Gerais .......................................................................... 91.3.2. Resultados Especficos ................................................................ 10

    1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAO ...................................................... 101.5. RESUMO BIBLIOGRFICO ................................................................ 121.6. CONCLUSO ..................................................................................... 22

    2. CONSIDERAES SOBRE VECULOS ELTRICOS E SISTEMAS ....... 232.1. MODELOS DE VECULOS ELTRICOS ............................................ 232.2. REGULAO E SERVIOS ANCILARES .......................................... 302.3. REGULAMENTOS PARA FORNECEDORES DE ENERGIA ............. 312.4. VECULOS ELTRICOS E UTILIZAO DE ENERGIA NO BRASIL 33

    3. VECULOS ELTRICOS E REDE: MODELOS DE CARGA, SOLUODETERMINSTICA E SIMULAO ESTATSTICA .......................................... 33

    3.1. VECULOS ELTRICOS PUROS E HBRIDOS CONECTVEIS ....... 343.1.1. Veculo eltrico puro ..................................................................... 343.1.2. Veculo Eltrico Hbrido Conectvel ............................................. 35

    3.2. DEMANDA DE ENERGIA DOS EVS E PHEVS ................................ 373.3. ANLISE DE SISTEMAS DE DISTRIBUIO .................................... 393.4. MTODO DE SIMULAO DE MONTE CARLO ............................... 40

    4. SIMULAES ........................................................................................... 41

    4.1. CARGAS RESIDENCIAIS COM VECULOS ELTRICOS ................. 414.2. HORRIOS E DURAO DAS RECARGAS DOS VECULOSELTRICOS .................................................................................................. 434.3. ALIMENTADOR BT RESIDENCIAL .................................................... 444.4. ALEATORIEDADE DAS CARGAS ...................................................... 474.5. CLCULO DO FLUXO DE POTNCIA ............................................... 474.6. CONCLUSO ..................................................................................... 48

    5. RESULTADOS .......................................................................................... 495.1. TENSES NOS NS (BARRAS) DO ALIMENTADOR ...................... 50

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    5.2. MUDANAS NA CURVA DE CARGA DO SISTEMA.......................... 535.3. PERDAS NO SISTEMA ...................................................................... 565.4. CONCLUSO ..................................................................................... 57

    6. CONCLUSES PRELIMINARES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS . 59ANEXO ............................................................................................................. 61REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 64

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    1. INTRODUO

    1.1. MOTIVAO

    H cerca de quinze anos discutem-se os impactos potenciais, nos

    sistemas de distribuio de energia eltrica, da introduo, em larga escala, de

    veculos eltricos no mercado [1,2]. Os aspectos considerados vo desde itens

    eminentemente tcnicos, como o nvel de harmnicas circulando na rede,

    nmero de eventos de sobrecarga, regulao de tenso, desbalanceamento eperdas [3,4,5], at regulatrios, como, por exemplo, um sistema de penalidades

    e recompensas para usurios de veculos eltricos, baseado no horrio e

    freqncia de recargas por ele efetuadas, aplicados pela concessionria ou

    pelas agncias estatais de superviso e controle de servios [9], passando por

    impactos econmicos, tais como investimentos, custo da energia e despacho

    econmico [6,7,8]. Mais recentemente, vem sendo estudada a possibilidade de

    serem usados agregadores de veculos eltricos, que funcionariam como

    agentes reguladores dentro dos sistemas de distribuio, operando ora como

    consumidores ora como fornecedores de energia eltrica [10] ou de servios

    ancilares. O objetivo destes agregadores seria o de auferir lucro com a venda

    destes servios e/ou com a venda de energia para suprir contingncias de

    fontes alternativas de energia, tais como, por exemplo, a elica [11] ou a

    fotovoltaica, ou auxiliar no gerenciamento do sistema eltrico [12,13].

    A busca por um aumento na eficincia energtica do setor de transportes de

    passageiros e cargas no Brasil, bem como o crescimento da conscincia

    ecolgica, dever conduzir gradual introduo de veculos eltricos hbridos

    no mercado automobilstico, segundo SMITH [29]. A adequao dos conceitos

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    e idias desenvolvidos no hemisfrio norte realidade brasileira, onde as

    regras de funcionamento do sistema eltrico, as caractersticas de gerao

    bem como a matriz energtica dos transportes so significativamente

    diferentes, foi o motivador principal deste trabalho.

    1.2. OBJETIVO

    A proposta deste trabalho analisar a influncia de um grande nmero

    de variveis endgenas e exgenas sobre o processo de introduo deveculos eltricos no mercado automobilstico brasileiro. Estas variveis, que

    afetam a deciso de concessionrias de energia eltrica e dos consumidores,

    bem como do governo, referem-se a investimentos, polticas e aspectos

    tcnicos do funcionamento e da conexo dos veculos rede de distribuio de

    energia (V2G).

    1.3. RESULTADOS ESPERADOS

    Os resultados esperados so uma metodologia e seus modelos

    associados, que permitam simular cenrios do crescimento do mercado de

    veculos eltricos.

    1.3.1. Resultados Gerais

    A definio das variveis endgenas e exgenas do processo de

    introduo dos veculos eltricos no mercado automobilstico brasileiro,

    estabelecendo-se suas relaes de interdependncia, o resultado mais

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    significativo a ser alcanado, pois este conhecimento possibilitar a criao de

    modelos de simulao para orientar as previses a serem feitas nos estudos de

    planejamento energtico, econmico e financeiro necessrios para fazer frente

    a esta nova situao do consumo de energia em nvel de distribuio.

    1.3.2. Resultados Especficos

    Especificamente, nesta primeira fase da pesquisa, o conhecimento das

    variaes no estado de operao dos alimentadores de distribuio, causadas

    pelo crescimento da participao dos veculos eltricos, na demanda deenergia eltrica em regies metropolitanas, possibilitar avaliar a importncia

    deste crescimento, sob a tica de uma concessionria de distribuio. Outro

    conhecimento a ser obtido a sensibilidade dos modelos desenvolvidos s

    variaes estocsticas dos dados de entrada, visto que esta caracterstica

    aleatoriedade de acesso aos sistemas eltricos

    bem conhecida dacomunidade tcnica.

    1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Esta dissertao est estruturada de modo a introduzir a discusso

    sobre a presena de veculos eltricos no mercado de automveis, sua

    interao com a rede eltrica e os impactos causados nas decises de

    concessionrias de distribuio de energia. So conceituados os veculos

    eltricos e sua participao como carga em sistemas de distribuio e

    apresentados os mtodos de clculo de fluxo de potncia e de simulao de

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    Monte Carlo, usados na obteno dos resultados apresentados. Para maior

    clareza, feita uma diviso em seis captulos, como segue:

    1- Introduo

    Apresentam-se os objetivos e resultados esperados, bem como o estado

    da arte atravs de um resumo da bibliografia consultada.

    2- Consideraes sobre Veculos Eltricos e Sistemas

    So mencionados os veculos eltricos atualmente em desenvolvimento

    no mundo, os servios de regulao e ancilares presentes em redes

    eltricas, a regulamentao existente e em desenvolvimento, que possainterferir no uso de veculos eltricos, dados estatsticos sobre gerao e

    consumo de energia eltrica e sobre a frota de veculos automotores no

    Brasil.

    3- Veculos Eltricos e Rede: Modelos de Carga, Soluo Determinstica e

    Simulao Estatstica

    Descrevem-se os modelos de veculos eltricos considerados nesta

    pesquisa, seu consumo de energia eltrica estimado, o mtodo de

    analise da rede de distribuio utilizado e o mtodo de simulao de

    Monte Carlo, usado para levar em considerao os aspectos aleatrios

    do modelo.

    4- Simulaes

    Apresentam-se a curva de carga atual do alimentador BT, as hipteses

    sobre os horrios e durao de recargas, a topologia e os dados

    eltricos do alimentador BT, as caractersticas de aleatoriedade das

    cargas e a abrangncia das simulaes.

    5- Resultados

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    Mostram-se os resultados mais significativos das simulaes realizadas

    e seus possveis impactos no planejamento das operaes das

    concessionrias.

    6- Concluses Preliminares e Desenvolvimentos Futuros

    Abordam-se possveis desenvolvimentos deste trabalho e as concluses

    preliminares do trabalho.

    1.5. RESUMO BIBLIOGRFICO

    As possibilidades de conexo de veculos eltricos (EV), sejam eles a

    bateria (EV puro), hbridos (HEV ou PHEV) ou a clula de combustvel, com a

    rede de distribuio de energia eltrica (SEP), visando a prestao de servios

    ancilares ao sistema eltrico de potncia, explorada na literatura por vrios

    autores. Escolhemos a linha desenvolvida por KEMPTON [6] que, em dois

    artigos que se complementam, resume os modelos de negcio que poderiam

    ser viabilizados, desenvolve um modelo econmico para o veculo e sugere

    maneiras de concretizar o relacionamento entre os EV e o SEP.

    Usando como base os EUA em 2004, Kempton constata a existncia de

    176 milhes de automveis, caminhonetes e vans e uma capacidade de

    gerao de energia eltrica de 602 GW, distribuda entre 9351 plantas de

    gerao de concessionrias, mais 209 GW de capacidade localizada em

    plantas dedicadas de usurios. A potncia mdia de cada veculo leve, com

    motor de combusto interna, de 149 HP (ou 111 kW), totalizando 19500 GW.

    Se um quarto dos veculos forem convertidos para eletricidade, a potncia

    resultante ser de 660 GW, j superior capacidade instalada das

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    concessionrias americanas. O custo da eletricidade gerada pelas

    concessionrias oscila entre U$ 0.02 a U$ 0.09 (valores no pico de consumo de

    U$ 0.05 a U$ 0.80), enquanto que o custo da energia gerada pelos EV, com a

    tecnologia atual, varia entre U$ 0.05 a U$ 0.50. Da observao destes valores,

    segue que possvel tornar vivel o aproveitamento da energia gerada (ou

    armazenada) pelos EV para suprir as necessidades do SEP.

    Os mercados possveis que Kempton analisa so: suprimento de energia

    de base, energia para horrio de pico, reserva girante (spinning) e regulao

    (tenso e freqncia ou primria e secundria). Os estudos realizados mostramque a utilizao de frotas de EVs para suprir energia em horrio de pico pode

    ser vivel, competitiva para fornecimento de reserva girante e muito

    competitiva para fornecimento de servios de regulao. Tambm citado e

    analisado separadamente o mercado de armazenamento de energia para

    fontes renovveis e variveis, tais como elica e fotovoltaica, mas

    demonstrado que o uso da energia armazenada para fornecimento de energia

    de base no vivel economicamente.

    As estratgias propostas por Kempton vo desde aumentar a

    capacidade de armazenamento de energia eltrica pelos EV (com conseqente

    aumento de custo inicial), passando por usar frotas para integrar as

    capacidades de armazenamento, at o uso de controles inteligentes (no EV e

    na rede) para gerenciar os ciclos de carga e descarga das baterias, visando

    seu aproveitamento como potenciais fornecedoras dos servios anteriormente

    citados. O relacionamento entre a rede (concessionria) e o prestador de

    servio (proprietrio) pode ser pensado como sendo feito diretamente entre as

    partes (concessionria e frotista, por exemplo) ou com o uso de um

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    intermedirio (agregador), e dever fazer uso de incentivos financeiros para

    maximizar o tempo que os EV permanecero conectados. O papel do

    agregador sugerido para ser desempenhado por empresas do tipo telefonia

    celular ou fabricantes de baterias, devido capacidade de estabelecer redes

    de comunicao ou facilidade de oferecer estmulo financeiro.

    Para o incio das operaes de um sistema real, Kempton sugere o uso

    de EV puros, com baterias recarregveis, j que sua gesto mais simples,

    partindo de frotas de demonstrao e, a partir do atingimento do ponto de

    equilbrio financeiro, que sejam agregados veculos individualmente at asaturao do mercado de servios ancilares, quando ento poder ser iniciado

    o desenvolvimento dos projetos de armazenamento de energias renovveis

    (elica e/ou fotovoltaica). Deve-se salientar que, na viso deste autor, regies

    com baixo custo de servios ancilares, como, por exemplo, sistemas

    fortemente dependentes de gerao hdrica, no tero interesse em

    desenvolver este tipo de relacionamento entre EV e SEP.(ver nota Prof.

    Marciano)

    Um modelo de agregador apresentado por HAN [14], no qual so

    analisadas as necessidades de regulao de freqncia de concessionrias

    nos EUA, os preos pagos pelos servios ancilares e a viabilidade de estes

    servios serem prestados por um conjunto de veculos reunidos por uma

    entidade que deveria responder aos sinais de controle de regulao. A

    estratgia desta entidade deve se basear nos ciclos de carga das baterias dos

    veculos contratados. Uma proposta de modelo de programao dinmica

    feita para otimizar estes ciclos, com o objetivo de maximizar o lucro operacional

    do agregador (basicamente, a diferena entre o faturamento pela venda de

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    servios e o total pago pela energia necessria para carregar as baterias dos

    EV contratados). So levadas em considerao as restries de carga mnima

    e mxima de cada bateria, bem como a taxa de carga e descarga admissveis

    que no acarretem a diminuio de sua vida til.

    ULBIG e outros [12] apresentam um modelo de controle dos servios de

    regulao de freqncia, fornecidos por um agregador de PHEV (veculo

    eltrico hbrido conectvel), baseado em MPC. O modelo dos veculos

    individuais construdo como um energy hub e a sada fornecida por este

    modelo usada para simular 84 ciclos de uso distintos, aplicados em 15000veculos, com uma distribuio temporal especfica. O modelo foi simulado com

    o uso do MPT (Multi-Parametric Toolbox) do MATLAB e aplicado ao sistema de

    14 barras do IEEE para verificao da estabilidade de freqncia aps uma

    falha de 0.5 pu durante 10 minutos. Os resultados mostram a viabilidade do

    uso de PHEV agregados para o fornecimento deste servio.

    De modo anlogo, mas usando modelos de 4 ordem para os geradores

    sncronos e de 3 ordem para os equivalentes dos geradores elicos, ROCHA

    ALMEIDA [13] constata a viabilidade do uso de EV (somente bateria) para

    suprir estabilidade ao sistema integrado Portugal-Espanha quando submetido a

    uma falha grave (curto trifsico na rede, causando desligamento de vrias

    fazendas elicas). As simulaes foram feitas usando-se o Plansys do INESC,

    um software para simulao dinmica de redes que usa o mtodo convencional

    passo a passo, e foram estudados casos com EV comportando-se como

    cargas simples e os EV agregados e recebendo sinais ativos do AGC

    (Automatic Generation Control). Os resultados mostram a eficcia do modelo,

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    com reduo de sobrecargas e aumento da robustez de operao quando se

    considera a conexo V2G (vehicle to grid) dos EV.

    GALUS [26] apresenta um quadro de como seria a insero dos PHEV

    nos SEP atuais, aplicando o conceito de balance group (BG). O BG um

    agrupamento de consumidores (mesmo provedores de servios), fornecedores

    e comerciantes, no necessariamente na mesma regio geogrfica ou ligados

    mesma distribuidora, que assume as tarefas administrativas de coletar dados

    de cargas, gerao e comercializao de energia, dos quais sero derivados o

    balano de energia e os custos. Para a integrao de PHEV, e/ou agregadoresdestes, nos SEP existentes, o autor sugere o uso do conceito de estados do

    sistema, anlogos aos usados para os SEP. O quadro apresentado, de oito

    possveis estados para um PHEV, pode ser utilizado para simular o

    comportamento de um SEP no qual tenha sido inserida uma frota de PHEV,

    comparando regras de mudana de estados possveis para o veculo. Na

    simulao apresentada como exemplo, verifica-se que no planejamento a curto

    prazo do SEP, diferentes modos de operao dos estados dos PHEV no

    podem ser desconsiderados.

    A referncia [27], embora no trate de EVs, prope uma metodologia de

    Dinmica de Sistemas (DS) para o despacho de PCHs. No seu

    desenvolvimento, cita-se a possibilidade da utilizao da metodologia para o

    despacho de outras fontes de energia alternativas. Se encararmos o agregador

    de PHEVs como sendo uma fonte de energia alternativa, ou como

    complemento de uma fonte alternativa (elica ou fotovoltaica), poderia ser

    possvel o desenvolvimento em DS de um mtodo de despacho especfico

    contemplando frotas de veculos que atingissem a massa crtica da viabilidade

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    econmica da constituio de um agregador, nos moldes dos at agora

    sugeridos na literatura.

    Outras referncias foram consultadas, principalmente para facilitar o

    entendimento dos desenvolvimentos efetuados pelos autores e dos conceitos

    apresentados nos artigos, tais como [22], [23], [24] e [25], porm seu

    detalhamento extrapola o escopo desta pesquisa. Para finalizar, citam-se dois

    artigos que tratam de impactos nas redes de distribuio, em termos de

    desempenho e investimentos necessrios para adequao.

    O primeiro [31] trata do estudo do impacto da introduo de PHEVs emduas redes reais de grandes dimenses, uma residencial e uma mista. Trs

    passos so seguidos para avaliar os investimentos e incremento de perdas

    com a introduo de PHEVs:

    1- Descrio das reas a serem estudadas;

    2- Definio dos cenrios de penetrao dos PHEVs; e

    3- Clculo da expanso da rede e novo nvel de perdas.

    As caractersticas das reas estudadas esto nas tabelas a seguir,

    extradas dos artigos originais, sem traduo:

    rea A rea B

    Os tipos de PHEVs considerados no estudo esto resumidamente

    descritos na tabela abaixo:

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    Os cenrios de penetrao considerados so:

    1- 35% de PHEVs, 10% deles em V2G

    2- 51% de PHEVs + PEVs, 10 % deles em V2G

    3- 62% de PHEVs, 10% deles em V2G, carga rpida (2C)

    Para V2G, considerou-se uma potncia fornecida variando entre 3 e

    10kW. O padro de tempo de conexo utilizado est mostrado na tabela a

    seguir, tambm extrada do artigo original:

    Um modelo de planejamento da distribuio em larga escala foi usado

    para comparar os cenrios de penetrao de PHEVs com a rede bsica, que

    foi desenhada como uma rede otimamente adaptada, com mnimos custos

    operacionais e de investimentos. Os pontos de carga foram distribudos

    aleatoriamente na rede, mas sempre coincidindo com pontos de carga j

    existentes na rede bsica.

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    Os resultados mostram que os investimentos necessrios para atender

    as demandas, se as recargas forem efetuadas em horrio de pico, sero quase

    20% superiores aos normais, para uma rea tipo A e 3% superiores para uma

    rea tipo B, considerando-se um fator de simultaneidade igual a 1 para a

    conexo dos PHEVs. Aplicando-se fatores de simultaneidade menores que 1,

    ou seja, utilizando-se estratgias inteligentes para recarga dos PHEVs, os

    investimentos para recarga em horrio de pico reduzem-se um cerca de 70%

    em relao no utilizao destas estratgias.

    Se as recargas forem realizadas fora do horrio de pico, nenhuminvestimento extra necessrio, a no ser o feito para administrar as recargas.

    A anlise das perdas incrementais mostra que, para recarga fora do

    horrio de pico, as perdas aumentam entre 35 e 40%, no caso de penetrao

    de PHEVs de 62%.

    Como neste estudo foram utilizadas duas condies singulares de carga

    (horrio de pico e fora de pico), os autores sugerem o uso de curvas de carga

    dirias (24 horas) para futuros estudos.

    Finalmente, a referncia [32] trata de uma anlise, via simulao de uma

    rede de 34 ns do IEEE, da qualidade da energia e do comportamento das

    perdas com uma penetrao de 30% de PHEVs, conforme previso para 2030,

    na Blgica. Foram considerados os mesmos parmetros usados em um estudo

    determinstico realizado anteriormente pelos autores [33], que introduziram

    uma aproximao estocstica para o perfil do consumo residencial,

    considerando-se um erro nos valores previstos. Utilizando o mtodo da

    programao quadrtica, foi feita uma otimizao do carregamento e do uso da

    rede para minimizar perdas, com base em uma aproximao estocstica.

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    Foram definidas funes de densidade de probabilidade para o perfil de

    consumo residencial, antes fixo. As f.d.p. consideradas foram normais, com

    desvios padro escolhidos para que em 99,7% dos casos o valor da amostra

    aleatria estivesse dentro de uma faixa de 5% ou de 25% ao redor da mdia,

    para cada 15 minutos do perfil de carga.

    Foi calculado um perfil timo de recarga para 2000 amostras

    independentes do perfil dirio de carga na rede. Este perfil timo de recarga,

    por sua vez, foi usado para calcular as perdas para cada um dos 2000 perfis de

    carga individuais. Este o timo estocstico. Para cada um destes 2000 perfisde carga, foram calculados o perfil de recarga timo e as perdas

    correspondentes, que o timo determinstico As perdas do timo

    determinstico foram subtradas das perdas do timo estocstico e divididas

    pelas perdas do timo determinstico e definidas como P (%) e so sempre

    positivas. Os resultados esto nas figuras 1 e 2 do artigo original, aqui

    reproduzidas sem traduo, respectivamente para uma variao diria de 5% e

    25%.

    A previso dos perfis de carga dirios introduz uma perda de eficincia,

    porque os perfis de recarga mdios dos PHEV no so timos para este perfil

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    de carga especfico. Os perfis para o n 33 esto na figura 3 do artigo original,

    aqui reproduzida sem traduo, que mostra que a diferena entre o

    determinstico e o estocstico pequena.

    A mesma soluo foi buscada com Programao Dinmica, tcnica que

    decompe o problema de otimizao original em uma sequncia de sub-

    problemas que so resolvidos de trs para frente em cada etapa. Usando a

    tcnica de aproximaes sucessivas de programao dinmica, que decompe

    o problema multidimensional de uma srie de PHEV em uma sequncia de

    problemas unidimensionais, obtm-se o grfico comparativo entre valores

    obtidos atravs da tcnica de programao dinmica (PD) e aqueles obtidos

    com o mtodo da programao quadrtica (PQ) da figura 5 do artigo original,

    reproduzida sem traduo.

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    A tendncia observada a mesma e as diferenas pontuais so devidas

    discretizao da recarga em intervalos de 400 W no estudo de PD, para

    diminuir tempo de processamento e utilizao de memria.

    Foram analisados os impactos no sistema de distribuio, por meio de

    um fluxo de potncia backward/forward, ao se introduzir os perfis de recarga

    determinados em uma rede topologicamente igual a de 34 ns do IEEE em

    cada uma das fase de um transformador de 160 kW, com os demais

    equipamentos seguindo os padres utilizados na Blgica. Assim, a rede

    resultante ficou com 100 ns, em 30% dos quais foi acrescentada a cargarelativa aos perfis de recarga de PHEV mostrados acima. Os resultados esto

    resumidos na tabela 1 do artigo original, reproduzida sem traduo a seguir, e

    mostram que sem controle externo da recarga a qualidade da energia eltrica

    diminui sensivelmente, levando necessidade de investimentos na rede.

    1.6. CONCLUSO

    Vrios autores abordaram o tema de conexo de veculos eltricos

    rede de distribuio, sob a tica da realidade de diversos sistemas eltricos,

    com regras de funcionamento e regulamentaes especficas, de mercados de

    energia com caractersticas diversas e matrizes de transporte de passageiros e

    cargas peculiares de suas regies geogrficas. As anlises utilizam

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    basicamente dados de modelos comerciais de veculos eltricos em diversas

    configuraes e mostram a viabilidade econmica e tecnolgica de a conexo

    V2G ser aproveitada para fornecimento de energia suplementar ou servios

    ancilares rede. Outra concluso importante a de que, sem interferncia

    regulatria e controle de horrios de recarga, a introduo de EVs no mercado

    de transporte individual necessitar de investimentos adicionais, principalmente

    em redes de distribuio de baixa tenso (alimentadores finais).

    2. CONSIDERAES SOBRE VECULOS ELTRICOS E SISTEMAS

    A seguir, faremos algumas consideraes sobre veculos eltricos e seu

    relacionamento com os sistemas eltricos, bem como sobre a regulamentao

    sobre o tema disponvel no Brasil.

    2.1. MODELOS DE VECULOS ELTRICOS

    O desenvolvimento de veculos de transporte eltricos antecedeu ao dos

    automveis com motores a combusto interna (ICE). Inicialmente, os veculos

    eram movidos por motores de corrente contnua e o peso das baterias chumbo-

    cido necessrias para alimentar o motor foi o fator preponderante para que o

    desenvolvimento da tecnologia estagnasse por vrias dcadas.

    Os primeiros modelos hbridos de sucesso foram desenvolvidos no setor

    ferrovirio, com as locomotivas diesel-eltricas. Esta mesma tecnologia

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    usada hoje em dia no transporte rodovirio urbano de algumas grandes

    cidades, como New York.

    Com as crises do petrleo nos anos 1970 e 1980, retomaram-se as

    pesquisas no sentido de desenvolver tecnologias que possibilitassem o uso de

    energia eltrica no transporte individual. As solues encontradas conduziram

    a diferentes tecnologias, com diferentes nveis de eletrificao. O nvel de

    eletrificao definido como sendo o percentual da potncia eltrica do veculo

    em relao sua potncia total.

    ELADI [28] classifica os veculos eltricos quanto ao nvel deeletrificao em veculos mais eltricos (MEV), com menos de 20% de nvel de

    eletrificao, veculos eltricos hbridos (HEV) e veculos eltricos hbridos

    conectveis (PHEV), ambos com 20 a 80% de nvel de eletrificao e veculos

    eltricos puros (EV), com 100% de nvel de eletrificao, cujas caractersticas

    resumimos adiante:

    1. Veculos eltricos puros (EV): so veculos providos de motores eltricos

    (um ou mais), abastecidos unicamente por baterias, que dependem de uma

    fonte externa de energia para a recarga das baterias. Normalmente, esta fonte

    externa um sistema eltrico de potncia (SEP). Os problemas enfrentados no

    desenvolvimento dos EVs esto os relacionados ao peso e autonomia das

    baterias, velocidade de recarga e durao, em ciclos de carga-descarga, da

    sua vida til. Outro fator o preo das baterias, que representam cerca de 50%

    do investimento inicial na compra de um EV e devem ser substitudas

    periodicamente, por esgotamento de sua vida til. Observadas algumas

    condies, tais como estado de carga mximo e mnimo e velocidade de

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    recarga, j existem baterias com vida til de at 5000 ciclos carga-descarga.

    Algumas tecnologias avanadas, tal como o aproveitamento da energia cintica

    nas frenagens para recarregar as baterias, esto sendo incorporadas aos

    modelos atuais de EVs. A figura 1 mostra a arquitetura bsica de um VE.

    Fig. 1 arquitetura de um EV, extrado de [28]

    O modelo atual mais representativo desta categoria o Nissan LEAF, com

    motor de 80kW alimentado por de baterias NiMH com 90kWh de capacidade de

    armazenamento. Este modelo tem uma autonomia de 160km, em uso urbano,

    com velocidade mxima de 145km/h.

    2. Veculos eltricos hbridos (HEV): veculos com dupla motorizao,

    eltrica e ICE. As duas motorizaes so usadas em configurao srie,

    paralela, ou mista. Na configurao srie, mostrada na figura 2, o ICE funciona

    exclusivamente para mover um gerador que recarrega as baterias, que por sua

    vez alimentam o motor (ou motores) eltrico de trao. Na configurao

    paralelo, tanto o(s) motor(es) eltrico(s) como o ICE podem tracionar o veculo,

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    Fig. 2 HEV na configurao srie, extrado de [28]

    conforme mostrado na figura 3, em uma proporo varivel de acordo com as

    necessidades de potncia e estado de carga das baterias. Estes veculos no

    Fig. 3 HEV na configurao paralelo, extrado de [28]

    precisam ser conectados a nenhuma fonte externa, pois suas baterias so

    recarregadas exclusivamente por seu ICE. Assim, o armazenamento de

    energia feito unicamente pela reserva de combustvel (fssil ou renovvel)

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    existente no tanque. Na configurao mista, como na figura 4, os HEV tm

    duas mquinas eltricas, uma para carregar as baterias e outra para

    Fig. 4 HEV na configurao mista, extrado de [28]

    trao, podendo, desta maneira, operar em qualquer combinao srie-

    paralelo. Como exemplo de veculos desta categoria atualmente

    comercializados temos o Honda Civic, Toyota Prius, Ford Fusion, Hyundai

    Sonata, entre outros, todos com menos de 50% de nvel de eletrificao.

    3. Veculos eltricos hbridos conectveis (PHEV): o que diferencia os

    PHEV dos HEV a possibilidade de conexo destes veculos com uma fonte

    de energia eltrica externa. Isto permite que suas baterias sejam recarregadas

    tanto pelo ICE como pelo SEP. As figuras 5 e 6 mostram as configuraes

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    srie e mista, respectivamente, para os PHEV. Os modelos desta categoria,

    Fig. 5 PHEV na configurao srie, extrado de [28]

    Fig. 6 PHEV na configurao mista, extrado de [28]

    que comeam a se destacar no mercado, so o GM Volt, que possui um motor

    eltrico de 100kW e um motor flex-fuel de 86HP que carrega as baterias de

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    ons de ltio de 16kWh, e o Toyota Prius Hybrid, com motor eltrico de 60kW e

    motor flex-fuel de 98HP que alimenta as baterias de ons de ltio de 5,2kWh.

    4. Veculos movidos a clula de combustvel (FCEV): neste caso, a trao realizada por motor(es) eltrico(s) e sua alimentao feita por baterias

    recarregadas por uma clula de combustvel, que produz eletricidade a partir

    de hidrognio. O hidrognio pode ser armazenado no prprio veculo ou obtido

    de hidrocarbonetos derivados de combustveis fsseis. No h, ainda, veculos

    comercializados em larga escala nesta categoria.

    Ainda segundo ELADI [28], o desenvolvimento atual dos EV foi iniciado,

    a partir das crises do petrleo e do aumento da conscincia de conservao

    dos recursos naturais e preservao da natureza, com o surgimento dos MEV,

    evoluindo para os HEV, que j possuem alguns modelos comercializados com

    sucesso. A seguir, os novos modelos devero apresentar a possibilidade de

    conexo com o SEP, tornando-se PHEV e, com o desenvolvimento de baterias

    e o conseqente aumento de autonomia e velocidade de recarga, os veculos

    se tornaro totalmente verdes, com relao ao combustvel, ou seja, EV puros.

    Algumas previses apontam para a total eletrificao da frota a partir de 2050,

    levando-se em conta as dificuldades para a quebra do paradigma tecnolgico

    representado pelo ICE.

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    2.2. REGULAO E SERVIOS ANCILARES

    A possibilidade de os EV interagirem com o SEP, atravs da introduo

    de PHEV no mercado, apontada por KEMPTON [6] como um fator de

    alavancagem da eletrificao da frota de veculos, uma vez que a prestao de

    servios ancilares e de regulao resultar na possibilidade de receita

    financeira que amortizar os maiores investimentos iniciais necessrios para a

    aquisio de um PHEV. A seguir, analisamos o mercado de servios ancilares

    e de regulao no Brasil.Diferentemente de outros pases, no Brasil, os servios de regulao e

    ancilares so contratados diretamente pelo Operador Nacional do Sistema

    (ONS). Estes servios so essenciais para a operao segura e estvel do

    SEP e se constituem no fornecimento de recursos que permitam a ao do

    operador do sistema no sentido de manter a estabilidade de tenso e

    frequncia, nos momentos de variao brusca de carga, horrios de pico e vale

    e transientes ocasionados por falhas de origem interna e externa.

    Estes servios podem ser classificados por critrio temporal ou por

    critrio de finalidade. No critrio temporal, os servios imediatos devem estar

    disponveis dentro de segundos aps a sua solicitao e os servios de

    prontido so aqueles que devem iniciar aps minutos de sua solicitao.

    Como exemplo de servios imediatos temos regulao primria de freqncia,

    alvio automtico de carga e controle dinmico de tenso, enquanto que os

    servios de prontido so regulao secundria e terciria de freqncia,

    reduo voluntria de carga e controle de tenso em regime permanente.

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    Quanto finalidade, os servios podem ser de controle de freqncia,

    controle de tenso e de restaurao do sistema (partida autnoma). Os

    servios de controle de freqncia, ou de potncia ativa, podem ser primrios

    (variadores de velocidade dos geradores), disponveis em 10 ou 20 segundos,

    secundrios (manuais ou automticos), disponveis em 1 a 10 minutos, para

    complementar a regulao primria, e tercirios (normalmente via geradores de

    reserva), que devem estar disponveis em 30 a 60 minutos, visando ao

    restabelecimento da reserva girante. Os servios de controle de tenso, ou de

    potncia reativa, so os necessrios para se manter um perfil adequado dastenses da rede e so normalmente providos por geradores de reserva,

    compensadores sncronos, reatores e capacitores em derivao e

    transformadores com taps. Os servios de restaurao de sistema consistem

    basicamente em planos de religamento aps uma falha que acarrete o

    desligamento do sistema, baseados em recursos colocados disposio do

    operador para esta finalidade.

    As caractersticas intrnsecas dos PHEV os qualificam como potenciais

    provedores de servios de regulao primria e secundria, assim como para

    fornecedores para demanda em horrio de pico e cargas absorvedoras para os

    horrios de vale, bem como compensadores de variaes de gerao de fontes

    renovveis, como elica ou fotovoltaica.

    2.3. REGULAMENTOS PARA FORNECEDORES DE ENERGIA

    Um PHEV conectado ao SEP e fornecendo energia armazenada em

    suas baterias seria visto como um agente de gerao distribuda, sob a tica da

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    legislao vigente (Decreto n 5.163, de 30 de julho de 2004 [30]). Deste modo,

    os contratos devero ser firmados entre o produtor e a concessionria e ser

    resultado de chamada pblica, para garantir publicidade, transparncia e

    igualdade entre os participantes, ou ter o formato de contratos de compra e

    venda e registrados na ANEEL e na Cmara de Comercializao de Energia

    Eltrica CCEE.

    Durante o ano de 2010, a Agncia Nacional de Energia Eltrica

    ANEEL realizou a consulta pblica n 15, que disponibilizou a Nota Tcnica

    0043/2010/SRD-ANEEL [34] com 33 questes sobre gerao distribuda,divididas em seis grandes temas: caracterizao dos empreendimentos,

    conexo rede, regulao, comercializao de energia, propostas e questes

    gerais. Foram recebidas 577 contribuies de 39 agentes. Na Nota Tcnica

    0004/2011/SRD-ANEEL [35] feita a anlise destas contribuies. Uma das

    concluses que as barreiras regulatrias existentes para gerao distribuda

    de pequeno porte podem ser tratadas dentro das resolues e procedimentos

    emitidos pela ANEEL, respeitadas as atribuies legais e a Poltica Energtica

    Nacional, mas algumas questes versaram sobre temas que so da

    competncia do Ministrio das Minas e Energia MME pois tratam de

    polticas pblicas e, portanto, devero ser discutidas com o Ministrio. A

    recomendao final de que sejam realizados estudos, no mbito da ANEEL,

    para propor a reviso de Resolues e do PRODIST [30], com o objetivo de

    reduzir os obstculos ao acesso de pequenas centrais geradoras ao sistema de

    distribuio. Nenhuma meno foi feita a veculos eltricos ou ao

    armazenamento de energia eltrica para posterior devoluo rede de

    distribuio.

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    Mais recentemente, foi colocada em audincia pblica uma proposta de

    regulamentao para fontes fotovoltaicas e elicas residenciais, o que abre um

    espao para a insero de PHEVs na rede de distribuio.

    2.4. VECULOS ELTRICOS E UTILIZAO DE ENERGIA NO BRASIL

    No final de 2011, circulavam pelas ruas e estradas brasileiras cerca de

    44 milhes de automveis, caminhonetes e vans (incluindo os SUV Sport

    Utility Vehicles). A potncia mdia dos motores (diesel, gasolina, lcool ou flex)est ao redor de 100HP (75kW), totalizando, deste modo, 3.300 GW. Segundo

    a ANEEL, existem 2.508 empreendimentos geradores de energia eltrica,

    totalizando aproximadamente 118 GW de potncia outorgada ou 116 GW de

    potncia fiscalizada. Para que a frota de veculos eltricos iguale, em potncia,

    a capacidade de gerao de energia eltrica atual, basta que 3,6% da frota

    seja convertida. Esta situao coloca o Brasil em vantagem em relao, por

    exemplo, aos Estados Unidos, comparando-se os dados fornecidos por

    KEMPTON [6] e citados no Captulo 1, porm, ainda no existe previso de

    comercializao, no Brasil, dos veculos citados no captulo 2.1, itens 1 a 3.

    3. VECULOS ELTRICOS E REDE: MODELOS DE CARGA, SOLUO

    DETERMINSTICA E SIMULAO ESTATSTICA

    Na sequncia, so mostrados os modelos de automveis eltricos a se

    considerar no desenvolvimento desta pesquisa, bem como suas caractersticas

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    de carga e descarga das baterias. Em seguida, estes modelos sero

    considerados, individualmente, para anlise das alteraes que devero

    ocorrer nas curvas de demanda de energia eltrica em uma regio

    metropolitana, medida que sua participao no mercado de automveis

    aumente, seja pelo crescimento demogrfico, seja pelos mecanismos de

    incentivo introduo desta tecnologia. Tambm sero abordadas as

    ferramentas de anlise de redes de distribuio e o mtodo de Monte Carlo,

    que permite realizar simulaes estatsticas a partir do conhecimento de um

    modelo determinstico para a soluo do problema.

    3.1. VECULOS ELTRICOS PUROS E HBRIDOS CONECTVEIS

    Como o interesse do estudo reside na inter-relao entre veculos

    eltricos e a rede de distribuio, somente sero considerados modelos que

    permitem esta conexo. Deste modo, ser escolhido um modelo representativo

    da categoria veculos eltricos puros (EV) e outro da categoria veculos

    eltricos hbridos conectveis (PHEV).

    3.1.1. Veculo eltrico puro

    Conforme descrito no captulo 2, veculos eltricos puros so aqueles

    que tm apenas um (ou mais) motor(es) eltrico(s), que so alimentados

    exclusivamente pela energia eltrica fornecida por suas baterias. A recarga

    destas baterias feita exclusivamente atravs de uma fonte externa de energia

    eltrica, usualmente a rede de distribuio. Mecanismos de recuperao de

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    energia cintica durante as frenagens so normalmente instalados nestes

    veculos, visando o aumento de sua autonomia.

    Com autonomia mdia de 160km, baterias com capacidade de 24kWh,

    motor eltrico de im permanente de 80kW (107HP), recarga das baterias em

    110, 220 ou 440V (8 horas em 220V) e preo competitivo (U$ 25.000,00, nos

    Estados Unidos), o Nissan LEAF considerado uma das principais tendncias

    no mercado de veculo nos prximos anos. Por este motivo, foi adotado como

    modelo de referncia de EV para os propsitos desta pesquisa.

    Fig. 7 Nissan LEAF, referncia de EV para este estudo (foto obtida na Internet)

    3.1.2. Veculo Eltrico Hbrido Conectvel

    Embora poucos e ainda no totalmente disponveis em todos os

    mercados, alguns modelos de PHEV esto em fase de lanamento e um

    destes modelos servir de base para o prosseguimento deste estudo. Para

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    simplificar a modelagem, considerar-se- o PHEV na configurao srie,

    descrita no captulo 2. Com motor a combusto interna (ICE) e um (ou mais)

    motor(es) eltrico(s), estes veculos tm como caracterstica principal a maior

    autonomia, por meio do armazenamento de energia termo-qumica. A funo

    de trao desempenhada pelo(s) motor(es) eltrico(s), alimentados por

    baterias. O ICE atua somente para acionar um gerador que recarrega as

    baterias. Deste modo, o veculo possui duas maneiras distintas de operao.

    Na primeira fase, enquanto as baterias esto com carga acima do nvel mnimo

    para sua segurana, o veculo funciona como um EV puro. Quando este nvelmnimo atingido, o ICE comea a operar, para manter a carga das baterias

    dentro de limites estabelecidos, de forma a otimizar sua durabilidade, sem

    afetar o desempenho do veculo como um todo.

    Lanado em 2007, o Chevy VOLT o tpico PHEV na configurao

    srie, com trao exclusivamente eltrica. Equipado com um motor de im

    permanente de 150HP, alimentado por baterias de ons de ltio de 16kWh de

    capacidade, tem autonomia all-electric de cerca de 60km, a partir da qual

    entra em funcionamento o ICE de 86HP, para manter o nvel de carga das

    baterias dentro dos valores especificados. Isto permite ao fabricante oferecer

    uma garantia de 8 anos (ou 150.000km) aos componentes da motorizao

    hbrida. As baterias do VOLT podem ser totalmente recarregadas em 180

    minutos em uma tomada de 220V residencial. Por estes motivos, o Chevy

    VOLT foi adotado como modelo de PHEV nos estudos a seguir.

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    Fig 8 Chevy VOLT, referncia como PHEV (imagem obtida na Internet)

    3.2. DEMANDA DE ENERGIA DOS EVS E PHEVS

    Segundo SCUCH [21], a demanda a ser atendida depende, em grande

    parte, da evoluo da economia, que independe da empresa distribuidora. H,

    tambm, a influncia das decises dos consumidores livres, porm este

    aspecto no ser considerado neste estudo. Deste modo, consideramos como

    variveis que afetam diretamente o crescimento da demanda os fatoreseconmicos (variao do PIB, basicamente) e demogrficos. Alm disso, a

    introduo de uma nova tecnologia para os transportes individuais

    seguramente afetar tanto a forma da curva de demanda como tambm o total

    de energia fornecida aos consumidores, uma vez que as baterias dos veculos

    conectveis (EV e PHEV) sero recarregadas por meio da rede de distribuio.

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    Para uma dada regio geogrfica, a demanda total de energia devida

    introduo de veculos eltricos ser igual demanda mdia de um nico

    veculo multiplicada pelo nmero de veculos ativos (em uso, portanto sendo

    recarregados regularmente). No caso dos EV tpicos considerados neste

    estudo, cuja bateria possui uma capacidade de 24kWh e leva 8 horas para ser

    recarregada em 220V, a potncia a ser agregada, por veculo, curva de

    demanda de cerca de 3kW, durante 8 horas. J para os PHEV tpicos, com

    bateria de 16kWh de capacidade e recarga em 180 minutos em 220V, a

    potncia considerada ser de 11 kW durante este perodo. No caso dos PHEV,cabe uma considerao adicional sobre a possibilidade de a recarga no ser

    realizada, uma vez que o veculo possui a capacidade de gerar sua prpria

    energia para recarga das baterias. Seguindo os hbitos usuais do usurio de

    transporte individual, esta recarga poder ocorrer 2 vezes ao dia, aps as 9

    horas, em um estacionamento de uma empresa, por exemplo, e aps as 20

    horas, j na residncia do proprietrio do veculo. Dado que tanto o horrio de

    incio da recarga quanto o estado de carga da bateria neste momento so

    variveis estocsticas, consideraremos uma variao normal para estes

    valores.

    Entretanto, aspectos regulatrios, ainda indefinidos, podero influenciar

    de modo decisivo os hbitos dos consumidores para a recarga das baterias dos

    seus veculos. Estes aspectos so as tarifas horo-sazonais de energia eltrica,

    contratos de prestao de servios ancilares por parte dos EVs e PHEVs

    conectados rede e o controle do nmero de recargas tendo em vista

    prolongar a vida til da bateria.

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    39

    3.3. ANLISE DE SISTEMAS DE DISTRIBUIO

    A ferramenta mais usada para a anlise do desempenho de um sistema

    de distribuio o modelo de fluxo de potncia, que permite obter as tenses

    nas barras que o compem, a partir das potncias geradas e consumidas e das

    caractersticas topolgicas e eltricas dos ramos que unem as barras. No caso

    de sistemas de distribuio em baixa tenso, que o caso do presente estudo,

    a soluo do problema do clculo do fluxo de potncia baseada em mtodos

    iterativos de varredura da rede, uma vez que os mtodos de soluoconvencionais (Newton-Raphson, tipicamente) apresentam problemas de

    convergncia, pelo o fato de que as componentes resistiva e indutiva das

    impedncias de ramos tm valores numericamente semelhantes.

    O mtodo escolhido para ser utilizado neste estudo o da soma de

    potncias. Neste mtodo iterativo, descrito por CESPEDES [36], assume-se um

    valor de tenso para as barras do sistema, sendo a barra de referncia a

    barras da subestao alimentadora, e calcula-se, de jusante para montante, as

    perdas em cada linha, que so adicionadas s cargas nas barras, obtendo-se

    novos valores para as cargas acumuladas de cada barra. Com estes novo

    valores, iniciando-se da barra de referncia, calculam-se os valores de tenso

    nas barras. Com estes valores, recalculam-se as perdas e assim

    sucessivamente, at que os valores das perdas entre duas iteraes

    consecutivas no difiram significativamente. A vantagem deste mtodo a

    simplicidade dos clculos, descritos no Anexo, pois o clculo das tenses

    nodais no depende dos ngulos das tenses. tambm um mtodo de

    convergncia rpida quando utilizado em redes radiais, nas quais as

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    40

    resistncias e as reatncias dos ramos tenham a mesma ordem de grandeza

    de valores, como o caso do alimentador de baixa tenso analisado.

    Ver observao do Prof. Marciano sobre metodologia de planejamento da

    demanda.

    3.4. MTODO DE SIMULAO DE MONTE CARLO

    O mtodo de simulao de Monte Carlo permite representar, por meio

    do sorteio de um grande nmero de estados das variveis de entrada, avariao das variveis de sada, em um sistema cuja soluo determinstica

    conhecida. No caso do presente estudo, os sorteios so realizados para

    determinar as barras em que sero conectados veculos eltricos para recarga,

    bem como na determinao dos valores das cargas aplicadas em cada barra.

    Isto permite estimar os parmetros das distribuies das variveis de sada do

    sistema, a saber as tenses nodais e as perdas eltricas nos ramos. Os

    estimadores das variveis de sada so, comumente, a mdia da distribuio e

    seu desvio padro, admitindo-se que estas variveis so distribudas

    normalmente em torno de seu valor mdio. Esta hiptese pode ser

    razoavelmente justificada pelo fato de a gerao das variveis randmicas para

    a simulao ser feita com base na premissa de que as cargas aplicadas ao

    sistema variam normalmente em torno de mdias conhecidas, com desvio

    padro que pode ser estimado atravs da observao de suas variaes ao

    longo do tempo.

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    41

    4. SIMULAES

    Neste captulo, so descritas as simulaes efetuadas, tendo em vista

    avaliar o impacto da introduo de veculos eltricos sobre as decises das

    concessionrias de distribuio. Primeiramente, so mostradas as mudanas

    esperadas nas curvas de carga de um alimentador de distribuio localizado

    em um bairro residencial de uma cidade da regio sul do Brasil, em face ao

    aumento da participao dos veculos eltricos no mercado de automveis. A

    seguir, so discutidas as hipteses levadas em considerao em relao ahorrios e durao das recargas usados no modelo desenvolvido para a

    simulao. Para finalizar, descrita a topologia da rede e so fornecidos os

    valores nominais para a caracterizao fsica do alimentador de distribuio

    residencial em baixa tenso utilizado, bem como a descrio do mtodo de

    clculo adotado para determinar as perdas no sistema e as tenses nodais.

    4.1. CARGAS RESIDENCIAIS COM VECULOS ELTRICOS

    A curva de carga de um alimentador residencial de baixa tenso, com 20

    barras, est mostrada na figura 9 e foi obtida junto a uma concessionria de

    distribuio da regio sul do Brasil.

  • 8/2/2019 Gerao distribuda usando veculos eltricos

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    42

    Fig. 9 curva de carga diria do alimentador BT

    Por se tratar de rea residencial, nota-se claramente o pico de consumo

    que ocorre no horrio do encerramento das atividades comerciais e industriais,

    com o retorno dos moradores a suas casas e incio de suas atividades

    domsticas. Tambm pode ser observado o declnio acentuado do consumo de

    energia aps as 20 horas, atingindo o mnimo dirio entre 2 e 4 horas da

    madrugada.

    A recarga de veculos eltricos adicionar cargas a esta curva na

    proporo direta da sua participao no mercado, ou seja, se considerarmos

    que a participao de 10%, em 10% das barras devero ser adicionadas

    cargas representativas do processo de recarga das baterias. No h nenhuma

    razo para que as cargas sejam adicionadas preferencialmente a alguma barra

    em particular e, deste modo, para uma dada participao no mercado, as

    barras sero sorteadas aleatoriamente, supondo que a probabilidade

    distribuda uniformemente entre elas.

    Outro fator que influenciar determinantemente a formao da nova

    curva de carga o tipo de veculo suposto, j que, presentemente, as

    capacidades diferenciadas das baterias dos diversos tipos de veculos, bem

    como as inmeras possibilidades de velocidade de recarga, levam a potncias

  • 8/2/2019 Gerao distribuda usando veculos eltricos

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    43

    consumidas entre 3 e 11 kW, com durao entre 180 minutos e 8 horas. Para

    os objetivos deste estudo, considerado que PEVs e PHEVs participam

    igualmente do mercado de automveis, com 50% de cada um deles em cada

    simulao.

    4.2. HORRIOS E DURAO DAS RECARGAS DOS VECULOS

    ELTRICOS

    Se no houver interferncia externa, causada ou por imposioregulatria ou por incentivos econmicos baseados em tarifas diferenciadas por

    horrio ou por multas aplicadas em recargas no autorizadas, os proprietrios

    de veculos eltricos tendero a recarreg-los preferencialmente em dois

    horrios distintos: ao chegar em casa, no final da jornada de trabalho, ou pela

    manh, aps a chegada ao local de trabalho. Como, neste estudo, usado um

    alimentador BT residencial, para efeitos de simulao, sero estudadas

    recargas efetuadas em horrios de pico e vale, bem como em horrio de

    demanda mdia, com o objetivo de abranger as situaes mais e menos

    crticas e uma situao intermediria. A durao da recarga , obviamente,

    funo, alm da capacidade mxima de carga da bateria, do estado de carga

    no qual a mesma se encontra no incio da operao. Como as anlises da rede

    de distribuio so estticas, ou seja, so realizadas anlises independentes

    para cada horrio, pode-se assumir, sem perda de qualidade da informao,

    que o incio da recarga se d sempre com as baterias em estado mnimo de

    carga, ou seja, que a durao da recarga ser a mxima para que estado de

    carga total seja atingido. Esta tambm a situao mais prejudicial ao sistema

  • 8/2/2019 Gerao distribuda usando veculos eltricos

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    44

    e as variaes nos horrios de incio de recarga foram consideradas sem

    relevncia para o resultado, j que as anlises so feitas de hora em hora.

    4.3. ALIMENTADOR BT RESIDENCIAL

    O maior impacto nas redes de distribuio causado pelo aumento da

    participao dos veculos eltricos conectveis no mercado de automveis

    ocorrer nas reas residenciais, uma vez que as potncias necessrias para a

    recarga das baterias so equivalentes, em muitos casos, ao consumo mdio deuma residncia. Uma rede simples, representativa de alimentadores BT em

    bairros residenciais tpicos de uma cidade de grande porte, da regio sul do

    Brasil, est mostrada na figura 10.

    Este alimentador constitui-se de um transformador 13800/220 V na barra

    0 (referncia) e as linhas so compostas por cabos de alumnio 2/0AWG, com

    resistncia de 0,4362 ohm/km e reatncia de 0,4266 ohm/km. As impedncias

    das linhas e as cargas nas barras, para o horrio de pico das 19:00 horas,

    esto mostradas na Tabela 1 e o fator de potncia considerado em todas as

    barras 0,89..

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    45

    Fig 10 Topologia de um alimentador BT residencial

    0

    1

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    2

    3

    48

    5

    6

    7 9

    10

    11

    12

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    46

    Barra P(kW) Q(kVAr) LT R(pu) X(pu)1 8.4105 4.3038 0 para 1 0 02 2.8391 1.4566 1 para 2 0.00079862 0.000781053 0 0 2 para 3 0.00034644 0.00033881

    4 3.2752 1.6779 3 para 4 0.00054089 0.000528985 4.6547 2.3847 3 para 12 0.00061742 0.000603846 2.4653 1.2630 4 para 5 0.00094928 0.000925467 0.0712 0.0365 5 para 6 0.00113749 0.001112458 7.8320 4.0125 6 para 7 0.00096954 0.000948209 14.2133 7.2817 6 para 8 0.00023096 0.00022588

    10 2.7145 1.3907 8 para 9 0.00091951 0.0008992711 3.4799 1.7828 9 para 10 0.00079862 0.0007810512 0.0801 0.04103 10 para 11 0.00093249 0.0009119713 2.0915 1.0715 1 para 13 0.00091951 0.0008992714 6.764 3.4653 13 para 14 0.00109016 0.0010661715 2.9637 1.5184 14 para 15 0.00093249 0.0009119716 4.2631 2.1841 15 para 16 0.00093249 0.0009119717 5.5091 2.8224 13 para 19 0.00089571 0.0008760018 4.2275 2.1658 19 para 20 0.00093249 0.0009119719 1.0235 0.5243 13 para 17 0.00115047 0.0011251520 0.0712 0.0365 17 para 18 0.00102985 0.00100719

    Tab. 1- dados do alimentador BT, cargas para o horrio de pico

    A introduo da recarga de veculos eltricos atravs da rede feita com

    a adio de cargas correspondentes potncia consumida pelas baterias ao

    serem recarregadas, durante o tempo especificado, de acordo com as

    caractersticas dos veculos. Admite-se, em todos os casos, que o estado decarga da bateria o mnimo no incio do processo e que a carga a ser atingida

    a mxima possvel. As barras onde sero acrescentadas as cargas so

    sorteadas aleatoriamente em cada simulao, com base em uma distribuio

    uniforme de probabilidades, ou seja, admite-se que a probabilidade de cada

    barra receber um veculo eltrico para ser recarregado exatamente a mesma

    de qualquer outra barra, com exceo da barra 0 (referncia), na qual nunca se

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    47

    adicionam cargas. A quantidade de veculos a serem recarregados

    simultaneamente calculada com base na participao dos EVs no mercado,

    ou seja, o nmero de barras que recebem as cargas adicionais diretamente

    proporcional a esta participao. Para os efeitos deste estudo, assume-se que

    metade dos veculos so PEV e metade so PHEV.

    4.4. ALEATORIEDADE DAS CARGAS

    As cargas ativas e reativas em cada barra so assumidas proporcionaisaos valores de pico mostrados na tabela 1 e aos valores horrios da curva de

    carga, mostrada na figura 9. A variao que ocorre nestes valores levada em

    considerao simulando-se uma distribuio normal em torno do valor nominal,

    assumido como sendo a mdia da distribuio, em cada barra do alimentador.

    A varincia desta distribuio estimada para que 90% dos valores estejam no

    intervalo 3 . Em cada simulao, so sorteados 1000 valores de cargas em

    cada barra, considerando-se cada barra independente das demais.

    4.5. CLCULO DO FLUXO DE POTNCIA

    Em cada simulao, calculam-se os valores das tenses nas barras e

    das perdas nas linhas, utilizando-se o mtodo da soma de potncias. Os

    clculos so efetuados para todas as horas do dia e para os valores de

    participao de EVs no mercado de 0% (caso referencial em que no h

    veculos eltricos conectados rede), 10%, 20%, 30% e 50%. Os valores de

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    48

    tenso e perdas so acumulados e a mdia e desvio padro de suas

    distribuies so estimados a partir desta amostra.

    4.6. CONCLUSO

    Com base nas premissas descritas nos itens 4.1 a 4.5 deste captulo, foi

    construdo um motor de simulao, em linguagem MATLAB, conforme

    fluxograma mostrado na figura 11. Com esta ferramenta, foram executadas as

    simulaes estatsticas, cujos resultados esto apresentados no captuloseguinte. Dado o carter estocstico do modelo seguido para a realizao das

    simulaes, estes resultados podem sofrer pequenas variaes, sempre dentro

    das margens de confiana estatstica adotadas, no caso de serem repetidos

    em outra ocasio.

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    49

    Fig. 11 fluxograma do motor de simulao.

    5. RESULTADOS

    Neste captulo so mostrados e analisados os resultados obtidos nas

    simulaes realizadas no alimentador baixa tenso descrito em 4.3, ao qual

    foram aplicadas cargas residenciais normais, para o caso de a participao de

    EV ser assumida igual a zero (caso base). A estas cargas residenciais so

  • 8/2/2019 Gerao distribuda usando veculos eltricos

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    50

    adicionadas as cargas correspondentes a veculos sendo recarregados em

    vrios nveis de participao no mercado, conforme 4.1, e com hipteses de

    horrio de incio da recarga de acordo com 4.2. Os resultados apresentados

    so as tenses nas barras do alimentador, em forma de distribuio de

    probabilidades, as mudanas esperadas na curva de carga do sistema

    alimentador e as perdas ativas e reativas causadas pelo carregamento do

    alimentador.

    5.1. TENSES NOS NS (BARRAS) DO ALIMENTADOR

    Os valores mostrados na figura 12 foram obtidos por meio do clculo do

    fluxo de potncia pelo mtodo da soma de potncias aplicado no alimentador

    da figura 10. Para cada hora do dia foram simulados 1000 valores de cargas

    nas barras do alimentador, sorteadas como descrito em 4.4. O grfico

    representa os valores mdios das tenses em cada barra e os respectivos

    desvios padro. O caso base (participao 0%) a referncia, pois os valores

    das cargas aplicadas s barras variam em torno dos valores nominais,

    admitidos como sendo a mdia da distribuio.

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    51

    Fig. 12: Tenses nas barras ao longo do dia para 0% de participao

    Na figura 12, observam-se duas barras crticas para esta configurao

    do alimentador: as de nmero 7 e 12, que apresentam os menores valores de

    tenso em todos os horrios do dia, atingindo valores inferiores aos limites dequalidade aceitvel para distribuio residencial.

    Da curva de carga do alimentador, podemos extrair trs diferentes

    estados de solicitao do sistema: s 4:00 horas, a demanda mnima e todas

    as tenses nas barras atendem s especificaes de qualidade, no caso de

    participao 0%; s 14:00 horas, tem-se um estado de demanda mdia, no

    qual os valores de tenso nas barras criticas do alimentador aproximam-se (e

    at alcanam) valores abaixo do limite de qualidade aceitvel; e, s 18 horas

    (horrio de pico), as tenses na maioria das barras do alimentador esto em

    seus valores mnimos. Deste modo, escolhemos estes trs horrios para

    avaliar a influncia da recarga de veculos eltricos no desempenho do

    sistema.

    02

    46

    810

    1214

    1618

    2022

    24

    01234567

    8910111213

    1415161718

    192021

    0.75

    0.8

    0.85

    0.9

    0.95

    1

    Hora

    Tenses nas barras para 0% de participao

    Barra

    T e n s e s

    ( p u )

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    52

    Fig. 13 Tenses mdias e desvios padres s 4:00 horas

    Fig. 14 Tenses mdias e desvios padres s 14:00 horas

    Fig. 15 Tenses mdias e desvios padres s 18:00 horas

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 210

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    T e n s

    e s

    ( p u )

    Tenses nas barras s 4:00 horas

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 210

    0.5

    1

    1.5

    2x 10

    -3

    Barras

    D e s v

    i o P a d r o ( p u )

    0%

    10%20%30%50%

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 210

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    T e n s

    e s

    ( p u )

    Tenses nas barras s 14:00 horas

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 210

    0.5

    1

    1.5

    2x 10

    -3

    Barras

    D e s v i o

    P a d r o

    0%10%20%30%50%

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 210

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1Tenses nas barras s 18:00 horas

    T e n s

    e s ( p u

    )

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 210

    0.5

    1

    1.5

    2x 10

    -3

    Barras

    D e s v

    i o P a d r o ( p u )

    0%10%20%30%50%

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    53

    Nas figuras 13, 14 e 15 temos, respectivamente, as tenses nas barras

    do alimentador calculadas como descrito no captulo 4, para participaes de

    EVs de 0, 10, 20, 30 e 50%. Os grficos de barra mostram os valores mdios,

    para 1000 simulaes, e seus respectivos desvios padro. Confirma-se,

    analisando-se as trs figuras, que as barras de nmero 7 e de nmero 12 so

    as mais crticas do sistema, e isto se deve topologia do alimentador, que

    possui um ramal mais sobrecarregado que o outro.

    Outro ponto a salientar, que corrobora a validade das simulaes, estno fato de que as barras que apresentam maior criticidade em relao aos

    valores das tenses so tambm as que apresentam as maiores variaes

    (incertezas) nos valores, representadas pelo alto valor do desvio padro da

    distribuio de tenses resultante.

    5.2. MUDANAS NA CURVA DE CARGA DO SISTEMA

    A curva de carga do sistema, mostrada na figura 9, pode ser obtida

    indiretamente do clculo do fluxo de potncia, tomando-se os valores de

    potncia ativa e reativa resultantes na barra 1 do sistema, o que inclui as

    perdas nas linhas e o acrscimo de carga devido adio de EVs sendo

    recarregados em barras aleatoriamente escolhidas. Uma curva de carga ativa

    obtida por este mtodo est mostrada na figura 16. Na figura 17, v-se o

    aspecto resultante da curva de carga para uma participao de 20% de EVs no

    mercado, na hiptese de incio de recarga controlado a partir das 18:00 horas.

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    54

    Fig. 16 Curva de carga ativa, sem participao de EVs.

    Fig. 17 Curva de carga ativa, com 20% de participao

    de EVs, incio de recarga s 19:00 horas.

    Com a mesma participao, mas com incio de recarga controlada

    deslocada para a primeira hora do dia, obtm-se a curva de carga mostrada na

    figura 18.

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 240

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    Hora

    P o t n c

    i a A t i v a

    ( k W )

    Curva de carga (ativa) para0% de participao e incio de recarga s1 horas

    Demanda Ativa)Perdas AtivasAcrsci mo devido E.V.

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 240

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    Hora

    P o t n c

    i a a t

    i v a

    ( k W )

    Curva de carga (ativa) para20% de participao e incio de recarga s19 horas

    Demanda Ativa)Perdas AtivasAcrscimo devido E.V.

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    55

    Fig. 18 Curva de carga ativa, com 20% de participao

    de EVs, incio de recarga 01:00 hora.

    Ainda se considerarmos 20% de participao no mercado para os EVs,

    mas com horrio de incio de recarga regulado para aps as 22:00 horas, a

    curva de carga resultante a da figura 19.

    Fig. 19 Curva de carga ativa, com 20% de participao

    de EVs, incio de recarga s 22:00 horas.

    Observa-se que o no controle do horrio de recarga dos veculos

    eltricos leva a valores de sobrecarga inaceitveis nos horrios de pico, sendo

    necessrios investimentos para reforar a capacidade do alimentador.

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 2424.50

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    Hora

    P o t n c

    i a A t i v a

    ( k W )

    Curva de carga (ativa) para20% de participao e incio de recarga s1 horas

    Demanda Ativa)Perdas AtivasAcrscimo devido E.V.

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 240

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    Hora

    P o t n c

    i a a t

    i v a

    ( k W )

    Curva de carga (ativa) para20% de participao e incio de recarga s23 horas

    Demanda At iva)Perdas AtivasAcrscimo devido E.V.

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    56

    5.3. PERDAS NO SISTEMA

    Uma avaliao fundamental do desempenho do sistema est em

    verificar o nvel de perdas que ocorre nas linhas de distribuio, que em

    alimentadores de distribuio atingem valores representativos, quando

    somadas e comparadas aos valores de carga total aplicada ao circuito. As

    figuras 20 e 21 mostram as perdas ativas e reativas, respectivamente, em cadahora do dia, considerando-se participaes no mercado de EVs de 0, 10, 20,

    30 e 50%.

    Fig. 20 Percentual de perdas ativas totais no alimentador BT

    1 2 34 5 6

    7 8 910 11 12

    13 14 1516 17 18

    19 20 2122 23 24

    0%

    10%

    20%

    30%

    50%2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Hora

    Perdas ativas com a participao de EV

    Participao dos EV's no mercado

    P e r d a s a t

    i v a s

    ( % )

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    57

    Fig. 21 Percentual de perdas reativas totais no alimentador BT

    Observa-se uma semelhana pronunciada entre as curvas da figuras 20

    e 21 e este fato se explica pela relao r/x em todas as linhas do alimentador,

    que sempre prxima a 1.

    No caso em que no existem EVs em processo de recarga, tanto as

    perdas ativas como reativas atingem valores que vo de 4% a 8%,

    respectivamente nos horrios de vale e de pico. Observa-se que a tendnciadas curvas se mantm com a presena de EVs sendo recarregados e, no caso

    analisado, a relao entre as perdas ativas e reativas e a demanda total do

    alimentador atinge um mximo de cerca de 15%, para 20% de participao de

    EVs no mercado.

    5.4. CONCLUSO

    Os resultados obtidos nas simulaes estocsticas, realizadas com o

    apoio do modelo desenvolvido, permitem que sejam feitas algumas previses

    quanto ao impacto que ser causado no planejamento das atividades das

    1 2 34 5 6

    7 8 910 11 12

    13 14 1516 17 18

    19 20 2122 24 24

    0%

    10%

    20%

    30%

    50%2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Hora

    Perdas reativas com a participao de EV

    Participao dos EV's no mercado

    P e r d a s r e a t

    i v a s

    ( % )

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    concessionrias de distribuio de energia eltrica, no que diz respeito a reas

    residenciais urbanas.

    As variaes nas tenses nas barras, observadas com o aumento da

    participao de EVs no mercado de automveis, sugerem a necessidade de

    que as linhas de distribuio dos alimentadores sejam redimensionadas para

    que as impedncias de linha resultem em valores que permitam a operao

    normal do sistema, sem prejuzo da qualidade do fornecimento de energia

    eltrica presumida para este tipo de servio. Outras solues so possveis,

    como a instalao de compensadores capacitivos ou o redimensionamento detransformadores e re-diviso dos ramais dos alimentadores, todas elas, porm,

    implicando em investimentos adicionais queles planejados para atender o

    crescimento vegetativo do sistema.

    A anlise das curvas de carga resultantes do acrscimo de veculos

    eltricos s cargas residenciais indica a necessidade de instituir-se

    regulamentao especfica para esta operao. Com a durao das recargas

    entre 180 minutos e 5 horas, dependendo do tipo de veculo considerado, e os

    valores de potncia consumida para estas operaes, as simulaes mostram

    que as demandas ultrapassaro os valores mximos em vrios horrios,

    causando efeitos de degradao na qualidade da energia eltrica fornecida.

    Alm disso, ser necessrio concessionria planejar suas compras de

    energia com vistas a suprir esta demanda adicional, independentemente do

    horrio em que a recarga vai iniciar.

    Quanto s perdas, observa-se que, mesmo que as recargas ocorram em

    horrios considerados no prejudiciais qualidade da energia eltrica

    fornecida, os valores de at 15% observados para as perdas ativas e reativas

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    indicam que ser necessria uma reavaliao dos custos de distribuio, com

    implicaes econmicas e tcnicas de maior complexidade.

    6. CONCLUSES PRELIMINARES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

    Diversos estudos e pesquisa tm sido realizados em vrias partes do

    mundo visando prever o impacto que o amento da participao dos veculos

    eltricos no mercado de automveis causar nas decises das concessionrias

    de distribuio de energia. Estes estudos vm sendo conduzidos, na suagrande maioria, na Europa e nos Estados Unidos e contemplam as realidades

    dos seus sistemas eltricos e suas regulamentaes. No Brasil, no existe um

    mercado claramente definido para servios de regulao e ancilares, sendo

    estes entendidos como compreendidos nas concesses e outorgas dadas pela

    ANEEL s empresas geradoras. Deste modo, a possibilidade de que estes

    servios venham a ser prestados por frotas de veculos eltricos, como

    proposto por vrios autores, ainda um ponto a ser esclarecido no futuro.

    Entretanto, os resultados das simulaes estatsticas realizadas neste

    estudo permitem concluir que o planejamento das concessionrias de

    distribuio ter que ser revisto, nos seus aspectos tcnico, de investimentos,

    econmico e financeiro, uma vez que tanto as tenses nodais quanto as perdas

    nas linhas do alimentador BT, adotado para a realizao das simulaes,

    sofrem influncias grandemente negativas a partir do nvel de participao de

    10%.

    Conclui-se, tambm, que o motor de simulao, desenvolvido neste

    estudo, presta-se para a valorizao preliminar dos impactos previstos,

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    60

    podendo ser usado para determinar solues tcnicas e polticas sugeridas

    para mitigar os problemas de qualidade da energia eltrica fornecida e para

    avaliar as solues propostas para amenizar os aumentos de custo de

    distribuio.

    A anlise da literatura disponvel sobre o tema e os resultados at o

    momento obtidos com as simulaes efetuadas, sugerem que muito ainda est

    por fazer em relao compreenso dos reais impactos que o aumento da

    participao dos veculos eltricos causar nas decises das concessionrias

    de distribuio de energia eltrica. A primeira extenso deste estudo dever serfeita em termos geogrficos, ou seja, ser necessrio efetuar simulaes com

    maior abrangncia de rea e nmero de consumidores. Alm disso, a incluso

    de reas mistas residencial/comercial/industrial trar maior representatividade

    aos resultados.

    Outra linha de pesquisa a ser adotada a que trata dos custos, sejam

    eles de distribuio, afetados pelas perdas do sistema, ou de investimentos,

    necessrios para adequar a qualidade da energia fornecida aos novos nveis

    de solicitao dos alimentadores atingidos com o aumento da participao dos

    EVs no mercado. Alm disso, a regulamentao das operaes de recarga de

    veculos eltricos dever ser objeto de investigao e desenvolvimento, tendo

    em vista as implicaes econmicas e financeiras que adviro. Sob este

    aspecto, tanto as polticas tarifrias quanto os incentivos e regulamentaes,

    devero ser objeto de novas propostas e simulaes.

    Ver observao final do Prof. Marciano

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    ANEXOFLUXO DE CARGA PELO MTODO DA SOMA DE POTNCIAS

    Para as equaes a seguir, considerem-se as letras em negrito representando

    quantidades complexas. Considere-se o ramo genrico da rede de distribuio,

    mostrado na figura A-1. As seguintes equaes se aplicam:

    Fig. A-1 ramo genrico de uma rede de distribuio

    (A.1) / (A.2)

    cos sin (A.3)

    onde e so, respectivamente, os ngulos de fase de e e o

    complexo conjugado de .Separando-se as partes real e imaginria, obtm-se as seguintes equaes:

    cos ! (A.4) sin (A.5)

    com

    .

    Considerando-se quesin cos 1, isolando-os em (A.4) e (A.5) obtm-se:

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    # $2 & 0 (A.6)

    Esta equao biquadrada independe das fases de e e sua soluo pode

    ser escrita diretamente:

    ( * + * (A.7)onde

    * , -. e (A.8)

    . + . (A.9)

    Temos ainda

    impedncia do trecho i;34 4 4 carga conectada ao trecho i;3 fluxo no trecho i; e

    tenso na origem do trecho i.

    O clculo das perdas no trecho5baseia-se apenas em dados do prprio trechoe resulta

    63 7|9-|, -: (A.10)

    O algoritmo do mtodo da soma de potncias pode ser descrito sumariamente

    em 4 passos:

  • 8/2/2019 Gerao distribuda usando veculos eltricos

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    63

    1- Considerar perdas nulas em todos os trechos;

    2- Atualizar fluxos usando a varredura reversa (em direo referncia);

    3- Calcular tenso e perdas nos ramos com varredura direta, usando as

    equaes (A.7), (A.8), (A.9) e (A.10);

    4- Repetir 2 e 3 at que a diferena entre as perdas totais de duas

    iteraes sucessivas seja menor que a tolerncia especificada.

  • 8/2/2019 Gerao distribuda usando veculos eltricos

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    64

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