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Fundamentos de Cosmologia: pequena revisão de Relatividade Geral Carlos Alexandre Wuensche 1

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A apostila aborda sobre os fundamentos da reletividade especial e geral.

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  • Fundamentos de Cosmologia:pequena reviso de Relatividade Geral

    Carlos Alexandre Wuensche

    1

  • RESUMO

    A Teoria da Relatividade Geral foi publicada por Einstein em 1916, dez anos aps a publicao da Relatividade Restrita. Nesta teoria Einstein estende a descrio dos fenmenos fsicos para sistemas no inerciais (ou seja, acelerados). O Princpio de Equivalncia postula que impossvel distinguirmos sistemas uniformemente acelerados de campos gravitacionais. As duas conseqncias fundamentais deste princpio so o desvio da luz por campos gravitacionais e o deslocamento da freqncia (e consequentemente mudana da energia) de ftons em campos gravitacionais. Ambas previses foram confirmadas experimentalmente inmeras vezes. Outro resultado importante da relatividade geral foi a explicao da precesso do perillio de Mercrio.

    2

  • RESUMO

    Ao incluir campos gravitacionais, a relatividade geral tornou-se uma teoria de gravitao, aperfeioando a gravitao newtoniana que existia h 300 anos. A relatividade geral descreve o movimento de objetos, no em termos da ao de foras, como na mecnica clssica, mas em termos de trajetrias descritas sobre a superfcie do espao-tempo. A geometria do espao-tempo determinada pela distribuio de massas no Universo. Ou seja, o espao e o tempo no so estruturas absolutas e estticas como na teoria newtoniana, mas objetos fsicos em si, gerados pela matria do Universo.

    3

  • RESUMO

    Acredita-se que o Universo foi criado h cerca de 15 bilhes de anos atrs. Esta exploso, conhecida como o Big Bang gerou no s a matria do Universo, mas tambm o espao-tempo. Nos dias de hoje uma das principais evidncias de que tal exploso ocorreu a chamada radiao csmica de fundo do Universo, a radiao que restou do Big Bang. O destino do Universo depender da massa total que nele existe. Se esta for grande o suficiente, a atrao gravitacional acabar por frear a expanso causada pelo Big Bang, e o Universo iniciar uma contrao at o Grande Colapso. Caso contrrio, ele expandir para sempre.

    4

  • HistricoToda grande teoria cientfica tem um carter distintivo especial.

    Mecnica Newtoniana: todos os movimentos no retilneos obedecem lei do inverso do quadrado da distncia

    Eletromagnetismo: relao entre eletricidade e magnetismo e a demonstrao que a luz uma onda EM

    Relatividade Especial: a constncia da velocidade da luz no privilegia nenhum referencial.

    Mecnica Quntica: o princpio da incerteza e a dualidade partcula-onda a distinguem da fsica macroscpica

    Gravitao: no pode ser anulada em nenhum ponto do Universo que tenha massa e possui uma relao intrnseca com o espao-tempo

    Termodinmica: descrio das propriedades da radiao e matria em termos de quantidades macroscpicas observveis.

    5

  • Relatividade Geral

    Relatividade Restrita

    Mecnica Newtoniana

    Mecnica Quntica

    Massas pequenas

    Velocidades pequenas

    Dimenses grandes

    6

  • A Teoria da Relatividade Especial

    Originada do estudo da eletrodinmica dos corpos em movimento.Percepes bsicas de A. Einstein

    No existe o ter (Michelson & Morley)Simetria das eqs. de movimento (transformaes de Lorentz)Leis fsicas devem ser as mesmas para todos os observadores

    7

  • Postulados da Teoria da Relatividade Especial

    A velocidade da luz constante, vale 3x1010 cm/s em qualquer referencial e independente dos movimentos da fonte e do observador.

    As leis da Fsica so as mesmas para todos os observadores inerciais no Universo (Princpio da Relatividade).

    8

  • As transformaes de Galileu e de Lorentz

    9

  • O paradoxo dos gmeos

    O movimento relativo dos gmeos no deveria permitir o envelhecimento de um deles em particular, j que, para cada um, parece que o outro se afasta com velocidade v.A soluo: o movimento relativo no simtrico, uma vez que o gmeo no foguete sofre aceleraes, o que no acontece com o gmeo na Terra.

    10

  • 11

  • Da TRE TRG

    As idias fundamentaisO princpio da equivalncia: o campo gravitacional e o sistema de coordenadas em movimento acelerado esto estritamente relacionados.Geometria: transformaes de coordenadas so no-Euclidianas.A TRG uma teoria relativstica de gravitao.

    12

  • Postulados da Teoria da Relatividade Geral

    Princpio da Relatividade: a relatividade especial governa a fsica local. A estrutura global do espao-tempo, entretanto, pode ser alterada pela gravitao.Princpio da equivalncia: no existe forma de distinguir, localmente, entre gravidade e acelerao.

    13

  • Como a gravitao pode ser uma fora do tipo inverso-do-quadrado, quando a distncia

    entre dois objetos nem pode ser definida na Relatividade Especial de Einstein?

    A Relatividade Especial foi construda para satisfazer as eqs. de Maxwell, que substituiam a expresso para a fora eletrosttica ( 1/r2) por um conjunto de eqs. que descrevem o campo eletromagntico.Assim, a gravitao ficou sendo a nica fora do tipo inverso-do-quadrado que se comportava como ao distncia. A gravitao possui uma propriedade nica: sua acelerao num determinado lugar e tempo independe da natureza do corpo em que ela atua.

    14

  • Fora eletromagntica

    Fora gravitacional

    A fora gravitacional acelera todos os corpos igualmente. Newton j conhecia esta propriedadeEotvos - 1 parte em 100 milhesDicke e Braginsky - 1 parte em um trilhoSTEP (misso espacial) prope testar a igualdade entre as aceleraes em 1 parte por quintilho.

    Em conseqncia, para qualquer evento no espao-tempo, em qualquer direo, haver somente uma linha de mundo correspondente a um evento causado somente pela fora gravitacional.

    15

  • Suponha que um raio de luz entra por uma janela de um elevador que est se movendo, de maneira acelerada, para cima...

    Luz

    A luz atinge a outra parede, num ponto inferior ao que ela entrou. Se algum v a luz dentro do elevador, vai parecer que ela fez uma curva.

    Acelerao

    Acelerao

    16

  • Suponha que um raio de luz movendo-se horizontalmente entra por uma janela numa sala sujeita a um forte campo gravitacional....

    Luz

    A luz atinge a outra parede, num ponto inferior ao que ela entrou.

    X

    Gravidade Gravidade

    tan ~ ~ g l 2c2

    Para ngulos muito pequenos.

    gl22c2

    l

    17

  • Problemas no conceito de massa?

    Massa inercial -> aceleraoX

    Massa gravitacional -> acelerao gravitacional

    No h como distinguir entre os efeitos da acelerao e da gravidade. O objetivo da TRG encontrar transformaes entre sistemas de referncia acelerados, que levem em conta a influncia da distribuio de matria gravitacional no Universo .

    18

  • O princpio da equivalncia

    19

  • O princpio da equivalncia fracoBalana de toroExperimentos de queda livreTeste de distncia lunar com laser Os efeitos da gravitao

    podem ser representados, localmente e durante pequenos t, usando-se sistemas de referncia acelerados de forma adequada.

    =a1-a2/2.

    20

  • O princpio da equivalncia forte

    O princpio forte afirma que qualquer interao fsica (exceto a gravitao, identificada com a geometria) se comporta, num sistema inercial local, como se a gravitao estivesse ausente.

    21

  • Geometria no-EuclidianaDe uma forma simplificada, podemos dizer que so geometrias definidas em espaos no planos. Invariante geomtrico: a distncia prpria, dada por ds2 = dt2 dx2 dy2 dz2. De forma mais geral,

    define o que chamamos de espao-tempo.i e k so sobrescritos do vetor x na expresso acima porque, numa anlise formal de espaos quadri- dimensionais, devemos fazer a distino entre quantidades co e contravariantes.

    22

  • Construindo uma mtricaVamos considerar uma superfcie plana, com coordenadas cartesianas x, y. Se consideramos dois pontos A(xA, yA) e B(xB, yB), a distncia s entre A e B dada por:

    s um invariante. Se mudarmos o sistema de coordenadas, s deve ser o mesmo!Se trocamos o sistema de coordenadas para x=x(x1,x2) e y=y(y1,y2) e reescrevemos a distncia nesse novo sistema, teremos o mesmo

    s2 = x2 +y2

    23

  • Se x e y forem pequenos, podemos escrever:

    E a distncia entre A e B, no novo sistema de coordenadas, ser:

    Em geral, a distncia prxima entre dois pontos sobre uma superfcie pode ser escrita como:

    24

  • em que

    As expresses do tipo

    so chamadas de mtricas es quantidades g so o tensor mtrico. No caso de coordenadas polares, teramos, supomos x1 = r e x2 =

    Sabemos que:

    Logo,

    25

  • Espao-tempo e geometria

    Mtrica de Friedmann-Robertson-Walker.

    ds2 = dt2 a(t)2[ dr2

    1 r2 + r2d2 + r2sen2d2]

    26

  • Espao-tempo e geometria

    Curvatura espacial

    positiva: k = +1

    Curvatura espacial

    nula: k = 0

    Curvatura espacial

    negativa k = -127

  • Uma deduo informal da eq. de Einstein

    Objetivo principal da TRG incorporar a influncia da distribuio de massa-energia sobre o espao-tempo nos coeficientes da mtrica gLocalmente, RW Minkowski!Assim, o ponto de partida natural para o desenvolvimento de transformaes gerais entre espaos 4-D arbitrrios a mtrica de Riemann

    Variam ponto-a-ponto no espao-tempo e definem a curvatura local!

    28

  • Assim, podemos fazer uma analogia entre g e o potencial gravitacional local (curvatura define propriedades do campo gravitacional!)Usando uma mtrica genrica, mas adequada (Schwarzschild), e comparando termos, obtemos:

    ds2 = dt2(1 2Gmrc2

    ) 1c2

    [dr2

    (1 2Gmrc2 )+ r2(d2 + r2sen2d2)]

    g00

    29

  • Assim, podemos fazer uma analogia entre g e o potencial gravitacional local (curvatura define propriedades do campo gravitacional!)Usando uma mtrica genrica, mas adequada (Schwarzschild), e comparando termos, obtemos:

    ds2 = dt2(1 2Gmrc2

    ) 1c2

    [dr2

    (1 2Gmrc2 )+ r2(d2 + r2sen2d2)]

    g00

    2 = 4piG c2

    22g00 = 4piGT00

    Se compararmos a eq. de Poisson para a gravitao...

    29

  • Assim, podemos fazer uma analogia entre g e o potencial gravitacional local (curvatura define propriedades do campo gravitacional!)Usando uma mtrica genrica, mas adequada (Schwarzschild), e comparando termos, obtemos:

    ds2 = dt2(1 2Gmrc2

    ) 1c2

    [dr2

    (1 2Gmrc2 )+ r2(d2 + r2sen2d2)]

    g00

    2 = 4piG c2

    22g00 = 4piGT00

    Se compararmos a eq. de Poisson para a gravitao...

    2g00 = 8piGc2

    T00

    29

  • R = gR

    Embora isso no seja uma deduo formal, possvel ver a relao entre as derivadas de g e o tensor TComplicao: diferenciao parcial de tensores nem sempre produz outros tensores....Para estabelecer uma relao formal entre g e o tensor T, necessrio um tensor que envolva g, suas 1a. e 2a. derivadas e que seja linear na 2a. derivada! Somente o tensor de Riemann-Christofell (4a. ordem) atende essas exigncias.

    RR = R Tensor de Ricci

    Escalar de curvatura30

  • R 12gR+ g =8piGc2

    T

    Proposta de Einstein: ligar o tensor de Ricci e o escalar de curvatura ao tensor energia-momento de acordo com a equao

    A adio de uma constante equao acia foi feita para garantir um Universo esttico e a origem da constante cosmolgica:

    R 12gR =8piGc2

    T

    31

  • A TRG como teoria de gravitao

    A idia bsica da TRG que a presena de matria encurva o espao-tempo.

    Tensor de Einstein: descreve a curvatura do espao-tempo em

    cada ponto do Universo

    Tensor Momento-Energia: define a composio da matria e energia do

    Universo causadora da curvatura do espao-

    tempo.

    Tensor de Riemann: descreve a mudana

    de direo de um vetor que se move ao longo de uma curva

    fechada. 32

  • (a

    a)2 =

    8piG3

    2

    a2+3

    Equaes de Einstein-Friedmann

    Termo cintico, em que R o fator de

    expanso do Universo (equivalente energia

    cintica.

    Termo de fontes, descreve os

    causadores da mudana dinmica do

    Universo (equivalente

    energia potencial gravitacional).

    - densidade de matria - curvatura- constante cosmolgicaG constante gravitacionalR fator de escala

    As equaes da gravitao

    33

  • aa= 4piG

    3(+

    3pc2) +

    3

    Equaes de Einstein-Friedmann

    Termo dinmico, envolve uma acelerao

    Termo de fontes, contm implicitamente

    a 1a. Lei da Termodinmica.

    As equaes da gravitao

    34

  • Um mnemnico da TRG

    A matria determina como o espao se curva e o espao determina como a matria se move

    J.A. Wheeler

    35

  • Testes experimentais e observacionais da TRG

    O redshift gravitacional

    A precesso do perilio de Mercrio

    A curvatura da luz

    A igualdade das massas inercial e gravitacional

    A emisso de ondas gravitacionais

    36

  • O redshift gravitacional

    A presena de um campo gravitacional forte faz com que ftons se movam mais lentamente em sua proximidade.

    37

  • A precesso do perilio de Mercrio

    Previso terica (Le Verrier - 1859): 43/sculoResultado da TRG: 42,98(0,001) /sculo

    38

  • A curvatura da luz

    Previso Newtoniana: = 2GM/RSolc2

    Previso TRG: = 4GM/RSolc2

    Verificao (Eddington 1919): 1,98(0,012)

    39

  • A emisso de ondas gravitacionais

    A perda de energia rotacional do pulsar PSR1913+16 somente pode ser explicada atravs da emisso de ondas gravitacionais

    -d/dt 5

    40

  • Os modelos de Universo...

    Considerao fundamental: isotropia e homogeneidade em grandes distncias (> 100 Mpc.h-1).

    Espao sem matria: o Universo de Einstein-de Sitter.Modelos sem constante cosmolgica.Modelos com constante cosmolgica (ou equivalente).

    Arcabouo matemtico: eqs. de Einstein-FriedmanDistncias estimadas via redshiftEvoluo temporal determinada pelos parmetros cosmolgicos (H0, M, K, ).

    41

  • 0 0

    < 0

    0

    -1

    -1

    q

    Expande para sempre.0Hiperblico (-1)Aberto

    Expande para sempre, densidade possui um valor crtico.0Plano (0)

    Einstein-de Sitter

    Big Crunch0Esfrico (+1)Fechado

    Big Crunch< 0Qualquer Negativo

    Expande, repousa, expande.> cEsfrico (+1)Lemaitre

    Esttico, H = 0; agora, a gravidade equilibrada por uma fora repulsiva. Pode ser instvel.

    = cEsfrico (+1)Einstein

    Sem B.B, expanso uniforme.> 0Plano (0)Universo estacionrio

    Sem B.B, expanso exponencial, vazio.> 0Plano (0)De Sitter

    DestinoGeometriaModelo

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