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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES DOUTORADO EM SAÚDE PÚBLICA LÍLIAN MARIA LAPA MONTENEGRO AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA EM REGIÃO PROMOTORA DE GENES DAS CITOCINAS FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) E INTERLEUCINA-10 (IL-10) COM A SUSCEPTIBILIDADE OU RESISTÊNCIA A TUBERCULOSE PULMONAR Recife 2013

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Page 1: FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - Oswaldo Cruz Foundation · Para vocês eu entrego o meu mais sublime amor! À minha orientadora, Dra. Haiana Charifker Schindler, que me deu a oportunidade

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES

DOUTORADO EM SAÚDE PÚBLICA

LÍLIAN MARIA LAPA MONTENEGRO

AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA EM

REGIÃO PROMOTORA DE GENES DAS CITOCINAS FATOR DE NECROSE

TUMORAL (TNF) E INTERLEUCINA-10 (IL-10) COM A SUSCEPTIBILIDADE OU

RESISTÊNCIA A TUBERCULOSE PULMONAR

Recife

2013

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LÍLIAN MARIA LAPA MONTENEGRO

AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA EM

REGIÃO PROMOTORA DE GENES DAS CITOCINAS FATOR DE NECROSE

TUMORAL (TNF) E INTERLEUCINA-10 (IL-10) COM A SUSCEPTIBILIDADE OU

RESISTÊNCIA A TUBERCULOSE PULMONAR

Tese apresentada ao curso de doutorado em Saúde

Pública do Centro de Pesquisa Aggeu

Magalhães/Fiocruz, para obtenção do Título de

Doutor em Ciências.

Orientadores:

Dra. Haiana Charifker Schindler

Dra. Clarice Neuenschwander Lins de Morais

Recife

2013

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Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

M777a

Montenegro, Lílian Maria Lapa.

Avaliação da associação de polimorfismos de base

única em região promotora de genes das citocinas fator

de necrose tumoral alpha (TNF-alfa) e Interleucina-10

(IL-10) com a susceptibilidade ou resistência a

tuberculose pulmonar / Lílian Maria Lapa Montenegro.

- Recife: s.n, 2013.

110 p. : ilus., tab., graf.

Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz,

Recife, 2013.

Orientadores: Haiana Charifker Schindler, Clarice

Neuenschwander Lins de Morais.

1. Tuberculose Pulmonar – imunologia. 2. Fator de

Necrose Tumoral alfa. 3. Polimorfismo de Nucleotídeo

Único. 4. Interleucina-10. I. Schindler, Haiana

Charifker. ths. II. Morais, Clarice Neuenschwander Lins

de. ths. III. Título.

CDU 616-002.5

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LÍLIAN MARIA LAPA MONTENEGRO

AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA EM

REGIÃO PROMOTORA DE GENES DAS CITOCINAS FATOR DE NECROSE

TUMORAL (TNFα) E INTERLEUCINA-10 (IL-10) COM A SUSCEPTIBILIDADE OU

RESISTÊNCIA A TUBERCULOSE PULMONAR

Aprovado em: 07/07/2013

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em

Saúde Pública do Centro de Pesquisas Aggeu

Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz para a

obtenção do Título de Doutor em Ciências.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Dra. Haiana Charifker Schindler, PhD

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – Fiocruz, PE

(Membro Titular Interno - Orientadora)

____________________________________

Dr. Valdir de Queiroz Balbino, PhD

Universidade Federal de Pernambuco, PE

(Membro Titular Externo)

____________________________________

Dr. Sérgio Crovella, PhD

Universidade Federal de Pernambuco, PE

(Membro Titular Externo)

____________________________________

Dr. Fábio Lopes de Melo, PhD

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – Fiocruz, PE

(Membro Titular Interno)

____________________________________

Dra. Valéria Rêgo Alves Pereira, PhD

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – Fiocruz, PE

(Membro Titular Interno)

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Dedico este trabalho

aos meus pais

Lourdes e Montenegro,

meu marido Fernando e

minha filha Gabriela

que são minha eterna

fonte de inspiração.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela dádiva da vida, da esperança e do amor, por estar sempre presente em

minha vida e por acreditar que através da fé, tudo é possível acontecer. A sua providência

estende-se a tudo e todos.

Aos meus pais, Montenegro e Lourdes, pelo amor e dedicação, ensinando sempre o

caminho da integridade e perseverança, estando presentes nos momentos bons e difíceis de

minha vida, mas principalmente demonstrando que a educação é a maior herança que os pais

transmitem aos filhos. O meu eterno agradecimento e amor!

Aos grandes amores da minha vida, meu marido Fernandinho e minha filha Gabriela,

por me fazerem extremamente feliz, por mostrarem que o amor incondicional existe, por

estarem sempre presentes, proporcionando-me extenso carinho e amor. Com vocês sempre ao

meu lado, eu consigo superar qualquer obstáculo. Para vocês eu entrego o meu mais sublime

amor!

À minha orientadora, Dra. Haiana Charifker Schindler, que me deu a oportunidade de

iniciar na vida acadêmica e por me orientar em todas as etapas da minha formação acadêmica.

Agradeço também pela amizade, dedicação, confiança e respeito que se formou e construiu

durante todos esses anos de convivência e pelo grande apoio no desenvolvimento deste

trabalho. Saiba que a admiro pela sua competência profissional. Meus sinceros

agradecimentos!

À minha orientadora, Dra. Clarice Neuenschwander Lins de Morais, pela orientação

em todas as etapas no desenvolvimento deste trabalho, pela amizade que se formou ao longo

destes anos e que apesar de ser uma pesquisadora nova, sempre demonstrou dedicação ao

trabalho acadêmico.

A toda minha família, pelo amor, apoio e incentivo nas minhas decisões pessoais e

profissionais e pela demonstração de união familiar, vencendo juntos todos os obstáculos.

Aos meus colegas, André e Romero, que me ajudaram a executar todas as etapas de

desenvolvimento desta pesquisa, sejam nas atividades de campo, laboratorial e de análise dos

resultados. Agradeço também pela grande amizade, dedicação e respeito que se formou nesse

período e que levarei por toda a minha vida.

À minha amiga e companheira Rosana Montenegro, pela colaboração no

desenvolvimento deste trabalho, pela antiga e eterna amizade, pelo convívio diário de alegria

e acima de tudo pelo profissionalismo. Meus sinceros agradecimentos!

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A brilhante “Equipe das Tuberculetes” que compõe o Laboratório de

Imunoepidemiologia: Andrea Santos Lima, Fabiana Fulco, Gabriela Guedes, Heidi Lacerda,

Juliana Figueirêdo, Klarissa Guarines, Laís Lira, Márcia Schneider, Aline e Marcela Salazar

na execução das técnicas laboratoriais, bem como as amigas Kaly e Bruna. Saibam que o

apoio, o carinho, a amizade e os momentos de descontração que todas vocês me transmitiram

foram fundamentais para a finalização desta pesquisa e que carregarei vocês para sempre no

meu coração. Minha eterna gratidão!

A minha amiga Edeneide Xavier, inicialmente pela formatação da tese. Mas,

principalmente por estar sempre presente em todas as fases da minha vida, me dando apoio,

carinho, atenção e sempre me fazendo refletir nas grandes questões relacionadas à vida.

Aos médicos pneumologistas das unidades de saúde participantes do estudo, mas

principalmente aos médicos Dr. Gaspar, Dr. Amaro, Dr. Gildo, a auxiliar de enfermagem

Anatália e ao enfermeiro Ricardo, pela colaboração na seleção dos pacientes, por terem

disponibilizado toda a infra-estrutura dos seus ambulatórios e pela amizade que se construiu.

Agradeço ainda, a toda a equipe de agente de saúde da família, principalmente à Cristina,

fundamental na busca ativa dos pacientes;

A todos os pacientes que voluntariamente contribuíram para a realização desta tese,

em busca de uma melhoria da qualidade de vida e no avanço da ciência;

Agradeço em especial aos membros da banca examinadora, Valdir Balbino, Sérgio

Crovella, Valéria Pereira, Fábio Melo, Virgínia Lorena e Rosana Montenegro, pela disposição

em contribuir para a melhoria do trabalho.

A Marcus Cardoso e George Tadeu, pela assistência na área estatística e por

disponibilizar o tempo para atender com atenção e profissionalismo.

À amiga e secretária do Departamento de Imunologia Simone Santos pela sua ajuda

em todos os momentos que precisei com os procedimentos burocráticos do CPqAM.

A todos os colegas do Departamento de Imunologia do CPqAM/FIOCRUZ, Sinval,

Eduardo Henrique, Filipe, Dra. Yara, Edileuza, Milena, Carlos Gustavo, Roberto, Sheila,

Fred, Silvia, Neidinha, Rone, Mineo, Leonardo, Vladimir pelo apoio profissional, força e

amizade.

A todos os colegas da turma do doutorado em Saúde Pública do CPqAM/Fiocruz

(2009-2013), principalmente a Andréia, Daniele, Marcelinho, Ana Maria, Paul, Aletéia, Luiz

Griz.

À coordenadora do curso de doutorado em Saúde Pública do CPqAM, Eduarda Cesse,

pelas resoluções burocráticas.

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A todos que compõe a Secretaria Acadêmica do CPqAM/Fiocruz, principalmente

Rivaldete, Adriana e Vângela.

Aos funcionários da Biblioteca do CPqAM, em especial Mégine, Adagilson e Márcia

pelo apoio e colaboração.

Ao Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), pela infra-estrutura e pelo

suporte financeiro indispensáveis para realização deste pesquisa.

Às pessoas que me apoiaram direta ou indiretamente na realização deste trabalho.

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Tuberculose.

Doença ou Praga?

Morte ou Vida?

Não sei bem o que é!

Só sei que devasta e dizima populações a milhões de anos.

Sim! Seres, Seres Humanos.

Seres com sonhos, sentimentos e esperanças!

Muitas vezes...

Sonhos sem esperança,

Sentimentos de tristeza,

Esperança...

Que esperança?

Pode ser considerada sinômino do preconceito, discriminação de muitos, muitos e muitos.

Muito mais do que podemos imaginar.

Doença negligenciada?

Sim! Doença muito antiga!

Patrocinada por representantes poderosos e gananciosos do Brasil!

Que melhores condições de vida não oferecem ou proporcionam!

Foi uma doença de boêmios e artistas.

É uma doença dos esquecidos!

Mas, muitas vezes a força da vida consegue ser vitoriosa!

E com muito amor, fé, união e esperança se consegue superar qualquer desafio.

Até esse!

Lílian Maria Lapa Montenegro

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MONTENEGRO, L. M. L. Avaliação da associação de polimorfismos de base única em

região promotora de genes das citocinas fator de necrose tumoral alpha (TNF) e

Interleucina-10 (IL-10) com a susceptibilidade ou resistência a tuberculose pulmonar.

2013. Tese (Doutorado em Saúde Publica) – Centro de pesquisa Aggeu Magalhães, Fundação

Oswaldo Cruz, Recife, 2013.

RESUMO

Polimorfismos de base única (SNPs) em regiões promotoras de genes das citocinas TNF-α e

IL-10 influenciam a resposta imunológica e podem estar envolvidos na resistência ou

susceptibilidade a tuberculose. Este trabalho objetivou avaliar a associação entre os SNPs

funcionais dos genes das citocinas TNF-α (-308G/A) e IL-10 (-1082A/G) com a resistência ou

susceptibilidade a tuberculose pulmonar ativa em pacientes oriundos do estado de

Pernambuco. Participaram 282 indivíduos, distribuídos em grupos de estudo de acordo com

achados clínicos, radiológicos e exames laboratoriais. O grupo caso foi formado por 71

pacientes com tuberculose pulmonar ativa; controle 1: 53 pacientes sintomáticos respiratórios

com tuberculose latente; controle 2: 57 pacientes sintomáticos respiratórios portadores de

infecções pulmonares inespecíficas e o controle 3 por 101 indivíduos clinicamente saudáveis,

de serviços públicos de saúde. Foram coletados 5-10mL de escarro e 4,5mL de sangue

periférico, realizada extração de DNA genômico e determinação do polimorfismo genético

através de qPCR. A análise polimórfica comparativa entre os grupos de estudo demonstrou

que o alelo mutante -1082G [p<0.0001; OR=3.90 [2.45- 6.59] e os genótipos -1082GA

[p<0.0001; OR=2.90 [1.42- 5.95] e -1082GG [p<0.0001; OR=15.50 [5.18- 1.62] estava

associado com o risco de desenvolvimento da tuberculose pulmonar quando o grupo caso foi

comparado com o controle 3. O genótipo heterozigoto -308AG [p=0.005; OR=0.374 [0.17–

0.76] apresentou associação estatística significante entre o grupo caso e o controle 3. Não

houve diferença estatística significante na análise de associação dos SNP´s -308G/A e -

1082A/G na comparação entre o grupo caso e os controles 1 e 2. Portanto, portadores do alelo

mutante -1082G, equivalente a níveis protéicos aumentados de IL-10 podem estar

influenciando a resposta imune contra o M. tuberculosis. Entretanto, portadores do genótipo

heterozigoto -308GA, demonstrou um fator de proteção ao desenvolvimento da doença. O

estudo demonstrou que os SNPs apresentaram um importante papel na susceptibilidade ou

resistência a tuberculose pulmonar na população pernambucana estudada.

Palavras Chaves: Tuberculose pulmonar, Polimorfismo de base única, TNF-α (-308G/A), IL-

10 (-1082A/G)

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MONTENEGRO, L. M. L. Evaluation of the association of single nucleotide

polymorphisms in the promoter region of genes of cytokines tumor necrosis factor alpha

(TNF) and interleukin-10 (IL-10) with susceptibility or resistance to pulmonary

tuberculosis. 2013. Thesis (Doctorate in Public Health) –Aggeu Magalhães Research Center,

Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2013.

ABSTRACT

Single nucleotide polymorphisms (SNPs) in the genes promoter regions of the cytokines

TNF-α and IL-10 influence of the immune response and may be involved in resistance or

susceptibility to tuberculosis. This study aimed to evaluate the association between SNPs of

genes functional cytokine TNF-α (-308G/A) and IL-10 (-1082A/G) with resistance or

susceptibility to active pulmonary tuberculosis in patients from the state of Pernambuco.

Participated 282 individuals, divided into study groups according to clinical, radiological and

laboratory tests. The case group consisted of 71 patients with active pulmonary tuberculosis,

control 1: 53 patients with respiratory symptoms and latent tuberculosis, control 2: 57 patients

with respiratory symptoms bearers of nonspecific lung infections and control 3 of 101

clinically healthy individuals, from of public health services. Were collected 5-10mL of

sputum and 4.5 mL of peripheral blood, performed genomic DNA extraction and

determination of genetic polymorphism using Real-time PCR. Analysis polymorphic

comparative study groups showed that the mutant allele-1082G [p <0.0001, OR = 3.90 [2:45-

6:59] and genotypes-1082GA [p <0.0001, OR = 2.90 [1:42-5.95] e-1082GG [p <0.0001, OR

= 15:50 [5:18-1.62] was associated with the risk of developing pulmonary tuberculosis when

the case group was compared with control 3. The genotype -308AG [p = 0.005, OR = 0.374

[0.17-0.76] showed a statistically significant association between the case group and control

3. There was no statistically significant difference in the association analysis of SNPs-308G/A

and-1082A/G in the comparison between the case group and controls 1 and 2. Thus, mutant

allele-1082G carriers, equivalent to increased protein levels of IL-10 may influence the

immune response against M. tuberculosis. However, carriers of the-308GA genotype showed

a protective factor for disease development. The study demonstrated that the SNPs has an

important role in susceptibility or resistance to pulmonary tuberculosis in the Pernambuco

population studied.

Keywords: Pulmonary tuberculosis, Single nucleotide polymorphisms, TNF-α (-308G/A), IL-

10 (-1082A/G)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Incidência global de tuberculose. 21

Figura 2 - Percentual de casos bacíliferos notificados por região. 23

Figura 3 - Microscopia eletrônica do bacilo Mycobacterium tuberculosis. 25

Figura 4 - A transmissão aerógena da tuberculose pulmonar. 27

Figura 5 - A resposta imune celular na tuberculose. 39

Figura 6 - Localização do gene do TNF no complexo principal de

histocompatibilidade de classe III.

43

Figura 7 - Estrutura e localização de SNPs funcionais (-1082G/A; -819C/T; -592C/A)

do gene da IL-10.

44

Figura 8 - Fluxograma de investigação de infecção respiratória aguda e crônica, a

partir de casos sintomáticos respiratórios.

52

Figura 9 - Curva de amplificação de DNA para o SNP -1082A/G do gene da IL-10. 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características clínicas e demográficas dos pacientes sintomáticos

respiratórios provenientes de unidades de saúde da cidade do Recife-PE.

60

Tabela 2 - Características laboratoriais dos pacientes sintomáticos respiratórios

participantes do estudo.

61

Tabela 3 - Análise das frequências alélicas e genotípicas de SNPs dos genes da IL-10 (-

1082) and TNF (-308) dos pacientes e indivíduos participantes do estudo e associação

com a tuberculose pulmonar ativa.

66

Tabela 4 - Análise da freqüência do SNP -1082A/G referência do gene da IL-10 na

população mundial.

67

Tabela 5 - Análise da freqüência do SNP referência -308G/A do gene do TNF-α na

população mundial.

68

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A Adenina

a.C. Antes de Cristo

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

ATA Associação Torácica Americana

B7-1 e B7-2 Molécula glicoprotéica

BACTEC Sistema Automatizado de Hemocultura

BAAR Bacilos álcool-ácido resistentes

BCG Bacilo Calmette-Guérin

C Citosina

CBA/J Linhagem de camundongo

CCL2 Quimiocina

CD Receptores de superfície celular

CDC Centro de Controlde de Doenças

CPqAM Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

Ct Ciclo “threshold”

DM Diabetes mellitus

DOTS Tratamento Diretamente Observado

DNA Ácido desoxirribonucléico

DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

FcRs Receptores para a porção Fc de anticorpos

Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz

FoxP3 Fator de transcrição FoxP3

G Guanina

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HC Hospital das Clínicas

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HLA Antígenos de Leucócitos Humanos

H37Rv Cepa de referência virulenta de M. tuberculosis

IL Interleucina

INF-γ Interferon gama

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IUATLD União Internacional contra a tuberculose e Doenças do Pulmão

kDa kilodalton

LIE Laboratório de Imunoepidemiologia

Log Logarítmo

MBL Lectina ligadora de manose

MGB Minor groove binder

MGIT Tubo indicador de crescimento de Micobactéria

MHC Molécula de histocompatibilidade principal

Mtb Mycobacterium tuberculosis

MS Ministério da Saúde

NaOH Hidróxido de sódio

NCBI National Center for Biotechnology Information

NK Célula natural killer

NOS2A Síntase do óxido nítrico

NPT Núcleo de Plataforma Tecnológica

NRAMP1 Resistência natural associada à proteína 1 do macrófago

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-americana de Saúde

OR Odds Ratio

PAL Abordagem Sistematizada do Sintomático Respiratório

PBMC Células mononucleares do sangue periférico

PBS Tampão fosfato-salino

PCR Reação em cadeia da polimerase

PE Pernambuco

pH Potencial hidrogeniônico

PNB Ácido para-nitrobenzóico

PPD Derivado Protéico Purificado

PT Prova tuberculínica

PSF Postos de Saúde da Família

qPCR PCR em Tempo Real

Raio-X Radiografia do tórax

Ref Referência

RNA Àcido Ribonucléico

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RNTA Associação Real Holandesa de Tuberculose

rpm Rotação por minuto

SNP Polimorfismo de base única

SR Sintomático respiratório

SUS Sistema Único de Saúde

T Timina

TB Tuberculose

TCH Hidrazida do ácido 2 carboxílico

TLR Receptor do tipo Toll

Th1 Célula T helper 1

Th2 Célula T helper 2

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

Treg Célula T regulatória

TT Teste tuberculínico

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UT Unidade de tuberculina

VDR Receptor de vitamina D

WHO Organização Mundial de Saúde

ZN Ziehl-Nielsen

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO 19

2.1 Visão Histórica da tuberculose 19

2.2 Epidemiologia da tuberculose 20

2.2.1 A Tuberculose no mundo 20

2.2.2 A tuberculose no Brasil 22

2.2.3 A Tuberculose em Pernambuco 23

2.3 O Agente etiológico – M. tuberculosis 24

2.4 Mecanismos de transmissão 25

2.5 Métodos diagnósticos e tratamento 27

2.5.1 Exame Radiológico 28

2.5.2 Prova Tuberculínica 29

2.5.3 Exame microscópico direto – Baciloscopia Direta 30

2.5.4 Cultura microbiológica para Micobactéria 30

2.5.5 Métodos Moleculares 31

2.5.6 Tratamento da tuberculose 32

2.6 Mecanismos de proteção imunológica e imunopatogênese da tuberculose 32

2.6.1 Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α) na tuberculose 39

2.6.2 Interleucina 10 (IL-10) na tuberculose 40

2.7 Polimorfismos Genéticos 41

2.7.1 SNPs na tuberculose 42

2.7.2 Genotipagem por PCR em tempo real (qPCR) 45

3 JUSTIFICATIVA 47

4 PERGUNTA CONDUTORA 48

5 HIPÓTESE 49

6 OBJETIVOS 50

6.1 Objetivo Geral 50

6.2 Objetivos Específicos 50

7 PROCEDIMENTOS METODÓLÓGICOS 51

7.1 População da pesquisa 51

7.2 Local do estudo 52

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7.3 Desenho do estudo 53

7.4 Tipo e tamanho da amostragem 53

7.5 Critérios de Inclusão 53

7.6 Critérios de Exclusão 54

7.7 Critérios de definição de co-morbidades e covariáveis utilizados no estudo 54

7.8 Aspectos Éticos 54

7.9 Técnicas laboratoriais 55

7.9.1 Teste Tuberculínico 55

7.9.2 Teste rápido para a detecção do HIV 1 e 2 55

7.9.3 Método de coleta de sangue periférico e obtenção de células mononucleares do

sangue periférico (PBMC)

55

7.9.4 Método de coleta e descontaminação do escarro 56

7.9.5 Baciloscopia do escarro 56

7.9.6 Cultura por Löwestein-Jensen e Identificação de micobactérias em amostra de

escarro

56

7.9.7 Extração e purificação de DNA genômico de PBMC 57

7.9.8 Determinação do Polimorfismo Genético 57

7.10 Análise comparativa das freqüências dos SNPs -308G/A e -1082A/G 58

7.11 Análise Estatística 59

8 RESULTADOS 60

8.1 Características clínicas, demográficas e laboratoriais dos pacientes

participantes do estudo

60

8.2 Distribuição da freqüência alélica e genotípica do SNP na posição -1082A/G

do gene da IL-10 na população estudada e sua associação com o

desenvolvimento da tuberculose pulmonar ativa

64

8.3 Distribuição da freqüência alélica e genotípica do SNP na posição -308G/A

do gene do TNF-α na população estudada e sua associação com o

desenvolvimento da tuberculose pulmonar ativa

66

8.4 Análise comparativa das frequências alélicas e genotípicas dos SNPs

estudados na população mundial

67

9 DISCUSSÃO 68

10 CONCLUSÕES 79

11 PERSPECTIVAS 80

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REFERÊNCIAS 81

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 95

APÊNDICE B - PROTOCOLO DE PESQUISA DE TUBERCULOSE 97

ANEXO A - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISAS 104

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17

1 INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB) continua a ser uma das principais causas de morbidade e

mortalidade em países em desenvolvimento. No entanto, a incidência da doença tem aumentado

nos países desenvolvidos. Um terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium

tuberculosis, mas apenas cerca de 5% dos indivíduos desenvolvem a doença ativa no primeiro

ano de infecção (TB primária) e outros 5% em alguma fase de sua vida (TB reativação) (ORAL

et al., 2006). Nesses indivíduos, o risco de adoecimento dependerá da capacidade do seu

sistema imunológico em controlar a multiplicação do bacilo. A principal forma clínica da

tuberculose é caracterizada pelo comprometimento pulmonar, acometendo 80-85% dos casos

(PANDOLFI et al., 2007).

A tuberculose é uma doença granulomatosa crônica, causada pelo M. tuberculosis

(Mtb). Vários fatores estão envolvidos na sua patogênese, tais como, ambientais, sociais e os

componentes genéticos dos indivíduos (CORREA et al., 2004). A transmissão da tuberculose

ocorre por via aérea e logo após o estabelecimento da infecção, os macrófagos alveolares do

hospedeiro fagocitam as micobactérias, onde citocinas pró-inflamatórias são sintetizadas, como

o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), desempenhando um papel fundamental na resposta

imune de resistência contra o bacilo (HENAO et al., 2006).

Citocinas produzidas no pulmão, principalmente do tipo 1, após interações entre

linfócitos T e macrófagos infectados são essenciais no controle da tuberculose. Estudos

demonstraram que fatores genéticos do hospedeiro desempenham um importante papel na

susceptibilidade/resistência à tuberculose pulmonar (BELLAMY, 2005; MERZA et al., 2009).

Portanto, a identificação de genes do hospedeiro responsáveis pela suscetibilidade e resistência

a TB deverá fornecer uma contribuição significativa para o entendimento da imunopatogênese,

podendo levar ao desenvolvimento de medidas profiláticas e estratégias de tratamento

(LEANDRO et al., 2009; ORAL et al., 2006).

O curso da infecção pelo M. tuberculosis é regulado por dois distintos padrões de

citocinas produzidas e secretadas por células T. As células T helper 1 (Th1), produtoras das

citocinas INF-γ , IL-12, IL-6, IL-1, TNF-α estão associadas à resistência à infecção. Estas

citocinas desempenham um papel importante da resposta inflamatória contra o Mtb, ativando os

mecanismos microbicidas do macrófago e participando da formação do granuloma tuberculoso.

O TNF-α está envolvido na organização e controle do granuloma e em sinergismo com o IFN-

γ, induz a expressão de uma enzima que estimula a produção de óxido nítrico, um potente

agente antimicobacteriano. Além disso, o TNF- pode estimular a migração celular, a

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expressão de moléculas de adesão e quimiocinas (DLUGOVITZKY et al., 1997). Por sua vez,

as citocinas produzidas por células Th2, IL-4, IL-10 e IL-13, inibem a produção de citocinas

pró-inflamatórias através da sua ação sobre as células Th1 e macrófagos (HASAN et al., 2008).

É importante que respostas pro-inflamatórias sejam controladas ou reprimidas para minimizar o

dano tecidual na TB (OH et al., 2007). A Interleucina 10 (IL-10) é uma citocina reguladora, que

atua inibindo as respostas inflamatórias tipo 1. Esta citocina desempenha um papel central

durante a fase latente/crônica da tuberculose pulmonar , e o seu aumento, tem sido associado

com a promoção da reativação da tuberculose (TSO et al., 2005).

Diferenças na produção de citocinas durante a resposta imune do hospedeiro contra o

Mtb podem exercer um desequilíbrio no balanço Th1/Th2, associado com o desenvolvimento

da doença ativa (TRAJKOV et al., 2009). Diversos trabalhos têm indicado o importante papel

das citocinas TNF-α e IL-10 na imunopatogênese da tuberculose (ATES et al., 2008; OH et al.,

2007). Esses estudos tem demonstrado que polimorfismos de base única (SNPs) em regiões

promotoras de genes de citocinas influenciam a natureza da resposta imunológica, com

variações interindividuais e que podem estar envolvidos na susceptibilidade, gravidade e

evolução clínica da tuberculose em diferentes grupos étnicos. Diversos SNPs localizados em

regiões promotoras de genes que codificam diferentes proteínas, em particular os genes do

TNF-α e IL-10, têm sido descritos (DELGADO et al., 2002; LARCOMBE et al., 2008;

MERZA et al., 2009). Estudos genéticos demonstraram uma significativa variação do

componente genético na resposta imunológica contra o Mtb, onde há evidências conflitantes da

associação de polimorfismos para TNF-α e IL-10 com tuberculose pulmonar ativa em pacientes

de diferentes grupos étnicos (HENAO et al., 2006; BEN-SELMA et al., 2011).

O presente trabalho visa determinar uma possível associação entre os polimorfismos

funcionais dos genes de citocinas TNF-α (-308G/A) e IL-10 (-1082A/G) com a suscetibilidade

ou resistência a tuberculose pulmonar ativa em pacientes oriundos do estado de Pernambuco. A

resposta imune, protetora ou não, ao desenvolvimento da tuberculose está ligada a uma rede de

citocinas que são produzidas durante o curso da infecção. Desta forma, reconhecer os

mecanismos moleculares que antecedem a produção destas citocinas, além de fornecer um

maior conhecimento da relação entre o bacilo e o hospedeiro, representa um poderoso campo a

ser explorado para investimentos em pesquisas de novas vacinas, imunoterapia e tratamento

medicamentoso.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Visão Histórica da tuberculose

A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa crônica que possui como agente

etiológico o Mycobacterium tuberculosis (M. tuberculosis). Acredita-se que esta

micobactéria, também conhecida como bacilo de Koch, seja anterior ao próprio homem,

sucedendo formas mais elementares da vida microscópica (BERTOLLI-FILHO, 2001). Os

primeiros registros a cerca de casos da doença remetem ao período neolítico (7.000-3.000

a.C.) no Egito, Índia e China, respectivamente (DANIEL, 1997), incluindo casos de

tuberculose vertebral, intestinal e pulmonar (HASS; HASS, 1996).

Apesar de ter sido descrita, pela primeira vez, em textos indianos, a TB pulmonar é

conhecida no antigo Egito desde o tempo de Hipócrates, que impressionado pelo

emagrecimento progressivo e debilitação do doente, designava a moléstia por tísica (phtisis,

em grego) que significa consumpção (BERTOLLI-FILHO, 2001). Os egípcios, considerados

um dos povos mais sadios da Antiguidade, já nesta época, percebendo a progressão em cadeia

da tuberculose, mantinham seus doentes em isolamento e acreditavam que a possibilidade de

cura da doença era através do repouso e de lugares de montanhas (DANIEL, 1997).

Nos pulmões do ser humano, o M. tuberculosis encontrou um micro-ecossistema

favorável à sua sobrevivência, favorecido pela possibilidade de reprodução em um ambiente

ao mesmo tempo quente e úmido, arejado e sombrio. Com a proliferação bacilar em forma de

colônias, usualmente há migração dos bacilos para outras regiões do aparelho respiratório, por

meio das vias broncogênica, linfática e hematogênica, disseminando-se por todo o organismo,

enquanto que outra parte é expelida pelas vias aéreas, permanecendo em suspensão no ar

(BERTOLLI-FILHO, 2001).

Um dos grandes trabalhos sobre TB foi realizado em 1882, por Robert Koch, um

renomado cientista da época, que conseguiu isolar e cultivar o M. tuberculosis de tubérculos

macerados. Seus experimentos identificaram a micobactéria como o agente etiológico da

doença, (BLOOM; MURRAY, 1992; DANIEL, 1997). Posteriormente, em 1890, Koch

anunciou a descoberta de um líquido específico, nomeado tuberculina, que poderia ser

utilizado como uma ferramenta de diagnóstico para detectar a doença, devido à intensidade da

reação em animais doentes quando inoculados com esta substância. Este conceito perpetuou-

se por vários anos até descobrirem que animais saudáveis também poderiam reagir à

tuberculina. Como resultado, ficou estabelecido que animais infectados pelo M. tuberculosis

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reagiriam à tuberculina, enquanto que os não-infectados não reagiriam. Dessa forma, a prova

tuberculínica tornou-se a principal ferramenta para diagnosticar casos de infecção pelo M.

tuberculosis (DUCATI, 2006). No mesmo período, Koch desenvolveu outros métodos para

coloração do bacilo, sendo estas técnicas, posteriormente melhoradas pelo médico e

bacteriologista alemão, Paul Ehrlich. Desta forma, o método de detecção desenvolvido

específico para o bacilo proporcionou a base para a coloração de Ziel-Nielsen, a qual, ainda

hoje, é uma importante ferramenta no diagnóstico da TB pulmonar (DUCATI, 2006).

No Brasil, acredita-se que a doença foi introduzida pelos portugueses e missionários

jesuítas desde 1500. A vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin) foi implantada em 1973, logo

se tornando obrigatória para os menores de um ano. A mortalidade por tuberculose, que

secularmente vinha diminuindo, sofreu importante impacto positivo com a introdução da

quimioterapia de curta duração, chegando a diminuir 50%, da década de 70 para a de 80

(DUCATI, 2006; RUFFINO-NETO, 2002).

2.2 Epidemiologia da tuberculose

2.2.1 A Tuberculose no mundo

Em virtude das taxas de incidência e mortalidade ocasionadas pela tuberculose no

mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 1993, a situação da TB como

estado de emergência global. Esta própria instituição se deu conta de que, sozinha, não

conseguiria controlar a doença. Criou-se, então, o programa "STOP TB" que reúne

instituições de alto nível científico e/ou poder econômico, tais como: a própria Organização

Mundial da Saúde, o Banco Mundial, o Centers for Disease Control (CDC), a International

Union Against Tuberculosis and Lung Disease (IUATLD), a Royal Netherlands Tuberculosis

Association (RNTA) e a American Thoracic Association (ATA) (RUFFINO-NETO, 2002).

O ressurgimento da TB pode ser atribuído a vários fatores, tais como: o aumento na

resistência às drogas tuberculostáticas; pandemia do Vírus da Imunodeficiência

Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS) no início dos anos 80; a

elevada taxa de abandono de tratamento; o aumento do uso de drogas injetáveis; a

desigualdade social; o aumento do número de imigrantes de altas taxas de prevalência para

países desenvolvidos, o envelhecimento da população mundial; a transmissão ativa nos

ambientes de aglomeração humana (prisões, hospitais, abrigos de moradores de rua) e a

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degradação dos sistemas públicos de saúde (BLOOM; MURRAY, 1992; FATKENHEUER et

al., 1999).

A maioria dos casos de TB ocorridos em 2010 está em países localizados na Ásia

(59%) e África (26%); menores proporções de casos ocorreram na região leste do

mediterrâneo (7%), Europa (5%) e na América Latina (3%) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL

DE SAÚDE, 2012). Desde o ano de 2000, 22 nações têm recebido uma atenção especial, pois,

estas, respondem por 81% dos casos estimados no mundo inteiro. Índia, China, África do Sul,

Indonésia e Paquistão ocupam, respectivamente, as primeiras posições em números de casos

da doença (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2012) (Figura 1).

A TB permanece ainda neste milênio, como a doença infecciosa que mais mata no

mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (2012), cerca de um terço da população

mundial estava infectada pelo M. tuberculosis no ano de 2011. Nesse mesmo ano, ocorreram

cerca de 8,7 milhões de casos em todo o mundo (125/100.000 habitantes), resultando em 1,1

milhões de mortes (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2012).

Figura 1- Incidência global de tuberculose.

Fonte: Organização Mundial de Saúde (2012)

Nota: Número de novos casos da doença por 100.000 habitantes em 2011

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2.2.2. A tuberculose no Brasil

A tuberculose é uma doença que está intimamente ligada com a miséria e com a

exclusão social. No Brasil, é uma doença que afeta, principalmente, as periferias urbanas ou

aglomerados urbanos denominados de favelas e, geralmente, está associada às más condições

de moradia e alimentação, à falta de saneamento básico, ao abuso do álcool, tabaco e de

outras drogas (BRASIL, 2012a).

O Brasil é um dos 22 países priorizados pela OMS que abrangem 82% dos casos de

tuberculose no mundo. Atualmente, o país está em 17° lugar, já tendo ocupado o 14º em 2004

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2011). Contudo, ainda é o único país da

América Latina entre as 22 nações com o maior percentual de indivíduos tuberculosos. Desde

1990, se observou que a taxa de incidência de TB no Brasil vem apresentando uma queda de

1,4% ao ano, resultando em uma diminuição de 26% nessas duas últimas décadas. Estima-se,

porém, que em 2011, ocorreram cerca de 90.000 casos novos da doença, entretanto devido às

falhas nos serviços de saúde só foram notificados 78% destes, revelando um número de,

aproximadamente, 71.000 casos novos da doença, (85% da forma pulmonar) apresentando

uma taxa de incidência de 37 para cada grupo de 100.000 habitantes. Além disso, a TB tem

sido relacionada como a 4ª causa de morte por doenças infecciosas, sendo a 1ª causa entre os

indivíduos portadores de AIDS (BRASIL, 2012a).

Apesar dos esforços que tem sido empregado para o controle, sobretudo, da TB

pulmonar no Brasil, os números de casos da doença, ainda, são extremamente preocupantes,

seja considerando a situação do país como um todo ou apenas por regiões. Em 2011, do total

de casos bacilíferos notificados, 44,6% concentraram-se na região Sudeste, 27,9% no

Nordeste, 12,1% no Sul, 11% no Norte e 4,3% na região Centro-Oeste (Figura 2). Os estados

responsáveis pelas maiores taxas de incidência da doença foram: Rio de Janeiro (62,7%)

Amazonas (61%), Pará (48%) e Pernambuco (47%) (BRASIL, 2012b).

O Ministério da Saúde (MS) define a tuberculose como prioridade entre as políticas

governamentais de saúde, estabelecendo diretrizes para as ações e fixando metas para o

alcance de seus objetivos. As ações para o controle da tuberculose no Brasil têm como meta

diagnosticar pelo menos 90% dos casos esperados e curar pelo menos 85% dos casos

diagnosticados. A expansão das ações de controle para 100% dos municípios complementa o

conjunto de metas a serem alcançadas (BRASIL, 2002).

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Figura 2 - Percentual de casos novos bacíliferos de TB notificados por região.

2.2.3. A Tuberculose em Pernambuco

A Região Nordeste, segundo o Ministério da Saúde, apresenta a terceira maior taxa de

incidência de tuberculose, com 36,3 casos por 100.000 habitantes (BRASIL, 2012a). No

estado de Pernambuco foram notificados, no ano de 2011, 4.096 casos da doença, sendo cerca

de 3910 casos de TB pulmonar (86% dos casos) (BRASIL, 2012). Atualmente, o estado

ocupa a 4ª posição em incidência e o 2º em mortalidade entre os estados brasileiros (BRASIL,

2012a).

Os esforços para o combate à tuberculose datam de 1849, quando o médico Joaquim

de Aquino Fonseca, dirigente do Conselho Geral de Salubridade da Província de Pernambuco,

alertou o governo sobre o aumento dos casos de tuberculose. Neste mesmo ano, o médico

Octávio de Freitas voltou-se inteiramente para o enfrentamento dessa doença, do qual resultou

a criação da Liga Pernambucana contra a Tuberculose, inaugurada em julho de 1900 no

Teatro Santa Isabel (BRASIL, 2012b).

Atualmente, o governo brasileiro considera Recife uma das cidades brasileiras com

maior prioridade para a execução de medidas de controle para a TB. Além disso, a população

carcerária pernambucana é uma das mais afetadas pela doença, tendo sido registrados em

2010, 1.517 casos nos presídios do Estado (BRASIL, 2012b).

Fonte: Brasil (2011)

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2.3 O Agente etiológico – M. tuberculosis

Atualmente, são reconhecidas 120 diferentes espécies de micobactérias. Estas espécies

estão incluídas no gênero Mycobacterium, no qual pertence à família Mycobacteriaceae que

juntamente com as famílias Actinomicetaceae, Nocardiaceae, Streptomycetaceae e outras

famílias bacterianas compõem a ordem Actinomycetales (TORTORA, 2005).

Foram identificadas 60 espécies do gênero Mycobacterium, sendo a maioria bactérias

saprófitas do solo e a minoria patogênica ao ser humano, causando a tuberculose (M.

tuberculosis. M. bovis e M. africannun) e hanseníase (M. leprae) (DUCATI et al., 2006).

O M. tuberculosis é o principal agente etiológico da tuberculose em humanos. É um

bacilo imóvel, ligeiramente encurvado de 1,0 a 4,0 µm de comprimento e 0,3 a 0,6 µm de

diâmetro, não esporulado e que não produz toxinas (Figura 3). É uma espécie aeróbica estrita,

cujo único reservatório é o ser humano, necessitando de oxigênio para crescer e se multiplicar

(KRITSKI et al., 2000). É um parasita intracelular facultativo, podendo viver no interior de

células fagocitárias, estabelecendo sua infecção, preferencialmente, no sistema pulmonar,

onde normalmente acondiciona-se em um estado de latência enquanto o sistema imunológico

do hospedeiro prevalece e mantém a infecção sob controle (DUCATI et al., 2006).

É considerada, também, uma micobactéria do tipo álcool-ácido resistente, de

crescimento lento, com tempo de geração de, aproximadamente, 24 horas, tanto em meio

artificial quanto em organismos animais, dependendo da oferta de oxigênio, de nutrientes e do

pH do meio, sendo necessárias várias semanas para que as colônias tornem-se visíveis no

meio de cultura (DUCATI et al., 2006; KRITSKI et al., 2000;). Muitas das características

dessas micobactérias, como sua coloração álcool-ácido resistente, a resistência a drogas, sua

patogenicidade e a taxa de crescimento lento, estão relacionadas à estrutura lipídica, distinta,

de sua parede celular. Essa parede é formada, em sua porção externa, por ácido micólico, que

forma uma camada cérea, resistente à água. Devido às características de sua parede celular, as

micobactérias conseguem resistir a situações adversas como ao ressecamento e algumas

drogas antimicrobianas (TORTORA et al., 2005). O crescimento lento desse gênero de

bactérias deve-se à dificuldade em que os nutrientes têm de atravessar sua parede celular.

Normalmente, levam-se de 4 a 8 semanas para que se consiga visualizar uma colônia crescida

em meio de cultura específico para as micobactérias (TORTORA et al., 2005).

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Figura 3 - Microscopia eletrônica do bacilo Mycobacterium tuberculosis.

Fonte: Elawad (2013)

2.4 Mecanismos de transmissão

Apesar de um terço da população mundial está infectada com o Mtb, nem todos os

indivíduos infectados desenvolvem a doença ativa. Observa-se uma grande variabilidade nas

taxas de infecção entre os indivíduos expostos a diferentes fontes de infecção, entre 10-30% se

tornam infectadas, e entre os infectados, cerca de 90% nunca irão desenvolver a doença. A

probabilidade de um indivíduo imunocompetente infectado desenvolver a forma ativa da

tuberculose é de cerca de 5% no primeiro ano e de 10% durante toda a vida e está associada a

fatores ambientais, do hospedeiro e do próprio microorganismo como a concentração de bacilos

eliminados no ambiente, período de tempo de exposição, virulência da cepa e a imunidade do

indivíduo exposto (DUCATI et al., 2006; JABADO; GROS, 2005; ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DE SAÚDE, 2011).

A infecção pelo bacilo da tuberculose pode ocorrer em qualquer idade, mas

geralmente acontece na infância. As vias respiratórias são a principal porta de entrada do M.

tuberculosis, onde uma vez inalados, os bacilos fixam-se na árvore traqueobrônquica, sendo

eliminados, na maioria das vezes, pelo sistema de defesa mucociliar. A infecção se estabelece

comumente nos pulmões, ocasionando a forma pulmonar da doença, mas o bacilo é capaz de

acometer diferentes sítios do organismo humano, desenvolvendo a forma extrapulmonar

(DUCATI et al., 2006).

Em circunstâncias naturais, o M. tuberculosis é transmitido de indivíduo infectado

para um não infectado através da fala, tosse ou espirro (KRITSKI et al., 2000). Os bacilos

presentes na secreção pulmonar são atomizados em gotículas microscópicas (gotículas de

Pflugge) e após sofrerem evaporação, permanecem em suspensão no ar, na forma de um

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núcleo infeccioso composto de um a dois bacilos (núcleos de Wells). Estes núcleos, com

diâmetro de até 5 µm, podem ser inalados por um indivíduo sadio e, posteriormente, atingir os

bronquíolos e alvéolos, iniciando-se, dessa forma, a multiplicação bacilar no interior do

pulmão do novo hospedeiro (BLOOM; MURRAY, 1992; CLARK-CURTISS; HAYDEL,

2003). As gotículas, contendo o bacilo, quando inaladas podem ficar no trato respiratório

superior (nariz e/ou garganta), onde a infecção é improvável de acontecer, contudo, quando os

bacilos atingem os alvéolos a infecção pode se iniciar (BRASIL, 2002) (Figura 4).

A tuberculose inicia como um processo inflamatório do tipo exsudativo

com característica pneumônica. Com a progressão, os sintomas clássicos, como expectoração,

tosse, febre, sudorese noturna, anorexia e perda de peso corporal podem aparecer. Caseificação

e cavitação podem estar presentes, principalmente nos lobos superiores. Por outro lado, se a

infiltração inicial progride para a cronicidade, o processo pode estabilizar com o

desenvolvimento de fibrose (SMALL; FUJIWARA, 2001).

A possibilidade de instalação de uma lesão progressiva é diretamente proporcional ao

número de bacilos inalados e à virulência destes é inversamente proporcional à resistência

natural e adquirida do hospedeiro. Macrófagos alveolares, responsáveis pela defesa da mucosa

alveolar, englobam os bacilos, e caso esses macrófagos sejam ativados, transformam-se em

fagossomos que se fusionam com os lisossomos para matar as micobactérias. Contudo, se o

macrófago não for ativado, dá-se início a um processo de coexistência pacífica entre o bacilo

e o hospedeiro humano, como uma forma latente de infecção. O bacilo, então, sobreviverá

dentro do fagossomo, alterando este compartimento intracelular de maneira a evitar sua fusão

com o lisossomo. Em casos de imunossupressão, o bacilo dará início ao processo de

multiplicação que se estenderá até a lise do macrófago, liberação dos bacilos no tecido

pulmonar e subseqüente englobamento por novos macrófagos (CLARK-CURTISS;

HAYDEL, 2003).

Em indivíduos imunocompetentes suscetíveis, a doença envolve exclusivamente o

pulmão em 85% dos casos. Nos indivíduos imunocomprometidos, como aqueles infectados

com HIV, a TB pode, freqüentemente, tornar-se uma doença disseminada, havendo maior

freqüência de localizações extra-pulmonares (TEIXEIRA et al., 2007).

Os doentes bacilíferos, aqueles cuja baciloscopia de escarro é positiva, são a principal

fonte de infecção. Pacientes com tuberculose pulmonar cuja baciloscopia seja negativa,

mesmo que tenham resultado positivo na cultura, são muito menos eficientes como fontes de

transmissão, embora possa ocorrer. As formas exclusivamente extrapulmonares não

transmitem a doença (BRASIL, 2011).

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Mesmo sendo a TB uma doença contagiosa, não é fácil para o bacilo encontrar

condições favoráveis (intrínsecas ao hospedeiro ou ao ambiente) para invadir o organismo e

estabelecer a doença ativa (STEIN, 2011). É importante enfatizar que a prevenção contra

tuberculose através da vacinação com a BCG só é eficaz para proteger os indivíduos das

formas mais graves da doença, evitando a sua disseminação e evolução para as formas

extrapulmonares (PALOMINO, 2007).

Figura 4 - A transmissão aerógena da tuberculose pulmonar.

2.5 Métodos diagnósticos e tratamento

Diagnosticar e tratar corretamente os casos de TB pulmonar são as principais medidas

para o controle da doença. Neste contexto, esforços devem ser realizados no sentido de

identificar precocemente a doença para oferecer tratamento adequado e, sobretudo

interromper a cadeia de transmissão. A TB na forma pulmonar, por ser bacilífera além de ser

mais freqüente, é também a mais relevante para a saúde pública, sendo responsável pela

transmissão da doença (BRASIL, 2011).

Sendo assim, a busca ativa de pessoas com tosse prolongada deve ser uma estratégia

priorizada nos serviços de saúde, visto que, cerca de 90% dos casos de TB são da forma

pulmonar e, destes, 60% são bacilíferos (BRASIL, 2011).

A tuberculose pode ter várias formas de apresentação clínica, de acordo com o órgão

acometido. Desta forma, outros sinais e sintomas, além da tosse prolongada, podem ocorrer e

devem ser valorizados na investigação individualizada, sobretudo em regiões onde a doença é

endêmica (CONDE; SOUZA, 2009; BRASIL 2011). Os sintomas clássicos da tuberculose

Fonte: Veronesi (2005)

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pulmonar são tosse persistente, produtiva ou não (com muco e eventualmente sangue), febre

vespertina, sudorese noturna e emagrecimento (BRASIL, 2011).

Os métodos de diagnóstico, atualmente usados, como a baciloscopia, a cultura

microbiológica, a radiografia de tórax, e o teste intradérmico realizado com o PPD (purified

protein derivative) ou teste tuberculínico, não têm tido o sucesso desejado para diminuir a

incidência da TB de forma significativa (FRIEDEN et al., 2003).

A pesquisa bacteriológica é o método prioritário para o diagnóstico e o controle do

tratamento da tuberculose, uma vez que permite a identificação da fonte de transmissão da

infecção (indivíduo bacilífero). Neste contexto, a descoberta precoce dos casos, o diagnóstico

correto e o tratamento completo dos doentes com baciloscopia positiva constituem uma das

principais medidas de controle da TB (BRASIL, 2012b).

2.5.1 Exame Radiológico

A radiografia de tórax é um método diagnóstico de grande importância na investigação

da tuberculose (BURRIL, 2007; DALEY et al., 2009). Baseia-se na presença de opacidades

radiológicas características, tendo utilidade no diagnóstico da tuberculose pulmonar primária

(opacidade mais homogênea e aumento no volume dos linfonodos regionais) e secundária

(opacidade heterogênea, presença de cavidades e nódulos. Diferentes achados radiológicos

apontam para a suspeita de doença em atividade ou doença no passado, além do tipo e

extensão do comprometimento pulmonar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2004).

Deve ser solicitada para todo o paciente com suspeita clínica de TB pulmonar. No

entanto, até 15% dos casos de TB pulmonar não apresentam alterações radiológicas,

principalmente nos pacientes imunodeprimidos. Nos pacientes com suspeita clinica, o exame

radiológico permite a diferenciação de imagens sugestivas de tuberculose ou de outra doença,

sendo indispensável submetê-los a exame bacteriológico. Em suspeitos radiológicos de

tuberculose pulmonar com baciloscopia direta negativa, deve-se afastar a possibilidade de

outras doenças, recomendando-se a cultura para micobactéria (BRASIL, 2011).

O estudo radiológico tem, ainda, importante papel na diferenciação de formas de

tuberculose de apresentação atípica e no diagnostico de outras pneumopatias no paciente

portador de HIV/AIDS ou de outras situações de imunodepressão. Em pacientes com

baciloscopia positiva, o exame radiológico tem como função principal a exclusão de doença

pulmonar associada (por exemplo, câncer de pulmão em fumantes com alta carga de

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tabagismo com idade superior a 40 anos) que necessite de tratamento concomitante, além de

permitir avaliação da evolução radiológica dos pacientes, sobretudo naqueles que não

respondem ao tratamento anti-TB (BRASIL, 2011).

A tomografia computadorizada do tórax é um método radiológico de alta resolução e

mais sensível do que a radiografia de tórax, mas apresenta alto custo, só estando disponível

em centros de referência (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E

TISIOLOGIA, 2004).

2.5.2 Prova tuberculínica

A prova tuberculínica (PT) existe a mais de cem anos e permanece inalterada por mais

de sessenta anos. A PT tem sido utilizada como ferramenta auxiliar no diagnóstico da TB,

pois apresenta uma alta positividade em indivíduos com a doença. Todavia, uma reação

positiva não é suficiente para diagnosticar a TB como doença. Todas as pessoas com infecção

anterior pelo M. tuberculosis podem apresentar uma resposta imune às proteínas contidas no

bacilo (BRASIL, 2011).

No Brasil, a tuberculina utilizada é o Derivado Protéico Purificado (PPD RT-23),

aplicada por via intradérmica no terço médio da face anterior do braço esquerdo do paciente,

na dose de 0,1 mL, equivalente a 2UT (unidades de tuberculina). Quando conservada em

temperatura entre 4ºC e 8ºC, a tuberculina mantém-se viva por seis meses. Não se deve,

entretanto, ser congelada, nem exposta à luz solar direta. Esse método é caracterizado por uma

reação celular desenvolvida na pele 24 a 72 horas após a inoculação intradérmica de um

derivado protéico do M. tuberculosis (PPD) (BRASIL, 2011).

A técnica de aplicação e o material utilizado são padronizados pela Organização

Mundial de Saúde e têm especificações semelhantes às usadas para a vacinação BCG. A

injeção do líquido faz parecer uma área de limites precisos, pálida e de aspecto pontilhado

como casca de laranja (BRASIL, 2011).

A resposta ao teste é classificada segundo o tamanho do nódulo e a graduação da

reação cutânea é utilizada para aumentar a especificidade do resultado, sendo os valores:

reator forte (≥ 10 mm de enduração) - indicativos de infecção prévia pelo bacilo; reator fraco

(5 a 9 mm de enduração) - decorrentes geralmente de infecções pelo M tuberculosis ou por

micobactérias não tuberculosas, como também pela vacinação prévia pelo BCG; e não reator

(0 a 4 mm) - indicativo de indivíduos não infectados pelo bacilo. Cerca 70 a 80% dos

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30

portadores de TB pulmonar em atividade apresentam a prova tuberculínica ≥ 10 mm de

enduração (BETHLEM et al., 2000).

2.5.3 Exame microscópico direto – Baciloscopia Direta

A baciloscopia direta do escarro é o principal método no diagnóstico da TB pulmonar.

Trata-se de um método rápido, de simples execução e de baixo custo que permite a

visualização microscópica do bacilo através da coloração específica pelo Ziehl-Nielsen (ZN)

(CAMPOS, 2006). No entanto só é positiva quando há grande concentração de bacilos no

material examinado (5.000 – 10.000/mL de amostra). Dessa forma, apenas cerca de 60 a 80%

dos doentes são positivos à baciloscopia (BRASIL, 2011).

O método Ziehl-Nielsen se baseia na coloração a quente com fucsina fenicada, seguida

de descoloração com álcool-ácido, fazendo com que somente as micobactérias mantenham a

coloração vermelha, por serem ácido-resistentes. Outra técnica utilizada é a fluorescência com

auramina, apresenta a mesma acurácia do Ziehl-Nielsen, com tempo de leitura menor, mas é

pouco empregada, pois exige pessoal treinado e tem custo mais elevado. Além disso, as

lâminas positivas pela técnica de fluorescência precisam ser confirmadas pelo Ziehl-Nielsen

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2004).

2.5.4 Cultura microbiológica para Micobactéria

O isolamento e a identificação do M. tuberculosis através da cultura é a metodologia

que permite a confirmação da TB, sendo considerada, atualmente o padrão-ouro para o

diagnóstico da doença, responsável pela identificação do bacilo em mais de 80% dos

pacientes doentes e com especificidade acima de 98% (ARNOLD, 2007; ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DE SAÚDE, 2011). É o método de referência (padrão-ouro) para avaliar um novo

método diagnóstico (BRASIL, 2008).

Apesar de ser um método mais caro que a baciloscopia, a cultura apresenta inúmeras

vantagens como maior sensibilidade, necessitando de uma carga bacilífera menor (10-100

bacilos/mL no espécime clínico) quando comparada a baciloscopia direta. Ao mesmo tempo,

permite a identificação das espécies que estão envolvidas na infecção e promoção da TB,

além de caracterizar a susceptibilidade das cepas aos medicamentos antituberculínicos

(CAMPOS, 2006). Contudo, devido ao crescimento lento, peculiar das micobactérias, a

obtenção dos resultados por meio da cultura pode levar cerca de 4 a 8 semanas, retardando a

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confirmação diagnóstica. Nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura pode

aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença (BRASIL, 2011).

Desde a década de 50, os métodos clássicos de cultura de micobactérias utilizados no

laboratório são manuais. Os métodos clássicos utilizam a semeadura da amostra em meios de

cultura sólidos. Os meios mais comumente utilizados são os sólidos à base de ovo, Lowestein-

Jensen e Ogawa-Kudoh. Têm a vantagem de serem os de menor custo e de apresentarem um

índice de contaminação menor. A desvantagem do meio sólido é o tempo de detecção do

crescimento bacteriano que varia de 14 a 30 dias, podendo se estender até oito semanas

(BRASIL, 2011).

A partir de 1980, os métodos de cultura tiveram avanços tecnológicos com o

desenvolvimento de sistemas comerciais. Os sistemas automatizados para detecção de

micobactérias como o BACTEC 460 TB®, BACTEC 9000® e o MGIT® são promissores,

utilizam meios enriquecidos que promovem a aceleração do crescimento bacteriano, mas

podem também indicar resultados falso-positivos devido à contaminação por outras bactérias

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2004). Esses sistemas

utilizam um método de processamento e semeadura de amostras muito similar aos clássicos,

de maneira que não diminui o trabalho prévio, assim o que acelera é a leitura, pois a

incubação é monitorada por sistema informatizado (BRASIL, 2008).

2.5.5 Métodos moleculares

A partir de 1950, com a descoberta da estrutura do DNA, a biologia molecular se

revelou uma ferramenta útil no diagnóstico de doenças infecciosas, através da identificação de

seqüências gênicas específicas de um agente causador de doença. A partir do seqüenciamento

do genoma do M. tuberculosis, foram identificadas várias regiões, como o elemento de

inserção IS6110, permitindo a identificação específica do bacilo (COLE et al.,1998).

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é atualmente considerada um método rápido

e sensível para a detecção do M. tuberculosis, sendo capaz de detectar menos que 10 bacilos

por mL em diferentes espécimes biológicos (ASSIS et al., 2007). Esta técnica vem sendo

utilizada como uma alternativa de alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico rápido

de doenças infecciosas. Entretanto, a sua aplicação na detecção do M. tuberculosis tem

apresentado resultados variáveis, principalmente em relação à sensibilidade do teste. Por essa

razão, alguns autores têm buscado avaliar o desempenho de várias seqüências-alvo e o seu

potencial diagnóstico (LEMAÎTRE et al., 2004).

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2.5.6 Tratamento da tuberculose

Apesar de ser uma doença grave e contagiosa, a TB é altamente curável em

praticamente 100% dos casos novos, sensíveis aos medicamentos anti-TB, desde que

obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa e a adequada operacionalização

do tratamento (BRASIL, 2011).

O tratamento preconizado, atualmente pela OMS consiste na administração de drogas

como a isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol nos dois primeiros meses (fase de

ataque) seguido pela combinação de rifampicina e isoniazida nos quatro meses seguintes (fase

de manutenção) (BRASIL, 2011). Contudo, o longo tratamento promove reações adversas

indesejáveis levando o paciente ao abandono da quimioterapia e ao possível surgimento de

cepas resistentes ao tuberculostáticos. A não adesão ao tratamento tem levado a OMS a

investir em uma estratégia global, conhecida como Tratamento Diretamente Observado

(DOTS), no qual Agentes Comunitários de Saúde aconselham os doentes, realizam a

vigilância progressiva e certificam que cada medicamento seja tomado na dose correta

(DUCATI et al., 2006).

2.6 Mecanismos de proteção imunológica e imunopatogênese da tuberculose

A história natural da TB mostra que a maioria dos indivíduos é resistente à infecção,

provavelmente, devido à capacidade de gerarem uma eficiente resposta imune contra o M.

tuberculosis (NORTH; JUNG, 2004). A infecção pelo M. tuberculosis pode estar relacionada a

três mecanismos fisiopatológicos: controle na porta de entrada (imunidade inata), tuberculose

latente ou doença ativa. A evolução da doença depende também do indivíduo estar sendo

infectado pela primeira vez (primo-infecção) ou re-infectado (LAPA E SILVA; BOÉCHAT,

2004).

A resposta imune inata precoce contra o M. tuberculosis é caracterizada pelo

progressivo acúmulo de neutrófilos, monócitos, macrófagos inflamatórios intersticiais e células

dendríticas nos pulmões. Como essas células são recrutadas, se tornam infectadas pela

população de micobactérias em expansão, estabelecendo o granuloma inicial (KHADER,

2011).

Em indivíduos com o sistema imunológico eficiente, o bacilo aprisionado dentro do

macrófago, pode permanecer latente por toda a vida, sem manifestar a doença. A disseminação

linfática e hematogênica ocorre antes do desenvolvimento de uma resposta imune efetiva,

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constituindo novos focos no organismo. Esta infecção denomina-se tuberculose primária e é,

geralmente, assintomática. Nos casos em que a resposta imune é inadequada, a doença se

desenvolve acompanhada de sintomas pulmonares. Nas infecções primárias, encontram-se

lesões mínimas dos tecidos pulmonares (granulomas) associadas a uma adenopatia hilar,

constituindo o Complexo de Gohn (ANDREOLI et al., 1997). A tuberculose pós-primária

ocorre quando os mecanismos de defesa do organismo tornam-se comprometidos, reativando os

sítios com bacilos viáveis que estavam em latência. Quando o indivíduo sofre a segunda

infecção, a partir do contato com pessoas doentes, desenvolve a doença, com reativação

endógena (CAMPOS; PIANTA, 2001). Em muitos casos de tuberculose ativa, uma

imunodeficiência não foi encontrada. No entanto, a infecção com o vírus da imunodeficiência

humana, o tratamento com corticosteróides, envelhecimento e abuso de álcool ou de drogas

aumentam o potencial de reativação da tuberculose latente (FRIEDEN et al., 2003).

Logo após a infecção primária, os macrófagos alveolares e as células dendríticas que

fagocitaram o M. tuberculosis migram através do sistema linfático em direção ao linfonodo

regional e formam o complexo de Ghon. Ao mesmo tempo as células fagocíticas podem

penetrar no parênquima pulmonar, iniciando um foco inflamatório ao redor do

microorganismo, levando à formação do granuloma num processo coordenado por linfócitos T

(TEIXEIRA et al., 2007).

Estudos envolvendo a análise da interação entre M. tuberculosis e células

apresentadoras de antígeno demonstrou que as células dendríticas não permitem o crescimento

intracelular de M. tuberculosis, ao contrário do que é observado em macrófagos (HERMANN

et al., 2006). Nos macrófagos, a micobactéria reside nos fagossomas iniciais e escapa do

sistema imune por inibir a maturação dos fagossomas e a fusão com os lisossomas (RUSSELL,

2007). O M. tuberculosis produz lipídios que mimetizam os fosfatidilinositóis de mamíferos e

com isso inibe as vias dependentes de fosfatidilinositol 3-fosfato em macrófagos infectados

(VERGNE et al., 2004).

Além dos macrófagos alveolares, as células epiteliais das vias aéreas são outra

população celular que interage muito precocemente com o M. tuberculosis. De fato, o número

de células epiteliais nos alvéolos é 30 vezes maior do que o número de macrófagos e, portanto,

com maior probabilidade de serem as primeiras células expostas ao bacilo infeccioso. A

primeira indicação do envolvimento das células epiteliais foi derivada a partir de um estudo em

que a presença do DNA micobacteriano foi detectada em amostras de necropsia de indivíduos

que tinham morrido de outras doenças que não a tuberculose (HERNANDEZ−PANDO et al.,

2009).

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O granuloma tuberculoso tem sido classicamente considerado como um mecanismo

que limita a difusão micobacteriana. É caracterizado pela presença de necrose caseosa central,

com infiltrado periférico de macrófagos modificados (células epitelióides e gigantes), células

T, células B e fibroblastos. A célula gigante tipo Langhans, formada pela fusão de

macrófagos, apresenta citoplasma amplo e núcleos distribuídos na periferia celular em forma

de ferradura (FERRAZ, et al., 2006). Em infecções latentes, o estado das bactérias dentro do

granuloma ou tubérculo, não é conhecido. A infecção primária é frequentemente abortada,

nesta fase, ainda que alguns bacilos persistam nos tecidos por meses ou décadas, sem

crescimento, mas ainda viáveis, uma característica chamada "persistência não-replicativa".

Em casos de tuberculose latente, o hospedeiro monta uma forte resposta imunológica, que

contém, mas não elimina a infecção. O dano decorrente dessas infecções deve-se em menor

proporção, aos efeitos diretos da bactéria nos tecidos do hospedeiro e em grande parte às

reações de hipersensibilidade do hospedeiro agora sensível aos produtos da bactéria. Falha do

mecanismo de resistência imunológica pode levar a reativação da doença (FERRAZ et al.,

2006; FLYNN, 2004; OTTENHOFF et al., 2005).

Com relação à resposta imune inata, os neutrófilos são as primeiras células

inflamatórias a localizar-se no sítio de multiplicação do bacilo, seguidas das células natural

killer (NK) e macrófagos (Figura 5). As células NK podem destruir os patógenos diretamente,

ou os monócitos infectados, e ativar células fagocíticas no sítio da infecção. O

reconhecimento e a fagocitose de bactérias por células da imunidade inata (neutrófilos,

macrófagos e células dendríticas) se dão via receptores de reconhecimento, como o receptor

para manose, receptores para a porção Fc de anticorpos (FcRs), e receptores para produtos de

ativação do sistema complemento, entre outros (NORTH & JUNG, 2004). A ativação de

receptores do tipo Toll (Toll-like Receptors, TLRs), conduz a uma importante ligação entre a

resposta imune inata e a adquirida (HERNANDEZ−PANDO et al., 2009; TEIXEIRA et al.,

2007).

O reconhecimento de micobactérias através de receptores Fc de macrófagos permite a

fusão dos fagossomas contendo as bactérias com os lisossomas, aumentando a produção de

intermediários reativos de oxigênio, ocasionando assim a morte bacteriana pela ação do óxido

nítrico e enzimas lisossômicas. Ocorre também o recrutamento de células do sistema

imunológico para a resposta inflamatória local e a apresentação de antígenos por moléculas de

histocompatibilidade principal (MHC) de classe II aos linfócitos T CD4+, para o

desenvolvimento da imunidade adquirida. Estas células desempenham um papel importante

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na resposta protetora contra a M. tuberculosis, e quando eles estão ausentes, o crescimento do

bacilo não pode ser controlado (RAJA, 2004).

A ativação dos linfócitos CD4+ envolve o reconhecimento do peptídeo ligado ao MHC

de classe II e a interação entre moléculas co-estimuladoras, como a interação CD80/CD86-

CD28. Além disso, citocinas produzidas pelas células apresentadoras de antígenos, como a

interleucina (IL)-12, e citocinas produzidas pelos linfócitos T ativados, como a IL-2, estão

envolvidas na ativação e proliferação dos linfócitos T. Desta forma, antígenos específicos das

micobactérias interagem com TLRs e outros receptores presentes na superfície de macrófagos

e células dendríticas, induzindo, assim, uma resposta imune celular predominantemente pró-

inflamatória (HERNANDEZ−PANDO et al., 2009; TEIXEIRA et al., 2007).

O reconhecimento da micobactéria e posterior secreção de IL-12 por macrófagos são

processos iniciados antes da apresentação de antígenos do M. tuberculosis aos linfócitos T. A

IL-12 induz a produção de interferon-gama (IFN-γ) em células NK, na fase inicial da resposta

imune, e também induz a ativação, diferenciação, produção de IFN-γ e expansão de células

Th1 antígeno-específicas (OTTENHOFF et al., 2005).

Além da importante função de células T CD4+ na produção de citocinas, como o IFN-γ,

que ativa macrófagos e promove a destruição de bacilos, podem também participar na indução

de apoptose de células infectadas (ODDO et al., 1998). Outra função tem sido atribuída a essas

células, ou seja, ajudar a desenvolver uma resposta mediada por células T CD8+ (SERBINA et

al., 2001). Os mecanismos utilizados pelas células T CD8+ para o controle da TB parecem ser

principalmente a produção de citocinas e a função citolítica. Células T CD8+ são capazes de

secretar IFN-γ através da ativação do receptor de células T ou através da interação com as

células dendríticas infectadas (SERBINA; FLYNN, 1999).

Estudos indicam que o M. tuberculosis desenvolveu vários mecanismos para

manipular seus habitats celulares em seu próprio benefício, como por exemplo modulando o

tráfico e maturação dos fagossomos, permitindo-lhes fugir de mecanismos lisossomais de

morte, restrição e degradação, o uso de mecanismos de virulência para otimizar a sua

propagação de célula a célula, promovendo a morte necrótica de células infectadas e o

recrutamento de macrófagos, além de possuir múltiplos mecanismos para inibir a célula

hospedeira a apoptose, tal inibição permite a sobrevivência prolongada de células infectadas

com um maior número de bactérias acumuladas, ou também podem escapar dos fagossomos e

entram no citoplasma das células infectadas. Embora o M. tuberculosis possui claramente

distintos mecanismos para regular a morte celular por apoptose e necrose, permanece a ser

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determinada como esses mecanismos são regulados e como se manifestam durante várias

fases da infecção (BLOMGRAN et al., 2012; ERNST, 2012).

Logo quando as bactérias são depositadas nos pulmões, passam por um período de 3

dias sem crescimento. Posteriormente, crescem com uma média de tempo de duplicação de

28h e atingem cerca de 5 logs em 20 dias. A interrupção do crescimento bacteriano está

relacionada com a produção do IFN-γ produzida por células T. Uma vez que o crescimento

bacteriano parou, a resposta imune mantém as bactérias em estado de latência por um período

de tempo prolongado; o recrescimento bacteriano pode ocorrer se os inibidores de imunidade

são ativados. Estes inibidores incluem anticorpo anti-CD4 de células T, anticorpo anti-fator de

necrose tumoral alpha (TNF-α) e os inibidores da síntese do óxido nítrico (COOPER;

KHADER, 2008)

A resposta imune de resistência contra a TB pode ser definida como do tipo 1 (Figura

5), com a produção de IFN-γ e TNF-α por linfócitos CD4+ e CD8

+, presentes e importantes no

controle da doença em animais e humanos (AMIM et al., 2008; AMIRZARGAR et al., 2006;

FLYNN & CHAN, 2001;). A capacidade dos macrófagos alveolares em destruir o Mtb ou inibir

o seu crescimento depende de sua ativação pelo IFN-γ e abrange mecanismos moleculares

complexos, tais como a produção das citocinas IL-1, IL-6, IL-12, TNF-α, óxido nítrico e

quimiocinas. Além disso, dependendo também do número e da virulência do bacilo fagocitado

(ATES et al., 2008; VALLINOTO et al., 2010).

A capacidade bactericida do macrófago frente ao M. tuberculosis necessita ser

previamente ativada. O IFN-γ é o principal e mais potente mediador desse processo, produzida

por célula Th1, durante sua interação com o macrófago através da interação CD40 expresso

pela célula Th1 com o CD40L no macrófago (SALGAME, 2005; TEIXEIRA et al., 2007). O

IFN-γ é capaz de incrementar a expressão de diversos genes nos macrófagos, induzir um

aumento na expressão do MHC (aumento na apresentação de antígenos) e de receptores para

imunoglobulinas (FcRs; maior capacidade de fagocitose), recrutar linfócitos T que participam

da destruição bacteriana e participar da produção de óxido nítrico. Embora a produção de IFN-γ

isolada seja insuficiente para o controle do bacilo, é um dos componentes cruciais para a

resposta protetora contra o patógeno. O IFN-γ, em sinergia com o fator de necrose tumoral alfa

(TNF-α) ativa macrófagos infectados, iniciando um importante mecanismo efetor da imunidade

mediada por células (O´GARRA et al., 2013).

Após três semanas de infecção, a resposta imune Th1 desenvolvida frente aos

componentes antigênicos do Mtb é responsável pela destruição e inibição da multiplicação dos

bacilos no interior dos macrófagos ativados via estresse oxidativo, exercendo e promovendo

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uma ação antimicobacteriana, através do desenvolvimento do granuloma (COLLIN;

KAUFMANN, 2001). As citocinas Th2, principalmente a IL-4 e a IL-10, atuam como

reguladoras da resposta macrofágica através da modulação negativa da resposta Th1 e da

produção de mediadores da resposta inflamatória (ATES et al., 2008; SELVARAJ et al., 2008).

As diferentes manifestações clínicas que ocorrem na tuberculose refletem o desequilíbrio entre

a capacidade de virulência do bacilo e os mecanismos de defesa do hospedeiro, relacionados ao

desequilíbrio do balanço Th1/Th2 (HERNANDEZ-PANDO et al., 2009; VAN CREVEL et al.,

2000).

Sendo assim, o subtipo Th2 de células T CD4+ pode inibir os mecanismos microbicidas

dos macrófagos, neutralizar as citocinas do subtipo Th1 e dissolver o granuloma tuberculoso,

sendo então responsável pelo escape e disseminação do Mtb, contribuindo com o

desenvolvimento da doença ativa (ATES et al., 2008; MOSSAD et al., 2010). Este perfil de

citocinas tem sido relacionado por vários autores com a tuberculose ativa (AMIM et al., 2008;

MOSSAD et al., 2010; VALLINOTO et al., 2010).

Diversos estudos têm indicado o importante papel das citocinas TNF-α e IL-10 na

patogênese da tuberculose (ATES et al., 2008; BEN-SELMA et al., 2011; MOSSAD et al.,

2010; VALLINOTO et al., 2010). O TNF-α é uma potente citocina pró-inflamatória que

desempenha um papel fundamental na iniciação, regulação e perpetuação da resposta

inflamatória. A IL-10 inibe a produção de citocinas pró-inflamatórias através da sua ação sobre

as células Th1 e macrófagos (ATES et al., 2008; TRAJKOV et al., 2009), sendo importante no

controle da exacerbação das respostas pro-inflamatórias, minimizando o dano tecidual na TB

(OH et al., 2007).

Um subtipo de células T CD4+ que co-expressam CD25 e fator de transcrição Foxp3,

conhecidas como células T regulatórias (Treg), com propriedades imunomoduladoras, tem sido

descrita. Estas células ocorrem naturalmente em ratos e humanos, em torno de 5-10% de

células T CD4+ circulantes em indivíduos saudáveis (O'GARRA; VIEIRA, 2004). O equilíbrio

entre os diferentes tipos de resposta de células T é controlado, em parte, pela ação das células

Treg e estão envolvidos na regulação da Th1 e Th2 e de ambos os mecanismos de proteção e

imunopatológicos. Pacientes com tuberculose ativa tem uma população expandida de células

Treg no sangue e no local da infecção, e parece que estas células ativamente suprimem as

células Th1 e na produção de IFN-γ (RIBEIRO-RODRIGUEZ et al., 2006). Assim, células

Treg podem também participar na supressão de células Th1, favorecendo a progressão da

doença. (HERNANDEZ−PANDO et al., 2009).

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A contribuição do componente genético do hospedeiro na resistência e susceptibilidade

à infecção inicial e progressão do estado latente para a doença ativa tem sido demonstrado tanto

em modelo animal (FLYNN et al., 1995) como em humanos (BELLAMY, 2005; STEAD,

2001). Estudos têm demonstrado que a infecção tuberculosa está relacionada com deficiências

imunológicas de origem genética, diminuindo a atividade de células T e macrófagos, e gerando

falhas na produção de citocinas (HENAO et al., 2006; SELVARAJ et al., 2008; TRAJKOV et

al., 2009; VALLINOTO et al., 2010).

Sabe-se que a resposta imune protetora do hospedeiro contra este microorganismo é

mediada pela imunidade celular, em que determinadas citocinas e células T tem uma

importante função (CAVALCANTI et al., 2012). Fatores genéticos, principalmente

polimorfismos de base única em diferentes genes da imunidade, têm sido descritos e

associados com a tuberculose, podendo desempenhar um importante papel na susceptibilidade

à doença (OLIVEIRA et al., 2004). Assim, a compreensão e o entendimento dos mecanismos

envolvidos nessa resposta e, em particular a participação das citocinas envolvidas é de

importância significativa para o desenvolvimento de um controle eficaz e preventivo da

doença.

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Figura 5 - A resposta imune celular na tuberculose.

Fonte: O’garra et al. (2013)

Nota: Infecção por aerosol com o Mycobacterium tuberculosis, onde macrófagos alveolares localizados no

pulmão, neutrófilos e células dentríticas tornam-se infectadas.

Legenda: Macrófagos alveolares (1a), neutrófilos (1b), células dentríticas DC (1c). Migração de DC infectadas

para linfonodos através de citocinas e quimiocinas (2). Diferenciação de células T para tipo Th1 (3). Células Th1

antígeno-específica retornam ao pulmão após a infecção inicial (4). Produção de IFN-γ por Th1 para ativação de

macrófagos, produção de citocinas, indução de fatores microbicidas incluindo ócido nítrico induzível (iNOS) (5)

para o controle micobacteriano.

2.6.1 Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α) na tuberculose

O TNF-α é uma proteína não glicosilada de 17 kD, apresentando uma cadeia

polipeptídica de 157 aminoácidos. O gene que codifica o TNF- está localizado no braço curto

do cromossomo 6 (6p21.31) imerso no complexo principal de histocompatibilidade de classe

III (Figura 6). Este gene é regulado a nível transcricional e pós transcricional (MERZA et al.,

2009).

O TNF-α é uma citocina pró-inflamatória pleiotrópica que exerce múltiplos efeitos

biológicos. A sua expressão é rigorosamente controlada, e a superprodução pode causar efeitos

prejudiciais encontrados no choque séptico, tais como hipotensão arterial, coagulação vascular

disseminada e hipoglicemia letal. No processo de controle de infecção por micobactérias, o

TNF-α parece ter um papel primordial, atuando sobre uma grande variedade de células

(CAVALCANTI et al., 2012).

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É secretada por monócitos, macrófagos, neutrófilos, linfócitos T, principalmente CD4+,

e também células natural killer (NK). Atua recrutando neutrófilos e monócitos aos locais de

inflamação para eliminar agentes microbianos através da estimulação das células endoteliais a

expressarem moléculas de adesão, facilitando o tráfico dessas células, também estimula a

secreção de quimiocinas e induz apoptose na célula-alvo. Esta citocina intervem na formação,

organização e controle do granuloma tuberculoso e em sinergismo com o IFN-γ induz a

produção de óxido nítrico, um dos principais agentes microbicidas para as micobactérias

(CORREA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2004).

Estudos demonstram que o bloqueio do TNF-α tem grandes efeitos na progressão da

tuberculose em modelos experimentais. A neutralização do TNF-α em modelos murino resulta

no agravamento da tuberculose ou reativação (FLYNN et al., 1995). Estudo também tem

revelado que o TNF-α é expresso em tecidos infectados com MTB durante a fase latente da

infecção, o que sugere uma contribuição com outras citocinas, como o IFN-γ, no controle da

multiplicação do bacilo (CAVALCANTI et al., 2012; SCANGA et al., 2000).

Por outro lado, existem também evidências demonstrando que o TNF-α pode estar

associado com respostas imunopatológicas na tuberculose, atuando como mediador na

destruição do tecido pulmonar. Os níveis elevados de TNF-α estão relacionados com uma

excessiva inflamação com necrose e caquexia (CAVALCANTI et al., 2012).

A importância do TNF-α na formação do granuloma micobacteriano é explicada, em

parte, pela reativação da tuberculose em pacientes com artrite reumatóide e doença de Crohn,

tratados com agentes biológicos, inibidores do TNF-α (GÓMEZ-REINO et al., 2003). A

expressão do TNF-α na tuberculose, assim como em outras patologias infecciosas pode variar

de um indivíduo a outro e entre populações. Certas mutações pontuais na região promotora do

gene pode promover uma alteração na síntese protéica (diminuição ou aumento de produção),

um fenômeno que tem sido associado à várias doenças infecciosas, inclusive a tuberculose

(CORREA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2004).

2.6.2 Interleucina 10 (IL-10) na tuberculose

Dentre as várias citocinas envolvidas na imunopatogenia da tuberculose, a interleucina

10 (IL-10) tem apresentado uma importância relevante. O gene da IL-10 está localizado no

cromossomo 1q31-32 (SHIN et al., 2005).

Estudos têm demonstrado a presença de níveis elevados desta citocina em pacientes

com TB pulmonar ativa (ANSARI et al., 2009; SELVARAJ et al., 2008). Macrófagos de

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pacientes com tuberculose encontram-se suprimidos in vitro, e a inibição de IL-10 reverte

parcialmente esta supressão (FLYNN, CHAN, 2001). Em outro estudo, a IL-10 foi capaz de

inibir diretamente as respostas de linfócitos T CD4+ de doadores com tuberculose latente e

também reduziu a expressão de MHC de classe I e II, CD40, B7-1 e B7-2 de monócitos

infectados com Mycobacterium tuberculosis (ROJAS et al., 1999). A diminuição na resposta

imune celular protetora é o objetivo do M. tuberculosis para a sobrevivência no hospedeiro,

induzindo a produção de IL-10 e outros mediadores inibitórios da resposta inflamatória, sendo

detectados em amostras de escarro de pacientes com tuberculose (CAVALCANTI et al., 2012).

Polimorfismos na região promotora do gene da IL-10 estão associados com várias

doenças, autoimunes e infecciosas (TURNER et al., 1997). Sabe-se que polimosfismo na

posição -1082, dentro da região promotora do gene da IL-10 apresenta alteração nos níveis

plasmáticos. Estes achados quanto à expressão diferencial desta citocina nos pacientes com TB

pulmonar ativa a tornaram alvo de estudos de polimorfismo genético (LÓPEZ-MADERELO et

al., 2003; CHIACCHIO et al., 2009).

2.7 Polimorfismos Genéticos

Um polimorfismo genético é definido quando existe a ocorrência de mais de um alelo

em um gene, no qual pelo menos dois alelos aparecem com freqüências superiores a 1% na

população. A presença de polimorfismos em um determinado gene pode ou não acarretar

alterações fenotípicas (NUSSBAUM et al., 2002).

Os estudos de polimorfismos genéticos mais freqüentemente realizados envolvem a

análise da freqüência de polimorfismos de um único nucleotídeo (Single Nucleotide

Polymorphism – SNP), onde uma única base nitrogenada do DNA é substituída por outra

(NUSSBAUM et al., 2002). Estas variações estão normalmente associadas à diversidade

populacional, individualidade, susceptibilidade a doenças e resposta individual a

medicamentos. Dentro de uma população, a freqüência de um alelo pode ser atribuída à

relação entre os SNPs que a população carrega, sendo a variante mais comum presente em

maior freqüência do que as variantes raras. É importante notar que existem diferenças

acentuadas entre as populações humanas em termos de distribuição das variantes. Por esta

razão, um alelo comum em um grupo geográfico ou étnico pode ser raro em outros grupos

(KUBISTOVA et al., 2009).

SNPs encontrados em regiões gênicas não-codificantes (íntrons) ou em regiões

reguladoras/promotoras de um gene não acarretam mudanças na sequência de aminoácidos da

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proteína, no entanto, podem alterar a capacidade de transcrição gênica e, consequentemente

sua produção local ou sistêmica. Este tipo de polimorfismo é denominado funcional por

conferir diferenças inter-individuais na síntese e secreção de proteínas e são os mais utilizados

em estudos de associação de doenças, por evidenciarem geneticamente a produção diferencial

de certas moléculas entre os indivíduos afetados (OLLIER, 2004).

O envolvimento dos SNPs nas infecções por patógenos vem sendo amplamente

analisado nos últimos anos. Nesses estudos, os genes relacionados à codificação de proteínas

do sistema imune inato e adaptativo ganharam posição de destaque por apresentarem

importante papel na proteção contra diversas enfermidades virais, fúngicas e bacterianas. Os

experimentos que analisam e comparam o perfil genético de uma população saudável com

outra doente são realizados no intuito de revelar os principais marcadores genéticos

associados à susceptibilidade (KLOTMAN; CHANG, 2006).

No caso dos estudos de associação, a freqüência de um alelo específico é comparada

entre a população de indivíduos afetados (casos) e a de não-afetados (controle), quando estas

populações encontram-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg (LANDER; SCHORK, 1994).

Estudos de associação baseados em populações caso-controle podem detectar pequenos

efeitos de determinados genes e muitos destes estudos foram capazes de validar a associação

entre genes com padrões de susceptibilidade/resistência ou de detectar caminhos novos,

envolvidos na patogênese de inúmeras doenças (MAARTENS; WILKINSON, 2007).

Os resultados encontrados na investigação de susceptibilidade do organismo à

tuberculose têm sido obtidos através de estudos de associação, devido ao poder de detecção de

pequenos efeitos gênicos quando comparado aos estudos de ligação, desde que o tamanho da

amostra analisada seja adequado (RISCH; MERIKANGAS, 1996).

2.7.1 SNPs na tuberculose

Os componentes genéticos de susceptibilidade a tuberculose encontram-se distribuídos

entre inúmeros genes, tendo sido estudados extensivamente nos últimos anos, resultando em

uma grande quantidade de informação. Vários genes, como o HLA (Antígenos de Leucócitos

Humanos), NRAMP1 (2q35), IFN-γ (12q14), NOS2A (17q11.2-12), CCL2 (17q11.2-q12),

MBL2 (10q11.2-q21), CD209 (19q13), VDR (12q13.11) e TLR (Receptores de homologia-

Toll), têm sido associados com a tuberculose, alguns repetidamente, enquanto outros

apresentam padrões de susceptibilidade diferenciada de acordo com a população étnica

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examinada (BURGNER et al., 2006), enfatizando a complexidade que caracteriza a

susceptibilidade do hospedeiro segundo a origem da população (ARDLIE et al.,2002).

Polimorfismos em genes de citocinas, que podem confirmar diferenças interindividuais

na síntese e secreção destas, têm sido associados a doenças que têm uma patogênese

inflamatória (SANTOS et al., 2002; SELVARAJ et al., 2008). SNPs localizados em regiões

promotoras de genes que codificam diferentes proteínas, em particular os genes do TNF-α e IL-

10, têm sido associados com a susceptibilidade e/ou resistência à tuberculose em diferentes

grupos étnicos (LARCOMBE et al., 2008; MERZA et al., 2009).

Estudos têm investigado o efeito de SNPs de região promotora do gene do TNF-α

(AMIRZAGAR et al., 2006; DESHPANDE et al., 2005; SANTOS et al., 2002). O gene do

TNF- contém vários SNPs, dos quais dois são os mais estudados (Figura 6). O primeiro está

localizado na posição -238 e o segundo na posição -308, ambos em relação ao sítio de início

da transcrição, onde a presença de guanina (G) define o alelo de tipo selvagem (isto é, o alelo

mais comum). Tem sido demonstrado para ambas as posições que a presença de adenina (A)

resulta em uma transcrição duas vezes maior, com implicações funcionais (KUMAR et al.,

2008; MERZA et al., 2009; WILSON et al., 1997). Níveis alterados de TNF- α podem estar

influenciando a resposta imune contra o M. tuberculosis e contribuindo para uma

suscetibilidade individual a tuberculose (DESHPANDE et al., 2005).

Figura 6 - Localização do gene do TNF no complexo principal de histocompatibilidade de classe III.

Fonte: Verweij (1999)

Legenda: A posição dos SNPs está indicada por setas localizadas na última linha

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Polimorfismos no gene do TNF-α na posição -308 foram investigados por Bikmaeva et

al. (2002) na população da Bashkorstan na Rússia, em um grupo de pacientes com tuberculose

e encontraram uma freqüência significantemente maior (p=0,001) do alelo A (alto produtor)

nos pacientes doentes em comparação com os controles saudáveis. A freqüência de

polimorfismos funcionais no gene do TNF-α na posição -308 em um grupo de pacientes da

Sicília com tuberculose pulmonar crônica também foi investigada por Scola et al. (2003), que

demonstraram uma redução do genótipo homozigótico G/G (baixo produtor) nos indivíduos

com tuberculose. Em outro estudo, realizado por Correa et al. (2004) verificou o referido

polimorfismo em diferentes grupos de pacientes da Colômbia com doença autoimune e

tuberculose. Concluíram que o alelo A é um fator de risco para doença auto-imune, mas possui

um efeito protetor para a tuberculose, enquanto que o alelo G se mostrou um fator de risco para

a doença.

Na região promotora do gene da IL-10 podem ser encontrados três polimorfismos de

base única (SNP), localizados nas posições -1082 (G/A), -819 (C/T) e -592 (A/C) (TURNER et

al., 1997) (Figura 7). Os genótipos -1082: GG, GA e AA, correspondem aos fenótipos alto,

intermediário e baixo produtor desta citocina, respectivamente, independente das variações

nucleotídicas presentes nas posições -819 e -592 do gene da IL-10 (TAMBUR et al., 2001).

Delgado et al. (2002) avaliou a freqüência dos genótipos da região promotora do gene

da IL-10 na posição -1082 em pacientes do Camboja, tendo encontrado uma maior freqüência

de indivíduos heterozigotos entre os pacientes com TB pulmonar ativa. Estudando pacientes

italianos, Scola et al. (2003) observaram uma tendência de diminuição do alelo A nos pacientes

com TB pulmonar ativa. Um estudo mais recente, realizado na Turquia por Ates et al. (2008)

demonstrou uma maior freqüência do alelo G na posição -1082 nos pacientes com TB

pulmonar ativa, em relação a indivíduos sem histórico ou evidência radiológica de TB.

Figura 7 - Estrutura e localização de SNPs funcionais (-1082G/A; -819C/T; -592C/A) do gene da IL-10.

Fonte: Tso et al. (1999)

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2.7.2 Genotipagem por PCR em tempo real (qPCR)

A quantidade de métodos para genotipagem de SNPs tem crescido nos últimos anos e

muitos destes já se encontram atualmente disponíveis, revolucionando a área da genética

molecular humana e contribuindo nos estudos de investigação de fenótipos complexos,

medicina legal e testes diagnósticos (TWYMANT; PRIMROSE, 2003).

Com o aparecimento da PCR em Tempo Real (qPCR), em 1992, por Higuchi e

colaboradores, o monitoramento da amplificação de fragmentos de DNA e RNA em tempo

real foi possível (DUSSAULT et al., 2006; KUBISTA et al., 2006). De fato, a qPCR realiza a

quantificação dos ácidos nucléicos de maneira precisa e altamente reproduzível, pois

determina seus valores durante a fase exponencial da reação (NOVAIS et al., 2005). A técnica

da qPCR baseia-se na detecção de moléculas fluorescentes que aumentam a emissão da

fluorescência quando o produto de amplificação acumula-se em cada ciclo da reação

(DUSSAULT et al., 2006), de forma que tal emissão é gravada durante cada ciclo e representa

a quantidade do produto amplificado. A plataforma da qPCR requer um sistema óptico para

excitação da fluorescência e outro para a captação da emissão. As informações adquiridas são

transmitidas para softwares que analisam e calculam os dados finais da reação (NOVAIS et

al., 2005).

Existem dois tipos principais de químicas fluorescentes utilizados na PCR em tempo

real: o TaqMan® e o SYBR® Green. O SYBR® Green, com excitação e emissão máxima de

494nm e 521nm (DUSSAULT et al., 2006), se intercala na dupla fita de DNA e após a

excitação pela luz emite uma florescência verde que é detectada pelo sistema de recepção do

equipamento (NOVAIS et al., 2005). Outra forma de gerar fluorescência é através do uso de

uma sonda, dirigida especificamente a uma região interna da sequência que se deseja

amplificar, sendo um exemplo destas a TaqMan®. Esta possui um marcador fluorescente

reporter na extremidade 5’, capaz de absorver a energia luminosa emitida pelo equipamento e

dissipá-la na forma de luz e calor, em comprimento de onda diferente do original. Entretanto,

na sua posição nativa, toda a luz emitida por esse fluoróforo é absorvida por outro marcador,

o quencher, presente na extremidade 3' da sonda (NOVAIS et al., 2005).

Dessa forma, o sistema óptico do equipamento não é capaz de detectar fluorescência

no tubo de reação, mas, durante a amplificação, a sonda que se hibridizou ao produto-alvo

será clivada pela atividade da exonuclease da enzima Taq DNA polimerase. Como

conseqüência, essa sonda será degradada e o fluoróforo ficará distante do quencher que agora

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não mais será capaz de absorver a luz emitida. Assim, ocorrerá um aumento na intensidade de

fluorescência, permitindo a quantificação do alvo (NATIONAL COMMITTEE FOR

CLINICAL LABORATORY STANDARDS, 2001).

A curva de quantificação de DNA através da PCR em tempo real é um dos dados

gerados durante a amplificação do material genético, e consiste de três fases distintas: uma

fase log inicial, no qual os produtos ainda não podem ser mensurados, uma fase exponencial,

onde a detecção da fluorescência é alcançada e uma fase platô (DUSSAULT et al., 2006). O

ponto na curva, dentro da fase exponencial, no qual a quantidade de fluorescência ultrapassa o

sinal da linha basal é chamado de valor do ciclo “threshold” (Ct). Este ponto é de crucial

importância, pois, determina o sucesso da amplificação, permite quantificar a concentração de

DNA com maior acurácia e pode ser utilizado para a genotipagem de diferentes alelos

(GRAY et al., 2000; WILHELM et al., 2003).

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3 JUSTIFICATIVA

Diante da magnitude da TB no Brasil e no mundo, que apresenta elevadas taxas de

morbidade e mortalidade, é de grande importância do ponto de vista clínico, epidemiológico e

de saúde pública, a execução de estudos que visem compreender melhor os fatores

responsáveis pelo desenvolvimento da tuberculose pulmonar (LEANDRO et al., 2009).

Na imunologia, um destes fatores são as citocinas anti-inflamatórias que são

provavelmente produzidas em maior quantidade, com o intuito de proteger contra danos

teciduais, mas a conseqüência desta resposta é um declínio na imunidade protetora, o que

facilita o crescimento do bacilo e a progressão da doença (HERNANDEZ−PANDO;

AGUILAR, 2009).

Avanços recentes na genética molecular abrem novas perspectivas no estudo da

patogênese da tuberculose. Estudos apontam para a importância da constituição genética do

indivíduo no desenvolvimento da TB pulmonar ativa (BIRD, 2010; PACHECO et al., 2008).

Diversos trabalhos descrevem genes cuja expressão de proteínas estão provavelmente

envolvidos com o processo de susceptibilidade e/ou resistência a tuberculose em diferentes

populações mundiais (MOSSAD et al., 2010; VALLINOTO et al., 2010). Polimorfismos

genéticos associados à susceptibilidade têm sido propostos para explicar diferenças no

processo de desenvolvimento da tuberculose pulmonar ativa em diferentes populações

(LARCOMBE et al., 2008; MERZA et al., 2009; STEIN; BAKER, 2011).

Assim, o presente trabalho propôs investigar uma provável associação dos SNPs

funcionais localizados em regiões promotoras dos genes das citocinas TNF-α (-308G/A) e IL-

10 (-1082A/G) com a susceptibilidade ou resistência a tuberculose pulmonar ativa em

pacientes oriundos do estado de Pernambuco, Brasil.

O desafio real da pesquisa é tentar associar os polimorfismos de um único nucleotídeo

de região promotora de genes de citocinas com os dados epidemiológicos da tuberculose, em

que apenas 10% dos indivíduos infectados desenvolvem a forma ativa da doença. Até o

presente momento, nenhum estudo com o objetivo de relacionar polimorfismos genéticos do

TNF-α e IL-10 com a susceptibilidade ou resistência à TB pulmonar foi realizado no Nordeste

do Brasil. Assim, o interesse em compreender melhor o papel que os fatores genéticos

desempenham na resposta imune contra a tuberculose, com a definição de perfis gênicos de

susceptibilidade ou resistência é de fundamental importância para a geração de conhecimentos

para futuros estudos de imunoprofilaxias ou imunoterapias.

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4 PERGUNTA CONDUTORA

Existe uma associação entre polimorfismos de base única localizados em regiões

promotoras dos genes das citocinas TNF-α (-308G/A) e IL-10 (-1082A/G) com o risco de

desenvolvimento da tuberculose pulmonar ativa na população do estado de Pernambuco?

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5 HIPÓTESE

Variações genéticas específicas em regiões promotoras dos genes das citocinas TNF-α

(-308G/A) e IL-10 (-1082A/G) influenciam a imunidade do hospedeiro na tuberculose

pulmonar ativa.

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6 OBJETIVOS

6.1 Objetivo Geral

Analisar a associação entre polimorfismos de base única de regiões promotoras dos

genes das citocinas TNF-α (SNP -308G/A – rs1800629) e IL-10 (SNP -1082A/G - rs1800896)

com a resistência ou susceptibilidade a tuberculose pulmonar ativa em pacientes oriundos do

estado de Pernambuco.

6.2 Objetivos Específicos

a) Caracterizar o perfil clínico, epidemiológico e laboratorial dos pacientes sintomáticos

respiratórios participantes do estudo;

b) Determinar a frequência alélica e genotípica dos SNPs da posição -308G/A do gene do

TNF-α e -1082A/G do gene da IL-10 dos pacientes com tuberculose pulmonar ativa,

tuberculose latente, pacientes portadores de outras patologias respiratórias e

indivíduos clinicamente saudáveis;

c) Avaliar o risco e/ou proteção de desenvolvimento da tuberculose pulmonar ativa nos

pacientes participantes do estudo em relação ao perfil alélico e genotípico dos SNPs

dos genes TNF-α (-308 G/A) e IL-10 (-1082A/G);

d) Avaliar o risco de desenvolvimento da tuberculose pulmonar ativa com as co-

morbidades (hipertensão e diabetes) e co-variáveis (idade, sexo, etilismo e tabagismo)

em relação ao perfil alélico e genotípico dos SNPs dos genes TNF-α (-308 G/A) e IL-

10 (-1082A/G).

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7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

7.1 População da pesquisa

Inicialmente foram incluídos pacientes sintomáticos respiratórios, ou seja, com tosse

por mais de três semanas (BRASIL, 2011), suspeitos de tuberculose pulmonar, de idades

variadas, ambos os sexos, que produzissem escarro, provenientes de unidades públicas de

saúde do estado de Pernambuco, no período de fevereiro a dezembro de 2012 (Figura 8).

Posteriormente, os pacientes foram caracterizados de acordo com a definição

diagnóstica feita pelo médico pneumologista acompanhante do serviço de saúde, baseados nos

sintomas clínicos, achados radiológicos e exames laboratoriais:

Grupo Caso: pacientes sintomáticos respiratórios com diagnóstico de tuberculose

pulmonar ativa, comprovado através de achados clínicos e exames laboratoriais, tais como

exame radiológico (raio-x alterado), resultado de baciloscopia e/ou cultura positivos na

detecção do M. tuberculosis e resposta terapêutica anti-TB (BRASIL, 2011).

O grupo “controle” foi formado por dois subgrupos de sintomáticos respiratórios:

1) Sintomático respiratório/TB latente (controle 1): indivíduos sintomáticos

respiratórios que apresentaram teste tuberculínico (TT) reator (>10mm), com achados

radiológicos normais, com contato domiciliar com indivíduos com TB pulmonar ativa,

com exames laboratoriais de baciloscopia e cultura negativos na detecção do M.

tuberculosis e com diagnóstico final de TB latente (BRASIL, 2011).

2) Sintomático respiratório/Não TB (controle 2): indivíduos sintomáticos respiratórios

com TT não-reator (<10mm), com achados radiológicos normais, com exames

laboratoriais de baciloscopia e cultura negativos para a detecção do M. tuberculosis e

portador de outra patologia respiratória.

Além dos dois grupos controles formados por sintomáticos respiratórios sem TB

pulmonar, também foi incluído um terceiro formado por:

3) Indivíduos clinicamente saudáveis (controle 3): sem história prévia de clínica e

tratamento para tuberculose, que procuraram espontaneamente os serviços de saúde

para realização de exames de rotina e que realizaram o teste tuberculínico para

triagem.

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Figura 8. Fluxograma de investigação de infecção respiratória aguda e crônica, a partir de casos sintomáticos

respiratórios.

7.2 Local do estudo

O estudo foi realizado na cidade do Recife, Pernambuco, com seleção dos pacientes

nos seguintes serviços de saúde: Hospital das Clínicas (HC/UFPE) e Hospital Otávio de

Freitas (HGOF/SUS), referências no diagnóstico e tratamento da tuberculose em Pernambuco;

e nos Postos de Saúde da Família (PSF) Joaquim Cavalcanti, Policlínica Lessa de Andrade,

ambos do Distrito Sanitário IV, e a Policlínica Albert Sabin, do Distrito Sanitário II.

Nos Laboratórios de Imunoepidemiologia (LIE) e Núcleo de Plataforma Tecnológica

(NPT) do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães da Fundação Oswaldo Cruz

(CPqAM/Fiocruz) foram realizados os exames laboratoriais de cultura em meio específico e

os testes de genotipagem por PCR em tempo real. Os exames de imagem solicitados pelo

médico e teste tuberculínico foram realizados na rede pública de saúde e o exame de

baciloscopia no Laboratório Municipal do Recife.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2009)

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7.3 Desenho do estudo

O desenho do estudo foi do tipo caso-controle que visou avaliar a associação entre

polimorfismos de base única (SNP) localizados em regiões promotoras dos genes das

citocinas TNF-α (-308G/A) e IL-10 (-1082A/G) entre os pacientes com tuberculose pulmonar

ativa, pacientes infectados com TB latente, pacientes portadores de infecções pulmonares

inespecíficas e indivíduos clinicamente saudáveis.

7.4 Tipo e tamanho da amostragem

Foram adotados os seguintes parâmetros para o cálculo amostral realizado no

programa STATCALC do software Epi-Info 6.04:

- Erro: α = 5% e Poder do teste = 80%

- Freqüência esperada de 50% (estimativa)

- Odds Ratio = 3 – Baseado no estudo de ATES et al., 2008, BEN-SELMA et al., 2011 e

AFZAL et al., 2011.

Dado que é interesse no estudo comparar as frequências de polimorfismo entre os

casos de tuberculose pulmonar ativa com os casos sintomáticos respiratórios com (controle 1)

e sem infecção (controle 2) pelo M. tuberculosis e com os indivíduos saudáveis, foram

portanto, adotados três grupos controles (vide item 7.1). Dessa forma, foi calculada uma

amostragem total de 260 indivíduos para serem distribuídos 65 em cada grupo. Porém, nos

grupos controles formados por indivíduos sintomáticos respiratórios com e sem infecção pelo

M. tuberculosis, só foram possíveis serem alocados 53 e 57, respectivamente. Por outro lado,

os grupos formados por pacientes com tuberculose ativa e por indivíduos clinicamente

saudáveis conseguiu-se 71 e 101, respectivamente, sendo, portanto selecionados um total de

282 participantes.

7.5 Critérios de Inclusão

Pacientes que chegaram aos serviços públicos de saúde de Pernambuco, com sintomas

respiratórios, suspeitos ou não de TB e indivíduos sem sintomas respiratórios, considerados

clinicamente saudáveis, de faixa etária variada, de ambos os sexos e não portadores do vírus

HIV.

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7.6 Critérios de Exclusão

Como o estudo visa avaliar fatores de risco ou de proteção imunogenéticos no

desenvolvimento da tuberculose pulmonar, sendo a infecção pelo vírus HIV considerada um

importante fator de risco para a doença, com alta taxa de prevalência, foram excluídos os

pacientes sabidamente soropositivos.

7.7 Critérios de definição de co-morbidades e co-variáveis utilizados no estudo

a) Diabetes mellitus e hipertensão arterial: confirmação da presença através de

diagnóstico feito pelo médico acompanhante e que estavam em uso de tratamento

específico;

b) Fumante: indivíduo que fumou mais de 100 cigarros ou 5 maços de cigarros, em toda

a sua vida e/ou fuma atualmente (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE,

1995);

c) Alcoolista: indivíduos que apresentaram pelo menos algum dos seguintes critérios:

Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber;

Perda de controle: a inabilidade freqüente de parar de beber uma vez que a pessoa já

começou;

Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, como náusea, suor,

tremores e ansiedade, quando se pára de beber após um período contínuo de uso de

bebida. Tais sintomas são aliviados bebendo álcool ou tomando outra droga sedativa;

Tolerância: a necessidade de aumentar as quantidades de álcool (BRASIL, 2013).

7.8 Aspectos Éticos

Os participantes da pesquisa ou os responsáveis foram informados verbalmente do

projeto e após a concordância, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido

(Apêndice A). Em seguida, foi preenchido um questionário clínico-epidemiológico

padronizado, onde constou: identificação e procedência do paciente, principais queixas

clínicas e tempo de duração, história de tratamento prévio de tuberculose, histórico de doença

pré-existente, exames físicos e laboratoriais e posteriormente o diagnóstico clínico (Apêndice

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55

B). As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora principal do projeto com auxílio do

médico assistente do serviço de saúde.

O presente projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisas do

CPqAM/Fiocruz, onde recebeu o parecer favorável ao seu desenvolvimento (Registro CAAE:

0056.0.095.000-11) (Anexo A). Seguiu o descrito pela Resolução 196/96, que apresenta as

diretrizes e normas regulamentadores de pesquisas envolvendo seres humanos.

7.9 Técnicas laboratoriais

7.9.1 Teste Tuberculínico

Para classificação dos grupos de estudo, os pacientes participantes realizaram o teste

tuberculínico, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).

Para triagem, 0,1 mL (duas unidades de tuberculina) de derivado protéico purificado (PPD-Rt

23) foi injetado intradermicamente no antebraço esquerdo e após 72h avaliado endurecimento

através do método de Mantoux (BRASIL, 2001). A leitura do teste foi realizada por

profissionais treinados e experientes dos serviços públicos de saúde. Os pacientes foram

classificados como reatores, ou seja, teste tuberculínico positivo, quando apresentavam a

região de endurecimento com a medida >10mm (BRASIL, 2011).

7.9.2 Teste rápido para a detecção do HIV 1 e 2

Foi utilizado kit comercial (BioPix – HIV 1 & 2) para determinação qualitativa de

anticorpos anti-HIV1 e anti-HIV2 por método imunocromatográfico, de acordo com protocolo

indicado pelo fabricante em todos os indivíduos participantes da pesquisa (protocolo de rotina

para os pacientes com suspeita de tuberculose, realizado por profissional capacitado do

serviço de saúde).

7.9.3 Método de coleta de sangue periférico e obtenção de células mononucleares do sangue

periférico (PBMC)

Foram coletados 4,5mL de sangue periférico do paciente em um tubo (Vacutainer®,

Becton and Dickson, England) contendo EDTA, mantido à temperatura ambiente (25 a 30°C)

por até 4h até o seu processamento. Após a coleta, o sangue foi diluído em 4mL de solução

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PBS pH 7,2 em um tubo Falcon de 15mL, previamente identificado com os dados do

paciente. Foi colocado em outro tubo Falcon, 3mL de Ficoll Histopaque gelado. Após essa

etapa, o sangue homogeneizado com solução PBS foi adicionado ao tubo com Ficoll-

Histopaque, lentamente pela parede do tubo, tendo o cuidado para não misturar. O tubo foi

centrifugado por 30 minutos a 2000 rpm. Após a centrifugação, foram retiradas as células

PBMC e armazenadas em tubo rosqueado, devidamente identificado e mantido a -70ºC.

As células PBMC foram utilizadas para extração do DNA genômico e amplificação

por PCR em tempo real para determinação dos polimorfismos genéticos.

7.9.4 Método de coleta e descontaminação do escarro

De cada paciente foi coletado de 5 a 10 mL de escarro por eliminação espontânea, em

tubo seco rosqueado e estéril, com o paciente em jejum, ao acordar. As amostras coletadas

foram estocadas entre 4 a 8º C por até 4 horas e transportadas para o CPqAM para serem

processadas. A descontaminação foi realizada seguindo o protocolo do Método de Petroff

(NaOH 4%) (BARRETO, 1994; BRASIL, 2008).

7.9.5 Baciloscopia do escarro

O protocolo de coloração pelo método de Ziehl-Neelsen para a identificação e

quantificação dos bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) foi realizado pelos técnicos do

Laboratório Municipal do Recife, de acordo com as normas técnicas do Manual Nacional de

Vigilância da Tuberculose e outras Micobactérias (BRASIL, 2008).

7.9.6 Cultura por Löwestein-Jensen e Identificação de micobactérias em amostra de escarro

Após descontaminação, 0,2mL do sedimento de escarro foi semeado em três tubos, um

contendo apenas o meio Löwenstein-Jensen (simples), um tubo com o meio Löwenstein-

Jensen e o ácido para-nitrobenzóico (PNB) e mais outro tubo com o meio Löwenstein-Jensen

e a Hidrazida do ácido 2 carboxílico (TCH). Os tubos foram colocados em estufa a 37ºC onde

foram lidos uma vez por semana até a 8ª semana, ou antes, assim que foi observado o

crescimento de colônias. Todos os meios preparados passaram por testes de esterilidade

(estufa a 37ºC sem inoculação de amostra) e controle de qualidade do meio (inoculação de

cepa de referência H37Rv de M. tuberculosis), seguindo o Manual Nacional de Vigilância da

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Tuberculose e outras Micobactérias (BRASIL, 2008). Todos os testes de cultura e

identificação foram realizados pelo Laboratório de Imunoepidemiologia do

CPqAM/FIOCRUZ.

7.9.7 Extração e purificação de DNA genômico de PBMC

A extração de DNA foi efetuada com o kit QIAamp DNA Mini Kit (Qiagen), de

acordo com as recomendações do fabricante. Inicialmente, foram adicionados 20µL de

proteinase K a uma alíquota de 200µL de PBMC e em seguida 200 µL do Buffer AL à

amostra e homogeneizada no vórtex por 15 segundos, sendo então incubada em banho-maria

a 56ºC por 10 minutos. Posteriormente, foi submetida à centrifugação a 13.000 rpm por 1

minuto. Após a centrifugação, adicionou-se 200µl de etanol a 100% à amostra e mixada no

vórtex por 15 segundos, sendo novamente centrifugada a 13.000 rpm por 1 minuto. A amostra

foi transferida para a coluna específica do kit, e centrifugada a 8.000 rpm por 1 minuto. A

coluna foi colocada em um novo tubo coletor e o tubo descartado contendo o filtrado.

Adicionou-se à coluna 500 µL do Buffer AW1. Realizou-se a centrifugação a 8.000 rpm por 1

minuto. Posteriormente, a coluna foi colocada em um novo tubo coletor e foi descartado o

tubo contendo o filtrado da centrifugação. Adicionou-se o Buffer AW2 e a amostra foi

centrifugada a 14.000 rpm por 3 minutos. Em seguida, a coluna foi colocada em um novo

tubo coletor e descartado o tubo anterior contendo o filtrado. Novamente centrifugou-se a

amostra a 14.000 rpm por 1 minuto. A coluna foi colocada em um tubo cônico de

polipropileno (1,5mL) previamente identificado. Adicionou-se 200 µL do Buffer AE na

coluna contendo a amostra. Após esta etapa, a amostra foi deixada em repouso por 5 minutos

à temperatura ambiente para melhor concentração do DNA. Por último, foi centrifugada a

8.000 rpm por 1 minuto, sendo descartada a coluna e acondicionado o tubo contendo o DNA

genômico.

7.9.8 Determinação do Polimorfismo Genético

Foi utilizada a técnica de discriminação alélica pelo sistema TaqMan com sondas

MGB através de PCR em tempo real. Foram utilizados os ensaios comerciais da Applied

Biosystems, que emprega um conjunto de primers e sondas específicas para o SNP da posição

-1082(A/G) da IL-10 (rs1800896) (C_1747360_10) e para a posição -308(G/A) do TNF-α

(rs1800629) (C_7514879_10), utilizando condições universais de reação de amplificação. A

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amplificação foi realizada no equipamento de PCR em tempo real ABI PRISM 7500 (Applied

Biosystems) a 95ºC por 10 minutos, seguida de 40 repetições de 92ºC por 15 segundos e 60ºC

por um minuto. A reação de PCR foi realizada com um volume total de 12,5 µL contendo

6,25 µL de master mix universal para o sistema TaqMan (contendo tampão, referência passiva

dye ROX, deoxinucleotídeos, uridina, uracil-N-glicosilase e DNA polimerase ampliTaq Gold

– Applied Biosystems), 0,625 µL do conjunto primer/sonda (TaqMan SNP Genotyping Assay

Mix) a 1X e 5,625 µL da amostra de DNA diluída em água.

A técnica de discriminação alélica consistiu na utilização de um conjunto combinado

de duas sondas TaqMan® alelo-específicas, marcadas com diferentes fluoróforos, uma

complementar para cada um dos alelos (selvagem e mutante) e um par de primers. A sonda se

ligou ao seu alelo específico e a fluorescência foi lida para o alelo presente na amostra. Caso

os dois alelos estejam presentes, foram lidos os dois tipos de fluorescência (Figura 9).

Figura 9 - Curva de amplificação de DNA para o SNP -1082A/G do gene da IL-10.

Fonte: Elaborada pela autora

Legenda: A figura 1A representa a amplificação de um indivíduo heterozigoto, 1B homozigoto AA e 1C,

homozigoto GG

7.10 Análise comparativa das freqüências dos SNPs -308G/A e -1082A/G

Foi realizada uma análise comparativa das frequências alélicas e genotípicas dos SNPs

-308G/A do gene do TNF-α e -1082A/G do gene da IL-10 da população mundial (europeus,

africanos, caucasianos, entre outros), a partir do banco genético “National Center for

Biotechnology Information” (NCBI), com as freqüências de estudos científicos da população

brasileira (MORAES et al., 2003; OLIVEIRA et al., 2004) e resultados do presente estudo.

1A 1B 1C

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7.11 Análise Estatística

A análise estatística dos dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais foi realizada

utilizando-se os programas (Epi-Info 6.04 e SPSS). As tabelas foram construídas utilizando-se

o programa Microsoft Word. A análise da freqüência genética e de associação na comparação

entre os grupos de estudo foi realizada através do programa UNPHASED v.3.121

(DUDBRIDGE, 2008) e a análise de associação entre esses grupos e os fatores de risco foi

realizada através do SNPStats (SOLE et al., 2006). Este programa implementa um teste de

probabilidade retrospectivo (a probabilidade de observar genótipos dados fenótipos),

utilizando um modelo de regressão logística multinomial. As associações foram estimadas em

risco relativo (RR) e odds ratio (OR), usando 95% de intervalo de confiança (CIs). O teste X2

foi utilizado para comparar as freqüências entre os grupos estudados. A diferença entre os

resultados obtidos foi considerada significativa quando p<0,05. Foi testado se a população

estudada estava em equilíbrio de Hardy-Weinberg.

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8 RESULTADOS

8.1 Características clínicas, demográficas e laboratoriais dos pacientes participantes do

estudo

Os dados clínicos, demográficos e laboratoriais dos pacientes sintomáticos

respiratórios participantes do estudo estão demonstrados na Tabela 1.

No estudo foi incluído um total de 282 indivíduos, sendo 181 pacientes sintomáticos

respiratórios, classificados nos seguintes grupos de estudo de acordo com o diagnóstico

médico final: 71 pacientes com tuberculose pulmonar ativa, 53 pacientes com tuberculose

latente e 57 portadores de patologias pulmonares inespecíficas, além de 101 indivíduos

clinicamente saudáveis.

Nos grupos de pacientes sintomáticos respiratórios participantes dos grupos controles

1 e 2, o diagnóstico final estabelecido foi asma brônquica (12%), bronquiectasia (3%),

bronquite (3%), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (7%), pneumonia(3%), virose

(4%) e outros (3%). Apesar de terem a hipótese diagnóstica de TB pulmonar descartada pelo

médico do serviço de saúde, 65% dos pacientes permaneceu ainda sem definição diagnóstica,

ou seja, como sintomáticos respiratórios sem etiologia definida.

Na análise da variável idade, a média dos pacientes com TB pulmonar foi 43 ±15.2

anos e nos controles 1 e 2 foi 48 ± 20.2 e 51 ±16.8 anos, respectivamente. Entre os pacientes

com TB pulmonar ativa e tuberculose latente (controle 1), 64,8% e 51% eram do sexo

masculino, respectivamente e 78,8% e 62,2% tinham faixa etária entre 20-59 anos,

respectivamente. Quanto ao perfil dos pacientes classificados no grupo controle 2, 59,7%

eram do sexo feminino e 61,4% pertencia à faixa etária entre 20-59 anos (Tabela 1). No grupo

controle 3, a média de idade foi 37 ±16.3 anos, onde prevaleceu o sexo feminino (82%) e a

maioria dos indivíduos mostraram-se reatores ao teste tuberculínico (63%). Os valores de p e

x2 foram calculados para as variáveis: gênero (p=0,021 e x

2=7,713), idade (p=0,11 e x

2=7,4),

obtendo significância estatística na variável gênero.

No presente estudo, ao analisar as variáveis relacionadas ao hábito de fumar, uso

excessivo de álcool e presença de comorbidades, verificou-se que dos 181 pacientes

sintomáticos respiratórios: 66,2% não possuíam o hábito de fumar, porém o grupo com

tuberculose latente (controle 1) apresentou o maior número de fumantes (30%), seguido do

grupo controle 2 (21%) e do grupo com tuberculose pulmonar (17%). Em relação ao uso

excessivo de álcool, a maioria dos pacientes (76,2%) declarou não ser alcoolista, porém em

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14% dos casos de tuberculose pulmonar e 19% dos pacientes com TB infecção latente

declararam possuir o hábito. Podemos observar que 19 pacientes do total de 71 do grupo caso,

não responderam as variáveis, hábito de fumar e uso excessivo de álcool (Tabela 1).

Quanto à análise da variável portadores de comorbidades, 11,1% e 8,3% dos pacientes

sintomáticos respiratórios eram portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e

Diabetes Mellitus (DM), respectivamente (Tabela 1). Os valores de p e x2 foram calculados

no grupo de sintomático respiratório, para as variáveis: tabagismo (p=0,43; x2=1,7),

alcoolismo (p=0,026; x2=7,3) e comorbidades (p=0,97; x

2=0,055 para DM e p=0,77; x

2=0,52

para HAS), obtendo significância estatística apenas na variável relacionada com o uso

excessivo de álcool.

Analisando os dados referentes aos tipos de exames laboratoriais realizados pelos

pacientes, verificou-se que, apenas, 34,8% dos pacientes realizaram a sorologia para a

detecção do vírus HIV pelo serviço de saúde. Também se pode observar uma baixa frequência

de solicitação do teste rápido entre os pacientes portadores de TB pulmonar (33,8%). Os

métodos de diagnóstico utilizados foram, o exame de Raio-X, realizado em 73% dos pacientes

sintomáticos respiratórios, onde 37% apresentaram algum tipo de alteração na imagem

radiográfica, sendo 64,8% específica para tuberculose e 31,3% inespecífica, não sendo

compatível com tuberculose (controles 1 e 2). A baciloscopia foi realizada em 84,5% (32% de

positividade) e a cultura para o Mycobacterium tuberculosis em 87% dos pacientes

sintomáticos respiratórios, com 26% de positividade, utilizados como critério de definição de

caso de tuberculose pulmonar ativa (Tabela 2).

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Tabela 1 - Características clínicas e demográficas dos pacientes sintomáticos respiratórios provenientes de

unidades de saúde da cidade do Recife-PE.

TB pulmonar n (%)

Controle 1 n (%)

Controle 2 n (%)

Total n (%)

Sexo Masculino 46 (64,8) 27 (51) 23 (40,3) 96 (53) Feminino 25 (35,2) 26 (49) 34 (59,7) 85 (47)

Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Idade (em anos) ≤ 19 anos 20-59 anos ≥ 60 anos

05 (7) 56 (78,8) 10 (14,2)

03 (5,6) 33 (62,2) 17 (32,2)

04 (7) 35 (61,4) 18 (31,6)

12 (6,6) 124 (68,4)

45 (25)

Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Hábito de fumar Sim 12 (17) 16 (30) 12 (21) 40 (12,2) Não 40 (56,3) 35 (66) 45 (79) 120 (66,2) Ignorado 19 (26,7) 02 (4) 0 (0) 21 (21,6) Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100) Uso excessivo de álcool Sim 10 (14) 10 (19) 2 (3,5) 22 (12,2) Não 42 (59,2) 41 (77,3) 55 (96,5) 138 (76,2) Ignorado 19 (26,8) 02 (3,7) 0 (0) 21 (11,6) Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Portador de HAS* Sim 5 (7,5) 7 (13,2) 8 (14) 20 (11,1) Não 45 (63) 43 (81,1) 48 (84,2) 136 (75,1) Ignorado 21 (29,5) 3 (5,7) 1 (1,8) 25 (13,8) Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Portador de DM** Sim 05 (7,2) 05 (9,4) 05 (9) 15 (8,3) Não 45 (63,3) 46 (87) 52 (91) 143 (79) Ignorado 21 (29,5) 2 (3,6) 0 (0) 23 (12,7) Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Fonte: Elaborada pela autora

Legenda: HAS*: Hipertensão Arterial Sistêmica; DM**: Diabetes Mellitus

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Tabela 2 - Características laboratoriais dos pacientes sintomáticos respiratórios participantes do estudo.

Exames laboratoriais

TB pulmonar n (%)

Controle 1 n (%)

Controle 2 n (%)

Total n (%)

Realização da sorologia para o

vírus HIV pelo serviço de saúde

Sim 24 (33,8) 18 (34) 21 (37) 63 (34,8)

Não 28 (39,5) 35 (66) 36 (63) 99 (54,7)

Ignorado 19 (26,7) 0 (0) 0 (0) 19 (10,5)

Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Teste Tuberculínico

Não reator 8 (11) 0 (0) 57 (100) 65 (36)

Reator 49 (69) 53 (100) 0 (0) 102 (56,3)

Ignorado 14 (20) 0 (0) 0 (0) 14 (7,7)

Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Raio-X

Normal 2 (2,8) 32 (60,4) 31 (54,4) 65 (36)

Alterado 46 (64,8) 11 (20,8) 10 (17,5) 67 (37)

Ignorado 23 (32,4) 10 (18,8) 16 (28,1) 39 (27)

Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Baciloscopia

Positiva 58 (82) 0 (0) 0 (0) 58 (32)

Negativa 10 (14) 40 (75,5) 45 (79) 95 (52,5)

Ignorado 3 (4) 13 (24,5) 12 (21) 28 (15,5)

Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Cultura para o M. tuberculosis Positiva 47 (66,2) 0 (0) 0 (0) 47 (26)

Negativa 0 (0) 53 (100) 57 (100) 110 (61)

Ignorado 24 (33,8) 0 (0) 0 (0) 24 (13)

Total 71 (100) 53 (100) 57 (100) 181 (100)

Fonte: Elaborada pela autora

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8.2 Distribuição da freqüência alélica e genotípica do SNP na posição -1082A/G do gene

da IL-10 na população estudada e sua associação com o desenvolvimento da

tuberculose pulmonar ativa

O presente estudo realizou a determinação da frequência alélica e genotípica do SNP

na posição -1082A/G do gene da IL-10 em 277 indivíduos distribuídos nos quatro grupos de

estudos (Tabela 3).

Foram encontrados três genótipos na posição -1082: G/G, G/A e A/A. O alelo A e o

genótipo AA foram considerados de referência na análise de associação relativa da doença no

modelo codominante, expressa pelo cálculo do odds ratio (OR) e seu IC (95%). As

freqüências do polimorfismo -1082A/G do gene da IL-10 nos grupos estudados encontram-se

em equilíbrio Hardy-Weinberg (p<0.05).

Nos 277 indivíduos participantes do estudo, a freqüência do alelo selvagem -1082A

(58,5%) foi significativamente maior (p<0,0001) quando comparado ao -1082G (41,5%) e as

freqüências genotípicas encontradas foram 40% e 23% para os homozigotos -1082AA e -

1082GG, respectivamente e 37% para o heterozigoto -1082GA, com significância estatística

(p<0.0001). Podemos observar uma maior freqüência tanto do alelo selvagem -1082A quanto

do genótipo -1082AA na população geral estudada.

Ao avaliar os resultados através da estratificação dos pacientes nos grupos de estudo,

observou-se que no grupo com tuberculose pulmonar comparado com os controles 1 e 2, a

freqüência do alelo mutante -1082G não apresentou diferença estatística significante (p=0,70;

p=1, respectivamente). Por sua vez, nos pacientes do grupo controle 3, a frequência do alelo

mutante -1082G (22%) foi significativamente menor (p<0.0001), quando comparado com o

grupo caso (54%) (Tabela 3).

A análise da frequência genotípica -1082GA e -1082GG entre os grupos de estudo,

não encontrou diferença estatística significante entre o grupo de pacientes com tuberculose

pulmonar e os pacientes dos grupos controle 1 (p=0,65; p=0.81) e 2 (p=0,64; p=1),

respectivamente. O genótipo -1082GG (32%) apresentou uma freqüência significativamente

maior (p<0.0001) no grupo caso quando comparado ao grupo controle 3 (5%). Na análise do

genótipo heterozigoto -1082GA, foi observada uma freqüência significativamente maior

(p<0.0001) no grupo caso (42%) quando se comparou com o grupo controle 3 (35%) (Tabela

3). Entre os grupos de estudo, o genótipo selvagem -1082AA (60%) apresentou maior

freqüência apenas no grupo controle 3.

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O estudo avaliou o SNP -1082A/G do gene da IL-10 com o risco de desenvolvimento

da tuberculose pulmonar nos diferentes grupos de estudo no modelo codominante. O grupo

caso formado por pacientes com tuberculose pulmonar foi avaliado comparando-se com os

grupos controles 1 (p=0,65; p=0.81) e 2 (p=0,64; p=1), não encontrando resultado de

associação através da análise alélica e genotípica. Quando o grupo caso foi comparado com o

grupo controle 3, observou-se uma diferença estatística significante, tanto da presença do

alelo mutante -1082G [p=<0.0001; 3.90 [2.45- 6.59], quanto dos genótipos -1082AG

[p=<0.0001; 2.90 [1.42- 5.95] e -1082GG [p<0.0001; 15.50 [5.18- 1.62], com uma associação

de risco ao desenvolvimento da forma pulmonar da doença, demonstrando que os indivíduos

portadores do alelo G mostraram ter um grande efeito de risco para a tuberculose, pois

estavam em maior freqüência nos indivíduos do grupo com tuberculose pulmonar. Um

resultado de associação com significância estatística da presença do alelo mutante -1082G

[p=0.001; 1.92 [1.28 – 2.90] e dos genótipos -1082AG [p=0.03; 2.06 [1.02 - 4.29] e -1082GG

[p=0.004; 2.92 [1.34 – 6.44] também foi encontrado entre o grupo caso e todos os indivíduos

dos grupos controles (1, 2 e 3) analisados conjuntamente (Tabela 3).

Foi também realizada uma análise de associação relativa do SNP -1082A/G com a

tuberculose nos seguintes modelos genéticos: dominante, -1082G/A-GG [p<0.0001; OR=

4.49 (2.30-8.75)] e no recessivo -1082GG [p<0.0001; OR= 9.20 (3.29-25.70)], encontrando

também efeito de risco para a tuberculose pulmonar. O modelo sobredominante não

apresentou significância estatística (p=0.31).

A análise de regressão logística multivariada não demonstrou diferença estatística

significante das freqüências alélicas e genotípicas para o SNP -1082G/A, utilizando as co-

variáveis: sexo, idade, hábito de fumar e beber e portadores de diabetes mellitus e hipertensão

arterial sistêmica (p=0.3; p=0.47; p=0.67; p=0.56; p=0.42; p=0.38, respectivamente)

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66

8.3 Distribuição da freqüência alélica e genotípica do SNP na posição -308G/A do gene

do TNF-α na população estudada e sua associação com o desenvolvimento da

tuberculose pulmonar ativa

Foram encontrados três genótipos na posição -308: G/G, G/A e A/A. O alelo G e o

genótipo GG foram considerados de referência na análise de associação relativa da doença no

modelo codominante, expressa pelo cálculo do odds ratio (OR) e seu IC (95%). As

freqüências do polimorfismo -308G/A do gene do TNF-α nos grupos estudados encontram-se

em equilíbrio Hardy-Weinberg (p<0.05).

A freqüência do alelo selvagem -308G (72%) foi significativamente maior (p<0,0001)

em todos os 282 indivíduos participantes do estudo quando comparado com o alelo -308A

(28%). Quanto à distribuição da freqüência genotípica, o homozigoto -308GG (53,5%) foi

significativamente (p<0,0001) mais freqüente na população geral estudada, quando

comparado com o -308AA (9,5%) e o heterozigoto -308GA (37%).

A frequência alélica e genotípica do SNP -308G/A foi avaliada entre os grupos de

estudo. Não houve diferença estatística significante da freqüência do alelo mutante -308A

entre o grupo caso e os controles 1 (p=0.75), 2 (p=0.53) e 3 (p=0.18). Quanto à análise da

freqüência do genótipo homozigoto mutante -308AA (alto produtor de TNF-α) também não

foi observada diferença estatística significante entre o grupo caso e os controles 1, 2 e 3 (p=1;

p=78; p=0.77, respectivamente). Por sua vez, o genótipo heterozigoto -308GA (50%) foi

significativamente maior (p=0.005) no grupo de indivíduos saudáveis (controle 3) quando

comparado com os pacientes com tuberculose pulmonar (27%). Nos demais controles 1

(p=0.68) e 2 (p=0.54) não foi observada diferença significante para o genótipo heterozigoto -

308GA. Foi observada baixa freqüência do genótipo -308AA em todos os grupos estudados

comparado com os genótipos -308AG e -308GG (Tabela 3).

O estudo avaliou o SNP -308G/A do gene do TNF-α com o risco de desenvolvimento

da tuberculose pulmonar entre os diferentes grupos de estudo. O grupo caso formado por

pacientes com tuberculose pulmonar foi avaliado comparando-se com os grupos controles: 1

(p=0.751; p=0.684; p=1) e 2 (p=0.535; p=0.549; p=0.781), não encontrando diferença

estatística significante entre os alelos e genótipos. Como pode ser observado, o grupo caso

quando comparado com o grupo controle 3 apresentou associação estatística significante

[p=0.005; OR=0.374 (0.17–0.76)] para o genótipo heterozigoto -308GA, demonstrando uma

associação de proteção ao desenvolvimento da tuberculose pulmonar, pois apresentou maior

frequência no grupo clinicamente saudável (Tabela 3). No modelo genético dominante -

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308G/A-AA foram encontrados os seguintes resultados: [p=0.017; OR= 0.47 (0.25-0.88)], no

sobredominante -308GA [p=0.0016; OR= 0.36 (0.19-0.69)]. O modelo recessivo não

apresentou significância estatística (p=0.21) (Tabela 3).

A análise de regressão logística multivariada não demonstrou diferença estatística

significante das freqüências alélicas e genotípicas para o SNP -308G/A, utilizando as co-

variáveis: sexo, hábito de fumar e beber e portadores de diabetes mellitus e hipertensão

arterial sistêmica (p=0.7; p=0.06; p=0.04; p=0.16; p=0.15, respectivamente). Na análise entre

os grupos caso e controle 2, utilizando a co-variável idade, foi detectado sinal de associação,

com significância estatística, com o genótipo -308GG, no grupo menores de 50 anos e a

doença em estudo comparado aos maiores de 50 anos [p = 0,034; OR= 3.64 (1.36-9.73)].

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Tabela 3 - Análise das frequências alélicas e genotípicas de SNPs dos genes da IL-10 (-1082) e TNF-α (-308) dos pacientes e indivíduos participantes do estudo e associação com

a tuberculose pulmonar ativa.

TB pulmonar Controles p-value; OR* [95% C.I.**]

Polimorfismo

Total (n=71) Controle 1

(n=53)

Controle 2

(n=52)

Controle 3

(n=101) TB vs. Controle 1 TB vs. Controle 2 TB vs. Controle 3 TB vs. Controles

IL10 (-1082)

Alelos

A 66 (0.46) 52 (0.49) 49 (0.47) 157 (0.78) Ref Ref Ref Ref

G 76 (0.54) 54 (0.51) 55 (0.53) 45 (0.22) 0.707; 1.10

[0.64 – 1.89]

1; 1.02

[0.59 – 1.75]

<0.0001; 3.90

[2.45- 6.59]

0.001; 1.92

[1.28 – 2.90]

Genótipos

AA 18 (0.25) 16 (0.30) 15 (0.28) 61 (0.60) Ref Ref Ref Ref

AG 30 (0.42) 20 (0.38) 19 (0.37) 35 (0.35) 0.653; 1.32

[0.50 - 3.51]

0.648; 1.31

[0.48 - 3.52] <0.0001; 2.90

[1.42- 5.95]

0.03; 2.06

[1.02 - 4.29]

GG 23 (0.32) 17 (0.32) 18 (0.35) 5 (0.05) 0.81; 1.19

[0.43 - 3.33]

1; 1.06

[0.38 – 2.95] <0.0001; 15.50

[5.18- 1.62]

0.004; 2.92

[1.34 – 6.44]

TNF (-308)

Alelos Total (n=71) Controle 1

(n=53)

Controle 2

(n=57)

Controle 3

(n=101) TB vs. Controle 1 TB vs. Controle 2 TB vs. Controle 3 TB vs. Controles

G 107 (0.75) 78 (0.74) 82 (0.72) 139 (0.75) Ref Ref Ref Ref

A 35 (0.25) 28 (0.26) 32 (0.28) 63 (0.25) 0.751; 0.911

[0.51- 1.62]

0.535; 0.838

[047 - 1.46]

0.186; 0.721

[0.44-1.71]

0.331; 0.795

[0.49 – 1.24]

Genótipos

GG 44 (0.62) 31 (0.58) 32 (0.56) 44 (0.44) Ref Ref Ref Ref

AG 19 (0.27) 16 (0.3) 18 (0.32) 51 (0.5) 0.684; 0.838

[0.34-2.04]

0.549; 0.769

[0.32-1.82]

0.005; 0.374

[0.17-0.76]

0.06; 0.544

[0.27-1.03]

AA 8 (0.11) 6 (0.11) 7 (0.12) 6 (0.06) 1; 0.940

[0.25-3.64]

0.781; 0.832

[0.23-3.00]

0.775; 1.32

[0.34-5.06]

1; 0.102

[0.35 – 2.67]

Fonte: Elaborada pela autora

Legenda: OR*: Odds Ratio; C.I.**: Intervalo de confiança

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8.4 Análise comparativa das frequências alélicas e genotípicas dos SNPs estudados na

população mundial

A análise da distribuição das frequências alélicas e genotípicas dos SNPs dos genes da

IL-10 (-1082A/G) e TNF-α (-308G/A) da população mundial (Referência: Homo sapiens) foi

comparada com estudos científicos publicados na população brasileira e na população do

estudo, demonstrada nas tabelas 4 e 5.

Tabela 4 - Análise da freqüência do SNP -1082A/G referência do gene da IL-10 na população mundial.

Amostragem Genótipo Alelo

População Grupo Individual A/A A/G GG A G

CEU Europeu ------ ------ 1.000 ------ 1.000

HapMap-CEU Europeu 0.212 0.513 0.274 0.469 0.531

HapMap-YRI Sub-Sahara Africano 0.531 0.389 0.080 0.726 0.274

D-0 Africano Americano 0.333 0.524 0.143 0.595 0.405

CABG_Northamerican Norte americano 0.294 0.502 0.204 0.545 0.455

CAUC1 Caucasiano 0.387 0.419 0.194 0.597 0.403

HAPMAP-MEX Mexicano 0.440 0.480 0.080 0.680 0.320

Brasil Rio de Janeiro 0.433 0.509 0.058 0.680 0.320

Pernambucana População geral do

estudo

0.40 0.37 0.23 0.585 0.415

Pernambucana TB pulmonar do estudo 0.253 0.423 0.324 0.46 0.54

Pernambucana Indivíduos clinicamente

saudáveis do estudo

0.60 0.35 0.05 0.78 0.22

Fonte: National Center for Biotechnology Information, 2013b

Legenda: SNP referência: Homo sapiens; Cluster Report: rs1800896; Tipo molecular: genômico

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Tabela 5 - Análise da freqüência do SNP referência -308G/A do gene do TNF-α na população mundial.

Amostragem Genótipo Alelo

População Grupo Individual A/A A/G GG A G

HapMap-CEU Europeu 0.018 0.31 0.673 0.173 0.827

CEU Europeu ------ 0.433 0.567 0.217 0.783

HapMap-YRI Sub-Sahara Africano 0.009 0.159 0.832 0.088 0.912

YRI Sub- Sahara Africano ------ 0.123 0.877 0.061 0.939

PGA-African-Panel Africano Americano 0.045 0.318 0.636 0.205 0.795

AAM-Geno-Panel Africano Americano 0.018 0.211 0.772 0.123 0.877

PDR90 Global 0.023 0.126 0.851 0.086 0.914

PDR90 Global 0.025 0.100 0.875 0.075 0.925

CAUC1 Caucasiano ------ 0.333 0.667 0.167 0.833

Brasil Rio de Janeiro 0.053 0.440 0.903 0.084 0.916

Pernambucana População geral do

estudo

0.095 0.37 0.535 0.28 0.72

Pernambucana TB pulmonar do estudo 0.11 0.27 0.62 0.25 0.75

Pernambuco Indivíduos clinicamente

saudáveis do estudo

0.06 0.50 0.44 0.25 0.75

Fonte: National Center for Biotechnology Information, 2013a

Legenda: SNP referência: Homo sapiens; Cluster Report: rs1800629; Tipo molecular: genômico

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9 DISCUSSÃO

A tuberculose, embora seja uma doença curável, ainda permanece como a principal

causa de morbimortalidade em todo o mundo (O’GARRA et al., 2013; ZEMBRZUSKI et al.,

2010). O controle dessa epidemia global tem sido prejudicado, principalmente, pela falta de

uma vacina eficaz e de métodos diagnósticos sensíveis e rápidos, como também pelo

surgimento de formas resistentes de M. tuberculosis as drogas específicas. Além disso, a

resposta imune contra o M. tuberculosis é complexa e não completamente bem caracterizada,

o que dificulta as tentativas de desenvolver novos testes, vacinas e tratamentos (O’GARRA et

al., 2013) .

O desenvolvimento da tuberculose ativa resulta de interações entre o ambiente, o

hospedeiro, o patógeno e os fatores de risco conhecidos tais como a co-infecção pelo vírus

HIV, a imunodeficiência em geral, diabetes mellitus, a superlotação em ambientes pequenos e

mal arejados, a desnutrição bem como a pobreza. Embora seja evidente que células T CD4+ e

citocinas sejam fundamentais no controle da infecção pelo M. tuberculosis, ainda não estão

claros quais os fatores do hospedeiro que determinam por que alguns indivíduos são

protegidos da infecção pelo M. tuberculosis, enquanto outros passam a desenvolver a doença

(YOUNG et al., 2002).

Diferentes taxas de incidência da tuberculose pulmonar ocorrem entre as raças, etnias,

países e famílias, indicando uma predisposição genética na susceptibilidade a doença. Os

fatores genéticos do hospedeiro podem, em parte, explicar porque algumas pessoas são mais

ou menos susceptíveis à infecção. Diversas linhas de evidência, incluindo os estudos com

gêmeos e estudos de associação do genoma completo, têm demonstrado que a genética do

hospedeiro influencia fortemente a susceptibilidade à TB. No entanto, o real entendimento das

variações genéticas específicas (polimorfismos) do genoma humano na susceptibilidade ou

resistência a tuberculose continua a ser um desafio (AZAD et al., 2012; MOLLER; HOAL,

2010).

A infecção pelo M. tuberculosis por períodos prolongados sugere a existência de uma

pressão de seleção evolutiva nas interações entre os genomas do patógeno e do hospedeiro

(AZAD et al., 2012; GAGNEUX et al., 2012). Estudos epidemiológicos incluindo, estudos

genéticos do tipo caso-controle têm sido realizados com várias famílias de genes humanos

para avaliar os seus envolvimentos na patogenia da tuberculose (TRAJKOV et al., 2009;

VAN DE VEERDONK et al., 2010; ZHANG et al., 2011). Sendo assim, o presente estudo

propôs investigar uma provável associação dos polimorfismos de um único nucleotídeo (SNP)

funcionais localizados em regiões promotoras dos genes das citocinas TNF-α e IL-10 com a

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susceptibilidade ou resistência a tuberculose pulmonar ativa em pacientes procedentes do

estado de Pernambuco.

Como o principal objetivo da pesquisa foi avaliar o risco de desenvolvimento da

tuberculose pulmonar em uma população procedente do nordeste do Brasil, a partir da análise

de SNPs funcionais, foi realizado um estudo genético-epidemiológico do tipo caso-controle

em uma região endêmica de tuberculose. Sendo assim, os controles selecionados foram

compostos por pacientes sintomáticos respiratórios com suspeita clínica inicial de tuberculose,

tendo sido posteriormente descartada, e diagnosticados como portadores de outra patologia

pulmonar, além do grupo composto por indivíduos clinicamente saudáveis. Portanto, tanto os

pacientes com tuberculose pulmonar como dois dos grupos controles apresentaram o mesmo

critério clínico de inclusão na pesquisa, fazendo com que a população estudada de doentes

apresentasse uma uniformidade maior na seleção.

A OMS sugere que a abordagem dos casos sintomáticos respiratórios (SR) seja

sistematizada e inclua a investigação de outras doenças, como infecção respiratória aguda,

asma e DPOC, além da tuberculose. Essa estratégia, conhecida como estratégia PAL, visa

fortalecer o sistema de saúde através da conexão entre as atividades de controle da

tuberculose e os serviços de saúde. Como o sintoma mais comum na tuberculose pulmonar é a

tosse, para fins de busca de casos, foram considerados casos sintomáticos respiratórios os

indivíduos com tosse por mais de 3 semanas (ZHANG, 2009).

Os controles referentes aos sintomáticos respiratórios foram ainda avaliados quanto à

exposição ao bacilo através dos achados clínico, epidemiológico e laboratorial, sendo

classificados entre infectados (controle 1) e não infectados (controle 2) pelo Mycobacterium

tuberculosis, além do grupo de indivíduos saudáveis. Além dos critérios acima descritos para

seleção dos controles, todos os indivíduos participantes foram provenientes do estado de

Pernambuco, uma região considerada com altos índices da doença. O estudo pode ser

considerado pioneiro na análise de polimorfismos genéticos na tuberculose pulmonar com a

população do nordeste do país, como também na seleção de três diferentes grupos controles.

A população de estudo foi selecionada, levando em consideração as observações feitas

por Pacheco e Moraes (2009) que avaliam e discutem os principais problemas na realização

de estudos clássicos do tipo caso-controle, sobretudo com relação à hanseníase e tuberculose.

Os autores apontam que a correta seleção de controles é uma questão raramente discutida na

literatura, em que é muito comum os trabalhos selecionarem controles entre doadores de

bancos de sangue ou outros voluntários saudáveis, onde os indivíduos não são avaliados

quanto à exposição à infecção. Outro problema assinalado pelos autores seria o cálculo do

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tamanho adequado da amostra para detectar diferenças clínicas ou biológicas significativas

entre os casos e controles.

Inicialmente a pesquisa realizou uma análise de múltiplos fatores desta população de

importância clínica, epidemiológica e laboratorial. Os resultados do estudo apontaram uma

diferença significativa para o maior número de casos de tuberculose ocorrer no gênero

masculino (p=0.021), o que concorda com a maioria dos trabalhos. Possível explicação pode

está relacionada a fatores biológicos intrínsecos ao gênero, como hábitos e estilo de vida,

favorecendo uma maior exposição ao bacilo, elevando, portanto, os dados de incidência da

doença nos homens (COUTINHO et al., 2012; VENDRAMINI et al., 2005). Quanto à faixa

etária, observou-se uma maior freqüência dos pacientes do grupo caso na faixa entre 20-59

anos, bem como nos controles 1 e 2, apesar de não apresentar diferença estatística entre os

grupos. Os dados obtidos corroboram com a literatura nacional, no qual demonstra que nos

países em desenvolvimento, como no caso do Brasil, 80% dos indivíduos com tuberculose

ativa encontram-se na faixa etária entre 15-59 anos, ou seja, na faixa de maior produtividade

social, causando um grande prejuízo sócio-econômico ao país (COÊLHO et al., 2010;

VENDRAMINI et al., 2005).

A tuberculose pulmonar apresenta vários fatores de risco para o seu desenvolvimento,

como os relacionados ao aspecto sócio-econômico, comportamental e biológico. No estudo

foram avaliadas as co-variáveis como: hábito de fumar, uso excessivo de álcool e a presença

de co-morbidades como diabetes melittus e hipertensão arterial sistêmica entre os pacientes

sintomáticos respiratórios. O estudo verificou que a maioria dos pacientes sintomáticos

respiratórios declarou não possuir o hábito de fumar (66,2%), nem fazia uso excessivo de

bebida alcoólica (76,2%), não encontrando associação com a tuberculose, apesar da literatura

apontar como importantes fatores de risco para o desenvolvimento da doença

(NARASIMHAN et al., 2013). No entanto, foi observado que o grupo de pacientes infectados

pelo Mtb (controle 1) apresentou o maior percentual de fumantes (30%) e que faziam uso

abusivo do álcool (19%), sendo esta com significância estatística (p=0,026). Lin et al. (2007)

realizaram uma revisão sistemática e meta-análise, onde examinaram a reatividade a

tuberculínica entre os fumantes e concluíram uma ligação causal entre exposição ao fumo,

bem como para o álcool e o aumento do risco para a tuberculose latente, doença e risco de

morte. Outra revisão sistemática concluiu que o risco de tuberculose é substancialmente

elevado entre os indivíduos que bebem mais do que 40g de álcool por dia e/ou tem o uso do

álcool desordenado (LONNROTH et al., 2008). O consumo excessivo de álcool leva à queda

da imunidade, desnutrição e fragilidade social, além da exposição a situações de risco

(CALIARI et al., 2007). Razões para o aumento do risco incluem alteração do sistema imune,

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especificamente modificando as moléculas de sinalização responsável pela produção de

citocinas (NARASIMHAN et al., 2013).

A análise dos dados relacionados à presença de comorbidades não demonstrou

diferença estatística significante entre pacientes sintomáticos respiratórios participantes do

estudo. Dentre as comorbidades identificadas no estudo, chamamos a atenção para a diabetes

e a hipertensão arterial sistêmica, presentes em 11,1% e 8,3% da população estudada,

respectivamente. Vários estudos de caso-controle demonstram o risco aumentado em cerca de

3 vezes de pacientes diabéticos em desenvolver a tuberculose, comparados sem a doença, bem

como risco de morte (NARASIMHAN et al., 2013). Quanto à análise da hipertensão arterial

sistêmica como fator de risco para a tuberculose, nenhum trabalho relacionado com esta

associação foi encontrado na literatura.

Quanto aos métodos diagnósticos para tuberculose pulmonar realizados, verificou-se

que foram utilizados os tradicionais, ou seja, as técnicas de baciloscopia, cultura e raio-X em

84,5%, 87% e 73% dos indivíduos sintomáticos respiratórios, respectivamente. Neste

contexto, a pesquisa bacteriológica apresenta-se como método importante, tanto para a

elucidação diagnóstica, tratamento, quanto para o controle da doença em adultos (MS, 2011).

O teste tuberculínico é o método rotineiramente utilizado para identificar indivíduos

infectados pelo M. tuberculosis através da resposta imune celular, sendo utilizado no presente

estudo na detecção da forma latente nos indivíduos participantes, segundo normas do

Ministério da Saúde (2011). No grupo com TB ativa, pode-se observar que 11% não reagiram

ao teste tuberculínico. Alguns indivíduos podem ser anérgicos ao teste (ausência de

endurecimento após injeção do PPD), devido a estado imunológico que interfere na resposta

celular de hipersensibilidade do tipo tardia (ZEMBRZUSKI et al., 2010).

A radiografia do tórax é o método diagnóstico auxiliar na investigação da TB. Sua

solicitação deve ser realizada para todo indivíduo com suspeita clínica da doença para que

possa diferenciar imagens sugestivas de TB pulmonar de outras doenças respiratórias

(BRASIL, 2011). No estudo verificou-se que 73% dos indivíduos investigados apresentaram

resultados da radiografia pulmonar em seus prontuários, onde a maioria dos pacientes com

tuberculose pulmonar (64,8%) apresentou o resultado alterado, demonstrando ser um bom

método utilizado na definição diagnóstica.

Diversos estudos têm sido realizados com o objetivo de avaliar a associação entre

genes relacionados à resposta imunológica do hospedeiro com a susceptibilidade ou

resistência a tuberculose latente ou doença ativa, incluindo a análise de polimorfismos de base

única de regiões promotoras de genes de citocinas (BEM-SELMA et al., 2011; MORRIS et

al., 2011; STEIN et al., 2007). O TNF-α é uma importante citocina que atua na defesa contra

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o M. tuberculosis. Níveis alterados de TNF-α podem estar influenciando a resposta imune

contra o M. tuberculosis e contribuindo para a susceptibilidade a tuberculose (OLIVEIRA et

al., 2004). A IL-10 é uma citocina imunorregulatória que tem papel crucial durante a fase

latente/crônica da TB (ZHANG et al., 2011). A alta produção de IL-10 pode estar relacionada

com a susceptibilidade e reativação da doença (TURNER et al., 1997). A associação de SNPs

de regiões promotoras dos genes TNF-α (-308G/A) e IL-10 (-1082A/G) com a

susceptibilidade e/ou resistência à tuberculose têm sido investigada em diferentes populações

mundiais, porém os resultados ainda continuam controversos (ATES et al., 2008; BEM-

SELMA et al., 2011; OH et al., 2007; SCOLA et al., 2003)

O Brasil possui um território de tamanho continental, o quinto maior do mundo,

dividido em cinco regiões geográficas, apresentando diversas histórias de colonização da

população. Neste contexto, o Norte teve um grande influência da raíz indígena, o Nordeste

teve uma história de forte presença africana devido à escravidão e o Sul foi principalmente

colonizada por imigrantes europeus. Portanto, a população brasileira foi formada por uma

extensa mistura a partir de três diferentes raízes ancestrais: ameríndios, europeus e africanos,

resultando em uma grande variabilidade genética (PENA et al., 2011).

A origem étnica é um importante componente para várias doenças mediadas pelo

sistema imunológico, inclusive a tuberculose, e essas informações na população brasileira são

muito restritas (MORAES et al., 2003), sobretudo no nordeste do país. O presente estudo

investigou a freqüência de SNPs localizados em regiões promotoras dos genes do TNF-α (-

308G/A) e IL-10 (-1082A/G) e sua associação com a susceptibilidade ou resistência à TB

pulmonar em uma população do nordeste do Brasil. O estudo das freqüências alélicas e

genotípicas de regiões promotoras dos genes do TNF-α e IL-10 em diferentes populações tem

demonstrado que esses polimorfismos exibem um diferente perfil de distribuição de acordo

com etnia (AMIRZARGAR et al., 2006; DELGADO et al., 2002; KUMAR et al., 2008

ZHANG et al., 2011).

O estudo realizou uma análise comparativa das frequências alélicas e genotípicas dos

referidos SNPs na população mundial e observou como era esperado, que se tratando de

populações geneticamente heterogêneas, foram encontrados resultados concordantes e

discordantes. Estes dados provavelmente servirão para futuras comparações de freqüências

alélicas e genotípicas, assim como para o estudo da genética de populações (BAENA et al.,

2007).

O estudo também realizou uma análise comparativa da freqüência dos SNPs estudados

com outros trabalhos cintíficos realizados na população brasileira. Na análise da freqüência do

SNP -1082A/G, no presente estudo, encontrou que o alelo selvagem -1082A foi predominante

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tanto na população geral (58,5%) como no grupo controle 3 (78%), formados por indivíduos

clinicamente saudáveis, procedentes do estado de Pernambuco. O trabalho de Moraes et al.

(2003), também demonstraram a alta representação do alelo A do mesmo SNP (68%) em 293

indivíduos saudáveis procedentes da cidade do Rio de Janeiro/RJ, concordando com os nossos

resultados. Quanto à análise dos genótipos -1082AA e -1082GA, o estudo encontrou

frequências discordantes, de 60% e 35% no grupo controle 3, respectivamente, quando

comparado com os achados de Moraes et al. (2003) (43,3% e 50,9%, respectivamente) entre

as populações da cidade do Recife/PE e Rio de Janeiro/RJ.

Quanto à análise do SNP -308G/A do gene do TNF-α, o presente trabalho encontrou

uma predominância da presença do alelo selvagem -308G (74% e 72%) nos grupos controles

1 e 2, respectivamente. O trabalho realizado por Oliveira et al. (2004), avaliou o mesmo SNP

em pacientes portadores de outras pneumopatias, procedentes da cidade do Rio de Janeiro,

encontrando também uma alta freqüência do alelo selvagem -308G (91%). Em relação ao

genótipo selvagem -308GG, observou-se resultados discordantes, com frequência de 58% e

56% nos controles 1 e 2 no presente estudo, respectivamente, e 90% no trabalho de Oliveira et

al. (2004). O estudo de Angelo et al. (2012) avaliaram o SNP (-308G/A) de pacientes com

Lupus eritematoso sistêmico e indivíduos saudáveis provenientes do hospital das clínicas de

Pernambuco. Verificaram no grupo de indivíduos saudáveis, uma maior frequência do alelo -

308G (90,1%), bem como do genótipo -308GG (80,2%). Na literatura, há poucos trabalhos

realizados com a população brasileira que avaliem a freqüência do SNP -308G/A, não

possibilitando uma melhor análise comparativa.

No estudo, não foi encontrada diferença estatística significante nas freqüências

alélicas e genotípicas dos SNPs estudados entre os pacientes com tuberculose pulmonar ativa

e os grupos controles 1 e 2. Oliveira et al. (2004), estudando a relação entre a freqüência do

SNP -308G/A e o risco de desenvolvimento da tuberculose pulmonar e extrapulmonar na

população da cidade do Rio de Janeiro comparado com controles doentes também não

encontrou diferença significativa nas diferentes formas de apresentação clínica da tuberculose.

Entretanto, quando foi avaliada a distribuição da freqüência genotípica do SNP -

308G/A do gene do TNF-α, observou-se um aumento significativo do genótipo heterozigoto -

308GA no grupo controle 3 comparado com o grupo caso (p=0.005), demonstrando um fator

de proteção ao desenvolvimento da tuberculose nesse grupo (OR=0.374 [0.17-0.76]). Scola et

al. (2003) discutem que o efeito do alelo é largamente dependente do status do genótipo,

podendo ser composto por homozigose ou heterozigose. Não foi observada diferença

significante na análise das freqüências alélica e genotípica do mutante -308AA, entre os

grupos caso e controle 3, bem como nos três grupos de controles analisados conjuntamente.

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Porém, observou-se uma leve tendência do aumento do genótipo -308AA no grupo caso

(11%) em relação ao controle 3 (6%), sem significância estatística, provavelmente pelo baixo

número amostral utilizado no estudo.

O TNF-α possui um papel importante na defesa e resposta imune da tuberculose,

agindo sinergicamente com o interferon-gamma na ativação de macrófagos e na formação do

granuloma em indivíduos infectados. A falha na organização do granuloma resulta na

disseminação do M. tuberculosis e se não controlada poderá causar a morte do hospedeiro

(SCOLA et al., 2003). Polimorfismos dentro de regiões regulatórias do gene têm um efeito

significativo na transcrição, onde a presença do alelo mutante -308A resulta no aumento da

produção do TNF-α (WILSON et al., 1997). A sua produção, regulada por um circuito

complexo de interações moleculares, deverá ser equilibrada, pois o seu excesso leva a um

acúmulo celular, comprometendo a função do órgão e exarcebando o dano tecidual. In vivo ou

in vitro, a expressão de TNF-α ativa a produção de IL-10 e a interação entre os níveis de IL-

10 e TNF-α pode influenciar o desenvolvimento da tuberculose (ORAL et al., 2006; SCOLA

et al., 2003).

Estudos indicam que polimorfismos em regiões promotoras do gene da IL-10

influenciam a síntese protéica (TURNER et al., 1997), podendo estar envolvidos na

progressão da tuberculose pulmonar. O alelo -1082G e haplótipos tem sido associados com

alta produção, enquanto que o alelo -1082A e haplótipos com a baixa produção da IL-10

(ATES et al., 2008). Beamer et al. (2008) demonstraram que o bloqueio da ação da IL-10 in

vivo durante a infecção crônica, estabilizou a carga bacteriana pulmonar, levando a

sobrevivência dos camundongos CBA/J. Além disso, os resultados também indicaram o

recrutamento de células T para os pulmões, bem como a produção de IFN-γ, concluindo que a

IL-10 promoveu a progressão da tuberculose.

Na análise dos resultados do SNP -1082A/G do gene da IL-10, observou-se um

aumento significativo do alelo mutante -1082G [p=<0.0001; OR=3.90 [2.45- 6.59] e dos

genótipos -1082AG [p=<0.0001; OR=2.90 [1.42- 5.95] e -1082GG [p<0.0001; OR=15.50

[5.18- 1.62], no grupo caso comparado com o controle 3, demonstrando uma associação de

risco ao desenvolvimento da tuberculose pulmonar. O estudo também encontrou uma

associação estatística significante do alelo mutante -1082G [p=0.001; OR=1.92 [1.28 – 2.90]

e dos genótipos -1082AG [p=0.03; OR=2.06 [1.02 - 4.29] e -1082GG [p=0.004; OR=2.92

[1.34 – 6.44] quando o grupo caso foi comparado com os todos os controles (analisados

conjuntamente). Os resultados destas análises indicaram um risco aumentado (cerca de 3.9

vezes para portadores do alelo mutante -1082G) ao desenvolvimento da forma pulmonar no

grupo caso comparado ao controle 3, o qual foi observada uma predominância do alelo

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mutante -1082G, que de acordo com a literatura está relacionado com alta produção da

citocina (TURNER et al., 1997).

Quanto a análise da frequência alélica e genotípica do SNP -1082A/G entre os grupos

caso e controles 1 e 2, não foi encontrada associação estatística significante, observando uma

distribuição similar das freqüências alélicas e genotípicas entre esses grupos. Uma possível

explicação seria a definição do critério clínico para inclusão de doentes no estudo, ou seja,

pacientes sintomáticos respiratórios, portadores de enfermidades pulmonares inespecíficas

crônicas, que também podem estar com a produção alterada da citocina. Posteriormente, o

estudo realizará uma análise estatística com este grupo de doentes sintomáticos respiratórios

comparados com os controles saudáveis, para verificar se o SNP investigado também possui

uma possível associação com o desenvolvimento de doenças crônicas pulmonares.

O estudo não encontrou diferença estatística significante na análise de possível

associação de risco da tuberculose pulmonar com os SNPs -308G/A e -1082A/G relacionados

com às co-variáveis clínicas e demográficas dos pacientes sintomáticos respiratórios. Isto

ocorreu provavelmente por causa do número insuficiente de pacientes quando se estratificou

nos subgrupos de estudo para a realização da análise de regressão logística multivariada.

Porém, foi encontrada uma associação significante do genótipo -308GG e a doença em estudo

na co-variável idade, demonstrando que os pacientes com TB pulmonar na faixa etária

produtiva (<50 anos) quando comparado ao controle 2, apresentaram maior risco de

exposição ao bacilo, tornando-os mais susceptíveis a doença, quando se comparou ao grupo

de >50 anos.

Os resultados do estudo demonstraram a análise das frequências alélicas e genotípicas

dos SNPs e sua associação com a tuberculose pulmonar. Observou-se que o SNP -1082A/G

mostrou ser bom marcador para a tuberculose, considerando que para existir uma associação

do SNP com a doença em estudo, o nível de significância deve ser de 5%, ou seja, o valor

de p<0,05.

Vários estudos realizados em populações mundiais avaliaram a frequência de SNPs

funcionais dos genes do TNF-α (-308G/A) e IL-10 (-1082A/G) e sua associação com a

tuberculose. O trabalho de Scola et al. (2003), realizado na cidade da Sicília/Itália,

demonstraram um aumento significativo da freqüência do alelo -308A do TNF-α nos

pacientes com tuberculose pulmonar comparado com controles saudáveis e não encontrou

diferença significativa na análise do SNP -1082G/A. Na análise dos genótipos, ambos -

308GG e carreadores do IL-10A/* foram significantemente diminuídos nos pacientes com

tuberculose pulmonar.

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Oh et al. (2007), também investigaram os mesmos SNPs na população da Korea, não

encontrando diferença estatística na frequência alélica e genotípica do SNP -308G/A entre os

casos pulmonares e os controles saudáveis. Porém foi verificada uma associação significante

do alelo -1082A da IL-10 e do genótipo -1082AA no grupo com tuberculose comparados aos

controles, onde concluíram que a presença do alelo -1082A homozigoto demonstrou risco

aumentado comparado com o -1082G.

O estudo realizado por Henao et al. (2006) utilizou além dos pacientes doentes com

várias formas clínicas (pulmonar, pleural e miliar), indivíduos reatores e não reatores ao teste

tuberculínico e indicou o papel do polimorfismo referente ao baixo produtor de IL-10 (-

1082A) na tuberculose, porém não encontraram associação significativa com o TNF-α.

Amirzargar et al. (2006) estudaram a possível associação de polimorfismos funcionais com a

tuberculose em pacientes iranianos e não encontraram diferença significante entre pacientes

pulmonares e controles para os SNPs -308G/A e -1082A/G.

O resultado do presente trabalho discorda com os estudos de Scola et al. (2003), Oh et

al. (2007), Henao et al. (2006) e Amirzargar et al. (2006) na análise da associação dos

referidos SNPs com o desenvolvimento da tuberculose. Embora seja difícil detectar as

discrepâncias entre os estudos, possíveis explicações podem estar relacionadas aos diferentes

tamanhos amostrais (estudos de caso e controle) utilizado em cada população ou ainda

variações genéticas éticas específicas entre as diferentes populações investigadas.

Oral et al. (2006), na população da Turquia, avaliaram as freqüências dos SNPs em

diferentes formas clínicas da doença da população da Turquia, demonstrando que o alelo -

1082G foi significativamente mais freqüente nos pacientes do que nos controles saudáveis,

porém não encontrou para o SNP -308G/A do TNF-α. Ates et al. (2008), também na Turquia,

em seu trabalho demonstraram uma associação significante entre TB e a frequência

aumentada do alelo -1082G comparado aos controles, mas sem associação significante com o

SNP -308G/A, como também nas diferentes formas clínicas da tuberculose. Trajkov et al.

(2009) estudaram a possível associação de polimorfismos com a tuberculose na Macedônia e

demonstraram que os pacientes com genótipo -1082GG tiveram 2.5 vezes mais risco de

desenvolver a tuberculose, enquanto que para o SNP -308 TNF-α não acharam associação.

O presente estudo concorda com os trabalhos de Oral et al. (2006), Ates et al. (2008) e

Trajkov et al. (2009), onde encontrou uma frequência significantemente aumentada do alelo

mutante -1082G nos pacientes do grupo com tuberculose pulmonar (54%) comparado com o

grupo controle 3 (22%), relacionado com o alelo de alta produção da IL-10, ocasionando um

desequilíbrio na resposta imune celular do tipo Th1/Th2, resultando no desenvolvimento da

forma ativa da doença (KIDD et al., 2003).

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Ben-Selma et al. (2011) também estudaram os SNPs TNF- α (-308G/A) e IL-10 (-

1082A/G) na população da Tunísia e observaram que o alelo -308A bem como o genótipo -

1082 AG estavam associado com o risco para TB extrapulmonar. No trabalho, indicaram a

associação do genótipo -1082AA com resistência a TB pulmonar, concordando com os nossos

achados. Sugeriram que a combinação de genótipos TNF-α/IL-10 de baixa produção pareceu

ter efeito protetor na TB pulmonar.

Polimorfismo no gene da IL-10 (-1082) e a associação com a tuberculose foram

investigados por Tso et al. (2005), Shim et al. (2005), Anand et al. (2007) e Selvaraj et al.

(2008) e não encontraram resultados de associação, discordando dos nossos resultados.

Delgado et al. (2002) realizaram o estudo em 358 pacientes soro-negativos com tuberculose

pulmonar e controles saudáveis procedentes do Camboja com diferentes polimorfismos e

encontraram uma associação significante do genótipo heterozigoto SNP -1082G/A com a

tuberculose doença.

Polimorfismo no gene do TNF-α (-308) e a associação com a tuberculose também

foram investigados por Kumar et al. (2008) e Vejbaesya et al. (2007) e não encontraram

resultados de associação com a susceptibilidade ou resistência a tuberculose, discordando dos

nossos achados.

Oliveira et al. (2004) estudaram pacientes da cidade do Rio de Janeiro e encontraram

que a frequência do homozigoto mutante -308A e AA foi significativamente maior no grupo

de pacientes com TB (OR= 1,94 [IC=1,07-3,58] e OR=2,48 [IC=0,93-0,97]. Explicaram que

possivelmente este grupo de pacientes sejam funcionalmente mais hábeis em produzir TNF-α,

mas também carreassem mutações em outros genes regulatórios da imunidade a tuberculose

(IFN-γ), não permitindo que esta citocina exerça seu papel inflamatório, favorecendo o

desenvolvimento da doença.

Resultado contrário foi obtido no estudo de Correa et al. (2004) na população da

Colômbia, onde encontraram uma associação de risco da presença do alelo -308G com a

tuberculose e indicaram que a presença do alelo -308A resulta no efeito protetor. Ainda

demonstraram a presença do genótipo heterozigoto (-308GA) como fator de proteção para a

tuberculose, concordando com os resultados obtidos do presente estudo. Os dados sugerem a

presença de uma seleção genética na população estudada. Correa et al. (2004) discutem ainda

que possivelmente exista uma dominância na seleção, ou seja, vantagem de heterozigose, na

qual os heterozigotos para uma determinado alelo são resistentes a uma enfermidade

(tuberculose), mas susceptíveis a outras (autoimunidade).

A grande diversidade genética, assim como a distribuição de freqüências alélicas

observadas na maioria dos genes polimórficos, é influenciada e gerada por forças seletivas

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próprias do ambiente em que se desenvolvem as espécies, tais como agentes infecciosos,

sobrevivência e dominância genética, entre outros. Neste contexto, se tem postulado a teoria

da “vantagem de heterozigose” em humanos e “vigor híbrido” em plantas e algumas espécies

animais (HEDRICK et al., 1990). Esta teoria propõe que os indivíduos heterozigotos são

capazes de responder de maneira mais eficiente as exigências do meio, já que possuem uma

maior variedade genética que lhes permite se adaptar as condições adversas, em particular, ao

ataque de diversos microorganismos (COOKE; HILL, 2001). Esta teoria parece estar

sustentada pela co-evolução entre patógenos e hospedeiros, na qual existe uma seleção

positiva para aqueles genes envolvidos na interação hospedeiro-parasita (HEDRICK et al.,

1990; SCHLIEKELMAN et al., 2001).

Embora mecanismos associados com polimorfismos que levam a alterações na

expressão gênica sejam ainda pouco compreendidos, é bem conhecido que a tuberculose é

parcialmente dependente de um controle poligênico (SHAW et al., 1997). Os componentes

genéticos que participam da defesa do hospedeiro contra a tuberculose, não deverão ser os

únicos fatores, mas também deve ser considerada a interação gene-ambiente. Também não é

muito conhecido se o polimorfismo por si só contribui para a susceptibilidade e/ou proteção

para a TB ou devido a existência de um desequilíbrio entre alelos susceptíveis a uma doença.

Muitos desses polimorfismos ocorrem em padrões étnicos específicos. Portanto, a

identificação desses genes e de suas interações é de grande importância no entendimento do

papel dos fatores genéticos na patogênese da tuberculose, podendo levar a novos caminhos de

tratamento ou profilaxia.

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10 CONCLUSÕES

- O genótipo heterozigoto -308GA demonstrou ser um fator de proteção ao desenvolvimento

da tuberculose pulmonar;

- O alelo mutante -1082G demonstrou associação de risco ao desenvolvimento da tuberculose

pulmonar;

- O SNP -1082A/G mostrou ser bom marcador para a tuberculose pulmonar;

- O grupo caso e os controles doentes apresentaram distribuição similar das freqüências

alélicas e genotípicas dos SNPs -308G/A e -1082A/G;

- Os SNPs -308G/A e -1082A/G não demostraram associação com o desenvolvimento da

tuberculose pulmonar na população estudada com às covariáveis sexo, hábito de fumar e

beber e portadores de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica;

- O genótipo -308GG no grupo com <50 anos demonstrou ser um fator de risco ao

desenvolvimento da tuberculose pulmonar;

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11 PERSPECTIVAS

- Estudos futuros deverão ser realizados com uma maior casuística de indivíduos do nordeste

do Brasil para uma melhor caracterização alélica e genotípica dos alvos moleculares

investigados;

- Correlacionar os SNPs estudados com os níveis de citocinas expressos, para o real

entendimento do papel dos fatores genéticos na patogênese da tuberculose em populações

com diferentes etnias.

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APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

PACIENTE:__________________________________________________IDADE:_______

HOSPITAL:____________________________________________Prontuário: __________

ENDEREÇO DO PACIENTE:___________________________________________ Nº:___

BAIRRO:________________CIDADE:___________________________ ESTADO:______

O Sr(a) está sendo convidado(a) a participar como voluntário(a), da pesquisa - “Avaliação da associação entre

polimorfismos genéticos e níveis séricos das citocinas TNF-α e IL-10 com a susceptibilidade a tuberculose

pulmonar.”, após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao

final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa

você não será penalizado(a) de nenhuma forma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA: Avaliação da associação entre polimorfismos genéticos e níveis séricos das

citocinas TNF-α e IL-10 com a susceptibilidade a tuberculose pulmonar.

Pesquisador (a) Responsável: Lílian Maria Lapa Montenegro

Telefones para contato: (81) 2101-2560 ou 2101-2569

Pesquisadores Participantes: Dra. Haiana Charifker Schindler; Drª Clarice Neuenschwander Lins de Morais; André

Luiz Alves do Nascimento.

Objetivos: Avaliar a associação de polimorfismos genéticos dos genes da Interleucina-10 e TNF-α com o

desenvolvimento da tuberculose pulmonar ativa.

Procedimentos do estudo: Quando o Sr(a) for atendido pelo médico(a) assistente do hospital, Sr(a) responderá a um

questionário onde irão constar: nome, endereço, telefone para contato, característica do domicílio, escolaridade, queixas

principais e tempo de duração, se está tomando algum remédio, exames físico, laboratoriais e tratamento atual. O

preenchimento do questionário será feito por um dos integrantes da pesquisa. O Sr(a) será acompanhado por uma equipe

multidisciplinar envolvendo os médicos responsáveis do serviço de saúde com experiência reconhecida no manejo da

tuberculose, enfermeiras e técnicos que realizarão outros exames necessários e seguirão os procedimentos adequados e de

rotina do hospital. O acompanhamento e tratamento serão feitos pelo médico assistente do serviço que é responsável por

todos os leitos, cujos pacientes estão sendo investigados quanto à existência ou não de Tuberculose pulmonar. Caso for

diagnosticada a doença será utilizado como terapia de primeira escolha o esquema com rifampicina, isonizida,

pirazinamida e etambutol e se necessário, um esquema de segunda escolha será oferecido em casos selecionados. Todo o

medicamento será fornecido pela rede SUS (fornecido pelo Hospital ou pelo Posto de Saúde).

Para a nossa pesquisa será realizado o teste tuberculínico e em 72 horas (3 dias) será realizada a leitura do teste e também

será coletado 4ml de sangue (menos de uma colher de sopa) e 5 a 10 ml (uma colher de sopa) de escarro. Além disso, será

realizado o teste rápido para detectar o Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV) em todos os indivíduos selecionados

para a pesquisa. As amostras de sangue e escarro serão encaminhadas ao laboratório de Imunoepidemiologia do

departamento de Imunologia do CPqAM para serem analisadas por profissionais capacitados. Os resultados de todos os

exames serão encaminhados ao médico responsável pelo atendimento. Todas as amostras biológicas (sangue e escarro)

serão congeladas e armazenadas a -20ºC, caso seja necessário a repetição do exame.

Riscos e Benefícios: O Sr (a) não será submetido a qualquer risco ou desconforto adicional e seguiremos a rotina

estabelecida pelo profissional de saúde, seja a nível ambulatorial ou enfermaria. O abandono da pesquisa não trará

prejuízo ao seu tratamento ou ao acompanhamento clínico. Todo o conhecimento gerado com a realização deste estudo

será de fundamental importância para o entendimento das possíveis alterações no sistema de defesa do corpo humano que

podem estar influenciando no desenvolvimento da tuberculose pulmonar.

Custo/Reembolso para o paciente: Não haverá nenhum gasto com sua participação. As consultas, exames, tratamentos

serão totalmente gratuitos, não recebendo nenhuma cobrança com o que será realizado. O (a) Sr(a) também não receberá

nenhum pagamento com a sua participação.

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96

Garantia de Sigilo: Os dados do (a) Sr. (a) serão preservados em sigilo absoluto quando da publicação do resultado da

pesquisa.

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/FIOCRUZ

Laboratório de Imunoepidemiologia, Departamento de Imunologia

Avenida Moraes Rego, s/n, Cidade Universitária.

Campus da UFPE.

Fone: (81) 2101-2569

Contato: Lílian Maria Lapa Montenegro e André Luiz Alves do Nascimento.

CONSENTIMENTO

Eu,_________________________________________________________________________________,

RG/CPF________________________ declaro que entendi os objetivos da pesquisa e sem ter sido pressionado ou

constrangido concordo participar da pesquisa. Tenho consciência do meu direito de abandonar a pesquisa a qualquer

momento e de que as informações colhidas serão mantidas em sigilo. Os resultados da pesquisa podem ser apresentados

em congressos ou publicados em revistas de cunho técnico, sem que seja divulgado o nome do paciente.

Nome do Paciente: _______________________________________________________________

________________________________________

Assinatura do paciente ou responsável

Nome do Pesquisador: ____________________________________________________________

_________________________________________

Assinatura do pesquisador

__________________, ____/____/____.

Local

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97

APÊNDICE B - PROTOCOLO DE PESQUISA DE TUBERCULOSE

PROTOCOLO DE PESQUISA DE TUBERCULOSE

IDENTIFICAÇÃO

1. Número da ficha na pesquisa

2. Data da entrevista

_______/______/_________

3. Procedência:

1. Ambulatório

2. Enfermaria

4. Número do Prontuário do Hospital

5. Hospital de origem:

1. Hospital das Clínicas

2. Hospital Otávio de Freitas

3. IMIP

4. Pol. Lessa de Andrade

5. PSF Joaquim Cavalcanti

6. Número do SAME

DADOS DO PACIENTE

7. Nome Completo do Paciente

_____________________________________________________________________________________________

8. Nome da Mãe ou Responsável

_____________________________________________________________________________________________

9. Data de nascimento

______/_______/________

10. Idade do paciente

11. Sexo

1. Feminino

2. Masculino

12. Endereço

_____________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________

Ponto de referência

_____________________________________________________________________________________________

13. Bairro

_________________________________

14. Cidade

_________________________________

15. UF

16. Telefone Res. e Celular

(_____) _______ - ___________

(_____) _______ - ___________

17. CEP

___________________________________

18. Zona de localização da moradia

1. Urbana

2. Rural

DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS

19. Grau de instrução do paciente

1. Analfabeto

2. Iniciou alfabetização

3. 1º grau

4. 2º grau

5. 3º grau

6. Outro

20. Renda familiar mensal

1. Menor ou igual a 1 salário mínimo 4. Biscate

2. De 2 a 4 salários mínimos 8. Não sabe

informar

3. Mais que 5 salários mínimos

anos meses

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98

21. Quantas pessoas

moram na casa do

paciente?

1. Até 3

2. De 4 a 6

3. Mais de 6

8. Não sabe informar

22. Quantos adultos?

1. Até 2

2. De 3 a 5

3. Mais que 5

23. Quantas crianças?

1. Até 2

2. De 3 a 5

3. Mais que 5

24. Quantos cômodos (locais de

dormir) têm na casa?

1. Um

2. De 2 a 4

3. Mais de 4

8. Não sabe informar

25. O senhor(a) ou algum adulto na

casa fuma?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

26. O senhor(a) ou alguém na casa

bebe?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

27. Existe algum caso de HIV na

família?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

28. Existe algum caso de alcoolismo

na família?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

29. Uso de drogas na família

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

30. Existe alguém da família ou do

convívio que faz tratamento

prolongado para TB?

1. Sim______________

2. Não

3. Sim -não sabe informar a

doença

8. Não sabe informar

31. Raça/Cor

1. Branca

2. Preta

3. Parda

4. Amarela

5. Indígena

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

32. Existe algum caso de tuberculose na família ou

em pessoa de convívio?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

31. Caso sim, há quanto tempo?

____________________

Caso a resposta seja Não, seguir para 39

33. Qual o grau de parentesco?

1. Mãe 5. Tio (a)

2. Pai 6. Primo (a)

3. Irmã (o) 7. Outro

4. Avô (ó) 8. Não sabe informar

9. Inaplicável

Outro:________________________________

34. Período de duração do contato:

1. < 3 meses 8. Não sabe informar

2. 3 meses a 2 anos 9. Inaplicável

3. + que 2 anos

35. Qual o tipo de contato?

1. Intradomiciliar contínuo (5 a 7 dias/semana, > 6h/dia)

2. Intradomiciliar intermitente (5 a 7 dias/semana, < 6h/dia)

3. Esporádico (entre 2 a 4 dias/semana)

8. Não sabe informar

9. Inaplicável

36. Em relação ao tratamento para TB o contato:

1. Foi tratado totalmente

2. Está em tratamento

3. Não tratado

4. Interrompeu o tratamento

8. Não sabe informar

9. Inaplicável

Caso não tenha havido interrupção, seguir para 39.

37. Qual o motivo da interrupção:

1. Intolerância ao medicamento

2. Falta de medicamento

3. Abandono do tratamento

4. Outro motivo

8. Não sabe informar

9. Inaplicável

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ANTECEDENTES DO PACIENTE

38. Já teve alguma doença?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

Caso a resposta seja Não, seguir para 41

39. Qual doença?

1. Asma 6. Fibrose Cística

2. Pneumonia 7. HIV/AIDS

3. Bronquite 8. Câncer

4. Tuberculose 9. Não sabe

5. Diabetes 10. Outro:

__________________________

40. Tem cicatriz de BCG? (vista pelo entrevistador

no braço direito ou através de cartão)

1. Sim

2. Não

8. Não verificado

41. Fez PPD anterior?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

Data de realização: ____/____/_____(Vê no cartão)

Caso não tenha feito, seguir para 45.

42. Resultado do PPD:

1. Não reator (0-4mm) 4. Reator muito forte (>15mm)

2. Reator fraco (5-9mm) 8. Não sabe informar

3. Reator forte (10-14mm) 9. Inaplicável

43. Toma algum medicamento atualmente?

1. Sim

2. Não

Qual: ______________________________________

44. Já fez TTO para tuberculose?

1. Sim

2. Não

Qual: ______________________________________

Caso sim, quanto tempo? _________________________

Caso sim, número de TTO anteriores: ________________

45. Há quanto tempo o paciente está

doente?

meses dias

46. Tem febre?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

Caso sim, há quanto tempo: ___________

47. Perda de peso?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

48. Tem tosse há mais de 15 dias?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

Caso sim, há quanto tempo: ___________

49. Tipo de tosse:

1. Seca

2. Produtiva

3. Hemoptise

9. Inaplicável

50. Tem falta de apetite?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

51. Tem fraqueza muscular?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

52. Apresenta falta de ar desde que

ficou doente?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

53. Tem dor nas juntas?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

Caso não, seguir para 60.

54. Qual o local?

1. Joelho

2. Cotovelo

3. Punho

4. Coluna

55. Apresenta dor na barriga?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

56. Notou aumento da barriga?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

57. Notou linfonodo (lândria ou

íngua) aumentado?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

58. Local do linfonodo:

1. Pescoço

2. Axila

3. Região inguinal (virilha)

Outros _______________

59. Apresenta suor noturno?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS (referidos pelo Informante)

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EXAMES LABORATORIAIS (preenchido pelo médico pesquisador)

60. Realizou Raio X de Tórax na admissão?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

Data:____/_____/______

Caso a resposta seja Não, seguir para 112

61. Resultado do Raio X de

admissão:

1. Normal 2. Alterado

- Se alterado:

1. Padrão não sugestivo de TB

2. Forma Pneumônica

3. Forma Pneumoganglionar

4. Forma Pleuropulmonar

5. Forma Miliar

6. Forma Ganglionar

7. Inaplicável

8. Não sabe informar

62. Realizou Raio X de tórax de controle?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

Data:____/_____/______

Caso a resposta seja Não, seguir para 114

63. Resultado do Raio X de controle:

1. Normalizou

2. Houve melhora

3. Houve piora

8. Não sabe informar

9. Inaplicável

66. Realizou Tomografia de tórax?

1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

Data:____/_____/______

Caso a resposta seja Não, seguir para 116

67. Resultado da Tomografia de tórax:

1. Normal

2. Alterado sugestivo

3. Alterado inespecífico

8. Não sabe informar

9. Inaplicável

68. Realizou PPD para pesquisa? 1. Sim

2. Não

8. Não sabe informar

Data:____/_____/______

Caso a resposta seja Não, seguir para 118

69. Resultado do PPD:

1. Não reator (0-4mm) 4. Reator muito forte (>15mm)

2. Reator fraco (5-9mm) 8. Não sabe informar

3. Reator forte (10-14mm) 9. Inaplicável

70. Realizou Baciloscopia?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

Caso a resposta seja Não, seguir para

124

71. Resultado da baciloscopia:

1. Positiva

2. Negativa

9. Inaplicável

_________ Cruzes

72. Material da baciloscopia:

1. Escarro

2. Lavado gástrico

3. Líquor

4. Biópsia

5. Outro material

9. Inaplicável

Outro ______________________

73. Realizou Cultura em meio

Lowestein-Jensen?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

Caso a resposta seja Não, seguir para

130.

74. Resultado da Cultura:

1. Positiva

2. Negativa

9. Inaplicável

75. Material da Cultura:

1. Escarro

2. Sangue

3. Urina

4. Lavado gástrico

5. Líquor

6. Biópsia

7. Outro material

9. Inaplicável

Outro ______________________

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76. Diagnóstico inicial

1. TB infecção

2. TB doença

3. TB suspeita

4. Não é TB

77. Data da notificação:

Data: ____/_____/______

Profissional que notificou:

--------------------------------------------

Se Extra pulmonar:

1. Ganglionar Periférica

2. Ganglionar Pulmonar

3. Meningoencefálica

4. Miliar

5. Óssea

6. Pleural

7. Outra

8. Inaplicável

78. Diagnóstico Final

1. TB infecção

2. TB doença

3. TB suspeita

4. Não é TB

79. Forma de TB

1. Pulmonar 2. Extra pulmonar

80. Tratamento realizado:

1. Profilaxia primária (INH por 3 meses)

2. Profilaxia secundária (INH por 6 meses)

3. Esquema I (INH + RMP por 6 meses e PZA por 2 meses) -

Tradicional

4. Esquema IR (INH + RMP + BEM por 6 meses e PZA por 2

meses)

5. Esquema II (INH + RMP por 9 meses e PZA por 2 meses)

6. Esquema III (SM + PZA por 3 meses e ETH + EM por 12

meses)

9. Inaplicável

81. Data do início do tratamento:

______/______/_________

82. Tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico de

TB:

1. ≤ 1 mês

2. 1 – 3 meses

3. ≥ 3 meses

4. Não investigado

83. Tempo entre o diagnóstico de TB e início do

tratamento específico:

1. ≤ 1 mês

2. 1 – 3 meses

3. ≥ 3 meses

4. Não investigado

84- Resposta ao tratamento específico (feita pelo médico acompanhante)

1. Melhora clínica evidente após 30 dias de início do tratamento (Resposta ao tratamento)

2. Não houve melhora clínica evidente após 30 dias de início do tratamento (Não houve resposta ao tratamento)

3. TB resistente

4. Não sabe informar

9. Inaplicável

Entrevistador:

_____________________________________

Assinatura:

________________________________________

85. Realizou Baciloscopia?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

86. Resultado

1. Positivo

2. Negativo

9. Não se aplica

Cruzes: __________

87. Realizou cultura?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

EVOLUÇÃO

DIAGNÓSTICO PELO LABORATÓRIO DE IMUNOEPIDEMIOLOGIA

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88. Resultado

3. Positivo

4. Negativo

10. Não se aplica

89. Tipo de micobactéria:

1. M. tuberculosis

2. Atípica

Qual? __________________

90. Amostra biológica:

1. Sangue total 6. Líq.

Pleural

2. Soro 7. Biópsia de

gânglio

3. Células brancas 8. Urina

4. Escarro 9. Outros

5. Lav. Gástrico 99. Não se

aplica

91. Realizou Nested-PCR Único

Tubo pré-tratamento?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

92. Resultado

1. Positivo

2. Negativo

9. Não se aplica

93. Amostra biológica:

1. Sangue total 6. Líq.

Pleural

2. Soro 7. Biópsia de

gânglio

3. Células brancas 8. Urina

4. Escarro 9. Outros

5. Lav. Gástrico 99. Não se

aplica

94. Realizou PCR em tempo

real pré-tratamento?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

95. Resultado

1. Positivo

2. Negativo

9. Não se aplica

96. Amostra biológica:

1. Sangue total 6. Líq.

Pleural

2. Soro 7. Biópsia de

gânglio

3. Células brancas 8. Urina

4. Escarro 9. Outros

5. Lav. Gástrico 99. Não se

aplica

97. Realizou PCR colorimétrica

pré-tratamento?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

98. Resultado

1. Positivo

2. Negativo

9. Não se aplica

99. Amostra biológica:

1. Sangue total 6. Líq.

Pleural

2. Soro 7. Biópsia de

gânglio

3. Células brancas 8. Urina

4. Escarro 9. Outros

5. Lav. Gástrico 99. Não se

aplica

100. Realizou RT-qPCR pré-

tratamento?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

101. Resultado

1. Positivo

2. Negativo

9. Não se aplica

102. Amostra biológica:

1. Sangue total 6. Líq.

Pleural

2. Soro 7. Biópsia de

gânglio

3. Células brancas 8. Urina

4. Escarro 9. Outros

5. Lav. Gástrico 99. Não se

aplica

103. Realizou RT-qPCR pós-

tratamento?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

104. Época

1. 1ª semana

2. 2ª – 4ª semana

3. 1º - 3º mês

4. 3º - 6º mês

5. Após término do tto

105. Resultado

1. Positivo

2. Negativo

9. Não se aplica

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PERFIL GENÉTICO E IMUNOLÓGICO DAS CITOCINAS IL-10 E TNF-α

106. Realizou PCR multiplex

pré-tratamento?

1. Sim

2. Não

Data:____/_____/______

107. Resultado

1. Positivo

2. Negativo

9. Não se aplica

108. Amostra biológica:

1. Sangue total 6. Líq.

Pleural

2. Soro 7. Biópsia de

gânglio

3. Células brancas 8. Urina

4. Escarro 9. Outros

5. Lav. Gástrico 99. Não se

aplica

115. Categorização do

Genótipo da IL-10:

1. GG

2. GA

3. AA

116. Alelo presente:

1. Alelo G

2. Alelo A

117. Níveis séricos da Citocina IL-10:

1. Alto

2. Moderado

3. Alto

Resultado em pg/ml: ________

118. Categorização do Genótipo

do TNF-α:

1. GG

2. GA

3. AA

119. Alelo presente:

1. Alelo G

2. Alelo A

120. Níveis Séricos da Citocina TNF-α:

1. Alto

2. Moderado

3. Baixo

Resultado em pg/ml: ________

Responsável pelo preenchimento da ficha:_______________________________________

Responsável pelos exames moleculares:_________________________________________

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ANEXO A - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISAS