fungigação utilizando gotejamento na cultura do tomate para o controle da pinta-preta

Upload: joaobtj

Post on 15-Jul-2015

362 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

JOO BATISTA TOLENTINO JNIOR

FUNGIGAO UTILIZANDO GOTEJAMENTO NA CULTURA DO TOMATE PARA O CONTROLE DA PINTA PRETA

MARING PARAN-BRASIL FEVEREIRO - 2008

JOO BATISTA TOLENTINO JNIOR

FUNGIGAO UTILIZANDO GOTEJAMENTO NA CULTURA DO TOMATE PARA O CONTROLE DA PINTA PRETA

Dissertao apresentada Universidade Estadual de Maring, como parte das exigncias do curso de Ps-graduao em Agronomia, rea de concentrao em Produo Vegetal, para obteno do ttulo de Mestre.

MARING PARAN-BRASIL FEVEREIRO - 2008

Dados Internacionais de Catalogao-naPublicao (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maring PR., Brasil)S649f Tolentino Jnior, Joo Batista Fungigao utilizando gotejamento na cultura do tomate para o controle da pinta preta / Joo Batista Tolentino Jnior. -- Maring : [s.n.], 2008. 39 f. Orientador : Prof. Dr. Roberto Rezende. Dissertao (mestrado) - Universidade Estadual de Maring. Programa de Ps-Graduao em Agronomia, rea de concentrao: Produo Vegetal, 2008. 1. Fungigao. 2. Quimigao. 3. Irrigao localizada. 4. Gotejamento. 5. Tomate. 6. Pinta preta (Alternaria solani). I. Universidade Estadual de Maring. II. Ttulo.

CDD 21.ed. 632.4

JOO BATISTA TOLENTINO JNIOR

FUNGIGAO UTILIZANDO GOTEJAMENTO NA CULTURA DO TOMATE PARA O CONTROLE DA PINTA PRETA

Dissertao apresentada Universidade Estadual de Maring, como parte das exigncias do curso de Ps-graduao em Agronomia, rea de concentrao em Produo Vegetal, para obteno do ttulo de Mestre.

APROVADA em 15 de fevereiro de 2008.

__________________________Prof. Dr. lcio Silvrio Klosowski

_________________________________Prof. Dr. Paulo Srgio Loureno de Freitas

________________________ Prof. Dr. Roberto Rezende

AGRADECIMENTOSAgradeo a Deus pela sade que Ele me concedeu durante todos esses anos da minha vida. A minha famlia pela educao e apoio nesta minha caminhada at aqui. A minha me Iraci, pela ajuda desde meus primeiros passos at esse momento da minha vida. A minha irm Graciele, pelos auxlios nas horas difceis. Ao Prof. Dr. Roberto Rezende por sua preciosa orientao, exemplo, amizade e apoio constante. Aos professores do curso de ps-graduao, em especial aos do CTI, Paulo Srgio Loureno de Freitas, Antnio Carlos Andrade Gonalves e Altair Bertonha. Aos colegas da ps-graduao, principalmente ao Celso pelo incentivo e apoio. Aos amigos Rodrigo, Gustavo, Daniel, Regina, Lucas e Fernando pela colaborao, esforo e amizade. A Adriana pelo convvio, companheirismo e apoio durante todas as fases deste trabalho. Aos funcionrios do CTI, Amaurdio, Eduardo, Osmar, Silo pela ajuda no desenvolvimento das atividades. A CAPES - Coordenadoria de Aperfeioamento Pessoal de Ensino Superior, pela concesso da bolsa. A Universidade Estadual de Maring pelo apoio financeiro. A todos que direta e indiretamente colaboraram para a realizao deste trabalho.

ii

BIOGRAFIAJOO BATISTA TOLENTINO JNIOR, filho de Joo Batista Tolentino e Iraci Gevehr Tolentino, nasceu em Palotina-PR, aos 30 dias do ms de agosto de 1983. Cursou de 1998 a 2000 tcnico em Agropecuria no Colgio Agrcola Oeste do Paran - Palotina-PR. Ingressou no curso de Agronomia da Universidade Estadual de Maring, em maro de 2001, e colou grau em Agronomia em fevereiro de 2006. Em maro de 2006, iniciou o curso de ps-graduao em Agronomia (mestrado) na Universidade Estadual de Maring, sob orientao da Prof. Dr. Roberto Rezende, na rea de concentrao em Produo Vegetal.

iii

NDICE1. 2. INTRODUO ........................................................................................... 1 REVISO BIBLIOGRFICA ....................................................................... 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 3. 4. A cultura do tomate ......................................................................... 2 Casa de vegetao ......................................................................... 4 Irrigao localizada ......................................................................... 4 Pinta-preta (Alternaria solani) .......................................................... 6 Quimigao ..................................................................................... 8 Fungigao...................................................................................... 9 Fungigao em sistemas de irrigao localizada .......................... 11

MATERIAL E MTODOS ......................................................................... 13 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................... 20 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 Severidade da doena .................................................................. 20 Produtividade ................................................................................ 21 Nmero de frutos........................................................................... 23 Massa de frutos ............................................................................. 24 Dimetro de frutos ......................................................................... 25

5. 6. 7.

CONCLUSO .......................................................................................... 26 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................... 27 APNDICE ............................................................................................... 33

iv

RESUMOTOLENTINO JNIOR, Joo Batista. M.S. Universidade Estadual de Maring, fevereiro de 2008. Fungigao utilizando gotejamento na cultura do tomate para o controle da pinta-preta. Orientador: Prof. Dr. Roberto Rezende. Plantas de tomate (var. Santa Clara) foram cultivadas em vasos instalados no interior de uma casa-de-vegetao. Aos 50 dias aps o transplantio, foram inoculadas com Alternaria solani e tratadas com quatro diferentes fungicidas: azoxystrobina (8 g 100 L-1), difeconazole (50 mL 100 L-1), metiran + piraclostrobin (200 g 100 L-1) e tebuconazole (100 mL 100 L-1), em duas formas de aplicao: pulverizao convencional e fungigao por gotejamento. A testemunha no recebeu aplicao de fungicidas. Avaliou-se a severidade da doena, atravs de escala de notas, expressa em rea abaixo de curva de progresso da doena (AACPD), e fatores de produo, como nmero, massa e dimetro mdio dos frutos, e produtividade. O delineamento experimental foi 4x2+1, com oito repeties, sendo cada parcela constituda por uma planta em um vaso. Houve reduo da severidade da doena de 27% em comparao com a testemunha, no sendo observada diferena significativa para os mtodos de aplicao. O fungicida azoxystrobina aplicado por fungigao reduziu a rea abaixo da curva de progresso da doena para 60,41, inferior aos demais fungicidas, que obtiveram valores de 71,44; 74,93 e 75,33 para difeconazole, tebuconazole e metiran+piraclostrobin, respectivamente. O nmero de frutos no diferiu estatisticamente entre os tratamentos. A massa e dimetro dos frutos foram superiores nos tratamentos com fungicidas em comparao a testemunha, refletindo em aumento da produtividade.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Alternaria solani, quimigao, gotejamento.

v

ABSTRACTTOLENTINO JNIOR, Joo Batista. M.S. Universidade Estadual de Maring, february de 2008. Fungigation with drip irrigation in tomato by control of early blight. Advisor: Prof. Dr. Roberto Rezende. Tomato plants (var. Santa Clara) were cultivated inside greenhouse in vase. Fifty days after transplantation were inoculated with Alternaria solani and treated with 4 fungicides: azoxystrobin (8 g 100 L-1), difeconazol (50 mL 100 L-1), metiran+piraclostrobin (200 g 100 L-1) and tebuconazol (100 mL 100 L-1), in twos ways of application: conventional pulverization and drip chemigation. The treatment control did not receive fungicide application. Disease severity was evaluated by rating scale and expressed in area under the disease progress curve (AUDPC) and production factors, numbers, weight and diameter of fruits and yield. The experimental design was 4x2+1 with 8 replications, being each parcel formed by one plant in one vase. The disease severity was reduced 27% in comparison to control and did not observe significant difference between application methods. Azoxystrobin applied by fungigation reduced the area under the disease progress curve to 60.41 in comparison to the others fungicides that obtained 71.44; 74.93 and 75.33 for difeconazol, tebuconazol and metiran+piraclostrobin, respectively. The number of fruits did not differ significant between treatments. The mass and diameter of fruits were higher in treatments with fungicides than in treatment control and therewith yield was increased.

Key words: Lycopersicon esculentum, Alternaria solani, chemigation, drip irrigation.

vi

1. INTRODUODentre as tcnicas de aplicao de defensivos agrcolas disponveis, as que se baseiam na pulverizao convencional do produto so as mais difundidas, graas flexibilidade que oferecem em distintas aplicaes. Atualmente, entretanto, uma nova tcnica de aplicao de produtos fitossanitrios vem se desenvolvendo bastante: a quimigao. Das vantagens que a quimigao pode oferecer, a diminuio dos custos de aplicao , sem dvida, a mais importante, mas sem esquecer dos benefcios que traz a eficincia de aplicao, ao meio-ambiente e a segurana do aplicador. No entanto, h necessidade de estudos que confirmem as suas vantagens em relao aos demais mtodos de aplicao, e por isso, faltam produtos formulados ou registrados no Brasil para a quimigao. A irrigao por gotejamento uma tcnica muito difundida no cultivo de hortalias de alto valor econmico, entre elas o tomate, por isso, este sistema vem a ser muito importante na quimigao. conhecida a eficincia de aplicao de fertilizantes atravs da irrigao por gotejamento, mas faltam estudos com a aplicao de outros defensivos. A pinta-preta uma das mais importantes doenas na cultura do tomate, podendo causar elevadas perdas. O cultivo do tomate seria impossvel sem a adoo de medidas de controle de doenas, dentre as quais se destaca o controle qumico realizado pela aplicao de fungicidas. Fungicidas sistmicos so capazes de translocar pela planta e agir em locais distantes do ponto de aplicao. Devido a esta caracterstica, so passveis de serem usados na fungigao por gotejamento, uma vez que neste mtodo de irrigao a gua aplicada no solo junto s razes, e os fungicidas agem no controle de doenas da parte area. O objetivo deste trabalho foi verificar o controle da pinta-preta em tomate atravs da aplicao de fungicidas via gua de irrigao (fungigao) por gotejamento em comparao com o mtodo convencional, por

pulverizao, e sua influncia na produo da cultura.

1

2. REVISO BIBLIOGRFICA2.1 A cultura do tomate O tomate a segunda hortcola em importncia, apenas superada pela batata (Filgueira, 2003; Canado Jnior et al., 2003). No ano de 2005, a cultura ocupou, mundialmente, uma rea em torno de 4,5 milhes de hectares, com produo de 127 milhes de toneladas (FAO, 2007). Os maiores produtores so a China, Estados Unidos, ndia, Turquia e Egito. O Brasil o maior produtor da Amrica Latina e o 9 produtor mundial de tomate, destacando-se em termos de produtividade. No ano de 2005, teve uma rea plantada de 55 mil hectares, e produo de 3,2 milhes de toneladas (Mapa, 2007). O centro de origem do tomateiro a regio andina, que vai desde o Equador, passando pela Colmbia, Peru, Bolvia, at o norte do Chile. Entretanto, a sua domesticao foi feita por tribos primitivas que habitavam o Mxico, onde passou a ser cultivado e melhorado. Na poca da chegada dos espanhis Amrica, o tomate j estava integrado cultura asteca. Os espanhis e portugueses difundiram o tomate pelo mundo atravs de suas colnias ultramarinas. Acredita-se que os navegadores espanhis tenham levado sementes para a Europa. Nos primeiros tempos, os europeus associaram o fruto do tomate com outra planta da mesma famlia, a mandrgora, extremamente venenosa, devido a presena de alcalides, comuns a esta famlia. No tomateiro, entretanto, o alcalide presente a tomatina, que embora aparea em altas concentraes nas folhas e frutos verdes, transforma-se em compostos inertes nos frutos maduros (Alvarenga, 2004). Por volta de 1531, a corte espanhola, atravs de um edito real, liberou o uso da planta exclusivamente para ornamentao. Assim, do sculo XVI at incio do sculo XVII, o tomateiro foi cultivado nos jardins como planta ornamental pela beleza dos frutos. Foi tambm chamada de pomme damour ou ma do amor. A primeira referncia histrica da aceitao do tomate na alimentao humana foi feita em 1554, pelo veneziano Matthiolus. Com o passar do tempo, integrou-se profundamente a gastronomia italiana, sendo

2

usado amplamente em pizzas, saladas e com azeite, sal e condimentos. No Brasil, a introduo do tomate deve-se a imigrantes europeus, principalmente italianos, espanhis e portugueses, no final do sculo XIX (Alvarenga, 2004). O tomateiro pertence a classe Dicotiledoneae, ordem Tubiflorae, famlia Solanaceae, gnero Lycopersicon. Inicialmente, foi descrito por Linnaeus como Solanum lycopersicon. Em 1754, Miller estabeleceu o gnero Lycopersicon. O tomate cultivado comercialmente da espcie Lycopersicon esculentum, Mill (Giordano et al., 2003). O tomate uma planta perene, mas cultivada como anual, herbcea, de porte arbustivo, com hbito de crescimento determinado (indstria) ou indeterminado (mesa). Adapta-se melhor ao cultivo em clima tropical de altitude, como o das regies serranas ou de planalto, e tambm ao clima subtropical ou temperado, seco e com luminosidade elevada. A temperatura ideal est na faixa de 15C a 25C, entretanto, necessrio que haja um gradiente de temperatura, com temperaturas diurnas amenas e noturnas menores, com diferena de 6C a 8C. O sistema radicular, quando a cultura transplantada, se torna extremamente ramificado e se concentra a menos de 20 cm de profundidade, porm chega a ocupar um dimetro de at 1,5 m. As folhas so alternadas, compostas, com um grande fololo terminal (Sediyama et al., 2003). Os frutos so bagas carnosas e suculentas, com aspecto, tamanho e peso variados, conforme a cultivar. O fruto fresco apresenta baixo poder calrico, baixo teor de matria seca e muito rico em clcio e vitamina C. Os acares (sacarose e frutose) constituem cerca de 65% dos slidos solveis totais e se acumulam na fase final da maturao. A colorao verde dos frutos imaturos devida presena de clorofila. Com o incio da maturao, ocorrem a degradao da clorofila e a sntese de pigmentos amarelos, principalmente xantofilas e caroteno, atingindo, posteriormente, a cor avermelhada em razo do acmulo de licopeno. Embora todos os trs pigmentos sejam poderosos destruidores de radicais livres, o licopeno uma das substncias fotoqumicas que apresenta propriedades anticancergenas (Filgueira, 2003). Entre as cultivares, o surgimento do tomate Santa Cruz nos anos 40, assinala um marco na trajetria dessa espcie no Brasil. No decorrer de trs dcadas, essa cultivar difundiu-se por todo o pas, alcanando um 3

extraordinrio desempenho. Entretanto, havia relatos de que o tomate Santa Cruz era suscetvel a todas as doenas e pragas. Em 1986, o Instituto Agronmico de Campinas (IAC) lanou a variedade Santa Clara, resultado do cruzamento entre a cultivar ngela e o hibrido F1 Duke. As caractersticas de produo dessa cultivar superaram todos os ndices conhecidos para tomateiro, at ento. A aceitao pelo produtor foi imediata e j nos anos seguintes, praticamente 95% da rea ocupada com tomateiro no Brasil era com tomate Santa Clara (Alvarenga, 2004). 2.2 Casa de vegetao No cenrio atual de crescente demanda por hortalias, o cultivo protegido uma tima alternativa para usar a terra e outros recursos de forma mais eficiente (Mahajan e Singh, 2006). O cultivo em casa de vegetao melhora a qualidade e produtividade do tomate por evitar as baixas temperaturas do inverno e manter a produo livre de pestes e doenas. Na regio sul e sudeste do Brasil, no perodo de inverno, o tomate cultivado em casa de vegetao quando predominam baixas temperaturas, e no vero para proteo das chuvas. Nas demais regies, o cultivo protegido visa proteo contras as chuvas. Dessa forma, buscam-se regularizar as ofertas nas pocas de safra e entressafra. Com o cultivo protegido consegue-se prolongar o perodo da colheita do tomateiro, proporcionando aumento da produtividade (Carrijo e Makishima, 2003). De maneira geral, observa-se maior produtividade das cultivares de tomate quando conduzidas sob cultivo protegido (Caliman et al., 2005; Mahajan e Singh, 2006). 2.3 Irrigao localizada Irrigao localizada, segundo Bernardo et al. (2005), pode ser definida como a aplicao de gua no solo em uma regio restrita do volume radicular da cultura. caracterizada por no molhar a totalidade do solo, utilizar pequenas vazes com baixas presses, aplicar a gua prximo s plantas e ser realizada com alta freqncia. Em relao aos outros mtodos, as vantagens da irrigao localizada so: melhor uso da gua; reduo do perigo da salinidade nas plantas;

4

facilidade para aplicao de fertilizantes e outros produtos qumicos pela gua de irrigao; limitao de no e crescimento economia de de plantas daninhas; menor em

requerimento

energia

mo-de-obra.

Porm,

contrapartida, o mtodo requer constante manuteno, podendo ocorrer entupimento dos emissores, crescimento restrito das razes da planta, alm do alto custo inicial do sistema (Mantovani et al., 2007). A irrigao localizada no deve ser considerada somente como uma tcnica para suprir de gua as culturas, mas como parte integrante de um conjunto de tcnicas agrcolas nos cultivos de determinadas plantas, sob condies controladas de umidade do solo, adubao, salinidade, doenas e variedades selecionadas, de modo que se obtenham efeitos significativos na produo, por rea e gua consumida, bem como na poca da colheita e na qualidade do produto (Bernardo et al., 2005). No Brasil, de acordo estudos realizado por Christofidis (2001; 2002), a irrigao localizada vem se expandido. Estima-se que nos prximos dez anos no s as novas reas irrigadas utilizaro, predominantemente, o mtodo de irrigao localizada, como tambm haver uma converso de 40% das reas atuais sob irrigao por superfcie e 30% das reas irrigadas sob asperso para a irrigao localizada. O sistema de irrigao um dos mais importantes componentes que interferem na produtividade e qualidade dos produtos agrcolas em cultivo protegido. A gua deve ser aplicada em quantidade adequada e no momento certo (Harmanto et al., 2005). A irrigao localizada se adapta muito bem a culturas de grande retorno econmico, especialmente quando cultivadas em ambiente protegido, entre elas, o pimento, berinjela, morango, cucurbitceas, e principalmente, a cultura do tomate (Locascio, 2005). A irrigao por gotejamento em tomateiro, quando associada prtica da fertirrigao, pode proporcionar um incremento de produtividade e uma economia de gua de at 30% em comparao aos demais sistemas de irrigao (Colla et al., 1999; Prieto et al., 1999). Em relao a asperso, o gotejamento possibilita aumento de 30 a 50% na eficincia do uso da gua pelas plantas (Prieto et al., 1999).

5

Em estudos comparativos da irrigao por gotejamento com outros sistemas, esta levou a uma melhora significativa em todas as caractersticas de qualidade dos frutos de tomate (Mahajan e Singh, 2006), e maior crescimento e maior produtividade (Yohannes e Tadesse, 1998; Malash et al., 2005). O gotejamento, por ter a gua aplicada diretamente ao solo, sem molhar a folhagem e os frutos, contribui com a diminuio da incidncia de doenas da parte area e do apodrecimento de frutos, e pode reduzir o uso de fungicidas em at 60% (Marouelli e Silva, 2002). 2.4 Pinta-preta (Alternaria solani) A pinta preta caracteriza-se por ser uma das mais importantes doenas da cultura do tomateiro nas condies brasileiras de cultivo (Lopes et al., 2003; Blume e Jara, 2004), ocorrendo praticamente em todas as regies onde se cultiva tomate. Apresenta alto potencial destrutivo, incidindo sobre folhas, hastes, pecolos e frutos do tomateiro, ocasionando elevados prejuzos financeiros (Kurozawa e Pavan, 2005). Provoca perdas diretas, atravs da infeco dos frutos e indiretamente, pela reduo do vigor da planta e por danos causados aos frutos, devido exposio aos raios solares, em decorrncia da desfolha. As perdas provocadas variam em funo de inmeros fatores, tais como a poca em que a doena se estabelece na cultura, taxa de progresso da doena, cultivar utilizada, assim como as condies ambientais prevalecentes (Lopes et al., 2000; Vale et al., 2000). O agente causal da pinta preta o fungo Alternaria solani (Ellis & Martin) L.R. Jones & Grout. Pertence ao grupo dos fungos imperfeitos (Deuteromicota), classe Hyphomycetes, ordem Hyphalis (Agrios, 2005). Possui miclio septado e ramificado. Os conidifaros tem 12-20 x 120-296 m, so

simples, septados, longos, sub-hialinos a escuros, com condios terminais. Estes so multicelulares, com septos transversais e longitudinais, clavados, com uma das extremidades pontiagudas, com ou sem apndice (Kurozawa e Pavan, 2005). Os condios so disseminados principalmente pelo vento, mas tambm por insetos, sementes, trabalhadores e implementos agrcolas. Podem permanecer viveis por longo tempo no solo, em restos de cultura, ou em outras culturas como batata, pimento, berinjela, ou ainda, em plantas 6

daninhas (Sherf e Macnab, 1986; Lopes et al., 2003). O fungo sempre pode ser encontrado em campos onde se cultiva o tomateiro, mas tambm pode ser introduzido via sementes e mudas infectadas. A doena afeta toda a parte area da planta, a partir das folhas mais velhas e prximas ao solo. Nas folhas, os primeiros sintomas consistem de manchas pequenas, circulares e elpticas, com dimetro de 0,3 a 1,3 cm e de colorao marrom a preta. A medida que essas manchas aumentam de tamanho, anis concntricos podem ser formados em razo do crescimento irregular do fungo no tecido da planta. As manchas podem ocorrer isoladamente ou em grupo nas folhas e, s vezes, halos clorticos se desenvolvem em torno das manchas. Os sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais velhas e progridem para as folhas situadas na parte de cima da planta. Tambm comum o aparecimento de cancro no colo e nas hastes. Nesse caso, o sintoma caracterizado por leses grandes, com anis concntricos, semelhantes aos que ocorrem nas folhas. Os sintomas tpicos nos frutos ocorrem no ponto de insero do pednculo, como manchas necrticas que se originam na regio de ligao entre o clice e o fruto. As manchas so usualmente de colorao marrom a preta, com at 2 cm de dimetro, firmes, deprimidas e geralmente apresentam anis concntricos distintos (Kurozawa e Pavan, 2005). A pinta-preta causa graves epidemias em tomateiro cultivado nas regies quentes e midas. Sob condies favorveis ao progresso da doena, vrios ciclos secundrios do patgeno podem ocorrer durante o ciclo da cultura (Chaerani e Voorrips, 2006), levando epidemias. A maior ocorrncia da doena est associada a uma faixa de temperatura entre 25 e 32C, sendo a temperatura ideal por volta de 27C (Rotem, 1994). A presena de gua livre na superfcie da folha fundamental para a germinao, infeco e esporulao do fungo. No campo, na presena de gua livre na superfcie da planta ou de umidade relativa maior que 90%, a germinao dos condios ocorre em menos de duas horas a temperaturas entre 8 e 32C. As leses podem aparecer dois ou trs dias aps a inoculao e a expanso das mesmas favorecida por temperaturas em torno de 24 a 28C, com presena de gua livre nas folhas (Vale et al., 2000).

7

Atualmente, no existe cultivares comerciais resistentes (Chaerani e Voorrips, 2006). O controle deve ser feito adotando um conjunto de medidas preventivas, que vo desde o cuidado na escolha do local de plantio, rotao de culturas, eliminao dos restos culturais, tratamento de sementes, adubao equilibrada, at pulverizaes preventivas com fungicidas sistmicos.

(Embrapa Hortalias, 2007). 2.5 Quimigao As pesquisas mais recentes e os avanos obtidos nos sistemas de irrigao e nos equipamentos de injeo permitiram uma expanso do nmero de produtos aplicveis pela gua de irrigao. Desse modo, na moderna agricultura irrigada, os sistemas de irrigao esto sendo utilizados no somente para aplicar gua as culturas, mas tambm fertilizantes, inseticidas, herbicidas, fungicidas, etc. (Papadopoulos, 1999). A aplicao de produtos qumicos na lavoura por intermdio da gua de irrigao denominada quimigao (Vieira, 1994). A expanso do uso da quimigao, incluindo vrios produtos qumicos, gerou novos termos, como fertigao (ou fertirrigao), herbigao, fungigao, insetigao, nematigao, etc. para descrever os vrios tipos de quimigao (Papadopoulos, 1999). Os sistemas pressurizados vm sendo cada vez mais utilizados nesse processo, devido ao movimento turbulento da gua que ajuda a manter o material qumico uniformemente distribudo nas tubulaes. Essa caracterstica contribui na obteno de boa uniformidade de aplicao. A injeo feita na tubulao principal ou lateral e o ponto de aplicao ser o aspersor ou emissor. Uma vez que a soluo estar misturada a gua de irrigao, a uniformidade de aplicao do agroqumico se confunde com a da aplicao da gua e, portanto, necessrio que essa uniformidade seja elevada para que se obtenha uma boa uniformidade do produto (Brito, 2007) Em geral, a aplicao de produtos qumicos via quimigao tem surtido resultados efetivos e consistentes. Diversos trabalhos relatam o uso da quimigao na proteo de plantas, na aplicao de herbicidas (herbigao), inseticidas (insetigao), nematicidas (nematigao) e fungicidas (fungigao). Em herbigao, Silva e Costa (1991) avaliaram a aplicao de herbicidas em pr-emergncia na cultura do milho, por irrigao por asperso. 8

Os autores concluram que os herbicidas tiveram uma eficincia considerada normal, e que sua aplicao via irrigao por asperso na cultura do milho vivel. Barnes et al. (1992) afirmam que o metolachlor aplicado via herbigao apresentou eficcia no controle de plantas daninhas semelhantes obtida com a sua aplicao por pulverizao, mesmo resultado encontrado por Ruas et al. (2005) com a aplicao de fomesafen via irrigao por asperso no controle de leiteiro (Euphorbia heterophylla). Ainda, Fontes et al. (2006) afirmam que a aplicao dos herbicidas metolachlor e fomesafen por piv central, em plantio direto e convencional na cultura do feijo, foi mais eficiente que a aplicao convencional. Eberlein et al. (2000) observaram excelente controle da mostarda indiana (Brassica juncea) e paino (Setaria italica) com herbigao via piv central dos herbicidas metolachlor e metribuzin. Em insetigao, Viana e Costa (1998) avaliaram a eficincia de diversos inseticidas aplicados via irrigao por asperso no controle da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda) na cultura do milho e puderam concluir a eficincia do clorpirifs, seguido por lambdacialotrina, fenvalerale, carbaril, diazinon, triflumuron e diflubenzuron. Hickel et al. (2001) estudaram o controle da prola da terra (Eurhizococcus brasiliensis), praga da videira, com inseticidas aplicados por insetigao, e concluram que metidation eficiente nesta tcnica. 2.6 Fungigao Fungigao a aplicao de fungicidas via gua de irrigao (Papadopoulos, 1999). Em pases de agricultura irrigada altamente tecnificada, o controle de doenas fngicas freqentemente feito utilizando esta prtica, que tem demonstrado, na maioria dos casos, eficincia e segurana (Pinto, 1994). A fungigao vem sendo utilizada nos Estados Unidos h

aproximadamente 30 anos (Johnson et al., 1986). No Brasil, porm, tem sido adotada sem um adequado embasamento cientfico. Os fungicidas na aplicados mesma via dose fungigao devem para ser a usados, aplicao

preferencialmente,

recomendada

convencional (Brito, 2007). Nos EUA, a cultura mais estudada com a prtica da fungigao o amendoim. Sumner e Littrel (1989) realizaram aplicaes dos fungicidas 9

chlorothalonil e diniconazole em amendoim, via irrigao por asperso, no controle dos fungos de solo (Sclerotium rolfsii e Rhizoctonia solani), e da mancha tardia (Cercosporidium personatum). Os resultados mostram que a fungigao foi eficiente. Brenneman e Sumner (1989) obtiveram sucesso no controle da mancha tardia (Cercosporidium personatum) com o fungicida tebuconazole aplicado por fungigao via piv central. Culbreath et al. (1993) realizaram aplicaes do fungicida cyproconazole via piv central, para o controle da mancha tardia (C. personatum) e concluram que a fungigao foi eficiente. Brenneman e Sumner (1990) realizaram aplicaes do fungicida chlorothalonil via piv central para controle de (R. solani) e verificaram eficincia no ano em que a doena no foi muito severa. Krikun e Franz (1982) trabalharam com a aplicao de methan-sodium via asperso no controle da podrido das vagens (Phytium spp. e Rhizoctonia spp.) e da murcha do amendoim (Verticillium dahlie) e puderam verificar o controle da doena. No Brasil, grande parte das pesquisas direcionada cultura do feijo. Vieira e Sumner (1999) relatam que a aplicao dos fungicidas vinclozolin, procymidone e fluazinam via gua de irrigao so os mais comuns na irrigao por asperso no controle do mofo branco do feijo (Sclerotinia sclerotium). Ainda segundo os autores, as pesquisas feitas mostram que esse mtodo eficiente no controle de doenas. Oliveira et al. (1995) realizaram aplicaes de diversos fungicidas, isolados e em mistura, para o controle do mofo branco (S. sclerotium) em feijo e puderam concluir que a fungigao foi eficiente. Sartorato e Rava (1998) realizaram aplicao de vrios fungicidas e misturas via piv central, para o controle da mancha angular (Phaseoisariopsis griseola), e os resultados mostram que a fungigao foi eficiente. Pinto e Costa (1999) realizaram fungigao por asperso com vrios fungicidas, para o controle da ferrugem do feijoeiro comum (Uromyces appendiculatus) e verificaram a eficincia dos fungicidas bitertanol, mancozeb e benomyl. Cunha et al. (2004) realizaram aplicao do fungicida epoxiconazol via piv central, e observaram que foi eficiente no controle da mancha de alternaria (Alternaria spp.) e mancha angular (P. griseola). Vieira et al. (2001; 2003) verificaram que os fungicidas fluazinam, benomyl e procimidone foram eficientes no controle do mofo branco (S. sclerotium).

10

O fungicida benomyl, quando aplicado via gua de irrigao por asperso convencional, visando o controle de fungos que infectam ou infestam as sementes de sorgo, foi eficiente no controle de Cladosporium sp., Phoma sp. e Colletotrichum graminicola (Pinto e Costa, 1986). Na cultura do arroz, a fungigao por asperso convencional mostrou que o fungicida hidrxido de trifenil estanho foi mais eficiente no controle da brusone e na reduo da porcentagem de Pyricularia orryzae nas sementes, com conseqente aumento da produo (Pinto et al., 1992). Browne e Viveros (2005) afirmam que a quimigao com fosfonato inibiu a expanso do cancro (Phytophthora spp.) em rvores de amndoa. Tambm h relatos do uso da quimigao em hortalias, como o controle da goma do caule do pepino (Mycosphaerella melonis) e do mldio (Pseudoperonospora cubensis), pela aplicao de chlorothalonil e fenamiphos (Sumner et al., 1981); controle de mofo branco (S. sclerotium) em tomateiro pela aplicao de iprodione via piv central (Minami e Moraes, 1992). Em batata, Potter e Crawford (1985) e Reese et al. (1985a) utilizando mancozeb em fungigao, constataram a reduo da ocorrncia da pinta-preta (A. solani) e o incremento da produtividade da cultura. Em tomateiro, resultados eficientes no controle da septoriose (Septoria lycopersici), pinta-preta (A. solani) e antracnose (Colletotrichum phomoides) foram obtidos com os fungicidas chlorothalonil, mancozebe e captafol aplicados na gua, em irrigao por asperso convencional (Potter, 1980). A podrido de frutos de tomate causada por C. phomoides, foi reduzida significantemente pela aplicao de vrios fungicidas via piv central (Reese et al, 1985b). Neshev (1997) avaliou a aplicao de fungicidas atravs da irrigao por asperso no controle da requeima (Phytophthora capsici) em plantas de pimento, e verificou que todos os tratamentos promoveram timo controle. 2.7 Fungigao em sistemas de irrigao localizada Nos sistemas de irrigao localizada, a prtica da quimigao se restringe aos produtos qumicos aplicados no solo, entre eles, os fertilizantes, os pesticidas sistmicos e para controle de patgenos e pragas de solo. Escassos so os trabalhos que relatam a fungigao em sistema de irrigao localizada. Katz et al. (2006) estudou o controle do mofo cinzento 11

(Botrytis cinerea) na planta ornamental lisianthus (Eustoma grandiflorum) pela fungigao por gotejamento dos fungicidas thiofanato metlico, thiofanato metlico+chlorothalonil e iprodione. Os autores puderam concluir que a tcnica da quimigao teve efeito semelhante a pulverizao convencional. Browne et al. (2002) conduziram experimentos comparando aplicao de metam sodium em irrigao por gotejamento e asperso no controle de mofo-branco (S. rolfsii) na cultura da batata. Os autores observaram que a quimigao por gotejamento foi mais eficiente que por asperso. Macleod et al. (1999) investigaram o efeito da quimigao por gotejamento do fungicida tebuconazole no controle da podrido branca da cebola (Sclerotium cepivorum) e puderam observar que a fungigao teve efeito na reduo da infeco pela doena e no aumento da produtividade da cultura.

12

3. MATERIAL E MTODOSO presente trabalho foi desenvolvido no perodo de 23/04/2007 a 31/10/2007, nas dependncias do Centro Tcnico de Irrigao (CTI), do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Maring, municpio de Maring, Estado do Paran. As coordenadas geogrficas do local so 2325 latitude sul, 5157 longitude oeste e 542 metros de altitude. Conforme classificao climtica de Kppen, o clima da regio Cfa, ou seja, clima temperado mido com veres quentes e chuvosos e invernos secos. A temperatura mdia anual 22,6C, sendo 10,3C a mdia das mnimas e 33,6C das mximas. A precipitao pluviomtrica da ordem de 1500 mm anuais, sendo que os meses de dezembro e janeiro registram os maiores ndices, e os meses de julho e agosto os menores ndices. O experimento foi conduzido em casa de vegetao, construda no sentido Norte-Sul, com cobertura em arco, com 20 m de comprimento, 7,5 m de largura e p-direito de 2,5 m, sendo que os arcos na parte mais alta atingiam altura de 4,0 m. As fachadas laterais e frontais foram envolvidas com tela antiafdeo e possuam um rodap de alvenaria com 0,25 m de altura. O teto foi coberto com filme plstico de polietileno de baixa densidade de 150 micra de espessura, com tratamento anti-UV. Foram utilizados vasos com capacidade de 25 L. No fundo destes, colocou-se uma pequena camada de brita para facilitar a drenagem. O volume do vaso foi completado com uma mistura de solo e areia nas propores de 30 e 70%, respectivamente. Para enchimento dos vasos, utilizou-se um solo identificado como Nitossolo Vermelho distrofrrico. Este foi coletado, peneirado e desinfestado atravs de solarizao (Ghini, 1997). Esta tcnica consistiu em manter o solo coberto com um filme plstico transparente durante um perodo de alta radiao solar, o que promoveu a elevao da temperatura e a inativao trmica de diversos patgenos. Assim, o solo foi distribudo de forma homognea sobre uma lona plstica, em uma camada de 10 cm, umedecido e mantido coberto com um plstico transparente durante quatro semanas, no perodo de dez de maro a oito de abril de 2007. 13

Os vasos foram colocados diretamente sobre o cho, formando seis linhas, espaadas 1,0 m entre si. Os vasos na linha foram espaados 0,40 m. Cada linha possua 20 vasos, totalizando 120 vasos (Figura 1). O solo foi enviado anlise qumica no Laboratrio de Solos da UEM. Os resultados da anlise esto no Quadro 1. A adubao de plantio seguiu a recomendao de Carvalho et al., 2004. Foi incorporado, por vaso, 0,8 g do adubo NPK 20-5-20 e 25 g de fosfato reativo (29% de P2O5). A cultura plantada foi tomate (L. esculentum), variedade Santa Clara. Esta no apresenta resistncia a pinta-preta (Paula e Oliveira, 2003). As mudas foram obtidas semeando 2 a 3 sementes por clula em bandejas de isopor com 128 clulas preenchidas com substrato comercial para mudas Plantmax. A semeadura ocorreu no dia 23/04/07. As bandejas foram mantidas em uma bancada instalada na prpria estufa onde ocorreu o plantio definitivo. Durante este perodo, foram feitas irrigaes duas vezes ao dia, pela manh e no final da tarde. No dia 22/05/2007, 30 dias aps a semeadura, as mudas foram transplantadas definitivamente para os vasos quando apresentavam dois pares de folhas verdadeiras. Inicialmente, foram colocadas duas mudas por vasos, a fim de garantir o pegamento das mudas em todos os vasos. Aos 15 dias aps o transplantio, foi realizado o desbaste das plantas, deixando apenas uma muda por vaso. Realizou-se uma adubao de cobertura com uria (45% de N) aos 45 dias aps o transplantio, na concentrao de 7,5%. O sistema de tutoramento utilizado foi fitilho com arame. Um fio de arame foi instalado na horizontal, sobre as fileiras de tomate, a uma altura de 2,0 m do cho, e fixado em moures instalados nas cabeceiras das filas de plantio. Outro fio de arame foi colocado da mesma forma, mas rente ao cho. Um fitilho plstico foi amarrado para cada planta no arame superior e inferior, e a planta foi envolvida nele. A medida que a planta crescia, soltava-se o fitilho, envolvia-se a planta e amarrava-se o fitilho novamente. Foi conduzida apenas a haste principal da planta, eliminando todas as brotaes laterais assim que nasciam. Quando a planta emitiu o 7 cacho de flores, realizou-se a poda do broto apical.

14

Figura 1.

Croqui da rea experimental.

Quadro 1. Resultados da anlise qumica do soloPh CaCl2 5,8 H2O 6,4 Al3+ H++Al3+ Ca2+ Mg2+ K+ SB CTC -3 -------------------------------- cmolc dm ---------------------------------0,0 3,17 3,88 0,94 0,51 5,33 8,50 P Fe Zn Cu Mn S-SO42-3 ----------------------------- mg dm ----------------------------4,3 84,15 3,08 14,30 108,12 17,25

V C % g dm-3 62,71 6,78

15

O controle de pragas foi feito com leo de Nim (azadiractina) na concentrao de 0,3% v/v. As principais pragas que ocorreram foram mosca branca (Bemisia argentifolii) e vaquinha (Diabrotica speciosa). Para

identificao das pragas, utilizaram-se armadilhas adesivas. Foram realizadas aplicaes quando a quantidade de pragas atingia o nvel de controle, o que ocorreu nos dias 02/07, 01/08, 15/08 e 23/09. A gua utilizada para a irrigao foi derivada de um reservatrio, que era abastecido por um poo artesiano. Foi utilizado o sistema de irrigao localizada por gotejamento. Utilizaram-se tubos gotejadores, com emissor inserido na linha, no compensantes, dimetro de 16 mm e vazo de 2 L h-1. A presso necessria para o sistema, a qual considerada muito pequena, foi fornecida apenas por diferena de nvel entre o reservatrio e a casa de vegetao. O espaamento entre gotejadores na linha foi 0,40 m, e foi usado um gotejador por vaso. Para determinar a uniformidade de aplicao, foi medida a vazo de todos os emissores de todas as linhas. O coeficiente de uniformidade foi calculado pela seguinte equao:n Xi X CUC = 1001 i =1 nX

(1)

Em que,CUC - coeficiente de uniformidade, %; Xi vazo observada no i-simo emissor, L;

X vazo mdia dos emissores, L;

n nmero de emissores.O coeficiente de uniformidade encontrado foi de 96,6%, considerado excelente para sistemas de irrigao localizada. O manejo da irrigao foi realizado atravs de um mini-tanque de evaporao (Farias et al., 1994; Fernandes et al., 2003). O tanque possua 0,6 m de dimetro e 0,25 m de altura, construdo em chapa de ferro galvanizado. Foi instalado no centro da estufa, sobre um estrado de madeira, a uma altura de 0,15 m do cho. A evaporao do tanque (Eca) era determinada pela diferena do nvel da gua do tanque, em milmetros. As medidas foram feitas com auxlio de um micrmetro de gancho, com preciso de 0,02 mm, instalado 16

sobre um poo tranqilizador no centro do tanque. Era permitida uma variao mxima de 25 mm no nvel da gua. Para determinar a evapotranspirao de referncia (Et0), utilizou-se a equao: Et 0 = Eca Kp , em que Kp o coeficiente do tanque. Neste experimento, o valor de Kp foi considerado igual a 1 (Prados, 1986). A evapotranspirao da cultura (Etc) foi determinada pela equao: Etc = Et 0 Kc , em que Kc o coeficiente de cultivo. Para as diferentes fases de desenvolvimento da cultura, os Kc utilizados foram: inicial: Kc=0,5; crescimento: Kc=0,8; Florescimento: Kc=1,0; Colheita: Kc=0,8 (Doorenbos e Kassam, 2000). Inicialmente, a freqncia de irrigao foi fixada em duas vezes por semana, as segundas e sextas-feiras e, posteriormente, em trs vezes por semana, as segundas, quartas e sextas-feiras. Em cada irrigao era reposta a lmina evapotranspirada no perodo anterior. A lmina aplicada era determinada em conformidade com o tempo de irrigao. O isolado de A. solani foi obtido no laboratrio de Biotecnologia Agrcola da Universidade Estadual de Maring. O fungo foi repicado para placa de Petri com meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-gar) e mantido em cmara incubadora BOD a temperatura de 25C e escuro. Quando a colnia estava com 15 dias de idade, foi preparada uma suspenso de esporos. Esta foi obtida adicionando 10 mL de gua destilada na placa de Petri. O miclio foi raspado com uma ala de Drigalsky e a suspenso resultante filtrada em gaze. Com auxlio de uma cmara de Neubauer, a suspenso foi ajustada para uma concentrao de 104 esporos mL-1. A inoculao da doena ocorreu 50 dias aps o transplantio, e foi repetida 20 dias aps a primeira inoculao. A suspenso de esporos foi pulverizada sobre as plantas de tomate, e o ambiente foi mantido em condies de alta umidade durante 24 horas. Os tratamentos foram aplicao de fungicidas via irrigao por gotejamento e por pulverizao convencional. Os princpios ativos, nome comercial, dose e intervalo de aplicao dos fungicidas utilizados esto no Quadro 2. Todos os fungicidas utilizados so sistmicos e registrados para a cultura do tomate (Agrofit, 2007). As doses utilizadas e o intervalo entre aplicaes seguiram a recomendao dos respectivos fabricantes.

17

Quadro 2. Princpio ativo, nome comercial, dose para 100 L de gua e intervalo entre aplicaes dos fungicidas utilizadosPrincpio ativo Azoxystrobina Difeconazole Metiran+Piraclostrobin Tebuconazole Nome comercial Amystar Score Cabrio Top Folicur Dose (100 L de gua) 8g 50 mL 200 g 100 mL Intervalo de aplicao 7 dias 7 dias 7 dias 14 dias

Para aplicao da fungigao, utilizou-se uma garrafa PET 2 L na qual foi adaptada um equipo para soro que permitia a regulagem da vazo. A vazo de gua utilizada quando se fez a aplicao com as garrafas PET foi igual a utilizada na irrigao por gotejamento, para garantir iguais condies em todos os tratamentos. Para comparao, foi realizada tambm a pulverizao convencional dos fungicidas. Utilizou-se um pulverizador manual para aplicao dos produtos. O volume de gua utilizado por planta na pulverizao serviu de base para a quantidade de produto a ser injetado na gua de irrigao, a fim de manter a mesma dose em ambos os tratamentos. Os tratamentos iniciaram em 13/07/2007 e duraram at 19/10/2007, totalizando 15 aplicaes. A colheita foi iniciada em 29/08 e continuou at 31/10 sendo realizadas sempre no mesmo horrio, pela manh. Foram colhidos os frutos que estavam no estdio de maturao vermelho-claro (Alvarenga, 2004). Depois de colhidos, os frutos eram levados para avaliao. Os frutos eram pesados, utilizando uma balana analtica, com preciso de 0,1 g. O dimetro equatorial era medido com um paqumetro com preciso de 0,05 mm, obtido pela mdia de duas medidas opostas. Com isso, obteve-se a produtividade (g planta-2), o nmero de frutos por planta, a massa de frutos (g) e o dimetro mdio dos frutos (mm). Para quantificao da doena, foi determinada a severidade da doena, realizada em quatro avaliaes semanais que iniciaram 90 dias aps o transplantio. Nestas avaliaes, era quantificada a doena no tero inferior da planta. Deste modo, a severidade foi expressa em rea abaixo da curva de progresso da doena (AACPD), calculada pela equao:(Yi +1 + Yi ) (Ti +1 Ti ) 2

AACPD = i =1n

(2)

18

Em que,AACPD rea abaixo da curva de progresso da doena; Yi = nota para severidade na i-sima observao, Ti = tempo (em dias) no momento da i-sima observao

n = nmero total de observaesAs notas para severidade da doena foram atribudas por observao visual conforme escala diagramtica desenvolvida por Boff (1991): 1-ausncia de sintomas; 2-traos de sintomas at 4% de severidade; 3-mais de 4% at 8% de severidade; 4- mais de 8% at 16% de severidade; 5- mais de 16% at 32% de severidade; 6-acima de 32% de severidade. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4x2+1, sendo quatro fungicidas, dois mtodos de aplicao e uma testemunha sem tratamentos. Foram utilizadas oito repeties. Cada parcela foi constituda por um vaso com uma planta de tomate. Os dados foram analisados nos programas estatsticos SAS e Sisvar. A anlise de varincia para esquema fatorial com tratamento adicional foi realizada segundo procedimento descrito por Yassin et al. (2002). Quando significativo (p