fundaÇÕes profundas
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Tecnicamente fundação é o elemento estrutural localizado abaixo das edificações, geralmente feitas em concreto e aço onde são recebidas as cargas que chegam ao solo, por sua vez são distribuídas de maneira uniforme fazendo a estabilidade da edificação tornando-a firme sobre o chão.TRANSCRIPT
INTRODUÇÃO
Tecnicamente fundação é o elemento estrutural localizado abaixo das
edificações, geralmente feitas em concreto e aço onde são recebidas as cargas que
chegam ao solo, por sua vez são distribuídas de maneira uniforme fazendo a
estabilidade da edificação tornando-a firme sobre o chão.
Sendo a parte mais importante de uma edificação as fundações são
classificadas em rasas e profundas, as escolhas da fundação não fica a critério
apenas do custo beneficio da obra, mas sim de uma serie de fatores que são
levados em consideração, tais como os parâmetros técnicos que determinam as
cargas a serem distribuídas para o solo da obra, os prazos de execução da obra, e
claro o solo onde será locada a edificação avalizando os ensaios pertinentes ao tipo
de fundação escolhidos.
As fundações profundas que será o tema abrangente nesta pesquisa terá
ênfase nas estacas e suas classificações.
1. FUNDAÇÕES PROFUNDAS1.1DEFINIÇÕES
Segundo a NBR 6122/1996, define-se como fundação profunda aquela que
transmite a carga proveniente da superestrutura ao terreno pela base (resistência de
ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste), ou pela combinação das
duas. Além disto, segundo este referida norma, nas fundações profundas a
profundidade de assentamento deve ser maior que o dobro da menor dimensão em
planta do elemento de fundação, conforme esquematicamente mostrado na Figura.1
Figura 1 Fundação profunda segundo a NBR 6122/1996
De acordo com a NBR 6122/1996, se enquadram na definição apresentada acima os
seguintes elementos:
Estacas: elemento de fundação profunda executado com o auxílio de
ferramentas ou equipamentos sem que haja descida de operário em qualquer
fase de execução (cravação a percussão, prensagem, vibração, ou por
escavação, etc), podendo ser constituído de madeira, aço, concreto, etc;
Tubulões: elemento cilíndrico de fundação profunda que, em pelo menos na
sua fase final, ocorre descida de operário, podendo ser executado a céu
aberto ou a ar comprimido, e ter ou não, a base alargada;
Caixões: elemento de fundação de forma prismática, concretado na superfície
do terreno, e instalado por escavação interna, podendo-se ainda na sua
instalação usar, ou não, ar comprimido, e ter, ou não, a sua base alargada.
As fundações profundas são normalmente utilizadas quando os solos
superficiais não apresentam capacidade de suportar elevadas cargas, ou estão
sujeitos a processos erosivos, e também, quando existe a possibilidade da
realização de uma escavação futura nas proximidades da obra.
1.2 FUNDAÇÕES POR ESTACAS1.2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ESTACAS
Atualmente é grande a variedade de estacas empregadas como elementos de
fundação nas obras civis correntes, diferindo-se entre si basicamente pelo método
executivo e materiais de que são constituídas.
Vários são os critérios para a classificação das estacas, dentre os quais se
destacam:
Efeito produzido no solo:
Grande deslocamento;
Pequeno deslocamento;
Sem deslocamento;
Processo de execução:
Estacas moldadas in loco:
Estacas tipo Franki;
Estacas sem lama bentonítica: estacas tipo Strauss, estacas
escavadas mecanicamente com trado helicoidal, estacas tipo broca,
etc;
Estacas tipo hélice contínua;
Estacas escavadas com lama bentonítica;
Estacas injetadas: microestacas e as estacas-raiz;
Estacas pré-moldadas:
Estacas de concreto;
Estacas de madeira;
Estacas metálicas, etc.
Forma de funcionamento:
Estacas de ponta: trabalham basicamente pela resistência de ponta;
Estacas de atrito ou flutuante: trabalham somente por atrito lateral
desenvolvido no fuste;
Estaca mista;
Forma de carregamento:
Estacas de compressão;
Estacas de tração;
Estacas de flexão;
Neste trabalho só serão abordadas classificação de estacas de acordo com
seu processo de execução.
1.2.1.1 ESTACAS PRÉ-MOLDADAS
As estacas pré-moldadas caracterizam-se por serem cravadas no terreno por
percussão, prensagem ou vibração, podendo ser constituídas por um único
elemento estrutural ou pela associação de dois desses materiais, quando será então
denominada de estaca mista. Pela natureza do processo executivo este tipo de
estacas classifica-se como estacas de grande deslocamento.
As estacas pré-moldadas são ainda subdivididas, conforme o material
empregado nasua execução, em:
Estacas de concreto:
Podem ser de concreto centrifugado ou protendido;
Exigem controle tecnológico na sua fabricação;
Não é recomendado o seu uso em terrenos com matacões ou camadas
pedregulhosas;
Exige cuidados adicionais durante o transporte;
Deve ser feita a verificação de sua integridade antes da sua cravação;
Estacas de madeira:
Devem ser de madeira dura, resistente, em peças retas, roliças e
descascadas;
O diâmetro da seção pode variar de 18 a 35 cm e o comprimento de 5,0 a
8,0 m;
Durante a cravação, as cabeças das estacas devem ser protegidas por um
anel cilíndrico de aço destinado a evitar o rompimento ou desgaste da
madeira sob a ação do pilão, e se a estaca tiver que atravessar camadas
resistentes, as pontas devem também ser protegidas por ponteiras de aço;
Apresenta vida útil praticamente ilimitada quando mantida
permanentemente abaixo do nível d’água;
Deve receber tratamento para evitar o apodrecimento precoce e o ataque
de insetos;
As madeiras mais utilizadas são os eucaliptos, peroba do campo,
maçaranduba, aroeira, etc;
Estacas metálicas:
Apresentam elevada capacidade de suporte, podendo ser utilizadas em
solos muito resistentes;
São executadas com grande rapidez;
As perturbações produzidas no solo durante o processo de cravação são
inferiores àquelas produzidas durante a cravação das estacas de concreto
e metálicas;
Devem ser tomados cuidados adicionais na soldagem dos perfis
constituintes de uma mesma estaca, de forma a se garantir uma união
eficiente;
1.2.1.2 ESTACAS MOLDADAS IN LOCO
Estacas Franki: Estaca de concreto armado que usa um tubo de revestimento
cravado dinamicamente com a ponta fechada, por meio de bucha e
recuperado ao ser executada a estaca. Abrangem a faixa de carga de 500 a
1.700 kN.
Indicações: Recomendadas quando a camada resistente localiza-se em
camadas variadas. Também no caso de terrenos com pedregulhos ou
pequenos matacões relativamente dispersos. A forma rugosa do fuste
garante boa aderência ao solo (resistência por atrito).
Limitações: Seus maiores inconvenientes dizem respeito à vibração do
solo durante a execução. Demanda área para o bate-estaca. Há
possibilidade de alterações do concreto do fuste por deficiência do
controle.
Estaca Raiz: Estaca de pequeno diâmetro cuja perfuração é realizada por
rotação ou rotopercussão em direção vertical ou inclinada. Dependendo do
equipamento utilizado, as estacas podem ser executadas em ângulos
diferentes da vertical (0º a 90º).
Indicações: Locais com espaços restritos, solos com matacões, rocha ou
concreto, reforços de fundações, estabilização de escostas; locais onde
haja necessidade de ausência de ruídos, quando são expressivos os
esforços horizontais transmitidos pela estrutura às estacas de fundação,
quando há esforços de tração a solicitar o topo das estacas.
Limitações: Concebida para reforço de fundação passou a ser utilizada em
fundações de novas estruturas. Assim, as cargas adotadas foram
aumentadas, ultrapassando 1.000 kN. Por isso, a NBR 6122 fixou a
obrigatoriedade de realizar o número mais alto de provas de carga nesse
tipo de estaca.
Hélice contínua monitorada: Estaca executada por meio de trado contínuo e
injeção de concreto pela haste central, operação que ocorre durante a
retirada do trado espiral do furo. O concreto normalmente utilizado apresenta
resistência aracterística de 20 MPa, é bombeável (composto de areia e
pedrisco com consumo de cimento de 350 a 450 kg/m³), sendo facultativa a
utilização aditiva. O slump é mantido entre 200 e 240 mm.
Indicações: Obras que demandam rapidez, ausência de barulho e de
vibrações prejudiciais ã prédios da vizinhança. Podem ser executadas em
terrenos coesivos e arenosos, na presença ou não de lençol freático e
atravessam camadas de solo resistente. Também oferece uma solução
técnica e economicamente interessante em obras onde há um grande
número de estacas sem variações de diâmetros, pela produtividade
alcançada.
Limitações: Em função do porte do equipamento, as áreas de trabalho
devem ser planadas e de fácil movimentação. Exige-se central de
concreto nas proximidades do local de trabalho. É necessário um número
mínimo de estacas compatíveis com os custos de mobilização dos
equipamentos envolvidos. Os equipamentos disponíveis permitem
executar estacas de no máximo 32 m de profundidade e inclinação de até
1:4 (H:V)
1.2.2 MÉTODOS DE PREVISÃO DE CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS
A Norma Brasileira NBR 6122/96 define a carga admissível de uma estaca
isolada como sendo a força que, aplicada sobre a estaca, provoca apenas recalques
compatíveis com a construção e oferecendo simultaneamente segurança satisfatória
contra a ruptura do solo e contra a ruptura do elemento de fundação. Como
geralmente o solo é o material menos resistente, a capacidade de carga de uma
fundação está condicionada às características geotécnicas finais do maciço que
envolve a estaca (i.e. ao mecanismo de interação solo-estaca).
A capacidade de carga do maciço pode ser avaliada através de métodos
racionais ou por métodos semi-empíricos. Os métodos racionais ou teóricos utilizam
soluções clássicas de capacidade de carga (e.g. Terzaghi, 1943) a partir de
parâmetros do solo como ângulo de atrito e coesão. Já os métodos semi-empíricos
baseiam-se em correlações entre a capacidade de carga do elemento com
resultados de ensaios “in situ” como o CPT e o SPT.
1.2.2.1 MÉTODOS RACIONAIS OU TEÓRICOS
São inúmeras as teorias clássicas existentes para a determinação da
capacidade de carga de fundações (e.g.Terzaghi, 1943; Meyerhof, 1951, 1976;
Berezantzev, 1961 e Vésic, 1972), nas quais cada uma postula diferentes
mecanismos de ruptura da base da estaca, conforme se apresenta na figura abaixo.
Diante das inúmeras teorias existentes optou-se em destacar, neste trabalho,
a solução de Vésic (1972) que relaciona o mecanismo de ruptura do solo com a
expansão de uma cavidade em um meio elasto-plástico. Deste modo, Vésic sugere
que a resistência de ponta (qp) seja calculada pela seguinte equação:
Ko= coeficiente de empuxo ao repouso;
σ’v= tensão vertical efetiva no nível da ponta da estaca;
Nc,Nσ= fatores de capacidade de carga, calculados em função do ângulo de
atrito interno e da rigidez do solo.
c = coesão do solo.
O tratamento teórico para a determinação do atrito lateral unitário (τl) é em
geral análogo ao utilizado para analisar a resistência ao deslizamento de um sólido
em contato com o solo. Seu valor é, usualmente, considerado como a soma de duas
parcelas, conforme a equação.
Onde:
ca= é a aderência entre a estaca e o solo;
σh= é a tensão horizontal média na superfície lateral da estaca;
δ= é o ângulo de atrito entre a estaca e o solo.
A abordagem geral para solos granulares, adota tg δ= tg φ’, onde φ’ é o
ângulo de atrito interno do solo amolgado em termos de tensões efetivas. Em solos
granulares Ca é nulo. Atensão horizontal (σh) é convencionalmente relacionada com
a tensão vertical efetiva na profundidade, antes da execução da estaca através de
um coeficiente de empuxo Ks. Deste modo a equação acima pode ser reescrita na
seguinte forma.
O coeficiente Ks depende, principalmente, do estado de tensões iniciais do
solo e do método de execução da estaca. Para estacas cravadas curtas e de grande
deslocamento em areia, Ks pode se aproximar do coeficiente de empuxo passivo Kp
(Kp= tg2(45º +φ’/2)). Detalhessobre outras formulações podem ser obtidos em
Terzaghi, 1943, Meyerhof, 1951, 1976 e Berezantzev, 1961.
1.2.2.2 MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS
Como o ensaio SPT é geralmente o único ensaio de campo disponível,
difundiu-se no Brasil a prática de relacionar medidas de Nspt diretamente com a
capacidade de carga de estacas (e.g.Aoki & Velloso, 1975; Décourt & Quaresma,
1978; Amaral, Viezzer & Amaral, 2000). Embora, os métodos normalmente adotados
constituírem-se em ferramentas valiosas à engenharia de fundações, é importante
reconhecer que, devido a sua natureza estatística, a validade está limitada à prática
construtiva regional e às condições específicas dos casos históricos utilizados em
seu estabelecimento (Schnaid, 2000). A seguir serão apresentados dois métodos
consagrados nacionalmente de previsão da capacidade de carga que
posteriormente serão comparados com o método de capacidade de carga proposto
nesta pesquisa.
Método de Aoki & Velloso (1975)
O método de Aoki-Velloso (1975) foi concebido originalmente a partir da
comparação de resultados de prova de carga em estacas com resultados de ensaios
de cone. Para que a metodologia proposta possa ser aplicada à ensaios de
penetração dinâmica, deve-se utilizar um coeficiente de conversão “k” da resistência
da ponta do cone para Nspt. A expressão da capacidade de carga última é
representada pela equação:
onde:
Ap = representa a área da seção transversal da estaca;
U = perímetro da estaca;
∆L = o segmento de estaca que está sendo calculado.
Os coeficientes “F1” e “F2” são fatores de correção das resistências de ponta
e lateral que levam em conta diferenças de comportamentos entre a estaca e o cone
estático. Na Tabela 2.1 são apresentados os valores de “F1” e “F2” originalmente
propostos por Aoki-Velloso (1975), os valores propostos por Laprovitera (1988) &
Benegas (1993) e os coeficientes propostos de Monteiro (1997).
Os coeficientes “k” e “α” são dependentes do tipo de solo e, assim como os
valores de “F1” e “F2”, existem trabalhos recentes que sugerindo novos valores. Na
Tabela 2.2 são apresentados os valores de “k” e “α” propostos originalmente por
Aoki & Velloso (1975), os valores propostos por Laprovitera (1988) e por Monteiro
(1997).
Em 1994, em três trabalhos finais de curso da UFRJ foram feitas avaliações
deste método para estacas tipo raiz e hélice contínua. Os valores de F1= 2 e F2 = 4
conduziram a estimativas razoáveis, ligeiramente conservadoras (Velloso & Lopes,
2002).
Método Décourt & Quaresma (1978)
Este é um método expedito de estimativa da capacidade de carga de ruptura
baseada exclusivamente em resultados do ensaio SPT. Inicialmente esta
metodologia foi desenvolvida para estacas pré-moldadas de concreto e
posteriormente foi estendida para outros tipos de estacas, como estacas escavadas
em geral, hélice contínua e injetadas. Na segunda versão, Décourt & Quaresma
(1982) procuram aperfeiçoar o método na estimativa da carga lateral. Deste modo, a
expressão final de capacidade de carga proposta pelos autores é apresentada na
equação abaixo.
Onde:
Np = Nsptmédio da ponta;
Ap = seção transversal da ponta da estaca;
K = coeficiente que relaciona a resistência de ponta com o valor Np em função do
tipo de solo;
U = perímetro da estaca;
Nm = Nspt médio ao longo do fuste.
Na determinação de Nm, os valores e Nspt menores que 3, devem ser
considerados iguais a 3 e os maiores que 50 devem ser considerados iguais a 50.
Os valores dos coeficientes αeβ apresentados na Tabela 2.4 foram sugeridos por
Quaresma et al(1996). Estes valores são apresentados nas Tabelas 2.4 e 2.5, a
seguir.
1.2.3 PROCESSOS EXECUTIVOS
A seguir são apresentadas as definições, processos executivos, vantagens e
desvantagens de alguns dos principais tipos de estacas empregadas no Brasil como
elemento de fundação:
a) Estaca tipo Franki
Estaca executada por meio da cravação no terreno de um tubo de ponta
fechada, por meio da bucha, e execução de uma base alargada, que é obtida
introduzindo-se no terreno certa quantidade de material granular por meio de golpes
de um pilão. A estaca do tipo Franki foi introduzida como fundação há mais de 85
anos por Edgard Frankignoul na Bélgica, sendo empregada pela primeira vez no
Brasil em 1935, na Casa Publicadora Baptista no Rio de Janeiro (Hachich et al.,
1998)
Seqüência de execução das estacas tipo Franki, classificadas como estacas
de grande deslocamento, que são:
• Etapa 1: posicionamento do tubo de revestimento e formação da bucha a
partir do lançamento de brita e areia no interior do tubo e compactação pelo impacto
do pilão fazendo o material aderir fortemente ao tubo;
• Etapa 2: cravação do tubo no terreno por meio da aplicação de sucessivos
golpes do pilão na bucha formada na etapa anterior;;
• Etapa 3: terminada a cravação, o tubo é preso à torre do bate-estaca por
meio de cabos de aço, para expulsar a bucha e iniciar a execução da base alargada,
que se dá pelo apiloamento de camadas sucessivas de concreto quase seco;
• Etapa 4: colocação da armação da estaca, tomando-se o cuidado de garantir
a sua ligação com a base alargada;
• Etapa 5: concretagem do fuste, com o lançamento de camadas sucessivas
de pequena altura de concreto e recuperação do tubo;
• Etapa 6: Finalização do processo executivo, onde a concretagem do fuste
ocorre até 30 cm acima da cota de arrasamento.
A execução das estacas do tipo Franki para ser bem sucedida depende do
atendimento ao método executivo, do uso de equipamentos adequados e mão-de-
obra especializada e experiente.
b) Estacas tipo hélice contínua
Tipo de fundação profunda constituída por concreto moldado in loco,
executada por meio de trado contínuo e injeção de concreto, sob pressão
controlada, através da haste central do trado simultaneamente a sua retirada do
terreno. A Figura abaixo mostra o equipamento empregado para execução das
estacas do tipo hélice contínua.
As fases de execução das estacas tipo hélice contínua, mostradas
esquematicamente na Figura, são:
• Perfuração: cravação da hélice no terreno até a cota determinada no projeto;
• Concretagem simultânea à extração da hélice do terreno: bombeamento do
concreto pela haste de forma a preencher completamente o espaço deixado pela
hélice que é extraída do terreno sem girar, ou, no caso de terrenos arenosos,
girando-se lentamente no sentido da perfuração;
• Colocação da armadura: apesar do método de execução da hélice contínua
exigir a colocação da armadura após a sua concretagem, se as estacas forem de
compressão, esta armadura pode ser dispensada, segundo a NBR 6122/1996.
1.2.4 SEGURANÇA DAS FUNDAÇÕES
1.2.4.1 ESTACAS CRAVADAS
Riscos Comuns
Tombamento do bate-estaca;
Ruptura de cabos de aço;
Ruptura de mangueiras e conecções sob pressão;
Ruptura de tubulações de cabos elétricos e de telefonia;
Vibrações afetando obras vizinhas ou serviços de utilidade pública;
Queda do pilão;
Queda do trabalhador da torre do bate-estaca;
Ruído;
Circulação de trabalhadores junto ao bate-estaca.
Medidas Preventivas
Preparação da área de trabalho levando-se em conta o acesso, o
nivelamento necessário e a capacidade do solo de suportar o apoio da
torre. O responsável técnico deve avaliar a interferência da escavação
na estabilidade de construções vizinhas e na qualidade dos serviços de
utilidade pública.
Os cabos e mangueiras devem passar por inspeção periódica.
Na operação de bate-estacas a vapor, devemos dar atenção especial
às mangueiras e conexões, sendo que o controle de manobra das
válvulas deverá estar sempre ao alcance do operador.
As operações de instalação, de funcionamento e de deslocamento do
bate-estaca devem ser executadas segundo procedimentos de
segurança estabelecidos pelos responsáveis das referidas atividades.
NEGA
O conceito de “nega” a ser aplicado, deve ser empregado para o controle de
cravação da estaca, não sendo recomendável seu uso para determinação da
capacidade de carga de estaca. Quando não definido no projeto ou especificações,
a “nega” admitida pela Fiscalização deve ser de 20mm para 10 golpes do martelo
obtida na terceira tentativa consecutiva.
REPIQUE ELÁSTICO
Parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção da estaca,
decorrente da aplicação de um golpe de pilão.
Determina-se o repique elástico fixando-se a folha de ensaio na face da
estaca. Coloca-se o suporte e começa a mover lentamente o lápis sobre o papel
enquanto se aplica um golpe do martelo sobre a cabeça da estaca. O repique é a
parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção da estaca, decorrente da
aplicação de um golpe do martelo.
PROVA DE CARGA ESTÁTICA E DINÂMICA
A prova de carga estática é um ensaio do tipo “tensão x deformação”
realizada no solo estudado para receber solicitações, ou um elemento estrutural de
fundação construído para a obra ou especialmente para ser testado. Este ensaio
vem sofrendo evoluções para permitir sua execução da forma mais representativa
para entrada em operação da fundação estudada, bem como para torná-lo mais
preciso, rápido e econômico.
Prova de carga dinâmica é um ensaio que objetiva principalmente determinar
a capacidade de ruptura da interação estaca-solo, para carregamentos estáticos
axiais. Ele difere das tradicionais provas de carga estáticas pelo fato do
carregamento ser aplicado dinamicamente, através de golpes de um sistema de
percussão adequado. A medição é feita através da instalação de sensores no fuste
da estaca, em uma seção situada abaixo do topo da estaca, a uma distância, pelo
menos duas vezes o diâmetro desta.
1.2.4.2 ESTACAS ESCAVADAS
ENSAIO DE INTEGRIDADE PIT
O que é
O PIT é um ensaio que visa determinar a variação ao longo da profundidade
das características do concreto de estacas de fundação. É usado para detectar
falhas na concretagem de estacas moldadas in loco. No entanto, o ensaio pode
também ser usado para determinar ou confirmar o comprimento de estacas.
Preparo
Retira-se o concreto de má qualidade porventura existente no topo. Em
seguida, lixa-se a superfície do topo da estaca, que deverá estar acessível e seco.
Caso já tenha sido lançado o concreto da base do bloco (magro), a estaca terá que
ser isolada dessa base, mediante a quebra de uma estreita região em volta da
estaca. Pode haver água ao redor da estaca, contanto que o topo esteja seco, e que
seja possível o acesso do operador. O acelerômetro e os golpes têm de ser
aplicados em material idêntico ao do restante da estaca.
Como é feito
O ensaio consiste na colocação de um acelerômetro de alta sensibilidade no
topo da estaca, e na aplicação de golpes com um martelo de mão. O acelerômetro é
fixado com cera de petróleo. Os golpes geram uma onda de tensão, que trafega ao
longo da estaca, e sofre reflexões ao encontrar qualquer variação nas características
do material (área de seção, peso específico ou módulo de elasticidade).
Valores e parâmetros
O ensaio também é baseado na teoria da onda. As reflexões registradas
acima causam variações na aceleração medida pelo sensor. Assim, é feito o registro
da evolução dessa aceleração com o tempo. Como a onda trafega com uma
velocidade fixa, conhecendo-se a velocidade de propagação da onda, e o tempo
transcorrido entre a aplicação do golpe e a chegada da reflexão correspondente à
variação de características, pode-se determinar a localização dessa variação.
Dados obtidos
À medida que se propaga a onda sofre reflexões em seu trajeto. Essas
reflexões podem ser provocadas por variações nas características do material da
estaca, pela presença de atrito lateral ou resistência de ponta, ou pela própria ponta
da estaca. Qualquer variação de impedância ao longo da estaca provoca reflexões
da onda. Essas reflexões, ao atingirem o ponto onde está instalado o sensor,
provocam uma variação brusca na velocidade de deslocamento da partícula nesse
ponto. Um aumento de impedância causa uma queda na velocidade, e uma
diminuição de impedância causa seu aumento.
Para que servem os dados
O PIT oferece informações sobre a integridade das estacas, se há fissuras,
estrangulamentos e alargamento de seção. Porém, não fornece nenhuma
informação quanto à capacidade de carga da estaca.
Vantagens e desvantagens
A execução é barata e rápida e podem ser realizados até 50 ensaios por dia.
O equipamento é leve e portátil. É uma das poucas maneiras de se obter
informações sobre a integridade das estacas. É capaz de detectar danos na
superfície do fuste. Porém, apresenta pouca precisão na avaliação da intensidade
do dano e isso pode fazer com que sejam detectados problemas que não
comprometeriam a utilização da estaca. Além disso, em alguns casos, a
interpretação dos sinais obtidos se torna difícil por influência do atrito lateral (que
também provoca reflexões da onda).
CROSS HOLE: TOMOGRAFIA PARA ESTACAS
No mundo todo a avaliação da integridade das estacas moldadas in loco tem
seguido uma tendência do uso de métodos indiretos e não-destrutivos, baseados em
fundamentos de emissão e recepção de ondas acústicas. Entre os ensaios que
empregam esse recurso o mais conhecido é o PIT (veja quadro). O mais recente
deles, no entanto, o Cross Hole Sonic Logging (CSL), está disponível no Brasil
desde o ano passado. Conhecida como tomografia, essa tecnologia é uma
importante ferramenta para a verificação da qualidade de fundações profundas.
Segundo a engenheira Cristiana Sanches Andreo, da In Situ Geotecnia, empresa
que trouxe o equipamento ao País, o ensaio tem como objetivo a verificação da
qualidade da concretagem do fuste.
A tecnologia envolve a geração de pulsos elétricos em uma unidade de
controle e aquisição de dados. Em uma sonda transmissora, os pulsos são
convertidos em ondas ultra-sônicas, que são captadas por uma sonda receptora e
convertidas novamente em sinais elétricos. A resposta da sonda receptora é filtrada
em torno de sua freqüência de ressonância, procedimento que permite minimizar o
ruído eletrônico.
O transmissor e o receptor operam no interior de tubos preenchidos com
água, previamente incorporados à fundação durante a concretagem. Para garantir
uma varredura completa do interior do fuste, são empregados tubos dispostos em
círculo (geralmente um tubo para cada 25 a 30 cm de diâmetro), instalados próximos
à periferia da estaca e ao longo de todo seu comprimento. Os tubos podem ser
metálicos ou de PVC, sendo usualmente fixados na própria armadura da fundação.
A execução do ensaio envolve o posicionamento do transmissor e do receptor
na porção inferior de dois tubos. Em seguida, faz-se com que as sondas percorram
simultaneamente a estaca, registrando-se continuamente a profundidade, o tempo
transcorrido entre a emissão do pulso e sua chegada no receptor e a energia do
sinal recebido.
O movimento ascendente das sondas dentro dos tubos se dá mediante o
acionamento manual ou mecânico de cabos apropriados. O ensaio é repetido
diversas vezes, selecionando-se novas combinações de tubos. Com isso, possíveis
regiões defeituosas poderão ser mapeadas espacialmente ao longo da profundidade
e também por quadrante.
Os sinais monitorados em campo são analisados com software específicos.
A interpretação é efetuada com base no tempo de transmissão do pulso de
ultra-som. O princípio físico consiste no fato de que a presença de material de má
qualidade no fuste retardará ou impedirá a chegada do sinal emitido. Muitos dos
fatores que podem causar um atraso na chegada do pulso de ultra-som - tais com o
intrusões de solo (ou lama bentonítica), concreto de baixa qualidade ou formação de
vazios - levam também a uma diminuição da energia do sinal transmitido, de modo
que esta grandeza também é considerada na análise.
CARREGAMENTO ESTÁTICO
A prova de carga estática é a técnica mais tradicional de ensaio para a
determinação da capacidade de carga de estacas.
No Brasil, a metodologia está normatizada pela NBR 12.131/92 (Estacas -
Prova de Carga Estática). Os critérios da NBR-6122/96 (Projeto e Execução de
Fundações) recomendam que 1% do estaqueamento seja submetido a esse tipo
ensaio.
Na prova de carga estática, o elemento da fundação é solicitado por um ou
mais macacos hidráulicos, empregando-se um sistema de reação estável. Para
tanto, é comum o uso de vigas metálicas e ancoragens embutidas no terreno.
O tipo de ensaio mais comum envolve a aplicação de carregamentos de
compressão à estaca, em estágios crescentes da ordem de 20% da carga de
trabalho, registrando-se os deslocamentos correspondentes.
A medição dos esforços com uma célula de carga, posicionada no topo da
estaca, traz uma maior precisão e qualidade ao ensaio. A NBR 12.131/92 prescreve
que as estacas sejam solicitadas a até duas vezes a carga de trabalho. Também é
possível realizar carregamentos horizontais e de tração.
O conjunto constituído pela estaca, macaco hidráulico e sistema de reação
deve ser projetado e montado de modo a se garantir que a carga aplicada atue na
direção desejada. É importante ainda assegurar que o carregamento previsto seja
alcançado com sucesso. A Fugro In Situ, após estudar as necessidades do cliente,
costuma desenvolver projetos específicos para provas de carga estáticas. Nessa
etapa, busca-se reduzir os gastos com tirantes, a partir do aproveitamento de
estacas do próprio projeto como reações para as provas de carga.
A análise dos dados obtidos em campo traz informações importantes, tais
como:
Curva carga x deslocamento
Capacidade de carga da estaca
Recalque associado à carga de trabalho
Parcelas de resistência de ponta e atrito lateral
Coeficiente de segurança do estaqueamento
CARREGAMENTO DINÂMICO
Também chamado de ensaio dinâmico ou prova de carga dinâmica (PDA), é
um ensaio que objetiva principalmente determinar a capacidade de ruptura da
interação estaca-solo, para carregamentos estáticos axiais.
Ele difere das tradicionais provas de carga estáticas pelo fato do
carregamento ser aplicado dinamicamente, através de golpes de um sistema de
percussão adequado.
A medição é feita através da instalação de sensores no fuste da estaca, em
uma seção situada abaixo do topo da estaca, a uma distância, pelo menos duas
vezes o diâmetro desta.
Os sinais dos sensores, aceleração e deslocamento, durante o evento
(propagação da onda de tensão gerada pelo golpe), são armazenados e
processados no equipamento PDA.
O PDA é baseado na teoria da onda (Smith - 1960). Posteriormente, Goble
desenvolveu pesquisas que levaram aos equipamentos (PDA) e métodos de ensaio
atuais.
Quando uma estaca é atingida por um golpe, é gerada uma onda de tensão
que trafega na estaca com velocidade dependente das características do material.
1.2.5 ESTUDO DO RECALQUE
Recalque, na área da Engenharia Civil, significa um fato que ocorre quando
uma edificação sofre um rebaixamento devido ao adensamento do solo(diminuição
dos seus vazios) sob sua fundação. É um desnivelamento de uma estrutura, piso ou
terrapleno, devido à deformação do solo.
Todos os tipos de solos, quando submetido a uma carga, sofrem recalques,
inevitavelmente, em maior ou menor grau, dependendo das propriedades de cada
solo e da intensidade do carregamento. Os recalques geralmente tendem a cessar
ou estabilizar após certo período de tempo, mais ou menos prolongado, e que
depende das peculiaridades geotécnicas dos solos. Por exemplo, recalques em
solos arenosos, podem se estabilizar em poucas horas ou dias, já o recalque em
solos argilosos moles tendem a cessar ou estabilizar somente após algumas
décadas.
Os recalques podem ocorrer tanto em solos que suportam edificações com
fundações rasas(sapata, radiers, etc) quanto com fundações profundas(estaca,
broca, tubulões, etc), a depender das condições geotécnicas do terreno onde as
fundações serão implantadas.
O aparecimento de trincas e fissuras generalizadas nas alvenarias das
construções, decorrentes de recalques diferenciais em solos colapsíveis, exige
reparações muitas vezes incompatíveis com o baixo custo dessas moradias,
inviabilizando economicamente sua recuperação estrutural. Em solos argilosos
moles, em virtude da elevada magnitude dos recalques diferenciais, a exemplo dos
edifícios de Santos-SP, o fator econômico também pode se tornar um obstáculo para
a recuperação total ou parcial dos edifícios de modo a garantir as mesmas
condições de funcionalidade e desempenho estrutural antes da ocorrência dos
recalques.
1.2.5.1 EFEITO DE RECALQUES EM ESTRUTURAS
Os efeitos dos recalques nas estruturas podem ser classificados em 3 grupos.
Danos estruturais - são os danos causados à estrutura propriamente dita
(pilares,vigas e lajes).
Danos arquitetônicos - são os danos causados à estética da construção, tais
como trincas em paredes e acabamentos, rupturas de painéis de vidro ou
mármore, etc.
Danos funcionais - são os causados à utilização da estrutura com refluxo ou
ruptura de esgotos e galerias, emperramento das portas e janelas, desgaste
excessivo de elevadores(desaprumo da estrutura), etc.
Segundo extensa pesquisa levada a efeito por Skempton e MacDonald
(1956), na qual foram estudados cerca de 100 edifícios, danificados ou não, os
danos funcionais dependem principalmente da grandeza dos recalques totais; já os
danos estruturais e arquitetônicos dependem essencialmente dos recalques
diferenciais específicos. Ainda segundo os mesmos autores, no caso de estruturas
normais (concreto ou aço), com painéis de alvenaria, o recalque diferencial
específico não deve ser maior que:
1:300 – para evitar danos arquitetônicos
1:150 – para evitar danos estruturais
CONCLUSÃO
Esta pesquisa evidenciou e mostrou tipos de fundações profundas dando
ênfase em estacas mostrando vantagens e desvantagens, classificação e execução.
Com base nisso entende-se que o uso de cada tipo de fundação deve levar em
consideração a obra, local onde será construída e também a viabilidade econômica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
COELHO, Silvério - Tecnologia de Fundações - Edições E.P.G.E., Lisboa 1996.
BRITO, Jorge de - Estacas Cravadas - Folhas da disciplina de Tecnologia de
Contenções e Fundações do Mestrado de Construção 2002/2003, I.S.T., Novembro
de 1999.
CORREIA, António Gomes - Mecânica dos Solos e Fundações II. Elementos
Teóricos, I.S.T., Lisboa, 1996.