generos textuais para aprender ingles

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  • 7/25/2019 Generos textuais para aprender ingles

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    Uma proposta de planejamento de ensino delngua inglesa em torno de gneros textuais

    Vera Lcia Lopes Cristovo1 ([email protected])

    Ana Paula Marques Beato-Canato2 ([email protected])

    Marlene Aparecida Ferrarini3 ([email protected])

    Clia Regina Capellini Petreche4 ([email protected])

    Lucas Moreira dos Anjos-Santos 5 ([email protected])

    Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil

    Resumo: Como professores de lngua inglesa de diferentes espaos de ensino e

    pesquisadores da linha Interacionista Sociodiscursiva, nos propusemos a produzir

    uma coleo didtica para o Ensino Fundamental II. Assim, para cada ano escolar,

    elaboramos sete sequncias didticas usando gneros textuais variados, visando

    possibilitar que o aluno, por meio do estudo de textos autnticos e do desenvol-

    vimento de atividades prticas, amplie suas possibilidades de participao social,

    tanto pelo aprendizado da lngua inglesa quanto pelas reexes proporcionadas

    durante os trabalhos. Nesse artigo, retomaremos os pressupostos tericos subja-

    centes a nossa proposta pedaggica para explicitar com mais clareza os caminhos

    1 Ps-Doutora em Lingustica Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifcia UniversidadeCatlica de So Paulo e professora do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas e do

    Programa de Ps-Graduao em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina.2 Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina e professora deingls para ns especcos do IFRJ-Maracan. Rio de Janeiro, Brasil;

    3 Mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina e professora delngua inglesa da Educao Bsica do Estado do Paran. Camb, Paran, Brasil;

    4 Mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina e professora delngua inglesa da Educao Bsica do Estado do Paran. Londrina, PR, Brasil;

    5 Mestrando em Estudos da Linguagem na Universidade Estadual de Londrina e professor de

    lngua inglesa na rede particular de idiomas de Londrina. Londrina, PR, Brasil;

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    Vera Lcia L.Cristovo

    Ana Paula M.Beato-Canato

    Marlene A.Ferrarini

    Clia ReginaC. Petreche

    Lucas M. dosAnjos-Santos

    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    trilhados e apresentar nossa proposta de planejamento de ensino.

    Palavras-chave: coleo de livros didticos; interacionismo sociodiscursivo; se-

    quncias didticas; gneros textuais; ensino-aprendizagem de lngua inglesa.

    Abstract: As English teachers of different teaching realities and researchers ofthe sociodiscursive interactionism perspective, we produced a didactic collection

    to Ensino Fundamental II. Therefore, for each school year we developed seven

    didactic sequences using a range of text genres, aiming at giving students the

    chance to broaden the possibility of social participation through the study of

    authentic texts and the development of practical activities. In this article, we are

    going to revisit the theoretical bases of our pedagogical proposal in order to make

    clear the paths taken and present our planning proposal for English teaching.

    Keywords:collection of didactic books; sociodiscursive interactionism; didactic

    sequences; English teaching and learning.

    INTRODUO

    Um de nossos grandes desaos como pesquisadores a transposio di-

    dtica da teoria que investigamos e adotamos. Isso talvez ocorra porque

    a sala de aula um espao complexo, onde convivem diversas represen-

    taes originrias de diferentes setores professor e alunos diretamente;

    demais professores, coordenao, superviso e direo escolar; pais e co-

    munidade de modo geral (BRONCKART, 2008).

    Como professores de diferentes espaos educacionais (universidade,

    educao bsica pblica e instituto de lnguas) e pesquisadores do intera-

    cionismo sociodiscursivo, nos propusemos a desenvolver um material que

    objetiva, em primeiro lugar, possibilitar que o aluno, por meio do estudo

    de textos e desenvolvimento de atividades prticas, amplie suas possibi-

    lidades de participao social tanto pelo aprendizado da lngua inglesa

    quanto pelas reexes proporcionadas durante a realizao dos trabalhos.

    Para alcanarmos tais objetivos, cada volume foi organizado em sete sequ-

    ncias didticas (SDs), produzidas com base nos pressupostos tericos do

    interacionismo sociodiscursivo.

    Neste artigo, temos a inteno de abordar os pressupostos tericos

    subjacentes a nossa proposta, retomando a denio de gneros textuais

    e a diviso didtica das capacidades de linguagem necessrias para agir

    socialmente, alm do trabalho com elas em sala de aula dentro das SDs

    elaboradas. Em seguida, discorremos sobre as formas de avaliao que

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    consideramos coerentes com nossa viso de ensino-aprendizagem e de-

    fendemos o envolvimento do aprendiz em sua prpria aprendizagem ao

    sugerirmos o desenvolvimento deportfolio e a autoavaliao.

    Em um segundo momento, exploramos a estrutura e organizao de

    nossa coleo, descrevendo cada um dos livros, os tipos de SDs presentese as sees que as constituem. Tambm explicamos a progresso do uso

    de ingls na coleo, por esta ter sido uma deciso tomada, tendo como

    pressuposto a construo conjunta de signicados que esse instrumento

    pode oferecer no contexto de lngua estrangeira.

    Finalizamos o artigo, apresentando algumas concluses sobre os de-

    saos que enfrentamos e os avanos que acreditamos termos alcanado

    num primeiro nvel de transposio didtica dos pressupostos do trabalho

    com gneros textuais no ensino fundamental, com base no interacionismo

    sociodiscursivo.

    FUNDAMENTAO TERICO-METODOLGICA DO MATERIAL

    Nessa parte, retomamos os princpios tericos subjacentes a nossa propos-

    ta e tambm discutimos formas de avaliao que consideramos coerentes

    com a viso de ensino-aprendizagem que defendemos.

    Ensino de lnguas e interacionismo sociodiscursivo

    Nesse trabalho, partimos do pressuposto terico-metodolgico do intera-

    cionismo sociodiscursivo, doravante ISD, que defende que somos consti-

    tudos pela linguagem ao mesmo tempo em que a constitumos em nosso

    convvio social (BRONCKART, 2006). Assim, a linguagem predominante-

    mente social e decorrente das interaes, que permitem a aprendizagem

    e a apreenso de regras de convvio social, das formas de agir no mundo a

    nossa volta, bem como a construo de nossas representaes do mundo.

    Essa concepo permite dizer que a aprendizagem ocorre na interao

    com o outro e que a linguagem essencial para a formao do ser hu-

    mano. Desse modo, como a linguagem est presente em todas as nossas

    trocas sociais, torna-se uma ferramenta e um instrumento de primeira

    importncia para a concretizao das aes que desejamos efetivar em

    determinada situao. A materializao da linguagem, em nossas aes

    dirias, d-se por meio de textos produzidos por ns a partir de mode-

    los pr-existentes (MACHADO, 2005), os gneros textuais. Essa denio

    equivalente noo de gnero bakhtiniana, segundo a qual, diferentes

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    esferas de atividade humana, organizadas scio-historicamente, elaboram

    seus enunciados ou suas formas de dizer relativamente estveis,

    que possuem determinadas formas, contedos, relaes com os interlo-

    cutores e diferentes estilos. Assim, gneros so considerados por Dolz e

    Schneuwly (2004) instrumentos que possibilitam a ao humana e me-gainstrumentos constitudos por subsistemas semiticos (lingusticos e

    paralingusticos), instrumentos que possibilitam a comunicao.

    Para o ISD, os gneros devem ser tomados como instrumentos de ensi-

    no a m de desenvolver as capacidades de linguagem dos alunos, denidas

    como aptides requeridas para a realizao de um texto numa situao

    de interao determinada (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 1993, p. 30).

    Didaticamente, elas so divididas em:

    a) Capacidade de ao conhecimentos relacionados ao contexto de

    produo que contribuem para o reconhecimento do gnero, ade-

    quao ao contexto e mobilizao de contedos. Pode ser desenvol-

    vida por meio de atividades que levem o aluno a:

    Realizar inferncias sobre: quem escreve o texto, para quem ele

    dirigido, o assunto, quando o texto foi produzido, onde foi produzi-

    do, para que objetivo;

    Avaliar o que necessrio para um texto estar adequado situao

    na qual se processa a comunicao;

    Compreender vocabulrio na sua relao com aspectos sociais e/ou

    culturais;

    Compreender a relao entre textos e a forma de ser, pensar, agir e

    sentir de quem os produz.

    b) Capacidade discursiva conhecimentos relacionados organiza-

    o do contedo em um texto e sua forma de apresentao. Pode ser

    desenvolvida por meio de atividades que levem o aluno a:

    Reconhecer a organizao do texto como layout, linguagem no ver-

    bal (fotos, grcos, ttulos, formato do texto) etc.

    Identicar as caractersticas do texto que podem fazer o autor pa-

    recer mais distante ou mais prximo do leitor;

    Entender a funo da organizao do contedo naquele texto;

    Perceber a diferena entre formas de organizao diversas.

    c) Capacidade lingustico-discursiva conhecimentos relacionados ao

    domnio das operaes de linguagem (coeso e coerncia, por exem-

    plo). Pode ser desenvolvida por meio de atividades que levem o aluno a:

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    Compreender os elementos que operam na construo de textos,

    pargrafos, oraes;

    Dominar operaes que contribuem para a coerncia de um texto

    (organizadores, por exemplo);

    Dominar operaes que colaboram para a coeso nominal de umtexto (anforas, por exemplo);

    Dominar operaes que cooperam para a coeso verbal de um texto

    (tempo verbal, por exemplo);

    Expandir vocabulrio que permita melhor compreenso e produ-

    o de textos;

    Compreender e produzir unidades lingusticas adequadas sintaxe,

    morfologia, fontica, fonologia e semntica da lngua;

    Tomar conscincia das (diferentes) vozes que constroem um texto;

    Notar as escolhas lexicais para tratar de determinado contedo te-

    mtico;

    Reconhecer a modalizao (ou no) em um texto;

    Identicar a relao entre os enunciados, as frases e os pargrafos de

    um texto, entre outras muitas operaes que poderiam ser citadas.

    SISTEMA DE ATIVIDADES

    SISTEMA DE GNEROS

    Capacidade lingustico-discursiva na qual estpresente o sistema da lnguaCapacidade discursiva

    na qual est presenteo sistema da lngua

    Capacidade de aona qual est presenteo sistema da lngua

    Figura 1: Funcionamento da engrenagem das capacidades de linguagem6

    importante destacar que essas capacidades no so dissociadas umas

    6 Essa imagem uma representao produzida como resultado de muitas discusses no gru-po de pesquisa Linguagem e Educao da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ela foiprimeiramente publicada em CRISTOVO, V. L. L. Procedimentos de anlise e interpretaoem textos de avaliao. In: GUIMARES, A. M. M.; MACHADO, A. R.; COUTINHO, A. (Orgs.). Ointeracionismo sociodiscursivo: questes epistemolgicas e metodolgicas. 1. ed. Campi-nas: Mercado de Letras, 2007. p. 257-272.

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    das outras, e sim articuladas como uma engrenagem. Nesse sentido, com

    o intuito de representar a articulao entre as capacidades, adotamos a

    imagem a seguir para demonstrar que so dependentes umas das outras,

    da mesma forma que, ao nos comunicarmos, no pensamos separadamen-

    te nem tomamos o gnero por partes, mas o consideramos como um todocoeso e o utilizamos com determinados propsitos comunicativos, como

    procura ilustrar a Figura 1.

    Nessa perspectiva, buscamos desenvolver um material que oferea ao

    aprendiz oportunidade de interagir com a linguagem e desenvolver capa-

    cidades de linguagem. Para isso, utilizamos textos autnticos, exemplares

    de gneros textuais selecionados, para serem trabalhados em cada SD. A

    partir desses textos, englobamos a situao de comunicao, os elementos

    constitutivos e os recursos da lngua, procurando levar o aluno a desen-

    volver as capacidades de linguagem necessrias para o uso desses textos

    na comunicao.

    Se considerarmos que diferentes reas contribuem para a construo

    do conhecimento e para o desenvolvimento da formao do indivduo, a

    disciplina de Ingls tambm precisa participar de modo signicativo nes-

    se processo. Levando isso em conta, a coleo foi estruturada de modo que

    as SDs produzidas pudessem atingir tais objetivos, propiciando aos alunos

    oportunidades para uma aprendizagem de lngua inglesa que visa a:

    a) Construir atividades numa concepo scio-histrica de linguagem,

    na qual o social preponderante nas escolhas do que dito e como o ;

    b) Viabilizar projetos em que aprender uma lngua estrangeira signi-

    que possibilitar o contato com outras formas de entender o mundo

    que no aquela pela qual estamos rodeados em nosso dia-a-dia, e

    ampliar a possibilidade de participao efetiva em novas prticas

    sociais;

    c) Propiciar o entendimento de que a linguagem uma forma de agir

    e, nela e por ela, podemos efetivamente empreender transforma-

    es no mundo social;

    d) Disponibilizar um novo leque de pr-cons trudos culturais que, ao

    ser aberto, revela traos culturais distintos e diversos, o que sau-

    dvel e necessrio para a contnua formao e transformao de

    diferentes identidades.

    Com relao progresso, as SDs de cada volume esto organizadas de

    modo que o aluno construa de forma gradativa conhecimentos sobre os

    gneros selecionados, ou seja, a progresso determinada pela complexi-

    dade dos gneros textuais abordados, dos textos selecionados, das tarefas

    propostas e do uso da lngua inglesa.

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    Em diferentes momentos, o trabalho com a lngua aborda compreen-

    so e produo escrita e oral, de forma a capacitar o aluno a agir com a

    linguagem em diferentes situaes de comunicao. Buscamos organizar

    as atividades de modo que, ao abordarmos um texto (escrito ou oral), a

    progresso em espiral seja privilegiada, possibilitando ao aluno reencon-trar um mesmo objeto de ensino em diferentes etapas da aprendizagem.

    Assim, o mesmo objeto pode reaparecer envolvendo uma maior comple-

    xidade na tarefa. So as diferentes situaes de comunicao que exigem

    uma maior complexidade quanto ao gnero textual e sua composio. Por-

    tanto, ao explorar o gnero carta para pen pal, por exemplo, no traba-

    lhamos apenas com os aspectos que o constituem formalmente e com a

    lngua utilizada, mas tentamos levar o aluno a perceber a possibilidade

    de se corresponder com algum que no conhece e o quanto isso pode ser

    enriquecedor e graticante.

    Avaliao

    A avaliao deve ser vista como um processo contnuo e formativo, poden-

    do ocorrer por meio da observao do envolvimento do aluno na realiza-

    o das atividades. Ao se entender a avaliao como processual/formativa,

    devem-se analisar os avanos e as diculdades dos alunos em relao ao

    gnero trabalhado. Vista desse modo, a avaliao possibilita a tomada de

    decises para superao de diculdades encontradas pelos alunos. Alm

    disso, ela deve ser compreendida como uma oportunidade para reexo

    crtica sobre a prtica docente.

    Para contemplar nossa viso de avaliao, o instrumento de avaliao

    que recomendamos o portflio. Segundo Fina (1992), esse instrumento

    tem por caractersticas:

    a) Ser uma coleo sistemtica, signicativa e guiada por objetivos

    dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos;

    b) Poder ser desenvolvido por alunos de todas as idades, os quais sele-

    cionam trabalhos feitos por eles prprios para fazer parte do por-

    tflio, assim como os critrios de seleo;

    c) Poder incluir observaes e ser guiado por professores, pais, res-

    ponsveis, pares, entre outros;

    d) Reetir as atividades de aprendizagem dirias do aluno;

    e) Ser contnuo durante um determinado perodo de tempo para possi-

    bilitar a observao dos esforos, progressos e conquistas do aluno.

    Os propsitos de usar portflio, enquanto sistema e instrumento de

    avaliao, precisam ser claramente estabelecidos e conhecidos, tanto pe-

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    los alunos quanto pelo professor. Alguns dos propsitos bsicos para o

    uso de portflio no ensino-aprendizagem, de acordo com Fina (1992), so:

    a) Examinar o crescimento do aluno durante um perodo de tempo a

    partir de um objetivo estabelecido coletivamente entre as partes

    interessadas (alunos e professores);b) Desenvolver o senso de avaliao como processo;

    c) Criar meios para o aluno ser capaz de se autoavaliar;

    d) Ajudar alunos e professores a estabelecer metas e objetivos indivi-

    duais de acordo com as necessidades de cada um;

    e) Dar voz aos alunos no seu processo de aprendizagem;

    f) Criar oportunidades de situaes reais de ensino-aprendizagem;

    g) Observar o desenvolvimento lingustico do aluno por meio de ati-

    vidades sociais;

    h) Avaliar e desenvolver o currculo;

    i) Determinar a eccia da prtica de ensino;

    j) Facilitar a discusso sobre objetivos e meios de alcan-los;

    k) Possibilitar aos professores suporte para mudanas no rumo do

    processo de ensino-aprendizagem, se necessrio.

    Outra caracterstica do sistema de portflio que todas as atividades

    realizadas podem fazer parte de sua composio as diferentes verses

    de um texto produzidas pelo aluno ao longo de uma SD, por exemplo; re-

    latos de impresso dos alunos sobre textos e atividades propostas outro

    exemplo; a autoavaliao do aprendiz ao nal das SDs, em consonncia

    com os objetivos delas, pode ser outra fonte para compor o portflio. Ou

    seja, todas as atividades propostas podem ser parte da composio do por-

    tflio, desde que sejam estabelecidos por eles e com eles a necessidade e os

    objetivos dessas compilaes.

    Apesar de todas as caractersticas produtivas do uso do sistema de por-

    tflio em sala de aula, temos conscincia de que h ainda o uso macio do

    sistema de testes-padres usados para medir e avaliar a aprendizagem dos

    alunos como parte do sistema educacional brasileiro. Nesse caso, para atri-

    buir nota aos trabalhos do sistema de portflio, o professor precisa esta-

    belecer critrios (preferencialmente construdos coletivamente) baseados

    nas informaes do portflio de seus alunos. Como exemplos, sugerimos:

    a) Critrios analticos de pontuao que podem ser criados com base

    nas caractersticas da atividade componente do portflio;

    b) Lista de critrios com denio de porcentagem e pontuao;

    c) Lista de critrios de gradao;

    d) Lista dos trabalhos desenvolvidos ao longo de um perodo e atribui-

    o de pontuao a esses trabalhos.

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    De acordo com Fina (1992), o importante no processo de avaliao de

    portflio que que bem claro para os alunos que, para esse sistema, so

    mais importantes os critrios do que as notas propriamente ditas. As no-

    tas existiro, em funo de uma necessidade do sistema educacional, po-

    rm estaro subordinadas a critrios estabelecidos que levem em conta oprocesso de aprendizagem do aluno e suas caractersticas contextuais e

    situacionais.

    Como outra alternativa menos desejada , sugerimos a realizao

    de avaliaes (provas e trabalhos), com o uso de outros exemplares de

    textos dos gneros estudados nas SDs, propondo atividades que abordem

    o contexto, a organizao e os aspectos lingustico-discursivos caracters-

    ticos de cada gnero, ou seja, explorando as trs capacidades de linguagem

    abordadas nesta coleo. Por exemplo, a identicao de determinados

    elementos da organizao de uma reportagem, questionamentos sobre

    sua situao de produo e sobre os aspectos lingustico-discursivos mais

    relevantes.

    Alm dos instrumentos avaliativos apresentados at aqui, no nal de

    cada SD h uma seo chamada Assessing what Ive learned, na qual su-

    gerimos que o aluno realize uma autoavaliao, revendo em que medida

    alcanou os objetivos propostos no incio de cada SD, alm de falar das

    diculdades encontradas e de seus avanos. Esse procedimento possibilita

    que o aluno tenha maior envolvimento com sua aprendizagem, entenden-

    do a avaliao como parte desse processo.

    Compreendidos os pressupostos subjacentes a nossa coleo e a forma

    de avaliao que defendemos, no item seguinte, exploraram a estrutura e

    a organizao de nossa proposta, descrevendo os livros, os tipos de SDs e

    suas sees constitutivas.

    OS OBJETIVOS DA COLEO

    O material que desenvolvemos composto de vinte e oito SDs (sete em

    cada volume), organizadas em torno de um gnero textual com objetivos

    relacionados situao de comunicao em que utilizado. Para contem-

    plar os quatro anos do ensino fundamental II, tais SDs esto divididas em

    quatro livros, apresentados aps alguns esclarecimentos sobre nossa co-

    leo.

    Em busca de uma progresso, construmos um material que visa a pro-

    porcionar um trabalho que amplie as possibilidades de participao social.

    Para tanto, selecionamos gneros de textos para cada faixa etria consi-

    derando as necessidades, os interesses e o conhecimento exigido para agir

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    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    em prticas sociais signicativas. Desse modo, o material procura:

    a) voltar-se para o contexto escolar brasileiro;

    b) ser compatvel com os documentos ociais para o ensino de lngua

    estrangeira;

    c) criar oportunidades para a compreenso, a interpretao e a pro-duo de textos escritos e orais;

    d) possibilitar a construo de conhecimentos relativos aos gneros

    textuais selecionados;

    e) trabalhar com textos sociais explorando seu contexto de produo,

    sua organizao, sua funo discursiva e suas caractersticas;

    f) possibilitar a reexo e o desenvolvimento da cidadania;

    g) propor atividades prticas envolvendo a expresso escrita e oral;

    h) valorizar a participao dos alunos e o trabalho coletivo;

    i) disponibilizar informaes de naturezas diversas, como: culturais,

    contextuais, estruturais, histricas, etc.;

    j) propiciar momentos ldicos;

    k) extrapolar o mbito da sala de aula de Ingls, incentivando a pes-

    quisa e o envolvimento de outras reas de conhecimento e da co-

    munidade;

    l) adequar-se carga horria da disciplina;

    m) ser exvel, possibilitando adaptaes e modicaes.

    A partir destes objetivos, planejamos sete SDs, sendo a primeira uma

    unidade introdutria de sensibilizao lngua, enquanto as demais so

    organizadas em torno de objetivos instrumentais e educacionais. Os pri-

    meiros procuram levar o aluno a interagir e se posicionar e foram toma-

    dos no sentido de oferecer instrumentos para o aluno participar efetiva-

    mente em diferentes contextos. Os objetivos educacionais, por sua vez,

    esto ligados formao de valores ticos e procuram contribuir para o

    desenvolvimento do aluno como participante ativo da sociedade em que

    est inserido, de forma consciente, atuante e crtica.

    Os objetivos so explicitados aos alunos no incio de cada SD, sendo que

    sua retomada ao longo do trabalho fundamental.

    Embora tendo sido pilotado em escolas diferentes, salientamos que o

    material nunca estar de fato nalizado, havendo sempre a possibilidade

    de modicaes. Cada sala de aula se congura de forma diferente e nem

    sempre nosso material contemplar as diversas possibilidades existen-

    tes nessa congurao. Nesse sentido, enfatizamos que este material no

    deve ser tomado como uma camisa-de-fora, mas sim como enriquece-

    dor das aulas, cabendo ao professor a deciso por adaptaes e alteraes

    necessrias, de acordo com o contexto em que se encontra

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    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    Descrio dos livros

    Cada volume da coleo est organizado em SDs que procuram contem-

    plar tanto a compreenso quanto a produo oral e escrita.

    No livro do 6. Ano, (Re)discovering texts, as SDs permitem ao aluno:perceber o ingls em seu dia-a-dia (sensibilizao); reetir sobre a impor-

    tncia de regras e a regularizao da sociedade (gnero regra); aprender

    diferentes formas de falar de si mesmo e dar incio a um projeto pen pal

    troca de correspondncias (gnero arquivo visual); desenvolver ora-

    lidade com parlendas (gnero parlenda); dar continuidade ao projeto de

    troca de correspondncias (gnero carta de apresentao/e-mail); desen-

    volver leitura crtica e a capacidade de avaliao do que escolher para ler

    (gnero quarta capa); interpretar uma histria (gnero histria infantil).

    A proposta do livro do 7. Ano, Widening knowledge, possibilita ao aluno:

    perceber a importncia da adequao de textos a seus meios e contextos

    (gnero lista); reetir sobre a importncia do respeito s regras (gnero

    regras/instruo de jogos); ler textos literrios (gnero conto de fadas);

    desenvolver seu senso crtico ao fazer escolhas e avaliaes (gnero sinop-

    se); comunicar-se com outras pessoas (gnero carto-postal); ter acesso a

    conhecimentos diversos (gnero artigo); reetir sobre culturas diversas

    por meio de textos de origem folclrica (gnero cano folclrica).

    O livro do 8. ano,Experiencing diversity, apresenta uma proposta de tra-

    balho que oferece a oportunidade ao aluno de: conscientizar-se do que

    contribui para a construo de sentidos na lngua (gnero piada); proble-

    matizar valores ticos (gnero fbula); ler diferentes histrias de vida (g-

    nero biograa); ter acesso a informaes e comparar pontos de vista sobre

    um mesmo fato (gnero notcia); ler e produzir receitas que revelem h-

    bitos culturais locais/regionais/nacionais (receita culinria); compreen-

    der entrevistas orais e escritas (gnero entrevista); interpretar linguagem

    verbal e no-verbal (gnero histria em quadrinhos).

    O trabalho proposto no quarto livro, Acting with language, permite ao

    aluno: sensibilizar-se para a importncia de diferentes variedades lingus-

    ticas; compreender e produzir dilogos de script de lme (gnero dilo-

    gos de lme); sensibilizar para as experincias de vida (gnero relato de

    experincia); ter acesso a informaes da esfera jornalstica (gnero re-

    portagem); compreender e produzir pedidos de conselho (gnero carta de

    pedido de conselho); posicionar-se sobre questes controversas na socie-

    dade (gnero artigo de opinio); compreender a crtica a questes sociais

    abordadas em msica e grates (gnero rap).

    Pelo exposto, possvel notar que as SDs abordam uma variedade de

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    gneros que circulam em ambientes distintos e exigem diferentes capa-

    cidades de linguagem. Dessa maneira, organizamos SDs ora com foco na

    compreenso oral ou escrita, ora na produo oral ou escrita, o que ex-

    plorado na seo subsequente.

    Descrio dos tipos de sequncias didticas

    H tipos diferentes de SDs em nosso material. As denominadas Getting Star-

    ted, primeira SD de todos os volumes, visa a criar condies para que os

    alunos sejam formalmente orientados para os diferentes planos da lingua-

    gem que constituem uma lngua natural, bem como sejam sensibilizados

    para o trabalho com lngua inglesa. Getting started do 6. ano explora o

    conceito de diferentes formas de linguagem e a presena do ingls no coti-

    diano dos brasileiros. A primeira SD do 7. ano explicita a noo de esferas

    de atividade, bem como os planos da linguagem. A SD do 8. ano explora

    constituintes da fonologia, morfologia, sintaxe, semntica e estilstica em

    lngua inglesa. Finalmente, no 9. ano, trabalhamos com algumas varieda-

    des lingusticas da lngua inglesa e suas adequaes a determinados con-

    textos.

    Sequncias didticas em torno de compreenso escrita

    Adotamos uma concepo de leitura como ao de linguagem, isto ,

    como uma atividade social em que h interao de um sujeito leitor com

    o texto e a construo de sentido em um determinado contexto (CRISTO-

    VO, 2001). Assim, todo texto est relacionado ao contexto scio-histrico

    que o produziu e ao contexto do leitor no momento da leitura.

    Neste material, as SDs que privilegiam a leitura procuram levar o aluno

    a: compreender o contexto de produo; analisar a inuncia do contexto

    para a construo de signicados; observar a estrutura do texto quanto

    aos aspectos lingustico-discursivos; e aprender operaes de linguagem

    que constituem as capacidades de linguagem. Ou seja, as atividades de

    leitura dependem de um movimento conjunto e engrenado que permite

    ao aluno entender e interpretar as ideias do autor, identicar as ideias

    e informaes centrais, fazer as associaes adequadas, usar o processo

    de inferncia de forma a relacionar as informaes do texto com o seu

    conhecimento de mundo para, a partir de uma leitura crtica, construir

    signicados daquilo que l.

    Para o desenvolvimento deste trabalho, consideramos que o processo

    de ensino-aprendizagem de leitura deve se servir do gnero como instru-

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    Uma proposta deplanejamento deensino de lnguainglesa em tornode gneros textuais

    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    mento (CRISTOVO, 2001; PETRECHE, 2008) e envolver o aluno na aprendi-

    zagem de capacidades de linguagem especcas para cada situao. Desse

    modo, propomos atividades de leitura, procurando levar em conta os se-

    guintes aspectos:

    a) Tomar a leitura como ao de linguagem levando o aluno a pro-duzir, compreender, interpretar e/ou memorizar um conjunto de

    enunciados escritos;

    b) Organizar as atividades de leitura com base em gneros textuais va-

    riados, como notcias, sinopses, quartas capas, reportagens, artigos

    de divulgao cientca;

    c) Levar o aluno a perceber o contexto de produo dos textos lidos

    e como diferentes contextos podem trazer diferentes sentidos ao

    texto;

    d) Chamar a ateno para como se d a organizao dos elementos do

    texto e o lxico usado na sua composio, construindo sentido a

    partir do que l;

    e) Priorizar o uso de textos de circulao real na sociedade e no de

    textos fabricados para a situao escolar;

    f) Promover a construo de sentidos por meio de comparaes entre

    gneros da lngua materna como apoio para o ensino;

    g) Mesclar atividades que envolvam um grau variado de complexida-

    de, apresentando atividades que envolvam o raciocnio dedutivo e

    indutivo. (CRISTOVO, 2001)

    Com esses procedimentos, esperamos contribuir para a formao de

    um aluno-leitor crtico e ativo, capaz de dominar a linguagem em situ-

    aes sociais variadas, possibilitando sua integrao social e a formao

    da cidadania. Queremos, com isso, levar os aprendizes a uma leitura da

    realidade que os cerca.

    Para a avaliao das SDs em torno de leitura, o professor deve estabe-

    lecer previamente objetivos que possam explicitar a capacidade de leitura

    dos alunos. Para isso, algumas opes so: a avaliao das atitudes do es-

    tudante durante a realizao de atividades de leitura; a avaliao por meio

    de perguntas; o teste de mltipla escolha; o preenchimento de lacunas em

    um texto; a produo de um resumo do texto lido. Nessas atividades de

    avaliao, importante dar nfase inuncia do contexto de produo

    do texto sobre a compreenso e o contexto de produo da leitura.

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    Conhecimentos complementares para o trabalho da compreenso escrita

    Estratgias de leitura so recursos usados pelo leitor para construir signi-

    cado, alcanar rapidez e desenvolver procincia. Seu uso geralmente

    inconsciente em nosso cotidiano, mas, na lngua estrangeira, sua utiliza-o consciente pode contribuir para o processo de interpretao e com-

    preenso. A seguir, apresentamos as estratgias comumente usadas, com

    base em Grellet (1982) e em informaes encontradas no site www.direto-

    riabarretos.pro.br/letraevida/lvapoiob.htm .

    Quadro 1: Estratgias de leitura

    SkimmingLer para compreenso geral do texto, iniciando por ttulo,subttulos, informao no-verbal (como grcos, guras,etc.) e, por ltimo, o texto propriamente dito.

    Scanning

    Ler para busca de informaes especcas, partindo daspalavras-chave ou outros recursos que ajudem o leitornessa identicao. Por exemplo, se ele precisa encontrarum dado referente a um telefone, saber que deve procurarpor nmeros de telefone (que so, no Brasil, normalmenteformados por 8 dgitos divididos em 2 grupos de 4).

    Reconheci-mento decognatos

    Prestar ateno nas palavras da lngua estrangeira (ingls,neste caso) que se assemelham lngua materna (lnguaportuguesa, neste caso), seja no aspecto grco ou fontico,como, por exemplo,penalty, taxi, etc.

    AntecipaoPrever o que est por vir, com base em informaes expl-citas e em suposies, como: o ttulo e a imagem; palavrasmais frequentes, etc.

    Inferncia

    Compreender, interpretar o que no est no texto de formaexplcita, com base em indicaes do texto, no contexto,bem como em seu conhecimento. Essas inferncias contri-buem para o processo de construo de signicados, poden-do ser conrmadas ou no.

    Leitura ex-tensiva

    Ler em quantidade com o intuito de obter compreenso ge-ral do que se l. Contribui para o desenvolvimento de bonshbitos de leitura, a ampliao do conhecimento de vocabu-

    lrio e de estrutura da lngua.Reconhe-cimentode gruposnominais

    Identicar grupos nominais relevantes ao texto contribuipara a percepo de palavras essenciais compreensodo texto e ao reconhecimento de ideias centrais. Saber aorganizao das palavras nos grupos nominais facilita suaidenticao.

    Uso dedicionrio

    Procurar palavras desconhecidas e essenciais compreen-so de um texto (escrito ou oral) contribui para sua melhorcompreenso e para a ampliao de vocabulrio. Deve serrealizada quando no for possvel reconhecer seu signica-do apenas pelo contexto.

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    Uma proposta deplanejamento deensino de lnguainglesa em tornode gneros textuais

    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    Algumas dessas estratgias podem ser tambm usadas com outras

    aes de linguagem. Por exemplo, o dicionrio pode ser usado para ativi-

    dades de produo escrita, que ser abordada no prximo item.

    Sequncias didticas em torno de produo escrita

    Procuramos contemplar a expresso escrita em todos os volumes da cole-

    o por acreditar que essa ao de linguagem cada vez mais til para a

    participao efetiva dos indivduos em diferentes contextos sociais.

    Desse modo, em todo o material, vrias SDs visam a contribuir para o

    desenvolvimento da escrita, entendida como um processo. Nesse sentido,

    sugerimos a produo de um texto no incio da SD e seu aprimoramento

    ao longo do estudo. Procuramos criar oportunidades para o conhecimento

    do contexto de produo e circulao dos gneros, suas caractersticas, o

    desenvolvimento de aspectos lingustico-discursivos e lxicos relevantes,

    conforme sugerem pesquisadores do grupo genebrino (DOLZ ; PASQUIER ;

    BRONCKART, 1993 ; DOLZ ; GAGNON ; TOULOU, 2008) e ns mesmos em al-

    guns de nossos trabalhos com foco na escrita (CRISTOVO ; TORRES, 2006 ;

    BEATO-CANATO, 2008; 2009 ; FERRARINI, 2006 ; 2009).

    O trabalho com a escrita envolve leitura, discusso, produo e refac-

    o, procurando partir do conhecimento dos alunos e aprofund-lo, possi-

    bilitando discusses, estudos individualizados, trabalhos em grupos, cola-

    borao entre alunos e refaco dos textos.

    Adotamos o uso de checklist(PASQUIER; DOLZ, 1996), ou seja, lista com

    as caractersticas do gnero trabalhado, que no se limitam s suas carac-

    tersticas formais, como um guia para professor e alunos. Seu objetivo

    dar suporte ao ensino-aprendizagem das capacidades de linguagem por

    meio dos gneros. Em alguns casos, os alunos produzem a lista com o pro-

    fessor; em outros, apresentamos a lista que pode ser ampliada. Alm da

    checklist, algumas sees so recorrentes nas SDs com esse foco, como as

    apresentadas a seguir.

    Na seo Starting your production, propomos a produo da primeira

    verso do texto do gnero textual em estudo. Geralmente, essa produo

    baseada no conhecimento prvio do aluno, no sendo precedida pelo es-

    tudo do gnero de texto da SD. O trabalho deve ser sucinto, pois o objetivo

    da seo diagnosticar o conhecimento prvio do grupo e permitir um

    melhor planejamento das aulas, otimizando seu tempo com foco nas di-

    culdades identicadas. Sugerimos ao professor que ao invs de realizar a

    correo desses textos, faa sugestes ao aluno de como ele pode englobar

    caractersticas do contexto, da organizao do texto e de aspectos lingus-

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    tico-discursivos. Para isso, pode escrever um comentrio no nal do texto

    do aluno, por exemplo. Outra possibilidade utilizar smbolos indicativos

    de problemas encontrados.

    Improving your text uma seo que aparece ao longo da SD e que pos-

    sibilita o aprimoramento do texto produzido a partir do que foi estudado.Desse modo, essa seo pode aparecer vrias vezes e interessante que

    seja explorada para que o aluno possa perceber seu prprio desenvolvi-

    mento ao longo do estudo. E tambm para que tenha a oportunidade de

    analisar o trabalho, retomar, enm, replanejar. Nesse momento, a corre-

    o dos textos pode exigir mais do aluno, considerando que esse ser o l-

    timofeedback que o professor dar a ele antes da avaliao nal. Portanto,

    o professor deve apontar todos os aspectos que considerar problemticos

    e os que podem interferir na comunicao, englobando o que foi aborda-

    do ao longo da SD, bem como questes de ordem geral da lngua (DOLZ;

    GAGNON; TOULOU, 2008). Uma possibilidade de correo o estabeleci-

    mento de dilogo com o aluno por meio de questes que o levem a reetir

    sobre os problemas encontrados. Alm disso, o professor pode continuar

    usando smbolos para indicar problemas de ordem geral da escrita. Outra

    possibilidade a entrega ao aluno de comentrios a respeito de cada item

    constitutivo da lista produzida por ele e o apontamento de problemas lin-

    gusticos pontuais.

    No nal da SD, a seo Finishing your text possibilita que o aprendiz

    reveja sua produo e faa os ajustes necessrios para, nalmente, en-

    tregar a verso nal de seu texto. Nesse momento, a avaliao deve ser

    baseada na lista (checklist) e no deve ser feita no texto do aluno, mas se-

    paradamente, considerando que os textos produzidos tero funo social

    e sero enviados a algum ou expostos de alguma maneira.

    Contudo, importante dizer que os textos podem conter inadequa-

    es, tendo em vista que a aprendizagem um processo. Defendemos que

    o importante notar desenvolvimento na capacidade de linguagem dos

    estudantes e no buscar perfeio, corrigindo todas as inadequaes en-

    contradas, pois isso despenderia aulas em excesso com um mesmo gnero

    e tornaria o trabalho cansativo.

    Consideramos importante que o trabalho com a escrita no seja soli-

    trio e seja agradvel, por isso buscamos selecionar gneros que possam

    interessar aos aprendizes e sugerimos a produo de textos com funo

    social. Nesse sentido, pensamos em atividades que envolvam prticas so-

    ciais, tais como o projetopen pal, no qual os alunos tm a oportunidade de

    trocar arquivos visuais, cartas e outros textos com outros estudantes. Com

    essa mesma linha de pensamento, procuramos proporcionar momentos

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    de descontrao e sugerimos que os alunos trabalhem em duplas e grupos

    e tenham oportunidade de discutir seus textos com colegas, analisar tex-

    tos uns dos outros e sugerir alteraes.

    Alm das sees especcas, outras so bastante recorrentes nas SDs

    com foco em escrita, tais como Learning vocabulary, que possibilita aaprendizagem lexical, e Learning the main parts of a text, que permite o

    reconhecimento das partes principais do gnero em estudo.

    Sequncias didticas em torno de gneros orais

    A expresso oral contemplada ao longo da coleo com o objetivo de

    possibilitar a introduo da lngua tambm por meio de situaes em que

    gneros orais so privilegiados. Para isso, sugerimos um trabalho com al-

    guns aspectos da fontica e da fonologia nos quais explorado o estudo

    de fonemas, pronncia, entoao e ritmo para que tanto a compreenso

    quanto a produo oral possam comear a se desenvolver.

    A apresentao, bem como a prtica de aspectos orais, aparece ora in-

    tegrada a atividades, como nas sees Playing time e Hands on, ora em

    sees especcas. Os gneros orais escolhidos (parlendas, histrias infan-

    tis, canes folclricas, entrevistas, dilogos de lmes e rap) privilegiam

    a compreenso oral, gerando a possibilidade de trabalho com diferentes

    suportes tecnolgicos (quando possvel e/ou necessrio). Os procedimen-

    tos partem geralmente da explorao da familiarizao com o gnero ou

    do conhecimento prvio do gnero e/ou do contedo veiculado pelo(s)

    texto(s). As atividades contemplam:

    a) Preparao para compreenso diagnstica e geral do texto oral;

    b) Inferncias sobre o texto oral;

    c) Contato introdutrio com o texto oral;

    d) Reconhecimento de aspectos gerais, como a organizao discursiva

    do texto.

    Em seguida, propomos tarefas de compreenso mais detalhada com:

    a) Conrmao de pressuposies;

    b) Discusso sobre o contedo temtico do texto oral;

    c) Estudo de alguns aspectos de pronncia (sons individuais, rimas,

    connected speech,sentence stress, intonation, rhytm).

    Ofeedbackna expresso oral tambm importante, j que avalia poss-

    veis inadequaes que comprometem a comunicao, podendo favorecer

    o aluno em termos de avano em sua procincia. Ele pode ser dado com

    propsitos comunicativos durante a produo ou em um momento pos-

    terior. Enquanto o feedback explcito fornece explicaes sobre as inade-

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    quaes que comprometem a comunicao, o implcito faz a correo por

    meio de uma reformulao, o que demanda mais ateno e percepo por

    parte do aprendiz. As inadequaes comentadas podem ter nfase em fo-

    nologia, morfologia, lxico, estruturas sintticas, relaes textuais, aspec-

    tos pragmticos, entre outros. Uma maneira comum a tomada de notadas inadequaes para posterior fornecimento de feedbackao(s) aluno(s).

    Para a reformulao, o estudante pode, por exemplo, ouvir e repetir o

    material em udio, praticar de forma guiada pelo professor, gravar-se e

    autoavaliar-se, etc.

    O trabalho mais aprofundado com a produo oral demandaria um

    tempo maior do que o disponvel atualmente em nosso sistema educacio-

    nal de nvel bsico. No entanto, acreditamos ser possvel que esse trabalho

    comece a ser desenvolvido (como nas propostas por ns feitas por meio

    das SDs em torno de gneros orais) para posteriormente ser aprimorado.

    Explicados os diferentes tipos de SDs, passamos, a seguir, a explorar as

    sees que as constituem.

    Descrio das sees das sequncias didticas

    As SDs so compostas de algumas sees xas e outras abertas. Entre as

    xas, destacam-se: Hands on, Thinking about, Did you know that...?,

    Learning uses of languages e Playing time. As sees abertas objetivam

    atender s especicidades de cada SD em funo do gnero trabalhado;

    por exemplo, sees como Improving your text e Finishing your text.

    Os nomes das sees foram criados para deixar claros seus objetivos,

    como pode ser observado na descrio de cada uma delas. A seo Thinking

    about, por exemplo, convida o aluno a reetir sobre um tema relacionado

    SD e expandir suas ideias, aproximando-as a seu contexto.

    Hands on

    O propsito dessa seo, dividida em etapas ao longo de cada SD, o desen-

    volvimento de atividades prticas a partir do gnero de texto ou tema em

    estudo. As atividades propostas visam a levar o aluno a desenvolver aes

    que articulem o gnero em estudo com uma prtica social signicativa

    para seu contexto. Alm disso, elas proporcionam autonomia e responsa-

    bilidade aos aprendizes e, ao mesmo tempo, permitem o trabalho em sua

    realidade e a sua ampliao para outras esferas de atividade. Propomos o

    envolvimento dos alunos durante todo o processo para possibilitar que

    o conhecimento seja construdo de forma coletiva e longitudinal e que a

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    Uma proposta deplanejamento deensino de lnguainglesa em tornode gneros textuais

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    aprendizagem seja desenvolvida em espiral.

    Thinking about...

    Essa seo, conforme seu cone j sugere, objetiva levar os alunos a pensare discutir sobre o contexto de produo do gnero de texto e a temtica

    tratada na SD. Essa prtica poder possibilitar a construo de conheci-

    mentos coletivos e a confrontao com as vivncias individuais. Sugerimos

    ao professor algumas metodologias de trabalho. Para todas elas, defende-

    mos que os alunos devem trabalhar em grupos, no muito numerosos, e

    ressaltamos que, para que a atividade no leve a aula toda ou os alunos se

    dispersem, importante que o tempo para discusso seja estipulado, sen-

    do cinco minutos geralmente sucientes.

    Did you know that...?

    Os quadros dessa seo trazem, de fontes autnticas e relevantes, in-

    formaes complementares que buscam ampliar os conhecimentos dos

    alunos, como a scio-histria do gnero em estudo, suas caractersticas

    estruturais, o contexto em que circula, bem como curiosidades e infor-

    maes culturais. Em alguns casos, essas informaes podem funcionar

    como um apoio ao contedo contemplado pela SD; em outros, so dadas

    informaes que possibilitam aos alunos realizar atividades propostas na

    SD. Por isso, importante que esses quadros sejam lidos e discutidos com

    os alunos.

    Searching for more information

    As atividades propostas nessa seo demandam tempo extraclasse. Dessa

    forma, elas podem:

    a) Propiciar aos alunos o estabelecimento de elos entre os contedos

    discutidos em sala de aula e as prticas sociais que os rodeiam;

    b) Proporcionar a construo de conhecimento a partir do contato com

    pessoas de diversas etnias, classes sociais, papis sociais, prosses, ida-

    des, etc.;

    c) Possibilitar a busca de informaes em diferentes fontes, tais como

    livros, sites na internet, revistas, TV, jornais, etc.

    Geralmente, disponibilizamos um quadro para que o aluno preencha

    com as informaes encontradas ou sugerimos que ele faa anotaes no

    caderno e discuta as informaes levantadas na seo subsequente.

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    Discussing the results

    Essa seo visa anlise dos dados recolhidos na pesquisa proposta na

    seo apresentada no item 3.3.4 bem como a sntese e discusso das con-

    cluses. Sugerimos que metodologias de trabalho em grupo sejam estabe-lecidas para facilitar a participao de todos.

    Playing time

    Essa seo tem por objetivo proporcionar momentos ldicos de aprendiza-

    gem de lngua, bem como de conceitos diversos, fazendo com que a aula de

    Ingls tenha espao para a descontrao por meio de jogos educativos. Du-

    rante a realizao dessas atividades, os alunos podem ser levados tanto a

    ativar seu conhecimento prvio sobre a lngua inglesa quanto a mobilizar

    tipos de raciocnio que contribuam para seu desenvolvimento. As ativida-

    des propostas apresentam instrues com objetivos especcos visando a

    diversicar a prtica do uso da lngua.

    Increasing your pictionary

    Nessa seo, os temas trabalhados, sugeridos no material ou escolhidos

    pelos alunos, so organizados em sees ilustradas de itens lexicais no

    nal do livro e, se necessrio, em um caderno ou pasta. Seu propsito o

    de auxiliar os alunos a construir gradativamente na lngua inglesa voca-

    bulrio referente a campos semnticos variados. Os alunos podem utilizar

    recursos como colagens, desenhos, adesivos, etc., a m de ilustrar o voca-

    bulrio selecionado para compor seu pictionary.Portanto, cada pictionary

    pode ser diferente em funo das escolhas feitas. O trabalho pode ser de-

    senvolvido como trabalho extraclasse, possibilitando o reforo do vocabu-

    lrio estudado. importante, porm, que seja retomado na aula seguinte,

    o que pode ser feito por meio de jogos como Bingo, Hangman, Simon

    says,descritos ao longo do material.

    Learning uses of languages

    Essa seo tem por objetivo trabalhar constituintes da linguagem em seus

    aspectos sociodiscursivos. A coleo trabalha com aspectos formais da ln-

    gua inglesa sempre em relao a seu uso social em determinado gnero

    textual. Isso implica em articular sistema da lngua a aspectos sociais e si-

    tuacionais da produo/compreenso textual. A tentativa de realizar tais

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    Uma proposta deplanejamento deensino de lnguainglesa em tornode gneros textuais

    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    articulaes materializada por meio de procedimentos tais como:

    a) Propor um processo de deduo do funcionamento da lngua a par-

    tir de elementos com funo discursiva no gnero;

    b) Formalizar o funcionamento da lngua aps a identicao deste

    por parte do aluno;c) Apresentar atividades que rearticulem a deduo e a formalizao

    para prtica da linguagem;

    d) Oferecer oportunidades que visem consolidao dos elementos

    trabalhados em relao a seu funcionamento discursivo no gnero.

    Assessing what Ive learned

    Ao trmino de cada SD, os alunos tm oportunidade de analisar seu pro-

    cesso de aprendizagem, tecendo individualmente reexes sobre seus

    avanos e suas diculdades. Essa seo visa a fornecer aos alunos a possi-

    bilidade de se autoavaliarem. Propomos que a autoavaliao seja entregue

    ao professor depois de concluda a SD.

    Como vimos, as sees foram criadas procurando alcanar objetivos

    especcos e expandir o estudo de aspectos do gnero e aproximando o

    processo de ensino-aprendizagem do contexto dos aprendizes.

    Para isso, outra deciso tomada foi com relao ao uso de ingls pro-

    gressivo ao longo da coleo, o que ser abordado no item subsequente.

    PROGRESSO DE U SO DE INGLS DA COLEO

    Em nossa coleo, priorizamos o desenvolvimento de capacidades de lin-

    guagem necessrias para o agir social. Para isso, exploramos caractersti-

    cas contextuais, discursivas e lingustico-discursivas dos gneros textuais

    selecionados e procuramos dar ao aluno a oportunidade de trocar ideias

    e experincias com seus colegas, professor e/ou outras pessoas, buscar

    informaes em outras fontes, construir conhecimento por meio da reali-

    zao de atividades prticas coletivas, etc.

    Para isso, defendemos como apoio enunciativo o uso de lngua mater-

    na, ou seja, pressupomos a promoo da ressignicao e a construo

    coletiva de signicados que esse instrumento pode oferecer no contexto

    de lngua estrangeira. Seu uso permite ao professor proporcionar espao

    para negociao de conhecimentos anteriores sala de aula, sendo os co-

    nhecimentos em lngua materna a base para a construo do conhecimen-

    to do aluno em lngua estrangeira (CRISTOVO, 1996).

    Mesmo conscientes que nossa opo poderia causar certo estranha-

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    Vera Lcia L.Cristovo

    Ana Paula M.Beato-Canato

    Marlene A.Ferrarini

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    Lucas M. dosAnjos-Santos

    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    mento, o uso de lngua inglesa nesta coleo acontece inter e intra anos,

    ou seja, ele se d de forma crescente entre os quatro volumes e entre as

    SDs dos volumes de 7. e 8. ano. Dessa forma, na medida em que o aluno

    vai gradativamente sendo exposto lngua inglesa, aumenta tambm o

    nvel de exigncia de conhecimento da lngua para a resoluo de ativi-dades propostas. No sexto ano, as partes em ingls so os textos, os no-

    mes das sees, os nomes dos gneros e as atividades de vocabulrio. O

    7. ano engloba as partes j contempladas no volume anterior e as sees

    Playing time e Pictionary. A seo Hands on apresenta-se parcialmente

    em lngua inglesa. No 8. ano, as atividades Crossword puzzle e Searching

    for information, a seo Hands on e todos os enunciados numerados das

    atividades so acrescidos ao que j havia sido contemplado nos volumes

    anteriores. No 9. ano, todas as partes cam em ingls, exceto formaliza-

    es quanto aos recursos da lngua da seo Learning uses of language, as

    sees Assessing what Ive learned; Thinking about...; bales e notas.

    Defendemos que essa progresso de uso da lngua materna tem a fun-

    o de mediar parte do processo de aprendizagem de lngua estrangeira

    pela adoo da concepo de sala de aula como espao de interao onde

    novos sentidos so construdos e negociados.

    CONSIDERAES FINAIS

    Neste artigo, discorremos sobre a transposio didtica de gneros tex-

    tuais para o ensino de lngua inglesa no Ensino Fundamental II. Nossa

    proposta, baseada no interacionismo sociodiscursivo, busca viabilizar um

    projeto didtico para ensino de lngua inglesa em consonncia com os pos-

    tulados dessa perspectiva terica. Assim como qualquer construto terico

    que trata do desenvolvimento humano, nossa proposta se caracteriza por

    sua incompletude e est sempre aberta a signicaes diferentes daquelas

    almejadas por ns. Dessa forma, salientamos a importncia da liberdade

    do professor para fazer adequaes necessrias ao seu contexto ao tomar

    nosso material como instrumento de mediao para suas aulas.

    Sendo a linguagem um agir por meio do qual intervimos no mundo,

    acreditamos que as SDs podem se tornar ferramentas que apiam a prti-

    ca pedaggica de modo a torn-la mais produtiva. Por meio do estudo de

    textos e desenvolvimento de atividades prticas, esperamos possibilitar

    ao professor trabalhar com textos numa abordagem com base em gne-

    ros textuais, tendo em vista a ampliao da participao social dos alunos,

    tanto pelo aprendizado da lngua inglesa quanto pelas reexes propor-

    cionadas durante a realizao das atividades. Para alcanarmos tais obje-

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    Uma proposta deplanejamento deensino de lnguainglesa em tornode gneros textuais

    Letras, Santa Maria, v. 20, n. 40, p. 191215, jan./jun. 2010

    tivos, procuramos selecionar gneros textuais e textos signicativos para

    a faixa etria dos aprendizes, considerando necessidades, interesses e co-

    nhecimentos exigidos para agirem em prticas sociais variadas.

    O produto nal e inacabado sob ponto de vista sciohistorico mais

    amplo da transposio didtica que realizamos fruto de nossas vivn-cias, experincias, aprofundamento terico e desenvolvimento prossio-

    nal e pessoal. A rede de conhecimentos mobilizada para o empreendimen-

    to dessa tarefa uma construo coletiva, em um constante movimento

    dialtico de nossas representaes sociais e individuais sobre o ensino de

    lngua inglesa e sobre o sistema educacional brasileiro. Esperamos, dessa

    forma, que nossa proposta possa ser compreendida como um instrumento

    para a ao docente na criao de oportunidades de aprendizagem signi-

    cativas, para que os alunos possam ser capazes de se engajar em prticas

    linguageiras numa lngua estrangeira e ampliar, desse modo, suas possibi-

    lidades de participao social em diferentes esferas da sociedade.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    Ana Paula M.Beato-Canato

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