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Gabriela Ribeiro Silva ESTUDO DE ALCALOIDES DOS FRUTOS DE Passiflora alata E DE Passiflora edulis POR SBSE, CLAE-Flu E IDENTIFICAÇÃO POR CLUE-EM. Dissertação apresentada ao Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Química Orgânica e Bioquímica Orientadora: Profa. Dra. Janete Harumi Yariwake São Carlos 2015 Exemplar revisado O exemplar original encontra-se em acervo reservado na Biblioteca do IQSC-USP

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Gabriela Ribeiro Silva

ESTUDO DE ALCALOIDES DOS FRUTOS DE Passiflora alata E DE Passiflora

edulis POR SBSE, CLAE-Flu E IDENTIFICAÇÃO POR CLUE-EM.

Dissertação apresentada ao Instituto de Química

de São Carlos da Universidade de São Paulo

como parte dos requisitos para obtenção do título

de Mestre em Ciências.

Área de concentração: Química Orgânica e Bioquímica

Orientadora: Profa. Dra. Janete Harumi Yariwake

São Carlos

2015

Exemplar revisado

O exemplar original encontra-se em

acervo reservado na Biblioteca do IQSC-USP

Dedico este trabalho aos meus pais,

Ronaldo e Inez, que com tanto esforço,

amor e vontade educaram a mim e

minha irmã, Bárbara. Nos ensinaram o

valor do conhecimento, mas também a

importância da generosidade e do amor.

Obrigada por tudo sempre.

Agradecimentos

À Deus, por tantas bençãos, pela vida, saúde e força, pelas maravilhosas

pessoas que colocou em meu caminho.

Aos meus pais, Ronaldo e Inez, pelo amor, compreensão, apoio e por tantos

ensinamentos, que estiveram sempre ao meu lado, sendo meu apoio e meu porto

seguro.

À minha irmã, Bárbara, pelo amor, amizade, alegrias e responsabilidades que

assumiu tão forte.

Aos meus amigos, Ana Paula, Nati, Ju, Lindo, Dani, pelas conversas, risadas,

carinho, ombro amigo e momentos especiais.

Ao meu amigo e namorado, Vinícius, sempre me incentivando a ver além do

que se vê. E à sua família, que me acolheu como parte dela.

À minha família de sangue e de coração, sempre tão presentes e amorosos.

À professora Janete, pelos ensinamentos, seu auxílio na construção do meu

conhecimento, que como orientadora me concedeu a oportunidade de aprender

tanto, e poder crescer academica e pessoalmente.

Ao Bene, pelos ensinamentos práticos, além de sua companhia, ajuda diária,

generosidade e amizade.

À Renatinha e a Tanare, por toda atenção, preocupação e disponibilidade

quando tive dúvidas e problemas. E também ao Leandro Arriveti, pelo auxílio no LC-

MS, sempre tão solicito.

À CNPq pela bolsa concedida e a FAPESP, Processo 2013/21886-7, pelo

auxilio financeiro.

Ao IQSC pelo suporte acadêmico e por ser minha outra casa desde 2008.

E à todos que direta ou indiretamente estiveram ao meu lado e me ajudaram

nesta caminhada, meu muito obrigada!

“É exatamente disso que a vida é feita, de momentos. Momentos que temos que passar, sendo bons

ou ruins, para o nosso próprio aprendizado. Nunca esquecendo do mais importante: nada nessa vida

é por acaso. Absolutamente nada. Por isso temos que nos preocupar em fazer a nossa parte, da

melhor forma possível. A vida nem sempre segue a nossa vontade, mas ela é perfeita naquilo que

tem que ser.”

Chico Xavier

RESUMO

GABRIELA, R. S. Estudo de alcaloides dos frutos de Passiflora alata e de

Passiflora edulis por SBSE, CLAE-Flu e identificação por CLUE-EM. 2015.

Dissertação (Mestrado) Instituto de Química de São Carlos – Universidade de São

Paulo, São Paulo, 2015.

O maracujá, nome popular atribuído ao fruto das diversas espécies do gênero

Passiflora, da família Passifloraceae, é amplamente comercializado e consumido no

mundo, sendo o Brasil um dos maiores produtores do fruto. Alguns estudos apontam

possível toxicidade relacionada às espécies de Passiflora, principalmente P.

incarnata. No entanto, há pouco conhecimento acerca das espécies P. edulis e P.

alata, sobretudo em relação à polpa e sementes. Os extratos da polpa e das

sementes dos frutos dessas duas espécies de “maracujá”, Passiflora alata e

Passiflora edulis, foram estudados com o objetivo de identificar alcaloides

harmânicos, pelo preparo das amostras por extração por sorção em barra magnética

recoberta com polidimetilsiloxano (SBSE-PDMS) e SBSE recoberta com

polietilenoglicol silicone (SBSE-EG Silicone) e análise por cromatografia líquida de

alta eficiência com detector por fluorescência (CLAE-Flu) e cromatografia líquida de

ultra eficiência acoplada à espectrometria de massas sequencial (CLUE-EM/EM). A

análise dos alcaloides harmana e harmina nos extratos da polpa de P. alata foi feita

por meio do método de adição de padrão e mostrou menor quantidade destes

alcaloides, em comparação com os resultados da análise dos extratos da polpa dos

frutos de P. edulis, no trabalho de Pereira e colaboradores. As análises CLUE-EM e

CLUE-EM/EM possibilitaram a identificação dos alcaloides nos extratos: nas

sementes de P. alata, os alcaloides harmana, harmina, harmol, harmalol e harmalina

foram identificados, enquanto que na polpa, harmana e harmina tiveram a

confirmação da sua presença. Nos extratos da polpa dos frutos de P. edulis

observou-se os alcaloides harmana, harmina e harmalina. E nas sementes de P.

edulis harmina foi encontrada, porém há indícios da presença de harmana. A

literatura sobre as barras de SBSE-EG Silicone Twister® não relata nenhum estudo

relacionado ao seu uso para extração e concentração de alcaloides harmânicos nos

extratos de P. alata e P. edulis. Por isso foi proposto inicialmente a aplicação do

planejamento fatorial fracionário para otimização do método de extração, utilizando

os padrões comerciais dos alcaloides harmana e harmina. O planejamento

experimental revelou as variáveis principais e seus níveis de importância, e a partir

destes resultados foi realizado o estudo cinético dos tempos de extração e de

dessorção das barras de SBSE-EG Silicone. Porém, os resultados mostraram que

as barras de SBSE-EG Silicone não são adequadas para a extração dos alcaloides

harmana e harmina, uma vez que a recuperação obtida foi baixa, na ordem de 30%.

Palavras-chave: Passiflora alata, Passiflora edulis, alcaloides harmânicos,

SBSE/CLAE-Flu, CLUE-EM/EM.

ABSTRACT

GABRIELA, R. S. Alkaloids studies from Passiflora alata and Passiflora edulis

fruits analyzed by SBSE, CLAE-Flu, and identified by CLUE-EM. 2015. (Master of

Science) Instituto de Química de São Carlos – Universidade de São Paulo, São

Paulo, 2015.

“Maracujá” is the popular name given to the fruit of several species of Passiflora

genus, from Passifloraceae family, it is widely commercialized and consumed around

the world, and Brazil is one of the largest producers of this fruit. Some studies

pointed out the possible toxicity related to Passiflora species, mainly P. incarnata.

Although, there is a lack of knowledge about the P. edulis and P. alata species,

especially with regards to the pulp and seeds. The extracts of pulp and seeds from

the “maracujá” species Passiflora alata and Passiflora edulis, were studied in order to

identify harman alkaloids. The samples were prepared by extraction with sorptive stir

bar coated with polydimethylsiloxane (SBSE-PDMS) and SBSE coated with

polyethylene glycol silicon (SBSE-EG Silicone). The samples were analyzed by high

performance liquid chromatography with fluorescence detector (HPLC-Flu), and ultra-

high pressure liquid chromatography coupled to tandem mass spectrometry (UHPLC-

MS/MS). Harmane and harmine alkaloids in P. alata pulp extracts were analyzed

using the standard addition method and the results showed a lower amount of these

alkaloids, compared with the test results for the extracts from the P. edulis pulp in the

work of Pereira et al. UHPLC-MS and UHPLC-MS/MS analysis enabled to identify

the alkaloids amount present in the extracts. In the P. alata seeds extract the

following alkaloids were identified harmane, harmine, harmol, harmalol and

harmaline, while in the pulp extract, harmane and harmine were confirmed. In the

extracts of P. edulis pulp the alkaloids identified were harmane, harmine and

harmaline. And in the P. edulis seeds extract the harmine alkaloid was found, some

indications of the presence of harmana were observed. The literature about SBSE-

EG Silicone Twister® bars reports no study related to their use for extraction and

concentration of harman alkaloids in P. alata and P. edulis. Thus, it was initially

proposed the application of fractional factorial design to optimize the extraction

method using commercial standards of harmane and harmine alkaloids. The

experimental design revealed the main variables and their importance levels, and

from these results kinetic studies were performed for the extraction and desorption

times of SBSE-EG Silicone bars. However, the results showed SBSE-EG Silicone

bars are not suitable for the extraction of harmane and harmine alkaloids, since the

recovery obtained was low, on the order of 30%.

Keywords: Passiflora alata, Passiflora edulis, harman alkaloids, SBSE/HPLC-Flu,

UHPLC-MS/MS.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - IMAGENS DOS FRUTOS DE (A) P EDULIS (MARACUJÁ AZEDO) E (B) P.ALATA

(MARACUJÁ DOCE). ................................................................................................ 19

FIGURA 2 - ESTRUTURA DOS ALCALOIDES HARMÂNICOS: (A) HARMANA (B) HARMINA (C)

HARMALINA (D) HARMALOL E (E) HARMOL. .............................................................. 21

FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DO MÉTODO DE EXTRAÇÃO POR SORÇÃO, UTILIZANDO BARRAS

MAGNÉTICAS RECOBERTAS COM POLIDIMETILSILOXANO (PDMS) (A) E OS PROCESSOS

DE DESSORÇÃO LÍQUIDA (B). ................................................................................... 22

FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UMA BARRA COMERCIAL PARA SBSE DE (A)

PDMS E (B) .......................................................................................................... 25

FIGURA 5 - BARRA DE EXTRAÇÃO DE EG-SILICONE TWISTER®”. ...................................... 26

FIGURA 6 - ILUSTRAÇÃO DE UM SISTEMA ON-LINE CLAE-EM, COM A SEQUÊNCIA DE

ELEMENTOS. ......................................................................................................... 29

FIGURA 7 - CURVA DA EQUAÇÃO DE VAN DEEMTER, PARA PARTÍCULAS DE 10, 5, 3 E ≤ 2µM.

............................................................................................................................ 31

FIGURA 8 - FLUXOGRAMA DO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE DETECÇÃO DE

ESPECTROMETRIA DE MASSAS. ............................................................................... 33

FIGURA 9 - PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS GOTÍCULAS DE ANALITO E SOLVENTE, E COMO

SÃO CONDUZIDAS PELO CAMPO ELÉTRICO APLICADO. ................................................ 35

FIGURA 10 - INTERFACE DO PROCESSO DE ELETRONEBULIZAÇÃO DOS ANALITOS, ENTRE A

SAÍDA DO SISTEMA CROMATOGRÁFICO E A INJEÇÃO NO ESPECTRÔMETRO DE MASSAS. . 36

FIGURA 11 - REPRESENTAÇÃO DE UM ESPECTÔMETRO DE MASSAS, PARA MOSTRAR O

MODELO DE ANALISADOR DO TIPO QUADRUPOLO. ..................................................... 38

FIGURA 12 - REPRESENTAÇÃO DO ANALISADOR DE MASSAS ORBITRAP, COM SEU ELETRODO

EXTERNO (A) E O ELETRODO CENTRAL (B), ONDE, R E Z CORRESPONDEM ÀS

COORDENADAS CILÍNDRICAS. .................................................................................. 39

FIGURA 13 - ESQUEMA DO ANALISADOR ORBITRAP. ........................................................ 40

FIGURA 14 - CROMATOGRAMAS DO EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA OBTIDOS POR

SBSE/CLAE-FLU DUAL: (A) DETECÇÃO NO COMPRIMENTO DE ONDA ESPECÍFICO PARA

O ALCALOIDE HARMANA E (B) DETECÇÃO NO COMPRIMENTO DE ONDA ESPECÍFICO PARA

HARMINA. .............................................................................................................. 49

FIGURA 15 - COMPARAÇÃO DOS CROMATOGRAMAS DO EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA COM

(A) PADRÃO DE HARMANA 20 µG L-1 E (B) PADRÃO DE HARMINA 20 µG L-1, OBTIDOS POR

CLAE-FLU (ΛEXCITAÇÃO = 254 NM E ΛEMISSÃO = 425 NM PARA HARMANA E ΛEXCITAÇÃO = 254

NM E ΛEMISSÃO = 410 NM PARA HARMINA. ................................................................... 51

FIGURA 16 - COMPARAÇÃO DOS ESPECTROS DE FLUORESCÊNCIA DOS PICOS

CROMATOGRÁFICOS DOS ALCALOIDES (A) HARMINA (ΛEMISSÃO = 410 NM) E (B) HARMANA

(ΛEMISSÃO = 425 NM) PRESENTES NO EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA, IDENTIFICADOS

POR SBSE/CLAE-FLU DUAL, E OS ESPECTROS DE FLUORESCÊNCIA DOS PICOS

CROMATOGRÁFICOS OBTIDOS PELA ANÁLISE CLAE-FLU DAS SOLUÇÕES DE PADRÕES

COMERCIAIS DE (C) HARMINA E (D) HARMANA. .......................................................... 52

FIGURA 17 - CURVAS ANALÍTICAS OBTIDAS PELO MÉTODO SBSE/CLAE-FLU POR ADIÇÃO DE

PADRÃO PARA QUANTIFICAÇÃO DE (A) HARMANA E (B) HARMINA NOS EXTRATOS DA

POLPA DE P ALATA. ................................................................................................ 53

FIGURA 18 - (A) CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL E (B) ESPECTRO CLUE-EM, IONIZAÇÃO

ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: ÍON [M+H]+ = 183 DO PADRÃO HARMANA, TR = 2,05 MIN

(SOLUÇÃO 100 MG L-1). ......................................................................................... 56

FIGURA 19 - ESPECTRO CLUE-EM/EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: ÍON

[M+H]+ = 183, TR = 2,05 MIN, DO ALCALOIDE HARMANA. ........................................... 57

FIGURA 20 - (A) CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL E (B) ESPECTRO CLUE-EM, IONIZAÇÃO

ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: ÍON [M+H]+ = 213 DO PADRÃO HARMINA, TR = 2,65 MIN

(SOLUÇÃO 100 MGL-1). .......................................................................................... 58

FIGURA 21 - ESPECTRO CLUE-EM/EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: ÍON

[M+H]+ = 213, TR = 2,65 MIN, ALCALOIDE HARMINA. ................................................. 59

FIGURA 22 - CAMINHO DE FRAGMENTAÇÃO DO ÍON MOLECULAR DO ALCALOIDE HARMINA. .. 60

FIGURA 23 - (A) CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL E (B) ESPECTRO CLUE-EM, IONIZAÇÃO

ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: ÍON [M+H]+ = 199 DO PADRÃO HARMOL, TR = 1,81 MIN

(SOLUÇÃO 100 MG L-1). ......................................................................................... 61

FIGURA 24 - ESPECTRO CLUE-EM/EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO:

FRAGMENTAÇÃO DO [M+H]+ DO ALCALOIDE HARMOL. ............................................... 62

FIGURA 25 - CAMINHO DE FRAGMENTAÇÃO DO ÍON MOLECULAR DO ALCALOIDE HARMOL. ... 62

FIGURA 26 - (A) CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL E (B) ESPECTRO CLUE-EM, IONIZAÇÃO

ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: ÍON [M+H]+ = 201 DO PADRÃO HARMALOL, TR = 1,60

MIN (SOLUÇÃO 100 MG L-1)..................................................................................... 63

FIGURA 27 - ESPECTRO CLUE-EM/EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO:

FRAGMENTAÇÃO DO [M+H]+ DO ALCALOIDE HARMALOL. ............................................ 64

FIGURA 28 - CAMINHOS DE FRAGMENTAÇÃO DO ÍON MOLECULAR DO ALCALOIDE HARMALOL.

............................................................................................................................ 65

FIGURA 29 - (A) CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL E (B) ESPECTRO CLUE-EM, IONIZAÇÃO

ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: ÍON [M+H]+ = 215 DO PADRÃO HARMALINA, TR = 2,44

MIN (SOLUÇÃO 100 MG L-1)..................................................................................... 66

FIGURA 30 - ESPECTRO CLUE-EM/EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO:

FRAGMENTAÇÃO DO [M+H]+ DO ALCALOIDE HARMALINA. ........................................... 67

FIGURA 31 - CAMINHO DE FRAGMENTAÇÃO DO ÍON MOLECULAR DO ALCALOIDE HARMALINA.

............................................................................................................................ 67

FIGURA 32 - CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL DO BRANCO (METANOL), OBTIDO POR CLUE-

EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO. ...................................................... 69

FIGURA 33 - ESPECTRO CLUE-EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO, DO BRANCO

(METANOL). ........................................................................................................... 69

FIGURA 34 - CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL (TIC) DO EXTRATO TOTAL DA POLPA DE P.

ALATA, OBTIDO POR CLUE-EM, IONIZAÇÃO POR ELETROSPRAY, NO MODO POSITIVO. (A)

CROMATOGRAMA DO ÍON MOLECULAR (TIC) E CROMATOGRAMA DO ÍON EXTRAÍDO (B)

M/Z 183, (C) M/Z 199, (D) M/Z 201, (E) M/Z 213 E (F) M/Z 215. ................................ 70

FIGURA 35 - ESPECTRO CLUE-EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: DOS PICOS

DO ÍONS (A) M/Z 183, (B) M/Z 199 E (C) M/Z 201, PRESENTES NOS CROMATOGRAMAS

DOS ÍONS EXTRAÍDOS DO EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA FIGURA 34. ....................... 71

FIGURA 36 - CROMATOGRAMAS OBTIDOS ATRAVÉS DAS ANÁLISES REALIZADAS POR CLUE-

EM/EM DO PADRÃO DE HARMANA E DO EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA. (A) SOLUÇÃO

PADRÃO DE HARMANA M/Z 183, TR = 2,05 MIN E (B) EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA. . 72

FIGURA 37 - ESPECTROS DE MASSAS DA ANÁLISE CLUE-EM/EM DO ÍON [M+H]+ DE M/Z

183, TR = 2,05 MIN: (A) DO PADRÃO COMERCIAL DE HARMANA E (B) EXTRATO DA POLPA

DE P. ALATA. ......................................................................................................... 73

FIGURA 38 - CROMATOGRAMAS OBTIDOS ATRAVÉS DAS ANÁLISES REALIZADAS POR CLUE-

EM/EM DO PADRÃO DE HARMINA E DO EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA. (A) SOLUÇÃO

PADRÃO DE HARMINA M/Z 213, TR = 2,83 MIN E (B) EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA. .. 74

FIGURA 39 - ESPECTROS DE MASSAS DA ANÁLISE CLUE-EM/EM DO ÍON [M+H]+ DE M/Z

213, TR = 2,85 MIN: (A) DO PADRÃO COMERCIAL DE HARMINA E (B) EXTRATO DA POLPA

DE P. ALATA. ......................................................................................................... 75

FIGURA 40 - CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL (A) DO EXTRATO DAS SEMENTES DE P. ALATA,

OBTIDO POR CLUE-EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO. CROMATOGRAMA

DO ÍON EXTRAÍDO (B) M/Z 183, (C) M/Z 199, (D) M/Z 201, (E) M/Z 213 E (F) M/Z 215. . 76

FIGURA 41 - ESPECTROS CLUE-EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO: DOS PICOS

DOS ÍONS [M+H]+ (A) M/Z 183 (TR = 2,03 MIN), (B) M/Z 199 (TR = 1,68 MIN), (C) M/Z

201 (TR = 1,38 MIN), (D) M/Z 213 (TR = 2,80 MIN) E (E) M/Z 215 (TR = 2,54 MIN),

PRESENTES NOS CROMATOGRAMAS DOS ÍONS EXTRAÍDOS DO EXTRATO DAS SEMENTES

DE P. ALATA. ......................................................................................................... 77

FIGURA 42 - CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL (A) DO EXTRATO DAS SEMENTES DE P. EDULIS,

OBTIDO POR CLUE-EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO. CROMATOGRAMA

DO ÍON EXTRAÍDO (B) M/Z 183, (C) M/Z 199, (D) M/Z 201, (E) M/Z 213 E (F) M/Z 215. . 79

FIGURA 43 - CROMATOGRAMA DO ÍON TOTAL (A) DO EXTRATO DA POLPA DE P. EDULIS,

OBTIDO POR CLUE-EM, IONIZAÇÃO ELETROSPRAY, MODO POSITIVO. CROMATOGRAMA

DO ÍON EXTRAÍDO (B) M/Z 183, (C) M/Z 199, (D) M/Z 201, (E) M/Z 213 E (F) M/Z 215. . 80

FIGURA 44 - CROMATOGRAMAS OBTIDOS ATRAVÉS DAS ANÁLISES REALIZADAS POR CLUE-

EM/EM DO PADRÃO DE HARMALINA M/Z 215 (TR = 2,60 MIN) E DO EXTRATO DA POLPA

DE P. EDULIS (A) PADRÃO DE HARMALINA, (B) EXTRATO DA POLPA DE P. EDULIS E (C)

EXTRATO DAS SEMENTES DE P. EDULIS.................................................................... 81

FIGURA 45 - ESPECTROS DE MASSAS DA ANÁLISE CLUE-EM/EM DO ÍON [M+H]+ DE M/Z

215, TR = 2,60 MIN: (A) DO PADRÃO COMERCIAL DE HARMALINA E (B) EXTRATO DA

POLPA DE P. EDULIS. ............................................................................................. 82

FIGURA 46 - CROMATOGRAMAS OBTIDOS ATRAVÉS DAS ANÁLISES REALIZADAS POR CLUE-

EM/EM DO PADRÃO DE HARMINA M/Z 213 (TR = 2,85 MIN) E DO EXTRATO DA POLPA DE

P. EDULIS: (A) PADRÃO DE HARMINA (B) EXTRATO DAS SEMENTES DE P. EDULIS E (C)

EXTRATO DA POLPA DE P. EDULIS. .......................................................................... 83

FIGURA 47 - ESPECTROS DE MASSAS DA ANÁLISE CLUE-EM/EM DO ÍON [M+H]+ DE M/Z

213, TR = 2,85 MIN: (A) PADRÃO COMERCIAL DE HARMINA, (B) EXTRATO DA POLPA DE P.

EDULIS E (C) EXTRATO DAS SEMENTES DE P. EDULIS. ............................................... 84

FIGURA 48 - CROMATOGRAMAS OBTIDOS ATRAVÉS DAS ANÁLISES REALIZADAS POR CLUE-

EM/EM DO PADRÃO DE HARMANA M/Z 183 (TR = 2,09 MIN) E DO EXTRATO DA POLPA DE

P. EDULIS: (A) PADRÃO DE HARMANA (B) EXTRATO DA POLPA DE P. EDULIS, (C)

EXTRATO DAS SEMENTES DE P. EDULIS E (D) EXTRATO DA POLPA DE P. ALATA. .......... 85

FIGURA 49 - ESPECTROS DE MASSAS DA ANÁLISE CLUE-EM/EM DO ÍON [M+H]+ DE M/Z

183, TR = 2,05 MIN: (A) PADRÃO COMERCIAL DE HARMANA, (B) EXTRATO DA POLPA DE

P. EDULIS E (C) EXTRATO DAS SEMENTES DE P. EDULIS E (D) EXTRATO DA POLPA DE P.

ALATA. .................................................................................................................. 86

FIGURA 50 - GRÁFICOS DE PARETO PARA VISUALIZAÇÃO DOS EFEITOS DAS VARIÁVEIS

QUÍMICAS (% MEOH, PH, TEMPO DE EXTRAÇÃO (TEXTR), NACL E TEMPO DE

DESSORÇÃO (TDESS)) SOBRE A EXTRAÇÃO POR SBSE-EG SILICONE, PARA OS

ALCALOIDES (A) HARMANA E (B) HARMINA. ............................................................... 89

FIGURA 51 - GRÁFICOS DOS EFEITOS PRINCIPAIS PARA VISUALIZAÇÃO DA INFLUÊNCIA DOS

NÍVEIS DAS VARIÁVEIS QUÍMICAS (% MEOH, PH, TEMPO DE EXTRAÇÃO (TEXTRAÇ),

NACL E TEMPO DE DESSORÇÃO (TDESSOR)) SOBRE A EXTRAÇÃO POR SBSE-EG

SILICONE, PARA OS ALCALOIDES (A) HARMANA E (B) HARMINA. ................................... 90

FIGURA 52 – FORMAS IÔNICAS E MOLECULAR DO ALCALOIDE HARMANA EM SOLUÇÃO

AQUOSA. ............................................................................................................... 91

FIGURA 53 – FORMAS IÔNICAS E MOLECULAR DO ALCALOIDE HARMINA EM SOLUÇÃO AQUOSA.

............................................................................................................................ 91

FIGURA 54 - GRÁFICOS DA VARIAÇÃO DA ÁREA DO PICO CROMATOGRÁFICO DOS ALCALOIDES

(A) HARMINA E (B) HARMANA EXTRAÍDOS POR SBSE-EG SILICONE, EM FUNÇÃO DOS

DIFERENTES TEMPOS DE EXTRAÇÃO SOB AGITAÇÃO. ................................................. 93

FIGURA 55 - GRÁFICOS DA VARIAÇÃO DA ÁREA DO PICO CROMATOGRÁFICO DOS ALCALOIDES

(A) HARMINA E (B) HARMANA NA EXTRAÇÃO SBSE-EG SILICONE, EM FUNÇÃO DOS

DIFERENTES TEMPOS DE DESSORÇÃO NO ULTRASSOM. ............................................. 94

FIGURA 56 - CURVA DA PORCENTAGEM DE RECUPERAÇÃO DO ALCALOIDE HARMANA EM

FUNÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DA SOLUÇÃO DE EXTRAÇÃO, POR SBSE COM BARRAS

MAGNÉTICAS EG-SILICONE. ................................................................................... 96

FIGURA 57 - CURVA DA PORCENTAGEM DE RECUPERAÇÃO DO ALCALOIDE HARMINA EM

FUNÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DA SOLUÇÃO DE EXTRAÇÃO, POR SBSE-EG SILICONE.

............................................................................................................................ 97

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PROCEDIMENTO DE EXTRAÇÃO DOS ALCALOIDES HARMÂNICOS HARMANA E

HARMINA A PARTIR DA POLPA DE P. EDULIS E P. ALATA. ............................................ 43 TABELA 2 - PROCEDIMENTO DE EXTRAÇÃO DOS ALCALOIDES HARMÂNICOS HARMANA E

HARMINA A PARTIR DAS SEMENTES SECAS DE P. EDULIS E P. ALATA........................... 43 TABELA 3 - NÍVEIS E FATORES AVALIADOS NO PLANEJAMENTO FATORIAL 25-1. ................... 44 TABELA 4 - MATRIZ DE EXPERIMENTOS (FATORES E SEUS RESPECTIVOS NÍVEIS) DO

PLANEJAMENTO FATORIAL FRACIONÁRIO 25-1. ........................................................... 45 TABELA 5 - CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS DE ANÁLISE DOS ALCALOIDES HARMÂNICOS EM

CLAE-FLU. .......................................................................................................... 46 TABELA 6 - DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA POR CLAE-FLU DOS ALCALOIDES EM POLPA DE

P. ALATA. .............................................................................................................. 54 TABELA 7 - ALCALOIDES HARMÂNICOS ESTUDADOS, SEUS RESPECTIVOS TEMPO DE

RETENÇÃO, ÍON MOLECULAR E ÍONS FILHOS. ............................................................ 55 TABELA 8 - AVALIAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DOS ALCALOIDES HARMÂNICOS NOS EXTRATOS DA

POLPA E DAS SEMENTES DE P. ALATA E P. EDULIS. ................................................... 87

LISTA DE ABREVIATURAS

[M+H]+ - íon molecular protonado

APCI – atmospheric pressure chemical ionization (Ionização Química à Pressão

Atmosférica)

CG – Cromatografia Gasosa

CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência; em inglês HPLC – High Pressure

Liquid Chromatography

CLAE-EM – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à Espectrometria de

Massas

CLAE-Flu – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Detector de

Fluorescência

CLUE – Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência; em inglês UHPLC – Ultra High

Pressure Liquid Chromatography

CLUE-EM – Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada à Espectrometria de

Massas

Da – Daltons

EFS – extração em fase sólida

EG-Silicone – silicone modificado com etileno glicol

ELL – extração líquido-líquido

ESI – electrospray ionization (Ionização por Eletronebulização)

FE – fase estacionária

FM – fase móvel

H – altura de prato

KOW – coeficiente de partição em octanol/água

KPDMS/água – coeficiente de partição em PDMS e água

LD – liquid desorption (Dessorção Líquida)

m/z – relação massa carga

ODS – Octadecil silano

PAHs – Polycyclic aromatic hydrocarbon (Hidrocarbonetos Policíclicos aromáticos)

PDA – Photodiode Array (Arranjo de diodos)

PDMS – polidimetilsiloxano

SBSE – stir bar sorptive extraction (Extração Sortiva em Barra de Agitação)

SPME – solid phase micro extraction (Microextração por Fase Sólida)

TD – thermal desorption (Dessorção Térmica)

UV-Vis – Ultravioleta visível

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................17

1.1 Análise Fitoquímica: Importância e Aplicações ............................................................. 17

1. 2 Passiflora ................................................................................................................................. 18

1. 2. 1. Alcaloides harmânicos .................................................................................................. 20

1. 3 Stir Bar Sorption Extraction – SBSE .................................................................................... 21

1. 3. 1 Otimização do Método de Extração por SBSE .......................................................... 27

1. 4 Técnicas Cromatográficas de Análise ................................................................................. 28

1. 4. 1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ................................................................... 28

1. 4. 2 Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada à Espectrometria de Massas

....................................................................................................................................................... 32

2 OBJETIVOS .......................................................................................41

3 PARTE EXPERIMENTAL ..................................................................41

3. 1. Material Vegetal ..................................................................................................................... 41

3. 2 Extração dos analitos do material vegetal .......................................................................... 42

3. 2. 1 Materiais utilizados: ........................................................................................................ 42

3. 2. 2 Procedimento de extração: ........................................................................................... 42

3. 2. 2. 1 SBSE – PDMS........................................................................................................ 42

3. 2. 2. 2 Desenvolvimento SBSE – EG Silicone ............................................................... 44

3. 3 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector de Fluorescência46

3. 3. 1 Análise quantitativa dos alcaloides em P. alata ........................................................ 46

3. 4 Análise por Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada a Espectrometria de

Massas ............................................................................................................................................. 47

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................48

4. 1 Análise quantitativa dos alcaloides em polpa de P. alata ................................................ 48

4. 2 Análise por Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada à Espectrometria de

Massas ............................................................................................................................................. 55

4. 2. 1 Análise dos extratos de Passiflora alata e Passiflora edulis ................................... 68

4. 2. 1. 1 Análise dos extratos de Passiflora alata ............................................................ 70

4. 2. 1. 2 Análise dos extratos de Passiflora edulis ........................................................... 79

4. 3 Extração de alcaloides harmânicos por SBSE-EG Silicone. ........................................... 88

5 CONCLUSÕES ..................................................................................98

REFERÊNCIAS .....................................................................................99

17

1 INTRODUÇÃO

1.1 Análise Fitoquímica: Importância e Aplicações

A biodiversidade tem oferecido aos seres humanos saúde e bem estar, por

oferecer elementos essenciais para a vida. A profusão de componentes genéticos e

bioquímicos presentes nos vegetais têm sido aproveitados na garantia de fonte de

alimentos e medicamentos (SHARMA et al., 2013).

A fitoquímica, tem grande importância na identificação dos compostos

químicos presentes nas estruturas dos vegetais. Compostos fitoquímicos são

moléculas produzidas pelos tecidos das plantas, durante o metabolismo primário ou

secundário, e estão associados ao mecanismo de proteção contra insetos, doenças,

radiação ultravioleta, contaminantes ambientais e ameaças que estes organismos

possam sofrer. Os metabólitos das plantas também apresentam características de

proteção para os consumidores humanos, por exemplo os flavonoides que possuem

atividade antioxidante (HAJNOS; SHERMA, 2011).

A área de aplicação mais importante dos métodos de investigação

fitoquímicos é a farmacognosia, campo de estudos de medicamentos derivados de

fontes naturais. Embora a maioria dos estudos estejam direcionados às plantas,

outros tipos de organismos também são de interesse, principalmente

microrganismos. A farmacognosia tem seus estudos divididos em: etnobotânica, que

estuda as plantas tradicionalmente utilizadas para tratamentos medicamentosos;

etnofarmacologia, que estuda as propriedades farmacológicas de substâncias

medicinais; fitoterapia, que estuda o uso medicinal de extratos vegetais; e

fitoquímica, que estuda os compostos químicos obtidos das plantas (HAJNOS;

SHERMA, 2011).

As plantas têm sido extensivamente estudadas, como fonte de substâncias

com propriedades medicinais, pela produção de moléculas bioativas, na grande

maioria envolvidas no sistema de defesa química contra predadores e infecções

(RIPA et al., 2009). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, ou WHO,

sigla em inglês), as plantas medicinais são a matriz para obtenção de uma variedade

de medicamentos (YADAV et al., 2011).

Os compostos fitoquímicos responsáveis por ação fisiológica específica no

organismo humano, são produzidos no organismo vegetal pelo metabolismo primário

e, mais comumente, secundário. Estes compostos estão associados a grande

18

variedade de terapias, humanas e veterinárias, à agricultura e pesquisas científicas.

Alguns destes compostos biologicamente ativos são taninos, alcaloides,

carboidratos, terpenoides, esteroides e flavonoides. Os compostos encontrados nas

raízes, sementes, frutos, folhas, flores, galhos, hastes, dentre outras partes das

plantas, são utilizados como princípio ativo nos medicamentos fitoterápicos há

muitos anos. Assim, o conhecimento da estrutura e função destas substâncias é de

grande valor para a síntese de produtos químicos mais complexos e mais efetivos

(YADAV et al., 2011).

Os extratos de plantas medicinais constituem-se de uma mistura complexa de

substâncias fitoquímicas, em que suas características diferem consideravelmente

entre as diferentes espécies. Até mesmo os extratos de uma mesma planta podem

diferir em sua composição de acordo com as condições climáticas durante o

crescimento, a origem, o processo de desidratação, entre outros fatores (YANG et

al., 2009).

Muitos medicamentos, provenientes de plantas, são utilizados e preferidos por

sua alta efetividade e baixa toxicidade, e estão presentes em produtos comerciais.

Materiais vegetais são obtidos de fontes naturais e cultivados para utilização como

fontes de substâncias medicinais, utilizados na indústria farmacêutica. Devido a

esses fatores há uma necessidade crescente do controle de pureza do material

vegetal, e pesquisas complementares para identificação e determinação da

composição química destes vegetais, para a obtenção do efeito terapêutico

desejado (HAJNOS; SHERMA, 2011).

1. 2 Passiflora

O gênero Passiflora compreende aproximadamente 500 espécies de plantas

da família Passifloraceae e é o de maior importância, com um maior número de

espécies cultivadas e consumidas. Encontradas na área que corresponde à América

Latina, principalmente América do Sul, as plantas são conhecidas como maracujá, e

em inglês denominadas “passion fruit” ou “passion flower” (ZUCOLOTTO et al.,

2012). Existem inúmeras formas de consumo do “maracujá”, onde a polpa do seu

fruto pode ser utilizada na produção de sucos e chás, e suas folhas têm aplicação na

produção de medicamentos.

Dentre todas as espécies conhecidas desse gênero, apenas 30 são descritas

como próprias para o consumo, e as mais comumente cultivadas e comercializadas

19

são o maracujá-azedo ou amarelo (Figura 1 a) (Passiflora edulis Sims, f. flavicarpa

Degener) e o maracujá-doce (Figura 1 b) (Passiflora alata Dryander). O Brasil é o

maior produtor de maracujá do mundo, com uma distribuição geográfica

principalmente localizada no Centro-Norte, e as principais formas de ingestão deste

fruto são por meio de chás, sucos e preparações alimentícias. Na Farmacopéia

Brasileira há relatos acerca das propriedades ansiolíticas atribuídas às folhas de P.

alata. Entretanto, estudos apontam possível toxicidade relacionada às espécies de

Passiflora, principalmente P. incarnata. Contudo, pouco conhecimento se tem das

espécies P. edulis e P. alata, sobretudo em relação à polpa e sementes (PEREIRA

et al., 2012).

A medicina popular usa, desde muito tempo, as folhas de várias espécies de

Passiflora como medicamento ansiolítico, sedativo e tranquilizante. Mesmo

possuindo registros na Farmacopéia Brasileira, como é o caso das folhas de

Passiflora alata Curtis, existem poucos estudos no que se refere à química dos

compostos ativos, tornando difícil a padronização do uso deste material vegetal para

produção de medicamentos. Experimentos in vivo foram realizados com o objetivo

de definir precisamente a atividade farmacológica relacionada às espécies de

Passiflora; contudo, seus efeitos não puderam ser atribuídos a somente um

composto, tendo sido apresentados dados que os conferem aos alcaloides e

flavonoides presentes em sua matriz (MACHADO et al., 2010).

Apesar do extensivo consumo, faltam informações acerca das reais

aplicações medicinais que apresentam. Os diversos estudos apontam que os

compostos majoritários destas espécies são alcaloides, flavonoides, glicosídeos,

(a) (b)

Figura 1 - Imagens dos frutos de (a) P edulis (maracujá azedo) e (b) P.alata (maracujá doce).

20

fenóis, além de compostos voláteis (DHAWAN et al., 2004). Os extratos das

espécies P. incarnata, P. edulis e P. alata têm sido os de maior interesse e alvo de

pesquisas, que revelaram a presença de flavonoides C-glicosídicos, saponinas e

alcaloides. Sendo as duas primeiras espécies as que possuem maior número de

informações sobre sua constituição fitoquímica (ZUCOLOTTO et al., 2012).

1. 2. 1. Alcaloides harmânicos

A atividade antioxidante, correlacionada aos flavonoides, dos frutos de

maracujá já foi objeto de pesquisa de vários trabalhos. Contudo, poucos

apresentaram a relação dos seus constituintes com o efeito ansiolítico do suco de

maracujá, sendo atribuído à presença de pequenas quantidades dos alcaloides

harmânicos. Estes alcaloides são do tipo indólico, caracterizados como o segundo

maior grupo de alcaloides conhecidos (ZERAIK et al., 2010).

Encontrados em extratos de Passiflora, os alcaloides harmânicos são um

grupo de alcaloides β-carbolínicos presentes em diversas famílias de plantas e, em

menor concentração, em alimentos cozidos. Inúmeras atividades farmacológicas têm

sido atribuídas a estes alcaloides, o que os torna alvo de intensa pesquisa

(ABOURASHED et al., 2003).

Em Passiflora edulis, foram identificados os alcaloides: harmana, harmina,

harmalina e harmalol (Figura 2), e a maior concentração apresenta-se nas folhas da

planta (DHAWAN et al., 2004). Estudos apontam que a harmina (Figura 2b) é o

principal constituinte da classe dos alcaloides harmânicos que apresenta efeitos

farmacológicos (ONISHI et al., 2012).

Os alcaloides harmânicos estão descritos como constituintes em diversos

tipos de alimentos de fonte vegetal, sendo encontrados também em carnes muito

cozidas e substâncias provenientes de fumaças de queima de vegetais, além de

possuir atividade psicotrópica - podem interagir de forma irreversível com as

enzimas monoamina oxidase A e inibição da enzima acetilcolinesterase -,

apresentam ação antitumoral, efeitos analgésicos, atividade vasorrelaxante e

antimicrobiana. Alguns estudos, ainda, relatam que os alcaloides β-carbolínicos

atuam como substâncias co-mutagênicas na presença de aminas aromáticas, por

exemplo, anilina e toluidina (ZHAO et al., 2012; ONISHI et al., 2012).

21

As espécies de maracujá P. edulis e P. alata apresentam os alcaloides

harmânicos e devido à sua atividade inibidora sobre as enzimas monoamina

oxidases, têm sido considerados como as principais substâncias bioativas presentes

nas espécies de Passiflora (DHAWAN et al., 2004).

1. 3 Stir Bar Sorption Extraction – SBSE

Anteriormente à análise e detecção dos compostos orgânicos presentes em

amostras alimentares e vegetais, é necessária uma etapa de extração. A técnica de

preparação da amostra, composta pela extração, “clean up” e concentração de

analitos, reduz os efeitos de matriz, que podem influenciar na exatidão, precisão e

robustez do método bioanalítico (WU et al., 2013). A partir de matrizes aquosas de

alimentos, o processo de extração pode ser realizado por meio de técnicas

tradicionais como extração líquido-líquido (ELL) e extração em fase sólida (EFS), as

quais demandam, principalmente a primeira, o uso de grandes quantidades de

solvente, uma quantidade relativamente grande de amostra, e ainda pode ser

necessária a realização de uma etapa de “clean up” (ZUIN et al., 2005).

O tipo de extração que se deseja realizar é o critério mais importante na

comparação e seleção da técnica de extração. O processo de extração pode ser

baseado no equilíbrio entre líquido-gás, extração dinâmica líquido-gás, partição ou

adsorção líquido-líquido, e extração por sorção. Esta última tem sido vista como uma

alternativa ecologicamente favorável, principalmente à extração líquido-líquido. Na

extração por sorção os analitos da fase líquida ou gasosa entram na matriz de uma

fase líquida imiscível (fase extratora), ao invés de se aderirem a um sítio específico

ou à superfície do adsorvente (DAVIS et al., 2007).

(a) (b) (c)

(d) (e)

Figura 2 - Estrutura dos alcaloides harmânicos: (a) Harmana (b) Harmina (c) Harmalina (d) Harmalol e (e) Harmol.

22

O cenário atual, dentro das análises químicas, busca à simplificação,

miniaturização, fácil manipulação dos aparelhos analíticos, redução ou extinção do

uso de solventes orgânicos, além de baixos volumes de amostra, de acordo com os

princípios da “química verde” (NOGUEIRA, 2012). Assim, novas técnicas para

preparação de amostras têm se tornado um dos enfoques da química analítica,

oferecendo a possibilidade de automação, seletividade, boa eficiência e rapidez.

Além de serem consideradas “limpas” ou “ambientalmente corretas”, deseja-se que

tenham custo reduzido, fácil manipulação e utilizem pouco ou nenhum solvente

(VIÑAS et al., 2008).

Um exemplo desse tipo de técnica é a microextração em fase sólida, SPME

(solid phase micro extraction), que promove a concentração de compostos voláteis

ou não voláteis em amostras líquidas simplesmente por imersão direta ou

“headspace”. Outra técnica, que utiliza pouquíssima quantidade de solvente para a

extração de compostos orgânicos, é conhecida como extração por sorção em barra

magnética, SBSE (stir bar sorptive extraction). Constitui-se de uma barra magnética

recoberta por um polímero, em resumo (VIÑAS et al., 2008). A SBSE é considerada

uma técnica “verde” de preparação de amostra, pois sua aplicação é capaz de

eliminar ou reduzir a utilização de solventes, por dessorção térmica e dessorção

líquida, respectivamente (PLOTKA et al., 2013). A figura 3 mostra como ocorre o

processo de sorção dos analitos de interesse durante a etapa de extração (a),

seguida pela etapa de dessorção líquida (b).

Figura 3 - Representação do método de extração por sorção, utilizando barras magnéticas recobertas com polidimetilsiloxano (PDMS) (a) e o processo de dessorção líquida (b).

(Fonte: Adaptado de RODRIGUEZ et al., 2013).

Na SBSE, o líquido imiscível no qual os analitos se difundem é conhecido

como fase extratora. O material mais amplamente utilizado nesta função é o

polidimetilsiloxano (PDMS), que também tem grande aplicação como fase

estacionária na técnica de cromatografia gasosa; é termoestável, podendo ser

utilizado dentro de uma larga faixa de temperaturas. Ainda, o PDMS como fase

23

extratora garante o enriquecimento da amostra, ausência dos efeitos de

deslocamento, inércia e a rápida dessorção térmica em temperaturas amenas. Após

a extração, o analito pode ser dessorvido por dessorção térmica (TD, thermal

desorption) ou por dessorção líquida (LD, liquid desorption), usando um solvente

orgânico (DAVIS et al., 2007).

Arthur e Pawliszyn propuseram o método de microextração por sorção em

PDMS, denominado SPME, no qual a fase estacionária sortiva de

polidimetilsiloxano, aderido à uma fibra, é colocada em contato com a amostra. No

entanto, algumas complicações com relação ao baixo volume de fase extratora

(aproximadamente 0,5 µL) recobrindo a fibra e a polaridade dos analitos levaram os

pesquisadores a procurar por outros métodos que fossem mais eficientes. Desta

forma, desenvolveram-se as barras de agitação recobertas de uma fina camada de

polidimetilsiloxano, que em agitação na amostra aquosa possibilitava a extração e o

enriquecimento dos solutos na cobertura de PDMS. Esta técnica recebeu o nome de

extração por sorção em barra magnética, SBSE em inglês. A técnica de SBSE

emprega o mesmo princípio de extração por sorção que a técnica de SPME, no

entanto possui um volume de polidimetilsiloxano entre 25 e 125 µL, que é 50 a 250

vezes maior na SPME (DAVIS et al., 2007; CALDAS et al., 2011).

O processo de extração por sorção ocorre por equilíbrio: em amostras

aquosas, o controle dos analitos que são extraídos do meio ocorre por meio do

coeficiente de partição dos solutos entre a fase extratora e a fase aquosa. Este

coeficiente de partição está relacionado ao coeficiente de distribuição octanol-água,

por meio do qual se pode predizer se, e quão bem, um determinado soluto poderá

ser extraído pela técnica de SPME ou SBSE (DAVIS et al., 2007).

O coeficiente de partição do analito entre a fase extratora e a fase aquosa

corresponde à razão entre a concentração deste soluto na fase de

polidimetilsiloxano e a concentração em água, quando em equilíbrio. Este valor

corresponde à massa de analito presente na fase extratora dividida pela massa na

fase aquosa, multiplicada pela razão de fase β, conforme mostra a equação [1] a

seguir.

24

Koctanol/água ≈ KPDMS/água = 𝐶𝑃𝐷𝑀𝑆

𝐶á𝑔𝑢𝑎 =

𝑚𝑃𝐷𝑀𝑆

𝑚á𝑔𝑢𝑎

𝑉á𝑔𝑢𝑎

𝑉𝑃𝐷𝑀𝑆 =

𝑚𝑃𝐷𝑀𝑆

𝑚á𝑔𝑢𝑎𝛽 [1]

CPDMS = concentração do analito no PDMS

Cágua = concentração do analito em água

mPDMS = massa do analito no PDMS

mágua = massa do analito na água

Vágua = volume de água

VPDMS = volume de PDMS

β = Vágua/VPDMS

A quantidade de analito que pode ser recuperada é calculada pela razão entre

a massa de soluto na fase de polidimetilsiloxano e a massa inicial

(m0 = mágua + mPDMS), que correspondente a 𝐾𝑃𝐷𝑀𝑆/á𝑔𝑢𝑎 𝛽⁄

1+(𝐾𝑃𝐷𝑀𝑆/á𝑔𝑢𝑎 𝛽)⁄.

Quanto maior o valor do coeficiente de partição do analito (KPDMS/água), mais

eficiente será a extração, ou seja, maior será a recuperação do analito. Então,

analitos mais polares serão menos retidos pelo polidimetilsiloxano. Além disso, a

razão de fase β é outro parâmetro importante: maiores quantidades de PDMS levam

a menores valores de β, e maior será a eficiência da extração. Estudos realizados

com PAHs (Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos) e pesticidas, extraídos de

soluções aquosas usando SBSE e SPME, mostraram a maior recuperação obtida

pela aplicação da técnica de extração por SBSE (DAVIS et al., 2007).

Na análise de quantidades muito pequenas, a recuperação teórica - que pode

ser calculada a partir do volume de amostra, das dimensões da barra de extração e

das características do soluto por meio de um programa de software - é tão

importante quanto o fator de enriquecimento e o total de analito que pode ser

introduzido e detectado (DAVIS et al., 2007).

Além dos parâmetros termodinâmicos, os critérios que afetam a cinética do

processo de extração são de extrema importância e devem ser analisados e

utilizados de forma a obter-se uma extração eficiente. A quantidade de soluto que

migra para a cobertura de polidimetilsiloxano é determinada pela constante de

difusão, pela condição de agitação, volume de amostra, entre outros. No entanto,

quanto maior o volume de amostra e de PDMS, mais tempo é necessário para que a

extração seja eficiente como se espera. Então, uma boa correlação entre o volume

de amostra e o volume de fase extratora pode ser alcançada, resultando em um

25

tempo aplicável de análise. Após a etapa de dessorção dos analitos presentes na

fase extratora, as barras de agitação poderão ser novamente utilizadas (DAVIS et

al., 2007).

Os compostos retidos na fase extratora podem ser dessorvidos termicamente,

antes da análise em cromatógrafo gasoso, por meio de uma unidade de dessorção

térmica; ou por dessorção líquida, quando o método de análise aplicado for

cromatografia líquida (CACHO et al., 2013). A técnica LD é considerada menos

onerosa e fácil de trabalhar, já que não é necessário um dipositivo no equipamento

de cromatografia para dessorção dos analitos (MAGI et al., 2012).

As barras de extração de PDMS comercializadas possuem comprimento entre

1 e 2 cm, recobertas com uma camada entre 0,5 ou 1 mm de polímero. O bastão

magnético deve estar protegido com uma camada de vidro, onde a cobertura de

polidimetilsiloxano é aderida, uma vez que o contato direto com a barra pode levar à

rápida degradação do polímero, como pode ser visto na figura 4 (a) (DAVIS et al.,

2007).

Figura 4 - Representação esquemática de uma barra comercial para SBSE de (a) PDMS e (b) de uma barra do tipo “dual phase”.

(a) barra convencional (“Twister”) (b) “dual-phase twister”

Fonte: Adaptado de BICCHI et al., 2005.

As barras de extração recobertas com PDMS apresentam algumas limitações,

assim novos materiais poliméricos têm sido estudados e utilizados com o objetivo de

melhorar a flexibilidade e seletividade das barras, de forma que sua capacidade de

concentração seja mantida e suas aplicações possam ser expandidas (NOGUEIRA,

2012). Barras de extração de duas fases foram propostas experimentalmente, e

consistem em uma cobertura de PDMS do lado de fora com um material de carbono

adsorvente recobrindo a parte interna (figura 4 b). Esta estrutura possibilita o

aumento de recuperação de analitos polares em amostras aquosas (DAVIS et al.,

2007).

26

Recentemente foram lançadas barras de extração recobertas por fase

extratora mais polar, de silicone modificado com etileno glicol, comercializadas como

“Ethylene Glycol (EG)-Silicone Twister®” (Figura 5). Por serem mais polares que o

PDMS, extraem compostos polares, com menores valores de log Ko/w, mais

eficientemente, como, por exemplo, os alcaloides harmânicos harmalina (Log Ko/w =

2.57), harmol (Log Ko/w = 1.82) e harmalol (Log Ko/w = 2.19). A base de silicone

garante também a extração eficiente de compostos não polares, com valores de log

Ko/w altos.

Figura 5 - Barra de extração de EG-Silicone Twister®”.

(Fonte: Gerstel, 2011).

O estudo comparativo entre as barras magnéticas recobertas por EG-Silicone

e PDMS concluiu que a primeira é capaz de realizar uma extração mais eficiente de

compostos polares. Na extração de fenóis, furanos, alcoóis e ácidos as barras EG-

Silicone Twister apresentam extração mais eficiente. Já para espécies não polares

como terpenos e ésteres etílicos, as barras EG-Silicone Twister fornecem uma

extração similar às das barras recobertas com PDMS (NIE et al., 2011).

A técnica de SBSE é influenciada fortemente pela complexidade da matriz,

que afeta a recuperação dos analitos alvo. Entretanto, seguindo os métodos

analíticos desenvolvidos, a técnica de SBSE tem sido amplamente utilizada na

análise de substâncias presentes em concentrações muito baixas, em diferentes

áreas relacionadas à sociedade, tais como: ambiental, alimentar e sensorial,

biomédica, forense e farmacêutica (NOGUEIRA, 2012).

Uma vez que a concentração dos alcaloides harmânicos harmana e harmina,

presentes nas sementes secas de maracujá azedo (P. edulis), é muito pequena, na

ordem de nanogramas (RODRIGUES, 2013), a técnica de pré-concentração é

adequada para a preparação das amostras de sementes e polpas de Passiflora alata

e Passiflora edulis. A técnica de SBSE, desde o seu desenvolvimento em 1999, é

27

uma das mais populares técnicas de pré-concentração, por sua simplicidade e

robustez (CACHO et al., 2013).

As aplicações da técnica de SBSE em análises alimentares são classificadas

dentro de três grupos: análise de compostos minoritários (compostos voláteis e

aditivos), determinação de compostos de aroma não desejados (off-flavours) e

determinação de compostos de contaminantes em baixas concentrações (DAVIS et

al., 2007). Matrizes alimentares foram analisadas utilizando a técnica de SBSE,

como por exemplo, análise de compostos voláteis ou semi-voláteis de pesticidas em

frutas e vegetais, contaminantes e compostos de aroma em bebidas (DAVIS et al.,

2007; NOGUEIRA, 2012). Barras de SBSE são submetidas a diferentes tratamentos

de forma a comparar sua eficiência de extração para compostos de diferentes

polaridades. Em um estudo realizado por Xu e colaboradores, diferentes métodos de

SBSE foram desenvolvidos para a extração de conservantes com diferentes

polaridades de amostras alimentares (XU et al., 2013).

A técnica de extração por SBSE é recente, mas o número de artigos e

trabalhos publicados mostrando sua aplicação principalmente na análise de

compostos orgânicos contidos em pequenas concentrações indicam as vantagens

em comparação às outras técnicas de extração por sorção. Além disso, artigos de

revisão apontam as possibilidades de métodos e aplicações da técnica de SBSE

(NOGUEIRA, 2012).

1. 3. 1 Otimização do Método de Extração por SBSE

Para que o método de extração por SBSE seja eficiente e reprodutível é

necessária uma etapa de otimização do método. A SBSE envolve diversas variáveis

que interferem simultaneamente no método. A avaliação da influência dessas

diversas variáveis (fatores) que determinam a resposta de um processo químico é

uma das tarefas de indústrias e laboratórios de pesquisa, com o objetivo de

reconhecer valores (níveis) para esses fatores de forma que a resposta seja

maximizada ou minimizada, dependendo da proposta do procedimento (ZERAIK,

2010).

Os sistemas de planejamento fatorial, com análise multivariada, permitem

avaliar simultaneamente o efeito de um grande número de variáveis, com menor

número de ensaios experimentais, comparativamente aos métodos de otimização

28

univariada, pois investiga a influência de todas as variáveis de interesse e os efeitos

que as interações têm sobre a resposta ou respostas (TEOFILO; FERREIRA, 2006).

Quando a combinação de k fatores é analisada em dois níveis, por exemplo, o

planejamento fatorial consiste de 2k ensaios. Os níveis são designados por (-), para

o nível mais baixo, e (+), para o nível mais alto. Um nível zero pode ser inserido no

centro dos ensaios, e neste ponto todas as variáveis estão em seu valor médio. Os

pontos centrais (nível zero, sendo a média dos níveis superior e inferior) dos

planejamentos permitem identificar relações não lineares no intervalo, e a estimativa

do erro experimental, sem a necessidade de replicatas em todos os pontos do

planejamento.

Utiliza-se os planejamentos fatoriais fracionários, quando o k > 4, pois os

efeitos podem ser não significativos, desse modo a realização de todos os ensaios

para estimar tais efeitos de interação pode ser irrelevante. Assim, é necessário um

número menor de experimentos, mas sem perder informações importantes sobre os

efeitos no sistema (TEOFILO; FERREIRA, 2006).

1. 4 Técnicas Cromatográficas de Análise

1. 4. 1 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

A análise de alcaloides β-carbolínicos nas diversas matrizes complexas

(alimentos de origem animal e vegetal) exige, como primeira etapa, sua extração,

seguido pela identificação, anteriormente às análises quantitativas. No entanto,

como estas substâncias estão presentes em pequenas concentrações, as técnicas

analíticas que têm apresentado melhores resultados são a cromatografia gasosa

(CG) e a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A utilização de

cromatografia gasosa apresenta a desvantagem de requerer a derivatização química

da amostra, na geração de β-carbolinas voláteis. O detector ultravioleta e sistemas

eletroquímicos de detecção podem ser utilizados para a técnica de CLAE, mas os

detectores por fluorescência (Flu) e espectrômetro de massas (EM) são preferidos,

devido à seletividade e sensibilidade de detecção (HERRAIZ, 2000).

A utilização de detectores de fluorescência, para quantificação de alcaloides

harmânicos, está fundamentada na sua emissão fluorescente. Uma vez que estes

alcaloides contêm um grupo β-carbolínico, alguns estudos relatam a intensa

fluorescência na região do azul (entre 400 e 500 nm) (AMJADI et al., 2014).

29

Estudos na área de análise de produtos naturais, que aplicam a cromatografia

líquida acoplada à espectrometria de massas, são cada mais comuns, uma vez que

a capacidade de detecção e separação dos analitos têm sido aumentadas e

melhoradas nos equipamentos de CLAE-EM. Para a análise de compostos

fitoquímicos a técnica de CLAE de fase reversa, utilizando colunas C18 ou ODS

(Octadecil silano), é a mais aplicada. De acordo com o propósito da separação, as

características químicas do material de empacotamento e os aspectos físicos da

coluna devem ser levados em consideração para a definição da melhor alternativa

(WU et al., 2013).

O sistema analítico de CLAE-EM é composto pelo sistema de injeção de

amostras (autosampler), o sistema de CLAE de bombas e coluna cromatográfica,

detector UV e o espectrômetro de massas (Figura 6), estando todos os elementos

conectados a um sistema computacional, que permite a coleta e análise dos

resultados obtidos.

Figura 6 - Ilustração de um sistema on-line CLAE-EM, com a sequência de elementos.

(Fonte: Adaptado de CASS; BARREIRO, 2011).

A cromatografia líquida instrumental tem seu início nos anos 50, e os

desenvolvimentos significativos que ocorreram desde então são resultado do intenso

uso da CLAE, que tornou-se a técnica analítica mais desenvolvida e amplamente

utilizada em laboratórios químicos, farmacêuticos e médicos. Uma história que

começou com colunas recheadas com partículas irregulares de 100-200 µm e hoje

em dia utiliza partículas de fase estacionária com diâmetros inferiores a 2 µm. A

busca por análises mais rápidas e com melhor rendimento cromatográfico

impulsionaram as pesquisas. Inicialmente, a alternativa mais simples, visando a

diminuição do tempo de análise, seria a aplicação de colunas de menor

30

comprimento e vazões elevadas de fase móvel (FM). Entretanto, apesar desta

estratégia ter sido utilizada com colunas contendo partículas de 3-3,5 µm, as

separações não apresentavam melhor desempenho cromatográfico, além de

perderem resolução (MALDANER et al., 2009).

A eficiência do sistema de separação da CLAE pode ser observada pela

equação [2] a seguir, conhecida como equação de van Deemter:

𝐻 = 𝐴𝑑𝑝 + 𝐵𝐷𝑀

µ+

𝐶𝑑𝑝2µ

𝐷𝑀 [2]

H = altura de prato

µ = velocidade linear da fase móvel

dp = tamanho da partícula de empacotamento

DM = coeficiente de difusão do analito

A = constante dos diferentes caminhos seguidos pelas moléculas do analito.

B = constante da difusão longitudinal ou difusão do soluto na FM.

C = constante da transferência de massa do analito entre FM e fase

estacionária (FE).

A base da evolução da CLAE está no constante desenvolvimento de colunas

com partículas cada vez menores, como explicado pela análise da equação de van

Deemter. O termo A está relacionado ao alargamento dos picos cromatográficos

devido aos diferentes percursos que as moléculas do analito podem seguir dentro da

coluna. Assim, a influência deste termo pode ser reduzida utilizando colunas com

diâmetros menores, partículas menores e mais uniformes. O termo B corresponde à

difusão longitudinal ou difusão do analito na FM, a partir da aplicação de velocidades

lineares mais altas da FM, a contribuição deste termo pode ser minimizada. E o

termo C é atribuído à transferência de massa do analito entre a FM e a FE

(MALDANER et al., 2009).

Uma coluna mais eficiente terá uma altura de prato menor e,

consequentemente, maior número de pratos por comprimento. O valor mais baixo de

H na curva de van Deemter, representada na figura 7, corresponde à vazão ótima da

FM que resultará na máxima eficiência da coluna. Partículas menores,

principalmente <2 µm, apresentam valor de H menor a uma vazão maior, e esse

resultado está relacionado aos termos A, B e C. As partículas com tamanhos

inferiores possibilitam troca mais rápida do soluto entre a FM e os poros das

partículas, já que os poros possuem menor profundidade, e este comportamento é

31

descrito pelo termo C, além de permitirem um empacotamento mais compacto, que

tem reflexo no termo A (MALDANER et al., 2009).

Figura 7 - Curva da equação de van Deemter, para partículas de 10, 5, 3 e ≤ 2µm.

Fonte: MALDANER et al., 2009.

Da aplicação de colunas empacotadas com partículas cada vez menores,

surge a necessidade de otimizar outros parâmetros experimentais do sistema da

CLAE. Partículas menores levam a um aumento da pressão dentro do sistema,

como pode-se constatar pela equação [3]:

𝑃 = ɸ 𝐿𝜂µ

100𝑑𝑝2 [3]

P = pressão;

ɸ = resistência à vazão;

L = comprimento da coluna (mm);

η = viscosidade da FM (mPa/s);

µ = velocidade linear (mm/s);

dp = tamanho da partícula.

Assim, uma redução de metade no tamanho da partícula leva ao aumento da

pressão por um fator de 4. Contudo, a redução no tamanho da coluna gera um

aumento da pressão menor que 4 vezes, mas ainda assim superior ao que os

sistemas convencionais da CLAE podem suportar (MALDANER et al., 2009).

32

As colunas cromatográficas “eXtented Performance XP”, da Waters, são

empacotadas com partículas de fase estacionária com 2,5 µm de diâmetro. Foram

desenvolvidas para atuar na transição do sistema CLAE para o sistema de

cromatografia líquida de ultra eficiência (CLUE - UHPLC, Ultrahigh performance

liquid chromatography, em inglês), e são compatíveis com ambos os sistemas de

cromatografia líquida, com o objetivo de aumentar a produtividade do sistema

submetido a contra-pressões intermediárias. A possibilidade de aplicação de colunas

com partículas menores aumenta a qualidade das separações cromatográficas,

aumenta a velocidade de análise, o que diminui o tempo e os custos relativos, pois

utiliza quantidades menores de FM. A coluna BEH Shield RP18 XP 2.5 µm, é da

linha XBridge, desenvolvida para suportar grandes diferenças de pH, aumentando o

tempo de uso (WATERS, 2012, 2014).

1. 4. 2 Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada à

Espectrometria de Massas

Para análises quantitativas, a CLAE utiliza detectores como indíce de

refração, ultravioleta, espalhamento de luz e fluorescência, entre outros, por meio de

softwares dedicados, que permitem a quantificação de substâncias em

concentrações muito baixas. Apesar do uso do tempo de retenção na tentativa de

identificar compostos, uma vez que estes possuem tempos de retenção

característicos, esta é uma prática que pode levar a resultados errôneos. Diferentes

compostos podem apresentar o mesmo tempo de retenção numa mesma condição

cromatográfica. Mesmo depois da aplicação de sistemas de detecção fotométrica,

com detectores UV-VIS de comprimento de onda variável e com arranjos de diodos

(PDA, Photodiode Array), a identificação dos compostos presentes nos picos

cromatográficos não é tarefa fácil. O desenvolvimento de sistemas que permitiram o

acoplamento da CLAE e o espectrômetro de massas trouxe uma nova forma de

identificação de compostos (LANÇAS, 2009). A figura 8 apresenta um fluxograma

das etapas do sistema de detecção usando espectrômetro de massas. Quando o

objetivo é a identificação dos compostos, um espectrômetro de massas acoplado ao

cromatógrafo líquido de alta eficiência é considerado o melhor sistema hifenado,

uma vez que geram análises altamente seletivas e específicas (HERRAIZ, 2000).

33

Figura 8 - Fluxograma do funcionamento do sistema de detecção de espectrometria de massas.

Fonte: Adaptado de LANÇAS, 2009.

No fim dos anos 90, dentro de laboratórios acadêmicos, utilizando sistemas

de fabricação própria para cromatografia líquida de ultra alta eficiência (CLUAE),

como era denominado anteriormente, surgiram os primeiros estudos com resultados

relevantes. Então, o potencial de separação em um sistema de CLUAE despertou o

interesse em pesquisas para o desenvolvimento de instrumentação adequada, com

pressões elevadas, partículas com diâmetro inferior a 2 µm e colunas semelhantes

às de CLAE. O sistema CLUE, desenvolvido comercialmente, possui capacidade de

trabalhar sob altas pressões (100 Mpa), os volumes internos têm de ser muito

menores (conexões, alça de amostragem, cela de detector, bombas) com celas de

detector que não tenham dispersão e alta taxa de aquisição, e melhoramento no

sistema de controle e de dados, enquanto que as colunas têm de ser resistentes às

altas pressões e com menor volume morto, bem como injetores capazes de trabalhar

com faixa de volumes muito pequenos (de 0,1 a 50 µL) (MALDANER et al., 2009).

A cromatografia líquida de ultra eficiência é uma técnica versátil e pode ser

usada para aumentar o rendimento de análises, principalmente correspondentes a

amostras complexas, como extratos vegetais e seus metabólitos, utilizando colunas

empacotadas com partículas de tamanho inferior a 2 µm, operando sob altas

pressões, separações eficientes e superiores podem ser obtidas em menores

tempos (WU et al., 2013).

34

Estudos revelam que a aplicação da CLUE gera análises mais rápidas, com

menor consumo de solventes e maior detectabilidade. Além disso, há a possibilidade

de transferência de um método CLAE para CLUE, e seu menor volume de eluição é

adequado à utilização do espectrômetro de massas como detector. Para essa

transferência, alguns parâmetros devem ser observados, as fases estacionárias das

colunas devem ser similares, enquanto o volume de injeção e a vazão da fase móvel

deverão ser otimizados (MALDANER et al., 2009).

O desenvolvimento de métodos de ionização sob pressão atmosférica

permitiram a conexão da cromatografia líquida de alta eficiência ao espectrômetro

de massas, e são capazes de transferir a amostra que sai da coluna cromatográfica

para a fase gasosa e a ionização desta. Os modos de ionização química sob

pressão atmosférica (APCI, atmospheric pressure chemical ionization, em inglês) e

ionização por eletronebulização (ESI, electrospray ionization, em inglês) são as

técnicas mais aplicadas no acoplamento entre CLAE e EM. Na técnica de APCI, o

eluente da coluna cromatográfica, solventes e analitos, são submetidos à

vaporização e em seguida sofrem o processo de ionização. Este ocorre pela

aplicação de uma descarga elétrica sob o fluido que está em contato com um

condutor energizado eletricamente. É considerada uma técnica adequada para

análise de compostos neutros, além disso, requer menos “clean-up” da amostra e

comporta facilmente o fluxo típico (1 mL min-1) das colunas cromatográficas. A

sensibilidade do método é dependente da volatilidade dos compostos eluídos

(YOUDIM et al., 2010).

A técnica de ionização mais comumente utilizada, no acoplamento entre

CLAE e EM, é a ESI. O processo ocorre, inicialmente, pela dissolução da amostra

em um solvente, geralmente não polar, que é pressurizado em um tubo capilar de

aço inox. Uma voltagem entre 3000 e 5000 V é aplicada sob esse tubo capilar,

fazendo o líquido emergir do capilar à pressão atmosférica, como um aerossol.

Estas gotículas, formadas pela aspersão do líquido, são dessolvatadas

continuamente dentro do ambiente sob vácuo. À medida que as gotículas perdem

solvente, aumentam as forças repulsivas resultantes da carga imposta, ocorrendo

“explosões” coulômbicas, gerando íons dos analitos. Estes íons migram para o

analisador de massas, induzidos pela atração eletrostática. Estes fenômenos estão

representados na figura 9, ilustrando o caminho do analito. A eletronebulização pode

ser operada no modo positivo ou negativo, controlando-se apenas o sinal da tensão

35

aplicada, então as gotículas terão carga positiva no primeiro modo e negativa no

segundo (LANÇAS, 2009).

Figura 9 - Processo de formação das gotículas de analito e solvente, e como são conduzidas pelo campo elétrico aplicado.

Fonte: LANÇAS, 2009.

36

A figura 10 ilustra a interface no acoplamento do sistema de CLAE e o

espectrômetro de massas, quando a ionização da amostra é feita por ESI.

Figura 10 - Interface do processo de eletronebulização dos analitos, entre a saída do sistema cromatográfico e a injeção no espectrômetro de massas.

Fonte: Adaptado de ZERAIK, 2010.

A ionização por eletronebulização é utilizada para compostos polares e

termicamente sensíveis, os quais são ionizados em solução antes de serem

introduzidos na fonte de íons. É amplamente utilizada nas pesquisas envolvendo

fármacos, devido às propriedades físico-químicas destas substâncias, às quais a

técnica é adequada. A solução contendo os íons é emitida para a fase gasosa, sem

aplicação de calor. A possibilidade de utilizar essa técnica em análises de

macromoléculas biológicas é uma vantagem para a ionização por eletronebulização,

uma vez que os compostos não são fragmentados (YOUDIM et al., 2010).

A ionização por eletronebulização gera três tipos de íons: 1) os íons

moleculares, a partir de reações redox, (M+•) ou (M-•); 2) moléculas

protonadas/desprotonadas (íons quase-moleculares), provenientes de reações

ácido/base, [M+H]+ - moléculas protonadas ou [M-H]- - moléculas desprotonadas; e

3) moléculas cationizadas ou anionizadas, resultado da coordenação dos

fragmentos com cátions (geralmente, família 1A) ou ânions (principalmente cloretos),

[M+Na]+, [M+K]+, [M+Cl]- (CROTTI et al., 2006).

37

Ainda, no processo de detecção dos analitos pelo espectrômetro de massas,

uma de suas partes fundamentais é o analisador, responsável pela seleção e/ou

separação dos íons, levando em consideração a relação massa/carga (m/z) de cada

íon. Diante de tantos equipamentos disponíveis, deve-se observar os objetivos da

análise, qual a faixa de massas desejada, a resolução que se espera dos espectros

e o preço que se pode pagar. O analisador de massas do tipo quadrupolo é o mais

popular, pela sua simplicidade, preço relativamente baixo, boa linearidade em

análises quantitativas e de fácil utilização. Sua resolução pode variar de 1000 a

4000, dependendo das condições aplicadas, com exatidão na faixa de 0,1 e 0,2 Da e

faixa de massas entre 10 e 4000 Da (LANÇAS, 2013).

O analisador de quadrupolo constitui-se de quatro barras, geralmente

confeccionadas em metal e cilíndricas, dispostas em dois pares. Um dos pares é

mantido em um potencial elétrico positivo e outro a um potencial negativo. Às barras

é aplicada uma combinação de corrente contínua (DC) e radiofrequência (Rf). O par

de barras com potencial positivo irá filtrar as maiores massas, enquanto que as de

potencial negativo filtram as massas menores. A razão entre Rf e DC é mantida

constante na operação do quadrupolo, resultando em uma resolução constante.

Determinando-se uma amplitude para as voltagens de Rf e DC, apenas os íons com

uma razão m/z definida (íons ressonantes), em ressonância com o campo aplicado,

passarão pelas barras e atingirão o detector. Os que divergirem da relação m/z

escolhida (íons não ressonantes) não passarão pelas barras, atingindo-as, sendo

descartados pela bomba de vácuo. A figura 11 apresenta a disposição do

quadrupolo e sua inserção no sistema do espectrômetro de massas, bem como

ilustra o comportamento dos íons (LANÇAS, 2013).

38

Figura 11 - Representação de um espectômetro de massas, para mostrar o modelo de analisador do tipo quadrupolo.

Fonte: LANÇAS, 2013.

Outro tipo de analisador utilizado no espectrômetro de massas, acoplado à

cromatografia líquida, é o orbitrap. Já por volta de 1923, Kingdon prôpos o princípio

do aprisionamento orbital. Depois de algumas décadas de estudos, demonstrou-se

que partículas carregadas poderiam ficar aprisionadas sob campos eletrostáticos

(LANÇAS, 2013).

A representação do equipamento é apresentada na figura 12, e o dispositivo

efetua aprisionamento orbital em um campo eletrostático com distribuição potencial.

O analisador de massas orbitrap é construido a partir de um eletrodo externo, similar

a uma barra (a) e um eletrodo central que é posicionado ao longo do eixo (b)

(LANÇAS, 2013).

39

Figura 12 - Representação do analisador de massas orbitrap, com seu eletrodo externo (a) e o eletrodo central (b), onde, r e z correspondem às coordenadas cilíndricas.

Fonte: LANÇAS, 2013.

No orbitrap, os íons são submetidos a um laser pulsado de nitrogênio, na

direção da ponta da sonda de aço inox, são introduzidos em um acelerador de lentes

eletrostático, constiuido de duas aberturas definidas e uma abertura entre elas.

Estas lentes focalizam o feixe de íons em um restritor de condutividade de 1 mm de

diâmetro interno e 10 mm de comprimento, separando o volume de aprisionamento

interno do exterior. Uma miniatura de defletor está posicionado na saída do restritor,

para otimizar o ângulo de entrada do feixe de íons. Os íons, então, são inseridos na

armadilha por um estreito canal de injeção, tangencialmente ao eletrodo externo. Um

eletrodo adicional, com voltagem ajustável, é utilizado como um transformador de

campo, a fim de minimizar a distorção do campo tridimensional formado pela injeção

de íons (MAKAROV, 2000). Este processo é esquematizado na figura 13, onde

estão representados os componentes do analisador orbitrap.

40

Figura 13 - Esquema do analisador orbitrap.

Fonte: Adaptado de MAKAROV, 2000.

No analisador orbitrap, a relação m/z é obtida da frequência das oscilações

harmônicas dos íons, ao longo do eixo do campo. As vantagens do orbitrap são sua

alta resolução de massas (acima de 100000-200000) e eficiência na determinação

da massa, faixa dinâmica e superior limite de massas (MAKAROV, 2000).

Estudos relacionados à identificação e quantificação de alcaloides β-

carbolínicos em amostras complexas (com muitos compostos numa mesma matriz)

mostram resultados satisfatórios na aplicação da técnica de CLUE-EM

(MCLLHENNY et al., 2010; BUSQUETS et al., 2006). Ainda, utilizando a mesma

técnica, as aminas heterocíclicas aromáticas, cuja estrutura molecular é similar à dos

alcaloides β-carbolínicos, foram analisadas, identificadas e quantificadas com

sucesso (ZHANG et al., 2012). Segundo Lumbreras e colaboradores, a CLUE-EM é

um método adequado para a análise de aminas heterocíclicas aromáticas, incluindo

o alcaloide harmana, melhorando o tempo de análise, a resolução dos picos e o

limite de detecção. Além disso, a baixa taxa de fluxo leva ao uso de menor

quantidade de solventes orgânicos, produzindo volumes baixos de resíduos,

fazendo-a uma técnica ecologicamente correta, de custo reduzido e mais adequada

ao acoplamento com detecção por espectrômetro de massas (LUMBRERAS et al.,

2010).

41

2 OBJETIVOS

Identificação dos alcaloides presentes no extrato da polpa e das sementes

dos frutos de duas espécies de “maracujá”, Passiflora alata e Passiflora edulis,

comumente consumidos pela população brasileira, aplicando a técnica de extração

por sorção utilizando barras de extração recobertas por polidimetilsiloxano (PDMS) e

o desenvolvimento da metodologia para extração com as barras de polietilenoglicol

(EG Silicone Twister®), SBSE.

Analisar os extratos de alcaloides presentes na polpa e sementes dos frutos

de Passiflora alata e Passiflora edulis, por meio da técnica cromatográfica de CLUE-

EM e por CLAE-Flu (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a detector de

Fluorescência), utilizando metodologia desenvolvida por Pereira; Santos; Yariwake,

(2013), SBSE/CLAE-Flu dual, quantificar os alcaloides harmana e harmina nas

polpas de P. alata.

3 PARTE EXPERIMENTAL

3. 1. Material Vegetal

Os frutos dos maracujás azedo (Passiflora edulis Sims f. Flavicarpa Degener)

e doce (Passiflora alata Curtis), dos quais foram utilizadas as sementes e a polpa

neste trabalho, foram comprados no comércio local de São Carlos e São Paulo, no

estado de São Paulo, Brasil.

Após aquisição do material vegetal, os frutos foram separados, lavados e

cortados. Para separação da polpa das sementes utilizou-se peneira comum, com

abertura de 1,4 mm. Posterior à separação, as sementes foram espalhadas sobre

fôrma de alumínio, devidamente coberta com folha de papel alumínio, e levada à

estufa, sob temperatura de 40 – 45 ºC por 72 horas, aproximadamente. E a polpa,

sem sementes, fora acondicionada em recipiente com tampa e levada ao

refrigerador.

As sementes secas foram processadas em liquidificador doméstico e

posteriormente fracionadas utilizando jogo de peneiras para determinação de

granulometria. As peneiras possuiam as seguintes características: 16 – 32 mesh, ou

ABNT 18 = 1,0 mm de abertura; 32 – 65 mesh, ou ABNT 35 = 0,25 a 0,59 mm de

abertura. As frações foram acondicionadas em diferentes recipientes plásticos com

tampa e estocadas ao abrigo de luz, umidade e calor.

42

A fração de sementes processadas, utilizadas para preparação das amostras

analisadas neste trabalho, possui granulometria de 1,0 – 0,5 mm, 16 mesh.

3. 2 Extração dos analitos do material vegetal

3. 2. 1 Materiais utilizados:

SOLVENTES E REAGENTES: Foram utilizados acetonitrila e metanol grau

CLAE (Tedia, Fairfield, OH, EUA), ácido fórmico grau p.a. (Merck, Darmstadt,

Alemanha), cloreto de sódio grau analítico (Spectrum, Gardena, CA, EUA), água

purificada pelo sistema Milli-Q (Millipore, Bedford, MA, EUA) e padrões analíticos

dos alcaloides harmânicos: harmana, harmina, harmalina, harmol e harmalol, com

98% de pureza Sigma-Aldrich (Steinheim, Germany).

BARRAS DE AGITAÇÃO PARA SBSE: as barras de agitação utilizadas neste

trabalho, barras comerciais (TwisterTM), para extração sortiva da Gerstel (Mulheim an

der Ruhr, Germany). As de PDMS têm 20 mm de comprimento com 0.5 mm de filme

de PDMS, volume de 55 µL – LOTE 0101071110 – e as de EG-Silicone têm 10 mm

de comprimento com 32 µL de volume de fase de PDMS e Etileno Glicol – LOTE

01690400100.

3. 2. 2 Procedimento de extração:

3. 2. 2. 1 SBSE – PDMS

Utilizando o método desenvolvido e otimizado por Pereira e colaboradores

para as barras magnéticas de PDMS, o procedimento de extração dos alcaloides

harmânicos, a partir da polpa de P. alata e P. edulis seguiu os seguintes passos:

para extração de harmana - 1 mL de polpa de maracujá, 2 mL de NaOH 1 mol L-1

(pH 13), 5 g de NaCl e 7 mL de água Milli-Q foram colocados em um frasco de 10

mL juntamente com a barra de extração. O alcaloide harmina foi extraído pela

adição de 1 mL de polpa de maracujá, 0,250 mL de NH4OH 6 mol L-1 (pH 10), 5 g de

NaCl e 8,750 mL de água Milli-Q e adicionados em um recipiente de 10 mL contendo

a barra de extração (Tabela 1) (PEREIRA et al., 2012).

Para extração dos alcaloides a partir das sementes foi usado o seguinte

procedimento: extração de harmana - 1 g de sementes trituradas de maracujá, 1 mL

de NaOH 1 mol L-1 (pH 13), 5 g de NaCl e 9 mL de água Milli-Q foram colocados em

um frasco de 10 mL juntamente com a barra de extração. O alcaloide harmina foi

43

extraído pela adição de 1 g de sementes de maracujá, 0,100 mL de NH4OH 6 mol L-1

(pH 10), 5 g de NaCl e 9,9 mL de água Milli-Q e adicionados em um recipiente de 10

mL contendo a barra de extração (Tabela 2) (RODRIGUES, 2013).

As amostras foram colocadas simultaneamente (em paralelo) sob agitação

durante 120 minutos, a 1000 rpm à temperatura ambiente. Após a agitação as

barras de SBSE, foram retiradas da solução e colocadas em um mesmo “vial” com

150 μL e sob sonicação por 60 minutos (PEREIRA et al., 2012).

Tabela 1 - Procedimento de extração dos alcaloides harmânicos Harmana e Harmina a partir da polpa de P. edulis e P. alata.

Extração dos alcaloides a partir da Polpa Harmana Harmina

Material vegetal 1mL de polpa 1 mL de polpa

pH 13 (2 mL NaOH 1M) 10 (0,250 mL NH4OH 6M)

NaCl 5 g 5 g

Volume de H2O Milli-Q 7 mL 8,750 mL

Tempo de extração 120 min

Dessorção 150 µL de MeOH – 60 min

Análise Injeção de 10 µL – CLAE-Flu/CLUE-EM

Tabela 2 - Procedimento de extração dos alcaloides harmânicos Harmana e Harmina a partir das sementes secas de P. edulis e P. alata.

Extração dos alcaloides a partir das

Sementes Secas

Harmana Harmina

Material vegetal 1 g de sementes 1 g de sementes

pH 13 (1 mL NaOH 1M) 10 (0,1 mL NH4OH 6M)

NaCl 5 g 5 g

Volume de H2O Milli-Q 9 mL 9,9 mL

Tempo de extração 120 min

Dessorção 150 µL de MeOH – 60 min

Análise Injeção de 10 µL – CLAE-Flu/CLUE-EM

Então, o “vial” com o metanol contendo os compostos dessorvidos das barras

de extração é utilizado diretamente para análise no equipamento de CLAE-Flu ou

CLUE-EM (PEREIRA et al., 2012).

Após cada etapa de extração e dessorção líquida, as barras magnéticas de

PDMS foram submetidas a um procedimento de limpeza, para garantir a remoção de

analitos restantes e evitar interferência destes nas extrações posteriores. A limpeza

das barras foi feita utlizando uma mistura de metanol e acetonitrila (50:50 v/v), as

44

barras eram colocadas individualmente sob agitação por 3 h, em 30,0 mL desta

solução em um béquer.

3. 2. 2. 2 Desenvolvimento SBSE – EG Silicone

A metodologia de extração aplicada para as barras magnéticas de EG-

Silicone foi definida utilizando-se um planejamento fatorial fracionário 25-1. Com o

objetivo de selecionar os fatores e suas interações que interferem significativamente

na resposta final (PEREIRA et al., 2014).

O planejamento experimental possui cinco variáveis independentes (fatores),

que são: tempo de extração, quantidade de NaCl, pH da solução, tempo de

dessorção e porcentagem de metanol (MeOH) para dessorção. A variável

dependente (resposta) foi a área relativa do pico dos padrões dos alcalóides

harmana e harmina. As respostas foram obtidas analisando cromatogramas por

meio do programa Empower (Waters Associates, Milford, MA, EUA) (PEREIRA et al.,

2014).

No planejamento fatorial fracionário 25-1, de dois níveis, cinco fatores e um

ponto central. Cada fator possui um nível inferior e superior, representados pelos

sinais (-) e (+), respectivamente (Tabela 3).

Tabela 3 - Níveis e fatores avaliados no planejamento fatorial 25-1

.

O planejamento fatorial fracionário foi elaborado utilizando o software

MiniTab® (Minitab Inc, USA), versão 13 , resultando em 19 experimentos (16 ensaios

e 1 ponto central em triplicata) (Tabela 4). O mesmo software foi usado para o

cálculo dos efeitos e suas interações, bem com a construção do gráfico de Pareto.

Para execução dos experimentos do planejamento fatorial fracionário, uma alíquota

de 10 µL de cada um dos padrões de harmana e harmina (solução de 20 µg L-1 em

metanol 100%) foi diluída com volume adequado de água Milli-Q, para concentração

final de 20 ng L-1 em 10 mL de solução. Em seguida, para o teste do nível máximo

45

da quantidade de NaCl, adicionou-se 3,5 g do sal, e o pH foi ajustado entre 2, 7 e 12

(com 10 µL de solução de ácido clorídrico (6 mol L-1) para pH 2 e solução de

hidróxido de sódio (1 mol L-1) 50 µL para pH 7 e 100 µL pH 12).

Tabela 4 - Matriz de experimentos (fatores e seus respectivos níveis) do planejamento fatorial fracionário 2

5-1.

Ordem Experimental pH Tempo de

Extração

NaCl (g) Tempo de

Dessorção

% MeOH

19 7 65 1,75 32,5 50

7 2 120 3,50 5,0 100

10 12 10 1,00 60,0 100

8 12 120 3,50 5,0 0

2 12 10 0,00 5,0 0

13 2 10 3,50 60,0 100

5 2 10 3,50 5,0 0

6 12 10 3,50 5,0 100

18 7 65 1,75 32,5 50

14 12 10 3,50 60,0 0

15 2 120 3,50 60,0 0

4 12 120 0,00 5,0 100

1 2 10 0,00 5,0 100

16 12 120 3,50 60,0 100

9 2 10 0,00 60,0 0

17 7 65 1,75 32,5 50

11 2 120 0,00 60,0 100

3 2 120 0,00 5,0 0

12 12 120 0,00 60,0 0

O processo de extração foi realizado como no item 3. 2. 2. 1., com a diferença

dos tempos de extração e dessorção que foram seguidos pela definição do

planejamento fatorial fracionário.

A partir dos resultados obtidos, mantendo-se os valores definidos

significativos pelo planejamento experimental, pH 12, 3,5 g de NaCl e 100% de

metanol para dessorção, foi determinada a curva cinética dos tempos de extração e

dessorção das amostras.

Para a limpeza das barras magnéticas de EG-Silicone foram estudadas

alternativas com metanol 100% e metanol e água (50:50 v/v), sob agitação e

sonicação. Assim, o procedimento de limpeza que apresentou melhores resultados,

46

20,0 mL de metanol 100% sob sonicação por 30 min, foi utilizado para assegurar

que não restassem analitos na matriz da barra magnética entre uma extração e

outra.

3. 3 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com

Detector de Fluorescência

Foi feita a análise qualitativa (“perfil cromatográfico”) para avaliar o perfil

cromatográfico da amostra, em cromatógrafo líquido (Waters Alliance 2695)

conectado a um detector UV/DAD (Waters, PDA 2996) e a detector de fluorescência

(Waters 2475). A coluna cromatográfica utilzada, X-Terra® C18 (250 mm x 4,6 mm i.

d., 5µm) e coluna de guarda X -Terra® C18 (20 mm x 4,6 mm i. d., 5µm), ambas da

Waters (Waters Associates, Milford, MA, EUA).

A tabela 5 apresenta as condições cromatográficas utilizadas para as análises

das amostras vegetais e os padrões comerciais. A detecção, utilizando detector de

fluorescência, operou na faixa de varredura λemissão = 390 nm – 490 nm.

Tabela 5 - Condições cromatográficas de análise dos alcaloides harmânicos em CLAE-Flu.

3. 3. 1 Análise quantitativa dos alcaloides em P. alata

A quantificação dos alcaloides harmana e harmina na polpa do fruto de P.

alata foi realizada por meio do método de adição de padrão. À cada amostra de

extração (realizada em triplicata) foi adicionada uma alíquota da solução-estoque de

cada um dos padrões dos alcaloides harmana e harmina (20 µg L-1 em metanol

100%) a fim de obter as concentrações finais: 0,1; 1,25; 2,5; 3,75 e 5 µg L-1, as

47

curvas analíticas de adição de padrão foram construídas em triplicata (RODRIGUES,

2013).

3. 4 Análise por Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada

a Espectrometria de Massas

A identificação foi realizada em espectrômetro de massas de alta resolução

LTQ Orbitrap Velos (Thermo Scientific, Waltham, MA, EUA) equipado com interface

de ionização por eletrospray, nanoeletrospray (nanoESI) e ionização química à

pressão atmosférica. O espectrômetro de massas está hifenado a um cromatógrafo

líquido de ultra eficiência Accela High Speed LC (Thermo Scientifc, Waltham, MA,

EUA). Foi utilizada uma coluna cromatográfica X-BridgeTM BEH Shield RP18 (150 mm

x 2,1 mm x 2,5 µm) com pré coluna (12 mm x 2,1 mm x 2,5 µm), ambas da Waters.

Das condições cromatográficas utilizadas para as análises em CLAE-Flu (item 4.3),

os solventes e o gradiente da fase móvel foram mantidos, contudo o fluxo de

solvente utilizado foi 0,3 mL min-1 e o volume de injeção de 10 μL.

As condições do espectrômetro de massas foram definidas a partir de estudos

de ZHAO, T. e colaboradores, para análises de alcaloides harmânicos: voltagem do

eletrospray + 3,7 kV, o fluxo de gás (N2) de nebulização 35 (unidades arbitrárias),

fluxo de gás auxiliar (N2) 10 (unidades arbitrárias) e temperatura do capilar aquecido

a 300 oC (ZHAO, et al. 2012). A aquisição de dados no modo positivo, foi feita em

full-scan, dentro do intervalo de m/z 50-250, bem como a seleção de íons (SIM,

seletive ions monitoring) e o modo de EM/EM. Todas as operações foram

controladas pelo software XcaliburTM (Thermo Scientific, Waltham, MA, EUA).

48

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4. 1 Análise quantitativa dos alcaloides em polpa de P. alata

Trabalhos anteriores mostram a presença dos alcaloides harmana e harmina

nos extratos da polpa e das sementes dos frutos de P. edulis. Assim, foi proposto o

estudo analítico do extrato da polpa dos frutos de P. alata, utilizando a metodologia

de extração por SBSE com barra magnética recoberta com PDMS, desenvolvida por

Pereira e colaboradores. Os extratos foram analisados por CLAE-Flu, com método

adequado para a detecção dos alcaloides, com λexcitação = 254 nm e λemissão = 425 nm

para harmana e λexcitação = 254 nm e λemissão = 410 nm para harmina; a partir destas

informações, para a detecção destes alcaloides na polpa de P. alata foram mantidas

estas condições (PEREIRA et al., 2013).

A figura 14 apresenta os cromatogramas obtidos pela análise SBSE/CLAE-Flu

dual nas condições cromatográficas definidas pela metodologia desenvolvida para o

estudo de alcaloides harmânicos.

49

EU

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

Minutes

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00

EU

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

Minutes

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00

(λexcitaçã0 = 254 nm, λemissão = 425 nm)

Harmina

Harmana

(λexcitaçã0 = 254 nm, λemissão = 410 nm)

(A)

(B)

Figura 14 - Cromatogramas do extrato da polpa de P. alata obtidos por SBSE/CLAE-Flu dual: (A) detecção no comprimento de onda específico para o alcaloide harmana e (B) detecção no comprimento de onda específico para harmina.

50

Foram analisadas soluções dos padrões comerciais dos alcaloides harmana e

harmina, dentro das mesmas condições cromatográficas. A figura 15 mostra o

cromatograma do extrato da polpa de P. alata sobreposto ao cromatograma da

solução padrão de 20 µg L-1 da harmana (Figura 15 A) e da harmina (Figura 15 B) e

observa-se a similaridade dos tempos de retenção dos picos cromatográficos,

atribuídos à harmana (tR = 4,757 min) e à harmina (tR = 5,985 min), no

cromatograma do extrato da polpa, com os picos dos cromatogramas das soluções

padrões de harmana (tR = 4,772 min) e harmina (tR = 5,845 min).

51

Comparando os espectros de fluorescência (Figura 16) dos picos

cromatográficos do extrato da polpa, nos tempos de retenção semelhantes aos dos

picos dos padrões harmana e harmina, observa-se a semelhança com os espectros

dos picos cromatográficos das soluções dos padrões harmana (tR = 4,772 min) e

harmina (tR = 5,845 min), confirmando a atribuição dos picos no cromatograma da

amostra aos alcaloides harmânicos estudados.

Harm

ana -

4,7

72

EU

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

Minutes

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 17,00 18,00

Harm

ina -

5,8

46

EU

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

Minutes

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 17,00 18,00

Extrato polpa P. alata

Harmana 20 µg L-1

Metanol

Extrato polpa P. alata

Harmina 20 µg L-1

Metanol

(B)

(A)

Figura 15 - Comparação dos cromatogramas do extrato da polpa de P. alata com (A) padrão de harmana 20 µg L

-1 e (B) padrão de harmina 20 µg L

-1, obtidos por CLAE-Flu (λexcitação = 254 nm e

λemissão = 425 nm para harmana e λexcitação = 254 nm e λemissão = 410 nm para harmina.

52

v

Utlizando a metodologia de extração por SBSE com barra magnética

recoberta com PDMS, desenvolvida por Pereira e colaboradores, foi realizada a

análise quantitativa dos alcaloides harmana e harmina no extrato da polpa de P.

alata. Sendo a polpa dos frutos do maracujá doce uma amostra complexa (com

muitos compostos presentes), com o objetivo de diminuir o efeito de matriz sobre a

análise, a concentração dos alcaloides harmana e harmina nos extratos foi obtida

pelo método da adição de padrão (PEREIRA, et al. 2013).

Por meio da curva analítica definida pela relação de concentração dos

alcaloides versus a área do pico cromatográfico, obteve-se as retas apresentadas na

figura 17.

Espectros – Harmina Espectros – Harmana

Extrato polpa Extrato polpa

Padrão Padrão

tR = 4,757 min

tR = 4,772 min

tR = 5,985 min

tR = 5,845 min

(a) (b)

(c) (d)

Figura 16 - Comparação dos espectros de fluorescência dos picos cromatográficos dos alcaloides (a) harmina (λemissão = 410 nm) e (b) harmana (λemissão = 425 nm) presentes no extrato da polpa de P. alata, identificados por SBSE/CLAE-Flu dual, e os espectros de fluorescência dos picos cromatográficos obtidos pela análise CLAE-Flu das soluções de padrões comerciais de (c) harmina e (d) harmana.

53

A partir da equação das retas (Tabela 6), por extrapolação define-se no eixo

das abcissas a concentração do alcaloide na amostra sem a adição da solução dos

padrões. Então, pode-se calcular a concentração de alcaloides presentes no extrato

da polpa dos frutos de P. alata obtidos pelo método SBSE/CLAE-Flu dual.

A concentração (µg L-1) dos alcaloides resultante da curva de adição de

padrão, é referente à quantidade de harmana e harmina contidos nos 150,0 µL de

metanol (volume de solvente para dessorção líquida). Para determinar a quantidade

(A)

(B)

Figura 17 - Curvas analíticas obtidas pelo método SBSE/CLAE-Flu por adição de padrão para quantificação de (A) harmana e (B) harmina nos extratos da polpa de P alata.

54

dos alcaloides em 1 mL de polpa do fruto de P. alata foram realizados os seguintes

cálculos:

Intercepto da curva de adição de padrão (µg) – 1000 mL

X (µg) – 150 µL

Considerando a concentração de alcaloides definida pelo intercepto das

curvas de adição de padrão para a harmana = 0,97032 µg L-1 e para a harmina =

0,03609 µg L-1, a tabela 6 apresenta os valores de massa dos alcaloides por 1 mL

de polpa.

Tabela 6 - Determinação quantitativa por CLAE-Flu dos alcaloides em polpa de P. alata.

Alcaloides Equação da Reta Coeficiente de

Correlação (r2)

Massa de alcaloide/

volume de polpa

(pg mL-1

) ± d.p.*

Harmana y = 2,24687.10

6 x + 2,18019.10

6 0,99884 145,54500 ± 0,00085

Harmina y = 1,35385.10

6 x + 4,88652.10

4 0,99855 5,41350 ± 0,00006

*d.p. = desvio padrão.

De acordo com Pereira e colaboradores, na polpa de P. edulis foram

encontrados (3,00 ± 0,04) µg L-1 do alcaloide harmana e (2,72 ± 0,02) µg L-1 do

alcaloide harmina (Pereira et al., 2014). A partir desses resultados, pode-se

constatar que os frutos de P. alata possuem menor quantidade dos alcaloides

harmana e harmina em sua polpa, comparada às concentrações determinadas em

extratos da polpa de P. edulis.

55

4. 2 Análise por Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência acoplada

à Espectrometria de Massas

A fim de identificar os alcaloides harmânicos, presentes na polpa e sementes

dos maracujás doce e azedo, bem como confirmar a presença destes compostos,

foram realizadas análises por CLUE-EM e CLUE-EM/EM. As aminas heterocíclicas

apresentam grupos básicos, assim o modo de ionização positiva é o mais utilizado

pela facilidade de protonação dessas estruturas, com a formação de íons

moleculares protonados [M+H]+ (CROTTI et al., 2006).

Inicialmente foram feitas análises de soluções dos padrões comerciais destes

alcaloides, harmana, harmina, harmol, harmalol e harmalina. Utilizando CLUE-EM,

no modo de ionização positivo, foram gerados os cromatogramas do íon total (TIC –

total ion chromatogram). Os alcaloides harmânicos apresentam um espectro de

massas simples, com o pico principal do [M+H]+, e por serem compostos estáveis

frente a ionização por eletrospray, não apresentam fragmentos significativos

(GALCERAN et al., 1996). Por meio da análise CLUE-EM/EM, foram gerados os

espectros de massas dos padrões, com os íons moleculares e seus fragmentos

(tabela 7), aos quais foram atribuidas as estruturas moleculares relativas de acordo

com a literatura da fragmentação dos mesmos padrões de alcaloides harmânicos.

(LI et al., 2014; ZHAO et al., 2012).

Tabela 7 - Alcaloides harmânicos estudados, seus respectivos tempo de retenção, íon molecular e íons filhos (ZHAO et al., 2012

1; LI et al., 2014

2).

A seguir são apresentados nas figuras de 18 a 31 os cromatogramas dos íons

totais, os espectros de massas (EM e EM/EM) dos padrões de alcaloides

harmânicos e os caminhos de fragmentação dos íons moleculares dos alcaloides,

com base na literatura (LI et al., 2014; ZHAO et al., 2012).

56

RT: 0.00 - 19.97

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

1.22

2.05

8.86 10.42 12.5411.7210.118.73 12.76 13.896.57 15.026.662.56 19.4815.11 17.265.99 18.372.83 3.59 5.914.35

0.23

NL:5.42E7

TIC MS harmana(+)_141218194313

harmana(+)_141218194313 #43-52 RT: 1.88-2.26 AV: 10 SB: 443 0.01-1.84 , 2.30-19.88 NL: 1.71E7T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

183.09107

C 12 H11 N2 = 183.09167

-3.33103 ppm

(A)

(B) NH

NH

harmana

Figura 18 - (A) Cromatograma do íon total e (B) Espectro CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo: íon [M+H]

+ = 183 do padrão harmana, tR = 2,05 min (solução 100 mg L

-1).

57

A espectrometria de massas em sequência foi escolhida para analisar os íons

“filhos” dos íons principais. Contudo, a energia de colisão utilizada na análise EM/EM

não foi suficiente para o alcaloide harmana fragmentar-se, no seu espectro de

EM/EM (figura 19) observa-se somente o íon principal, m/z 183. O pico de m/z 66 é

atribuido ao solvente utilizado.

Harmana #125-159 RT: 1.88-2.36 AV: 35 NL: 1.99E6T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

183.09119

C 12 H11 N2 = 183.09167

-2.62705 ppm

66.10370

NH

NH

Figura 19 - Espectro CLUE-EM/EM, ionização eletrospray, modo positivo: íon [M+H]+ = 183, tR =

2,05 min, do alcaloide harmana.

58

A solução de padrão do alcaloide harmina possui tempo de retenção de 2,65

min, dentro das condições cromatográficas utilizadas, e seu espectro de massas

apresenta um íon molecular de m/z 213, como é mostrado na figura 20. Este

comportamento foi levado em consideração quando na análise dos extratos da polpa

e das sementes dos maracujás estudados.

RT: 0.00 - 19.97

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

1.202.68

18.15

14.217.564.51 16.5515.093.10 6.285.53 17.7110.517.78 9.23 11.43 13.550.13 12.54 15.80 19.08

NL:2.90E7

TIC MS harmina(+)_141219005711

harmina(+)_141219005711 #53-67 RT: 2.30-2.88 AV: 15 SB: 440 0.01-2.30 , 2.93-19.97 NL: 1.18E7T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lativ

e A

bu

nd

an

ce

213.10133

C 13 H13 O N2 = 213.10224

-4.28997 ppm

(A)

(B)

NH

N

O

H

harmina

Figura 20 - (A) Cromatograma do íon total e (B) Espectro CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo: íon [M+H]

+ = 213 do padrão harmina, tR = 2,65 min (solução 100 mg L

-1).

59

A literatura sobre espectrometria de massas traz a “regra do nitrogênio”, onde

afirma que uma molécula de peso molecular par ou não contém nitrogênio ou

contém um número par de átomos de nitrogênio, e moléculas com peso molecular

ímpar contém número ímpar de átomos de nitrogênio; uma consequência dessa

regra explica a fragmentação dos íons moleculares, onde a quebra de uma ligação

simples gera um fragmento iônico par a partir de um íon molecular ímpar, desde que

o fragmento mantenha todos os átomos de nitrogênio do íon molecular

(SILVERSTEIN et al., 2010).

O espectro de massas do alcaloide harmina apresenta os picos [M+H]+ m/z

213 e o íon “filho” m/z 198 (Figura 21). Zhao e colaboradores atribuiram o pico m/z

198 à desmetilação do íon molecular da harmina – no carbono 7 -, com eliminação

de 15 Da, correspondendo ao [M+H-15]+ = 198 observado na figura 22, o que pela

“regra do nitrogênio” se justifica, pois o [M+H]+ m/z 213 (ímpar) gera um fragmento

iônico de m/z 198 (par). Ainda, a fórmula molecular do íon “filho”, atribuído pelo

software Xcallibur, é correspondente à estrutura elucidada, figura 22 (ZHAO et al.,

2012).

MS2harmina #153-194 RT: 2.30-2.88 AV: 42 NL: 1.47E7T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e Ab

unda

nce

198.07820

C 12 H10 O N2 = 198.07876

-2.87214 ppm

213.10160

C 13 H13 O N2 = 213.10224

-2.99169 ppm

66.10639

C 5 H6 = 66.04640

907.46327 ppm

NH

N

O

H

Figura 21 - Espectro CLUE-EM/EM, ionização eletrospray, modo positivo: íon [M+H]+ = 213, tR = 2,65 min,

alcaloide harmina.

60

-CH3

[M+H-15]+ = 198

Fonte: Adaptado de ZHAO et al., 2012.

Figura 22 - Caminho de fragmentação do íon molecular do alcaloide harmina.

61

A figura 23 apresenta o cromatograma da solução do padrão de harmol, cujo

tempo de retenção é 1,81 min, e seu respectivo espectro de massas, com íon

molecular com m/z 199.

RT: 0.00 - 19.99

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

1.24

1.18

1.81

2.072.97 3.21 5.724.48 6.93 9.728.32 9.02 11.21 11.83 14.047.40 14.75 19.7812.93 16.51 19.0517.690.24

NL:5.91E7

TIC MS Harmol

harmol(+)_141218202507 #38-44 RT: 1.62-1.88 AV: 7 SB: 455 0.01-1.62 , 1.88-19.98 NL: 9.83E6T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lativ

e A

bu

nd

an

ce

199.08572

C 12 H11 O N2 = 199.08659

-4.34776 ppm

(A)

(B)

NH

N

OH

H

harmol

Figura 23 - (A) Cromatograma do íon total e (B) Espectro CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo: íon [M+H]

+ = 199 do padrão harmol, tR = 1,81 min (solução 100 mg L

-1).

62

A figura 24 mostra o espectro de massa/massa do harmol, no tR = 1,81 min. Li

e colaboradores e Zhao e colaboradores, propuseram que o íon molecular do

alcaloide harmol fragmenta-se, eliminando uma molécula de CO, com massa igual a

28 Da, resultando no pico m/z 171 [M+H-28]+ (Figura 25). Observa-se o rearranjo do

anel aromático, pela saída do carbono 7 e o oxigênio, e a geração de um fragmento

iônico de m/z 171 (ímpar) a partir do [M+H]+ m/z 201 (ímpar), resultado de duas

quebras levando ao rearranjo e a incorporação do hidrogênio da hidroxila (Li et al.,

2014; ZHAO et al., 2012).

Harmol #116-126 RT: 1.76-1.90 AV: 11 NL: 8.77E6T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

199.08588

C 12 H11 O N2 = 199.08659

-3.57434 ppm

171.09103

C 11 H11 N2 = 171.09167

-3.78806 ppm66.10380

C 5 H6 = 66.04640

868.36968 ppm

NH

N

OH

H

-CO

[M+H-28]+ = 171

Fonte: Adaptado de LI et al., 2014; ZHAO et al., 2012.

Figura 24 - Espectro CLUE-EM/EM, ionização eletrospray, modo positivo: fragmentação do [M+H]+ do

alcaloide harmol.

Figura 25 - Caminho de fragmentação do íon molecular do alcaloide harmol.

63

O alcaloide harmalol foi analisado por CLUE-EM a fim de se conhecer seu

comportamento cromatográfico e frente a espectrometria de massas (Figura 26),

com tempo de retenção de 1,60 min e íon molecular de m/z 201, essas informações

foram utilizadas para comparar com os cromatogramas e espectro dos extratos.

A análise CLUE-EM/EM do alcaloide harmalol resultou no espectro da figura

27, com os picos do íon molecular m/z 201 e os seus fragmentos m/z 184 e m/z 160.

Na geração do fragmento m/z 184, o íon molecular do harmalol m/z 201 perde um

RT: 0.00 - 19.98

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

1.21

1.60

11.3911.26 11.529.959.69 13.09 14.428.88 14.598.20 15.576.61 16.65 19.116.35 17.212.41 4.540.17 2.67

NL:7.06E7

TIC MS harmalol(+)

harmalol(+) #37-41 RT: 1.55-1.72 AV: 5 SB: 463 0.01-1.55 , 1.72-19.98 NL: 1.08E7T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

201.10105

C 12 H13 O N2 = 201.10224

-5.91539 ppm

(A)

(B)

harmalol

Figura 26 - (A) Cromatograma do íon total e (B) Espectro CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo: íon [M+H]

+ = 201 do padrão harmalol, tR = 1,60 min (solução 100 mg L

-1).

64

fragmento de massa 17 Da. Zhao e colaboradores atribuiram a perda de OH para

este pico (C12H12N2) (ZHAO et al., 2012) (Figura 28 a), que obedece a “regra do

nitrogênio”, pois um íon molecular ímpar sofrendo uma quebra simples resulta em

um íon “filho” par, mas apresenta um erro de -25 ppm entre a massa teórica e a

massa experimental. A fórmula molecular atribuída ao pico m/z 184 (C12H10ON), pelo

software utilizado, possui um átomo de O e um só átomo de N, com um erro de -8,9

ppm, com base nessa informação a estrutura da figura 28 (b) foi proposta,

considerando então a eliminação de NH3, com massa de 17 Da, e rearranjo do anel

aromático.

O íon “filho” m/z 160 possui fórmula molecular C10H10ON, com a diferença de

C2H3N em comparação com o íon principal, assim, ocorre a perda de 41 Da e

rearranjo. Zhao e colaboradores propuseram a estrutura do íon m/z 160 [M+H-41]+,

como apresentado na figura 28 (c) (ZHAO et al., 2012).

Harmalol #108-120 RT: 1.64-1.81 AV: 13 NL: 3.60E7T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

160.07490

C 10 H10 O N = 160.07569

-4.96368 ppm

184.07480

C 12 H10 O N = 184.07569

-4.83421 ppm

201.10125

C 12 H13 O N2 = 201.10224

-4.91225 ppm

Figura 27 - Espectro CLUE-EM/EM, ionização eletrospray, modo positivo: fragmentação do [M+H]+ do alcaloide

harmalol.

65

- C2H3N

[M+H-17]+ = 184

[M+H-41]+ = 160

-OH

-NH3

(a)

(b)

(c)

Fonte: Adaptado de LI et al., 2014; ZHAO et al., 2012.

Figura 28 - Caminhos de fragmentação do íon molecular do alcaloide harmalol.

66

O alcaloide harmânico harmalina também foi submetido a análise

cromatográfica acoplada a espectrometria de massas (Figura 29), a fim de se

conhecer seu tempo de retenção e m/z do íon molecular, sendo tR = 2,44 min e m/z

215.

RT: 0.00 - 19.98

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lativ

e A

bu

nd

an

ce

1.23

2.44

10.7010.449.45 11.7311.99 13.16 14.248.638.42 14.556.28 7.295.15 15.72 17.394.530.26 19.723.21 17.56

NL:6.12E7

TIC MS harmalina(+)_141218210659

harmalina(+)_141218210659 #48-63 RT: 2.06-2.69 AV: 16 SB: 446 0.01-2.06 , 2.69-19.98 NL: 1.14E7T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

215.11742

C 13 H15 O N2 = 215.11789

-2.16579 ppm

(A)

(B)

harmalina

Figura 29 - (A) Cromatograma do íon total e (B) Espectro CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo: íon [M+H]

+ = 215 do padrão harmalina, tR = 2,44 min (solução 100 mg L

-1).

67

O íon molecular m/z 215 do alcaloide harmalina, pela análise de EM/EM gera

dois íons “filhos”, m/z 200 e m/z 174, como pode-se observar na figura 30. A

literatura propõe os fragmentos apresentados na figura 31: para o pico m/z 200, com

uma diferença de 15 Da do íon molecular, considera-se a desmetilação do oxigênio

no carbono 7; e para o pico m/z 174, propõe-se a saída de C2H3N (41 Da) e

rearranjo da estrutura, resultando no íon [M+H-41]+ (ZHAO et al., 2012).

Harmalina #143-194 RT: 2.15-2.88 AV: 52 NL: 6.70E7T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

174.09083

C 11 H12 O N = 174.09134

-2.93027 ppm

200.09384

C 12 H12 O N2 = 200.09441

-2.87299 ppm

215.11725

C 13 H15 O N2 = 215.11789

-2.99379 ppm

[M+H-15]+ = 200

[M+H-41]+ = 174

-CH3

-C2H3N

Fonte: Adaptado de ZHAO et al., 2012.

Figura 30 - Espectro CLUE-EM/EM, ionização eletrospray, modo positivo: fragmentação do [M+H]+ do alcaloide

harmalina.

Figura 31 - Caminho de fragmentação do íon molecular do alcaloide harmalina.

68

4. 2. 1 Análise dos extratos de Passiflora alata e Passiflora edulis

O cromatograma do íon total e o espectro de massas do solvente (metanol)

utilizado para preparação das soluções de padrões e dos extratos, apresentados nas

figuras 32 e 33, foram obtidos nas mesmas condições CLUE-EM, para comparação

com os espectros dos padrões e extratos. Uma vez que os espectros dos extratos

apresentavam alguns picos desconhecidos, o espectro do branco (metanol) auxiliou

na detecção dos picos que pertenciam às amostras estudadas.

69

RT: 0.00 - 19.99

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

0.86

16.86 16.959.59

16.6515.41

11.1310.329.424.08 11.86 19.397.031.33 6.35 16.358.40 17.986.26 18.535.11 7.42 14.0413.05

15.24 15.497.97 8.572.190.643.912.66

2.10

NL:4.58E9

TIC MS metanol(+)

metanol(+) #19-23 RT: 0.77-0.94 AV: 5 NL: 5.40E8T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

60.04399

C 2 H6 O N = 60.04439

-6.70806 ppm

90.50642

81.52007

111.01965

C 4 H3 O2 N2 = 111.01890

6.73513 ppm

99.51169

73.53134

125.98566

C 8 O N = 125.99744

-93.52048 ppm

184.98473

C 9 H O3 N2 = 184.99817

-72.63438 ppm

92.50284

156.98993

C 9 H O3 = 156.99202

-13.30062 ppm

Figura 32 - Cromatograma do íon total do branco (metanol), obtido por CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo.

Figura 33 - Espectro CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo, do branco (metanol).

70

4. 2. 1. 1 Análise dos extratos de Passiflora alata

As análises dos extratos da polpa de P. alata por CLUE-EM, realizadas no

modo de ionzação positivo, geraram o cromatograma do íon total (figura 34), bem

como os cromatogramas dos íons extraídos, determinados pela relação m/z dos

[M+H]+ dos padrões dos alcaloides.

A identificação dos alcaloides foi atribuída levando em consideração o tempo

de retenção no cromatograma, em comparação com o dos padrões, e os espectros

de massas, pelo estabelecimento da relação m/z dos íons moleculares protonados

[M+H]+ dos padrões dos alcaloides. Os picos de tR = 2,03 min, tR = 1,59 min e tR =

1,47 min foram selecionados por coincidirem com os tempos de retenção dos

padrões comerciais. Observa-se a correspondência do tempo de retenção de alguns

picos dos extratos com os tempos de retenção dos padrões harmana (tR = 2,03 min),

harmol (tR = 1,59 min) e harmalol (tR = 1,42 min), respectivamente. Na figura 35 são

apresentados os espectros de massas dos picos (A) m/z 183, correspondente à

harmana, (B) m/z 199, correspondente ao harmol e (C) m/z 201, correspondente ao

harmalol, no extrato da polpa de P. alata. Uma vez que a intensidade dos picos de

harmol e harmalol é muito baixa decidiu-se realizar a análise por CLUE-EM/EM, em

RT: 0.00 - 19.96

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

50

100

0

50

100

0

50

100

0

50

100

Rel

ativ

e A

bund

ance

0

50

100

0

50

1005.22 8.95 13.630.77 15.78 18.6210.333.67 5.78 15.351.29 7.675.13 12.69 13.8111.325.99 8.35 18.2816.349.772.54 19.920.30 3.49

2.03

2.46 3.15 3.670.86 5.821.29 6.294.70 19.3110.768.65 11.66 14.24 17.507.54 9.98 18.58

1.59

1.68

1.38

1.47

19.49

5.47

4.79

NL:3.07E9

TIC MS ext_polpa3

NL:1.81E8

m/z= 183.09031-183.09215 MS ext_polpa3

NL:4.34E6

m/z= 199.08495-199.08695 MS ext_polpa3

NL:3.71E5

m/z= 201.10049-201.10251 MS ext_polpa3

NL:8.91E4

m/z= 213.10032-213.10246 MS ext_polpa3

NL:1.21E5

m/z= 215.11591-215.11807 MS ext_polpa3

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

(F)

Figura 34 - (A) Cromatograma do íon total (TIC) do extrato total da polpa de P. alata, obtido por CLUE-EM, ionização por eletrospray, no modo positivo. E cromatograma do íon extraído (B) m/z 183, (C) m/z 199, (D) m/z 201, (E) m/z 213 e (F) m/z 215.

71

que é possível a seleção do íon molecular que se deseja estudar e avaliar a sua

presença no espectro, bem como seus fragmentos (íons “filhos”).

ext_polpa3 #47-49 RT: 1.98-2.07 AV: 3 SB: 462 0.01-1.94 , 2.11-19.96 NL: 8.60E7T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Relat

ive A

bund

ance

183.09097

C 12 H11 N2 = 183.09167

-3.86420 ppm

81.52002

90.5062899.51161

73.53130

141.95790

C 8 O2 N = 141.99235

-242.73195 ppm

167.01203

C 11 H3 O2 = 167.01276

-4.37425 ppm

229.86616

C 14 O3 N = 229.98727

-526.87568 ppm

ext_polpa3 #37-39 RT: 1.55-1.64 AV: 3 SB: 459 0.01-1.51 , 1.68-19.83 NL: 1.81E6T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

170 175 180 185 190 195 200 205 210 215 220 225 230 235 240 245

m/z

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

320

340

360

380

400

420

440

460

480

500

520

540

Relat

ive Ab

unda

nce

182.98349

C 10 H O3 N = 182.99509

-63.41628 ppm

199.08563

C 12 H11 O N2 = 199.08659

-4.83542 ppm

192.10071

C 11 H14 O2 N = 192.10191

-6.20822 ppm172.97592

C 8 H O3 N2 = 172.99817

-128.60358 ppm209.74074

241.17605

C 15 H15 O2 N = 241.10973

274.97272 ppm225.59407215.67214

203.94852

C 13 O3 = 203.98420

-174.90446 ppm195.72285

ext_polpa3 #32-34 RT: 1.34-1.42 AV: 3 SB: 461 0.01-1.29 , 1.47-19.92 NL: 2.31E5T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

180 185 190 195 200 205 210 215 220 225 230 235

m/z

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

1700

1800

1900

2000

Relat

ive A

bund

ance

186.95541

C 13 H O N = 187.00527

-266.65613 ppm

201.10147

C 12 H13 O N2 = 201.10224

-3.81710 ppm

228.21945

C 14 H16 O N2 = 228.12571

410.73060 ppm

218.14416

C 13 H16 O2 N = 218.11756

121.95600 ppm208.54473

(B)

(A)

(C)

harmana

harmol

harmalol

[M+H]+

[M+H]+

[M+H]+

Figura 35 - Espectro CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo: dos picos do íons (A) m/z 183, (B) m/z 199 e (C) m/z 201, presentes nos cromatogramas dos íons extraídos do extrato da polpa de P. alata figura 34.

72

As análises do extrato da polpa de P. alata por CLUE-EM/EM, realizadas no

modo de ionzação positivo, geraram os cromatogramas e os espectros de massas

de cada alcaloide harmânico presente no extrato. A identificação dos alcaloides foi

atribuída levando em consideração o tempo de retenção no cromatograma, em

comparação com o dos padrões, e as medidas de alta precisão das massas, por

comparação dos espectros de massas dos padrões e do extrato.

Pode-se observar a correspondência do tempo de retenção do pico do padrão

de harmana (tR = 2,09 min) (Figura 36 A) com o tempo de retenção (tR = 2,18 min)

do pico no cromatograma do extrato da polpa de P. alata (Figura 36 B).

RT: 0.00 - 20.00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Time (min)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

1.25

1.202.09

2.19

2.02

2.241.99

2.38

2.53 2.92 3.59 4.49 5.72 7.486.51 8.10 9.25 9.76 10.63 11.75 12.62 14.5614.12 15.07 16.48 17.08 18.15 18.73

2.18

2.15

2.26

2.32

2.36

2.40 19.671.71 14.562.77 7.78 11.90 18.8516.661.30 16.774.78 10.467.21 16.4212.806.38 7.83

NL:5.05E6

m/z= 183.08992-183.09176 MS harmana

NL:7.35E3

m/z= 183.08992-183.09176 MS palata_polpa_harmana

(A)

(B)

harmana

Figura 36 - Cromatogramas obtidos através das análises realizadas por CLUE-EM/EM do padrão de harmana e do extrato da polpa de P. alata. (A) solução padrão de harmana m/z 183, tR = 2,05 min e (B) extrato da polpa de P. alata.

73

Ainda, há correspondência do íon molecular presente no espectro de EM/EM

do extrato, m/z 183 (Figura 37 B), com o pico do íon molecular apresentado pelo

espectro do padrão (Figura 37 A).

A presença dos picos m/z 141 e m/z 165 nos espectros do extrato da polpa de

P. alata foi questionada como possível fragmentação do íon molecular. Contudo, os

dados da literatura mostraram que não há semelhança entre os picos do extrato e os

identificados em outros trabalhos: Li e colaboradores realizaram CLUE-EM/EM para

avaliação do comportamento da harmana. O método utilizado (ESI, no modo positivo

de ionização e EM/EM) resultou no [M+H]+ com m/z 183,0955 e os fragmentos de

m/z 168,0719 ([M+H-15]+), m/z 142,0679 ([M+H-41]+) e m/z 115,0570 ([M+H-68]+).

O pico m/z 141,95766 do espectro de massas do extrato da polpa apresenta um erro

de -107 ppm com relação à fórmula molecular proposta (C10H8N+), sendo assim não

foi possível a determinação da origem dos outros picos presentes no espectro do

extrato da polpa de P. alata, pela aplicação de CLUE-EM/EM (Li et al., 2014).

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

183.09122

C 12 H11 N2 = 183.09167

-2.50878 ppm

66.10370

141.95750

183.09027

66.10421165.13734

97.96790

NL: 2.51E6

harmana#138-156 RT: 2.07-2.32 AV: 19 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

NL: 1.39E4

palata_polpa_harmana#132-148 RT: 2.07-2.32 AV: 17 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

(A)

(B)

[M+H]+

[M+H]+

Figura 37 - Espectros de massas da análise CLUE-EM/EM do íon [M+H]+ de m/z 183, tR = 2,05

min: (A) do padrão comercial de harmana e (B) extrato da polpa de P. alata.

74

Por comparação do pico cromatográfico do padrão harmina (tR = 2,85 min)

(Figura 38 A) com o cromatograma do extrato da polpa de P. alata (Figura 38 B),

observa-se tempo de retenção semelhante ao do pico tR = 2,90 min, além da

correspondência do [M+H]+ m/z 213 e seu fragmento [M+H-15]+ m/z 198 – relativo a

perda de uma metila – presentes no espectro de massa/massa do extrato da polpa

(Figura 39 B).

RT: 0.00 - 19.99

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

2.83

2.892.72

2.97

1.23

3.242.43 3.53 4.25 5.39 6.22 6.88 7.63 8.43 9.20 9.91 10.53 11.41 12.36 13.17 14.61 15.13 16.07 17.19 17.80 18.76

2.90

2.96

3.00

1.33 17.785.374.791.46 11.937.33 15.707.856.93 10.663.80 16.640.39 15.3413.02 18.4914.31 19.4310.108.71

NL:5.15E7

m/z= 213.10034-213.10248 MS Harmina

NL:9.84E3

m/z= 213.10034-213.10248 MS palata_polpa_harmina

(B)

(A)

harmina

Figura 38 - Cromatogramas obtidos através das análises realizadas por CLUE-EM/EM do padrão de harmina e do extrato da polpa de P. alata. (A) solução padrão de harmina m/z 213, tR = 2,83 min e (B) extrato da polpa de P. alata.

75

Pela análise CLUE-EM/EM não foi possível a identificação dos alcaloides

harmol e harmalol nos extratos da polpa de P. alata.

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

198.07799

C 12 H10 O N2 = 198.07876

-3.92183 ppm

213.10140

C 13 H13 O N2 = 213.10224

-3.92586 ppm

66.10382

170.08307

C 11 H10 N2 = 170.08385

-4.58128 ppm

109.10041

C 8 H13 = 109.10118

-7.01642 ppm 128.2015379.38807 227.40467 242.24071

198.07737

213.10072

66.10427

171.96450109.1042495.15904 152.11406124.0613081.56615 240.82895226.93598

188.99044

NL: 5.43E7

Harmina#170-204 RT: 2.60-3.09 AV: 35 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

NL: 6.20E3

palata_polpa_harmina#165-196 RT: 2.60-3.09 AV: 32 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

(A)

(B)

[M+H]+

[M+H-15]+

[M+H]+ [M+H-15]+

Figura 39 - Espectros de massas da análise CLUE-EM/EM do íon [M+H]+ de m/z 213, tR = 2,85

min: (A) do padrão comercial de harmina e (B) extrato da polpa de P. alata.

76

Os extratos das sementes de P. alata também foram submetidos à análise por

CLUE-EM, e a figura 40 apresenta o cromatograma dos íons totais e os

cromatogramas dos íons extraídos de cada íon molecular protonado referente a

cada um dos alcaloides harmânicos investigados.

A identificação dos alcaloides foi atribuída levando em consideração o tempo

de retenção no cromatograma do extrato das sementes de P. alata, em comparação

com o dos padrões, e os espectros de massas respectivos. A relação m/z dos íons

extraídos foi definida pelos espectros apresentados nas análises dos padrões

comerciais dos alcaloides harmânicos. Os picos com tempo de retenção: tR = 2,03, tR

= 1,68, tR = 1,38, tR = 2,80 e tR = 2,54 minutos correspondem aos tempos de retenção

dos padrões harmana (tR = 2,03 min), harmol (tR = 1,68 min), harmalol (tR = 1,60 min),

harmina (tR = 2,60 min) e harmalina (tR = 2,50 min), respectivamente.

RT: 0.00 - 20.00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

50

100

0

50

100

0

50

100

0

50

100

Re

lativ

e A

bu

nd

an

ce

0

50

100

0

50

1000.82

2.03 11.362.54 13.20 15.48 18.499.387.79 11.70 15.91 17.152.80 7.021.12 5.434.14 6.03 14.758.27 9.90 10.63 18.66

2.03

2.33 2.72 4.14 5.644.91 6.03 8.27 13.807.02 14.759.64 16.0411.9610.679.08 19.0113.240.99 18.190.60 16.59

1.68

1.55

2.03

1.38

3.66

2.80

2.54

17.24

NL:7.52E9

TIC MS ext_semente1

NL:9.92E8

m/z= 183.09031-183.09215 MS ext_semente1

NL:8.58E5

m/z= 199.08495-199.08695 MS ext_semente1

NL:2.34E6

m/z= 201.10049-201.10251 MS ext_semente1

NL:1.14E6

m/z= 213.10032-213.10246 MS ext_semente1

NL:1.57E5

m/z= 215.11591-215.11807 MS ext_semente1

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

(F)

Figura 40 - Cromatograma do íon total (A) do extrato das sementes de P. alata, obtido por CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo. Cromatograma do íon extraído (B) m/z 183, (C) m/z 199, (D) m/z 201, (E) m/z 213 e (F) m/z 215.

77

A figura 41 mostra a presença dos íons [M+H]+ m/z 183, correspondente ao

alcaloide harmana, m/z 199 harmol, m/z 201 harmalol, m/z 213 harmina e m/z 215

harmalina nos picos cromatográficos dos íons extraídos do TIC do extrato das

sementes de P. alata (Figura 40).

ext_semente1 #46-49 RT: 1.94-2.07 AV: 4 SB: 462 0.01-1.90 , 2.11-20.00 NL: 3.91E8T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Relat

ive Ab

unda

nce

183.09100

C 12 H11 N2 = 183.09167

-3.66108 ppm

90.52546 99.51190

158.96076

C 8 H O3 N = 158.99509

-215.96170 ppm

61.00700

C 5 H = 61.00728

-4.49357 ppm

199.98716

C 14 O2 = 199.98928

-10.59706 ppm

240.12811

C 15 H16 O N2 = 240.12571

9.97442 ppm

ext_semente1 #36-38 RT: 1.51-1.59 AV: 3 SB: 464 0.01-1.51 , 1.64-20.00 NL: 4.28E7T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Relat

ive Ab

unda

nce

100.07512

C 5 H10 O N = 100.07569

-5.67360 ppm

144.98144

C 8 H O3 = 144.99202

-72.95594 ppm

83.05955

C 4 H7 N2 = 83.06037

-9.98487 ppm118.08556

C 5 H12 O2 N = 118.08626

-5.90795 ppm

171.14803

C 13 H15 = 171.11683

182.29876 ppm

199.08596

C 12 H11 O N2 = 199.08659

-3.17234 ppm63.23099

242.52899226.66184

ext_semente1 #32-35 RT: 1.33-1.46 AV: 4 SB: 465 0.01-1.33 , 1.42-20.00 NL: 1.21E6T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

165 170 175 180 185 190 195 200 205 210 215 220 225 230 235 240 245 250

m/z

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

850

Relat

ive Ab

unda

nce

172.95580

C 8 H O3 N2 = 172.99817

-244.94910 ppm 201.10165

C 12 H13 O N2 = 201.10224

-2.90777 ppm186.95559

C 13 H O N = 187.00527

-265.71897 ppm242.77022219.57661204.58231 225.33475 248.75322

(A)

(C)

(B)

Harmana

Harmol

Harmalol

[M+H]+

[M+H]+

[M+H]+

Figura 41 - Espectros CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo: dos picos dos íons [M+H]+ (A) m/z 183

(tR = 2,03 min), (B) m/z 199 (tR = 1,68 min), (C) m/z 201 (tR = 1,38 min), (D) m/z 213 (tR = 2,80 min) e (E) m/z 215 (tR = 2,54 min), presentes nos cromatogramas dos íons extraídos do extrato das sementes de P. alata.

78

ext_semente1 #65-67 RT: 2.76-2.84 AV: 3 SB: 464 0.01-2.72 , 2.84-20.00 NL: 2.13E7T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Relat

ive A

bund

ance

89.50617

98.51149

81.52005

182.98442

C 10 H O3 N = 182.99509

-58.35666 ppm111.01963

C 4 H3 O2 N2 = 111.01890

6.51961 ppm

141.95799

C 8 O2 N = 141.99235

-242.08385 ppm

154.98952

C 9 H O2 N = 155.00018

-68.80654 ppm

125.98568

C 8 O N = 125.99744

-93.35214 ppm

73.53129

213.10120

C 13 H13 O N2 = 213.10224

-4.86572 ppm

195.12197

C 15 H15 = 195.11683

26.37291 ppm

243.47620

ext_semente1 #60 RT: 2.54 AV: 1 NL: 3.95E8T: FTMS + p ESI Full ms [50.00-250.00]

50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250

m/z

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Relat

ive A

bund

ance

89.50626

81.52012

98.51154

110.01951

C 9 H2 = 110.01510

40.05382 ppm

73.53136 113.96313 182.98442154.98959141.95801

125.98571

C 8 O N = 125.99744

-93.10624 ppm

158.96069 186.22089172.95572

215.11697

C 13 H15 O N2 = 215.11789

-4.25709 ppm 245.78743

(E)

(D)

Harmalina

Harmina [M+H]+

[M+H]+

79

4. 2. 1. 2 Análise dos extratos de Passiflora edulis

Inicialmente os extratos da polpa e das sementes dos frutos de P. edulis

foram analisados por CLUE-EM, com ionização por eletronebulização e no modo

positivo. No entanto, os cromatogramas dos íons extraídos não apresentavam

nenhum pico bem definido, como é mostrado nos cromatogramas do extrato das

sementes (Figura 42) e no cromatograma do extrato da polpa (Figura 43).

RT: 0.00 - 19.97

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

50

100

0

50

100

0

50

100

0

50

100

Re

lativ

e A

bu

nd

an

ce

0

50

100

0

50

1006.910.94

9.701.07 10.854.34 16.9314.4410.98 13.596.064.99 15.947.69 12.86 19.598.20 17.61 18.439.403.180.17 2.541.33

2.19

9.706.911.33 4.34 19.635.24 18.265.893.960.81 16.8412.943.61 16.6711.199.278.20 13.1210.47 14.197.13 11.36

NL:4.05E9

TIC MS extrato_edulissem3

NL:9.94E5

m/z= 183.08992-183.09176 MS extrato_edulissem3

NL:0

m/z= 199.08495-199.08695 MS extrato_edulissem3

NL:0

m/z= 201.10049-201.10251 MS extrato_edulissem3

NL:0

m/z= 213.10032-213.10246 MS extrato_edulissem3

NL:0

m/z= 215.11591-215.11807 MS extrato_edulissem3

(E)

(D)

(C)

(F)

(B)

(A)

Figura 42 - Cromatograma do íon total (A) do extrato das sementes de P. edulis, obtido por CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo. Cromatograma do íon extraído (B) m/z 183, (C) m/z 199, (D) m/z 201, (E) m/z 213 e (F) m/z 215.

80

Então, a fim de obter melhores resultados para a identificação dos alcaloides

harmânicos nos extratos da polpa e das sementes de P. edulis, foram realizadas

análises por CLUE-EM/EM, realizadas no modo de ionzação positivo, que geraram o

cromatograma e o espectro de massas de cada alcaloide harmânico presente no

extrato referente a cada íon molecular [M+H]+ com a relação m/z dos padrões dos

alcaloides.

RT: 0.00 - 19.99

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

50

100

0

50

100

0

50

100

0

50

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

0

50

100

0

50

1003.73

1.671.200.94 2.66 5.83 6.51 7.92 9.24 10.914.76 8.39 12.4510.14 16.906.68 14.8913.60 17.6715.57 18.53 19.00

2.23

2.15 3.86

16.901.46 2.40 17.673.99 6.510.60 14.169.54 19.525.53 18.449.03 10.317.54 14.7611.55 16.5111.85

9.76

19.43

NL:6.16E9

TIC MS extrato_edulispol2

NL:1.35E6

m/z= 183.08992-183.09176 MS extrato_edulispol2

NL:1.30E5

m/z= 199.08495-199.08695 MS extrato_edulispol2

NL:0

m/z= 201.10049-201.10251 MS extrato_edulispol2

NL:1.02E5

m/z= 213.10032-213.10246 MS extrato_edulispol2

NL:0

m/z= 215.11591-215.11807 MS extrato_edulispol2

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

(F)

Figura 43 - Cromatograma do íon total (A) do extrato da polpa de P. edulis, obtido por CLUE-EM, ionização eletrospray, modo positivo. Cromatograma do íon extraído (B) m/z 183, (C) m/z 199, (D) m/z 201, (E) m/z 213 e (F) m/z 215.

81

Os extratos da polpa de P.edulis submetidos a EM/EM para o íon molecular

m/z 215, harmalina, resultaram nos cromatogramas da figura 44. Por comparação do

cromatograma do padrão comercial, tR = 2,60 min (Figura 44 A), com os

cromatogramas dos extratos (da polpa, figura 44 B e das sementes, 44 C), pode-se

afirmar que somente a polpa dos frutos de P. edulis contém o alcaloide harmalina.

RT: 0.00 - 20.00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

0

20

40

60

80

1002.61

2.65

2.56

2.461.251.20

2.34

2.31

2.163.10 3.53 4.29 5.51 6.29 8.537.33 8.87 9.57 10.41 11.37 12.10 13.16 13.82 14.67 16.01 16.46 17.32 18.47 19.230.77

9.259.299.10

9.47

8.96 9.588.87

9.668.83

8.741.27 9.951.30 2.63 10.418.362.661.35

8.09 10.75 11.605.07 7.31 13.806.79 13.63 13.93 16.5915.94 16.691.46 2.77 19.7518.864.360.81

1.27

9.239.17 9.318.58

9.667.84 9.936.63 11.156.36 12.53 14.055.501.47 4.31 14.903.420.87 15.772.65 16.43 17.74 19.00

NL:4.49E7

m/z= 214.50-215.50 MS Harmalina

NL:1.82E4

m/z= 214.50-215.50 MS pedulis_polpa_harmalina

NL:4.84E4

m/z= 214.50-215.50 MS pedulis_sem_harmalina

(A)

(B)

(C)

harmalina

Figura 44 - Cromatogramas obtidos através das análises realizadas por CLUE-EM/EM do padrão de harmalina m/z 215 (tR = 2,60 min) e do extrato da polpa de P. edulis (A) padrão de harmalina, (B) extrato da polpa de P. edulis e (C) extrato das sementes de P. edulis.

82

Na figura 45, é possível observar que os espectros de massas do padrão

(Figura 45 A) e do extrato (Figura 45 B), no tempo de retenção do alcaloide (tR =

2,60 min), são semelhantes, onde podem ser observados os íons de m/z 215

([M+H]+), o fragmento iônico m/z 200, uma quebra simples com a saída de uma

metila ([M+H-15]+), e o fragmento iônico m/z 174, eliminação de C2H3N ([M+H-41]+).

60 80 100 120 140 160 180 200 220 240

m/z

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

174.09083

C 11 H12 O N = 174.09134

-2.90702 ppm

200.09384

C 12 H12 O N2 = 200.09441

-2.85638 ppm

66.10384

159.06734

C 10 H9 O N = 159.06787

-3.27322 ppm

109.10044

C 8 H13 = 109.10118

-6.74496 ppm83.59897

237.06279

C 14 H9 O2 N2 = 237.06585

-12.91051 ppm

174.09005

C 11 H12 O N = 174.09134

-7.40582 ppm

200.09293

C 12 H12 O N2 = 200.09441

-7.43666 ppm

66.10415 109.10316

C 8 H13 = 109.10118

18.14746 ppm 181.4139986.4564973.59283

145.89498 159.80556 224.83105

NL: 9.72E7

harmalina#157-184 RT: 2.35-2.73 AV: 28 F: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

NL: 1.15E4

Pedulis_polpa_harmalina#160-182 RT: 2.52-2.87 AV: 23 F: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

[M+H]+

[M+H-15]+

[M+H-41]+

[M+H]+

[M+H-15]+

[M+H-41]+

(A)

(B)

Figura 45 - Espectros de massas da análise CLUE-EM/EM do íon [M+H]+ de m/z 215, tR = 2,60 min: (A) do

padrão comercial de harmalina e (B) extrato da polpa de P. edulis.

83

Observando o cromatograma do padrão comercial de harmina, com tR = 2,85

min (Figura 46 A) e os cromatogramas dos extratos (Figura 46 B e C), pode-se

afirmar que a polpa e as sementes dos frutos de P. edulis contêm o alcaloide

harmina, por apresentarem pico cromatográfico no mesmo tempo de retenção.

RT: 0.00 - 19.99

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Time (min)

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

0

20

40

60

80

1002.83

2.902.77

2.93

2.67

1.23

3.24 3.54 4.30 5.43 6.22 6.96 7.64 8.35 9.08 9.91 10.59 11.50 12.80 13.39 14.31 14.99 15.90 16.93 17.68 19.061.650.95

2.902.98

2.82

1.35 1.410.54 3.34 4.61 4.88 6.10 14.58 15.996.50 10.64 12.9712.538.10 8.86 17.469.29 18.95

2.962.79

3.01

2.74

3.121.411.38 3.26 18.2712.944.06 5.33 16.371.46 7.14 9.63 17.70 18.606.41 15.0210.66 14.437.44 8.23 10.99 12.15

NL:1.81E8

TIC MS harmina

NL:3.59E4

m/z= 213.10032-213.10246 MS Pedulis_sem_harmina

NL:9.59E3

m/z= 213.10032-213.10246 MS pedulis_polpa_harmina

harmina (A)

(B)

(C)

Figura 46 - Cromatogramas obtidos através das análises realizadas por CLUE-EM/EM do padrão de harmina m/z 213 (tR = 2,85 min) e do extrato da polpa de P. edulis: (A) padrão de harmina (B) extrato das sementes de P. edulis e (C) extrato da polpa de P. edulis.

84

A comparação dos espectros de massas do padrão e dos extratos (Figura

47), no tempo de retenção do alcaloide (tR = 2,85 min), indica que estão presentes os

sinais referentes ao [M+H]+ (m/z 213) e o fragmento referente à perda de uma

metila, [M+H-15]+ (m/z 198), confirmando a presença do alcaloide harmina no extrato

da polpa e das sementes de P. edulis.

170 180 190 200 210 220 230 240

m/z

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

0

20

40

60

80

100

198.07799

C 12 H10 O N2 = 198.07876

-3.91186 ppm

213.10140

C 13 H13 O N2 = 213.10224

-3.91692 ppm

185.10652

C 12 H13 N2 = 185.10732

-4.37359 ppm

170.08307

C 11 H10 N2 = 170.08385

-4.57022 ppm 227.40467 232.74769 242.24071221.82328

214.70690

198.07743

213.10080

171.96445 237.79539215.48345190.34061 224.60124201.62182180.79494 210.69831194.25286

198.07772

213.10111

171.96470 185.10627 224.31945194.72389 231.60981215.33904 241.51216202.01908 209.29978

NL: 4.85E7

harmina#175-210 RT: 2.67-3.17 AV: 36 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

NL: 8.99E3

pedulis_polpa_harmina#169-201 RT: 2.66-3.17 AV: 33 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

NL: 3.32E4

Pedulis_sem_harmina#169-201 RT: 2.66-3.17 AV: 33 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [55.00-250.00]

(A)

(B)

(C)

[M+H]+

[M+H-15]+

[M+H-15]+

[M+H-15]+

[M+H]+

[M+H]+

Figura 47 - Espectros de massas da análise CLUE-EM/EM do íon [M+H]+ de m/z 213, tR = 2,85 min: (A)

padrão comercial de harmina, (B) extrato da polpa de P. edulis e (C) extrato das sementes de P. edulis.

85

O alcaloide harmana possui um tempo de retenção de aproximadamente 2,1

min, e a comparação do cromatograma do padrão comercial (Figura 48 A) com os

cromatogramas dos extratos da polpa dos frutos de P. edulis (Figura 48 B) e P. alata

(Figura 48 D) revela a presença do alcaloide harmana nos referidos extratos. Quanto

ao pico cromatográfico da figura 48 C, por ser pouco definido exige outras análises

para a confirmação da presença de harmana.

RT: 0.00 - 20.00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Time (min)

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

0

20

40

60

80

1001.25

1.20 2.09

2.19

2.02

2.24

2.382.71 3.45 4.60 5.49 6.14 7.48 8.10 9.25 9.76 10.63 11.75 12.62 14.5614.12 15.07 16.48 17.08 18.15 18.73

2.202.26

2.12

2.30

1.386.83 17.098.162.50 3.39 13.465.744.260.76 17.609.16 19.2810.839.67 14.174.55 12.35 15.63

2.2819.662.66

2.200.43 1.42 3.14 13.017.29 17.725.17 6.64 8.260.57 19.564.42 16.8711.51 12.32 15.6010.878.56 14.36 18.889.356.34

2.18

2.152.23

2.26

2.32

2.40 19.671.71 14.562.77 7.78 11.90 18.8516.661.30 4.78 17.6410.467.21 16.4212.806.38 7.83

NL:5.05E6

m/z= 183.08992-183.09176 MS harmana

NL:2.05E3

m/z= 183.08992-183.09176 MS Pedulis_polpa_harmana

NL:1.12E3

m/z= 183.08992-183.09176 MS Pedulis_sem_harmana

NL:7.35E3

m/z= 183.08992-183.09176 MS palata_polpa_harmana

(A)

(B)

(C)

(D)

harmana

Figura 48 - Cromatogramas obtidos através das análises realizadas por CLUE-EM/EM do padrão de harmana m/z 183 (tR = 2,09 min) e do extrato da polpa de P. edulis: (A) padrão de harmana (B) extrato da polpa de P. edulis, (C) extrato das sementes de P. edulis e (D) extrato da polpa de P. alata.

86

O espectro de massa/massa do padrão de harmana no tR = 2,10 min (Figura

49 A) mostra o pico do íon [M+H]+ m/z 183. Comparado com os espectros EM/EM

dos extratos (Figura 49 B, C e D), estes também possuem o pico m/z 183, referente

ao íon [M+H]+. Como nas análises do extrato da polpa de P. alata discutidas

anteriormente neste trabalho (página 73), não foi possível a identificação dos picos

m/z 141, m/z 137 e m/z 165, presentes nos espectros dos extratos das sementes e

da polpa de P. edulis.

120 130 140 150 160 170 180 190 200

m/z

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Re

lative

Ab

un

da

nce

0

20

40

60

80

100

183.09120

C 12 H11 N2 = 183.09167

-2.58422 ppm

186.42517

155.03662

C 10 H5 O N = 155.03657

0.35955 ppm118.49960 200.35004177.54761136.49132125.17021

141.95766

137.96324183.09050165.13757

141.95772

137.96330165.13759 183.09067

141.95749

183.09026137.96306 165.13734

NL: 1.46E6

harmana#152 RT: 2.26 AV: 1 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

NL: 1.59E4

Pedulis_polpa_harmana#144 RT: 2.26 AV: 1 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

NL: 1.47E4

Pedulis_sem_harmana#144 RT: 2.26 AV: 1 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

NL: 1.41E4

palata_polpa_harmana#144 RT: 2.26 AV: 1 T: FTMS + p ESI Full ms2 [email protected] [50.00-250.00]

(A)

(B)

(C)

(D)

[M+H]+

[M+H]+

[M+H]+

[M+H]+

Figura 49 - Espectros de massas da análise CLUE-EM/EM do íon [M+H]+ de m/z 183, tR = 2,05

min: (A) padrão comercial de harmana, (B) extrato da polpa de P. edulis e (C) extrato das sementes de P. edulis e (D) extrato da polpa de P. alata.

87

A Tabela 8 apresenta, de forma resumida, a identificação dos alcaloides

estudados neste trabalho. Os alcaloides harmalol e harmol só foram identificados

nos extratos das sementes de P. alata analisadas por SBSE/CLUE-EM, não sendo

detectados nos outros extratos, analisados por SBSE/CLUE-EM/EM. A harmina está

presente nas sementes e na polpa de ambas as espécies estudadas, enquanto a

harmana foi identificada nos extratos da polpa e das sementes de P. alata e nos

extratos da polpa de P. edulis. O alcaloide harmalina foi encontrado nos extratos da

polpa de P. edulis e nas sementes de P. alata.

Ainda, os extratos das sementes de P. edulis necessitam de futuras análises,

pois suspeita-se da presença da harmana, pois o cromatograma da análise CLUE-

EM/EM apresentou um pico cromatográfico pouco definido no tR = 2,09 min,

referente ao alcaloide, ainda que o espectro de EM/EM mostre a presença do sinal

do íon [M+H]+ de m/z 183.

Tabela 8 - Avaliação da identificação dos alcaloides harmânicos nos extratos da polpa e das sementes de P. alata e P. edulis.

Extratos P. edulis (sementes) P. edulis (polpa) P. alata (sementes) P. alata (polpa)

Alcaloides

Harmana Sim Sim Sim Sim

Harmina Sim Sim Sim Sim

Harmol Não Não Sim Não

Harmalol Não Não Sim Não

Harmalina Não Sim Sim Não

88

4. 3 Extração de alcaloides harmânicos por SBSE-EG Silicone.

O planejamento experimental é considerado uma ferramenta conveniente

para determinar as condições ótimas de procedimentos envolvendo um número

razoável de análises. Uma vez que as barras para SBSE recobertas com EG-

Silicone não haviam sido utilizadas por outros pesquisadores para a extração de

alcaloides harmânicos, o processo de planejamento fatorial fracionário foi realizado,

a fim de se avaliar os fatores mais relevantes, e assim definir os valores dos seus

níveis correspondentes às melhores condições de extração e dessorção.

O planejamento fatorial fracionário 25-1 foi escolhido com base no trabalho de

Pereira e colaboradores, para a extração de alcaloides da polpa e das sementes de

maracujá azedo, utilizando barras SBSE revestidas de PDMS. Os mesmos fatores

foram mantidos, uma vez que são cinco as variáveis que podem afetar a eficiência

de uma extração por SBSE: quantidade de NaCl, pH, tempo de extração, tempo de

dessorção e porcentagem de metanol como solvente de dessorção (PEREIRA, et al.

2014).

Após os experimentos do planejamento fatorial fracionário, foram utilizadas as

áreas dos picos cromatográficos de cada alcaloide como resposta, e os resultados

das análises quimiométricas podem ser observados nos gráficos de Pareto e dos

Efeitos Principais nas figuras 50 e 51. O Gráfico de Pareto é representado por barras

horizontais, e o comprimento dessas são proporcionais ao valor absoluto do seu

efeito estimado associado ou do efeito padronizado. A linha vertical, que corta as

barras, indica a significância estatística e que, neste estudo, corresponde ao limite

de 95%. Desta forma, os fatores avaliados são significativos se a barra

correspondente cruzar a linha vertical. Para o alcaloide harmana (Figura 50 a), todos

as variáveis são importantes, e em seus valores máximos. O Gráfico de Pareto

referente ao alcaloide harmina (Figura 50 b), observa-se que somente a

porcentagem de metanol é significante, no nível máximo e no nível de confiança de

95%.

89

(a)

(b)

Figura 50 - Gráficos de Pareto para visualização dos efeitos das variáveis químicas (% MeOH, pH, Tempo de Extração (Textr), NaCl e Tempo de Dessorção (Tdess)) sobre a extração por SBSE-EG silicone, para os alcaloides (a) harmana e (b) harmina.

90

A partir dos gráficos dos Efeitos Principais (Figura 51) tem-se que quase

todos os fatores são significativos, e em seus níveis superiores, enquanto que o pH

e a % de metanol apresentam maior influência nos resultados, pois o rendimento da

extração dos alcaloides harmana e harmina aumenta consideravelmente com 100%

de metanol e em pH 12. Para o alcaloide harmina (Figura 51 b), no entanto, somente

o tempo de dessorção apresenta ser pouco significante, com uma pequena variação

no rendimento da extração.

O efeito do pH da solução na eficiência de extração está relacionado com o

rendimento de extração por SBSE, que é dependente das constantes de dissociação

dos analitos em soluções aquosas. Os alcaloides harmana e harmina, em solução

aquosa são encontradas em três formas (respectivamente figuras 52 e 53), o

equilíbrio é definido pelos valores de pKa (harmana: 14,5 e 8,6; e harmina: 14,43 e

8,0).

(a)

(b)

Figura 51 - Gráficos dos Efeitos Principais para visualização da influência dos níveis das variáveis químicas (% MeOH, pH, Tempo de Extração (Textraç), NaCl e Tempo de Dessorção (Tdessor)) sobre a extração por SBSE-EG silicone, para os alcaloides (a) harmana e (b) harmina.

91

Assim, em soluções com alto valor de pH (pH 12, no caso desse trabalho),

mas abaixo do valor de pKa, são esperadas espécies neutras, com baixa

solubilidade em água, sendo mais facilmente extraídos pela matriz extratora.

pH < 6,0

+H+

pH > 13

-H+

+H+

pH < 6,0

-H+

pH > 13

Figura 52 – Formas iônicas e molecular do alcaloide harmana em solução aquosa.

Figura 53 – Formas iônicas e molecular do alcaloide harmina em solução aquosa.

92

Os resultados significativos obtidos para a quantidade de NaCl adicionado,

correspondentes ao nível superior, estão relacionados à força iônica do meio de

extração, que devido ao efeito de salting-out e as interações eletrostáticas entre

moléculas polares e os íons de NaCl aumenta a quantidade de analitos extraídos.

Para a determinação do melhor tempo de extração e de dessorção, foi

realizado um estudo da cinética do processo de extração e de dessorção, mantendo

o pH 12, 3,5 g de NaCl e com 100% de metanol como solvente de dessorção. Os

resultados avaliados foram o aumento da área do pico cromatográfico referente ao

alcaloide extraído por SBSE usando as barras recobertas com EG-Silicone, com o

aumento do tempo de extração (Figura 54) e dessorção (Figura 55).

O comportamento dos alcaloides harmana e harmina frente aos processos de

extração e dessorção é semelhante, e com base nos resultados dos estudos

cinéticos, utilizando as barras recobertas com EG-Silicone, o melhor tempo de

extração são 30 minutos sob agitação, com o tempo de dessorção de 15 minutos no

ultrassom. A partir destes tempos o ganho de massa tende a estabilizar e o

aumento não é considerável em relação ao aumento do tempo de extração e

dessorção.

93

(B)

(A)

Figura 54 - Gráficos da variação da área do pico cromatográfico dos alcaloides (A) harmina e (B) harmana extraídos por SBSE-EG Silicone, em função dos diferentes tempos de extração sob agitação.

94

(A)

(B)

Figura 55 - Gráficos da variação da área do pico cromatográfico dos alcaloides (A) harmina e (B) harmana na extração SBSE-EG Silicone, em função dos diferentes tempos de dessorção no ultrassom.

95

O estudo da recuperação do procedimento de extração e dessorção definido

pelo planejamento experimental e pelo estudo cinético foi realizado a partir da

análise prévia, por CLAE-Flu, de alíquotas da amostra a ser submetida ao processo

de extração por SBSE com as barras recobertas por EG-Silicone, determinando-se a

porcentagem inicial dos alcaloides contidos em cada solução. A área dos picos

cromatográficos de cada um dos alcaloides foi considerada como 100% para o

cálculo da recuperação. Após a dessorção das barras magnéticas, os alcaloides

dessorvidos foram analisados por CLAE-Flu, obtendo-se a área do pico

cromatográfico referente à porcentagem final dos alcaloides presentes.

O valor da área do pico que corresponde a 100% de recuperação foi

calculado a partir dos resultados obtidos pela análise das alíquotas da amostra antes

de ser submetida ao processo de extração:

Área1 (obtida antes da extração) ..................10 mL

X (áreateórica correspondente a extração) .....150 µL

Xárea teórica = Área1 x 10 mL / 150 µL

Então, a porcentagem de recuperação real foi calculada, após a extração dos

alcaloides por SBSE/CLAE-Flu:

[Área2 (obtida após extração por SBSE/CLAE-Flu)/ Xárea teórica] x 100%

As concentrações das soluções dos padrões dos alcaloides harmana e

harmina utilizados para o estudo da recuperação foram: 20, 250, 500, 1000, 1500 e

2000 ng L-1. O perfil da curva da porcentagem de recuperação em função da

concentração pode ser observado nas figuras 56 e 57.

A curva de recuperação para a harmana (Figura 56 A) mostra inicialmente um

comportamento crescente, onde a recuperação aumenta com o aumento da

concentração de alcaloides na solução extraída. Uma concentração maior que 500

ng L-1 leva a uma recuperação porcentual menor, que diminui gradativamente. No

intervalo entre 20, 250 e 500 ng L-1, a recuperação do alcaloide harmana é linear

(Figura 56 B).

96

4,85

18

26

17

13 11

0

5

10

15

20

25

30

0 500 1000 1500 2000 2500

Po

rce

nta

gem

de

Re

cup

era

ção

Concentração (ng/L)

Recuperação Harmana (%)

Recuperação Harmana (%)

8

15

21

R² = 0,9953

0

5

10

15

20

25

0 100 200 300 400 500 600

Po

rce

nta

gem

de

Re

cup

era

ção

Concentração (ng/L)

Recuperação Harmana (%)

Recuperação Harmana (%)

(A)

(B)

Figura 56 - Curva da porcentagem de recuperação do alcaloide harmana em função das concentrações da solução de extração, por SBSE com barras magnéticas EG-Silicone.

97

A curva de porcentagem de recuperação da harmina (Figura 57) possui um

comportamento senoidal, com um máximo de recuperação em 250 ng L-1, diminui

em 500 ng L-1, volta a aumentar em 1000 ng L-1, e por fim diminui gradativamente.

As agências de regulamentação dos métodos de extração, como por exemplo

a Anvisa, exigem recuperação de analitos entre 80 e 120% (RIBANI, 2004). Assim

as barra de EG-Silicone não são adequadas para a extração de harmana e harmina,

uma vez que o máximo de recuperação alcançado chegou a 26% para a harmana e

38% para a harmina.

A literatura aponta a utilização das barras de EG-Silicone com recuperações

entre 84 e 116% para análises de compostos (clorofenóis e cloroanisóis) que

interagem por ligações de hidrogênio com a matriz extratora (CACHO et al., 2014).

Os alcaloides harmana e harmina possuem sítios de ligação de hidrogênio, no

entanto apresentaram uma baixa recuperação – considerando os valores exigidos

para métodos quantitativos -, e como perspectivas futuras para estudo da extração

de alcaloides harmânicos pelas barras de SBSE-EG Silicone está o estudo dos

alcaloides harmol e harmalol, que possuem valor de log Ko/w menores, sendo mais

polares.

Figura 57 - Curva da porcentagem de recuperação do alcaloide harmina em função das concentrações da solução de extração, por SBSE-EG Silicone.

98

5 CONCLUSÕES

Pereira e colaboradores e Rodrigues analisaram os alcaloides harmana e

harmina por SBSE/CLAE-Flu dos extratos da polpa e das sementes de P. edulis,

determinando as quantidades de cada um nestes extratos. Nos estudos deste

trabalho verificou-se que a quantidade dos alcaloides harmana e harmina

encontrada nos extratos da polpa de P. alata, por SBSE/CLAE-Flu é pequena, em

comparação com a polpa de P. edulis, de acordo com o trabalho de Pereira e

colaboradores (PEREIRA et al., 2014; RODRIGUES, 2013). Para complementar o

estudo dos alcaloides harmana e harmina em maracujá doce é necessário realizar a

quantificação nos extratos das sementes desta espécie.

A técnica de extração por SBSE-PDMS aplicada no estudo dos alcaloides

harmânicos nos extratos da polpa e das sementes de P. alata e P.edulis por

SBSE/CLUE-EM/EM mostrou-se vantajosa por ser rápida, fácil de realizar, e exige

menor quantidade de amostra e solvente, quando comparada a técnica de extração

líquido-líquido, por exemplo.

Os resultados obtidos neste trabalho contribuem para o conhecimento da

composição fitoquímica da polpa e das sementes das espécies de maracujá

estudados, quanto aos alcaloides harmânicos, especialmente nas sementes do

maracujá doce (P. alata), em que foram identificados os alcaloides harmana,

harmina, harmol, harmalol e harmalina, sem outros relatos na literatura sobre estes

alcaloides nesta espécie. Os alcaloides identificados em P. edulis, harmana, harmina

e harmalina foram detectados nos extratos das folhas desta espécie, por

cromatografia em papel, utilizando o reagente de Dragendorff (LUTOMONSKI et al.,

1975). Este trabalho utilizou técnicas mais modernas e confirma a presença destes

alcaloides.

A extração dos alcaloides harmana e harmina com as barras de SBSE-EG

Silicone mostrou uma baixa recuperação, em torno de 30 %, sugerindo que a

interação dessas moléculas com a fase extratora, dentro das condições estudadas,

não foi significativa. Assim, outros alcaloides harmânicos precisam ser testados, e/ou

a metodologia deve ser estudada, para otimizações.

99

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