geografia do distrito federal · vai demorar muito para que os números ... ano de 2010 deve chegar...

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G EOGRAFIA DO D ISTRITO F EDERAL P ROFESSOR T ELMO Distrito federal - 1 - Distrito Federal Filhos de Brasília não têm onde trabalhar Há quase um ano, Raimundo Nonato da Silva, 28 anos, está sem emprego. Casado com a doméstica Sueli Santos, de 23, tem dois filhos e mora em uma pequena casa de quatro cômodos no Setor O, de Ceilândia. Paga R$ 250 de aluguel. Para sustentar a família, ele se oferece para serviços de capina em quintais e ruas da vizinhança. Dependendo do tamanho da área, cobra entre R$ 20 e R$ 30, dinheiro que precisa ir juntando para completar o aluguel no final do mês. Na compra de alimentos, o casal conta com a ajuda da cunhada Rosiane, que também é doméstica, mas tem uma situação um pouco melhor que a de Raimundo e Sueli. Pelo menos, enquanto ainda não tem filhos. O piauiense Raimundo estava mais uma vez na fila da Agência Pública de Emprego e Cidadania (Apec), o antigo Sine, ontem de manhã. Tentava se candidatar a uma vaga de pedreiro ou de qualquer outra coisa no setor da construção civil, que, segundo ele, foi onde sempre trabalhou. “Já fui atrás dos canteiros de obra, mas não consegui nada”, lamenta. Às vésperas dos 40 anos de Brasília e com dois milhões de habitantes, o Distrito Federal tem 180,1 mil pessoas à espera de uma oportunidade de assinar a carteira de trabalho, ou, pelo menos, de conseguir uma atividade que lhe renda o sustento da família. De acordo com a última Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), em outubro do ano passado, nada menos que 880 mil pessoas estavam em idade economicamente ativa (ou seja, prontos para o trabalho). E, ao contrário do que se pode pensar, os migrantes (gente que veio de outros estados em busca de oportunidades melhores) não são maioria esmagadora nesse contingente de desempregados. Enquanto representam 100,8 mil trabalhadores (56% do total), o restante (44% ou 79,3 mil) é formado por pessoas que nasceram e se criaram na capital. Ainda de acordo com a pesquisa, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em convênio com a Secretaria do Trabalho e com a Fundação Seade, essa diferença entre “nativos” e “estrangeiros” está perto de acabar, ou seja, não vai demorar muito para que os números cheguem a índices iguais. Um levantamento de setembro do ano passado comparado com o mês seguinte revela ter diminuído a quantidade de desempregados não nascidos no DF. Segundo a socióloga Graça Ohana, uma das coordenadoras da PED, a situação é preocupante. “Brasília vai ser sempre uma área de atração. Por mais que se criem postos de trabalho, a tendência é haver um déficit”, explica. “O desemprego de outros estados acaba se refletindo aqui, um lugar onde as pessoas ainda acreditam ser mais fácil viver.” A grande maioria dos desempregados que apostam no DF vem de Goiás, Piauí, Minas Gerais e Bahia e assim que chega acaba se concentrando nas regiões de renda mais baixa (como define a pesquisa): Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Paranoá, São Sebastião, Santa Maria e Recanto das Emas. Apesar da redução da taxa de desemprego verificada durante três meses consecutivos (agosto, setembro e outubro), se os números forem comparados com igual período do ano passado, o índice apresentou crescimento de 1,54%. “Qualquer crescimento do desemprego para nós é ruim”, comenta a socióloga Graça Ohana. Comparado com as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo, o DF apresentou maior taxa de desemprego total em outubro. De acordo com projeções feitas em outubro do ano passado pelo Conselho Regional de Economia (CRE–DF), o futuro dos desempregados no DF não é dos mais promissores. Se a taxa de desemprego hoje é de 20,5%, até o ano de 2010 deve chegar a 33,2%. Serão mais de 550 mil pessoas à procura de uma vaga, para uma população economicamente ativa (ou seja, com mais de 10 anos) de nada menos que 1,68 milhão. O economista Júlio Miragaya, coordenador da pesquisa do CRE–DF, acredita que a situação por aqui ainda pode ser mais grave, uma vez que o levantamento do Dieese/ Secretaria do Trabalho / Seade não considera as populações de 10 municípios do Entorno, onde acredita que estejam de 80 a 90 mil desempregados. (Kátia Marisiano. In: Correio Braziliense, 8/2/2000, p. 3.) Da Utopia à Exclusão O corpo abriga o cansaço, mas a esperança permanece nos olhos de José Afrânio de Souza, 42 anos. As mesmas sensações sentidas no primeiro dia deste ano, quando finalmente chegou ao Distrito Federal, depois de vencer a pé 1.100 quilômetros de estrada. Três meses de andança e sofrimento no percurso de 1.500 quilômetros que separa São Luiz do Quitunde, no interior de Alagoas, de Brasília. Veio com a mulher, dois filhos e dois cunhados. Passaram o Natal na beira da estrada. O Ano Novo, na carroceria de uma camionete – primeira e última carona do caminho. Chegaram há um mês e ficaram ali, debaixo da Ponte do Bragueto (que dá acesso ao Lago Norte), dormindo ao

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GEOGRAFIA DO DISTRITO FEDERAL PROFESSOR TELMO

Distrito federal - 1 -

Distrito Federal

Filhos de Brasília não têm onde trabalhar

Há quase um ano, Raimundo Nonato da Silva, 28 anos, está sem emprego. Casado com a doméstica Sueli Santos, de 23, tem dois filhos e mora em uma pequena casa de quatro cômodos no Setor O, de Ceilândia. Paga R$ 250 de aluguel. Para sustentar a família, ele se oferece para serviços de capina em quintais e ruas da vizinhança. Dependendo do tamanho da área, cobra entre R$ 20 e R$ 30, dinheiro que precisa ir juntando para completar o aluguel no final do mês. Na compra de alimentos, o casal conta com a ajuda da cunhada Rosiane, que também é doméstica, mas tem uma situação um pouco melhor que a de Raimundo e Sueli. Pelo menos, enquanto ainda não tem filhos.

O piauiense Raimundo estava mais uma vez na fila da Agência Pública de Emprego e Cidadania (Apec), o antigo Sine, ontem de manhã. Tentava se candidatar a uma vaga de pedreiro ou de qualquer outra coisa no setor da construção civil, que, segundo ele, foi onde sempre trabalhou. “Já fui atrás dos canteiros de obra, mas não consegui nada”, lamenta.

Às vésperas dos 40 anos de Brasília e com dois milhões de habitantes, o Distrito Federal tem 180,1 mil pessoas à espera de uma oportunidade de assinar a carteira de trabalho, ou, pelo menos, de conseguir uma atividade que lhe renda o sustento da família. De acordo com a última Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), em outubro do ano passado, nada menos que 880 mil pessoas estavam em idade economicamente ativa (ou seja, prontos para o trabalho).

E, ao contrário do que se pode pensar, os migrantes (gente que veio de outros estados em busca de oportunidades melhores) não são maioria esmagadora nesse contingente de desempregados. Enquanto representam 100,8 mil trabalhadores (56% do total), o restante (44% ou 79,3 mil) é formado por pessoas que nasceram e se criaram na capital.

Ainda de acordo com a pesquisa, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em convênio com a Secretaria do Trabalho e com a Fundação Seade, essa diferença entre “nativos” e “estrangeiros” está perto de acabar, ou seja, não vai demorar muito para que os números cheguem a índices iguais. Um levantamento de setembro do ano passado comparado com o mês seguinte revela ter diminuído a quantidade de desempregados não nascidos no DF.

Segundo a socióloga Graça Ohana, uma das coordenadoras da PED, a situação é preocupante. “Brasília vai ser sempre uma área de atração. Por mais que se criem postos de trabalho, a tendência é haver um déficit”, explica. “O desemprego de outros estados acaba se refletindo aqui, um lugar onde as pessoas ainda acreditam ser mais fácil viver.”

A grande maioria dos desempregados que apostam no DF vem de Goiás, Piauí, Minas Gerais e Bahia e assim que chega acaba se concentrando nas regiões de renda mais baixa (como define a pesquisa): Brazlândia, Ceilândia,

Samambaia, Paranoá, São Sebastião, Santa Maria e Recanto das Emas.

Apesar da redução da taxa de desemprego verificada durante três meses consecutivos (agosto, setembro e outubro), se os números forem comparados com igual período do ano passado, o índice apresentou crescimento de 1,54%. “Qualquer crescimento do desemprego para nós é ruim”, comenta a socióloga Graça Ohana. Comparado com as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo, o DF apresentou maior taxa de desemprego total em outubro.

De acordo com projeções feitas em outubro do ano passado pelo Conselho Regional de Economia (CRE–DF), o futuro dos desempregados no DF não é dos mais promissores. Se a taxa de desemprego hoje é de 20,5%, até o ano de 2010 deve chegar a 33,2%. Serão mais de 550 mil pessoas à procura de uma vaga, para uma população economicamente ativa (ou seja, com mais de 10 anos) de nada menos que 1,68 milhão.

O economista Júlio Miragaya, coordenador da pesquisa do CRE–DF, acredita que a situação por aqui ainda pode ser mais grave, uma vez que o levantamento do Dieese/ Secretaria do Trabalho / Seade não considera as populações de 10 municípios do Entorno, onde acredita que estejam de 80 a 90 mil desempregados.

(Kátia Marisiano. In: Correio Braziliense, 8/2/2000, p. 3.)

Da Utopia à Exclusão

O corpo abriga o cansaço, mas a esperança permanece nos olhos de José Afrânio de Souza, 42 anos. As mesmas sensações sentidas no primeiro dia deste ano, quando finalmente chegou ao Distrito Federal, depois de vencer a pé 1.100 quilômetros de estrada.

Três meses de andança e sofrimento no percurso de 1.500 quilômetros que separa São Luiz do Quitunde, no interior de Alagoas, de Brasília. Veio com a mulher, dois filhos e dois cunhados. Passaram o Natal na beira da estrada. O Ano Novo, na carroceria de uma camionete – primeira e última carona do caminho.

Chegaram há um mês e ficaram ali, debaixo da Ponte do Bragueto (que dá acesso ao Lago Norte), dormindo ao

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Distrito federal - 2 -

sereno e comendo de favor. “Pobre sofre mesmo”, resigna-se José. Continuam lá, vivendo da generosidade alheia.

José Afrânio não é único. A mesma história se repete todos os dias. É a saga de uma população que já se incorporou ao cotidiano da cidade: os migrantes. Eles vêm de longe, principalmente do Nordeste, em busca de comida, trabalho, moradia, saúde, educação e até de parentes perdidos.

Os altos índices de desemprego e o fim da farra dos lotes (distribuição descontrolada de 90 mil terrenos durante o governo Roriz) anunciado pelo governo Cristovam Buarque não foram suficientes para extinguir a atração que a capital exerce entre os brasileiros. A migração continua, mas ninguém sabe ao certo a quantidade de migrantes recentes, que chegaram a partir de 1995, no início do atual governo.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria da Criança e Assistência Social (Secras) são contraditórios. Enquanto as estatísticas do IBGE mostram que a migração aumentou nos últimos cinco anos, a Secras aponta uma queda no mesmo período de tempo.

Segundo pesquisa feita pelo IBGE, 14 mil pessoas migraram para Brasília em 1996. Em 1991, eram 11 mil. A maioria de baixa renda.

No entanto, de acordo com a secretaria, no ano passado, 4.557 migrantes, que estavam no Distrito Federal há, no máximo, seis meses, foram registrados pela Secras. Em 1991, foram atendidas 7.547 pessoas no Centro de Apoio Social, o albergue do governo de Taguatinga.

“A causa da queda dos números é o fim da farra dos lotes, a distribuição de terras que aconteceu no governo Roriz”, afirma a gerente de Assistência Social da Secras, Margareth Nicolau Alves da Costa, que acredita que a procura pelos lotes tem diminuído.

Na verdade, esses números são bem maiores. Enquanto o levantamento feito pelo IBGE inclui apenas os migrantes com domicílio, o governo limita-se a registrar os que são atendidos pelos assistentes sociais. Fica de fora boa parte da população de rua, que se espalha pelas cidades do Distrito Federal, debaixo de pontes, lonas de plástico e tábuas velhas.

Esses são os excluídos dos excluídos, que vivem de catar lixo, vender papel e pedir esmolas. Os lugares preferidos são invasões no Plano Piloto, Sobradinho, Núcleo Bandeirante, Cruzeiro, Gama e Riacho Fundo.

É o que observam os sociólogos da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Henrique Araújo e Marcel Bursztyn, que lançarão em março deste ano um livro sobre a população de rua do Distrito Federal. “Eles são os que sonham em ser pobres e morar em uma favela”, observa Bursztyn.

Uns se estabelecem por aqui. Outros voltam para casa e, depois, retornam para Brasília. Muitos fazem esse percurso várias vezes e vêm apenas para comer, escapar da seca e ganhar algum dinheiro. “Deixam de ser migrantes para se tornar perambulantes”, afirma Araújo.

Independentemente dos números, os migrantes incomodam. A quantidade de gente que vem de fora é suficiente para elevar as taxas de desemprego e aumentar as filas em frente a centros de saúde e hospitais. Sem falar no ato de pedir esmolas, que irrita muita gente. Segundo Margareth, fome, desemprego e doença são os principais motivos que os trazem para cá.

“Aqui não falta café da manhã, almoço, janta e ceia. O povo daqui é bom, não deixa faltar nada”, confirma o alagoano José Afrânio. “A única cisa que a gente não agüenta é a fome. Lá em Alagoas, meus filhos só comiam um ovo com farinha por dia, dona”, completa.

Além da comida, eles querem saúde. No ano passado, 45% dos pacientes atendidos no ambulatório, na emergência e internados no Hospital de Base de Brasília (HBB) eram de fora. Vieram principalmente de Goiás, Minas Gerais e Bahia. Esse número pode ser ainda maior. Os médicos desconfiam que muitos pacientes mentem sobre o verdadeiro endereço, com medo de não serem atendidos.

Pouco qualificados, os recém-chegados encontram dificuldades em se empregar. Segundo Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), eles representam 10,8% do total de 124 mil desempregados.

“A quantidade de desempregados é grande porque, historicamente, Brasília sempre teve altas taxas de migração”, explica o gerente de Estudos e pesquisas da Secretaria do Trabalho, Mário Magalhães.

Famintos e desempregados, os migrantes vagam pelas cidades do Distrito Federal. “Eles sonham com o futuro. E o futuro deles é a próxima refeição”, resume Marcel Bursztyn.

Ciranda

No ano passado,

14

mil migrantes vieram para o Distrito Federal.

Em 1991, esse número era de 11

mil migrantes.

Quem são eles

• 79% vêm do Nordeste

• 87% vêm de carona ou a pé • 74% trazem dependentes • 66% dos chefes de família têm

até 35 anos • 88% dos chefes de família têm

o 1º grau incompleto

(Fonte: Carlos Henrique Araújo & Marcel Bursztyn. Da utopia à exclusão: vivendo nas ruas de Brasília.)

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Distrito federal - 3 -

(Cristine Gentil & Philio Terzadis. In: Correio Braziliense, 2/2/1997. p. 3.)

Brasília: Expansão com Desafios para Século XXI

Para alguns, parecerá questão bizantina ou perda de

tempo debater se Brasília é planejada ou se a capital é composta pelo somatório do Plano Piloto de Brasília com as cidades do DF, ou, ainda, se a cidade pode ser classificada como metrópole. A seguir, serão discutidas essas questões.

Quando Brasília possuía prefeito, a cidade tinha órgãos de controle e acompanhamento dos planejadores. Assim, a fama de “cidade planejada” se manteve como um mito no Brasil e no exterior. Nos anos 70, deu-se a expansão periférica, nutrida com a abertura de novos espaços urbanos (conhecidos como “cidades-satélites”) e com a exploração de antigas terras agrícolas em Goiás, travestidas de loteamentos urbanos, sobretudo em Luziânia. O Plano Piloto de Brasília continuou preservado em suas grandes linhas, com a centrifugação dos favelados e habitantes dos canteiros de obras para as cidades-satélites. O processo que se iniciou com Taguatinga, em 1958, antes mesmo de o Plano Piloto ser inaugurado, não mais se estancou. Surgiram Gama, Sobradinho e anexos nas antigas cidades de Planaltina e Brazlândia. E a cidade expandiu-se com outros assentos urbanos. Nos anos 70, 80 e 90, banalizaram-se as transferências de população para pontos determinados do DF, sendo consolidado um povoamento esparso.

Chegamos ao ano 2000 com uma Brasília complexa, totalmente desfigurada social e urbanisticamente em relação ao imaginário dos fundadores (JK, Lúcio Costa, Niemeyer, Israel Pinheiro e outros). O Plano Piloto de Brasília foi projetado para coincidir com a capital federal, uma cidade com limites rígidos, setorizada quanto à localização de atividades, com um traçado urbano com vias para tráfego fluente e uma soberba reserva de terra para usos futuros ou simplesmente para abrigar áreas verdes. Hoje, os espaços e terras para novas localizações e implantações que não agridam o meio ambiente começam a escassear. Assim,

parece oportuno que se pense em algumas ações voltadas para a cidade no século XXI. Nunca poderão ser ações isoladas, ao contrário, deverão ser tomadas em conjunto, com sentido de totalidade socioespacial. Igualmente, não poderão tardar, sob pena de não se ter como estancar o processo de expansão indesejável, por ser excludente e perverso para os empobrecidos. Este é o verdadeiro desafio.

Ao se descentralizarem as atividades, sobretudo as atividades novas, nos setores industriais e de serviços, deve-se dispor de terra em pontos cuja localização facilite o acesso dos moradores dos assentamentos periféricos, hoje com uma única função: a de moradia. Com isso, se está propugnando não mais localizar atividades novas no Plano Piloto de Brasília. A descentralização das escolas, inclusive das universidades, das indústrias e serviços, possui vantagens como: as atividades estarão mais próximas da população, evitará congestionamento de tráfego, economizará horas perdidas em meios de transporte, reduzirá gastos com combustíveis, poupará os trabalhadores de desgaste físico e mental, sobretudo dos que se deslocam de grandes distâncias para trabalhar ou procurar serviços no Plano Piloto.

Por fim, retomando as questões iniciais: a) Brasília “é cidade planejada?” – Poderia ter resposta afirmativa, nos primórdios da cidade. Hoje, não, pois, à medida que os “assentamentos semi-urbanizados” foram implantados, o incrementalismo das ações fragmentadas denota a falta de planejamento, sobretudo se assumirmos a tese de planejamento globalizado, com visão de conjunto em que, ao traçado urbanístico, agreguem-se os elementos de ordem socioambiental, ausentes em quatro quintos da cidade; b) Se Brasília é o conjunto urbano do DF?: –Responde-se afirmativamente. A cidade complexa é composta pelo Plano Piloto de Brasília e pelos demais núcleos urbanos (cidades-satélites); c) Se Brasília é metrópole? Não há dúvida alguma, a cidade tem “massa populacional”, “complexidade funcional” e “inter-relações regionais” que a incluem entre as grandes cidades brasileiras. Ela é uma verdadeira metrópole polinucleada ou metrópole terciária/quaternária como a definimos há alguns anos. Mas com problemas desafiadores para o século XXI.

(Aldo Pavaiani. In: Correio Braziliense, 31/03/2000, p. 5.)

O Distrito Federal e seu Entorno (Em Números de Habitantes)

No ano passado, o governo atendeu

4.557

migrantes que estavam em Brasília há no máximo seis meses.

Fontes: IBGE e Secretaria da Criança e Assistência Social.

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Distrito federal - 4 -

• 21 municípios integram o Entorno do DF (serão 22 com a integração de Cabeceira Grande–MG, recém-emancipada)

• 618.442 postos formais de trabalho estão no DF (95% dos empregos)

• 31.121 estão nos municípios do Entorno

• 45 mil pessoas saem de Águas Lindas de Goiás, por exemplo, para trabalhar no Plano Piloto todos os dias 300 mil pessoas saem diretamente do Entorno para o Plano Piloto

• 35 a 220 quilômetros é a distância que um morador do Entorno percorre para trabalhar em Brasília

• 2,62% é a taxa anual de crescimento de Brasília

• 7,56% é a taxa anual de crescimento em dez cidades periféricas do DF (Luziânia, Cidade Ocidental, Valparaíso, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas, Planaltina de Goiás, Formosa, Padre Bernardo e Alexânia)

Migração e Dinâmica Populacional no DF

Os dados sobre a dinâmica populacional do Distrito

Federal têm indicado significativas modificações na relação dos seus componentes – mortalidade, fecundidade e migração. Seguindo a tendência nacional de queda, a mortalidade e a fecundidade vêm, no DF, apresentando uma redução que contribui para uma modificação na estrutura etária da população. Estima-se que a fecundidade (número médio de filhos por mulher de 15 a 49 anos) seja 1,9 para o DF, o que já estaria abaixo da taxa de reposição, que é de 2,1. Isso indica que o DF poderia estar com taxa negativa de crescimento. Soma-se a isso que 76% das mulheres da região Centro-Oeste, em algum tipo de união, usam contraceptivo e, destas, 56% são esterelizadas, segundo os dados da PNAD-95. Entretanto, o DF apresenta uma taxa de crescimento de 2,56% ao ano, segundo os dados preliminares da contagem do IBGE.

Por isso, a migração aparece como o maior enigma da dinâmica populacional do DF. Considerando que o crescimento se mantenha em 2,56% ao ano e que essa taxa para o país seja de 1,5%, haverá uma maior participação da migração no crescimento do Distrito Federal, que ficaria em torno de 14 mil pessoas por ano, contra 11 mil pessoas ao ano, estimado em 1991. Ou seja, a imigração não tem diminuído.

A dinâmica populacional interna também sofreu profundas modificações. O quadro de distribuição da população por regiões administrativas já não é o mesmo. As causas são a ocupação dos novos núcleos urbanos, criados após 1991, e a redução, em algumas áreas, do número absoluto de habitantes. O Plano Piloto perdeu, aproximadamente, 15 mil pessoas. Gama, Taguatinga,

Ceilândia, Lago Sul e Candangolândia também sofreram reduções. Tais dados nos levam a concluir que parte dos que ocuparam os novos núcleos urbanos, principalmente Recanto das Emas, Santa Maria, Riacho Fundo e São Sebastião (RAs que mais cresceram), já habitavam o DF antes de 1991. A outra parte é composta pelos migrantes. Tal conclusão é confirmada pela expectativa da redução do número de pessoas por domicílio, que não deverá ultrapassar a três para todo o DF.

Para a Codeplan, instituição responsável por estudos sobre a população e o território do DF, tais dados não causaram surpresa e, além de subsidiar estudos, servem para a aferição das nossas estimativas e projeções. A Codeplan estimava em 1.868.180 mil habitantes (estimativa considerando hipóteses máximas) para o DF e a contagem do IBGE indica, preliminarmente, que se refere às demandas de infra-estrutura básica. Mais dados serão disponibilizados em breve e, sem dúvida, enriquecerão a base dos nossos indicadores sociais.

(Edgar Fagundes Filho. In: Correio Braziliense, 2/3/1997.)

Dois Milhões...

Brasília representou e representa o sonho de muitos

brasileiros. É bom que seja assim. Provavelmente, quando Lúcio Costa e Oscar Niemeyer apresentaram aqueles rabiscos revolucionários, pouca gente vislumbrou os monumentos que viriam à luz. Ao lado deles, a obra principal: sua gente. Aqui temos mineiros, goianos, cariocas e gaúchos. Gente do Nordeste e do Norte. Há, principalmente, todas as miscigenações possíveis entre eles. Uma verdadeira síntese do povo brasileiro.

Planejada para abrigar no máximo 500 mil habitantes, já em 1970 havíamos superado essa marca. Hoje chegamos a 2 milhões, quatro vezes mais. Ao longo destes 40 anos, a cidade foi mudando de cara, reiventando-se a cada dia. Novos núcleos populacionais foram sendo agregados, como solução para o rápido crescimento populacional. Vimos surgir, incialmente, Taguatinga, Gama, Sobradinho e Núcleo Bandeirante. As cidades de Brazlândia e Planaltina, já existentes à época da inauguração da capital, foram também incluídas nesse processo de ocupação do território. Mais tarde, foram criados o Guará e a Ceilândia. Mais recentemente, Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Santa Maria, Paranoá e São Sebastião.

Esse processo de criação de novos núcleos urbanos e o desmembramento de núcleos já existentes têm marcado a forma de ocupação do Distrito Federal. Criados como periféricos (inicialmente denominados de cidades-setélites), eles abrigam 83% da população do DF. A pressão sobre serviços sociais, nas áreas de educação, saúde e segurança, é visível. A impressão que fica é de que, quanto mais solucionamos, mais problemas aparecem.

Mas, apesar de termos sido promovidos a metrópole, hoje temos um ritmo de crescimento populacional menor. A taxa anual de aumento populacional, que na década de 1960 era de 14%, declinou para 8%, na década de 1970, e para 2,8%, na de 1980. Hoje, a taxa está estimada em 2,5% e se

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deve mais aos nascimentos do que à imigração. A população nativa já representa quase 50% da população. O Distrito Federal não é mais uma região só de migrantes. No entanto, ao falar do crescimento populacional, não podemos deixar de considerar a dinâmica demográfica da chamada região do Entorno, que vem apresentando taxas de crescimento populacional em alguns municípios extremamente elevadas (como em Águas Lindas, Planaltina de Goiás, Novo Gama) e está estreitamente ligada ao DF.

É nesse contexto que acompanhamos o surgimento de problemas típicos das grandes metrópoles. A cidade planejada sem esquinas e com grandes eixos viários convive diariamente com as dificuldades do trânsito intenso. A cidade dos jardins e dos grandes espaços abertos viu surgir muros, grades e cercas como resposta aos elevados índices de violência. A cidade das oportunidades e da esperança apresenta hoje uma das mais elevadas taxas de desemprego do país. Não somos mais a “ilha da fantasia”. Somos a realidade brasileira, com as mesmas desigualdades econômicas e sociais.

Por isso, é bom que comecemos a planejar o futuro desde agora e a decidir em que tipo de cidade queremos viver.

(Ana Maria Nogales Vasconcelos. In: Correio Braziliense, 30/1/2000, p. 3.)

Drogas na Capital Federal

Há sinais de que grupos atuantes na exportação e na importação de estupefacientes estejam ainda se fixando na região Centro-Oeste do país. O Estado de Goiás, por sua posição geográfica, é considerado importante ponto de passagem para o tráfico; dispõe de aeroportos e grande número de pistas de pouso em áreas rurais, bem como de malha viária facilitadora do acesso para diferentes regiões do país. Isso sem mencionar o fato de estar nessa região a Capital do País. No Distrito Federal, simultaneamente, cresce o consumo de anfetaminas, de drogas pesadas e dos subprodutos da cocaína, particularmente a merla. Políticos e funcionários do Judiciário, do Legislativo e do Executivo – vale dizer, o alto poder aquisitivo de representativa parcela de sua população – transformaram o Distrito Federal em um dos pontos de maior rentabilidade do comércio de drogas a varejo do país.

A cidade do Rio de Janeiro, detentora da maior concentração de funcionários públicos do país, rivaliza com o Distrito Federal como um dos pontos ideais para a distribuição de cocaína e anfetaminas a varejo. A violência na Capital Federal cresceu brutalmente nos últimos anos. Por exemplo, a média de assaltos a postos de gasolina no primeiro semestre de 1998 é de um a cada 12 horas. Nas entrequadras, onde se encontra o comércio local, o número de roubos à mão armada a padarias, restaurantes e mercearias toma dimensões graves. Os comerciantes, em sua maioria, acham que chamar a polícia é perda de tempo e dinheiro, porque nunca são encontrados os assaltantes. Quando podem, apelam para contratação de seguranças particulares. Se forem contados todos os seguranças e vigias espalhados pelo país, calcula-se que essa verdadeira milícia chegue quase ao dobro do contingente total das Forças

Armadas na ativa, estimado aproximadamente em 270 mil pessoas. Isso não deixa de constituir-se em grave preocupação em termos de segurança nacional, uma vez que expressivo número de assaltos a bancos e desvios de carga perpetram-se por “seguranças” empregados e desempregados.

A impunidade e as imunidades, sobretudo no Legislativo e no Judiciário, transformaram Brasília em excelente lugar de negócios ilícitos, em especial para negócios de droga articulados com o setor financeiro e com o comércio de quinquilharias provenientes do Paraguai. Na Capital Federal, substâncias psicotrópicas inicialmente chegavam com produtos de contrabando vendidos em plena luz do dia na chamada “Feira do Paraguai”, onde se encontram mercadorias importadas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia.

Essa Feira recebeu apoio do governo distrital para sua instalação, inicialmente ao lado do Estádio Mané Garrincha, zona nobre da capital federal. Exemplo de ilegalidade, contribui em infra-estrutura à contravenção. Brinquedos, tapetes, produtos eletrônicos, cristais, utensílios de cozinha e uma variedade enorme de artigos contrabandeados lá vendidos provavelmente abriram caminhos para o transporte de cocaína, de químicos e de armas.

A importância econômica da Feira do Paraguai e sua sustentação por grupos de políticos que se beneficiam do contrabando têm levado o Governo do Distrito Federal a permitir sua existência, dando-lhe infra-estrutura e intermediando os conflitos criados com a Associação dos Comerciantes do Distrito Federal. Na briga da transferência da Feira, esteve notória a preocupação com o futuro do voto e das opções partidárias dos feirantes. Ou seja, a luta pela caça aos votos em muitos casos é complacente com a contravenção e com o crime organizado. Prova que narcopolítica não é apenas um termo: ela existe tanto em ditaduras quanto em democracias; não distingue cor das bandeiras dos partidos políticos. A narcopolítica é rica em narcodólares; particularmente generosa na época das eleições, é inclemente no momento da cobrança de seus favores.

Em Brasília, o número de viciados entre os filhos de moradores das mansões do Lago Sul, a área mais nobre da capital, é mais denso que o encontrado nas cidade satélites. A falta de dimensão da crise social, a perda de valores e a desagregação da família estão em íntima relação com o aumento dos viciados nos segmentos abastados da sociedade. Daí ser parcial a verdade de que apenas o desemprego e a baixa escolaridade são responsáveis pela expansão das drogas.

O consumo de drogas, se aumenta entre desempregados, cresce entre os filhos da classe média alta e também entre mulheres jovens e ricas. Na Universidade de Brasília – UnB, o número de usuários subiu aceleradamente, segundo pesquisa a ser comentada nos próximos parágrafos.

De acordo com essas investigações, cujos méritos dos resultados deve-se à espontaneidade da contribuição e de iniciativas dos próprios estudantes – alguns deles consumidores – chegou-se a conclusões particularmente esclarecedoras.

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Antes, entretanto, de mencionar tais conclusões, faz-se necessário relembrar que o universo da investigação está em uma universidade de ensino público e gratuito, isto é, uma instituição freqüentada por filhos da elite da Capital Federal. Na UnB existem proporcionalmente pouquíssimos estudantes efetivamente pobres: lá, filhos de excluídos só por milagre passam no concorrido vestibular. Os negros nessa universidade também são minoria, seja entre alunos, seja entre professores.

Os gigantescos estacionamentos do campus, repletos de modelos novos e de marcas caras de automóveis e a própria fisionomia do estudante, economizam palavras sobre a origem social, o perfil econômico e o nível de vida do seu público. Por essas e por outras razões, as universidades integralmente subsidiadas pelo Estado são um excelente lugar para a largada ao processo de distribuição da renda no Brasil. Se os filhos da burguesia pagassem seus estudos, haveria como dar bolsas para o estudante proletário, a ser devidamente reembolsada, depois de concluídos os estudos.

A pesquisa “Por que consumir? O que pensam os estudantes universitários sobre as drogas”, se não conseguiu tantas respostas quanto as desejadas, pelo menos lançou algumas luzes na questão da interpretação das substâncias alucinógenas presentes na vida de um segmento da juventude. Coletados de forma descontínua e informal, em um espaço de oito semestres acadêmicos, os fatos aqui apresentados, sem pretender seguir o caminho das pesquisas eleitorais – crentes confessas da “infalibilidade metodológica” –, relacionam-se a um pequeno, porém representativo, universo. Dado o caráter confidencial das informações, propositadamente recusou-se o auxílio de questionário e gravadores. As conclusões, resultado de ajuda aleatória de uma centena de jovens, refletem depoimentos extraídos de suas histórias de vida. Os diagnósticos foram vários:

• consumidor de drogas não é necessariamente o mau aluno. A média geral acumulada de suas notas é MS, ou seja, média superior;

• mais da metade dos estudantes que se drogam igualmente pratica esportes. Parte deles, além de fazer ginástica, joga peladas de futebol nos fins de semana. Entre esses, vários dedicam-se ao atletismo. Entre as mulheres consumidoras, cerca de 45% delas já passaram ou ainda freqüentam academias de ginástica;

• depois que ingressaram na Universidade, houve pequeno aumento do consumo de bebidas alcoólicas pelos estudantes. Tal prática geralmente está circunscrita a festas com os velhos e novos amigos, almoços ou churrascos com a família nos fins de semana.

• menos de 15% são fumantes de cigarros convencionais. Quase todos afirmaram que gostariam de abandonar o tabaco, que não calha bem com a filosofia da “geração saúde”, dividida hoje entre usuários e não-usuários de substâncias ilícitas;

• com ou sem a mística do passado, a cannabis é ainda, entre as substâncias proibidas, a mais consumida. Tal fato não quer dizer que a primeira experiência tenha sido realizada com ela. Foi dito que até nas escolas

secundárias os colegiais consideram a maconha como coisa leve e, sob certos aspectos, banal. Não desperta tanto a curiosidade como em outros tempos. Agora, o apelo gira em volta de entorpecentes fortes. É por isso que as anfetaminas, a cocaína e a própria heroína vêm se transformando na grande tentação da dentada no fruto proibido. Poucos dão-se conta – dependendo da forma e da intensidade do uso – de que isso expulsa os adãos e as evas do paraíso;

• ao contrário do que se imaginava, a heroína é conhecida e consumida pelos universitários, que também usam com freqüência o LSD;

• a chamada autonomia do campus universitário, lugar onde as forças policiais só entram se convocadas pelo Reitor, acreditava-se que fosse abrigo ideal para o comércio de drogas. Quem foi universitário nos anos 1960 e 1970 deve ainda pensar assim. Hoje, nem 10% dos estudantes se abastecem de drogas dentro da UnB, evitando “dar bandeira”. Fora dali, existem drogas a melhor preço, qualidade e nas quantidades desejadas;

• dos entrevistados e entrevistadas, a grande maioria visivelmente não era dependente, porque ainda consumia drogas de forma esporádica. todavia, a experiência continuada de duas décadas como docente mostra que vários desses consumidores sociais, ou consumidores curiosos, acabam transformando-se em dependentes, alguns até abandonando os estudos. Sabe-se que parte dos roubos de carros e toca-fitas nos estacionamentos da Universidade é praticada por estudantes envolvidos no negócio das drogas.

Na Capital Federal, as drogas não estão só no asfalto. O caipira sabe que, na bucólica região dos cerrados, no término da seca e quando inicia a estação das águas, algo de especial acontece: as chuvas provocam a natureza e, além do esplendoroso verdume da vegetação, surgem espécies minúsculas de coloridas flores atapetando o chão e cogumelos que brotam em profusão.

A moçada há muito tomou conhecimento de sabedorias centenárias dos sertanejos e as pratica em seus acampamentos nos feriados e fins de semana. É por essa razão que se vê nas paisagens do entorno da Capital Federal tanta juventude em festa à cata de cogumelos. Os que se aventuram a esse costume sem conhecer as espécies às vezes se intoxicam, com risco de vida.

Durante o IV Simpósio sobre a Corrupção e o Narcotráfico, em novembro de 1997, quando o Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Raymundo Assis Damasceno relatava experiências positivas da Igreja Católica relacionadas à recuperação do dependente, dados parciais dessa pesquisa foram apresentados pela primeira vez.

Tais observações não constituem grande novidade para o público universitário. Todavia, somadas a outras arroladas neste livro (por exemplo, as relatadas no segundo capítulo referentes à maconha e às anfetaminas), mostrarão que as substâncias alucinógenas não são monopólio nem do negro, nem do loiro, nem do bandido, nem do mau aluno. Como demonstrou essa pesquisa, o bom estudante também pode ser consumidor. Essa realidade quebra mitos em torno

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das drogas. Estereótipos, sejam eles negativos ou positivos, não ajudam na solução do problema. Começando pela verdade, há como lutar com armas eficazes contra as substâncias alucinógenas. Vai aí um lembrete aos encarregados da propaganda antidrogas nas instituições públicas: a campanha do sim ao esporte e não às drogas precisa ser revista. Nas conversas travadas nas academias de ginástica para o embelezamento do corpo acham-se as mais atualizadas referências sobre as anfetaminas!

(Argemiro Procópio. O Brasil no mundo das drogas, Vozes, 2ª edição, pág 32-39.)

Exercícios de Classe

QUESTÃO 1

Sobre o Distrito Federal, julgue os itens. 1 Não há segregação espacial e social. 2 Aproximadamente 40% das áreas urbanas são

desocupadas do ponto de vista populacional (reserva de valor).

3 O processo de conurbação tende a ser acelerado nos próximos anos.

4 Oficialmente não há favelas.

5 As contradições sociais são sutilmente mascaradas, portanto a miséria não é notada nas ruas.

6 São grandes as precipitações médias mensais nos meses de maio a setembro.

7 Os terrenos apresentam vestígios de dissecamento geológico.

8 Os principais rios que drenam as terras são perenes, apesar do longo tempo seco durante o ano.

9 Estruturação do território e definição das grandes estratégias de ocupação e uso do solo estão entre as motivações da elaboração, discussão e aprovação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT).

QUESTÃO 2

Julgue os itens a seguir. 1 A Região Geoeconômica de Brasília é constituída pelo

Plano Piloto e cidades do DF. 2 A concentração humana na região do Entorno tem

crescimento exponencial. 3 Mais da metade do território do Distrito Federal é

constituído de terras urbanas. 4 São Bartolomeu e Areias são os principais rios quanto

ao abastecimento de água do DF. 5 A estrutura viária de Brasília apresenta tráfego

congestionado na maior parte do dia. 6 Nos meses mais secos as variações térmicas diárias no

Distrito Federal são heterogêneas.

QUESTÃO 3

Sobre o Distrito Federal, julgue os itens.

1 A produção hortifrutigranjeira supre as demandas do mercado.

2 Brazlândia e Planaltina detêm a primazia na produção agropecuária.

3 Mais de 50% da área agrícola cultivada estão relacionadas à produção de subsistência.

4 A produção leiteira é suficiente para o abastecimento da cidade.

5 As áreas de contatos geológicos/fraturas são frágeis, portanto, mecanicamente suscetíveis às erosões.

6 De acordo com o último censo populacional, Brazlândia e Paranoá são cidades predominantemente femininas.

QUESTÃO 4

(UnB) Julgue os itens, relativos ao Distrito Federal.

1 A cidade de Planaltina forma com Brasília um exemplo típico de conurbação.

2 Alguns afluentes que deságuam no Lago Paranoá apresentam matas ciliares em suas margens.

3 O mais recente monumento nacional construído no Plano Piloto é o memorial JK.

4 A região para a futura construção do chamado Lago São Bartolomeu foi escolhida por ser o único local que apresenta vegetação típica do cerrado.

5 Na última década do século passado, a região onde atualmente se encontra o Distrito Federal possuía uma baixa densidade demográfica.

6 A energia elétrica de Brasília é gerada nas represas dos Rios Descoberto e Santa Maria.

QUESTÃO 5

Sobre o Distrito Federal, julgue os itens. 1 A região é auto-suficiente em produção de alimentos. 2 Os núcleos rurais apresentam elevado índice de

aproveitamento agropecuário.

3 Não ocorrem problemas ligados a conflitos de terra. 4 O desenvolvimento viário é intenso ao norte do Plano

Piloto. 5 Valparaízo, Santo Antônio do Descoberto e Novo

Gama pertencem ao município de Formosa, portanto são cidades do Entorno localizadas em Goiás.

6 Os solos do Distrito Federal apresentam lentos movimento mecânicos, principalmente na época dos aguaceiros o que indica que o mesmo apresenta alta colapsividade física.

7 O PDOT tem vigência legal de 12 anos. 8 Ocorre um crescimento desordenado das malhas

urbanas das cidades com a inexistência de planos diretores para as regiões administrativas.

QUESTÃO 6

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(UnB) Partindo-se do pressuposto de que Brasília representa um caso especial no contexto do sistema urbano brasileiro, julgue os itens. 1 Sua complexidade funcional está relacionada com o

desenvolvimento de atividades no setor industrial. 2 Possui massa populacional para ser considerada

metrópole, segundo o IBGE. 3 O seu polinucleamento urbano foi planejado por ação

direta do Estado (GDF), ocasionando o aparecimento das outras cidades.

4 O monopólio das terras urbanas nas mãos do Poder Público (GDF) permitiu distribuição sócio-espacial mais eqüitativa.

5 A preservação da bacia do Lago Paranoá serviu de justificativa para o planejamento de núcleos urbanos isolados ao longo de sua evolução urbana.

QUESTÃO 7

Quanto as principais bacias hidrográficas do Distrito Federal, julgue os itens. 1 As bacias situadas nas áreas I e IV fazem parte da

grande Bacia do Rio Paraná.

2 Na área II, situa-se a Bacia do Rio Maranhão. 3 Na área III, situa-se a Bacia do Rio Preto. 4 A degradação do meio ambiente do Distrito Federal

apresenta-se mais acentuada na Bacia da área III.

QUESTÃO 8

Em relação ao Distrito Federal, julgue os itens

1 Observando o mapa, verificamos que há um núcleo

central como Plano Piloto (Brasília), onde habita a maior parte da população do DF e uma série de núcleos urbanos no seu entorno, denominados assentamentos.

2 O Distrito Federal foi concebido para ser o Centro Administrativo do País, sob a alegação de que havia uma extrema concentração de atividades no Rio de Janeiro e também de que levaria o povoamento para o interior do Brasil.

3 As pressões populares inevitáveis nas áreas de grande concentração de atividades foi um dos motivos também para a Administração Federal se deslocar para o interior.

4 No conjunto do Distrito Federal, podemos dizer que a dinâmica da sociedade reproduz nesse espaço geográfico os mesmos contrastes que podem ser observados nos diversos cantos do país.

5 Nas cidades do Distrito Federal, concentra-se a menor parte dos trabalhadores braçais e funcionários de baixa remuneração.

QUESTÃO 9

Diversos fatores se conjugam para explicar o elevado custo das passagens de ônibus em Brasília, destacando-se: 1 o modelo espacial urbano caracterizado por um

polinucleamento com elevada concentração populacional na região do Plano Piloto.

2 o IPK (índice de passageiros por quilometro rodado/produtividade) é considerado o mais baixo do país, produzindo como repercussão uma alta ociosidade da frota fora dos horários de pico.

3 intenso fluxo de origem e destino durante o dia inteiro, ou seja, 24 horas/dia.

4 ausência de estabelecimento de um sistema custo-padrão, com os ônibus operando em regime de eficiência, para determinar as bases para os cálculos tarifários.

5 o transporte alternativo forçando a redução das tarifas.

6 a implantação do metrô forçará a imediata redução das tarifas viabilizadas pelos ganhos sociais oriundos principalmente do descongestionamento das vias e transferência de viagens por automóvel para o metrô.

QUESTÃO 10

Examine as unidades geomorfológicas representadas no mapa a seguir, considerando a ocupação do solo e a questão ambiental no Distrito Federal.

Unidades geomorfológicas do Distrito Federal

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Baseando-se nessas informações, julgue os itens a seguir.

1 Nas unidades assinaladas com 1, observa-se a ocorrência de relevo de planaltos – chapadas – que se caracteriza por apresentar uma baixa densidade de drenagem.

2 Nas unidades assinaladas com 2, observa-se a ocorrência de vales dissecados, tendo uma maior densidade de drenagem e sendo, portanto, de mais difícil ocupação urbana.

3 Nas unidades assinaladas com 3, há diretrizes governamentais de manejo de bacias hidrografias, objetivando controlar a ocupação do solo.

4 Os chamados condomínios rurais existentes no DF localizam-se na Unidade de Chapadas.

QUESTÃO 11

A rápida expansão das paisagens antrópicas sobre as paisagens naturais no DF provoca alterações nos geossitemas e na dinâmica do meio ambiente. Observe o Mapa de Setorização Ambiental do DF e julgue os itens.

1 A área 1 corresponde às paisagens naturais das reservas protegidas por lei e às paisagens seminaturais dos vales dos rios Descoberto e Maranhão.

2 A área 2 corresponde aos geossitemas da borda de chapada, em contato com vales e encostas.

3 Na área 3, a ação antrópica atua com fraca intensidade, encontrando-se toda a área planejada de acordo com os novos propósitos do desenvolvimento sustentável.

4 A área 4 corresponde à periferia de paisagens urbanizadas. Essa área e trechos ao longo das rodovias concentram dois terços das 52 grandes voçorosas mapeadas no DF.

5 A área 5 corresponde a áreas urbanizadas que abrigam aproximadamente 1.600.000 habitantes, local onde se registram taxas de densidade demográfica radicalmente diferenciadas.

6 A área 6 apresenta os espelhos d’água, local onde se destaca o lago Artificial do Paranoá, cotado no nível altimétrico de 1.200 m

QUESTÃO 12

Sobre a organização do espaço urbano de Brasília, julgue os itens. 1 Brasília, como uma cidade planejada, difere da

clássica estruturação espacial das cidades brasileiras quanto ao contraste entre as áreas da cidade reservadas às elites e as áreas reservadas às classes populares.

2 O crescimento demográfico da área central da cidade (Plano Piloto) é superior ao das periferias (cidades-satélites).

3 A base espacial do plano urbanístico de Brasília reside na segregação funcional.

QUESTÃO 13

(UnB) Julgue os itens sobre o Distrito Federal. 1 O projeto urbanístico de igualdades sociais, proposto

por Lúcio Costa, não pode ser implementado devido à grande desigualdade econômica entre os habitantes de Brasília.

2 As regiões administrativas constituem-se dos municípios vizinhos do Distrito Federal.

3 O Lago Paranoá foi planejado como área de lazer para a população do Distrito Federal, por isso em suas margens encontram-se quadras polivalentes de esporte e parques públicos construídos pelo governo.

4 As áreas rurais desapropriadas do Distrito Federal, foram arrendadas para pequenos produtores com o objetivo de cultivar hortifrutigranjeiros, apesar de que em algumas áreas se instalou uma agricultura voltada para a exportação de grãos.

5 O movimento de desconcentração populacional do Plano Piloto para as outras cidades foi dirigido pelo Governo do Distrito Federal.

6 A cobertura do solo do Distrito Federal tem grande porosidade e as rochas que ficam sob ela apresentam-se grandemente fraturadas: essas condições permitem a acumulação de grandes quantidades de águas subterrâneas as quais garantem o regime perene dos rios.

QUESTÃO 14

Sobre o Distrito Federal, julgue os itens.

1 A implantação do metrô produzirá disfunção da vizinhança, valorização das terras e expulsão dos

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inquilinos, principalmente, os de baixa renda e de fundo de quintal.

2 Os inquilinos de fundo de quintal e agregados apresentam pequena concentração.

3 Os efeitos da construção do metrô sobre a estrutura urbana e a economia são questionáveis socialmente.

4 Os solos do Distrito Federal são considerados distróficos.

5 A implantação do metrô exigiu gastos elevados com desapropriação de terras, um dado oneroso do custo da obra.

6 Valor de uso é como o capitalismo incorpora a cidade. 7 Os desdobramentos de como os capitalistas

incorporam a cidade são os “empurrões humanos”, identificados de fora para dentro da malha urbana.

8 O espaço urbano é, essencialmente, um espaço de produção social.

QUESTÃO 15

Julgue os itens a seguir. 1 “Capital da Esperança” e “Epopéia da Construção”

da nova capital são referências que atraíram milhares de migrantes para o Distrito Federal, fenômeno que se intensificou nos últimos anos, o que permite concluir que, mesmo com uma conjuntura complexa, para as pessoas que chegam, simbolicamente, “o sonho não acabou...”.

2 A presença do “tempo imposto” na vida das pessoas é pequeno no Distrito Federal.

3 É de 100% a capacidade da Caesb de realizar o tratamento de esgoto e a captação de águas das enxurradas pelas galerias pluviais.

4 As terras da estrutura fundiária do Distrito Federal pertencem ao patrimônio da Terracap.

5 Militarização das ruas, violência institucionalizada, maternidade precoce, esterilização de mulheres em idade fértil, meninos e meninas de rua, degradação ambiental e desemprego estão entre algumas dificuldade do cotidiano do Distrito Federal.

6 A fragmentação espacial do Distrito Federal requer esforços significativos quanto à demanda de equipamentos, infra-estrutura e serviços de usos coletivos.

QUESTÃO 16

(UnB) Com relação à hidrologia da Região Centro-Oeste, julgue os itens. 1 O Distrito Federal localiza-se no Planalto Central, com

altitudes variando entre 1.200 m e 1.300 m e serve de divisor das águas de três bacias fluviais do Brasil: Bacia do Paraná, Bacia do São Francisco e Bacia do Tocantins.

2 No parque de Águas Emendadas estão as nascentes dos rios Descoberto e Preto, que servem de limites do Distrito Federal ao Norte e ao Sul, respectivamente.

3 Como conseqüência dos solos e das chuvas, os rios do Distrito Federal têm regime intermitente.

4 É típica a ocorrência de rápidos, corredeiras e razoáveis quedas d’água nos rios do Distrito Federal.

5 A bacia do rio São Bartolomeu corresponde aos terrenos mais acidentados do Distrito Federal.

QUESTÃO 17

(UnB) A intenção de construir uma cidade planejada como Brasília dentro de um país dependente e com graves problemas econômicos e sociais provoca especificidades no processo de formação desse espaço. Com base nessa afirmação e nos conhecimentos sobre os espaços geográficos do Distrito Federal, julgue os itens.

1 A expulsão de considerável contingente de população de baixa renda para além dos limites do Distrito Federal é uma das conseqüências do esquema monopólico de licitação das terras do Distrito Federal.

2 A espacialização do Distrito Federal com a formação de assentamentos urbanos tem modelo conurbado.

3 A ocupação urbana da periferia goiana fez surgir um movimento migratório no Distrito Federal.

4 As três reservas ecológicas e as seis áreas de proteção ambiental do Distrito Federal revelam a preocupação da intervenção planejada com a preservação ambiental.

5 Os cerrados, vegetação predominante no Distrito Federal, abrigam pouca diversidade de espécie nativas e, por isto, estão bastante preservados.

QUESTÃO 18

Leia o pequeno trecho de um texto sobre o Distrito Federal e julgue os itens.

“No decorrer do ano de 59, a inquietação com os destinos da Cidade Livre engendra as primeiras tentativas, por parte da população, de propor soluções. É, contudo, no ano de 1960 que as pressões se avolumam. Logo após a inauguração, o governo começa a pressionar para retirar a Cidade Livre – Núcleo Bandeirante –, daquele local. Manter uma enorme favela em uma área que não se destinava a habitações, e extremamente próxima ao Plano Piloto, além do desconforto estético para os visitantes, poderia causar problemas sociais graves!(...) Nos inícios da década de 1960, como era de se esperar, a maior parte do comércio de Brasília se localizava no Núcleo Bandeirante. O Plano Piloto dele dependia para se abastecer de material de construção, passando por eletrodomésticos, roupas, peças e oficinas para automóveis, até gêneros de primeira necessidade, obtidos em uma grande-feira livre que lá existia.”(Ribeiro 1982:121)

(O Canteiro de Obras, In: A Conquista da Cidade, p. 62, Aldo Paviani, Org. Coleção Brasília, Ed. UnB, 1991.)

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1 A população inicial do Núcleo Bandeirante era predominantemente constituída de homens.

2 Atualmente predominam homens e jovens na população do Núcleo Bandeirante.

3 As antigas áreas de favelas e “invasões” próximas ao Núcleo Bandeirante foram autoritariamente removidas no começo dos anos 70, dando origem à Ceilândia.

4 Muitos dos grandes grupos comerciais, hoje atuando no mercado do Distrito Federal, tiveram sua origem no comércio da antiga “Cidade Livre”.

5 O Núcleo Bandeirante foi a primeira aglomeração a surgir no Distrito Federal e por muitos anos foi conhecida como “Cidade Livre”.

6 Sua fixação como cidade (direito de apossamento e parcelamento) está relacionada à luta dos antigos moradores, por meio do movimento Pró-fixação e Urbanização, marcante no início dos anos 60.

7 Trata-se da única “Satélite” de Brasília, criada por Projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional.

8 Quando da sua fixação, Jânio Quadros era o Presidente da República.

QUESTÃO 19

(UnB) Brasília significa uma importante realização do urbanismo no século XX. Atualmente o poder público detém a propriedade de maior parte das terras do Distrito Federal e possui a exclusividade das ações do planejamento. Concernente à urbanização do Distrito Federal, julgue os itens. 1 O Sítio Urbano de Brasília foi escolhido com base em

fatores econômicos e científicos, bem como nas condições de clima e de beleza.

2 A preservação do aspecto límpido do plano original foi possível por meio da estratégia comum a todos os governos tanto militares como civis, qual seja a de “preservar”, segregando espacial e socialmente a população de baixa renda.

3 Atualmente cerca de 50% da população do Distrito Federal residem em cidades, que desenvolvem funções econômicas e políticas independentes do Plano Piloto.

4 No plano original, os sítios urbanos das cidades foram planejados para receber elevado contingente populacional.

QUESTÃO 20

Sobre o Distrito Federal, julgue os itens. 1 O GDF tem importância estratégica por ter o controle

de mais de 50% do estoque de terras e deter o monopólio do planejamento urbano, econômico e social.

2 A estrutura urbana é mononucleada.

3 Brasília é classificada como área metropolitana.

4 As cidades não constavam do planejamento original de Brasília e surgiram espontaneamente (remoções) devido às grandes imigrações que se dirigiram para cá desde o início da construção até hoje.

5 Não há fatores limitantes para a exploração do solo do ponto de vista agrícola.

6 Na estrutura geológica, predominam formações sedimentares de origem recente.

7 Morfologicamente, é significativa a ocorrência de chapadas e geologicamente são áreas de recarga de aqüíferos.

8 Aproximadamente, 3% do território encontram-se, em função da mineração, degradado, strictu sensu.

9 Em função do forte controle governamental é insignificante a existência de poços tubulares profundos no território.

QUESTÃO 21

(UnB) No dia 19 de fevereiro de 1998, o Presidente da República sancionou a lei que cria a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE), ou Área Metropolitana, como é mais conhecida. Leia as notícias seguintes, relativa à RIDE, que discutem duas grandes questões da atualidade: recursos ambientais e crescimento populacional.

A Companhia de Águas e Esgoto de Brasília (Caesb) tentará ampliar sua área de atendimento, chegando a Goiás. “Devemos nos propor a atender mercados, fora dos limites do Distrito Federal, em especial o Entorno”, afirmou o presidente da Caesb. A criação da RIDE abrirá caminho para a estatal investir nos municípios goianos vizinhos a Brasília. Além da possibilidade de a empresa aumentar o número de clientes e o faturamento, a expansão das atividades para o Entorno facilitaria o acesso a mananciais de águas localizadas em Goiás. Seria uma garantia de abastecimento para o futuro de Brasília.

(Correio Braziliense, 25/2/98, p. 5, com adaptações.)

Quando 2025 chegar, mantendo-se o crescimento observado entre 1991 e 1996, a população do Entorno será maior que a do Distrito Federal. A estimativa demonstra como a pressão demográfica dessa região pode afetar os destinos da Capital Federal. É o que mostra a mais recente publicação da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan). A população do DF passará de 1.821.946, em 96, para aproximadamente 4.390.000, em 2025. Já para o entorno, que em 96 tinha 716.626 habitantes, a população estimada será de 4.920.000.

(Jornal da Comunidade, 22 a 28/2/96, p. 3, com adaptações.) Com o auxílio dessas informações, julgue os itens. 1 O Distrito Federal necessitará utilizar novos

mananciais hídricos para atender a futura demanda, em face do crescimento populacional previsto pela Codeplan.

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2 Ao investir no Entorno, a Caesb procura principalmente o lucro financeiro, atendendo a um maior número de usuários.

3 A criação da Área Metropolitana, cujos municípios convivem com altas taxas de desemprego, trará para a região outros benefícios, além dos econômicos. Nos cálculos utilizados pela Codeplan, o crescimento da população do DF de 1996 a 2025 foi estimado em, aproximadamente, 10% ao ano.

Leia o texto a seguir para responder à questão 22.

Sobradinho e Planaltina vão ter problemas de abastecimento de água, apesar da Barragem

“Quando o Distrito Federal estiver enfrentando sua seca anual, entre maio e setembro, os mais de 212 mil moradores da região de Sobradinho e Planaltina terão motivos para sentir saudades de 1998. Em 1998, pela primeira vez na década, não houve necessidade de racionamento de água. Obras feitas pela Companhia de Água e Esgotos de Brasília (Caesb) garantiram o abastecimento da área, mais povoada que o planejado e menos hidratada que o necessário. Mas o esforço foi mais um paliativo para o problema, e não uma solução. Por isso, as torneiras deverão secar novamente este ano, durante alguns períodos dos dias sem chuva.”

(Ricardo Mendes. Correio Braziliense, 9/4/99.)

QUESTÃO 22

Julgue os itens. 1 Não há riscos de desabastecimentos em outras regiões

do DF. 2 O desabastecimento está relacionado à deficiênca da

formação geológica da área, porém são elevados os estoques de água subterrâneos da região.

3 Entre as razões do problema estão à escassez de chuvas e a inconclusão do sistema Pipiripau.

4 São escassos os estoques de água da região Nordeste do DF.

5 Além do problema da água e das queimadas, a população tende a sofrer com dificuldade de respiração (falta de ar), tosse seca, gripe, bronquite, desidratação, conjuntivites, ressecamento de pele, dermatites, fatores que agravam os problemas de saúde pública.

6 O crescimento urbano desordenado e a multiplicação desenfreada de condomínios estão entre os principais motivos do risco de desabastecimento da cidade.

QUESTÃO 23

Julgue os itens.

1 A idéia de transferência da Capital da República no Brasil é, politicamente, um fator histórico recente.

2 “Capital da Esperança” significou para o imaginário popular do Brasil um espaço com novas

oportunidades de emprego, possibilidades de melhorias das condições existenciais de vida. Em função disto, milhares de brasileiros lentamente migraram para o Distrito Federal.

3 Taguatinga tem origem pretérita ao Núcleo Bandeirante.

4 “Cidade Livre” foi a denominação inicial da cidade do Paranoá.

5 As desapropriações das fazendas na área do Distrito Federal ocorreram de forma sumária.

6 Eram poucas as fazendas na área original do Distrito Federal, portanto foram pequenos os gastos governamentais com desapropriações de terras para demarcar o território da futura Capital da república.

7 Brasília é uma cidade de origem espontânea.

QUESTÃO 24

(Pas/99) Recentemente, o Distrito Federal ganhou mais uma unidade de conservação. Trata-se de uma floresta nacional em área contígua ao Parque Nacional de Brasília, nos limites da Área de Proteção Ambiental da Bacia do Descoberto. Acerca dos objetivos da criação de unidades de conservação, julgue os itens. 1 Essas unidades são também criadas com o propósito

de pesquisa científica relacionada aos ecossistemas.

2 A criação dessas unidades constitui também uma forma de preservação dos recursos naturais, garantindo o uso e a exploração continuada desses recursos pelo homem.

3 No Brasil, muitas dessas unidades estão ameaçadas por invasões, por depredação dos recursos existentes e por diversos impactos ambientais causados pela exploração econômica em áreas limítrofes.

QUESTÃO 25

(Pas/99) Segundo a Secretaria de Saúde, o Distrito Federal (DF) tem elevada taxa de natalidade, ocupando o terceiro lugar em número de nascimentos, atrás apenas do Acre e de Rondônia. No DF, são 50 mil nascimentos por ano, o que perfaz uma taxa de 2,3%, enquanto a taxa nacional é de 1,5%. Mesmo nos estados do Nordeste, a taxa não ultrapassa 1,3%. Ainda de acordo com aquela secretaria, a taxa de mortalidade infantil também vem crescendo no DF a cada ano. Com relação à temática do texto, julgue os itens que se seguem. 1 A alta taxa de natalidade é reflexo de uma política de

saúde eficaz.

2 Tanto a taxa de natalidade quanto a de mortalidade infantil têm estreita relação com as condições socioeconômicas, ambientais e culturais.

3 Se as taxas de natalidade são altas, invariavelmente as taxas de mortalidade infantil serão altas também Os índices de natalidade mencionados são semelhantes

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em todo o mundo e refletem os progressos na área de saúde.

QUESTÃO 26

(UnB) A Produção de algodão sempre esteve relacionada à região Sul. Em notícia recente publicada no Jornal de Brasília, um empresário comentava as vantagens em relação ao Sul do país para a implantação da cultura do algodão no Distrito Federal. Parte das vantagens e dos benefícios apontados na reportagem são listados a seguir.

I. O regime regular das chuvas, que coincide com o período entre o plantio e o início da safra. No Sul, chove o ano todo.

II. O algodão tem uma grande resistência ao veranico regional, em que pode haver até vinte dias sem chuvas nos meses de janeiro e fevereiro. As raízes do algodoeiro podem alcançar um metro de profundidade em busca de água.

III. A utilização da mão-de-obra é intensiva. Em apenas 500 ha plantados em Planaltina, serão gerados 150 empregos, muitos deles só para a capina.

IV. Unaí, onde a cultura já foi implantada, o Banco do Brasil teve participação fundamental: foram financiados desde a correção do solo e o custeio da lavoura até o investimento em máquinas e na indústria beneficiadora.

V. O caroço é aproveitado pelos agricultores da região para enriquecer a ração do gado, enquanto as plumas separadas do grão são vendidas para tecelagens.

Com o auxílio das informações apresentadas, julgue os seguintes itens.

1 É intensa a presença do Estado na agricultura brasileira quando se trata da grande produção.

2 De acordo com os números apresentados (500 ha de área plantada para 150 empregos), o sistema de produção referido no item III tem caráter essencialmente familiar.

3 O fortalecimento da agroindústria é uma tendência em muitas áreas brasileiras.

4 A atividade agrícola apresenta relativa dependência dos fatores naturais, como está sugerido em I e II.

QUESTÃO 27

Leia o texto a seguir, extraído do Edital para o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, publicado no Diário Oficial do dia 30 de setembro de 1956.

(...)

Os concorrentes poderão apresentar, dentro de suas possibilidades, os elementos que serviram de base ou

que comprovem razões fundamentais de seus planos, quais sejam:

a) esquema cartográfico da utilização prevista para a área do Distrito Federal, com a localização aproximada das zonas de produção agrícola, urbana, industrial, de preservação dos recursos naturais – inclusive florestas, caça e mananciais – e das redes de comunicação (escala 1:50.000);(...)

f) equilíbrio e estabilidade econômica da região, sendo previstas oportunidades de trabalho para toda a população e remuneração para os investimentos planejados;(...)

h) distribuição conveniente da população nas aglomerações urbanas e nas zonas de produção agrícola, de modo a criar condições adequadas de convivência social.

Com o auxílio do texto, julgue os itens.

1 A divisão do espaço urbano de Brasília em setores, em função das diversas atividades humanas, exemplifica o atendimento de parte do quesito a.

2 Foram atendidas as condições do quesito f, uma vez que até hoje o DF tem baixo índice de desemprego, constituindo-se em um modelo para o restante do país.

3 No quesito h, está implícita a criação de cidades-satélites, como foi o caso de Taguatinga, Ceilândia e Planaltina, previstas no projeto de Lúcio Costa.

QUESTÃO 28

Leia o texto a seguir e julgue os itens.

“... o desenvolvimento econômico das cidades do Entorno poderia ser traçado a partir de consórcios, com a criação de pólos geradores de emprego, o afluxo de passageiros e veículos para o Plano Piloto, onde estão 95% dos empregos formais da região diminuiria. Óbvio, isso iria refletir diretamente na melhoria das condições de vida dos trabalhadores.”

(A União faz a diferença, in: Correio Braziliense, 19/3/2000, p. 8, com adaptações.)

Entre algumas vantagens das propostas dos consórcios estaria a de poupar os trabalhadores de desgastes físicos e emocionais em função dos grandes deslocamentos entre o Plano Piloto e outras cidades do Distrito Federal e Entorno.

1 A infra-estrutura viária do Distrito Federal facilita o rápido deslocamento, portanto os congestionamentos têm duração efêmera, não provocando deseconomias de escala.

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2 “... o desenvolvimento econômico das cidades do Entorno, quer dizer, indústrias, serviços, escolas, administração pública, estrutura de saúde pública, universidades etc., estariam mais próximos da população que tende a se concentrar na periferia interna e externa do Distrito Federal.

3 Além de poupar o desgaste físico e emocional provocados pelos deslocamentos constantes, a idéia em questão reduziria significativamente os congestionamentos, as despesas com sinalização e controle de tráfego. Reduziriam os riscos de acidentes, a necessidade de grandes estacionamentos e as despesas com combustível, além do desgaste dos veículos que pesa nos orçamentos familiares.

4 O metrô, obra ainda inconclusa, que atenderá a região Oeste do plano Piloto, Guará, Águas Claras, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, quando em operação, ajudará a poupar horas perdidas em meios de transporte no Distrito Federal.

QUESTÃO 29

Julgue os itens sobre o Distrito Federal.

1 São abundantes os estoques de água do subsolo, o que garante o abastecimento futuro das cidades.

2 A maior parte das cidades do Entorno localiza-se em Minas Gerais.

3 Brasília e seu Entorno formam um imenso aglomerado urbano com a mais alta taxa de urbanização dos últimos anos no Brasil.

4 Apesar do crescimento urbano acelerado, a contribuição da população do Entorno para o agravamento da qualidade de vida no Distrito Federal é insignificante.

QUESTÃO 30

Indique ambientalmente os principais fatores limitantes do Distrito Federal.

QUESTÃO 31

Relacione cidades com origem no período da garimpagem intensa (mineração) do séc. XVIII, próximas à região do Distrito Federal.

QUESTÃO 32

Indique aspectos da geomorfologia e da geologia do DF.

QUESTÃO 33

(Católica) No cálculo que se tornou clássico na literatura popular, o astrônomo Carl Sagan (1934-1996) propôs que se toda a história do universo pudesse ser comprimida em um ano, os seres humanos teriam surgido na Terra há apenas sete minutos. Nesse período, o homem inventou o automóvel e o avião, viajou à Lua e voltou, criou a escrita, a música e a internet, venceu doenças, triplicou sua própria experiência de vida. Mas foram também sete

minutos em que a espécie humana agrediu a natureza mais que todos os outros seres vivos do planeta em todos os tempos. A natureza está agora cobrando os excessos cometidos na atividade industrial, na ocupação humana nos últimos redutos selvagens e na interferência do homem na reprodução e no crescimento dos animais que domesticou.

Revista Veja, 18.04.2001.

Com o auxílio do fragmento citado, escreva (V) para as alternativas Verdadeiras ou (F) para as alternativas Falsas, abaixo.

5 Com o aumento do nível do mar, provocado pelo derretimento das geleiras, países de altitudes modestas como a Holanda teriam suas fontes de água doce comprometidas pela salinização, criando restrições às atividades humanas.

6 “... a interferência do homem... no crescimento de animais que domesticou”, pode ser confirmada, atualmente, pela epidemia da vaca louca nos rebanhos europeus.

7 Os problemas ambientais causados pela ação antrópica na Amazônia brasileira são, entre outros, o assoreamento de rios, a perda de solos e a contaminação de mananciais por mercúrio.

8 “... os excessos cometidos na atividade industrial...” são problemas também de áreas industriais pequenas, como no Distrito Federal, cuja produção industrial tem causado sérios danos à saúde humana.

9 Quem menos sofre com a poluição são os recursos hídricos, pois dois terços do nosso planeta são compostos por água potável.

QUESTÃO 34

De acordo com o texto julgue os itens seguintes.

O ano começou debaixo d’água para moradores de várias cidades do Distrito Federal. As chuvas do primeiro dia do ano provocaram acidentes carregaram veículos, abriram valas e causaram estragos em muitas residências. O temporal atingiu mais intensamente Santa Maria, mas os prejuízos também foram registrados em Brazlândia e Planaltina. Por muito pouco, não houve morte e desabamento. A Defesa Civil também identificou estragos em São Sebastião e Taguatinga.

Correio Braziliense, pg.8. 3/1/2001 1 Os aguaceiros são do tipo chuvas de “pancadas”, em

que em determinados dias e noites, as chuvas ocorrem de forma torrencial.

2 Entre as causas destes grandes aguaceiros estão os choques de frentes frias com massas continentais, camadas que deslocam da Amazônia Ocidental para o Brasil Central no final da primavera par o verão brasileiro.

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3 As frentes frias não têm relação com este fenômeno meteorológico.

4 A elevada transpiração da Floresta Amazônica interfere na dinâmica climática brasileira, o suficiente para modificar o regime das chuvas na região dos cerrados onde localiza-se o DF.

5 Os aguaceiros tipo temporais ocorre seletivamente na área do DF.

6 As prepitaçoes a mais no DF varia de 1400 – 1600 mm

QUESTÃO 35

“Poucos países no mundo tem tanta responsabilidade com a preservação das biodiversidades regionais quanto o Brasil. Pelo fato de ter herdado grandes espaços físicos e ecológicos, de máxima riqueza em termos de diversidade biológica; acrescido o fato de termos podido manter, praticamente intactas, até a década dos anos 60, nossas grandes florestas tropicais úmidas do norte do país; termos o privilégio e o peso de uma herança que ultrapassa o nível de percepção de nossas elites políticas e tecnocratas [...]”

Aziz Nacib Ab’Sabber, Amazônia: proteção ecológica e desenvolvimento, com o máximo da floresta-em-pé, p.20.

1 A deterioração ambiental que se acentual a partir da década de 60, no Brasil, deu-se, principalmente, com a expansão da fronteira agropecuária em direção ao Centro-Oeste e à Amazônia e com a implantação das chamadas rodovias de integração nacional.

2 O ecossistema amazônico brasileiro, pelo fato de ainda se constituir um imenso manancial de biodiversidade, possui uma rígida legislação ambiental, criada durante os governos militares, como parte de uma política territorial com base no conservacionismo.

3 No ecossistema da Caatinga, em virtude do corte da

vegetação para servir como lenha, pelo pastoreio desde o século XVI e pela prática de uma agricultura sem os conhecimentos adequados do ecossistema, tem-se tido como resultado um processo de desertificação e salinização do solo.

4 O Cerrado, bioma característico do Brasil Central, é o que menos sofreu degradação ambiental, resultante de sua ocupação, pois nem mesmo o intenso processo de urbanização e especulação imobiliária no Distrito Federal alterou de forma significativa a paisagem vegetal desse ecossistema.

5 O poder público e as comunidades locais têm intensificado, nos últimos anos, ações no sentido de fiscalizar as atividades turísticas e a destruição de suas

matas ciliares para a prática da agricultura no ecossistema Complexo do Pantanal, considerado “Santuário Ecológico”.

QUESTÃO 36

Vitrines sem charme

Houve uma época em que W3 Sul era a senha que dava acesso à prosperidade. Estavam ali os melhores restaurantes e às principais casas comerciais. Hoje, a W3 Sul continua cheia. De espaços vazios. A avenida tem 12,8 mil metros quadrados de área ociosa, o que representa 9,3% do total construído na sua parte comercial. Parece pouco, mas é como se uma quadra a meia estivesse completamente lotada de estabelecimentos fechados, abandonados, em obras ou em ruínas. Na verdade, acabou o charme. Não existem vitrines decoradas, fachadas bem feitas, nem uma única calçada que tenha resistido aos buracos. Faltam segurança, iluminação e estacionamento. Sobra concorrência com os shoppings e com o comércio informal que cresce nas quadras 700. Outra pesquisa apontou que 54% dos 50 empresários ouvidos acreditam que a falta de estacionamento é o principal problema da W3 Sul.

(Correio Braziliense 13/7/97 - com adaptações) Com base no texto, julgue os itens a seguir.

O modo de utilização do solo urbano é, muitas vezes, determinado por seu valor, que, ao se modificar, redefine a dinâmica de acesso a esse solo, levando a um deslocamento de atividades e à incorporação de novas áreas.

A deterioração da W3 Sul fez com que tal espaço, assim como ocorreu com as áreas centrais de outras grandes cidades, fosse ocupado por casas de diversão noturna, zonas de prostituição e hotéis de segunda categoria.

A decadência da W3 Sul reflete as maciças ondas de migrantes pobres que vêm para o Distrito Federal.

Na W3 Sul, a falta de calçadas em bom estado de conservação, de segurança, de iluminação e de estacionamento em número adequado reflete uma paisagem de desvalorização espacial, principal-mente se comparada aos shoppings.

QUESTÃO 37

No dia 19 de fevereiro de 1998, o Presidente da República sancionou a lei que cria a Região integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE), ou Área Metropolitana como é mais conhecida. Leia as notícias seguintes, relativas à RIDE, que discutem duas grandes questões da atualidade: recursos ambientais e crescimento populacional. A Companhia de Águas e Esgoto de Brasília (CAESB), tentará ampliar sua área de atendimento, chegando a Goiás. "Devemos nos propor a atender mercados fora dos limites do Distrito Federal, em especial o Entorno", afirmou o presidente da CAESB. A criação da RIDE abrirá caminho para a estatal investir nos municípios goianos vizinhos a Brasília. Além da possibilidade de a empresa

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aumentar o número de clientes e o faturamento, a expansão das atividades para o Entorno facilitaria o acesso a mananciais de água localizados em Goiás. Seria uma garantia de abastecimento para o futuro de Brasília.

(Correio Braziliense. Cidades, 25/02/98, p. 5 – com adaptações)

Quando 2025 chegar, mantendo-se o crescimento observado entre 1991 a 1996, a população do Entorno será maior do que a do Distrito Federal. A estimativa demonstra como a pressão demográfica dessa região pode afetar os destinos da Capital Federal. É o que mostra a mais recente publicação da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (CODEPLAN). A população do DF passará de 1.821.946, em 96, para aproximadamente 4.390.000, em 2025. Já para o Entorno, que em 96 tinha 716.626 habitantes, a população estimada será de 4.920.000.

(Jornal da Comunidade, 22 a 28/02/98, p. 3 - com adaptações)

Com o auxílio dessas informações, julgue os itens seguintes.

O Distrito Federal necessitará utilizar novos mananciais hidrícos para atender ã futura demanda, em face do crescimento populacional previsto pela CODEPLAN.

Ao investir no Entorno, a CAESB procura principalmente o lucro financeiro, atendendo a um maior número de usuários.

A criação da Área Metropolitana, cujos municípios convivem com altas taxas de desemprego, trará, para a região, outros benefícios, além dos econômicos.

Nos cálculos utilizados pela CODEPLAN, o crescimento da população do DF de 1996 até 2025 foi estimando, em aproximadamente, 10% ao ano.

QUESTÃO 38

Uma pesquisa realizada entre 1990 a 1995 pelo Centro Scalabriano de Estudos Migratórios (CSEM) mostrou que 27,77% don estrangeiros atendidos pelo centro no Distrito Federal (DF, tinham curso superior e que outros 40,33% haviam completado o ensino médio. A Irmã Rosita, do

CSEM, acredita que estrangeiros vêm ao DF por causa da universidade. Não que todos venham estudar, mas um vem para isso e acaba falando bem da região e ajudando outras pessoas a se instalarem. "O estudo é o elemento condutor do estrangeiro até aqui", diz a religiosa.

(Meu lugar é aqui. ln: Correio Braziliense, 25/12/98, p.

16-7 (com adaptações )

Acerca do terra referido no texto acima, julgue os itens que se seguem.

A migração, para ser considerada como tal, deve ter caráter permanente.

A migração inter-regional no Brasil é inexistente. Além dos mencionados imigrantes em Brasília, o país

ainda atrai população estrangeira para outras cidades.

O DF, cuja qualidade de vida, em média é mais elevada que no restante do país, atrai mão-de-obra estrangeira com bom nível educacional e com desejo de aperfeiçoamento profissional por meio do sistema universitário.

QUESTÃO 39

Considerando as diversas formas de produção de energia, julgue os itens que se seguem.

A luz solar, os ventos e as marés são fontes de energia que pode ser transformada em energia elétrica.

Uma fonte alternativa de produção de energia para o Brasil é o gás natural, uma vez que existem reservas nacionais suficientes pare suprir toda a demanda atual.

No Brasil, há quantidade suficiente de urânio para a geração de energia elétrica na usina nuclear de Angry I.

A usina de Itaipu, situada no rio Paraná, fronteira entre Brasil e Paraguai, ainda é a maior usina hidrelétrica do mundo.

No Distrito Federal, cerca de 50% da energia elétrica consumida provém da barragem do rio Descoberto, situada nas proximidades de Pirenó-polis - GO.

QUESTÃO 40

Com a mudança da capital do Brasil para, no Planalto Central, exercer funções exclusivamente político- administrativas, criou-se a expectativa de que a ocupação do Piano Piloto, projetado por Lúcio Costa, alcançaria cerca de 500 mil habitantes, quando consolidado. O que ocorre atualmente é um processo absolutamente distinto. A respeito das transformações socioespaciais ocorridas no Distrito Federal (DF), julgue os itens a seguir.

No DF, as crescentes taxas de desemprego estão associadas ao processo de fechamento de postos de trabalho urbano, que atinge apenas trabalhadores com pouca ou nenhuma possibilidade de ascensão social, como moradores de rua e iletrados.

Brasília foi construída em uma posição territorial estratégica, com o objetivo de conduzir a articulação econômica, demográfica e social entre as regiões,

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promovendo a ocupação e a integração do território nacional, por intermédio do desenvolvimento da produção econômica.

No DF, o ritmo de crescimento populacional elevado relaciona-se principalmente ao crescimento dos setores industrial e agropecuário, com fortes efeitos positivos nos setores comerciais e nos serviços privados.

A construção de Brasília acentuou a ocupação da região Centro-Oeste como área de expansão da fronteira agrícola, que já vinha ocorrendo desde os anos 40, devido ao fato de que as terras eram mais baratas para a produção de culturas de exportação.

Rascunho

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