geografia - pré-vestibular impacto - industrialização brasileira iii

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MA060508 Industrialização Brasileira FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! PROFº: Marcondes Fale conosco www.portalimpacto.com.br VESTIBULAR – 2009 CONTEÚDO A Certeza de Vencer 08 3 O papel da industrialização na reestruturação do espaço geográfico brasileiro e na configuração de uma nova regionalização Com o processo de industrialização do Brasil e sua concentração geográfica no Centro-Sul, especialmente em São Paulo, surgiu uma nova forma de organização do espaço. A partir do momento em que a indústria se converte no setor-chave da economia do país, fato esse que só ocorreu em meados do século XX, o espaço geográfico brasileiro torna-se cada vez mais integrado, com uma maior interdependência entre toda as suas áreas. No período pré-industrial o território nacional, do ponto de vista da organização espacial, se apresenta essencialmente desarticulado, pois, como demonstramos em aulas anteriores, caracterizava uma “economia em arquipélagos”. Não existia, de fato, uma divisão regional do trabalho (D.R.T.) em dimensão nacional. As diversas regiões se ligavam diretamente ao centro do capitalismo mundial. Tinham em comum a valorização do setor externo, realizando um “crescimento para fora”. As próprias redes de transporte (espaço da circulação) que existiam serviam principalmente para ligar essas áreas ao litoral, aos portos de exportação, mas não para fazer a integração dessas diversas áreas, a exemplo da malha ferroviária. BRASIL - FERROVIAS A acelerada industrialização no período pós-30 concorreu para uma integração cada vez maior do espaço geográfico do país. A formação do mercado nacional, o processo de unificação econômica e sua efetiva regionalização interna é resultado, portanto, do processo de industrialização que rompeu o isolamento dos mercados regionais. Esse processo começou na década de 30, quando o governo Vargas eliminou os impostos interestaduais que protegiam os mercado regionais. Nas décadas seguintes, rodovias começaram a interligar os estados de São Paulo e Rio de Janeiro ao Sul e ao Nordeste, gerando uma expansão inédita do comércio interno e a intensificação dos fluxos migratórios em direção ao Sudeste nos 50, 60 e 70. Na medida em que, através da política do governo federal, desapareciam as restrições impostas pelos estados e até municípios à circulação das mercadorias, na medida em que a abertura de rodovias e a ligação com o Sul do país rompiam as barreiras físicas que, pelos custos de transportes protegiam os mercados regionais, as mercadorias da indústria e da agricultura do Sudeste começaram a competir decisivamente com as produzidas pelas demais regiões e, em razão de suas vantagens comparativas (escala e tecnologia de produção), provocaram uma crise mais ou menos geral nessas indústrias regionais, debilitando e mesmo encerrando as atividades de muitas. Com isso, o que ocorre é um processo de integração (incorporação) das economias regionais à dinâmica econômica polarizada pelo Sudeste (consolidando uma economia nacional) a partir de seu desenvolvimento industrial. Essa realidade vai gerar uma transformação das economias regionais, como foi dito no caso da estagnação das indústrias não pertencentes ao Sudeste, em função das necessidades e interesses do novo centro irradiador: o Centro-Sul. Assim, tínhamos no período das “ilhas” econômicas as economias regionais ligadas ao capitalismo central (economia- mundo), porém, desarticuladas entre si. Elas eram, portanto, desiguais (no sentido de se organizarem diferentemente, destacando-se determinados produtos de exportação, como o café no Sudeste, o algodão no Nordeste e a borracha na Amazônia), porém combinadas com o processo geral de acumulação capitalista (mercado mundial). Essa era a tradução para a “Lei do Desenvolvimento Desigual e Combinado” na realidade brasileira no período das “ilhas”. Com a integração nacional, tais economias regionais transformam-se, havendo uma reorganização do espaço nacional. Assim, aumenta o caráter desigual de cada região (Amazônia, Nordeste e Centro-sul) que, por sua vez, combinam-se ainda mais com a economia-mundo, porém, através de sua articulação com a economia nacional. BRASIL - RODOVIAS A lei do desenvolvimento desigual e combinado traduz-se, assim, no processo de regionalização que diferencia não só países entre si, como em cada um deles, suas partes componentes, originando regiões desigualmente desenvolvidas, mas articuladas. A Região pode ser vista como um resultado dessa lei caracterizando-se pela sua inserção na divisão territorial (nacional e internacional) do trabalho e pela associação de relações de produção distintas. A partir da integração nacional as disparidades nacionais passam a ser mais nítidas, uma vez que, com a exposição à concorrência dos produtos industrializados e agropecuários do

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Page 1: Geografia - Pré-Vestibular Impacto - Industrialização Brasileira III

MA060508

Industrialização Brasileira

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: Marcondes

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

08

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O papel da industrialização na reestruturação do espaço geográfico brasileiro e na configuração de uma nova regionalização

Com o processo de industrialização do Brasil e sua concentração geográfica no Centro-Sul, especialmente em São Paulo, surgiu uma nova forma de organização do espaço. A partir do momento em que a indústria se converte no setor-chave da economia do país, fato esse que só ocorreu em meados do século XX, o espaço geográfico brasileiro torna-se cada vez mais integrado, com uma maior interdependência entre toda as suas áreas.

No período pré-industrial o território nacional, do ponto de vista da organização espacial, se apresenta essencialmente desarticulado, pois, como demonstramos em aulas anteriores, caracterizava uma “economia em arquipélagos”. Não existia, de fato, uma divisão regional do trabalho (D.R.T.) em dimensão nacional. As diversas regiões se ligavam diretamente ao centro do capitalismo mundial. Tinham em comum a valorização do setor externo, realizando um “crescimento para fora”. As próprias redes de transporte (espaço da circulação) que existiam serviam principalmente para ligar essas áreas ao litoral, aos portos de exportação, mas não para fazer a integração dessas diversas áreas, a exemplo da malha ferroviária.

BRASIL - FERROVIAS

A acelerada industrialização no período pós-30 concorreu para uma integração cada vez maior do espaço geográfico do país. A formação do mercado nacional, o processo de unificação econômica e sua efetiva regionalização interna é resultado, portanto, do processo de industrialização que rompeu o isolamento dos mercados regionais. Esse processo começou na década de 30, quando o governo Vargas eliminou os impostos interestaduais que protegiam os mercado regionais. Nas décadas seguintes, rodovias começaram a interligar os estados de São Paulo e Rio de Janeiro ao Sul e ao Nordeste, gerando uma expansão inédita do comércio interno e a intensificação dos fluxos migratórios em direção ao Sudeste nos 50, 60 e 70.

Na medida em que, através da política do governo federal, desapareciam as restrições impostas pelos estados e até municípios à circulação das mercadorias, na medida em que a abertura de rodovias e a ligação com o Sul do país rompiam as barreiras físicas que, pelos custos de transportes protegiam os

mercados regionais, as mercadorias da indústria e da agricultura do Sudeste começaram a competir decisivamente com as produzidas pelas demais regiões e, em razão de suas vantagens comparativas (escala e tecnologia de produção), provocaram uma crise mais ou menos geral nessas indústrias regionais, debilitando e mesmo encerrando as atividades de muitas.

Com isso, o que ocorre é um processo de integração (incorporação) das economias regionais à dinâmica econômica polarizada pelo Sudeste (consolidando uma economia nacional) a partir de seu desenvolvimento industrial. Essa realidade vai gerar uma transformação das economias regionais, como foi dito no caso da estagnação das indústrias não pertencentes ao Sudeste, em função das necessidades e interesses do novo centro irradiador: o Centro-Sul.

Assim, tínhamos no período das “ilhas” econômicas as economias regionais ligadas ao capitalismo central (economia-mundo), porém, desarticuladas entre si. Elas eram, portanto, desiguais (no sentido de se organizarem diferentemente, destacando-se determinados produtos de exportação, como o café no Sudeste, o algodão no Nordeste e a borracha na Amazônia), porém combinadas com o processo geral de acumulação capitalista (mercado mundial). Essa era a tradução para a “Lei do Desenvolvimento Desigual e Combinado” na realidade brasileira no período das “ilhas”.

Com a integração nacional, tais economias regionais transformam-se, havendo uma reorganização do espaço nacional. Assim, aumenta o caráter desigual de cada região (Amazônia, Nordeste e Centro-sul) que, por sua vez, combinam-se ainda mais com a economia-mundo, porém, através de sua articulação com a economia nacional.

BRASIL - RODOVIAS

A lei do desenvolvimento desigual e combinado traduz-se, assim, no processo de regionalização que diferencia não só países entre si, como em cada um deles, suas partes componentes, originando regiões desigualmente desenvolvidas, mas articuladas.

A Região pode ser vista como um resultado dessa lei caracterizando-se pela sua inserção na divisão territorial (nacional e internacional) do trabalho e pela associação de relações de produção distintas.

A partir da integração nacional as disparidades nacionais passam a ser mais nítidas, uma vez que, com a exposição à concorrência dos produtos industrializados e agropecuários do

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Centro-Sul, alguns setores econômicos vulneráveis das outras regiões são levados à falência e, ao mesmo tempo, outros setores transformam-se para atender às demandas da região Central.

Vejamos algumas mudanças pelas quais passaram essas regiões a partir da integração nacional:

a) Nordeste perdeu posição relativa na indústria, havendo crescimento no setor agrícola que adquire um caráter mais comercial. A competição com o Sudeste agravou fortemente as condições de vida dos assalariados e semi-assalariados livres, parceiros, foreiros, moradores de condições do agreste e do sertão. De um lado, a falta de modernização da indústria agro-açucareira e têxtil aumentou a exploração dos seus próprios assalariados, de outro, a entrada de produtos agrícolas do Centro-Sul a menores preços pressionou para baixo o padrão de vida dos semi-camponeses, levando-os ao aumento das áreas cultivadas e, conseqüentemente, ao aguçamento dos problemas relacionados com a propriedade da terra (conflitos fundiários).

A criação da SUDENE (Superintendência no Desenvolvimento no Nordeste) originou-se como resposta aos conflitos regionais intensificados com a concorrência do Centro-Sul. A finalidade inicial do órgão era de atuar no planejamento regional do Nordeste. A SUDENE vem consolidar a singularidade regional nordestina, cujos limites de sua atuação ultrapassam as fronteiras dos estados que compõem oficialmente a Região, passando a sobredeterminar politicamente a própria existência da Região.

A SUDENE surgiu também como um meio de facilitar a entrada dos interesses centro-sulistas na região através basicamente do mecanismo de incentivos fiscais, principalmente no período do Estado autoritário. Assim, houve a transformação da estrutura industrial do Nordeste em favor dos ramos de bens de capital e intermediários, através da abertura de filiais e subsidiárias das grandes empresas monopolísticas de capital estrangeiro e/ou nacional situados no Sudeste. Esse mecanismo proporcionou um barateamento do custo de produção e elevação da taxa de lucro. Logo, a lógica de implantação dessas indústrias diz respeito não a uma complementaridade territorial nacional mas, às condições de manutenção das taxas gerais de acumulação monopolística em escala nacional. Essa produção industrial nordestina visava em grande parte o mercado do Centro-Sul, não atendendo os interesses do mercado consumidor nordestino.

b) A Amazônia, até o final da década de 60, manteve-se praticamente isolada do mercado interno, não tendo participado da redivisão do trabalho que estava em andamento, que teve como centro o Sudeste industrializado, como periferia o Nordeste e o Sul como semi-periferia, cujos papéis eram cada vez mais impostos pela reestruturação econômica do Sudeste. Esse isolamento da Amazônia e a falta de estímulo do mercado internacional explicam a queda na participação relativa da economia agrícola e industrial da região até 1970. A realidade amazônica sofre transformações significativas a partir das políticas públicas estatais de valorização dessa região através da incorporação do estado do Mato Grosso e do norte de Goiás (atual Tocantins) à área de atuação da SUDAM, criada em 1966 em substituição a SPVEA (Superintendência para Valorização Econômica da Amazônia - 1953). Surge, assim, o conceito de Amazônia Legal, ratificando uma nova dinâmica regional, a partir desses investimentos. Essa Região criada passa a participar da divisão territorial do trabalho através, num primeiro momento, da redistribuição populacional (fluxos migratórios), com a vinda de nordestinos e sulistas em busca de terras públicas e, num segundo momento, através dos projetos agrominerais dos anos 70 e 80.

c) Centro-Oeste, após a 2ª Guerra, começa a configurar-se como extensão da agricultura e pecuária do Sudeste nas áreas que lhe são mais próximas geograficamente, ou seja, Mato Grosso do Sul e Sul de Goiás, transformando-se, dessa forma, em área de expansão do Sudeste. Exemplo disso é que empresários paulistas compravam terras nos cerrados do Centro-Oeste, exportando a agropecuária moderna para as novas fronteiras econômicas do Oeste. O Centro-Sul surgia como expressão

da integração econômica dessa parte do território nacional.

d) Sul despontou como grande “celeiro agrícola” do país, exportando para o Sudeste industrial. A complementaridade entre as duas regiões torna-se mais forte, inclusive em alguns ramos industriais tradicionais (têxteis e alimentícias) e também novos setores de ponta, recentemente instalados ou modernizados e concentrados. A indústria do sul (sobretudo Rio Grande do Sul e Vale do Itajaí em Santa Catarina, onde situam-se Blumenau e Joinville) acompanha o ritmo da industrialização brasileira. Primeiro, porque parte dessa indústria, em particular a do Vale do Itajaí, consegue vantagens comparativas ligadas à qualificação da mão-de-obra, à capacidade precoce de formação regional do empresariado nas áreas coloniais e também à precoce acumulação local de capital. Segundo, no caso do Rio Grande do Sul, porque havia um mercado regional extenso e variado, representado pelas áreas coloniais em geral, o que, dadas às relativas dificuldades de acesso terrestre ao sudeste, sustentou suas indústrias “regionais”.

EExxeerrccíícciioo 1. Entre 1930 e 1980, foram adotadas, no Brasil, políticas

territoriais que procuravam unir as diferentes "ilhas" que formavam a economia brasileira, em um território integrado e articulado por redes técnicas - a rodoviária, a de energia e a de telecomunicações. Com EXCEÇÃO DE UMA, as alternativas abaixo apresentam as ações destas políticas. Assinale-a.

a) A construção da rodovia Belém-Brasília, no período 56 / 61. b) A abertura da Transamazônica, na década de 70. c) O uso de tecnologia digital unificando as transmissões de voz,

após 70. d) A organização do setor energético em torno da Eletrobrás, a

partir dos anos 60. e) O uso de satélites para os serviços de telecomunicações, nos

anos 70. 2. (UFPI) O processo de industrialização no Brasil provocou

mudanças na organização do espaço regional. Sobre essas mudanças, marque a alternativa correta.

a) A região Nordeste apresentou um crescimento industrial avançado, ocupando a maior parte da população ativa.

b) O crescimento industrial do país possibilitou o desenvolvimento social e o fim das desigualdades regionais.

c) O mercado interno foi ampliado, favorecendo uma maior integração entre as regiões.

d) A concentração industrial no Sudeste teve pouca influência na produção das desigualdades regionais no país.

e) A ampliação da divisão regional do trabalho contribuiu para um crescimento industrial igualitário em todas as regiões.