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2 POLÍTICA O Estado do Maranhão São Luís, 16 de janeiro de 2017. Segunda-feira Dragão enfraquecido O alvo da meta de inflação que será perseguida pelo Banco Central em 2017 é 4,5%. Não se trata de um número mágico. Pelas observações práticas acumuladas após décadas de inflação crônica e aguda, especialistas no tema acreditam que, se o ritmo da alta de preços cai para menos de 5% ao ano, a economia passa a enxergar melhor seus problemas e isso facilita a busca de soluções. A inflação sempre mascara nossas deficiências econômicas. E se há um denominador comum em todos os processos de desenvolvimento é o aumento de eficiência, pois traz benefícios para todos, independentemente do cabo de guerra que existe entre os agentes econômicos na disputa para ver quem fica com os maiores pedaços do bolo. No Brasil, sobrevivem muitos mecanismos de indexação que acabam transferindo para o presente o efeito da alta de preços já ocorrida. Tarifas de serviços públicos, salário-mínimo, aluguéis, benefícios da previdência são corrigidos assim anualmente, de modo que, na média, para a inflação cair outros preços precisam baixar. Em um quadro de demanda enfraquecida, os agentes econômicos têm de se tornar mais eficientes para conseguir conviver com preços em trajetória de queda. Por outro lado, alguns fatores macroeconômicos podem ajudar, como, por exemplo, a redução nas taxas básicas de juros, barateando o custo do capital. Poucos empreendedores têm condições de tirar do próprio bolso todo o dinheiro que precisam para investir. Quase sempre dependem de alguma forma de financiamento. Se o custo do capital está elevado demais, ninguém se arrisca porque o retorno do investimento não compensará. Para conter a inflação, o Banco Central pôs a taxa básica de juros nos píncaros. Está fazendo o caminho de volta, mas só lá para o fim do ano é que a taxa Selic deve se aproximar do patamar entre 9% e 10%. O Tesouro Nacional remunera pela taxa Selic cerca de um terço dos títulos que emite. Pode-se contar nos dedos os negócios que atualmente superam essa rentabilidade. Não dá para concorrer. E nem o próprio Tesouro tem um retorno que cubra tal remuneração. Na verdade, os rendimentos são quitados com a emissão de novos títulos, adquiridos pelos gestores de fundos de investimentos, tesourarias dos bancos, áreas financeiras das empresas que estão com dinheiro em caixa e até por indivíduos. A política monetária calcada em juros demasiadamente elevados funciona como uma faca de dois gumes. Pode conter a inflação, mas trava investimentos capazes de aumentar a eficiência da economia. Dilemas da política econômica, que se assemelha a um cobertor curto, deixando sempre uma parte de fora. Agora com a inflação em uma trajetória que a aproxima do alvo central (4,5%), ficará mais fácil encontrar saídas para essa confusão. Lembranças Logo depois da Revolução dos Cravos, Portugal enveredou por um caminho de radicalização dentro do governo que variava do stalinismo à ultraesquerda. A ressaca do salazarismo só não virou desastre devido a vozes ponderadas, como a de Mário Soares, líder do Partido Socialista, que morreu há poucos dias. Mesmo assim, o primeiro artigo da constituição portuguesa pós-revolução dizia mais ou menos assim: Portugal é uma nação que caminha para o socialismo. Portugal estava com a economia conturbada pela estatização, além de uma situação social agravada pelo fato de o país receber de uma hora para outra quase 800 mil "retornados" pelo fim da colonização na África. Mário Soares foi primeiro-ministro e presidente. Durante a Rio 92, conferência das Nações Unidas que seria um marco para a questão do meio ambiente, ele estava na presidência e representou o país no conclave. Na ocasião, convidou um grupo de pessoas para um café da manhã, ao lado da amiga Maria da Conceição Tavares, renomada economista portuguesa radicada no Brasil. Na conversa, ele nos contou sobre o encontro que tivera com Fidel Castro, pouco antes de um almoço que reuniria as autoridades presentes na Rio 92. George Bush pai, então presidente dos Estados Unidos, também estava no mesmo salão. Tentou entabular conversa sobre uma distensão Cuba-EUA, pedindo que Fidel o ajudasse nesse esforço. Fidel propositadamente desconversou, pondo a mão sobre um pequeno "pin" que Mário Soares tinha fixado no paletó e perguntando sobre o que era. Ele já não era mais presidente quando tive o prazer de reencontrá-lo pela segunda vez, em Lisboa. Mário Soares e a mulher foram anfitriões de um jantar no belíssimo Palácio da Ajuda, recebendo brasileiros que participavam de um seminário, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex- ministro Pedro Malan. Novamente uma conversa agradabilíssima. Portugal perdeu um grande homem e estadista. GEORGE VIDOR Se a inflação ficar mesmo abaixo de 5%, a economia ganhará eficiência Ex-presidente da Colômbia pede fim dos contratos entre o governo e a Odebrecht Andrés Pastrana, que presidiu a Colômbia entre 1998 e 2002, escreveu na noite de sábado, 14, que ‘é imoral investigá-la em uns [contratos] para premiá-la em outros’; atual presidente não respondeu SÃO PAULO Andrés Pastrana, ex-presidente da Colômbia, publicou no Twitter um pedido para que o atual presidente do país, Juan Manuel Santos, can- cele todos os contratos do governo colombiano com a empreiteira Odebrecht, investigada por cor- rupção na Operação Lava Jato. Pastrana, que presidiu a Co- lômbia entre 1998 e 2002, escreveu na noite de sábado, 14: "presidente @JuanManSantos: cancele todos os contratos da Odebrecht. É imoral investigá-la em uns para premiá- la em outros". Ontem, o ex-senador da Co- lômbia Otto Nicolás Bula foi detido no país por suspeita de receber su- borno da Odebrecht, informou neste domingo, 15, o Ministério Pú- blico colombiano por meio de sua conta no Twitter. Bula, governista do Partido Liberal, será acusado pelos crimes de suborno e enri- quecimento ilícito, segundo o Mi- nistério Público. Documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos Esta- dos Unidos mostram que a Ode- brecht pagou US$ 788 milhões em subornos em 12 países da América Latina e da África. Na Colômbia, um documento divulgado pera Procuradoria Geral mostra que foram mais de US$ 11 milhões de propina entre 2009 e 2014. Arquivo Pastrana manifestou-se após prisão de senador suspeito de corrupção Acompanho, desde ontem [sábado, 14], a situação da rebelião no Rio Grande do Norte. Determinei que o Ministro da Justica, Alexandre de Moraes, prestasse todo o auxílio necessário ao governo do estado" MICHEL TEMER publicou o presidente na rede social [email protected] Após rebelião no RN, Temer determina auxílio ao estado Rebelião na penitenciária de Alcaçuz, na Grande Natal, resultou na morte de dez pessoas, segundo governo local BRASÍLIA O Presidente Michel Temer publicou uma mensa- gem no pefil dele no mi- croblog Twitter, ontem, na qual disse ter determinado ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que preste "todo o auxí- lio necessário" ao governo do Rio Grande Norte em razão da rebe- lião na penitenciária de Alcaçuz,a região da Grande Natal (RN). A rebelião no presídio, que co- meçou no fim da tarde de sábado, 14l, e se estendeu até o início da manhã deste domingo, resultou na morte de dez pessoas, segundo a Secretaria de Segurança do estado. "Acompanho, desde ontem [sá- bado, 14], a situação da rebelião no Rio Grande do Norte. Deter- minei que o Ministro da Justica, Alexandre de Moraes, prestasse todo o auxílio necessário ao go- verno do estado", publicou o pre- sidente na rede social. Segundo o Instituto Técnico de Perícia do Rio Grande do Norte (Itep), será montada uma "opera- ção de guerra" para identificar os corpos das vítimas e legistas do Ceará e da Paraíba auxiliarão nos trabalhos. Identificação De acordo com o chefe de gabi- nete do Itep, Thiago Tadeu, a iden- tificação será feita por meio das impressões digitais, da arcada dentária e de exame de DNA, se for necessário. O presídio de Alcaçuz está lo- calizado em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal, e é o maior pre- sídio do estado. A penitenciária possui capacidade para 620 de- tentos, mas abriga cerca de 1.150, segundo a Secretaria de Justiça, órgão responsável pelo sistema prisional do Rio Grande do Norte. Na manhã de domingo, o mi- nistro da Justiça, Alexandre de Moraes, divulgou uma nota sobre a rebelião no RN na qual disse la- mentar as mortes no presídio. Mo- raes também agradeceu o "em- penho" das forças policiais que atuaram no local, "evitando fugas e controlando a situação". Segundo o ministério, Moraes e o governador, Robinson Faria, se falaram pela manhã e, no tele- fonema, Faria informou ao titular da Justiça que a rebelião havia se encerrado. "A pedido do governador, o mi- nistro Alexandre de Moraes auto- rizou que parte dos R$ 13 milhões do Fundo Penitenciário Nacional [Funpen] liberados no dia 29 de de- zembro de 2016 para moderniza- ção e aquisição de equipamentos seja utilizada em construções que reforcem a segurança no presídio", Temer se manifestou por meio da sua conta no microblog Twitter Beto Barata/PR acrescentou a pasta na nota. Crise Além da rebelião deste fim de se- mana no Rio Grando Norte, outros motins foram registrados ao longo das últimas semanas. No Amazonas, por exemplo, uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) resultou na morte de 56 presos, episódio classi- ficado pelo governo do estado como "o maior massacre" do sistema pri- sional amazonense. Também na região Norte, em Ro- raima, uma rebelião na Penitenciá- ria Agrícola de Monte Cristo deixou 31 mortos. Diante desse cenário, a Procura- doria Geral da República abriu pro- cessos para investigar os sistemas penitenciários de Amazonas, Per- nambuco, Rio Grande do Sul e Ron- dônia. Segundo o órgão, depen- dendo da avaliação, poderá pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) intervenção federal nos estados para restabelecer a ordem nos presídios. Além disso, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, convocou a Brasília, na semana passada, os presidentes de todos os tribunais de justiça do país para discutir a crise no sistema carcerário. No en- contro, ela pediu aos desembar- gadores "esforço concentrado" para examinar processos de exe- cuções penais dos presos

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Page 1: GEORGE VIDOR Após rebelião no RN, Temer determina · Na manhã de domingo, o mi-nistro da Justiça, Alexandre de Moraes, divulgou uma nota sobre a rebelião no RN na qual disse

2 POLÍTICA O Estado do Maranhão São Luís, 16 de janeiro de 2017. Segunda-feira

Dragão enfraquecido

Oalvo da meta de inflação que será perseguida pelo BancoCentral em 2017 é 4,5%. Não se trata de um número mágico.Pelas observações práticas acumuladas após décadas de

inflação crônica e aguda, especialistas no tema acreditam que, se oritmo da alta de preços cai para menos de 5% ao ano, a economiapassa a enxergar melhor seus problemas e isso facilita a busca desoluções.

A inflação sempre mascara nossas deficiências econômicas. Ese há um denominador comum em todos os processos dedesenvolvimento é o aumento de eficiência, pois traz benefíciospara todos, independentemente do cabo de guerra que existe entreos agentes econômicos na disputa para ver quem fica com osmaiores pedaços do bolo.

No Brasil, sobrevivem muitos mecanismos de indexação queacabam transferindo para o presente o efeito da alta de preços jáocorrida. Tarifas de serviços públicos, salário-mínimo, aluguéis,benefícios da previdência são corrigidos assim anualmente, demodo que, na média, para a inflação cair outros preços precisambaixar.

Em um quadro de demanda enfraquecida, os agenteseconômicos têm de se tornar mais eficientes para conseguirconviver com preços em trajetória de queda. Por outro lado, algunsfatores macroeconômicos podem ajudar, como, por exemplo, aredução nas taxas básicas de juros, barateando o custo do capital.Poucos empreendedores têm condições de tirar do próprio bolsotodo o dinheiro que precisam para investir. Quase sempredependem de alguma forma de financiamento. Se o custo docapital está elevado demais, ninguém se arrisca porque o retornodo investimento não compensará.

Para conter a inflação, o Banco Central pôs a taxa básica dejuros nos píncaros. Está fazendo o caminho de volta, mas só lá parao fim do ano é que a taxa Selic deve se aproximar do patamar entre9% e 10%. O Tesouro Nacional remunera pela taxa Selic cerca deum terço dos títulos que emite. Pode-se contar nos dedos osnegócios que atualmente superam essa rentabilidade. Não dá paraconcorrer. E nem o próprio Tesouro tem um retorno que cubra talremuneração. Na verdade, os rendimentos são quitados com aemissão de novos títulos, adquiridos pelos gestores de fundos deinvestimentos, tesourarias dos bancos, áreas financeiras dasempresas que estão com dinheiro em caixa e até por indivíduos.

A política monetária calcada em juros demasiadamenteelevados funciona como uma faca de dois gumes. Pode conter ainflação, mas trava investimentos capazes de aumentar a eficiênciada economia. Dilemas da política econômica, que se assemelha aum cobertor curto, deixando sempre uma parte de fora. Agora coma inflação em uma trajetória que a aproxima do alvo central (4,5%),ficará mais fácil encontrar saídas para essa confusão.

LembrançasLogo depois da Revolução dos Cravos, Portugal enveredou por

um caminho de radicalização dentro do governo que variava dostalinismo à ultraesquerda. A ressaca do salazarismo só não viroudesastre devido a vozes ponderadas, como a de Mário Soares, líderdo Partido Socialista, que morreu há poucos dias. Mesmo assim, oprimeiro artigo da constituição portuguesa pós-revolução diziamais ou menos assim: Portugal é uma nação que caminha para osocialismo. Portugal estava com a economia conturbada pelaestatização, além de uma situação social agravada pelo fato de opaís receber de uma hora para outra quase 800 mil "retornados"pelo fim da colonização na África.

Mário Soares foi primeiro-ministro e presidente. Durante a Rio92, conferência das Nações Unidas que seria um marco para aquestão do meio ambiente, ele estava na presidência e representouo país no conclave. Na ocasião, convidou um grupo de pessoaspara um café da manhã, ao lado da amiga Maria da ConceiçãoTavares, renomada economista portuguesa radicada no Brasil. Naconversa, ele nos contou sobre o encontro que tivera com FidelCastro, pouco antes de um almoço que reuniria as autoridadespresentes na Rio 92. George Bush pai, então presidente dos EstadosUnidos, também estava no mesmo salão. Tentou entabularconversa sobre uma distensão Cuba-EUA, pedindo que Fidel oajudasse nesse esforço. Fidel propositadamente desconversou,pondo a mão sobre um pequeno "pin" que Mário Soares tinhafixado no paletó e perguntando sobre o que era.

Ele já não era mais presidente quando tive o prazer dereencontrá-lo pela segunda vez, em Lisboa. Mário Soares e amulher foram anfitriões de um jantar no belíssimo Palácio daAjuda, recebendo brasileiros que participavam de um seminário,entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro Pedro Malan. Novamente uma conversa agradabilíssima.Portugal perdeu um grande homem e estadista.

GEORGE VIDOR

Se a inflação ficar mesmo abaixo de 5%,a economia ganhará eficiência

Ex-presidente da Colômbia pede fim doscontratos entre o governo e a OdebrechtAndrés Pastrana, que presidiu a Colômbia entre 1998 e 2002, escreveu na noite de sábado, 14, que‘é imoral investigá-la em uns [contratos] para premiá-la em outros’; atual presidente não respondeu

SÃO PAULO

Andrés Pastrana, ex-presidente daColômbia, publicou no Twitter umpedido para que o atual presidentedo país, Juan Manuel Santos, can-cele todos os contratos do governocolombiano com a empreiteiraOdebrecht, investigada por cor-rupção na Operação Lava Jato.

Pastrana, que presidiu a Co-lômbia entre 1998 e 2002, escreveuna noite de sábado, 14: "presidente@JuanManSantos: cancele todos oscontratos da Odebrecht. É imoralinvestigá-la em uns para premiá-la em outros".

Ontem, o ex-senador da Co-lômbia Otto Nicolás Bula foi detido

no país por suspeita de receber su-borno da Odebrecht, informouneste domingo, 15, o Ministério Pú-blico colombiano por meio de suaconta no Twitter. Bula, governistado Partido Liberal, será acusadopelos crimes de suborno e enri-quecimento ilícito, segundo o Mi-nistério Público.

Documentos divulgados peloDepartamento de Justiça dos Esta-dos Unidos mostram que a Ode-brecht pagou US$ 788 milhões emsubornos em 12 países da AméricaLatina e da África. Na Colômbia,um documento divulgado peraProcuradoria Geral mostra queforam mais de US$ 11 milhões depropina entre 2009 e 2014. �

Arquivo

Pastrana manifestou-se após prisão de senador suspeito de corrupção

Acompanho,desde ontem[sábado, 14], asituação da rebeliãono Rio Grande doNorte. Determineique o Ministro daJustica, Alexandrede Moraes,prestasse todo oauxílio necessário aogoverno do estado"

MICHEL TEMER publicou o presidente na rede social

[email protected]

Após rebelião no RN,Temer determinaauxílio ao estadoRebelião na penitenciária de Alcaçuz, na Grande Natal,resultou na morte de dez pessoas, segundo governo local

BRASÍLIA

OPresidente Michel Temerpublicou uma mensa-gem no pefil dele no mi-croblog Twitter, ontem,

na qual disse ter determinado aoministro da Justiça, Alexandre deMoraes, que preste "todo o auxí-lio necessário" ao governo do RioGrande Norte em razão da rebe-lião na penitenciária de Alcaçuz,aregião da Grande Natal (RN).

A rebelião no presídio, que co-meçou no fim da tarde de sábado,14l, e se estendeu até o início damanhã deste domingo, resultou namorte de dez pessoas, segundo aSecretaria de Segurança do estado.

"Acompanho, desde ontem [sá-bado, 14], a situação da rebeliãono Rio Grande do Norte. Deter-minei que o Ministro da Justica,Alexandre de Moraes, prestassetodo o auxílio necessário ao go-verno do estado", publicou o pre-sidente na rede social.

Segundo o Instituto Técnico dePerícia do Rio Grande do Norte(Itep), será montada uma "opera-ção de guerra" para identificar oscorpos das vítimas e legistas doCeará e da Paraíba auxiliarão nostrabalhos.

IdentificaçãoDe acordo com o chefe de gabi-nete do Itep, Thiago Tadeu, a iden-tificação será feita por meio dasimpressões digitais, da arcadadentária e de exame de DNA, sefor necessário.

O presídio de Alcaçuz está lo-

calizado em Nísia Floresta, cidadeda Grande Natal, e é o maior pre-sídio do estado. A penitenciáriapossui capacidade para 620 de-tentos, mas abriga cerca de 1.150,segundo a Secretaria de Justiça,órgão responsável pelo sistemaprisional do Rio Grande do Norte.

Na manhã de domingo, o mi-nistro da Justiça, Alexandre deMoraes, divulgou uma nota sobrea rebelião no RN na qual disse la-mentar as mortes no presídio. Mo-raes também agradeceu o "em-penho" das forças policiais queatuaram no local, "evitando fugas

e controlando a situação".Segundo o ministério, Moraes

e o governador, Robinson Faria,se falaram pela manhã e, no tele-fonema, Faria informou ao titularda Justiça que a rebelião havia seencerrado.

"A pedido do governador, o mi-nistro Alexandre de Moraes auto-rizou que parte dos R$ 13 milhõesdo Fundo Penitenciário Nacional[Funpen] liberados no dia 29 de de-zembro de 2016 para moderniza-ção e aquisição de equipamentosseja utilizada em construções quereforcem a segurança no presídio",

Temer se manifestou por meio da sua conta no microblog Twitter

Beto Barata/PR

acrescentou a pasta na nota.

CriseAlém da rebelião deste fim de se-mana no Rio Grando Norte, outrosmotins foram registrados ao longodas últimas semanas.

No Amazonas, por exemplo, umarebelião no Complexo PenitenciárioAnísio Jobim (Compaj) resultou namorte de 56 presos, episódio classi-ficado pelo governo do estado como"o maior massacre" do sistema pri-sional amazonense.

Também na região Norte, em Ro-raima, uma rebelião na Penitenciá-ria Agrícola de Monte Cristo deixou31 mortos.

Diante desse cenário, a Procura-doria Geral da República abriu pro-cessos para investigar os sistemaspenitenciários de Amazonas, Per-nambuco, Rio Grande do Sul e Ron-dônia. Segundo o órgão, depen-dendo da avaliação, poderá pedirao Supremo Tribunal Federal (STF)intervenção federal nos estados pararestabelecer a ordem nos presídios.

Além disso, a presidente do STF,ministra Cármen Lúcia, convocoua Brasília, na semana passada, ospresidentes de todos os tribunaisde justiça do país para discutir acrise no sistema carcerário. No en-contro, ela pediu aos desembar-gadores "esforço concentrado"para examinar processos de exe-cuções penais dos presos �