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0 [Digit UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA GEOMÁRIO DA SILVA OS SENTIDOS DOS ESPORTES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ABORDAGEM SOBRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM ALAGOINHAS 2009

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

GEOMÁRIO DA SILVA

OS SENTIDOS DOS ESPORTES NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ABORDAGEM SOBRE O ENSINO

E A APRENDIZAGEM

ALAGOINHAS

2009

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1

GEOMÁRIO DA SILVA

OS SENTIDOS DOS ESPORTES NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ABORDAGEM SOBRE O ENSINO

E A APRENDIZAGEM

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Educação Física pela Universidade do Estado da Bahia - Campus II. Orientadora: Prof. MS. Martha Benevides da Costa

ALAGOINHAS 2009

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2

Dedico este trabalho a minha família, e em especial a minha filha Midiã pela a ajuda

direta. Ao guerreiro Adailto “Cão de Busca” que sem á ajuda certamente tudo seria

mais difícil.

.

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3

AGRADECIMENTOS

Na hora dos agradecimentos, o mais difícil não é lembrar todos, mais sim achar

espaço para todos. No entanto há alguns que colaboram com uma participação tão

marcante que é impossível não sejam citados à parte.

Então em primeiro lugar, agradeço a Deus autor e consumador da minha fé, que

alinhada á graça e a saúde mim permitiram chegar até aqui em tempo aceitável.

À professora Martha pelo incentivo da orientação e o estímulo no sprint-finish.

Aos professores coordenadores e funcionários do curso de Educação Física e da

universidade em geral.

Aos professores dos diversos estágios I, II, III e IV cujos acontecimentos

proporcionaram a minha observação e apontaram a possibilidade para esta

pesquisa.

Em fim a todos que participaram desta construção direta e indiretamente, até mesmo

sem terem consciência disso. (os alunos dos diversos estágios).

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4

“[...] o esporte analisado sob a perspectiva pedagógica,

[...], deve fornecer uma compreensão muito mais ampla,

uma compreensão enquanto fenômeno

sociocultural e histórico [...]”

(KUNZ, 2001, p. 67)

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5

RESUMO O esporte se apresenta como um conteúdo da Educação Física escolar, de maneira tão influenciadora que chega a ser confundido com a própria disciplina. Em torno deste conteúdo surgem discussões suscitadas por pesquisadores que fomentam a busca do entendimento deste fenômeno. O objetivo deste trabalho está centrado nos sentidos que são atribuídos ao esporte na escola, tendo como objetivos específicos, compreender a estruturação histórica do esporte e os diversos fatores que influenciam os alunos do ensino médio da escola (EOMA) Escola de Organização Militar de Alagoinhas, a escolherem determinadas modalidades para praticar no ambiente escolar. Com esse objetivo identifico as concepções de esportes presentes, e a organização pedagógica do esporte na instituição pesquisada. Para tanto utilizo a técnica de análise de dados, colhidos através de entrevista semi-estruturada com alunos e professores da instituição. A partir da análise dos dados colhidos considero que as concepções de esportes que hoje norteiam a Educação Física Escolar estão firmadas no atendimento ao modelo de esporte tecnicista e de rendimento, e isso contribui para que os alunos venham a absorver este único sentido para os esportes na escola. A partir dos estudos de novas concepções pedagógicas, e da transformação didática do esporte, entendendo que um melhor aporte organizativo de conteúdos pode direcionar o ensino dos esportes a outras concepções, mas ampliadas desse conteúdo na escola. A contraposição do sentido de esporte vigente na escola, só acontecerá diante de uma nova posição de característica sócio-critica da escola no entendimento do sentido no ensino e na aprendizagem. Diante disso exponho minhas idéias, no sentido de contribuir para mudança da realidade existente. Palavras-chave: Esporte. Educação Física. Ensino-aprendizagem.

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6

LISTA DE SIGLAS

ATV REC- Atividades Recreativas

CRON- Cronológica

DESP- Desportiva

EOMA- Escola de Organização Militar de Alagoinhas

PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais

TAF- Teste de Aptidão Física

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7

LISTA DE QUADROS

QUADRO I Periodização do Processo de Ensino Para os Jogos Desportivos Coletivos na Etapa de Iniciação para o Basquetebol

16

QUADRO II Análise de Conteúdo da Entrevista com alunos do Ensino Médio da EOMA

32

QUADRO III Análise de Conteúdo da Entrevista com os Professores de Educação Física do EOMA

37

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8

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO 9

2 METODOLOGIA 11

3 DIFERENTES ASPECTOS DO ESPORTE MODERNO 14

3.1 ESPORTE UMA CRIAÇÃO DE E PARA BURGUESIA 16

3.2 AS IMPLICAÇÕES DA MÍDIA NO TRATO COM OS ESPORTES NA ESCOLA 18

4.0 ESPORTE UM CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 23

4.1 PROPOSIÇÃO DO FAZER PEDAGÓGICO CRÍTICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA 25

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 30

5.1 A ESCOLA PESQUISADA 30

5.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA 31

5.3 A ENTREVISTA COM OS ALUNOS 32

5.4 A ENTREVISTA COM OS PROFESSORES 39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

7 REFERÊNCIAS 47

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9

1 INTRODUÇÃO

Durante atividades desenvolvidas nas disciplinas Metodologia e Conhecimento do

Ensino do Esporte II, na Escola de Ensino Fundamental do Jardim Petrolar, como

também nas atividades atribuídas às disciplinas Estágio Curricular I, II e III e

atividades extracurriculares, como Jogos Escolares da Região de Alagoinhas (2008)

e Projeto Segundo Tempo, observei que no ambiente escolar, tanto no Ensino

Fundamental como no Ensino Médio, existe uma hegemonia do Futebol entre dentre

as preferências dos Esportes. No entanto, outras modalidades esportivas, como o

Handebol, o Voleibol e o Basquetebol têm alguma aceitação entre os estudantes,

ainda que algumas destas modalidades sejam preferidas por meninas e outras por

meninos.

Por conta disto, algumas modalidades apresentam-se como desconhecidas para os

alunos e inexistentes nos espaços em que vivi minhas experiências. Apesar desse

desconhecimento, foi possível resgatar o interesse por outras modalidades quando

elas foram oferecidas aos escolares de forma sistematizada.

Do ponto de vista pedagógico, este trabalho visa ampliar ainda mais as discussões

envolvendo o esporte. Então a presente pesquisa é relevante por se entender que

este objeto, para a escola, no processo de ensino e aprendizagem oferece

oportunidades para que ele seja analisado e vivenciado além da coisificação1 a que

se encontra hoje atrelado.

Assim, esta pesquisa apropria-se do objeto esporte buscando responder a seguinte

problema: quais os sentidos que os alunos do Ensino Médio da Escola de

Organização Militar de Alagoinhas (EOMA) têm para a prática das modalidades

esportivas na escola?

Partindo desta questão, levanta-se a hipótese de que o modelo de esporte que vem

sendo adotado pela Educação Física aliado aos padrões de alto-rendimento

requerido pelo esporte espetáculo, influenciado pela força midiática, e confirmado

1 Tese da coisificação ou alienação segundo a Escola de Frankfurt que tem como referencial básico o

neomarxismo (BRACHT, 2007).

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10

pelo modelo de produção capitalista são subsídios que vem dando sentido ao

esporte e conseqüentemente influenciam na escolha da para prática das

modalidades esportivas do ambiente escolar.

A partir desta análise, espera-se colaborar pontuando algumas elucidações para que

haja intervenções pedagógicas da disciplina Educação Física no trato com o

conteúdo Esporte. Na tentativa de identificar os sentidos atribuídos à prática de

modalidades esportivas no EOMA, que é o objetivo geral deste estudo, pretendo

como os objetivos específicos, compreender a estruturação histórica do esporte

moderno enquanto formação sócio-cultural; compreender os diversos fatores que

influenciam os alunos do Ensino Médio do EOMA a escolherem determinada

modalidades esportivas para praticá-las no ambiente escolar; identificar as

concepções de esportes presentes e a organização pedagógica do esporte escolar

na instituição pesquisada.

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2 METODOLOGIA

No sentido de alcançar os objetivos previstos nesta pesquisa, a opção teórico-

metodológica aproxima-se da perspectiva dialética, visto que esta perspectiva vem a

oferecer alternativas para explicar os fatos cientificamente relativizando-os tanto ao

absolutismo de Hegel, o qual entende a aceitação das coisas como fenômenos da

natureza e da sociedade, como também ao materialismo histórico de Marx, que

acrescenta a Teoria o conceito de alienação o qual associa a realidade existente à

concepção materialista de mundo.

O materialismo dialético esclarece conceitos como ser social (relações materiais dos homens com a natureza e entre si que existem em forma objetiva), isto é independentemente da “consciência social”. São as idéias políticas, jurídicas, filosóficas, estéticas, religiosas Etc. Que vem se constituindo através da historia (TRIVIÑOS, 1987, p. 52).

Resumidamente, o método dialético seria um modo esquemático de explicação da

realidade que se baseia em oposições e em choques entre situações diversas ou

opostas. O modo dialético busca elementos conflitantes entre dois ou mais fatos para

explicar uma nova situação.

As características metodológicas deste trabalho apontam para um estudo de caso.

Segundo Triviños (1987, p. 134), “[...] o importante é lembrar que estas [...]

características do estudo de caso aumentam a complexibidade do exame na

pesquisa qualitativa à medida que o pesquisador se aprofunda no assunto”. Esse

aprofundamento permite um diálogo mas amplo entre os referenciais possibilitando

que o pesquisador a dialogar criticamente com o universo em volta do objeto de

pesquisa.

Em geral, estudos de caso se constituem na estratégia preferida quando “como” e o

“por que” são as perguntas centrais, tendo o investigador um pequeno controle

sobre os eventos, e quando o enfoque está em um fenômeno contemporâneo

dentro de algum contexto de vida real.

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O caso investigado será o EOMA Escola de Organização Militar de Alagoinhas. O

motivo pelo qual escolhi o EOMA para realização deste estudo é que dentre todas

as escolas que intervimos com as atividades de estágios curriculares I, II e III, a

disciplina Educação Física de fato acontecia de uma forma sistematizada com

programa pré-elaborado de disciplinas, com aulas ministradas por professores da

área em questão e pelo fato de o pesquisador ter acesso à escola.

Para o levantamento dos dados, utilizei como instrumento a entrevista. Mattos,

Rosseto Jr., Blecher, (2004, p. 37) definem o objetivo da entrevista como sendo

“colher dados relevantes de determinadas fontes ou pessoas, num contato direto do

pesquisador com os sujeitos da amostra”. Será feita entrevista semi-estruturada, que

consiste em um instrumento de grande importância para a realização de coleta de

dados em um estudo qualitativo e algumas características favorecem para a

qualidade da pesquisa, como a valorização da presença do investigador ao mesmo

tempo em que obedecem todas as perspectivas possíveis para que o informante

alcance a liberdade e a espontaneidade necessária que enriquece a investigação.

Segundo Trivinõs (1987, p. 146):

Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apropriados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas.

A entrevista foi aplicada com 06 alunos, sendo 02 de cada série do Ensino Médio e

com os professores de Educação Física dos alunos inseridos no universo da

pesquisa. O número de alunos foi definido deliberadamente pelo pesquisador com

base no tempo para a finalização da pesquisa, e devido a dificuldades geradas pela

disponibilidade dos alunos em se submeter a pesquisa (entrevista), fato que

contribuiu pra limitação do número de entrevistados.

A análise de dados será feita a partir da Análise de Conteúdo, que, de forma geral,

se volta para o estudo das motivações, atitudes, valores, crenças, tendências

encaminhando-nos para o desvendar das ideologias que podem existir nos

dispositivos legais. Triviños (1987, p.160) conceitua Análise de Conteúdo da

seguinte forma:

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Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obterem indicadores quantitativos ou não, que permitam na inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas das mensagens.

A inter-relação da técnica de análise de conteúdo com a dialética marxista estaria na

tentativa de explicação da realidade de problema através do choque entre as

diversas situações que se opõem. Basicamente o método dialético se constitui na

busca de conteúdo ligado a pesquisa que originam um conflito de idéias entre

diferentes fatos tentando explicar a situação decorrente deste conflito.

Segundo Aranha e Martins (1993) a dialética é a estrutura contraditória do real, que

no seu movimento constitutivo passa por três fases: A tese, a antítese e a síntese. A

tese seria a identidade, a contradição seria a antítese, e a positividade ou a negação

seria a síntese.

São realizadas três etapas básicas para o trabalho com a análise de conteúdo: Pré-

análise, Descrição analítica e Interpretação Inferencial. A Pré Análise é a

organização do material coletado. Após a pré- análise, segue a Descrição Analítica,

que é a segunda fase do método de análise de conteúdo, onde o material

documental que constitui o corpus submetido a um estudo aprofundado orientado

em princípio, por hipóteses e referenciais teóricos. Os procedimentos como a

codificação, a classificação e categorização são básicos nesta instância do estudo.

Posteriormente a esta fase, vem a Interpretação Inferencial: Apoiada nos materiais

de informação, que adquirimos já na etapa de pré-análise, passamos a refletir com

embasamento nos materiais empíricos, estabelecendo relações com a realidade

educacional e social ampla, aprofundando a conexão das idéias.

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3 DIFERENTES ASPECTOS DO ESPORTE MODERNO

Surgido paralelamente com a necessidade de superação do homem para moldar-se

às exigências do modelo imposto pelo capitalismo, o esporte moderno, segundo

Guttman citado por Bracht (2003), tem como características principais o alto

rendimento, o recorde, o espetáculo, a racionalização e cientificização do

treinamento.

Desta forma, no novo modelo de produção industrial inserido pela Inglaterra, que

veio a servir de referência para o modo de produção capitalista, tudo aquilo que não

objetivava produtividade deveria ser repensado. Dessa forma, os jogos populares

praticados pela sociedade, dentro e fora do ambiente escolar, com características

voltadas para o lúdico, para o lazer e manifestações populares, apresentavam

características consideradas inadequadas àquele novo modelo.

Foi principalmente nas escolas públicas (Public Schools) que estes jogos vão sobreviver, pois lá eles não foram percebidos como ameaça à propriedade e à ordem pública. Vai ser nas escolas públicas que aqueles jogos (o caso clássico é o futebol) vão ser regulamentados e aos poucos assumir as características (formas) do esporte moderno (BRACHT, 2003, p. 14).

Buscando interpretar a análise de Bracht (2003), dentro as instituições que tem

participação decisiva na formação dos sujeitos de uma sociedade, a escola aparece

de forma singular por ser esta instituição destinada a proporcionar ao sujeito a

garantia do experimento de variadas áreas do conhecimento.

O declínio das formas de jogos populares inicia-se em torno de 1800. Estes parecem ficar particularmente fora de uso, porque os processos de industrialização e urbanização levaram a novos padrões de vida, com as quais aqueles jogos não eram mais compatíveis (DUNNING, 1979CITADO POR BRACHT, 2003, p.14).

Este quadro vai transformando as características festivas dos jogos populares, que

se relacionavam com o período de colheitas e momentos de diversões dos

trabalhadores da época, transformando a estruturação dos jogos em esporte

moderno. Com a modernização da sociedade, paulatinamente as características

primárias dos jogos pré-esportivos foram substituídas por elementos característicos

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das sociedades capitalistas, que servem de instrumento para a dominação

burguesa, manipulando e transgredindo necessidades e desejos. Nessa conjuntura,

princípios de cientificidade, da produtividade e da eficiência.

Segundo Terra e Pizani (2009), o esporte teve suas transformações vinculadas às

mudanças sociais. Ao tomar um formato moderno, a partir do fim do século XIX, as

práticas corporais transformaram-se e revelaram-se de outra forma, a partir de suas

novas características e de outras esquecidas, de seus novos sentidos e dos sentidos

da sociedade na qual estavam inseridas, delimitando o esporte moderno. Ou seja,

do mesmo modo que todos os aspectos sociais, o esporte foi e é influe0nciado pela

forma como as sociedades organização sua produção material.

No esporte moderno, segundo Bracht (2003), diferentemente do que acontece na

sociedade em geral, há o que parece ser a oportunidade de chances igualitárias. A

idéia de que todos são iguais no esporte é o conceito que mais se aproxima do que

denominam chances igualitárias, o que aparentemente traduz uma contradição

quando se refere à sociedade capitalista, já que o princípio da igualdade de chances

não é prioritário nesta sociedade. No entanto, a sociedade capitalista tem como um

de seus princípios a liberdade individual, ou seja, o indivíduo pode tudo, só depende

dele mesmo. Esse princípio desconsidera, todavia, as condições materiais, sociais e

subjetivas de cada sujeito.

O esporte moderno apropiar-se deste princípio individualista e condiciona os

resultados satisfatórios à objetividade, que requer do esportista competitividade e

determinação, ou seja, traduz uma falsa impressão que todos são iguais no esporte,

mas o sucesso dependerá do nível de aplicação individual.

A individualidade formal de chances da estrutura esportiva indica para a presumível existência de uma correspondente forma de sociedade. Tal idéia nega a fundamental desigualdade inerente á sociedade capitalista e eleva o princípio esportivo da eventualidade de chances a um princípio geral da sociedade (BRACHT, 2003, p. 37).

O condicionamento a essa estrutura leva à busca incessante para o atendimento

destas exigências que são requeridas no esporte moderno e na própria sociedade

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capitalista. E isto afasta para longe as possibilidades de o sujeito analisar, criticar.

Fato este que provocaria uma oportunidade as mudanças exigidas pelo modelo.

Segundo Bracht (2003, p.13) o esporte nessa crítica é caracterizado como:

Um sistema de ação coisificado e em conformidade com o trabalho; b) Como um instrumento de repressão das necessidades; c) Como um fenômeno de manipulação e adaptação, sendo que tal dar-se-ia, por sua vez, pelas funções de compensação, socialização e integração cumpridas pelo esporte.

Resumidamente, o esporte moderno se estruturou desde o princípio de edificação

das sociedades capitalistas, afirmando as características dominantes da época e

servindo como um dos instrumentos relacionados à burguesia. Nesse sentido, as

práticas esportivas assumiram funções de desvio de atenção e de atenuador das

tensões político-sociais, permitindo uma espécie de compensação que vem

“maquiar” a precariedade das condições de vida dos sujeitos envolvidos.

Segundo Kunz (2001, p.34), ”é notório que o esporte, para ser praticado nos

padrões e nos princípios do alto rendimento, requer exigências de que cada vez

menos pessoas conseguem dar conta, mesmo assim ele é o modelo que todos

querem seguir.”

Através das regras das competições, o esporte imprime no comportamento dos

sujeitos, as normas desejadas da competição e da concorrência. É preciso atentar

para o fato de que as condições do esporte organizado ou de rendimento são,

simultaneamente, as condições de uma sociedade de estruturação autoritária.

3.1 O ESPORTE: UMA CRIAÇÃO DA E PARA A BURGUESIA

Enquanto sistema, as bases esportivas estão moldadas de forma que fomente toda

estrutura que foi intencionalmente montada pelo modelo sócio-político capitalista.

Muito bem organizada historicamente, que teve o seu início voltado para o

atendimento dos interessas da burguesia2.

2 Nas palavras de Silva e Silva (2006, p.36), a burguesia é o “Grupo social o qual teve sua origem no

contexto social do Renascimento urbano do século XI, no entanto seus contornos sociais começaram

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Conforme Silva e Silva (2006), diante do crescimento de aspirantes a burgueses,

devido a estarem se caracterizando como classe social superior, era necessária criar

mecanismos de diferenciação entre os “verdadeiros” e “pseudos” membros da

burguesia. Essa diferenciação acontecia de três maneiras: o estilo de vida e a

cultura de classe média, o esporte e a educação. Esta dava a condição ao sujeito de

entrar no mundo adulto com mais idade. E é nesse mesmo movimento que o esporte

se desenvolve dentro da escola, tendo a oportunidade de uma formação padrão

para a época.

Este modelo de esporte burguês foi contestado pela classe proletária da época e

requerido como conteúdo de bem comum a todos como declara Bracht (2003, p.21)

citando outros estudiosos:

Nós chegamos a conclusão que este esporte burguês que leva que leva ao frenesi do record e ao profissionalismo, deve ser negado pela classe trabalhadora como uma expressão da essência do capitalismo. Não é verdade que o esporte é neutro; ele é muito mais parte de uma ordem social e concepção de cultura que existe para destruir a tarefa e o dever moral do proletariado.

Ainda segundo Bracht (2003), a classe trabalhadora criou organizações próprias

para a prática esportiva, e esse esporte praticado pelo proletariado afirmava as

características do esporte burguês e, para diferenciar-se, era necessário negar o

modelo competitivo imposto pelo modelo dominante. Decisivamente era necessária

a negação dos princípios da competição, do rendimento e do recorde como fator

decisivo para uma cultura corporal proletária. Havia uma recusa do sistema imposto,

mas os sentidos das competições continuavam os mesmos.

Atualmente, o esporte é utilizado como instrumento comercial. Isto é apontado por

Bracht (2003) e por Kunz (2001). Ambos os autores apontam que o esporte é

a ser delineados a partir da Revolução Francesa e posteriormente, a Revolução Industrial, quando com mais clareza passou a distinguir-se tanto das classes baixas quanto da Aristocracia, aos poucos construindo uma identidade própria por meio de consumo de bens culturais, consolidando as exigências práticas dos negócios com aquisição de uma cultura que demanda ócio, requintando seus gostos e ampliando seu papel de consumidor de cultura”.

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espetacularizado e isto encabeça a propaganda e comercialização de materiais

esportivos, produtos alimentares, vestuário. Ou seja, o esporte tem uma função

econômica e é mercadorizado tanto quanto outros aspectos da vida social no

contexto das sociedades contemporâneas.

Sobre as características de comercialização do esporte e os efeitos midiáticos

sofridos pelo conteúdo discutiremos no tópico seguinte.

3.2 AS IMPLICAÇÕES DA MÍDIA NO TRATO COM OS ESPORTES NA ESCOLA

Para falar do esporte como instrumento comercial faz-se necessário destacar alguns

fatores que colaboram para formar os sentidos que se referem a este objeto. No

entanto, dentre estes fatores, os instrumentos midiáticos ocupam posições de

destaque considerável.

Dentro do contexto de mídia3, Betti (2004) destaca a TV como elemento de

participação responsável na mudança do conceito de esporte por todos os

espectadores alcançados, chegando a afirmar: “A relação esporte televisão vem

alterando progressiva e rapidamente, a maneira como percebemos e praticamos o

esporte” BETTI (2004, p.31).

A relação esporte e TV acontecem de forma a atrair a atenção do espectador, que

acaba sendo a figura que fomenta e atende os anseios do esporte espetáculo. O

sujeito que assiste ao esporte deixa de ser alguém que pratica, mas que vê e fala

sobre o esporte e se realiza deste modo. Assim, o sujeito “abre mão” do direito de

ter acesso ao esporte como praticante.

Elemento chave nessa transformação foi a figura do espectador, esse individuo que está disposto a pagar para assistir a uma

3 A mídia é entendida como os meios de comunicação de massa, como rádio, televisão, jornais e

revistas, que permitem a um número relativamente pequeno de pessoas comunicarem-se, rápida e simultaneamente com um grande número de pessoas (BETTI, 2004).

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competição esportiva, e assim financiar o sistema comercial do esporte (BETTI, 2004, p.31).

Essa articulação esporte, TV e espectador, no primeiro momento das transmissões

esportivas, estiveram cercados de tensões, pois os dirigentes temiam que as

transmissões esportivas ao vivo pela TV afastassem os espectadores dos eventos

esportivos, diminuindo o público pagante.

Este temor, segundo Betti (2004), revelou-se desnecessário e com o aparecimento

do sistema de satélites para transmissões a longa distância ao vivo, a partir da

década de 1960, esportes e televisão passaram a sustentar uma relação de apoio

mútuo, dependendo um do outro no plano econômico. Isto porque a partir deste

momento surgiu uma nova espécie de espectador, o telespectador, que com o

advento das transmissões esportivas passou a ser o mais novo fomentador do

esporte espetáculo.

Ainda de acordo com Betti (2004), este esporte espetáculo é o principal instrumento

influenciador da comercialização esportiva e o seu poder persuasivo de alcance é

dirigido a todos os setores da sociedade, inclusive a escola.

Essas questões relacionadas à mídia, em especial à TV e ao esporte espetáculo,

trazem várias implicações para o trato com os esportes na escola. Como o

acontecimento das aulas de educação física insere-se no modelo de confirmação do

espetáculo, o esporte na escola torna-se um agente de incentivo e propaganda ao

consumo do esporte e de tudo que se relaciona com ele

Souza (1993, p.14) garante que a influência do esporte enquanto fetiche de

mercadoria, na Educação Física Escolar, se manifesta de três formas:

a) a ampliação do consumo da mercadoria esporte espetáculo e de outras mercadorias paralelas; b) a ampliação das possibilidades de descoberta de valores (novos esportistas) e por último, mas não menos importante; c) a propagação de valores e normas de comportamentos relativos ao mundo de mercadorias.

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20

Sem contar com as implicações que surgem referentes as metodologias

pedagógicas aplicadas pelos professores que resistem a confirmar o modelo

existente, e com estes procedimento levantam criticas por parte dos seus alunos e

das instituições a qual pertencem, o problema é que o modelo está tão enraizado na

escola, que mesmo os alunos não sabendo praticar o esporte institucionalizado só

vêem a possibilidade de aprender via as regras oficiais e reclamam da iniciação

pelos os jogos introdutórios por exemplo. Tudo isso no sentido de que a TV só lhes

apresenta uma “realidade”. Neste entrave muitos professores acham mais cômodo

obedecer ao sistema. Procurando refletir sobre estes profissionais Borges (1998,

p.46) declara.

Estes profissionais incorporam o papel de aprender o conhecimento produzido pelos outros, não só no campo especifico, mas também no campo pedagógico, passando a transmiti-lo a seus alunos, sendo visto, apenas como um transmissor de conhecimentos [...].

Diante destas questões é que passamos a refletir e questionar: é este o conceito de

esporte ao qual a educação física escolar deve estar pautada? Com uma visão

crítica do ensino dos esportes nas aulas de Educação Física, Kunz (2001) propõe

um conceito “amplo” do ensino do esporte.

A partir dessas considerações, o professor Elenor Kunz elaborou proposições para o

trato com o esporte na perspectiva chamada de crítico-emancipátória. Nisto

procurando apresentar a teoria critico- emancipatória tirando-a do estado abstrato e

do idealismo pedagógico, basicamente o objetivo desta teoria é permitir com que o

aluno assuma a responsabilidade e construa a sua própria capacidade objetiva do

seu movimento corporal sem que ninguém lhe direcione a isso, mas que sejam

oferecidas possibilidades para tal.

No entanto, é preciso cuidado por parte dos professores de Educação Física no

sentido de atentar para a que na permissão da liberdade de expressão corporal, este

não se torne um simples controlador de excessos, é preciso que este professor

assuma o papel de mediador do processo de ensino, é preciso que haja uma clara

definição entre os objetivos de aprendizagem a serem alcançados na prática das

atividades alcançadas na escola com possibilidades de se estendam para além dos

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21

seus muros, ainda que estas atividades venham proporcionar prazer e

espontaneidade.

Diante disto, a concepção critico-emancipatória seria uma teoria que possibilita ao

sujeito a perceber o mundo diferindo como ele é, em suas relações humanizadas

permitindo o desenvolvimento do aluno no sentido de se sensibilizar para a

possibilidade de existência de uma prática corporal autônoma sem que

necessariamente esteja moldada com finalidades objetivas de alcance da perfeição,

da otimização e do rendimento, que por outro viés só apresenta para o educando

uma única possibilidade para concepção de esporte, aquele esporte fomentador do

sistema caracterizado pelo sistema que exalta o melhor, o mais perfeito e o belo.

Dentro da concepção critico-emancipatória o objetivo é contrapor-se a esta

construção do estruturada do esporte que está posta historicamente, possibilitando a

quebra de vínculos do esporte escolar com o referido modelo. Feito isso é preciso

salientar que há nos meninos dois sentidos para o esporte, aquele sentido que é

único para o praticante, e o sentido que foi construído através dos tempos históricos.

Sobre isso Kunz (2001, p.122) esclarece:

A tarefa da educação crítica é desenvolver as condições para que as estruturas autoritárias e a imposição de uma “comunicação distorcida” possam ser suspensas e encaminhadas no sentido de uma emancipação que corresponda á realidade. Isso significa que o professor deverá promover o “agir comunicativo” entre seus alunos, possibilitado pelo o uso da linguagem, para expressar entendimentos do mundo social, subjetivo e objetivo, da interação para que todos possam participar em todas as instâncias de decisão, na formulação de interesses e preferências, e agir de acordo com as situações e as condições do grupo em que está inserido e do trabalho no esforço de conhecer, desenvolver e apropiar-se de cultura.

A transformação do ensino dos esportes passa a ocorrer quando se torna possível

identificar antes de tudo o significado central do movimento proposto em cada

modalidade esportiva. Didático-teoricamente seria a substituição dos valores

relacionados ao nível físico e a técnica em busca da “perfeição pelo alcance de um

grau prazeroso de satisfação, com o sentido de que nessa atmosfera se efetive o

ensino dos esportes de forma atrativa. Importa que esta transformação aconteça nas

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22

duas formas de práticas esportivas, individuais e coletivas, estas práticas precisam

permitir a compreensão tanto por partes dos alunos como por parte dos professores,

as possibilidades de alterações no sentido do esporte.

Para isso, faz-se necessário a reflexão do trabalho pedagógico, isto seria uma

manipulação da realidade possibilitando experiências de transposições de limites na

simples, mas necessária exploração das possibilidades. Assim basicamente a

transformação didática do esporte na teoria Critico-Emancipatória teria suas bases

fundamentadas nas possibilidades reais da transcendência de limites. Segundo

(Kunz, 1991, p.175e176) denomina-se “transcendência de limites”, a situação em

que o aluno é confrontado com a realidade do ensino e seu conteúdo em especial, a

partir de graus de dificuldades.

É preciso atentar para que essa transposição de limites não seja novamente

confundida com o reducionismo da busca da performance. Na essência esta

transformação surge a partir da organização didático pedagógico do esporte que

permite com que este conteúdo seja vivenciado conscientemente, isto só acontece a

partir do sentimento do movimento experimentado pelo praticante, nisto torna-se

possível também nesta perspectiva a possibilidade do experimento de experiências

também proporcionadas pelos esportes institucionalizados, experiências como:

controle de movimento, condução, movimento complexos movimentos velozes.

Page 24: Geomário

23

4 ESPORTE: UM CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Entre os objetos de estudo da Educação Física, o esporte aparece como um dos

mais discutidos e tem levantado questões de conteúdos bastante interessantes em

todas as áreas em que está inserido, inclusive na escola. Assim, discussões sobre o

esporte ainda estão longe de ser esgotadas devido às implicações que surgem em

torno do conteúdo.

Então, para analisar os sentidos atribuídos ao conteúdo esporte na escola, é

necessário que, em primeira mão, se busque as características didáticas no seu

método tradicional4 de ensino. Segundo KUNZ (2001, p.63) “O conceito de esporte

que se vincula hoje à Educação Física é um conceito restrito, pois se refere apenas

ao esporte que tem como conteúdo o treino, a competição o atleta e o rendimento

esportivo”. Este, conceito é tomado de forma geral tanto na escola como fora dela o

que o torna “estrito”.

O ensino dos esportes nas escolas enfatiza o respeito incondicional e irrefletido às regras e dá a estas um caráter estático e inquestionável, o que não o leva a reflexão e ao questionamento, mas sim ao acomodamento (BRACHT, 1992, p. 59).

Para entendermos melhor como funciona o modelo de ensino e aprendizagem de

esportes no modelo tradicional apresento um exemplo de Planejamento de Ensino

Formal do esporte em uma perspectiva tecnicista, segundo Oliveira (2003, p.3)

4 Toda vez que for usada a expressão “método Tradicional” referido ao ensino do esporte ou da

Educação Física, estarei me referindo ao modelo que enfatiza á técnica, o rendimento e a execução dos movimentos ginásticos.

Page 25: Geomário

24

QUADRO I – PERIODIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO PARA OS JOGOS

DESPORTIVOS COLETIVOS NA ETAPA DE INICIAÇÃO, COM O BASQUETEBOL

IDADE

BIOLÓGICA

IDADE

ESCOLAR

FASES DO

DESENVOLVIMENTO

IDADE

CRON.

CATEGORIAS

PUBESCÊNCIA 7ª e 8ª

SÉRIES

INICIAÇÃO DESP III 13,14 Mirin e Infantil

1ª IDADE

PUBERAL

5ª e 6ª

SÉRIES

INICIAÇÃO DESP II 11,12 Pré-mini e

Mini

1ª E 2ª

INFÂNCIA

1ª, 2ª, 3ª e

INICIAÇÃO DESP I 7 A 10 ATV. REC

Fonte: OLIVEIRA, V; PAES, R.R O processo do desenvolvimento do talento, um estudo no basquetebol. In. Revista: Arq, cienc, saúde UNIPAR, 7(1); 63-67, jan/abr, 2003

Na descrição do quadro acima o autor começa enfatizando que o sucesso

desportivo dos alunos nas aulas de Educação Física vai depender do planejamento

qualificado das aulas desde a fase da iniciação pré desportiva e da interação

professor/técnico, aluno/atleta. Segundo Oliveira (2003), o sucesso desse processo

de ensino é de responsabilidade da Educação Física que tem função primordial,

nessa fase, de aumentar a quantidade das atividades, ampliarem a capacidade

motora das crianças, no sentido de facilitar o processo de ensino-aprendizagem nas

demais fases.

De qualquer modo, seja na escola ou no clube, a efetividade de preparação e da formação geral que constituirão a formação motora dos alunos no futuro só poderá se maximinizar na interação professor /técnico, escola, aluno/atleta e demais indivíduos que tem influência no desenvolvimento dos Jovens (OLIVEIRA, 2003, p. 3),

Diante destas características didáticas pedagógicas do esporte, pautadas no modelo

tradicional de otimização e de busca de resultados, a começar a partir da fase

infantil, é que se pergunta: é esse o conceito de Esporte que realmente influência e

norteia a Educação Física na escola?

Sem dúvida é notório que o esporte na escola também educa, mas é preciso

distinguir e separar a “educação do físico” da Educação Física. E este modelo de

ensino dos esportes acaba afastando para longe a oportunidade de uma análise

Page 26: Geomário

25

crítica de mundo e contextos sócios históricos e políticos aos quais todas as ações

humanas estão associadas.

Considerando as imbricações necessárias que surgem entre o ensino da Educação

Física Tradicional e a corrente que a conceitua como “cultura corporal do

movimento”, o mais interessante neste momento é o tratamento pedagógico

dispensado ao conteúdo esporte da escola pela a disciplina Educação Física.

As críticas em torno do conteúdo esporte seguem contornando duas correntes

críticas. Segundo Assis (2001), a primeira crítica é da hegemonia e exclusividade do

esporte nas aulas de Educação Física, de modo que não há espaços para outros

temas. A outra característica dimensional da critica diz respeito ao esporte na

escola, que acaba servindo de base para sustento do esporte como instituição.

Assim, os objetivos pedagógicos do esporte na escola são confundidos e

transformados em aspirações ao profissionalismo e a uma possível forma de

ascensão social do sujeito, impedindo que venha a ser repensado de forma que

forneça possibilidades de critica alcançando uma visão mais ampla de mundo.

4.1 PROPOSIÇÃO DE FAZER PEDAGÓGICO CRÍTICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Diante de tudo que já discutimos sobre os esportes até aqui, venho a lançar mão de

alguns autores e obras que apontam certas orientações teóricas que oferecem

possibilidades para a diferenciação do modelo de ensino do esporte tradicional.

A maneira que os alunos percebem e praticam esporte na escola é cercada de

influências que se firmaram no decorrer dos acontecimentos históricos. O desafio

que se forma para o melhor entendimento do objeto esporte traz o professor da

disciplina Educação Física para o centro das tensões lhe atribuindo o papel de

condutor no esclarecimento e ensino de possibilidades pedagógicas que venham a

orientar o ensino dos esportes para muito além da prática tecnicista e do respeito

irrestrito às regras do jogo (capitalista).

O conteúdo educacional da disciplina Educação Física sempre esteve moldado a

tendências idealizadoras que, segundo Assis (2001, p.14) foram as seguintes:

Page 27: Geomário

26

Médica (o corpo higiênico, eugênico) Militar (o corpo produtivo, dócil e disciplinado) e por último a instituição Esportiva (os corpos produtivos, esportivos competitivo, apolítico, acrítico alienado mercador, mercadoria e consumidor).

Com esses direcionamentos, o esporte passou a ser desenvolvido na escola de

modo reducionista. É essencialmente cabível que se trate do conteúdo esporte

dentro das aulas de educação física, mas este conteúdo precisa ser organizado e

tematizado pedagogicamente de forma que possam ser abordados assuntos que

envolvam discussões que ultrapassem as linhas que demarcam a quadra de jogo,

mas que não fujam do conteúdo proposto. Quando se fala em ultrapassar as linhas

da quadra, fala-se de discussões que perfazem temas que sejam próprios dos

esportes, mas que de alguma maneira acabam afetando ou ampliando a colocação

sócio-critica do sujeito.

É necessário que o conteúdo esporte participe das vidas dos sujeitos como uma

possibilidade ampla no contexto de sua formação. A diferenciação entre o ensino

técnico dos esportes e o planejamento pedagógico centrado nos objetivos

educacionais possibilitará ao educando, no caso da segunda opção, uma melhor

compreensão dos sentidos para o ensino e aprendizagem dos esportes na escola

(KUNZ, 2004).

Na perspectiva esportivista dentro da escola, índices próprios do tecnicismo invadem

o espaço pedagógico, dos quais são exemplos os Índices Estudantis para os Jogos

Escolares. Nessa lógica, a prática esportiva que não estiver de acordo com estes

números, dificilmente logrará o buscado apoio ou reconhecimento. Esta perspectiva

precisa ser sobrepujada. Então, faz-se necessário um planejamento educacional que

esclareça sobre os equívocos da busca do aperfeiçoamento da técnica para a

otimização dos resultados, pois essa obsessão pode levar o esportista a busca dos

chamados “meios auxiliares” e é por este viés que o esporte pode se tornar nocivo.

Dos meios auxiliares participa todo o suporte técnico, método de treinamento e

suplementação. Sobre isso Kunz (2001, p. 53) adverte:

Page 28: Geomário

27

O que acontece é que normalmente os “incentivadores” dos aspectos positivos deste esporte para crianças não analisam (por interesse, ou por incompetência mesmo) os determinantes sócio-políticos e econômicos que levam a treinadores e especialistas do esporte (por exemplo, a medicina esportiva, como aspecto a seguir com o problema do doping) desenvolver o esporte infantil em níveis cada vez mais altos, mesmo em detrimento da própria saúde da criança.

No entanto, a intervenção pedagógica do docente pode oferecer subsídios para

promover aos alunos a autonomia para a formação dos sentidos relacionados aos

esportes.

Segundo Pires e Neves (2005), foi com o professor Valter Bracht, a partir da década

de 1980, que começou a sistematização do debate que era central na Educação

Física brasileira: O Esporte como conteúdo hegemônico no formato que vinha sendo

apresentado, direcionava o participante das aulas de Educação Física a respeitar as

regras do jogo capitalista, ao invés daquilo que se afirmava até aquele momento: o

respeito às regras do jogo no esporte condicionava ao respeito das regras da

sociedade.

De acordo com Pires e Neves (2005), foi Bracht (1992) que propôs uma dicotomia e

diferenciação entre “esporte da escola” e o “esporte na escola”, alertando para uma

necessidade de reconstrução do ensino do esporte.

Ainda de acordo com Pires e Neves (2005), com a tradução da obra do professor

alemão Hildebrandt e Laging (1986), foi proposta uma nova concepção de ensino

aberto da Educação Física escolar que incluía exemplos de aulas com esporte

coletivo e individuais.

Partindo destas bases, Pires e Neves (2005) consideram, dentre outras publicações,

três principais reflexões de propostas em pensar o esporte de forma didaticamente

modificado para as aulas de Educação Física: 1) na concepção critico-emancipatória

de Kunz (1994) propõe a transformação didático-pedagógica do esporte; 2) Vago

(1996) visiona a produção de uma cultura escolar de esporte, em permanente

tensão com a cultura esportiva presente na sociedade; 3) apresentando a realidade

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28

de uma reinvenção do esporte para a escola, Assis (2001) faz certa confluência da

proposta da transformação didática do esporte, com o resultado das tensões entre

as culturas do esporte na escola e na sociedade e aproxima a concepção critico-

superadora da obra de Soares et.al. (1992). Assim, respeitando as especificidades

de cada proposta, está constituída a base da proposta de reinvenção do esporte

escolar.

Segundo Pires e Neves (2005), com relação ao esporte e a formação do docente no

âmbito da Educação Física, o primeiro autor a tomar um caminho contrário da

análise transferindo o foco da discência para a formação docente foi o professor Lino

Castellani (1998) em seu artigo “Educação Física escolar: Temos o que ensinar? Ou

considerações acerca do conhecimento (re) conhecido pela Educação Física

escolar”.

Por último, Pires e Neves (2005) enfatiza que Jocimar Daólio explora a condição do

fenômeno sociocultural esporte, entendendo que seus sentidos são resultado de

confrontos e convergências entre diferentes grupos sociais. Esse autor denuncia a

estrutura dos currículos dos cursos de Educação Física que colocam os esportes

como disciplinas em modalidades esportivas isoladas, que muitas vezes resumem-

se às práticas esportivas tecnicistas.

Desse modo, “Introdutoriamente, Daólio propõe três mudanças na estrutura

curricular e nas competências profissionais objetivadas nos cursos de formação de

professores de Educação Física” (PIRES; NEVES, 2005, p. 59).

São elas: “Treino no olhar”, que seria a capacidade de olhar o fenômeno sócio

cultural do esporte e demais conhecimentos da área, com capacidade de perceber

suas semelhanças e diferenças, sendo que o exercício dessas competências vai

depender das possibilidades dos enfoques multidisciplinares das diversas naturezas;

a segunda mudança para Daolio seria a produção de uma “pedagogia dos esportes”

onde seja tratado o ensino dos esportes e não das modalidades esportivas; por

último, é proposto pelo professor a ampliação e reorganização das disciplinas nos

currículos de Educação Física, nessa proposta não se nega a relevância do saber

fazer, pois faz parte do conjunto de possibilidades de formação cultural, que podem

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29

ser tematizadas de forma que ofereça oportunidade de criticidade à cultura do

esporte como se apresenta.

Page 31: Geomário

30

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste capítulo, apresentarei os dados coletados nas entrevistas realizadas na

Escola de Organização Militar / Alagoinhas (EOMA) com professores de Educação

Física e alunos. Antes disto, contextualizo o espaço e os sujeitos pesquisados.

5.1 A ESCOLA PESQUISADA

A escola pesquisada não teve seu nome divulgado devido a questões éticas que

envolvem o fazer científico.

Esta escola pesquisada foi reinaugurada no ano de 2006. Digo reinaugurada porque

funcionava anteriormente como uma escola publica municipal com ensino

direcionado ao nível fundamental.

Originária de um convênio firmado entre o governo do Estado da Bahia através da

Secretaria de Educação e uma instituição militar, tendo esta parceria o objetivo

central de oferecer um ensino de qualidade para filhos de militares e parentes de

funcionários públicos do município.

Para o ingresso do restante da população na instituição é necessária a submissão a

um processo seletivo e os candidatos não necessariamente precisam ser filhos e

parentes de funcionários públicos. O principal objetivo de preparação desta escola é

aprovação dos alunos no processo vestibular ou o ingresso dos mesmos na

academia da instituição militar de parceria.

Sobre isso, Castro (2008, p.113) declara: “O dilema mais grave do Ensino Médio

está em tentar preparar a metade dos alunos para o trabalho e a outra metade para

o nível superior.” Segundo Lopes (2002), no entanto, permanece a idéia de que a

educação deve se vincular ao mundo produtivo e formar para a inserção social

eficiente nesse mundo, sem questionamento do projeto de construção desse mundo.

Estão inseridas na grade curricular da instituição no terceiro ano do Ensino Médio

disciplinas distintas à da grade convencional, como Noções de Direito. Em relação

Page 32: Geomário

31

ao quadro de docentes, esta instituição tem parte por professores da Secretaria

Estadual de Educação e outra metade por professores militares da instituição de

parceria, com formação em diferentes áreas.

5.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

As aulas de Educação Física da instituição pesquisada são ministradas por

professores militares, que se submetem há um curso técnico em Educação Física

ministrado pela instituição parceria. No entanto, as maiorias dos professores fizeram

ou fazem cursos de Licenciatura em Educação Física, em universidades públicas e

privadas.

O programa da disciplina Educação Física é organizado de forma que atenda a

preparação dos alunos do ensino médio para o TAF (Teste de Aptidão Física),

realizado na transição entre as séries. O bom aproveitamento no TAF é um pré

requisito para a graduação5 entre os alunos.

A realização das aulas de Educação Física na instituição acontece no turno oposto

às demais disciplinas. Isto acarreta o surgimento de uma série de contratempos que

favorecem a evasão nas aulas. Assim, são criados meios para que os alunos

impossibilitados de cumprirem o programa da disciplina não sejam prejudicados na

avaliação processual, que vão desde a liberação das aulas frente a atestados

médicos, comprovação de ser um atleta federado, matrícula em academias ou aulas

de qualquer outra prática corporal.

Outra estratégia para diminuir essa evasão é que as aulas de Educação Física não

são ministradas por turmas, mas por modalidades esportivas e dividido por sexo

(masculino e feminino), onde os alunos que se identificam com determinada

modalidade possam fazer a escolha para a participação nas aulas. Esse modelo de

aula já se torna uma forma de preparação para os jogos entre os Colégios de origem

militar e Jogos Estudantis.

5 Quando se fala em graduação, está em jogo uma organização hierárquica entre os alunos, de modo que uns

devem obediência a outros. As melhores notas e o TAF lhes darão essa condição, uma espécie de monitoria.

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32

Os temas transversais como sexualidade, discussões sobre drogas, violência, entre

outras, são inseridos no programa da disciplina, somente no terceiro ano do Ensino

Médio. A forma de avaliação da instituição esta vincula à freqüência e à participação

dos alunos nas aulas ministradas.

Observa-se que as perspectivas de Educação Física que aparecem na escola

transitam entre o militarismo e o esportivismo, na perspectiva que foi discutida no

referencial teórico deste estudo. Ou seja, tem-se a perspectiva da formação do atleta

e da perspectiva da habilidade técnica.

5.3 A ENTREVISTA COM OS ALUNOS

Como foi dito no capítulo em que apresentei a metodologia da pesquisa em questão,

foi realizada a Análise de Conteúdo como técnica de análise de dados. No que se

refere à entrevista com os alunos, organizei os dados a partir de três categorias, que

foram definidas a partir da leitura da transcrição das entrevistas, a partir da

freqüência das respostas semelhantes e dos objetivos deste trabalho. As categorias

foram: onde conheceu a modalidade que pratica; concepção de esporte; como avalia

o esporte na escola.

Para o desenvolvimento desta pesquisa se fez necessário a aplicação de uma

entrevista com as partes envolvidas no processo, e na fase em que se encontra a

discussão faz-se necessário que estejamos situados, novamente voltando à atenção

para o objetivo especifico da mesma que é o de identificar os sentidos que os alunos

do ensino médio de uma escola pública estadual atribuem ao esporte.

As entrevistas foram aplicadas no dia 20 de julho do ano de 2009. O horário e o dia

escolhido foram estratégicos, pois além de ser um dos dias em que acontecem aulas

de Educação Física nesta escola, o horário coincidia com um dos horários das aulas

de Educação Física, o que facilitava o contato com os alunos. Participaram das

entrevistas os estudantes que se dispuseram voluntariamente para tal. Os nomes

apresentados para os sujeitos da pesquisa são fictícios.

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33

Os dados encontrados estão apresentados no quadro seguinte.

QUADRO II - Análise de Conteúdo da Entrevista com os alunos do Ensino Médio

CATEGORIAS OCORRÊNCIAS FREQUENCIA

TV

3

Jogar na rua, na comunidade

4

Onde conheceu a modalidade

que pratica

Conheceu na escola 3

Praticar exercícios

2

Lazer

2

Diversão

2

Concepção de esporte

Treinamento 1

O ensino deve ser passo a

passo em relação a posições

e formas de deslocamento

1

Não deve se destacar quem

sabe mais

1

Como avalia o esporte na

escola

Não deveria ser só prática 1

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34

Deveria ser mais recreativa 1

A primeira aluna a ser entrevistada fora Maria, aluna do 3º ano do Ensino Médio. Ela

tinha vindo para aula de Educação Física, que não acontecera por falta de quórum

para a prática esportiva do handebol feminino. A concepção que Maria declarou

fazer do esporte fora igual à de uma terça parte dos entrevistados, os quais

entendem o esporte como “pratica de exercícios físicos.”

Comparando este sentido atribuído pelos alunos ao esporte com a finalidade da

Educação Física Escolar e do esporte enquanto conteúdo desta disciplina, pode-se

afirmar que a construção histórica do esporte hegemônico está bem presente na

idéia que alguns alunos fazem do esporte na escola. Então, esta concepção de

esporte é a mesma tanto na escola como fora dela, passando assim a ser de certa

forma aceita e considerada comum entre os escolares.

Recordando as idéias de Assis (2001), vê-se que o modelo de Educação Física e

esporte Escolar estão direcionados a fomentar o sistema capitalista vigente e que os

alunos se apropriaram dessa concepção sem ter a chance de compreendê-la e

criticá-la. Ou seja, o modelo de construção de esporte hegemônico esta enraizado

na Educação física Escolar de maneira a dificultar que novas possibilidades

aconteçam dentro destes espaços.

No prosseguir das entrevistas deparei-me com uma declaração curiosa, cuja fala

esteve ligada a concepção de esporte compreendida por outra terça parte dos

alunos entrevistados, O aluno Joaquim do I ano do Ensino Médio declarou que ver o

esporte por dois ângulos, para ele o esporte lhe remete a um momento de relação

de lazer, porém para este mesmo aluno o esporte também é caracterizado como

dever, devido o compromisso que o mesmo tem com o treinamento, pois este aluno

faz parte da equipe de futsal da escola.

Na analise desta fala fica caracterizado que dentro do conteúdo esporte entre os

escolares, é possível que o objeto seja compreendido de maneira diferenciada pelo

Page 36: Geomário

35

mesmo sujeito, isso pode acontecer aparentemente por uma série de motivos, dos

quais destaco dois:

Um motivo seria o modelo da aula, entendendo que enquanto treinamento, o esporte

traz um contexto tecnicista onde o objetivo da aula é o aperfeiçoamento da técnica e

do rendimento.

“Contudo, a idéia de esporte relacionada a diversão que esse aluno enfatiza pode

estar ligada ao momento em que ele participa da aula sem o compromisso de

acertar, e o jogo flui de maneira que jogam todos, os “habilidosos” os “ limitados”

enfim. È nesse momento que acontece a interação, o momento em que a Educação

Física e o esporte são apresentados para todos.

O pensamento de Kunz (2001, p.125) se encaixa quando enfatiza o que faz o

educando crescer nas interações sociais e no desenvolvimento enquanto sujeito nas

aulas, são as encenações que envolvem o jogo, o esporte e o movimento. O

objetivo das aulas com essas perspectivas é modificado, pois há uma espécie de

substituição da busca no alcance da técnica para a /busca do nível de prazer e da

satisfação.

Finalizando a analise no quesito categoria descrevo uma concepção de esporte

entendida por outra percentagem de alunos. Dentro desta percentagem o

entendimento de esporte é remetido para o campo do lazer.

Ainda que as concepções lazer e diversão se assemelhem é possível detectar uma

diferença entre ambas, quando estas passam a ter uma finalidade pedagógica.

Segundo (MARCELINO, 1996) o lazer é o principal diferenciador de tempo livre e do

tempo de trabalho, nas sociedades capitalistas diferenciar o tempo de trabalho do

tempo livre é imprescindível, pois a produção é estipulada pelas horas de trabalho

que funciona como padronizador do tempo.

Partindo deste esclarecimento, e recordando o sentido de esporte relacionado ao

lazer, entendido por certa percentagem de alunos nas aulas de educação física,

talvez esse entendimento se dê pelo fato do aluno verificar que o momento da

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36

prática do esporte o separa de todo o contexto de obrigação (rendimento) e

(produção) que permeia todas as outras atividades escolares do dia a dia.

Daí a importância de que nas aulas de Educação Física o esporte seja apresentado

de maneira que possa mostrar outra face, aquela que no mínimo ofereça outro

ângulo de visão do conteúdo, e consiga contrapor-se ao modelo hegemônico do

recorde e do rendimento.

Para entender outra categoria da pesquisa que é como se deu o conhecimento da

modalidade, começo com análise do conhecimento do esporte na rua (comunidade),

já que a comunidade alcançou 40% das indicações.

Analisando o fato e considerando o contexto social na vivência dos entrevistados,

talvez se alcance essa percentagem elevada de alunos que conheceram o esporte

na rua ou na comunidade, pelo fato de que no interior as relações sociais ainda

sejam, mas facilitadas por não contar com fatores como índice elevado de violência

urbana, e as interações sociais estarem mais aproximadas por facilidades como

deslocamento, proximidade enfim, o brincar na rua ainda está presente.

Desta maneira é que passamos a entender quando Kunz (2001) apoiado das idéias

de Habermas (1981) ajuda-nos a refletir e a aprender a diferenciar o esporte como

instituição e como “mundo vivido”, observando a importância das relações sociais

critica, este mundo vivido é o mundo comum ao alcance de todos, o qual é

conhecido sem que seja muitas vezes problematizado, mas, no entanto servirá como

pano de fundo para o desenvolver da vida social do sujeito.

Prosseguindo com a entrevista e ainda se tratando da categoria conhecimento das

modalidades tentarei analisar simultaneamente as duas ocorrências restantes, TV e

escola, estas duas possibilidades de conhecimento do esporte perfizeram 60% das

ocorrências.

Fazendo uso da fala de um aluno do I ano do Ensino Médio que declarou: “Conheci

a modalidade na TV, comecei a fazer na academia, e pratico na escola. Apesar de

nem todos os alunos que conheceram suas modalidades preferidas na TV

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37

praticarem na escola, me aproprio desta situação para apresentar um diferencial a

favor da escola.

Embora a TV e a mídia participem significantemente neste processo de

conhecimento, não será na TV que se dará a experiência concreta, e este processo

acontece do seguinte modo a TV apresenta o produto esporte mais os meios para o

alcance da prática será de responsabilidade do “cliente”. Nisto se esse simpatizante

não possuir meios de socialização do esporte como escola e comunidade, terá que

praticá-lo na particularidade, e na maioria das vezes será mais um dos fomentadores

do sistema capitalista organizado do esporte.

Certamente o esporte apresentado para esse “cliente” estará dentro dos moldes que

priorizam o rendimento a técnica e o consumo, um pacote de tendências com fins

capitalistas que Betti (1998) chamou de esporte espetáculo.

Diferentemente, o conhecimento do esporte através da escola pode possibilitar ao

sujeito também a prática-lo na própria escola, e ainda com o diferencial de que

assumindo o seu papel, a escola exerce a função de direcionar o aluno para uma

visão ampla do esporte.

Segundo Kunz (2001) esse esporte precisa ser trabalhado dentro de uma didática

pedagogicamente transformada no sentido de direcionar o aluno para o alcance de

um senso critico que consiga visionar a função histórico-social do esporte, fazendo

com que este entenda a importância da sua participação nesse processo.

Por último tentaremos explicar a avaliação que os alunos fazem do esporte na

escola nas aulas de Educação Física.

Este quesito apresentou considerações bastante diversificadas, o que de certa forma

dificulta a análise, por outro lado esta Eclésia afirma mas uma vez uma certa

confusão acerca do papel do esporte na escola.

Destaco a esta altura da entrevista três falas para fazer minhas considerações:

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38

“Não deveria se destacar quem sabe mais”. Lídice I ano do Ensino Médio. “A aula deveria ter um momento recreativo”. Jutersson III ano do Ensino Médio. “Não evoluir, acho que o ensino deveria ser passo a passo”. Mirna III ano do Ensino Médio.

Quando a aluna declara que não deveria destacar-se quem sabe mais, de certa

forma visiona uma possível exclusão ou um trato menos interessado no que diz

respeito àqueles que não se destacam isso é comum que ocorra a partir do

momento em que se busca a perfeita execução da técnica e do movimento.

Além disso, uma aula pautada nesse sentido vai de encontro ao que os próprios

teóricos tradicionais pregam no esporte moderno, onde se dissemina a idéia de que

todos são iguais nos esportes, declarando que no esporte são oferecidas aos

sujeitos praticantes chances igualitárias, sobre isto Bracht (2003) denuncia como

sendo uma falsa interpretação, já que esta igualdade vai depender do nível de

aplicação do sujeito em relação ao aperfeiçoamento da técnica.

O aluno Jutersson do III ano declara que a aula deveria ter um momento recreativo.

Partindo das considerações deste aluno dar-se a impressão de que o esporte

experimentado por ele não apresenta nenhum momento que venha a lhe oferecer

estas características, para que este modelo de esporte assuma outras

características, mas atraentes faz-se necessário que se substitua a busca do

preenchimento das insuficiências técnicas e físicas originárias do treinamento pela

concretização de um sentimento de prazer e satisfação.

Para Kunz (2001) esta transformação didático-pedagógica do esporte deve ocorrer

observando a finalidade das aulas de Educação Física que é ensinar o conteúdo

esporte e não treinar o aluno para a pratica da modalidade esportiva.

Apropriando da fala da aluna Mirna III ano do Ensino médio, entendo que essa aluna

requer um modelo de esporte ainda, mas tecnicista do que aquele que já lhe é

oferecido, na visão desta, o motivo de não ter conseguido uma “evolução” é

remetido ao fato de o professor não ter ensinado o esporte passo a passo.

Page 40: Geomário

39

Esta idéia de esporte já está impregnada entre os alunos, de forma que só se

enxerga um modelo de ensino e aprendizagem dos esportes, o ensino tecnicista, o

sistema hegemônico mantém encoberto todas as outras formas que questione essa

hegemonia. Bracht (2001) baseado na tese da coisificação ou da alienação observa

a idéia de que as pessoas seguem as tendências das construções históricas e não

são aquilo que suas possibilidades naturais lhes proporcionam. Sobre isso entendo

que posso relacionar a escolha das modalidades, quesito que só um aluno declarou

não praticar o que gosta. “Gosto de capoeira mais pratico Handebol”.

O que me remete à dúvida é o fato de todos praticarem o que gosta se a escola

oferece um repertório de modalidades tão curto, observo que há um direcionamento

prévio da escola para que se pratique o que convém ao sistema, fato que é

observável nos espaços físicos estruturados para o esporte na escola.

5.4 ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES

As entrevistas com os professores aconteceram logo após as entrevistas com os

alunos e na mesma data. Trata-se de dois professores de Educação Física que

ministram aulas para o ensino fundamental e médio dessa escola. Todo processo

pré-entrevista já fora descrito quando na explicação da entrevista com os alunos,

inclusive a utilização de nomes fictícios para a preservação das identidades.

No quadro abaixo estão representas as categorias para análise.

QUADRO III – Análise de conteúdo das entrevistas com os professores de

Educação Física no Ensino Médio

CATEGORIAS OCORRÊNCIAS FREQUENCIA

Atendimento do projeto de

Ensino e Aprendizagem

Não teve acesso

2

Page 41: Geomário

40

Ensino Teórico 1

Ensino Técnico

1

Preparar para competir 1

Despertar interesse pela

modalidade

1

Objetivos pretendidos com

o ensino dos esportes

Trazer o conhecimento da

modalidade

1

Significar enquanto

construção humana

1

Formação Moral 1

Conteúdos para serem

explorados

Desenvolver auto-estima 1

Nível Médio 1

Formação Acadêmica

Nível superior 1

Começo esta análise seguindo a disposição do quadro e pela categoria acesso ao

projeto de ensino e aprendizagem da escola. Nenhum dos professores da escola

teve acesso ao Projeto de Ensino e Aprendizagem, um dos professores alegou o

seu ingresso na instituição com o ano letivo em andamento, e relata que procura

planejar as suas aulas de acordo com os objetivos dos planos que já vinham sendo

desenvolvidos pelo professor substituído.

Page 42: Geomário

41

Outro professor também declarou ter ingressado na Instituição com o ano letivo em

andamento, mas que segue orientações da direção do colégio.

Apesar de não ser o nosso objetivo aqui nesta pesquisa discutir projeto de Ensino e

aprendizagem,currículos e PCN, faz-se necessário uma breve reflexão sobre estas

questões para que possamos avançar na análise deste quesito.

Baseado nas duas respostas dos professores verificamos o papel da Educação

Física enquanto disciplina participante dos currículos escolares e colaboradora do

processo de formação do sujeito com o seguinte objetivo: “Favorecer a amplitude de

repertórios e os procedimentos para resolução de problemas fazendo uso de

variedades nas formas de organização das atividades”( BRASIL, p.21).

Diante disso é impossível que se alcance os objetivos desejados sem que exista um

projeto de ensino e aprendizagem organizado dentro das articulações

interdisciplinares, isso seria o que os PCN chamam de amplitude de repertório.

Assim fica improvável que aconteça um alcance de objetivos sem que fique claro

para os professores das diversas disciplinas da instituição escolar, os objetivos

pretendidos.

Segundo Vasconcellos (2005) O Projeto de Ensino e Aprendizagem nada, mas é

que a organização de questões básicas que vai definir o campo de atuação do

professor, deixando-o a par do papel da escola e do entendimento do conceito de

educação escolar, e necessário que o educador busque estes esclarecimentos a fim

de obter critérios para o planejamento de suas aulas.

Prosseguindo com a análise de dados deparamos com a seguinte categoria:

objetivos pretendidos com o ensino dos esportes. A intenção de ter discutido ainda

que sucintamente, projeto de ensino e aprendizagem, currículo e PCN na categoria

anterior, foi intencionada com a finalidade de chegar a esta altura com subsídios

adquiridos para explicar a questão presente.

Diante deste desconhecimento de planejamento é natural que as ocorrências da

categoria objetivas pretendidos estejam tão diversificadas. O fato é que existe uma

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notória desorganização objetiva o que demonstra um equivoco que dificulta até a

distinção das categorias, os professores encontram dificuldades em separar os

objetivos pretendidos dos conteúdos a serem explorados.

Segundo Coletivo de Autores (1992) para se desenvolver um programa de

Educação Física é necessário uma seleção envolvendo o problema e conteúdos

metodológicos básicos, pois quando se conhece os métodos torna-se mais fácil a

aplicação prática e a base teórica que se pretende aplicar fica mais evidente.

Analisando os conteúdos a serem explorados destaco um dos professores que

declara: “Nas suas aulas de Educação Física trabalha conteúdos do esporte que

visa a formação moral do aluno, desenvolva a auto-estima, emfim direciona a uma

forma de aprendizagem extra-tatame.”

Apesar de este professor estar na instituição para trabalhar a Educação Física de

maneira ampla e ensinar outras modalidades, deixou claro que os conteúdos

relacionados ao esporte que este explora, está diretamente ligado a modalidade que

tem mais afinidade na condição professor de jiu-jítsu.

No que se refere á situação acima apresento duas propostas de Daólio (1998) para

fins de desenvolvimento de competências profissionais, é necessário que os

professores se condicionem para um olhar ampliado sobre os esportes.

Uma seria o chamado “treino no olhar” capacidade não só de enxergar os esportes,

mas todo o fenômeno sócio cultural que cerca o conteúdo. Em segunda instância é

preciso tratar o ensino do esporte como conteúdo geral tendo as modalidades um

papel complementador, e não a prática do ensino da modalidade distante do

contexto global da aprendizagem, causando a fragmentação do ensino do conteúdo

esporte.

Para tanto se faz necessário um planejamento especificado, priorizando conteúdos e

objetivos. Pires e Neves (2005).

Considerar quanto a formação foi uma das categorias em análise e torna-se notório

que há um diferencial, ainda que seja simplesmente teórico.

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A mesma pergunta concernente aos conteúdos a serem explorados, fora feita a um

professor graduado para licenciar Educação Física. A sua resposta foi a seguinte:

“Um dos conteúdos a serem explorados está na significação do esporte enquanto

construção humana.”

Fazendo uma comparação entre a resposta dos dois professores para o mesmo

quesito, é notório que o segundo tenha um entendimento mais definido entre

exploração de conteúdo e objetivo, mas ainda que o professor licenciado entenda

em tese os papéis será difícil atingir os objetivos se não tiver uma proposta

determinada, pautada em um planejamento advindo do projeto de ensino e

aprendizagem da escola. Segundo Soares et.al. (1992) este planejamento deve

selecionar e organizar conteúdos de maneira que sistematize uma concepção

científica de mundo, despertando o sujeito para o conhecimento da sociedade.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta deste trabalho foi a de identificar os sentidos atribuídos à prática das

modalidades esportivas no EOMA, sendo que os dados encontrados foram

coletados por meio de entrevista e analisados a partir da técnica de análise de

conteúdo.

A aproximação dos objetivos específicos pretendidos se deu através da concepção

de esporte na escola no entendimento dos professores de Educação Física e alunos

do Ensino Médio. Para os objetivos específicos pretendidos na elucidação do

problema foi necessária uma compreensão da estruturação histórica do esporte

moderno enquanto formação sócio cultural.

Foi a partir da Civilização Industrial que o conteúdo esporte passou a dispensar uma

maior notoriedade e significação. Neste momento, aliaram-se ao esporte as

características que firmaram o modelo de produção industrial pautados na produção

em escala, rendimento e aperfeiçoamento, aos quais se juntam outras

características que estruturam o esporte moderno, que são a técnica e a

espetacularização.

Outro dos objetivos específicos foi compreender os fatores que influenciam os

alunos no Ensino Médio da EOMA a escolherem determinadas modalidades

esportivas para praticar no ambiente escolar. Nesse aspecto, as atividades

realizadas em comunidade mostraram ter uma colaboração decisiva na escolha das

modalidades esportivas, pelo fato de a maioria dos entrevistados declararem que

conheceram o esporte de sua preferência na rua.

Entendo que isso aconteça visto que se tratando de uma cidade de interior, de

pequeno porte, ainda é comum brincar na rua com amigos. Depois da comunidade,

a TV e a escola apareceram como a segunda forma de conhecimento das

modalidades esportivas.

É importante destacar que, no começo da produção da pesquisa, havia uma idéia de

que a mídia seria o principal elemento de socialização com o esporte. Todavia, o

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aparecimento da comunidade traz um aspecto positivo: Alagoinhas ainda é uma

cidade que permite interações entre crianças em espaços fora da escola e que não

limita as práticas corporais em momentos de lazer por falta de espaço ou segurança.

Quanto às concepções de esporte presentes e a organização pedagógica do esporte

escolar na instituição pesquisada, foi encontrada certa confluência no que diz

respeito ao entendimento de esporte, onde se dividem percepções que entendem o

esporte como prática de exercícios, lazer e diversão, ficando o treinamento menos

perceptível.

Nisto é observado uma discrepância no que diz respeito aos objetivos pedagógicos

que os professores pretendem atingir com o ensino dos esportes e aquilo que os

alunos percebem, pois segundo a pesquisa os professores entrevistados também

apresentam uma diversidade de objetivos a serem atingidos que vão desde preparar

para competições escolares até o despertar o interesse dos alunos pela modalidade

oferecida.

Contudo, o objetivo geral desta pesquisa foi identificar os sentidos atribuídos á

prática de modalidades esportivas no EOMA. No entendimento dos alunos, o

esporte apresentou um sentido de movimentação do corpo (exercícios) ou uma

forma de diversão ou lazer. Para os professores, o esporte possui sentidos

diferentes, como aperfeiçoamento teórico e técnico para competição e participa da

formação do caráter do sujeito.

Observa-se a necessidade de o professor diferenciar o esporte de rendimento, do

lazer e da escola que não permita a redução do conteúdo esporte à mera busca da

técnica e da execução perfeita do movimento.

Entendo que as aulas de Educação Física devem ser assistidas de uma orientação

pedagógica, objetivada de tal forma que possibilite aos alunos compreenderem e

transformar o conteúdo esporte, de modo a construir novos sentidos, que ainda não

são atribuídos e aceitos com naturalidade no ambiente escolar.

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E ainda, entendo que existe espaço para uma dialética entre teoria e prática, no que

se refere à necessidade de os professores embasarem criticamente seu fazer para

conseguirmos situar o esporte na realidade histórico social, sem a maquiagem que o

espetáculo lhe atribui e sem os reducionismos tecnicistas.

Considero que esta pesquisa apresenta limitações derivadas das dificuldades

advindas do recolhimento de dados entre alunos e professores, como por exemplo,

um numero limitado de professores de educação física na instituição pesquisada e

de alunos pesquisados.

Diante do exposto, sugiro uma continuação desse estudo com um número maior de

sujeitos, mas também a realização de outras pesquisas acerca do esporte escolar

que envolvam o contato e o diálogo dos professores pesquisadores e dos

professores que ministram aulas na escola, para que no próprio transcorrer das

observações, faça-se a transformação do trato com o esporte e construam-se novos

sentidos para ele.

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47

7 REFERÊNCIAS

ASSIS, Sávio oliveira de. A reinvenção do esporte: possibilidades da prática pedagógica. Campinas: Autores Associados, 2001. BETTI, Mauro. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas: Papirus, 1998. BORGES, Cecília Maria Ferreira. O professor de educação física e a construção do saber. Campinas: Papirus, 1998. BRACHT, Valter. Sociologia critica do esporte: uma introdução. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2003. BRACHT, Valter. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magistér, 1992. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 2002. CASTELLANI, Filho, Lino. Prática educacional e Educação Física. Campinas: Autores Associados, 1998. CASTRO, Cláudio de Moura. O ensino médio: órfão de idéias, herdeiro de equívocos. Aval. Pol. Publ. Educ, v. 16, n. 58, jan./mar., 2008. KUNZ, Elenor. Educação Física: ensino & mudanças. Ijuí: Ed. Unijuí, 1991. KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. 4. ed. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2001. LOPES, Alice Cassimiro. Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a submissão do mundo produtivo. Educação e Sociedade, v. 23, n. 80, setembro/2002, MARCELINO, Nelson C. Estudos do Lazer: Uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996. MATTOS, Mauro Gomes de; ROSSETO JR, Adriano José; BLECHER, Shelly. Teoria e Prática da Metodologia da pesquisa em Educação Física. S. Paulo: Phorte 2004. OLIVEIRA, V.; PAES, R.R. O processo do desenvolvimento do talento, um estudo no basquetebol. Revista: Arq. Cienc. Saúde, v. 1, n. 7, jan/abr, 2003. PIRES, Giovane de Lorenzi; NEVES, Anabel das. Org. Elenor Kunz O trato com o conhecimento esporte na formação em Educação Física: Possibilidades para a sua formação didático-metodológica. Didática da Educação Física 3. 3. Ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005.

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48

SILVA, K. Vi, ; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. 2. ed, São Paulo: Contexto, 2006 SOARES, Carmen Lúcia. et. al. Metodologia do Ensino da Educação Física / coletivo de autores. – São Paulo: Cortez, 1992. SOUZA, A. M. A ciência e a técnica nas sociedades industriais modernas: Uma reflexão sobre a Educação Física. Revista brasileira de ciências do esporte, v.14, n.3, março, 1993. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: do projeto político pedagógico ao projeto de ensino e aprendizagem. São Paulo: Libertad, 2005 TERRA, Vinicius. PIZZANI, Rafael Stein Benarcci Silva. Esporte moderno e educação burguesa: Imagens do caráter esportivo do filme carruagens de fogo. Revista de História do esporte vol. 2 nº 1, junho /2009. SOARES, Carmen Lúcia. et. al. Metodologia do Ensino da Educação Física / coletivo de autores. – São Paulo: Cortez, 1992. TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2007.

.

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49

.

APÊNDICE – A

ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES (PERGUNTAS)

1] Suas aulas de Educação Física estão planejadas de forma a atender o projeto de

ensino e aprendizagem da instituição?

2] Quais os objetivos que você pretende atingir quando trata do processo de ensino

e aprendizagem com os esportes nas aula de Educação Física?

3] Você acha que o conteúdo esporte possui subsídios para serem explorados

além da simples prática, e da ênfase na execução correta da técnica e do

cumprimento das regras? Quais?

4] Qual a sua formação?

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APÊNDICE – B

ENTREVISTAS COM OS ALUNOS (PERGUNTAS)

1] O que é esporte para você?

2] A maneira como o esporte é trabalhado na escola contempla suas expectativas?

3] O que você mudaria no modo de ensinar esportes nas aulas de educação física?

4] Quais as modalidades esportivas que você mais gosta de praticar? Onde

conheceu?

5] A modalidade que você pratica na escola é a que você mais gosta?

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ANEXO – A

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Geomário da silva, estudante do curso de Licenciatura em Educação Física da

Universidade do Estado da Bahia, estou construindo minha monografia de conclusão

de curso. O meu estudo será sobre os sentidos dos esportes nas aulas de Educação

Física da Escola de Organização Militar de Alagoinhas – Ba. Comprometo-me com o

sigilo em relação ao nome do sujeito e da instituição.

( ) Aceito participar da pesquisa

( ) Não aceito participar da pesquisa

Assinatura do Responsável pela Instituição

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ANEXO – B

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM ESDUCAÇÃO FÍSICA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E SCLARECIDO (SUJEITOS)

Eu, Geomário da Silva, enquanto estudante do curso de Licenciatura em Educação

Física da UNEB – Campus II preciso realizar uma pesquisa monográfica para a

conclusão deste curso. O meu estudo será sobre os sentidos dos esportes para os

alunos do ensino médio nas aulas de Educação Física. Pretendo realizar entrevistas

com alunos e professores de Educação Física desta instituição. Para tanto preciso

de sua autorização.

Assinatura do participante da pesquisa (entrevistado)