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MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia 1

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ROTEIRO

� Dinâmica da população mundial;

� O crescimento da população mundial;

� As desigualdades na distribuição da população mundial;

� Diferença entre populoso e povoado;

� Superpopulação e superpovoamento;

� Indicadores demográficos;

� Migrações: O mundo em movimento.

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Objetivos � Compreender os conceitos de população e sociedade;

� Entender o processo de crescimento da população mundial; � Diferenciar um território populoso de um super povoado; � Entender porque das desigualdades na distribuição da população mundial; � Identificar as causas e conseqüências de um superpovoamento e de uma superpopulação; � Analisar os indicadores demográficos; � Compreender como ocorrem os principais movimentos populacionais no mundo.

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DINÂMICA DA POPULAÇÃO MUNDIAL A população pode ser classificada segundo a sua religião, e suas condições de vida retratada através de indicadores sociais, tais como: taxa de natalidade e de mortalidade, expectativa de vida, índice de analfabetismo, participação na renda, etc. Em suma, a população depende da sociedade em que está inserida em nível local, municipal, nacional e internacional. A dinâmica demográfica (populacional) é o resultado da interação de duas dimensões : o crescimento da população e a sua distribuição espacial.

O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL O crescimento da população e suas conseqüentes transformações foram lentas e gradativas até a Revolução Industrial, como podemos verificar ao analisarmos o gráfico abaixo: a 10.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo havia na Terra 4 milhões de pessoas e passados 5000 anos a população aumentou para 5 milhões. Nesta época os homens eram nômades e viviam em grupos, dependendo exclusivamente da natureza. A população não podia aumentar demasiadamente, por duas razões: poderiam faltar alimentos e também dificultaria para a mulher carregar mais de um filho, nas expedições (constantemente o grupo tinha que mudar de lugar para outro à procura de alimentos). Por volta de 3.600 anos A.C quando foi inventada a escrita, a população aproximou-se de 14 milhões. Quando Jesus nasceu já existiam 170 milhões de habitantes. Veja com atenção o quadro abaixo.

O crescimento populacional foi notável a partir do final do século XVIII, com a Revolução Industrial. De 1700 a 1800, aumentou para 290 milhões de habitantes no planeta.

A população é o conjunto de pessoas que reside ou habita em um determinado território, que pode ser uma cidade, um

país, um estado ou um planeta como um

todo.

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Já com o surgimento das sociedades modernas ou industrializadas, caracterizadas por forte urbanização, produção sistemática de mercadorias, assistência médica e sanitária, a população passou a crescer de maneira assustadora. Esses assuntos vão ser analisados mais adiante. Em 1993, o planeta contava com 5,5 bilhões de pessoas, Os especialistas em demografia prevêem que a população mundial será de 8 bilhões e 525 milhões de habitantes em 2025. Desde que a população começou a crescer vertiginosamente muitos pesquisadores e economistas passaram a se preocupar com a situação e com a sociedade. A Inglaterra foi a pioneira na formação das sociedades industrias, em 1750 contava com 5 milhões de habitantes e em habitantes e em 1840 a população havia crescido para 10 milhões. Nesse período, Thomas Robert Malthus (1798), um pastor protestante, defendeu uma teoria sobre as questões demográficas e escreveu um livro chamado Ensaio Sobre Princípio da População e tentou explicar como o crescimento demasiado da população afeta a melhoria da sociedade. Segundo a Teoria de Malthus, o crescimento da população não seria acompanhado, na mesma proporção pelo crescimento da produção de alimentos , isto é, enquanto a população cresce em progressão geométrica (2,4,16,32...) a produção de alimentos cresce em progressão aritmética (2,4,6,8,l0...). Essa teoria indicava que a vida das gerações futuras estaria comprometida. Os povos iriam defrontar-se com a escassez de alimentos, com o alastramento de doenças e epidemias, com o confronto entre grupos sociais pela disputa de alimentos e, conseqüentemente com a desestruturação de toda vida social. Como Malthus era reverendo, não aceitava a idéia de controle de natalidade por quaisquer meios (preservativos, pílulas, abortos). Segundo ele, as pessoas deveriam adiar o casamento, até que tivessem condições de manter uma família dignamente. Caso não adquirissem essas condições, deveriam abster-se do matrimônio. As idéias malhusianas foram muito discutidas até no final do século XVIII e início do século XIX. Malthus não levou em consideração que: • O aumento populacional nem sempre apresenta altos índices quanto melhor for

o nível de vida da população menor é o índice de aumento; • o progresso técnico para a agricultura, ou seja, desde que modernizem as

técnicas de plantio, a produção também pode multiplicar-se; • novos contingentes (crianças) são futuras mãos-de-obra para as remanescentes

indústrias; • a fome no planeta não é uma decorrência do aumento da população, mas é o

resultado da má distribuição de renda e de alimentos.

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Veja que, após a Segunda Guerra Mundial, em São Francisco (EUA) em 1945, ocasião em que foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), foram discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão de um novo conflito militar em escala mundial.

LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO A SEGUIR. “Havia apenas um ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades econômicas no planeta. Agora, como explicar e, a partir daí, enfrentar a questão da miséria nos países subdesenvolvidos ?”. Esses países buscaram a raiz de seus problemas na colonização do tipo exploração implantada em seus territórios e nas condições de desigualdade das relações comercias que caracterizam o colonialismo e o imperialismo. Passaram a propor amplas reformas nas relações econômicas em escala planetária, que, é óbvio, diminuíram as vantagens comercias e, portanto, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países subdesenvolvidos em direção ao caixa dos países desenvolvidos. Nesse contexto histórico, foi criada a teoria demográfica neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrência da fome nos países subdesenvolvidos. Ela é defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos, para se esquivarem das questões econômicas”.

Para quem e para que?

A teoria neomalthusiana defende que uma numerosa população jovem (elevada taxa de natalidade) oneraria o Estado, pois necessitaria de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Também, diminuiria o investimento produtivo no setor da produção (agropecuária e indústria). Ainda, defende que quanto maior o número de habitantes de um país, menor é renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos. Fundamentadas nessas idéias, inúmeras instituições e muitos governos dos países subdesenvolvidos começaram propor certas medidas a fim de diminuírem os índices de natalidade, a mais conhecida delas é o planejamento familiar. Que consiste em limitar o número de filhos . Passaram, então, a propor programas de controle de natalidade e disseminar a utilização de métodos anticoncepcionais.

Você sabia que... os países colonizadores foram os que mais incentivaram as famílias de colonos e de escravos a terem muitos filhos .

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Reflita sobre a frase a seguir ! "Dizer que os países subdesenvolvidos desviam dinheiro do setor produtivo para os investimentos sociais é , no mínimo, hipocrisia, explícita de política demográfica neomalthusiana”. Surge uma terceira teoria, em relação às duas anteriores- a teoria reformista. Segundo esta teoria a população jovem não é a causa, mas conseqüência do subdesenvolvimento.

Em países desenvolvidos, onde houve investimentos sociais e a conseqüente elevação de padrão de vida da maioria da população, o controle de natalidade ocorreu paralelamente à melhoria de vida e espontaneamente, de uma geração à outra. Nos países subdesenvolvidos, o controle de natalidade foi forjado, sem uma tomada de consciência da maioria da população. Antes, as famílias eram preparadas para ter muitos filhos com a finalidade de obter numerosa mão-de-obra barata nas colônias agrícolas. Depois que essas

colônias se tornaram independentes politicamente , continuaram dependentes economicamente e precisavam de mão-de-obra para trabalhar na agricultura de exportação. Esta é uma das razões do grande crescimento populacional. De 1950 a 1993, em apenas 43 anos, a população dobrou. Esse crescimento recente é conhecido por explosão demográfica. Note que a população jovem dos países do Sul (subdesenvolvidos) tornou-se um obstáculo para o desenvolvimento econômico porque não houve investimento social, particularmente em educação e saúde. Por essa razão gerou-se um grande contingente de mão-de-obra desqualificada ingressando anualmente no mercado de trabalho e como conseqüência obtém-se baixa produtividade por trabalhador e o empobrecimento da maioria da população. À medida que as famílias obtêm condições dignas de vida, o controle de natalidade torna-se espontâneo e consciente, isto é, tende a diminui o número de filhos para que seus dependentes tenham acesso aos sistemas de educação e saúde. Podemos verificar esta situação ao compararmos as famílias brasileiras de classe média e as de classe baixa.

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“Quando o cotidiano familiar transcorre em condições miseráveis e as pessoas não têm consciência das determinações econômicas e sociais, vivem de subempregos, em submoradias e subalimentadas, como esperar que elas estejam preocupadas em gerar filhos ?”. Essa teoria, enfim, é a mais realista, por analisar problemas econômicos, sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais do dia-a-dia das pessoas. Os investimentos em educação são fundamentais para a melhoria de todos os indicadores sociais. Quanto maior a escolaridade da mulher, menor é o número de filhos e a taxa de mortalidade infantil.

Observe o gráfico ao lado quanto mais desenvolvido for o país, menor é a prole, isto é, menor número de filhos por mulher em idade reprodutiva e também: quanto maior é a escolaridade, menor é a fecundidade.

Leia com atenção o quadro abaixo .

No século XIX, o sociólogo Karl Marx, responsabilizava a estrutura do sistema econômico capitalista como causadora das desigualdades sociais e da pobreza. Para ele, as leis de desenvolvimento populacional não eram naturais e seguiam os padrões históricos de cada sociedade. Marx apresentou a idéia de superpopulação relativa, que significa a necessidade histórica para o capitalismo de um excesso populacional. Essa situação facilitaria a reposição de mão-de-obra, o rebaixamento de salários e o aumento das taxas de lucro. Os seguidores de Marx, ao contrário dos malthusianos, defendiam que cabia ao Estado, em um novo tipo de sociedade, o papel de redistribuir a riqueza e exercer o combate à fome e à miséria.

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DESIGUALDADES NA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO

A desigualdade na distribuição populacional se deve em grande parte, aos ritmos desiguais de crescimento e aos fatores históricos e econômicos. Enquanto a Europa e parte da Ásia (Rússia) levaram cem anos para duplicar a sua população, o sudeste asiático e a África levaram sessenta anos, quarenta anos a América Latina, trinta anos. Os países africanos, americanos e do sudeste asiático foram colônias européias. As primeiras civilizações desenvolveram-se ao longo dos rios, nas planícies onde havia solos úmidos e férteis e clima favorável para determinados produtos agrícolas conhecidos na época. Com o aparecimento da técnica na maneira de produzir, surgiram excedentes alimentares e começou o desenvolvimento do comércio. Essas áreas passaram a atrair e fixar inúmeras pessoas. Com o aumento da população, os povos aumentaram os seus territórios, conquistando e marcando definitivamente os seus espaços territoriais. Por essas razões o sul e o sudeste da Ásia são áreas mais povoadas, seguidas dos países europeus, como podemos observar no mapa a seguir. No mapa você poderá visualizar, superficialmente, onde se encontram as maiores concentrações populacionais e no quadro, como se distribuem por continente. Podemos observar que num continente existem áreas superpovoadas como sudeste asiático- formando um verdadeiro formigueiro humano e ao lado,, imenso vazio demográfico (áreas pouco povoadas). No interior dos países populosos também há desigualdades na distribuição espacial da população. Há regiões e áreas superpovoadas e outras pouco povoadas.

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POPULAÇÃO ABSOLUTA- é o total de habitantes de uma área.

POPULAÇÃO RELATIVA OU DENSIDADE DEMOGRÁFICA – indica o número de habitantes por quilômetro quadrado (Km2). A população relativa indica se uma região é muita ou pouco povoada.

Observando o mapa do Brasil ao lado, percebemos o litoral densamente povoado e o interior, notadamente a região Norte, pouco povoada. Por razões históricas, políticas e econômicas a população sempre esteve concentrada no litoral.

Para você Pensar ...

POPULOSO SIGNIFICA POVOADO?

O termo populoso refere-se a população absoluta ou número total de habitantes de um país. Por exemplo, o Brasil é o quinto país mais

populoso do planeta, com aproximadamente 164 milhões de habitantes, mas pouco povoado, possuindo apenas 19,18hab./km2 . Portanto, povoado refere se a concentração de habitantes por quilômetro quadrado, ou seja, a população relativa de uma área, região ou país. Para calcular a densidade demográfica de uma área, divide-se o número de habitantes por sua extensão territorial.

Densidade Demográfica = 164.000.000 = 19,18hab./Km2 No Brasil 8.500.000

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OBSERVE COM ATENÇÃO O QUADRO A SEGUIR:

Para analisar a qualidade de vida da população ou a economia de um país, estado ou região em relação a sua população, esses conceitos devem ser revitalizados. Por exemplo, os Países Baixos (Holanda), Bélgica e Japão, apesar de serem densamente povoados com mais de 300 hab./Km*, não são considerados superpovoados, porque possuem uma estrutura econômica e serviços públicos que atendem às necessidades dos seus cidadãos. Enquanto que o Brasil, mesmo possuindo uma baixa população relativa é “muito povoado” ou superpovoado, devido à carência de serviços públicos, de empregos com salários dignos, habitações, etc. o nível de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico de suas populações em relação a área de seus territórios é muito baixo.

SUPERPOPULAÇÃO É MELHOR QUE O SUPERPOVOAMENTO?

Nesse contexto, a superpopulação é o termo utilizado para expressar apenas a quantidade de indivíduos que habitam um determinado espaço geográfico. Essa expressão também é utilizada para os estudos de plantas ou animais. Portanto podemos definir a população como conjunto de indivíduos de uma mesma espécie, que vive num mesmo espaço geográfico, ao mesmo tempo.

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O superpovoamento leva em conta a análise das condições socioeconômicas da população.

Uma área ou um país só é considerado superpovoado quando sua população é maior que os recursos disponíveis, isto é, quando a população ultrapassa um limite a partir do qual começa a baixar significativamente o nível de vida, prevalecendo a fome e a difusão de moléstias infecto-contagiosas.

Nas áreas superpovoadas a população vive em condições que levam à pobreza absoluta.

Ao analisar a distribuição da população mundial na superfície terrestre,

percebemos que nem sempre as áreas mais povoadas, de maior concentração demográfica, são aquelas que apresentam problemas socioeconômicos, como foi citado anteriormente, o exemplo dos Países Baixos em relação ao Brasil.

Alguns países que no passado foram considerados superpovoados hoje não mais o são, apesar de possuírem uma população maior que antes. Mas, a maioria dos países que foram colônias no passado hoje são considerados superpovoados. Veja o caso da China, que em 1953 era considerado a área mais superpovoada do planeta, com 550 milhões de habitantes apresentando um padrão alimentar deficiente, baixa produtividade, altas taxas de mortalidade, analfabetismo, desemprego e outros inúmeros problemas. Após uma profunda reforma social e econômica, com o objetivo de construir uma sociedade mais igualitária melhorou sensivelmente a qualidade de vida dos chineses: a taxa de mortalidade passou a ser uma das mais baixas do mundo, elevou-se o padrão alimentar, houve crescimento na produção e o desemprego é quase inexistente. Diante disso não é mais utilizado o termo “superpovoamento” quando se refere à população chinesa, apesar de ter ultrapassado um bilhão e duzentos milhões de habitantes.

No período em que o governo chinês

estabeleceu rígidos regulamentos para o planejamento familiar houve uma redução das taxas de natalidade e continua reduzindo (44 em 1995 e 18 em 1995). Mas isso se deu mais como decorrência natural da melhoria da qualidade de vida: do aumento dos índices de alfabetização e da elevação do custo de formação do indivíduo (a obrigatoriedade de colocar os filhos na escola, restrições ao trabalho infantil, etc.).

Um país que pode ser comparado com esse exemplo é a Índia, onde houve um controle de

natalidade muito mais intenso, chegando a práticas desumanas, mas continua a ser um país superpovoado, porque não foi acompanhado de alterações sócio-econômicas.

Esta é uma das provas de que é melhor investir na educação das massas e na sua conscientização.

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TOME NOTA!!!

O superpovoamento é sempre relativo, ou seja, ele depende muito mais das

condições sócio-econômicas que do tamanho do território e da população.

OS ELEMENTOS DA DINÂMICA POPULACIONAL

Como foi visto anteriormente, as teorias buscam estabelecer relações entre o crescimento da população e as condições de vida, mas não suficientes para esclarecer a questão.

Muito mais que teorias, os governantes, os empresários e as comunidades

precisam desenvolver políticas sociais e planejar atividades econômicas tanto no âmbito local, estadual ou nacional quanto no mundial. Para que o planejamento e a realização sejam adequados à população é fundamental que tenham em mãos recursos numéricos e dados e dados estatísticos. Entre esses recursos, destacam-se os indicadores demográficos, as pirâmides etárias e os indicadores sociais.

No mundo globalizado em que vivemos, esses recursos são importantes, não

só para os dirigentes da nação, mas para toda a sociedade se informar e se inteirar das condições socioeconômicas e das transformações ocorridas em diferentes lugares.

COMO ENTENDER OS INDICADORES DEMOGRÁFICOS?

Para compreender melhor o crescimento da população mundial, suas desigualdades e sua distribuição populacional. É necessário entender certos indicadores que explicam a dinâmica da população, tais como: taxa de natalidade, de mortalidade, do crescimento natural ou vegetativo, de fecundidade e de mortalidade infantil e a expectativa de vida.

Tome nota.

Expectativa de vida ou esperança de vida ao nascer: é o número de anos que um recém-nascido poderá viver, levando-se em conta os recursos alimentares, médico-hospitalares, condição de higiene, etc. LUCCI, Elian A. O homem no espaço global p.163

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VEJA O QUADRO A SEGUIR.

No quadro acima encontram-se, como exemplo, países subdesenvolvidos emergentes e desenvolvidos. Quanto mais desenvolvido for o país menor é a taxa de crescimento demográfico, de mortalidade infantil , de fecundidade e maior é a expectativa de vida. Essa ocorrência confirma o que já foi visto. Onde o padrão de vida é elevado, há um controle de natalidade e conseqüentemente a mortalidade infantil é menor e a expectativa de vida em virtude da melhoria da qualidade de vida.

É importante lembrar que nos indicadores demográficos os dados são uma média entre os habitantes de determinado espaço ou país. Se formos analisar a realidade com certos detalhes veremos que há diferenças. Os países em desenvolvimento e os subdesenvolvidos apresentam grandes desigualdades tanto regionais como entre a grande maioria e uma minoria ( a elite dominante ).

Podemos exemplificar com os dados do quadro a seguir. Por exemplo, a expectativa da população da região Sul é bem maior que a do Nordeste. Isso não quer dizer que todas as pessoas da região Sul possuem o mesmo padrão de vida. Como em todos os lugares, há uma parcela da população vivendo em péssimas condições, quase subumanas, a maioria se enquadra no padrão razoável e uma minoria possuindo alto nível de vida.

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VEJA COM ATENÇÃO O QUADRO A SEGUIR

GRANDES REGIÕES

Esperança de vida ao nascer (anos) 1998

Taxa de mortalidade infantil por mil – 1998

Homens Mulheres Norte 65,1 71,1 35,2

Nordeste 62,1 68,2 57,91 Sudeste 64,8 73,8 24,76

Sul 66,9 74,5 22,39 Centro-Oeste 65,8 72,4 25,09

Brasil 64,3 72,1 36,1 Fonte :IBGE/ Fundo da População das Nações Unidas

Com certeza , para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio é necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e econômicas. Apesar de estar aumentando o número de pessoas que vivem na miséria e passam fome em virtude do sistema político-econômico vigente, o crescimento vegetativo ou natural está decrescendo.

LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO A SEGUIR

“Atualmente, o que se verifica é uma queda global dos índices de natalidade

e mortalidade. Essa está relacionada principalmente ao êxodo rural e suas conseqüências no comportamento demográfico”: Maior custo para criar os filhos – é muito mais caro e difícil criar filhos na cidade, pois é necessário adquirir maior volume de alimentos básicos, que são mais cultivados pela família. Além disso o ingresso dos dependentes no mercado de trabalho urbano costuma acontecer mais tarde que no campo e as necessidades gerais de consumo com vestuário, lazer, medicamentos, transportes, energia, saneamento e comunicação aumentam substancialmente; Acesso a métodos anticoncepcionais – com a urbanização, as pessoas passaram a residir próximo às farmácias, hospitais, postos de saúde, tomando contato com a pílula anticoncepcional, os preservativos, os métodos de esterilização; Trabalho feminino extradomiciliar – no meio urbano, aumenta sensivelmente o percentual de mulheres que trabalham fora de casa e desenvolvem carreiras profissionais. Para essas mulheres, a gravidez sucessiva passa a significar queda no padrão de vida e comprometimento de sua atividade profissional; Aborto – é ilegal na esmagadora maioria dos países os índices de abortos clandestinos são conhecidos. Sabe-se, porém que a urbanização levou bastante a sua ocorrência, contribuindo para uma queda da natalidade. Acesso a tratamento médico, saneamento básico e programas de vacinação – esses fatores justificam um fenômeno: nas cidades, a expectativa de vida é maior que no campo. Portanto, com a urbanização, principalmente nos países subdesenvolvidos, caem as taxas de mortalidade. Mas isso não significa que a população esteja vivendo melhor. Está apenas vivendo mais”.

SENE, Eustaquio de e. p.340-1

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A partir da década de 80, principalmente nos países capitalistas desenvolvidos, onde há presença marcante da mulher no mercado de trabalho e o modo de vida baseado na preservação da individualidade, está ocorrendo um novo fenômeno: a implosão demográfica, índices de crescimento negativos.

País

Taxa média anual de crescimento

no período 90-95 (%)

País

Taxa média anual de crescimento

no período 90-95 (%)

França 0,4 Dinamarca 0,2

Hungria 0,5 Espanha 0,2

Bélgica 0,3 Itália 0,1

Romênia 0,3 Portugal 0,1

Bulgária 0,6 Reino Unido 0,3

Em quase todos os países europeus têm ocorrido índices de crescimento

próximos de zero. Portugal e Espanha são pouco industrializados em relação às economias mais desenvolvidas do continente, apresentam taxas negativas.

Obs.: as taxas de natalidade e de mortalidade também são expressas em porcentagem. Assim, baseando-se nos dados dos exemplos anteriores: Taxa de natalidade: 1,4%. Taxa de mortalidade: 0,6% ♦ Taxa de crescimento vegetativo: diferença entre a taxa de natalidade e a taxa

de mortalidade. Conforme os exemplos de taxas de natalidade e mortalidade anteriores

Taxa de natalidade: 14% Taxa de mortalidade: -6% Crescimento vegetativo: 8% ou 0,8% Obs.: A taxa de crescimento vegetativo é também denominada taxa de crescimento natural.

Tome Nota!!!

Além dos fatos mencionados, “as novas descobertas e a diversificação dos métodos anticoncepcionais permitiram à mulher separar a sua sexualidade da sua capacidade reprodutiva”.

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♦ Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher em idade de procriar,

que, por convenção, tem entre 15 e 49 anos. ♦ Taxa de mortalidade infantil: relação entre o número de óbitos de crianças com

menos de um ano, multiplicado por mil, e o número de crianças nascidas vivas durante o ano civil.

TAXAS

♦ Taxa de natalidade: número de nascidos vivos registrados em um ano por mil habitantes. É portanto a relação entre os nascimentos e a população total, expressa por mil habitantes.

Exemplo: Nascimentos anuais: 775.000. População total: 55.173.000 habitantes. Taxa de natalidade: 775.000 x1000=14% 55.173.000 Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, nasceram 14 crianças vivas num ano. ♦ Taxa de mortalidade: número de óbitos registrados em um ano por mil

habitantes. É calculada a partir da relação entre óbitos anuais, multiplicados por mil, e a população total.

Exemplo : Óbitos anuais: 335.000. População Total: 55.173.000 habitantes. Taxa de mortalidade: 335.000x1000=6% 55.173.000 Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, morreram 6 pessoas num ano .

Por Que as Pessoas Migram?

Observe o mapa a seguir:

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Nos países subdesenvolvidos, de uma forma geral, embora as taxas de natalidade e de mortalidade venham declinando, a taxa de crescimento vegetativo continua elevada, acima de 1,8%.

Emigração X Migração ou Migrações Externas

Na escala internacional, o principal motivo das migrações (emigração e imigração) é o econômico e o crescimento populacional. As pessoas se deslocam de um país para outro em busca de oportunidades de trabalho e de melhores condições de vida. Os países ou regiões que apresentam um crescimento superior a sua capacidade de crescimento econômico costuma apresentar o fenômeno da emigração, isto é, seus habitantes saem em direção à outras

regiões. Estas áreas transformam-se em pólos de repulsão. Inversamente, quando as regiões ou países têm um crescimento econômico superior ao da população, se tornam pólos de atração e provocam o fenômeno da imigração.

Um dos maiores pólos de atração no início da década de 90 foi a União Européia. Com o aprofundamento das relações econômicas entre os países europeus e a necessidade de competir com as economias americana e asiática

esses países se uniram e criaram uma nova realidade – a livre circulação de pessoas no interior da União Européia. Nessa época intensificou-se a imigração na Europa, pois muitas pessoas aproveitaram a economia em ascensão e emigraram de seus países em busca de oportunidades de trabalho e também, fascínio pelo primeiro mundo.

Em menor dimensão, as pessoas saem do país por motivo de perseguição religiosa, política ou retorno ao seu país de origem.

As desigualdades na evolução econômica e na distribuição da população mundial ou regional aliadas ao crescimento vegetativo sempre resultaram em deslocamentos humanos ou migrações. As forças propulsoras dessas migrações são as áreas de atraçãoáreas de atraçãoáreas de atraçãoáreas de atração e as áreas de repulsãoáreas de repulsãoáreas de repulsãoáreas de repulsão.

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High Tech ou hi-tech – abreviatura do inglês high tecnology, alta tecnologia refere-se a produtos ou processos de produção de tecnologia de ponta, ou seja, a tecnologia mais avançada em dado momento histórico.

Importante . A população de um país ou região pode crescer através do crescimento vegetativo ou natural e por imigração.

Texto de apoio: A nova Pátria

A imigração de judeus “russos” , sob estímulo do governo israelense, não pára de crescer. O êxodo de judeus do antigo bloco soviético para Israel iniciou-se em 1989. Só no ano passado vieram 54 mil imigrantes e para este ano, até o final de dezembro estima-se em 60 mil. No ano 2000 atingiu cerca de 1 milhão de “russos” em Israel, ou um sexto da população do país (5,9 milhões de habitantes).

Em Israel, fundaram uma espécie de pequena Rússia, com partidos políticos próprios e representantes no governo e no parlamento, além de jornais em russo. Os funcionários da imigração falam em russo. A música de fundo é russa. Os israelenses riem da piada: “O hebraico está se tornando a segunda língua em Israel”.

Os “russos” em Israel não se submetem, como os imigrantes etíopes ou marroquinos – impõem-se. Também não se integram, mas conquistam direitos.

Geralmente esses imigrantes depois de cadastrados (banco de dados) recebem do governo israelense uma carteira de identidade, seis meses de assistência médica gratuita, ajuda imediata em dinheiro e mais um carnê para a retirada mensal em bancos que ainda inclui benefícios para o primeiro ano em Israel. Para cada família de quatro pessoas, são destinados US$540,00 na hora e o equivalente a US$ 10 mil em 12 meses. Aos aposentados , aposentadoria, doentes, e hospitalização. Para todos, cursos intensivos de hebraico. A única condição para ser aceita como imigrante é a de ser judeu.

A revoada de “russos” está russificando

Israel. Eles influenciam muito e de várias formas na cultura israelense. Por exemplo, impulsionaram a economia principalmente por oferecer um grande número de profissionais altamente qualificados. Tornou possível um enorme do setor highTech.

“Nas cidades em desenvolvimento do deserto do Neguev e da Galiléia, uma situação totalmente diferente está criada, pois 25% de sua população é de novos imigrantes. Eles pesam nas decisões sobre educação, esportes e vida cultural”.

Revista Época 19/10/98 Como você acabou de ver, Israel teve um crescimento populacional por imigração. Outros países podem ter um declínio na sua população por motivo de emigração ou perdas (mortes) numa guerra.

O Brasil já foi um país de imigrantes, ao lado dos Estados Unidos e dos outros países americanos. Para suprir a necessidade de mão-de-obra nas lavouras vieram europeus de todas as nacionalidades. Nesse período, a Europa atravessava uma série de dificuldades: desemprego em massa, perseguição religiosa, conflitos internos, etc.

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TOME NOTA Xenofobia – aversão a tudo o que não é

nacional. Neo-Nazismo – Doutrina

semelhante em alguns aspectos ao nazismo. O Nazismo defendia

a superioridade dos brancos europeus e particularmente dos

alemães, a inferioridade dos negros e judeus. Os neo-nazistas são muito mais radicais, agridem os imigrantes de países pobres,

queimam suas residências, fazem manifestações ruidosas e defendem a expulsão dos

estrangeiros.

Para o Brasil de início vieram os portugueses e africanos (escravos). No

auge da cultura cafeeira vieram os imigrantes espontâneos. Os principais grupos que entram no Brasil foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses. Embora tenha estabelecido a Lei das Cotas (1934) que restringia a imigração a números bastante modestos, com exceção dos portugueses, o Brasil continuou recebendo imigrantes. Com a Segunda Guerra Mundial muitos judeus, poloneses, japoneses, chineses, entre outros, vieram para cá em busca de oportunidades e melhores condições de vida. Da década de 70 até os dias atuais, tem ocorrido o inverso, o Brasil transformou-se em um país de emigração. Com a expansão da soja na região sul do país aliada à concentração de terras e às empresas agropecuárias, mais de 300 mil brasileiros passou a viver em terras paraguaias – são os brasiguaios, que representam cerca de 6,5% da população daquele país.

Principais grupos de Imigrantes no Brasil (1800-1970)

5% 4%17%

13%30%

31%

Alem ães

Japoneses

Outras

Espanhóis

Italianos

Portugueses

Na década de 80, a recessão mundial afetou principalmente o mundo subdesenvolvido, o que intensificou a saída de brasileiros em direção aos Estados Unidos, Paraguai, Japão e países europeus. Estima-se que, atualmente, 1,5 milhão de brasileiros estejam vivendo no exterior.

ONDE ESTÃO OS BRASILEIROS? E OS IMIGRANTES SÃO BEM - VINDOS?

Embora a emigração tenha autorização

ou até incentivos por parte do governo, sempre há uma rejeição natural dos grupos nacionais devida a instabilidade que ela causa. Essa instabilidade pode ser causada pela competitividade no trabalho, no emprego, na

habitação, etc. De certa forma há choque cultural – ambos terão que aceitar as mudanças. Como por exemplo, a Alemanha teve que passar a conviver com uma acentuada migração interna quando houve a unificação.

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O índice de desemprego chegou a 30% da população economicamente ativa

em 1993. Faltava à Alemanha mais 7 milhões de empregos. Essa conjuntura foi favorável ao surgimento de um nacionalismo extremado de alguns grupos, cuja ideologia estava alicerçada na xenofobia e no neonazismo.

Os países do leste europeu passaram a constituir uma zona de repulsão, as pessoas tentaram recomeçar suas vidas no capitalismo já consolidado no Ocidente. A transição do socialismo para a economia de mercado (capitalismo) causou problemas maiores do que os políticos e economistas previam. Nos países socialistas, como a economia era controlada pelo Estado, houve defasagem tecnológica e conseqüentemente, ineficiência na produção de bens de consumo. Com a abertura para o capital estrangeiro, as multinacionais levaram consigo equipamentos e tecnologia do Ocidente e não absorveram toda mão-de-obra existente nas empresas estatais. Essa transição econômica gerou desordem e marginalização em boa parte da sua população (deserdada pela nova estrutura política, que abandonou a política do pleno emprego).

Por isso muitas pessoas saíram de seus países para a Europa Ocidental (Área de atração) em busca de melhores perspectivas. Os imigrantes vindos do leste europeu, foram rejeitados, marginalizados e até hostilizados. Ao contrário dos “russos” imigrantes de Israel, como foi visto no texto que se impuseram na cultura israelita. De todas as migrações, as mais preocupantes são as multidões sem rumo ou refugiados de guerra no mundo contemporâneo.

No Brasil vivem 2.280 estrangeiros refugiados, devido à perseguição ou às guerras: Angola: 1254 Sérvia 49 Bósnia: 17 Libéria: 264 Peru: 36 Chile: 16 Congo: 163 Líbano: 24 Irã: 16 Cuba: 90 Vietnã: 22 Outros: 238 Iraque: 70 Croácia: 21 Fonte: Ministério da

Justiça/Conare Além desses estrangeiros cadastrados moram, no Brasil, muitos imigrantes que vieram clandestinamente por inúmeros motivos.

Responda em seu caderno.

1- Você conhece alguma família nessas condições, que entraram clandestinamente no Brasil?

2- Com o conhecimento que você obteve até agora de Geografia, faça uma análise sobre os motivos que os imigrantes saíam de seus países no século XVIII e os motivos que hoje as pessoas migram ou se refugiam para outros países.

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Observe no quadro a seguir que, muitos deles foram violentamente desterritorializados e não conseguiram mais um território fixo. Os refugiados de guerras e conflitos se espalham pelo mundo. Migrações forçadas: refugiados de guerra e conflitos desde l980.

Tanto a emigração como imigração entre os países são migrações externas ou internacionais. Existem outros movimentos dentro de uma região ou país, são as migrações internas . Os movimentos de migração interna e externa podem ocorrer simultaneamente ou por algumas razões vistas anteriormente, as áreas de imigração tornarem-se de emigração. O povoamento de Paraná é um exemplo típico das constantes migrações.

EX- IUGUSLÁVIA: 3,7milhões de pessoas foram deslocadas de suas moradias pela guerra civil de 1992-1995. EUROPA OCIDENTAL : Abriga mais 5 milhões de refugiados. ORIENTE MÉDIO A agência que cuida dos refugiados palestinos tem sob sua responsabilidade 2,8 milhões deles. SERRA LEOA E LIBÉRIA As guerras civis forçaram 1 milhão de pessoas a se exilar na Guiné e Costa do Marfim. MOÇAMBIQUE 6 milhões de pessoas começaram a voltar ao país a partir de 1992. SUDÃO E ERITRÉIA Guerras civis produziram 1,6 milhões de refugiados. RUANDA E BURUNDI 2,2 milhões de exilados estão sob a proteção da ONU nos dois países, dilacerados por sangrentos conflitos étnicos. EX-UNIÃO SOVIÉTICA Há 1,5 milhão de pessoas flutuando entre a Armênia , Geórgia e Azerbaijão. AFEGANISTÃO Três milhões de cidadãos estão no Paquistão e no Irã. SRI LANKA 30 mil cidadãos se refugiam na Índia. MIANMA (EX- BIRMÂNIA) Há 250 mil refugiados do país em Bangladesh. VIETNÃ Há 40 mil exilados vietnamitas espalhados pelo Sudeste Asiático.

Dentro de dez anos o número de refugiados em todo o mundo terá duplicado para 60 milhões, segundo previsão da Cruz Vermelha Internacional. Além disso, na China há 120 milhões de

desempregados no campo e dentro de 35 anos o país não poderá alimentar todos os seus habitantes. Já hoje, no chamado Chifre da África, há 71 milhões de pessoas sem comida. A cada ano 143 mil pessoas

são mortas em conflitos em todo o mundo e 5 milhões ficam sem casa (Fonte: Jornal da Tarde, 02 Junho de 1996).

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MIGRAÇÕES INTERNAS

Em todos os lugares existem deslocamentos ou migrações internas. As migrações pelo território brasileiro estão associadas a fatores econômicos desde o tempo da colonização. Com a crise na população de açúcar no Nordeste e início do ciclo do ouro em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas e um intenso processo de urbanização no novo centro, econômico do país. Mais tarde, como o processo de industrialização, a região Sudeste pôde se tornar efetivamente o grande pólo de atração de migrantes, que saíam da sua região em busca de emprego ou de melhores condições de vida e salários. Note que, é natural que qualquer região do país que receba investimentos produtivos públicos ou privados, aumentando a oferta de emprego, receba também pessoas dispostas a preencher novos postos de trabalho. Como você pode ver no mapa abaixo.

De 1940-70, os estados do Centro-Sul constituíram –se pólo de atração. Na década de 60, a construção da atual capital brasileira (Brasília) também contribuiu para a expansão do Centro-Oeste. Somente a partir da década de 70, juntamente com o processo de descentralização da atividade industrial, a migração em direção ao Sudeste apresentou uma queda significativa. Outros fatores atraíram migrantes de várias regiões para Amazônia foram :

♦ A construção de grandes rodovias; ♦ Implantação de projetos agropecuários; ♦ Os incentivos ao desenvolvimento das atividades de mineração; ♦ Os programas de venda de pequenos lotes de terras coordenados pelo INCLA

(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

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TOME NOTA. “Atualmente nota-se um processo simultâneo de desmetropolização e metropolização. São Paulo e Rio de Janeiro são capitais que menos crescem. O modelo de desenvolvimento social e econômico adotado no Brasil e a formação de um mercado nacional integrado formaram aglomerações urbanas com mais de um milhão de habitantes, chamadas cidades milionárias, e multiplicaram-se as cidades pequenas e médias. A expansão industrial acelerou a constituição das cidades milionárias, para as quais afluíram os principais investimentos e as atividades modernas, transformando-se em importantes pólos de desenvolvimento e atração populacional”.

(MOREIRA, Igor. O Espaço geográfico p. 408) Além das migrações regionais que acabamos de estudar existem outras importantes, como : êxodo rural, pendular, transumância e urbana- urbana.

DO ÊXODO RURAL À MIGRAÇÃO PENDULAR

A modernização e mecanização na agricultura e a concentração de terras no campo provocaram um intenso êxodo rural, isto é, a saída de pessoas do campo em direção às cidades. Como as cidades não receberam investimentos públicos em obras de infra-estrutura urbana (habitação, saneamento básico, saúde, educação, transportes coletivos, lazer e abastecimento), passaram a crescer em direção à periferia, onde eram construídas enormes favelas e loteamentos clandestinos, sobretudo ao redor dos bairros industriais. Esse processo provocou o surgimento de metrópoles – Um conjunto de cidades interligadas, onde ocorre uma migração diária entre os municípios, fenômeno conhecido como Migração pendular. Para a população que realiza esse movimento diário, o transporte coletivo metropolitano é de suma importância.

Segundo a estimativa do IBGE, no ano 2000, 84% da população brasileira passará a viver nas cidades.

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TRANSUMÂNCIA A transumância é um movimento populacional sazonal, ou seja que ocorre em certos períodos do ano e que se repete. No Brasil, já é considerada histórica a transumância da população que mora no polígono das secas, nas regiões Nordeste. Os órgãos públicos responsáveis pelo combate à seca atendem prioritariamente aos interesses dos latifundiários, excluindo os despossuídos do acesso freqüente a açudes e sistemas de irrigação. A conseqüência é óbvia e previsível – quando pára de chover no Sertão (março), os pequenos e médios proprietários são obrigados a migrar para o Agreste ou para Zona da Mata, em busca de ocupação que lhes permita sobreviver até dezembro e quando volta a chover no Sertão eles retornam então às suas propriedades. Também é comum a transumância praticada pelos bóias-frias volantes, que não têm residência fixa. O trabalho volante é temporário, só ocorre durante o período do plantio, da colheita ou do corte da cana-de-açúcar, por exemplo. Tal situação obriga os trabalhadores a migrarem de cidade em cidade atrás do serviço. A partir da década de 80 , nas regiões do país em que os sindicatos rurais se fortaleceram, esse movimento periódico passou a ser programado com antecedência, de forma a manter os bóias-frias com ocupação ao longo de todo o ano, em locais preestabelecidos.

MIGRAÇÃO URBANA-URBANA Atualmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é significativa a saída de população das metrópoles em direção à cidades médias do interior. A causa desse movimento é que as metrópoles estão completamente inchadas, com precariedade no atendimento de praticamente todos os serviços públicos, altos índices de desemprego e criminalidade. Já as cidades do interior desse estados, além de estarem passando por um período de crescimento econômico, oferecem melhor qualidade de vida à população.

(SENE, Eustáquio de e. Espaço Geográfico e globalizado p 360.-2)

RESPONDA EM SEU CADERNO.

3. Explique a teoria de Malthus e justifique se ela é ou não correta. 4. Observando o mapa da página 09 responda: Qual é o continente mais povoado

da Terra e o menos povoado? 5. Por quê atualmente ocorre uma queda global dos índices de natalidade e

mortalidade? 6. O que é crescimento natural ou vegetativo? 7. Qual a diferença entre êxodo rural e migração pendular? 8. O que é migração interna? O que faz com determinada região se torne pólo de

atração de migrantes.

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BIBLIOGRAFIA

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ELABORADO PELA

EQUIPE DE GEOGRAFIA CEESVO 2004

Deise Quevedo Bertaco Jaime Aparecido da Silva

Maria de Fátima Pinto

COLABORAÇÃO

Luiz Gustavo Cerqueira Ferreira Júlia de Oliveira Rodrigues Vieira

Neiva Aparecida Ferraz Nunes

DIREÇÃO

Elisabete Marinoni Gomes Maria Isabel R. de C. Kupper

APOIO.

Prefeitura Municipal de Votorantim