georgia bockoven - o grande prêmio do amor (super julia 22)

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O Grande Prêmio do Amor Restless Tíde Georgia Bockoven Com louca e eletrizante pai o, Carla e Richard se encontraram pela primeira vez nos braços um do outro, numa cidade onde a busca de prazer e pecado era uma constante: Las Vegas. E se descobriram e se amaram com a nsia incontida de !uem esperou a vida toda por a!uele instante. "as Richard #lemin g tin ha outra pai xão: o automobilismo. $r riscava a sorte nas pistas de corrida e atormentava Carla, !ue não suportava a ang%stia de esperar por ele nos boxes, sabendo !ue a !ual!uer hora poderia v&'lo morrer. (em )orças para continuar seguindo'o, ela decidiu partir, mas logo percebeu !ue sem ele a vida não tinha o menor sentido... Digitalização: Rosana Gomes Revisão: Cassia

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O Grande Prêmio do AmorRestless Tíde

Georgia Bockoven

Com louca e eletrizante paixão,Carla e Richard se encontraram pelaprimeira vez nos braços um do outro, numa cidade onde a busca de prazer epecado era uma constante: Las Vegas.

E se descobriram e se amaram com a nsia incontida de !uem esperou avida toda por a!uele instante.

"as Richard #leming tinha outra paixão: o automobilismo. $rriscava asorte nas pistas de corrida e atormentava Carla, !ue não suportava a ang%stiade esperar por ele nos boxes, sabendo !ue a !ual!uer hora poderia v&'lomorrer.

(em )orças para continuar seguindo'o, ela decidiu partir, mas logopercebeu !ue sem ele a vida não tinha o menor sentido...

Digitalização: Rosana GomesRevisão: Cassia

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

 2itulo original: Restless 23de

Cop4right: 5 b4 e6rgia 0oc1oven

/ublicado originalmente em 789 pela: ;arle!uin 0oo1s

 2oronto, Canad<

 2radução: Cec3lia #lorence 0orges Rizzo

Cop4right para a l3ngua portuguesa: 789=

$bril (.$. Cultural

(ão /aulo

Esta obra )oi composta na Linoart Ltda.

E impressa na Editora /arma Ltda.

CAPÍTULO I

Carla #leming passou o dia todo atormentada por um sentimentoangustiante. - !ue de manhã era apenas certa apreensão, > tarde

trans)ormara'se numa premonição ameaçadora. ?uando )inalmente começou acometer erros, cobrando duas vezes pelo mesmo artigo de um )regu&s daaleria Co'-p de $rtistas e se es!uecendo de cobrar outro, parou para tentar

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se convencer de !ue não estava sentindo nada e !ue o estado de esp3rito em!ue se encontrava era )ruto da imaginação.

$ssim !ue o movimento diminuiu e ela percebeu !ue os %nicos passos noassoalho de carvalho eram os seus, desistiu de enganar a si mesma e começoua andar nervosa de um lado para outro da lo@a. /arou na porta de entrada etirou a placa, onde se lia A$bertoA.

Bistra3da, olhou pela @anela e viu um barco a vela !ue, com destreza, eramanobrado em direção > doca. $tr<s dele viam'se os morros, cobertos pelamata verde das ilhas vizinhas, banhados pelo sol da tarde. o cDu, nuvensbrancas e esparsas re)letiam a mesma luz. $ beleza do cen<rio era como um!uadro, mas não conseguia chamar a atenção de Carla nem aliviar a ang%stia!ue ela sentia.

m arrepio de )rio, !ue não era provocado pela temperatura, percorreu'lhe o corpo.

$pertou os braços de encontro ao peito e depois passou a mão por elescomo !uerendo se a!uecer. (uspirou e encostou o nariz no vidro )rio da @anela.

"artenFs Cove era uma cidadezinha !ue começava a despertar dos longosmeses de inverno. $s calçadas de madeira, !ue agora apresentavam um ououtro pedestre, em poucas semanas estariam cheias de turistas ansiosos porcomprar uma lembrança das )Drias.

um impulso incontrol<vel, Carla colocou a placa G#echadaH e trancou aporta. Em menos de cinco minutos @< sa3a pela porta dos )undos e descia aescada em direção > sua caminhonete. (entou'se ao volante e sentiu umaponta de remorso por estar agindo de maneira estranha. "as prometeu a sipr6pria !ue compensaria o tempo perdido nesse dia trabalhando atD maistarde na Dpoca movimentada da estação de veraneio. I bem verdade !uenenhum dos artistas, cu@os trabalhos eram vendidos na galeria, )aria alguma

ob@eção caso não repusesse as horas perdidas na!uele dia.$utomaticamente, Carla guiou os !uase cinco !uilJmetros da estrada !uevolteava a ilha e ia atD o chalD onde morava. Burante o tra@eto, conseguiu seconvencer de !ue o seu nervosismo era provocado pela auditoria !ue seria)eita em pouco tempo na lo@a. "as certamente nada de tão grave !ue umrepousante, banho de imersão e uma boa x3cara de ch< não pudesse curar.

?uando )azia a %ltima curva na estrada de pedregulhos, Carla olhouinstintivamente para o pe!ueno chalD de madeira. -s dois lados e os )undoseram rodeados por um bos!ue de pinheiros, e a )rente dava para o oeste,possibilitando a visão espetacular do pJr'do'sol na angra de /uget (ound.Compacto, are@ado e )uncional, o chalD tinha dois !uartos, alDm de outras

depend&ncias, e se trans)ormara num abrigo seguro onde Carla se re)ugiara h<tr&s anos. a!uela ocasião, )ugira de uma vida tumultuada e in)ernal eencontrava'se pro)undamente deprimida.

- chalD era a %ltima construção na pouca usada estradinha da ilha e o%nico na enseada rochosa. (eu isolamento proporcionava a Carla a privacidadee a solidão dese@ada.

En!uanto estacionava, ouviu a campainha distante do tele)one. ;esitouum pouco e caminhou devagar, esperando !ue !uem estivesse lhe tele)onandodesistisse. Chegando > porta da )rente, antes de entrar, apanhou uma pinha dochão e a atirou longe.

a sala de estar, iluminada pelo sol da tarde, ela @ogou a bolsa e a malhanuma cadeira. Bepois se sentou para tirar os sapatos de salto altos e s6 então)oi > cozinha pJr <gua no )ogo para o ch<. Essa era a bebida !ue,

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independente da marca ou tipo, lhe servia de calmante nos momentos demaior tensão.

$inda na cozinha, Carla lembrou'se de !ue o canal local de televisão iaentrevistar v<rios artistas !ue expunham trabalhos na galeria. Voltou para asala e ligou o aparelho em branco e preto !ue tinha herdado do antigo in!uilinodo chalD. Bepois de lidar com os botKes, percebeu !ue teria de se contentar

com o som sem a imagem.Retornava > cozinha !uando, na metade do caminho, parou apavorada aoouvir as palavras duras e graves do locutor:

Ric1 #leming, piloto de carros de corrida, continua preso a uma t&nueesperança de vida, ap6s o terr3vel acidente desta tarde, na prova 0axterColsen "emorial, na pista de Riverside, !ue envolveu cinco carros. $ hist6riacompleta e mais detalhes. . .

- resto )oi aba)ado pelo desespero de Carla. $poiou'se no batente daporta, sentindo as pernas )ra!ue@ar. (ua vista escureceu e tudo > sua voltacomeçou a ondular, atD !ue, perdendo os sentidos, ela caiu desmaiada.

- som persistente da campainha do tele)one penetrou na consci&ncia deCarla, trazendo'a de volta > realidade. #azendo um es)orço, sentou'se. Com amão es!uerda apalpou com cuidado a cabeça no lugar em !ue batera ao cair,!ue lhe do3a terrivelmente, e com a direita apanhou o tele)one.

$lJ atendeu meio hesitante. CarlaM I voc&, CarlaM perguntou uma voz impaciente de homem, !ue

não esperou por resposta. $!ui D (teve "cBonald. Lamento, mas tenho m<snot3cias para voc&.

Ela podia perceber o tom nasalado da voz de (teve e imaginou se eleestivera chorando. Aão, pelo amor de BeusA, rezou. (6 havia uma razão pela!ual a!uele homem choraria. (entiu um aperto tremendo no coração. Ric1

devia ter morrido.Carla sentiu a tentação )orte de desligar, como se, não sendo ouvida, averdade pudesse ser evitada. "as, sem !uerer, disse:

Como D !ue ele est< (teveM ?uer ver voc&, mas D preciso !ue se apresse respondeu, sem mais

detalhes. $h, (teve, não possoN disse bem baixinho. ão posso ir atD a3 para

v&'lo morrer. ão tenho )orças para isso. ão agOento en)rentar a morte maisuma vez. (implesmente não posso.

Voc& D mais )orte do !ue imagina Carla argumentou (teve em tomde s%plica. (e voc& pudesse pelo menos vir v&'lo. . . Ric1 luta para )icar

consciente e murmura o tempo todo: AChame Carla. /elo amor de Beus, tragaCarlaA. $ tarde inteira estou tentando )alar com voc&.

ão importava !ue o bom senso a aconselhasse a se proteger contraa!uela perda )inal e devastadora. (6 sabia !ue, custasse o !ue custasse, iriapara perto de Ric1.

?uando tudo estivesse terminado e ele )osse sepultado ao lado de 0obb4,irmão dela tinha certeza de !ue estaria reduzida a uma concha vazia. - seu euinterior morreria com ele, tão certo como o dia acaba com o pJr'do'sol. Bepoisdisso, tudo o !ue )izesse seria tão arti)icial como a iluminação > meia'noite.

Eu vou, (teve a)irmou consciente de !ue sempre soubera !ue essaseria a atitude !ue tomaria se algo acontecesse a Ric1.

Como se )alasse consigo pr6pria acrescentou: (6 peço a Beus !ue não se@a muito tarde.

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Consultou o rel6gio e viu !ue não teria tempo para pegar a %ltima balsa!ue deixava a ilha.

(teve disse com a voz )irme de !uem havia tomado uma resolução. (6 h< uma maneira de sair da!ui a esta hora. I por hidroavião.

Biga ao piloto para lev<'la a 0ellingham. L<, um amigo meu atransportar< a (eattle. Chegando ao aeroporto, v< direto ao balcão da nited,

onde encontrar< uma passagem para Los $ngeles !ue vou providenciar.Embora soubesse !ue precisava se apressar, mesmo depois de teracertado todos os detalhes, Carla não conseguia desligar. $ intuição a avisavade !ue não devia perguntar nada, mas as palavras sa3ram:

Ric1 est< mesmo muito mal, (teveM /or )avor, Carla, apresse'se e chegue a!ui o mais r<pido poss3vel.Essas %ltimas palavras )icaram ecoando em seus ouvidos atD muito tempo

depois de ter desligado o tele)one.- cho!ue do tele)onema e as provid&ncias r<pidas para conseguir chegar

a 0ellingham )izeram com !ue Carla se sentisse aliviada com o barulho domonomotor do amigo de (teve, !ue a estava levando a (eattle. $ssim, pelomenos não precisava puxar conversa e podia )icar a s6s com a sua dor, semparecer, indelicada. Logo !ue encontrara o piloto, um ex'mecnico de carrosde corrida sentiu'se mal. ao ouvi'lo dizer !ue Ric1 havia sido um, grandecorredor e uma pessoa incr3vel. (abia !ue ele era bem'intencionado, masexpressava'se como se Ric1 @< tivesse morrido. Psso era insuport<vel.

Embora )re!Oentemente temesse esse des)echo, não podia imagin<'locom )raturas e hematomas numa cama de hospital, rodeado por tubostransparentes e aparelhos !ue lhe in@etavam, no corpo inerte, vida arti)icial.ão conseguia visualiz<'lo na nidade de 2erapia Pntensiva, onde umacombinação de odores estranhos resultava num ines!uec3vel per)ume de

morte. $li<s, não conseguia ver o rosto de Ric1. - semblante !ue teimava emaparecer em sua mente não era o dele, mas sim o de 0obb4.Carla tinha passado cinco longos dias num hospital, assistindo > morte

vagarosa do irmão caçula. $ tensão e as violentas emoçKes !ue experimentara @amais se apagariam de sua mem6ria. 0obb4 tambDm )ora v3tima das pistas decorrida e da )orça estranha !ue compele certos homens e mulheres aarriscarem tudo na procura da per)eição. ;avia certo misticismo nisso. Com umtanto de arrogncia, eles exigiam da vida um !uinhão maior.

/ara Carla, isso era incompreens3vel.Ela era irmã de um desses homens e se apaixonara por outro. /ortanto,

)azia parte do rol dos simples mortais a !uem não restava !ual!uer alternativa

a não ser esperar, rezando para !ue retornassem vivos de suas aventuras. $espera por 0obb4 tinha sido muito curta, pois ele desaparecera aos vinte e tr&sanos. o caso de Ric1, apenas alguns poucos anos mais, @< !ue ele contavaagora com trinta e dois.

APn@ustiça desgraçadaA a pensou en!uanto as l<grimas corriam livremente,embaralhando a visão das luzes l< embaixo.

$o se aproximarem do aeroporto, Carla percebeu !ue ainda era noite)echada em Los $ngeles. (teve a esperava com um batedor da pol3cia e, ap6sas palavras de rotina, levou'a para o carro.

Ela sorriu tristemente para o velho e bom amigo, mas sentiu a mesmahostilidade !ue marcara a despedida de ambos, tr&s anos antes. a!uelaocasião, (teve a tinha acusado de ego3sta por abandonar Ric1 !uando ele maisprecisava dela.

Q

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Embora tivessem !uase a mesma idade, os dois homens apresentavamum contraste absoluto. (teve possu3a um )3sico enorme, desde os ombroslargos e musculosos atD as mãos muito grandes. ?uem não o conhecesse seintimidaria com o olhar duro, mas relaxaria ao v&'lo sorrir.

$o ser apresentada a ele, Carla se amedrontara com a sua estatura e como seu olhar sDrio. Entretanto, não levara mais !ue alguns dias para descobrir

!ue a severidade dele não passava de uma m<scara para encobrir a timidez./or isso, sempre !ue ia a uma pista de corrida, aproveitava para )icar em suacompanhia por algum tempo. /oucas semanas depois de t&'lo conhecido, Ric1comentara sorrindo !ue ela con!uistara o sisudo mecnico.

E com o correr do tempo Carla e (teve haviam se tornado amigos 3ntimose dedicados, )ato !ue contribuiu para !ue a separação )osse mais dolorosa.

$gora, a caminho do hospital, viam'se numa correria louca pelas ruas!uase desertas da cidade. A$ situação tem um to!ue de humor negroA, pensouCarla, com amargura. ão deixaria de ser engraçado se so)ressem um acidentena!uela hora em !ue ia ao encontro de Ric1, o )amoso piloto de corridas.

- autom6vel em !ue seguia ladeado pelo batedor de pol3cia, estacionoudiante do hospital e Carla desceu apressada em direção > entrada deemerg&ncia. $ntes de alcançar a porta, )oi interceptada por dois rep6rteres.

(ra. Carla #leming, a senhora concorda !ue todo piloto de corridas temum dese@o inconsciente de morrerM perguntou um deles, o mais @ovem.

#oi por isso !ue a senhora se separou dele h< tr&s anosM !uis saber omais velho.

/or )avor, deixem'me passar implorou, cobrindo o rosto para seproteger contra os )lashes da m<!uina )otogr<)ica.

Conte (ra. #leming, o !ue sente ao saber !ue seu marido est< l< dentro>s portas da morteM insistiu o primeiro.

(teve inter)eriu, empurrando os rep6rteres e levando'a embora. Em!uestão de segundos @< percorriam os corredores !ue levavam > 2P. $o seaproximarem de l<, a primeira coisa !ue chamou a atenção dela )oi o cheiro,pavorosamente )amiliar, como se o tivesse sentido na vDspera e não !uatroanos antes.

Encontrava'se agora no centro do prDdio enorme, numa <rea sem @anelas,absolutamente esterilizada, e onde todos )alavam e sorriam de uma )ormadi)erente. 0em no meio, rodeada pelos aparelhos milagrosos da era eletrJnica,a en)ermeira'che)e controlava os pacientes numa sDrie de !uartos atr<s daparede de vidro. $larmada, Carla percebeu !ue um deles estava com ascortinas )echadas, de maneira !ue s6 a en)ermeira, atravDs dos aparelhos,

podia observar o !ue se passava l<.(eu coração bateu descompassado, en!uanto aconchegava mais a malha

de cashmere e apressava o passo. 2inha certeza de !ue a!uele !uarto era o deRic1, !ue s6 podia estar muito )erido ou, então, morto. $ba)ou um soluço,provocado pelo medo de ter chegado tarde demais, e correu para a porta. Ric1não devia nem podia morrer pensando !ue ela não o amava.

$ en)ermeira !ue estava sentada ao lado da cama levantou'se, e Carla seaproximou.

;aviam erguido as grades de cromo e atr<s delas @azia Ric1 numemaranhado de tubos. Respirava ainda, constatou soluçando, mas apresentavauma palidez mortal. -s c3lios negros e longos e as sobrancelhas bemar!ueadas pareciam )eitos a carvão num boneco de neve. Ela estendeu a mãotr&mula e tocou de leve a )ace )erida. Como por encanto, os anos de separaçãodesapareceram. ão era mais poss3vel negar o amor !ue os unia e !ue agora

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lhe dava )orças para sorrir. Carla debruçou'se sobre a grade e bei@ou'o natesta, vendo'o abrir os olhos vagarosamente.

-i, meu an@o murmurou Ric1, com naturalidade, como se houvessemse separado na vDspera. Eu sabia !ue voc& vinha.

Ela teve !ue se curvar mais para ouvir as palavras, pronunciadas comes)orço.

?ueria tambDm !ue ele a visse e percebesse !ue continuava a am<'locom toda intensidade. Eu te amo, Ric1. (e voc& morrer, minha alma e meu coração partirão

 @unto, para lhe )azer companhia. #i!ue comigo, Carla. . .Era desesperador presenciar o es)orço !ue a!uele homem )orte tinha de

)azer para murmurar umas poucas palavras. /ensou em colocar os dedos nosl<bios dele, para !ue não gastasse as energias, mas, ao mesmo tempo,ansiava por ouvir a!uela voz !uerida en!uanto )osse poss3vel. (eria mais umalembrança dele !ue a a@udaria a en)rentar os dias vazios do )uturo.

/or )avor, Carla, )i!ue comigo. . . /rometo !ue não vou morrer. . . ãovou deixar voc&.

/or entre as l<grimas, ela sorriu. Besesperadamente !ueria acreditarna!uela promessa )eita com tanto es)orço. $cariciou'lhe o rosto e bei@ou'onovamente. (eus cabelos castanho'claros soltaram'se dos grampos com !ueos prendera na nuca e roçaram a )ace de Ric1. $pressada, tentou segur<'losatr<s das orelhas.

Beixe assim pediu ele baixinho. (enti tanta )alta deles notravesseiro ao meu lado ou. . . $cariciando'me !uando )az3amos amor conseguiu acrescentar.

Em seguida caiu num sono pro)undo. "eio hesitante e com suavidade,

Carla cobriu'lhe o rosto de bei@os. Bepois se sentou na cadeira ao lado,segurando'lhe a mão atravDs das grades. $ngustiada, rezou por um milagre.#inalmente adormeceu tambDm, mas um sono leve e atormentado por

pesadelos. Be vez em !uando acordava e sua vida com Ric1 des)ilava pelamente angustiada.

;< sete anos Carla tinha terminado o curso de administração de empresasna niversidade de Sashington. -s tios, !ue moravam em Las Vegas, ahaviam convidado para passar duas semanas com eles antes !ue assumisse oemprego !ue conseguira em Los $ngeles. Bepois dos anos em !ue morarana!uele estado chuvoso, a perspectiva de passar !uatorze dias no ensolaradoEstado de evada era muito boa.

$o chegar ao aeroporto, procurou com o olhar a )igura da tia, cu@oscabelos prateados e a altura de um metro e oitenta não poderiam passardespercebidos. "as não a encontrou.

AEstranho, tia "aureen @amais se atrasaA, pensou apreensiva. - melhorera ir esperar a bagagem e, !uando a apanhasse, se a tia ainda não tivesseaparecido, tele)onaria para saber a razão.

Encaminhou'se por entre o enorme grupo de pessoas !ue enchiam o localem direção do terminal de bagagem. (entia'se su)ocar com o calor, emboravestisse um terninho de linho e o aeroporto tivesse ar'condicionado. ;avia sees!uecido de !ue, na!uele clima de deserto, !ual!uer coisa com mangascompridas era insuport<vel. /arou, tentando segurar a bolsa, a )ras!ueira e am<!uina )otogr<)ica e ao mesmo tempo tirar o casa!uinho.

/osso a@ud<'laM o)ereceu uma voz masculina.

T

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Levantou os olhos e deparou com um rapaz alto, de cabelos escuros, !uelhe impedia a passagem. $s )eiçKes bem delineadas eram acentuadas por ummeio sorriso num dos cantos da boca. Carla irritou'se com a autocon)iança!uase arrogante da!uela atitude. - rapaz parecia certo de !ue a o)ertamagnnima seria aceita com presteza e gratidão. "as a %ltima coisa de !ueela precisava era um con!uistador de aeroporto. ão chegava os !ue ela tivera

!ue agOentar na )aculdade durante os anos de estudoMPn)elizmente não conseguia ver os olhos do rapaz, o !ue a a@udaria adeci)rar as intençKes dele. os 6culos escuros espelhados !ue ele usava s6 viure)letida a pr6pria imagem, !ue, ali<s, era de uma moça despenteada, comvis3veis sinais do cansaço da viagem. Prritou'se ainda mais. - !ue ser< !ue!ueria com elaM E por !ue usava 6culos ali dentroM (er< !ue pensava !ue elesos tornavam atraentesM ão importava a razão, o )ato era !ue não estavadisposta a en)rentar esse tipo de Romeu, mesmo sendo charmoso. $inda mais!ue se metia a con!uistar mulheres desacompanhadas num aeroporto.

Bepois de ver novamente sua imagem re)letida nas lentes escuras,chegou > conclusão de !ue a!uele rapaz não podia estar interessado numamoça cu@a apar&ncia deixava tanto a dese@ar. (er< !ue ele não era batedor decarteirasM #osse !ual )osse < razão !ue o motivara, não !ueria e não deviaaceitar a o)erta.

-brigada, mas posso me arran@ar sozinha disse num tom de voz umtanto brusco.

Como !ueira respondeu ele, saindo do caminho e aceitando a recusatão prontamente !ue Carla se surpreendeu.

Bepois !ue conseguiu se livrar do casa!uinho passou pelo rapaz e )oiencostar'se a uma grade > espera da mala. #echou os olhos e pensou nas%ltimas semanas, !ue tinham sido )ant<sticas e agitadas. $lDm dos

preparativos da )ormatura, precisara estudar para os exames )inais e arran@aracomodaçKes para um sem n%mero de parentes e amigos !ue havia convidadopara a ocasião. 2ivera ainda !ue se despedir dos colegas mais chegados numasDrie de )estinhas. Estava exausta. ?uase não dormira na!ueles %ltimos dias.

$briu os olhos e viu !ue o rapaz de )eiçKes bem')eitas < havia seguido eestava ali ao lado, numa pose displicente. Relanceou o olhar por ele e notou!ue era bem mais bonitão do !ue tinha achado antes. -s cabelos davam aimpressão de ter sido, despenteados pelo vento, e depois arrumados com umpassar de dedos. 2inha retirado os 6culos e ela pJde perceber !ue seus olhoseram de um castanho bem escuro, !uase preto. /ossu3a c3lios )artos, pretos elongos. $gora !ue observava o olhar dele, dava'se conta de !ue o havia

 @ulgado mal. $ expressão de sinceridade, mais do !ue evidente, deixava claro!ue ele não tivera segundas intençKes. (implesmente )ora am<vel.

Carla sentiu a curiosidade crescer. (e não se tratava de um con!uistadorbarato nem de um batedor de carteira, o !ue seria entãoM - tom bronzeado dapele demonstrava !ue ele trabalhava no ar livre. otou !ue usava botas deva!ueiro. 2alvez )osse um dos muitos )azendeiros da região. "as a @ulgar pelocorpo magro e pelos m%sculos )ortes dos braços e das costas bem !ue elepodia trabalhar em construção civil. En)im, era di)3cil adivinhar.

Carla continuou > espera da bagagem, dese@ando !ue o rapaz dissessealguma coisa e assim ela pudesse se desculpar pela maneira um tanto rudecom !ue recusara o o)erecimento para a@ud<'la. "as ele não abriu a boca./rocurou alguma coisa para dizer, porDm não lhe ocorreu nada !ue não )ossecomprometedor demais.

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Bepois de algum tempo, ela começou a ter a sensação de !ue estavasendo observada. Beu uma espiada discreta > sua volta e veri)icou !ue v<riaspessoas apontavam em sua direção depois de haverem dito !ual!uer coisa emvoz baixa. -lhou para tr<s, meio constrangida, na esperança de encontrar algo!ue @usti)icasse a!uela comoção. ão descobriu nada e s6 então compreendeu!ue o rapaz era o alvo de tudo a!uilo. -lhou'o novamente. 0em !ue ele era

atraente, mas não a ponto de chamar tanto a atenção. ão agOentando mais acuriosidade, disse: /arece !ue voc& est< despertando o interesse de todos. - !u&M perguntou ele com olhar alheio. (ua presença a!ui est< chamando a atenção geral. $h, DM ão tinha notado. "eu pensamento andava longe. E isso acontece sempreM ?uero dizer, voc& sempre chama a atenção

das pessoasM Carla !uis saber, admirada com a naturalidade com !ue eleencarava o )ato.

/ensando bem, ele podia ser um artista. $lDm dos cassinos, Las Vegascaracterizava'se como a cidade dos shoUs. 2inha !ue descobrir a identidadedesse )ulano para depois contar > tia. ão restava d%vida de !ue eraconhecido do p%blico. "as !uem seriaM

$!uelas não são as suas malasM perguntou ele. Como D !ue voc& sabeM indagou Carla, arregalando os olhos. (ua tia me disse !ue provavelmente voc& as estaria usando, @< !ue era

o presente de )ormatura !ue ela lhe havia dado. "inha tiaMNEle deu uma piscadela com expressão divertida e explicou: /ercebi logo seu mau humor depois da longa viagem e !ue voc& não

!ueria nada comigo. /or isso não !uis me impor e )i!uei !uieto no meu canto

terminou, dando de ombros.Carla encarou'o. $ satis)ação com !ue ele sorria irritou'a pro)undamente.(abia !ue ele estava no controle da situação. Cansada, com calor econstrangida pela )orma indelicada como o tratara antes, sentiu !ue não tinhaa menor disposição para brincadeiras.

?uer dizer !ue em vez de contar logo !uem era deixou !ue euimaginasse !ue )osse um batedor de carteira, ou um artista !ual!uerM perguntou intempestiva.

/uxa vidaN exclamou ele, )ingindo horror. L< na minha terra umo)erecimento de a@uda não compromete a reputação de ninguDm comentou,)azendo'a sentir'se rid3cula.

/ois na minha terra as boas maneiras são mais importantes do !ue adiversão.

/erdãoN disse o rapaz com uma inclinação de cabeça e um sorrisonos l<bios. "as ao ver a )%ria com !ue Carla o encarava, acrescentou: ão)i!ue bravaN Psso D pura perda de energia.

Então apanhou as tr&s malas e saiu caminhando com naturalidade, comose elas estivessem vazias. Carla teve !ue apressar o passo para poderacompanh<'lo.

/odia ao menos ter'me contato, logo no in3cio, !uem voc& era reclamou brava.

E !ue tal se eu lhe disser agoraM /arou de repente, )azendo com !ueela !uase se chocasse com ele. $ssim estabelecemos uma trDgua.

(em esperar a resposta, pJs as malas no chão, tirou a )ras!ueira da mãodela e !ue em seguida a apertou, dizendo:

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Richard $llen #leming, <s suas ordens.Bepois do aperto de mão, segurou'a pelos ombros e, antes !ue ela

percebesse o !ue estava acontecendo, deu'lhe um bei@o vigoroso. $ssim !uea)astou o rosto, sorriu satis)eito, esperando !ue ela tambDm se animasse coma!uela o)erta de paz. Carla soltou'se e declarou:

"inha tia não devia estar em seu @u3zo per)eito !uando o mandou a!ui

para me apanhar./recisou )azer es)orço para manter a voz baixa e não gritar de raiva. $li<s,a cena @< estava chamando a atenção das pessoas em volta.

Richard @ogou a cabeça para tr<s numa gargalhada gostosa. Carlaobservou'o incrDdula. ?ue reação mais inesperadaN "as recusou'se a admitir!ue a!uela risada )osse altamente contagiante.

Estou apenas obedecendo >s ordens de sua tia. Ela me contou comovoc& )oi es)orçada por anos a )io na )aculdade e !ue agora merecia estas)Drias. /ediu'me !ue a@udasse voc& a se divertir por a!ui. Embora eu se@a cincoanos mais velhos, minha idade D mais pr6xima da sua. - restante do pessoalem nosso c3rculo ou D idoso ou novo demais.

ão conheço outro homem com tamanho superego. - bei@o !ue me deuD a ração de duas semanas ou voc& tem outros planos para me divertirM E!uanto > nossa idade acho !ue, em maturidade, eu sou bem mais velha !uevoc&.

$hN exclamou ele, )ingindo'se o)endido e estendendo os braços paraagarr<'la de novo.

ão se atreva a me tocar ou vai se arrependerN"as com a!uele sorriso simp<tico ele a segurou com )irmeza pelos ombros

e declarou: Estou gostando muito de voc&, Carla 2hompson. $li<s, não D novidade,

pois sua tia me a)irmou !ue isso ia acontecer, e ela nunca se engana. $h, não concordo. /elo menos titia cometeu um grande erro ao mand<'lo a!ui para me buscar replicou, irritada, tentando pegar a bagagem, massendo impedida por Ric1.

ada de trDguaM perguntou ele, sorridente. /rometo pensar no caso e dar uma resposta da!ui a um ano

respondeu )uriosa, saindo do aeroporto e )azendo sinal para o t<xi maispr6ximo.

$ mão de Ric1 ainda conservava algum calor, ali, encostada > de Carla. (6depois de alguns instantes, porDm, D !ue ela percebeu !ue a!uela não era amão dele, mas sim a de (teve, !ue com delicadeza tentava acord<'la. - dia

havia amanhecido e ela passara muito tempo na!uela mesma posição,adormecida ao lado de Ric1.

$corde Carla. ão !uer descer comigo atD o re)eit6rio e tomar umpouco de ca)DM ele perguntou baixinho.

-s olhos de (teve não transmitiam mais a!uela distncia e hostilidade deoutrora.

$gora eles eram compreensivos e solid<rios. Carla não sabia identi)icarbem a razão dessa mudança, mas a verdade D !ue se sentia recon)ortada comela.

ão, obrigada, (teve. $cho !ue não conseguiria comer nada. /re)irocontinuar a!ui mesmo, ao lado de Ric1.

Compreendo como se sente. "as voc& precisa pelo menos dar umavolta, para esticar as pernas. ão !uer !ue eu )i!ue com ele en!uanto voc& saium poucoM

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/rometi !ue não sairia da!ui. #oi < %nica coisa !ue Ric1 me pediu e D om3nimo !ue posso )azer por ele. "as, se voc& me trouxesse uma x3cara de ch<,eu aceitaria.

Bando'lhe mais uma palmadinha suave na mão, (teve virou as costas esaiu para pegar o ch<. Então Carla )ixou o olhar em Ric1, !ue continuavainerte, exatamente na mesma posição em !ue adormecera. o entanto, sua

pele havia mudado de tonalidade.$gora parecia mais branca e esmaecida e seu !ueixo )irme )ormava umaprotuberncia !ue sobressa3a na )ace encovada, contrastando com os olhosa)undados.

Carla recusava'se a aceitar a idDia de !ue estava ali > espera da morte domarido. $o mesmo tempo, achava invi<vel alimentar !ual!uer outraesperança. Limitou'se, pois, a observar o movimento irregular do peito dele,acompanhando a respiração )raca, en!uanto sua mente entrava numa espDciede torpor inde)in3vel.

ma en)ermeira entrou no !uarto e andou em volta da cama, veri)icandoos tubos e os instrumentos !ue mantinham a!uele t&nue )io de vida. Carlasabia !ue seria in%til indagar'lhe sobre o estado de sa%de de Ric1, pois aresposta era mais do !ue previs3vel.

"as uma pe!uena chama de esperança iluminou seu desespero e elaarriscou:

Como D !ue ele est<M perguntou com voz sumida.$ en)ermeira respondeu sem )it<'la, demonstrando grande

constrangimento: ão h< !ual!uer sinal de melhora.Carla sentiu a dDbil chama se apagar por completo e, com o coração

gelado, engoliu em seco. /assou o resto do dia ali, como se estivesse em

transe, os dedos entrelaçados nos de Ric1, os olhos )ixos no leve ar)ar de seupeito. (teve entrou e saiu diversas vezes, mas ela mal conseguia entender o!ue ele lhe dizia. Entretanto, captava com atenção as poucas palavras aud3veisda conversa dos mDdicos e en)ermeiras !ue se revezavam.

... Pncr3vel !ue este@a resistindo tanto...... I s6 uma !uestão de tempo. . . E, por )im: Vamos ter !ue operar. Est< com hemorragia interna.(ubitamente o !uarto )ervilhou de atividade, en!uanto mDdicos e

en)ermeiras retiravam >s pressas os tubos !ue estavam ligados ao corpo deRic1 e o removiam dali.

$goniada, Carla tentou acompanh<'lo, para onde !uer !ue o este@a

levando, mas alguDm a segurou, impedindo'a de )az&'lo. Ric1N - grito lhe saiu seco e estridente da garganta, ecoando pelas

paredes brancas do corredor da 2P. Ric1N Ric1N repetiu entre l<grimas,atD a exaustão.

Besespero, pnico, dor, tudo se con)undia em sua mente conturbada e,pela segunda vez em sua vida, sentiu !ue a!ueles rostos !ue a cercavam eramdesconhecidos e !ue ela ia perder a razão. ma paz in)inita apossou'se dela eo presente deixaram de existir, )icando, em seu lugar, apenas as lembrançasdo dia em !ue conhecera Ric1, em Las Vegas.

- t<xi parou > sua )rente e Carla começou a colocar no bagageiro asmalas !ue estavam empilhadas na calçada. - estranho !ue a recebera @< tinhasubido em seu pe!ueno carro esporte vermelho e, passando por ela a todavelocidade, acenou sorridente.

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Richard #leming, com toda a sua arrogncia, era com certeza a pessoamais irritante !ue @amais conhecera e, silenciosamente, ela lhe rogou umapraga.

/ara onde vamos, moçaM perguntou o cho)er do t<xi.Carla deu o endereço da tia e recostou'se no banco pouco con)ort<vel do

carro, procurando es!uecer o incidente de sua chegada. En!uanto isso, o

motorista dedicava'se a tecer intermin<veis coment<rios sobre as atraçKes deLas Vegas, > medida !ue atravessavam as ruas da cidade.A(er< !ue, alDm de motorista, ele tambDm est< ligado a algum dos

cassinos da cidadeMA, pensou Carla, diante do entusiasmo com !ue o homemdescrevia as diversKes locais. Resolveu )azer'lhe a pergunta diretamente.

- homem olhou'a pelo espelho retrovisor, descon)iado, e depois de algunsinstantes explicou !ue sempre ganhava algumas entradas gr<tis para os shoUsda cidade. Vend&'las a turistas não tinha mal algum e lhe proporcionava umbom rendimento extra, apenas isso.

Carla balançou a cabeça, divertida. (er< !ue todo mundo em Las Vegas)azia algum neg6cio paralelo, algum bico desse tipo, para sobreviverM $ cidadelhe parecia meio marginal. E não s6 a cidade, mas todo o Estado de evada,!ue dava a impressão de ser um enorme par!ue de diversKes, uma espDcie deterra de ninguDm, onde o dia e a noite se con)undiam e a maioria das pessoasganhava a vida )azendo coisas !ue seriam ilegais em !ual!uer outro lugar. $vida parecia movida pelo som das roletas, das m<!uinas de @ogo e do rolar dedados sobre o pano verde.

-lhou a paisagem pela @anela do carro, reparando na mudança, desde a%ltima vez em !ue estivera ali, h< !uatro anos. V<rias construçKes novas emuitos edi)3cios recDm'inaugurados haviam modi)icado os lugares !ueconhecia. (6 !uando sa3ram das ruas principais e entraram por uma estrada de

terra, nos arredores da cidade, D !ue o cen<rio )inalmente começou a lheparecer )amiliar. - campo, sim, continuava igual.$o longe, viu um s3tio conhecido. ma Dgua, com seu potrinho, estavam

pr6ximos > estrada, ao lado da cerca de arame )arpado. ?uando o t<xi passoupor ela, Carla virou'se, admirada, para observar os dois belos animais. #oientão !ue percebeu a certa distncia, vindo pela mesma estrada atr<s deles, ope!ueno carro esporte vermelho. - estranho insistira em segui'laN

ão houve tempo para pensar em mais nada, pois a casa branca dapropriedade de seus tios @< estava > vista. - t<xi parou diante do alto portãode )erro e o motorista buzinou, esperando !ue alguDm viesse abrir. Logoapareceu tia "aureen, alta e elegante como sempre, com o rosto tran!Oilo de

!uem vive a)astado do tumulto da cidade grande.Carla desceu do carro e atirou'se nos braços da tia, !ue a abraçou

longamente, como se !uisesse demonstrar toda a )alta !ue havia sentido dela. -h, Carla, como voc& est< lindaN cumprimentou, passando'lhe a mão

pelo rosto. Voc& consegue )icar cada dia, mais bonitaN /uxa tia "aureen, nunca vi ninguDm mentir tão bem !uanto voc&N (e

eu não tivesse visto minha cara no espelho do aeroporto, era atD capaz deacreditar no !ue est< dizendo Carla respondeu, sorrindo.

 2ia "aureen era a pessoa da )am3lia com !uem tinha maior a)inidade. $olado dela sentia'se segura, amparada e > vontade. 2inha sido a %nica parenta aincentiv<'la e a dizer'lhe, desde a mais tenra in)ncia, !ue ela deveria teridDias pr6prias e lutar por ob@etivos maiores. ?uando Carla entrara na)aculdade, tia "aureen propusera'se a a@ud<'la )inanceiramente, pois seus pais

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não !ueriam !ue ela seguisse uma carreira tão Apouco )emininaA !uanto < deadministradora de empresas.

$ conversa das duas )oi interrompida por Ric1 #leming, !ue, depois deretirar as malas do t<xi, veio atD onde elas estavam.

Como DM Vai pagar a corrida para o motorista poder ir embora econtinuar trabalhandoM perguntou em tom cortante para Carla.

?ue direito tinha a!uele estranho de interpel<'la e se intrometer da!uela)orma em sua vidaM Pndignada, Carla virou'se e )oi acertar as contas com omotorista, dando, em seu nervosismo, uma gor@eta muito maior do !ue aesperada. "as as coisas não iam )icar assim. $h, isso nãoN

?uem voc& pensa !ue D, heinM disse para Ric1, perdendo asestribeiras, assim !ue o motorista, surpreso, )oi embora. Com !ue direito)ica me seguindo dessa maneiraM

CarlaN /or )avor. . . interveio tia "aureen. Ric1 tem todo o direitode estar a!ui. I nosso h6spede, !uerida, mora nesta casa.

Carla sentiu um )rio na espinha. /ela segunda vez, no espaço de poucosminutos, comportava'se de maneira rid3cula diante da!uele estranho. Comuma calma irritante, ele tinha sido capaz de trans)ormar sua natureza pac3)icaem reaçKes explosivas.

$gora estava ali, > sua )rente, com as mãos en)iadas nos bolsos e umsorriso zombeteiro nos l<bios. Com voz absolutamente controlada, elecomentou:

Bepois !ue acertarmos nossos ponteiros, tenho certeza de !ue nosdaremos bem. "ais do !ue isso: estou seguro de !ue vamos n6s divertirmosmuito @untos...

Besviou o olhar para tia "aureen, !ue permanecia muda, segurando aporta de entrada, e completou:

/or )avor, não )i!ue zangada com Carla. $cho !ue )ui meio desastradocom ela. (abe como D >s vezes meto os pDs pelas mãos disse sorrindo. "as prometo !ue vou compensar minha )alha. *< reservei ingressos para oshoU desta noite no CaesarFs /alace, e acho !ue n6s dois vamos nos divertirbastante )inalizou, piscando para Carla. /alavra de honra !ue vou mecomportar direitinhoN

ão tenho a intenção de ir a lugar nenhum esta noite, (r. #leming.Estou exausta.

?ue bobagem, Carla interrompeu tia "aureen. Voc& precisaaproveitar bem estes dias de )olga, antes de começar no novo emprego. Ric1ser< uma 6tima companhia, voc& vai ver.

ão havia outra sa3da. 2ia "aureen !ueria !ue Ric1 a levasse para passeare, !uando ela decidia alguma coisa, nada nesse mundo a )azia mudar de idDia.Carla estava cansada de saber disso.

;<. . . Est< bem limitou'se a responder, depois de vacilar um pouco,e entrou em casa.

$ tia acompanhou'a atD o !uarto !ue lhe )ora reservado. Era muito claro,acolhedor e bem decorado, e tinha uma bela vista para o @ardim. $lDm disso,uma porta de vidro abria'se para o p<tio externo, com piscina, permitindo,assim, !ue tivesse uma entrada privativa.

En!uanto a a@udava a desarrumar as malas, tia "aureen ia des)iandonot3cias sobre os parentes. Carla ouvia com interesse e, por )im, aproveitou aoportunidade para saber mais sobre Ric1.

Biga'me uma coisa, tia "aureen, como voc& )icou conhecendo esse talRic1 #lemingM /areceu'me um su@eito bastante estranho.

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$o contr<rio. I um dos rapazes mais simp<ticos !ue conheço. ão sei o!ue houve entre voc&s dois. Eu tinha certeza de !ue iam se, dar >s milmaravilhas.

/ois não )oi bem isso o !ue aconteceu. Conhece'o h< muito tempoM ;< mais de !uatro anos. essa Dpoca ele apareceu no escrit6rio de

advocacia de seu tio Roger, !ue )icou tão bem impressionado com o @eito dele

a ponto de um dia convid<'lo para vir @antar conosco. Besde então deixou deser apenas um cliente da )irma e virou amigo da )am3lia. Ric1 tem um barco nolago "ead, onde costuma passar longas temporadas. "as o mais comum D !uese hospede na nossa casa, sempre !ue se encontra em Las Vegas. 2ia"aureen )ez uma pausa e então mudou de assunto: Espero !ue "ichael e/aul apareçam logo.

Carla sorriu ao ouvir o nome dos primos, com os !uais se dava muito bem. E eles, como D !ue vãoM perguntou, entusiasmada. 0em, muito bem. Estão estudando na universidade, um pouco longe

da!ui, mas devem chegar atD o )im da semana. (abe !uerida, nunca pensei!ue sentiria tanto a )alta da!ueles pirralhos barulhentos, !uando )ossem para a)aculdade. "as, sem eles, a casa )icou muito triste. Vai ser uma maravilhareunir todos a!ui novamente. Eles adoram Ric1, !ue os trata como se )ossemseus irmãos mais novos.

/elo visto, s6 Carla não simpatizara com Ric1. Pa ser di)3cil obter o apoio datia ou dos primos caso pretendesse tomar alguma atitude contra ele. E isso lheparecia inevit<vel se o clima !ue havia entre ambos persistisse.

/uxaN -lhe s6N exclamou tia "aureen ao ver o min%sculo bi!u3ni !uea sobrinha tirava da mala, @unto com suas %ltimas roupas. Esse seu corpolindo, en)iado nesse pedacinho de pano, deve enlou!uecer os homens, não Dminha )ilhaM

$inda não sei tia. unca o usei respondeu rindo. /ois trate de vesti'lo @< e de tomar um bom banho de piscina para sere)rescar. En!uanto isso, eu vou terminar de preparar o almoço, est< bemM

$ s6s no !uarto, Carla )icou segurando a min%scula peça de tecido branconas mãos.

$ sensação de aventura !ue tivera ao comprar a!uele bi!u3ni haviadesaparecido.

$gora sabia !ue @amais seria capaz de us<'lo em p%blico. /or isso colocou'o no arm<rio e vestiu o costumeiro maio inteiriço, com o !ual estavahabituada.

$ <gua da piscina, )ria e re)rescante, contrastava com o calor insuport<vel

da!uele dia. Carla deu algumas braçadas preguiçosas, deliciando'se com asensação. Bepois se deitou sobre um colchão de ar, !ue )lutuava a um canto, e)echou os olhos.

Cuidado com o sol do deserto. Ws vezes ele D meio traiçoeiro disseuma voz grave, a seu lado, instante depois.

Ric1 a observava, de pD, na borda da piscina. /or mais !ue suapersonalidade a desagradasse, Carla não podia negar !ue, )isicamente, ele eraum homem muito atraente.

(eu corpo, bronzeado e bem proporcionado, exibia m%sculos !uepareciam ter sido cinzelados por um escultor. Retesando'os, num movimentocheio de elegncia, Ric1 mergulhou na <gua e nadou atD o colchão de ar.

/rocurando parecer indi)erente, Carla virou'se de lado. 2alvez assim eledesistisse de esticar a conversa. (6 !ue ignorava !ue Ric1, alDm de tudo, eramuito insistente.

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"aureen me disse !ue voc& conseguiu um emprego muito bom comentou interessado.

/ois D. . . ão teve di)iculdadesM -uvi dizer !ue a maioria das )irmas di)icilmente

aceita mulheres para cargos de che)ia. ão )oi esse o meu caso. "as por !ue tantas perguntasM /or acaso voc&

D pes!uisador, agente de empregos ou coisa parecidaMRic1 soltou uma risada bem'humorada. ada disso. "eu trabalho D bem menos sensato. (ou piloto de corridas

de autom6vel.Carla surpreendeu'se. I mesmoM Em !ue tipo de carro voc& correM Este ano estou treinando para a #6rmula 7. o ano passado tentei

correr com stoc1'cars, mas não deu certo. Voc& entende do assuntoM ?uase nada. /ara ser )ranca, s6 vi corrida no cinema, na!uele )ilme

chamado rand /rix. $cho !ue não sou tão bom !uanto os campeKes da!uele )ilmeN $inda

)alta um bocado para eu chegar l<.Carla não respondeu de imediato. 2entava conter'se para não dizer a

provocação !ue lhe vinha > boca. "as, )inalmente, não resistiu e comentoucom ar irJnico:

?uanta modDstiaN "odDstia atD demais para um su@eito !ue acreditapoder con!uistar !ual!uer mulher com um %nico bei@o.

Ric1 espirrou <gua com a mão, revidando a provocação. ão entendo o !ue )alhou. *< usei essa t<tica centena de vezes e

sempre deu certo. Voc& D a primeira mulher !ue conseguiu resistir ele )alounum tom !ue não dava para de)inir se era de brincadeira ou a sDrio. "as a

mudança atD !ue )oi boa. Eu @< estava cansado de s6 ter em volta a!uelas )ãs!ue acham !ue a vida de um corredor D )eita apenas de luxo e brilho. Luxo e brilho eu não digo, mas !ue deve ser um passatempo bem

carinho, ah, isso deve ser mesmo Carla continuou provocando'o tambDmnum tom d%bio de brincadeira.

I um pouco mais !ue um simples passatempo Ric1 respondeu sDrio. ão sei se voc& sabe, mas a gente ganha para )azer isso.

Besculpe. $cho !ue não entendo mesmo nada do assunto.Ric1 a )itou por longos instantes sem dizer mais nada. Bepois seus l<bios

se abriram num sorriso e ele comentou: (abe, Carla, voc& D incr3vel. $o contr<rio de todas as outras, parece não

dar nenhuma importncia ao )ato de eu ser corredor. $cho isso 6timo. Continue)ingindo !ue não liga a m3nima para mim e tenho certeza de !ue vamos nosdar muito bem.

Certo. Combinado, senhor. Carla sorriu e mergulhou na <gualentamente.

/ouco tempo depois, "aureen apareceu para avisar !ue o almoço estavapronto.

Carla comeu com avidez os !uitutes !ue a tia havia preparado e dos !uaissentira tanta saudade. Bepois da re)eição )oi descansar no !uarto. $ viageme)etivamente a deixara, exausta e !ueria estar bem'disposta para ocompromisso da!uela noite.

(urpresa percebeu !ue, apesar de tudo, aguardava com certa ansiedadea!uele passeio com Ric1. Burante muito tempo tinha evitado encontros com

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rapazes e pa!ueras inconse!Oentes. $chava !ue atrapalhavam seus estudos epodiam perturbar sua carreira.

"as agora !ue estava de )Drias decidira @ogar para o alto tanto seriedadee divertir'se o !uanto pudesse. E, nessas circunstncias, atD !ue Ric1 poderiaser um parceiro razo<vel.

Voc& est< lindaN exclamou ele, mais tarde, !uando veio atD seu

!uarto busc<'la para sair.Be )ato, Carla havia escolhido com muito cuidado tanto o vestido, osadereços e a ma!uilagem, !uanto o penteado !ue lhe )icava melhor. #azia umbom tempo !ue tambDm não se en)eitava mais e precisava mudar esse h<bitose !uisesse levar adiante seu pro@eto de )Drias. "as por !ue ser< !ue estavatão entusiasmada com a!uele encontro com Ric1M

- shoU, no CaesarFs /alace, era uma revista musical muito bem montada.Em meio a todas a!uelas luzes e cores, Carla sentia'se como se estivesse em;oll4Uood. Ric1, exultante < seu lado, parecia parte integrante da!uele cen<riode deslumbramento.

Realmente, ele era um homem muito bonito.?uando o espet<culo terminou, Ric1 resolveu lev<'la para conhecer os

principais clubes noturnos e os cassinos da cidade. Carla achou novidade emtudo, pois era a primeira vez !ue vinha a Las Vegas depois de atingir amaioridade, o !ue lhe permitia acesso a esses lugares. 2ambDm )icou curiosaao notar como ela e Ric1 chamava a atenção em todos os locais ondeentravam. $lDm de bonito, ele devia ser mesmo bastante conhecido. (e, aprinc3pio, Carla divertiu'se com a situação, ap6s algum tempo sentiu'seirritada.

Beve ser terr3vel conviver com esse tipo de reação por parte das outraspessoas, nãoM comentou no autom6vel, !uando @< voltavam para casa.

m pouco de popularidade atD !ue D divertido. "as logo a gente secansa, e a coisa se torna irritante, pre@udicando a vida particular. Psso medesagrada muito.

$ voz dele demonstrava sincera contrariedade, mas o bom humor !ueparecia caracteriz<'lo como sempre acabou prevalecendo.

/ercebeu como todo mundo nos olhavaM perguntou sorrindo. Eolhe !ue não est<vamos )azendo nada de maisN *< imaginou o !ue teriaacontecido se eu a tivesse tomado nos braços e dado a!uele bei@o !ue estoulouco para lhe dar desde ho@e de manhãM ;avia um brilho de mal3cia em seuolhar.

Carla )icou sem @eito, mas logo reagiu.

Pmaginei, simN Eu teria lhe dado um tapa no rostoN /or !u&M ão !uer !ue eu a bei@e ou apenas !ue não o )aça em p%blicoM -ra... resmungou ela sem graça, en!uanto Ric1 soltava uma

risadinha vitoriosa./or sorte estavam chegando, em casa e a!uela conversa logo se encerrou.

$s luzes da varanda continuavam acesas, mas de resto tudo indicava !ue nãohavia mais ninguDm acordado.

Voc& tem chave para entrarM Carla !uis saber. Eu não. ão v< me dizer !ue voc& tambDm não trouxeM ão... -h, Beus, não !ueria acordar todo mundo h< esta hora

lamentou'se, preocupada. (er< !ue a porta de vidro do seu, !uatro não )icou abertaM sugeriu

Ric1.

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I mesmoN (abe !ue nem me lembrei de )echarM disse ela, batendocom a palma da mão na testa.

Xtimo. Então vamos atD l<. Em sil&ncio deram a volta pelo @ardim e,para al3vio de ambos, encontraram a porta destrancada. $ luz do luar iluminavaparcamente o !uarto, no momento em !ue entraram. a penumbra, Ric1chegou bem pertinho de Carla e segurou'lhe a mão. ma sensação estranha e

perturbadora percorreu o corpo dela. 0em... 0oa noite, Ric1... -brigada pelo passeio dis)arçou, abrindo aporta !ue dava para o corredor interno, sugerindo !ue ele sa3sse.

otando seu constrangimento, Ric1 sorriu. Com lentidão estudada voltou aencostar a porta e então começou a acariciar'lhe os cabelos.

Voc& não respondeu direito >!uela pergunta !ue lhe )iz no carro disse baixinho, envolvendo'a em seus braços )ortes.

a verdade, a resposta era desnecess<ria. Era evidente !ue Carla sentia'se tambDm muito atra3da por ele. E Ric1 havia percebido isso desde cedo. (uasmãos <geis percorreram o corpo dela, apertando'a contra si. m suavemurm%rio de contagiante satis)ação escapou dos l<bios dele. $ tensão !uetinha existido entre os dois, durante todo o dia, agora se des)azia como umaonda violenta do mar !ue, )inalmente, encontra a praia.

?uando suas mãos se detiveram nos seios )irmes e per)eitos de Carla,acariciando'os tentadoramente, ela sentiu o sangue correr mais !uente nasveias e uma sensação eletrizante de prazer.

-h, Ric1... Ric1. . . murmurou, )echando os olhos.-s l<bios dele se aproximaram da boca entreaberta de Carla, %midos,

!uentes, a)oitos. $ l3ngua penetrou em sua boca, explorando todos oscontornos, en!uanto as mãos continuavam a enlou!uecedora viagem atravDsde seu corpo. Carla agarrou'se a ele, retribuindo com a mesma intensidade as

car3cias e ansiando por mais. Era a primeira vez !ue ela reagia assim. $tDentão sempre se havia considerado senhora de suas emoçKes.$gora, no entanto, sentia !ue o controle lhe escapava totalmente das

mãos. Entregue, gemeu baixinho.#oi então !ue, lentamente e com muita relutncia, Ric1 a)astou seus

l<bios dos dela e segurou'lhe a cabeça, )azendo'a apoiar em seu peito. -lhou'aintensamente, e seu olhar re)letia a con)usão de sentimentos !ue, com certadi)iculdade, conseguiu colocar em palavras.

I muito cedo... disse baixinho, com os l<bios roçando os cabelosdela. I cedo demais. Psto não devia estar acontecendo. ão tão r<pido.

Era como se o som do gemido, !ue revelava o intenso dese@o !ue a

dominara, tivesse sido uma advert&ncia para !ue ele não continuasse.Carla levou algum tempo para perceber o som suave e distante de uma

campainha.Vozes aba)adas se )izeram ouvir em seguida, mas depois o sil&ncio voltou

a reinar.$briu os olhos e percorreu'os > sua volta, demorando !uase um minuto

para descobrir !ue se encontrava numa sala perdida na imensidão do hospital.Virou'se e cobriu os olhos com as mãos. Estava de novo na realidade da

vida.Levantou'se, mas teve !ue se sentar outra vez, completamente

atordoada. ma vontade se impunha atravDs da nebulosidade da tontura !ue aacometera. /recisava encontrar Ric1 e explicar'lhe por !ue não tinha )icado aolado dele como prometera. Com uma teimosia irracional achava !ue era s6cumprir a promessa )eita e ele não morreria.

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 2entou mais uma vez e conseguiu )icar em pD. Cambaleou pela sala ealcançou a porta, !ue dava para um corredor imenso e vazio !ue ia para osdois lados, @untando'se a outros. $ parte in)erior das paredes era pintada demarrom, e da3 para cima, inclusive o teto, era de um bege p<lido e triste. "eioabobalhada Carla pensava como podiam ter )eito a linha divis6ria entre as duascores com tamanha precisão e sem a menor irregularidade.

-lhou para os dois lados do corredor. Eram id&nticos. ão sabia !uedireção tomar.En!uanto estava ali parada, (teve apareceu e ela respirou aliviada e

alegre pelo simples prazer de v&'lo.Ele veio ao seu encontro e a segurou com )irmeza, acalmando'a. m tanto

desa@eitado, a)agou'lhe os cabelos com as mãos enormes. -nde est< Ric1, (teveM ?uero !ue me leve atD ele. /or )avor

implorou. #i!ue calma, Carla. $ cirurgia ainda não acabou. ;< !uanto tempo... mas duas horas interrompeu'o. $cabei de veri)icar. Vim agora >

sua procura para acord<'la e ver se conseguia )az&'la comer alguma coisa. $h, (teve, não tenho )ome alguma. (er< poss3vel !ue eu tenha !ue )orç<'la a se alimentar como se )osse

uma criançaM ão tem sentido )icar a3, )raca, passando mal, @usto !uando maispreciso de voc&. /ense em Ric1. Ele vai )icar preocupado se a vir desse @eito!uando voltar da operação.

$ braveza tão pouco comum do amigo e a maneira obstinada com !ue seexpressou !uase a )izeram sorrir.

Est< bem, (teve. /rometo )azer um es)orço para comer, mas não !ueroir ao re)eit6rio. -lhe, vamos )azer uma troca. Leve'me atD a sala de cirurgia.

#icarei esperando do lado de )ora en!uanto voc& vai buscar a comida. *uro !uecomerei tudo o !ue voc& me trouxer.Ele se a)astou um pouco e a observou dos pDs > cabeça. -s olhos dele se

enchiam de l<grimas. 2entou )alar, mas havia um n6 em sua garganta. 2ornoua pux<'la para perto de si e, )azendo um grande es)orço, conseguiu sedominar.

(into muito, minha !uerida murmurou com voz rouca. Voc& est<abalada demais. Estou arrependido de t&'la trazido de Sashington. "as comRic1 a toda hora pedindo para v&'la o !ue D !ue eu podia )azerM Espero !uecompreenda.

Carla )itou'o com carinho. (teve estava sendo um grande apoio e sua

solidariedade era comovente. $doro voc&, (teve "cBonald disse suavemente, dando'lhe um bei@o

na )ace. #ez muito bem em me chamar. (ei !ue se preocupa com Ric1 tanto!uanto eu.

I verdade. . . Ele D muito importante para mimN/assou o braço pelos ombros dela e caminhou a seu lado pelo longo

corredor, descendo atD o segundo andar. Chegaram a uma sala com portas devaivDm, onde uma grande placa avisava: AEntrada /roibidaA. Era a sala decirurgia. Carla sentou'se numa cadeira, ao lado dessa porta, en!uanto (teve iabuscar alguma coisa para ela comer.

;omens e mulheres vestindo o uni)orme verde do hospital entravam esa3am da sala, indi)erentes > sua presença. $ tensão dominava o ambiente.Carla encostou a cabeça na parede, )echou os olhos e procurou desviar os

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pensamentos. Lembrar do passado, de tempos mais )elizes, talvez aacalmasse.

Então lhe veio > mente a recordação do seu segundo dia em Las Vegas,na!uelas )Drias ines!uec3veis. Beitada entre os lenç6is macios deliciava'se como prazer de ter acordado sozinha, sem a inter)er&ncia do barulhentodespertador, como acontecia normalmente. AI tão bom estar livre de hor<rios

por alguns diasA, pensou, esticando'se preguiçosamente. 2ia "aureen, como sempre, estava com a razão. $ companhia de Ric1 eramesmo 6tima. Com um sorriso, Carla lembrou'se das incr3veis sensaçKes !ueexperimentara na noite anterior nos braços dele. Entregara'se a elas com totaldesinibição, numa atitude !ue não lhe era comum. E, se Ric1 não tivesseparado a tempo, provavelmente ela teria seguido atD o )im. Corou, ao pensarnisso, mas não sentiu nenhuma vergonha do !ue havia )eito. (6 estavaperplexa diante de suas pr6prias reaçKes.

$lguDm bateu de leve > porta. /ode entrar respondeu ainda deitada. Com licença...$brindo um pouco a porta, Ric1 colocou a cabeça para dentro, um tanto

receoso.Carla segurou a camisola, )echando'a contra o peito. - tecido

transparente não escondia por completo suas )ormas e Ric1 as avaliou com umolhar sugestivo.

0em. . . /reciso ir > cidade e !ueria saber se voc& não gostaria de meacompanhar. Vou dar uma entrevista e )icarei ocupado por uma meia hora.Bepois estarei livre e poderemos )azer algum programa. - !ue achaM

ma 6tima idDia. $ !ue horas pretende sairMEle olhou para o rel6gio e pensou um pouco.

Ba!ui a uns !uarenta e cinco minutos, est< bemM Combinado. Vou me vestir. #ico pronta num instante. ;umm. . . /osso )icar olhandoM caçoou Ric1. /oder, pode, mas a3 descon)io !ue me v< demorar mais do !ue um

instante Carla respondeu em tom de brincadeira, notando, contudo, !ue aexpressão no rosto dele não era tão zombeteira assim.

$h, tudo bem. Então atD da!ui a pouco.Vendo'o sair do !uarto, ela segurou a respiração. $ sugestão dele, apesar

do tom divertido, insinuava muita coisa. Levantou'se da cama e )oi direto aoguarda'roupa escolher um vestido novo. ?ueria estar bem bonita paracorresponder > sensualidade envolvente de Ric1. 2omou um chuveiro e

arrumou'se com capricho. - vestido decotado, amarelo clarinho, lhe ca3a muitobem. Beu um passo para tr<s e se examinou no espelho.

A;umm, nada mal... ada mau mesmoA, pensou, satis)eita. Então saiupela casa, > procura de Ric1.

Encontrou'o na cozinha, ao lado de tia "aureen, bebericando ca)Den!uanto lia o @ornal. Estava vestido de maneira muito mais in)ormal do !ueela, com uma bermuda branca, camisa vermelha aberta ao peito e calçandot&nis sem meias.

"eu BeusN Como voc& est< lindaN exclamou !uando a viu entrar, nãoescondendo sua admiração.

 2ia "aureen não disse nada. $penas sorriu de leve, por tr<s da x3cara deca)D, como !uem sugere: Aão )alei !ue ele era 6timoMA

-brigada, Ric1. "as acho !ue não me vesti de acordo com a ocasião.Vou pJr uma coisa mais leve.

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ada dissoN Eu D !ue vou me trocar e vestir algo !ue combine com asua elegncia. (e )or necess<rio, atD terno e gravata. (6 um instantinho.

Carla não conseguiu esconder uma ponta de satis)ação. ?ue um homemse dispusesse a agOentar terno e gravata, na!uele calor, s6 para agrad<'la, eramuita atenção.

E ela não estava acostumada a receber gentilezas desse tipo. "as o bom

senso prevaleceu, e Carla )oi trocar seu vestido por um short e uma blusinhasem mangas, !ue lhe davam um ar descontra3do e mais @uvenil. $o entrar nocarro de Ric1, ele lhe disse sorridente:

Voc& D sempre linda, Carla, com !ual!uer roupa.- autom6vel deslizou veloz pela estrada, atravessando campos e <reas

plantadas./assaram novamente pela Dgua e pelo potrinho, !ue continuavam

pastando pr6ximos > cerca da )azenda. Carla sorriu em sil&ncio, admirando osanimais. Vendo a expressão em seu rosto, Ric1 perguntou:

o !ue voc& est< pensandoM /arece tão distra3da. ada de muito importante. . . ela dis)arçou, estendendo a mão para

regular o botão do ar'condicionado.?ue maravilha andar num carro como a!uele, depois de ter passado tanto

tempo dirigindo seu velho )us!uinha, caindo aos pedaçosN AEssas comodidadespodem )acilmente se tornar um v3cioA, ela pensou observando os detalhes doelaborado painel do ve3culo.

"as Ric1 não estava pensando nisso. Ele !ueria saber o !ue se passava nacabeça dela.

"esmo !ue não se@a importante, não !uer explicar a razão dessesorriso misteriosoM

Carla deu uma risada.

ão sei se deveria contar'lhe. . . vacilou. "as D !ue estava melembrando de ontem, !uando passei por este mesmo lugar e vi seu carro,vindo atr<s do t<xi. #i!uei possessa com voc&. "as ve@a s6, agora, menos devinte e !uatro horas depois, a!ui estou < seu lado, contente, indo passear. ãoD curiosoM

(ão essas mudanças !ue )azem a vida interessante.Estavam entrando em Las Vegas, e, > distncia, @< se via a rua principal,

onde os cassinos e as casas noturnas se alinhavam um ao lado do outro. $sluzes dos cartazes ainda estavam acesas, competindo com o brilho )orte do solda!uela região de deserto.

$!uela rua, !ue > noite era alegre e )estiva, durante o dia tornava'se

deprimente.Carla desviou os olhos e )ixou'os em Ric1. ?ue entrevista D essa !ue voc& vai darM perguntou, com curiosidade.

(er< !ue desistiu de ser piloto e pretende arran@ar um empregoMEle não respondeu de imediato. $penas sorriu, deixando vis3veis os dentes

per)eitos e muito alvos, em contraste com a pele bronzeada. Bepois disse,divertido:

$h, pelo visto a mocinha tambDm gosta de descobrir coisas sobre a vidaalheia, não DM Voc& D uma mulher )ora de sDrie, Carla 2hompson. Estou com an3tida impressão de !ue, se eu não tomar muito cuidado, voc& acabar< )azendode mim o !ue bem entender.

/ois eu tenho a n3tida impressão de !ue voc& não deixa ninguDmchegar pertoY muito menos domin<'loN

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7/27/2019 Georgia Bockoven - O grande prêmio do amor (Super Julia 22)

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/uxaN *< me disseram !ue eu era um su@eito di)3cil e distante, masnunca com tanta classeN Ele riu. "as essa D s6 a minha imagem externa.a verdade sou o homem mais sentimental e d6cil do mundo.

(egurou a mão de Carla e apoiou o dorso da sua sobre a perna dela,tocando'a com tanta naturalidade como se estivesse h< anos acostumado a)az&'lo. $ espontaneidade do gesto e o to!ue !uente de sua mão causavam'lhe

um imenso prazer.Bias depois, !uando se despedia do tio ao portão, ela se lembrou da!uelacena.

 2inha sido a %ltima vez em !ue Ric1 a tocara de )orma tão natural. $p6s avolta de Las Vegas e durante o resto da semana ele havia evitado !ual!uercontato mais 3ntimo, e )izera o poss3vel para !ue não )icassem a s6s por tempomais prolongado.

- !ue teria provocado a!uela s%bita mudança de atitudeM Carla passarav<rios dias pensando nisso, atD !ue )inalmente resolvera perguntar > tia se elanão havia notado !ue Ric1 andava di)erente. 2ia "aureen dera de ombros,a)irmando !ue não tinha percebido nada e sugerindo !ue Carla D !ue estavaimaginando coisas.

- carro do tio saiu e, depois de )echar o portão, Carla retornou < casa. 2udo estava em sil&ncio, pois era o dia de )olga dos empregados, e Ric1 e"aureen tinham sa3do desde cedo. Carla optara por )icar sozinha, descansandoe tomando sol na piscina.

Bentro da casa, andou de um lado para outro, recolhendo as coisas de !ueprecisava: uma @arra de <gua gelada, bronzeador, toalha. Como não havia maisninguDm, decidiu estrear o bi!u3ni novo e muito reduzido. ?uando saiu para op<tio em direção > espreguiçadeira branca !ue )icava ao lado da piscina, osil&ncio era total. Ela estava s6, com seus pensamentos, !ue contrastavam

)ortemente com a serenidade do ambiente.Como um )uracão, eles giravam em sua cabeça e se centravam na )igurade Ric1 #leming. /arecia !ue, nos %ltimos dias, s6 havia achado tempo parapensar nele.

Carla tinha passado seus anos de colegial e de )aculdade plane@andocuidadosamente sua vida. E nesses planos s6 havia lugar para o amor caso eleviesse de uma pessoa ligada a seu mundo, com os mesmos interesses,pro)issão semelhante e o mesmo tipo de vida. (6 assim achava !ue o amor nãopre@udicaria sua carreira, tão brilhantemente encaminhada.

"as Ric1 não correspondia a essa imagem de homem ideal. Em vez disso,era um sonhador !ue não se prendia a nada, !ue vivia uma vida de cigano,

sem criar ra3zes em lugar nenhum. 0em ao contr<rio dela, cu@as ra3zes estavam)irmes e muito bem plantadas na realidade do dia'a'dia. Então por !ue estavase apaixonando por Ric1 #leming se ele era a pessoa errada e aparecia nomomento mais impr6prio de sua vidaM

/or mais voltas !ue desse > cabeça, Carla não encontrava a razão. (6sabia !ue não conseguia deixar de pensar nele e não entendia por !ue eleresolvera ignor<'la de um momento para outro.

Virou'se na espreguiçadeira, para tomar sol do outro lado. Estava nessaposição, olhando o portão de entrada da propriedade, !uando de repente viu'oabrir'se e Ric1 entrar, belo e insinuante, vestindo calça ca!ui e uma camisacreme apertada, !ue ressaltava o peito musculoso e o bronzeado da pele. Eleveio caminhando lentamente em sua direção.

Como vaiM perguntou em tom casual, puxando uma espreguiçadeirae sentando'se ao lado de Carla. "inha reunião terminou mais cedo e resolvi

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passar por a!ui para saber se voc& !uer ir comigo atD lago "ead, para dar umaolhada no barco.

Encabulada por estar ali deitada com a!uele min%sculo bi!u3ni, Carlasentiu as )aces corarem e não soube o !ue responder. /or outro lado, Ric1 lhe)alava com naturalidade, como se não percebesse o enorme dilema !ue a!uelerelacionamento signi)icava para ela.

(er< !ue não se dava conta de tudo o !ue estava acontecendo entre elesM - !ue h< CarlaM insistiu ele, diante do seu sil&ncio. ada. . . /or !u&M Voc& parece meio es!uisita Ric1 comentou, pegando o vidro de

bronzeador e começando a passar o l3!uido pelos braços e depois pelas costasdela. $)inal, !uer ou não ir comigo ver o barcoM

(eus dedos longos, umedecidos pela loção bronzeadora, traziam em cadato!ue uma onda de prazer !ue se espalhava por todo o corpo de Carla.Lentamente eles percorreram suas costas, parando, insinuantes, @unto > partein)erior do bi!u3ni. Bepois desceram pelas coxas, pela parte de tr<s das pernasatD o tornozelo. ma sensação eletrizante e nova a invadia.

Eu. . . (im, eu. . . ostaria de ir, s6 !ue preciso antes vestir uma roupa por )im ela conseguiu dizer, vacilante.

ão tenho pressa. Eu espero. "as voc& est< mesmo muito estranha. -!ue )oiM $conteceu alguma coisaM

(er< !ue ele não percebia !ue o coração de Carla estava batendodescompassado, !ue o )ato de ser tocada com tanta intimidade a deixavapraticamente louca, !ue ela nunca havia sentido nada parecido com nenhumoutro homemM Ric1 não se dava conta de !ue ela nunca tivera uma experi&nciadesse tipo antesM

ão, nada disse ela, procurando controlar'se.

"as, na!uele momento, sentiu !ue havia chegado ao seu limite./recisava colocar as coisas >s claras, de uma vez por todas. Becidida,sentou'se de repente.

?uer saber de uma coisaM ;< algo errado, sim, D claro !ue h<N ãoentendo, absolutamente, o !ue est< havendo entre n6s. /or !ue voc& tem semostrado tão )rio nestes %ltimos diasM Be repente começou a me tratar comose eu )osse uma prima distante !ue voc& tem obrigação de levar a passeio, oucoisa parecida. - !ue J )ez mudar assimM

Ric1 passou a mão pelos olhos, como se estivesse procurando as palavrascertas para responder. Bepois alisou os cabelos dela e olhou'a )ixamente nosolhos.

/ensei !ue tudo estivesse claro, mas posso explicar melhor. Voc& Dsu)icientemente adulta para ter percebido o !uanto me deixou abalado. Cadavez !ue estamos @untos, s6 dese@o )azer amor com voc&. ma bela posição aminha, nãoM $gradecer a hospitalidade e o respeito com !ue seus tios mebrindam, levando a sobrinha deles para a cama, logo na primeira semana. (er<!ue voc& não percebeM

"as Ric1. . . Estou cansado de lutar contra o !ue sinto Carla. #i!ue longe de mim,

não me provo!ue mais. (ou eu !ue o provocoM ?uem )oi !ue )icou passando bronzeador no

meu corpoM /ensa !ue sou de )erroM -h, Carla, !ue grande trapalhada. . .Con)uso, Ric1 aproximou'se dela e a tomou nos braços. Carla sentiu o

contato da!uele corpo ri@o contra sua pele nua e não resistiu. (eus l<bios se

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entreabriram e )oram colar'se aos dele. (egurando'lhe o rosto entre as mãosbei@ou'o com intensidade, deixando'se vencer pelo impulso de explorar com al3ngua a!uela boca bonita, carnuda e sensual.

Ele correspondeu com a mesma ansiedade, apertando'a cada vez mais,acariciando e apalpando com mãos experientes sua pele macia e !ueimadapelo sol. Carla desabotoou'lhe a camisa, arrancando'a, para poder sentir o

peito musculoso roçando em seus seios palpitantes e dese@osos da!uele to!uerepleto de sensaçKes. "as havia a pe!uena tira do sutiã como empecilho. umgesto r<pido, Ric1 alcançou o )echo, soltou'o e, por um instante, contemploucom os olhos maravilhados os mamilos rosados !ue )remiam de dese@o. Emseguida bei@ou'os alternadamente, mordiscando um e outro !uase comviol&ncia, provocando'lhe gemidos de prazer. - mundo pareceu rodopiar >volta deles.

ão havia mais nada !ue pudesse )re<'los. Bevagar, Ric1 )ez com !ue elase deitasse novamente sobre a espreguiçadeira, cobrindo'a com seu corpo.

-h, Carla. . . Carla. . . Voc& me enlou!uece murmurou, com o rostoentre os cabelos dela.

/ensamentos con)usos cruzaram a mente de Carla. /or um lado, estavaansiosa para !ue ele a possu3sseY mas, ao mesmo tempo, sentia !ue não podiaentregar'se sem antes lhe dizer !ue a!uela seria a sua primeira vez. ãoatinava o por!u& da necessidade dessa con)issão. (6 sentia !ue talvez )osseimportante.

Ric1, por )avor. . . Eu !uero lhe dizer uma coisa. Eu. . . Eu sou virgem gague@ou como se pedisse desculpas por sua inexperi&ncia.

(entiu'se uma hip6crita completa. Como podia dese@ar de )ormaenlou!uecedora ser inteiramente dele e conseguir )alar de modo tão moralistaMEle devia estar achando tudo, a!uilo hilariante. -u ser< !ue não tinha ouvidoM

Voc& compreendeu Ric1M Eu disse !ue sou. . . Virgem. /or !u&M /or !u&MN ela devolveu a pergunta, espantada.Esperava !ual!uer outro tipo de reação. . . ?ue ele dissesse !ue a!uilo

não tinha importncia alguma, !ue )icasse bravo por não ter sido avisadoantes, en)im !ual!uer coisa. "as nunca !ue ele perguntasse, assim sem maisnem menos, Apor !u&MA

(im, por !u&M Ric1 insistiu. -ra. . . 2alvez por!ue nunca tenha achado alguDm !ue eu dese@asse o

su)iciente. Psto D, nunca a não ser agora. . .Ric1 )icou est<tico por um instante. Bepois sorriu, comovido.

Esse D o maior elogio !ue @< recebi em toda minha vida declarou,passando a mão pelos cabelos de Carla.

$)astou'se um pouco dela, acariciou'lhe o rosto e bei@ou'lhe a )ace comcarinho.

Voc& )ez bem em sugerir !ue par<ssemos a tempo completou,olhando'a bem )undo nos olhos.

Eu não !uis sugerir isso. . . "as D o !ue o bom senso indica. ão !uero !ue voc& )aça nada por

impulso, do !ue possa se arrepender mais tarde.- olhar de Ric1 transmitia tormento e )rustração, mas, ao mesmo tempo,

dava a entender !ue !ueria proteg&'la. $)astou'se um pouco mais dela e olhoupara o cDu.

Carla não sabia se ria ou chorava. ?uando levantou a mão para tocar orosto dele, sentiu !ue tinha )icado claro algo !ue tentara esconder de si

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7/27/2019 Georgia Bockoven - O grande prêmio do amor (Super Julia 22)

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mesma, desde o primeiro dia da!uela sua maluca estada em Las Vegas. Elaestava apaixonada por Richard $llen #leming, o homem !ue conhecera aapenas uma semana, !ue detestara > primeira vista, e !ue tinha sido capaz decolocar de ponta'cabeça sua vida tão cuidadosamente plane@ada durantelongos anos.

(em sentir gosto de nada, Carla comeu o sandu3che de )rango e tomou o

leite !ue (teve lhe trouxe. Bepois )icou im6vel, temendo !ue o estJmagorecusasse a pe!uena re)eição. "as em poucos minutos percebeu !ue nãotremia mais, e então agradeceu ao amigo por t&'la )orçado a se alimentar.

a saleta )ria, lado a lado, os dois continuaram a esperar not3cias dacirurgia de Ric1.

Be vez em !uando um deles )azia algum coment<rio, como se estivessepensando em voz alta.

?uando )ui buscar o sandu3che passei pela sala de espera. $inda havial< um grupo de pessoas preocupadas com a operação disse (teve,levantando'se e andando agitado.

Ele parecia menos )rio, mas estava longe de demonstrar a amizade dosvelhos tempos.

Carla encolheu as pernas e rodeou'as com os braços, apoiando o !ueixonos @oelhos.

?uem são elasM perguntou. ?uase todas são ligadas a corridas. ;< tambDm alguns admiradores e

gente da imprensa. *err4 0enson, 2ull4 e "onroe @< vieram a!ui v<rias vezes.Eles tambDm estavam envolvidos no acidente, mas não se machucaram. (6Ric1 e Cor4 $dams.

E como D !ue Cor4 est< passandoM Carla !uis saber.Era a primeira vez !ue ouvia os nomes dos outros !uatro atingidos pelo

desastre.Cor4 havia sido um bom amigo no tempo em !ue ela e Ric1 ainda estavam @untos.

Carla preocupava'se agora com a esposa dele, !ue devia estar passandopor so)rimento igual ao seu. Esperou !ue (teve lhe respondesse, mas como elese mantivesse calado levantou a cabeça e o encarou.

"eu BeusN exclamou ele, a)lito. ?uando D !ue vou aprender a )icarcom a boca )echadaM

Cor4 morreuM perguntou Carla, l3vida. (im... o ambulat6rio do aut6dromo, antes de ser trans)erido para o

hospital... ;< outra coisa !ue preciso lhe contar. "ais cedo ou mais tarde voc&

vai acabar descobrindo e D melhor !ue se@a atravDs de mim do !ue de!ual!uer outra pessoa disse ele, sentando'se ao seu lado e passando'lhe obraço pelos ombros. Carla aconchegou'se a ele, sentindo'se in!uieta.

I sobre uma moça. . . 0em, eu não a mencionaria se não tivessecerteza de !ue voc&s duas vão acabar se encontrando. esse caso, pre)iro !uesaiba desde @< !uem ela D. Voc& não )az a menor idDia da solidão em !uedeixou Ric1 desde !ue o abandonou. (eria imposs3vel !ue um homem amassetanto uma mulher !uanto ele a amou. -u melhor: como ele a ama. ?uaseenlou!ueceu sem a sua companhia, Carla. Em toda a minha vida nunca tivepena de alguDm como tive de Ric1.

Carla sentiu um aperto no coração, acompanhado de uma d%vidainsidiosa. (er< !ue a separação tinha sido um enganoM 2eria )eito a escolhaerradaM ão podia e nem devia acreditar nissoN /recisava continuar com a

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

crença de !ue não houvera outro caminho a seguirN $nsiosa e com medo,perguntou:

- !ue tem essa moça, (teveM - nome dela D "ar4 Bavies respondeu ele num tom mon6tono e com

o olhar vazio )ixo na parede bege. Ric1 a conhecia h< muito tempo e saiucom ela algumas vezes. /arece !ue "ar4 nunca se convenceu de !ue tudo

estivesse acabado entre eles concluiu, )azendo um es)orço penoso. "as naturalmente ela deve ter sido encora@ada murmurou Carla,como se pensasse alto.

(teve a segurou pelos ombros )orçando'a a encar<'lo. ão d& asas > imaginação, @ulgando !ue h< mais do !ue realmente

existe. ão se es!ueça de !ue )oi voc& !uem abandonou Ric1, h< tr&s anos,numa grande solidão. ão tem o m3nimo direito de reclamar se ele procuroualguDm !ue lhe aliviasse a dor do isolamento disse r3spido, mas, vendo am<goa estampada no rosto de Carla, acrescentou mais brandamente: -lhemenina, se voc& tivesse )icado com Ric1 nunca teria havido ninguDm mais.

Carla não !ueria revelar as razKes !ue a tinham )orçado a optar pelaseparação.

 *amais as havia externado. Entretanto, achou !ue era chegado o momentode expJ'las. (e conseguisse )azer com !ue (teve compreendesse, ela pr6priavoltaria a ter maior clareza em relação aos sentimentos )ortes !ue amotivaram na Dpoca, mas !ue agora pareciam incoerentes.

(e eu não tivesse ido embora, (teve, ho@e não restaria mais nada demim para Ric1 amar. Bepois da morte de 0obb4, cada vez !ue ele corria umpedaço de mim parecia morrer. E, se voc& est< lembrado, a maneira de Ric1lamentar a morte de meu irmão e homenagear a mem6ria dele era tomar parteem toda corrida de !ue tivesse not3cia. Ele se tornou tão in)lex3vel a esse

respeito !ue cheguei a aceitar a teoria barata de psi!uiatras poucorespeit<veis, segundo a !ual todo piloto de corridas dese@a, inconscientemente,morrer. o )inal, compreendi !ue Ric1 estava tentando provar o oposto, isto D,!ue um piloto podia, ao mesmo tempo, arriscar a vida e am<'lapro)undamente. "esmo assim não consegui apagar da mem6ria o acidente de0obb4.

Beu um sorriso amargo e continuou: Comecei então a colecionar argumentos !ue me a@udassem a pensar

com ob@etividade. Consegui estat3sticas comparativas, !ue mostravam on%mero de mortes em desastres de trnsito e de trabalho. Encontrei atD umrelat6rio sobre a morte de bombeiros em inc&ndios. - n%mero de v3timas

nesses tr&s casos era bem mais alto do !ue em corridas de carro, masnenhuma delas era acusada de suicida. o entanto, essa racionalização todade nada me a@udou. Eu passava não s6 o dia da corrida, mas tambDm avDspera com nsia de vJmito. $s horas em !ue )icava acordada eram deextrema agonia. E mesmo permanecendo em casa, em vez de ir ao aut6dromo,!uase perdia os sentidos !uando o tele)one tocava. Com o passar do tempo, )uipiorando cada vez mais.

$s l<grimas corriam'lhe agora livremente pelas )aces. ão me )oi poss3vel acreditar !ue a morte de 0obb4 tenha sido uma

)alta de sorte, ou coisa do destino, e acabei por me convencer de !ue a de Ric1seria s6 uma !uestão de tempo. ?uando percebi !ue tinha criado uma pro)eciasobre minha inter)er&ncia no destino dele, tive a certeza de !ue precisava irembora. "esmo escondendo de todos, e em especial dele, o meucomportamento estranho, sabia !ue era imposs3vel não contagi<'lo com a

Q

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minha paran6ia. (e ele corresse consciente ou sob a in)lu&ncia de minhasd%vidas, a autocon)iança !ue sempre sentira o abandonaria e eu seria a causado !ue !uer !ue lhe aconteça. Essa idDia !uase acabou comigo.

E por !ue não contou a eleM perguntou (teve. - !ue voc& !uer saber mesmo D por !ue eu disse a Ric1 !ue não o

amava mais, não DM

"ais ou menos isso. a verdade ele nunca se abriu comigo. "as umavez em !ue bebeu demais se perguntou o !ue tinha )eito de errado para !uevoc& deixasse de am<'lo. $chava !ue a razão estava relacionada com a mortede 0obb4, da !ual ele se achava culpado. Respondi !ue ele devia estar loucopor pensar da!uela maneira. inguDm, @amais, poderia responsabiliz<'lo pelo!ue acontecera a 0obb4. $)inal, Ric1 gostava do rapaz mais do !ue se )osseum irmão.

Carla )icou tensa. ?uanta e !uanta vez não repassara na mente as razKes!ue a tinham levado a separar'se de Ric1N /orDm, > medida !ue )icava distantea!uele dia em !ue cruelmente con)essara não am<'lo mais, maior era suadi)iculdade em lembrar'se do desespero !ue sentira na Dpoca. $ %nica coisa de!ue tinha certeza D !ue acreditava, então, !ue se permanecesse ao lado domarido acabaria por lhe provocar a morte. E s6 vira uma sa3da para salvar ogrande amor !ue nutria por ele: uma separação irrevers3vel. 2udo agoraparecia distante e con)uso, mas a m<goa continuava com a mesmaintensidade. Com os olhos vermelhos de tanto chorar, )itou o amigo.

a!uele tempo eu pensava... /arou, percebendo o vazio das palavrase demorou alguns instantes para recomeçar: a!uele tempo eu pensava!ue se meu amor por Ric1 )osse de )ato real e sincero então eu teria !ue mesacri)icar para lhe poupar a vida.

(teve apertou'lhe os ombros com carinho e murmurou:

/arece !ue estou sempre tendo !ue me desculpar com voc&, Carla.(er< !ue nunca vou aprenderM$ntes !ue pudesse responder, sentiu !ue (teve se tornava tenso. (eguiu'

lhe o olhar e, atravDs da porta entreaberta, viu a maca !ue se aproximavatrazendo Ric1 da sala de operação. Levantou'se de um salto e logo veri)icou!ue apesar de ele continuar extremamente p<lido @< havia uma sombra de corem suas )aces.

- en)ermeiro !ue vinha @unto da cabeceira da maca pediu aos outros dois!ue parassem. Em seguida virou'se para Carla e explicou:

Ele est< acordado. (e a senhora !uiser aproveitar e disser alguma coisar<pida, pode.

Carla inclinou'se sobre Ric1 e bei@ou'lhe a testa. Bepois murmuroucarinhosa:

Estou a!ui, Ric1. Eu te amo./elo canto dos olhos percebeu !ue ele tentava levantar a mão para toc<'

la. (egurou'a e a manteve assim, en!uanto acompanhava a maca peloscorredores e pelo elevador, a caminho da 2P.

Be volta ao !uarto notou !ue a cadeira !ue utilizara na vDspera tinha sidosubstitu3da por uma con)ort<vel poltrona. Bepois !ue todos os tubos eaparelhos )oram ligados, viu'se < s6s com Ric1. (entou'se bem @untinho > camae, passando a mão pela grade, entrelaçou os dedos nos dele. raças a Beusele continuava vivo e ao seu ladoN

Esperou !ue sua respiração se tornasse ritmada, indicando !ue eledormia, e s6 então se reclinou na poltrona para descansar. (em perceber, caiunum sono pro)undo, despertando horas depois com movimentos no !uarto.

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$ en)ermeira da noite sorriu'lhe e continuou trocando o recipiente de soro.Carla esticou as pernas e se levantou. (entia os m%sculos dormentes edoloridos por ter )icado encolhida no assento durante tanto tempo. (orriu ao selembrar de outra ocasião em !ue isso havia acontecido. Ric1 e ela estavamvia@ando num carro esporte por uma estrada deserta e distante. - ve3culo!uebrou > noite e não teve outra sa3da senão dormir nele.

Viu'se re)letida no vidro da @anela e assustou'se com a apar&ncia horr3vel!ue apresentava. /ediu > en)ermeira !ue )icasse com Ric1 en!uanto ia aobanheiro lavar o rosto e arrumar'se um pouco.

$o retornar, encontrou sobre a mesinha uma bande@a com suasguloseimas pre)eridas, trazida por (teve. Entre outras coisas, havia sandu3chede rosbi)e, sopa chinesa Uonton e torta de morango. Lembrou'se de como sesentira melhor depois !ue ele a )orçara a se alimentar. Começou a comer, eseu apetite era tanto !ue dez minutos depois @< tinha limpado a [email protected]'se para pJ'la de volta na mesa e nesse instante percebeu !ue Ric1,acordado a )itava sorrindo. Emocionada, sussurrou:

-i, meu amor. Como est< se sentindoM0em devagar, ele conseguiu dizer: Pnteirinho.Carla aba)ou o misto de riso e soluço !ue se )ormara em sua garganta.

(orrindo atravDs das l<grimas, disse: $h, meu !uerido, voc& D uma )ortalezaNotando !ue ele se es)orçava para )alar, debruçou'se sobre a grade para

ouvi'lo melhor. Carla, eu !uero voc&... ?uero voc& a meu lado, sempre. ão s6

agora. . . /ara sempre.- tom de s%plica em sua voz era comovente. $s palavras estavam

impregnadas de m<goa e anseio tão intensos !uanto os !ue ela sentia.-s anos de separação haviam se trans)ormado numa en)ermidade atroz.(er< !ue ainda lhes restaria tempo para tentar uma curaM

Carla sabia !ue todos os seus movimentos podiam ser observados atravDsdo painel de controle da en)ermeira'che)e. "esmo assim inclinou a cabeça nadireção dele. $ %nica coisa !ue importava agora era Ric1. Carinhosamente, e o!uanto as circunstncias permitiam, bei@ou'o repetidas vezes. Bepois o )itounos olhos e leu no brilho )ugaz !ue se irradiava deles !ue a!uela )orma deprometer )icar ao lado dele tinha sido compreendida.

?uando eu sair da!ui disse Ric1, devagar e com es)orço , vou!uerer passear de barco com voc&.

$o ouvi'lo expressar um dese@o de apar&ncia tão inocente, Carla coroupro)undamente. $cariciando'lhe o rosto, concordou:

2rato )eito. "as D melhor !ue durma mais um pouco senão vai demorarem )icar bom.

- medo de deix<'lo dormir havia desaparecido. ão sabia como nem por!ue, mas tinha certeza de !ue ele viveria e !ue a promessa de )icarem @untosnão era uma )ormalidade > beira do leito de morte e sim uma expectativa devida.

- barco de Ric1, no lago "ead, causou uma grande surpresa a Carla. Eraum iate luxuoso, com todas as )acilidades e acomodaçKes, alDm de possuirlinhas elegantes e graciosas. ?uando os seus primos, "ichael e /aul, chegaramde )Drias da )aculdade, resolveram passar o %ltimo dia de Ric1 em Las Vegas abordo da embarcação. -s planos )alharam por!ue, na vDspera, receberam anot3cia de !ue o pai de Roger tinha so)rido um derrame. a manhã seguinte, a

T

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)am3lia partiu de avião para "inneapolis, deixando Carla e Ric1 sozinhos eindecisos !uanto ao passeio plane@ado.

I melhor a gente es!uecer esse assunto e voltar para casa disseRic1, pensativo, > sa3da do aeroporto, onde tinha ido levar "aureen, Roger e osrapazes.

Carla não respondeu logo. o estacionamento, antes de pegarem a perua

da tia, encostou'se na porta, impedindo'o de abri'la. /or !ue não podemos passear de barco ho@eMRic1 colocou as mãos no carro, uma de cada lado dela, prendendo'a. $cho !ue voc& sabe a razão. Est< com medo de mimM -lhe a!ui, Carla disse impaciente , vamos deixar de brincadeiras.

Voc& sabe muito bem o !ue vai acontecer se passarmos o dia sozinho nobarco.

Claro !ue sei, pelo menos espero estar certa ela respondeu, tentandodar um tom provocativo e sedutor > voz.

Ric1 agarrou'a pelos ombros e retirou'a de )rente da porta. Comporte'seN Voc& não tem a m3nima idDia do !ue est< dizendo. /or !ue nãoM (6 por!ue sou virgemM Ela estava brava. Voc& não

tem o direito de imaginar !ue isso me )aça dese@<'lo menos. Buvida dasinceridade de meus sentimentosM perguntou, )itando'o com olharsuplicante.

"eu Beus, CarlaN Voc& não sabe o !ue est< )azendo comigo murmurou, tomando'a nos braços e bei@ando'a avidamente.

Carla deliciou'se com a sensação provocada por a!uele bei@o pro)undo.(abia !ue ele tinha capitulado.

/assaram em casa para apanhar as roupas e trocar o carro de "aureen

pelo dele. Em seguida dirigiram'se para o lago, aonde chegaram sob um solescaldante e uma temperatura !ue @< atingia os trinta e tr&s graus. Ric1, !uietoe pensativo, começou os preparativos da partida praticamente ignorando apresença de Carla. ?uando )inalmente )altava soltar a %ltima amarra, pareceuhesitar e aproximou'se dela. Levantou'lhe o rosto com a mão e a )itoulongamente. Ela percebeu a luta !ue se travava em seu interior no momentoem !ue ele lhe perguntou com di)iculdade:

2em certeza de !ue D isso mesmo o !ue !uer CarlaM$ resposta veio suave, mas )irme: (im, tenho certeza.Ele a bei@ou carinhosamente na testa e sua mudança de humor )oi

percept3vel. /arecia !ue as palavras dela tinham tirado um enorme peso deseus ombros. "ais animado ensinou'a a tomar algumas pe!uenas provid&nciase em poucos minutos deixavam o ancoradouro, cruzando as <guas azuis ebrilhantes do lago "ead.

/ara onde estamos indoM gritou ela, por causa do barulho do motorpossante do barco.

/ara uma pe!uena enseada !ue descobri h< uns dois anos. #ica meioescondida e por isso pouca gente a conhece. L< não seremos perturbados.

Com o olhar perdido no rastro de espuma branca !ue a lancha deixavapara tr<s, Carla pJs'se a imaginar se realmente tinha tanta certeza de !uererdar a!uele passo em sua vida. Estava apaixonada por Ric1, D verdade, s6 !ueesse sentimento não era correspondido. o entanto, mesmo dese@ando !ue ascoisas )ossem di)erentes, não pensava em tentar seduzi'lo para !ue ele viessea am<'la. $li<s, achava isso !uase imposs3vel. ;omens bem'sucedidos em

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evitar compromissos e ligaçKes amorosas duradouras deviam saber proteger'se ou então ser bastante insens3veis. o caso dele, eram compreens3veis asrazKes de sua atitude de solteiro convicto. $)inal, levava uma vida erranteYho@e na $mDrica, no dia seguinte no Velho "undo, e o %nico lugar !ue podiachamar de AcasaA era @ustamente a!uele barco. E alDm do mais ele gostavadesse tipo de vida. E por !ue nãoM Ela se perguntava.

Entre o dese@o e a realidade, ela estava consciente de !ue se encontravanuma situação di)3cil, mas a escolha )ora sua. Ela olhou para Ric1, !ue pareciaainda mais @ovem cheio de vida e livre, com o vento soprando'lhe os cabelospara tr<s e enchendo'lhe a camisa. 2inha certeza de !ue, se lhe dissesse !uemudara de idDia, ele imediatamente a levaria de volta.

Carla sempre havia caçoado das hist6rias de amor, classi)icando'as comonecessidades biol6gicas dis)arçadas com )rases )loridas e romnticas. $goradava um sorriso, achando graça por ter sido atingida por um acesso )ortedessa doença. Biante da )igura atraente de Ric1, conscientizava'se de !ue eleseria uma obsessão pelo resto da vida.

Com certeza viriam outros depois dele, mas ninguDm seria capaz decon!uistar'lhe o coração como ele o )izera. um sobressalto, percebeu !ue s6teria a!ueles poucos dias como, recordação do amor !ue sentia por a!uelehomem e suspirou triste e desanimada.

Levou um susto !uando a embarcação parou, e levantou a vista para ver o!ue estava acontecendo. Beparou com Ric1, !ue se aproximava com arzangado.

Entendi voc& dizer !ue tinha certeza ele resmungou. - !u&M perguntou Carla, con)usa. #az tempo !ue a estou observando )alou, parando > sua )rente e

tomando'lhe a mão.

Ela sorriu aliviada. $ preocupação dele com os seus sentimentosaumentavam'lhe o amor. Ric1, ser< !ue voc& se convenceria de !ue sei o !ue estou )azendo se

eu agora tirasse toda a roupa e o abraçasseMRindo, ele respondeu: $posto !ue voc& deixou para tr<s uma )ila de homens desesperados e

ansiosos por possu3'la. *uro !ue não. Pn)elizmente voc& s6 tem a minha palavra sobre isso, mas

nunca me comportei dessa maneira antes. $ verdade, Ric1, D !ue voc& provocareaçKes estranhas em mim.

$ intenção de Carla era dizer isso em tom de brincadeira, mas as palavras

eram tão verdadeiras !ue a sinceridade dos sentimentos !ue as provocara)icou evidente. /ercebeu uma sombra de preocupação no olhar dele, mas logoum brilho descontra3do a substituiu.

Psso se chama dese@o, minha cara, e D tão velho !uanto < humanidade.I uma coisa muito boa e sem ela talvez nem exist3ssemos explicou bem'humorado.

Carla )icou muito magoada diante dessa declaração. (er< !ue Ric1 nãoacreditava !ue ela sentia por ele algo mais pro)undoM

Ric1 logo retornou ao leme e em menos de uma hora o iate deslizava pelaentrada cheia de voltas !ue escondia a enseada. ?uando )inalmente pararam eele lançou a ncora, Carla sentiu'se um tanto acanhada. ão sabia o !ue dizerou )azer. 2alvez por!ue percebesse o constrangimento da situação, ele passoua agir como se estivesse ali num inocente pi!ueni!ue e começou a preparar oslanches.

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Carla )oi atD o camarote para trocar de roupa e voltou momentos depoisvestidos no min%sculo bi!u3ni. $ssim !ue chegou ao convDs, ele interrompeu o!ue estava )azendo para admir<'la e comentar:

?uando a vi da outra vez com esse bi!u3ni não tive oportunidade de lhedizer como voc& )ica encantadora. Essas tirinhas revelam coisas incr3veis deseu corpo.

"uito corada, ela abaixou o olhar para os dois !uadradinhos de pano !uelhe cobriam parcialmente os seios. $o perceber !ue os bicos intumescidos)orçavam a malha de maneira convidativa, sentiu'se mais acanhada ainda.BrogaN -nde estava a mulher agressiva !ue sonhara tanto com essemomentoM

Ric1 enlaçou'a pela cintura e puxou'a para si, bei@ando'a com avidez. (uasmãos subiram e lhe alcançaram os seios, apertando'os de maneira carinhosa epossessiva, en!uanto os polegares traçavam pe!uenos c3rculos sobre osmamilos sens3veis, deixando'a muito excitada.

?uando suas mãos se a)astaram, Carla teve vontade de gritar. #azia umasemana !ue haviam se bei@ado pela primeira vez e desde então se sentia cadavez mais ansiosa. *< tinha passado pelo epis6dio )rustrante na piscina da casada tia e agora sabia !ue se )osse obrigada h< esperar mais tempo para )azeramor com ele não suportaria a dor do dese@o.

?ue sensação horr3velN$parentando tran!Oilidade, Ric1 voltou a preparar os lanches,

aumentando'lhe o desapontamento. Como ele conseguia manter o controle,en!uanto ela não podia pensar noutra coisaM (eria poss3vel !ue ele não adese@asse com a mesma intensidade com !ue ela o dese@avaM Carla lembrou'sedos momentos passados @untos e percebeu !ue a!uela suposição não tinhasentido. (implesmente ele devia ser um mestre na arte do autodom3nio. A/ois

muito bemA, pensou, Avamos ver atD !uando vai agOentarA.Bessa maneira, conseguiu encontrar )orças para almoçar, sem cair natentação de toc<'lo. Ric1 havia se trocado e agora vestia o short de n<ilon !ueusara no dia em !ue tinham se conhecido. Estava tão )ascinante como na!ueladata e tambDm calmo e composto. Carla teve !ue desviar o olhar do calção,!ue se assentavam tão bem nos seus !uadris estreitos, antes !ue desistisse dese manter sedutora e indi)erente ao mesmo tempo. Viu !ue o sol atingia oponto mais alto do cDu e a !uentura )ez com !ue pegasse o guardanapo etentasse se abanar.

CalorM perguntou Ric1, !ue estava sentado sob o toldo de lona. "uito respondeu ela.

ma camada )ina de transpiração cobria'lhe o corpo bronzeado e gotinhasmin%sculas começavam a se )ormar entre os seios.

$cho melhor tambDm )icar na sombra. *< estou começando a vermanchas brilhantes disse, levantando'se.

Ric1 puxou'a e a )ez sentar'se no colo dele. $conchegou a cabeça deencontro aos seus seios e murmurou:

;um, !ue cheirinho bomN Então voc& gosta do cheiro de corpos suados respondeu, arrepiada,

sentindo !ue ele lhe mordia de leve o seio. (endo o seu corpo, não s6 D agrad<vel como tambDm a)rodis3aco.Carla revelou a satis)ação !ue o elogio lhe causava acariciando'lhe os

cabelos, depois os ombros largos e os braços musculosos. 0ei@aram'seloucamente, en!uanto ele desamarrava seu sutiã com destreza, deixando'lheos seios livre para serem capturados pelas mãos acariciantes. Ric1 parou de

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bei@<'la na boca para, com um delicioso roçar de l<bios percorrerem o caminho!ue descia pelo pescoço atD um dos seiosY Ela segurou a respiração !uando elea)inal tomou o mamilo na boca e o acariciou com a l3ngua antes de prend&'lolevemente com os dentes. $ seguir, Carla pensou !ue ia desmaiar com aagonia deliciosa provocada pela car3cia !ue ele lhe )azia com a mão na parteinterna da coxa.

?uase )ora de si, murmurou: Ric1. . . Ric1, eu !uero voc&.$ resposta se )ez ouvir atravDs de um gemido aba)ado e pro)undo,

revelando !ue o dese@o havia tomado conta dele, impossibilitando'o dearticular uma palavra. Com os braços tr&mulos, ele a apertou contra o peito,en!uanto ela sorria triun)ante, sentindo o sabor da vit6ria ao veri)icar !ueultrapassara a barreira de controle de Ric1. (eu coração bateu satis)eito. E elea !ueria, verdadeiramente a !ueria. "as isso ainda não era o su)iciente.

Com grande )orça de vontade livrou'se por um instante da magia dapaixão, desvencilhando'se dos seus braços e )icando de pD > sua )rente. "aisdo !ue a realização do dese@o, !ueria !ue ele guardasse uma lembrançasigni)icativa da!uele dia e não apenas a recordação de uma tarde passada comuma mulher.

0em devagar, despiu'se da outra parte do bi!u3ni e, em vez de sentiracanhamento por estar nua na presença de Ric1, surpreendeu'se aoexperimentar uma grande alegria.

$)inal, lia nos olhos dele tanta satis)ação !ue pela primeira vez na vidaimaginou !ue talvez )osse linda. $inda sentado, ele estendeu as mãos epassou'as por tr<s de seus @oelhos. Lentamente, )ez com !ue subissem atD os!uadris, deixando um rastro de )ogo !ue aos poucos lhe tomava todo o corpo.Então a puxou para mais perto e se pJs a bei@ar com nsia contida a pele

sedosa de sua cintura. Carla gemeu de prazer !uando ele traçou com a l3nguauma linha em direção > marca divis6ria entre a parte da pele bronzeada e aparte da pele branca. (ua intenção de prolongar ao m<ximo o relacionamentoamoroso !uase se dissipou nesse momento.

Ric1. . . (olte'me. . . murmurou.Ele escorregou as mãos atD os @oelhos en!uanto levantava o olhar

espantado e interrogador. /ensei !ue pudDssemos nadar um pouco antes de )azer amor ela

explicou baixinho !uase sem acreditar na calma de !ue )ora capaz. $h, bom. . . #i!uei com medo de !ue tivesse mudado de idDia. Ric1

sorriu visivelmente aliviado.

Levantando'se r<pido, agarrou'a e a bei@ou novamente, agora de )ormamais apaixonante e tão pro)unda !ue, sem )Jlego, ela se es!ueceu doprop6sito de )azer a!ueles momentos de prazer se arrastar atD não podermais. Compreendendo o !uanto ele a dese@ava, deixou'se carregar nos braços)ortes, com o coração acelerado !uase lhe saindo pela boca. Estavaexcitad3ssima, e a sugestão de nadarem primeiro pareceu'lhe então umagrande bobagem. $rrependida, deu graças aos cDus por ele não t&'la aceitado.

"as, de repente, sentiu'se )lutuar no ar e antes !ue percebesse o !ueestava acontecendo a)undou nas <guas re)rescantes do lago. ?uando subiu >super)3cie, viu Ric1 debruçado na amurada do barco, com os olhos castanhosbrilhando de mal3cia.

Como est< a <guaM ele perguntou.Carla sorriu e @ogou a cabeça para tr<s, a)astando os cabelos do rosto. Est< uma del3ciaN Voc& não vemM

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Ba!ui a pou!uinho respondeu, desaparecendo na direção da cabine.Com os olhos )echados, ela )icou )lutuando, e sentiu !ue o calor do sol e a

<gua )ria excitavam'na ainda mais. Constatou !ue nunca, antes, vivera comtanta intensidade. Esse, certamente, era o dia mais especial de sua vida. #ariatudo para !ue a!uelas lembranças lindas durassem pelo resto da vida.

Bevagar e silenciosamente, Ric1, !ue entrara na <gua pelo outro lado do

barco, aproximou'se e a tocou na cintura. - simples contato incendiou'lhe osangue. Bescobriu !ue o !ueria mais do !ue pudera imaginar e se viaperguntando a si mesma como as pessoas apaixonadas conseguiam )azeroutra coisa !ue não )osse o amor.

0oiando, ele se deitou de costas e a puxou para perto de si. (urpresa,Carla percebeu !ue ele estava sem o short e sorriu com a descoberta. Beslizouas mãos para toc<'lo, mas Ric1 mordeu'lhe o ombro, de brincadeira, eescapou, dizendo:

/ensei !ue voc& !uisesse nadar.Carla sentiu certa tensão em sua voz, como se ele não soubesse muito

bem o !ue ela !ueria. /ara deix<'lo descontra3do desa)iou'o para umacompetição de nado. Estavam a cerca de trinta metros do barco. Contou atDtr&s e largaram para ver !uem chegava primeiro.

Ric1 mostrou'se um nadador vigoroso, embora sem estilo algum. $lcançouo casco da embarcação um pouco antes !ue ela e a esperou @unto daescadinha de cordas. Carla, mais do !ue depressa, colocou o pD no primeirodegrau, enroscou o braço na lateral e proclamou'se vencedora.

m momento, senhoritaN disse ele, com )ingida sinceridade. $cho!ue @< estou a!ui h< mais tempo.

ão resta d%vida, mas o !ue voc& )ez tem pouco a ver com natação.ossa aposta era nadar atD o barco.

$h, !uer dizer então !ue não tenho a menor classeMCarla )icou sDria e acariciou'lhe o rosto. (6 !uando se trata de natação, Ric1. . .$ )orça do amor !ue sentia por ele !uase a su)ocava. $proximou'se mais e

o enlaçou pelo pescoço, apertando o corpo contra o dele, numa ansiedade !uebeirava a loucura.

?uando seus l<bios se encontraram, a excitação !ue se apoderou delacresceu a ponto de impossibilit<'la de esperar um minuto mais. (em se soltardele, levantou'se um pouco para )ora da <gua, expondo os seios !ue pediamcar3cias, en!uanto rodeava'lhe a cintura com as pernas.

Com a mão livre, Ric1 segurou'lhe o !ueixo e disse:

-lhe para mim, Carla. . . Voc& tem certezaMEla obedeceu e, ao abrir os olhos, )icou )ascinada com o dese@o estampado

na expressão dele. unca na vida tive tanta certeza de alguma coisa como agora

respondeuY calma e segura de si.$poiando'se com di)iculdade na escada, Ric1 passou'lhe os braços por

baixo dos seios, segurando'a pelos ombros. 0ei@ou'a mais uma vez e, com ummovimento )irme, mas ao mesmo tempo sem !ual!uer viol&ncia, penetrou'lheo corpo. Carla recebeu'o com intensa alegria, ignorando a dor !ue a sacudia.#inalmente era mulher, não s6 na mente como no )3sico. Esperou então !ue elesentisse prazer, e, como isso não acontecesse, perguntou:

$lguma coisa erradaM Esta posição não D boa para voc& respondeu delicado.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Bepois de separar'se dela com extremo cuidado < a@udou na escalada daamurada, subindo a seguir. Encaminharam'se para o camarote, onde Ric1pegou uma toalha e )ez !uestão de enxug<'la, trans)ormando esse gesto nummomento de intenso carinho. #eito isso, secou'se rapidamente, tomando'a nosbraços e depositando'a na cama. Com meiguice e ternura, deitou'se ao seulado e logo ap6s cobriu'lhe o corpo com o dele.

?uando a )itou bem dentro dos olhos, Carla teve a impressão de ver, alDmda vontade de possu3'la, algo mais, !ue não soube de)inir. Bevagar, eleabaixou a cabeça e novamente seus l<bios se uniram, deixando'a com ocoração descompassado.

Carla. . . Carla murmurava ele en!uanto lhe percorria o corpo com aboca, provocando'lhe uma explosão de sensualidade de !ue ela nunca seimaginara capaz.

$ cada minuto, mais dese@ava ser possu3da e sentir o prazer supremo !ueainda desconhecia. Ric1, porDm, não demonstrava pressa, tocando'a, bei@ando'a e acariciando'a atD !ue ela pensasse !ue morreria de ansiedade.

Voc& D lind3ssima disse, levantando'se um pouco e encarando'a. Voc& D per)eita, inteirinhaN

- instinto a orientou, )azendo'a aconchegar'se mais. Então sentiu ascoxas dele entre as suas e logo em seguida recebeu'o pela segunda vez dentrode si.

Com gentileza, ele a guiou ao &xtase, esperando pacientemente !ue elaproclamasse surpresa, a )orça !ue a avassalava para, então, @untar'se a ela napaixão da entrega total.

a calma !ue se seguiu, mantiveram'se abraçados, ouvindo o bater doscoraçKes e não !uerendo interromper a magia do momento com palavras. -tempo passava r<pido, mas Carla gostaria de segur<'lo pela eternidade.

W meia'noite, encontravam'se novamente no aeroporto. Besta vez eraRic1 !uem partia. Pa > Europa @untar'se > sua e!uipe e preparar'se para umacorrida.

/ensamentos con)usos atormentavam a mente de Carla ao acompanh<'loatD o portão de embar!ue. $ despedida )oi simples: um bei@o amoroso, semtroca de promessas ou esperanças )alsas.

Ela )icou olhando o avião atD !ue as luzes sumissem no cDu estrelado dodeserto de evada. (olit<ria, voltou para a casa dos tios, onde cada recantolhe )alava de Ric1.

 2inha sido muito ing&nua ao acreditar !ue poderia )azer amor com ele esair ilesa.

(entia uma imensa sensação de vazio, como @amais imaginara serposs3vel. (abia agora !ue um coração )erido não era uma )igura de linguagempoDtica, mas uma dor )3sica !ue se mani)estava com a respiração, osmovimentos ou !ual!uer es)orço !ue )izesse.

Vagou pela casa silenciosa, so)rendo uma angustiante solidão. Beitou'sena cama !ue Ric1 ocupara, numa tentativa in%til de senti'lo perto, e por )imacabou dormindo de pura exaustão.

$ campainha estridente do tele)one no sil&ncio da madrugada )ez com !ueacordasse assustada. $tendeu'o meio hesitante.

$ voz grave de Ric1 soou do outro lado sem prembulo algum, !uase emtom de s%plica:

Case'se comigo, Carla. . . /or )avor, case'se comigo. /assaram'sealguns segundos atD !ue sua mente con)usa registrasse o !ue acabara deouvir. 2r&mula, perguntou:

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Voc& tem certezaMComo resposta, ouviu as mesmas palavras !ue pronunciara na vDspera

!uando a)irmara estar certo de !uerer se entregar a ele. unca na vida tive tanta certeza de alguma coisa como agora

respondeu Ric1, com a mesma calma e segurança com !ue ela havia seexpressado.

CAPÍTULO IV

Carla, esta D "ar4 Bavies anunciou (teve, como se elas estivessemansiosas por se conhecerem.

Carla atravessou o !uarto do hospital, )ingindo naturalidade diante da

mulher !ue tinha convivido com Ric1 nos %ltimos anos e !ue, segundo (teve, oa@udara a vencer a solidão. Ela não devia ter mais do !ue vinte e !uatro ouvinte e cinco anos e era linda. -s cabelos castanhos, lisos e longos, ca3am'lheatD !uase a cintura, realçando seu porte esguio e elegante. E moveu'se comgraça, !uando se aproximou para o aperto de mão. Bepois dos cumprimentosela disse:

(into muito, (ra. #leming. ão dese@o tornar as coisas ainda maiscomplicadas para a senhora com a minha presença. Eu @< estava de sa3da.Espero !ue compreenda por !ue vim atD a!ui. ?ueria saber, por mim mesma,!ual o estado de Ric1.

- rosto dela demonstrava intenso so)rimento e rugas de preocupação

vincavam'lhe a testa. Carla percebeu, nitidamente, !ue, para a!uela moça,Ric1 representava muito mais do !ue um simples caso. Era evidente !ue oamava. /ensando nisso, olhou para a cama e, ao ver o marido ressonartran!Oilamente, perguntou a "ar4:

Conseguiu )alar com eleM$ moça aba)ou um soluço triste. ão. . . Ric1 est< dormindo assim desde !ue cheguei. 2alvez, se voc& voltar > tarde. . ."ar4 Bavies olhou espantada para Carla e seus olhos se encheram de

l<grimas. -h, muito obrigada. Volto sim respondeu comovida, retirando'se de

imediato.(teve aproximou'se de Carla e colocou a mão em seu ombro. Voc& D uma mulher )ormid<vel. $gora entendo por !ue Ric1 a ama

tanto.Carla a)astou uma mecha de cabelos !ue lhe ca3a sobre < testa. ?uem D ela, (teveM Como assimM ão estou entendendo. . . ?uero saber !uem D ela, de onde veio, como conheceu Ric1, e o !ue

)az. /reciso de todos esses dados. (e seu interesse D descobrir se "ar4 ainda ameaça seu relacionamento

com Ric1, basta eu lhe dizer !ue a %nica mulher por !uem ele tem obsessão h<muitos anos D voc&. "as eu !uero saber mais sobre ela. /or !ue não possoM

=

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$cho uma enorme bobagem remoer coisas do passado. - caso deles @<acabou e )icar lembrando'se disso D algo !ue não )az bem a ninguDm.

/ode ser !ue para Ric1 a coisa tenha acabado, mas, obviamente, elanão pensa assim. Estou segura de !ue os sentimentos de "ar4 ainda são osmesmos. /ercebi isso com clareza no olhar dela. Conheço demais o assunto enunca me enganei.

(teve pareceu contrariado. Colocou as mãos nos bolsos da calça e se pJsa andar de um lado para outro, en!uanto explicava: "ar4 est< ligada ao mundo do automobilismo desde a in)ncia. (eu pai

era corredor e, !uando se aposentou, comprou alguns carros de corrida.Contratou pilotos, entre os !uais Ric1, !ue no começo de sua carreira trabalhoucom ele. #oi então !ue o conheci. a!uela Dpoca, "ar4 tinha uns dez ou onzeanos e vivia atr<s de Ric1 como um cachorrinho.

?uer dizer, então, !ue a coisa @< vem de longeN "as por !ue Ric1 deixoude trabalhar para BaviesM

ão sei ao certo. 2alvez alguma desavença ou apenas a vontade deexperimentar coisas novas e ter maior independ&ncia pro)issional. - )ato D !uecontinuei na o)icina do velho por alguns anos, atD !ue Ric1 se estabeleceu,precisou de um mecnico e mandou me chamar. $ partir da3 perdi contato com"ar4, mas )i!uei sabendo !ue ela terminara a )aculdade e !ue tinha se casado.(6 !ue o casamento não deu certo. Buraram seis meses, segundo medisseram. Bepois disso, ela nunca mais se ligou a ninguDm. Raramente eu aencontrava, !uando ela ia >s corridas, uma ou duas vezes por ano, sempresozinha.

Com certeza não )oi por )alta de pretendentes. "ar4 D uma garotamuito bonita comentou Carla.

E inteligente tambDm, alDm de ser uma pessoa excelente. Engraçado,

mas acho !ue, em outras circunstncias, voc&s duas seriam 6timas amigas. Curioso. . . (impatizei mesmo com ela. /re)eria poder odi<'la, mas,agora !ue a conheço, sabe !ue sinto atD pena delaM

;ouve um sil&ncio prolongado, onde s6 se ouvia o leve balançar dascortinas na @anela aberta, !ue deixava entrar o ar )resco da manhã. /or )im(teve consultou o rel6gio e anunciou:

(ão !uase oito e meia. $cho melhor ir logo para o aeroporto. $gora meexpli!ue tudo outra vez. Bevo procurar uma senhora alta, de cabelos brancos,e um homem um pouco mais baixo, de cabelos grisalhos nas t&mporas. I issoM

Exatamente. 2ia "aureen estar< usando um vestido azul'marinho, comum cravo branco na gola, e Roger, como sempre, vestir< um terno listradinho.

Entendi. /ode deixar comigo respondeu (teve, saindo do !uarto comum aceno de despedida.

Carla a)astou'se da @anela, e, !uando puxou a cadeira para mais perto dacama de Ric1, percebeu pendurada no encosto, uma echarpe de mulher, deestampado colorido e regular. $panhou'a e dobrou'a cuidadosamente, invadidapor uma estranha sensação de insegurança. a realidade, compreendia !ue ascoisas seriam bem mais )<ceis se "ar4 tivesse se revelado apenas mais umada!uelas )anzocas impertinentes !ue perseguem os pilotos nas pistas. . . /orazar, ela era decididamente di)erente, muito di)erente de uma admiradora!ual!uer. Como ser< !ue se comportaria no )uturoM

(entando'se na cadeira, olhou atentamente para Ric1, !ue vinhaapresentando uma melhora inacredit<vel. a noite anterior tinha sido removidoda 2P para a!uele !uarto e agora @< podia receber visitas, por tempo limitado,e )alar, desde !ue sobre assunto !ue não o deixasse muito emocionado.

Q

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Be repente Carla )oi tomada de pnico en!uanto imaginava se a!uelehomem não ia !uerer reviver o passado, e ela se veria novamente presa a umasituação !ue sempre procurara evitar. $)inal, "ar4 mostrara'se bem maisaltru3sta no passado, pois se dispusera a )icar ao lado de Ric1 em !ual!uercircunstncia, sem se deixar atemorizar pelos pavores !ue costumavamacometer Carla. . .

Ela estava pensando nisso !uando sentiu a mão de Ric1 segurar a sua. Voc& !uer )alar sobre "ar4M perguntou ele.(urpresa, Carla )icou corada. Ric1, voc& estava acordadoM -uviu tudoM (im. . . $cordei !uando voc& entrou no !uarto, mas )i!uei !uieto,

descansando. /or !ue )ez issoM Como pJde )ingir !ue estava dormindo e )icar

escutando tudoM insistiu ela, desesperada.ão !ueria !ue ele soubesse o !uanto estava magoada com a visita da

moça. 2inha conseguido esconder isso de "ar4 e de (teve, mas diante de Ric1não seria tão )<cil dis)arçar.

?uero !ue me desculpe murmurou ele. ão por ter ouvido o !uevoc&s tr&s )alaram, mas por lhe ter causado tanta dor. Eu )aria !ual!uer coisapara apagar isso. Eu te amo. "ais do !ue a minha pr6pria vida, eu te amo,Carla.

Ele não percebia o !uanto a!uelas palavras tocavam )undo no seu coraçãoe continuou numa voz sem in)lexão, como se assim pudesse esconder ossentimentos !ue lhe varriam a alma.

os segundos alucinantes do acidente, !uando o carro se desintegrava> minha volta, senti um al3vio inacredit<vel ao compreender !ue minha vidachegava ao )im. . . /ois )inalmente eu )icava livre. . . En!uanto as chamas

cresciam, impedindo'me de ver o !ue se passava ao redor, uma alegriaalucinante tomou conta de mim. $ dor de ter perdido voc& estava prestes a seacabar. "as, !uando conseguiram tirar'me do carro e trazer'me para c<, s6uma coisa, então, importava: eu tinha !ue v&'la a todo custo, não podiacontinuar longe de voc&. (abe meu amor. . . murmurou, levando sua mãoaos l<bios e bei@ando'a , voc& D a pr6pria vida para mim disse, com vozcheia de emoção.

Carla )echou os olhos, atormentada. Ric1 tocou'lhe as )aces e enxugou'lheas l<grimas antes de pux<'la para @unto de seu peito. Ela recostou a cabeça,sentindo sua respiração como uma car3cia !uente.

Lutei muito para não me apaixonar por voc&, Carla, mas desde o

começo tinha consci&ncia de !ue era uma batalha perdida. E eu !ueria perder acrescentou rindo. Voc& sabia !ue na segunda noite de sua estada nacasa de "aureen eu )ui para o aeroporto, disposto a pegar o primeiro aviãoM

Ela se lembrou de !ue, realmente, ele tinha desaparecido por v<rias horasna!uela noite. (egurando a respiração, perguntou:

E alguma vez lamentou não ter )eito issoM ão, meu amor, nuncaN Voc& trouxe alegria > minha vida. $ntes de nos

conhecermos, meu mundo era escuro. Voc& o encheu de luz e cores.Carla sentiu as l<grimas correrem por seu rosto. E de !ue cor D a m<goa !ue lhe causeiM Pgual > da dor !ue eu provo!uei em voc& disse, acariciando'lhe a

cabeça.Ela ouviu as batidas agitadas de seu coração e teve vontade de negar

tanto a con)issão dolorosa !uanto o seu pr6prio pesadelo para evitar !ue ele

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so)resse mais. Ric1, porDm, não lhe deu oportunidade para isso. Com vozpausada, prosseguiu:

Bepois de algum tempo me acostumei tanto com a solidão !ue nãosabia mais como era a vida sem ela. #oi então !ue "ar4 apareceu e acaboucom o meu con)ormismo. ma simples palavra ou gesto !ue lembrassem voc&me atiravam no in)erno. $ saudade voltava a ser uma coisa palp<vel, !ue

acompanhava cada passo !ue eu dava. Burante o dia me surpreendiaprocurando o seu rosto na multidão e, > noite, )icava imaginando !ue voc&estava ao meu lado e !ue era s6 esticar o braço e a tocaria novamente. $ dor)oi crescendo e um dia explodiu. "ar4 estava l<, @unto de mim.

Carla levantou a cabeça e o )itou, !uase perdendo a respiração diante deseus olhos angustiados, !ue revelavam todo o tormento !ue os anos dolorososda separação haviam lhe causado. #oi com muito es)orço e voz soluçante !ueconseguiu balbuciar:

Eu não sabia. . . Eu não sabia. E estendeu o braço para toc<'lo, masRic1 a impediu.

/reciso terminar. Bepois !ue tudo )icar esclarecido n6s superaremos!ual!uer obst<culo !ue ainda ha@a entre n6s.

Embora achando !ue ele @< tinha dito mais do !ue o su)iciente, elaconcordou, como se a!uele relato triste )osse uma penit&ncia !ue ambosdevessem cumprir por se amarem tão pro)undamente.

Logo no in3cio percebi !ue havia cometido um engano com "ar4, pois ausava para preencher o tempo e tentar me convencer de !ue estava livre devoc&. Entretanto, ela me olhava com amor e isso me provocou remorsopro)undo. Eu não !ueria ser a causa da in)elicidade de mais uma pessoa,sobretudo por se tratar de uma criatura excelente, !ue não merecia de )ormaalguma !ue a magoasse. ;< um ano terminamos um relacionamento !ue

nunca deveria ter existido.;ouve um sil&ncio carregado de incertezas en!uanto se contemplavamcom semblante um tanto perplexo. (abiam muito bem !ue se amavam, mas aexperi&ncia lhes demonstrara !ue o amor não era tudo. $ssim como paraalguns se revelava a supremaY alegria, para eles se revelara cheio detormentas atD !uase destru3'los. a verdade ambos se encontravam exaustoscom a luta travada contra um destino cruel e hesitavam em recomeçar.

- !ue vamos )azer agoraM perguntou Carla depois de algunsinstantes.

Ric1 tomou seu rosto entre as mãos e o acariciou. Em seguida abraçou'a,bei@ando'lhe os cabelos.

(er< !ue temos escolhaM disse, emocionado, revelando o !uanto a!ueria. (6 nos resta )icarmos @untos novamente.

Carla sentiu !ue se livrava do peso !ue lhe oprimia o peito. $gora podiarespirar. $ sensação de estar )ragmentada desaparecia e a vida voltava a tersigni)icado.

Em !ue lugarM ela !uis saber, mesmo achando !ue isso erasecund<rio.

-uvi dizer !ue em /uget (ound h< uma ilha onde as pessoas !ue seamam encontram tudo para cicatrizar suas )eridas disse ele segurando'lhe obraço de modo possessivo, e mostrando a necessidade de t&'la @unto de si.

Eu te amo tanto, Ric1NEle a )ez levantar a cabeça e )it<'lo. (eus olhos exprimiam toda a )orça

com !ue a !ueria. Carla sentiu uma vontade imensa de abraç<'lo e um dese@o!ue ia alDm da razão.

T

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(eus seios, coxas, l<bios, seu corpo inteiro correspondia com a mesmaintensidade aos anseios dele. #azia muito, muito tempo !ue haviam se deixadolevar pela paixão atD se sentirem saciados.

Carla, Carla... murmurou ele com uma voz rouca !ue vinha do )undoda alma. (e eu pudesse lhe contar a imensidão da saudade !ue eu sentia. . .

Ric1 estendeu os braços e a tocou nos cabelos, na testa, no rosto, como se

!uisesse se assegurar de !ue sua presença ali era real. Beslizou o dedo porseu pescoço atD alcançar um dos seios. Então, tr&mulo e hesitante, a)agou'lheo mamilo enri@ecido, !ue se insinuava sob o )ino tecido da blusa.

$rrepiada e mal se segurando nas pernas, Carla !uase perdeu o )Jlego. /elo amor de Beus, Ric1, não )aça isso comigo. . .Ele colocou os dedos em seus l<bios, encerrando a s%plica t3mida. /uxou'a

de encontro a si e logo trocaram um bei@o meigo, cheio de promessas demuitos mais.

Eu te amo, Carla murmurou ele.Embora tentasse esconder, sua voz tra3a o cansaço !ue o dominava.

/ercebendo isso, Carla conseguiu convenc&'lo a )icar !uieto e o acalentou, comsuaves car3cias em seus cabelos castanhos atD !ue ele dormisse. (6 então sesentou ao lado da cama, deixando'se invadir por uma onda de )elicidade.

ma hora mais tarde (teve apareceu e se propJs a )azer companhia aRic1. Então ela pJde ir atD o corredor encontrar'se com os tios !ue acabavamde chegar do aeroporto.

?ue coisa boa ver voc&s exclamou, atirando'se nos braços de tioRoger.

Ele a apertou carinhosamente e abaixou a cabeça, encostando o rosto noseu.

Comovida, Carla percebeu !ue as l<grimas enchiam'lhe os olhos.

Ric1 est< )ora de perigo assegurou. - mDdico disse !ue !uando aperna melhorar ele estar< como novo. ão D maravilhosoM E voc&M perguntou ele com olhar cr3tico."aureen passou o braço nos ombros de Carla e disse: -ra, !uerido, voc& sabe muito bem !ue ela vai mentir e dizer !ue est<

6tima. ão !uer ir buscar um ca)D en!uanto n6s duas conversamosM (ua tia ainda acredita !ue pode enganar as pessoas com essa

apar&ncia de implicante. Roger sorriu. Voc& nem imagina como ela est<ranzinza esta semana acrescentou num tom provocador antes de descerpara o re)eit6rio.

"aureen )icou em )rente < Carla e )oi logo dizendoY

$gora !uero a verdade. Como D !ue voc& est<M E continuou, semesperar resposta: ão entendo por !ue não !uis !ue viDssemos antes. ;<uma semana !ue pod3amos estar a!ui a@udando.

Como eu disse ao tele)one, ninguDm mais alDm de (teve e de mimpodia entrar no !uarto de Ric1. Como não sa3 de perto dele, se voc&s tivessemchegado antes, eu não teria condiçKes de dar'lhes atenção. "as não sepreocupem, estou bem. $li<s, 6timaN Ric1 e eu. .

ReataramN exclamou "aureen, abraçando a sobrinha. -h, Carla,!ue not3cia agrad<velN Voc&s não deviam ter se separado. unca vi um casaltão per)eito. Vamos nos sentar. ?uero !ue me conte tudo. -nde vão morarM

Vamos passar uma temporada na ilha. Bepois escolheremos um lugarde)initivo para )ixar resid&ncia.

E a carreira de Ric1M

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/or um segundo, o coração de Carla gelou. Como sempre a velha senhora,com toda a sua experi&ncia, havia tocado no mago do problema. $nsiosa,perguntou:

Voc& acredita !ue ele voltar< a correr depois desse acidente horr3velM$ expressão em seu rosto era uma s%plica muda para !ue a tia a

tran!Oilizasse, dizendo !ue agora Ric1 sossegaria. "aureen, porDm, sacudiu a

cabeça e, tomando'lhe as mãos, indagou solid<ria: Voc&s ainda não conversaram sobre issoM ão, ainda não. $cho !ue deviam )az&'lo disse, com suavidade. osso compromisso m%tuo est< ainda tão )r<gil e eu o amo

desesperadamente. . . ão posso correr o risco de. . . ão se torture. Es!ueça o !ue lhe aconselhei. - )uturo !ue v< para o

in)ernoN Viva o dia de ho@e e cada segundo de )elicidade. Beus sabe como voc&merece isso.

$ manhã passou bem mais depressa do !ue todos dese@avam. $ssustada,Carla percebeu !ue não lhe restava muito tempo para )icar ali. ão !ueria irembora antes !ue Ric1 acordasse.

$gora !ue ele @< estava )ora da 2P não havia mais @usti)icativa para adiara ida > ilha. ?uando ela assumira a direção da aleria Co'-p de $rtistas osneg6cios estavam > beira da )al&ncia e agora iam de vento, em popa. -sartistas @< haviam se acostumado a contar com os lucros, embora pe!uenos, esem esse dinheiro ganho durante o verão alguns não poderiam en)rentar oinverno. /recisava )azer essa viagem, pois eles con)iavam nela.

Carla tinha deixado a galeria sob cuidados de "aggie e *e)) 0imson, seusvizinhos e amigos mais chegados da ilha. Eles eram artistas e, h< !uase doisanos e meio, < havia levado para conhecer a lo@a, !ue corria o risco de ser

)echada por )alta de uma ger&ncia ade!uada. Caso isso acontecesse, muitosdos artistas )icariam sem condiçKes de sobreviv&ncia.;avia lhes tele)onado v<rias vezes para saber como iam <s coisas. E,

embora o casal lhe assegurasse !ue tudo ia bem, sentia uma ponta de culpapor saber !ue eles estavam perdendo com a galeria um tempo preciosa, !uepoderia ser dedicado aos seus trabalhos particulares.

Est< !uase na hora de eu ir embora disse aos tios. $ntes !uerodizer !ue voc&s são uns amores por terem vindo de tão longe s6 para mesossegar. Ric1 não sabe !ue pedi para !ue )icassem com ele en!uanto estou)ora. Bisse'lhe apenas !ue tio Roger precisava participar de uma convençãoem $naheim.

E voc& acha !ue ele acreditouM perguntou "aureen, rindo. E por !ue nãoM replicou Carla. Ele sabe !ue detesto esse tipo de reunião explicou Roger. $inda

recentemente conversamos sobre isso e @urei @amais pJr os pDs emsemelhantes lugares.

$gora entendo o olhar dele !uando lhe )alei sobre isso disse ela,desapontada.

Voc& )inalmente conseguiu entrar em contato com seus sogrosM perguntou "aureen mudando de assunto.

?uando os localizei em /erth, na $ustr<lia, Ric1 @< tinha passado doponto cr3tico e achei !ue era bobagem, eles virem atD a!ui. Creio !ue )oimelhor assim. unca deram muita atenção aos )ilhos, e não h< a)inidadenenhuma entre eles.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Carla se ressentia muito com tudo isso, por!ue, embora negasse, Ric1)icara magoado ao saber !ue os pais não vinham visit<'lo. esse momento(teve apareceu no corredor e )oi logo avisando:

Est< na hora de voc& ir embora, Carla. Ric1 acordouM ela !uis saber. ão, mas acho bom acord<'lo. Ele vai )icar muito triste caso não a ve@a

antes de voc& partir.Bepois de se despedir dos tios e do amigo, ela se encaminhou para o!uarto do marido. o caminho ouviu alguDm !ue a chamava. Virou'se e viuuma en)ermeira com uma cesta bem grande, cheia de cartas.

(ra. #leming, a!ui est< < correspond&ncia de ho@e, !ue ainda nãodiminuiu nem um pouco. . . $h, e, por )avor, diga a seu marido !ue as criançasadoraram as )lores. inguDm @amais se lembra de mandar )lores para elas!uando estão num hospital. -s cartKes !ue vieram @unto estão embaixo.

ão se preocupe, darei o recado. (e não )or contr<rio aos regulamentosdo hospital, acho !ue meu marido gostaria muito de visitar a en)ermaria dascrianças, antes de ir embora.

$h, isso seria 6timoN Elas )icariam encantadas."esmo depois de ter testemunhado in%meras mani)estaçKes dos

admiradores de Ric1, Carla sempre se espantava !uando as presenciava, poisele nunca as encora@ara. $ %nica coisa !ue )azia era dirigir um carro de corridascom mais sucesso do !ue !ual!uer outro, ser vivo.

AVivoA, pensou assustada. $ vida de Ric1 tinha estado por um )io e s6 pormilagre seu nome não se @untara aos de Clar1, ReventloU, Revson, Villeneuve. .. ;omens tão @ovens e de )uturo tão promissorN

Carla sacudiu a cabeça como se !uisesse a)astar os pensamentosnegativos !ue a atormentavam. (orrindo, agradeceu > en)ermeira e seguiu seu

caminho, levando a cesta de correspond&ncia.Chegando ao !uarto, olhou rapidamente os envelopes e descobriu umenviado por seu antigo che)e, homem muito simp<tico, de cabelos grisalhos eum sorriso permanente nos l<bios, com !uem )izera amizade desde a Dpocaem !ue trabalharam @untos.

Compreensivo e atencioso, ele a a@udara a manter o emprego por umlongo per3odo.

Lembrou'se dos tempos de recDm'casada, !uando tivera !ue en)rentar otrabalho e a agitação das corridas de Ric1, !ue a levavam, de avião, aos !uatrocantos do mundo. (ua vida era, então, um moto'cont3nuo, muito excitante,cheia de desa)ios, encantos e, acima de tudo, amor.

$tD !ue um dia acontecera o acidente com 0obb4, o irmão !ue, numa)am3lia de cinco rapazes e uma menina, havia sido o seu pre)erido. Recordava'se dele !uando tinha sete anos e era o menino mais )eio do !uarteirão: ruivo,sardento e sem os dentes da )rente.

E como tinha )icado bonito depois !ue cresceraN Pnteligente e estudiosoterminara os estudos com brilhantismo, mas desistira de um )uturo promissorpara ser piloto de carros de corrida...

CarlaM Est< se sentido bemM perguntou Ric1, com o olharpreocupado.

- !u&M disse ela, levantando a cabeça. $conteceu alguma coisaM /arece'me tão pensativa. . . ão mentiu, )orçando um sorriso. Estava s6 pensando no tempo

!ue voc& vai gastar para responder a estes cartKes. 2enho a impressão de !uetodo mundo no pa3s gosta de voc& e !uer v&'lo recuperado logo.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

E voc&, o !ue dese@a para mimM Ric1 acenou'lhe para !ue chegassemais perto.

$inda bem !ue ele estava ali para a@ud<'la a a)ugentar os pensamentossombrios.

Com mal3cia, respondeu: ?uero !ue voc& saia desta cama e v< para a minha.

-h, mulher tentadoraN exclamou, puxando'a pela nuca ao seuencontro.(eus l<bios se tocaram, e os anos de dese@o e de saudade estimularam os

sentidos, deixando'os o)egantes. Ric1 suplicou'a. Voc& precisa ser )ortes por n6s dois precisa me

[email protected] segurou seu rosto com as mãos, acariciando'lhe as )aces !ue tinham

)icado vermelhas. unca )iz nada tão di)3cil na minha vida. Cada parte do meu corpo

anseia por voc&. Bepois de tantos anos de solidão. . . "eu Beus, Carla, duvido!ue saiba o !ue me custa deix<'la ir embora.

0ei@ou'lhe novamente os l<bios e murmurou: Volte logo, meu amor, não me deixe s6 por muito tempo.

CAPÍTULO V

Carla chegou a $nacortes a tempo de pegar a %ltima balsa !ue )azia a

ligação entre as ilhas. En!uanto passeava pelo tombadilho, com uma x3cara dech< na mão, ia pensando nas vidas mais longas !ue muitos dos passageirosteriam pelo simples )ato de )azerem diariamente a!uele tra@eto mar3timo. 2rabalhavam na cidade e para chegar l< precisavam utilizar o transportemoroso da balsa !ue servia a região de /uget (ound. ão importa as lutas !uetinham de en)rentar durante o dia e as correrias t3picas da cidade, < volta paracasa atravDs dos canais sinuosos, !ue lembravam os )iordes da Escandin<via,devolvia'lhes a paz de esp3rito. $ beleza das margens cobertas de bos!ues depinheiros acalmava a pessoa mais nervosa e a aparição espor<dica de umabaleia era uma experi&ncia ines!uec3vel. -s, ilhDus costumava dizer !ueninguDm seria capaz de )icar imune aos encantos da região. $tD o ar tinha umaroma di)erente, resultante da mistura do cheiro do mar com o da vegetaçãodensa. Biziam !ue era tão inebriante como um vinho selecionado.

?uando, h< tr&s anos, chegara >s ilhas, sentindo'se pro)undamentemagoada, Carla encontrara ali o re)%gio de !ue necessitava. - povo, aserenidade e a beleza indescrit3vel envolveram'na como um manto protetor.inguDm lhe perguntara o por!u& de sua vinda, mas apenas por !uanto tempopodiam contar com a sua companhia.

Encostou'se na amurada e, impulsivamente, tirou a echarpe, deixando!ue o vento agitasse os sedosos cabelos loiros !ue lhe ca3am atD os ombros.Bistra3da, passou os dedos por eles, tentando assentar os )ios dourados. $

echarpe esvoaçava e, olhando'a, percebeu num dos cantos a mesma eti!ueta!ue havia na de "ar4 Bavies. . . /or !uanto tempo suportaria a perda de Ric1Mns poucos anosM $ vida todaM

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

/ensativa, Carla desviou o olhar para os veleiros en)ileirados na enseadada ilha pela !ual passavam e observou as gaivotas !ue sobrevoavam a região.(er< !ue Ric1 se sentiria )eliz ali entre a!uelas coisasM m medo s%bito )ezcom !ue tremesse. (abia !ue ele tambDm seria envolvido pelos encantos dolugar, mas isso signi)icaria )elicidadeM ?uanto tempo levaria atD !ue elecomeçasse a se impacientar com toda essa calmaM

$)astou'se da amurada, irritada consigo mesma por ter se deixado levarpor pensamentos negativos. ;< muito !ue não )azia isso. ão permitiria, agora!ue reencontrara a alegria de viver, !ue essas idDias sombrias surgissem denovo e se propJs a continuar sendo )eliz. *urou !ue se agarraria a essa)elicidade com todas as suas )orças, como alguDm !ue tivesse escapado damorte. Be certa )orma, tambDm estava tendo uma segunda oportunidade e iriaaproveit<'la ao m<ximo, em vez de destru3'la com d%vidas in)undadas.

?uando a balsa começou as manobras no canal Bavenport, Carla voltou >amurada e )icou nas pontas dos pDs assim !ue ultrapassaram o %ltimopromont6rio e avistaram a ilha de ?uiller. Entretanto, não conseguiu enxergarseu chalD, !ue se localizava na enseada.

"as, como sempre, a visão da cidade encheu'a de alegria. $mava a!uelelugar. $li havia, alDm do encanto natural, um grande calor humano. $s leismodernas de zoneamento nunca )oram observadas com rigor. V<rios anosatr<s, comerciantes de ampla visão compreenderam !ue, para )azer com !ueos turistas voltassem todo verão, deviam o)erecer algo di)erente das outraslocalidades. Era preciso preservar com cuidado a hist6ria da região sem, noentanto, negligenciar o lado comercial. Em vez de manterem uma parte sob onome de Acidade antigaA com uma ou duas ruas dedicadas ao passado,"artenFs Cove permaneceu com sua <rea comercial e residencial intercalada,como era a tradição do lugar h< cerca de cin!Oenta anos.

- resultado, sob o ponto de vista tur3stico, )oi muito alDm da expectativa.Burante a temporada, muitos veranistas lotavam a ilha, proporcionandoempregos lucrativos, especialmente aos estudantes. - espaço para ancorar umbarco no porto custava agora um preço exorbitante.

"as talvez a melhor coisa em "artenFs Cove )osse o tipo de turistas !ueatra3a. $s pessoas !ue, sozinhas, se davam ao trabalho de descobrir a!uelelugar escondido e voltavam mais tarde possu3am um encanto todo especial.Era imposs3vel classi)ic<'las em grupos ou pela sua posição social e econJmica.

$li não havia crimes ou desordens, mesmo !uando a cidade se encontravarepleta.

Era comum !ue os visitantes escrevessem cartKes de agradecimentos >

pre)eitura, aos hotDis ou mesmo >s lo@as. o in3cio, Carla pendurava num!uadro, na galeria, os cartKes !ue recebia, mas logo descobriu !ue precisariade muito espaço se !uisesse guardar todos.

#oram esses cartKes !ue lhe deram a idDia de como )azer os seus, noatal. $lDm da mensagem convencional, ela tinha acrescentado o nome dosartistas !ue estariam vendendo seus trabalhos na galeria na temporadaseguinte.

$ balsa aproximou'se da doca e Carla avistou no alto da colina, isolado, oprDdio em estilo vitoriano da galeria. $nsiosa, dirigiu'se para a escada desa3da.

En!uanto caminhava atravDs dos poucos !uarteirKes !ue levavam atD alo@a, repassava mentalmente a lista de coisas !ue precisava )azer antes devoltar para o lado de Ric1.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

(6 de pensar no nome dele seu coração disparava. /arecia um sonho do!ual não iria despertar. (entia'se como uma adolescente preparando'se para oseu primeiro encontro com o namorado.

Com um sorriso, entrou na galeria, e "aggie veio ao seu encontro. /arece !ue viu passarinho verde disse'lhe a amiga, satis)eita, depois

de abraç<'la. Voc& est< radianteN

$s duas eram um exemplo vivo do provDrbio popular !ue dizia !ue osextremos se atraem. $ssim !ue se conheceram, sentiram uma pro)undasimpatia m%tua. "aggie era morena, com olhos e cabelos escuros, eemocionalmente irre!uietos. Carla, ao contr<rio, tinha a pele clara, cabelosloiros e possu3a temperamento tran!Oilo. "as descobriram imediatamente !uese compreendiam como se )ossem g&meas. "aggie era a irmã !ue Carla nãotivera.

Espere atD conhec&'lo, "aggie, e a3 voc& compreender< disse ela,tentando explicar a razão de sua alegria.

Beixe'me )echar a lo@a e no caminho voc& me contar< tudo sobre Ric1#leming.

Carla )oi atD a @anela dos )undos, !ue dava para o estacionamento, ecomentou:

ão estou vendo o seu carro. *e)) vem busc<'laM Vem, sim. Então por !ue não tele)ona para ele e diz !ue eu a levo na

caminhoneteM 0oa idDia. Vou ver se ele ainda não saiu. *e)) ainda estava em casa e, encantado com a volta de Carla, convidou'a

para comer o assado !ue havia preparado.Ela aceitou o convite com alegria e pJs'se a a@udar a amiga nas tare)as de

)im de dia.Contou os recibos e colocou as vendas no livro'caixa antes de som<'las >scontas individuais dos artistas. ?uando )azia os lançamentos )icou )eliz ao ver!ue, en!uanto estivera em Los $ngeles, uma a!uarela de "aggie )ora vendidae a encomenda de uma baleia, esculpida em bronze por *e)), tinha sido)inalmente apanhada e paga pelo restaurante 0aleeiro. -s dois che!uesa@udariam o modesto orçamento dos amigos.

/rontoM perguntou "aggie, vindo do dep6sito com a bolsa e a malha. (im, senhora. Vamos embora.$ caminho do estacionamento, resolveram !ue a hist6ria de Ric1 s6 seria

contada na presença de *e)), para não ser preciso repeti'la. Carla dirigiu a velha

caminhonete, de mais de !uinze anos, pelos !uase cinco !uilJmetros atD seuchalD, passando r<pido por todos os buracos, )azendo'a sacole@ar.

(e eu )osse o motor desta coisa me negaria a pegar de manhã paravoc& disse "aggie, segurando'se no painel.

Esta caminhonete e eu nos entendemos muito bem. ão mexo em nadada parte mecnica e ela rosna como um gatinho amigo a)irmou sorrindo.

atinhoMN - barulho !ue ela )az mais parece o rosnar de um leão velhoe desdentado.

"orda a l3ngua. Este ve3culo D um exemplo da dedicação da ind%striaautomobil3stica aos clientes !ue t&m um s6 carro a vida toda brincou,)ingindo'se brava.

$s duas riram alegres, ao mesmo tempo em !ue Carla não conseguiaevitar outro buraco. Era incr3vel como dirigia mal.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

/araram no chalD para !ue ela pudesse lavar o rosto e trocar de roupa. 2irou o con@unto de saia e blusa cor de vinho e vestiu calça @eans e malha.En!uanto isso, "aggie procurava nos arm<rios da cozinha uma garra)a devinho !ue Carla guardara desde o @antar do Bia de $ção de raças.

BesistoN gritou ela da cozinha. -u voc& a escondeu muito bem enunca mais vai ach<'la ou então bebeu tudo e se es!ueceu. $!ui não est<.

Em resposta, Carla )oi direto ao arm<rio !ue havia sobre a geladeira, ondea amiga @< havia revistado tr&s vezes e, de dentro de uma lata vazia demantimentos, tirou uma garra)a de Chenin 0lanc. "aggie resmungou:

(em coment<rios.Bepois de pegarem a bebida e uma lanterna para serem usadas na volta,

elas começaram a subir o morro !ue )icava atr<s do chalD, em direção > casados 0imson.

os %ltimos tr&s anos, Carla, "aggie e *e)), com as idas e vindas,terminaram por )azer uma trilha !ue ligava as duas moradias. Embora <distncia )osse uns, oitocentos metros eles pre)eriam percorr&'la a pD, por!uea estrada dava uma volta muito grande, alDm de ser pDssima e de terra. Essaera uma das razKes pelas !uais mais ninguDm morava por l<, e !ueproporcionava a privacidade de !ue tanto gostavam. $ trilha serpenteava pelobos!ue de pinheiros, acarpetado de samambaias. Be vez em !uando haviauma clareira !ue permitia a visão espetacular do mar, da ilha vizinha aBavenport e das montanhas -l3mpicas.

Logo !ue chegara > ilha, Carla ad!uirira o h<bito de diariamente admirar opJr'do'sol ali do topo do morro. Ws vezes ele era dourado, outras de um tomocre ou então de variaçKes entre rosa e roxo. #ora numa ocasião dessas !ue)icara conhecendo os amigos.

$gora, porDm, conversando animadas, as duas não davam a menor

atenção ao colorido do sol poente. *< começavam a descer pelo outro lado domorro !uando Carla parou, )azendo sinal para !ue "aggie se calasse. Bealgum ponto pr6ximo, escondido na ramagem do bos!ue, vinha o ru3do de umanimal !ue parecia segui'las. (ilenciosas, retomaram a caminhada. - barulhoaumentou. $ndaram depressa e encontravam'se a menos de cin!Oenta metrosda casa !uando um lobo deixou a proteção dos arbustos, avançou em direçãoa Carla, !ue gritando começou a correr. "as poucos metros adiante, o animal aalcançou, atirando'se sobre ela com todo o seu peso. *ogados ao chão rolarammorro abaixo e, antes !ue pudesse impedi'lo, Carla teve o rosto molhado porsuas lambidas.

0alançando a cabeça em sinal de desaprovação, "aggie os seguiu,

apanhando a garra)a de vinho e a lanterna !ue haviam ca3do no chão. Esse D o tru!ue mais bobo !ue alguDm pode ensinar a um animal.

raças a Beus, Carla, ele s6 )az isso com voc&. *< imaginou essa brincadeiracom a (ra. /ahlbergM perguntou rindo.

Essa senhora vivia implicando com o )ato de "aggie e *e)) terem em casaum lobo domesticado. E não )azia a menor cerimJnia em critic<'losabertamente. Censurava'os com veem&ncia por levarem (ir alahad paravisitar as salas de aula das escolas da redondeza, com o ob@etivo de tentarmudar a pDssima imagem !ue os lobos tinham. $ (ra. /ahlberg, porDm, estavaconvencida de !ue um belo dia (ir alahad voltaria ao estado primitivo deselvageria e então ninguDm mais estaria seguro na ilha.

$ porta da casa se abriu e *e)) apareceu, vestindo calça ca!ui e umacamisa xadrez vermelha e preta !ue lhe emprestava o ar de um )orte lenhador.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

#az algum tempo !ue (ir alahad deu o sinal de !ue voc&s vinhamchegando. /or !ue demoraram tantoM Vamos entrar disse, abraçando asduas ao mesmo tempo. - @antar @< est< pronto.

- cheiro est< delicioso e eu morta de )ome declarou Carla.(entaram'se > mesa e comeram com grande apetite. ?uando terminaram,

"aggie sugeriu !ue )ossem tomar o resto do vinho no terraço. ZBepois de

acomodados nas cadeiras con)ort<veis e com o lobo deitado no tapete *e))levantou o copo e propJs um brinde: W nossa !uerida CarlaN ?ue a )elicidade !ue trouxe de volta a alegria de

seu olhar se@a para sempre. E a voc&, meu amor acrescentou em direção >esposa , !ue essa mesma alegria e brilho !ue seus olhos revelam cada vez!ue me )ita nunca desapareçam dese@ou terno e emocionado.

$s duas @ogaram'lhe um bei@o e todos tomaram um gole da bebida. Eleentão continuou:

E agora, Carla, conte'nos tudo sobre esse seu homem. 0em disse ela, sem saber por onde começar , imagino !ue voc&s

saibam !uem D Ric1 #leming. -ra, minha cara, a )ama dele D universal. $tD os !ue não apreciam o

automobilismo @< ouviram )alar no nome dele. E desde !uando voc&s sabem !ue ele e eu somos. . . CasadosM $h, !uase desde o começo. a verdade, voc& s6 se re)eriu a

ele uma vez, mas havia a marca do anel em seu dedo. #oi )<cil imaginar averdade.

"as voc&s nunca me disseram nadaN Era evidente !ue voc& não !ueria intromissão em sua vida particular,

não D mesmoMCarla )itou os amigos. *e)) possu3a um )3sico avanta@ado, )artos cabelos

loiros e mãos enormes, !ue pareciam rudes, mas !ue, no entanto, eramcapazes de esculpir um bei@a')lor delicad3ssimo. "aggie, uma criatura de poucomais de um metro e meio de altura, mas um poço de energia conservava oscabelos pretos cortados bem curtinhos para não dar trabalho. Conseguiatransportar uma cena na )loresta ou uma tempestade no mar para a!uarelaslind3ssimas, !ue eram disputadas pelos )regueses da lo@a da galeria.

Esses dois amigos, no verdadeiro sentido da palavra, tinham esperado tr&sanos para saber a razão pela !ual ela necessitara de seu aux3lio, comdesespero, !uando chegara > ilha. Era tempo de contar'lhes o !ue haviaescondido por tanto tempo.

?uando Ric1 e eu nos conhecemos, h< sete anos, eu não )azia idDia de

!uem ele era. E, desde então, sua )ama continuou crescendo desmesuradamente. Eu, por minha vez, não entendia nada de automobilismo para )icarimpressionada. Bepois do nosso casamento, entrei para um mundo estranho edesconhecido. Ws vezes tinha a impressão de !ue vivia no meio da )antasia e,em outras ocasiKes, numa realidade intensa demais disse, parando depois,como se tentasse se lembrar de tudo o !ue modi)icara sua vida.

/assados alguns segundos, retomou o )io da hist6ria: o in3cio, eu considerava Ric1 uma pessoa comum. $ primeira vez !ue o

acompanhei a um aut6dromo )i!uei chocada com a badalação de !ue ele eraalvo. Bevo ter passado o tempo todo bo!uiaberta. -bservei'o para ver se tantaatenção modi)icava seu comportamento, mas não, ele continuava o mesmo desempre. aturalmente, eu @< tinha presenciado outras mani)estaçKes deadmiradores, mas não tão exageradas e intensas como as da!uele dia.

/arou para sorver um gole de vinho e, então, prosseguiu:

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ão posso descrever com precisão os sentimentos !ue me invadiramna!uela tarde. $lDm da excitação dos preparativos, a prova )oi emocionante. 2rinta carros alinhados, em )ormação cerrada, dando voltas na pista > espera!ue a bandeira verde baixe )inalizando a corrida, provocavam uma tensãoenorme. "esmo para alguDm !ue desconhecia o assunto, o espet<culo eraindescrit3vel. "inha cadeira )icava num lugar privilegiado, de onde eu podia ver

os carros passarem bem em )rente como manchas coloridas e barulhentas.ão conseguia entender a velocidade em !ue corriam e nem como alguDmpodia dirigi'los na!uela situação, mas era o !ue )aziam. Bepois cheguei a ver)ilmes !ue mostravam ocasiKes em !ue acidentes graves )oram evitadosgraças >s reaçKes r<pidas e imediatas dos pilotos.

Com o olhar perdido e em voz muito baixa, continuou: ?uando a corrida acabou e o carro de Ric1 )oi levado para o lugar do

vencedor, ele se recusou a receber o tro)Du ou a aceitar champanhe atD !ue euchegasse ao seu lado. $mbos levamos um banho da bebida, !ue estragou meuvestido de seda. ão me importei, mas ele insistiu, mais tarde, em compraroutro exatamente igual. E assim )oi a minha apresentação ao mundo de meumarido.

/uxa, e !ue apresentaçãoN exclamou *e)). /ois D eu nem podia imaginar !ue existisse algo tão emocionante. Era

mesmo uma novata no assunto. Como se isso não )osse su)iciente, estava meadaptando > vida de casada e tentando manter o emprego. $cabara de me)ormar em administração de empresas e tinha conseguido colocação numa boa)irma, antes mesmo de sair da )aculdade. Ric1 insistiu para !ue continuassetrabalhando. . .

(abe !ue n6s sempre nos perguntamos como D !ue voc& haviaad!uirido tanto tino comercialM interrompeu "aggie.

$ verdade D !ue Ric1 )icou impressionado com o meu es)orço paraconsolidar uma boa posição na empresa. /or isso )ez !uestão de !ue eu nãoabandonasse a carreira. $chava !ue, se o )izesse, mais tarde poderia mearrepender e isso acabaria pre@udicando nosso relacionamento.

Carla sorriu triste com a ironia do !ue dissera. Be vez em !uando eu me !ueixava por ter !ue via@ar tanto de avião.

Pmaginem ir assistir a uma corrida l< longe, não sei onde, e voltar >s pressaspara trabalhar. Ric1, porDm, não mudava de idDia. m dia ouvi dois amigosseus comentando o sacri)3cio !ue ele )azia ao voar toda hora atD Los $ngeles,para )icar comigo en!uanto eu trabalhava. $3 nunca mais reclamei de nada.

/arece !ue voc& e Ric1 se davam muito bem observou "aggie.

em digaN murmurou Carla, o olhar perdido na silhueta escura dailha Bavenport, no outro lado do canal. Era tudo muito per)eito, talvezper)eito demais... *< est<vamos casados h< dois anos !uando 0obb4, meuirmão caçula, terminou a )aculdade. Besde o instante em !ue conheceu Ric1,sentiu enorme admiração por ele. (empre !ue podia acompanhava'o >s pistas.(6 mais tarde D !ue )i!uei sabendo o !uanto ele atormentava Ric1 para !ue oensinasse a correr tambDm. "as nunca conseguiu nada, a não ser a promessade !ue o assunto seria discutido !uando ele terminasse os estudos. $ssim !uese )ormou, 0obb4 cobrou a promessa e não houve como dissuadi'lo da idDia.

Carla, o sobrenome de 0obb4 era 2hompsonM *e)) perguntou comsuavidade.

Ela sacudiu a cabeça a)irmativamente, e seus olhos se encheram del<grimas.

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Então não precisa contar o !ue houve. 6s sabemos. Beve ter sidoextremamente doloroso para voc&. . .

;esitante e escolhendo as palavras, Carla continuou: /ara alguDm !ue nunca havia en)rentado a morte de um ente !uerido a

experi&ncia )oi !uase intranspon3vel. $cho !ue culpava Ric1 pelo acontecido,mas, na ocasião, não sabia disso. [ bem da verdade, nem agora entendo

direito o !ue se passou comigo. ?uando penso na!ueles meses de so)rimento,tudo se embaralha na minha mente. /erdi toda e !ual!uer ligação com os )atose com a pessoa !ue eu era antes. Be tudo o !ue aconteceu, nada parece real anão ser a dor, !ue )icou intacta. E eu acabei deixando Ric1. . .

Carla, voc& não precisa nos contar isso interrompeu a amiga,penalizada.

Eu sei respondeu, vendo a preocupação estampada no rosto de"aggie e *e)). "aggie, eu !uero contar. 2alvez isso me a@ude a compreendermelhor o !ue )iz. ão sei como pude abandon<'lo, se o amava com tantaintensidade. Embora não tenha es!uecido os argumentos !ue usei na Dpoca,devo con)essar, com sinceridade, !ue não consigo mais entend&'los.

(uspirou, antes de terminar > con)issão: Lembro'me de ter )icado sentida por Ric1 continuar correndo. $chava

!ue ele devia desistir depois do !ue tinha acontecido. 2entei me convencer de!ue, se realmente me amava, ele devia perceber o so)rimento pelo !ual eupassava cada vez !ue ele tomava parte numa prova. - pior D !ue nunca lhedisse nadaY esperava !ue adivinhasse. unca admiti isso a ninguDm, s6 a mimmesma, e isso bem recentemente.

Carla, talvez eu pudesse a@ud<'la, explicando alguma coisa disse *e)),tomando'lhe a mão.

ão acho !ue ho@e se@a um bom dia para isso, meu !uerido inter)eriu

"aggie. *< D tarde e ela est< exausta. 2em razão concordou ele, sorrindo. *e)) e (ir alahad acompanharam'na atD o topo do morro. L<, Carla insistiu

em continuar sozinha, mas eles )icaram esperando atD v&'la entrar no chalD.?uem bom estar em casa. Ela percorreu os cJmodos bem con)ort<veis,

embora simples, pensando o !ue Ric1 acharia deles. /rovavelmente iria gostar.$inda !ue acostumado a certo luxo, ele detestava ostentação.

AEngraçadoA pensou Avivi tanto tempo a!ui e agora a casa me parecemuito vaziaA.

(entiu novamente a saudade !ue a atormentava desde a separação deRic1. (er< !ue era verdade !ue iriam se unir novamenteM $tD agora ela não

!ueria aceitar a possibilidade, com medo de se desiludir depois. 2omou um banho relaxante, vestiu a camisola e deitou'se sob o

acolchoado macio.Lembrou'se das noites em !ue não conseguira dormir na!uela cama,

chamando por Ric1 atD !ue o dia amanhecesse. ?uantas vezes não havia idoatD o terraço olhar as estrelas e imaginar se ele tambDm as estaria vendo dealgum lugar do mundoN 2entou se lembrar novamente dos sentimentos !ue alevaram a abandonar o marido. $gora eles pareciam sem valor algum secomparados > dor !ue tinham provocado. ão )ora s6 a agonia !ue ela pr6priapassara, mas tambDm o in)erno a !ue o tinha condenado. Enterrou a cabeça notravesseiro, num es)orço vão para não se lembrar das palavras de Ric1:

A(enti um al3vio inacredit<vel ao perceber !ue minha vida estava no)im... #inalmente eu )icaria livre...A

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Como ela podia ter sido tão cega, não percebendo o !ue a separaçãocausaria a eleM

unca duvidara do seu amor. (er< !ue apenas tentara castigar Ric1 pelamorte de 0obb4M (entiu um cala)rio. /elo amor de Beus, @amais issoN (abia !uenão conseguiria viver em paz com sua consci&ncia se essa )osse < verdade.

Bepois de longas horas de exame minucioso e sincero de seus

pensamentos, ela )inalmente adormeceu.Carla acordou, na manhã seguinte, com uma )orte dor de cabeça e umavontade incontrol<vel de ouvir a voz de Ric1. Levantou'se, vestiu um robe e )oiprocurar na bolsa o n%mero do tele)one do hospital. Biscou e, en!uantoesperava !ue completassem a ligação, esvaziou a bolsa em cima da mesa, >procura de um analgDsico. $ssim !ue Ric1 atendeu, porDm, es!ueceu'seimediatamente da dor.

Como vaiM perguntou, sentando'se numa cadeira. "uito solit<rio, e voc&M /erdida numa terra conhecida. "as !ue romnticaN disse ele, )eliz. Voc& não perde por esperar. 2enho milhKes de coisas romnticas para

lhe dizer. $cabar< atD se cansando delas. Psso nuncaN Eu gostaria atD de ouvir voc& ler a lista tele)Jnica, s6 pelo

prazer !ue sua voz me causa. ?uando voc& vemM Volto de avião, amanhã > noite. Eu te amo, Carla. Eu te amo, Ric1.- dia passou depressa, em meio a muita atividade. Carla arrumou outra

pessoa para tomar conta da galeria, deixando "aggie e *e)) um pouco maislivres, pois s6 precisariam ir l< ao )im do dia para )echar o caixa. 2ambDm

conseguiu marcar hora com o contador, para preparar a auditoria !ue serialevada a cabo em breve. #icou !uase toda a tarde atualizando acorrespond&ncia e, !uando percebeu, o expediente tinha chegado ao )im.

Então correu atD uma lo@a do outro lado da rua para comprar umacJmoda. Ric1 precisaria de um lugar para pJr suas roupas.

a manhã seguinte, o m6vel )oi entregue !uando Carla @< estava de sa3da.- !uarto )icou um pouco atulhado, mas, alDm de %til, a!uele arm<rio antigoera lindo e valioso. $ decoração da casa s6 a havia interessado durante aDpoca de recDm'casados e, mesmo assim, dava pouca atenção ao assunto. (uavida era tomada por coisas bem mais importantes, como a proximidade deRic1, seu constante dese@o de estar @unto a ele, de am<'lo, de ser possu3da e de

sentir'se dese@ada.(er< !ue ainda saberiam )azer amor com a mesma paixãoM(orriu, ao pensar nisso, e partiu disposta a terminar tudo o !ue tinha a

)azer. W noite, iria )inalmente ao encontro do amor.$s semanas !ue se seguiram )oram de uma atividade )ebril para Carla. $

espera intermin<vel pela alta de Ric1 havia se trans)ormado num sem )im decoisas !ue não podiam ser adiadas. Voltou mais duas vezes > ilha de ?uiller ea@udou na preparação da galeria para o a)luxo de turistas !ue estavam prestesa desembarcar l<. #oi tambDm com (teve atD /hoenix, para )echar oapartamento de Ric1, e durante o tempo !ue )icou no hospital precisoucontrolar a )ila imensa de visitas !ue insistiam em v&'lo.

$lguns dias depois de ele ter sa3do da 2P @< não havia oportunidade paraos dois discutirem o )uturo. o )inal, a )rustração era tão grande !ue Ric1conseguiu convencer os mDdicos a lhe darem alta, mais cedo. /recisou

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

prometer !ue, durante v<rias semanas, iria repousar bastante e ser bemcuidadoso.

En!uanto ele assinava a papelada de sa3da, na administração do hospital,Carla )oi atD a )arm<cia comprar um analgDsico !ue o mDdico receitara para ocaso de ele ser acometido de dores muito )ortes. (abia muito bem !ue ele @amais o tomaria. ?uando voltou e o encontrou viu a )uncion<ria entregar'lhe

um envelope grande.Ric1 abriu'o e despe@ou o conte%do na escrivaninha. Eram as coisas !ueele estava usando ao entrar no hospital. Carla reconheceu o rel6gio !ue lhedera no primeiro atal !ue passaram @untos. "as, !uando viu a corrente !ueele usava > volta do pescoço, teve !ue su)ocar um grito. - cordão traziapendurada sua aliança de casamento, !ue ela havia devolvido h< tr&s anos,a)irmando não mais !uerer us<'la. En!uanto se a)astava para esper<'lo do ladode )ora, viu'o passar a corrente pela cabeça e en)i<'la dentro da camisa.

(teve levou'os ao aeroporto. Carla J )ez prometer !ue logo iria visit<'losna ilha. Ele disse !ue @amais perderia a oportunidade de provar o )amososalmão das <guas de /uget (ound.

Bepois da viagem de avião atD (eattle, alugaram um carro para )azer otra@eto de l< a $nacortes, e !ue durava hora e meia. #inalmente tomaram abalsa !ue os levaria > ilha.

Em pD, perto da amurada, e com a cabeça reclinada no peito de Ric1,Carla sentia um prazer enorme ao ver como a!uele lindo lugar oimpressionava. Respirando pro)undamente, ele disse:

?ue recanto maravilhosoN unca vi um cen<rio !ue inspirasse tantapaz. Entendo agora por !ue voc& veio para c<.

- tempo, a!ui, >s vezes muda rapidamente. Est< vendo a!uelas nuvensl< no oesteM Em poucas horas podem chegar atD a!ui e provocar o maior

aguaceiro. Essa impossibilidade de previsão meteorol6gica não AumedeceA o nimodos turistasM

AmedeceAM Eu tinha !uase me es!uecido desse seu @eito de usar aspalavras de maneira meio estranha.

$inda bem !ue sua perspic<cia continua a mesma. I uma de suas!ualidades !ue mais aprecio.

E as outrasM 0em, deixe'me ver. . . disse ele, abraçando'a. Bepois completou:

ão, as outras eu não vou dizer agora, deixarei para mais tarde. /retendopassar horas apreciando'as.

(uspirando, contente, Carla deixou o olhar se perder no per)il de$nacortes, !ue se distanciava. Recostada em Ric1, segurou'lhe a mão. umsil&ncio )eliz, )izeram o resto da viagem atD "artenFs Cove.

Besembarcaram e eles )oram atD a galeria apanhar a caminhonete. Carla!ueria dar uma volta e mostrar um pouco da cidadezinha a ele. - sol @< sepunha, colorindo o poente.

esse momento D !ue ela notou como Ric1 estava cansado. /reocupada,tentou convenc&'lo a esper<'la en!uanto ia ao estacionamento do prDdio, masele insistiu em acompanh<'la.

Carla admirou'se de s6 encontrar l< a perua de "aggie e *e)) com umpedaço de papel preso sob o limpador de p<ra'brisa. $panhou'o e viu !ue eraum bilhete da amiga.

Bizia o seguinte: ACarla, !uerida, achamos !ue Ric1 ainda não est<su)icientemente )orte para arriscar uma viagem no seu velho leão desdentado.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

$s chaves estão na galeria, no lugar onde voc& deixou as da caminhonete.$manhã destrocamos as duas. m bei@o, "aggieA.

Ve@a meu amor, !ue vizinhos e amigos maravilhosos disse ela,mostrando'lhe o bilhete.

 *< na estrada, Ric1 perguntou: *e)) e "aggie são sempre assim tão atenciososM

?ual!uer coisa !ue eu diga a respeito deles vai parecer exagero. ?uero!ue voc& ve@a por si mesmo disse Carla, concentrando'se na estradaesburacada.

Estou ansioso por conhec&'los. 2enho muito !ue lhes agradecer. Eles)izeram por voc& o !ue eu não podia.

Ela sentiu um aperto no coração. (abia !ue não era a hora certa de dizerdeterminadas coisas, mas tentou:

Ric1, eu. . . ão diga nada agora. (ei !ue h< muito !ue conversar. Ws vezes ser<

di)3cil não nos magoarmos, mas pelo menos agora dispomos de tempo e, se@a!ual )or o problema, encontraremos a solução disse ele, recostando acabeça e )echando os olhos.

?uando chegaram ao chalD, dormia pro)undamente. Ela o acordou comum bei@o na testa. Ele se mexeu e a tocou no rosto. "eio hesitantes e commeiguice, seus l<bios se encontraram. - bei@o se apro)undou, e ele começou aexplorar'lhe a boca. Com a mão por tr<s de sua cabeça, puxou'a para maisperto.

Carla reagiu com o coração, a alma e a mente. 0ei@ou'o, sua l3ngua @untando'se > dele numa mensagem de amor e dese@o. ?ueria ser possu3da etodo o seu corpo vibrava e ansiava por ser tocado. ão conseguia pensar emmais nada.

Carla, Carla murmurou ele, apertando'a mais. Voc& est< mesmoa!uiM Voc& voltou a )azer parte da minha vidaM $gora e para sempre, meu amor, seremos parte um do outro. Voc& D a

alegria e a paz com !ue eu sonhava. Bescobri !ue sem voc& minha vida Dvazia, não tem sentido.

Carla, eu preciso do seu sorriso, de sua voz, de sua companhia dissecom suavidade. ?uando voc& me deixou, pensei !ue o mais di)3cil seriaencontrar alguma coisa com !ue preencher as horas vazias. Bepois, descobri!ue não eram as horas !ue importavam tanto, mas os momentos )ugazes !uese intercalavam entre elas. Be manhã, en!uanto me barbeava, )itava o espelhoesperando ver tambDm a sua imagem re)letida nele, escovando os cabelos.

"as s6 encontrava o vazio. Era como se tudo estivesse se repetindo, desta vezcondensada em poucos segundos. E a imensidão da dor de t&'la perdido mesu)ocava com )%ria incontrol<vel. Então eu. . .

... $garrava'me < pia ou >s paredes procurando apoio continuou elano lugar dele. Carla apertava os olhos com as mãos, na esperança de reter asl<grimas !ue teimavam em correr. . .

E a lembrança dos momentos amargos trans)ormou'se em sil&ncio. Elalevantou a cabeça e murmurou:

Vamos entrar.Ric1 sorriu com ar cansado, deixando'a preocupada. ão devia se

es!uecer de !ue ele não podia )azer muito es)orço )3sico depois de tudo pelo!ue passara. $lDm' disso, Ric1 tinha prometido ao mDdico !ue se cuidaria, ecabia a ela a@ud<'lo nessa )ase.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

$cho !ue a viagem )oi muito cansativa para voc&, meu bem disseela, assim !ue chegaram, na sala. Bescanse um pouco en!uanto dou umaolhada na casa.

#oi atD a cozinha, onde viu sobre a mesa uma )orma de pão )eito em casae outro bilhete dizendo !ue na geladeira havia manteiga e uma tigela deminestrone. Encontrou ainda uma garra)a de vinho de colheita muito especial.

-s vizinhos outra vezM perguntou Ric1, !ue a havia seguido. (im, senhor. Viu s6 !ue amoresM (ente a!ui !ue vou es!uentar a sopa.Voc& deve estar com )ome, mas D uma !uestão de segundos.

$briu um arm<rio, tirou duas tigelinhas de cermica, encheu'as de sopa ecolocou'as no )orno de microondas. Ric1 sorriu, sacudindo a cabeça.

Pncr3velN Estamos num chalD r%stico de madeira e voc& es!uenta o @antar num )orno !ue D a %ltima con!uista do homem moderno.

;omem moderno coisa nenhumaN Este a!ui )oi < mulher moderna !ueconseguiu. 2ive !ue ir atD (eattle para descobrir esta @6ia. Vamos abrir ovinhoM

ão D melhor deixar para outro diaM (into'me embriagado s6 de olharpara voc&.

$doro o seu @eitinho de mentir. Voc& e tia "aureen são os mentirososmais competentes !ue conheço. "as numa coisa tem razão: @< se excedeumuito com a viagem e não deve beber. ão, não me interrompa, sei !ue est<cansado, sim.

- )orno deu sinal e Carla serviu a sopa, acompanhada do pão caseiro. Ric1tomou dois pratos e comeu mais da metade do pão. $liviada, ela percebeu !uea cor voltava ao seu rosto. /oucos minutos antes começara a duvidar setinham )eito bem ao deixar o hospital mais cedo e, )azer a viagem atD ali deuma s6 vez. $gora, porDm, sentia'se mais tran!Oila.

Bepois do @antar lavou toda a louça, sempre seguida por Ric1 !ue, no )inal,sugeriu: Vamos dormirMCarla prendeu a respiração. Bese@ava'o ardentemente e lia o mesmo

sentimento nos olhos dele. "as percebia tambDm a )adiga. (em dar atençãoaos apelos do corpo e > sensação de )rustração, bei@ou'o no rosto e perguntou:

E se eu lhe disser !ue não !uero )azer amor ho@e, mas apenas !ue agente durmaY @untosM

Espantado, ele a )itou longamente como se estivesse > procura de uma @usti)icativa para a!uele pedido. /or )im entendeu, e abraçou'a com um sorriso.

Em matDria de saber mentir voc& D p<reo duro para mim e para sua tia.

racinhaN -brigado, meu amor, eu adoro voc&. Vamos deitar.Bepois !ue ele tomou banho e voltou para o !uarto, Carla trancou'se no

toalete levando um pi@ama de )lanela bem )echado. *< !ue não obedecera >consci&ncia, !ue a mandava ir dormir no so)< da sala resolvera usar a!uelaspeças, pois eram as menos tentadoras !ue havia em seu guarda'roupa.

o banheiro, levou um tempo exagerado tomando uma ducha e seaprontando para dormir. unca seus cabelos )oram tão bem escovados, e nemseus dentes. ?uando achou !ue Ric1 @< devia ter cedido > exaustão e ca3donum sono pro)undo, retornou ao !uarto.

0em de mansinho e cuidando para não )azer o m3nimo barulho, en)iou'sesob as cobertas e chegou o mais perto dele !ue pJde, sem, contudo toc<'lo.Respirou )undo, sentindo o cheiro da colJnia masculina !ue a!uele corpo!uerido exalava. ?uando seus olhos se acostumaram > escuridão, observou'lhe

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

o per)il. ão podia ver, mas sabia onde )icava cada marca. $lgumas delas Ric1 @< tinha aos vinte e seis anos, !uando se conheceram.

Eram sinais de sorrisos, de )elicidade, de preocupação, tristeza esaudades. (em perceber, estendeu a mão e tocou'lhe o rosto. Ele a seguroupelo pulso e lhe bei@ou as pontas dos dedos.

/ensou mesmo !ue eu não ia esperar por voc&M $creditou !ue eu

pudesse dormir sem dizer'lhe boa'noiteM perguntou, tomando'a nos braços.Carla sorriu da )utilidade dos es)orços !ue )izera para poup<'lo. Comopudera es!uecer sua )ortaleza de nimoM

Eu tive medo !ue. . .... ?ue nos perd&ssemos numa paixão desen)readaM ão, meu amor, por

mais !ue a dese@e agora, acima de tudo !uero !ue nossa primeira noite deamor se@a uma d<diva completa do meu ser ao seu e !ue expresse tudo o !uenão consigo traduzir com palavras. ?uero !ue o momento se@a per)eito.

Carla aconchegou'se mais a ele com cuidado, procurando evitar toc<'lonas cicatrizes sens3veis do abdJmen e da coxa. Ric1 bei@ou'a na testa eperguntou:

Esse seu pi@ama tem cinto de castidadeMEla riu, divertida, e respondeu: 2em, sim. "as amanhã eu dou a chave.o dia seguinte, ela acordou cedo e levantou'se !uietinha para !ue Ric1

não despertasse. $prontou'se rapidamente, mas !uando ia sair do !uartoesbarrou na cJmoda, )azendo o barbeador elDtrico cair com um enormebarulho. Ric1 continuou dormindo, mas se virou na cama, de modo !ue o lençolescorregou e o descobriu.

Carla )icou parada, admirando seu corpo. $pesar do tempo passado nohospital e embora estivesse mais magro, ele continuava atlDtico e musculoso.

(eu bronzeado tambDm não havia se apagado por completo. Ela sentiu umavontade imensa de toc<'lo, e )oi <s custas de muito es)orço !ue conseguiudesviar o olhar, deixando o chalD, cheia de tristeza.

ostava muito de seu trabalho, e @amais es!ueceria a importncia dele no%ltimo per3odo de sua vida, !uando a a@udara a en)rentar a dor e a solidão.(eria muito bom se pudesse )icar com Ric1, porDm não poderia deixar de ir >galeria.

$ manhã se arrastava com uma lentidão irritante. Ws onze e meia, !uandose preparava para ir almoçar em casa com o marido, a balsa despe@ou umaavalanche de turistas em "artenFs Cove e uma boa parte deles inundou a [email protected] )icou desapontada, mas não pJde sair. "enos de uma hora depois o

movimento havia diminu3do outra vez, no entanto @< não dava mais tempo parase deslocar ao chalD e voltar. 2ele)onou para Ric1 e explicou'lhe por !ue nãotinha ido. Bisse'lhe !ue não agOentava mais de saudades e !ue, se pudesse,)echaria a galeria mais cedo.

$ tarde tambDm )oi morosa e irritante. -s poucos )regueses !ue surgiramnão sabiam ao certo o !ue !ueriam e eram muito mais curiosos do !uepropriamente compradores.

ão apareceu ninguDm su)icientemente interessado, com !uem pudesseconversar e mostrar as peças mais valiosas. Pnimiga de rel6gios, ela nãoconseguia, nessa tarde, desviar os olhos dele. E como sempre, na hora de)echar, l< estava a!uele )regu&s retardat<rio.

em conseguiu acreditar !uando se viu sozinha e pJde )inalmente )echara lo@a.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

a volta para casa, mal se contendo de ansiedade ante a perspectiva deuma noite cheia de amor, resolveu, entretanto, guiar mais devagar, pois aindase encontrava com a perua dos amigos.

Ba mesma )orma, tratou logo de aba)ar uma dorzinha de consci&ncia,provocada por sua displic&ncia !uanto > alimentação de Ric1. $o lhe tele)onarna hora do almoço, es!uecera'se de perguntar se ele havia encontrado algo

para comer, e durante a tarde tivera a idDia de )azer um bom suprimento paraa cozinha. o entanto, por ter sa3do atrasada do emprego e devido > pressa deestar o mais cedo poss3vel ao lado dele, desistira da compra.

$ rigor, Carla nunca tinha sido o !ue se poderia chamar de uma boa dona'de'casa.

"imada pelos pais e irmãos, sempre se livrara das obrigaçKes domDsticas,e depois de se casar nada )izera no sentido de mudar esse h<bito. E mesmonos %ltimos tr&s anos, !uando morara sozinha, o )ato de contar com a boavontade dos vizinhos levaram'a a certa acomodação, !ue, a partir de agora, epelo menos durante o per3odo inicial, teria de ser modi)icada. /recisariaes)orçar'se e dedicar mais tempo > cozinha e ao supermercado, duas coisas!ue detestava. $)inal, Ric1 estava em convalescença e não conhecia a ilhapara poder se arran@ar sozinho.

$pesar da resolução de concentrar'se na estrada, Carla deu asas >imaginação e por v<rias vezes seu coração disparou, en!uanto as )aces)icaram vermelhas com a excitação de saber o !ue a esperava em casa.

#inalmente a perua contornou a elevação rochosa e ela avistou o chalD,!ue agora parecia di)erente, mais hospitaleiro e acolhedor, como se a presençado marido lhe proporcionasse o aspecto de lar, e não apenas de moradia.

$ssim !ue ela estacionou, Ric1 saiu de casa e veio ao seu encontro. Empoucos segundos estavam abraçados, e o bei@o !ue trocaram longo e pro)undo,

traduziu a saudade !ue ambos sentiram por terem passado o dia longe um dooutro, e, mais do !ue isso o !uanto se dese@avam."omentos depois, ao entrarem de braços dados na sala, ele perguntou: Como )oi o seu diaM Pntermin<velN Pmagine !ue duas vezes liguei para a Companhia

 2ele)Jnica para saber a hora certa, pois achava !ue havia alguma coisa deerrado com o meu rel6gio. E voc&M ão me venha dizer !ue )icou o tempo todoentretido, sem se lembrar de mimN

Ele riu )eliz. 0em, deixe'me ver. . . disse )ranzindo a testa, como se )izesse um

es)orço para se recordar. Era mais ou menos meio'dia e, ao não encontrar

nada para comer, não pJde deixar de pensar em voc&, perguntando'me!uando minha !uerida esposa iria dedicar algum tempo para )azer compras.

Besculpe meu amor, mas voc& @< me conhece. Vou tentar mudar, masnão se acostume. $ssim !ue voc& estiver totalmente recuperado, vai ter !uese cuidar sozinho.

0em devagar, com movimentos precisos e decididos, Carla puxou acamisa dele para )ora do @eans, en)iou as mãos por baixo do tecido, passando'as numa car3cia leve pelo peito coberto de p&los macios.

Coitadinho do meu amor. . . inguDm cuidou dele ho@e, ninguDm lhedeu de comer, ele merece uma recompensa murmurou, a)agando'lhe osombros e sentindo !ue sua respiração se acelerava.

Ric1 tentou bei@<'la, mas ela desviou a cabeça en!uanto as mãosescorregavam atD a sua cintura e lhe desa)ivelava o cinto. Ele gemeu baixinho.

#eiticeiraN

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Pnebriado, tomou'lhe as mãos e, uma a uma, as bei@ou. #itou'a com osolhos escuros brilhando de paixão e con)essou:

(enti )alta de voc& a cada minuto, a cada segundo deste dia longo esolit<rio.

Com um olhar tão intenso !uanto o dele, Carla revelou !ue o !ueria. Emseu corpo ansioso não havia lugar para mais nada a não ser a vontade intensa

de amar e ser amada.$inda segurando'lhe as mãos, ele a puxou de encontro a si, bei@ando'a nopescoço, na orelha e na testa. Carla suspirava de prazer. (eus l<biosencontraram'se novamente com so)reguidão. (egurando'lhe o rosto, elasussurrou o)egante:

"eu !uerido, n6s vamos )azer amor. . .(aiu em direção ao !uarto, e s6 então Carla notou !ue ele havia posto a

mesa para o @antar. Ric1N exclamou surpresa. /or !ue voc& pJs a mesa para !uatro

pessoasMEle levou a mão > cabeça num gesto de )rustração e prague@ou baixinho.

Bepois se encostou ao batente da porta e respondeu: Convidei "aggie e *e)) para @antar conosco. Voc& )ez o !u&M perguntou ela, estarrecida. $li<s ele comentou cabisbaixo, olhando para o rel6gio , eles @<

devem estar chegando. "as por !ue voc& )ez issoM Carla olhou'o com incredulidade. Biga

!ue est< brincandoNRic1 soltou um suspiro de desnimo. (into muito, meu amor, mas não D brincadeira. "aggie veio a!ui pela

manhã, e acredito !ue tenha sido < seu pedido disse, num tom acusador.

Ela engoliu em seco. ;avia se es!uecido por completo de !ue pedira >amiga para ver se Ric1 estava precisando de alguma coisa. /ois D ele continuou , nossa vizinha me )ez uma visitinha e no meio

da conversa perguntou se havia comida nesta casa. #omos veri)icar na cozinhae encontramos !uatro )ilDs no congelador. - resto, voc& pode adivinhar.

$pesar de decepcionada e com vontade de gritar, Carla começou a rir,abraçando Ric1 pela cintura e encostando a cabeça em seu peito. $ nãoconsumação do ato ansiado não a impedia de ver o lado cJmico da situação.$)inal, seu bom humor tinha melhorado consideravelmente desde o instanteem !ue vira a perspectiva de poder saciar seu dese@o de am<'lo.

$os poucos o riso passou, e agora ela podia ouvir as batidas do coração de

Ric1./re)eria mil vezes ouvi'lo deitada na cama, os dois @untinhos, sem

barreiras nem rel6gio entre eles. L< seria maravilhoso, e ela não sentiria norosto a pressão !ue o botão da camisa dele estava lhe )azendo na!uelemomento. Curiosa, levantou a cabeça. #oi então !ue percebeu não se tratar debotão algum, mas sim do seu anel de casamento !ue continuava pendurado nacorrente !ue ele usava ao pescoço.

Erguendo os olhos, )itou'o com uma interrogação muda. Ele não entendeuou não !uis entender. 0ei@ou'a na testa e perguntou:

ão D melhor nos acalmarmos um pouco caminhando ao encontro de"aggie e *e))M $cho !ue eles )icariam constrangidos se nos encontrassemassim.

Voc& tem razão concordou Carla. Espere um pouco en!uanto trocode roupa.

Q=

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Como Ric1 a seguisse atD o !uarto, ela parou e disse por sobre os ombros,com um tre@eito sensual:

Vai )icar a3 me olhandoM 2ente me impedir para ver o !ue acontece. Esse D um prazer do !ual,

de )orma alguma, vou me privar da!ui por diante."eio t3mida no in3cio, logo ela deixou de lado a reserva e tentou adivinhar

!ue gestos e pose Ric1 apreciava mais, prolongando'os com um sorrisoprovocante. Encostado na cabeceira da cama, ele a observava com os olhossemicerrados. ?uando )inalmente Carla @< havia posto o @eans e o suDter, elese levantou e chegou perto, a@udando'a a puxar os cabelos longos, !ue tinham)icado do lado de dentro da malha.

$lDm de ser extremamente excitante v&'la se trocar, isso me d< umasensação de triun)o. a verdade, tudo não passa de uma coisa simples, mascom implicaçKes pro)undas. I algo pessoal e 3ntimo !ue a gente compartilha e!ue a maioria das pessoas ignora ou não d< valor. /ara mim D mais uma provade !ue o !ue estou vivendo D a pura realidade, e não )antasia.

(egurando'a pelos ombros, Ric1 sorriu e a bei@ou na testa, antes deperguntar:

Vamos então andar um poucoM Besde !uando voc& gosta de passear a pDM ela contestou, com certa

irritação na voz. - !ue voc& !uer saber mesmo, D !uando comecei a insistir com,

pessoas para @antar conosco, não DM$ verdade era !ue, nos anos em !ue viveram @untos, embora tivessem

muitos amigos, raramente eles os convidavam para @antar. /re)eria gozar dacompanhia um do outro sozinhos e na privacidade. $ atitude de Ric1 nesse dia)oi realmente estranha e Carla não conseguia entend&'la.

Pmagino !ue voc& tenha gasto o seu latim para convencer "aggie e vira!ui ho@e > noite trazendo o marido. $ expressão D AperderA, e não gastar o latim. $lDm disso, não se aplica

a esta situação, por!ue eu )ui capaz de convencer "aggie disse ele, rindo. "as meu amor eu não sei como pude )azer uma coisa dessas. #oi mesmo umagrande bobagem. Beve ter sido a teimosia dela em não aceitar o convite !ueme instigou.

Be repente, assumindo uma )isionomia sDria, ele declarou com voz rouca,!ue tra3a ansiedade:

Carla, meu bem, eu a dese@o tanto !ue sinto um peso dentro de mim.Estou tão tenso !ue mal posso me manter em pD.

XtimoN disse ela com mal3cia. Espero !ue tenha aprendido a liçãoNRic1, por um segundo, encarou'a de maneira ameaçadora, antes de

abraç<'la e bei@<'la apaixonadamente. (uas mãos percorriam'lhe as curvassuaves, )orçando'a, ao mesmo tempo, a aconchegar'se a ele. (ua l3nguaacariciava'lhe a boca, provocando'lhe suspiros de prazer. $)agaram'lhe ascostas os cabelos, a nuca, os seios. . . (eu corpo inteiro. "as em poucosminutos parou, percebendo a imin&ncia da explosão e a )ragilidade da de)esade ambos.

"eu amor. . . murmurou ela com a respiração entrecortada. Besisto...

(e logo, logo não dermos vazão a pelo menos um pouco dessa tensão!ue se avoluma, não respondo pelas conse!O&ncias. Vamos depressa. (e eunão caminhar um pouco, acho !ue arrebento.

QQ

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

(a3ram pela porta dos )undos e tiveram !ue pular a cerca, pois não haviasa3da na!uele lugar.

Voc& nunca pensou em )azer um portãozinho a!uiM perguntou ele,brincalhão.

?uemM EuM *< se es!ueceu de como sou desastrada com uma)erramenta na mãoM

unca me es!ueci de nada a seu respeito, Carla a)irmou comsuavidade , nem mesmo da sua mania de comer maçã com sal.Carla sorriu. ão era s6 maçã !ue comia com sal, mas muitas outras

)rutas, atD mesmo melancia. Em geral, abusava desse condimento na comida,embora Ric1 sempre insistisse em !ue não )izesse isso, por ser um h<bitopouco saud<vel. Ele argumentava !ue a !ueria )orte e não dese@ava correr orisco de realizar sozinhos os planos !ue tinha para !uando )icassem velhos.Ela, entretanto, ria dessa sua preocupação e nunca lhe dera ouvidos.

Voc& não vai acreditar, mas eu !uase não como sal atualmente. emsaleiro tenho para pJr na mesa.

Pmposs3velN Como )oi !ue aconteceu esse milagreM perguntou ele,incrDdulo.

$h, isso D segredo, depois eu conto disse com ar misterioso eprovocador.

$lcançaram o topo do morro e começaram a desc&'lo em direção > casados vizinhos.

Pam tão entretidos, rindo e conversando, !ue Carla não ouviu o barulho!ue vinha das moitas ali por perto. otou uma expressão peculiar no rosto deRic1, mas achou !ue tinha sido causada por uma de suas brincadeiras. Ele seabaixou, pegou uma, vara longa e, en!uanto continuava a andar, limpou'a detodas as, )olhas. Ela estranhou, mas não disse nada. Beram mais uns passos e,

de repente, ele parou, agarrou'a pelos ombros e a empurrou para tr<s, )icandona sua )rente. Espantada com seu comportamento estranho, ela perguntou: - !ue aconteceu, Ric1M$ntes de obter uma resposta, percebeu o !ue se passava. -uviu um som

)orte e conhecido e logo a seguir avistou (ir alahad vir correndo da moitacom os dentes arregalados numa )arsa de ameaça. Ric1 levantou a vara,pronto para agredi'lo, e Carla soltou um grito, )azendo o pobre lobo pararimediatamente, derrapando as patas no chão %mido. /or um momento, Ric1 eo animal )icaram um diante do outro como se )ossem se atracar. #oi então !ueCarla se interpJs entre ambos.

$o reconhec&'la, o lobo soltou um som gutural e avançou novamente. $

explicação !ue ela começara a dar perdeu'se no barulho da con)usão !ue seseguiu. 2entando impedir !ue o animal alcançasse Carla, Ric1 se chocou contraos dois, provocando a !ueda de todos. o entanto, sendo o primeiro a serecuperar, ele se lançou ao pescoço do lobo. $ reação de (ir alahad )oilamber'lhe o rosto na saudação !ue lhe era peculiar.

Ei, !ue diabo est< acontecendo a!uiM berrou Ric1.Carla acocorou'se no chão, sentindo'se aliviada por ele não representar

mais uma ameaça ao lobo. Com calma, explicou: Essa D a maneira de (ir alahad comunicar, o)icialmente, !ue voc& )oi

aceito na matilha.$ voz de "aggie, !ue se aproximavam os interrompeu: Beus do cDuN Ve@a isto, *e)). ão d< para acreditarN *e)) chegou @unto do grupo e )oi logo dizendo a Ric1:

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

/elo !ue ve@o voc& acabou de ser apresentado < (ir alahad, @<conhece minha mulher e então s6 )alta eu. Estendeu'lhe a mão. "uitoprazer, sou *e)) 0imson.

"ais tarde, durante o @antar no chalD, Ric1 descobriu por !ue Carlamudara seus h<bitos alimentares. I !ue )re!Oentemente ela comia na casa dos0imson, !ue cozinhavam com pou!u3ssimo sal.

$cabei me acostumando comentou'a. $cho atD estranho !uandocompro pratos prontos, não conseguindo com&'los a não ser com <gua oure)rigerante.

$ cada momento !ue passa disse Ric1 sorrindo para o casal ,aumenta a lista de )avores !ue lhes devo. /ouco a pouco Carla termina mecontando tudo o !ue voc&s t&m )eito por ela.

$h, mas isso não D nada, comparado ao serviço !ue ela nos prestou. *e))e eu @amais poder3amos viver de maneira con)ort<vel se Carla não tivessereorganizado a galeria, )azendo'a dar lucro. raças a isso D !ue podemos nosdedicar > nossa arte em tempo integral.

ão )iz nada demais. ?ual!uer pessoa com algum conhecimento deorganização de neg6cios obteria os mesmos resultados a)irmou Carla commodDstia.

Voc& sabe !ue isso não D verdade insistiu "aggie. "inha mulher tem razão con)irmou *e)). Carla não s6 pJs em

ordem a contabilidade, como acabou com as di)erenças existentes entre v<riosartistas, )azendo'os cooperar entre si.

$lDm disso, ela teve idDias incr3veis para dar publicidade > galeria,personalizou a...

Chega, chegaN protestou Carla, interrompendo a amiga. (e voc&scontinuarem a exagerar desse @eito, Ric1 vai pensar !ue eu os contratei como

meus agentes de propaganda. Vamos para a sala acender a lareira. - tempo @<est< meio )rio. ão se@a exagerada, Carla reclamou "aggie. 0em, se es!uentar demais n6s abrimos a @anela. $doro )icar olhando

para o )ogo. Ele me d< muita inspiração. . .#oram todos para a sala, com exceção de Ric1, !ue pre)eriu )icar tirando a

mesa.Carla voltou, então, > cozinha, abraçou'o pela cintura e disse: Beixe isso a3. Bepois a gente arruma tudo. Estou s6 @untando os ossos para esse coitado a3 disse, apontando

para (ir alahad, !ue havia se deitado perto da porta. $cho !ue ele pode

roer uns ossinhos, não podeM /elo @eito, esse malandro con!uistou outro amigo, não DM ela piscou o

olho, rindo."omentos depois os dois casais estavam sentados em )rente da lareira.

Carla e Ric1 ocupavam um so)<, @untinhos, ele com o braço nos ombros dela. -sol, !ue na!uela parte do pa3s >!uela Dpoca do ano levava tanto tempo para seesconder, coloria ainda o poente.

$ luminosidade entrava pelo vidro da @anela e se mesclava com o re)lexodas chamas do )ogo.

Embora Ric1 conhecesse os 0imson h< poucas horas, o ambiente estavadescontra3do e a conversa )lu3a com )acilidade. $ certa altura, *e)), !ue atDentão não tinha )alado muito, comentou:

(abe, Carla, desde !ue cheguei estou observando voc&, tentandodescobrir por !ue est< tão di)erente ho@e. $cho !ue )inalmente percebi o !ue D.

QT

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

I mesmoM Conte logo, não me deixe curiosa./ara surpresa de todos, *e)) corou. (abe sempre a achei uma mulher bonita e muito atraente, mas com a

chegada de Ric1 voc& ad!uiriu um brilho especial e est< linda.#oi < vez de Carla enrubescer e gague@ar uma explicação onde a)irmava

!ue *e)) a via com olhos de um bom amigo. "aggie, porDm a interrompeu:

ão, Carla, meu marido tem razão e concordo com ele. 2r&s votos contra um disse Ric1. #az alguns anos !ue digo > minhamulher !ue D linda, mas ela não acredita em mim.

$inda constrangida, Carla tentou nova argumentação: Beve ser a s3ndrome de noiva. . . E como ninguDm entendesse,

acrescentou meio sem @eito: Voc&s conhecem a velha crença de !ue todasas noivas )icam lindas no dia do casamentoM -ra, estou me sentindo noivaoutra vez e por isso devo estar parecendo uma.

/ara seu al3vio, a conversa )oi interrompida por (ir alahad, !ue tinha)icado do lado de )ora, no terraço, e agora arranhava a porta, uivando baixinho.Carla levantou'se e o deixou entrar na sala. (em a menor cerimJnia, o loboencaminhou'se para Ric1 e, com a maior intimidade, colocou o )ocinho em seus @oelhos.

(e alguDm, ontem, me dissesse !ue ho@e eu estaria cocando a cabeçade um lobo como se )osse o mais d6cil dos cachorros eu diria !ue se tratava deum louco brincou Ric1.

Be )ato, a maneira como (ir alahad se deixava agradar e o seu olharpassivo era surpreendente.

Esse animal signi)ica muito para n6s a)irmou *e)). "as, apesar demuito especial, não D o %nico exemplo do !ue se pode )azer com lobos. 6s oarran@amos no interior do Canad<, recDm'nascido. #azia parte de uma ninhada,

cu@a mãe e os outros )ilhotes haviam sido mortos. - coitadinho )oi encontradopor um batedor da )loresta, !ue o trouxe para nossa casa. Com a a@uda de umamigo veterin<rio, conseguimos cri<'lo, pensando em lev<'lo, mais tarde, devolta ao seu meio ambiente. (6 !ue nos a)eiçoamos demais a ele e acabamospor desistir da idDia. $lDm disso, t3nhamos medo de !ue (ir alahad morresselogo, de )ome, ou atacado por outro animal mais )orte. $ssim, domesticado, ele @amais seria aceito numa matilha.

Começamos a ler tudo sobre o lobo cinzento americano continuou"aggie. #icamos deprimidos com o !ue descobrimos a respeito dessa raça,!ue se encontra em vias de extinção. Resolvemos, então, lutar pelapreservação da espDcie. $ssociamo'nos > #undação 0rice Silliams, !ue nos

a@udou a conseguir permissão para a entrada de (ir alahad nos Estadosnidos. Burante o inverno, percorremos com ele escolas, pre)eituras,associaçKes de v<rios tipos, en)im, e !ual!uer lugar onde exista a possibilidadede ganhar um correligion<rio para a nossa causa.

ma empreitada e tanto comentou Ric1. Pmagino como deve serdi)3cil destruir a )ama de lobo mau !ue Chapeuzinho Vermelho provocou.

Voc& tem razão. Chapeuzinho obteve maiores resultados do !ue n6s.Pmagine !ue, nos Estados nidos, não restam mais do !ue cem lobos cinzentos contou "aggie com tristeza.

"as e as leis de proteção > )aunaM perguntou Ric1.Como !uisesse explicar certos detalhes, tais como n%meros, !ue talvez

"aggie se es!uecesse, *e)) retomou o )io do relato. $inda existem lobos em tr&s estados. Em dois deles, o animal D bem

protegido. Em um h< menos de duas d%zias, e no outro, onde s6 muito

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

raramente eles são vistos, nem isso. o terceiro estado, !ue )az limite com oCanad<, a realidade D mais complicada por !ue a3 o governo permite !uese@am caçados sob a alegação de !ue dizimam rebanhos de gado e deant3lopes. Pn)elizmente, o lobo tem !ue competir com o homem no campo daalimentação. (ua <rea de caça est< reduzida a tr&s por cento do !ue era antes,e D min%scula se comparada >s pastagens !ue tomaram o lugar da mata

derrubada. Como voc& pode ver, eles não t&m muita chance de sobreviv&ncia. Ws vezes a situação se torna rid3cula "aggie interrompeu. Comonão são caçados, os ant3lopes aumentam muito e )icam ameaçados de morrerde )ome. - seu predador natural, o lobo, praticamente não existe. - governo,então, com argumentos humanit<rios, permite, temporariamente, a caça aoant3lope.

?uando começamos a nos envolver com Aa de)esa dos lobos, ou com o!ue resta deles, chegamos > conclusão de !ue a maneira mais e)etiva seriaconscientizar a população do pa3s e despertar da apatia a!ueles !ue,conhecendo o problema, mantinham'se indi)erentes. $ omissão D mais letal do!ue uma arma de )ogo concluiu *e)).

E voc&s @< obtiveram algum resultadoM Ric1 !uis saber. /ouca coisa. $ educação das novas geraçKes D um processo lento e h<

apenas dois anos começamos a visitar escolas. Levamos o dobro do tempopercorrendo os canais da burocracia atD conseguirmos permissão para isso. $scrianças são a nossa maior esperança. Bi)icilmente se consegue mudar amaneira de pensar de um adulto, mas os @ovens podem chegar > maturidadelivres de idDias destrutivas.

"as sempre pensei !ue o governo D !ue podia operar com maiore)ici&ncia, promovendo mudanças radicais.

(em d%vida, o Estado tem um papel importante concordou *e)), indo

atD a lareira e arrumando o )ogo. /recisamos de leis espec3)icas e ob@etivas,mas elas de nada adiantarão se a opinião e sentimentos p%blicos não )oremdespertados.

?uer ver um exemploM interveio "aggie. Em 78T=, !uatro loboscinzentos )oram soltos ao norte do estado de "ichigan. 2udo )oi plane@ado como m<ximo cuidado e as esperanças de sucesso eram bem grandes. Em poucotempo, os habitantes da região mataram os !uatro. #icou comprovado !ue elesnão podem viver perto do homem. ma matilha de oito animais precisa deuma <rea de uns trezentos !uilJmetros !uadrados numa região agreste einculta. Caso isso não se@a observado, estarão condenados ao exterm3nio, poistodo animal domDstico da vizinhança correria o risco de ser caçado por eles. E

D claro não h< criador de gado, por maior boa vontade !ue tenha, !ue aceitepassivamente ver seus lucros desaparecerem ano ap6s ano. /ara ele o lobo Duma ameaça tão grande !uanto um ladrão de gado.

"aggie calou'se por uns instantes, com o olhar triste perdido nas chamasda lareira.

Bepois prosseguiu: $ atitude do )azendeiro ainda D )<cil de compreender, mas a de outros,

não. ;< pouco mais de dez anos o Bepartamento de Be)esa encomendouduzentos e setenta e sete mil sobretudos, com capuzes arrematados com pelede lobos cinzentos e vermelhos. Besde então, o vermelho praticamentedesapareceu.

$calme'se, "aggie disse *e)), aproximando'se da mulher e a)agando'lhe os cabelos. Ric1 est< do nosso lado.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

(entindo'se constrangida por ter se deixado levar pelo entusiasmo, ela sedesculpou:

$cho !ue exagerei um pouco, sinto muito. ão se preocupe minha amiga disse Carla. 2enho certeza de !ue

suas palavras con!uistaram mais um aliado, não D amorM perguntou,olhando para o marido.

(em d%vida respondeu ele sorrindo. Bepois, assumindo um ar sDrio,comentou: ão entendo como o Bepartamento de Be)esa )oi tão insens3vel aponto de )azer tal encomenda.

/or sorte, v<rios grupos de de)esa do meio ambiente descobriram atempo o pedido e começaram a )azer pressão. - departamento viu'se obrigadoa rescindir o contrato com a )irma !ue ia con)eccionar os sobretudos.

"as voc&, "aggie, não disse !ue o lobo vermelho desapareceuM - !uecausou a sua extinçãoM

Burante anos a )io eles )oram caçados sem piedade, atD !ue )icaramreduzidos a uns poucos, espalhados, !ue não conseguiam encontrar parceiros.Então os restantes começaram a se cruzar com coiotes. Como resultado, nãoh< mais um lobo vermelho puro'sangue, a não ser em cativeiro.

E existem planos para !ue eles se@am reintegrados > vida agresteM Ric1 perguntou interessado.

0em, de vez em !uando, )azem'se algumas tentativas, mas atD agoranenhuma deu certo in)ormou *e)).

(eria uma tragDdia pavorosa se a mesma coisa acontecesse ao lobocinzento a)irmou "aggie. *amais me perdoaria por isso.

Ric1 abaixou'se e passou a mão no p&lo de (ir alahad. Em seguida,dirigiu'se curioso ao casal:

Voc&s en)rentam algum tipo de problema !uando saem com ele para

)azer as visitas de !ue )alaram antesM $h, sim, nunca )altam respondeu *e)). "as o des)echo de alguns Dengraçad3ssimo. a verdade, temos muitas hist6rias sobre (ir alahad !uevalem a pena ser contadas nas noites longas de inverno. Voc& vai ter !ueesperar atD l< para ouvi'las, meu caro Ric1.

?ue tal um ca)ezinhoM perguntou Carla.-s outros tr&s acharam uma 6tima idDia e ela )oi para a cozinha prepar<'

lo. "aggie seguiu'a e começou a tirar a mesa do @antar.Be repente, Carla ouviu *e)) perguntar a Ric1 alguma coisa sobre uma

corrida da !ual ele havia participado no ano anterior e !ue provocara umagrande controvDrsia. $ resposta )oi aba)ada pelo barulho de pratos e talheres

!ue a amiga estava colocando na pia. $o voltar para a sala com a bande@a doca)D, Carla ouviu um pedaço da conversa dos dois homens.

Carla sabeM perguntou *e)). ?ue vou continuar a correrM indagou Ric1.Carla sentiu como se tivesse levado um soco no estJmago. $)lita,

escorregou, derrubando a bande@a e ensopando o @eans com o l3!uido !uente.$s palavras de Ric1 tomaram conta de sua mente e ela mal notou a sensaçãointensa de calor nas coxas.

"eu BeusN gritou "aggie. (uas pernas, Carla.$ reação de Ric1 )oi imediata. um salto, chegou perto dela e, com uma

rapidez incr3vel, tirou'lhe os sapatos e o @eans. $ seguir, carregou'a atD otoalete. $briu a torneira de <gua )ria e deixou !ue a banheira começasse aencher. $ntes !ue isso acontecesse, depositou Carla dentro. ervosa, elaprotestou:

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"inha blusa vai )icar molhada./acientemente, ele tirou'lhe a malha, en!uanto ela suspirava com o al3vio

!ue a <gua )ria lhe causava. "as logo começou a tremer. Ric1, então, apanhouuma toalha de banho e agasalhou seus ombros. Bepois, examinou os e)eitosdo ca)D !uente nas pernas de Carla.

$s duas coxas estavam com manchas de um vermelho vivo.

Est< doendo muitoM perguntou ele, a@eitando melhor a toalha sobreas suas costas. ão, a dor passou com a <gua )ria respondeu, com voz inexpressiva.Ric1 deu'lhe um bei@o na testa e disse: #i!ue !uietinha a3. Volto @<, @<. *e)) e "aggie )oram emboraM perguntou Carla, assim !ue ele voltou

ao banheiro. #oram sim. "andaram dizer para voc& não se preocupar, pois eles

tomam conta da galeria amanhã.Bepois disso, )icaram !uietos, atD !ue o sil&ncio pesado se tornou

insuport<vel. Carla o disse por )im , acho melhor conversarmos um pouco. $gora não respondeu ela, virando o rosto. Então !uandoM ;avia um to!ue de )rustração em sua voz. ão !uero )alar sobre isso agora disse, )azendo es)orço para reter as

l<grimas. ?ue in)erno, CarlaN (e não conversarmos agora não haver< um

momento em !ue a minha carreira de piloto não se interponha entre n6s,destruindo nossa paz.

/assou'se algum tempo antes !ue ela decidisse )alar. /ensei !ue voc& tivesse resolvido parar, depois de en)rentar a morte

tão de perto. Voc& pensou ou esperava isso de mimM $s duas coisas.Com suavidade, ele disse: Eu não lhe dei razão alguma para acreditar !ue ia desistir. unca

comentei nada. Eu sei, eu sei.Carla cobriu o rosto com as mãos, como se assim pudesse )ugir do

tormento !ue ameaçava invadi'la. $ )elicidade !ue lhe acenara de tão pertodesaparecia, dando lugar a uma realidade dura e cruel. $!uele sentimento dealegria, tão )ugaz e )r<gil, não tinha durado nem um dia inteiro na ilha

maravilhosa, onde ela esperava e contava como certo !ue viveria numisolamento ideal, distantes das )orças !ue os haviam separado.

- !ue voc& gostaria !ue eu )izesseM perguntou Ric1 em tom des%plica.

Como não obtivesse resposta, ele se a@oelhou ao lado da banheira e tirouas mãos dela do rosto.

- !ue !uer !ue eu )açaM repetiu, e suas palavras pareciam vir do)undo da alma.

Carla percebeu então, com )orça total, !ue o mundo maravilhoso !ueimaginara para eles não passava da mais pura )antasia. #alhara por completoao não admitir o !uanto a carreira de piloto era importante para Ric1.$costumado > excitação, di)icilmente ele se adaptaria > vida pacata !ue elalevava ali, na ilha de ?uiller. $gora, o sonho !ue ela alimentara apresentava'se

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

distante e irrealiz<vel. (im, tinha de admitir !ue agira como uma espDcie deversão )eminina e rid3cula de Bon ?uixote, lutando contra moinhos de vento.

$s l<grimas corriam livremente por suas )aces. (entia uma tristeza imensapela perda de alguma coisa !ue lhe escapara das mãos antes mesmo !ueconseguisse ret&'la,

Eu esperava !ue voc& )icasse morando a!ui comigo. . . ?ueria !ue me

amasse como antes. . . ?ue )osse )eliz a!ui, longe dos tent<culos as)ixiantesdas corridas.Ric1 levantou'se e começou a andar agitado. /retendia !ue todos os dias eu a esperasse a!ui > tardinha como )iz

ho@eM -u !ue vivesse s6 para o seu prazer, CarlaM perguntou, com amargurana voz. E euM Voc& não chegou a pensar no !ue eu preciso, nas minhasemoçKesM Pmaginou, por acaso, !ue eu pudesse me trans)ormar num Adono'de'casaA ou num animal de estimaçãoM Conhece'me tão pouco assimM

Carla começou a soluçar baixinho, encolhendo'se toda contra a parede )riada banheira. (er< !ue o conhecia tão pouco, ou tinha mentido a si pr6priaMComo podia ter se es!uecido da satis)ação !ue Ric1 sentia ao preparar, realizare terminar uma corridaM E como não se lembrar de sua compet&ncia napro)issão !ue tinha escolhidoM

- coração dela pesava como chumbo. "entira a si mesma, negando o6bvio e o razo<vel. E agora, mesmo antes de recomeçar, tudo estavaterminado entre ela e Ric1.

CAPÍTULO VII

Ric1 estendeu os braços e Carla aninhou'se neles com medo e desespero,escondendo o rosto em seu ombro.

"eu Beus, CarlaN - !ue D !ue estamos )azendo um ao outroM ão me deixe Ric1N Eu não poderia. . .Ele não permitiu !ue continuasse. 0ei@ou'a, revelando so)rimento, amor e

a necessidade !ue tinha dela. 2oda a reserva !ue haviam demonstrado atD então desapareceu. - bei@o

)aminto )azia'os vulner<veis, deixando exposta a grande necessidade m%tua.Ric1 en)iou o braço por sob as pernas de Carla e levantou'a da banheira.

Carregando'a, subiu os degraus !ue levavam ao !uarto e colocou'a na cama.Com as mãos tr&mulas, soltou'lhe o sutiã, puxando'a para si en!uanto tomava,com a boca, o mamilo palpitante.

ma exclamação de prazer escapou'lhe dos l<bios ao sentir os dentespossessivos e a l3ngua no seio. Com a voz entrecortada, repetia o nome dele esuplicava !ue a possu3sse.

Ric1 acariciou'lhe o rosto e perguntou, preocupado: E suas pernasMCon)usa e sem conseguir entender por !ue ele interrompera as car3cias,

indagou:

"inhas pernasM (im. . . ão estão doendoM

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ão, mas meus seios, sim. $nseiam tanto por serem tocados !uechegam a doer con)essou, aconchegando'se a ele.

Ric1 suspirou, pousando a boca na sua, num bei@o !ue não conheciarestriçKes. Carla mostrou 3mpeto igual ao acariciar'lhe, com a l3ngua, primeiroos dentes e depois os l<bios.

Respirando com di)iculdade, gemeram sedentos e dese@osos um do outro.

Como se !uisesse memoriz<'lo, ele percorreu cada linha do seu rosto combei@os !uentes e carinhosos, atD !ue )ez um pe!ueno intervalo para desabotoara camisa e )it<'la bem dentro dos olhos.

Eu te amo, Carla con)essou com voz triste, !ue revelava o medo deperd&'la. Be alguma maneira vamos resolver nosso problema. /recisamos)azer isso. (em voc&, minha vida D sombria e amarga e minhas vit6rias ocas esem valor algum. E, segurando'a pelos ombros, disse, num murm%rio!uando inaud3vel: (e )or preciso desistir de correr para t&'la a meu lado, Disso o !ue vou )azer.

Ric1. . . ão diga nada e me deixe terminar. (ei !ue não vai ser )<cil, pois as

corridas )azem parte de mim como os meus pr6prios braços. Bepois de voc&são as coisas !ue mais amo na vida. . . "as não posso continuar sem voc&,Carla.

Be repente, ela sentiu um medo enorme de !ue o sacri)3cio )osse grandedemais e por um momento chegou a negar a si mesma a alegria !ue a!uelaspalavras lhe causavam.

/orDm, surgiu'lhe na mente a imagem de um carro de corridas,rodopiando na pista para em seguida ser envolto em chamas. . . 2alvez osentimento de perda !ue ele teria agora diminu3sse com o passar do tempo,como a neblina da manhã se dissipa com o sol.

 2alvez. . .(uas divagaçKes )oram interrompidas nesse momento pelas mãosacariciantes de Ric1, !ue não a deixavam pensar em mais nada. Com aspontas dos dedos, ele tocou'lhe a pele sedosa dos seios e desceu, com aleveza do pincel de um pintor, pelos mamilos !ue pulsavam, atD chegar >cintura, provocando'lhe espasmos de antecipação !uando alcançaram os p&los)inos e sedosos abaixo do umbigo. Bepois de passear os dedos pela marca doel<stico da calcinha, ele percorreu a mesma linha com a l3ngua, )azendo'aarrepiar'se e gemer de excitação. -s !uadris de Carla começaram a semovimentar imperceptivelmente, en!uanto ela pressionava a cabeça dele deencontro a si e murmurava'lhe o nome.

0em devagar, Ric1 tirou'lhe a calcinha, e, > medida !ue a puxava parabaixo, seguia o seu caminho com bei@os nas coxas, na parte interna dos @oelhose )inalmente no arco dos pDs.

Voc& D lind3ssima, Carla. Cada detalhe do seu corpo D a per)eição !ueeu guardava na mem6ria e o prazer com !ue sonhava.

Em sil&ncio, ela o livrou da camisa e espalmou as mãos no peito )orte,acariciando'o e deliciando'se com a!uele contato. Bepois deslizou as mãos atDsua cintura, e em poucos segundos desa)ivelou'lhe o cinto e desabotoou'lhe oc6s da calça. 2omou o )echo do z3per entre os dedos e, bem devagar e demaneira provocante, começou a abri'lo, ouvindo a respiração o)egante de Ric1e sentindo'lhe as mãos tensas em seus ombros. ?uando terminou, ele soltouum gemido rouco en!uanto ela o tocava numa car3cia suave.

Eu te amo, Ric1. . . /reciso de voc&... ?uero'te com todas as )orças domeu serN

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Ele se a)astou por um instante, sentando'se na beirada da cama pararetirar as botas e o @eans. Carla aproximou'se, de @oelhos, roçou'lhe as costasmusculosas com os seios, ao mesmo tempo em !ue o acariciava no peito, e obei@ava atr<s da orelha, na nuca e nos ombros, mordendo'os de leve. #oiinvadida por uma intensa alegria ao perceber como ele se tornava tenso e o!uanto a dese@ava. #inalmente, ele se virou e a tomou nos braços.

- bei@o !ue se seguiu destruiu por completo os res!u3cios de reserva !ueCarla ainda sentia. Com ansiedade, )ruto dos anos de separação, @untou'se aele na linguagem silenciosa do amor, do dese@o da sensualidade.

nidos, moviam'se com a experi&ncia e a intimidade !ue haviamad!uirido amorosamente, aumentando o prazer m%tuo atD serem dominadospelo &xtase simultneo.

- amor para eles era um ato de altru3smo, em !ue cada um procurava darmais do !ue recebia, tentando proporcionar ao outro um gozo maior do !ue opr6prio.

/or muito tempo depois, continuaram enlaçados, deitados lado a lado,como se tivessem medo de !ue algo estranho se imiscu3sse entre eles edestru3sse o !ue haviam vivido. $ssim, )icaram em sil&ncio por longo tempo e,!uando a respiração e a batida de seus coraçKes voltaram ao normal, Ric1)alou num tom de voz !ue mais parecia uma car3cia envolvente:

2alvez por instinto de conservação, eu tenha me es!uecido de como Dbom e especial )azer amor com voc&. (e o !ue acabamos de experimentartivesse )icado com clareza em minha mente, acho !ue não teria agOentadoestes longos anos de separação. ão D s6 o prazer !ue voc& me causa, mas aalegria inacredit<vel !ue toma conta de mim ao saber !ue lhe dei prazertambDm. ?uando a ouço gemer, murmurar o meu nome ou respirar o)egante,eu sinto coisas incr3veis, CarlaN I como se )osse explodir de )elicidadeN

Bepois de uma pausa, perguntou, rindo: Voc& me acha muito bobo por dizerissoMCom ansiedade renovada por a!uelas palavras !ue a tinham tomado de

surpresa, Carla acariciou'lhe o rosto e pJs a mão em sua nuca, puxando'o.Bepois o bei@ou, !uerendo'o novamente. "ais do !ue isso: precisava dele comodo ar !ue respirava. Pria dese@<'lo pelo resto da vida.

- bei@o !ue trocaram despertou'lhe o apetite !ue o amor )eito um poucoantes mal havia saciado. 2r&s anos era muito tempo. . . 2empo perdido parasempre.

- dese@o irre)re<vel mesclou'se com a normal gentileza dele. 2omou'lheum dos seios na boca com tanta paixão, !ue Carla respirou o)egante, apertou'

se contra ele, entregando'se em completo abandono. Com car3ciasestonteantes, Ric1 conduziu'a novamente ao apogeu do prazer, @untando'se aela numa explosão de gozo como @amais haviam experimentado.

Vagarosamente ele a trouxe de volta, bei@ando'lhe com suavidade osolhos, o nariz e o !ueixo. Carla J )itava incrDdula e aturdida )azendo'o sorrir eaconchegarem'se, mais a ela.

Com a cabeça no ombro dele, ela saboreava a paz per)eita !ue )azia osproblemas do dia seguinte desaparecerem. Estava ainda envolta no e)eitodelicioso da realização plena, !uando percebeu Ric1 levantar a cabeça e tirar acorrente do pescoço. Esperava !ue ele a colocasse na mesinha'de'cabeceira.Como uma nuvem cobrisse a lua, deixando o !uarto >s escuras, s6 vislumbravaa silhueta contra a @anela. /areceu'lhe ouvi'lo pronunciar o seu nome, mas nãoteve certeza.

Carla repetiu ele baixinho.

=

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 2odo o seu ser )icou alerta para o !ue ele tinha a lhe dizer. ?uando h< tr&s anos voc& me devolveu este anel, eu o colo!uei nesta

corrente e desde então o carrego comigo. a!uele dia, voc& a)irmou !ue não!ueria nunca mais us<'lo, pois era o s3mbolo da misDria a !ue sua vida havia sereduzido.

$s palavras soaram dolorosas e )amiliares como se ela as houvesse

pronunciado na vDspera. Carla as dissera num momento de agonia, na )alsacrença de !ue, se não agisse da!uela maneiraY a separação não seria de)initivae Ric1 @amais se desligaria dela.

a Dpoca, acreditou !ue não havia outro caminho poss3vel para !ue ele aes!uecesse.

$o longo dos anos de so)rimento, repetia para si mesma !ue se houvesse)icado ou deixado Ric1 de )orma mais amena teria destru3do sua habilidade decorrer com atenção irrestrita e indivis3vel. (em uma concentração total, ele setrans)ormaria num incontrol<vel )oguete de alta velocidade. Essa idDia lhe deraa )orça necess<ria para partir. Como poderia explicar'lhe issoM E ser< !ue elecompreenderia essa motivaçãoM Be !ual!uer )orma, teria !ue tentar.

$gora, ao olhar para tr<s, compreendo !ue est<vamos presos numaarmadilha estranha. "esmo contente por não haver acontecido nada, nãoimagino como eu poderia ter evitado coisas horr3veis. . .

Então, Carla contou'lhe !uase tudo. Es!uivou'se de revelar o medo !uehavia orientado suas açKes e !ue a )orçara a dizer as palavras brutais na horada separação. - pavor !ue a convencera de !ue Ric1 morreria se elacontinuasse ao seu lado permaneceu escondido. "as lhe )alou sobre a solidão!ue a perseguia noite e diaY sobre os tele)onemas !ue dava a "aureen eRoger, durante os !uais esperava desesperada, !ue os tios, casualmente,dessem alguma not3cia deleY sobre os dias em !ue chegava a acreditar !ue a

vida, a)inal, tinha algum valor, atD !ue abria uma revista ou um @ornal, via uma)otogra)ia dele, e logo suas de)esas se des)aziam como o papel na chama,deixando'a )erida e com a sensação de inutilidade.

#inalmente, Ric1 pJs'lhe os dedos nos l<bios, impedindo'a de continuar adescrever as lembranças amargas.

Como D !ue o nosso amor tão precioso e raro podia ser tão destrutivoM 2alvez s6 os !ue se amam pro)undamente como n6s se magoem de

)orma tão completa. ?uem sabe, não se@a esse o preço !ue tenhamos de pagarpelo tesouro !ue nos )oi dadoM arriscou ela.

Ric1 abraçou'a apaixonado, revelando a vida solit<ria !ue levara nos%ltimos anos.

(e agora tinham gozado, sem restriçKes, do tesouro !ue possu3ram !uantopagariam por issoM

Carla recostou'se no travesseiro com o olhar em algum ponto do teto. $mão dele, !ue segurava a corrente com o anel, estava )echada sobre o peito.

"entalmente, ela implorava !ue Ric1 lhe devolvesse a aliança. $o mesmotempo, entendia sua relutncia em )az&'lo e o medo !ue ele devia sentir emlhe con)iar novamente seu amor. Estendeu a mão para tocar a dele eperguntar'lhe se podia usar o anel, mas, sem !uerer, encostou'se > cicatriz dacirurgia. (urpreso, ele estremeceu.

$inda d6iM perguntou Carla, preocupada com as poss3veisconse!O&ncias da intensidade com !ue tinham )eito amor. ão havia pensadonisso.

ão, não d6i, D s6 um pou!uinho sens3vel. E suas pernasM Bessamaneira, a conversa desviou'se do assunto 3ntimo e intenso de minutos antes

Q

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para trivialidades. Logo se sentiam relaxados e sonolentos. Carla aninhou'seem Ric1 e ele a manteve nos braços !uase a noite toda. "esmo dormindo,porDm, conservou a mão )echada > volta do anel.

a manhã seguinte, ela acordou e viu'se sozinha na cama. Espreguiçou'se, olhou para a @anela !ue )iltrava os raios de sol, e esperou ouvir osmovimentos de Ric1 pela casa.

"as tudo estava em completo sil&ncio, incapaz de permanecer ali deitada,levantou'se, vestiu o robe e saiu > sua procura. Encontrou'o passeando entreas pedras, > beira da <gua.

(em ser vista, )icou observando com amor. Ele se movia com a agilidade ea graça de um atleta, alguDm !ue se sentia absolutamente seguro da pr6pria)orça e poder. ão importava a intimidade de !ue eles gozavam, ela sempre sesurpreendia com a beleza e per)eição )3sica de Ric1. - rosto anguloso e osolhos !uase negros provocavam sua admiração. E !ue corpo lindoN #orte emusculoso, mas !ue sabia ser delicado. 2inha um pouco mais de um metro eoitenta de altura, per)eito para ela, pois seus corpos uniam'se comnaturalidade como se tivessem sido )eitos um para o outro.

esse momento, Ric1 abaixou'se para ver melhor o !ue havia no )undo da<gua transparente, apanhou um peixinho !ue )icara preso numa poça entre asrochas e soltou'o no mar.

A?ue personalidade incr3vel e com tantas )acetasA, pensou Carla. adireção de um #errari, ou de um Lotus, ele se trans)ormava numa pessoacompletamente di)erente. Ela se lembrava muito bem da primeira vez em !uepresenciara tal mudança. Estava ainda se )amiliarizando e aprendendo oscostumes e rituais !ue cercavam uma corrida. m piloto havia cometido umerro bobo !ue provocara a sa3da de tr&s outros da competição. $ssim !ue abandeirinha xadrez baixou, e Ric1, vitorioso, deixou sua m<!uina, )oi procurar

o piloto )altoso. (em !uerer, Carla ouviu o !ue se passava. Ric1 agira sempiedade, a)irmando !ue se visse ou tivesse not3cias de erro semelhante, )aria oposs3vel e o imposs3vel para impedi'lo de voltar a correr.

Como presidente da organização de pilotos, ele sempre )ora intransigente,tanto com novatos como com veteranos, a respeito de in)raçKes >s regras desegurança. Em toda a sua carreira recusara'se terminantemente a tomar partede provas onde havia mais preocupação com lucros do !ue com a segurançados pilotos e do p%blico. 2al determinação chegara a ponto de )az&'loabandonar uma competição.

#oi nessa Dpoca !ue Carla descobriu e passou a admirar a habilidadesuprema !ue uma corrida de carros exigia dos pilotos, )osse ela num

aut6dromo ou em outro tipo de pista. $inda nessa ocasião, percebeu como Ric1se tornava )rio e calculista atr<s de um volante em uma prova. /rocurou essa)aceta de sua personalidade longe das pistas, porDm ela sumia como porencanto.

$gora, Carla se encontrava em posição de olhar o passado e entendermelhor a razão !ue o levara a investigar o acidente de 0obb4 com tanto)anatismo e obsessão. Ric1 tinha visto os )ilmes do desastre um sem n%merode vezes, incapaz de aceitar !ue um pe!ueno de)eito numa arruela do chassi)osse o %nico respons<vel pela morte do rapaz. ?uando não conseguiudescobrir mais nada, trancou'se em si mesmo e entregou'se a uma odissDia decorridas por !uase todo o mundo. Essa havia sido a sua maneira dehomenagear a mem6ria do amigo, e !ue, en!uanto o consolava da perda,!uase destru3a a vida de Carla.

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 2udo isso acontecera a muito'tempo, embora parecesse recente. /orsorte, depois do amor !ue haviam compartilhado no dia anterior, o pesadelohavia acabado.

Carla sentiu um arrepio de medo, mas tratou de a)ast<'lo, assim como >premonição !ue teimava em tomar conta de sua mente. Cuidadosamenteencaminhou'se em direção a Ric1, mas, no entanto, o chinelo escorregou numa

pedra lisa e ela, com um pe!ueno grito, caiu. Ele se virou e riu ao v&'la com ospDs na <gua e a barra do robe molhada. "esmo com os chinelos encharcados ea seda vermelha grudada nas pernas, ela continuou seu caminho,encontrando'o numa pedra grande onde costumava tomar banho de sol noverão. Ric1 segurou'a pela cintura e bei@ou'lhe os l<bios.

0om dia ele disse, e Carla teve a certeza de !ue era mesmo um6timo dia.

0ei@aram'se outra vez, en!uanto ele desamarrava o cinto do robe paratocar'lhe os seios. Com um brilho malicioso no olhar, disse alegre:

-bservei como o seu corpo se movia !uando vinha para c< e )i!ueicerto de !ue voc& estava nua sob o robe. Veio atD a!ui para me seduzirM *< sees!ueceu de !ue me excito ao v&'laM

$mbas as coisas brincou, prendendo a respiração ao senti'lo bei@ar'lhe os seios.

Ric1 a)astou o robe, expondo os ombros de Carla. /or )avor protestou ela. ão h< ninguDm por a!ui, @< veri)i!uei a)irmou ele, bei@ando'a no

pescoço. Eu a !ueria a!ui comigo.$baixou'se atD a altura de seus !uadris e acariciou'lhe a pele sens3vel. $

seguir, examinou as manchas vermelhas da !ueimadura nas coxas. /arece !ue voc& est< melhor. ão h< sinal de bolhas.

$h, @< nem d6i mais replicou Carla, consciente do dese@o de sertocada.Beixou !ue o robe escorregasse e ca3sse a seus pDs, )icando nua na )rente

dele. ?uase com rever&ncia, Ric1 a tomou nos braços e ela estremeceu aosentir o contato !ue lhe provocava uma paixão crescente. - bei@o !uetrocaram )oi doce e calmo, como se acreditassem !ue agora dispunham detodo o tempo do mundo para se amarem e saborearem a sensualidade !ue osenvolvia.

?uando )inalmente ela a)astou a cabeça, viu a vela de uns barcos sobre osombros de Ric1. Ela agarrou'se mais a ele e disse, alarmada:

Voc& não tinha dito !ue não havia ninguDm por a!uiM

BrogaN Be onde surgiramM perguntou ele, tentando apanhar o robecom o pD e )azendo'a rir. /arece !ue voc& não est< muito preocupada resmungou.

Carla riu mais e aconchegou'se a ele. (abia !ue as pessoas naembarcação estariam preocupadas em manobrar pelo canal e não podiamprestar atenção em nada mais.

Começou a desabotoar'lhe a camisa para depois acarici<'lo. Carla, se voc& não parar agora mesmo, o pessoal do barco vai assistir a

uma cena da !ual @amais se es!uecer<. - !ue !uer dizerM perguntou, com mal3cia. (6 isto. 0ei@ou'a com ardor, tomando'lhe os seios.Carla es)regou o rosto no p&lo macio do peito dele, en!uanto ela era

segurada pelos !uadris e puxada < seu encontro.

T

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ão posso acreditar no !uanto a dese@o. Essa ansiedade nunca tem )im.(er< !ue nunca vou ter outra coisa em menteM

Ela o )itou e respondeu: /or !ue voc& seria di)erente de mimM Vamos )azer amorM pediu.

$!uiM $goraMRic1 olhou > sua volta e disse sorrindo:

ão deixaria de ser bom, mas a!uela cama grande e macia do chalD Dbem melhor para o !ue tenho em mente.Veri)icou a posição do barco e apanhou o robe, a@udando'a a vesti'lo.

Voltaram então para casa./assaram o resto da manhã )azendo amor, explorando a extensão de suas

sensibilidades e do prazer !ue causavam mutuamente. Bepois, dormiramabraçados. Ric1 acordou primeiro e despertou'a.

Estou morto de )ome. $h, mas voc& disse !ue s6 precisava de mimN Voc& D uma del3cia, mas agora preciso de algo mais )orte. B< para esperar atD !ue a gente se vista e possa ir > cidadeN ;< um

restaurante !ue serve as omeletes mais deliciosas !ue se possa imaginar. Continua detestando cozinhar, não DM perguntou ele, com um sorriso. -deio Carla respondeu, rindo tambDm. Então vamos depressa, antes !ue eu morra mesmo.Carla pulou da cama e )oi em direção ao banheiro. a porta, parou para

olh<'lo e, sem perceber, )ez uma pose. Estava linda, provocante, mas, aomesmo tempo, com ar ing&nuo. /erguntou:

?uer tomar banho comigoMEle atirou'lhe um travesseiro, dizendo: (aia da!ui, sua sedutoraN

- !ue !uer dizerM Ela indagou rindo, e entrando no banheiro antes!ue outro travesseiro a atingisse.

CAPÍTULO VIII

- restaurante !ue, segundo Carla, servia omeletes deliciosas era

exatamente como ela o descrevera no caminho. #icava numa rua lateral,espremido entre dois prDdios de estilo vitoriano, e por isso Ric1 achou incr3vel!ue tivesse sobrevivido e prosperado.

Embora não )osse hora nem de almoço nem de @antar, havia uma )ila declientes esperando do lado de )ora.

$dmirado, mas )aminto, Ric1 disse !ue um cachorro'!uente numalanchonete !ual!uer bastava desde !ue )osse servido imediatamente, pois nãoestava disposto a esperar. Ela não lhe deu atenção e o levou atD a porta dos)undos, onde havia uma placa indicando !ue a!uela entrada era exclusiva paraos )uncion<rios. Vendo a expressão espantada dele, explicou:

- dono deste estabelecimento, Baniel -lsen, e eu temos um acordo.

"ando )regueses para c< e ele me serve sem !ue eu tenha !ue aguardarminha vez.

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Logo !ue entraram, )icou evidente !ue ela gozava de muito bom conceitono lugar, tais eram as atençKes !ue lhe dispensavam.

Baniel surgiu da cozinha trazendo uma bande@a com omeletes tentadoras.Era um su@eito alto, musculoso, de cabelos loiros e olhos azuis brilhantes./ercebia'se claramente sua origem escandinava, mas mesmo para oobservador menos atento )icava evidente !ue ele herdara dos vi1ings não s6 a

apar&ncia atraente como tambDm a mal3cia e o temperamento belicoso. CarlaMN exclamou ele, alegre e )eliz ao v&'la. /or onde temandadoM $proximou'se e deu'lhe um bei@o de boas'vindas. /erguntei porvoc& a "aggie e *e)), mas eles não !uiseram me dizer o seu paradeiro. #i!uei)urioso, mas não cheguei a brigar por!ue gosto muito deles e depois ia termuito trabalho para )azer as pazes. (enti muito a sua )alta disse, bei@ando'ade novo e a)astando'se a seguir, sem lhe dar oportunidade de dizer nada e,muito menos, de apresentar Ric1.

Esse a3 D Baniel -lsen explicou ela , o dono do restaurante. "ascomo ele não respondesse, virou'se e )icou alarmada com a sua expressão.

-s olhos de Ric1 soltavam chispas e seus l<bios estavam apertados deraiva.

Completamente estarrecida, ela se perguntou !ue bicho o teria mordido.E, de repente, percebeu: ele estava com ci%me.

ACi%meNA, pensou. ComoM /or !u&M - relacionamento de ambos sempretinha sido baseado na con)iança m%tua, !ue exclu3a !ual!uer razão para aexist&ncia desse sentimento. (em saber se ria ou se chorava, segurou'o pelobraço, conduzindo'o atD um p<tio interno, envidraçado, !ue Baniel reservavapara os moradores da cidade, não permitindo turistas ali. Encontraram o lugarvazio. Carla plantou'se na )rente de Ric1 e, com as mãos na cintura, perguntou:

?uer )azer o )avor de explicar sua atitudeM

Ele deu a volta por ela e )oi atD uma mesa, onde puxou uma cadeira para!ue ela se sentasse. (arc<stico, disse: ão sei do !ue voc& est< )alando. Bessa braveza rid3cula e dessa cara )echada s6 por causa do

cumprimento de um amigoN $migoMN 2alvez não tenha percebido, mas a!uele gorila sueco est<

apaixonado por voc&. 2ambDm, do @eito !ue voc& se exibe por a3 reclamou,olhando para o short curtinho !ue ela estava usando por causa das!ueimaduras.

Carla não podia acreditar em seus ouvidos. ;< menos de uma hora elehavia elogiado sua escolha de roupasY de onde tinha tirado essa idDia de !ue

Baniel estava apaixonado por elaM -lheY a!ui n6s somos mesmo s6 amigos. E )i!ue sabendo !ue Baniel D

noruegu&s e não sueco. E o !ue a nacionalidade dele tem a ver com o restoM perguntou Ric1,

exasperado, passando os dedos pelos cabelos. I outro exemplo de !ue voc& est< con)undindo os )atos disse,

começando a se sentir o)endida com a!uele comportamento do marido. Voc& viu Baniel por uns trinta segundos, talvez nem tanto. Como D !ue

pJde tirar suas conclusKes bobasM ão acha !ue )oi meio apressadoMRic1 sentou'se em )rente a ela e, mais descontra3do, disse: Escute Carla, sei !ue voc& nunca conseguiu perceber muito bem as

indicaçKes, ou melhor, os sinais emitidos por sexo. . .(ua voz era calma, mas as palavras a irritaram mais do !ue o tom !ue ele

havia usado antes. Lembrou'se de uma discussão !ue acontecera, h< mais de

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seis anos, na semana em !ue se conheceram. Ele, então, havia reclamado !ueela não tinha respondido aos sinais !ue lhe )izera. A(er< !ue continuo sendouma ing&nuaMA /ensou meio alarmada.

Eu não podia imaginar !ue voc& pudesse ser tão obtusa nesse sentido.$!uele su@eito l< dentro proclama por todos os poros !ue, est< apaixonado porvoc&. $ %nica coisa !ue ainda não )ez )oi pendurar uma placa no peito dizendo

o !ue sente. Est< bem disse ela, consciente de !ue não conseguiria convenc&'lodo contr<rio. E da3 !ue ele este@a ou não apaixonado por mimM Ve@a bem,não estou admitindo !ue isso se@a verdade, mas apenas concordo com apossibilidade de isso ser verdade s6 para não )icarmos discutindo inutilmente./or !ue )icou tão bravo se sabe !ue não correspondo aos sentimentos deleM

$ expressão raivosa de Ric1 desapareceu, dando lugar a outra, !uerevelava o aturdimento provocado pelos sentimentos inesperados por !uepassara.

#rancamente não sei murmurou. unca me comportei dessamaneira. ão imagino o !ue aconteceu comigo.

Carla não conseguiu achar nada para dizer. Levantou'se e )oi atD umm6vel, no )undo do p<tio, de onde apanhou dois card<pios. ?uando entregouum a Ric1, ele agradeceu, mas o deixou na mesa. (eu olhar acompanhava ovJo de umas gaivotas !ue cruzavam o cDu. "omento depois começou, a )alarnuma voz tão baixa !ue Carla não sabia se ele estava se dirigindo a ela oupensando em voz alta. /arecia tão distante. . .

$cho !ue sinto ci%me de !ual!uer homem !ue tenha estado ao seu ladoen!uanto eu me encontrava ausente. Voc& construiu uma vida cheia desucesso e signi)icativa sem mim. ão sei... 2alvez. . .

Carla pJs as mãos sobre as dele, )azendo'o )it<'la en!uanto ele conclu3a

seu pensamento. 2alvez eu não devesse ter pedido a (teve !ue a chamasse para )icarcomigo no hospital. 2enho um pressentimento amargo de !ue não vouconseguir dar a voc& a )elicidade !ue merece.

Ela )icou tensa diante da!uelas palavras. Eu não trocaria por dez anos de paz esse %ltimo m&s !ue passamos

 @untos disse, com suavidade. ão vamos nos preocupar com o amanhã. 2ratemos de viver cada dia separadamente, como se )osse um novo começo.

Espero !ue nunca mude de idDia murmurou ele. ma garçoneteapareceu na porta e perguntou sorridente:

*< escolheramM

(6 mais uns minutinhos, est< bemM disse Carla. aturalmente. (e estiverem em d%vida sobre !ue pratos escolher, D

bom saberem !ue os de )rutas )rescas da estação e os de iogurte estão 6timos explicou, e saiu )echando a porta atr<s de si.

Ric1 levantou os olhos e, ignorando a interrupção da @ovem, continuou: /osso lhe prometer !ue )arei tudo o !ue estiver ao meu alcance para

não mago<'la outra vez. o entanto, algum dia, teremos !ue )alar abertamentesobre o !ue nos aconteceu, trazendo > tona as lembranças tristes e dolorosas.$tD ho@e não consigo entender o !ue )izemos de errado. (ua voz e seusolhos estavam repletos de melancolia.

(er< !ue esse assunto não pode ser adiadoM implorou ela. ãopodemos esperar mais um poucoM

/ensava !ue, pelo @eito dele, seu pedido ia ser negado, porDm, com umolhar resignado, ele acedeu, sorrindo:

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Voc& tem razão. $)inal, um problema tão delicado e particular não deviase!uer ter sido citado num lugar como este.

 2omou a mão es!uerda de Carla e levantou'a com a palma virada paracima. Com o dedo, percorreu a linha !ue começava entre o polegar e oindicador e terminava no pulso.

- canto dos seus l<bios mostrava o antigo sorriso de !ue ela se lembrava

tão bem desde os velhos tempos de namoro. /arece !ue temos ainda muito tempo pela )rente a)irmou ele,bei@ando'lhe a palma da mão. (ua linha da vida D bem longa.

Eu te amo, Ric1.Ele levantou os olhos, !ue agora expressavam a alegria anterior e,

brincando, perguntou: "as ser< !ue ainda vai me amar !uando eu )or um velhinho es!uelDtico

de noventa e cinco anosMEu)6rica com a mudança de humor dele e dese@osa de !ue o lado sombrio

)icasse es!uecido, pelo menos temporariamente, ela respondeu provocadora,mas no mesmo tom zombeteiro !ue ele usara:

$h, tenho minhas d%vidas. $cho !ue pre)iro homens robustos. E suecos, imagino disse ele, )ingindo'se de bravo. m noruegu&s não seria de todo mau concordou ela, rindo alegre e

)eliz. "as se !uer mesmo saber a verdade, espero nunca mais ter o trabalhode domar um novo homem. /ortanto, alimente'se bem, coma bastante pararecuperar suas )orças, por!ue tenho certos planos para mais tarde.

Voc& D insaci<velN E voc& adora isso. . . Voc& sabe muito bem !ue sim.#itou'a com uma ternura imensa, como se !uisesse mostrar !ue @amais se

saciaria dela. m momento depois, voltou < atenção ao card<pio, !ueapresentava uma lista de mais de cem omeletes di)erentes. "al tinhacomeçado a ler, parou admirado e perguntou:

- !u&M "orangos e chantill4 numa omeleteM Continue lendo, pois vai descobrir coisas mais estranhas ainda ela

aconselhou.Como @< soubesse desde o in3cio o !ue ia pedir, Carla largou o card<pio e

)icou observando Ric1, !ue continuava indeciso !uanto > escolha da omelete. 2odos os traços da raiva anterior haviam desaparecido, mas ela podia perceber!ue alguma coisa o preocupava. Ele levantou o olhar e disse:

(into muito ter bancado o homem da caverna. /rometo !ue nunca mais

vou )azer isso. *amais diga nunca. Ela riu e tentou )azer uma brincadeira, antes !ue

o ambiente )icasse carregado outra vez. $lDm do mais, não D !ual!uermulher de vinte e sete anos !ue pode provocar um ata!ue de ci%me nomarido. Eu devia'me sentir envaidecida e com o ego satis)eito.

/elo amor de Beus, não diga uma coisa dessasN Voc& não podeinterpretar como galanteio a coisa mais est%pida !ue )iz recentemente disseele meio envergonhado.

$h, mas !uando se chega > minha idade, os galanteios se tornam tãorarosN continuou, teimando em brincar.

(6 se os homens da!ui são cegos. "inha nossaN - !ue voc& disse agora compensa, de longe, o

comportamento bobo !ue teve ainda h< pouco. Voc& não desiste, não DM

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*amais, meu amor.Ric1 voltou < atenção ao card<pio, mas continuava indeciso. ão gosto !uando a escolha D muito variada, não consigo resolver o

!ue !uero. /or !ue não pede o mesmo !ue euM -melete de !u&M

Be alcacho)ra, bacon e re!uei@ão. $o ver a cara de en@Jo do maridoacrescentou: 2alvez a de presunto e !uei@o prato )aça mais o seu g&nero.?ue talM

esse momento apareceu Baniel, !ue veio tomar nota dos pedidos. ?uem D esse a3M perguntou, indicando Ric1.Carla não !uis acreditar no !ue estava se passando. -s dois homens se

antagonizaram imediatamente. Ric1 começou a se levantar e ela !uasederrubou a cadeira na pressa de se aproximar dele. E sentiu'se meio boba!uando percebeu !ue ele )icara de pD apenas para cumprimentar o outro.$ntes !ue pudesse )azer as apresentaçKes, ouviu'o dizer:

(ou Ric1 #leming, marido de Carla.- homem empalideceu, mas apertou'lhe a mão de modo gentil. Baniel -lsen, propriet<rio, garçom, lavador de pratos e pau para toda

obra deste restaurante e virando'se para Carla, !ue sentara novamente,disse em tom acusador: Voc& não me contou !ue pretendia se casar. Comoconseguiu esconder o noivado com uma pessoa tão )amosaM

6s nos casamos h< seis anos explicou ela. E nos separamos h< tr&s acrescentou Ric1. Baniel olhou para ele e

depois para Carla. Entendo. /erdi o p<reo, isto D, parece !ue nunca tive chance de ganhar.

Be !ual!uer modo, parabDns. Espero !ue desta vez d& certo.

- ambiente se desanuviou e os dois homens pareceram relaxar. Birigindo'se a Carla, Baniel explicou com voz descontra3da, mas signi)icativa o bastantepara !ue não houvesse d%vidas:

aturalmente voc& sabe !ue isso )oi uma desilusão muito grande paramim. Besde !ue a vi pela primeira vez a!ui, com "aggie e *e)), )i!uei de olhoem voc&.

Carla não sabia onde pJr as mãos. E, para completar, Ric1 a olhava comose estivesse lhe dizendo AEu não )aleiMA

$h, Baniel. . . Eu não sabia. . . gague@ou. Claro !ue não respondeu ele com suavidade e logo se voltou para

Ric1. ão D necess<rio lhe dizer !ue garota )ormid<vel Carla D voc& mais do

!ue ninguDm deve saber disso. Cuide bem dela, por!ue, se não o )izer, eu)arei.

- tom amig<vel, embora carregado de intenção, persistiu atD !ue Banielterminasse de externar o !ue pensava e como se sentia diante da situação.Bepois, com uma curvatura elegante, ele assumiu o papel de garçom e tomounota dos pedidos do casal.

$ssim !ue o viu a)astar'se, Carla relanceou o olhar por Ric1, tentandoperceber o e)eito !ue as palavras de Baniel tiveram sobre ele. $chou estranho,mas )icou com a impressão de !ue o marido aceitara as insinuaçKes do outrosem raiva ou animosidade. E ela surpreendeu'se !uando o ouviu comentar:

(u@eito simp<tico, esse. unca vi ninguDm mudar de opinião tão depressa disse ela, com os

olhos arregalados. Baria para me explicar o !ue aconteceuM Voc& não pode culpar uma pessoa por gostar do !ue D bom.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

ão sei por !ue, sinto'me como uma mercadoria !ue estivesse exposta> venda.

$cho !ue Auma )ina peça de porcelanaA soaria melhor.E assim passaram o tempo do @antar sem tocar mais em assuntos sDrios e

tentando resolver se Carla deveria ou não ir trabalhar no dia seguinte.?uando sa3ram do restaurante, )oram atD a galeria para pegar o carro e

para !ue Ric1 conhecesse o lugar."aggie os recebeu com o encanto costumeiro e insistiu em examinar as!ueimaduras de Carla. #icou admirada ao constatar !ue não haviam se)ormado bolhas. (egundo contou, uma amiga sua tinha passado porexperi&ncia semelhante e acabara internada num hospital.

#oram então mostrar a lo@a para Ric1, !ue se surpreendeu com a alta!ualidade dos trabalhos expostos, e comentou !ue não esperava encontraruma exposição de tão alto gabarito num lugar )re!Oentado apenas por turistas.

"aggie parou diante de uma pintura, cu@o preço se aproximava de dez mild6lares, e explicou:

$ntes de Carla trabalhar a!ui, não exp%nhamos nada !ue custasse maisde duzentos d6lares. $s peças mais caras n6s mand<vamos para galerias em(eattle, (an #rancisco ou Carmel. "as depois !ue ela estudou os turistas. . .

- !ue )iz interrompeu Carla )oi, um dia, olhar para a enseada everi)icar o n%mero incr3vel de iates luxuosos !ue estavam ancorados. -ra,!uem possu3a dinheiro para manter um barco da!ueles haveria de ter tambDmpara ad!uirir obras de arte de boa !ualidade.

/ois D depois !ue ela veri)icou !ue não est<vamos pegando o grosso dodinheiro !ue aparecia em "artenFs Cove, convenceu'nos a expor ob@etos maisvaliosos. - resto voc& pode adivinhar disse, apanhando uma esculturape!uena em bronze. Como v&, continuamos com as peças baratas tambDm.

Carla insiste em !ue o)ereçamos trabalhos de preços acess3veis a !ual!uer tipode bolso. E atD conseguiu convencer todo mundo a contribuir com obras maisbaratas.

ns poucos artistas explicou Carla achavam !ue, depois devenderem peças por alguns milhares de d6lares, produzirem trabalhos maisbaratos pre@udicaria uma reputação @< estabelecida. $chavam !ue estariamminando o preço de peças mais valiosas.

#oi uma luta )az&'los mudar de idDia a)irmou "aggie. "as)inalmente se convenceram de !ue com isso ganhariam )uturos clientes paraas obras mais caras.

Be )ato concordou Ric1 com admiração , o es)orço )eito nesse

sentido deve ter sido bem grande. (ei como D di)3cil, para não dizer imposs3vel,convencer as pessoas a trabalharem por menos, mesmo !ue isso signi)i!ue umlucro maior no )uturo. o meu ramo, por exemplo, não se consegue mais !uem!ueira participar de uma e!uipe de corridas ganhando > base de percentagemdas vit6rias.

Beu trabalho, mas não tanto assim. Be um modo geral, todos estãocooperando disse Carla.

ão se@a modesta, minha !uerida disse "aggie, rindo. Ve@a isto, Ric1. Carla mostrou'lhe uma bola de vidro de uns oito

cent3metros de dimetro. ão me peça opinião sobre essa peça, pois voc& não vai gostar

avisou'o, virando o peso de papel e vendo !ue custava cem d6lares. ExistealguDm !ue pague esse preço por uma coisa dessasM

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Eu apostei com Carla, um ch< no Empress ;otel em Victoria, !ue nesteverão o peso de papel desencalharia disse "aggie.

/ode ir guardando o dinheiro por!ue !uem vai pagar esse ch< D voc&.inguDm vai comprar essa coisa horrorosa respondeu Carla.

$ conversa )oi interrompida por *e)), !ue entrou intempestivamente nalo@a. -s tr&s se viraram para receb&'lo, percebendo de imediato !ue ele

tentava dis)arçar alguma not3cia ruim. - !ue aconteceuM perguntou "aggie, apreensiva, correndo paraencontr<'lo.

 *e)) deu um sorriso )orçado e respondeu: ada tão importante !ue possa atrapalhar um dia bonito. I melhor contar logo. Carla e Ric1 acabarão sabendo mesmo. *e)) tirou um envelope do bolso da camisa e entregou'o > esposa.Bepois se sentou no banco de carvalho perto da escrivaninha, pJs os

cotovelos nos @oelhos e escondeu o rosto nas mãos. $ expressão de "aggie )oise anuviando < medida !ue prosseguia na leitura da carta.

ão estou entendendo. ?uer dizer !ue (ir alahad não pode maisvisitar a escola prim<ria $lbert EinsteinM

$ princ3pio tambDm não entendi disse *e)). Então tele)onei para a(ecretaria de Educação e )i!uei sabendo !ue não podemos mais lev<'lo a!ual!uer escola do munic3pio de (eattle. E, se a mãe de *amie Longacherconseguir, a nenhuma escola da região de 2acoma ou mesmo do Estado inteirode Sashington.

"as por !u&M Carla !uis saber. $ (ra. Longacher est< convencida de !ue (ir alahad D uma ameaça

perigosa. $cha tambDm !ue as escolas expKem a vida das crianças ao permitira visita do lobo nas salas de aula. (egundo o )uncion<rio com !uem conversei,

ela encara essa campanha contra (ir alahad como responsabilidade pr6pria.- pior D !ue est< tendo tanto sucesso !ue muitas pessoas a estão estimulandopara !ue concorra ao conselho escolar, nas pr6ximas eleiçKes contou *e))com voz amargurada.

Voc& s6 pode estar brincandoN exclamou Ric1. - pessoal dasecretaria deve conhecer muito bem as segundas intençKes dessa mulher.

Eles não tiveram outra escolha. $ (ra. Longacher procurou ospresidentes das $ssociaçKes de /ais e "estres. $ cada um, em particular,a)irmou contar com o apoio dos demais, e !ue se eles não agissem da mesma)orma seriam responsabilizados por !ual!uer coisa !ue T=esse animal perigoso)izesse. /arece atD !ue chegou a citar, de maneira capciosa, algumas leis.

"as por !ue ninguDm nos procurou para contar o !ue estavaacontecendoM perguntou "aggie.

/arece !ue no in3cio ninguDm a levou a sDrio, e depois era tardedemais. Ela agiu !uietinha e com muita esperteza.

E agoraM "aggie parecia muito desanimada. $manhã vou a (eattle procurar dirigentes de v<rios grupos de de)esa

do meio ambiente e ver de !ue maneira poderão nos a@udar in)ormou *e)),colocando o braço nos ombros da esposa.

;< alguma coisa !ue Carla e eu possamos )azerM o)ereceu'se Ric1,com suavidade.

 *e)) deu um sorriso triste. aturalmente, não hesitarei em usar o trabalho de voc&s dois, mas

preciso saber primeiro como ser< o nosso plano de ação. /or en!uanto temos!ue esperar.

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Em sil&ncio, )echaram a galeria e )oram ao estacionamento, pensando no!ue dizer para desanuviar o ambiente. Como nada lhes ocorresse, despediram'se. Carla e Ric1 esperaram atD !ue a perua dos amigos desaparecesse atr<s doprDdio.

?uer guiarM perguntou ela, estendendo as chaves.Ric1 olhou para a velha caminhonete e comentou:

$cho !ue não D muito segura. Como pode dizer uma coisa dessasM -nde @< viu algum outro ve3culocom linhas e pinturas tão originaisM /assou a mão com carinho na latariaamassada e en)erru@ada. $cho !ue voc& não sabe apreciar uma peça dearte.

(orrindo, Ric1 abraçou'a. Venha c<, mulher, vou lhe mostrar o !ue sei apreciar. Eu sabia disse ela, abraçando'o tambDm. Voc& s6 aprecia o meu

corpo e não a minha mente.0ei@ando'a no pescoço, disse: /rimeiro o corpo, depois a mente. ão comece alguma coisa !ue não vai poder terminarN ?uando )ico

excitada, perco o controle. /alavras, palavras murmurou Ric1 entre [email protected] repente, Carla sentiu'se culpada. Encostou a cabeça em seu peito e

suspirou, angustiada. - !ue )oi meu amorM I estranha a gente se sentir tão )eliz en!uanto "aggie e *e)) estão com

um problema enorme. 2udo vai acabar bem garantiu'o. Como D !ue sabeM

Eles estão lutando por causa @usta.$ voz de Ric1 soava cheia de con)iança, o !ue )ez Carla sorrir. Essa atitudeera t3pica dele. (empre achava !ue o lado certo vencia todos os obst<culos !ueencontrasse pela )rente.

Voc& continua otimista, não DM Continuo, sim, e atD ho@e não tenho razão para me !ueixar. Ws vezes

leva tempo, muito mais do !ue eu gostaria !ue levasse. -lhou'a sDrio, mascheio de a)eição.

Carla sentiu uma necessidade imensa de con)essar'lhe o grande amor !uesentia por ele, porDm não conseguiu encontrar as palavras certas, !ueexprimissem a pro)undidade de seus sentimentos. $ninhou'se mais em seus

braços e entregou'se a um bei@o pro)undo.#icaram ali por mais alguns minutos, atD !ue Ric1 a levou para a

caminhonete e disse: Voc& vai guiando. 2enho a impressão de !ue ho@e não vou conseguir

entender as manias do seu ve3culo.Buas semanas mais tarde, !uando Ric1 )oi a pD busc<'la > noite, Carla

o)ereceu'lhe novamente a chave da caminhonete e ele a aceitou. ão !ue eu ache !ue voc& guia mal, mas não agOento mais ir

sacole@ando por a!uela estrada.Be )ato, o tra@eto na!uela noite )oi bem suave. Ric1 conseguia se desviar

com destreza de todos os buracos e acidentes da estrada, !ue ela consideravainevit<veis.

?uando chegaram, Carla desceu e acariciou de novo a caminhonete,dizendo:

TQ

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ão v< se acostumar com a habilidade dele.#oi então !ue ouviram o som estridente da campainha do tele)one. Carla

estremeceu, pensando na %ltima vez em !ue isso acontecera. -lhou para Ric1e deu graças a Beus por t&'lo ali a seu lado.

Vamos ver !uem chega primeiroM-s dois sa3ram correndo e conseguiram chegar antes !ue o tele)one

parasse de tocar. $lJM atendeu ela, !uase sem )Jlego. CarlaM Como vaiM $!ui D (teve. /osso )alar com Ric1M /ode, sim, um minutinho./assou o )one para o marido e )oi atD o !uarto trocar de roupa. BeBepois se dirigiu > cozinha, onde pJs <gua para )erver. Be l< o ouviu dizer: ?ue 6timoN ?uandoM -lhe, !uer me )azer um )avorM /are em (eattle e

v< procurar "ichael Shitta1er. Ve@a se o convence a vir com voc&. Biga'lhe!ue vou conseguir um barco, 6tima companhia, e !ue ele vai se divertir tantoou mais !ue na!uela noite em /addington, depois da corrida de Orburgring.

Ric1 riu en!uanto ouvia algum coment<rio de (teve e depois continuou: ão a)irmei !ue 3amos cometer loucuras, e sim nos divertir tanto como

na!uela noite.;ouve outra pausa, durante a !ual o amigo devia estar contando alguma

coisa.-uviu'se então a pergunta )eita com voz triste: E como ela vaiM- coração de Carla bateu apressado. (entindo'se como se estivesse

espionando o marido, ela resolveu voltar para o !uarto, mas, ao passar pelasala, Ric1 a puxou e a )ez sentar'se em seu colo.

Est< bem. $vise se houver alguma coisa !ue eu possa )azer. E atD breve

despediu'se, desligando o aparelho. -lhou para Carla e in)ormou: (teveresolveu aceitar o seu convite e vem nos visitar. XtimoN ?uero !ue ele considere a nossa casa como se )osse a dele.

#icou esperando !ue Ric1 contasse o resto da conversa, mas como ele semantivesse calado perguntou: ?uem D "ichael Shitta1erM

m velho amigo de mais de dez anos.#oi tudo o !ue ela conseguiu saber. /ercebeu, então, !ue Ric1 não iria lhe

contar mais nada. (e !uisesse maiores detalhes teria !ue ser muito paciente etentar arrancar devagar as in)ormaçKes. Resolveu !ue não )aria isso, emboradese@asse con)irmar se era "ar4 Bavies por !uem ele havia perguntado. 2inhaconsci&ncia de como a!uela moça devia estar se sentindo. *amais poderia

es!uecer, ela pr6pria, o vazio dos dias sem Ric1. /ensou na )igura )eminina egraciosa de "ar4 e no amor !ue ela alimentava por seu marido. /elo !ue (tevecontara, essa paixão era bem antiga, anterior mesmo > sua. o entanto, oaparecimento de Carla destru3ra o sonho de "ar4, e !uando, a)inal, tinhasurgido outra oportunidade, o romance )ora breve, terminando com mais umadesilusão.

Embora entendesse bem o so)rimento de "ar4 e se condoesse da m<goa!ue a atormentava, sentia um ci%me atroz !uando a imaginava deitada ao ladode Ric1. o plano racional era muito )<cil compreender como tudo acontecera elamentar !ue "ar4 tivesse de en)rentar conse!O&ncias terr3veis. /orDm, noplano emocional, sabendo o !uanto ela amava seu marido, e como ele, naDpoca, necessitara de alguDm !ue o a@udasse a agOentar a solidão em !ue seencontrava, sentia um 6dio incontrol<vel de "ar4. -diava'a por am<'lo a pontode )icar ao lado dele !uando ela pr6pria o havia abandonado.

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"as esse 6dio tambDm não era absoluto. o 3ntimo, atD !ue nutria certaadmiração por "ar4, pois tinha certeza de !ue nunca teria abandonado Ric1 e!ue @amais o sentenciaria a tr&s anos de in)erno. Com estes pensamentos,Carla )icava em d%vida se merecia o amor !ue ele lhe dedicava, e se )aziav<rias perguntas: algum dia Ric1 chegaria a entender as razKes !ue a tinham)eito )ugirM /or !ue ela não havia procurado uma maneira di)erente para

en)rentar a situaçãoMCom ar pesaroso, tentou se levantar do colo de Ric1, mas ele a deteve. - !ue D !ue h< CarlaM Estou pensando se (teve e "ichael vão )icar bem acomodados no

mesmo !uarto mentiu. - !ue voc& achaMEle não se deixou enganar e insistiu: - !ue a est< preocupandoM ada, nada. ão !uer con)iar em mimM perguntou com suavidade, segurando'lhe

o rosto entre as mãos. /or !ue devemos ter segredos um para o outroM(egredos !ue a atormentam tantoM

$h, são pensamentos bobos, !ue não valem < pena. . . (obre "ar4M Como D !ue voc& adivinhouM #oi )<cil imaginar... (e !uiser, podemos conversar abertamente sobre o

!ue aconteceu e depois pJr uma pedra sobre o assunto. Voc& sabe !ue ela ainda o amaM (ei. E voc& a amou alguma vezM ão, nunca. "as )ez amor com elaM

(im.$gora !ue estava ciente do !ue antes não passava de suposição, elapercebeu !ue a m<goa era bem maior do !ue havia previsto. #echando osolhos para não revelar a dor !ue sentia, indagou:

E por !ue não a amavaM Ela D tão lindaN Eu tentei, mas no meu coração s6 h< lugar para voc&, Carla. -lhe para

mim pediu.#itaram'se com )ran!ueza e honestidade. Carla viu no olhar de Ric1 o

amor imenso !ue ele lhe dedicava, amor tão poderoso !uanto o !ue ela sentiapor ele.

Eu te amo, Carla. Pn)elizmente não posso apagar o !ue houve entre

mim e "ar4, nem continuar dizendo a voc& o !uanto lamento tudo isso./recisamos encontrar uma maneira de impedir !ue esse )ato se interponhaentre n6s. - !ue posso )azer para a@ud<'la a es!uecer esse triste epis6dioM

ão D o !ue voc& est< pensando, Ric1. "esmo sendo verdade !ue sintoci%me !uando imagino voc&s dois @untos, o !ue realmente me atormenta D acompreensão do meu )racasso como esposa, ao mesmo tempo em !uepercebo o !uanto "ar4 tornou'se muito mais digna do seu amor do !ue eu con)essou, sem conseguir impedir as l<grimas.

Ric1 assumiu uma expressão tensa e mostrou'se bastante irritado. ão entendo como pode dizer uma barbaridade dessasN /or acaso

considera o nosso amor como uma competição em !ue cada um vai marcandopontosM /elo @eito parece !ue voc& est< disposta a me devolver para "ar4. . .Como se isso )osse poss3vel. -lhou'a com )rieza. E o !ue voc& )aria,

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entãoM #icaria de longe, observando a mim e a ela como )orma de castigoM-nde est< o seu amor'pr6prioM

"ais uma vez Carla tentou desvencilhar'se dos seus braços, mas ele asegurou com )irmeza e continuou a )alar com severidade:

- !ue aconteceu > mulher !ue eu conheci e por !uem me apaixoneiMComo D !ue uma criatura covarde apareceu no lugar delaM

$!uele !uestionamento do3a mais do !ue uma agressão )3sica.Encolhendo'se, atordoada, ela gritou: /or )avor, pare com issoN Enxugou as l<grimas com o dorso das mãos

e prosseguiu: 2ive mais coragem para me manter longe de voc& do !ue a!ue precisaria para voltar ao seu lado.

ão diga bobagem, Carla. inguDm no mundo consideraria um ato debravura a )uga para uma ilha solit<ria. (6 os covardes D !ue )ogemN

Essa a)irmação correspondia >s !ue centenas de vezes ela repetira a sipr6pria. o entanto, Carla não podia permitir !ue ele a @ulgasse dessa maneirae procurou se de)ender.

Eu o abandonei, Ric1, por!ue acreditava ser essa a %nica maneira deevitar ser a causa da sua destruição. E deixei voc&, embora o, amasse milhKesde vezes mais do !ue no dia em !ue nos casamos. #i!uei tão )erida !ue, senão tivesse um lugar onde me re)ugiar, teria morrido de dor. Levantou'sebruscamente do colo dele. Como se atreve a me chamar de covardeM (e eu)osse menos cora@osa teria )icado ao seu lado, colocando em risco a sua vida.

(oluçando, ela tentou alcançar a porta, mas Ric1 )oi mais r<pido e aagarrou, prendendo'a de encontro > parede.

ão, Carla. Voc& @amais )ugir< de mim outra vez. Lamento ter dito o !uedisse, mas )oi < %nica maneira de )az&'la me contar tudo. Eu @< havia tentadov<rias vezes disse ele, com voz cansada.

$batida, Carla encostou a cabeça em seu peito. (ua autode)esa tinha seesva3do por completo. $cariciando'lhe os cabelos, ele perguntou: Como voc& poderia se imaginar respons<vel caso eu morresseM ão

consigo entender isso...Ela pre)eriria não responder. (ua %nica vontade era )icar ali, nos braços

dele, atD !ue passasse a dor !ue sentia. "as )ez um es)orço e explicou: #ui acometida de um pavor enorme de !ue voc& so)resse um acidente

como o de 0obb4. - medo )oi crescendo atD eu !uase enlou!uecer. Voc& deveestar lembrado de !ue eu agia de maneira estranha cada vez !ue seaproximava a data de uma corrida.

Lembro, sim.

/ois D, comecei a acreditar !ue, se voc& se contagiasse com o meumedo, acabaria por perder o autodom3nio durante a corrida. (e isso provocassea sua morte, eu seria a %nica respons<vel.

Ric1 a)astou'se um pouco e )itou'a, admirado. Como pJde se deixar levar por uma bobagem dessasM Voc& sempre

soube !ue !uando corro minha mente )ica totalmente concentrada na!uilo !ueestou )azendo. Eu @amais teria continuado minha carreira de piloto se nãotivesse essa capacidade de conseguir me isolar do resto do mundo. Voc& sabiadissoN

/or )avor, Ric1, tente entender implorou ela. Eu acreditava nisso e)icava apavorada.

E por !ue não me contou nadaM Eu não podia. . . 2entei v<rias vezes, mas desisti, pois tinha certeza de

!ue voc& não me deixaria partir !uando ouvisse meus argumentos. $o mesmo

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tempo, eu estava consciente de !ue voc& )icaria mais vulner<vel na pista aosaber do meu so)rimento durante as corridas.

Ric1 virou'se para o outro lado, passando a mão pelos cabelos. $expressão de seu rosto era um enigma. #inalmente ele perguntou:

E )oi por isso !ue me deixouM Então por !ue me disse !ue não meamava mais e !ue a vida em minha companhia era um in)ernoM

Voc& não entendeu nada. . . soluçou Carla.Ele a )itou muito magoado 2em razão, Carla. ão entendi nada. $panhou a @a!ueta do espaldar

de uma cadeira, colocou'a nas costas e saiu do chalD, irritado, sem olhar paratr<s.

- tempo tinha so)rido uma mudança brusca, e o cDu escuro despe@avauma chuva )ina, mas persistente. $inda aos prantos, Carla )oi atD o arm<rio,apanhou o poncho, e !uando chegou > porta da )rente ainda teve tempo de verRic1 sumir no pinheiral denso.

$)lita, correu atr<s dele, mal conseguindo se, manter de pD no terrenomolhado e escorregadio.

Besesperada com a idDia de !ue ele não a havia compreendido, chegouao topo do primeiro morro, mas não viu sinal dele. ritou:

Ric1N Ric1Não houve resposta, e ela continuou repetindo o nome !uerido, agora

baixinho, como se )osse uma s%plica. Encostou'se ao tronco de uma <rvore edeixou !ue as l<grimas se misturassem >s gotas de chuva !ue lhe escorriampelas )aces.

AEle não entendeuA, pensou novamente, sentando'se no chão molhado,indi)erente > chuva !ue aumentava. . . Psso não tinha a menor importnciadiante da consci&ncia de !ue seu medo maior havia se realizado. E agoraM

/oderia consertar a situação e )azer Ric1 compreender o !ue nem ela mesmaentendia maisM #oi assim !ue aos poucos a ang%stia tomou conta de suamente, )azendo'a entrar num estado de torpor.

Carla não soube por !uanto tempo )icou ao relento, encostada no troncoda <rvore.

(6 se deu conta de si !uando viu Ric1 em pD, parado > sua )rente. Levante'se, Carla. Vamos para casa ordenou'lhe, sem )azer menção

de a@ud<'la.Besceram o morro em sil&ncio, e !uando entrou na sala )ria ela se virou

em sua direção, mas Ric1 tentou evit<'la. Carla segurou'o pelo braço e s6então notou a raiva, o desapontamento e a dor !ue se revelavam em seu

olhar. Ric1, eu. . . gague@ou. $gora não, Carla disse ele, tirando'lhe a mão do braço. BesgraçadoNVagarosamente ele se voltou e a )itou com uma expressão de derrota e

abandono !ue a deixou impressionada. Eu disse !ue não !ueria )alar sobre esse assuntoN /or !ue voc& insistiuM

/or !ue os acontecimentos de tr&s anos atr<s devem destruir o !ue temosagoraM ela perguntou de um s6 )Jlego.

Com )rieza no olhar e voz controlada ele contra'atacou: E como posso ter certeza de !ue no )uturo voc& não vai decidir me

abandonar de novo, para o meu pr6prio bemMCarla )icou gelada, incapaz de respirar ou de se mexer. Começou a tremer

e teve a impressão de !ue as paredes giravam > sua volta. /ercebendo !ue ia

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vomitar, )ez um es)orço enorme e correu para o banheiro, notando, ao passarpelo !uarto, !ue Ric1 estava l<.

A- conto de )adas terminouA, pensou com tristeza, en!uanto se sentavana borda da banheira, com o olhar perdido nos azule@os. $ noite @< tinha ca3do!uando, mais de meia hora depois, ela )inalmente se levantou e acendeu a luz.Escovou os dentes e lavou o rosto com <gua )ria, numa tentativa de aliviar os

olhos inchados de chorar. (aiu do toalete e encontrou o resto da casa >sescuras e em sil&ncio total, a não ser pelo suave tamborilar da chuva notelhado.

"esmo no escuro, caminhou atD a cJmoda, pegou uma camisola nagaveta e se dirigiu para a sala, onde pretendia pernoitar. ?uando )echou aporta do !uarto, )oi !ue teve consci&ncia de como seus movimentos estavamvagarosos. o 3ntimo, !ueria dar tempo a Ric1 para !ue dissesse alguma coisa!ue a impedisse de dormir no so)<.

$ lenha @< estava colocada na lareira de pedra e ela s6 teve o trabalho deacender um )6s)oro para o )ogo começar. Bepois de muito tempocontemplando a dança das chamas, tirou de um antigo ba% um travesseiro eum acolchoado, mas, ao invDs de deitar'se no so)<, pre)eriu sentar'se nacadeira )avorita de *e)), !ue era grande e con)ort<vel, permitindo'lhe !ue seaninhasse de maneira aconchegante. Be !ual!uer )orma, sabia !ue nãoconseguiria dormir, pois sua mente agitada não lhe daria sossego.

 2r&s meses antes, o sonho de ter Ric1 a seu lado parecia'lheabsolutamente irrealiz<vel. $gora, entretanto, ele se encontrava ali, s6 !ue osonho ameaçava se trans)ormar em pesadelo. E alguma coisa lhe dizia !ueprecisava )azer algo bem depressa, senão, desta vez, seria ele !uem optariapela separação. Encolhida na cadeira, ela não conseguia pensar em outracoisa, e a dor !ue vira no olhar dele não lhe sa3a da cabeça.

ão percebeu !uando a porta do !uarto se abriu e )icou bastante surpresa!uando viu Ric1 > sua )rente, estendendo'lhe a mão. Venha para a cama, Carla.Ela o )itou, notando !ue nada havia mudado. Existia agora uma barreira

entre os dois. /ensou em protestar, mas, não encontrando )orças, aceitou amão !ue ele lhe o)erecia e se deixou conduzir para o !uarto. Beitaram'se ladoa lado sem se tocar. unca antes a!uela cama lhe parecera tão )ria e solit<ria.

Bepois de alguns minutos de sil&ncio pesado, Ric1 perguntou: "as como D !ue voc& pJde acreditar num absurdo tão grandeMN Como

conseguiu imaginar !ue todo o controle me abandonaria, de repente,deixando'me ao sabor de emoçKes )antasmag6ricasM I imposs3vel entender

issoNão era simples curiosidade o !ue sua voz revelava, mas o desespero e a

ansiedade genu3nos de conhecer a verdade. Carla não sabia o !ue responder.(ua primeira tentativa de explicação )racassara, e de nada adiantaria retom<'la. "as, !uem sabe, o grande amor !ue sentiam um pelo outro não seria capazde vencer os obst<culos !ue agora se interpunham entre os doisM

Estendeu a mão e o tocou no braço. ;orrorizada, percebeu !ue ele )ugiaao seu contato. Levou a mão > boca para aba)ar o grito !ue ameaçavaescapar'lhe da garganta e, no instante seguinte, viu'se nos braços de Ric1.Chorou de al3vio, mal podendo acreditar !ue estavam unidos outra vez.

$paixonado, ele a bei@ava no rosto e con)essava o !uanto a amava,esperando !ue os soluços !ue a abalavam acalmassem.

Besculpe'me Carla. Eu não tinha o m3nimo direito de !uestionar asrazKes !ue a )orçaram a me abandonar. #ossem !uais )ossem, tenho certeza

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de !ue voc& estava convencida de !ue eram reais e !ue, portanto, não lherestava outra escolha. (ei !ue não posso entender o !ue )ez Carla, mas...

Ela o silenciou com um bei@o !ue mudou a dor em alegria. Ric1 gemeu epuxou'a para cima dele. (egurando'lhe o rosto, murmurou com muita ternura:

Carla, minha Carla, voc& D lind3ssima. ?uero !ue encha minha vida deamor, para !ue não me lembre mais da m<goa !ue lhe causei.

Ela o )itou bem dentro dos olhos e prometeu: Eu o amarei sempre, Ric1. Eu o amarei com todas as )orças do meu sere com a pro)undeza de minha alma.

0ei@ou'o nos l<bios, nos olhos, no rosto, en!uanto com as mãos oacariciava com paixão, atD despertar'lhe o dese@o incontrol<vel. E então)izeram amor de maneira segura, como duas pessoas !ue sabiam !ue secompletavam.

a calma !ue se seguiu, deixaram'se )icar nos braços um do outro, atD!ue a luz da madrugada coloriu a @anela, prometendo um novo dia cheio depaz e amor.

$ chegada de (teve e "ichael Shitta1er estava prevista para a!uelasegunda')eira, dia de )olga de Carla na galeria. Ela e Ric1 tinham )eito umacordo t<cito de não se re)erirem > recente discussão, temendo aumentar am<goa !ue haviam provocado em si mesmos. Compartilhavam ainda degrandes momentos de amor e de tudo o !ue uma vida em comumproporcionava, mas não mais com a mesma leveza de esp3rito. Existia agorauma )enda na muralha !ue protegia seu amor. ão era muito grande, e talvezpudesse ser reparada, mas mesmo assim agiam com prud&ncia e cautela.

/assaram a manhã preparando o aposento para os h6spedes, e tiveram dedesmontar o beliche, deixando as camas separadas. - corretor !ue haviaalugado o chalD para Carla contara !ue a!uele cJmodo, !ue ela usava como

uma espDcie de dep6sito !ue tinha sido ocupado antes por dois meninosg&meos.$o acabar a arrumação, ela )icou no meio do !uarto e sacudiu a cabeça,

desanimada. 2r&s das paredes estavam cobertas com )iguras de cavalos, )erros de

marcar gado, va!ueiros e 3ndios. - )undo era de um azul brilhante. $s camas,embora bem')eitas, tambDm não lhe agradavam. ma colcha era lil<s e a outraverde.

$cho bom eles não virem dormir a!ui logo depois de comer, senão vãoter pesadelos disse ela.

Est< 6timo, meu bem garantiu Ric1. Eu atD gosto do aspecto

dessas paredes. Voc& o !u&MN ão D !ue me agrade esse arran@o, mas o !ue existe por tr<s dele:

crianças, meu amor disse, aproximando'se por tr<s e abraçando'a pelacintura. unca conversamos seriamente sobre )ilhos. Voc& não acha !uedever3amosM

Carla recostou'se nele. 2alvez não tivessem mesmo discutido muito oassunto, mas ela pensara sobre isso com )re!O&ncia. o in3cio do casamento,suas atividades pro)issionais exigiam de ambos tanto tempo !ue acharammelhor esperar, antes de decidirem !ual!uer coisa. os anos de separação,!uando ela tinha plena certeza de !ue @amais voltariam a viver @untos,lamentara não ter um )ilho. 2eria sido muito bom poder cuidar de alguDm !ue)osse parte dos dois, mas, ao mesmo tempo, uma identidade > parte, alguDmpara amar.

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"enino ou meninaM perguntou ela, virando'se para bei@<'lo no rosto.#icaram abraçados por algum tempo antes !ue Ric1 respondesse. Ws vezes, me imagino andando ao lado de uma menininha linda. $ mão

dela D tão pe!uena !ue se perde dentro da minha. Ela levanta o rostinho, meolha e diz uma palavra: papai. esse momento, meu coração !uase p<ra debater. -utras vezes me ve@o sentado, com um menino pe!ueno no colo, de

cabelos macios e claros como os seus. 0em sDrio, ele aponta o cDu e memostra !ual D a lua e !ual D uma estrela. Bepois ele me d< um bei@o e saicorrendo.

Carla sabia !ue Ric1 podia contar nos dedos <s vezes em !ue os pais lhederam a mão ou o puseram no colo. Estava certa de !ue ele daria um paiexcelente, amoroso e @usto. E agora !ue desistira de correr teria temposu)iciente para se dedicar aos )ilhos.

Carinhosamente, ela o bei@ou no peito, na altura do decote em AVA. 0emdevagar, )ez ali um c3rculo com a ponta da l3ngua.

?uer conversar sobre o menino ou menina agoraM perguntou comsuavidade.

$s mãos de Ric1 escorregaram pelas suas costas, apertando'a ao encontrodele.

Estou >s suas ordens, meu amor. Pndi!ue o caminho e eu a seguirei coma maior presteza.

"ais tarde, Carla se encontrava na cozinha )azendo uma lista de compras!uando Ric1 apareceu para avisar !ue estava na hora de irem buscar (teve e"ichael. $o chegarem > cidade, diante de sua reclamação de !ue ainda eramuito cedo, ele explicou !ue !ueria passar na galeria e convidar "aggie e *e))para @antarem na!uela noite. "esmo achando !ue o marido estava um tantomisterioso, ela nada perguntou, limitando'se a imaginar !ue novos pratos

preparariam uma vez !ue s6 tinha )eito comida para !uatro. *e)) e "aggie )icaram encantados em poder conhecer os h6spedes dosvizinhos, mas sugeriram !ue )ossem todos @antar no 0aleeiro. /ara tanto,apresentaram um argumento muito convincente.

Como o che!ue em pagamento da escultura da baleia )oi devolvidoduas vezes por )alta de )undos, eu resolvi !ue, da!ui por diante, vou tentarrecuperar o dinheiro )re!Oentando o restaurante. Voc&s não acham !ue tenhorazãoM perguntou *e)).

"as voc& devia ter me contado isso reclamou Carla. #az parte de omeu trabalho cobrar os maus pagadores.

"alicioso, ele olhou para ela e Ric1. Riu, e depois comentou:

Voc& tem andado um pou!uinho ocupada demais.Con)usa e bastante corada, ela apontou as roupas !ue estava usando e

disse: ão posso ir @antar no 0aleeiro, vestida desta maneira. Eles são capazes

de não me deixar entrar. (ua apar&ncia est< 6tima a)irmou "aggie, com o apoio de Ric1. Voc&s dizem isso por!ue estão com )ome e !uerem comer logo. 0em

!ue eu podia.#oi interrompida pelo apito da balsa, !uando ia sugerir dar um pulo atD em

casa para trocar de roupa, en!uanto os outros )icavam > espera de (teve e"ichael. (6 !ue a embarcação chegara adiantada e não dava mais para ela)azer o !ue !ueria.

En!uanto "aggie e *e)) )echavam a galeria, Carla e Ric1 )oram para a docaesperar os amigos. Era incr3vel a )acilidade com !ue um barco da!uele

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tamanho conseguia manobrar num ancoradouro tão apertado. Em !uestão deminutos a balsa estava com as amarras seguras e os passageiros começaram adesembarcar.

Carla logo avistou (teve, !ue vestia um palet6 esporte, peça !ueraramente ele usava, mas !ue lhe dava um aspecto ainda mais elegante.$cenou'lhe com alegria e, es!uecida de tudo, correu ao encontro dele,

dependurando'se em seu pescoço. (teve, como voc& est< bemN Espere atD as garotas da!ui botarem osolhos em voc&N Vão )icar loucas. Vou ter !ue lhe arran@ar um guarda'costasN

(teve sorria de prazer, e Ric1, !ue a havia seguido, disse: Cuidado, mulher, lembre'se de !ue D casada. E cumprimentou o

amigo com entusiasmo.Bepois )oi a vez de "ichael ser abraçado por Ric1. Carla interrompeu a

demonstração de alegria, avisando: (into muito, mas estamos blo!ueando o caminho. $cho !ue esse

pessoal todo pretende tomar a balsa antes !ue ela se v<. ?ue tal sairmos dopassadiçoM

Ric1 virou'se e viu o engarra)amento humano !ue estavam provocando naplata)orma estreita. /ediu desculpas, e os !uatro deixaram o lugar. (6 entãoele pJde apresent<'la ao amigo.

"ichael, esta D Carla, minha mulher. - amor de minha vida acrescentou, bei@ando'lhe os cabelos.

"i1e a cumprimentou com um caloroso aperto de mão. Bepois comentou: (teve bem !ue avisou !ue eu ia encontrar grandes mudanças por a!ui.

"as me recuso a acreditar !ue o Ric1 #leming durão !ue conheci tenhamudado tanto como ele disse. ?uero ver para crer.

Ric1 sorriu, abraçando a esposa.

/ode acreditar. 2enho certeza de !ue tudo o !ue ele contou sobre mimD verdade.Carla observou "i1e, !ue caminhava a seu lado. Ele era mais baixo e mais

magro do !ue Ric1, usava 6culos de aros prateados meio ca3dos no nariz, edevia ter cerca de !uarenta anos ou talvez um pouco mais.

?uando entraram na galeria, Ric1 contou aos recDm'chegados os planospara o @antar da!uela noite e in)ormou ter alugado um barco para a pescariado dia seguinte. Bepois de mais uma rodada de apresentaçKes, todos entraramna perua do casal 0imson e seguiram para o restaurante.

- 0aleeiro )icava numa antiga mansão !ue pertencera a um magnata damadeira.

(ua cozinha tinha )ama de ser a melhor de toda a <rea de /uget (ound. $especialidade era peixe, mas tambDm serviam )rutos do mar e carnesdeliciosas. - propriet<rio tivera o cuidado de conservar o encanto da casa,mantendo os cJmodos originais, agora trans)ormados em salas privativas.Entre a clientela ass3dua, bastante selecionada, encontrava'se o governador doEstado, e não era raro verem'se ali atores )amosos, de passagem pela ilha.

Embora "artenFs Cove )osse uma estncia tur3stica, os )re!Oentadores do0aleeiro costumavam vestir'se )ormalmente para @antar l<. Carla estavaabsolutamente convencida de !ue não ia deix<'la entrar com a!uela calçacomprida e blusa de algodão, ambas um tanto velhas e )ora de moda.

(e não permitirem sua entrada, vou exigir !ue esvaziem a caixaregistradora como primeira parcela do pagamento deste che!ue sem )undos prometeu *e)), batendo no bolso da camisa.

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Carla não duvidava nem um pouco de !ue ele )izesse isso. Besde !ue a(ra. Longacher havia iniciado a campanha contra (ir alahad, o humor de *e))não passava por uma )ase muito boa, e ela lhe dava razão.

?uando chegaram ao elegante prDdio azul e branco, Ric1 mostrou suaadmiração atravDs de um longo e baixo assobio. Estava )ascinado pelo )ato deterem conseguido conserv<'lo em tão bom estado.

I inacredit<velN exclamou ele. E podia tambDm ser uma m<!uina de )azer dinheiro, se )osseadministrado com capacidade comentou Carla. $)inal, D um restaurante6timo e de classe, instalado numa mansão digna de ser museu.

"as do @eito !ue eles trabalham a!ui não ganham !uase nada. $scontas sempre são pagas com um m&s de atraso e ainda dependem deconstantes emprDstimos banc<rios explicou "aggie. - %nico !ue recebe osal<rio em dia D o cozinheiro'che)e, por!ue se não )izerem isso ele vai embora,provocando a )al&ncia total.

 *e)) não resistiu e parou ao lado da escultura da baleia, de um metro, !ue)icava embaixo da placa discreta, de madeira, com o nome do restaurante.$cariciou'a e suspirou.

Ric1 chegou perto, olhou'a de todos os ngulos e elogiou: I lind3ssimaN -brigado disse *e)), orgulhoso e contente.Entraram no restaurante com Ric1 na )rente. ?uando o maitre os viu,

limpou a garganta e Carla podia @urar !ue ele ia dizer !ue o local estava todoreservado por a!uela noite. ?uando, porDm, eles chegaram mais perto, ohomem assumiu uma atitude cordial e, num modulado sota!ue britnico, disse:

I um prazer t&'lo a!ui conosco, (r. #leming.Carla virou'se para ver a reação de "aggie e *e)), !ue estavam

estupe)atos, pois o maitre do 0aleeiro tinha a reputação de não se deixarin)luenciar, a não ser por uma nota de cem d6lares. Rindo baixinho, disse >amiga:

#eche essa boca. Com o tempo voc& se acostumar< com essetratamento especial !ue dão a Ric1.

- maitre encaminhou'os ao salão mais importante, o)erecendo'lhes umamesa bem central. $ntes de se sentarem, porDm, Ric1 chamou'o de lado epediu:

ão D poss3vel nos conseguir outra mesa numa sala menor, ondepossamos ter mais privacidadeM "inha senhora não se sente vestida > alturado ambiente.

/ela primeira vez o maitre se dignou olhar para as outras cinco pessoas. CarlaMN exclamou. Eu não sabia !ue voc&. . . ão conseguiu

manter o sota!ue exagerado e corou atD a raiz dos cabelos. 0oa noite, Eugene disse Carla com uma ponta de irritação na voz, ao

notar !ue estavam chamando a atenção dos outros )re!Oentadores.Pmediatamente Eugene recuperou a pose e os levou a uma salinha mais

discreta.L< haviam encaminhado os pedidos e saboreavam os aperitivos !uando

"i1e iniciou a conversa. Eu gostaria de me convencer de !ue estou a!ui por!ue voc&, Ric1,

estava !uerendo gozar da minha companhia. "as eu o conheço h< bastante,tempo e voc& D, tão transparente como meia de mulher.

/uxa vidaN (6 agora percebo como senti )alta de sua maneira sutil dedizer as coisas. Ric1 sorriu divertido.

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7/27/2019 Georgia Bockoven - O grande prêmio do amor (Super Julia 22)

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(utileza acaba passando voc& para tr<s disse "i1e, rindo tambDm. ão se es!ueça de !ue, graças a esse meu @eito charmoso, @< consegui mecasar !uatro vezes.

E se divorciar outras tantas acrescentou (teve.Era evidente !ue a!ueles tr&s se conheciam muito bem. Carla s6 não

entendia por !ue não tinha sido apresentada a "i1e antes.

0em continuou Ric1 , acho !ue o @eito D tocar para )rente a minhaidDia. /retendia, antes, in)orm<'lo de algumas circunstncias relevantes, masnão ve@o inconveniente algum em )azermos isso durante o @antar. Voc& vaientender tudo logo, "i1e.

Em seguida, olhando para *e)) e "aggie, explicou: "ichael Shitta1er D reporter no (eattle 2imes. 2alvez ele possa a@ud<'

los a conseguir permissão para voltarem a visitar as escolas com (ir alahad./or !ue não lhe contam a hist6ria todaM "i1e D um pro)issional muitocompetente.

"as não tanto !uanto voc& atr<s de um volante respondeu "i1e commodDstia.

2em certezaM /ois eu não insistiu Ric1.Reavivando a mem6ria, Carla lembrou'se de ter ouvido uma conversa

entre o marido e (teve sobre um amigo comum !ue havia ganhado o /r&mio/ulitzer de @ornalismo. - homem tinha descoberto uma rede de corrupçãoligada a um culto religioso.

-s bandidos agiam por intermDdio de adolescentes, !ue coletavam eroubavam dinheiro para eles. Bevido a uma sDrie de reportagens de den%ncias,os l3deres do movimento acabaram sendo presos e centenas de rapazes emocinhas do pa3s inteiro tinham voltado para a casa dos pais. Be repente,Carla teve certeza de Ric1 e (teve, na!uele tempo, estavam se re)erindo a

"i1e Shitta1er. #icou muito impressionada. Esse @ornalista, trans)ormado emher6i para muitas )am3lias !ue tinham )ilhos envolvidos pelo )anatismo decultos ex6ticos, havia sido convocado por Ric1 especialmente para a@udar"aggie e *e)) na luta contra a (ra. LongacherN

$ hist6ria de (ir alahad )oi contada nos m3nimos detalhes. "i1e tomavanota de tudo num blo!uinho e, de vez em !uando, interrompia o relato para)azer alguma pergunta ou esclarecer um ponto obscuro. "aggie e *e))revezavam'se nas explicaçKes.

Carla observou'os em sil&ncio. (abia !ue a calma !ue demonstravam eras6 aparente.

/or dentro, sentiam'se agitados e desanimados. $)inal, muitas portas

haviam se )echado para eles por causa da campanha criminosa da velha (ra.Longacher.

-lhou para Ric1, !ue acompanhava tudo com interesse. Reclinou'seligeiramente sobre ele e segurou'lhe a mão !ue descansava no colo. Ele aapertou e virou'se para )itar Carla.

-brigada disse ela baixinho.Ric1 sorriu e estendeu a outra mão para a)astar uma mecha de cabelo !ue

lhe cobria o rosto. $o )azer isso, seus dedos roçaram'lhe os l<bios e ela osbei@ou distra3dos. /ercebeu !ue todos estavam em sil&ncio. Levantou os olhos epercorreu'os > volta. ão s6 as pessoas de sua mesa, mas tambDm as dasoutras os observavam.

(6 vendo para crer disse "i1e. Como D !ue deixou uma mulher)azer isso com voc&, Ric1M

Ric1 levou a mão de Carla aos l<bios e a bei@ou.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

ão s6 deixei "i1e, como tambDm incentivei.Com os olhos, Carla pediu socorro a "aggie, !ue, entendendo o apelo,

levantou o copo vazio, sugerindo !ue )osse servido outra vez. - garçomapareceu para atend&'la, )azendo o assunto morrer. "omentos depois, (tevecomentou:

Carla, eu espero !ue voc& saiba preparar um salmão tão bom como

este !ue comi. $manhã pretendo pescar um bem grande e voc& vai ter !uecozinh<'lo. $h, sei cozinhar !ual!uer coisa, (teve."aggie e *e)) a olharam espantados e Ric1 sorriram. Carla não lhes deu

atenção e explicou: Eu não disse !ue sabia cozinhar bem, disse s6 !ue sabia cozinhar,

entendeu (teveM #i!ue sossegado (teve. (e voc& pescar um salmão amanhã, pode

deixar !ue eu o preparo prometeu "aggie, sorrindo.(teve conseguiu apanhar o peixe e na noite seguinte tiveram um lauto

 @antar > base de salmão e )ilD. (ir alahad estava num dos seus melhores dias.;avia se encantado com "i1e e o seguia por toda parte. $ certa altura, Carlaaproximou'se do animal, !ue se deitara aos pDs do @ornalista, e disse,a)agando'o:

(er< !ue de vez em !uando não d< para voc& bancar o lobo mau emostrar esses dentesM ão tem vergonha de )icar seguindo as pessoas comoum cachorro !ual!uerM

Em resposta, (ir alahad lambeu'lhe o rosto com seu @eito brincalhão.-bservando a cena, "i1e perguntou:

Voc& consegue !ue ele )aça isso sempre !ue !uerM (ir alahad não )az isso por!ue eu !uero. I a maneira como ele

expressa !ue gosta de uma pessoa. "as ele lambe o seu rosto sempre !ue voc& chega pertoM $cho !ue sim, ou !uase sempre. (er< !ue ele )aria isso em )rente de um )ot6gra)oM$gora )icava evidente onde "i1e !ueria chegar. "aggie e *e))

entreolharam'se, excitados. Era muito bom saber !ue podiam contar com oapoio da imprensa.

"i1e começou "aggie, emocionada , não sabemos como lheagradecer. I imposs3vel traduzir em palavras o !ue (ir alahad signi)ica paran6s.

ão contem com a vit6ria antes do tempo ele aconselhou,

vagarosamente. ão D toda boa causa !ue consegue despertar o interesse eapoio de !ue necessita. "as !ue tal terminarem de me contar o resto dahist6riaM $inda tenho v<rias perguntas a )azer. $ssim, a partir de amanhã @<posso dar andamento >s reportagens.

"as voc& chegou ontem respondeu Ric1. - barco )oi alugado poruma semana.

E eu ainda estou en@oado da pescaria de ho@e. $gora, se concordar !ueeu )i!ue em casa en!uanto voc& vai pescar com (teve, posso mudar meusplanos brincou, olhando para Carla.

ada disso, pre)iro sentir sua )alta respondeu Ric1. E ve@a se d<not3cias e não desaparece outra vez.

(teve e "i1e riram a valer da demonstração de ci%me de Ric1. Carlachegou perto do marido e disse provocadora:

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

(abe meu bem, acho "i1e muito atraente. $ intelig&ncia brilhante e otalento incr3vel !ue ele tem deixaram'me bastante impressionada. $dorei esse @eito dele, um tanto sedutor, com os cabelos ca3dos na testa concluiu,suspirando.

Comporte'se, mulher ordenou Ric1, <spero. 6s, machKes, nãogostamos desse tipo de conversa.

Besta vez, Carla riu com os outros. Era muito bom se sentir amada e!uerida. ;< muito tempo não experimentava uma )elicidade e alegria tãocompletas.

(entaram'se todos na varanda para apreciar o pJr'do'sol. - dia tinha sidomuito claro, luminoso e alegreY um dia repleto de amor e amizade,companheirismo e con)iança.

Com esse est3mulo, Carla e Ric1 sentiam !ue os laços !ue os uniamcomeçavam a se tornar mais )ortes e seguros.

$inda se podia ver um resto de neve, < distncia, sobre as montanhasCascades. - cDu acima tomava uma tonalidade ocre )lame@ante. Biante detanta beleza e paz emudeceram, e assim )icaram atD !ue as montanhas setornassem uma silhueta apagada no cDu escuro.

"i1e )oi o primeiro a )alar: ão esperava encontr<'lo numa )orma )3sica tão boa, Ric1. Bepois do

acidente horr3vel, pensei !ue voc& estivesse um caco.Carla )icou tensa. #icaram umas mar!uinhas, duas cicatrizes pe!uenas.Carla teve vontade de gritar em protesto. $ cicatriz da perna era enorme,

com mais de trinta cent3metros, e a da cirurgia tinha um aspecto )eio. Bava aimpressão de !ue, com a pressa, não haviam cortado e sim rasgado o tecidodo abdJmen. E as cicatrizes em sua almaM ão eram vis3veis, mas tão grandes

e bem mais pro)undas !ue as da peleMComo era natural, a conversa girou em torno de corridas. Contaram )atosreais e imagin<rios, engraçados e apavorantesY hist6rias de pilotos )amosos ede corridas !ue marcaram Dpoca. #inalmente, a pergunta !ue ela tanto temia)oi )eita por "i1e:

E !uando D !ue voc& vai voltar Ric1M - pessoal da seção de esportes diz!ue talvez ainda d& tempo de voc& tomar parte no campeonato europeu.

Carla )icou atordoada, e o sil&ncio !ue se seguiu )oi pesado e incJmodo.Bepois de algum tempo, Ric1 respondeu, muito baixinho:

Eu não vou voltar. Voc& não vai terminar a temporadaM "i1e perguntou incrDdulo e

espantado. em esta nem a pr6xima explicou com voz seca. Besisti de correr. Voc& est< brincando, não est<M insistiu o @ornalista.Ric1 simplesmente sacudiu a cabeça, negando. "as por !u&M "i1e !uis saber. *< era tempo de parar."i1e soltou um palavrão e !uase derrubou a cadeira no 3mpeto com !ue

se levantou. ão me venha com essa conversa disse, !uase gritando. Conheço

voc& muito bem e sei !ue est< mentindo. ?ual D a verdadeira razãoM Essa D a %nica !ue voc& ou !ual!uer outra pessoa vai )icar sabendo

disse Ric1, com os olhos brilhando de raiva.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Resmungando, "i1e )oi atD o outro lado da varanda. /arou de costas epassou as mãos pelos cabelos. Então se virou r<pido e disse, num tom baixo,mas incisivo:

(abe o !ue vão comentar < seu respeito, não sabeM Como podeterminar uma carreira tão brilhante dessa )ormaM "aldição, Ric1N - !ue D !uevoc& est< )azendoM

Carla sentia'se horrivelmente mal. 2inha vontade de dizer a "i1e !ueparasse com a!uela inter)er&ncia, mas sabia !ue Ric1 não ia gostar !ue ela)izesse isso. /or outro lado, a!uela cena era inevit<vel, e teria ocorrido maiscedo ou mais tarde. (6 !ue ela não esperava !ue )osse ao )im de um dia tãolindo e per)eito. ?ue direito tinha "i1e de se imiscuir na vida de Ric1M -u de)az&'lo duvidar da validade da decisão !ue havia tomadoM Biante dessas!uestKes, ela se sentia como se estivesse lutando pela pr6pria vida.

"as. . . /recisava )azer isso em sil&ncio e sem arma alguma. . .-lhou para (teve, !ue não havia aberto a boca durante a discussão, e pela

expressão de cho!ue e d%vida em seu rosto deduziu !ue Ric1 não haviarevelado sua decisão ao amigo. - ambiente alegre e descontra3do demomentos antes agora estava sombrio e carregado.

"i1e atravessou a varanda e parou na )rente de Ric1. Besculpe'me. "inha explosão emocional )oi imperdo<vel, mas

acrescentou sincero tudo o !ue eu disse continua v<lido.Be maneira delicada, agradeceu a "aggie e *e)) pela hospitalidade e

prometeu entrar logo em contato com eles, provavelmente dali a uma semana.Virou'se para (teve, disse !ue ia embora e perguntou se ele não ia tambDm.En)im prepararam'se todos para sair.

/ela primeira vez desde !ue os conhecera, Carla não encontrou palavraspara se despedir dos vizinhos,

o caminho para casa, Ric1 )oi !uieto, absorto em pensamentos, os !uaisCarla podia muito bem imaginar... E temer horrivelmente.?uando se levantou na manhã seguinte, Carla descobriu !ue estava

sozinha em casa.$chou um bilhete na cozinha, !ue explicava a aus&ncia de todos:AComo "i1e estava com pressa de começar a trabalhar na reportagem

sobre (ir alahad, (teve e eu )omos lev<'lo atD a balsa. Voc& estava dormindotão pro)undamente !ue não tive coragem de acord<'la. $tD a noite. m bei@o,Ric1.A

Em !ual!uer outra circunstncia, ela teria sorrido e es!uecido o bilhete."as agora era di)erente. $s palavras dele pretendiam dar um ar de

normalidade aos )atos, mas soavam )alsas, encobriam a realidade.(er< !ue todos os amigos de Ric1 teriam a mesma reação de "i1e !uando

soubessem !ue ele não ia mais pilotarM Carla estava certa da respostaa)irmativa, mas não se con)ormava. Eles não tinham esse direitoN Ric1 não erapropriedade p%blica, não pertencia aos admiradores nem aos amigosN

Entretanto, por mais !ue )izesse, não conseguia se convencer de !ue elehavia parado de correr por!ue realmente achava !ue estava na hora. (abia!ue a razão verdadeira era )ruto do grande amor !ue sentia por ela.

Prritada com o rumo !ue seus pensamentos tomavam )oi atD o terraço.ão tinha importncia < razão !ue o motivara a tomar a!uela decisão. - !uecontava agora D !ue ele estaria longe da ameaça de morte, e os dois poderiamter )ilhos e sonhar com a perspectiva de uma longa vida. Ric1 não devia nadaao seu p%blico ou a ninguDm, s6 a si pr6prio. /or isso a decisão tinha sidocerta.

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-s olhos de Carla se encheram de l<grimas. #itou o mar, na esperança dever o barco !ue Ric1 havia alugado, mas não o avistou em parte alguma. Bo)undo de sua alma brotou uma s%plica. Be alguma )orma esperava !ue elemisteriosamente a ouvisse. 0aixinho, murmurou angustiada:

ão d& ouvido a eles Ric1N /elo amor de Beus não d&N

CAPÍTULO XI

?ual!uer pessoa !ue )osse trabalhar em "artenFs Cove durante o verãodescobria !ue o lugar era de uma atividade )ebril, o)erecendo pouca ounenhuma oportunidade de descanso. /ara os moradores permanentes da ilhade ?uiller, o verão era uma Dpoca de muito trabalho. 2odos se es)orçavam

para ganhar bastante, pois assim compensariam os meses calmos de inverno./ara Carla e Ric1 os dias voavam e, antes !ue percebessem, @< estavamse preparando para receber a multidão de turistas !ue apareceriam ali num )imde semana longo de setembro.

Em @unho, cansado da convalescença em casa, ele começara a trabalhar >tarde na galeria, a@udando a esposa com a correspond&ncia e com as vendas.Psso permitiu a ela dedicar mais tempo > escrituração dos livros, e assimtinham condiçKes de voltar para casa mais cedo. $ not3cia de !ue o )amosopiloto Ric1 #leming estava trabalhando na aleria Co'-p de $rtistas atra3amuita gente > lo@a. $s vendas atD aumentaram um pouco, mas não o su)icientepara pagar mais um )uncion<rio.

/elo menos umas dez vezes por dia alguDm perguntava a Ric1 por !uehavia desistido de correr. 2odas >s vezes, Carla sentia um )rio na boca doestJmago e estremecia.

Ele, por sua vez, respondia de maneira seca, para impedir novasperguntas. $s palavras eram sempre as mesmas: A*< era tempoA.

Ela achava !ue tudo estava correndo bem entre eles e se recusava areconhecer a in!uietação !ue, >s vezes, estampava'se no rosto dele.

Em meados de @ulho, Ric1 começou a so)rer de insJnia. Levantava'se nomeio da noite e ia andar < beira da enseada ou pelo bos!ue. - pnico !ueCarla sentiu a primeira vez !ue acordou e não o viu a seu lado trans)ormou'se,com o passar dos dias, num medo corrosivo. "as nunca lhe perguntou por !ueele se levantava ou por !ue não podia dormir. $penas repetia a si mesma !ueRic1 ainda não havia se adaptado completamente > mudança radical de vidados %ltimos tempos.

Burante o verão, começaram a )re!Oentar com regularidade o restaurante0aleeiro.

Chegaram atD a )azer amizade com o cozinheiro'che)e. #icaram, portanto,muito admirados !uando viram uma placa de AVende'seA e a porta )echadanuma sexta')eira > noite, dia em !ue apareciam mais )regueses, tanto turistascomo moradores da ilha. 2odos se mostraram desapontados, inclusive *e)),apesar dos dois che!ues sem )undos !ue nunca conseguira receber.

- verão tinha sido tambDm de grande atividade para o casal 0imson e (iralahad. $ sDrie de artigos de "ichael Shitta1er sobre o perigo de extinção daraça do animal terminou com a hostilidade de !ue o lobo era alvo, e com a

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

necessidade dos donos batalharem para de)end&'lo. -s tr&s )icaram )amosos.V<rios canais de televisão enviaram e!uipes para )ilmar o animal AperigosoA egravar entrevistas com os moradores da ilha.

ma das entrevistadas )oi a (ra. /ahlberg, !ue tinha @urado !ue (iralahad acabaria voltando ao estado de selvageria. /arecia, entretanto, !uehavia se es!uecido da antiga opinião, pois declarou !ue alimentava uma

amizade pro)unda pelo animal amigo. Psso deu assunto para v<rias conversasde Carla, Ric1, "aggie e *e)).#ilmaram tambDm o ateli& do casal, para apresentação num programa de

curiosidades. Choveram cartas com encomendas e pedidos de in)ormaçKes decomo o trabalho deles podia ser ad!uirido. "as os dois pre)eriam continuar nacampanha a )avor do lobo, em vez de aproveitarem a oportunidade paraaumentar a conta banc<ria.

Em )ins de agosto as atividades da ilha tinham ad!uirido um ritmo maiscalmo.

"aggie e *e)) @< plane@avam retomar o trabalho, assim !ue voltassem de-l4mpia, onde iam visitar o governador.

En!uanto estavam l<, um )ot6gra)o teve a oportunidade de tirar asmelhores )otos de (ir alahad. $tr<s do pal<cio do governo havia um lago comcisnes. Curioso, o lobo aproximou'se de um !ue estava na margem. Encostou o)ocinho na cabeça altiva do p<ssaro. Este, )urioso, tentou bic<'lo, )azendo'ocorrer e se esconder atr<s das pernas de *e)). o dia seguinte, as )otogra)iasapareciam na primeira p<gina dos @ornais, em todo o pa3s.

$ campanha da (ra. Longacher, !ue @< estava bem )raca, li!uidou'se devez. Be todos os cantos do Estado de Sashington e de Estados vizinhoscomeçaram a chegar convites para (ir alahad visitar escolas. rupos deconservacionistas sugeriram a ida do lobo > capital do pa3s, como

representante de todos os animais em perigo de extinção. E nesse ambiente deotimismo terminou o verão.m dia, Ric1 resolveu passar < tarde com Baniel -lsen, a bordo do veleiro

do noruegu&s. -s dois havia se tornado bons amigos depois da discussãodesagrad<vel !ue tiveram no dia em !ue se conheceram. (empre !ue podiam,passavam as horas de )olga de Baniel explorando as <guas de /uget (ound.

Carla estava trabalhando na papelada de )im de estação e nesse diaterminou mais cedo. #echou a lo@a e )oi para casa preparar o @antar. (6 !uandochegou l< D !ue se lembrou de !ue o marido tinha dito !ue ele e Banielcomeriam em #rida4 ;arbor. Como recentemente começara a sentir medosempre !ue se achava sozinha sem ter muito !ue )azer, ela resolveu ir visitar

"aggie. (abia !ue a amiga estaria s6, pois *e)) via@ara ao continente com (iralahad.

0em devagar, começou a subir a trilha pelo bos!ue. - chão estava )orradode )olhas secas, !ue )aziam barulho sob seus pDs. Bistra3da, apanhou um ramode samambaia e pJs'se a tirar as )olhinhas, uma a uma, como )azia !uando eramenina. Bizia Abem me !uer, mal me !uerA, mas, sem perceber, passou arecitar Avai )icar, não vai )icarA. Levou um susto !uando percebeu o !ue estava)azendo. $tirou o galho e saiu correndo.

-)egante, bateu com )orça na porta. Como ninguDm respondesse, bateude novo.

Bepois de algum tempo, ouviu um barulho. "aggie gritou. I voc&, "aggieM$ porta se entreabriu e ela ouviu a amiga murmurar: Entre, Carla.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

"eu BeusN - !ue aconteceuM perguntou, abraçando "aggie, !ueestava p<lida e chorava.

?uando percebeu !ue ela não podia responder e !ue continuava numchoro convulso, levou'a atD a cozinha e obrigou'a a sentar'se. /reparou'lhecompressas )rias para os olhos e as )aces e pJs <gua para )erver e )azer ch<.#ez perguntas corri!ueiras, tais como onde estava o ch<, se ela o pre)eria )raco

ou )orte, e se !ueria torradas tambDm.Conseguiu o !ue !ueria. "aggie parou de chorar, tirou a compressa dorosto e, nervosa, começou a retorc&'la. #inalmente contou, com voz )raca, o!ue havia acontecido:

$lguDm envenenou (ir alahad. - veterin<rio de 2acoma acha !ue nãopassa desta noite.

?ue horrorN exclamou Carla, abraçando a amiga. "as !uem )ezuma coisa dessasM

*e)) deixou'o na perua e )oi conversar com o pessoal da escola. ?uandovoltou, achou !ue ele estava meio es!uisito, mas nada muito sDrio. /arece !uea essa altura alguDm @< tinha @ogado carne envenenada pela @anela do carro."as (ir alahad s6 se mostrou doente mesmo por volta do meio'dia. "esmoassim, *e)) achou !ue ele estava apenas cansado e colocou'o no banco de tr<s,en!uanto ia almoçar com o diretor e alguns pro)essores.

"aggie cobriu o rosto com as mãos, incapaz de continuar o relato.Recomeçou a chorar, mas, com grande es)orço, controlou'se.

Coitado do *e)). Ele se considera respons<vel pela morte de (ir alahad,pois perdeu a %nica oportunidade de salv<'lo. $o voltar do almoço, o pobre @<estava em coma.

Carla )icou em pD, perto da amiga, sem saber o !ue )azer. ão tinhapalavras para consol<'la.

-deio todos eles disse "aggie, rancorosa. -deio todosN inguDmnunca se incomodou realmente com (ir alahad. (6 !ueriam mesmo aparecer.-nde D !ue estavam todos !uando a (ra. Longacher espalhava outro tipo devenenoM

Voc& sabe !ue não odeia ninguDm, minha !uerida Carla disse, comsuavidade.

ão mesmoM gritou a outra. ão, não odeia. Ws vezes, !uando o so)rimento D muito grande, a gente

usa o 6dio para dis)arçar a dor. I isso o !ue voc& est< )azendo.ão sabia !ue atitude tomar para a@udar a amiga na!uele momento de

tristeza. (e ao menos *e)) estivesse ali. . . *e))N Lembrou'se de !ue ele tambDm

estaria a)lito e correu > sala, procurou um n%mero na lista tele)Jnica e )ez umaligação r<pida. Voltou > cozinha e anunciou:

Levante'se, "aggie. Voc& vai a 2acoma.$@udou'a < trocar de roupa e a preparar uma maleta com o su)iciente para

uma noite.#oi atD o chalD apanhar a caminhonete e digiram'se a "artenFs Cove. o

cais encontraram o hidroavião !ue Carla encomendara esperando'as.$braçaram'se e "aggie partiu. "esmo duvidando !ue pudesse ser vista, Carla)icou acenando atD !ue ela pr6pria não visse mais nada no cDu.

ão soube !uanto tempo )icou ali, > beira da <gua, atD !ue percebeu oveleiro de Baniel aproximando'se. $pesar da distncia, reconheceu a silhuetade Ric1 e seu coração bateu apressado. Logo ele estaria < seu lado,compartilhando da tristeza !ue sentia. Era incr3vel como o so)rimento setornava mais )<cil de suportar !uando en)rentado a dois.

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$ssim !ue o barco chegou, Carla pJde ver !ue o passeio mar3timo emnada havia mudado o olhar vago do marido. (abia !ue a m<goa !ue ele sentiaaumentava com o passar dos dias, consumindo'o como molDstia maligna. Ric1não lhe dizia nada, e o medo de descobrir a razão verdadeira da sua tristezaimpedia'a de )azer perguntas. Em vez disso, )icava procurando sinais de !ue aluta !ue ele en)rentava começava a amainar.

Enchia'lhe os dias com amor, na esperança de cicatrizar as )eridas.?uando Ric1 a avistou, acenou'lhe com a mão e gritou: ?ue bom !ue veio me esperar. #az tempo !ue est< a3M ão, não muito.Ele pulou para o passadiço de madeira e bei@ou'a r<pido, antes de prender

as amarras. /assamos um dia maravilhoso disse Baniel. Vento su)iciente para

encher as velas, mas não demais para dar trabalho. Voc& devia ter vindoconosco.

Ba pr6xima vez eu vou. Conheço bem essa hist6ria. $tD voc& achar um tempinho livre, seu

marido @< estar< sabendo direitinho como mane@ar o barco e eu vou perder achance de lev<'la. "as estou pensando seriamente em rapt<'la.

?uando a embarcação @< estava em ordem, Ric1 passou o braço pelacintura de Carla, despediu'se de Baniel e começou a se a)astar.

ão vamos esperar por BanielM perguntou ela. ão. -lsen tem um encontro importante, por isso voltamos mais cedo.

Ele vai preparar um @antar )ora de sDrie para uma moça maravilhosa, !ueconheceu no restaurante, na semana passada. /assou o dia com a cabeça nasnuvens. /arece !ue a garota vai passar o inverno a!ui. $lugou uma casa.Estava > procura de sossego para poder escrever um livro. Como v&, estou <

par de tudo, pois passei o tempo todo ouvindo Baniel )alar dela.?uando chegaram, na caminhonete, Ric1 @ogou a sacola na parte de tr<s evirou'se para encarar Carla. (egurou'a pelos ombros e perguntou com vozsuave:

?uer me contar tudo agoraM (er< !ue sou um livro abertoM (6 para mim ele respondeu, a)astando os cabelos de seu rosto. *e)) tele)onou para "aggie, de 2acoma, avisando !ue (ir alahad tinha

sido envenenado. /arece !ue não passa desta noite in)ormou, sentindo agarganta apertada.

/ercebeu !ue Ric1 )icava tenso, antes de soltar um suspiro.

/or !ue ser< !ue não )i!uei mais surpresoM perguntou como sepensasse em voz alta.

ão me diga !ue esperava uma coisa dessasM Carla )itou'o,admirada.

ão... (6 !ue isso não me surpreendeu. ão consigo entender como alguDm pJde )azer uma coisa tão cruel. Ele

era o animal mais meigo e amoroso !ue conheci. Vou sentir )alta deleN ão D @ustoN desaba)ou, deixando as l<grimas correrem, en!uanto apoiava acabeça no peito dele.

Ric1 a)astou'se um pouco, levantou'lhe o !ueixo, )azendo'a olh<'lo de)rente.

Enxugou suas l<grimas e disse: /oucas coisas neste mundo são @ustas, Carla. Essa D uma verdade !ue

precisamos aprender a aceitar.

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/or !ue ser< !ue de repente ela teve a impressão de !ue Ric1 não estavase re)erindo < (ir alahadM

/ode ser !ue eu tenha de en)rentar algo parecido, mas @amais vouaceitar uma coisa dessa calada.

Ele ia responder, mas mudou de idDia. Bepois de alguns minutos, )aloucom brandura:

I melhor irmos para casa esperar !ue tele)onem dando not3cias. 2alvezaconteça um milagre e (ir alahad se salve.- !ue Ric1 imaginou, aconteceu. - lobo recuperou'se de maneira

extraordin<ria, surpreendendo atD o veterin<rio !ue cuidava dele. a tarde dodia seguinte permitiram !ue ele voltasse para casa.

Carla e Ric1 )oram esperar os tr&s na doca. #icaram comovidos !uando (iralahad os reconheceu, mas mal teve )orças para abanar a cauda. *e))comentou como se pedisse desculpas:

/arece uma crueldade deixar o coitado andar, mas depois de carreg<'loo dia inteiro minhas costas não agOentavam mais. 2ivemos !ue ir > delegaciade pol3cia e não !uer3amos arriscar, deixando'o na perua. $h, eles encontraramimpressKes digitais no carro. *< decidimos !ue esta )oi < %ltima viagem !ue (iralahad )ez para )ora da ilha. "al acreditamos !ue este@a de volta.

Carla teve vontade de lembrar'lhes o compromisso !ue haviam assumidopara de)ender os lobos, mas, vendo a expressão dos dois, resolveu deixar paramais tarde.

$gradou (ir alahad e disse: ?ue bom !ue voc& est< de volta. Venha comigo ver o !ue preparei para

voc&.?uando chegaram > caminhonete, "aggie sorriu ao ver a cama !ue a

amiga tinha montado na parte de tr<s. - lobo tentou pular, mas não

conseguiu. #oi preciso !ue Ric1 o carregasse. $ntes de deitar a cabeça, eleuivou em direção a Carla. Ela chegou perto e ele lambeu'lhe o rosto. Est< bem, vou a!ui atr<s com voc&. *< sei !ue não gosta de andar de

carro !uando sou eu !ue vou guiando.#oi o su)iciente para des)azer a tensão !ue envolvia a todos. Riram

bastante das palavras de Carla, !ue insistiu em ir ao lado de (ir alahad.Bois dias mais tarde, ao voltar do trabalho, Carla encontrou na sala um

bilhete de Ric1, avisando !ue estava na casa dos vizinhos, onde iriam @antar.$crescentava ainda !ue se preparasse para uma grande surpresa. Ela podiamuito bem imaginar a mal3cia no olhar dele !uando escrevera o bilhete./aci&ncia para esperar por grandes surpresas não era um de seus pontos

)ortes.$ amiga recebeu'a na porta, outra vez com l<grimas nos olhos. "as vendo

sua expressão preocupada, enxugou'as e sorriu. Besculpe'me, não !uis assust<'la. Besta vez D de alegria. $conteceu

uma coisa maravilhosa. Vamos, entre.Carla deixou'se levar para a sala, onde não pJde acreditar no !ue seus

olhos viram.- lugar inteiro estava na mais absoluta desordem. /edaços de papel de

v<rios tamanhos e das mais di)erentes cores cobriam os m6veis, e grandeparte do chão. *e)) e Ric1, sentados no meio da!uilo tudo, exibiam sorrisos desatis)ação. (ir alahad aproveitava uma rDstia de sol e se a!uecia deitado.

"as o !ue D issoM perguntou Carla, com as mãos na cintura eolhando > volta.

"aggie desocupou um lado do so)< e a )ez sentar'se.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

/arece meio bobo dizer !ue D uma demonstração de amor e carinho,mas não encontro outra maneira de explicar. -lhe, pegue isto e ve@a voc&mesma.

Ela olhou para um monte de envelopes )echados !ue a amiga lheestendia. o de cima leu o nome do lobo, escrito com letra de criança, e sobele simplesmente APlha de ?uillerA. ão havia mais nada !ue se assemelhasse

a endereço. o lugar do selo via'se o primeiro nome do remetente, !ue era(and4. ão estou entendendo disse a "aggie. Ve@a dentro insistiu a outra.Carla abriu o envelope e tirou um cartão com votos de pronto

restabelecimento e uma )oto de uma menininha sardenta, aparentando unsseis anos, !ue tinha assinado nas costas do cartão com l<pis alaran@ado. -envelope seguinte continha uma carta de adulto, escrita num papel muitobonito e )ino. $ mensagem lamentava o envenenamento de (ir alahad, e asatis)ação sentida pelo pronto restabelecimento. ;avia um che!ue inclu3do, de!uantia vultosa, para o casal 0imson aplicar na campanha em )avor dos lobos.

Entusiasmada, Carla perguntou: E então, "aggieM Vou ter !ue engolir minhas palavras. Estava enganada !uando a)irmei

!ue ninguDm se importava. Estava mesmoN "as o !ue posso )azer para a@udarM ão sei. Eu mesma não consigo me organizar. /arece !ue estou

sonhando. E sabe de uma coisaM $manhã vai piorar. 2ele)onaram do correioavisando !ue @< chegou mais !ue o dobro das de ho@e. Como tudo isto a!ui nãocabia na caixa postal, eles mandaram entregar. Levei um susto !uando )uiatender a porta e dei com o carteiro carregando uma sacola enorme. Ele mais

parecia um /apai oel. E a verdade D !ue nos trouxe um presente e tanto exclamou "aggie, novamente com os olhos cheios de l<grimas. (e voc& não parar com isso vai acabar com uma tremenda dor de

cabeça advertiu Carla. Eu sei o !ue voc& pode )azer para nos a@udar disse *e)), mudando

v<rias pilhas de envelope para um lugar mais central da sala. Vamos responder todas as cartas, mas isso vai levar algum tempo.

En!uanto isso, eu não !uero !ue este dinheiro todo )i!ue espalhado. Voc&pode começar a catalogar as !ue t&m che!ues ou dinheiro, e assim, amanhã,podemos depositar tudo numa conta especial no banco.

Voc& !uer dizer !ue não D s6 este che!ue, mas !ue h< outros por a3M

perguntou admirada. Ric1 calcula !ue @< passamos dos mil d6lares e ainda não abrimos nem

a metade das cartas. ão estou entendendo. . . Voc&s não representam nenhuma

organização. $cho !ue D uma maneira concreta de as pessoas expressarem simpatia

e revolta pelo !ue aconteceu < (ir alahad explicou Ric1. Com toda a certeza elas con)iam em "aggie e *e)). (abem !ue eles

usarão o dinheiro com critDrio.Carla sentou'se no chão, ao lado de Ric1, onde estavam as pilhas !ue iam

ser catalogadas. (orrindo, disse'lhe: Besta vez desculpo o bilhete sobre a Agrande surpresaA. ão dava

mesmo para voc& explicar isso.Ele a abraçou e a bei@ou de leve nos l<bios.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

?uase podia ver voc& subir o morro correndo, e morta de curiosidade disse com um sorriso descontra3do.

$h, DM E com certeza est< rindo de mim, acerteiMEle a bei@ou de novo e mudou de assunto: "ãos > obra, mulherN ;< milhKes de coisas a )azer, não podemos perder

tempo.

Carla começou, então, a anotar nomes, endereços e as !uantias !uetinham sido enviadas. ?uando, tr&s horas depois, pararam para @antar, aindanão havia terminado a!uela tare)a. En!uanto comia, )icou contente ao ouvir osplanos de "aggie e *e)) de voltarem a levar (ir alahad para visitar escolas. $partir de agora, seriam mais cuidadosos com ele.

 2erminada a re)eição, retomaram o trabalho atD !uase meia'noite, !uandoRic1 e Carla )oram embora, prometendo voltar no dia seguinte.

$s cartas continuaram a chegar < pro)usão, s6 começando a rarear ap6suma semana.

esse meio tempo os 0imson levaram (ir alahad, v<rias vezes noveterin<rio da ilha, e, )inalmente, depois de um exame completo, o loborecebeu alta e permissão para via@ar a 2acoma.

Representantes da imprensa )alada e escrita esperaram por "aggie, *e)) e(ir alahad > porta da escola !ue iriam visitar. "ais uma vez, o lobo ocupou aprimeira p<gina dos @ornais e apareceu no notici<rio da noite nos canais detelevisão.

essa visita, o casal apanhou uma )orte gripe. #icaram bastantedesolados, pois estava programada uma apresentação do lobo numa escola de(eattle no dia seguinte. Be )orma alguma eles !ueriam desapontar as crianças,mas com a )ebre com !ue estavam não podiam ir. #oi então !ue *e)) selembrou de pedir a Ric1 e Carla para irem ao lugar deles.

a manhã seguinte, depois de ouvirem uma lista enorme de instruçKes, osdois partiram levando o animal. *e)) e "aggie vão )icar preocupados o dia inteiro, atD a gente voltar

comentou Carla. $ssim !ue acabarmos tudo tele)onar< para contar como )oram as coisas

prometeu Ric1.E logo prague@ou baixinho, tentando se desviar de um buraco enorme do

meio da estrada. $cho !ue em vez de )azerem a tal )esta dos saldos e restos, voc&s

deviam organizar um mutirão para consertar esta estrada.Ela sorriu ao ouvir a reclamação, com a !ual @< se acostumara tal a

)re!O&ncia com !ue era )eita. 2alvez um mutirão )osse mesmo uma idDia boa epr<tica, mas se tomasse o lugar da )esta )icaria muito desapontada.

$ )esta era celebrada anualmente, mas ninguDm se lembrava !uem haviainiciado a tradição, nem !uando. (6 um ponto era bem claro: comemorar o )imda temporada tur3stica. Burante muitos anos os donos de restaurantes sereuniam com os AsaldosA.

 2raziam um tacho e cada um @ogava nele o !ue sobrara e !ue não durariaatravDs dos meses de inverno. $ mistura variada, muitas vezes, resultava empratos ex6ticos e provocava dores de estJmago em muita gente. Como haviasempre muito vinho para acompanhar a comida es!uisita, ninguDm @amaisreclamou.

Com o passar do tempo, a )esta havia mudado. $gora, os moradorespermanentes da ilha tomavam parte, e a comida !ue serviam era umasuculenta sopa de )rutos do mar.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

 2odos se divertiam imensamente. Levavam lenha para a praia e armavam)ogueiras enormes. esse dia a estação tur3stica )icava o)icialmente encerrada.Ws vezes, !uando o sol nascia, a )esta ainda ia animada. Carla aprendera aesperar por esse dia com ansiedade, e nesse ano mais ainda, @< !ue iaparticipar dos )este@os com Ric1.

a balsa para $nacortes, eles )icaram sob o convDs principal para não

deixarem (ir alahad sozinho. 2inham a impressão de não haver mais ninguDmna!uela embarcação enorme, pois a maioria das pessoas pre)eria )azer atravessia na parte de cima do barco.

Beram um passeio com o lobo pelo tombadilho e depois o levaram devolta > caminhonete.

- tra@eto entre $nacortes e (eattle costumava levar cerca de hora e meia."as, nesse dia, Carla não via o tempo passar. Ric1 estava de muito bom humore bem mais animado do !ue ultimamente. Ela se sentia aliviada com isso.Bava'lhe a certeza de !ue o marido havia, a)inal, se acostumado com a novavida e !ue, aparentemente, não sentia mais as pressKes !ue o atormentaramtanto nos meses de verão.

?uando chegaram > cidade não tiveram di)iculdade para encontrar aescola, graças ao mapa detalhado !ue *e)) lhes dera. En!uanto Ric1encaminhou'se ao prDdio, para procurar o diretor, Carla )icou no carro,cuidando de (ir alahad. um 3mpeto, abraçou o animal com carinho,a)agando'lhe repetidas vezes o p&lo, e murmurando:

/arece !ue desta vez Ric1 e eu acertamos.Levantou a cabeça e viu !ue o marido se aproximava, seguido por um

homem !ue mais parecia um galã de cinema. Era !uase tão alto !uanto Ric1 etinha o mesmo porte atlDtico.

A"eu BeusA a pensou Ase na minha Dpoca eu tivesse um pro)essor bonitão

como esse, na certa teria pre)erido repetir o ano em vez de me )ormarA.$ssim !ue ela desceu da caminhonete, Ric1 os apresentou: \ac1 "iller, esta D a minha esposa, Carla #leming. Com um sorriso, ele

lhe apertou a mão, dizendo: Voc& não pode imaginar como estou agradecido por terem trazido (ir

alahad para visitar nossa escola. ?uando *e)) tele)onou avisando !ue nãopoderia vir, )i!uei tão desolado !ue não tive coragem de contar >s crianças.

Espero !ue voc& saiba !ue D a primeira vez !ue )azemos isso e !ue nãotemos a m3nima experi&ncia no assunto. 2ambDm não tivemos tempo parapreparar uma apresentação ade!uada.

ão se preocupe as crianças os a@udarão nessa parte. Elas t&m uma

in)inidade de perguntas para )azer.En!uanto se dirigiam ao prDdio, Ric1 aproximou'se de Carla e murmurou

em seu ouvido: ão D muito bonito )azer pose. (er< !ue voc& est< !uerendo chamar

atençãoMEla apertou o passo, percebendo !ue ele notara e !ue não gostara de sua

admiração pelo outro homem. "esmo assim sorriu. m pouco de ci%me nãomatava ninguDm, pelo contr<rio, era atD estimulante. Chegou'se perto dele edisse:

Voc& )alou !ue eu podia olhar, contanto !ue não tocasse. ?uandoreparou na expressão dele, voltou a andar mais depressa, deixando o coitadodo lobo espantado com a mudança de passo.

#oram levados ao re)eit6rio, onde v<rias classes estavam reunidas numsemic3rculo > volta de um pe!ueno palco improvisado. $s crianças bateram

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

palmas assim !ue viram (ir alahad. Carla )icou admirada com a reação dolobo, !ue levantou a cabeça bem alta e subiu ao palco com andar lDpido.

A?ue malandroA, pensou ela. A(e tivesse )icado na )loresta, todo estetalento teria sido desperdiçado.A

\ac1 "iller, ao micro)one, pediu sil&ncio e deu in3cio > reunião, )azendo asapresentaçKes.

$lunos e alunas, meus caros pro)essores. ;o@e temos um duplo motivopara estarmos a!ui reunidos. $lDm da satis)ação de receber (ir alahad, o lobodo Estado de Sashington !ue D )amoso no mundo inteiro. . .

Carla estremeceu ao imaginar o !ue o diretor diria a seguir. -lhou paraRic1. Ele permanecia sDrio e est<tico, como se não descon)iasse de nada.

... 2emos tambDm a honra de receber alguDm muito importante eigualmente )amoso. 2rata'se do incompar<vel <s do automobilismo, oinigual<vel Richard #leming.

-s aplausos )oram calorosos. ABrogaNA, pensou Carla. ?ue tinha a!uelehomem de dizer algo !ue não havia sido combinado, tocando num assunto tãodelicado e aproveitando para auto promover'seM Ric1 devia estar louco deraiva. $)inal, viera para a@udar os 0imson e não para )alar de sua carreira oudar entrevistas >!uele paspalho. - diretor pareceu perceber a cara dedesagrado de Carla e, interpretando'a mal, tentou consertar a situação,piorando'a ainda mais.

Claro !ue acompanhado da linda esposa, Carla disse.Ba3 para )rente, o dia )oi um verdadeiro desastre. "ais da metade das

perguntas )eitas pelos alunos era sobre carros e corridas. Com paci&ncia e)irmeza, Ric1 explicou !ue estava ali para )alar sobre lobos, negando'se aresponder sobre !ual!uer outro assunto.

/orDm, a persist&ncia t3pica da in)ncia )orçava as crianças a voltarem ao

tema proibido. Com sutileza, !ueriam saber por !ue ele havia abandonado aspistas de corrida.Besesperada, Carla constatou !ue nunca em sua vida o tempo passara tão

devagar.#inalmente, ao tDrmino de cin!Oenta minutos, \ac1 "iller @untou'se a Ric1

no pe!ueno palco e, passando o braço nos ombros dele com uma )amiliaridadeatrevida, pediu aos alunos !ue externassem seus agradecimentos, aplaudindo.Ela se sentia mal.

ão podia entender como conseguira achar atraente a!uele homeminteresseiro e manipulador.

$s palmas desta vez não )oram tão entusiastas como no in3cio. "esmo

assim, (ir alahad abanou a cauda, como se agradecesse.W sa3da, Carla aproximou'se de Ric1, tentando segurar'lhe a mão, mas ele,

como se estivesse num outro mundo, não notou o gesto e continuou andando./ercebeu, então, !ue ele estava muit3ssimo tenso, com os m%sculos do rostocontra3dos, e dese@ou acarici<'lo para !ue relaxasse. $o passarem por umgrupo de alunos !ue conversavam no )im do corredor, ouviram distintamenteas palavras de um deles:

/apai disse !ue Ric1 #leming D um medroso. #oi por isso !ue deixou decorrer.

[ volta para "artenFs Cove )oi )eita num ambiente carregado e cheio deindagaçKes silenciosas. Beu a impressão de !ue demorou muito mais do !ue aida. ?uando )inalmente chegaram ao chalD, Carla o)ereceu'se para levar (iralahad < casa dos 0imson.

Ric1 aceitou e agradeceu.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

 *e)) e "aggie continuavam bem abatidos, ainda )ebris. /arecera não notar,pela atitude de Carla, !ue as coisas não haviam corrido normalmente. Ela )icoucom o casal o tempo necess<rio para lhes preparar um vinho !uente e logo )oiembora.

$ssim !ue entrou no chalD encontrou um bilhete de Ric1. A#ui andar umpoucoA, dizia. Revirou o papel na mão, sentindo'se derrotada, como se ele

anunciasse o )im do mundo./or muito tempo permaneceu sentada em )rente > lareira, mas )oi vencidapelo cansaço e começou a cochilar. Levantou'se, apanhou um cobertor edeitou'se no so)<.

Bespertou novamente e continuou atD depois do rel6gio bater duas horas.Bormiu então um sono agitado. (onhou com (teve, "ichael e "ar4, !ue,alegres, acenavam para Ric1 instigando'o a acompanh<'los. Ele pareciaatormentado e dividido entre o grande amor !ue sentia por ela e a tentação deacompanhar os outros de volta > vida !ue amava.

$)lita, Carla agarrava'se a ele, implorando !ue não se )osse. "esmo nosonho, vieram'lhe > mente as palavras !ue a av6 costumava dizer'lhe comcarinho: Aão se es!ueça, minha !uerida. $s pessoas são como animaizinhosinde)esos. (e voc& tentar segur<'los > )orça, lutarão para escapar, mas setrat<'los com amor e liberdade permanecer< ao seu ladoA.

$cordou, não soube a !ue horas, com Ric1 bei@ando'a. Reagiu com amesma avidez !ue ele demonstrava. (egurou'o pelo pescoço, revelando'lhe odesespero !ue sentia. (em trocarem uma palavra, ele a carregou nos braços ea levou para o !uarto. Beitaram'se lado a lado e ele a tomou nos braços.

?uero !ue voc& me perdoe por não estar em casa !uando voc& chegou./ode parecer !ue eu estava )ugindo de voc&. . . "as. . . ão era de voc&. . . Erade mim mesmo. I isso o !ue venho )azendo este tempo todo... #ugir de mim

mesmo con)essou, segurando seu rosto com as mãos para !ue o )itasse.$pesar da semi'escuridão, Carla podia ver a dor na!ueles olhos. Com umsoluço, ele disse as palavras temidas:

ão posso mais continuar )ugindo. Eu sei murmurou ela, aceitando )inalmente a derrota.(eu coração batia angustiado contra a!uela verdade !ue se negara a

reconhecer desde o in3cio. /orDm, com o racioc3nio, via claramente agora !ue abarreira !ue os separava @amais tinha sido destru3da. ;aviam por cima dela,apenas se tocado, numa tentativa vã de se encontrarem. Chegara < hora deseguirem caminhos di)erentes.

Carla, minha linda CarlaN exclamou ele, com tristeza pro)unda. (e

ao menos eu não a amasse tantoNEla tocou os l<bios dele com as pontas dos dedos e disse: /or )avor, Ric1 n6s vamos )azer amor. ?uero !ue me ame com todas as

)orças do seu ser pelo pouco tempo !ue nos resta.ão havia palavras !ue pudessem traduzir o so)rimento !ue logo teriam

de en)rentar e por isso não disseram mais nada. $ noite se trans)ormou assimna %ltima homenagem !ue prestavam >!uele amor.

Vagarosamente, como se cada car3cia tivesse !ue ser saboreada, por!uenão haveria outra oportunidade para repeti'la, eles )izeram amor. Ric1 bei@ou'apor inteiro com os l<bios tr&mulos, cobrindo'a com um manto de dese@o.

Venha comigo, Carla pediu, sabendo de antemão a resposta. ão posso Ric1. ada mudou em mim. /or )avor, não torne as coisas

mais di)3ceis.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

$braçou'o com desespero, como se !uisesse absorver a ess&ncia da!ueleser amado.

?ueria ainda imprimir nele as marcas do coração e de sua alma para !ueele soubesse, para sempre, a extensão de seu amor.

Com uma meiguice imensa, Ric1 bei@ou'a nos olhos, nas )aces e)inalmente na boca.

Carla aspirou o cheiro !ue emanava dele e prendeu a respiração, como se!uisesse guardar a!uele tesouro para sempre. #remia de ansiedade e dese@o.?uando ele lhe acariciou os seios, teve vontade de gritar de ang%stia,

sabendo !ue, bem depressa, a dor e a saudade seriam suas %nicascompanheiras. Ric1 tomou um dos mamilos com a boca e apertou o rostocontra o seio. Carla reagiu com um gemido !ue revelava amor, paixão,sensualidade e dese@o.

(ob tanta pressão, o controle de ambos desapareceu, dando lugar >ansiedade !ue destru3a todo e !ual!uer racioc3nio. ?uando )oram tomados pelaexplosão )inal, não sentiram a alegria ing&nua pelo al3vio provocado, mas umador pungente pela separação inevit<vel !ue se aproximava.

Beitados lado a lado, continuaram sem coragem de dizer nada,reconhecendo a inutilidade das palavras. Ric1 cobria os olhos com o braço, e!uando Carla lhe )ez uma car3cia meiga nas )aces sentiu as l<grimas !uecorriam.

Viraram'se um para o outro e, abraçados, deixaram !ue as l<grimas deambos se misturassem. Choravam @untos por terem )racassado na preservaçãodo amor !ue os havia unido novamente e !ue deveria ter sido razão de)elicidade e não de m<goa e separação.

- dia seguinte amanheceu sombrio, como se re)letisse o so)rimento !uetomara conta de Carla e Ric1. - cDu estava cinzento e a neblina !ue pairava no

ar era densa. Be vez em !uando o vento soprava, derrubando <gua dos galhosdas <rvores. 2udo estava coberto de umidade, embora não tivesse chovido.(em se incomodar com o )rio, Carla )oi ao terraço usando s6 o roupão

)elpudo. -s galhos dos pinheiros balançavam pesados, em harmonia com asolidão !ue reinava no ambiente.

$ região era conhecida por esse tipo de condição atmos)Drica, e aumidade provocada por ela D !ue permitia o verde opulento e variado !ue seencontrava em toda parte ocidental do Estado de Sashington. /orDm, aspessoas !ue amavam a luminosidade do sol achavam intoler<veis esses diascinzentos, !ue muitas vezes se prolongavam numa se!O&ncia intermin<vel.

- estado de esp3rito de Carla combinava com o tempo. (em ela perceber

)icou longos minutos no terraço olhando para o mar, completamente alheia aoseu redor, como se )izesse parte da!uele cen<rio. (6 saiu do estado de torpor!uando sentiu os braços de Ric1 > volta da cintura.

- tempo ho@e não D um bom est3mulo para !ue voc& )i!ue a!ui, não DM perguntou ela, tentando dar um tom despreocupado > voz.

Carla passara boa parte da noite acordada, lutando contra a vontadeincontrol<vel de pedir a Ric1 !ue )icasse. (abia !ue poderia convenc&'lo a issose contasse !ue estava gr<vida. "as !ual seria o preço )inal dessa revelaçãoM

Bepois de tantos meses negando'se a reconhecer a verdade, não podiaignorar por mais tempo as mudanças ocorridas em Ric1. Ele não conseguiapreencher a vida s6 com ela. /recisava voltar ao antigo modo de viver tanto!uanto necessitava do ar !ue respirava.

(em isso ele de)inharia e acabaria morrendo. Carla tinha assistidoimpass3vel, isso acontecer durante o verão. (6 agora percebia !ue durante

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esse per3odo ele estava consciente do processo !ue vivia. - grande amor !uesentia por ela o havia )eito )icar ali por tanto tempo.

#echou os olhos como se assim pudesse apagar da mem6ria a lembrançadas provaçKes pelas !uais ele havia passado. [ noite com "i1e Shitta1er, osturistas na lo@a, a escola na vDspera representavam torturas a !ue sesubmetera por amor a ela. /or isso mesmo D !ue agora tinha !ue deix<'lo ir,

tornando a partida um )ardo mais leve. Ric1 @< so)rer< demais por ela.(e )osse realmente honesta consigo mesma, Carla reconheceria !uedesde o in3cio estava certa de !ue o des)echo seria esse. Era essa a razão pela!ual, h< tr&s meses, !uando não )icara menstruada, tinha mentido a Ric1.;avia tambDm enganado a si pr6pria, convencendo'se de !ue estavaesperando para ter certeza. (abia o !uanto Ric1 dese@ava um )ilho, e se lhecon)essasse !ue estava gr<vida ele )icaria. "eio aturdida, ela pensou !ue esseracioc3nio não era v<lido e !ue, bem no )undo, temia !ue ele )osse emboramesmo sabendo seu estado.

Carla virou'se e encostou o rosto na lã macia do suDter dele. 2udo seriabem mais simples se tivesse coragem su)iciente para contar'lhe a verdade.Então saberia a resposta >s d%vidas !ue a atormentavam. "as não podia )azerisso.

Levantou os olhos para )itar os dele. ?ue tristeza imensa eles re)letiamN(em esperar, ela )oi tomada por uma imensa paz. ão, não lhe contaria nada,resolveu. ão por!ue temesse a resposta, mas por!ue o amava mais do !ue asi mesma. Era por isso !ue precisava deix<'lo partir, pois essa era a %nicamaneira de Ric1 voltar a ser o homem !ue havia sido.

?uando D !ue voc& vaiM perguntou. ;o@e.#echou os olhos para esconder as l<grimas !ue os !ueimavam. (entia'se

como se tivesse sido )erida )isicamente. 2ão depressaM sussurrou. (eria menos doloroso retardar a despedidaM ão... Carla respondeu consciente de !ue dali em diante a

conviv&ncia de ambos se tornaria um )lagelo."esmo !ue doesse muito, era melhor assim. $inda com o rosto encostado

no peito dele, sentiu a sali&ncia do anel. *< havia se acostumado >!uelecontato. $gora tinha absoluta certeza de !ue @amais voltaria a us<'lo. 2riste,perguntou:

?uer !ue o a@ude a arrumar a malaMEle a abraçou e disse:

Carla, Carla, eu te amo tanto e vou te amar para sempre... /or )avor. . . /arou, lutando contra as palavras como se tivesse medo delas. /or )avor,Carla, venha comigo.

ão posso, Ric1 respondeu, deixando as l<grimas correrem,livremente.

E o !ue vou )azer da vida sem voc&M o indagou, abraçando'a commais )orça.

E na mente dela ecoou: AE o !ue vou )azer da minha, sem voc& Ric1, amorda minha vidaMA

Carla não conseguiu a@ud<'lo a arrumar a bagagem. (ua )orça de esp3rito aabandonara. Cada peça de roupa !ue depois de dobrada, era colocada namala, trans)ormava'se num ob@eto de tortura. a pressa de )ugir da!uilo tudo,con)essou a Ric1 !ue não tinha mais )orças para )icar ali e por isso ia sair.

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(ubiu o morro da casa e )oi atD a pe!uena clareira do bos!ue, de ondegostava de ver o pJr'do'sol.

"ais de uma hora depois, ao voltar da casa de "aggie e *e)), onde )ora sedespedir, Ric1 encontrou'a l<. (entou'se a seu lado e, passando o braço porseus ombros, in)ormou:

Resolvi !ue s6 irei > %ltima balsa.

Carla não disse nada, mas olhou'o interrogativamente. $chei !ue seria mais )<cil se )osse embora depois da #esta dos (aldos.$ssim voc& não vai ter !ue en)rentar perguntas sem estar preparada explicou baixinho, colocando uma mecha do cabelo para dentro do capuz !ue aprotegia.

Carla concordou com um aceno. Ric1 tinha )eito in%meras amizades nailha e todos sentiriam )alta dele se não aparecesse. E se ela )icasse em casamuita gente lhe tele)onaria.

Ric1 tomou'a nos braços, de )orma !ue suas costas se apoiassem no peitodele.

Encostou a cabeça na dela e respirou )undo. Voc& usa o mesmo xampu, o mesmo sabonete e a mesma colJnia !ue

uma multidão de outras mulheres usa, no entanto, exala um per)ume tãodi)erenteN I um per)ume !ue me )az prender a respiração todas as vezes !ue osinto.

Ric1, por )avor, não diga coisas !ue mais tarde vão me perseguir. *<tenho lembranças demais.

Carla, eu vou )alar do meu amor por voc& para sempre. (e eu soubesse!ue havia uma chance, em um milhão, de convenc&'la a ir comigo, eu gastariatodas as minhas energias dizendo !ue a amo.

Em vez de )icar contando por !ue não me mostraM Ric1 )aça amor

comigo a!ui. $gora. /reciso de voc&. 2em certezaM $bsoluta. 2anto agora como h< sete anos respondeu, com um sorriso

triste, lembrando'se do dia em !ue se entregara a ele en!uanto tirava ocasaco, !ue estendeu sobre as )olhas secas.

?uando ia tirar a malha, Ric1 a interrompeu. ão D melhor irmos para casa, CarlaM ão, !uero me lembrar deste momento para sempre e !uero !ue se@a

a!ui. /or )avor, Ric1.Ele a segurou no rosto, )azendo'a )it<'lo. Vagarosamente, puxou'a para si.

0ei@aram'se com a mesma )orça, com a mesma paixão e a mesma ansiedade

de sempre. Besta vez, porDm, os sentimentos estavam impregnados da maispro)unda tristeza. (abiam !ue cada segundo !ue viveriam da!uele amor eraum tesouro !ue deveria ser guardado para as longas horas de solidão !ue osesperavam.

Ric1 a@udou'a a tirar a malha. Com carinho, acariciou'lhe a pele do colo edos ombros.

unca me canso de olhar para voc&, para voc& inteirinha. $doro seusseios. ?uero !ue cuide bem deles por mim. E abaixou a cabeça para bei@<'los.

Carla en)iou os dedos pelos cabelos do marido. (entia a pontada aguda dodese@o !ue, saciado, traria o )im. Ric1 tirou'lhe o resto da roupa. ?uando adeitou, nua, na cama !ue tinha improvisado com os casacos de ambos, cobriu'a com o pr6prio suDter ainda !uente de seu corpo. Bespiu'se tambDm e, então,protegeu'a com o corpo ansioso e apaixonado.

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$s mãos dele percorreram os caminhos do amor, acariciando edespertando nela anseios incontrol<veis. Carla agarrou'se a ele, provocando'ocom car3cias !ue sabia en)ra!uecerem seu autocontrole.

Ric1 tocou'a na pele sens3vel do ventre, !ue começava a crescerimperceptivelmente.

Ela suspirava e achegavam'se mais a ele.

Entregou'se > paixão !ue os )ez es!uecer o !ue os rodeava, o )rio e acama r%stica. $ mente, o corpo e os sentidos de Carla )oram engol)ados poruma onda de dese@o !ue s6 Ric1 podia satis)azer. o auge do amor, gritou onome dele, a palavra !ue expressava tudo o !ue sentia na!uele momento.

(aciados, sem contar mais com a proteção da paixão contra o )rio, Carlacomeçou a tremer. /recisavam se vestir e voltar para casa. uma voz triste,Ric1 murmurou:

/ouco resta do nosso %ltimo dia. Voc& !uer dizer !ue devemos nos despedir agoraM perguntou Carla,

recolhendo as roupas !ue estavam tão %midas !uanto o ar !ue os rodeava. (e D !ue existe um adeus !ue possamos dizer...Carla começou a se vestir. #echou os olhos, tentando controlar as

l<grimas. Ric1 não devia v&'la chorar. ão agora. 0em baixinho, perguntou: $cha !ue eu mudarei de idDia e acabarei seguindo voc&M (er< !ue essa

esperança D !ue lhe d< coragem de partirM 2enho tão pouco a !ue me agarrar, Carla. 2udo o !ue possuo D essa

esperança: !ue voc& mude de idDia. Voc& nunca me entendeu ela disse disposta a tentar, pela %ltima vez,

)az&'lo compreender o !ue sentia. ão D uma !uestão de mudar de idDia. -!ue sinto D tão imut<vel !uanto o seu dese@o de voltar a correr, mesmo !ueisso represente algum perigo, mesmo !ue esse dese@o o acabe matando

completou com amargura.Ric1 manteve'se !uieto en!uanto se vestia. ?uando voltou a )alar, )oi comvoz dura e sem entonação.

ma vez voc& me disse !ue não acreditava na teoria barata de !ue umpiloto de corrida D um suicida. - !ue a )ez mudar de opiniãoM

Carla percebeu a )utilidade de sua tentativa. enhum dos dois @amaisconvenceria o outro. "esmo assim, respondeu:

"udei, vendo'o > beira da morte, assistindo ao milagre !ue o salvou, edepois ao perceber !ue voc& tem pouco ou nenhum respeito pela vida, a pontode estar disposto a se arriscar de novo. . . ão me chame novamente para v&'lo morrer acrescentou, soluçando. Ric1 abraçou'a e murmurou:

I imposs3vel prometer isso, Carla. /osso morrer amanhã ou da!ui a cemanos. (e@a !uando )or, vou chamar o seu nome atD o meu %ltimo sopro de vida.

Carla pJs os braços > volta do pescoço dele e admitiu: E voc& sabe !ue eu irei. Então me acompanhe agora, Carla. ãoN gritou ela com viol&ncia. ão me peça outra vez. /oupe'me

de so)rer mais do !ue @< estou so)rendo. /arece !ue não me ouviu !uando eudisse !ue não posso mudar tanto !uanto voc&. ão D uma !uestão de teimosiaboba, Ric1N /ensa !ue estou brincando de esconde'esconde com voc&M

ão, não penso isso. I !ue... ão consigo me separar de voc&. ãoposso destruir uma rDstia de esperança.

Então não v<, )i!ue comigoN$s palavras sa3ram sem !ue ela !uisesse, e Carla viu a resposta no olhar

dele, antes !ue Ric1 )alasse.

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ão posso Carla. Eu tentei. . . 2entei com todas as minhas )orças ehonestidade.

Eu sei Ric1, eu sei.Ele a abraçou, como se @amais !uisesse deix<'la. ?uem os visse não

suspeitaria da separação iminente. Bepois desceram o morro em direção aochalD.

Carla estremeceu ao ver as malas prontas, esperando do lado de dentroda porta.Encostou'se na parede, tr&mula, rezando para !ue tivesse )orças atD o

)im. Com o olhar seguia os movimentos dele pela casa. #inalmente, !uandoRic1 começou a acender o )ogo da lareira, ela reagiu. AChegaNA, pensou. ãopodia desperdiçar os %ltimos momentos !ue passariam @untos. 2eria tempo desobra depois, !uando se encontrasse sozinha.

?uer um ca)ezinhoM ?uero, sim. I uma boa idDia.$p6s colocar <gua para )erver, ela )oi atD o !uarto trocar de roupa. -lhou

a cama !ue estava coberta com o acolchoado amarelo !ue havia comprado em(eattle. Psso )ora antes da vinda de Ric1, !uando sentia tanto )rio. Esse )riovoltaria a partir da!uela noite. - acolchoado poderia es!uentar seu corpo, mas @amais o coração. ão haveria nada !ue pudesse destruir o )rio !ue a envolvia.

- chalD, !ue no in3cio era um re)%gio seguro para a solidão, agora seriauma lembrança viva de Ric1. ão havia um %nico cJmodo em !ue nãotivessem )eito amor.

Carla )oi atD o arm<rio !ue comprara para as roupas de Ric1 e passou amão pela madeira sedosa. $briu uma gaveta !ue, vazia, parecia zombar dela.(entou'se na beirada da cama e cobriu o rosto com as mãos. . . - tempo !uerestava era muito pouco.

Ric1 entrou no !uarto e, olhando primeiro para a gaveta vazia e depoispara Carla, percebeu o !ue estava acontecendo. Estendeu'lhe a mão e levou'adali.

/assaram o resto da tarde em )rente > lareira. #alaram pouco e oambiente estava carregado com mensagens de amor, medo e desespero. Ws!uatro horas, Ric1 levantou'se e reavivou o )ogo.

Est< na hora ele disse, com suavidade.Carla assentiu silenciosa. Encaminharam'se para a porta, cada passo uma

agonia, mas andava como se )osse uma ida !ual!uer > cidade. $gradeceu!uando ele a a@udou a vestir o casaco.

?uer !ue eu mande suas roupas molhadas mais tardeM

ão, obrigado. Vou lev<'la comigo para /hoenix. (eu apartamento D lindo ela disse, sentindo'se vazia por dentro.

Voc& vai encontr<'lo !uase como o deixou. (teve e eu s6 guardamos algumasde suas coisas e demos o !ue poderia se estragar. 6s não... /arou incapazde prosseguir.

/or )avor, Carla.Ela apertou os olhos para estancar as l<grimas. Levantou o rosto e sorriu. 2em razão. Vou tomar cuidado com o !ue digo. ossa separação não

precisa ser pior do !ue @< est< sendo. Bevemos ter coragem para sorrir !uandodissermos adeus. $)inal, compartilhamos tanta coisa boaN

Bepois de colocar as malas na caminhonete, Ric1 voltou ao chalD paraapanhar as doze )Jrmas de pão de alho, !ue eram a contribuição deles para a#esta dos (aldos.

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#oram primeiro ao cais, onde Ric1 deixou a bagagem. ?ueria evitar asperguntas embaraçosas. /assaram depois na galeria e )oram os %ltimos achegar, na praia.

$ )esta @< ia animada. $s )ogueiras crepitavam alegres e o cheiro da sopaera delicioso. 2odos os saudavam animados, en!uanto se dirigiam para a <reareservada >s comidas, onde deixariam o pão. -s !ue percebiam alguma coisa

di)erente no casal não diziam nada. Bepois do sucesso excepcional da!uelatemporada de veraneio, o assunto pre)erido dos moradores de "artenFs Coveera a celebridade !ue convivia com eles agora.

$tD (ir alahad havia alcançado popularidade na ilha. /ena !ue "aggie e *e)) não pudessem estar ali para gozar do sucesso, pois ainda não tinham selivrado da gripe.

AVai ser muito di)3cil o primeiro encontro com elesA, pensou Carla, ãohavia perguntado o !ue Ric1 dissera !uando )ora se despedir deles. ão tinhasido preciso sabia. Besta vez eles não seriam discretos como na ocasião dachegada dela na ilha.

;aviam se tornado amigos de Ric1 e @< sabiam demais para não sesentirem envolvidos. ão devia nem esperar !ue eles a entendessem.

?uando entregou o pão, Ric1 trocou umas palavras com Baniel, !ue, comosempre, estava >s voltas na cozinha improvisada.

#oram depois para perto de uma das )ogueiras, onde ele estendeu asmantas de lã !ue haviam trazido. Carla )itou'o com uma expressão de pnicono rosto.

$cho !ue não vou conseguirN ão vou conseguir continuar mecomportando com naturalidade !uando o meu mundo se desmorona.

Voc& pre)ere !ue eu v< @<MAãoNA, teve vontade de gritar. ão era isso tambDm o !ue !ueria. (6

!ueria reviver a!uela manhã maravilhosa, tão especial, e !ue passara com arapidez de uma estrela cadente.(acudiu a cabeça em sinal negativo. - momento de pnico se )ora.

(entaram'se, com Ric1 passando'lhe o braço pelos ombros, como doisnamorados embevecidos. 2alvez por isso, pouca gente se aproximou deles.ão !ueriam interromper o !ue parecia um momento )eliz.

#icaram sentados ali, perdidos em seus pr6prios pensamentos. Chegou <hora da comida e, como os outros, eles )icaram na )ila para apanh<'la.En!uanto isso conversava normalmente com os !ue estavam por perto. Carlaviu um rosto novo e Ric1 contou'lhe !ue era a morena linda !ue tinha causadoa recente alegria de Baniel.

Carla sorriu, lembrando'se da )%ria ciumenta !ue Ric1 demonstrara no diaem !ue o conhecera. ?uem poderia adivinhar !ue se tornariam tão amigosM

Pmaginava se os dois @amais se encontrariam outra vez. ma idDia horr3vellhe veio > cabeça. E se, um dia, Ric1 voltasse > ilha para visitar BanielM m risoirJnico acompanhou esse pensamento. (eria )<cil para Ric1 vir visitar o amigo,e completamente imposs3vel !ue viesse v&'la.

Carla não tinha certeza se agOentaria encontr<'lo como amigo. ão,absolutamente não suportaria isso, nem mesmo !ue seus caminhos secruzassem casualmente. #ora essa a razão pela !ual viera abrigar'se na ilha de?uiller. /orDm, agora ele passara a )azer parte de sua vida ali, parte essa !ue @amais ela poderia exorcizar. - !ue )aria agoraM Como agOentaria viverconstantemente no meio da dorM $ ilha, o chalD, os amigos, tudo )ora marcado,de maneira indelDvel, pela presença de Ric1. /assou a mão pela barriga. $tD o

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beb& seria uma lembrança constante da presença dele. "as seria tambDmrazão de alegria.

Ric1 e Carla levaram os pratos de comida para perto da )ogueira esentaram'se na manta com as pernas cruzadas. 2entaram comer, mas nenhumdos dois conseguiu.

/useram os pratos de lado e continuaram em sil&ncio. ?uando Ric1 ia

começar a )alar, ela pJs os dedos sobre seus l<bios e pediu com suavidade: /or )avor, s6 um minuto mais.?ueria guardar na mem6ria a imagem dele nesse momento em !ue os

olhos escuros re)letiam a luz das chamas da )ogueira. Ele estava lindoN "uitomais do !ue !uando se conheceram. - tempo havia aumentado a per)eiçãodos seus traços e a expressão do seu rosto.

Carla bei@ou'o levemente nos l<bios. ão vou acompanh<'lo atD a balsa, Ric1. (ei !ue não suportaria v&'lo

partir. /ode ir com a caminhonete. "ais tarde peço a Baniel para me levar atDl<. Ele vai acabar sabendo !ue voc& )oi embora. ão tem importncia !ue se@aho@e.

Ric1 tocou'a no rosto e ela percebeu !ue a mão dele tremia. ão posso acreditar Carla, !ue tudo este@a acabado.0ei@aram'se, indi)erentes ao !ue se passava ao seu redor.Ele se levantou e, caminhando, sumiu na escuridão.Carla esperou !uinze minutos, atD ter certeza de !ue a balsa @< havia

partido. #icou de pD, dobrou as mantas e colocou os pratos numa mesa det<buas r%sticas. ão ia pedir carona a Baniel. (e tivesse contado isso a Ric1,ele não teria levado a caminhonete. "as ela estava sem )orças para en)rentaro amigo. Pa a pD mesmo.

Conseguiu escapar sem ser notada. $ estrada estava deserta e silenciosa.

$o ultrapassar a %ltima curva, parou estarrecida. $ balsa estava atrasada,ainda se encontrava na doca. 2udo o !ue havia dese@ado era não assistir >partida de Ric1.

 2r&mula, sem poder se a)astar, Carla )icou vendo o barco enorme sedistanciar, levando em seu bo@o o amor de sua vida, a razão de sua exist&ncia.(em !ue pudesse impedir, as l<grimas lavaram'lhe o rosto e os soluçossacudiram a sua alma.

#oi > custa de grande )orça de vontade !ue, no dia seguinte, Carla seentrincheirou no trabalho. Catalogou todas as peças !ue não tinham sidovendidas e escreveu aos respectivos artistas, perguntando !uais delas iriamcontinuar guardadas ali e !uais deveriam ser remetidas a outras galerias.

Embora a maioria das lo@as @< estivesse )echada para o inverno, asmaiores, uns poucos restaurantes e a galeria estavam abertos, em atenção aum grupo pe!ueno de turistas !ue chegara > ilha, seguindo uma onda atrasadade calor. a verdade, o dinheiro !ue ganhavam com isso não compensava oes)orço.

esse ano, Carla sentia'se agradecida por ter com !ue se ocupar por maisalguns dias, mesmo sabendo !ue a lo@a não conseguiria vender o su)icientenem para pagar a conta de luz do per3odo.

$o )inal do !uarto dia, atD os livros de contabilidade @< estavam em ordeme ela não conseguia encontrar mais nada para )azer. "eio em pnico, resolveuinspecionar as salas do segundo andar > procura de alguma atividade. Estaval< !uando ouviu o sininho da porta de entrada tocar, indicando !ue alguDmhavia chegado. Correu na esperança de ser algum turista tardio, mas parou nomeio da escada !uando viu !uem era.

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"aggie estava no meio da sala, com as mãos na cintura e os cabeloscurtos desarrumados pelo vento !ue soprava l< )ora.

"uito bem disse ela, com severidade. *< lhe dei !uatro dias e nãopense !ue )oi )<cil. "as agora !uero saber o !ue est< acontecendo. Vai ter !uecontar tudo.

ão vou, não, senhora respondeu, )itando a amiga.

ão pense !ue desta vez vai ser como da outra. Voc& e Ric1 passarama )azer parte de minha vida e da de *e)). Recuso'me a )icar de braços cruzadosvendo voc&s dois se destru3rem.

- !ue est< )eito, est< )eito, "aggie. ão h< nada !ue possa alterar asituação.

/elo amor de Beus, CarlaN inguDm D sorteado para viver o maior amordesde os velhos tempos de Clar1 able e Carole Lombard. E voc& o @oga )ora,pensando !ue outro vai aparecer e tomar o seu lugar.

Carla estremeceu ao ouvir a re)er&ncia )eita pela amiga. Clar1 ablenunca mais tinha sido o mesmo, depois da morte de Carole Lombard. (abia etemia o !ue a esperava.

ada )oi @ogado )ora respondeu com voz cansada , mas simdestru3do.

Voc& pode dizer o !ue !uiser por!ue o resultado ser< sempre o mesmo. /or !ue est< )azendo isso comigoM - !ue a leva a pensar !ue Ric1 não D

o culpadoM Voc& est< a!ui, e ele não. $lDm do mais, eu não disse !ue pensava !ue

um dos dois era o culpado.$s noites de insJnia e a )alta de alimentação ade!uada produziram seus

e)eitos. $s pernas de Carla )ra!ue@aram e, como um )antoche de !uemhouvessem soltado os cordDis, ela se abaixou, sentando'se no %ltimo degrau

da escada. Besolada, murmurou: 6s tentamos "aggie. 2entamos o mais !ue pudemos. ão o su)iciente, senão estariam @untos. Reconheça a verdade, Carla.

ão pense !ue vou desistir de esclarecer isso tudo.Ela encarou a amiga !ue, em atitude de desa)io, continuava no meio da

sala. "ais cedo ou mais tarde voc& vai ter !ue decidir se continuar se

imiscuindo nesse assunto vale o preço da nossa amizade.Pmediatamente percebeu o e)eito da ameaça na atitude da amiga. Com

ressentimento na voz, "aggie disse: Eu lamentaria pelo resto da vida se perdesse sua amizade, mas o

sacri)3cio valeria < pena se resultasse na união de voc& e Ric1.Carla levantou'se, )oi atD ela e a abraçou. Besculpe murmurou. Voc& me perdoaM /erdJo se me perdoar tambDm respondeu, olhando'a com ar cr3tico.

/or !ue não deixa !ue eu termine tudo por a!ui ho@e e vai para casaM Voc&est< com um aspecto horr3vel.

-brigada. $cho !ue D isso o !ue vou )azer. 2em dormido e se alimentado bemM (im, senhora. (abia !ue voc& ia mentir. Então por !ue perguntouM -lhe a!ui, v< para casa, tome primeiro a sopa !ue *e)) deixou na sua

geladeira e depois um bom banho. 2rate então de ir para a cama e dormirbastante. os pr6ximos dois dias vou tomar conta da galeria para voc&,

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contanto !ue se cuide, dormindo e se alimentando como deve. "as não seiluda. Ba!ui a uma semana me plantarei na sua casa atD !ue a gente encontreuma solução para voc& e Ric1. ão pense !ue estou brincando. *e)) e (iralahad vão passar tr&s dias em -regon, e eu não vou ter o !ue )azer.

Carla )oi embora e, ao chegar, no chalD, )ez o !ue a amiga tinha mandado,s6 !ue em ordem di)erente. /rimeiro tomou uma ducha e depois levou a sopa

para o !uarto. Boze horas mais tarde, !uando acordou, o prato vazio aindaestava na mesinha'de'cabeceira.Levantou'se, andou pela casa e tentou ler um pouco. Voltou para a cama e

tornou a dormir atD a manhã do dia seguinte.(entindo'se bem melhor, resolveu preparar'se para o inverno. Ela guardou

no ba% as roupas de verão e tirou as malhas pesadas e as calças de lã.Pnspecionou as @anelas para ver se não havia )restas e veri)icou o suprimentode lenha para a lareira.

Besde !ue tivera certeza de !ue estava gr<vida, notara !ue pertencia aope!ueno grupo de mulheres !ue não passava mal nesse per3odo. $ %nica coisadi)erente era o crescimento do corpo.

"as agora todos os males imagin<veis a haviam atacado. -s seiosestavam volumosos e extremamente doloridos. ão podia nem pensar emcomida, !ue en@oava terrivelmente. (eu organismo estava retendo <gua, o !uea )azia inchar muito.

$p6s mais tr&s dias de agonia, resolveu tele)onar para o mDdico. Ele aacalmou, a)irmando !ue a!ueles sintomas eram normais e !ue ela não estavacorrendo o risco de perder o beb&. Carla estranhava !ue s6 agora estivesseso)rendo tudo a!uilo, !uando a maioria das mulheres se via a)etada por essesmales bem no in3cio da gestação. $s palavras do mDdico aliviaram'lhe a mente,mas não o corpo.

$!uela criança estava se tornando, com o passar dos dias, cada vez maispreciosa.Era a %nica coisa !ue a )azia agOentar a separação de Ric1. Lembrava'se

das palavras dele descrevendo o )ilho !ue um dia teriam. Ws vezes ele )alavade uma menina e outras de um menino. Carla não )azia !uestão do sexo,desde !ue se parecesse com ele.

ma batida na porta interrompeu seu devaneio. Cumprindo a promessa,"aggie tinha vindo, e l< estava ela com uma sacola na mão. #itaram'se por umlongo momento atD !ue Carla riu e disse:

Eu sabia !ue voc& não ia se es!uecer de vir. Entre.a sala, a amiga tirou as luvas bem devagar e @ogou'as numa cadeira.

Bepois )ez o mesmo com o casaco. Com o ar mais ing&nuo do mundo,comentou:

Então voc& est< gr<vida, não est<MCarla )icou abismada com as palavras dela, mas não deu a perceber. (abia

!ue estava abatida, mas talvez conseguisse desviar a atenção de "aggie paraum lado di)erente.

$cho !ue estou res)riada disse, com voz )raca. 0obagemN estes tr&s anos e meio em !ue a conheço nunca a vi doente

e com esses olhos encovados. (er< !ue não lhe ocorreu !ue, caso eu estivesse gr<vida, voc& devia

esperar atD !ue eu mesma contasseM perguntou, revelando a irritaçãopr6pria do estado.

ão, não me ocorreu respondeu "aggie, sorrindo.

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0em, parece !ue não h< nada !ue eu possa )azer para !ue voc& mudede idDia e não )i!ue a!ui comigo, não DM

ada, nada. Então venha sentar'se perto da lareira."aggie a seguiu atD a sala e acomodaram'se na cadeira predileta de *e)),

puxando'a mais para perto do )ogo. 2irou os sapatos e encolheu as pernas,

aninhando'se no assento.$os olhos de Carla, parecia uma leoa > espreita da presa. ?uero avisar desde @< !ue esta não vai ser uma visita muito agrad<vel.

Est< vendo a!uiloM $pontou um pratinho com torradas secas. /assei amanhã toda tentando, sem conseguir, comer isso.

"as ser< !ue D normalM perguntou "aggie, preocupada. - mDdico diz !ue sim, e !ue pode durar a gravidez inteira, embora isso

não se@a comum. Biz ele !ue tive sorte em não começar a sentir en@Jo antes. $inda bem !ue voc& procurou um mDdico.;ouve uma pausa na conversa, durante a !ual "aggie )oi atD a cozinha,

de onde voltou, algum tempo depois, com uma x3cara de ch<. #itou Carla nosolhos e começou a )alar sobre o assunto !ue a )izera visit<'la.

$lguma coisa me diz !ue Ric1 não sabe do seu estado. /or !ue acha issoM"aggie recostou'se na cadeira e suspirou. /reste atenção, Carla. (ei !ue voc& não !ueria !ue eu viesse a!ui e

)icasse. . . Pnterrompeu'se, vendo !ue ela ia protestar. Est< em... Bigamos!ue não est< gostando !ue eu me intrometa e !ueira descobrir o !ueaconteceu entre voc& e Ric1. CertoM

Carla concordou com um aceno de cabeça. "as o caso D !ue estou a!ui e não vou embora mesmo. /or isso, vamos

deixar de subter)%gios e usar de )ran!ueza. $inda não estou pronta para isso, "aggie disse ela, com o olharperdido nas chamas da lareira.

*< )az !uase duas semanas !ue Ric1 )oi embora. Voc& não vai melhorarmuito mais do !ue isso.

ma onda de raiva tomou conta de Carla. E se eu disser !ue nada disso D da sua contaM$ amiga não se deixou intimidar. Carla, isso @< )oi discutido. I ponto passivo. BrogaN unca encontrei alguDm tão teimosoN (e D !uestão de teimosia, eu posso citar duas pessoas !ue me batem e

longeNBesta vez, Carla teve !ue sorrir. Est< bem, est< bemN *< !ue voc& não vai embora mesmo, vamos acabar

logo com esse assunto. $h, assim D melhorN Vamos voltar então > minha primeira pergunta.

Ric1 não sabe !ue voc& est< gr<vida, acerteiMEla con)irmou com a cabeça. E por !ue não lhe contouM /or!ue se ele soubesse teria )icado. #rancamente, minha !uerida, eu não entendo. ão era isso o !ue voc&

!ueriaM Era, sim, mas não por causa da gravidez. ?ual!uer razão !ue eu usasse

para segur<'lo a!ui acabaria por destru3'lo.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Ric1 @amais se deixaria destruir por uma criança, ainda mais se tratandode um )ilho. Eu o observei muitas vezes, brincando com garotos. Ele os adora.#oi por isso !ue *e)) e eu não hesitamos em pedir a voc&s !ue levassem (iralahad a (eattle. Ele D tão amorosoN

Carla empalideceu. Besviou o rosto para o )ogo, tentando esconder asl<grimas !ue lhe enchiam os olhos.

$dmirada com a!uela reação a palavras de aspecto tão inocente, "aggieinclinou'se em direção a ela e perguntou baixinho: - !ue aconteceu em (eattle, CarlaMEla esperou atD !ue o n6 !ue se )ormara na garganta se des)izesse.

(uspirou, antes de responder: ão aconteceu nada e ao mesmo tempo tudo. #oi < gota no copo

dF<gua. m incidente pe!ueno !ue desencadeou o resto."eio distra3da, puxou uma mecha de cabelo !ue ca3a no rosto e o prendeu

atr<s da orelha. $inda olhando para as chamas, continuou: enhum de n6s dois previu o !ue poderia acontecer l<. 2alvez Ric1

soubesse da possibilidade, mas não mencionou nada. Be !ual!uer )orma,dever3amos saber !ue as crianças )icariam curiosas a respeito dele eperguntariam por !ue ele havia deixado de correr. $lDm do mais, o diretor oapresentou como se )ossem velhos amigos e citou sua carreira de piloto logono in3cio. Bepois disso, (ir alahad passou para segundo plano.

"as !ue penaN lamentou "aggie. *e)) e eu @amais poder3amosimaginar !ue uma coisa dessas )osse acontecer.

(e não tivesse sido na!uele dia, teria sido noutro mais tarde disseCarla, pesarosa. Era s6 !uestão de tempo acrescentou, apanhando umatorrada. - pior )oi !uando ouvimos um menino dizer !ue o pai achava !ueRic1 não corria mais por!ue era medroso.

"aggie não podia acreditar no !ue ouvia, mas Carla continuou: Como disse tudo isso )oi < gota dF<gua no copo !ue passou o verão seenchendo e por )im transbordou. Entende agoraM

Entendo por !ue Ric1 se )oi, mas não por !ue voc& não o acompanhou con)essou "aggie com sinceridade.

(6 para estar presente !uando ele se matarM I isso o !ue eu deveria ter)eitoM Correr não D uma atividade !ue acontece uma ou duas vezes por ano.Voc& teria !ue passar semana ap6s semana rezando pela vida de *e)) en!uantoele treinaria, atD o dia propriamente dito do evento. Voc& @< viu um carro decorridas so)rer um acidenteM perguntou sem olhar para a amiga nem esperarpela resposta. (ão pedaços da lataria e de peças voando em todas as

direçKes, chegando, algumas vezes, a atingir espectadores.Carla agora )alava como se estivesse em transe e não pudesse parar. Como voc& se sentiria, "aggie, se visse o tan!ue de gasolina explodir

numa bola de )ogo pavorosa, sabendo !ue o amor de sua vida estaria no meioda!uele in)ernoM Voc& veria a bandeirinha amarela e o )arol de advert&nciacomeçar a piscar. -uviria a sirene dos bombeiros !ue se aproximavam. Veriaos outros pilotos diminu3rem a velocidade, mas continuarem a corrida."entalmente imploraria !ue eles parassem e a@udassem tambDm. Bepois seriaa vez das nuvens de p6 branco aba)ando as labaredas, atD !ue a e!uipe desalvamento pudesse chegar perto e tirar do meio da )erragem retorcida a)igura de um homem. - mDdico )aria um exame r<pido e se encontrasse algumsinal de vida o levaria de ambulncia, ao posto mDdico do aut6dromo para osprimeiros socorros. (e continuasse resistindo seria então transportado a umhospital de maiores recursos. $ntes !ue voc& tivesse tempo de se levantar

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para acompanh<'lo, a e!uipe de limpeza @< teria entrado na pista e tirado todoe !ual!uer vest3gio do acidente. - carro acidentado e o piloto seriamcompletamente es!uecidos. $ voz cansada e sem entonação prosseguiu: o hospital, todos seriam atenciosos com voc&, dizendo'lhe as coisas maisabsurdas e sem sentido: Aão )oi culpa de ninguDm... #oi uma tremenda )altade sorte... ão se preocupe, o seguro cobre tudo... "eu pai, ou meu irmão, ou

meu primo, so)reu um acidente igual e sobreviveuA. Voc& )icaria desesperadaouvindo tudo isso !uando dese@aria, apenas, !ue o mDdico lhe a)irmasse !ueseu marido escaparia com vida e não estaria condenado a um estadovegetativo e dependente de tubos e aparelhos.

Levantou o olhar e notou !ue "aggie chorava. "as continuou: /ense s6 se alguDm lhe desse uma revista com um artigo sobre o

acidente. Voc& veria uma )oto !ue mostraria o capacete voando pelo ar. ?uasepoderiam ver, atravDs das chamas, as mãos levantadas como !ue pedindosocorro. E depois de ler o artigo voc& se sentiria como )ator preponderante doacidente, pelo simples )ato de não ter dito: Aão corraA. Voc& se lembrariaentão de todas as vezes !ue havia tomado parte nas celebraçKes de vit6rias,aplaudindo e estimulando sem pensar no !ue estava )azendo.

Carla atirou longe o resto da torrada !ue estivera comendo e saiucorrendo para o banheiro. "al teve tempo de chegar l<. ?uando a crise passou,acariciou a barriga murmurando:

/e!uenininho, não acho !ue desta vez a responsabilidade se@a sua. $culpa )oi minha.

Voltou para a sala depois de escovar os dentes e lavar o rosto. (entou'seno so)< e se desculpou com "aggie.

(into muito ter desaba)ado desse @eito. 0obagem, os amigos são para isso. "as diga'me uma coisa. Voc&

alguma vez contou a Ric1 como se senteM *<, porDm ele não entendeu. 2ambDm não consigo compreender acompulsão !ue o )orçou a voltar >s pistas. Ele precisa de alguDm como "ar4Bavies, !ue, desde criança, convive com o automobilismo a)irmou, sentindouma grande m<goa.

Essa "ar4 Bavies D alguDm !ue Ric1 conheceM Ele a namorou por uns tempos, en!uanto est<vamos separados. "ar4

tem tudo o !ue eu não tenho e de !ue Ric1 precisa numa esposa. "as pelo @eito ele não a ama, senão teria )icado com ela, não achaM /ara grande tristeza nossa, tivemos !ue reconhecer !ue escolhemos a

pessoa errada para amar.

Eu tinha tanta certeza de !ue poderia a@ud<'laN Estou me sentindo umaidiota con)essou "aggie com tristeza.

(abeY eu não !ueria me abrir com voc&, mas me sinto bem melhordepois !ue )iz isso. Voc& D uma amiga e tantoN

Com uma coisa voc& pode contar. *e)) e eu )icaremos content3ssimosem sermos padrinhos ou simplesmente tios do beb&. - !ue voc& !uiser, D s6pedir.

Bisso não tenho d%vidas. Voc&s serão os padrinhos.#icaram em sil&ncio por algum tempo. Bepois "aggie disse: Voc& sabe !ue mais cedo ou mais tarde vai ter !ue contar a Ric1 !ue

est< gr<vida, não sabeM (ei, sim, mas não precisa ser logo. 2enho tempo para decidir a melhor

maneira de contar.

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Ele gostaria de saber. . . Est< bem, mordo a l3ngua. /arece !ue nãoaprendi direito a lição desta noite. Besculpe. Vou tomar mais cuidado da!ui pordiante.

o )im da semana, como s6 sentisse en@Jo de manhã, Carla voltou atrabalhar > tarde. $inda eram )re!Oentes as crises de depressão e @< se haviaacostumado a passar grande parte do tempo com os olhos mare@ados de

l<grimas./ouco a pouco os moradores da ilha )icaram sabendo da separação docasal. (empre !ue encontrava alguDm !ue lhe expressava os sentimentos pelasituação, ela chorava e a pessoa imediatamente mudava de assunto./ercebendo como os conhecidos se sentia constrangidos com as l<grimas,Carla passou a us<'las em de)esa pr6pria. $ssim, logo, logo se tornou muitoraro alguDm tocar no assunto na sua presença.

Começaram a chegar convites para )estas de anivers<rios, de casamentosou simplesmente @antares sociais. $lgumas dessas comemoraçKes estavam unstr&s meses atrasadas, mas as pessoas esperavam essa Dpoca mais calma parao)erec&'las. Carla, porDm, não ia a nenhuma.

Bois dias antes de )echar a galeria para o inverno, "aggie apareceu einsistiu em !ue )ossem almoçar @untas, en!uanto *e)) tomava conta da lo@a.

Vou conseguir !ue voc& saia novamente, nem !ue se@a a %ltima coisa!ue )aça na vida. (6 sossego !uando puder v&'la relaxada na presença depessoas !ue )alem sobre Ric1. ?uero tambDm ver um pouco de cor nesserosto.

Est< bem disse Carla, resignada. $onde vamosM Voc& pode comer ovosM ão, não respondeu depressa. 2enho a impressão de !ue voc& pode, mas não tem coragem de

en)rentar Baniel -lsenM CertoMCarla assentiu com a cabeça. ão adiantava mentir, a amiga era muitoperspicaz.

"as não estava pronta ainda para en)rentar as perguntas de Baniel. 2emiatambDm !ue ele estivesse em contato com Ric1, en!uanto ela, não.

AComo as coisas mudaramA, pensou. $gora era ela !ue sentia ci%me deBaniel, ci%me da amizade !ue ele tinha por Ric1.

Est< bem, nada de ovos ho@e. ?ue tal um hamb%rguerM perguntou"aggie. "as, ao ver a expressão de seu rosto, emendou: Besculpe. ão vousugerir mais nada. Voc& escolhe o lugar.

#inalmente )oram a um pe!ueno restaurante e comeram )rango. ?uando

voltaram, o estado de esp3rito de Carla estava bem melhor. $tD @< conseguia rirdas novas aventuras de (ir alahad em suas excursKes pelo continente.

Encontraram *e)) alegre, (acudindo uma nota de cem d6lares. En!uanto estavam )ora, consegui vender a!uele peso de papel

horroroso. Voc& est< brincandoN exclamaram as duas @untas. ão, D verdade. ;ouve duas grandes vendas a!ui em "artenFs Cove

nesta estação: o peso de papel e o restaurante 0aleeiro. 2emos boas razKespara comemorar.

ão )i!uei sabendo !ue o restaurante )oi vendido comentou Carla,espantada. ?uem o comprouM

inguDm sabe ainda. Eu sei por !ue o novo propriet<rio pagou aescultura da baleia e, desta vez, o che!ue tinha )undos. $li<s, o dono não D ums6, mas uma sociedade anJnima.

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"as !ue penaN (e as sociedades anJnimas começarem a tomar contado comDrcio da!ui, vão estragar tudo. *< imaginaram !ue tipo de #esta dos(aldos eles vão prepararM perguntou, lembrando'se, com tristeza, da %ltima)esta.

/elo amor de Beus, CarlaN exclamou "aggie, ignorando o motivo realdo desapontamento dela. I s6 um restaurante e uma sociedade. /are de

)icar procurando razKes para se sentir deprimida. E sabe o !ue maisM Voc& medeve um ch< no Empress. $cho !ue o dia do meu anivers<rio, na pr6ximasemana, D uma 6tima data acrescentou como !uem não aceitava sercontrariada.

Carla percebeu !ue estava sendo tapeada com muita esperteza. Em vezde responder, perguntou a *e)).

?uem comprou o peso de papelMEle )ez uma descrição detalhada de um homem de meia'idade, cu@a

esposa colecionava a!ueles ob@etos. $chara'o muito di)erente de todos os !ueela tinha, e !ue, por sinal, era barato.

Carla não conseguiu se controlar e começou a rir. /odia imaginar a reaçãoda tal senhora, !ue devia ser uma conhecedora do assunto, recebendo depresente a!uela coisa horr3vel. 2inha certeza de !ue tudo não passava de umagrande invencionice de *e)), mas não se importava.

a sa3da, "aggie avisou: Vamos passar a noite em Victoria, por isso leve uma maleta com coisas

de !ue vai precisar. Espere um pouco. Psso não )az parte do trato. Eu sei, mas acho !ue voc& pode aproveitar a ida para comprar roupas

de gestante. $s !ue voc& est< usando @< não lhe servem mais disse bemdepressa, e saiu sem dar tempo a Carla de responder.

En!uanto os amigos se a)astavam, )icou pensando em como resolvera!uela situação./odia devolver os cem d6lares a *e)) ou então, melhor ainda, convenc&'lo

a dar um peso de papel a "aggie, como presente de anivers<rio. $ssim,pagaria a amiga na mesma moeda, pelas malandragens !ue andava lhe)azendo. o dia seguinte, sem )alta, conversaria com *e)) a esse respeito.

?uando chegou o dia do anivers<rio da amiga, Carla percebeu meioamedrontada, !ue estava ansiosa pelo passeio. (em o trabalho da lo@a para seocupar, cada vez )icava mais di)3cil se distrair. ;avia tentado excursKes pelailha, mas todo lugar lhe )alava de Ric1 e das lembranças dos tempos !ue elepassara ali.

Embora negasse, ela vasculhava a seção de esportes do @ornal > procurade not3cias dele. o )inal de um artigo sobre sua volta >s pistas de corridas,descobriu !ue ele se classi)icara para o rande /r&mio de Las Vegas. Pa ocuparo lugar de segundo piloto da e!uipe. ;avia se negado terminantemente aocupar o primeiro, pois não achava @usto desbancar o colega !ue ocupara essaposição na sua aus&ncia.

(6 então, Carla percebeu !ue Ric1 devia ter passado horas a )io aotele)one, tentando convencer as pessoas de !ue não correria mais. ão deviater sido )<cil. -s patrocinadores, provavelmente, ameaçaram retirar o apoio)inanceiro !ue davam > e!uipe, !uando ele abandonou as pistas. Com certezaRic1 conseguira mant&'los > testa da e!uipe, senão ela teria )racassado.

AComo )ui ing&nuaA, pensou com um aperto no coração.Como não havia percebido a extensão dos sacri)3cios )eitos por Ric1

!uando desistiu por amor a ela, de ser pilotoM (e ao menos ele tivesse )icado

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mais uns tempos, talvez o des)echo )osse di)erente. (e. . . 2alvez. . . /recisavatirar essas palavras da cabeça, senão acabaria enlou!uecendo.

- dia estava lind3ssimo. $ tempestade da vDspera lavara a vegetação, !ueagora brilhava ao sol.

Carla encontrou'se com os amigos na entrada da balsa. Ela e "aggie sesentaram no salão, embora o tra@eto atD (idne4 )osse curto, e *e)) )oi buscar

uma bebida !uente. - !ue voc&s )izeram com (ir alahadM $h, ele )icou com a (ra. /ahlberg respondeu "aggie, maliciosa. CoitadoN Como D !ue voc& teve coragemM /ois )i!ue sabendo !ue eles se tornaram os maiores amigos do mundo.

Estão se dando muito bem. I verdade a)irmou *e)), entregando uma caneca de chocolate !uente

para Carla. ChocolateMN ela perguntou, )ranzindo a testa. 0eba, leite )az bem. $ não ser !ue voc& ache !ue vai [email protected] provou meio duvidosa, mas não achou ruim. Estava tambDm

preocupada com o peso e com a cintura !ue estava desaparecendo. "as unscent3metros a mais ou a menos não iam )azer di)erença. Com mais coragem,bebeu tudo.

CAPÍTULO XIV

- prDdio do Empress ;otel, com sua )achada de ti@olinhos meio coberta dehera, destacava'se na paisagem da cidade. Era a primeira coisa !ue osvisitantes podiam vislumbrar de longe, !uando chegavam por mar.

 *e)), "aggie e Carla atravessaram de carro a cidade de Victoria, depois decruzar por balsa atD (idne4. - prDdio da $ssemblDia Legislativa )icava >es!uerda do hotel, e tambDm podia ser visto de longe. W sua )rente, umcoberto de plantas chegava atD o mar. esse paredão havia um canteiro ondea palavra AVictoriaA estava escrita com )lores. Era de muito bom gosto, comotudo mais na!uela cidade, !ue guardava o charme de uma antiga vila inglesa,embora )osse in)initamente maior. #icava no Canad<, bem perto da )ronteiracom os Estados nidos, e era um dos lugares )avoritos de Carla.

"as agora, apesar dos cestos de )lores pendendo das @anelas, a cidade lheparecia menos )ascinante do !ue nas vezes anteriores em !ue l< estivera. 2alvez por!ue a maioria dos turistas @< tivesse ido embora.

Carla gostaria muito de ter trazido Ric1 para conhecer Victoria. *< havialhe )alado in%meras vezes sobre a beleza do lugar, de suas ruas e seus prDdios,dos en)eites !ue colocavam no atal. "as nunca achara tempo para lev<'lo atDali, e isso deixava seu coração pesado na!uele dia.

Como ainda era cedo, resolveram olhar vitrines, antes de tomar ch<. -saguão do hotel tinha uma porção de lo@as re!uintadas, cu@as vitrinesdecoradas em grande estilo eles percorreram, admirados. /araram primeiro

numa !ue expunha peles e @6ias, tudo a preços car3ssimos, mesmo com asvantagens do cmbio. Bepois eles )oram < outra, onde se viam obras de artede artistas canadenses. ma pe!uena escultura despertou a curiosidade de

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Carla. Em vez dos temas caracter3sticos baleias, )ocas e outros animaismarinhos a!uela mostravam apenas um homem, de pD sobre uma pedra,olhando para o mar. ?uanto mais olhava para ela, mais se lembrava de Ric1. $mesma expressão de solidão e abandono existia no rosto de ambos.

Carla chamou a atenção de "aggie para a escultura de mar)im. Ela nãoachou nada de extraordin<rio.

I um tema meio sentimental6ide, não achaM - artista tem coisasmelhores do !ue essa "aggie respondeu, desinteressada."as Carla não ligou para ela. (em saber direito por !ue, sentiu !ue

precisava )icar com a!uela escultura. Entrou na lo@a e comprou'a, parasurpresa de "aggie.

$cho melhor irmos agora sugeriu *e)), passando as mãos pela cinturadas duas. Estou ansioso para tomar esse ch<.

?uando entraram no hall principal, *e)) tirou a mão da cintura de Carla ecomentou baixinho:

Voc& engordou uns !uilinhos ou D impressão minhaM -ra ve@a s6 se isso D coisa !ue se diga a alguDm !ue )oi convidado para

um lauto ch<N exclamou ela, rindo. ConvidadaM ?uem disse !ue voc& D convidadaM /elo !ue sei voc& D

!uem vai pagar retrucou *e)). Psso D verdade. /or uma incr3vel coincid&ncia, tenho a!ui no bolso uma

nota novinha de cem d6lares. ão D curiosoM $h, *e)), tinha mais uma coisapara lhe dizer. $!uele seu amigo deve ser uma pessoa meio estranha.Bevolveu o peso de papel, sem pedir o dinheiro de volta. E, alDm de devolver,escondeu'o atr<s da minha mesa. ão D es!uisitoM

-h, *e)), voc& não podia ter achado um lugar melhorM interrompeu"aggie, desmascarando o marido.

(ua )aladeiraN /recisava contar tudo de caraM Ele riu, )ingindocontrariedade.Entraram no saguão e se dirigiram para a mesa, !ue )ora reservada com

anteced&ncia, e )icava perto de uma das enormes lareiras !ue havia na parededo )undo.

(entados > sua )rente, em outra mesa, estavam um casal e duas )ilhasg&meas, !ue não deviam ter mais de tr&s anos. $s meninas eram lindas eusavam vestidos id&nticos de renda branca, roupa !ue Carla detestara nain)ncia, mas !ue agora achava uma belezinha.

W sua volta, uma porção de outras mesas estava ocupada por casais,evidentemente recDm'casada. Era doloroso observar os apaixonados. $inda

mais sabendo, como Carla sabia !ue @amais )aria parte desse grupo depessoas. Besviou o olhar para outro lado. #oi então !ue percebeu uma mulher,sozinha !ue ocupava uma das mesas. #ixou nela sua atenção. $ mulher estavas6, mas parecia con)ormada. 2alvez atD )eliz. ?uem sabe Carla um dia tambDmestivesse assim. . . m dia.

$ garçonete, vestida de preto e com um avental branco impecavelmenteengomado, aproximou'se deles trazendo uma bande@a de prata comsalgadinhos. Carla sorriu ao ver as menininhas da outra mesa experimentando,<vidas e descon)iadas, os !uitutes !ue, obviamente, eram uma novidade paraelas. $ primeira comeu e pareceu gostar. "as a segunda )ez uma careta ecolocou o bolinho dis)arçadamente no prato do pai.

Carla, eu !uero )alar com voc& sobre Ric1 disse *e)), num tom sDrio!ue lhe era pouco habitual.

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Carla olhou )ixamente para ele e para "aggie. $mbos estavam igualmentesDrios.

Então ela percebeu !ue a!uele passeio parecia ter sido cuidadosamenteplane@ado.

Contrariada, sentiu !ue o sangue lhe subia >s )aces. ?uer dizer !ue me trouxeram atD a!ui para )alar desse assuntoM #oi

issoM /ensaram !ue, em lugar p%blico, eu )icaria menos histDrica !uando setocasse no tema. . . /or )avor, Carla, não )i!ue brava com "aggie. $ idDia )oi minha *e))

tentou acalm<'la. #oi sua, mas ela podia ter impedido Carla retrucou em voz baixa,

mas muito irritada. /uxa, "aggie, voc&, mais do !ue ninguDm, sabe o!uanto D in%til )icar remexendo no passadoN

Eu sei. . . 2entei dizer isso a *e)), mas ele não me ouviu.Carla olhou novamente para *e)) e disse secamente: "uito bem. Então diga o !ue tem a dizer, mas, depois disso, se !uiser

continuar meu amigo, nunca mais me )ale de Ric1. Carla começou *e)) com doçura , eu não !uero magoar voc&, mas

apenas a@ud<'la a entender uma coisa importante. Certa vez voc& disse !ueachava !ue, se Ric1 realmente a amasse, teria parado de correr depois damorte de seu irmão. Pmagino !ue ainda pense assim, especialmente depois do!ue aconteceu.

Carla )icou em sil&ncio. 2emia !ue sua voz )alhasse ou !ue a resposta)osse interrompida pelo choro.

Eu acho !ue o )ato de Ric1 continuar competindo não tem nada !ue vercom o amor dele por voc& continuou *e)), seguro. (ão duas coisasseparadas. I como se eu tentasse comparar o !ue sinto por "aggie com o

amor !ue tenho pelo meu trabalho. (e um dia, por !ual!uer motivo, ela mepedisse para desistir da minha arte caso eu não !uisesse )icar com ela, @uro!ue a decisão seria di)ic3lima. /reciso ser sincero com voc&, Carla. 2alvez atDeu conseguisse abandonar meu trabalho. (entiria uma enorme )alta dele, masconseguiria sobreviver, pelo menos D o !ue penso.

Carla continuou muda. "ordeu o l<bio in)erior, procurando controlar asl<grimas, e sentiu !ue o )eria com os dentes. *e)) pigarreou e logo prosseguiunum tom )irme:

(6 !ue h< uma particularidade. Eu sou bem di)erente de Ric1 numacoisa: @amais )ui o melhor no meu campo de atividade como D o caso dele. ãosei !uantos pilotos existem atualmente no mundo, mas imagino !ue devem ser

dezenas de milhares. Psto sem contar os !ue estão de )ora, implorando poruma oportunidade. /ois bem, Carla, entre todos eles, Ric1 Dincontestavelmente o melhor. - melhor !ue @< houve em todos os tempos,entendeuM Ele tem um dom, um talento ou chame como !uiser, !ue Dtotalmente )ora do comum.

-s olhos de Carla agora estavam embaçados pelas l<grimas, mas elacontinuava ouvindo com atenção. E *e)) ainda tinha muito a dizer, comevidente sinceridade e altru3smo.

/ara )alar a verdade, não posso imaginar como se sentem pessoascomo /icasso, Einstein. . . -u como Ric1 #leming. (ão poucos os !ue recebemessa espDcie de dom divino. "as lembre'se de !ue, en!uanto isso lhe )oiposs3vel, Ric1 se propJs a desistir de tudo por sua causa. $gora ele est<seguindo em )rente sozinho, por!ue voc& não lhe deu alternativa. "as eu sei!ue ele est< morrendo aos poucos, cada dia !ue )ica longe de voc&. unca

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imaginei !ue existisse um amor tão intenso como esse !ue ele sente Carla.(er< !ue voc& consegue avaliar o !uanto ele so)reu neste %ltimo verãoM

Vendo !ue Carla estava descontrolada, *e)) segurou'lhe a mão e procurouacalm<'la.

Bepois !ue a notou mais tran!Oila, continuou )alando em voz pausada ecordial.

*< pensou o !ue teria acontecido se (antos Bumont tivesse uma esposa!ue lhe pedisse para não voar maisM -u se a mulher de /asteur não gostassede laborat6riosM caçoou, procurando descontrair o ambiente. /or )avor,acredite em mim, Carla. Eu não disse nada disto com a intenção de )eri'la oude sugerir !ue os problemas pelos !uais voc& passou tenham poucaimportncia. (6 tentei a@ud<'la a compreender por !ue Ric1 )oi embora, mesmogostando de voc&.

Pncapaz de dizer !ual!uer coisa, Carla apenas esboçou um sorriso para!ue *e)) percebesse !ue ela não estava mais brava.

- sil&ncio dominou a mesa durante o resto da re)eição. ?uando chegou <hora de pagar, Carla @< estava recomposta, e disse a *e)) !ue ia devolver'lhe odinheiro do peso de papel, desde !ue ele pagasse a conta. *e)) sorriu e aceitou.

Voc& nem imagina a vingança !ue eu lhe havia preparado por mecolocar nesta armadilha Carla comentou com "aggie. ?ual!uer dia eu lheconto, mas s6 !uando voc& estiver de muito bom humor.

-s tr&s sa3ram do hotel, bem mais aliviados. "aggie e Carla prepararam'se para )azer algumas compras, e *e)), !ue estava ansioso por visitar umaexposição no museu, combinou encontrar'se com elas >s cinco horas, dianteda entrada do /ar!ue Cr4stal.

En!uanto percorriam as lo@as, > procura de algumas roupas, Carla sentiu!ue estava com a cabeça con)usa demais para dar muita atenção > escolha.

/or isso acabou deixando !ue "aggie decidisse o !ue lhe )icava melhor e o !uedeveria ou não comprar. /ouco depois, alegando cansaço, sugeriu !uevoltassem para o hotel. Então avisou !ue havia mudado de idDia e !uepretendia regressar > ilha, em vez de passar a noite em Victoria.

/reciso pensar muito e pre)iro )az&'lo em casa. . . (ozinha explicou a"aggie.

Como !uiser Carla. "as, pelo menos, espere por *e)). $ssim ele lhe d<uma carona atD (idne4.

ão D preciso. Vou de Jnibus mesmo. $li<s, acho muito divertido andarnesse Jnibus de dois andares !ue h< a!ui. Carla abraçou a amigacalorosamente, en!uanto dizia: 2rans)ira esse abraço para *e)) e diga a ele

!ue es!ueça as bobagens !ue eu lhe disse, est< bemM 2udo bem. Claro !ue ele vai es!uecer. . . disse "aggie, comovida,

tentando conter as l<grimas !ue, de !ual!uer maneira, brotaram em seusolhos.

ão se atreva a começar a chorarN ordenou Carla. (e h< uma coisa!ue detesto são mulheres !ue )azem cena em p%blico, entendeuM Psso d< aosmachKes um bom argumento para nos ridicularizar. /are @< com isso.

$s duas se abraçaram novamente rindo e, desta vez, chorando entre asgargalhadas.

(er< !ue ter olhos vermelhos e inchados algum dia vai ser modaM caçoou Carla, en!uanto procurava na bolsa um lenço de papel. *< perdi aconta de !uanto tempo )az !ue meu rimei não )ica intacto durante um diainteiro.

/ara mim disseram !ue chorar > toa D sinal de gravidez.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

#ormid<vel gemeu Carla. (6 agora voc& me conta issoMCarla conseguiu chegar a tempo de pegar a %ltima balsa, !ue, durante o

inverno, circulava bem mais cedo !ue o habitual. Bepois de passar pelo crivode perguntas dos )uncion<rios da al)ndega e do departamento de imigração,subiu a bordo. - ar estava bastante )rio, mas, mesmo assim, ela pre)eriu )icarde pD na parte descoberta do barco !uando sa3ram de (idne4. /recisava de

solidão e via@ar ali era a maneira mais segura de !ue ninguDm iria perturb<'la.- sol se punha no horizonte, tingindo o cDu de tons rosados, e dandobeleza ainda maior > paisagem. $pesar de todos os turistas !ue anualmentevinham para a!uela região, ainda havia grandes <reas pouco habitadas, onde anatureza permanecia praticamente intocada. "uitas das ilhas pelas !uaispassavam para chegar atD a ilha de ?uiller ainda eram desertas.

Carla olhou para o rastro de espuma !ue a embarcação ia deixando nasuper)3cie da <gua, !ue re)letia os %ltimos raios do sol. /ensou na criança !uelevava dentro de si e na descrição !ue Ric1 )izera do garoto de cabelosdourados dos seus sonhos. (entiu um calor na palma da mão e imaginou comoseria estar segurando a mãozinha de um menino loiro.

(orriu, lembrando'se das pe!ueninas g&meas !ue vira na!uela tarde, e dapaci&ncia e atenção !ue o pai lhes dedicara. $ tristeza tomou conta de Carla aopensar !ue Ric1 teria poucas oportunidades de viver momentos assim com seupr6prio )ilho.

$s visitas espor<dicas, !ue ocorrem nesses casos, di)icilmente permitiriam!ue ele tivesse com o )ilho um relacionamento igual ao da!uele pai com suasduas meninas. Carla segurou com mais )orça a grade de )erro da balsa. (er<!ue a criança acabaria se tornando um tormento para Ric1, em vez de umprazerM

- cDu agora estava azulado. $o longe se via a ilha de 0radle4. (e ela

andasse um pouco mais para a proa seria poss3vel vislumbrar o monte Rainier,nesta Dpoca do ano ornado por uma nova camada de neve sobre suas geleiraspermanentes. Carla @< ia dar o primeiro passo !uando ouviu o som de uma)lauta. Então pre)eriu )icar ali mesmo, admirando a paisagem e ouvindo amelodia da!uele m%sico desconhecido !ue via@ava na balsa. Ele tocava muitobem e suas m%sicas eram comoventes. ?uem seria o melhor )lautista domundoM (er< !ue alguDm carregava esse t3tuloM E essa pessoa viveria divididaentre sua arte e sua vida domDstica e )amiliarM

Carla sentia !ue estava começando a compreender a situação de Ric1, eisso a apavorava. (eu coração )icou apertado e a respiração o)egante. $ agoniapela !ual havia passado voltava a )azer'se presente. Era algo real e palp<vel.

/e!uenas luzes começaram a se acender nas casas > beira'mar. Eramcomo pe!uenas contas brilhando na escuridão !ue agora cobria o cDu. /or )imchegaram > ilha de ?uiller, e Carla acompanhou aliviada a operação paraatracar a balsa.

"artenFs Cove era uma cidade morta no inverno. $penas algumas luzesiluminavam os locais principais. $li a energia elDtrica era cara, e como nãohavia ladrKes os moradores achavam desnecess<rio manter muita iluminação.

Carla )oi < %nica pessoa !ue desembarcou. ?uando chegou ao topo domorro, onde )icava a galeria, a balsa @< ia longe, na direção de $nacortes./egou o carro e )oi para casa, dirigindo devagar, perdida em divagaçKes.En!uanto des)azia a pe!uena mala !ue levara, pensando em passar a noite)ora, as palavras de *e)) lhe vinham > mente. *amais havia pensado em Ric1sob a!uele prisma. ?ue ele )osse Ao melhorA, em competição de autom6vel,era algo cu@a importncia talvez ela nunca tivesse avaliado devidamente. E,

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!ue ele era o melhor, não havia a menor sombra de d%vida. (e tivesse se dadoao trabalho de colecion<'los, Ric1 poderia ter um imenso ar!uivo de artigos ereportagens sobre a sua pessoa. Em todos, era apontados como o melhorcorredor do mundo, opinião sempre @usti)icada com dados, )atos e estat3sticas."as ele não ligava a m3nima para o desta!ue !ue lhe dava na imprensa e, como tempo, Carla havia aprendido a tambDm reagir assim.

Birigiu'se > cozinha e preparou uma x3cara de ch<. En!uanto deixava ol3!uido es)riar um pouco, )icou andando de um lado para outro da casa. #oientão !ue parou no dormit6rio, diante do arm<rio )echado. Era a primeira vez,em muito tempo, !ue pensava nas tr<gicas lembranças guardadas ali, na!uelearm<rio, dentro de uma caixa de papelão.

Ric1 @< dissera, com razão, !ue ela era covarde por optar em enterrar amem6ria de 0obb4, ao invDs de encar<'la de )rente. ?ue outra razão explicariao )ato de ela ter escondido, num canto escuro, todos os ob@etos !ue haviampertencido a eleM

(em pensar em mais nada, Carla abriu o arm<rio e puxou para )ora acaixa de papelão, )echada com esparadrapo. (entou'se no chão e, com mãostr&mulas, começou a abri'la. Externamente parecia uma caixa comum, semnada !ue indicasse a enormidade de so)rimento !ue ela continha. $s abas seabriram e o primeiro ob@eto veio > luz: era uma malha azul, de gola alta. Carlaretirou'a e levantou'a contra a luz. Era como se estivesse vendo o irmão diantedela, sorridente, vestindo a!uela malha.

Lembrou'se da Dpoca em !ue eram crianças, !uando )icavam trocandocon)idencias, encarapitadas no galho mais alto da <rvore do @ardim. 0obb4sempre tinha sonhos mirabolantes, pretensiosos demais.

?uando eu crescer, eu !uero )azer de tudo, Carla ele lhe dizia. ?uero achar algum tesouro perdido nos mares do Caribe, !uero navegar

sozinho ao redor do mundo, !uero chegar atD "arte para ver se h< vida l< e,sobretudo, !uero ver se acho um @eito de evitar !ue tantas crianças morram de)ome a!ui na 2erra.

Carla ouvia atentamente s sempre compartilhava seus sonhos com ele. Wsvezes não compreendia bem os planos audaciosos do irmão, mas sempre osaceitava, assim como 0obb4 aceitava o impulso !ue ela demonstrava emromper com os r3gidos moldes de comportamento !ue os pais impunham aosdois.

Carla deixou a malha de lado, )oi atD a cozinha apanhar o ch< e voltoupara sentar'se novamente ao lado da caixa. Remexeu seu interior, atD acharuma )otogra)ia, !ue puxou cuidadosamente para )ora. - retrato mostrava

Carla, 0obb4 e Ric1 de pD, na )rente de um carro de corrida. Era o mesmo carro!ue, menos de seis meses depois de tirada a )oto, matara seu irmão. $ alegriaestava estampada no rosto dos tr&s.

ão havia como evitar !ue as l<grimas brotassem nos olhos de Carlana!uele momento, en!uanto observava a )otogra)ia. "as ela pre)eriu ignor<'las, apenas enxugando'as com a palma da mão !uando lhe interrompiam avisão. Comovida, estendeu o dedo e tocou o rosto de 0obb4.

Besculpe 0obb4, desculpe. . . disse baixinho.$!uelas palavras, !ue nunca tinham sido ditas antes, lhe deram um

surpreendente al3vio, como se um peso enorme lhe tivesse sido tirado de cima."as, a)inal, por !ue estava pedindo desculpasM (er< !ue. . . Be alguma )orma. .. Ela se sentia culpada pela morte do irmãoM $ idDia a deixou perplexa. *< haviatido di)iculdade su)iciente em aceitar !ue inconscientemente tivesse culpadoRic1 pela morte de 0obb4. "as @amais lhe ocorrera !ue seu estranho

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comportamento, depois de 0obb4 morrer, podia ter sido causado pelo )ato deela mesma se sentir respons<vel por tudo.

Carla olhou con)usa outra vez para o rosto sorridente do irmão no retrato. 0obb4 murmurou entre soluços. - !ue voc& teria )eito de sua vida

se eu @amais tivesse conhecido e me casado com Ric1M -nde estaria ho@e se eunão o tivesse levado para o mundo das corridas de carroM #oi tudo minha

culpa, não )oiM"al havia acabado de pronunciar essas palavras !uando percebeu !ueelas não diziam a verdade. ão podia considerar'se culpada pela morte doirmão, assim como não podia sentir'se respons<vel pela )elicidade !ue eledemonstrava na!uele retrato. Carla não havia pedido !ue ele se tornassepiloto. em mesmo incentivado a carreira !ue o irmão escolhera. $penas o)izera tomar contato com essa atividade !uando se casara com Ric1.

(6 isso. 2odas as outras decisKes tinham sido tomadas pelo pr6prio 0obb4,com sua caracter3stica persist&ncia. Carla não tinha !ual!uer mDrito nos &xitose nas vit6rias de 0obb4, assim como não podia assumir !ual!uerresponsabilidade pelo seu tr<gico )im.

;< !uanto tempo estaria castigando a si mesma pela morte de 0obb4M(er< !ue era por causa disso !ue havia decidido abandonar Ric1M ão seriatambDm por isso !ue se recusava a continuar com ele agoraM

Carla segurou a )otogra)ia de encontro ao peito e sorriu tristemente, entrel<grimas.

-h, 0obb4. . . (e voc& soubesse as bobagens !ue )iz. . . #icaria tãobravo comigo, meu irmão. . .

um gesto decidido, ela )icou de pD e )oi atD a cJmoda antiga !ue haviacomprado para Ric1. Cuidadosamente, abriu o suporte do porta'retratos ecolocou a )oto sobre o m6vel. Então deu um passo atr<s e a admirou

longamente. *amais deixarei de am<'lo ou de sentir a sua )alta, 0obb4. "as chegou <hora de me absolver por sua morte e de tocar minha vida adiante.

Levou o indicador atD os l<bios, bei@ou'o e depois o pousou sobre o rostode 0obb4, dizendo:

Bese@e'me boa sorte, irmãozinho !uerido.- dia seguinte amanheceu prometendo uma das enormes tempestades,

!ue eram caracter3sticas no estreito de *uan de #uca. - vento soprava )orte,açoitando as <rvores, arrancando suas )olhas e dobrando impiedosamente osgalhos mais )racos. - mar estava pontilhado de manchas de espuma branca.

Carla )icou por alguns instantes parados na @anela, observando as nuvens

escuras e a )%ria do temporal !ue se )ormava. Bepois )oi atD a sala de estar eligou a televisão. ;avia decidido !ue, por mais di)3cil !ue isso )osse, assistiria >transmissão do rande /r&mio de Las Vegas. - programa ainda não tinhacomeçado, mas os comentaristas @< )aziam sua prDvia. -s carros estavamsendo )ocalizados em seus m3nimos detalhes, e as imagens eraminterrompidas de !uando em vez por an%ncios de produtos ligados aoautomobilismo.

Carla passou a mão pela cintura, agora bem menos )ina do !ue antes, epelo ventre !ue se avolumava. $o contr<rio das outras manhãs,surpreendentemente não sentia nenhum en@Jo.

Be repente a imagem de Ric1 apareceu na tela, ocupando toda a suaextensão. - coração de Carla estremeceu e ela levou a mão > boca, paraaba)ar uma exclamação de espanto. (anto Beus, como sentia )alta deleN *<

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)azia tanto tempo !ue não o via mais assim, dentro do seu pr6prio ambiente. Eali ele parecia tão seguro, tão > vontade. . . 2ão )eliz. . .

- locutor anunciou !ue, na!uele instante, transmitiriam uma entrevista de!uinze minutos com o piloto Richard #leming, gravado durante a %ltimasemana de preparação para a corrida. ma in)inidade de lembranças da suavida em comum com Ric1 des)ilou no pensamento de Carla, en!uanto ela

acompanhava pelas cmeras a )ilmagem dos preparativos. $li, > sua )rente,estavam rostos conhecidos, dos !uais ela mal se lembrava depois de tr&s anosde a)astamento do ambiente automobil3stico. $pareciam na tela por algunsinstantes, acompanhando Ric1 ou dese@ando'lhe boa sorte. "esmo um )ilmecurto como a!uele, destinado apenas ao notici<rio, era su)iciente para mostrar!ue seu marido era um homem excepcional. -utros pilotos, seus concorrentes,!ue deveriam estar ressentidos com o desta!ue dado a Ric1 pela imprensa etemerosos por ele voltar < competir demonstravam ao contr<rio cordialidadetotal. Era evidente !ue estavam satis)eitos por t&'lo de volta e !ue ele tambDmestava contente por estar ali.

$ pen%ltima cena do )ilme, gravada na noite anterior, mostrava Ric1 nagaragem, )azendo as %ltimas veri)icaçKes no carro. (orridente, Carla percebeunum canto da tela a )igura grandalhona de (teve "cBonald dando acertos nomotor. Como sempre, (teve permanecera )iel ao amigo.

$o contr<rio de outros pilotos, !ue não gostam de mulheres por perto!uando estão prestes a correr, Richard #leming não se importa nem um pouco!ue elas participem disse o locutor, com voz pausada e grandilo!Oente. Em especial esta beldade, !ue tem sido uma companhia nas pistas, na o)icinae em toda parte concluiu, encerrando o )ilme.

- rosto sorridente de "ar4 Bavies estava ali na tela, ao lado de Ric1,olhando ternamente para ele.

a!uele instante, Carla sentiu !ue a tempestade !ue explodia l< )orainvadia tambDm seu coração. m )rio percorreu'lhe o corpo, )azendo'aestremecer. Com uma nitidez espantosa, conseguia lembrar'se da dor !ue viraestampada no rosto de "ar4 da %ltima vez !ue a encontrara. $gora essa dorhavia sumido e suas )eiçKes transmitiam total )elicidade.

$ cmera se a)astou um pouco, ampliando o !uadro de visão. #oi então!ue Carla percebeu !ue o olhar terno de "ar4 não era dirigido a Ric1, mas simao homem !ue estava < seu lado (teve "cBonald. ?ue maravilhaN Então(teve havia deixado de ser apenas o ombro amigo, no !ual "ar4 chorava suasm<goas, para tornar'se algo bem mais importante para elaN

/or )im a cmera )ocalizou em dose o per)il atraente de Ric1. Ele estava

sDrio, r3gido e s6, diante da pista de corrida !ue sumia de vista, no cen<rio ao)undo.

inguDm sabe o !ue estar< pensando Ric1 #leming neste momento,antes da grande corrida de Las Vegas continuou o locutor em tom solene. "as D bem poss3vel !ue, depois do tr<gico acidente !ue so)reu h< seis meses e!ue o a)astou temporariamente das pistas, este@a pensando na granderesponsabilidade !ue esta competição representa. 2er< !ue provar, diante deseus milhKes de )ãs, !ue não perdeu sua tDcnica com o a)astamento, !ue Dcapaz de continuar sendo o n%mero um, !ue ainda D o melhor piloto do mundo.Bese@amos boa sorte a Ric1 #leming, e !ue ele tenha )orças para en)rentartudo isso.

Pnstintivamente, Carla colocou a mão sobre a tela da televisão, aonde aimagem do rosto de Ric1 ia sumindo lentamente. $s palavras do narradorhaviam penetrado )undo.

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Estava decidida a )icar @unto de Ric1 na!uela oportunidade. Ele ia precisardela, depois da corrida, )osse !ual )osse o resultado. /or Beus, como podia tersido tão ego3staM

Como )ora capaz de s6 pensar em si mesma, sem ao menos perceber atensão !ue ele passaria diante da!uele retorno >s pistasM "esmo !ue nuncamais )osse a uma corrida, estava decidida !ue agora iria atD l<, )icar ao lado

dele.?uando ouviu o barulho dos motores es!uentando para a corrida, um mal'estar tomou conta dela. "as, mesmo assim, continuou )irme no seu prop6sitode assisti'la.

E )oi o !ue )ez, sentada ali, diante da tela, compenetrada. $lgum tempodepois, !uando a competição @< estava !uase no meio, Carla sorria. Ric1 nãohavia perdido em nada a sua classe. Estava dando provas de !ue suahabilidade era maior do !ue nunca, )azendo manobras )ant<sticas,ultrapassando outros carros com uma tDcnica !ue ela, pela primeira vez, sentiaverdadeiro prazer em assistir.

(e Ric1 morresse nesse circuito ou em !ual!uer outra pista, o )ato s6poderia ser atribu3do ao azar. - mesmo azar !ue poderia vitimar !ual!ueroutra pessoa na rua, voando de avião ou atD mesmo em casa. ada mais do!ue isso.

Carla pensou em todos os anos !ue ela havia desperdiçado, em todo otempo !ue passara longe de Ric1 sem necessidade. (e algo acontecesse a eleagora, não haveria como recuperar o tempo perdido. Com uma clarezacristalina, percebeu então !ue precisava )icar ao lado dele, nem !ue )osse s6atD a pr6xima corrida. Cada dia, cada hora, cada minuto !ue pudessem )icar @untos eram extremamente valiosos. ão podia mais perder tempo.

-lhou para o rel6gio. Bentro de algumas horas estaria indo ao encontro de

Ric1.Pmaginou como seria esse reencontro e um novo sorriso se )ormou emseus l<bios.

 2ele)onaria para ele assim !ue a corrida terminasse e avisaria !ue @<estava a caminho, para )icar < seu lado, para nunca mais partirN

CAPÍTULO XV

$ tempestade começou antes !ue Carla conseguisse )azer a ligaçãointerurbana.

 2anto o serviço tele)Jnico como o de eletricidade )oram interrompidos.$proveitando o resto de luz do dia, ela começou a arrumar uma mala com

as roupas novas. /ensava em como contar a Ric1 !ue estava gr<vida. Ele ia)icar muito bravo, atD )urioso, por ela não ter revelado o )ato antes de sesepararem. "as não tinha importncia, desde !ue )icassem @untos novamente.

 *< ia saindo de casa !uando se lembrou de "aggie e *e)). Eles )icariampreocupad3ssimos com a sua aus&ncia. Beixou a mala perto da porta e voltou >

cozinha, onde escreveu um bilhete, !ue prendeu com um 3mã na porta dageladeira. AVou procurar Ric1. ão se preocupem. m bei@o, CarlaA, dizia anota.

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$panhou a mala e correu em direção > caminhonete. $o abrir a porta dove3culo @< estava ensopada. um outro dia !ual!uer teria pensado duas vezesantes de se arriscar a en)rentar uma chuva da!uelas. "as a %nica coisa em!ue pensava agora era chegar a tempo de apanhar a %ltima balsa. /ediu aBeus para encontrar um tele)one )uncionando en!uanto Ric1 ainda estivesseno aut6dromo. $ssim poderia avis<'lo de !ue estava indo ao seu encontro.

Bepois de haver tomado a resolução de se @untar a ele, cada minuto deseparação parecia uma eternidade.Birigia com o m<ximo cuidado, tentando se lembrar da localização exata

dos buracos maiores, pois a estrada estava cheia de <gua e era di)3cil distingui'los. "as não conseguia avançar. ;avia gasto !uase !uinze minutos parapercorrer menos de um !uilJmetro. (e continuasse assim não ia apanhar abalsa. /isou no acelerador no momento em !ue en)rentava mais uma poça. (6!ue essa era bem mais )unda do !ue imaginava. Ela ouviu um estalo e derepente se viu rodeada pela <gua !ue entrara por baixo da porta. $caminhonete sacole@ou, e, com um trepidar, o motor morreu. Bepois de gastarum minuto tentando )az&'lo pegar novamente, compreendeu !ue era in%til.

Chorou desesperada, mas )ez um es)orço para pensar com ob@etividade.$valiou a situação e viu !ue seria humanamente imposs3vel )azer o tra@eto apD, mesmo !ue deixasse a mala no carro. #rustrada, deitou a cabeça nadireção, soluçando.

Como a caminhonete não tinha a!uecimento, sua calça de lã mais pareciagelo de tão molhada. - )rio intenso )orçou'a a tomar a resolução de voltar paracasa. 2alvez !uando chegasse l< o tele)one @< estivesse )uncionando, e elapoderia, então, ligar para Ric1. Pria encontr<'lo no dia seguinte.

?uase uma hora depois, tiritando de )rio, entrou no chalD tão ensopada!ue não teve )orças para pegar um )6s)oro e acender o lampião. "esmo >s

escuras, livrou'se das roupas molhadas e, depois de vestir um robe, )oiacender o )ogo da lareira.$s chamas crepitavam !uando ela teve a impressão de ouvir alguDm

chamar o seu nome. ão, não era poss3vel, devia ser o ventoN"as ouviu novamente, e desta vez acompanhado de batidas )renDticas na

porta de tr<s do chalD. /ercebeu !ue ela se abria e, com clareza, ouviu Ric1gritando o seu nome com desespero:

CarlaMN$ surpresa )oi tão grande !ue não conseguiu responder. Car... começou ele a gritar outra vez, entrando na sala. "as parou ao

v&'la sentada no chão, perto da lareira.

Ric1N exclamou ela )inalmente.Ele )icou parado, olhando'a como se estivesse em d%vida se seria ou não

bem recebido. Estava molhado atD os ossos. (eu @eans, de tão encharcado,parecia negro e não azul. $ <gua escorria dos seus cabelos para o rosto,)azendo'o piscar. Ela, por sua vez, continuava sentada, envolta nas dobras dorobe e com uma toalha enrolada na cabeça como um turbante. Contemplaram'se por um longo momento, como se tivessem medo de acordar de um sonho./or )im !uebraram o sil&ncio e começaram a )alar ao mesmo tempo:

- !ue aconteceu com voc&M Como D !ue voc& chegou atD a!uiMa verdade, Carla !ueria perguntar por !ue ele tinha voltado, mas estava

com medo.Bisse então: Eu ia pegar a balsa. . .

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Eu cheguei, na balsa disse ele, como num eco. /or !u&M perguntaram @untos. Carla percebeu !ue ele tremia de )rio. Venha sentar'se perto do )ogo convidou ainda não muito certa de

!ue tudo não passava de uma visão. Estou muito molhado.Essas palavras conseguiram convenc&'la de !ue ele estava ali em carne e

osso. (orriu. *amais teria imaginado !ue num encontro como a!uele os dois pudessemtrocar )rases tão vazias e sem sentido. Bepois de algum tempo levantou'se,dizendo:

Voc& est< mesmo a!ui, Ric1. . .Ele )oi ao seu encontro e a tomou nos braços, bei@ando'a com so)reguidão.

Ela sentiu, atravDs da!uele contato, a solidão !ue tomara conta dele duranteos dias de separação.

Ric1 a apertava com tanta ansiedade !ue a <gua do blusão ensopou'lhe orobe.

Ric1, eu não estou entendendo. . . Como D !ue voc& chegou a!uiMEle lhe deu outro bei@o antes de responder: W custa de uns )avores. (a3 do aut6dromo logo !ue acabou a corrida, no

 @atinho particular de um dos patrocinadores. Consegui apanhar a balsa por!uestão de segundos. "as isso não tem importncia. /arou, segurando'lhe orosto com as duas mãos, )itando'a bem dentro dos olhos. 2enho uma coisapara dar a voc&. . .

Carla percebeu medo na expressão dele e )icou apreensiva. "as desta vez, se voc& o aceitar, tem !ue ser para sempre disse ele,

com voz hesitante.Então levou as mãos ao pescoço e tirou a corrente de ouro. $briu o )echo,

retirou o anel colocando'o na palma da mão. Carla pediu baixinho: Voc& pKe em meu dedoM/odia ver a luta !ue se travava no interior dele. Carla, voc& sabe o !ue eu estou pedindoM /ara am<'lo. E para )icar comigo. /ara sempre respondeu sorrindo. $onde !uer !ue voc& v<, eu irei

tambDm. Como )oi !ue mudou de idDiaM /osso ganhar a aliança primeira e depois responderM Eu te amo, Carla ele declarou, en)iando o anel no seu dedo.

Eu te amo, Ric1 disse Carla, namorando o anel, !ue achava lindo, e!ue lhe causava uma enorme sensação de bem'estar.

$conchegou'se a ele e passou os braços por seu pescoço. "as ele osretirou e a encarou com ar severo.

2emos um assunto muito sDrio para conversar, mas primeiro vou trocarde roupa. $cho bom voc& )azer o mesmo. /assou a mão por seu robe %mido. ão !uero !ue se res)rie.

Carla acompanhou'o com o olhar !uando ele )oi para o !uarto. #icouparada, no mesmo lugar, sem coragem para se mexer. Ele parecia muitozangado.

/ouco depois voltou, vestindo um velho roupão, e atirou para ela umacamisola verde de )lanela. En!uanto ela despia o robe e se vestia, ele aobservou atentamente.

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(uper *ulia n+ - rande /r&mio do $mor eorgia 0oc1oven

Bepois a )ez sentar'se perto da lareira e cobriu suas pernas com umcobertor. $inda em sil&ncio, pJs mais lenha no )ogo. (6 então a encarou edisse:

Voc& me deve uma explicação. #aço votos de !ue ela se@a boa. ostaria de saber sobre o !ue voc& est< )alando dis)arçou'a tentando

ganhar tempo.

Ric1 não respondeu. Em vez disso, puxou a cadeira onde estava sentadopara mais perto dela e continuou encarando'a. Como D !ue voc& descobriuM perguntou ela )inalmente. Psso tem importnciaM Be certa maneira, sim. Bescobri sozinho. Eu não podia deixar de pensar na %ltima vez em !ue

)izemos amor e de como voc& parecia mais cheinha. (eus seios estavamdi)erentes e notei tambDm uma leve barriguinha. Voc& não podia terengordado, pois mal estava se alimentando. Lembrei'me então de !ue nãoest<vamos )azendo nada para evitar uma gravidez. $gora responda > minhapergunta.

ão tenho resposta. /ois invente uma.Carla sabia !ue a verdade ia parecer rid3cula, mas estava muito cansada e

con)usa para entrar em detalhes. Com o olhar perdido nas chamas da lareira,disse simplesmente:

Eu sabia !ue se contasse voc& não iria embora. #oi o !ue pensei ele comentou, suspirando. VerdadeM Lembra'se da hist6ria de -. ;enr4 sobre um casal !ue não tinha

dinheiro e cada um !ueria comprar um presente de atal para o outroM $

mulher cortou os cabelos longos e lindos e vendeu'os para comprar umacorrente para o rel6gio do marido. Ele, coitado, vendeu o rel6gio para comprarum pente de mar)im para a mulher. Eu vendi meu rel6gio, Carla, e voc& cortouo cabelo.

Vendo a con)usão estampada no seu rosto, ele lhe tomou as mãos eexplicou com suavidade:

Eu não vou correr mais. Besisti de vez e @< comuni!uei minha decisãoo)icialmente.

"as voc& não precisava )azer issoN Eu sei, vi sua mala na caminhonete. $inda pode voltar atr<s. #ui sincera !uando disse !ue o acompanharia a

!ual!uer lugar declarou Carla, acariciando'o no rosto. (ei disso tambDm. "as agora tudo D di)erente. ão somos s6 dois.

/ensei muito sobre isso depois !ue )ui embora. ] maravilhosa a perspectiva deser pai, mas D tambDm amedrontadora, de certa )orma. ?uero merecer odireito de ser pai e estar sempre por perto. ma criança precisa da companhiado pai. (e eu continuasse correndo, )icaria longe de casa por muito tempo. Enão !uero )azer com nosso )ilho o !ue meus pais )izeram comigo e com minhairmã. Eu passava horas imaginando as razKes !ue os mantinham longe de n6s.Bepois contava as mentiras a 0<rbara, e ela )ingia !ue acreditava. ão sei!uem tapeava o outro com mais per)eição.

Estendeu o braço e puxou Carla para o colo. Ela aconchegou'se bem edeitou a cabeça em seu ombro.

Voc& sabe !ue D a %nica mulher a !uem amei e a !uem con)essei esseamorM

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$gora ela entendia por !ue Ric1 tinha lutado tanto no in3cio contra o amor!ue sentia por ela. E como havia sido cruel o abandono a !ue ela o condenara. *amais poderia recompensar a m<goa !ue lhe havia in)ligido. (entiu umatristeza pro)unda ao se lembrar de !ue, desde o nascimento, ela )ora rodeadapor pessoas cheias de amor e carinho. /ais, irmãos, primos, tios, av6s, todos)ormavam uma )am3lia maravilhosa. /ensou no menininho triste !ue Ric1 devia

ter sido, sem ter !uem lhe dedicasse a)eto.Ele passou a mão ao longo de seu braço e perguntou: Voc& entendeu por !ue eu precisava voltar a correrM E sabe !ue isso

não tinha nada a ver com o !ue sinto por voc&M I muito importante !uecompreenda !ue a corrida não estava acima do nosso amor.

Ric1 se explicava, a)lito e ansioso. Burante o verão comecei a !uestionar as verdadeiras razKes !ue me

haviam )eito deixar as pistas de corridas. (er< !ue tinha )eito isso por!ue voc&!ueria, ou apenas por!ue era uma sa3da )<cilM Eu precisava descobrir se aminha atitude não me tornava um perdedor. #i!uei obcecado pela idDia. Eutinha !ue sair vencendoN

(6 então Carla se lembrou de !ue não )icara sabendo do resultado dacorrida da!uela tarde.

E saiu vencedorM perguntou. (im. . . E de v<rias maneiras ele disse, sorrindo.Carla sorriu tambDm. Compartilhava da alegria dele, e podia, en)im,

compreender o orgulho !ue ele sentia. $cha !ue vai conseguir viver sem essa emoção, Ric1M Levei muito

tempo para entender como as corridas )aziam parte de voc&. E, por entender,agora sinto medo de !ue, um dia, venha a se arrepender de ter abandonadosua carreira de piloto.

ão precisa se preocupar, eu estou em paz com o mundo e comigomesmo. #iz isso por!ue !ueria. "as o !ue vamos )azer agoraM perguntou, com um peso no coração,

temendo ter !ue deixar a ilha.Ele a abraçou com )orça. Carla, >s vezes eu percebo !ue o meu amor por voc& D tão grande !ue

D capaz de su)oc<'la. (ei tambDm o !uanto voc& me ama e o !uanto est<disposta a se sacri)icar por mim. "as eu nunca mais seria capaz de lhe pedirpara abandonar "artenFs Cove.

Embora eu dis)arçasse, notei muito bem como voc& so)reu durante overão por não ter nada para )azer a!ui. Como vai ser poss3vel continuar

morando na ilhaM "as eu @< arran@ei o !ue )azerN $cho atD !ue vou me ocupar bem mais

do !ue !ueria. #oi o !ue conclu3 depois de umas pes!uisas !ue andei )azendopor a3 disse ele, rindo de sua expressão espantada.

ão )aço a m3nima idDia do !ue voc& est< )alando.-s olhos de Ric1 brilhavam en!uanto ele a bei@ava no nariz. osso )ilho vai crescer não s6 sob a in)lu&ncia de uma galeria de arte,

como tambDm de um restaurante de primeira categoria.Carla agora sorria alegre. Então voc& D a tal sociedade anJnima !ue comprou o 0aleeiroM

perguntou, animada. Psso mesmo. Baniel veri)icou tudo para mim e disse !ue era o neg6cio

do sDculo. Como D !ue eu ia deixar escaparM "as voc& não entende nada do assuntoN

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Concordo. (ei !ue ser< um desa)io muito grande e !ue precisarei doseu conhecimento de neg6cios. "as não pense !ue estou me enganando.Reconheço o !uanto <s corridas signi)icavam para mim e a )alta !ue vão )azer.Espero !ue o restaurante me a@ude a en)rentar as saudades !ue sentirei delas."as vou continuar a lidar com pessoas, e isso @< D um est3mulo. /elo menos noin3cio, tenho certeza de !ue vou gostar de en)rentar os problemas de um

restaurante. Bepois, não sei. ão posso garantir nada, mas prometo !ue, da!uipor diante, se@a l< o !ue )ormos )azer, vai ser @untos e para o nosso sustento.Vamos ter !ue aprender a )azer concessKes.

/elo @eito, parece !ue, !uando voc& partiu, pretendia voltar disseCarla, )ingindo ter )icado sentida.

ão se lembra de !ue a)irmei !ue me negava a acreditar !ue estivessetudo acabado entre n6sM

"as por !ue não me contou os seus planosM /elo menos eu não teriapassado tantas noites sem dormir.

$mbos t3nhamos muitos con)litos interiores !ue precisavam serresolvidos. Eu não sabia como a corrida ia terminar e nem como ia me sentir. 2eria sido errado dizer alguma coisa antes.

E voc& @< pensou nos meses de invernoM "uitas pessoas )icamdesesperadas com a monotonia.

"as !ue )alta de imaginaçãoN o comentou, com mal3cia. /ossosugerir coisas 6timas para )azermos durante o inverno.

Estou )alando sDrio disse Carla, temendo !ue se desviassem doassunto e não terminassem essa conversa importante.

Caso eu não me d& bem com o restaurante, existe outra possibilidadede trabalho na !ual venho pensando h< algum tempo. ma rede de televisãome convidou para ser comentarista, de corridas. Eu não sei como voc& se

sentiria tendo !ue me acompanhar >s pistas novamente, embora a situação)osse um tanto di)erente. 2enho certeza de !ue agora não me incomodaria. "as ao ver a

expressão de Ric1, acrescentou: (e voc& @< cedeu tanto, nada mais @usto do!ue eu ceder tambDm. "as, e voc&M ão seria muito di)3cil )icar de )ora, s6olhandoM

$ntes da %ltima corrida eu teria dito !ue sim. "as agora não. Estoudeixando as pistas no auge da minha carreira e por!ue !uero. ão, não seriadi)3cil. $cho atD !ue iria gostar.

Então aceite a o)erta. Be vez em !uando pode ser um pouco di)3cil, masestou certa de !ue Baniel dar< uma a@uda no restaurante e "aggie e *e)) na

galeria. ?uanto ao beb&, ele vai ter !ue aprender a gostar de [email protected] bei@ou'a de leve e a)agou'lhe o rosto. Eu te amo disse, puxando'a de encontro ao peito e bei@ando'a desta

vez com ardor. Esperei tanto por este momento !ue não podia pensar emmais nada. (teve não via a hora de me pJr no avião. Bizia !ue eu o estavadeixando louco. $hN Ele mandou convid<'la para o casamento dele com "ar4Bavies no m&s !ue vem.

$h, eu sabia disse Carla, com naturalidade. ComoM $ssisti pela televisão >s entrevistas !ue )izeram com a e!uipe antes da

corrida. ;ouve um momento em !ue (teve e "ar4 trocaram um olhar tãosigni)icativo !ue percebi !ue se amavam.

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/ois D, dese@ei a (teve um amor tão grande e resistente como o nosso.Ele agradeceu, e disse !ue se eu não me incomodasse, pre)eria não terproblemas como os nossos.

?ue problemasM perguntou ela baixinho, bem perto dos l<bios dele,de maneira sensual.

Beixe'me v&'la, Carla murmurou ele. ?uero ver as di)erenças !ue

o nosso )ilho @< provocou e compartilhar com voc& de todas as mudanças.Com grande delicadeza, puxou sua camisola e acariciou'lhe os seios.;avia passado o momento das palavras. Estavam agora embriagados pelodese@o, !ue s6 podia ser aplacado com o contato )3sico.

Ric1 deitou'se nos cobertores !ue havia estendido em )rente > lareira.Bepois, !uase com rever&ncia, tomou os seios nas mãos antes de se abaixar ebei@<'los. Carla suspirava de prazer. Bepois ele acariciou'lhe a barriga eencostou o rosto nela. Então, com as mãos e com os l<bios, percorreu as novascurvas !ue o pe!uenino @< havia criado.

Cada vez !ue estamos @untos, meu amor, perco todo o controle. ãoconsigo mais viver sem voc&. ão podia mais esperar !ue este dia chegasse.Eu a teria seguido atD o )im do mundo.

$cho !ue eu sabia o tempo todo !ue a nossa separação era tempor<ria."as tinha !ue resolver um problema para !ue pudesse ser inteiramente sua./recisava dizer adeus a 0obb4 e continuar vivendo a minha vida.

E voc& )ez issoMCarla o )itou nos olhos e viu o grande amor !ue ele lhe dedicava. (uave,

mas )irmemente, respondeu: (im, )inalmenteNRic1 a bei@ou, )azendo com !ue tudo, exceto o dese@o !ue sentiam um pelo

outro, desaparecesse. $braçaram'se. (eus l<bios e corpos unidos selaram e

renovaram a promessa de amor !ue tinham )eito no dia do casamento. Essapromessa !uase havia desaparecido durante os anos de separação dolorosa,mas agora ressurgia )orte e brilhante.

Eles se amariam e continuariam @untos pelos anos a)ora. /ertencia um aooutro e não temiam mais o )uturo. $nsiavam por se darem inteiramente.

?uero !ue me ame murmurou Ric1 dando lhe um bei@o