geografares_construção metodologica em supletivo profissionalizante

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 GEOGRAFARES, Vitória, n o  4, 2003  111 A CONSTRUÇÃO DE METODOLOGIA COLABORATIVA EM UM SUPLETIVO PROFISSIONALIZANTE  Nídia Nacib Pontuschka Professora Doutora da Faculdade de Educação da USP, da Pós-Graduação da FEUSP e do Departamento de Geografia da FFLCH-USP . “[...] por mais cético que se possa ser sobre a eficá- cia social da mensagem sociológica, não se pode anular o efeito que ela pode exercer ao permitir aos que sofrem que descubram a possibilidade de atri- buir seu sofrimento a causas sociais e assim senti- rem-se desculpados; e fazendo conhecer amplamen- te a origem social, coletivamente oculta, da infelici- dade sob todas as suas formas, inclusive as mais íntimas e mais secretas” (Bourdieu, 2003). Este texto tem a preocupação de analisar principal- mente uma das dimensões do Curso Supletivo Profissionalizante do Centro de Estudos, Ensino e Pes- quisa (CEEP). O artigo busca o entendimento da me- todologia utilizada por alguns professores em sua prá- tica cotidiana e a maneira como o seu fazer pedagógi- co se inseriu no projeto político–pedagógico proposto pelo CEEP e pelas instituições par ceiras. A análise des- sas práticas de sala de aula está fundamentada em três entrevistas realizadas com professores que ministram aulas em classe do Supletivo Profissionalizante, no Sindicato dos Marceneiros, em São Paulo. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O SUPLETIVO DO CEEP Os idealizadores do Supletivo Profissionalizante do CEEP propõem como objetivo primordial para a For- mação Pedagógica dos Professores a utilização de metodologias interdisciplinares, em que o Estudo do Meio, reconhecido como pesquisa no ensino, dê a di- reção para o currículo e, nessa proposta, que o corpo docente seja capaz de gerar idéias, tomar decisões e construir o seu próprio currículo, conjugando os atos de Pensar, Pesquisar, Criar e Fazer. Acreditam na uni- dade da Educação, em que alunos e professores cons- truam e criem juntos o conhecimento, embasados nas culturas dos diferentes grupos e no conhecimento his- toricamente produzido pela humanidade. Hoje, novas demandas culturais e novas teorias educacionais já permitem aos educadores do CEEP dar um outro sentido às práticas pedagógicas tanto na se- leção dos conteúdos como nos métodos de trabalho com os jovens e adultos. A proposta do CEEP já se distanciou bastante de certos cursos que transmitem

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  • GEOGRAFARES, Vitria, no 4, 2003 111

    A CONSTRUO DEMETODOLOGIA COLABORATIVA

    EM UM SUPLETIVOPROFISSIONALIZANTE

    Ndia Nacib PontuschkaProfessora Doutora da Faculdade de Educao da USP,

    da Ps-Graduao da FEUSP e do Departamento de Geografia da FFLCH-USP.

    [...] por mais ctico que se possa ser sobre a efic-cia social da mensagem sociolgica, no se pode

    anular o efeito que ela pode exercer ao permitir aosque sofrem que descubram a possibilidade de atri-buir seu sofrimento a causas sociais e assim senti-

    rem-se desculpados; e fazendo conhecer amplamen-te a origem social, coletivamente oculta, da infelici-

    dade sob todas as suas formas, inclusive as maisntimas e mais secretas (Bourdieu, 2003).

    Este texto tem a preocupao de analisar principal-mente uma das dimenses do Curso SupletivoProfissionalizante do Centro de Estudos, Ensino e Pes-quisa (CEEP). O artigo busca o entendimento da me-todologia utilizada por alguns professores em sua pr-tica cotidiana e a maneira como o seu fazer pedaggi-co se inseriu no projeto polticopedaggico propostopelo CEEP e pelas instituies parceiras. A anlise des-sas prticas de sala de aula est fundamentada em trsentrevistas realizadas com professores que ministramaulas em classe do Supletivo Profissionalizante, noSindicato dos Marceneiros, em So Paulo.

    A FORMAO DE PROFESSORESE O SUPLETIVO DO CEEP

    Os idealizadores do Supletivo Profissionalizante doCEEP propem como objetivo primordial para a For-mao Pedaggica dos Professores a utilizao demetodologias interdisciplinares, em que o Estudo doMeio, reconhecido como pesquisa no ensino, d a di-reo para o currculo e, nessa proposta, que o corpodocente seja capaz de gerar idias, tomar decises econstruir o seu prprio currculo, conjugando os atosde Pensar, Pesquisar, Criar e Fazer. Acreditam na uni-dade da Educao, em que alunos e professores cons-truam e criem juntos o conhecimento, embasados nasculturas dos diferentes grupos e no conhecimento his-toricamente produzido pela humanidade.

    Hoje, novas demandas culturais e novas teoriaseducacionais j permitem aos educadores do CEEP darum outro sentido s prticas pedaggicas tanto na se-leo dos contedos como nos mtodos de trabalhocom os jovens e adultos. A proposta do CEEP j sedistanciou bastante de certos cursos que transmitem

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    contedos pouco ou nada significativos para os alunostrabalhadores e daqueles que, sem ter material desti-nado a adultos, utilizam trabalhos dedicados s crian-as, o que contribui para afast-los da sala de aula aose sentir infantilizados, impedindo-os de dar continui-dade escolaridade.

    Aps as reflexes de Paulo Freire sobre a Educa-o Popular e a Educao em geral, vem-se iniciati-vas animadoras surgidas em secretarias municipais deeducao, nas universidades e tambm em algumasorganizaes no-governamentais (ONGs) que de-monstram a preocupao com a maior qualidade doEnsino Supletivo e no empenho de manter os alunosna escola at o final do curso.

    A documentao acumulada sobre o curso do CEEP,no perodo de 1999 a 2002, permite realizar uma ava-liao das classes de ensino de Jovens e Adultos, tantoda Grande So Paulo como das cidades do interior Rio Claro, Limeira e Franca , e refletir como profes-sores e alunos tm conseguido produzir conhecimen-tos compatveis com os princpios estabelecidos no dia-a-dia das prticas pedaggicas.

    preciso lembrar a histria de um trabalho coleti-vo que, em determinado momento, se gestava no m-bito do CEEP e que se conectou com a histria de umgrupo de profissionais da educao que, desde os anos1990, se rene no Laboratrio de Pesquisa e Ensinoem Cincias Humanas (LAPECH), na Faculdade deEducao da USP, tendo a experincia com Projetosde Educao Continuada em prefeituras municipais deSo Paulo, Diadema, Santo Andr e, atualmente,Guarulhos, congregando professores da USP, alunosda Ps-Graduao do Mestrado e Doutorado e profes-sores da rede pblica e particular da cidade de SoPaulo com trabalhos em projetos interdisciplinaresdesenvolvidos junto s secretarias j mencionadas.

    O CEEP, por meio da professora Ceclia Guaran,diretora do curso de Educao de Adultos, convidou ogrupo do LAPECH para realizar um trabalho de asses-soria, responsabilizando a equipe pela formao con-tinuada dos professores das classes do Supletivo.

    Aps o aceite do trabalho, a ateno a uma questose fez necessria: Que professor seria o melhor paraesses alunos que j haviam passado pela escola emocasies precedentes, mas que de diversas maneiras epor diversos motivos foram dela expulsos? Para que aequipe tivesse a compreenso necessria do significa-

    do desse tipo de curso e pudesse planejar o desenvol-vimento da assessoria foi necessrio estabelecer algunsprincpios de modo que o Supletivo fosse diferencia-do dos cursos que tm como tarefa nica atribuir umcertificado para os estudantes. A reflexo sobre os prin-cpios do curso deveria ajudar at mesmo na entrevis-ta inicial de seleo dos professores.

    Os princpios gerais do curso foram estabelecidosaps reunio em que estiveram presentes representan-tes dos vrios sindicatos envolvidos, da coordenaodo CEEP e da futura assessoria. Nessa reunio as lide-ranas sindicais enfatizaram a necessidade de enfren-tar a extraordinria dvida social e o no-compromis-so das variadas polticas pblicas em enfrentar, priori-tariamente, a educao de Jovens e Adultos de formareflexiva e no apenas como instruo, visando unica-mente a certificao.

    Em uma sociedade complexa e predominantemen-te urbana como a do Brasil, interagem de forma com-plexa as mltiplas dimenses da vida humana, como omundo do trabalho, a participao social, econmica epoltica, a situao da famlia nos vrios estratos so-cioeconmicos; as oportunidades de lazer e cio; as-pectos do multiculturalismo de nossa sociedade; osmovimentos migratrios. A preocupao inicial doCEEP era como organizar um currculo para alunostrabalhadores que mobilizasse essas vrias dimensesda vida, relacionando-as s disciplinas escolares, demodo a ampliar o conhecimento e o entendimento dasrealidades do mundo, neste comeo de sculo. Essanecessidade remeteu o grupo para os objetivos de umSupletivo Profissionalizante para alunos trabalhado-res, cujo perfil foi esboado anteriormente, e para osprofessores responsveis por sua educao.

    sabido que os professores chegam s classes comum saber acadmico produzido nas escolas de ensino su-perior que vai ser aperfeioado e filtrado no cotidiano daescola. Ao lado da formao acadmica que o professorj traz, ele precisaria receber uma formao especficapara ser um bom professor de alunos trabalhadores.

    PRINCPIOS NORTEADORESDA EDUCAO DE JOVENS

    E ADULTOS

    Antes de discorrer sobre os princpios que nortea-ram o trabalho de formao no Supletivo preciso

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    deixar explcito o que se entende por Educao de Jo-vens e Adultos. A Educao de Jovens e Adultos doCEEP est sendo entendida como processo que visa odesenvolvimento das potencialidades de cada ser jo-vem ou adulto que, na relao estabelecida com o edu-cador e os demais alunos pela via do conhecimento,promova a formao de sujeitos autnomos, crticos ecriativos, fundamentados em referenciais ticos, coo-perativos e solidrios; como alunos trabalhadores, acompreenso da perspectiva do trabalho deve ser pri-mordial, embora outras dimenses da vida como a cul-tura e a tica estejam tambm presentes.

    O desenvolvimento humano dos alunos trabalha-dores requer a articulao de vrias dimenses: co-nhecimentos acumulados numa leitura disciplinar einterdisciplinar, localizando e preenchendo as lacu-nas conceituais necessrias a essa combinao;integrao dos trabalhadores no movimento coleti-vo de criao conceitual para a gestao do plano deao emancipadora do trabalho humano; mobilizaodos trabalhadores para a apropriao social datecnologia automatizadora para o desenvolvimentodo trabalho til e para a satisfao das necessidadeshumanas vitais.

    A hiptese engendrada a de que a vivncia de umtrabalho coletivo, participativo e interdisciplinar como conjunto dos professores facilitaria a formao deum coletivo semelhante nas classes dos alunos traba-lhadores.

    Com essa perspectiva, o CEEP estabeleceu comoprimeiro princpio a interdisciplinaridade, ou seja, acriao de um trabalho interdisciplinar tanto nos mo-mentos de formao continuada dos professores1 comona formao em servio2 realizada semanalmente emcada uma das escolas.

    Associada intrinsecamente interdisciplinaridadee ao trabalho coletivo est a dialogicidade, a qual exi-ge permanente colaborao entre os vrios sujeitossociais envolvidos no projeto. Considerava-se neces-srio trabalhar com os professores o pensar e o agirinterdisciplinares, tendo a conscincia de que no fcil, para a pessoa formada em uma escola em que otrabalho individual, a compartimentao do conheci-mento e a competio sempre foram estimulados, in-tegrar-se a um projeto coletivo, colaborativo e inter-disciplinar, baseado em um processo de pesquisa noensino que, paulatinamente, vai se constituindo.

    A ruptura com formas tradicionais de ensino, base-adas na racionalidade tcnica, em que o conhecimentose apresenta fragmentado e previamente constitudo,para caminhar na construo de uma educao quebusque a totalidade, em que a soma das partes no igual ao todo, uma das prioridades na formao des-ses professores.

    A aproximao a essa totalidade somente con-quistada por meio de uma construo em que olharesdiferenciados (alunos, professores, coordenao, sin-dicalistas) incidam sobre um objeto de naturezatransdisciplinar, e os grupos envolvidos no processoeducativo dialoguem sobre ele, cada qual iluminadopelos fundamentos tericos e conceituais de sua dis-ciplina, na busca incessante de compreender melhorseu objeto de anlise. Dessa maneira, os contedosemanariam da prpria vivncia e do conhecimentoprvio dos estudantes, de seu trabalho, seus proble-mas e sonhos, articulados s disciplinas de refern-cia.

    A concepo de interdisciplinaridade, como a con-cebemos, pressupe um procedimento que assegure acontribuio das diversas cincias e linguagens para acompreenso de determinados temas que orientam otrabalho escolar. A especificidade de cada disciplinaou rea de conhecimento respeitada e um dilogointeligente entre elas precisa ser estabelecido para per-mitir uma compreenso melhor do mundo, dos temase aspectos nele inseridos.

    Para se atingir uma aproximao interdisciplina-ridade imprescindvel reconhecer o valor educativodo dilogo, da participao, da considerao do saberprimeiro do sujeito, que se constitui na porta de entra-da para a construo do alicerce educativo para a re-flexo e a construo de conhecimentos mais elabora-dos e integrados.

    O respeito e a considerao dos fragmentos de sa-beres permitem ir busca das relaes entre eles, natentativa de caminhar na direo da totalidade e ampli-la continuadamente pela integrao de novas partes enovas relaes, para se chegar abstrao.

    1. Os professores de todas as escolas do Supletivo do CEEPrenem-se uma vez por ms com a equipe da assessoria em SoPaulo para planejar, replanejar, avaliar e trocar experincias.2. Reunies semanais em cada escola para planejar os trabalhosconjuntos e refletir sobre os problemas especficos da escola, dasclasses e dos alunos. Os professores so remunerados por essasreunies.

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    O adulto pode, atravs do trabalho e da sua prpriavida, ter, com seu esforo e sua experincia, resolvi-dos alguns problemas emergentes que permitem a elesobreviver em um mundo complexo como o atual, maspode ser que faltem a ele possibilidades de crescimen-to por no dominar a escrita, o raciocnio matemticoou conhecimentos sobre determinados temas da socie-dade e do ambiente, em tempos e espaos diferentes,que no lhe possibilitem a seleo de argumentos paradefender suas idias, suas posies polticas e seus di-reitos de cidado.

    Em decorrncia dessas consideraes, v-se que acontinuidade da escolaridade torna-se necessria, orepertrio cultural desse aluno precisa ser constante-mente enriquecido. Acredita-se que esse enriquecimen-to vai permitir que ele, alm de ampliar as oportunida-des de se manter no trabalho ou de conquistar empre-go quando fora do mercado, possa obter melhores con-dies de trabalho e se inserir na sociedade de formaconsciente, crtica e com real participao, reconhe-cendo suas possibilidades e seus limites, mas sobretu-do tendo conscincia de ser um cidado.

    A escola para os trabalhadores contribui para o au-mento de conscincia e pode concorrer, at mesmo,para a melhor distribuio de bens materiais e cultu-rais, significando aumento de poder para os trabalha-dores em geral.

    A observao criteriosa e constante do professor eo registro sobre o que ocorre na sala de aula e fora delapermitem ao professor chegar a uma seleo de con-tedos culturais que se constitui no cerne do trabalhopedaggico durante cada um dos ciclos. O plano decurso das diferentes disciplinas precisa ser orientadopela seleo cultural estabelecida pelo conjunto dosprofessores e pelas temticas extradas do conhecimen-to dos alunos-sujeitos e do contexto da metrpole-mundo ou das cidades do interior em que funcionamas classes deste curso supletivo: Rio Claro, Limeira eFranca.

    A pesquisa da realidade local e de suas relaescom realidades globais em um Estudo do Meio e apossibilidade de interferir nos problemas cruciais vi-vidos pelo povo brasileiro devem estar presentes naseleo dos contedos, embora no necessariamenteconstituindo um elenco seqencial para todas as clas-ses. Cada escola vai propor seus temas e suaseqenciao, de acordo com os organizadores do cur-

    rculo. Exemplos de temas relevantes na atualidade so:desigualdades sociais em um pas capitalista industrialou ps-industrial em um mundo globalizado, o merca-do de trabalho e as novas tecnologias, o desemprego,as questes ambientais, as vrias discriminaes (damulher, de minorias tnicas), as cidades com seus equi-pamentos urbanos deficientes ou ausentes, as novasterritorializaes vivenciadas no mundo contempor-neo, a desinformao ou a fragmentao da informa-o sobre a vida do pas.

    A diversidade cultural dos alunos, ou o multicultu-ralismo, precisa ser considerada como riqueza e comoidentidade do nosso povo, caminhando em direo superao de preconceitos que interferem nas relaespessoais de alunos e professores, obstaculizando oaproveitamento das possibilidades que a vida e o coti-diano da escola podem oferecer. Promover o convviosocial entre diferentes constitui-se em um dos aspec-tos importantes do processo educativo.

    Os contedos extrados da realidade por meio depesquisa precisam ser relatados e registrados, sendo aoralidade uma forma de expresso que interage comoutras linguagens: a escrita em suas diferentes moda-lidades, a plstica, a grfica, a fotogrfica e a televisiva.

    Sintetizando, na metodologia empreendida peloCEEP so princpios bsicos: considerar a interdisci-plinaridade como necessidade de uma aproximaoentre as disciplinas, sobretudo com os seus objetivos eem determinados momentos e contedos afins; consi-derar que o ponto de partida para a continuidade daescolarizao so os saberes trazidos pelos alunos (sa-ber primeiro); que a realidade local, entendida comolocal de moradia, como local de trabalho, como a fam-lia, a escola dos filhos, a igreja precisam ser investigadase a partir de seu conhecimento construir parmetros paraa compreenso de espaos de dimenses maiores e dasinter-relaes entre eles; considerar que o trnsito pe-las vrias linguagens, a compreenso delas e das dife-renas entre elas so elementos culturais necessrios,juntamente com o conhecimento da linguagem conven-cionalmente utilizada na escola: o texto escrito; o en-tendimento de que no se aprende e se enriquece a ba-gagem cultural apenas nas quatro paredes de uma salade aula, mas que existem outros espaos de aprendiza-gem, na rua, na cidade, nos cinemas, nos museus, nasconversas informais com os amigos, que oferecem ele-mentos importantes de reflexo.

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    Desse olhar decorre a importncia do Estudo doMeio, para auxiliar na apropriao de conhecimentosprovenientes de vrios espaos, na escola ou fora dela.O espao virtual, uma nova tecnologia que cada vezmais penetra nos vrios tipos de trabalho, tambm pre-cisa ser conhecido e apropriado pelo cidado.

    Dada a diversidade de lugares em que funcionamas classes do Supletivo do CEEP, utiliza-se uma meto-dologia que permite uma certa flexibilidade em rela-o aos eixos temticos a ser desenvolvidos em cadaum dos ciclos. Assim, se o eixo temtico for a mora-dia, certamente ser diferente a abordagem em Cara-picuba ou Osasco, municpios de expanso urbanapolarizados pela cidade de So Paulo, e em Franca,cidade polarizada por Ribeiro Preto, e especializadana monoproduo de calados e na exportao para osgrandes centros urbanos do pas e do exterior. reasde ocupao, por exemplo, existem em Franca e emOsasco e Carapicuba. Nos arredores de Franca h reasde ocupao de agricultores sem terra, em terras de-volutas ou em terras improdutivas, assim como emOsasco ou Carapicuba h ocupaes de terrenos demoradores urbanos denominados sem-teto. Essasconstataes levam a seleo de contedos a caminhosdiferentes que posteriormente podem se integrar.

    A mdia, sobretudo a televiso, atravs das emisso-ras de maior poder, atinge todo o territrio nacional,fornecendo muito material a ser debatido em todos oslugares mencionados, porque padroniza as informaese, na maioria das vezes, apresenta dados fragmenta-dos, que no oferecem o contexto dos acontecimentosdivulgados. No entanto, h amplo material a ser deba-tido, criticado e transformado em contedos. Assim,os professores podem extrair desse poderoso instru-mento contedos escolares no simplesmente paratransmiti-los, de forma simplista, mas para acrescen-tar outras informaes e os contextos histricos e eco-nmicos em que os fatos ocorrem e, na escola, acres-cidos da crtica, contribuir para que os alunos se forta-leam como cidados.

    Sabe-se que a formao de um coletivo no garan-te um trabalho interdisciplinar na escola, mas sem eleno se consegue realizar a interdisciplinaridade, prin-cpio maior no Projeto do CEEP. Os professores entre-vistados afirmam que o grupo de professores avanoumuito, desde o comeo das classes do SupletivoProfissionalizante do CEEP, e complementam dizen-

    do: mas h ainda muito a caminhar na formao deum coletivo no qual as trocas e a interdisciplinarida-de realmente aconteam. H trocas com alguns pro-fessores, mas no h com aqueles que do aulas emoutros lugares.

    Que educao interessa ao aluno trabalhador? Essa uma pergunta que acompanha sempre os professoresentrevistados. A preocupao pensar em questeseducacionais mais amplas sobre educao, auxiliadospela Universidade e pelos sindicatos, para que possamimplementar uma poltica pblica de educao debaixo para cima.

    A professora de Matemtica destaca a importnciado dilogo na classe e mostra como fugir do trabalhomecnico, com a utilizao permanente do raciocnio.Afirma que o professor necessita estar aberto s pro-postas e sempre ter a preocupao: como posso tor-nar esse contedo matemtico mais significativo paraos alunos?

    Em reunio na qual estavam presentes professoresnovos como o de Matemtica, de Carapicuba, a Profa.Mnica relatava como construa e explorava as tabe-las e regra de trs para brincar um pouco com Duplex,jogo de palavras, e o professor de Matemtica deCarapicuba perguntou: mas como jogo de palavrasnuma regra de trs? Com essa pergunta a professorateve a oportunidade de falar sobre as atividades quecriara no trabalho pedaggico com a Matemtica. Hou-ve troca e houve crescimento do grupo presente, so-bretudo dos professores chegados recentemente aoSupletivo do CEEP.

    A professora ainda se pronuncia sobre a formaodo professor e o trabalho mecnico:

    Se a pessoa absorveu linearmente a sua formao, nocaso, a Matemtica Dura, dificilmente ela vai dialogarcom o outro e buscar caminhos no sentido de que os alu-nos sanem suas dificuldades, pois dar nfase quanti-dade de contedos matemticos e no ao significado doscontedos selecionados, criteriosamente, assim, a tendn-cia realizar um trabalho mecanizado (Professora M-nica, de Matemtica, 2002).

    O que a professora pensa ela traduziu da seguinteforma: Ajudar o aluno a apropriar-se de um conceito fazer com que ele aspire quilo para a vida toda.Desse modo, conclui-se que o aluno precisa apropriar-

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    se de contedos que tenham significado, para que eleencontre o seu prprio caminho, e para essa tarefa oprofessor precisa estar preparado.

    Nas reunies coletivas, h a discusso do local deaprendizado do aluno e alguns colocam a idia de queo conhecimento no se produz somente na sala de aula;que o conhecimento construdo no espao de vida etransformado em contedos escolares o que atendemelhor aos anseios dos alunos.

    No dilogo na classe emergem variadas represen-taes. Por exemplo, estudar as cincias humanas, ba-sicamente, Histria e Geografia, fazer poltica, e po-ltica no os interessa. Em determinado momento, fez-se necessria a discusso de o que poltica. A esserespeito, um dos professores citou um fato acontecidoem classe. Dois alunos abriram amplo debate sobre aimportncia da poltica na vida da sociedade e de cadapessoa, individualmente. Um dos alunos, que apresentasignificativa formao sindical, falava da falta de par-ticipao poltica no Brasil e fez a seguinte colocao:o povo brasileiro vive uma boalidade muito gran-de. Imediatamente, uma aluna retrucou: no, eu nosou boal no. E se fez uma discusso acirrada sobrepoltica orientada pelo professor.

    O aluno, depois dos debates, pediu desculpas clas-se por suas palavras intempestivas. E assim os alunostrabalhadores vo se desenvolvendo como alunos e seconsolidando como cidados. Segundo os depoimen-tos dos professores, mesmo os alunos que no se ma-nifestavam no incio do curso hoje j se colocam, jemitem opinies iluminados pela leitura de matriasde jornais, revistas, ou seja, apropriando-se da produ-o cultural disponvel.

    preciso destacar a necessidade de que as repre-sentaes dos alunos se tornem emersas e de que osconflitos apaream; no entanto, o educador precisa estarpronto para administrar o conflito. Num projeto emque se pretenda a real participao da classe, deve-seprever que isso ser uma constante.

    Um dos princpios importantes do Projeto do Su-pletivo Profissionalizante do CEEP o de que os con-tedos e os mtodos selecionados tenham relao como espao de vida dos estudantes trabalhadores, paraque a sua presena na escola tenha sentido.

    Para expressar a diferena do trabalho pedaggicorealizado no CEEP em comparao com o de muitosoutros supletivos que visam apenas dar um certificado

    aos alunos, a professora entrevistada toma como pon-to de partida o trabalho do qual participou em um Su-pletivo localizado no interior de uma COHAB, na zonaleste, rea residencial popular, denominada SalvadorAllende:

    Todos os alunos moravam nas imediaes da escola, noentanto chegavam atrasados e no podiam entrar. Maseram alunos que trabalhavam durante o dia e nem sem-pre nas proximidades de sua residncia. O professor notinha autonomia para permitir que o aluno entrasse nasala de aula fora do horrio estipulado. Se uma meninamenstruada precisasse ir ao banheiro, no tinha permis-so. Essas regras impostas pelos dirigentes da escola noeram aceitas pelos grupos de adolescentes e tampoucopelos professores, que se viam na contingncia de sair daescola ou eram expulsos. Para se realizar um trabalho decampo com os alunos, colocavam-se tantos empecilhosque levavam desistncia do professor.Outra questo era a viso de disciplinas compartimenta-das, no se podendo relacionar o contedo de uma disci-plina com outros contedos, como se o conhecimentofosse tambm compartimentado.Houve assassinato de jovens no conjunto habitacional emuitos outros problemas, mas a escola simplesmente ig-norava, no era uma questo a ser pensada pela escola.O complicado para o professor era falar do Estado abs-trato ou falar da interferncia do Estado no lugar? A es-cola estava isolada da vida. Nesse conjunto habitacionalhavia associaes de moradores; organizaes popularese a escola no fazia parte desse contexto (ProfessoraSueli, de Histria, 2002).

    O ensino na escola da COHAB ignorava que selocalizava dentro de um conjunto residencial popular,que os alunos da escola mantinham ali relaes deafetividade, namoravam, brigava e a escola estava afas-tada de todo esse movimento da vida que se desenro-lava no lugar, como se a escola fosse algo isolado dolugar, ou seja, um no-lugar. Continua a professora:Como se a escola existisse independentemente dosgrupos que dela faziam parte.

    A professora conclui o seu relato: o contedo es-colar estava acima das pessoas, acima da vida, portan-to, isso no pode ser considerado como conhecimentoe a escola no est exercendo o seu papel, ou seja, o detrabalhar com o conhecimento.

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    No CEEP, o ato de ensinar um processo pedag-gico participativo, no qual professores, alunos, coor-denadores, sindicatos e direo tentam construir, jun-tos, uma escola que v alm das quatro paredes da salade aula, incluindo a coordenao, os secretrios, osprofessores, os alunos, os funcionrios como parcei-ros na educao.

    A flagrante diferena entre o Supletivo do CEEP eoutras escolas retratada tambm pela professora deFsica e Matemtica, que assim se manifesta:

    Uma das principais diferenas a questo do grupo deprofessores. O fato de os professores estarem muito pre-ocupados com o crescimento intelectual do aluno e dosdocentes resulta no trnsito de uma disciplina para outra.Os estudantes trabalhadores percebem a existncia de umameta entre os professores: um constri e o outro reforaessa construo atravs do trabalho pedaggico de suadisciplina (Professora Mnica, 2002).

    Nesse depoimento percebe-se que os professoresconstruram um coletivo, que avana em direo a umtrabalho interdisciplinar, diminuindo o vcuo existen-te entre as disciplinas, porque antes de tudo houve umplanejamento inicial que tem continuidade nos encon-tros semanais. preciso ressaltar que as escolas de SoPaulo, por sua proximidade, so as que se conhecemelhor, havendo necessidade de maiores investigaesnas escolas do interior do Estado.

    Pensando na interdisciplinaridade, destaca-se a pr-tica do Estudo do Meio realizada com todos os profes-sores com o objetivo precpuo de que tomassem co-nhecimento do mtodo e planejassem pesquisas decampo com os alunos trabalhadores em outros lugarese visando a outros contedos.

    Professores e alunos, juntos, discutem sobre assun-tos diferentes que desejam estudar e escolhem um de-les para conhecer com maior profundidade. Comoexemplos, podem ser lembrados: a questo da educa-o escolar partindo do estudo de uma escola; o traba-lho na cidade, por meio de entrevistas; o trabalho como turismo, o estudo das praas da cidade, das condi-es ambientais do bairro e da cidade, o trabalho emuma rea rural, via estudo de uma fazenda ou de bair-ros rurais; usinas produtoras de acar e lcool; a vidade migrantes rurais que se deslocam de um lugar a outrona busca de emprego durante as safras.

    importante que a escolha no seja forada pelodocente, mas sim que os alunos, juntamente com osprofessores das diferentes disciplinas, selecionem umaspecto da realidade que o grupoclasse esteja moti-vado a conhecer. Segue-se um planejamento da partedos professores e dos alunos, que ocorre em sala deaula, envolvendo o levantamento do que a classe sabesobre o tema escolhido e a leitura de textos que alunose professores levaro para a classe para ser lidos e de-batidos. Depois de conhecer um pouco mais sobre otema, cada professor saber como relacionar o assuntocom os objetivos de sua prpria disciplina.

    Haver ento o planejamento da sada para o localescolhido com toda uma orientao sobre a programa-o, de forma a aproveitar ao mximo as informaesa ser obtidas. No planejamento h que se ter o cuidadode saber que recursos sero utilizados para a coleta deinformaes (observaes individuais, entrevistas, ano-taes em caderno, gravao, fotografias, desenhos).No retorno sala de aula, o material coletado vai sersistematizado pelas diferentes disciplinas, na tentativade entender melhor aquele aspecto da realidade esco-lhido para o estudo.

    Se o estudo tiver como objetivo conhecer um as-pecto da realidade externa sala de aula, por exemplodo trabalho no interior de uma fbrica, importantesaber que, muitas vezes, apenas o visvel no d contada totalidade da realidade. H necessidade de saber oque existe por trs daquilo que se pode observar deforma imediata.

    O Estudo do Meio tem a finalidade de conhecermelhor um objeto de estudo, mas tambm propor so-lues para problemas encontrados na realidade estu-dada, considerando os limites e as possibilidades dogrupo de alunos e professores em suas dimenses ma-teriais, de comprometimento, de capacidade de cria-o e de vontade poltica. Nesse processo, alunos eprofessores vo assumindo o ensino e a aprendizagem,associados pesquisa, como sujeitos da construo doconhecimento de forma interdisciplinar e, tambm,aprendendo a realizar o registro do material coletado ea sua sistematizao.

    Para finalizar, sem concluir, preciso ressaltar que,em vez de realizar um trabalho de pura transmisso deconhecimento, em que alunos e professores no estosatisfeitos, pode-se mudar o eixo para o da produode conhecimento, com criatividade e participao. Alu-

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    nos e professores, em processo constante de pesquisa,vo crescendo intelectual e emocionalmente, cuidan-do de seu aprender, de seu conhecer, de seu conviver.

    O primeiro Estudo do Meio realizado com os pro-fessores foi na rea rural de Limeira, com o objetivo deque os professores conhecessem e assumissem essemtodo em que a pesquisa e o ensino interagem e re-querem a participao dos alunos como sujeitos da ao.

    Foi realizada visita a duas antigas fazendas de caf:uma delas com as terras arrendadas para a produode cana-de-acar e a casa-grande destinada a visitasde escolas e de grupos de turistas; e a outra ainda compequena rea cultivada com caf, mas com o objetivoprincipal de transformar a propriedade em rea devisitao (cobrando uma certa taxa) para um turismodito ecolgico e cultural, porque os proprietrios pre-tendem realizar uma agricultura orgnica, ou seja, sema utilizao de agrotxicos.

    Nas entrevistas houve informaes sobre a histriadas famlias, atravs dos herdeiros. Notou-se que osescravos somente foram mencionados quando os en-trevistados foram questionados pelos professores.

    No retorno para a escola, os professores fizeramuma avaliao do trabalho, de suas observaes e re-lacionaram muitos fatos com as respectivas histriasde vida, suas razes, o trabalho dos pais e as crticas sfalas dos entrevistados. Alguns professores fizeraminterpretaes relativamente ingnuas, enquanto ou-tros conseguiram ir alm das palavras ditas, demons-trando um alto nvel de abstrao e de capacidade deestabelecer relaes com sua experincia de vida e seusconhecimentos anteriores.

    A partir desse estudo, os professores deveriam rea-lizar projetos de Estudos do Meio, escolhendotemticas e lugares em sua prpria realidade, e dessesprojetos deveriam surgir informaes que permitissemgerar temas ou construir temas geradores, lembrandomais uma vez Paulo Freire, que seriam aproveitadospelas reas do conhecimento para a construo de seuprograma.

    Todas as escolas do CEEP em funcionamento napoca3 fizeram projetos de Estudo do Meio commetodologias ainda tateantes, mas conseguiram saircom os alunos e realizar observaes e entrevistasmuito interessantes sobre o meio ambiente, o lixo dacidade, uma rea de ocupao em um terreno de umaantiga fazenda improdutiva.

    Com a rotatividade dos professores, o aumento donmero de classes e tambm a criao do Ensino M-dio, houve necessidade de realizar outro trabalho em2000, e foi escolhido o Parque da Independncia emSo Paulo, onde se encontram o Museu Paulista da USPe o Monumento Independncia, s margens docrrego do Ipiranga.

    Alm dos encontros dos professores com a coorde-nao e a assessoria, h tambm encontros da assesso-ria e da coordenao com os alunos. Sempre que pos-svel houve reunies nas cidades do interior e nas ci-dades da Grande So Paulo para conhecer os alunos,suas expectativas e seus anseios, assim como conhe-cer as dificuldades que os professores enfrentavam nocotidiano de seu trabalho em relao aos diferentes ti-pos de problemas, fossem pedaggicos ou de conte-dos disciplinares.

    Essa reflexo preliminar realizada a partir de en-trevista com professores da cidade de So Paulo aindase mostra insuficiente para o entendimento da cons-truo de uma metodologia colaborativa nas demaiscidades integradas ao projeto. H necessidade de rea-lizar entrevistas com professores de outras escolas, tan-to do interior quanto da Grande So Paulo, para entre-laar dilogos e conhecer no interior de um mesmoprojeto como se revelam as prticas de ensino em cadauma das realidades urbanas em que se acham inseridasas classes do Supletivo, considerando as culturas dife-renciadas dos professores, dos alunos, dos sindicatose das demais instituies envolvidas no projeto.

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    3. preciso lembrar que no primeiro semestre de 2000 ainda noexistiam as classes de Osasco e Carapicuiba e nem o EnsinoMdio.

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    A CONSTRUO DE METODOLOGIA COLABORATIVA EM UM SUPLETIVO PROFISSIONALIZANTE

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    ResumoAnalisa a metodologia utilizada por alguns professores em suaprtica cotidiana e a maneira como o seu fazer pedaggico seinseriu no projeto polticopedaggico proposto pelo Centrode Estudos, Ensino e Pesquisa (CEEP) e pelas instituiesparceiras. Baseia-se em trs entrevistas realizadas com profes-sores que ministram aulas em classe do Supletivo Profissiona-lizante, no Sindicato dos Marceneiros, em So Paulo.

    Palavras-chaveEnsino Supletivo Ensino Profissionalizante Metodologiade ensino.

    RsumLarticle analyse la mthodologie utilise par certainsenseignants dans leur pratique quotidiene et la manirecomment leur faire pedagogique sest inser dans le projetpolitico-pedagogique propos par le Centre dtudes, dEnseignement et de Recherche (CEEP) et par les institutionspartenaires. Il se fonde sur trois entretiens effectus avec desenseignants des classes de rattrapage de lenseignementprofessionnel pour adultes au syndicat des bnistes de SoPaulo.

    Mots-clsEnseignement de rattrapage scolaire pour adultes Enseigne-ment professionnel Mthodologie d enseignement.

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    Texto apresentado na mesa redonda Perspectivas da educao no-formal e alternativa em Geografia,no 7 Encontro Nacional de Prtica de Ensino de Geografia (Vitria, setembro de 2003).