funções psíquicas

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FUNÇÕES PSÍQUICAS Prof a Gabriella de Andrade Boska gabriellaboska@usp .br Disciplina ENP 253 Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM MATERNO INFANTIL E PSIQUIÁTRICA

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FUNÇÕES PSÍQUICAS

Profa Gabriella de Andrade Boska

[email protected]

Disciplina ENP 253 Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiátrica

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM MATERNO INFANTIL E

PSIQUIÁTRICA

Integralidade e subjetividade do sujeito

• Corpo físico

• Corpo psíquico, psiquismo humano, vida psíquica –

modo de funcionar, de responder as situações cotidianas

da vida, de se relacionar consigo mesmo e com o outro

Exame psíquico ou avaliação das funções psíquicas

Integralidade e subjetividade

O quanto essas questões perpassam o

Relacionamento Terapêutico na prática do

Enfermeiro?

Psicopatologia

“Estudo dos fenômenos psíquicos conscientes e

patológicos que ocorrem no ser humano de modo

universal”

Campo de conhecimento específico: saúde mental

(avaliação da totalidade do psiquismo humano)

Exame psíquico/ Exame do estado mental

• Avaliação que visa o estabelecimento de um diagnóstico

de transtorno mental;

• Depende exclusivamente de uma aptidão clínica do

profissional (diálogo (com a pessoa ou terceiros) ou

observação do comportamento);

• A abordagem do sujeito para a realização do exame

vai diferir: do local, condições do paciente, tempo

disponível e dos objetivos da avaliação.

Exame psíquico

Consulta de Enfermagem

Consulta de

Enfermagem

Consulta de

Enfermagem

Funções psíquicas

Consciência

Sensopercepção

Afetividade

Humor

Atenção

Impulsividade

Vivências internas

subjetivas.

Essência do corpo

psíquico

Funções psíquicas

Inteligência

Memória

Pensamento

Linguagem

Juízo

Orientação

Psicomotricidade

Podem ser quantificadas,

medidas, possuem

exatidão

Esqueleto do corpo

psíquico

• Algumas funções são avaliadas diretamente apenas com

a observação do sujeito;

• Mas a maioria, só são percebidas por intermédio de

inferências a partir do que o enfermeiro expressa ou de

como se comporta.

Processo de comunicação e observação

Como avaliar se uma função psíquica alterada, é patológica ou não?

1 Avalie o contexto sócio-cultural

2 Descarte o uso de substâncias

3 Valide as informação com terceiros

4 Tente entender o quanto essas alterações prejudicam a vida da pessoa

5 Procure investigar a quanto tempo esse sintomas vem ocorrendo

6 A alteração isolada de uma deles geralmente não significa patologia

Consciência

Via de inserção do ser no mundo

“Um palco onde os fenômenos psíquicos acontecem”

(Jaspers,1985)

Atividade integradora dos fenômenos psíquicos que torna

possível o conhecimento da realidade em um determinado

instante

Consciência

Ponto de vista psicológico: sentimento da nossa própria identidade, formada por nossas vivências, pela maneira como sentimos e compreendemos o que se passa em nosso corpo e

no mundo que nos rodeia.

Capacidade humana para conhecer, para saber que conhece e para saber o que sabe que conhece

Consciência

Alterações patológicas

Quantitativas: consciência neurológica

Coma – ausência de vida psíquica

Obnubilação- diminuição da nitidez

Delirium – rebaixamento da consciência

(confusão)

Sonolência – variação da consciência

(fisiológico)

Lucidez- estado normal

Hipervigilância- muita claridade da

consciência

Consciência

Alterações patológicas

Qualitativas: relacionada a amplitude do

campo da consciência

Despersonalização – considera outra

pessoa, relata suas vivências como irreais

Ruptura da consciência do eu – “Agora sou

Napoleão Bonaparte”

Estado crespuscular- perda do elo com o

mundo exterior (ausências)

Atenção

https://www.youtube.com/watch?v=WhL4ntndnrs

Atenção

Afetividade Sensopercepção Pensamento

Principais funções que se alteradas, indicam

funcionamento diferente dos sujeitos e/ou

sugerem alguns dos principais diagnósticos de

transtornos mentais

Afetividade

Constitui a vida emocional do ser humano, manifestada

externamente a partir de determinadas situações

Não se pode deixar de sentir afeto!

Apresenta polos (amor e ódio; alegria e tristeza)

É subjetiva

Um indivíduo pode sentir alegria por motivos totalmente

diferentes dos outros (atemática)

Afetividade

Possui conteúdo e forma:

Conteúdo: sentimentos e emoções que podem ser diferentespara cada ser humano;

Sentimento – reação positiva ou negativa a alguma experiência.Incapaz de ser controlada pela vontade. (predominantementepsíquica)

Emoção – Estados afetivos decorrentes de alteraçõesfisiológicas que acontecem como resposta a algo. (psíquica eorgânica)

O afeto é constituído por ondas de emoção

Afetividade

Portanto no exame psíquico, para avaliar as alterações, importa-se com a forma da afetividade:

Estabilidade afetiva– sem grandes alterações

Modulação – tendência de mudar de estado afetivo de forma lenta e gradual (apatia, indiferença)

Tônus afetivo – intensidade de resposta efetiva esperado em um determinado momento

Ressonância – tendência psíquica de responder a um afeto com o mesmo afeto

Coerência – afeto acompanha a vivência

Ambivalência – afetos contraditórios ao mesmo tempo

Humor é o estado de disposição básica da afetividade, de

longa duração, sintoma relatado

Polos: Depressivo

Expansivo (mania)

• O afeto pode expressar o humor, mas nem sempre isso

ocorre pois o sujeito pode tentar controlar a

exteriorização dos seus sentimentos.

Afetividade

Temos a tendência de nos posicionarmos num dos dois

polos afetivos de forma mais intensa!

Depende de vários fatores momentâneos ou não.

https://www.youtube.com/watch?v=SFS4er7Khfg

Sensopercepção

Percepção dos estímulos (som, calor, luz) sobre os órgãos do sentido.

O processamento de uma sensação depende das seguintes condições:

a) Excitação de um órgão sensorial (receptor)

b) Transmissão da excitação através de vias sensitivas

c) Recepção do estímulo pelo centro cortical.

As sensações são os elementos estruturais da percepção.

São independentes da vontade, não podem ser evocadas, nem modificadas. São aceitas com sensação de

passividade.

Sensopercepção

Sensopercepção

Alterações qualitativas: ALUCINAÇÃO

Visual

Auditiva

Tátil

Gustativa

Cinestésica (movimentos corporais)

Cenestésica (órgãos)

Enteroceptiva (fisológicas)

https://www.youtube.com/watch?v=851AvKaerV4

https://www.youtube.com/watch?v=keJPaDSVzOs

Sensopercepção

Alterações qualitativas: ALUCINAÇÃO

Extracampina – relata presença de um objetivo fora de seu campo sensorial (visual)

“Eu vejo um monstro atrás de mim e ele está querendo me devorar”

“Eu vejo um gravador escondido nessa sala”

Alucinose – intoxicação por álcool

Zoopsia – abstinência do álcool

Esteja atento as manifestações não – verbais (expressão facial ou psicomotora de quem esta vendo, ouvindo, sentindo algo)

Sensopercepção

Algumas variações da sensopercepção (também

chamadas pseudo-alucinações) podem ser provocadas por

efeito de substâncias psicoativas, variação do ciclo sono-

vigília, por déficit de atenção, imaginação ou por estado

afetivo.

Ex:

- Ver pessoas próximas que já faleceram

- Amigos imaginários

Pensamento

Atividade de suceder ideias expressas por meio da

linguagem para compreender e adaptar-se ao mundo,

dirigir o comportamento – associação de ideias

Pode ser ligado a experiências, ou ao pensamento

autista

Avalia-se quanto a:

Curso ou velocidade

Forma

Conteúdo

Pensamento

Alterações

Curso ou velocidade:

-Lentificação

- Inibição (escassas associações)

- Aceleração (pode chegar a fuga de ideias, incapacidade de concluir um raciocínio)

Conteúdo

(por si só não caracterizam patologias):

Ruína

Culpa

Tristeza

Grandeza

Poder

(Delírio)

Pensamento

Forma:

-Arborização (perda de

direcionalidade, não conclui o

raciocínio)

- Roubo (tem a sensação de que

roubaram seu pensamento)

-Prolixidade (apego a ideias

supérfluas que se repetem)

-Fuga de ideias (mudança súbita

de assuntos devido a grande

concentração de ideias)

Pensamento

-Ambivalência (coexistência de pensamentos

contraditórios)

“Tenho uma amiga muito honesta que é uma ladra”

-Desagregação/Incoerência (perda da sintaxe e do fluxo do

discurso)

“Aqui esta tudo como sempre esteve. Gosto das maças e

das rosas, porém Zeus, no caminho das montanhas, disse

que os fazedores de espírito e os acrobatas sentem a

pulsação..”

Linguagem

Modo de comunicação que forma um discurso

Fenômeno psicomotor

É uma manifestação psíquica

Reflete a organização do processo de pensamento

Depende de fatores do contexto, habilidade cognitiva e

estado emocional.

Atenção para não confundir processo de pensamento

e linguagem!

Linguagem

Alterações

Quantidade:

Mutismo – abolição total

Pobreza de discurso – diminuição da quantidade, poucas informações

Logorreia – fala rápida interruptamente, difícil interromper.

Fluxo e velocidade:

Aceleração

Latência de resposta – demora para responder

Ecolalia – imitação do que o outro fala

Coprolalia – produção involuntária de palavras obscenas ou de baixo calão.

Juízo

Expressa-se pelo pensamento

Capacidade de definir valores e atributos

Capacidade de ser coerente com a realidade

Características:

Convicção extrema de um fato e certeza subjetiva

Irredutibilidade

Geralmente tem coerência com o universo cultural da

pessoa

Juízo

• Principal alteração: Delírio

- Perseguição

- Grandeza

- Místicos

- Culpa

Pode ser sistematizado ou frouxo

Ex:

“Maria refere que a sua irmã a observa 24 horas por dia através de

câmaras que instalou nos pregos da sua casa, diz também que a

mesma finge agradá-la preparando comidas gostosas, porém coloca

veneno nelas”

Ex:

“João faz todas as suas atividades (exceto banho) utilizando óculos de

sol. O mesmo diz que possui raios vermelhos nos olhos que podem

atingir as pessoas se retirar o óculos. Fala que adquiriu este poder pois

é o imperador da galáxia e precisa defende-la”

Ex:

“Márcio se julga pecador diante dos deus por sentir vontade de

masturbar-se e as vezes chegar ao ato de fazer. Por este motivo, já

tentou cortar o pênis diversas vezes e atualmente passa a maior parte

do tempo em orações pedindo perdão”

Ex:

“Aline vai até a delegacia fazer uma denúncia de que um familiar

faleceu e deixou uma grande herança para ela, porém, seu marido

tomou posse de todos os bens. Ela chora muito dizendo que precisa da

sua cobertura em Manhattan”

OBS: Os delírios de grandeza podem estar associados a

transtornos de humor, ou seja, podem estar congruentes

com este momento.

https://www.youtube.com/watch?v=ySBuTuORpE8

Crítica

• Capacidade de reconhecer que possui alguma alteração

psíquica e ou doença e busca meios eficazes e aceitáveis

para lidar com isso.

• É uma integração da realidade externa, inteligência e

experiência de vida.

Crítica

Alterações

Exaltada, culpa – depressão

Insuficiente – oligofrenia

Debilitada – demência

Suspensa – rebaixamento da consciência

Pacientes psicóticos – comum a perda de crítica com

relação a ao estado patológico

“Eu não tenho nenhuma doença, não preciso estar

aqui internado, na verdade só vim para fazer meu

curativo”

Inteligência

Habilidade de pensar e agir

racional e logicamente, é todo

um rendimento do indivíduo.

Capacidade de pensar e dar

sentido ao que é essencial.

Medida por testes de

habilidades.

Alterações quantitativas:

Não significa patologia!

Oligofrenia – deficiência intelectual herdada, adquirida

precocemente

Demência – declínio progressivo da capacidade intelectual

Orientação

Orientação

Alterações qualitativas

Memória

Memória

Memória

Conação/Volição

Impulsividade

Psicomotricidade

Psicomotricidade

Mesmo que as pessoas não possuam um diagnóstico de

transtorno mental, se o enfermeiro identificar quaisquer

sintomas alterados durante a avaliação psíquica, estes

devem ser inclusos no plano terapêutico que será

proposto!

Texto base

• Louzã Neto, Motta T, Wang YP, Elkis H. Psiquiatria

Básica. Porto Alegre: Ciências Médicas; 1995.