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BOLETIM GEOCOVID-19 http://portalcovid19.uefs.br Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS Boletim Nº 01 - Junho 2020 . 1 Município de Feira de Santana Produzido em 08/06/2020 O Portal GEOCOVID-19 apresenta dados e projeções da COVID-19 para todos os municípios do Brasil. Este primeiro relatório apresenta uma análise dos dados da cidade de Feira de Santana - Bahia, por ser o município sede da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). A UEFS, a partir do Programa de Pós-graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente (PPGM), idealizou e coordena o Portal. Esta iniciativa começou com pesquisadores da startup GEODATIN, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PGCC), da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e do Laboratório de Biossistemas da UFBA (Labbios), com divulgação de dados e projeções da Bahia e de seus municípios. Desde o mês de Abril, com apoio do projeto MAPBIOMAS e da startup Solved, o Portal passou a divulgar dados e projeções de todos municípios e unidades da federação do Brasil e conta com pesquisadores de múltiplas áreas do conhecimento. DADOS DE CASOS DE COVID-19 O primeiro caso confirmado de COVID-19 em Feira de Santana foi registrado em 06/03/2020, tendo sido o primeiro registrado no Estado da Bahia. Em 05/06/2020, Feira de Santana tinha 719 CASOS CONFIRMADOS de COVID-19 e 6 ÓBITOS por COVID-19 de acordo com os dados do repositório Brasil.IO 1 construído com base em dados de boletins das Secretarias de Saúde dos Estados. A partir dos dados obtidos do Brasil.IO, o Portal GEOCOVID-19 apresenta casos confirmados e óbitos por COVID-19 para todos municípios e unidades da federação do Brasil. Com base no portal GEOCOVID-19, na Figura 1, é apresentada a evolução de casos confirmados para Feira de Santana de 06/03/2020 até 05/06/2020. Observa-se um crescimento exponencial, característico desta epidemia, mas que passou por diferentes taxas de crescimento de casos ao longo do tempo, como evidenciaremos mais adiante neste Boletim. Além disso, é possível notar também que houve variações bruscas nos dados em alguns momentos, o que pode ser atribuído à qualidade dos dados devido ao processo de notificação e metodologia de contagem na fonte primária, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB). Particularmente, nota-se uma queda de casos reportados entre o dia 18/05/2020 com 213 casos e o dia 19/05/2020 com 187 casos, que pode ser explicada pela mudança de metodologia de confirmação de casos, com nova etapa de validação pelos municípios, conforme publicado no Boletim Epidemiológico COVID-19 Nº 56 - 19/05/2020 da SESAB 2 . 1 Um projeto de iniciativa de voluntários para tornar acessíveis os dados brasileiros de interesse público, ver https://brasil.io 2 Boletim disponível em http://www.saude.ba.gov.br/2020/05/19/bahia-tem-11-013-casos-confirmados-de-covid-19-e- 326-obitos

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Universidade Estadual de Feira de Santana

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Boletim Nº 01 - Junho 2020

. 1

Município de Feira de Santana

Produzido em 08/06/2020

O Portal GEOCOVID-19 apresenta dados e projeções da COVID-19 para todos os municípios do Brasil. Este

primeiro relatório apresenta uma análise dos dados da cidade de Feira de Santana - Bahia, por ser o município

sede da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). A UEFS, a partir do Programa de Pós-graduação

em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente (PPGM), idealizou e coordena o Portal. Esta iniciativa

começou com pesquisadores da startup GEODATIN, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da

Computação (PGCC), da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e do Laboratório de Biossistemas da

UFBA (Labbios), com divulgação de dados e projeções da Bahia e de seus municípios. Desde o mês de Abril,

com apoio do projeto MAPBIOMAS e da startup Solved, o Portal passou a divulgar dados e projeções de

todos municípios e unidades da federação do Brasil e conta com pesquisadores de múltiplas áreas do

conhecimento.

DADOS DE CASOS DE COVID-19

O primeiro caso confirmado de COVID-19 em Feira de Santana foi registrado em 06/03/2020, tendo sido o

primeiro registrado no Estado da Bahia. Em 05/06/2020, Feira de Santana tinha 719 CASOS CONFIRMADOS

de COVID-19 e 6 ÓBITOS por COVID-19 de acordo com os dados do repositório Brasil.IO1construído com

base em dados de boletins das Secretarias de Saúde dos Estados. A partir dos dados obtidos do Brasil.IO, o

Portal GEOCOVID-19 apresenta casos confirmados e óbitos por COVID-19 para todos municípios e unidades

da federação do Brasil.

Com base no portal GEOCOVID-19, na Figura 1, é apresentada a evolução de casos confirmados para Feira

de Santana de 06/03/2020 até 05/06/2020. Observa-se um crescimento exponencial, característico desta

epidemia, mas que passou por diferentes taxas de crescimento de casos ao longo do tempo, como

evidenciaremos mais adiante neste Boletim.

Além disso, é possível notar também que houve variações bruscas nos dados em alguns momentos, o que

pode ser atribuído à qualidade dos dados devido ao processo de notificação e metodologia de contagem na

fonte primária, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB). Particularmente, nota-se uma queda de

casos reportados entre o dia 18/05/2020 com 213 casos e o dia 19/05/2020 com 187 casos, que pode ser

explicada pela mudança de metodologia de confirmação de casos, com nova etapa de validação pelos

municípios, conforme publicado no Boletim Epidemiológico COVID-19 Nº 56 - 19/05/2020 da SESAB2.

1 Um projeto de iniciativa de voluntários para tornar acessíveis os dados brasileiros de interesse público, ver https://brasil.io 2 Boletim disponível em http://www.saude.ba.gov.br/2020/05/19/bahia-tem-11-013-casos-confirmados-de-covid-19-e-326-obitos

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Figura 1. Casos confirmados de COVID-19 em Feira de Santana (dados da SESAB obtidos pelo Brasil.IO).

A Figura 2 apresenta o histórico do número de casos novos diários, obtido pela subtração do número de casos

acumulados em dias adjacentes, uma vez que o boletim da SESAB não informa casos novos diários . Nota-

se que a queda de casos acumulados indicada entre 18 e 19/05 geram um valor negativo irreal para casos

novos.

A qualidade e acesso aos dados de COVID-19, de fato, representam um desafio para análises e estudos mais

detalhados da epidemia. A análise realizada pela Open Knowledge Brasil (OKB), descrita no Boletim #83 da

instituição, ressalta que há dados conflitantes entre fontes oficiais diferentes e “ao menos 12 deles (44%)

apresentaram algum tipo informação conflitante, seja oriunda de suas próprias fontes, ou em relação aos

dados publicados pela União”. Para minimizar os problemas de qualidade dos dados, é importante que as

fontes oficiais sejam mais transparentes, divulgando metodologias de coleta, validação e divulgação dos

dados, disponibilizando inclusive microdados de forma acessível para ampliar as possibilidades de análises

por pesquisadores e por qualquer cidadão ou instituição.

3 BOLETIM #8 - TRANSPARÊNCIA COVID-19 https://transparenciacovid19.ok.org.br/boletins

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Figura 2. Casos novos, obtido pela diferença de casos confirmados de COVID-19 em Feira de Santana,

após os 10 casos iniciais (Fonte dos dados: SESAB, através do Brasil.IO).

Para comparação entre fontes diferentes de dados, são apresentados na Figura 3, dados coletados de casos

confirmados dos boletins individuais da Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana (SMS/FSA) e

dados da SESAB obtidos pelo Brasil.IO. Observa-se algumas lacunas nos dados oriundos da SMS/FSA, pois

os boletins são divulgados apenas em dias úteis. Neste aspecto alguns dados complementares foram

coletados diretamente dos Hotsites4,5 mantidos pela SMS/FSA e que divulgou dados parciais em alguns dias,

como finais de semana. Nota-se que os números das duas fontes de dados estiveram bastante similares até

meados do mês de Maio, após este período apresentaram divergências mais significativas. Apesar disso, as

duas curvas de evolução apresentam comportamento similar em termos da criticidade da evolução

epidemiológica. De todo modo, estas diferenças revelam divergências importantes em dados de importância

crítica para monitoramento e atuação frente à pandemia.

Este comparativo foi realizado apenas para análise neste documento, sendo que o Portal GEOCOVID-19 é

alimentado exclusivamente por dados dos boletins estaduais. Mas, chama atenção que os dados não são

similares nos últimos dias.

4 https://www.combateaocoronavirus.feira.br 5 http://www.feiradesantana.ba.gov.br/coronavirus

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Figura 3. Comparativo de casos confirmados de COVID-19 em Feira de Santana

(dados da SESAB obtidos pelo Brasil.IO e dados da SMS/Feira de Santana).

A partir dos dados de casos confirmados, realizamos também uma análise da variação destes casos ao longo

do tempo para identificar períodos de aceleração ou desaceleração da epidemia em Feira de Santana. A taxa

de variação dos casos confirmados acumulados foi de 68,78% (293 novos casos) apenas nos últimos 7 dias

(426 casos em 29/05/2020 a 719 casos em 05/06/2020) e nos 7 dias anteriores a variação foi de 71% (178

novos casos, 248 casos em 22/05/2020 a 426 casos em 29/05/2020).

A Figura 4 apresenta as taxas de variação semanal de casos em Feira de Santana, evidenciando que, após

um período de crescimento com taxas semanais abaixo de 32% entre meados de Abril e início de Maio (4

semanas, semana 17/04/2020 até semana 08/05/2020), ocorreu um forte crescimento na semana seguinte

(semana 15/05/2020), acima de 82%. Com a mudança metodológica da SESAB de apresentação de casos

confirmados, em meados de Maio, há uma aparente redução da taxa de crescimento no início da segunda

metade de Maio (semana 22/05/2020), mas isso não se manteve nas semanas seguintes (29/05/2020 e

05/06/2020) com taxas próximas de 70%. Logo, esta queda na semana de 22/05/2020 poderia ser atribuída

a mudanças metodológicas de divulgação de dados pela SESAB, e pode não corresponder a uma efetiva

desaceleração da transmissão de epidemia.

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Figura 4. Variação semanal de casos confirmados de COVID-19 em Feira de Santana, após os 10 casos iniciais

(Fonte dos dados: SESAB, via Brasil.IO).

Para aprofundar a análise da velocidade de crescimento dos casos de COVID-19 em Feira de Santana,

realizamos uma regressão otimizada6 por trechos do conjunto de dados de casos confirmados para identificar

o tempo de duplicação de casos a cada trecho. O tempo de duplicação é uma medida utilizada em

epidemiologia para avaliar a velocidade de propagação de uma epidemia.

Utilizando os dados da SESAB, identificamos que houve velocidades de propagação diferentes de epidemia

de COVID-19 em Feira de Santana, conforme Figura 5. Houve um momento inicial com duplicação de casos

a cada 6,3 dias de 29/03 até 10/04 mas houve grande desaceleração em seguida com tempo de duplicação

de 31,8 dias até 29/04. A partir de então a epidemia acelerou com tempo de duplicação de 21 dias até 15/05

e depois tempo de duplicação de 10,9 dias até 05/06.

6 Para identificar o momento de início e de fim de cada um dos 4 trechos, assim como os coeficientes das retas, foi utilizado um método de otimização automática por mínimos quadrados destes parâmetros. A quantidade de trechos foi fixada em 4.

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Figura 5. Tempo de duplicação de casos de casos confirmados de COVID-19 em Feira de Santana, em diferentes

períodos, após os 10 casos iniciais (Fonte dos dados: SESAB, através do Brasil.IO).

Observação: O gráfico é semi-log para visualizar relação exponencial como linear.

Utilizando dados da SMS/FSA, encontramos um padrão semelhante (Figura 6), com datas semelhantes de

início dos trechos, porém comparativamente o tempo de duplicação é menor, indicando que os dados

municipais evidenciam uma velocidade maior de propagação (ver Tabela 1). Feira de Santana, portanto,

encontra-se em um momento não só de crescimento de casos confirmados de COVID-19, mas também de

aceleração da propagação da doença.

Este padrão de aceleração pode ocorrer tanto pela propagação da doença quanto pela ampliação da testagem

da população, que releva números mais próximos da realidade, uma vez que a sub-notificação diminui.

Ressaltamos que a testagem, identificação isolamento e rastreamento de todos os casos de COVID-19 são

medidas essenciais de combate à epidemia.

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Figura 6. Tempo de duplicação de casos de casos confirmados de COVID-19 em Feira de Santana, em diferentes

períodos, após os 10 casos iniciais (Fonte dos dados: SMS/FSA, coleta nossa).

Tabela 1. Comparativo do tempo de duplicação (dias) de casos de casos confirmados de COVID-19

em Feira de Santana, em diferentes períodos, após os 10 casos iniciais

(Fonte dos dados: SESAB, através do Brasil.IO).

Intervalo

SESAB (Brasil.IO) SMS/FSA

início dias para duplicar início dias para duplicar

1 30/03 6,3 dias 29/03 6,6 dias

2 10/04 31,8 dias 11/04 20,6 dias

3 29/04 21,0 dias 01/05 13,3 dias

4 15/05 10,92 dias 16/05 8,5 dias

A Figura 7 apresenta a evolução no número de óbitos acumulados na cidade de Feira de Santana, que teve

o primeiro e segundo óbitos registrados apenas após 43 e 69 dias, respectivamente, desde a confirmação do

primeiro caso. Este quantitativo evoluiu mais rapidamente nos últimos dias, tendo a cidade registrado no dia

05/06/2020 o 6º óbito segundo a SESAB e o 16º óbito segundo a SMS-FSA. Neste contexto, a Tabela 2

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apresenta um comparativo das estatísticas de mortalidade para Feira de Santana, para a capital, Salvador, e

para todo o estado da Bahia. Considerando que Feira de Santana registrou o primeiro caso do estado e

analisando-se em termos relativos ao tamanho populacional, a cidade tem apresentado uma baixa

mortalidade, sendo consideravelmente inferior àquela registrada na capital e no estado como um todo. Esta

constatação ainda necessita de maior investigação para identificar suas possíveis causas.

Figura 7. Número de óbitos de COVID-19 em Feira de Santana.

(dados da SESAB obtidos pelo Brasil.IO e dados da SMS/Feira de Santana).

Tabela 2. Estatísticas de mortalidade (Dados extraído do Brasil.IO em 05/06/2020; *Segundo a SMS/FSA).

Local Óbitos Acumulados

Casos Acumulaos

Mortalidade População Óbitos/100 mil-hab

Feira de Santana

6 16*

719 919*

0,83% 1,74%*

614.872 0,97 2,60*

Salvador 558 15.173 3,67% 2.872.347 19,43

Bahia 819 26.419 3,10% 14.873.064 55,06

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PROJEÇÕES DA EPIDEMIA

A partir dos dados atuais, o portal GEOCOVID-19 realiza ajustes de um modelo matemático epidemiológico7

denominado SEIHURD que estima, para cada município, a dinâmica populacional na propagação do contágio.

Para cada dia de projeção do modelo, utilizamos também a rede de fluxo intermunicipal para estimar a

propagação dos casos entre os municípios, baseado no censo de fluxos do IBGE (2016). Os parâmetros deste

modelo são constantemente atualizados para ajuste aos dados da série temporal da epidemia no Brasil. É

importante enfatizar que os resultados do modelo representam apenas uma simplificação das características

gerais do fenômeno, não apresentando um caráter preditivo absoluto, porém ajudam a conhecer cenários

possíveis para os municípios.

São considerados 2 cenários para as projeções: com intervenções de fluxos e sem intervenções de fluxos.

Os cenários são obtidos considerando variações dos valores das taxas de transmissão da doença e do fluxo

intermunicipal. A taxa de transmissão (conhecido em modelos epidemiológicos β) está relacionada com

quantas novas pessoas são infectadas em cada momento e o fluxo intermunicipal está relacionado ao

deslocamento de pessoas entre municípios. Os cenários projetados são parametrizados da seguinte maneira:

Cenário I, SEM intervenções → a taxa de contaminação (β) de cada município é aumentada em 50%

(condições similares às encontradas no início da pandemia, antes das medidas de mitigação) e o

fluxo é mantido igual ao fluxo observado no censo de 2016;

Cenário II, COM intervenções → a taxa é mantida igual à atualmente ajustada (mantém-se a taxa atual

de transmissão, influenciada pelas medidas já implementadas neste momento) e o fluxo é reduzido

em 50% do fluxo observado no censo de 2016. Além disso, acrescentamos uma redução de 95% do

fluxo entre cidades da Bahia em que foram decretadas medidas mais restritivas, como a suspensão

de transporte coletivo intermunicipal.

Em um cenário COM intervenções de fluxo, mantendo-se as medidas atuais, o município de Feira de Santana

poderá ter em torno de 3300 casos casos acumulados em 30 dias (Figura 8). Já em um cenário SEM

intervenções de fluxo, com relaxamento das medidas de distanciamento social e movimentação entre

municípios, o município de Feira de Santana poderá ter mais de 12.000 casos casos acumulados em 30 dias .

De fato, é esperado que um cenário de menor controle do contágio entre pessoas leve á uma quantidade

maior de casos de COVID-19. Ampliar a taxa de contaminação (Cenário I) em relação à taxa atual de Feira

de Santana (Cenário II) poderá levar à 3,6 vezes mais casos acumulados em 30 dias. Por outro lado, mesmo

7 Trata-se de um modelo com uso de equações diferenciais ordinárias (EDO) para oito compartimentos: Suscetíveis, Expostos, Infectados assintomáticos, infectados sintomáticos, Hospitalizados em leitos ambulatoriais, Hospitalizados em leitos de UTI, Recuperados e Óbitos. Além disso, considera-se a difusão em rede de fluxos de pessoas destes compartimentos entre municípios do Brasil. Para mais detalhes, veja https://sites.google.com/view/informe-geocovid-19/.

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no Cenário II, mantendo-se as medidas atuais, há aumento do número de casos acumulados em 30 dias,

indicando que a taxa de contaminação ainda está acima da desejada.

Figura 8. Projeção de casos acumulados entre 5 e 30 dias após dia 05/06/2020, a partir do

modelo de projeção do portal GEOCOVID-19.

Lembramos que a taxa de contaminação não é fixa, ela depende da quantidade de contatos que uma pessoa

infectada tem com outras pessoas susceptíveis (não contaminadas) assim como da probabilidade de um

contato assim gerar uma infecção de fato. Desse modo, a quantidade de novos casos depende

fundamentalmente dessa taxa.

Para a análise do crescimento de casos ativos em Feira de Santana, apresentamos na Figura 9 projeções de

casos ativos8 em ambos os cenários. Em um cenário SEM intervenções, em aproximadamente 50 dias, o

município de Feira de Santana poderá ter mais de 14 mil casos ativos. Por outro lado, em um cenário COM

intervenções, em aproximadamente, 90 dias, poderia haver em torno de 5 mil casos ativos. Verifica-se assim

que as medidas atuais de intervenção podem ser capazes de levar a um menor número número de casos

ativos e o pico será alcançado em tempo mais distante. Este tempo extra no cenário com intervenções pode

ser importante para permitir que o sistema de saúde tenha mais tempo para adequação de sua capacidade

de atendimento. Contudo, embora bem menor do que o cenário sem intervenções, o número de casos ainda

é considerado muito alto.

8 Nosso modelo considera como caso ativo uma pessoa infectada capaz de contaminar pessoas susceptíveis.

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Figura 9. Projeção de casos ativos entre 5 e 180 dias após dia 05/06/2020, a partir de

modelo de projeção do portal GEOCOVID-19.

A demanda de leitos de UTI e de enfermaria para pacientes de COVID-19 em ambos os cenários é

apresentada na Figura 10. Para estas projeções, o modelo assume que parte dos infectados prossegue para

hospitalização demandando leitos de enfermaria ou leitos de UTI9. Em um cenário SEM intervenções, a

demanda por leitos de enfermaria poderá ser de 1.800 leitos, enquanto a demanda de leitos de UTI poderá

ser acima de 1.000 leitos para pacientes de Feira de Santana. Por outro lado, em um cenário COM

intervenções, esta demanda pode ser reduzida para próximo de 700 leitos de enfermaria e 400 leitos de UTI.

Assim, a demanda de leitos hospitalares é menor no cenário com intervenções, acarretando menor déficit de

leitos e minimizando o número de óbitos por falta de atendimento.

Conforme dados disponíveis no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde10, Feira de Santana possui

76 leitos de UTI Adulto (SUS e não SUS), sendo 20 leitos de UTI para COVID-19 sendo 10 no Hospital

Clériston Andrade e 10 no Hospital Mater Dei. Isto indica que o município está muito longe de conseguir

atender a demanda que poderá surgir com estes cenários de expansão da epidemia.

9 Mais detalhes na descrição do modelo, ver nota 7. 10 Dados do CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, acesso em 08/06/2020, URL http://cnes2.datasus.gov.br/Index.asp

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Figura 10. Projeção de demanda de leitos de UTI e enfermaria entre 5 e 30 dias após dia 05/06/2020,

a partir de modelo de projeção do portal GEOCOVID-19.

Os cenários apresentados nas projeções simulam duas possibilidades. Em um cenário, as medidas atuais de

intervenção para controle da pandemia são mantidas e, assim, a taxa atual de contaminação é mantida como

está. No outro cenário, há aumento da taxa de contaminação pela suspensão de medidas de intervenção. Em

ambos cenários visualizamos projeções com aumento de casos da pandemia nos próximos meses, mas o

cenário COM intervenções indica um quantitativo menor de casos totais e no pico, conduzindo à uma menor

demanda do sistema de saúde. Mesmo assim, ambos os cenários apontam pelo crescimento do número de

casos e ainda períodos de muitas semanas de duração da epidemia no município. Portanto, com as

intervenções atuais há uma estratégia de mitigação da epidemia, mas não sua efetiva supressão.

Conforme importante relatório da Imperial College11, ambas estratégias, de mitigação e de supressão, podem

ser adotadas para combate da epidemia de COVID-19. “As estratégias diferem quanto ao objetivo de reduzir

o número de reprodução, R, para abaixo de 1 (supressão) - e, assim, fazer com que os números de casos

diminuam - ou apenas para abrandar a propagação reduzindo R [mitigação], mas não para abaixo de 1”. Isto

é, intervenções menos rigorosas podem diminuir o total de casos e a velocidade da epidemia, mas são

11 Imperial College COVID-19 Response Team. (2020) Report 9: Impact of non-pharmaceutical interventions (NPIs) to reduce COVID-19 mortality and healthcare demand. 16 March 2020. URL: https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/mrc-gida/2020-03-16-COVID19-Report-9.pdf

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necessárias intervenções mais rigorosas (supressão) para de fato reduzir os casos de forma rápida, de

maneira que a epidemia não se prolongue no tempo.

De fato, resultados de projeções para a Bahia realizadas por pesquisadores da Rede CoVida12, indicam que

uma forte redução da taxa de contaminação (entre 50% e 75% de redução) pode levar à redução de novos

casos da doença. Uma redução da taxa de contaminação pode ser obtida, como já indicado, pela redução da

quantidade de contatos que uma pessoa infectada tem com outras pessoas susceptíveis (não contaminadas),

com o distanciamento social efetivo por todos e isolamento rápido de infectados. Adicionalmente, pode-se

alcançar a redução da probabilidade de um eventual contato gerar uma infecção de fato, por exemplo, pelo

uso adequado de máscaras e pela higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70%, com maior

efetividade e universalidade. Quando medidas rigorosas e efetivas de supressão são rapidamente

implementadas é possível obter um número de reprodução R menor do que 1, levando à queda do número

de casos e um tempo de duração da epidemia menor do que em cenários sem intervenções ou somente com

intervenções de mitigação.

O RISCO DOS PROCESSOS DE FLEXIBILIZAÇÃO MAL PLANEJADOS

O prolongado período de restrição à circulação de pessoas exigido pela pandemia traz, naturalmente, uma

pressão cada vez maior pela retomada das atividades econômicas e do convívio social. Em diversos lugares

do mundo, e o Brasil não é exceção, experiências de retomada têm sido executadas com variados graus de

preparação e sucesso.

Na Bahia, nenhuma cidade efetivamente implementou alguma forma de restrição mais forte que se possa

considerar como análogo ao ‘lockdown’, e mesmo as medidas de intervenção em vigor tendem a apresentar

efetividade insatisfatória, seja pela adesão insuficiente ou inadequada pela população e empresas, seja pela

fiscalização limitada do cumprimento das medidas. Isso, além de outros fatores, têm dificultado seriamente a

redução do contágio com a desejável queda sustentada do número de casos ativos. Ainda assim, mesmo

sem queda do número de casos ativos, algumas das maiores cidades têm iniciado a abertura de partes

maiores de seu comércio, autorizado o funcionamento de templos, re-abertura de parques e locais públicos,

e permitido a circulação mais livre de pessoas e a retomada dos contatos sociais.

Dois casos bastante emblemáticos na Bahia são os de Feira de Santana e IIhéus. A primeira, apesar de ter a

maior população do interior do estado e de ter registrado seus primeiros casos bem no início (06/03 contra

25/03), foi superada em casos por Ilhéus em meados de Abril. Enquanto Feira de Santana parecia abrigar um

número de casos relativamente bem comportado, num ritmo em que dobraria em aproximadamente 31 dias

(ver Figura 5), os casos confirmados em Ilhéus dobravam a cada 6,4 dias (Figura 12).

12 Oliveira J.F., et al., Rede CoVida Modelling Task-force. (2020) Evaluating the burden of COVID-19 on hospital resources in Bahia, Brazil: A modelling-based analysis of 14.8 million individuals. pre-print medRxiv 2020.05.25.20105213; doi: https://doi.org/10.1101/2020.05.25.20105213

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Figura 12. Tempo de duplicação de casos de casos confirmados de COVID-19 em Ilhéus, em diferentes períodos,

após os 10 casos iniciais (Fonte dos dados: SESAB, através do Brasil.IO).

Observação: O gráfico é semi-log para visualizar relação exponencial como linear.

A Prefeitura de Feira de Santana decidiu então autorizar a reabertura de várias atividades do comércio em

21/04, mas sem a implementação de outras medidas efetivas de controle da taxa de contaminação. Por volta

de 10 dias depois, a cidade iniciou um processo de aceleração do crescimento do número de casos

detectados e encontra-se em ritmo que, se continuado, resultará em quase 8 vezes mais casos num período

de 31 dias. Na prática, exatos 30 dias após a reabertura do comércio, houve um crescimento de cerca 300%

(de 61 para 240 - dados da SESAB) no número de casos confirmados na cidade e um contingente de cerca

de 500 pacientes aguardando resultados de exames (segundo boletim epidemiológico da SMS/FSA em

21/05/2020).

Nesse período, ao final de Abril, Ilhéus apresentou alguma melhora no controle da taxa de contaminação,

com tempo de duplicação de casos confirmados ao longo da maior parte de Maio equivalente a cerca de 20

dias. Assim, com a desaceleração do crescimento em um município e a aceleração no outro, Feira de Santana

alcançou o número absoluto de casos de COVID-19 de Ilhéus na primeira semana de Junho (ver Figura 13).

Embora números relativos de casos sejam diferentes, dado o tamanho das populações, a comparação das

trajetórias epidemiológicas ilustra como a aplicação ou flexibilização de medidas de intervenção afetam a

epidemia.

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Figura 13. Casos confirmados de COVID-19 em Ilhéus e Feira de Santana

(Fonte dos dados: SESAB, através do Brasil.IO).

Desde o dia 25/05, Ilhéus encontra-se em ritmo que aponta dobra de casos a cada 17 dias, bastante pior do

que Feira de Santana quando de sua experiência de reabertura, que foi abortada após um mês, em 21/05.

Ainda assim, na primeira semana de Junho, quando ocorreram 5 óbitos por COVID-19, a Prefeitura de Ilhéus,

autorizou no dia 03/06 o retorno às atividades do comércio, sendo que na semana anterior já havia autorizado

o funcionamento dos templos religiosos.

Ressaltamos que o controle da epidemia não depende somente do fechamento do comércio, e também não

se trata de uma dicotomia de abrir comércio versus não abrir comércio. A suspensão do atendimento

presencial em estabelecimentos comerciais leva à redução de parte dos contatos sociais entre pessoas, mas

esta deve ser somente uma das intervenções dentro de uma estratégia mais ampla. A atividade comercial

poderá e deverá ser retomada de forma gradual e monitorada na existência de condições minimamente

necessárias (que devem envolver forte redução da taxa de contaminação e redução da ocupação de leitos,

além de outros indicadores) para que a abertura possa ser realizada de modo seguro.

O controle da epidemia depende também da aumento do isolamento social para além da visita aos

estabelecimentos comerciais. Em Ilhéus, como em Feira de Santana, os índices de isolamento têm sido

decrescentes. Na Figura 14, é apresentado o índice de isolamento social do estado da Bahia, a partir de

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dados agregados e anônimos fornecidos em parceria pela InLoco13. É possível verificar que houve um

aumento do isolamento social na Bahia no final de Março, mas desde então há um comportamento

decrescente do índice, embora não tenha retornado ao nível pré-pandemia. O isolamento social nos níveis

atuais contribui, em parte, para a diminuição da taxa de contaminação, mas não é suficiente para que

possamos ter uma redução real do número de novos casos. Devem portanto ser implementadas medidas de

intervenção que aumentem este índice para, possivelmente, alcançarmos a supressão da epidemia.

Figura 14. Índice de isolamento social para o estado da Bahia.

(Fonte: dados fornecidos pela InLoco e disponibilizados na plataforma GEOCOVID-19).

A suspensão de atividades que ampliam contatos sociais, sejam em estabelecimentos e instituições, sejam

em eventos ou reuniões em ambientes residenciais ou públicos, além de restrições à aglomerações em

qualquer local até mesmo em transporte público e nos locais de atividades essenciais, contribuem para o

isolamento social, mas outras medidas podem ser somadas. Uma estratégia de testagem, isolamento de

infectados, e rastreamento de contatos de infectados tem sido utilizada de forma efetiva por muitos países

para contribuir para o controle da pandemia. Soma-se também o uso de máscaras e outras proteções, de

forma adequada e com vigilância, assim como medidas de higiene com ampla disponibilidade.

Os dados, as análises e as ponderações levantadas neste primeiro número do Boletim GEOCOVID-19

chamam à reflexão não apenas os gestores e os moradores de Feira de Santana, mas demonstram a urgência

13 A InLoco é uma empresa especializada em inteligência a partir de dados de localização. Por meio de análise do comportamento de geolocalização de 60M de brasileiros (sem identificação, com anonimato, garantindo privacidade), a InLoco construiu um índice de isolamento social para auxiliar na luta contra a COVID-19 (https://www.inloco.com.br/pt/covid-19)

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de medidas rápidas e efetivas que possam minorar os impactos da pandemia, da necessidade da manutenção

e até a ampliação do distanciamento social, que além de poupar vidas, ajuda na possibilidade de colapso do

sistema de saúde, ainda precário. Uma estratégia de mitigação que somente reduza a velocidade de

crescimento dos casos não é suficiente, é necessária uma estratégia imediata de supressão que possa levar

em pouco tempo à diminuição do número de novos casos diários, o que contribuiria para passarmos logo pelo

pico da epidemia com o menor número de vítimas por COVID-19 e com retomada da atividade econômica,

como outras cidades do mundo já conseguiram. A efetividade desta estratégia depende de uma união e

compromisso das instituições públicas, instituições privadas e todos os cidadãos do município de Feira de

Santana.

Comitê do portal GEOCOVID e do Boletim GEOCOVID

Angelo Loula (UEFS)

Rodrigo Calumby (UEFS)

Gesil Amarante (UESC)

Joselisa Chaves (UEFS)

Jocimara Lobão (UEFS)

Washington Rocha (UEFS)

André Paternostro (CDM Group Consultoria)

José Garcia (UFBA)

Mateus Silva (UFBA)

Elaine Barbosa (UFBA)

Diego Costa (Geodatin)

Cesar Diniz (Solved)

Soltan Galano (Geodatin)

Raphael Rosário (UFBA)

José Gabriel Castro (UFBA)