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Page 1: Gêneros jornalísticos   entrevista

ENTREVISTAENTREVISTA

Professora Fernanda BragaProfessora Fernanda Braga

Page 2: Gêneros jornalísticos   entrevista

• O gênero entrevista pressupõe:

1. um tema, 2. objetivos previamente definidos,3. entrevistador(es),4. entrevistado(s).

• A estrutura da entrevista compreende 3 momentos: 1. introdução, 2. perguntas do(s) entrevistador(es), ordenadas de

maneira lógica, e respostas do(s) entrevistado(s),3. conclusão.

A entrevista é, geralmente, precedida por um título e, por vezes, por um subtítulo.

Page 3: Gêneros jornalísticos   entrevista

• Existem várias regras a serem utilizadas para que a entrevista esteja completa, entre elas:

1. formular perguntas adequadas ao tema e de acordo com os objetivos previamente definidos;

2. fazer perguntas que tenham em consideração o contexto (espaço e tempo);

3. fazer perguntas que levem em consideração as características da pessoa entrevistada (níveis etário e sociocultural, personalidade, etc.).

Page 4: Gêneros jornalísticos   entrevista

• Numa boa entrevista:

1. É de toda utilidade recorrer a perguntas abertas do tipo “Qual é a sua opinião sobre...?” e a perguntas fechadas do tipo “Quem vai escolher para fazer o prefácio do seu próximo livro...?”.

2. O entrevistado deve ser conduzido a revelar aquilo que se pretende saber.

3. Não emitir opiniões nem fazer juízos de valor sobre as respostas do entrevistado, mais do que uma regra é uma questão de bom senso.

A linguagem deve ser clara e de fácil compreensão, mas pode variar no grau de formalidade, em função do contexto e dos

participantes da entrevista.

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Texto 1: Entrevista - Gabriel ‘O pensador’

http://pt.wikiquote.org/wiki/Gabriel,_O_Pensador. Acesso: 12/09/10.

Page 6: Gêneros jornalísticos   entrevista

Para “Gabriel, o pensador”, rap no Brasil tem mais essência que nos EUA

“Gabriel, o pensador” está com 28 anos, casado e com um filho, Tom, de nove meses, que já ganhou um violãozinho. O garoto vai para a turnê, assim como a mulher, que é cantora de seu grupo. Logo mais, Tom terá de receber um cachê - e o rapper ri com a sugestão. Rindo, ele também está na capa de seu novo CD, um MTV Ao Vivo, que reúne todos os seus hits (e são vários) e até algumas inéditas, como a continuação Retrato de um Playboy - Parte II.

A música continua pegando pesado com os "filhinhos de papai" e Gabriel descobriu que ultimamente eles andam batendo até em mulher. O rapper não corre o risco de se ver ameaçado pelos playboys? "Eles não querem vestir a carapuça. Quero fazer uma crítica construtiva, mas não acho que minha música vá mudar o comportamento dos caras", explica o cantor ao Terra.

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O show do MTV Ao Vivo é muito diferente do seu show normal de turnê?

É um show novo que nós inventamos só para fazer o disco e a nova turnê. De cara eu achei importante fazer isso, já que tinha algumas coisas diferentes dos CDs na antiga turnê, como o FDP3, que é muito diferente da original. Outras coisas tornamos diferentes, às vezes intencionalmente. Como pintaram alguns músicos novos, como o tecladista cubano Pepe, eles acabaram interpretando as músicas de outra forma - e o repertório mudou bastante. Começamos a ensaiar um bloco acústico, aí o Ciro (baixista) lembrou que havíamos feito um especial para a Globo dessa maneira e nunca mais seguimos pelo mesmo caminho. Tem flauta nas cinco primeiras músicas. Ao longo desses anos, fui aprendendo a importância da parte musical. Quanto mais caprichamos, mais a letra ganha, pois a música também passa uma ideia.

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Você conhece os Racionais? Se dá bem com eles?

Conheço. Existe uma relação, mas com quem tenho mais contato de amizade mesmo é com o Tito, que participa do meu CD. Tem o MV Bill, que começou na mesma época que eu. Temos um contato legal, nos falamos de tempos em tempos. O Tito é mais amigo, e ele tem um projeto maneiro na Funabem, na casa de detenção, e cheguei a ir lá um dia desses conhecer o projeto.

Nos EUA tem um rapper assumidamente gay chamado Caushun, algo raro por lá. E os rappers americanos, que são ultramachistas, meio que colocam o cara debaixo do tapete. Não é estranho o papo libertador, social e politicamente engajado deles e essa atitude homofóbica?

Os rappers americanos nem têm mais esse engajamento. Se perdeu muito desse lado que era original, legal. Isso lá fora. Aqui no Brasil, não, continua maneiro. Lá a essência se perdeu por causa de um trabalho repetitivo, sem originalidade. Musicalmente ainda tem uns lances legais.

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E no Brasil, não corremos o risco de ir para o mesmo caminho?

No Brasil o cara faz o rap querendo passar alguma coisa. Independente do estilo, quase todos querem passar alguma coisa legal. Não é uma coisa só de protesto, com temas repetitivos. Aqui tentamos caprichar no conteúdo das letras. Lá fora é sem conteúdo, um "free style" vazio - e a galera se amarra!

http://www.terra.com.br/musica/2003/02/21/000.htm, de 21 de fevereiro de 2003. Acesso: 19/09/10.

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Texto 2: Entrevista - Fernando Haddad, Ministro da Educação

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Haddad. Acesso: 12/09/10.

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Entrevista: Fernando Haddad Longe dos dogmas O ministro da Educação diz que o Brasil precisa de maispragmatismo e menos ideologia para melhorar o ensino

Do gabinete do ministro da Educação, Fernando Haddad, 44 anos, saiu um projeto para o Brasil que, de saída, conseguiu o feito raro de agradar a especialistas de diversos matizes ideológicos. O mérito do plano foi criar um indicador que permite comparar o desempenho das escolas brasileiras de modo que as piores possam ser cobradas com base em metas e as melhores sejam premiadas. O princípio, portanto, é o da meritocracia, o mesmo que em outros países ajudou o sistema educacional a atingir altos níveis de qualidade. Diz Haddad: "A obrigação de toda pessoa de bom senso é se inspirar no que funciona bem em outros lugares". Por essas e outras, o ministro, que é filiado ao PT desde 1983, mereceu críticas de militantes. Formado em Direito e com mestrado em Economia, ambos pela Universidade de São Paulo (USP), Haddad chegou a Brasília em 2003, como assessor no Ministério do Planejamento, e há dois anos comanda a Pasta da Educação. Casado e pai de dois filhos, ele diz que os grandes problemas da educação brasileira podem ser definitivamente erradicados no prazo de duas décadas.

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Veja – O senhor concorda com os educadores segundo os quais as escolas no Brasil estão passando uma visão retrógrada do mundo a seus alunos? Haddad – Isso acontece, sim. Um problema evidente é o dogmatismo que chega a algumas salas de aula do país. Ele exclui da escola a diversidade de ideias na qual ela deveria estar apoiada, por princípio, e ainda restringe a visão de mundo à de uma velha esquerda. Não é para esse lado, afinal, que o mundo caminha. Sempre digo que, em uma igreja ou em um partido político, as pessoas têm o direito de promover a ideologia que bem entenderem, mas nunca em uma sala de aula. A obrigação da escola é formar pessoas autônomas – capazes, enfim, de compreender de modo abrangente o mundo em que vivem. Todo procedimento que mutila isso é incompatível com um bom processo de aprendizado. Em suma, educação não combina com preconceito.

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Veja – Por que, então, o MEC aprova livros didáticos com esse viés? Haddad – Temos um sistema de escolha dos livros didáticos com o qual, em tese, especialistas de diferentes matizes ideológicos concordam. É simples. Mandamos os livros para as melhores universidades públicas do país, e são os professores escolhidos por elas que opinam. Depois, as escolas escolhem os livros da lista que consideram mais apropriados. Nesse sistema, portanto, o MEC não atua como um censor com superpoderes, mas, sim, delega a tarefa a um conjunto de pessoas qualificadas para executá-la. Não inventamos essa fórmula. A avaliação de trabalhos acadêmicos feita por pares funciona em vários países desenvolvidos – e aliás muito bem.

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Veja – O fato de livros de conteúdo dogmático passarem por essa peneira não é um sinal, então, de que o sistema não funciona? Haddad – Todo sistema dessa natureza tem falhas, e o do MEC não é exceção. A meu ver, no entanto, o problema não é propriamente com o modelo que implantamos, mas justamente com a visão dogmática que ainda circula em parte do meio acadêmico. O tipo de material didático que chega à sala de aula é, afinal, reflexo de um modo de pensar próprio de uma parcela da intelectualidade brasileira, em todos os níveis. Reafirmo minha opinião sobre o assunto. Eu acho que cada um deve ter suas convicções e crenças, mas, de novo, quando se fala de educação, é preciso ser mais pluralista, ir de A a Z no espectro ideológico – senão, simplesmente não dá certo.

Page 15: Gêneros jornalísticos   entrevista

Veja – O Brasil historicamente se sai mal em relação aos outros países nos rankings que medem a qualidade de ensino. Qual a explicação para isso?

Haddad – Tenho visitado escolas públicas no país inteiro nesses últimos meses. Observo, por exemplo, que assuntos capitais do século XX, como as duas grandes guerras mundiais ou a queda do Muro de Berlim, passam ao largo de uma discussão mais atual – não só nos livros mas também nas aulas. Parece-me que ninguém até este momento parou para estudar alguns dos capítulos cruciais da história recente da humanidade sob uma perspectiva contemporânea. É claro que isso faz cair o nível das aulas. É preciso ressaltar, no entanto, que a educação no Brasil pena com algo ainda mais básico, que é o preparo dos professores. Temos um claro déficit de pessoal realmente capacitado para ensinar as crianças.

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Veja – Qual a real dimensão desse problema? Haddad – Fizemos um levantamento cuja conclusão é desastrosa para o país. Ele mostra, por exemplo, que o número de físicos formados no Brasil nas últimas três décadas não é suficiente para atender a um terço da demanda atual das escolas. É isso mesmo: sete de cada dez pessoas que entram em sala de aula no Brasil para ensinar a matéria não fizeram o curso de física na universidade. Essa é a realidade de muitas das crianças brasileiras, sobretudo nas escolas públicas. Em outras matérias na área de ciências, como química e matemática, o mesmo e desanimador cenário se repete.

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Veja – O que fazer para mudar isso? Haddad – Acho que é necessário criar incentivos para que as pessoas se interessem por essas carreiras. A primeira das medidas nas quais aposto nesse sentido é a distribuição de novas bolsas de iniciação científica. A outra é mais do que dobrar o número de escolas técnicas de nível superior do país, o que já está previsto. Com cursos de duração mais curta e direcionados para o mercado de trabalho, essas escolas conseguiram em outros países massificar o número de pessoas com nível superior em todas as áreas. Tudo isso é urgente para nós. No mês passado, a OCDE (organização que reúne países da Europa e os Estados Unidos) divulgou um trabalho que revela que os países do Primeiro Mundo formam todo ano duas vezes mais jovens em áreas de ciências do que o Brasil. Isso mostra que nos distanciamos ainda mais do Primeiro Mundo. Mesmo assim, é preciso que se faça a ressalva, o Brasil tem excelência na produção científica. Digo isso com base nos melhores indicadores internacionais disponíveis.

http://veja.abril.com.br/171007/entrevista.shtml. Trecho. Acesso: 12/09/10.

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• Depois de estudar o gênero entrevista (forma, função e variação) e de ler as entrevistas de “Gabriel O pensador” e de “Fernando Haddad”, estabeleça uma comparação entre essas entrevistas, focalizando:

1. Estrutura,2. Perfil do entrevistador,3. Perfil do entrevistado,4. Contexto sociodiscursivo,5. Uso da linguagem, observando a variação no uso da língua

em ambas as entrevistas, em função do perfil do interlocutores (sobretudo do entrevistado) e do contexto sociodiscursivo.