gazeta russa

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P.4 QUARTA-FEIRA, 24 DE OUTUBRO DE 2012 O melhor da gazetarussa.com.br Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Mainichi Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES www.rbth.ru A petrolífera russo-britâni- ca TNK-BP deve definir já em 2013 seus planos para mo- netização do gás de poços brasileiros. Christopher Ein- chcomb, vice-presidente da companhia, anunciou o iní- cio da sondagem por compra- dores do gás brasileiro. A TNK-BP está fixando seus planos para exploração das reservas brasileiras de gás e petróleo. A empresa russo-britânica, junto à bra- sileira HRT Oil & Gas, vai Energia Maior concorrente serão EUA Com produção menor que demanda, Brasil pode se beneficiar de produção da companhia russo-britânica. Companhia comandará 45% dos blocos da HRT no Solimões Protuberân- cia na super- fície solar re- gistrada pelo observatório solar Soho, projeto con- junto da agência eu- ropeia ESA com a norte- -americana Nasa Entre os maiores su- cessos do se- tor produzi- dos no país, está o software de escaneamen- to e reconhe- cimento de caracteres ABBYY FIÓDOR TSEKHMÍSTRENKO ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA Em 1999, a máquina de lavar roupas de Gueórgui Pátchi- kov, criador da Parallel Gra- phics, quebrou. Fazia menos de uma década que o regime soviético tinha caído e, na- quela época, técnicos com- petentes eram raridade no mercado. Por isso, Pátchikov resolveu consertá-la ele mesmo. Tecnologia Perfil de persistente é vantagem competitiva Apesar de exportações anuais no setor serem de apenas US$ 4 bilhões, vários gigantes globais contam com ajuda de programas russos. “Não tinha ideia do que fazer. O manual de instruções estava em francês e não havia tradução. Mesmo sendo for- mado em engenharia, estava completamente perdido”, disse Pátchikov à Gazeta Russa. Foi então ele que teve a ideia de criar manuais animados em três dimensões com ilus- trações detalhadas de todas as etapas do processo, tradu- zidos em diversas línguas. No mesmo ano, fundou a empre- sa Parallel Graphics. Os russos são conhecidos por sua persistência e abor- dagem pouco convencionais. Problemas globais, software russo ALEKSANDR MALAKHOV ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA CONTINUA NA PÁGINA 3 CONTINUA NA PÁGINA 2 Brasil esnobou Brasil esnobou caças russos caças russos Especialista ex- plica por que país passou a comprar aeronaves russas, civis ou militares, há apenas 3 anos P.2 TNK-BP vai explorar gás no Solimões Alta atividade solar parou telégrafos em 1859. Evento análogo hoje derrubaria rede elétrica norte-americana por semanas ou até meses. Há 440 anos, quando foram inventados os primeiros apa- relhos de medição das ativi- dades solares, ficou claro que o astro afetava significativa- ANDRÊI KISLIAKOV ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA Sol. Com o lançamento de seu equipamento ao espaço pla- nejado para 2018, o projeto russo “Interguelio-Zond” per- mitirá que cientistas obser- vem o astro de uma distância nunca antes alcançada. Já o Instituto de Pesquisas Espaciais, junto ao Izmiran (Instituto de Magnetismo Ter- restre, Ionosfera e Dissemi- Conheça os recôn- ditos da “capital do norte” do país mente tudo o que acontece na Terra. Expressa em ondas de radiação, tempestades magnéticas e explosões de fogo, a atividade solar pode ter diversas intensidades, va- riando desde “temporais” pouco perceptíveis até outras muito fortes. Hoje, dependemos tanto de aparelhos radioelétricos que a atividade solar de grande in- tensidade pode desorientar o planeta. De acordo com pes- quisas da MetaTech Corpo- ration, se ocorresse hoje um choque como o de 1859, toda a rede elétrica da América do Norte seria desligada e os tra- balhos de retomada do forne- cimento só seriam concluídos em algumas semanas ou meses. Por isso, a comunidade cien- tífica internacional investe cada vez mais nos estudos do NOTAS O partido governista Rússia Unida obte- ve importantes vitórias nas eleições regio- nais e municipais realizadas em 77 re- giões russas no último dia 14. A votação foi marcada por um baixo índice de com- parecimento às urnas. “O partido Rússia Unida teve uma ótima atuação, superior à das últimas eleições para a Duma [câmara baixa do parlamen- to] em dezembro”, declarou o premiê Dmí- tri Medvedev. Ria Nóvosti Com a alteração da pena para liberdade condicional de Ekaterina Samutsevitch, do grupo Pussy Riot, no último dia 10, dois juízes do Tribunal da Cidade de Moscou convocaram uma coletiva urgente para de- clarar que não houve interferência do go- verno na decisão. A última vez que magis- trados se encontraram com a imprensa para explicar um veredito foi em 2010, na con- denação de Mikhail Khodorkóvski. Marina Darmaros Rússia Unida triunfa em eleições regionais Pussy Riot explicada A agência espacial russa Roscosmos pre- tende lançar um aparelho espacial em di- reção ao asteroide Apophis, que represen- ta uma potencial ameaça em sua passagem pela Terra em 2036. Segundo o diretor da agência, Vladímir Popóvkin, o projeto será desenvolvido apenas em 2020 e colocará um radiofarol na superfície do asteroide. Popóvkin garantiu que a agência não tem planos de extrair minérios do Apophis, como se divulgou anteriormente. Ria Nóvosti Roscosmos defenderá Terra de asteroide Segredos de São Pete realizar trabalhos de pros- pecção geológica para pos- terior exploração das reser- vas do Solimões, na Amazônia. Para tanto, criou- -se a companhia TNK-Bra- sil para a qual, ainda em ja- neiro, a HRT concordou em transferir 45% de seus 21 blo- cos na bacia do Solimões por US$1 bilhão. “A entrada da TNK-BP no mercado brasileiro é um marco para seu desenvolvi- mento e um passo significa- tivo para ela se tornar uma companhia com opera- ções de nível mundial”, disse à Gazeta Russa o dire- tor do Departamento “Se temos necessidade de re- solver um problema, nós o fa- remos a qualquer custo”, diz Artiom Liuftin, consultor da Mobile Research Group. Doze anos depois do epi- sódio, Pátchikov lançou o Cor- tona 3D, um programa de computador que converte e produz descrições técnicas para o formato de animações tridimensionais. Em 2001, a Boeing assinou um contrato com a Parallel Graphics para a conversão de seus documen- tos técnicos. Virtual e visual A Parallel Graphics substituiu pilhas de papel da Boeing por guias interativos que permi- tiam um estudo detalhado e realista das aeronaves em 3D, executavam ações virtual- mente e geravam um ambien- te visual, ajudando os usuá- rios a se familiarizar com os procedimentos de manuten- ção para diversos componen- tes dos aviões. De acordo com a própria Parallel Graphics, o método diminui o custo de desenvol- vimento do material em 80%, ao substituir o papel, reduzir o tempo de aprendizagem e evitar falhas. “Assim que o contrato com a Boeing CONTINUA NA PÁGINA 3 funcionamento de sistemas que garantem a vida ao redor do mundo. E, devido a sua pro- ximidade em relação ao polo norte magnético da Terra, o continente americano é mais vulnerável a tempestades so- lares potentes. A maior tempestade solar já documentada ocorreu em 1859, quando foram interrom- pidos os trabalhos dos telé- grafos em diversos pontos do Ensopado, o clássico russo da meia-estação ECONOMIA E NEGÓCIOS RECEITA Zuckerberg em Moscou Visita reacende discussão sobre fuga de cérebros PÁGINA 3 PÁGINA 4 NESTA EDIÇÃO Ciência Entender tempestades solares ajudará a evitar quedas na rede elétrica e sistemas de comunicação O avanço nos estudos do Sol SHUTTERSTOCK/LEGION-MEDIA ITAR-TASS DIVULGAÇÃO SHUTTERSTOCK/LEGION-MEDIA KOMMERSANT NASA FOCUSPICTURES

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P.4

QUARTA-FEIRA, 24 DE OUTUBRO DE 2012

O melhor da gazetarussa.com.br

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Mainichi Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

PRODUZIDO PORRUSSIA BEYONDTHE HEADLINESwww.rbth.ru

A petrolífera russo-britâni-ca TNK-BP deve defi nir já em 2013 seus planos para mo-netização do gás de poços brasileiros. Christopher Ein-chcomb, vice-presidente da companhia, anunciou o iní-cio da sondagem por compra-dores do gás brasileiro.

A TNK-BP está fixando seus planos para exploração das reservas brasileiras de gás e petróleo. A empresa russo-britânica, junto à bra-sileira HRT Oil & Gas, vai

Energia Maior concorrente serão EUA

Com produção menor que demanda, Brasil pode se beneficiar de produção da companhia russo-britânica.

Companhia comandará 45% dos blocos da HRT no Solimões

Protuberân-cia na super-fície solar re-gistrada pelo observatório solar Soho, projeto con-junto da agência eu-ropeia ESA com a norte--americana Nasa

Entre os maiores su-cessos do se-tor produzi-dos no país, está o software de escaneamen-to e reconhe-cimento de caracteres ABBYY

FIÓDOR TSEKHMÍSTRENKOESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Em 1999, a máquina de lavar roupas de Gueórgui Pátchi-kov, criador da Parallel Gra-phics, quebrou. Fazia menos de uma década que o regime soviético tinha caído e, na-quela época, técnicos com-petentes eram raridade no mercado. Por isso, Pátchikov resolveu consertá-la ele mesmo.

Tecnologia Perfil de persistente é vantagem competitiva

Apesar de exportações anuais no setor serem de apenas US$ 4 bilhões, vários gigantes globais contam com ajuda de programas russos.

“Não tinha ideia do que fazer. O manual de instruções estava em francês e não havia tradução. Mesmo sendo for-mado em engenharia, estava completamente perdido”, disse Pátchikov à Gazeta Russa.

Foi então ele que teve a ideia de criar manuais animados em três dimensões com ilus-trações detalhadas de todas as etapas do processo, tradu-zidos em diversas línguas. No mesmo ano, fundou a empre-sa Parallel Graphics.

Os russos são conhecidos por sua persistência e abor-dagem pouco convencionais.

Problemas globais, software russo

ALEKSANDR MALAKHOVESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

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CONTINUA NA PÁGINA 2

Brasil esnobou Brasil esnobou caças russoscaças russosEspecialista ex-plica por que país passou a comprar aeronaves russas, civis ou militares, há apenas 3 anos

P.2

TNK-BP vai explorar gás no Solimões

Alta atividade solar parou telégrafos em 1859. Evento análogo hoje derrubaria rede elétrica norte-americana por semanas ou até meses.

Há 440 anos, quando foram inventados os primeiros apa-relhos de medição das ativi-dades solares, fi cou claro que o astro afetava signifi cativa-

ANDRÊI KISLIAKOVESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Sol. Com o lançamento de seu equipamento ao espaço pla-nejado para 2018, o projeto russo “Interguelio-Zond” per-mitirá que cientistas obser-vem o astro de uma distância nunca antes alcançada.

Já o Instituto de Pesquisas Espaciais, junto ao Izmiran (Instituto de Magnetismo Ter-restre, Ionosfera e Dissemi-

Conheça os recôn-ditos da “capital do norte” do país

mente tudo o que acontece na Terra. Expressa em ondas de radiação, tempestades magnéticas e explosões de fogo, a atividade solar pode ter diversas intensidades, va-riando desde “temporais” pouco perceptíveis até outras muito fortes.

Hoje, dependemos tanto de aparelhos radioelétricos que a atividade solar de grande in-tensidade pode desorientar o

planeta. De acordo com pes-quisas da MetaTech Corpo-ration, se ocorresse hoje um choque como o de 1859, toda a rede elétrica da América do Norte seria desligada e os tra-balhos de retomada do forne-cimento só seriam concluídos em algumas semanas ou meses.

Por isso, a comunidade cien-tífica internacional investe cada vez mais nos estudos do

NOTAS

O partido governista Rússia Unida obte-ve importantes vitórias nas eleições regio-nais e municipais realizadas em 77 re-giões russas no último dia 14. A votação foi marcada por um baixo índice de com-parecimento às urnas.

“O partido Rússia Unida teve uma ótima atuação, superior à das últimas eleições para a Duma [câmara baixa do parlamen-to] em dezembro”, declarou o premiê Dmí-tri Medvedev.

Ria Nóvosti

Com a alteração da pena para liberdade condicional de Ekaterina Samutsevitch, do grupo Pussy Riot, no último dia 10, dois juízes do Tribunal da Cidade de Moscou convocaram uma coletiva urgente para de-clarar que não houve interferência do go-verno na decisão. A última vez que magis-trados se encontraram com a imprensa para explicar um veredito foi em 2010, na con-denação de Mikhail Khodorkóvski.

Marina Darmaros

Rússia Unida triunfa em eleições regionais

Pussy Riot explicada

A agência espacial russa Roscosmos pre-tende lançar um aparelho espacial em di-reção ao asteroide Apophis, que represen-ta uma potencial ameaça em sua passagem pela Terra em 2036. Segundo o diretor da agência, Vladímir Popóvkin, o projeto será desenvolvido apenas em 2020 e colocará um radiofarol na superfície do asteroide. Popóvkin garantiu que a agência não tem planos de extrair minérios do Apophis, como se divulgou anteriormente.

Ria Nóvosti

Roscosmos defenderá Terra de asteroide

Segredos de São Pete

realizar trabalhos de pros-pecção geológica para pos-terior exploração das reser-v a s d o S o l i m õ e s , n a Amazônia. Para tanto, criou--se a companhia TNK-Bra-sil para a qual, ainda em ja-neiro, a HRT concordou em transferir 45% de seus 21 blo-cos na bacia do Solimões por US$1 bilhão.

“A entrada da TNK-BP no mercado brasileiro é um marco para seu desenvolvi-mento e um passo signifi ca-tivo para ela se tornar uma companhia com opera-ções de nível mundial”, disse à Gazeta Russa o dire-tor do Depa r t a mento

“Se temos necessidade de re-solver um problema, nós o fa-remos a qualquer custo”, diz Artiom Liuftin, consultor da Mobile Research Group.

Doze anos depois do epi-sódio, Pátchikov lançou o Cor-tona 3D, um programa de computador que converte e produz descrições técnicas para o formato de animações tridimensionais. Em 2001, a Boeing assinou um contrato com a Parallel Graphics para a conversão de seus documen-tos técnicos.

Virtual e visualA Parallel Graphics substituiu pilhas de papel da Boeing por guias interativos que permi-tiam um estudo detalhado e realista das aeronaves em 3D, executavam ações virtual-mente e geravam um ambien-te visual, ajudando os usuá-rios a se familiarizar com os procedimentos de manuten-ção para diversos componen-tes dos aviões.

De acordo com a própria Parallel Graphics, o método diminui o custo de desenvol-vimento do material em 80%, ao substituir o papel, reduzir o tempo de aprendizagem e evitar falhas. “Assim que o contrato com a Boeing

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funcionamento de sistemas que garantem a vida ao redor do mundo. E, devido a sua pro-ximidade em relação ao polo norte magnético da Terra, o continente americano é mais vulnerável a tempestades so-lares potentes.

A maior tempestade solar já documentada ocorreu em 1859, quando foram interrom-pidos os trabalhos dos telé-grafos em diversos pontos do

Ensopado, o clássico russo da meia-estação

ECONOMIA E NEGÓCIOS

RECEITA

Zuckerberg em MoscouVisita reacende discussão sobre fuga de cérebrosPÁGINA 3

PÁGINA 4

NESTA EDIÇÃO

Ciência Entender tempestades solares ajudará a evitar quedas na rede elétrica e sistemas de comunicação

O avanço nos estudos do Sol

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Page 2: Gazeta Russa

GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BRPolítica e Sociedade

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ENTREVISTA CLÁUDIO LUCCHESI

Por que o Brasil esnobou os caças russosESPECIALISTA BRASILEIRO REVELA QUE PAÍS COMPROU A PRIMEIRA

AERONAVE RUSSA, CIVIL OU MILITAR, SOMENTE HÁ TRÊS ANOS

ALEX SOLNIKESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

nação de Ondas de Rádio), está montando um sistema de monitoramento do vento solar que deve permitir prog-nósticos altamente confi áveis das tempestades magnéticas até 1,5 a 2 horas antes de sua chegada à Terra.

Há ainda planos de coor-denação das iniciativas es-paciais russas com o progra-ma norte-americano “Living with a star”. O objetivo desse programa, cujo primeiro apa-relho foi lançado pela Nasa no dia 23 de agosto, é o es-tudo detalhado do Cinturão de Van Allen, que envolve a Terra e é formado por anéis de partículas altamente energéticas.

O cinturão de Van Allen, uma das primeiras descober-tas dos norte-americanos no século espacial, encontra-se sob influência da atividade solar e do clima espacial ge-rado pelo Sol. Durante os voos, pilotos e astronautas podem fi car expostos a níveis peri-gosos de radiação no período de atividade dessas tempes-tades. O cinturão também pode prejudicar o trabalho de satélites e sistemas de comunicação.

“Por enquanto, não sabe-mos como se comporta esse cinturão, apesar de já terem

Quando, há três anos, Cláu-dio Lucchesi completou 40 anos, seus pais lhe pergun-taram o que ele queria ga-nhar de aniversário. “Um manche de Mig 25”, respon-deu prontamente.

Neto de piloto e dono de avião, ele cresceu vendo exi-bições da esquadrilha da fu-maça e admirando fotos de Migs russos nas revistas que chegavam a Guaratinguetá, cidade do Estado de São Paulo onde nasceu.

Hoje ele é responsável pela “Asas”, uma das publicações de aviação mais conceituadas do Brasil, e especialista em aviação, mais especifi camen-te, a russa.

Quantas vezes você já foi a Moscou?Em 1997 fui pela primeira vez, para ver o show aéreo. Desde então, a única vez em que não apareci foi em 2009. Durante muitos anos eu fui o único jornalista brasileiro a comparecer.

Por que os brasileiros ainda têm esse estranhamento com a Rússia?O noticiário da Rússia no Br a s i l a i nd a é mu it o ideológico.

Sabemos que os russos são bons em foguetes. São bons também em aviação?A aviação sempre foi um or-

se passado 50 anos desde a sua descoberta e descrição”, diz Lika Gukhatakurta, cientis-ta do programa da Nasa. “Nós ainda não temos condições de fazer nenhum tipo de prog-nóstico, embora isso seja muito importante”, completa.

Ciência russaO projeto Interguelio-Zond foi criado por cientistas do Ins-tituto de Pesquisas Espaciais da Academia de Ciências da Rússia e permitirá uma gran-de aproximação do astro. Para lançar o aparelho a um ponto próximo do Sol, está planeja-da a realização de uma ma-nobra gravitacional em Vênus e sua colocação inicial numa órbita com periélio (o ponto da órbita mais próximo do Sol) da ordem de 42 milhões de quilômetros. Por meio de ma-nobras gravitacionais subse-quentes, o periélio poderá ser reduzido para até 21 milhões de quilômetros.

Já o sistema de monitora-mento do vento solar do Iz-miran terá como principal ele-mento os microssatélites Tchibis, cuja primeira unida-de, com massa de 40 quilos, foi lançada na órbita circular próxima da Terra em 25 de janeiro deste ano, a uma alti-tude de aproximadamente 480 km, a partir da Estação Es-pacial Internacional.

Esforço russo-americano avança nos estudos do Sol

Espaçonave com painéis solares coleta dados sobre o Sol

gulho para os russos. A his-tória da aviação russa é muito rica. Eles fi zeram o pri-meiro bombardeiro pesado, de quatro motores, constru-ído por Ígor Sikórski.

Hoje temos o helicóptero Sikórski nos Estados Unidos, mas Sikórski era russo. Ele emigrou para os Estados Uni-dos depois da revolução de 17. E lá dedicou-se a estudar helicópteros.

O escudo antimíssil norte--americano já rendeu desen-tendimentos com a Rússia no passado. Mas Moscou conti-nua tentando chegar a um consenso sobre o assunto.

“Ainda há tempo de che-garmos a um acordo”, decla-rou o vice-ministro dos Ne-gócios Estrangeiros, Serguêi Riabkov, no fi nal de setem-bro. “Mas esse tempo não é ilimitado. Quando começa-rem as fases seguintes da criação [pelos EUA] de um sistema de defesa antimíssil global, a situação poderá mudar para nós”, completa.

O ministro acrescentou que Moscou necessita de garan-tias de que o escudo antimís-sil não será apontado contra a Rússia, sob risco de uma ação de resposta do país aos EUA. Só neste ano, Washing-ton disponibilizou mais de US$ 10 bilhões para a cons-trução do escudo antimíssil na Europa.

O Pentágono falou na pos-sibilidade de adquirir 46 mís-

Defesa Base na Romênia deve estar pronta até 2015 e, na Polônia, até 2018

seis interceptores baseados no mar SM-3 Block-1B e adaptá-los para que possam ser lançados a partir da su-perfície terrestre, além de elementos de infraestrutura para a construção de uma rampa de lançamento para mísseis Sm-3 na Romênia.

Leste EuropeuA intenção é criar uma base de mísseis na Romênia até 2015 e, na Polônia, até 2018. A administração George W. Bush planejava instalar na Po-lônia 10 mísseis interceptores baseados em terra que pode-

riam neutralizar, ainda que parcialmente, os arsenais nu-cleares estratégicos da Rús-sia. Figuras ofi ciais russas re-pudiaram a iniciativa em seus discursos.

Com as mudanças nos pla-nos de seu sucessor efetua-das por Barack Obama, a Eu-ropa receberá, por enquanto, equipamentos para intercep-tar mísseis táticos e tático--operacionais. A efi cácia do escudo antimíssil americano na “versão polonesa” causa muitas dúvidas.

“A Polônia tem de criar seu próprio sistema de defesa an-tiaéreo e incorporá-lo ao sis-tema da Otan. Nossa parti-cipação no projeto americano foi um erro”, disse o presi-dente polonês Bronislaw Ko-morowski em uma entrevis-ta à revista “Wprost”.

Eficácia duvidosaPor enquanto, as potenciali-dades do sistema de defesa antimíssil europeu são bas-tante limitadas, já que a in-tercepção só será possível na zona protegida. Além disso, não há a certeza de que o sis-tema seja eficaz, mesmo quando sua instalação esti-ver completa.

“A fase crítica começará em 2018, quando um novo sis-tema de defesa antiaérea com capacidade para atingir mís-seis de longo alcance entrar em funcionamento”, diz Oli-ver Mayer, analista do Ins-tituto de Problemas da Paz e Política da Segurança, em Hamburgo. “Não há nenhu-ma garantia de que esse sis-tema possa fazê-lo.”

Aí os EUA precisarão de um parceiro confi ável.

País quer revisão e garantias quanto a escudo antimíssil

Rússia quer certeza de que escudo não se voltará contra ela

Projeto norte-americano na Europa é ineficaz e cria tensão desnecessária na região. Polônia admite ter sido “erro” aderir.

ANDRÊI KISLIAKOVEPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Evguêni Salinder, 11 anos, encontrou restos de um ma-mute lanoso – última espécie do animal, adaptada para temperaturas baixíssimas da Era Glacial – em Sopotch-naia Karga, na península de Taimir, na Sibéria.

O mamute foi levado para Dudinka, capital da penín-sula de Taimir, região que se localiza no extremo norte da Eurásia continental. Os res-tos foram descobertos a 3 quilômetros da estação me-teorológica Sopkarga, onde o garoto vive com a família.Salinder, também conhecido como Guênia, contou sobre a descoberta aos pais, que in-formaram os cientistas.

“Apesar de não ser comum dar nome aos restos de ani-mais ancestrais adultos, esse mamute foi chamado de Guênia – em homenagem ao garoto que encontrou o ani-mal”, conta o vice-diretor do Instituto de Zoologia da Aca-demia de Ciências da Rússia, Aleksêi Tíkhonov.

O animal será ofi cialmen-te conhecido como “mamute Sopkargínski”, em referên-

Paleontologia Descoberta recebeu nome do garoto

Fóssil encontrado por menino de 11 anos é a carcaça de mamute mais bem preservada descoberta nos últimos 100 anos.

cia a região onde foi desco-berto. O peso total dos res-tos mortais é de mais de 500 kg, e incluem a metade di-reita do corpo, com tecidos moles, pele e pelos, o crânio

com uma orelha, uma presa, vários ossos e até mesmo ór-gãos reprodutivos, de acordo com o comunicado publica-do no site de governo de Dolgano-Nénetski.

Os restos encontrados na tundra de Taimir pertenciam a um mamute do sexo mas-culino que morreu aos 15 ou 16 anos, há aproximadamen-te 30 mil anos. A extração do material congelado levou uma semana. Além de pica-retas e pás, os cientistas ti-veram que utilizar um cal-deira geradora de vapor para auxiliar no processo.

Não havia descobertas dessas proporções e com te-cido tão bem preservado desde 1901, quando outro ma-mute foi encontrado perto do rio Berezovka, em Iakútia.

Criança descobre mamute na Rússia

Última descoberta dessas proporções foi feita em 1901

EVGUÊNIA TCHAIKÔVSKAIATHE MOSCOW NEWS

RAIO-X

Cláudio Lucchesi formou-se em jornalismo pela USP em 1989 e, aficcionado por aviação, de-dica-se ao assunto desde en-

tão. É o brasileiro que partici-pou de mais edições da Maks (do russo, Salão Aeroespacial Internacional), que ocorre a cada dois anos na cidade de Jukóvski, Rússia, desde 1997. Sua editora, a C&R publica, além da revista Asas, diversos livros sobre o setor.

IDADE: 43 ANOS

CARGO: EDITOR-CHEFE DA

REVISTA ASAS

O primeiro caça com trem de pouso recolhível e cabine fechada foi russo, o Policar-pov 16. A segunda maior in-dústria aeronáutica do pla-neta é a russa. O avião mais produzido na história mun-dial, civil ou militar, é russo, o Antonov 2. Um dos jatos militares mais produzidos da história é russo também, o Mig 21.

Se a aviação deles é tão boa como você diz, por que o Bra-sil eliminou os russos da con-corrência para a compra dos 36 caças, que está dividida entre França, Suécia e Esta-dos Unidos?O Sukhôi 35 é uma máquina fantástica, não deve nada ao Rafale francês ou ao Su-perhorn americano. Ele é mais barato que o francês, tem um preço comparável ao do americano. Não haveria problema com a caixa preta.

A Índia comprou o Sukhôi num pacote que lhe dá di-reito de fabricá-lo sob licen-ça, e com o Brasil não seria diferente. Mas o Brasil não tem o hábito de comprar avi-ões da Rússia ou da URSS. A Força Aérea Brasileira im-portou o primeiro helicóp-tero russo há apenas três anos: um MI 35 que foi tam-bém a primeira nave russa a operar no Brasil. Tanto para f ins civis quanto militares.

No ano passado, uma em-presa de helicópteros do Rio de Janeiro que tem contra-to com a Petrobras se tor-nou a primeira operadora da história do Brasil de uma aeronave civil russa ao com-prar o MI 171. Três ou qua-tro desse modelo, que é um helicóptero médio pesado, para carga, estão operando na Amazônia.

Em agosto, uma empresa de São Paulo, a Helicargo, trouxe o primeiro exemplar de um outro helicóptero russo, o Kamov 32, para prestar serviços de guindas-te aéreo para cargas espe-ciais. É uma aeronave fan-tástica para operações anti-incêndio. É capaz de levar uma carga de cinco to-neladas de água num único voo.

O Museu da TAM tem três Migs antigos. Dois deles – Mig 21 e o Mig 17 - fomos eu e um negociante de armas russas da Segunda Guerra chamado Berger que trou-xemos para a TAM.

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

" Queremos que esse sis-tema seja transparente e que a Federação Rus-

sa tenha certeza de que esse equipamento está sendo cons-truído para atender aos obje-tivos declarados. Para tanto, iremos possibilitar inspeções”.

FRASE

Sikorski John TaylorCHANCELER DA POLÔNIA

Material pode ajudar clonagemA Academia de Ciências da Rússia já havia anunciado pla-nos de clonar um mamute com a Universidade Kinki, no Japão, onde cientistas trabalham na clonagem de animais pré-his-tóricos há 15 anos. Os especia-listas sugerem que elefantes indianos seriam ideais como base para o experimento.

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Page 3: Gazeta Russa

GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR Economia e Negócios

EM PARCERIA COM

expirou, a Airbus estava ba-tendo em nossa porta”, co-menta Pátchikov.

Outras companhias, como General Electric, Honda, Sie-mens e Business Jet, seguiram a mesma tendência. Em 2010, a Parallel Graphics empregou mais de 800 funcionários e atingiu um volume de negó-cios de US$ 5 milhões.

Exportando algoritmosAs empresas russas são mun-dialmente conhecidas por desenvolver soluções com-plexas empregando algorit-mos sofisticados. Nenhum campo ilustra de maneira mais clara esse conhecimen-to do que os programas an-tivírus, que devem não só re-conhecer com precisão e remover itens nocivos, mas também identificar vírus antes desconhecidos ou po-limórficos. A Rússia tem duas líderes no setor: Dr. Web e Kaspersky Lab.

Outra aplicação dos al-goritmos foi encontrada pela ABBYY, companhia que de-senvolveu o software de re-conhecimento ótico de ca-racteres FineReader. A primeira versão do produto foi lançada no fi nal de 1993 e aos poucos ganhou acei-tação entre os usuários de scanners.

Atualmente, o FineReader funciona em cerca de 190 línguas e as receitas anuais da empresa são estimadas em mais de US$ 100 milhões. Um subproduto do FineRe-ader é o popular dicionário ABBYY Lingvo.

Entre as companhias menos conhecidas, mas não menos importantes, estão a CBOSS (sistemas de auto-mação para o setor de tele-comunicações), a Paragon Software (ferramentas de disco rígido), a PROMT (tra-dução), a DocsVision (servi-ços de documentação eletrô-nica) e a Spirit Dsp (software de voz, vídeo e outros dados).

Cresce indústria russa de software CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

Onde estão os maiores sucessos produzidos pelo país

Valentin Makarov, presidente da Russoft, no fórum Brasscom

Nginx, por exemplo, venceu a concorrência contra o pro-duto equivalente da Microsoft e ocupa agora o segundo lugar, perdendo apenas para o Apache.

“A Rússia pode competir internacionalmente em TI re-solvendo problemas comple-xos, análises de grandes vo-lumes de dados, projetar algoritmos”, diz Aleksandr Galitski, criador do fundo Almaz Capital Partners.

“Os programadores da Índia e da Coreia do Sul tam-bém são muito bons, mas se tem algum problema que nin-guém quer bater a cabeça para resolver, então bem-vin-do à Rússia!”, afi rma Alek-sandr Vovkula, diretor téc-nico da Parallel Graphics.

Jogos para computadorUm mercado em particular onde as empresas de tecnolo-gia russas desfrutam de su-cesso é o de jogos para com-putador. A fama remonta a 1985, quando o russo Aleksêi Pajitnov criou a primeira ver-são do Tetris, um dos jogos eletrônicos mais populares de todos os tempos.

Já em 2006, a quinta edi-ção de “Heroes of Might and Magic” foi desenvolvida pela empresa russa Nival Interac-tive em parceria com a fran-cesa Ubisoft. No total, mais de 2 milhões de cópias licen-ciadas do game foram vendi-das no mundo inteiro.

Em 2010, outro desenvol-vedor russo de jogos eletrôni-cos que fez sucesso foi Zepo-

Lab, com o “Cut The Rope”. O aplicativo já rendeu mais de 100 milhões de downloads e gerou uma receita superior a US$ 85 milhões, tornando--se o segundo game mais po-pular do mundo para celula-res – atrás apenas de “Angry Birds”.

Só começando Os desenvolvedores russos de software exportam cerca de US$ 4 bilhões por ano. Mas os números ainda são relati-vamente baixos. Nos EUA, só a Microsoft faz US$ 69,9 bi-lhões. Porém, em alguns seg-mentos, os programadores russos estão começando a dei-xar para trás a gigante nor-te-americana. O software de servidor produzido pela russa

Liderados por Valentin Makarov, presidente da Rus-soft (associação que congre-ga as companhias de TI da Rússia), 20 representantes de 13 companhias russas priva-das e estatais estiveram, de 4 a 8 de outubro, em visita a São Paulo e ao Rio de Ja-neiro. O motivo do desloca-mento dos empresários foi fazer contatos com o merca-do brasileiro, que movimenta hoje 112 bilhões de dólares por ano no segmento e cresce de 8% a 12% anualmente.

“Esse encontro e a vinda de Valentin Makarov foram muito importantes para a gente entender o que a Rús-

Representantes de companhias de TI russas vieram ao Brasil para aquecer as relações entre os dois países na área.

sia está fazendo e, paralela-mente, explicar o que nós es-tamos fazendo. Agora vamos descobrir maneiras de fazer-mos coisas juntos, porque hoje as relações são praticamente inexistentes”, disse à Gazeta Russa Antonio Gil, diretor--executivo da Brasscom, en-tidade que reúne as compa-nhias brasileiras de TI.

“O potencial em TI não está

totalmente realizado entre nossos países. Primeiro, por-que a indústria de TI na Rús-sia também está em desenvol-vimento. Segundo, porque houve um tempo em que o mercado latino-americano foi subestimado pela Rússia, ape-sar de ser muito bom para as companhias do nosso país”, afi rmou o diretor-executivo da Russoft.

Missão Russoft chega ao Brasil trazendo 13 companhias

ALEX SOLNIKESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Rússia e de US$ 70.000 a 80.000 nos EUA), especialis-tas afi rmam que grande parte dos profi ssionais russos saem atualmente do país mais pelo prestígio de trabalhar em uma empresa ocidental.

“Mesmo que eles optem por se radicar no exterior, eles não perdem o contato com a Rússia. Os profissionais formados na nossa universi-dade, por exemplo, têm ajudado os chefes dos depar-tamentos a formar progra-mas de estudos”, diz Iúri Am-m o s o v, p r o f e s s o r d a Universidade de Física e Tec-nologia de Moscou (UFTM).

Também o presidente da associação de companhias de software Russoft, Valentin Makárov, não enxerga a transferência de profi ssionais russos para empresas ociden-tais como ameaça, por exis-tir um equilíbrio entre os que saem e os que retornam ao país para abrir seu próprio negócio. “Mas o Estado deve se preocupar com a forma-ção de profi ssionais em quan-tidade suficiente”, afirma Makárov.

O Facebook mantém uma campanha de atração de pro-gramadores talentosos das maiores empresas de inter-net russas, declarou, em en-trevista ao jornal “Vedomos-ti”, Anatóli Karáchinski, presidente e coproprietário da maior holding de TI da Rússia, a IBS Group.

“Aqueles que já falaram com [o fundador e diretor--executivo do Facebook, Mark] Zuckerberg dizem ter recebido uma proposta de emprego e transferência ime-diata para os Estados Uni-

Fuga de cérebros Com a visita do fundador do Facebook à Rússia, especialistas retomam a questão da emigração de programadores russos

Facebook mantém campanha de recrutamento de profissionais no país, que recebeu recentemente o criador da rede social.

dos”, acrescentou o presiden-te do IBS Group. Ele compara a presente situação com a emigração em massa de pro-gramadores russos promovi-da pela Microsoft durante a crise de 1998.

Mas Karáchinski se mos-trou especialmente indigna-do com o encontro, no início deste mês, entre o empreen-dedor norte-americano e o primeiro-ministro russo Dmítri Medvedev, que “pode dar legitimidade e relevân-cia a esse processo”.

“Se a liderança do país está interessada em apoiar as em-presas russas, ela deve esti-mular as estrangeiras a fazer encomendas aqui, como acon-tece na Índia ou na China”, completa Karáchinski.

O fundador e diretor-ge-ral da rede social VKontakte,

Pável Durov, confi rma que o Facebook tem exportado de-senvolvedores de software da Rússia. “Um dos finalistas russos do concurso de desen-volvedores de software pro-movido pela Vkontakte já trabalha no Facebook”, disse

Durov.Ao ser questionado pelo

“Vedomosti” se algum dos funcionários do VKontankte havia migrado para a rede norte-americana, Durov negou de forma bastante en-fática. “Não temos tolos aqui.

O Facebook é um navio afun-dando”, completou.

Copo meio cheioAlém de ser uma das maio-res corporações de internet do mundo, o Facebook conta com investimentos russos e muitos usuários locais. “Esse fator explica o interesse do premiê russo em se encon-trar com Zuckerberg”, disse a assessora de Medvedev, Na-tália Timakova.

Um dos temas do encontro foi o desenvolvimento do setor de TI russo e a eventu-al participação do Facebook nesse processo. Zuckerberg anunciou que aprecia o po-tencial dos desenvolvedores de software russos e preten-de discutir com eles o desen-volvimento de novos aplica-tivos para a rede social.

Zuckerberg está de olho em talentos russos

Mark Zuckeberg na Praça Vermelha em Moscou

TNK-Brasil espera converter consumidores de diesel para gás

ROMAN VOROBIOVGAZETA RUSSA

de Programas Internacionais da TNK-BP, Thomas Kean.

As reservas do Solimões são avaliadas em mais de 120 bi-lhões de metros cúbicos de gás. De acordo com avaliações das empresas envolvidas, o poço será um dos maiores do mundo, e o início da explora-ção comercial está previsto já para o fi nal deste ano.

Desde o início dos traba-lhos nas reservas, entretanto, somente nove poços foram perfurados. A justifi cativa é que o Solimões encontra-se em uma região de difícil aces-so e que a TNK-Brasil e a HRT tiveram problemas com o transporte dos equipamentos de prospecção geológica.

“Não temos permissão para

derrubar uma árvore sequer durante o processo. Trabalha-mos com muito cuidado para poder atender aos mais ele-vados padrões de segurança ambiental”, conta Kean.

Apesar do difícil acesso aos poços representar um ponto negativo, o Brasil apresenta vantagens à exploração pela companhia russo-britânica. Entre elas, a perfuração em solo brasileiro é muito mais barata do que na Rússia, de-vido às avançadas tecnologias utilizadas na abertura dos poços e na prospecção geológica.

“A TNK-BP traz um gran-de know-how para o projeto. A empresa já perfurou mais de 30 mil poços em condições extremas. Na Sibéria, temos poços em locais distantes,

onde a temperatura varia 100° C ao longo do ano [de -60° C no inverno a 40° C no verão]”, afi rma Kean.

Clientes potenciaisA TNK-Brasil pretende ven-der os recursos explorados a empresas locais que atualmen-te trabalhem com diesel, mas que estejam prontas para mudar para o gás. Na possí-vel clientela estão ainda com-panhias energéticas e produ-tores de fertilizantes.

“Em 2011, o Brasil extraiu 16,7 bilhões de metros cúbi-cos de gás e consumiu 26,7 bi-lhões de metros cúbicos. Por-tanto, com contratos de longo prazo já fechados, a HRT e a TNK-Brasil vão conseguir vender todo o volume de gás extraído dos poços”, diz Iúlia

Voitôvitch, analista da con-sultoria Investkafe.

Um provável concorrente da TNK-Brasil no mercado latino-americano são os EUA, que recentemente registraram um súbito crescimento do vo-lume de gás extraído de for-mações de xisto. Em 2020, a extração norte-americana de gás de xisto deve ultrapassar os 270 bilhões de metros cú-bicos anuais.

Mas difi cilmente isso afe-tará o projeto da TNK-Brasil, segundo Grigóri Birg, analis-ta da Investkafe. “O Brasil im-porta gás natural da Bolívia, do Catar e da Nigéria. Por isso, a ‘revolução do xisto’ nos EUA não tem força para afetar o projeto brasileiro desenvolvi-do pelas empresas TNK-Bra-sil e HRT”, acredita Birg.

TNK-BP avança na exploração de gás brasileiro

O diretor-executivo do Facebook também manifes-tou interesse por uma das startups do centro Skôlko-vo, mais conhecido como o “Vale do Silício russo”.

Benefícios do exílioApesar da diferença de sa-lários oferecidos atualmente aos programadores na Rús-sia e nos EUA (anualmente, entre US$ 30.000 e 40.000 na

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

Situação remonta a 1998, quando Microsoft promoveu emigração maciça de programadores

Bilhões de metros cúbicos é em quanto são avaliadas as reservas de gás do Solimões, com exploração comercial es-perada para o final de 2012.

Bilhões de metros cúbicos foi o consumo de gás brasileiro em 2011. A demanda não foi supri-da pela produção, que chegou a apenas 16,7 bi de m3.

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26,7

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Page 4: Gazeta Russa

GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BREm Foco

RECEITA

Ensopado, o clássico da meia-estação

Cozinhar os alimentos lenta-mente é um dos princípios da culinária clássica russa. E a maior prova disso é o fo-gão russo “petchka” presente em quase todas as casas no interior do país. Feitos de barro e revestidos de cerâmica e argila, esses fogões rústicos foram cons-truídos nos cantos de todas as casas de campo não só para preparar comida, mas também para aquecer o am-biente. Eles produzem calor seco a uma temperatura constan-te. Assim, os ingredientes podem ser mantidos longe do fogo, evitando queimar

a comida. São muito úteis pa-ra assar pães, preparar sopas e pratos a base de cereais, tais como aveia e trigo sarraceno. Hoje, o clássico ensopado rus-so é feito com carne e verdu-ras que são depositados em um recipiente de barro, cober-tos e cozidos a uma tempera-tura bem alta, bem como se fazia nas áreas rurais da Rússia durante o século 18. O advento dos fogões a gás e elétricos não alterou a po-pularidade do ensopado, que continua em primeiro lugar nos cardápios de hoje. E é um trunfo para a meia-estação, na-queles dias em que só se quer um prato bem quente!

Jennifer Eremeieva

ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Ingredientes:

• 1 panela ou caçarola de bar-ro com capacidade de 2 a 3 litros;• 600 gramas de cordeiro ou carne magra cortados em cubos;• 450 gramas de batatas com casca e cortadas em cubos;• 3 cenouras grandes, descas-cadas e cortadas em cubos;• 1 berinjela grande, cortada em cubos pequenos;• 1 cebola grande, cortada em pedaços grossos;• 400 gramas de alho picado;• 1 xícara (250 ml) de caldo de carne ou de vinho tinto (ou uma combinação dos dois);• Um punhado de farinha;• Três filés de anchova;• 5 dentes de alho, descasca-dos e esmagados;• 1/3 xícara de salsinha fres-ca picada;• 1 ramo pequeno de alecrim fresco;• 3 ramos pequenos de tomi-lho fresco;• 30 ml de extrato de tomate;• Sal a gosto;• 2 colheres de chá de pimen-ta-do-reino;• Óleo vegetal;• Manteiga.

Modo de preparo:

1. Salteie os cubinhos de be-rinjela com um pouco de óleo e um punhado generoso de sal. Coloque os cubos num escorredor e deixe descan-sar em temperatura ambien-

te por 45 minutos. Enxague os cubos em água fria e seque--os com papel toalha. Espalhe os cubos de berinjela sobre um prato, cubra com papel toalha e coloque por um minuto no mi-cro-ondas em potência máxima. Reserve.2. Pré-aqueça o forno a 180°C. 3. Passe os cubos de carne na farinha. Coloque uma pequena quantidade de óleo em uma fri-gideira. Frite cada um dos lados da carne por uns 30 segundos. Reserve. 4. Em uma tigela, amasse os fi-lés de anchovas com um garfo. Acrescente os dentes de alho amassados, sal, tomilho, alecrim e pimenta-do-reino. Amasse e misture todos os ingredientes formando uma pasta. Reserve.5. Misture o extrato de tomate e o caldo de carne ou vinho (ou a combinação dos dois).6. Unte o interior da panela ou caçarola com manteiga. Colo-que a carne na parte de baixo e, em seguida, cubra com uma camada de pasta de anchova. Por fim, coloque as batatas, ce-nouras e berinjelas, e adicione o restante da pasta de anchova.7. Despeje a mistura de extrato de tomate com caldo de carne e/ou vinho, cobrindo apenas a parte superior.8. Leve ao forno por uma hora e verifique se as batatas amole-ceram. Retire do forno, salpique com salsinha fresca e sirva com bastante pão (de preferência, pão preto russo) e manteiga.

Priátnogo Appetita!

CALENDÁRIO CULTURA E NEGÓCIOS

36° MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULOATÉ 1 DE NOVEMBRO, ENDEREÇOS E HORÁRIOS A CONFERIRO festival homenageia Andrêi Tarkóvski em seu 80° aniversário, e traz retrospectiva do cineasta soviético e do diretor Serguêi Loznitsa, vencedor do prêmio Fipresci em Can-

nes em 2012. Diversos filmes produzidos por Tarkóvski também serão exibidos, entre eles um documentário produzido por seu filho, que veio ao Brasil para o evento. Além disso, filmes de quatro outros diretores russos fazem parte da "Perspectiva Internacional" e podem concorrer a prêmios. › www.mostra.org

LUZ INSTANTÂNEAATÉ 25 DE NOVEMBRO, TER., QUA., SEX., SÁB. E DOM. DAS 10H ÀS 18H, QUI. DAS 10H ÀS 20H, MASP, SÃO PAULOOrganizada pela Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a exposição traz fotos tipo "polaroid" feitas pelo diretor russo Andrêi Tarkóvski entre 1979 e 1984. › www.mostra.org

ALL-OVER-IP BUSINESS FORUM21 E 22 DE NOVEMBRO, CENTRO DE EXPOSIÇÕES SOKÔLNIKI, MOSCOU-RÚSSIAEm sua quinta edição, a exposição traz neste ano mais de 2.700 profissionais de tecnologia da informação e segurança, e cerca de 120 expositores do setor. › http://eng.all-over-ip.ru

JEWELER 3DE 3 A 13 DE DEZEMBRO, CENTRO DE EXPOSIÇÕES SOKÔLNIKI, MOSCOU-RÚSSIAUma das maiores exposições do setor na Rússia, a "Jeweler 3" provê boas chances de criar contatos de negócios, com espaço para os mais variados tipos e mercados de joias. › www.rosyuvelirexpo.ru/eng

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EXPEDIENTEPRESIDENTE DO CONSELHO: ALEKSANDR GORBENKO (ROSSIYSKAYA GAZETA);DIRETOR-GERAL: PÁVEL NEGÓITSA (FSFI ROSSIYSKAYA GAZETA); EDITOR-CHEFE: VLADISLAV FRÓNIN (FSFI ROSSIYSKAYA GAZETA)ENDEREÇO DA SEDE: RUA PRAVDY, 24, BLOCO 4, 12º ANDAR, MOSCOU, RÚSSIA - 125993 WWW.RBTH.RU E-MAIL: [email protected] TEL.: +7 (495) 775 3114  FAX: +7 (495) 775 3114EDITOR-CHEFE: EVGUÊNI ABOV; EDITOR-CHEFE EXECUTIVO: PÁVEL GOLUB; EDITOR: DMÍTRI GOLUB; SUBEDITOR: MARINA DARMAROS; EDITOR NO BRASIL: WAGNER BARREIRA; REVISOR: PAULO PALADINODIRETOR DE ARTE: ANDRÊI CHIMÁRSKI; EDITOR DE FOTO: ANDRÊI ZÁITSEV; CHEFE DA SEÇÃO DE PRÉ-IMPRESSÃO: MILLA DOMOGÁTSKAIA; PAGINADORES: MARIA OSCHÉPKOVA;

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Turismo Cidade tem santa padroeira andarilha, rua que homenageia Beatles e templo budista

Edifício é chamado de lágrima do socialismo

Prédio underground e rua John Lennon

A casa de número 7 na rua Rubinstein é considerada uma das construções mais e x ó t i c a s d e S ã o P e -tersburgo. Erguida nos anos 1930 em estilo construtivis-ta, o edifício foi considerado uma mostra da nova arqui-tetura soviética.

A casa abrigou de engenhei-ros a escritores, e foi planeja-da para ser um exemplo de

Sinônimo de liberdade du-rante a perestroika, a rua Pushkinskaya, número 10, abrigava o espaço under-ground mais popular de São Petersburgo. Em 1989, o edi-fício de 300 apartamentos foi ocupado ilegalmente por ar-tistas, enquanto o prédio pas-sava por reforma.

Contra sua vontade, as au-toridades precisaram ceder

socialização. Ali, as pessoas deviam conviver como uma grande família unida em um total de 52 apartamentos, com cozinha e banheiros comuns, sala de jantar e um jardim de infância.

Com a queda do regime co-munista e as subsequentes pri-vatizações, o edifício foi ape-l idado de “lágrima do socialismo”.

legalmente o terceiro andar para os ocupantes. Mais tarde, o espaço tornou-se um centro artístico. Na entrada pode-se ver uma bandeira simbolista: o fundo verme-lho representa o regime to-talitário e círculos brancos retratam indivíduos livres.

Nikolai Vássin, ceramista, fi lósofo e, provavelmente, o maior fã dos Beatles na Rús-sia, vive e trabalha no edi-fício. Muito visitado por tu-ristas, seu escritório é repleto de objetos com símbolos do grupo. Graças a Vássin, uma rua da cidade foi batizada de John Lennon. "Levei uma es-cada, pendurei o cartaz, e é isso." A rua é a mais curta de São Petersburgo.

Durante o fi nal de semana é preciso esperar mais de dez horas em fi la para entrar na capela do século 19 constu-ída em homenagem à padro-eira da cidade, Santa Ksênia de São Petersburgo. Ela viveu ali entre os séculos 7 e 8, e fi cou viúva quando tinha ape-nas 26 anos.

Depois disso, distribuiu todos seus bens aos pobres, vestiu as roupas do marido e passou a peregrinar, respon-dendo apenas pelo nome do falecido. Santa Ksênia cami-nhava por São Petersburgo ajudando as pessoas, esmo-lando e distribuindo moedas aos pobres. Os habitantes da cidade diziam que Ksênia tinha o poder de curar crianças.

A padroeira morreu aos 72 anos e foi enterrada no cemi-tério Smolénskoie. Seu túmu-lo precisou ser coberto mais de uma vez, porque os peter-burguenses pegavam punha-dos da terra que o resguarda-va e levavam embora, acreditando tratar-se de solo sagrado.

Em um jardim da avenida Primórski, pode-se ouvir o rufar de um tambor de ora-ção. Aqui você encontrará um dos templos budistas mais setentrionais do mundo.

Este "datsan" (termo da Mongólia que designa monas-tério budista de tradição ti-betana de Gelukpa), adorna-do com elementos modernos, foi construído em 1915 por ini-ciativa do próprio Dalai Lama de então. Naquele tempo, o líder espiritual se esforçava para estabelecer relações di-plomáticas com o Império Russo, desejando apoio do tsar contra uma possível expan-são britânica.

Depois da revolução de 1917, por ordem do governo sovié-

Capela de padroeira tem filas de dez horas

O templo tibetano do norte

Se houvesse um ranking das cidades que têm mais lendas urbanas, São Petersburgo sem dúvida ocuparia um dos primeiros lugares.

Pete, como é chamada ca-rinhosamente, é uma espécie de Rio de Janeiro russa, con-siderada a capital do turismo e da cultura no país. Fora dos limites da avenida Niévski, do Hermitage e de outros palá-cios, a Gazeta Russa vai levá--lo aos pontos mais peculia-res da cidade.

MARIA DEGTIARIOVAESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

tico, praticamente todos os templos budistas do país foram destruídos. Este datsan do norte, porém, permaneceu intocado, embora desempe-

nhando funções diferentes da original: foi centro esportivo, emissora da rádio militar e laboratório de zoologia.

"Depois da perestroika o

templo foi devolvido à comu-nidade budista", conta Sayan Lama. Sayan se formou no Instituto Budista da Buriátia, na Sibéria, e mudou-se para São Petersburgo para prati-car seus ensinamentos. “O lugar é agradável, cheio de harmonia", diz.

Sete lamas residem no tem-plo. "Muitos fi éis visitam nosso templo, pedindo para a gente orar pela saúde, formular ho-róscopos astrológicos ou fazer rituais de limpeza. Às vezes, recebemos visitas de alguns lamas do Tibete", afirma Sayan. O líder espiritual do Tibete, considerado o prote-tor ofi cial do templo de São Petersburgo, visitou o local apenas uma vez, em 1987.

Uma São Petersburgo diferente

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