geotecnologias e suas aplicaÇÕes · 2018-07-11 · análise da variação morfológica da linha...
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GEOTECNOLOGIAS E
SUAS APLICAES
Organizao Fabricia Benda de Oliveira Rodson de Abreu Marques
Calvin da Silva Candotti Eduardo Baudson Duarte
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Organizadores
Fabricia Benda de Oliveira
Rodson de Abreu Marques
Calvin da Silva Candotti
Eduardo Baudson Duarte
Geotecnologias e suas aplicaes
Volume 1
ALEGRE - ES
CAUFES
2018
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CCENS-UFES Centro de Exatas Naturais e da Sade, Universidade Federal do Esprito
Santo, Alto Universitrio, s/n, Caixa Postal: 16, Guararema, Alegre-ES
Telefax: (28) 3552-8687
www.alegre.ufes.br
Os textos apresentados nesse livro so de inteira responsabilidade dos autores. Os
organizadores no se responsabilizam pela reviso ortogrfica e gramatical dos trabalhos
apresentados.
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REITOR UFES
REINALDO CENTODUCATTE
DIRETOR DO CENTRO DE CINCIAS EXATAS, NATURAIS E DA SADE UFES
NEUZA MARIA BRUNORO COSTA
ORGANIZADORES DESTA OBRA
FABRICIA BENDA DE OLIVEIRA
RODSON DE ABREU MARQUES
CALVIN DA SILVA CANDOTTI
EDUARDO BAUDSON DUARTE
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APRESENTAO
A produo deste trabalho independente e surgiu da ideia e colaborao de
professores, alunos e ex-alunos do curso de Geologia do Centro de Cincias Exatas, Naturais
e da Sade, da Universidade Federal do Esprito Santo.
Esto contidos neste livro 6 trabalhos apresentados na forma de captulos e que
abrangem temas relacionados s geotecnologias e suas aplicaes no mbito das cincias
ambientais, geotecnia e planejamento urbano, e anlises utilizando softwares de cartografia e
modelagem espacial.
O material contido nesta obra servir de auxlio para estudantes, professores e
profissionais da rea das geocincias em seus trabalhos e pesquisas, alm de ser um veculo
de divulgao de conhecimento obtido pela UFES desde a criao do curso de Geologia.
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LISTA DE ORGANIZADORES
Fabricia Benda de Oliveira. Professora Adjunta do Departamento de Geologia,
Universidade Federal do Esprito Santo, Centro de Cincias Exatas, Naturais e da Sade,
Alegre, ES, e-mail: [email protected]
Rodson de Abreu Marques. Professor Adjunto do Departamento de Geologia, Universidade
Federal do Esprito Santo, Centro de Cincias Exatas, Naturais e da Sade, Alegre, ES, e-
mail:[email protected]
Calvin da Silva Candotti. Gelogo Autnomo, Manaus, AM. [email protected]
Eduardo Baudson Duarte. Gelogo formado pela Universidade Federal do Esprito Santo.
Mestrando em Agroqumica, Universidade Federal do Esprito Santo, Centro de Cincias
Exatas, Naturais e da Sade, Alegre, ES, e-mail: [email protected]
LISTA DE AUTORES
Allison Augusto Gonalves de Freitas
Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira
Daniel Andrade Miranda
Edgar Batista de Medeiros Jnior
Eduardo Baudson Duarte
Fbio Cardoso de Souza Santos
Fabricia Benda de Oliveira
Felipe Guadagnin
Jlia Sesana Maciel
Julio Almeida Moreira
Lzaro Corra Marcellino
Lilian Gabriella Batista Gonalves de Freitas
Marcelo Henrique Gonalves de Freitas
Marx Engel Martins
Rafael de Oliveira Costa
Rayane Monteiro Ferreira
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Sumrio
Captulo 1 .................................................................................................................................. 9
Anlise multitemporal da ocupao urbana na cidade de Alegre Esprito Santo
Daniel Andrade Miranda, Fabricia Benda de Oliveira
Captulo 2 ................................................................................................................................ 25
Utilizao de anlise multicritrio e mapeamento no estudo da adequabilidade a
prospeco de mangans, no sul do Estado do Esprito Santo
Fbio Cardoso de Souza Santos, Eduardo Baudson Duarte, Fabricia Benda de
Oliveira, Jlia Sesana Maciel, Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira
Captulo 3 ................................................................................................................................ 39
Definio de mapa litolgico e de lineamentos para anlise da suscetibilidade de
ruptura de taludes em atividades de minerao
Lzaro Corra Marcellino, Fabricia Benda de Oliveira, Julio Almeida Moreira, Carlos
Henrique Rodrigues de Oliveira
Captulo 4 ................................................................................................................................ 53
Estudo de rea favorvel para realocao da BR-101 no municpio de Iconha-ES
utilizando tcnicas de geoprocessamento
Marcelo Henrique Gonalves de Freitas, Fabricia Benda de Oliveira, Allison Augusto
Gonalves de Freitas, Lilian Gabriella Batista Gonalves de Freitas, Rayane Monteiro
Ferreira, Edgar Batista de Medeiros Jnior
Captulo 5 ................................................................................................................................ 71
Estudo da variao da dinmica fluvial do rio Doce, com uso de imagens do satlite
Landsat 5
Marx Engel Martins, Fabricia Benda de Oliveira, Felipe Guadagnin, Carlos Henrique
Rodrigues de Oliveira
Captulo 6 ................................................................................................................................ 89
Anlise da variao morfolgica da linha de costa associada foz do rio Itapemirim
(ES)
Rafael de Oliveira Costa, Eduardo Baudson Duarte, Fabricia Benda de Oliveira,
Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira
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Doutorando em Geologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Esprito Santo, CCENS, Alegre, ES
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Captulo 1
Anlise multitemporal da ocupao urbana na cidade de Alegre Esprito Santo
Daniel Andrade Miranda, Fabricia Benda de Oliveira
INTRODUO
Segundo Santos (2012) somente com o desenvolvimento de tecnologias espaciais
modernas, incluindo os satlites artificiais, que se tornou possvel visualizar a Terra a partir da
coleta de dados e da aquisio de imagens da sua superfcie, os dados adquiridos de forma
remota por satlites artificiais auxiliam no diagnstico sobre as implicaes ambientais,
econmicas, sociais, polticas e culturais, com relao ocupao dos espaos urbanos,
ajudando no planejamento scio econmico-ambiental sustentvel, e servindo de base para o
desenvolvimento e realizao de projetos associados s atividades humanas, como por
exemplo, no planejamento urbano.
Gottdiener (1993) define que a materializao do desenvolvimento contnuo do
capitalismo o formato do espao urbano, assim, os traos distintivos da morfologia espacial
urbana esto diretamente relacionados com as mudanas estruturais na organizao social.
Ento, para compreender o espao urbano, ou a cidade, precisamos estudar e analisar a forma
urbana e seu crescimento, como subsdios s polticas de planejamento. Estudos mostram que
o crescimento das cidades um processo dinmico, muitas vezes ocorrendo em reas no
adequadas, mostrando que o crescimento da mancha urbana usualmente no planejado
(NAGARATHINAM et al., 1988).
Devido forma na qual a expanso urbana ocorre no tempo e no espao, o
crescimento urbano pode gerar problemas ambientais ligados contaminao hdrica,
formao de ilhas de calor, ocupao de reas inadequadas para assentamentos humanos,
degradao da paisagem, dentre outros (FUCKNER, 2006).
Segundo Costa e Alves (2005) para monitoramentodas reas urbanas necessrio
possuir conhecimento atualizado sobre a distribuio espacial da populao. Este
conhecimento adquirido atravs dos censos demogrficos e de mapas de densidade
demogrfica que produzem avaliaes quantitativas sobre elas e informam tambm as
necessidades de infraestrutura.
Na maior parte das cidades, o crescimento populacional tem sido muito rpido e as
estruturas urbanas no acompanharam esse crescimento, que alm de no ser planejado, pode
causar problemas como inundaes, deslizamento de encostas e desabamentos de construes.
A ocupao urbana , atualmente, tema de emergncia nacional, portanto, o
desenvolvimento de tecnologias que apoiem a gesto estratgica da ocupao urbana
interessante no mbito municipal, estadual e federal.
Neste contexto, as geotecnologias tm sido utilizadas como uma ferramenta
importante para ajudar no planejamento urbano e na compreenso da dinmica espacial e da
forma urbana.
No municpio de Alegre este problema intensificado com a implantao do programa de
expanso da rede de Educao Superior pelo MEC (Ministrio da Educao), que teve incio
em 2003, e posteriormente, com a implementao do REUNI (Restaurao e Expanso das
Universidades Federais) em 2011. Com esses programas o total de cursos oferecidos pelo
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Anlise multitemporal da ocupao urbana na cidade de Alegre Esprito Santo
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campus de Alegre, subiu de quatro em 2002 para dezessete em 2011, aumentando
consideravelmente o fluxo de populao mvel no municpio. Podemos citar ainda os
estudantes da FAFIA (Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Alegre) e o IFES (Instituto
Federal do Esprito Santo), que assim como na UFES (Universidade Federal do Esprito
Santo), tem sua demanda de populao mvel, condicionando uma urbanizao forada em
funo da demanda crescente por habitao.
O presente trabalho prope a realizao de um estudo sobre a ocupao urbana na sede
do Municpio de Alegre-ES, utilizando tcnicas de sensoriamento remoto e imagens do
satlite Landsat, sensor TM 5, atravs de anlise multitemporal, para verificao do avano do
crescimento urbano ao longo de 26 anos.
LOCALIZAO DA REA DE ESTUDO
O municpio de Alegre est localizado na regio sudeste do Brasil, no Sul do Estado
do Esprito Santo, englobando as comunidades de Santa Maria, Varjo da Cotia, Alegre,
Vargem Alegre, gua Limpa, Vinagre, Capim, Feliz Lembrana, Bosque, Rive, Caf,
Placa,So Francisco, So Joo do Norte, e Crrego do Meio, e tendo como municpios
limtrofes Muniz Freire a Norte, Castelo, Cachoeiro de Itapemirim e Jernimo Monteiro a
Leste, Mimoso do Sul e So Jos do Calado a Sul, e Guau e Ibitirama a Oeste.
A rea de estudo proposta para este trabalho consiste no permetro urbano da sede do
Municpio de Alegre como pode ser visto na Figura 1.
O Acesso at a capital Vitria pode ser feito pela ES-482 at Cachoeiro de Itapemirim,
depois segue pela BR-101 Sul at Vitria. Ou ainda pela ES-482 at Duas Barras, ES-166 de
Duas Barras at Venda Nova do Imigrante e BR-262 at Vitria.
Figura 1 - Localizao da rea de estudo, sobreposta ortofoto. Fonte IEMA (2007).
REVISO BIBLIOGRFICA
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Segundo Rosa (2003) podemos definir o sensoriamento remoto como sendo a forma
de obter informaes de um objeto, sem que haja contato fsico com o mesmo, utilizando-se a
radiao eletromagntica gerada por fontes naturais como o Sol e a Terra, ou por fontes
artificiais, como por exemplo, o Radar.O sensoriamento remoto teve destaque no Brasil a
partir da dcada de 1960 com a criao do Projeto RADAMBRASIL, cujo objetivo era a
realizao de um levantamento integrado dos recursos naturais do pas a partir de imagens
Landsat (SOUZA, 2008).
O Landsat foi colocado em rbita em 1972 com o nome de ERTS-1 (Earth Resources
Techonological Satellite-1), teve inicialmente um desempenho significativo, sendo
transformado na srie Landsat. Hoje o projeto Landsat dedicado observao dos recursos
naturais da Terra.Sua rbita desloca-se do Norte para o Sul, sendo geocntrica, circular, quase
polar heliocntrica, isto , o ngulo Sol Terra Satlite permanece constante, o que garante
condies de iluminao semelhantes na rea imageada ao longo do ano (ROSA, 2003).O
sensor TM (Thematic Mapper) do satlite Landsat possui sete bandas, com numerao de 1 a
7, sendo que, cada banda representa uma faixa do espectro eletromagntico (BATISTELLA et
al., 2004). O satlite Landsat apresenta a caracterstica de repetitividade,pois ele imageia a
mesma rea a cada 16 dias. Suas cenas cobrem uma rea de 34.225 km, sendo a faixa
imageada de 185 x 185 km (INPE, 2006).
Para utilizao de imagens de satlite com fins de classificao, recomenda-se o
processamento das mesmas. O processamento digital de imagens (PDI) de acordo com Lima e
Rocha (2009) tem como objetivo fornecer ferramentas que facilitem a identificao e
aextrao de informaes contidas nas imagens, para posterior interpretao. Consiste na
manipulao numrica dos dados visando aumentar opotencial de discriminao dos alvos.
Segundo Novo (1989) o PDI pode ser dividido basicamente em: Pr-processamento, Realce e
Classificao.
O Pr-processamento o primeiro passo do PDI e considerado fundamental para
confiabilidade e uso correto das imagens de satlite. Nesta fase, segundo Rosatti (2006), o
objetivo adequar as imagens para serem utilizadas pelos usurios, sendo aplicadas algumas
tcnicas de manipulao como correo geomtrica e restaurao.
A correo geomtrica e o georreferenciamento das imagens so necessrios devido a
distores, que segundo o INPE (2006), so causadas no processo de formao da imagem,
pelo sistema sensor e por impreciso dos dados de posicionamento da plataforma (aeronave
ou satlite). De modo geral o georreferenciamento de imagens de satlite realizado por meio
de pontos de controle (PC) de referncia identificados na imagem original e em um sistema de
dados de referncia, que possibilitem o ajustamento atravs de modelos matemticos. Os so
feies passveis de identificao na imagem e no terreno, ou seja, so feies homlogas
cujas coordenadas so conhecidas na imagem e no sistema de referncia (INPE, 2006).
Podemos obter PC atravs de trs fontes: por meio de mapas e cartas topogrficas oficiais,
pela aquisio de pontos em campo por sistema de posicionamento global (GPS), ou por meio
de imagens georreferenciadas do mesmo local. A preciso do georreferenciamento medida
atravs do clculo do Erro Mdio Quadrtico ou Root Mean Square Error (RMS), que
pondera as diferenas entre as coordenadas dos pontos de controle da imagem a ser ajustada e
da fonte de dados de referncia. O valor do RMS dever ser menor que 1, ou seja, quanto
mais prximo de 0 maior a preciso e menor o erro (LIMA, 2010). O clculo feito
utilizando a Equao 1.
RMSerror = [(x1 xorg) + (y1 yorg)]1/2 (1)
x1 = Coordenada de linha calculada na imagem a ser ajustada;
y1 = Coordenada de coluna calculada na imagem a ser ajustada;
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xorg = Coordenada original de linha do PC da fonte de referncia;
yorg = Coordenada original de coluna do PC da fonte de referncia.
A tcnica de restaurao tem por objetivo corrigir as distores do sensor ptico no
processo de gerao das imagens. A resoluo espacial das bandas 3, 4 e 5 que de 30
metros, pode ser restaurada para at 5 metros (RIOS, ALMEIDA, RIBEIRO, 2010).A ideia de
restaurar uma imagem reduzir o efeito de embaamento da cena, e obter uma imagem
realada, dado que os detalhes vistos na cena so suavizados devido s limitaes do sensor.
Esta correo realizada por um filtro linear e os pesos do filtro de restaurao so obtidos a
partir das caractersticas do sensor, e no de forma emprica como feito no caso dos filtros
de realce tradicionais. Neste caso, o filtro especfico para cada tipo de sensor e banda
espectral. Este tipo de processamento recomendado para ser realizado sobre a imagem
original sem qualquer tipo de processamento tais como realce e filtragem, que alterem as
caractersticas radiomtricas da imagem. Deve-se observar tambm que no possvel
processar uma imagem reamostrada, j que as caractersticas radiomtrica e espacial da
imagem foram alteradas (INPE, 2006).
Alm das etapas do pr-processamento de imagens digitais de satlite existem outras que
utilizam tcnicas de realce com o objetivo de melhorar a qualidade visual e permitir uma
melhor interpretao dos alvos nas imagens (IBGE, 2001). As tcnicas utilizadas neste
trabalho foram: Constraste; Filtragem espacial; e Composio colorida.
Segundo o INPE (2006) o contraste entre dois objetos pode ser definido como sendo a
razo entre os seus nveis de cinza mdios, onde, a manipulao do contraste consiste numa
transferncia radiomtrica em cada pixel (Picture Element menor elemento num dispositivo
de exibio ao qual possvel atribuir-se uma cor, menor ponto que forma uma imagem
digital), tendo o objetivo de aumentar a discriminao visual entre os objetos presentes na
imagem. Realiza-se a operao ponto a ponto, independentemente da vizinhana. Entretanto,
um exame prvio do histograma da imagem pode ser til. O histograma de uma imagem
descreve a distribuio estatstica dos nveis de cinza em termos do nmero de amostras
(pixels) com cada nvel. A distribuio pode tambm ser dada em termos da percentagem do
nmero total de pixels na imagem. Pode ser estabelecida uma analogia entre o histograma de
uma imagem e a funo densidade de probabilidade, que um modelo matemtico da
distribuio de tons de cinza de uma classe de imagens. A cada histograma est associado o
contraste da imagem, conforme mostra a Figura 2A.De acordo com Rios, Almeida e Ribeiro
(2010) esta tcnica tem por objetivo modificar, atravs de funes matemticas, os nveis de
cinza ou os valores digitais de uma imagem, de modo a destacar certas informaes espectrais
e melhorar a qualidade visual da imagem.
De acordo com Albuquerque (2000) para fazer uma operao de filtragem espacial,
necessrio escolher uma matriz de dimenso n x n, denominada mscara (Figura 2B), com
valores que dependem do filtro que queremos usar, seja ele passa baixa (filtrando as altas
frequncias), passa banda (filtrando uma regio especfica de frequncias espaciais) ou passa
alta (filtrando as baixas frequncias). Em uma imagem, as altas frequncias correspondem s
modificaes abruptas dos nveis de cinza e as bordas dos objetos. As baixas frequncias
correspondem s variaes suaves dos nveis de cinza. Logo, quando queremos evidenciar os
contornos de um determinado objeto podemos usar filtros do tipo passa alta. Pode-se querer
observar a forma da iluminao de fundo, ento, devemos usar filtros passa-baixa para
eliminarmos todas as altas frequncias, correspondendo borda dos objetos, e chegar
iluminao de fundo.
A composio colorida consiste em associar as imagens monocromticas de cada
banda s cores primrias RGB (Red Vermelho / Green Verde / Blue Azul), com o
objetivo de apresentar simultaneamente as informaes de trs bandas espectrais em
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composies coloridas, que facilitam e enriquecem a interpretao visual dos alvos (IBGE,
2001). Como exemplo de composio colorida temos a Figura 2Cque associa a banda 3 cor
vermelha (R), a banda 4 cor verde (G) e a banda 5 cor azul (B).
De acordo com Souza (2012) as reas urbanas, no podem ser caracterizadas por um
comportamento espectral padro. A vegetao, os corpos aquticos e os solos, so superfcies
relativamente homogneas em termos de cobertura, porm nas reas urbanas prevalece a
heterogeneidade das coberturas. As reas urbanas so fisicamente formadas por uma grande
diversidade de materiais (superfcies de concreto, asfalto, telhados de vrios materiais, solo,
vegetao arbrea e grama, gua entre outros), com formas, alturas e arranjos, tambm
variados, assim, em uma imagem orbital, o pixel pode representar vrias coberturas, o que
torna as reas urbanas complexas do ponto de vista espectral. Na Figura 2D, pode-se observar
a similaridade espectral entre uma rea urbana e uma rea de cultivo de cana.
Figura 2 - (A) Exemplo de Histograma de baixo contraste ( esquerda) e de alto contraste (
direita). Fonte: Modificado de INPE (2006). (B) Exemplo de mscara de 3 x 3. Fonte:
Modificado de INPE (2006). (C) Exemplo de gerao de composio colorida. Fonte: Brust
(2010). (D) Imagem do satlite Landsat TM 5, na composio colorida (RGB-543) adquirida
em 20/09/1995. Fonte: Souza (2012).
De acordo com Lima (2010) possvel classificar e agrupar os alvos de uma imagem a
partir dos vrios nveis de informaes espectrais detectadas atravs da adequao das
imagens digitais, utilizando-se os procedimentos do pr-processamento. Assim, pode-se criar
um nico nvel de informao temtica (categorias ou classes) para cada elemento
identificado, e dessa forma gerar mapas temticos. Os mtodos utilizados na classificao das
imagens de satlite variam com o tipo e complexidade do ambiente analisado, caractersticas
do sensor e satlite utilizado, aspectos sazonais que alteram as caractersticas dos alvos e da
incidncia de energia solar, extenso da rea de estudo, equipamentos e recursos humanos
disponveis, grau de conhecimento do ambiente por parte do intrprete, entre outros. A
classificao a principal etapa do processamento de imagens, a partir do qual so extradas
as informaes necessrias para diversas aplicaes. Pode ser realizada atravs de trs
tcnicas bsicas:Interpretao Visual;Classificao Digital No Supervisionada;Classificao
Digital Supervisionada.
A interpretao visual de imagens de satlite consiste em identificar as feies
impressas nessas imagens e determinar seu significado atravs de chaves de interpretao,
onde fundamental por parte do analista o conhecimento da rea a ser mapeada (LIMA,
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Anlise multitemporal da ocupao urbana na cidade de Alegre Esprito Santo
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2010). De acordo com Soares-Filho (2000) as caractersticas das imagens, tais como:
Tonalidade, Cor, Textura, Forma, Estrutura, Sombra e contexto so as chaves de uma boa
interpretao. A partir dessas caractersticas pode ser estruturado um mtodo de identificao
por chaves que se apoia em um estudo comparativo atravs de objetos e feies conhecidas
que so utilizadas como guias.
Maillard (2001) diz que na classificao Supervisionada, o intrprete j possui um
conhecimento da rea de estudo, que podem ser utilizados como amostras de treinamento para
o algoritmo de classificao, de forma que os dados de cada classe temtica podem ser
generalizados para toda cena, agrupando cada pixel da imagem de acordo com as classes
amostradas. Existem diversos algoritmos de classificao supervisionada implementados em
aplicativos computacionais, sendo o algoritmo Maxver (Mxima Verossimilhana) um dos
mais utilizados para classificao digital de imagens pixel a pixel.INPE (2006) define que o
algoritmo de classificao Maxver utiliza mdia e a covarincia das amostras de treinamento
para assinalar um pixel desconhecido de uma classe, assim pode-se computar a probabilidade
estatstica de um pixel desconhecido pertencer a uma ou outra classe, atribuindo a este pixel a
classe qual ele tem maior probabilidade de pertencer, utilizando o critrio de mxima
verossimilhana.
Em qualquer procedimento de classificao de imagens de satlite o objetivo a
gerao de mapas temticos, que devem transmitir a realidade do terreno da forma mais
precisa possvel. Para isso, deve ser verificado o nvel de incerteza destes mapas atravs de
ndices de exatido, para que as informaes obtidas possam ser utilizadas adequadamente
(LIMA, 2010). Segundo Mangabeira, Azevedo e Lamparelli (2003) um dos parmetros mais
utilizados e eficientes na determinao da exatido de mapas temticos o ndice Kappa, que
obtido mediante a adoo de uma referncia para a comparao dos mapeamentos
produzidos. A determinao deste ndice feita com base numa tabulao cruzada entre as
quantidades de dados amostrais de referncia e da imagem classificada, estruturada numa
matriz quadrada, denominada matriz de erros ou de confuso.Segundo Campbell (1987) a
estimativa Kappa pode ser representada pela seguinte relao exposta na Equao 2.
K = (observado esperado) / (1 esperado) (2)
Observado = valor global para o percentual de pixels corretos;
Esperado = valor calculado, usando os totais de cada linha e cada coluna da matriz,
denominados de valores marginais.
Os resultados do Coeficiente Kappa variam de 0 a 1, indicando de forma crescente o
grau de concordncia ou exatido do mapa classificado com relao aos dados de referncia, e
podem ser agrupados em intervalos de acordo com aTabela 1.
Tabela 1 - Intervalos de valor do coeficiente Kappa e respectivos graus de concordncia.
Fonte: Landis e Koch (1977).
Valor de Kappa Concordncia
0 Pssima
0,01 0,20 Ruim
0,21 0,40 Razovel
0,41 0,60 Boa
0,61 0,80 Muito boa
0,81 1,00 Excelente
Dependendo do valor do coeficiente Kappa encontrado, e das necessidades e objetivos
do trabalho, podem ser feitas correes a fim de garantir um refinamento da qualidade
informativa do mapa. Os dados obtidos podem ser utilizados em conjunto com outros planos
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de informao em ambiente SIG, possibilitando sua integrao e manipulao como base de
dados para sistemas de suporte a deciso (LIMA, 2010).
METODOLOGIA
A imagens de satlite Landsat, sensor TM-5 foram adquiridas do INPE nas bandas
1,2,3,4,5 e 7, na rbita/ponto 216/74 do municpio de Alegre-ES, nos anos de 1985, 1997,
2001 2006 e 2011. Foi utilizada tambm a ortofoto do municpio (IEMA, 2007) para servir
como base para o registro das imagens de satlite e tambm para comparao visual com a
classificao.
Para a elaborao dos mapas foram utilizados os softwares SPRING 5.2 e ArcGIS
10, sendo o que primeiro foi utilizado para o tratamento e processamento digital das imagens
de satlite e o segundo para confeco final dos mapas de vegetao, hidrografia, topografia,
solos e das classificaes.
Durante o pr-processamento foram aplicadas as tcnicas de Processamento Digital de
Imagens, com o objetivo de georreferenciar e melhorar a qualidade das imagens, para uma
melhor visualizao, facilitando a identificao e extrao de informaes contidas nas
imagens digitais, aumentando assim o potencial de diferenciao dos alvos e
consequentemente obtendo melhores resultados na classificao das imagens. As bandas 3, 4
e 5 foram restauradas para a resoluo de 15m.
Foi aplicado contraste nas bandas 3, 4 e 5, modificando o histograma original como
mostra o Quadro 1.
Quadro 1 - Mudana no histograma das bandas 3, 4 e 5, aps contraste aplicado na imagem
de 1985 do satlite Landsat - TM 5. Fonte: Autores.
Bandas Histograma Original Histograma (Contraste)
Banda 3 Vermelho
Banda 4 Infravermelho Prximo
Banda 5 Infravermelho Mdio
Foi aplicada a filtragem linear utilizando uma matriz 2x2 (Quadro 2) apropriada para
imagens Landsat TM no software SPRING, com o objetivo de suavizar as imagens, realando
assim a visualizao das bandas e obtendo imagens com mais nitidez.
Quadro 1 - Matriz utilizada na filtragem de imagens Landsat TM. Fonte: INPE (2006)
3 -7 -7 3
-7 -7 13 -7
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Anlise multitemporal da ocupao urbana na cidade de Alegre Esprito Santo
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-7 13 13 -7
3 -7 -7 3
Para identificao das amostras de treinamento foi utilizada a combinaoRGB-543 o
que destacou melhor as reas urbanas. Para a classificao foram definidas duas classes: rea
urbana e No urbana. Em seguida foram coletadas as amostras de treinamento para cada
classe, como pode ser observado na Figura 3.
Figura 3 - Amostras utilizadas para classificao da imagem de 2011, em amarelo, amostras
da classe urbana e, em branco, amostras da classe no urbana. Fonte: Autores.
RESULTADOS E DISCUSSES
Usando a metodologia acima descrita, sero apresentados abaixo os resultados obtidos
a partir do processamento das imagens e da classificao da rea urbana do municpio de
Alegre-ES, para os anos de 1985, 1997, 2001, 2006 e 2011.
O georreferenciamento foi executado utilizando-se feies semelhantes em duas
imagens para determinao dos pontos de controle, como cruzamento de estradas, reas de
vegetao, rea urbana e rios. A resoluo das imagens (30 metros) pode atrapalhar, pois
devido ao baixo nvel de detalhe, fica difcil determinar o ponto semelhante nas duas imagens
de forma exata. No entanto, o RMS ficou em torno de 0,3, de acordo com a equao (1),
mostrando que a diferena entre as coordenadas dos pontos de controle das imagens a serem
ajustadas e os pontos de controle da fonte de dados de referncia ficou pequena, significando
uma boa preciso.
O processo de restaurao para a resoluo de 15metros mostrou uma melhora na
nitidez da imagem restaurada (Figura 4B) em comparao com a imagem original (Figura
4A).
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Figura 4 - Composio colorida RGB 543 da imagem Landsat-TM 5 de 1985 da cidade de
Alegre-ES, com resoluo de 30m (A) e restaurada para 15m (B).
Fonte: Autores.
A aplicao do contraste nas bandas 3,4 e 5, permitiu um maior contraste entre as
feies da imagem com contraste (Figura 5B) em comparao com a imagem sem contraste
(Figura 5A).
Figura 5 - Composio colorida RGB 543 da imagem Landsat-TM 5, do ano de 1985 da
cidade de Alegre-ES, sem aplicao de contraste (A) e com aplicao de contraste (B).
Fonte: Autores.
A filtragem espacial permitiu observar maior nitidez da imagem para distino das
feies da imagem com filtro (Figura 6B) em comparao com a imagem sem filtro (Figura
6A).
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Figura 6 - Composio colorida RGB 543 da imagem Landsat-TM 5, do ano de 1985 da
cidade de Alegre-ES, sem aplicao de filtragem (A) e aps filtragem (B).
Fonte: Autores.
Na Figura 7 temos as imagens em composio RGB 543, correspondentes
evoluo urbana de Alegre, nos anos de 1985, 1997, 2001, 2006 e 2011. Ao compar-las,
podemos observar um aumento significativo da mancha urbana, este aumento pode ser
observado principalmente nas regies sul e oeste da cidade.
Figura 7 - Composio RGB 543 da rea de estudo para os anos analisados.
Fonte: Autores.
Na Figura 8 podemos observar as classificaes realizadas pelo classificador Maxver
utilizando duas classes: rea urbana (Azul); No urbana (Branco).
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Figura 8 - Classificaes da rea Urbana de Alegre para os anos analisados.
Fonte: Autores.
A Tabela 2 mostra a exatido das classificaes realizadas e as reas correspondentes
classe urbana para cada ano, o ndice Kappa (Equao (2)) variou de 0,93 a 0,98. Este
resultado pode ser considerado excelente de acordo com a Tabela 1.
Tabela 2 -Exatido das classificaes e reas urbanas calculadas. Fonte: Autores.
1985 1997 2001 2006 2011
ndice Kappa 0,95 0,97 0,95 0,93 0,98
rea Urbana (km2) 8,05 9,68 7,71 10,79 7,58
Apesar do alto ndice de desempenho das classificaes possvel observar regies de
confuso na classificao das amostras das duas classes. Observando as reas calculadas,
percebemos que no h um aumento contnuo da rea urbana nas classificaes, pois a rea do
ano de 1997 foi maior que a rea de 2001, que por sua vez menor que a de 1985 e, ainda, a
rea de 2011 menor que a de 2006, isso possivelmente est associado confuso do
algoritmo ao identificar as classes.
Ao compararmos a ortofoto da rea de estudo com a classificao de 2011 (Figura 9),
podemos perceber regies de solo exposto, sombras, reas de vegetao e estradas
classificadas como reas urbanas. possvel observar tambm a ocupao irregular da cidade,
principalmente em reas prximas a rios e em topo de morros, que contribuem para
problemas urbanos de inundaes e deslizamento de encostas.
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Anlise multitemporal da ocupao urbana na cidade de Alegre Esprito Santo
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Figura 9 - Comparao da ortofoto do ano de 2007 (a esquerda) com a classificao de 2011
(a direita), com foco na rea urbana da cidade de Alegre - ES.
Fonte: Autores.
possvel observar um aumento significativo da rea urbana da sede se compararmos
visualmente as imagens de 1985 e 2011, este aumento se d principalmente nas regies de
periferia, mas tambm podemos observar um adensamento dos pixels na regio central da
sede, diminuindo a quantidade de reas arborizadas no centro, como possvel observar na
Figura 10.
Figura 10 - Detalhamento das imagens de 1985 e 2011, mostrando a classificao da rea
urbana.
Fonte: Autores.
Estes resultados j eram esperados e podem ser explicados, como mostra o trabalho de
Correia et al. (2007), devido dificuldade em estabelecer essas classes temticas na resoluo
das imagens de satlite utilizadas que, por no possuir um nvel de detalhe elevado, possuem
uma limitao para discriminar alvos com uma mistura de vrios elementos, como o caso da
rea urbana, gerando impactos na resposta espectral das imagens, refletindo assim na
caracterizao dessas classes.O fato de terem sido admitidas somente duas classes tambm
pode ter influenciando no resultado da classificao, pois algumas amostras apresentaram
distribuio bimodal, no entanto o erro foi muito baixo (em torno de 5%), minimizando este
problema. Outro fator que tambm pode ter influenciado no resultado o tamanho das
amostras de treinamento do algoritmo.
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Costa e Alves (2005) ao monitorar a expanso urbana do municpio de Campos dos
Goytacazes, tambm tiveram problemas devido confuso entre duas classes, onde a textura
dos cordes litorneos se confundia com a textura da urbanizao, e concluram que era
necessrio possuir um conhecimento prvio da rea para realizar o estudo. Isso mostra que a
interpretao visual, admitindo que o interprete possua um conhecimento prvio da rea,
fundamental, pois o classificador mesmo com amostras apresentando um desempenho
elevado ainda assim pode apresentar erros nos resultados.
CONCLUSO
A metodologia utilizada para a anlise multitemporal do crescimento da mancha
urbana de Alegre para os anos de 1985, 1997, 2001, 2006 e 2011, efetuada no presente
trabalho, mostrou-se eficiente, tornando possvel visualizar as transformaes ocorridas no
intervalo de tempo de 26 anos. Assim, outros resultados poderiam ser encontrados caso a
anlise fosse feita em outros perodos e com diferentes intervalos.
O software SPRING se mostrou uma boa ferramenta para se analisar as questes de
urbanizao e por ser disponvel gratuitamente, serve como opo para o planejamento urbano
municipal com um baixo custo.
Um estudo mais detalhado, utilizando-se imagens com uma melhor resoluo espacial
e espectral e em diferentes perodos, diminuindo o intervalo de tempo entre imagens, pode
obter dados para um planejamento urbano mais detalhado, diminuindo assim os riscos
causados pela ocupao de reas indevidas.
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Anlise multitemporal da ocupao urbana na cidade de Alegre Esprito Santo
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Gelogo Autnomo, Rio de Janeiro, RJ
Mestrando em Agroqumica, Universidade Federal do Esprito Santo, Alegre, ES
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Esprito Santo, CCENS, Alegre, ES 4 Instituto Federal do Esprito Santo, Campus Ibatiba, Ibatiba, ES
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Captulo 2
Utilizao de anlise multicritrio e mapeamento no estudo da adequabilidade a
prospeco de mangans, no sul do Estado do Esprito Santo
Fbio Cardoso de Souza Santos, Eduardo Baudson Duarte, Fabricia Benda de Oliveira,
Jlia Sesana Maciel3, Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira4
INTRODUO
Desde os primrdios, na civilizao Egpcia, o mangans j era usado como parte do
composto qumico para a produo de vidro. Com o avano das civilizaes, esse elemento
passou a possuir outras aplicaes, tanto no setor metlico quanto no no-metlico. Das
diversas utilizaes do mangans, a mais importante seria a produo das ligas de ao,
constitudas pela mistura de ferro e mangans. Outras ligas tambm so produzidas com a
combinao do mangans com diferentes metais, como as ligas de cobre, zinco, alumnio,
estanho e chumbo. O mangans tem a propriedade de dessulfurizao (retirada do enxofre) e
deoxidante, tornando melhor as caractersticas fsicas e qumicas das ligas de ao (SAMPAIO
et al., 2005).
Sabe-se que a indstria do ao absorve cerca de 92% de toda produo mundial do
minrio de mangans, no sendo diferente no Brasil, onde o uso tambm liderado pela
metalurgia (85%), seguido da fabricao de pilha (10%) e a indstria qumica (5%) (COSTA,
2004). No Estado do Esprito Santo as jazidas de mangans at o momento esto localizadas
unicamente no municpio de Guau, com cerca de um milho de toneladas, porm a
prospeco deste elemento ainda est em fase de pesquisa (DNPM, 2013).
Tendo em vista a importncia do elemento mangans para a indstria, se faz
necessrio o investimento em pesquisas para o reconhecimento, mapeamento e amostragens
desse elemento. Do reconhecimento em campo, at a explotao, existem vrias etapas que
utilizam diversas metodologias (PEREIRA, 2012), entretanto o presente trabalho est focado
na fase de reconhecimento de reas que possuam favorabilidade para a presena do mangans,
utilizando a anlise multicritrio como ferramenta base do estudo.
A anlise multicritrio baseada em uma modelagem matemtica, utilizando
parmetros ponderados, relacionados rea de estudo e ao bem mineral de interesse,
envolvendo ainda parmetros correlacionados atravs das observaes analticas e de campo.
Atravs da anlise multicritrio so gerados os mapas de favorabilidade, que tem se mostrado
de grande valia no auxlio de identificao de reas alvo na exploraode bens minerais,
reduzindo o tempo e o custo com pesquisas (ARAJO e MACEDO, 2004).
A anlise multicritrio consiste em um conjunto de tcnicas que visam auxiliar um
agente decisor a tomar decises acerca de um problema complexo, ponderando e propondo
alternativas para solucion-lo, utilizando diferentes critrios e pontos de vista pr-
estabelecidos. As decises so sempre pautadas com base nos critrios considerados
relevantes para a resoluo do problema em questo, podendo existir diversos critrios, onde
cada um possui seu grau de importncia (JANUZZI et al., 2009).
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As tcnicas de geoprocessamento utilizadas na confeco dos mapas de favorabilidade
para ocorrncia de mineralizaes como, ouro, chumbo, zinco e cobre, vm obtendo
resultados satisfatrios ao longo das ltimas dcadas (ARAJO e MACEDO, 2004). Em
contra partida, ainda existem poucos estudos onde se aplica as tcnicas de anlise de
favorabilidade para estudo de mineralizaes de mangans.
Este trabalho teve por objetivo geral identificar reas que possuam alta favorabilidade
para a prospeco de mangans na poro Sul do Estado do Esprito Santo, utilizando tcnicas
de geoprocessamento, atravs da anlise multicritrio, mapeamento e anlises de campo para
comprovar ou no a veracidade dos dados obtidos com o geoprocessamento.
LOCALIZAO E VIAS DE ACESSO
A rea de trabalho est localizada na macrorregio Sul do Estado do Esprito Santo, na
regio da divisa entre os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Esprito Santo. Situasse
entre os municpios de Guau, Divino de So Loureno, Dores do Rio Preto e So Pedro de
Rates (distrito de Guau), sendo delimitada pelas coordenadas UTM S 7.698.000 m e
7.712.000 m e E 206.000 m e 218.000 m (Figura 1).
Figura 1 - Localizao da rea de estudo no Brasil e no Estado do Esprito Santo,
representada com as principais vias de acesso. Fonte: Autores.
REVISO BIBLIOGRFICA/GEOLOGIA REGIONAL
CONTEXTO GEOLGICO
O arcabouo geolgico (Figura 2) da rea composto pelo complexo Juiz de Fora,
Grupo Andrelndia, Lineamento Guau, rochas intrusivas gnaissificadas e depsitos mais
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Utilizao de anlise multicritrio e mapeamento no estudo da adequabilidade a prospeco
de mangans, no sul do Estado do Esprito Santo
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jovens como aluvies, colvios, pilhas ricas em caulim e outros resduos provenientes da
extrao de pegmatitos. O Complexo Juiz de Fora formado por ortopiroxnio-gnaisse de
composio flsica a mfica, ortopiroxnio-clinopiroxnio-anfiblio-gnaisse, gnaisse
migmattico bandado, migmatitos e gnaisses migmatizados. J o Grupo Andrelndia
composto por granada-biotita-gnaisse, anfiblio-biotita-gnaisse e gnaisse de composio
predominantemente granodiortica. O Lineamento Guau formado por anfiblio-biotita
gnaisse milonitizado, com ultramilonitos e milonitos. E as rochas intrusivas gnaissificadas,
so os gnaisses tonalticos de Manhuau, compostos por ortognaisses tonalticos,
granodiortico a trondhjemtico, com intercalaes de anfiblio-biotita gnaisse (HORN,
2007).
Figura 2 - Destaque da rea de estudo na Folha Espera Feliz - SF. 24-V-A-IV.
Fonte: Modificado de HORN et al. (2007).
GEOPROCESSAMENTO
O geoprocessamento ou processamento de dados geogrficos feito atravs de
tcnicas matemticas e computacionais e realiza o tratamento de informaes geogrficas em
ambiente virtual. Em conjunto, existe o sistema de informaes geogrficas (SIG) que capaz
de simular a realidade do espao geogrfico integrando informaes espaciais (BALDOTTO,
2014).
Dentro do ambiente computacional, as caractersticas de uma determinada rea, podem
ser analisadas e manipuladas com diversas tcnicas. A digitalizao de dados reais possibilita
a gerao de mapas observacionais e o conjunto desses mapas observacionais, depois de
manipulados, geram os mapas analticos. Os mapas analticos podem ser processados
utilizando operaes algbricas cumulativas, como adio, multiplicao e subtrao ou
atravs de modelos lgicos, como simultaneidade booleana, possibilidade fuzzy e
probabilidade bayesiana, onde seus produtos so chamados de mapas fundidos e mapas
integrados, respectivamente (SILVA, 2003).
Rodrigues (2012) utilizou tcnicas de geoprocessamento a fim de realizar um estudo
sobre a mineralizao de ouro no cinturo de Gurupi, Folha Centro Nova do Maranho,
MA/PA, com o auxlio da lgica fuzzy. A aplicao do mtodo permitiu identificar reas de
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favorabilidade para a presena de mineralizaes aurferas. Grande parte das reas destacadas
coincidiram com os jazimentos conhecidos, comprovando a eficcia do mtodo e dando maior
confiabilidade para as novas reas indicadas pela modelagem.
Cunha et al. (2001) utilizaram o geoprocessamento na avaliao da favorabilidade para
a prospeco mineral de cromo na regio de Pinheiros Altos no municpio de Piranga, em
Minas Gerais, com auxlio da tcnica de processo hierrquico analtico e obtiveram resultados
satisfatrios, conseguindo reas coerentes para o modelo prospectivo adotado.
Baldotto (2014) utilizou geoprocessamento e tcnicas de anlise multicritrio,
aplicando lgica fuzzy, booleana e tcnica de processo hierrquico analtico (AHP) para
delimitao de reas favorveis prospeco de gua subterrnea no Sul do Estado do
Esprito Santo. As tcnicas se mostraram eficazes para o tipo de anlise realizada, permitindo
a integrao de dados geolgicos que influenciam diretamente na disponibilidade de gua em
sistemas aquferos cristalinos.
Benda et al. (2014) fizeram uso do geoprocessamento, em conjunto com a lgica
fuzzy, para criao de zoneamento no Parque Estadual da Cachoeira da Fumaa-ES para fins
de conservao. Utilizaram como fatores os mapas de declividade, uso do solo e massa de
gua e tiveram como produto final o mapa de final de adequabilidade para conservao. A
metodologia empregada possibilitou a identificao de reas especficas e com maior
vulnerabilidade ao uso pblico, e permitiu um melhor direcionamento no trabalho dos
gestores com um menor custo financeiro ao poder estadual.
ANLISE DE FAVORABILIDADE
A anlise de favorabilidade de fundamental importncia em um processo decisrio.
Atravs desta anlise possvel dividir o espao geogrfico em parcelas hierarquizadas,
segundo um grau de favorabilidade. A favorabilidade pode ser medida por meio de valores
relativos ou probabilsticos, avaliando-se, respectivamente, a possibilidade ou a probabilidade
de ocorrncia de algum fator ou varivel na rea de interesse. Essa tcnica vem sendo
aprimorada medida que a tecnologia de SIG vai evoluindo, e cada vez mais est sendo
utilizada pela indstria mineral e por agncias do governo como um dos meios de menor
custo para avaliao de reas de interesse na explorao de recursos minerais (ROCHA et al.,
2000).
Vidal et al. (2005) descreveu a anlise de favorabilidade como um mtodo diferente
dos demais, onde ao invs de analisar isoladamente cada varivel amostrada, os atributos
georreferenciados so particionados em clulas e correlacionados espacialmente, dando
origem aos mapas de favorabilidade. Levando em considerao a distribuio espacial e a
coexistncia entre variveis e depsitos, a anlise de favorabilidade torna possvel inferir
quanto e de que modo cada varivel mapeada est associada ao processo e,
consequentemente, em que grau ele indica a existncia de um bem mineral.
Para Rostirolla (1996) a utilizao da anlise de favorabilidade na prospeco
geolgica, est fundamentada em um estudo estatstico de fatores que viabilizam ou no a
existncia de depsitos minerais. A base do estudo est fundamentada na ponderao e
associao espacial de dados geolgicos e geofsicos com fins exploratrios. O intuito
principal dessa avaliao diminuir custo e tempo de pesquisa, identificando reas com maior
potencial para descobertas.
Os critrios utilizados nessa anlise podem ser de natureza restritiva ou relativa. Os
critrios restritivos atuam como limitadores das alternativas em questo e so responsveis
por excluir reas de acordo com determinadas condies pr-estabelecidas. Representam
restries absolutas ao que se deseja estudar e descartam todas as reas que no atendem a
alguma restrio que elas representam. Estes critrios so sempre de carter booleano,
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Utilizao de anlise multicritrio e mapeamento no estudo da adequabilidade a prospeco
de mangans, no sul do Estado do Esprito Santo
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representando sim ou no na anlise. Os critrios relativos (escalonados) so utilizados
para realar ou diminuir a adequabilidade de uma alternativa especfica, para uma atividade
ou objeto, definindo um determinado grau de aptido para a rea considerada. Os critrios
escalonados definem regies ou alternativas em termos de uma medida contnua de
adequabilidade, variando de 0 at 255, onde zero possui adequabilidade nula e 255 a
adequabilidade mxima, para o empreendimento analisado. Estes critrios so sempre de
carter fuzzy (EASTMAN, 2003; KOHAGURA, 2007).
Dentro da anlise fuzzy existem as funes de pertinncia, e podem ser de nove tipos:
linear, curva Z, pi, beta triangular, trapezoidal, gaussiana, cautchy e sigmoide, sendo a ltima
mais utilizada nesse tipo de estudo, por se adaptar melhor aos dados de origem ambiental.
Esse tipo de funo sigmoidal pode ser monotnica crescente, decrescente e simtrica
(KOHAGURA, 2007).
No estgio em que realizada a combinao de dados para gerao da regra de
deciso, pode ser utilizada a anlise multicritrio, onde diversos fatores, com seus
determinados pesos de importncia so combinados. Saaty (1977 citado por MORETTI et al.,
2008) props a utilizao da tcnica de Processo Analtico Hierrquico (Analytic Hierarchy
Process AHP) no auxlio da deciso de quais fatores so mais importantes dentro do
determinado empreendimento, visto sua relativa simplicidade de aplicao e entendimento.
Considerando que o decisor dever executar a anlise paritria entre os critrios e entre os
subcritrios, a ferramenta utiliza-se da Escala Fundamental de Saaty (1977 citado por
MORETTI et al., 2008), apresentando as opes para esta comparao, que correlacionam
valores de acordo com o entendimento do operador (MORETTI et al., 2008).
METODOLOGIA
Para a realizao desse trabalho foram utilizados dados digitais: vetores de curvas de
nvel e redes de drenagem adquiridos do Geobases (2002), mapa geolgico de rea de estudo
que foi digitalizado e modificado da Carta Geolgica Folha Espera Feliz SF.24-V-A-IV
(HORN, 2007), mapa geolgico regional e mapa de pontos, ambos feitos com base nos dados
obtidos durante a etapa de campo.
A metodologia adotada neste trabalho inclui a coleta e tratamento dos dados, por meio
de aquisio, armazenamento, e descrio para posterior anlise em ambiente digital tanto de
arquivos vetoriais quanto matriciais de toda a regio do estudo (BALDOTTO, 2014).
Na etapa inicial do trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliogrfica onde foram
consultadas informaes pr-existentes da rea de estudo, principalmente informaes
geolgicas e metodologia anloga a que foi utilizada.
Na segunda etapa do trabalho foi realizado o geoprocessamento dos dados, a gerao e
padronizao dos fatores e restries e aplicao da anlise multicritrio. Sendo esses itens
descritos nos seus respectivos sub-tpicos abaixo.
ETAPA DE CAMPO
A etapa de campo foi realizada em um total de 11 dias entre os meses de setembro a
novembro de 2014. Essa etapa consistiu no caminhamento pela rea, descrio dos diversos
litotipos e tentativa de identificao do mangans fazendo uso da gua oxigenada que reage
na presena de mangans, gerando na superfcie da rocha um fluido branco espumoso.
GEOPROCESSAMENTO
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Nessa etapa foram organizados e confeccionados todos os mapas necessrios para a
realizao do trabalho em ambiente de SIG. O banco de dados inicial foi organizado com o
intuito de possuir o mximo de informaes e recursos para facilitar e acelerar os processos de
anlises empregados neste trabalho.
O mapa geolgico e o mapa de pontos foram gerados com dados de campo, atravs de
anlise de afloramento e descrio macroscpica de rocha. O mapa de modelo digital de
elevao foi elaborado utilizando as curvas de nvel da regio de estudo.
GERAO DE MAPAS DE RESTRIO E FATORES
Foram definidas duas restries e trs fatores, tendo como meta a gerao do mapa de
favorabilidade. As restries atuam como limitadores das alternativas em questo e so
responsveis por excluir reas de acordo com determinadas condies pr-estabelecidas,
sendo consideradas as reas de Preservao Permanentes, conforme os artigos 2 e 3 da
Resoluo n 303 do CONAMA (2002), e as localidades fora do limite da rea de estudo.
Os trs fatores escolhidos foram padronizados em uma escala de adequabilidade que
varia de menos apto (0) a mais apto (255) e foi utilizado a tcnica de processo analtico
hierrquico (AHP) para a comparao entre os fatores, seguindo uma ordem de prioridade,
sendo considerados na ordem de maior para menor importncia, a litologia, a declividade e a
cota.
O fator litolgico foi levado em considerao pois a presena da rocha essencial para
gerao de qualquer depsito mineral e o fator possui a finalidade de identificar as litologias
que apresentam composio mineralgica mais favorvel para a formao de depsitos
laterticos. Este fator foi realizado baseando-se no mapa geolgico gerado atravs de anlises
em campo e descrio macroscpica de rochas. Das oito litologias identificadas e descritas em
campo, apenas duas foram encontradas associadas a depsitos laterticos de mangans, que
so o leucognaisse e o biotitito. Devido a essa caracterstica, essas duas litologias foram
consideradas com maiores graus de importncia dentro do fator, entretanto, como foram
encontrados mais depsitos laterticos associados ao leucognaisse do que ao biotitito, o grau
de importncia do leucognaisse foi considerado maior do que o do biotitito. As outras
litologias, que no apresentaram associao a depsitos de mangans, tiveram seu grau de
importncia calculado a partir da composio mineralgica da rocha, visto que, cada mineral
que compe a rocha pode ter ou no, na sua estrutura qumica, a presena do elemento
mangans. Na Tabela 1 esto todas as litologias encontradas em campo com seus respectivos
valores de favorabilidade, que foram atribudos seguindo a metodologia descrita acima.
Quadro 1 - Normatizao das classes litolgicas. Fonte: Autores.
Litologia Valor atribudo
Leucognaisse 255
Biotitito 200
Granada-Biotita Gnaisse 100
Granada-Biotita-Feldspato Protomilonito 100
Granada-Biotita-Piroxnio Gnaisse 100
Biotita-Piroxnio Granulito 50
Biotita Gnaisse 50
Leucogranito 50
O fator declividade tem como principal finalidade a identificao de reas planas.
Biondi (2003) descreveu que para a gerao de depsitos laterticos, seja residual ou
supergnico, independentemente de qual minrio est sendo estudado, necessita-se de um
-
Utilizao de anlise multicritrio e mapeamento no estudo da adequabilidade a prospeco
de mangans, no sul do Estado do Esprito Santo
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terreno com menor declividade para facilitar sua acumulao. Com estas informaes, o fator
declividade passa a ter um grau alto de importncia dentro da anlise multicritrio, ficando
abaixo apenas do fator litolgico.
A normatizao do mapa de declividade foi feita utilizando a funo de pertinncia
fuzzy sigmoidal monotnica decrescente, onde as reas planas e com at 10 graus de
inclinao foram consideradas de mxima adequabilidade (255), no momento em que o valor
da inclinao ultrapassa os 10 graus essa adequabilidade decresce at chegar ao valor mnimo
(0) onde a inclinao de 30, e acima deste valor de inclinao a adequabilidade torna-se
nula. Estes valores foram adotados levando-se em considerao tudo o que foi estudado na
pesquisa bibliogrfica, em trabalhos como o de Biondi (2003), Neto e Costa (2010) e
Leonardi e Ladeira (2012) e observaes realizadas em campo.
Neto e Costa (2010) realizaram o mapeamento de unidades geomorfolgicas da Bacia
do Rio Cauam-RR, no qual foi possvel identificar deposio latertica onde a declividade
variava de 0,1 a 3 graus, terrenos relativamente planos. Esse estudo confirma a pr-disposio
da formao de depsitos laterticos em regies mais aplainadas.
Leonardi e Ladeira (2012) fizeram uma anlise hipsomtrica da Regio Nordeste do
Quadriltero Ferrfero-MG, associado ao material de origem. Nesse estudo foi possvel
evidenciar, na base do Complexo Alegria, uma superfcie plana que ultrapassou oito
quilmetros de extenso, com declividade inferior a 5, que est associada Crosta Latertica
de Ferricrete Contnua. Sendo est mais uma evidncia da pr-disposio da formao de
depsitos laterticos em regies mais aplainadas.
O fator cota teve como objetivo a identificao de reas cujas cotas esto prximas de
mil metros de altitude, geralmente topo de morros, pois para haver a formao e
desenvolvimento de depsitos laterticos, necessrio que o ambiente gerador possua alguns
parmetros essenciais, como: alta taxa de pluviosidade atuando na lixiviao, relevo pouco
inclinado para minimizar a ao erosiva resultante da alta pluviosidade, alta taxa de
percolao de gua para mobilizar a matria lixiviada e por fim, cotas topogrficas elevadas
em relao ao nvel de base regional, sendo essencial para promover uma taxa contnua nos
processos citados acima (ALEVA, 1994). Devido a esta caracterstica de condicionar uma
taxa contnua nos processos essenciais para gerao de depsitos laterticos, o fator cota est
presente na anlise multicritrio deste trabalho, possuindo um grau de importncia inferior ao
fator litolgico e ao fator declividade, porm sendo fundamental para comprovar a eficcia do
estudo.
A normatizao do fator cota foi realizada utilizando a funo de pertinncia fuzzy
sigmoidal monotnica crescente, onde reas inferiores a 600 metros foram consideradas de
adequabilidade mnima (0), medida que o valor da cota sobe a adequabilidade cresce at
atingir a cota de 800 metros, onde a adequabilidade torna-se mxima (255), e com isso, todas
cotas acima de 800 metros possui adequabilidade mxima. Para definio dos valores
adotados nesse fator levou-se em considerao as observaes realizadas em campo, reviso
bibliogrfica sobre depsitos laterticos e trabalhos como o de Morais et al. (2002) e Oliveira
et al. (2009).
Atravs do Processo Analtico Hierrquico foram gerados os pesos, onde seus valores
foram atribudos de acordo com o seu grau de importncia, utilizando como base a escala
fundamental de Saaty (1977 citado por MORETTI et al., 2008). Sendo assim, ficou
estabelecido que o fator litolgico moderadamente mais importante que o fator declividade,
o fator declividade moderadamente mais importante que o fator cota, e o fator litolgico
fortemente mais importante que o fator cota. Com os fatores normatizados e os seus
respectivos pesos calculados, os mapas foram agrupados utilizando a Combinao Linerar
Ponderada, onde os fatores foram multiplicados pelos seus pesos e em seguida somados, para
gerao do mapa de adequabilidade. Como no presente trabalho foi utilizada restrio, o
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32
procedimento foi alterado, e a adequabilidade calculada por meio da combinao de fatores
foi multiplicada pela restrio, gerando o mapa de adequabilidade final.
Quadro 2 - Matriz de comparao par-a-par entre fatores. Fonte: Autores.
Fator Litologia Declividade Cota
Litologia 1
Declividade 1/3 1
Cota 1/5 1/3 1
Na Tabela 3 esto os valores correspondentes aos pesos calculados atravs do processo
analtico hierrquico utilizando a matriz de comparao. Os pesos demostram a influncia de
cada fator no mapa final de adequabilidade. Onde, o fator litolgico representou cerca de 64%
no valor final da anlise, o fator declividade contribuiu com aproximadamente 26% e o fator
cota representou 10%. A proporo de consistncia um valor que mostra o erro obtido no
clculo da matriz de comparao e neste caso, o erro foi de 0,03, estando dentro do limite
aceitvel de 0,1.
Quadro 3 - Resultado dos pesos calculados para cada fator. Fonte: Autores.
Fator Peso
Litolgico 0,64
Declividade 0,26
Cota 0,10
Com o mapa final de adequabilidade gerado foi possvel comparar os resultados
obtidos atravs da anlise multicritrio com os dados coletados em campo. E assim, discutir
sobre a confiabilidade da ferramenta de anlise multicritrio na obteno de reas com alta
adequabilidade para prospeco de depsitos de mangans.
RESULTADOS E DISCUSSES
Como resultados foram obtidos os mapas de fatores, que indicam como cada fator
influenciou no mapa final e utilizando esses mapas separadamente, possvel discutir sobre a
importncia de cada fator na anlise. Entretanto, quando realizada a integrao dos mapas
na anlise multicritrio em um nico mapa, torna-se mais fcil o julgamento das reas de
acordo com a adequabilidade.
A Figura 3 contm os mapas de fatores e restries utilizados nesse trabalho. O fator
litolgico apresentou grande favorabilidade na regio centro norte, devido essa rea ser
composta principalmente por rochas do tipo leucognaisse e biotitito, que geralmente esto
associadas a depsitos laterticos de mangans. O restante da rea apresentou favorabilidade
variando de mdia baixa, devido composio das rochas e os valores atribudos a cada
uma delas.
O leucognaisse foi considerado de muito alta favorabilidade em relao formao de
depsitos laterticos, visto que a maior parte dos depsitos encontrados em campo esto
associados a esse tipo rochoso. A litologia biotitito foi classificada com alta favorabilidade
formao de depsito latertico, uma vez que alguns depsitos laterticos foram encontrados
associados a esta rocha. Os litotipos granada biotita gnaisse, granada biotita feldspato
protomilonito e granada biotita piroxnio gnaisse foram considerados de mdia
favorabilidade, pois, apesar de no ter sido observado em campo qualquer associao destes
litotipos com depsitos laterticos, a composio mineralgica destas rochas podem permitir a
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Utilizao de anlise multicritrio e mapeamento no estudo da adequabilidade a prospeco
de mangans, no sul do Estado do Esprito Santo
33
formao de algum tipo de depsito de mangans, lembrando que no apenas a mineralogia
que determina a formao de depsitos.
As rochas biotita piroxnio gnaisse, biotita gnaisse e Leucogranito foram classificadas
com baixa favorabilidade, uma vez que a composio mineralgica das mesmas dificilmente
permitir a formao de depsitos laterticos de mangans.
O fator cota ficou evidenciado uma grande adequabilidade indo desde a parte central
at o topo norte do mapa. Da poro central at a base sul do mapa, a adequabilidade ficou
bem dividida, variando de alta a nula. Resultados esses j esperados para esse fator, visto que
a regio de estudo e bastante montanhosa, estando sempre bem acima do nvel mdio do mar.
J pores com baixa ou nula adequabilidade esto associadas as reas mais baixas
simplesmente pela geomorfologia ou em alguns casos a canais de drenagem que ao longo do
tempo vo dissecando o relevo e tornando-o mais baixo.
O fator declividade, como esperado, apresentou uma grande quantidade de reas com
alta adequabilidade e boa distribuio, visto que apesar da regio de estudo est contida em
cotas elevadas, o relevo predominante pouco acidentado e os topos de morros so mais
aplainados.
A restrio hidrogrfica est presente neste trabalho com o intudo de identificar e
restringir todas as regies que fazem parte das reas de Preservao Permanentes, em reas
de Mata Ciliar. A restrio foi realizada isolando um raio de 50 metros no entorno de
qualquer corpo dgua, visto que dentro destas regies proibida a realizao de estudos
prospectivos (CONAMA, 2002).
Figura 3 - Mapas de Fatores e Restries. (A) Fator Litolgico; (B) Fator Cota; (C) Fator
Declividade; (D) Restrio Hidrogrfica. Fonte: Autores
No mapa final de adequabilidade (Figura 4A) observa-se que a rea mais favorvel
(255) prospeco de mangans proposta por este trabalho est localizada na parte superior
do mapa, distribuda de leste a oeste, porm possvel encontrar outras regies como na parte
central do mapa e uma pequena poro na regio sudoeste que, embora obtivessem
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adequabilidade um pouco mais baixa (200-160), ainda possuem valores satisfatrios. O
restante do mapa apresentou uma adequabilidade variando de mdia (130) e baixa (50). A alta
adequabilidade encontrada na parte superior do mapa ocorre devido ao substrato rochoso ser
composta por leucognaisse, rocha com maior peso de importncia dentro do fator litolgico,
que por sua vez o fator de maior influncia dentro da anlise, e por essa regio apresentar as
maiores cotas da rea de estudo. Algumas regies que possuem alta adequabilidade para os
fatores declividade e cota obtiveram uma adequabilidade variando de mdia (130) a baixa
(50), isto porque o fator litolgico, que teve o maior peso na anlise, alcanou baixa
adequabilidade nessas reas do mapa. As pores no mapa que apresentaram adequabilidade
nula so aquelas onde as restries foram atuantes, neste caso, os corpos hdricos.
A etapa de campo obteve como produto um mapa de pontos (Figura 4B), onde foram
constatados pontos com a presena de mangans, pontos de depsitos de mangans j
descritos por outras literaturas e pontos que no possuam a presena do mangans. Vale
salientar que a descrio de um ponto representa no somente as caractersticas daquele exato
local, mas tambm do seu entorno. A gerao deste mapa teve com intudo facilitar a
amostragem dos pontos que possuem a presena de mangans e compar-lo com o mapa de
adequabilidade final.
Ao analisar o mapa de adequabilidade possvel perceber que todos os pontos
descritos em campo que possuam a presena de mangans esto associados a uma alta
adequabilidade. importante explicar que ao fazer o caminhamento de campo procurasse
sempre utilizar rotas de mais fcil acesso para percorrer a rea, como por exemplo, as redes de
drenagem. No caso deste trabalho, essa metodologia de caminhamento acabou acarretando
controvrsia no momento de anlise do mapa final, pois pontos nos quais ficou comprovada a
presena de mangans esto situados tanto dentro de pores de alta adequabilidade quanto de
adequabilidade nula, isto devido aos pontos terem sido coletados prximos s drenagens e o
sistema hidrogrfico da regio ser considerado uma restrio de acordo com CONAMA
(2002). Essa controvrsia no diminui a comprovao da eficcia da ferramenta da anlise
multicritrio, visto que os pontos representam uma rea muito maior do que aquele exato
local onde o ponto foi descrito e a malha de restrio hidrogrfica no nega a presena do
mangans, apenas restringe a explorao mineral por se tratar de uma rea de preservao
permanente.
No mapa de adequabilidade foi utilizada uma simbologia com a forma de um crculo
vazado nos pontos que tiveram a presena de mangans comprovada, com o intudo de
representar melhor a rea de influncia de cada ponto e tornar mais clara essa possvel
controvrsia ao se analisar o mapa. Os pontos que possuem a presena do mangans,
identificados na Folha Espera Feliz SF. 24-V-A-IV (HORN, 2007), foram associados a uma
adequabilidade variando de alta a mdia, resultados que reforam a eficcia da anlise
multicritrio como uma ferramenta eficaz para prospeco de mangans na regio proposta.
No mapa de adequabilidade final possvel observar que 60% de todos os pontos que
possuem a presena de mangans, independente se so pontos vistos em campo ou pontos
obtidos por meio de outras literaturas, esto localizados em regies de alta adequabilidade
(255 at 200) e os 40% restantes esto localizados em pores de mdia adequabilidade (130).
-
Utilizao de anlise multicritrio e mapeamento no estudo da adequabilidade a prospeco
de mangans, no sul do Estado do Esprito Santo
35
Figura 4 - A) Mapa de adequabilidade final com os pontos de amostragem e drenagens (azul)
com isolamento de 50 metros (branco), delimitando a restrio hidrogrfica de acordo com
CONAMA (2002); B) Mapa com discriminao de pontos onde no foi constatada a presena
de mangans (pontos pretos), pontos que possuam mangans (pontos vermelhos) e pontos
buscados na literatura que j tinham identificao de presena de mangans (pontos verdes).
Fonte: Autores.
CONCLUSO
A utilizao das tcnicas de geoprocessamento se mostrou eficaz para o tipo de estudo
realizado, permitindo a integrao de diferentes tipos de dados que influenciam diretamente
na formao de depsitos laterticos.
Analisando o mapa de adequabilidade final possvel afirmar que o objetivo, no qual
seria a avaliao de reas para a prospeco de mangans, obteve resultados satisfatrios visto
que na regio escolhida para o estudo, cerca de 30% da rea apresenta alta adequabilidade
(255 at 200), 40% possui mdia adequabilidade (aproximadamente 130) e apenas 30% da
rea ficou caracterizada por uma baixa adequabilidade (de 50 at 0).
A anlise multicritrio pode ser considerada uma ferramenta que possui resultados
satisfatrios quando utilizada com critrios embasados, alm disso, trata-se de uma
metodologia de baixo custo e fcil aplicabilidade, cujos resultados podem minimizar o custo e
o tempo da fase de prospeco e pesquisa.
O mapa de favorabilidade final apesar de ter resultados aceitveis, poder ser refinado
futuramente quando novos dados forem obtidos em campo, acrescentando-se novos fatores
como, por exemplo, anlises geoqumicas e pedologia.
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Programa de Ps-graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viosa, Viosa,
MG
Departamento de Geologia, Universidade Federal do Esprito Santo, CCENS, Naturais e da
Sade, Alegre, ES 3 Instituto Federal do Esprito Santo, Campus Ibatiba, Ibatiba, ES
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Captulo 3
Definio de mapa litolgico e de lineamentos para anlise da suscetibilidade de ruptura
de taludes em atividades de minerao
Lzaro Corra Marcellino, Fabricia Benda de Oliveira, Julio Almeida Moreira2, Carlos
Henrique Rodrigues de Oliveira3
INTRODUO
O planejamento geotcnico na minerao torna-se um fator de extrema importncia,
pois as consequncias de um mau planejamento podem colocar em risco o empreendimento
mineiro. Uma vez que se impe a explorao do bem mineral em diferentes frentes de avano,
tem-se notado um avano dos limites da cava cada vez mais extremos, portanto criam-se
problemas geotcnicos cada vez mais complexos.
Com isso, os desafios ao longo dos anos so maiores, pois alm de se observar uma
tendncia no aprofundamento das cavas, exige-se a adoo de mtodos geotcnicos e
tecnolgicos que possibilitem, de forma segura e econmica, a lavra da substncia de
interesse (REIS, 2011).
Existem tambm vrios fatores que contribuem para a instabilidade de taludes, uma
vez que iniciada a lavra, os taludes possuem um carter temporrio, por isso adota-se fatores
de segurana menores quando comparados a obras civis. Apresentam tambm instabilidade
derivada das vibraes nos macios relacionadas as detonaes e ao constante trfego de
veculos pesados sobre as bancadas, por isso torna-se mais difcil a previso desses eventos de
ruptura (PARDO, 2009).
A deflagrao de um rompimento de talude pode estar condicionada a esses fatores
fsicos predisponentes supracitados, onde o grande desafio da comunidade cientfica est
relacionado a prever, quantificar, qualificar e temporizar o momento de ruptura do talude. A
necessidade de melhorias no planejamento geotcnico, aliados a tcnicas geomorfolgicas,
hidrolgicas, geoambientais e geolgicas dentro da minerao um fator importante na
mitigao de possveis desastres contra a vida, ao meio ambiente, perda de material, e
prejuzos econmicos incalculveis ao empreendimento, alm da necessidade de atender a
legislao vigente, que contm diversas exigncias.
Assim, do ponto de vista geotcnico, a estabilidade de taludes associado ao sistema de
informaes geogrficas (SIG) constitui ferramenta essencial na definio da geometria da
cava, alm de mitigar os riscos supracitados durante a atividade de lavra (GOMES et al.,
2005). Logo, o presente trabalho possui como objetivo o desenvolvimento de mapa litolgico
e de lineamentos, utilizando lgica fuzzy, para utilizao na anlise de susceptibilidade de
talude em uma atividade de minerao de ferro no Quadriltero Ferrfero (QF).
LOCALIZAO E VIAS DE ACESSO
A rea de estudo insere-se na regio do QF, o qual uma Provncia Mineral que
possui este nome em funo do arranjo geomtrico de sua morfoestrutura que se assemelha a
um quadrado. Localiza-se na poro centro-sudeste do Estado de Minas Gerais e perfaz uma
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Definio de mapa litolgico e de lineamentos para anlise da suscetibilidade de ruptura de
taludes em atividades de minerao
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rea de aproximadamente 7.000 Km, abrangendo os municpios de Sabar, Santa Brbara,
Mariana, Congonhas, Ouro Preto, Joo Monlevade, Rio Piracicaba, Itana e Itabira, entre
outros 21 municpios (Figura 1).
As principais vias de acesso s cidades so pelas rodovias federais BR-262 e BR-361,
e rodovias estaduais MG-129, MG-030, MG-040, entre outras. Outra forma de acesso ao QF
se d pela Estrada de Ferro Vitria Minas (EFVM), onde quase toda produo das minas de
minrio de ferro escoada at o Porto de Tubaro em Vitria (ES).
Figura 1 - Localizao das principais minas da VALE S.A. no QF. Fonte: Modificado de
Costa (2008).
REVISO BIBLIOGRFICA/GEOLOGIA REGIONAL
Segundo Caputo (1983) talude compreende quaisquer superfcies inclinadas que
limitam um macio de terra, de rocha ou ambos. Podem ser naturais, casos das encostas, ou
artificiais, como os taludes de cortes e aterros. So limitados na parte superior por uma Crista
ou Topo e na parte inferior por um P, como mostrado na Figura 2.
Figura 2 - Elementos geomtricos que compe um talude e so utilizados para o
dimensionamento do mesmo. Fonte: Dyminski (2007).
Contudo, considerando a estabilidade de taludes em atividade de minerao, os
elementos geomtricos de um talude tornam-se um pouco mais complexos, pois a cava final
de mina depender da conformao dos taludes, das rampas de acesso ao minrio, dos ngulos
entre as vrias bancadas existentes e da altura dos taludes. Para uma cava ser operacionalizada
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e garantir a segurana geotcnica da mina, deve conter necessariamente os seguintes
elementos geomtrico (Figura 3).
Figura 3 - Elementos geomtricos para o dimensionamento dos taludes de uma cava. Fonte:
Relatrio Interno da Empresa (2013).
MTODOS DE ANLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDES
A anlise de estabilidade de taludes nos permite verificar a possibilidade de
escorregamento de taludes, analisando-se as influncias relativas aos parmetros, como
exemplo parmetros de resistncia, litologia dentre outros, que visam obter um estudo para
um melhor entendimento dos mecanismos de ruptura citados anteriormente. As tcnicas de
anlise de estabilidade podem ser divididas em grandes grupos que so as anlises
probabilsticas, anlises determinsticas e anlises heursticas. Sendo que a anlise
probabilstica requer conhecimento das distribuies de probabilidade ou das funes de
densidade das variveis aleatrias do problema, ou seja, a definio da probabilidade de
ruptura, ver Figura 4 (DYMINSKI, 2007).
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Definio de mapa litolgico e de lineamentos para anlise da suscetibilidade de ruptura de
taludes em atividades de minerao
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Figura 4 - Representao probabilstica das tenses atuantes e resisten