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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Fernandes Figueira Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher A EPIDEMIOLOGIA DAS FRATURAS POR FRAGILIDADE ÓSSEA EM UMA POPULAÇÃO DE MULHERES BRASILEIRAS NA PÓS-MENOPAUSA RESIDENTES NA CIDADE DE CHAPECÓ/SC Patrícia Pereira de Oliveira Rio de Janeiro Março de 2010.

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Fundação Oswaldo Cruz

Instituto Fernandes Figueira

Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

A EPIDEMIOLOGIA DAS FRATURAS POR FRAGILIDADE ÓSSEA EM UMA

POPULAÇÃO DE MULHERES BRASILEIRAS NA PÓS-MENOPAUSA

RESIDENTES NA CIDADE DE CHAPECÓ/SC

Patrícia Pereira de Oliveira

Rio de Janeiro

Março de 2010.

Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

A EPIDEMIOLOGIA DAS FRATURAS POR FRAGILIDADE ÓSSEA EM UMA

POPULAÇÃO DE MULHERES BRASILEIRAS NA PÓS-MENOPAUSA

RESIDENTES NA CIDADE DE CHAPECÓ/SC

Patrícia Pereira de Oliveira

Rio de Janeiro

Março de 2010.

Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

A EPIDEMIOLOGIA DAS FRATURAS POR FRAGILIDADE ÓSSEA EM UMA

POPULAÇÃO DE MULHERES BRASILEIRAS NA PÓS-MENOPAUSA

RESIDENTES NA CIDADE DE CHAPECÓ/SC

Patrícia Pereira de Oliveira

Orientadora: Drª Lizanka Paola Figueiredo Marinheiro

Co-orientadora: Drª Maria Celeste Osório Wender

Rio de Janeiro

Março de 2010.

Tese apresentada à Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde

FICHA CATALOGRÁFICA NA FONTE CENTRO DE INFORMAÇÃO

CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA BIBLIOTECA DO INSTITUTO FERNANDES

FIGUEIRA/FIOCRUZ

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, Felipe Roisenberg, que sempre acreditou que esse sonho

pudesse ser realizado, mesmo antes de eu mesma ter certeza disso...

À minha família e aos meus amigos, que quando não se privavam da nossa

companhia, tiveram algumas vezes que aturar lamúrias e um pouco de mal-

humor...

Às minhas orientadoras, Dra Lizanka e Dra Maria Celeste, que sempre

souberam ponderar e apoiar, a qualquer hora, mesmo durante suas férias...

À banca examinadora, Dr Sisson e Dra Marise, exemplos de fé e dedicação à

medicina e à pesquisa...

À toda Secretaria Acadêmica, principalmente à Euzeni, Tati e Maria Alice,

sempre presentes e dispostas...

Às bibliotecárias, especialmente à Giovania, que muito me acudiu à distância

para obtenção dos artigos utilizados na elaboração e discussão deste

trabalho...

À toda equipe de coleta de dados composta pelos estudantes de Medicina da

Faculdade Unochapecó Carolina Sandrin, G Morandini, Jackson B. Mendes,

Juliana K. Grellman, Karoline Bigolin, Maria Gabriela Lang, Vanessa Gheno

que participaram deste projeto com muito esforço e dedicação.

Ao laboratório Eli Lilly do Brasil pela cessão da máquina de ultra-sonometria

óssea de calcâneo, e ao serviço de radiologia Radimagem, na figura da

doutora Cirene, que me apoiaram na execução dos exames complementares

deste estudo.

Ao essencial apoio de Daniela Benzano na revisão da análise estatística, e de

Jhenifer Trevisan, minha secretária e fiel escudeira, que me auxiliou na

organização final antes que eu surtasse...

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AUC = Área sob a curva ROC

BCO = Brazilian Concenso of Osteoporosis

BD = Bone Densitometry

BQI = Índice de Qualidade Óssea

BRAZOS = Brazilian Osteoporosis Study

BUA = Atenuação do som

CBO = Consenso Brasileiro de Osteoporose

DMO = Densidade Mineral Óssea

DO = Densitometria Óssea

DP = Desvio-padrão

DXA = técnica absorciometria por raio X de dupla energia

EVOS = (European Vertebral Osteoporosis Study),

FDA = Food and Drug Administration

HF= História Familiar

HP= História Prévia

I = Incidência

IC = Intervalo de Confiança

IDH = Índice de Desenvolvimento Humano

IFC= Índice de Fratura de Coluna

IFF = Instituto Fernandes Figueira

IMC = Índice de Massa Corporal

ISCD = International Society of Clinical Densitometry

Kg = kilogramas

LAVOS = Latin American Vertebral Osteoporosis Study

LSC = Least Significant Change

M = metros

MS = Ministério da Saúde

OMS = Organização Mundial da Saúde

OR = Odds Ratio

PIB = Produto Interno Bruto

QUC = Quantitative Ultrasound of Calcaneus

Rel C/Q = Relação Cintura/Quadril

ROC = Receiver Operating Curve

ROI= Região de interesse

RR = Risco Relativo

RX= radiografia

SI = Índice de stiffness

SMS = Secretaria Municipal de Saúde

SOS = Velocidade do Som

SPSS = Statistical Package for Social Sciences

SR = Spine Radiografy

TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TRH = Terapia de Reposição Hormonal

UBS = Unidade Básica de Saúde

UOC = Ultra-sonometria Óssea de Calcâneo

LISTA DE FIGURAS

A) REFERENTES À REVISAO

A.1 Figura 1: Estimativa mundial da prevalência de fraturas de quadril para

o ano 2050

A.2 Figura 2: Incidência de fraturas osteoporóticas na população feminina

com idade superior a 50 anos

B) REFERENTES AOS ARTIGOS

B.1 Artigo 2:

� Gráfico 1: Freqüência de fratura por vértebra

� Gráfico 2: Tipo de fratura por vértebra

B.2 Artigo 3:

� Figura 1: Prevalência de T-score alterado conforme faixa etária

(n=168)

B.3 Artigo 4:

� Figura 1: Curva ROC para os parâmetros da UOC e fratura vertebral

assintomática

LISTA DE QUADROS E TABELAS

A) REFERENTES À REVISAO

A.1 Resultados complementares

� Tabela 1: Características gerais das mulheres da população de

estudo inicial (n=234) e final (n=203)

B) REFERENTES AOS ARTIGOS

B.1 Artigo 1:

� Tabela 1 - Diagnóstico de osteoporose segundo preconizado pela

OMS, 1994

� Quadro 1 - Indicações para densitometria óssea segundo CBO e

ISCD

B.2 Artigo 2:

� Tabela 1: Características demográficas e antropométricas das

mulheres da população de estudo (n=186)

� Tabela 2: Prevalência de fratura vertebral (%) e razões de

prevalência segundo categorias de fatores de risco (n=186)

� Tabela 3: Razões de prevalência ajustadas (n=186)

B.3 Artigo 3:

� Tabela 1: Características das mulheres da população de

estudo (n=168)

� Tabela 2: Comparação entre grupos com T-score categorizado

por faixas de risco para fraturas quanto às características

gerais da população (n=168)

� Tabela 3: Resultados das análises bi e multivariada entre

fatores de risco e resultados alterado na UOC (n=168)

B.4 Artigo 4:

� Tabela 1: Comparação entre grupos com e sem fratura

vertebral quanto aos parâmetros clínicos e ultra-sonométricos

(n=149)

RESUMO

Introdução: A osteoporose e fraturas tornaram-se um dos maiores problemas de Saúde Pública no mundo, atingindo principalmente mulheres na pós-menopausa. A densitometria óssea (DO) foi estabelecida como padrão-ouro para diagnóstico e monitorização da osteoporose, mas a ultra-sonometria óssea de calcâneo (UOC) é capaz de estimar o risco para fraturas de forma semelhante. Objetivos: 1) Comparar as recomendações preconizadas nos consensos internacional e nacional; 2) Verificar a ocorrência de fratura vertebral por fragilidade óssea na cidade de Chapecó/SC e relacioná-la com fatores clínicos; 3) Verificar a prevalência de mulheres com risco de fratura estimada pela UOC e sua associação com fatores de risco; 4) Verificar o poder de discriminação de fraturas vertebrais do aparelho de UOC utilizado Metodologia: Para o primeiro objetivo foi elaborado um artigo de análise crítica sobre as recomendações dos consensos internacional e nacional para DO. Para os demais, desenvolvemos um estudo transversal com seleção por amostragem aleatória estratificada por bairro com mulheres idosas, menopausadas e brancas, residentes no município. Todas responderam um questionário estruturado entre maio e dezembro de 2007, e fizeram radiografia de coluna (RX) e/ou UOC. Resultados: Na análise crítica sobre os tópicos dos consensos, observamos que nos últimos anos tem havido um esforço no sentido de aprimorar as recomendações de indicação e análise dos resultados da DO, e unificá-las. Já no estudo transversal, observamos: a) sobre a prevalência de fraturas vertebrais, a amostra foi constituída por 186 mulheres. Destas, 48,9% tinham fraturas assintomáticas, com maiores prevalências em T11-12 e L4-5. Na análise ajustada, observa-se 2,3 vezes maior a prevalência de fraturas dentre as mulheres com idade superior a 80 anos, e 1,44 vezes maior a prevalência de fratura dentre as sedentárias; b) sobre prevalência de risco para fraturas estimado pela UOC, foram estudadas 168 mulheres, com média de idade de 69,56 ± 6,27 anos; 81% da população de estudo tinham exame alterado, sendo 41% consideradas de maior risco. As mulheres com exames alterados tinham menores peso, altura e IMC, e tinham menores valores de SOS, BUA, BQI e T-score. Após ajuste, o IMC manteve significância para UOC alterada (OR=3,37, IC 1,19-9,56, p=0,02) e a história prévia de fraturas para UOC da faixa de maior risco (OR=4,44, IC 1,16-16,96, p=0,03); c) sobre o desempenho da UOC, encontramos sensibilidade de 87,8% e especificidade de 28% para UOC alterado, e de 80% e 45% para a maior faixa de risco da UOC, respectivamente. A AUC foi mais significativa para SOS e BUA. Conclusões: Nosso estudo mostra boa sensibilidade do equipamento de UOC Sonost 2000 para rastreamento de populações femininas idosas. A prevalência de risco para fraturas por UOC e de fraturas vertebrais por RX foi superior ao de outros estudos brasileiros. Isso mostra a necessidade de políticas públicas adaptáveis para cada região. Assim, sugerimos a realização de RX e/ou UOC para rastreamento e prevenção de fraturas por serem métodos mais baratos e acessíveis do que a DO. Na análise dos consensos de DO observamos esforço no sentido do aprimoramento e unificação, mas apesar das modificações, o avanço tecnológico do maquinário utilizado e os constantes estudos na área prometem mais mudanças nos próximos anos.

ABSTRACT

Introduction: Osteoporosis and fractures have become one of the most public health problems in the world, affecting mostly women after menopause. Bone densitometry (BD) was established as the gold standard for diagnosis and monitoring of osteoporosis, but the quantitative ultrasound of the calcaneus (QUS) is able to estimate the risk for fractures in a similar way.Objectives: 1) To compare the recommendations in the international and national guidelines; 2) To verify the prevalence of vertebral fracture by bone fragility in the Chapecó city and relate it to clinical factors; 3) To verify the prevalence of women with fracture risk estimated by the QUS and its association with risk factors. 4) To check the power discrimination of this kind of QUC to discriminate vertebral fractures. Methodology: To achieve the first objective was to elaborate an article with critical analysis on the recommendations of international and national consensus for BD. For the other three objectives was developed one cross-sectional study. The population was selectioned by random sampling of white elderly post-menopausal women living in Chapecó. All answered a structured questionnaire between May and December 2007, and have done spine radiography (SR) and/or QUS. Results: The critical analysis about different consensus, we observed that in recent years there has been an effort to improve the referral recommendations and analysis of results of BD, and to unify them. In the cross-sectional studies, we observed: a) about the prevalence of vertebral fractures, the sample consisted of 186 women. Of these, 48.9% had asymptomatic vertebral fractures, with higher prevalence in T11-12 and L4-5. Sedentary lifestyle (OR 2.59, IC 1,18-5,67) and age (OR 3.14, CI 1,47-6,71 for women between 70 and 79 years, and OR 19.89 IC 2,35-168,58 for women aged over 80 years) were risk factors for fracture; b) about the prevalence of fracture risk estimated by the QUS, we studied 168 women with a mean age of 69.56 ± 6.27 years; 81% of the study population had abnormal test, 41% considered higher risk. Women with abnormal tests had lower weight, height and BMI, and had lower values of SOS, BUA, BQI and T-score. After adjustment, BMI remained significant for QUS changed (OR = 3.37, CI 1,19-9,56, p = 0.02) and previous history of fractures of the QUC to the greatest risk (OR = 4.44 CI 1,16-16,96, p = 0.03); c) about the QUS we observed 87.8% of sensitivity and 28% of specificity if abnormal QUS, and 80% and 45% for the largest range of risk of QUS, respectively. The AUC was more significant for SOS and BUA. Conclusions: Our study shows good sensitivity of the equipment of QUC Sonost 2000 to screen elderly female population. The prevalence of risk for fractures by QUS and vertebral fractures by SR was higher than other Brazilian studies. This shows the need for adaptive public policies for each region of this country. So, we suggest the realization of SR and/or QUS for screening and prevention of fractures because this methods are more affordable and accessible than the BD. In the analysis of the consensus about BD we observed effort toward the improvement and unification them. Despite the changes, the technological advancement of machines that are used in this way and the studies about osteoporosis give us hope to more changes in coming years.

EPÍGRAFE

“O futuro é daqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos”

Eleanor Rooseveld

SUMÁRIO

Ficha Catalográfica 4

Dedicatória e Agradecimentos 5

Lista de abreviaturas e siglas 7

Lista de Figuras 10

Lista de Quadros e Tabelas 11

Resumo 13

Abstract 14

Epígrafe 15

Apresentação 18

Capitulo I - Introdução 20

1.1 - Justificativa 23

1.2 - Referencial teórico 24

1.2.1 - Epidemiologia das fraturas 24

1.2.2 - Fatores de risco e tipos de fraturas

osteoporóticas

28

1.2.3 - A ultra-sonometria óssea e o risco de fraturas 31

Capitulo II – Objetivos, hipóteses e aspectos éticos 34

2.1 – Objetivos primários 34

2.2 - Objetivos secundários 34

2.3 - Hipóteses 35

2.4 – Aspectos éticos 35

Capítulo III – Apresentação dos artigos 36

3.1 - Artigo 1: Densitometria Óssea: análise da última

recomendação da International Society for Clinical

Densitometry

36

3.2 - Artigo 2: Prevalência de fraturas vertebrais e fatores

de risco em mulheres com mais de 60 anos de idade na

cidade de Chapecó-SC/Brasil

47

3.3 - Artigo 3: A ultra-sonometria óssea de calcâneo e o

risco de fraturas em uma população de idosas residentes

no sul do país

74

3.4 - Artigo 4: O uso da ultra-sonometria óssea de calcâneo

Sonost 2000 para rastreamento de fraturas vertebrais

assintomáticas em mulheres brasileiras

93

Capítulo IV - Considerações finais 109

Referências Bibliográficas 112

Anexos e Apêndices 125

APRESENTAÇÃO

A Tese apresenta-se dividida em quatro capítulos. O Capítulo I faz uma

breve introdução ao tema com a justificativa sobre sua escolha, e apresenta o

referencial teórico que discorre sobre aspectos gerais das fraturas por

fragilidade óssea (epidemiologia, fatores de risco e tipos de fraturas) e da ultra-

sonometria óssea aplicada ao tema. O Capítulo II apresenta os objetivos do

trabalho, hipóteses que geraram o estudo, e os aspectos éticos do mesmo. O

Capítulo III apresenta alguns resultados no formato de artigos. O Artigo 1

denominado “Densitometria Óssea: análise da última recomendação da

International Society for Clinical Densitometry” contempla um aspecto da

análise da fragilidade óssea que é o uso da densitometria óssea, e foi

publicado na revista Femina (qualis B3) em sua edição de novembro de 2007

(normas no anexo 4). Os Artigos 2 e 3 denominados respectivamente

“Prevalência de fraturas vertebrais e fatores de risco em mulheres com mais de

60 anos de idade na cidade de Chapecó-SC/Brasil” e “A ultra-sonometria óssea

de calcâneo e o risco de fraturas em uma população de idosas residentes no

sul do país” contemplam os resultados da 1ª fase do estudo (em 2007) com

formato de estudos de prevalência, tendo sido enviados para os Cadernos de

Saúde Publica (qualis A2) para publicação (normas e status atual no anexo 4).

O Artigo 4 denominado “O uso da ultra-sonometria óssea de calcâneo Sonost

2000 para rastreamento de fraturas vertebrais assintomáticas em mulheres

brasileiras” aborda a utilização deste modelo de aparelho de ultra-sonometria,

com dados expressos em forma de sensibilidade e especificidade, e

demonstrados no gráfico de curva ROC; foi enviado para a Revista Brasileira

de Medicina (RBM, qualis B3, normas no anexo 4) e está em análise. O

Capítulo IV traz as considerações finais com as principais conclusões dos

artigos apresentados no Capitulo III. No Apêndice 3 encontra-se a descrição

detalhada da metodologia empregada no estudo, e no Apêndice 4 alguns

resultados da coorte que não foram contemplados nos artigos elaborados até o

momento.

20

Capítulo I - INTRODUÇÃO

A osteoporose é uma doença osteometabólica caracterizada pela

diminuição da densidade mineral óssea (DMO) com alterações na sua

microestrutura que conduzem a um aumento da fragilidade óssea e uma

tendência a fraturas por traumatismos pouco intensos (OMS, 1994). O aumento

na freqüência da doença e na ocorrência de fraturas secundárias representa

um significativo problema de Saúde Pública, já que correspondem a um

importante aumento na morbidade, mortalidade e custos (Kanis, 2000). Estima-

se que cerca de 25 bilhões de euros são gastos anualmente no tratamento de

fraturas osteoporóticas na Europa (Compston, 2004) e mais do que 17 bilhões

de dólares ao ano nos Estados Unidos (Register e Burlet, 2006). Somente na

França, no ano de 2001 foram registrados 118.839 casos de fraturas

osteoporóticas não-axiais (61% de quadril, 28% de radio distal, 11% de úmero

proximal) em indivíduos com idade superior a 45 anos, com custo médio

variando entre de 2.363 a 2.574 euros para tratamento de fraturas de úmero, e

de 8.048 a 8.727 euros para fraturas de quadril (Maravic et al, 2005).

Além do impacto econômico importante, as fraturas osteoporóticas

também têm seu reflexo sobre a mortalidade, já que fraturas de colo do fêmur

reduzem a expectativa de vida em torno de 12%, com uma taxa de mortalidade

de 20% nos primeiros meses após a ocorrência do evento (Riggs e Melton

III,1986). Também as fraturas vertebrais apresentam um impacto importante

sobre a saúde do indivíduo. Apesar de apenas um terço causar sintomas, sua

ocorrência mesmo que assintomática associa-se a uma maior

21

morbimortalidade, incluindo maior risco de ocorrência de novas fraturas

vertebrais e de não-vertebrais (Ismail et al, 1998; Johnnell et al,1998; Kado et

al, 1999) e aumento da mortalidade (Pinheiro et al, 2006).

A ocorrência das fraturas está relacionada à resistência mecânica do

osso, que é definida como o máximo de carga que a ele pode ser aplicada

antes da ocorrência de alguma fratura, refletindo uma integração entre

densidade e qualidade ósseas (Bouxsein, 2003). A DMO é o principal

determinante da resistência mecânica do osso e do risco de fraturas, e a

densitometria óssea (DO) é o método rotineiro para sua análise, bem como é

considerada o padrão-ouro para o diagnóstico de osteoporose pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1994. Porém, a DO estima

apenas a DMO, não podendo fornecer informações sobre a qualidade óssea.

Qualidade óssea é um conceito que vem sendo muito utilizado na prática

há alguns anos, apesar de não haver um consenso sobre seu significado

preciso. Acredita-se que características como a microarquitetura trabecular e a

viabilidade celular, entre outros, sejam fatores determinantes desta qualidade

(Bouxsein, 2003). Na última década, diversos estudos foram desenvolvidos

com o objetivo de correlacionar o padrão da microarquitetura com a resistência

óssea. Métodos diferentes entre si, como a ultra-sonometria, a densitometria, a

tomografia e a micro-tomografia computadorizada ósseas, os estudos

biomecânicos de compressão e as análises histomofométricas surgiram como

tentativa de avaliação de parâmetros da qualidade óssea (Bouxsein et al, 1999;

Braz e Salles, 2001; Giavaresi et al, 2000; Hans et al, 1995; Rodrigues et al,

2004).

22

O objetivo de alguns estudos com novos instrumentos é comprovar sua

aplicabilidade clínica para rastreamento de grupos de maior risco para fraturas

por osteoporose. A ultra-sonometria óssea emerge neste contexto como um

possível instrumento para avaliação de risco de fratura de fácil manuseio,

rápida execução, portabilidade, ausência de riscos para o paciente e baixo

custo (Oliveira et al, 2004). Sua aplicabilidade foi comprovada em diversos

estudos clínicos como sendo similar à DO como preditor de fraturas por

osteoporose (Bauer et al, 1995; Bauer et al, 1997; Cepollaro et al, 1995; Glüer

et al, 1996; Gnudi e Ripamonti, 2004; Hamanaka et al, 1999; Hans et al, 1996;

Hans et al, 2003; He et al, 2000; Huang et al, 1998; Hupio et al, 2004; Kung et

al, 1999; Pinheiro et al, 2003; Porter et al, 1990; Ross et al, 1995; Stewart et al,

1994).

O uso clínico de alguns tipos de aparelho de ultra-sonometria óssea para

avaliação do risco de fraturas já foi liberado pela Food and Drug Administration

(FDA), especialmente daqueles que utilizam o calcâneo como sítio de análise.

A avaliação deste sítio em particular parece ser mais precisa porque, além de

ser uma região muito acessível, sua estrutura é basicamente constituída por

osso trabecular, metabolicamente mais ativo, com a vantagem de possuir

superfície de trabéculas paralelas, o que reduz erros de posicionamento

durante o exame (Oliveira et al, 2004). No Brasil, Pinheiro et al (2006)

acompanharam um grupo de mulheres da cidade de São Paulo durante 5 anos

e observaram que baixos valores nos parâmetros de ultra-sonometria óssea de

calcâneo (UOC) estavam associados a maior risco de nova fratura por

osteoporose, bem como à maior mortalidade geral e cardiovascular. Neste

estudo, o desempenho da UOC foi semelhante ao da DO para identificar idosas

23

com maior risco de fratura. Porém, estudos brasileiros para avaliação de

prevalência de osteoporose ou fraturas secundárias a ela, e, principalmente,

estudos de coorte destas populações, ainda são escassos.

1.1 - Justificativa

A adoção de diretrizes e protocolos para o diagnóstico e tratamento de

agravos em um programa de Saúde Pública depende de sua prevalência e

impacto na vida dos indivíduos. Por ser um país de estrutura continental que

abriga populações de diferentes características, estudos desenvolvidos em

outras regiões do Brasil podem ser descritos como representativos do restante

do país sem verdadeiramente o ser. Assim, o conhecimento das variações

regionais de diferentes doenças pode ser crucial para o desenvolvimento ou

adaptação de políticas públicas em cada local do país.

O impacto das fraturas por fragilidade óssea sobre a economia familiar

e publica também é de grande importância. King et al (2005) utilizaram–se de

um modelo teórico para estimar incidência de fraturas e custos em mulheres

acima de 65 anos durante 3 anos, e concluíram que o aumento do diagnóstico

de osteoporose e a adoção de intervenções direcionadas para mulheres com

risco elevado para fraturas poderia reduzir sensivelmente os gastos com a

terapêutica que são comprovadamente maiores com a complicação já

instalada.

Sendo assim, este estudo se justifica pela existência de poucos estudos

24

epidemiológicos nacionais sobre fraturas por fragilidade óssea e sobre a

avaliação de risco para fraturas que embasem a adoção de métodos de

avaliação que sejam práticos, confiáveis e de baixo custo. Este conhecimento

poderá servir para alertar profissionais de saúde e gestores sobre a

importância da adoção de diretrizes e protocolos práticos e passiveis de

adaptação frente às peculiaridades de cada população.

1.2 - Referencial teórico

1.2.1 - Epidemiologia das fraturas

A principal manifestação da osteoporose é a ocorrência de fraturas. As

mulheres apresentam maior prevalência de fraturas por fragilidade óssea

(Naves et al, 2003), embora a taxa de fraturas relacionadas à mortalidade seja

maior em homens (Center et al, 1999). Possuem grande importância em Saúde

Pública devido ao forte impacto físico, financeiro e psicossocial, afetando não

só o indivíduo acometido, mas também a família e a comunidade (Cauley et al,

2000; Baracat e Radominski, 2002).

Com o envelhecimento da população mundial, espera-se também um

aumento no número de fraturas e uma mudança no padrão epidemiológico das

mesmas. O contingente de adultos jovens que na atualidade vivem em países

como a Ásia e América Latina deverão ser os responsáveis pelo maior

aumento na ocorrência de fraturas nestes continentes do que o esperado para

25

a Europa e a América do Norte que possuem crescimento populacional

controlado há várias décadas. De um modo geral, estima-se que a prevalência

de fraturas de quadril sofra um crescimento de 1.66 milhões em 1990 para 6.26

milhões em 2050 (Riggs e Melton III, 1995), com variações continentais

conforme representado na figura 1.

Figura 1: Estimativa mundial da prevalência de fraturas de quadril

para o ano 2050

Disponível site IOF (adaptado de Cooper C et al, Osteoporosis Int, 1992;2:285-289)

O Estudo conhecido como LAVOS (Latin American Vertebral

Osteoporosis Study) encontrou uma prevalência de 33,8% de osteoporose

26

(Ragi et al, 2004) e 14,8% de fraturas vertebrais (Clark et al, 2009) entre

mulheres brasileiras com idade superior a 50 anos. Outros estudos brasileiros

também procuraram estimar a ocorrência de fraturas no país. Gawryszewski et

al (2004) realizaram uma análise sobre as causas externas de mortes e

internações entre idosos brasileiros no ano de 2000 a partir de dados oficiais

do Ministério da Saúde (MS). Observaram que 11,4% de todas as mortes nesta

categoria ocorreram na faixa etária acima de 60 anos (3,9% mulheres e 7,5%

homens) com altos coeficientes de mortalidade (56,8 e 92,1 por 100.000,

respectivamente) e geralmente decorrentes de causas não-intencionais. Dentre

estas, as quedas ocuparam o 3° lugar na classificação das causas, tanto para

homens quanto para mulheres (coeficiente de 15,7 e 12,5 por 100.000,

respectivamente), porém ocupam o 1° lugar entre as causas de internação e

morbidade para ambos os sexos, embora proporcionalmente maior entre as

mulheres (34,0% versus 22,3%). Nestas hospitalizações foi possível constatar

que 68,3% das lesões decorrentes das quedas foram fraturas (das quais 38,6%

de fêmur), sendo que as mulheres apresentaram o dobro de fraturas de fêmur

do que os homens. Os autores ressaltam que as quedas foram responsáveis

por 72,8% das fraturas (índice maior do que os acidentes automobilísticos), e

relacionam a ocorrência de fraturas com a possível etiologia da osteoporose.

Siqueira el al (2005) também avaliaram o aumento na ocorrência de

fraturas no Brasil a partir de um estudo de base populacional desenvolvido na

cidade de Pelotas/RS e observaram que 83,3% das fraturas ocorridas em

idosos nos 12 meses que antecederam a entrevista foram causadas por

quedas, e que os indivíduos que possuíam diagnóstico médico de osteoporose

apresentarem 146% mais fraturas do que aqueles sem diagnóstico (p=0,009).

27

Já Silveira et al (2005) estudaram todos pacientes com idade maior ou igual a

45 anos com diagnóstico de fratura de quadril que residiam na cidade de

Fortaleza/CE e procuraram atendimento hospitalar no período de 2001/2002

(n=382). Observaram que a média de idade foi de 77,5 anos, e que 75,1% do

total eram mulheres. A incidência anual de fratura de quadril em indivíduos

acima de 60 anos foi de 21,78/10.000 habitantes, sendo 13,0/10.000 para

homens e 27,50/10.000 para mulheres, ou seja, observa-se um aumento

importante da incidência do agravo ligado à idade e ao sexo. Para mesma faixa

etária, Komatsu et al (1999) calcularam uma incidência de fraturas de quadril

de 18,73/10.000 para homens e 50,03/10.000 para mulheres na cidade de

Marília/SP.

Além destes estudos populacionais, dois grandes projetos de pesquisa

de doutorado sobre o tema foram desenvolvidos no Brasil nos últimos anos: um

na cidade de Recife (Bandeira, 2003) e outro na cidade de São Paulo (Pinheiro,

2004). Bandeira (2003) avaliou 627 mulheres na pós-menopausa com idade

superior a 50 anos (média = 63,9 + 8,3 anos) e encontrou uma prevalência de

osteoporose de 28,8% e 18,8% em coluna e colo do fêmur, respectivamente,

além de uma prevalência de fraturas de coluna vertebral de 36,8%. Destas

fraturas, 27,5% foram classificadas como grau II ou III, e 28% eram múltiplas.

Quanto à sintomatologia, 87,5% do total e 58% das fraturas severas (grau III)

eram assintomáticas. Já Pinheiro (2004) acompanhou 275 mulheres durante 5

anos e observou uma incidência de fraturas de 41,7/1000 pessoas-ano. A

maioria destas fraturas ocorreu em mulheres com história de fratura prévia, o

que é de grande relevância na prática clínica, e o sítio de maior frequência foi a

coluna torácica. Neste estudo, baixos valores na DO e na UOC foram

28

relacionados a um aumento de risco de nova fratura e de mortalidade de causa

geral e cardiovascular.

1.2.2 - Fatores de risco e tipos de fraturas osteoporóticas

Os fatores de risco para osteoporose se confundem com os fatores de

risco para fraturas osteoporóticas, sendo considerados sinônimos para alguns.

O Consenso Brasileiro de Osteoporose (Baracat e Radominski, 2002) relaciona

estes fatores conjuntamente e os classifica como maiores e menores. No

primeiro grupo encontra-se sexo feminino, baixa massa óssea, fratura prévia,

raça asiática ou caucásica, idade avançada, história materna de osteoporose

e/ou fratura do colo femoral, menopausa precoce e não tratada, e terapia com

corticóides. No segundo, amenorréia primária ou secundária, hipogonadismo

primário ou secundário (em homens), perda de peso após os 25 anos ou baixo

índice de massa corpórea (IMC<19kg/m2), tabagismo, alcoolismo,

sedentarismo, doenças ou terapia com drogas que induzem perda da massa

óssea, imobilização prolongada, e dieta pobre em cálcio.

As fraturas podem ser classificadas em axiais (de coluna vertebral) ou

apendiculares (de quadril e membros). Os tipos de fratura mais comumente

associados à osteoporose são as fraturas vertebrais, as de quadril e as de

antebraço distal, cujas incidências na população feminina com idade superior a

50 anos estão representadas na figura 2. A relação de fraturas de outros sítios

com a doença é difícil de determinar, principalmente quando for de face, crânio

e costelas (Genant e Compston, 2005).

29

Figura 2: Incidência de fraturas osteoporóticas na população

feminina com idade superior a 50 anos

Disponível site IOF (adaptado de Wasnich RD, Osteoporos Int 1997;7 Suppl 3:68-72)

A fratura de coluna vertebral é o tipo de fratura de ocorrência mais

comum e precoce relacionada à osteoporose. Ocorre mais comumente na

junção da coluna torácica e lombar e na área média do tórax (Papaioannou et

al, 2002). Sua presença representa um risco em torno de 20% a mais de

ocorrência de nova fratura vertebral (Lindsay et al, 2001), fratura de quadril e

de antebraço (Naves et al, 2005). Apenas 1/3 fraturas são diagnosticadas na

prática clínica e menos do que 10% necessitam de hospitalização, porém são

freqüentemente associadas à dor nas costas, cifose, limitação de movimento,

redução da altura e aumento de mortalidade (possivelmente relacionado à

30

debilidade de saúde) (Cauley et al, 2000; Cummings et al, 1993; Naves et al,

2005; Papaioannou et al, 2002). Também pode ocorrer dificuldade de levantar,

subir escadas, movimentar a metade superior do tronco, além da necessidade

de auxílio nas atividades de rotina por disabilidade importante nas fraturas mais

severas, reduzindo a qualidade de vida (Ismail et al, 1999; Lyles et al, 1993).

Apesar disso, são as menos estudadas até hoje, e dados confiáveis sobre sua

epidemiologia são escassos e limitados principalmente porque são

assintomáticas na maioria das vezes e os estudos realizados até bem pouco

tempo verificavam a ocorrência apenas de fraturas clínicas (EPOS, 2002; Van

Der Klift et al, 2002;).

As fraturas de quadril são menos prevalentes do que as vertebrais,

porém de maior gravidade devido às altas taxas de morbimortalidade (Cauley

et al, 2000; De Laet et al, 1999), além do alto custo (De Laet et al, 1999;

Maravic et al, 2005). A incidência aumenta com o aumento da idade (Jones et

al, 1994; Silveira et al, 2005) e com a detecção de fraturas osteoporóticas em

outros sítios (Naves et al, 2005). A mortalidade aumenta em torno de 15 a 25%

no primeiro ano após a fratura, além de também haver aumento da morbidade

e redução da qualidade de vida (Cauley et al, 2000; Center et al, 1997). Cooper

(1997) observou variação geográfica e sazonal na incidência deste tipo de

fratura, com tendência a ocorrência principalmente durante o inverno nas

regiões de clima temperado, o que poderia estar associado à deficiência de

vitamina D e à redução da coordenação muscular. Essa variação geográfica

entre os países pode ser observada mesmo dentro do mesmo continente,

sugerindo uma interferência de fatores ambientais como fumo, grau de

31

atividade física, consumo de álcool, índice de massa corpórea, entre outros

(Johnell et al, 1992).

As fraturas de antebraço ou punho também estão associadas à

fragilidade óssea, mas são menos freqüentes. Ocorrem mais precocemente na

vida da mulher juntamente com as fraturas vertebrais, refletindo a perda óssea

predominantemente trabecular. Funcionam como uma espécie de sinalizador

para fraturas mais graves, já que se observa que pacientes com fraturas de

colo de fêmur têm uma chance duas vezes maior de ter tido uma fratura de

punho no passado (Cummings et al,1993). Sua relação com o aumento de

mortalidade foi sugerido por Center et al (1999).

1.2.3 A ultra-sonometria óssea e o risco de fraturas

A ultra-sonometria óssea utiliza-se de técnicas de reflexão ou de

transmissão da onda sonora para fornecer índices que se relacionem às

propriedades elásticas do tecido analisado. O calcâneo é o sítio mais aceito

internacionalmente por ser muito acessível e ter menos erros de

posicionamento devido à orientação espacial de suas trabéculas (Oliveira et al,

2004). A técnica é simples, completamente automatizada e as medidas são

obtidas através do emprego de equações matemáticas presentes no programa

do computador acoplado ao aparelho. O sistema fornece os seguintes

parâmetros: velocidade do som (SOS, em m/s), a atenuação do som (BUA, em

dB/MHz) e o índice stiffness (SI) ou o índice de qualidade óssea (BQI)

calculado a partir dos dois primeiros (Oliveira et al, 2004).

32

Diversos estudos foram desenvolvidos na tentativa de correlacionar os

parâmetros da ultra-sonometria com fatores relacionados à fragilidade óssea.

Dentre estes, dois foram fundamentais para o estabelecimento da UOC como

instrumento preditor de fraturas. No estudo prospectivo EPIDOS (Hans et al,

1996), 5662 mulheres idosas foram acompanhadas durante 2 anos para

avaliação da incidência de fraturas e os valores de UOC e da DO relacionados.

Foram observadas 115 fraturas de quadril por baixo impacto durante este

período, e houve associação entre sua ocorrência e baixos valores na UOC e

na DO mantidos mesmo após ajustes. Para cada diminuição de 1 desvio-

padrão (DP) na DO de colo femoral houve aumento do risco em 1,9 vezes, e

para a BUA em 2,0 vezes. Após controle para a DO, a BUA manteve sua

relação de risco (RR=1,7, IC95% 1,4-2,2). Já no estudo prospectivo SOF

(Bauer et al, 1997) foram acompanhadas 6189 mulheres durante 2 anos sendo

documentadas 350 fraturas não-vertebrais (54 de colo femoral e 36 de quadril).

Observou-se relação entre fraturas e idade, e baixos valores na DO e na UOC,

mantidos mesmo após ajustes para idade e equipamento empregado. Para

cada redução de 1 DP, a DO apresentou RR=2,2 (IC95%, 1,9-3,0) para

calcâneo e RR=2,6 (IC95%, 1,9-3,8) para colo femoral. Dentre os parâmetros

da UOC, a BUA apresentou RR=2,0 (IC95%, 1,5-2,7) para fratura de quadril e

RR=1,3 (IC95%, 1,2-1,5) para fraturas de outros sítios, mantida mesmo após

ajuste para DO de colo (RR=1,5; IC95%, 1,0-2,1). Especificamente as fraturas

intertrocantéricas foram mais fortemente associadas com baixos valores da

BUA (RR=3,3; IC95%, 2,0-5,5). Os autores sugeriram que a UOC fosse

utilizada como método de rastreamento por ser mais barata e inócua quando

comparada à DO.

33

Além da predição do risco, outros estudos procuraram avaliar a

associação entre fatores clínicos e baixos valores do UOC (Kim et al, 2000; Lin

et al, 2001; Pinheiro et al, 2003; Pinheiro et al, 2006; Pluskiewicz e

Drozdzowska, 1999). Kim et al (2000) na Coréia, e Pluskiewicz e Drozdzowska

(1999) na Polônia demonstraram relação entre baixos valores na UOC com o

aumento da idade e do tempo de menopausa, e com a antropometria

(diminuição do IMC para o primeiro, e apenas do peso para o segundo). Lin et

al (2001) também relacionaram baixos valores na USO com aumento da idade,

IMC e menopausa, além de freqüência de exercícios, tabagismo e aumento na

relação cintura/quadril.

No Brasil, Pinheiro et al (2003) avaliaram 275 mulheres na pós-

menopausa na cidade de SP/SP e demonstraram que o SI da UOC (OR 2,8; IC

95% 2,3-8,7), historia familiar de fratura de quadril (OR 2,6; IC 95% 2,2-5,4),

idade (OR 2,1; IC 95% 1,6-2,8) e peso (OR 1,9; IC 95% 1,5-2,6). Na seqüência

prospectiva do mesmo grupo, Pinheiro et al (2006) demonstraram a associação

dos baixos valores da UOC com risco de fratura a longo prazo e com aumento

da mortalidade geral e cardiovascular.

Zambrano-Velho et al (2007) realizaram estudo transversal com 52

mulheres com idade superior a 60 anos na cidade de Campinas/SP para

avaliar o poder discriminatório da UOC quanto à existência de fraturas de

quadril. Apesar do n restrito, observaram que todos parâmetros foram

significativamente menores no grupo com fratura.

34

Capitulo 2 – Objetivos, hipóteses e aspectos éticos

2.1- Objetivos Primários:

2.1.1 - Determinar a prevalência de fraturas axiais (coluna tóraco-

lombar) e apendiculares (punho e fêmur) relacionadas à fragilidade óssea em

uma população de mulheres brasileiras na pós-menopausa residentes na

cidade de Chapecó/SC.

2.1.2 - Determinar a incidência de fraturas axiais (coluna tóraco-lombar)

e apendiculares (punho e fêmur) relacionadas à fragilidade óssea em uma

população de mulheres brasileiras na pós-menopausa residentes na cidade de

Chapecó/SC após um seguimento mínimo de 24 meses.

2.2 - Objetivos Secundários:

2.2.1 - Verificar a associação entre a ocorrência de fraturas por

fragilidade óssea, o resultado do exame de ultra-sonometria óssea de

calcâneo, e os dados clínicos (antropometria, história médica, hábitos de vida,

história familiar) na população de estudo.

2.2.2 - Determinar a sensibilidade e a especificidade do exame de ultra-

sonometria óssea para avaliação do risco de fratura na população estudada.

35

2.3 - Hipóteses

2.3.1 - A prevalência e a incidência de fraturas por fragilidade óssea na

cidade de Chapecó/SC são superiores ao restante do pais.

2.3.2 – A associação entre fraturas por fragilidade óssea e os dados

clínicos é a mesma observada no restante do mundo.

2.3.3 - A mortalidade na população de estudo independente da causa é

superior ao encontrado em outros estudos.

2.3.4 - O exame de ultra-sonometria óssea de calcâneo mostra alta

sensibilidade e especificidade para rastreio de populações com risco

aumentado para fraturas.

2.4 – Aspectos éticos

Este estudo obedeceu aos critérios de ética preconizados pela resolução

nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do MS, tendo sido previamente

registrado sob no 101/06 no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Comunitária Regional de Chapecó/Unochapecó (anexo 1) e não possui conflito

de interesses. Todas participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido antes de qualquer procedimento (apêndice 1). Foi desenvolvido

na área física das Unidades Básicas de Saúde (UBS) com autorização da

Secretaria Municipal de Saúde (apêndice 2), sendo que a máquina de UOC foi

cedida pelo laboratório Eli Lilly sem ônus para o pesquisador e as participantes.

36

Capítulo III - Apresentação dos artigos

Os artigos a seguir já foram encaminhados para publicação e as normas

de publicação de cada revista bem como o status de cada um estão expressos

no anexo 4, conforme referido na Apresentação da Tese. Até o momento,

apenas o artigo 1 encontra-se publicado; o restante aguarda avaliação final

pelos editores.

3.1- Artigo 1: Densitometria Óssea: análise da última recomendação

da International Society for Clinical Densitometry

Resumo

A prevalência de osteoporose vem aumentando nas últimas décadas,

tornando-se um dos grandes problemas de Saúde Pública no mundo. Desde

1994, a Organização Mundial de Saúde adotou a densitometria óssea como

padrão-ouro para o diagnóstico e monitorização de tratamento. Desde então,

consensos vem sendo elaborados para normatizar o uso do exame. Este artigo

estabelece uma comparação entre as recomendações preconizadas no

consenso da ISCD (International Society for Clinical Densitometry) de 2003 e

2005, ainda abordando a última orientação nacional do CBO (Consenso

Brasileiro de Osteoporose) de 2002.

Palavras-chave: Osteoporose, Densitometria óssea, Menopausa

37

Abstract

The prevalency of osteoporosis has been increasing in the last decade. This

disease has become one of the greatest problems of Public Health in the world.

Since 1994 the World Health Organization has adopted the bone densitometry

as gold-standard for osteoporosis diagnosis and following. So, consensus has

been organized to pattern this exam. This article makes a comparation between

ISCD (International Society for Clinical Densitometry) consensus

recomendation 2003 and 2005. It also introduces the last national

recomendation of CBO (Brazilian Consensus of Osteoporosis) 2002.

Key words: Osteoporosis, Bone densitometry, Menopause

Introdução

A prevalência de osteoporose vem aumentando nas últimas décadas,

tornando-se um dos grandes problemas de Saúde Pública no mundo. Estima-

se que na Europa ocorram 790 mil fraturas de quadril ao ano, sendo 77,34%

destas em mulheres (Compson, 2000). O custo anual para o tratamento de

fraturas osteoporóticas pode chegar a 25 bilhões de euros, sendo que este

custo deverá dobrar nas próximas cinco décadas devido ao envelhecimento da

população (Compson, 2000).

Como a doença atinge principalmente mulheres, representa uma grande

preocupação para o médico que assiste esta paciente. Por se tratar de um

agravo que envolve diversos setores da medicina, o diagnóstico e tratamento

38

da osteoporose vêm sendo feito tanto por ortopedistas quanto por

reumatologistas, endocrinologistas, geriatras e ginecologistas. Como muitas

vezes o ginecologista é o único médico a quem a paciente tem acesso

periódico, torna-se imprescindível a atualização constante deste profissional no

que tange às recentes e constantes descobertas e mudanças neste setor.

Sendo assim, este artigo tem por finalidade fazer uma avaliação e

atualização das últimas posições oficiais referentes ao diagnóstico da

osteoporose em mulheres.

Histórico

Há alguns anos, o diagnóstico de osteoporose era dado somente após a

constatação de alguma fratura, ou seja, após a ocorrência da mais temida

complicação. Porém, desde 1994, a Organização Mundial de Saúde (OMS)

adotou a densitometria óssea como exame padrão-ouro para o diagnóstico de

osteoporose (Tabela 1). Segundo os critérios propostos, o exame deverá ser

realizado em coluna lombar, fêmur ou antebraço, e a interpretação dos seus

resultados dependerá da Densidade Mineral Óssea (DMO) em g/cm2, do T-

score (calculado em desvio-padrão a partir da DMO média de adultos jovens) e

do Z-score (calculado em desvio-padrão a partir da DMO média de indivíduos

do mesmo idade sexo, e raça).

Em 2002, um grupo de especialistas brasileiros se reuniu com a

finalidade de estabelecer um consenso nacional a respeito do diagnóstico e da

39

prevenção da osteoporose, publicando um documento conhecido como

Consenso Brasileiro de Osteoporose (CBO) (Baracat & Radominski, 2002).

Neste, ratificou-se as indicações propostas anteriormente pela OMS, e

sugeriram-se situações onde a realização da densitometria óssea estaria

indicada (Quadro 1).

Tabela 1 - Diagnóstico de osteoporose segundo preconizado pela OMS,

1994

Valor T-score Diagnóstico

Até -1 Normal

-1,1 a -2,5 Osteopenia

< 2,5 Osteoporose

< 2,5 + fratura Osteoporose estabelecida

Devido aos constantes avanços na área, a International Society for

Clinical Densitometry (ISCD) reuniu um grupo de experts de vários países para

estabelecer novas diretrizes e recomendações para a realização, interpretação

e aplicação clínica da densitometria clínica em 2003 (Leib et al., 2004), e

novamente no final de 2005 (ISCD, 2005). As diferenças entre estes dois

painéis serão alvo de destaque deste artigo.

40

Quadro 1 - Indicações para densitometria óssea segundo CBO (1) e ISCD (2)

� Mulheres com idade igual ou superior a 65 anos ***

� Mulheres com idade inferior a 45 anos e com deficiência estrogênica **

� Mulheres na peri e na pós-menopausa (com um fator de risco maior ou

com dois menores) **

� Mulheres na menopausa com idade inferior a 65 anos e com fatores de

risco *

� Mulheres com amenorréia secundária prolongada (superior a 1 ano) **

� Mulheres com baixo índice de massa corporal (IMC<19 kg/m2) **

� Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas

vertebrais **

� Homens com 70 anos ou mais ***

� Indivíduos com perda de estatura (superior a 2,5 cm) ou hipercifose

torácica **

� Indivíduos em uso de corticóides por 3 meses ou mais (>5mg

prednisona) **

� Indivíduos com história de fratura por trauma mínimo ou atraumática ***

� Indivíduos portadores de doenças ou uso de medicações associadas à

perda de massa óssea ***

� Monitoramento de massa óssea decorrente da evolução da doença ou

de diferentes tratamentos disponíveis ***

� Indivíduos que iniciarão tratamento farmacológico *

� Indivíduos que não estão recebendo tratamento mas que a evidência de

perda de massa óssea será decisiva para iniciá-lo *

(1) Leib et al., 2004 (2) ISCD, 2005 * ISCD ** CBO *** ISCD e CBO

41

Posição Oficial da ISCD

O documento oficial completo da ISCD abrange diversos pontos

relacionados à realização e interpretação da densitometria óssea. Estas

recomendações incluem: indicações para avaliação da densidade óssea;

referências para uso do T-score; padronização para realização da técnica

absorciometria por raio X de dupla energia (DXA) para diagnóstico;

interpretação dos resultados de exames periféricos; diagnóstico em mulheres

na pré e na pós-menopausa; diagnóstico em homens; diagnóstico em crianças;

indicações e interpretação de medidas seriadas de densidade óssea;

procedimentos padronizados para uso do phantom e calibragem do aparelho;

padronização dos procedimentos técnicos para calibragem cruzada dos

sistemas DXA; padronização dos registros de resultados de densidade óssea,

incluindo nomenclatura e número de casas decimais a serem utilizados.

Destacaremos apenas as recomendações que influenciam direta ou

indiretamente a realização e análise dos exames realizados com mulheres.

1. Indicações para realização de avaliação da DMO

Quanto às indicações para realização do exame, não houve

modificações entre as recomendações de 2003 e 2005. Também pode-se

observar grande similaridade com as indicações preconizadas pelo CBO

(Quadro 1), com a ressalva de que mulheres que tenham descontinuado

42

terapia de reposição estrogênica devam ser consideradas para exame se

encaixarem-se em um destes critérios.

2. Uso de DXA central para diagnóstico

Para mulheres menopausadas, o diagnóstico de osteoporose poderá ser

dado se T-score da coluna lombar, fêmur total ou colo femural for igual ou

menor a -2,5, segundo últimas orientações da ISCD (2005). Ou seja, não

devem mais ser utilizadas as análises do trígono de Ward ou trocânter maior

para esta finalidade. Em situações especiais poderá ser utilizada a região 33%

do rádio para diagnóstico final.

A análise da coluna lombar deverá ser feita em AP somente, utilizando-

se como regiões de interesse (ROI) todo o segmento L1-L4, se possível. Se

necessária exclusão da análise de alguma vértebra por mudanças estruturais

ou artefatos, considerar no mínimo duas vértebras seqüenciais para análise

final (nunca utilizar apenas uma vértebra) (ISCD, 2005). É importante destacar

que, diferentemente da resolução prévia, a ISCD especifica o que considerar

uma vértebra anormal. Neste documento, orienta-se que uma vértebra pode

ser considerada anatomicamente anormal e excluída da análise se for

claramente anormal ou inavaliável dentro da capacidade de resolução do

sistema utilizado ou se houver mais do um T-score de diferença entre a

vértebra em questão e a adjacente.

43

A análise do fêmur foi a que sofreu a alteração mais importante nestes

três anos: utilizar para diagnóstico a região de menor T-score entre colo e

fêmur proximal total, ou seja, não utilizar trocânter ou trígono de Ward para

diagnóstico ou acompanhamento (ISCD, 2005). As demais recomendações são

mantidas: a DMO do fêmur pode ser medida em qualquer um dos lados; para

monitorização, preferir o fêmur total, embora a média entre a DMO dos dois

fêmures possa ser utilizada (Leib et al., 2004; ISCD, 2005).

Para a análise do rádio permanece a orientação prévia (Leib et al., 2004;

ISCD, 2005): utilizar 33% ou 1/3 do rádio do membro não-dominante para

diagnóstico somente se a paciente for muito obesa (peso superior ao

comportado pelo aparelho de densitometria); fêmur ou coluna sem

possibilidade de mensuração e interpretação (como, por exemplo, amputações

bilaterais de membros inferiores e laminectomia em coluna lombar); e

hiperparatireoidismo. As demais medidas periféricas de DMO poderão ser

utilizadas para avaliação de risco para fraturas, mas não para diagnóstico de

osteoporose e nem para monitorização de tratamento.

3. Diagnóstico para mulheres na pós-menopausa

Para mulheres menopausadas, o diagnóstico mantém-se conforme

classificação da OMS (tabela 1) (Leib et al., 2004; ISCD, 2005). A diferença

entre as duas diretrizes diz respeito aos sítios de análise: considerar para

diagnóstico a região de menor T-score entre coluna lombar (em AP), fêmur

44

total ou colo do fêmur. Quando isso não for aplicável, considerar o rádio 33%

(ISCD, 2005).

4. Diagnóstico para mulheres na pré-menopausa

Considerar mulher na pré-menopausa toda mulher dos 20 anos até a

menopausa estabelecida (um ano sem fluxo menstrual). Mulheres com idade

inferior a 20 anos são consideradas “crianças” para fins de densitometria.

Nestes casos, o painel da ISCD de 2003 já orientava não considerar a

classificação da OMS e preferir a análise do Z-score no lugar do T-score (Leib

et al., 2004). A diferença é que a orientação de 2005 estabelece ponto de corte:

Z-score menor do que -2,0 deverá ser considerado “abaixo do esperado para a

faixa etária” e acima de -2,0 “dentro do esperado para a faixa etária”. Termos

como “osteopenia” e “osteoporose” não devem ser utilizados para mulheres

nesta fase (ISCD, 2005).

5. Observações

a) Os bancos de dados que os densitômetros utilizam para estabelecer

uma comparação com o exame realizado pode ser formado por homens

ou mulheres de diferentes grupos étnicos. A nova orientação do ISCD é

não fazer ajustes por raça para exames de mulheres menopausadas

45

(que baseiam-se no T-score), ou seja, utilizar a etnia “caucasiana”

independentemente da raça ou cor da pele. Para mulheres na pré-

menopausa (cujo resultado do exame baseia-se no Z-score) deve-se

utilizar a etnia auto-reportada pela paciente.

b) Exames seriados têm a finalidade de monitorar a resposta a um

tratamento instituído ou determinar se uma terapia deve ser iniciada.

Para tal, é preciso determinar qual percentual de mudança é

estatisticamente significativo. Sendo assim, orienta-se que cada Serviço

de Radiologia calcule o mínimo de mudança significativo para cada

aparelho utilizado. Logo, não é possível para o médico comparar a DMO

ou calcular a mudança real entre exames realizados em máquinas

diferentes ou em serviços diferentes. Por exemplo, se o LSC (least

significant change) de um Serviço é de 2% para exames de coluna, e o

resultado do exame atual de sua paciente comparado com o exame

prévio realizado no mesmo Serviço mostrou uma redução na ordem de

1%, esta mudança não deverá ser considerada como significativa

porque possivelmente se deva a variação inerente do exame daquela

máquina. Esta é uma orientação importantíssima que pouco tem sido

observada e respeitada na prática.

Conclusões

A osteoporose e as tecnologias envolvidas no seu diagnóstico vêm

sendo cada vez mais investigadas nas últimas décadas. A fim de poder

46

oferecer sempre o melhor manejo para as pacientes, faz-se necessária

constante atualização e muito cuidado por parte do médico ginecologista. As

orientações discriminadas acima fazem parte de um grande painel de

discussões que envolveu especialistas e estudiosos de todo o mundo. Nos

próximos meses, especialistas brasileiros deverão se reunir e emitir a posição

de nosso país frente a estas novas diretrizes. Até lá, cabe a cada um de nós

analisar cada ponto em particular e utilizar o bom-senso.

Leituras Suplementares

1. Baracat E & Radominski S (org.) Consenso Brasileiro de Osteoporose.

Rev Bras Reumatol 2002; 42(6):343-354.

2. Compston J. Action Plan for the prevention of osteoporótica fractures in

the European Community. Osteoporos Int 2004; 15(4):259-262.

3. ISCD (International Society for Clinical Densitometry). Official positions

of the International Society for Clinical Densitometry 2005.

www.iscd.org

4. Leib ES, Lewiecki E, Binkley N, Hamdy R. Official positions of the

International Society for Clinical Densitometry . J Clin Dens 2004;

7(1): 1-5.

5. OMS (Organização Mundial de Saúde). Techinical report series n° 843,

1994. www.who.int.gov.

47

3.2 - Artigo 2: PREVALÊNCIA DE FRATURAS VERTEBRAIS E

FATORES DE RISCO EM MULHERES COM MAIS DE 60 ANOS DE IDADE

NA CIDADE DE CHAPECÓ-SC/BRASIL / PREVALENCE OF SPINE

FRACTURES AND RISK FACTORS IN A WOMEN OLDER THAN 60 YEARS-

OLD IN CHAPECÓ-SC/BRASIL / Prevalência de fratura vertebral e fatores

de risco

Resumo: Fraturas são o principal agravo relacionado à fragilidade óssea na

pós-menopausa, representando aumento de risco de novas fraturas,

mortalidade e custos. Nosso objetivo foi verificar a ocorrência de fratura

vertebral por fragilidade e relacioná-la com fatores demográficos,

comportamentais e clínicos em uma população brasileira. Foi feito um estudo

transversal com seleção por amostragem aleatória estratificada de mulheres

idosas residentes em Chapecó/SC. A amostra foi constituída por 186 mulheres

brancas com idade acima de 60 anos. Destas, 48,9% tinham fraturas vertebrais

assintomáticas, com maiores prevalências em T11-12 e L4-5. Na análise

ajustada, observa-se que existe gradiente entre idade e fratura vertebral,

chegando a ser 2,3 vezes maior a prevalência de fraturas dentre as mulheres

com idade superior a 80 anos. As sedentárias apresentaram prevalência de

fratura 1,44 vezes maior do que as não-sedentárias. Devido à alta prevalência

de fraturas vertebrais assintomáticas encontrada, sugerimos a realização de

RX de coluna para mulheres idosas para rastreamento e prevenção de

agravos.

Palavras-chave: osteoporose, epidemiologia, fraturas, pós-menopausa

48

Abstract: Fractures are the main problems related to bone fragility in

postmenopausal women, an increase of risk of new fractures, mortality and

costs. Our objective was to verify the occurrence of vertebral fragility fracture

and to correlate it with demographic, behavioral and clinical factors in a

Brazilian population. We did a cross-sectional study by random sampling of

elderly women living in Chapecó, SC. The sample consisted of 186 white

women over 60 years old. Of these, 48.9% had asymptomatic vertebral

fractures, with higher prevalence in T11-12 and L4-5. I In adjusted analysis,

observed that there is a gradient between age and vertebral fracture, coming to

be 2,3 times higher prevalence of fractures among women older than 80 years.

The prevalence of sedentary women with fracture was 1,44 times higher than

non-sedentary. Due to the high prevalence of asymptomatic vertebral fractures

found, we suggest the implementation of RX column for older women for

screening and disease prevention.

Key Words: osteoporosis, epidemiology, fractures, postmenopausal

FONTE DE FINANCIAMENTO

Este estudo não recebeu financiamento para sua implementação.

INTRODUÇÃO

O aumento na ocorrência de fraturas secundárias a fragilidade óssea

49

representa um significativo problema de Saúde Pública, já que corresponde a

um importante aumento na morbidade, mortalidade e custos1. A fratura de

coluna vertebral tente a ser a manifestação mais comum e precoce relacionada

a essa fragilidade em populações de mulheres com idade superior a 45 anos, e

ocorre principalmente na junção da coluna torácica e lombar e na área média

do tórax2; representa um risco em torno de 20% a mais de ocorrência de nova

fratura vertebral3, fratura de quadril e de antebraço4. Como apenas 30% das

fraturas se manifestam como dor nas costas, e a solicitação de radiografia de

coluna não é feita rotineiramente para rastreamento, estima-se que apenas

25% das fraturas vertebrais sejam diagnosticadas5. São ainda associadas à

hipercifose, redução da altura, limitação de movimento o que pode levar a

necessidade de auxílio nas atividades rotineiras reduzindo a qualidade de vida,

e aumento de mortalidade2, 4, 6, 7. O paciente com fratura vertebral tem o risco

de novas fraturas de coluna aumentado em até 25 vezes se houver queda na

densidade mineral óssea (DMO) em exames subseqüentes mesmo se

mantiver-se dentro da faixa de normalidade5. Apesar do uso de instrumentos

clínicos para rastrear mulheres com risco de baixa DMO, nenhum deles ainda é

capaz de identificar mulheres em risco para fratura com precisão8, 9, 10. Porém,

a avaliação conjunta de exames complementares (densitometria,

ultrassonometria, tomografia quantitativa, entre outros) e fatores clínicos

voltados para a população de cada país ou região parece ser uma idéia

promissora11.

Os fatores de risco para osteoporose e para fraturas se confundem,

destacando-se o sexo feminino, fratura prévia, idade avançada, menopausa

precoce e não tratada, e terapia com corticóides12. As mulheres brancas, na

50

pós-menopausa, apresentam maior incidência de fraturas, sendo que a partir

dos 50 anos 30% das mulheres poderão sofrer algum tipo de fratura por

fragilidade ao longo da vida13. Estudos realizados no Brasil mostram variações

regionais provavelmente explicadas pelas características de cada população,

fatores ambientais e situação geográfica do território onde reside esta

população11, 13. Nestes estudos, a prevalência de fraturas vertebrais variou

entre 14,8% e 36,8%7, 14, 15, e a incidência de fraturas de quadril entre 5,59 e

27,7/10000 habitantes (sendo a maior taxa referente à população feminina)13,

16, 17.

Este estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de fratura vertebral

assintomática por fragilidade óssea em uma população de mulheres brasileiras

na pós-menopausa residentes no sul do país e correlacionar os achados com

dados clínicos, demográficos e comportamentais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Realizado estudo epidemiológico de corte transversal realizado na

cidade de Chapecó/SC. Chapecó é uma cidade de colonização italiana, alemã

e polonesa18 localizada ao sul do Brasil (latitude -27°5’47’’, longitude 52°37’6’’),

com uma população estimada de 173.261 habitantes, sendo que 6,14% são

pessoas com idade superior a 60 anos19. Possui renda per capita de 21,22

salários mínimos, e índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,848, ambos

acima da maioria dos municípios brasileiros19.

51

Foi selecionada uma amostragem aleatória estratificada por bairro de

origem da população feminina acima de 60 anos residentes no município. O

tamanho amostral de 190 mulheres foi calculado adotando uma prevalência

provável do evento (fratura) de 15%20, nível de confiança de 95%, e erro

tolerável de 5%, para população potencialmente elegível de 5781 mulheres

(que correspondem ao número total de mulheres com idade igual ou superior a

60 anos residentes na cidade no ano de 2006, segundo dados do Datasus19).

Optamos por aumentar a amostra em no mínimo 25% para manter o seu poder

mesmo com possíveis perdas.

Chapecó possui 20 Unidades Básicas de Saúde (UBS) distribuídas ao

longo de seu território que têm cadastradas 5162 mulheres com idade acima de

60 anos, correspondendo a 87,92% da população feminina residente no

município com esta mesma faixa etária19. Logo, utilizamos o cadastro das UBS

para selecionar a amostra por este ser representativo da população local.

Considerando as características das áreas abrangidas pelas UBS e o número

de pessoas atendidas em cada uma, optamos por estratificar a população de

acordo com o nível social de cada bairro de residência para evitar viés de

seleção. Cada UBS foi distribuída segundo o bairro de origem em classe baixa

ou alta, conforme classificação atual adotada pela Secretaria Municipal de

Saúde e pela Fundação de Amparo Social, com alocação proporcional das

mulheres. Após, realizamos sorteio a partir do cadastro feito na UBS.

O contato inicial para inclusão no estudo foi realizado pelo pesquisador-

principal. A coleta de dados foi feita por meio de questionário estruturado

realizado através de visitas domiciliares entre os meses de maio e dezembro

de 2007 por uma equipe de estudantes de Medicina previamente treinados e

52

após estudo-piloto. Após o questionário, as pacientes foram encaminhadas

para realização de radiografia de coluna vertebral (RX) para avaliação de

fraturas.

Os critérios de inclusão foram: sexo feminino; cor branca (auto-referida);

idade superior a 60 anos; diagnóstico clínico de menopausa (ausência de

menstruação por pelo menos 1 ano), residência fixa na cidade de Chapecó/SC.

Os critérios de exclusão foram: prejuízo cognitivo importante que

impossibilitasse a obtenção das respostas do questionário; história pessoal

doenças que sabidamente afetem o metabolismo ósseo (como artrite

reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, hiperparatireoidismo, osteogênese

imperfecta); neoplasias malignas nos últimos 5 anos, exceto carcinoma

basocelular de pele.

Para avaliação de fatores relacionados à fragilidade óssea e à

deformidade vertebral utilizou-se questionário conhecido como EVOS

(European Vertebral Osteoporosis Study), já traduzido e validado para 14

línguas21 e anteriormente utilizado em importantes estudos nacionais7,14. O

questionário é composto pelos seguintes dados: antropometria, história médica

pessoal prévia e atual, história familiar, uso de medicações com ação sobre o

metabolismo ósseo, hábitos de vida, impacto da doença sobre a saúde geral do

indivíduo. Os dados antropométricos foram aferidos segundo critérios adotados

internacionalmente, com medidas de peso e altura observando intervalos de

0,1kg e 0,01m, respectivamente. O índice de massa corporal (IMC) foi

calculado pela fórmula peso/altura2 (kg/m2) e classificado conforme critérios da

OMS para obesidade22. Para cálculo aproximado da ingestão alimentar diária

de cálcio utilizou-se uma adaptação da tabela brasileira de composição de

53

alimentos23: 1 fatia queijo, 90 mg; 1 copo de iogurte, 121,2 mg; 1 copo leite,

257 mg; 1 bola se sorvete, 135 mg. O nível de atividade física foi classificado

em: nível 1 - atividade leve (trabalho burocrático em escritório, com a maior

parte do tempo sentada); nível 2 - atividade moderada (trabalhos com a maior

parte do tempo em pé, como vendedor e dona-de-casa); nível 3 - atividade

pesada (enfermeira, empregada doméstica); nível 4 - atividade muito pesada

(agricultor, esportista, pedreiro)21.

A aferição da circunferência da cintura foi tomada na menor curvatura

localizada entre as costelas e a crista ilíaca (cintura natural do indivíduo), e da

circunferência do quadril na extensão máxima das nádegas (protuberância

glútea). As medidas foram feitas com o indivíduo em pé, em posição ereta,

abdômen relaxado, braços ao lado do corpo e os pés juntos, utilizando-se uma

fita métrica flexível e inextensível de 200 cm de comprimento, com precisão de

uma casa decimal. A leitura foi feita no centímetro mais próximo, no ponto de

cruzamento da fita. A relação cintura/quadril (Rel C/Q) foi então calculada por

divisão simples destas medidas24.

As RX de coluna vertebral torácica e lombar em perfil foram realizadas

em um mesmo Serviço de Radiologia, dentro das normas do programa de

qualidade do Colégio Brasileiro de Radiologia. A aquisição das imagens

obedeceu aos critérios padronizados internacionalmente quanto a técnica,

tamanho do filme, tempo de exposição, pico de kV, colimação da fonte RX,

posicionamento do paciente, distância do foco e momento da respiração. As

radiografias foram avaliadas por radiologista com titulo de especialista e

experiência por tempo superior a 2 anos de forma “cega” e individualizada. O

radiologista foi orientado a fazer avaliação da coluna torácica e lombar (T4-L5)

54

para fraturas vertebrais segundo o método semi-quantitativo proposto por

Genant et al25. Este método consiste na determinação visual da extensão da

redução da altura da vértebra, sem medidas diretas, sendo classificada em:

grau 0 - normal; grau 1 - deformidade leve (20-25% de redução na altura

anterior, média ou posterior e 10-20% de redução da área vertebral projetada);

grau 2 - deformidade moderada (25-40% de redução na altura anterior, média

ou posterior e 20-40% de redução da área vertebral projetada); grau 3 -

deformidade severa (40% ou mais de redução na altura anterior, média ou

posterior e na área vertebral projetada). Foram consideradas fraturadas as

vértebras que receberam graduação > 1. Para cada vértebra utilizamos

avaliação binária (sim ou não) quanto a presença de fratura, e se, estivesse

presente, classificação conforme o tipo de fratura (cunha, bicôncava ou

esmagamento). Outras deformidades não relacionadas à fratura não foram

avaliadas. Foi calculado o índice kappa como verificação de concordância entre

dois observadores com mesmas características descritas acima, com resultado

de 0,89 para coluna torácica e lombar.

As variáveis independentes incluídas na análise foram: faixa etária (60 a

69 anos, 70 a 79 anos, mais de 80 anos), história familiar de fratura de quadril

para parentes de 1º grau (sim ou não), história prévia pessoal de fratura (sim

ou não), IMC (sobrepeso/obeso, normal/abaixo do normal), uso de terapia

hormonal por mais de 1 ano (sim ou não), uso de suplementos de cálcio (atual,

no passado ou nunca), tabagismo (atual, no passado ou nunca), ingestão de

álcool (nunca ou regularmente, independente da freqüência), atividade física

atual (por tempo superior a 30 minutos ou nunca), ingestão de cálcio alimentar

diário (maior ou menor 300mg). Na análise bruta, a prevalência de fraturas foi

55

calculada para cada grupo das variáveis independentes, e na análise ajustada

foi realizada regressão de Poisson com variância robusta, obtendo-se razões

de prevalência ajustadas, com intervalos de confiança de 95%. Neste modelo

foram apenas incluídas as variáveis com nível de p < 0,20 na análise bruta. A

análise estatística foi realizada com programa Statistical Package for Social

Sciences (SPSS) versão 10.0.

Todas as mulheres assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido antes de qualquer procedimento. Este estudo obedeceu aos

critérios de ética preconizados pela resolução nº 196/96 do Conselho Nacional

de Saúde (CNS) do Ministério da Saúde, tendo sido previamente registrado sob

no 101/06 e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), e não possui conflito de

interesses.

RESULTADOS

Foram inicialmente entrevistadas 300 mulheres, sendo 66 excluídas por

não preencherem os critérios de inclusão (68,2%), não desejarem participar

(15,1%), ou não serem encontradas após duas visitas domiciliares (16,7%). As

causas mais comuns deste não-preenchimento dos critérios foram: existência

de doença pulmonar crônica (24,4%), distúrbio de tireóide sem tratamento

(13,3%) e litíase renal recorrente (11,1%). Das 234 mulheres elegíveis

inicialmente contatadas, 186 (79,5%) fizeram o protocolo completo. As

desistentes (n=48) o foram porque não quiseram comparecer para realização

56

do exame mesmo após serem re-contatadas. As características

antropométricas e reprodutivas das participantes estão expressas na tabela 1.

A idade da população estudada variou entre 60 e 91 anos, e 52,2% pertenciam

a bairros de classe alta. Não houve diferença estatisticamente significativa

entre mulheres pertencentes a bairros de diferentes classes quanto às

características descritas nesta tabela.

Tabela 1: Características antropométricas e reprodutivas das mulheres da

população de estudo (n=186)

Características média ± desvio-padrão

Idade (anos) 69,61 ± 6,30

Idade da menarca (anos) 13,65 + 1,85

Idade da menopausa (anos) 48,64 ± 5,68

Tempo de menopausa (anos) 21,61± 9,40

Peso (kg)* 68,02 ± 14,00

Altura (m)* 1,56 ± 0,06

IMC (kg/m2)* 27,95 ± 5,24

Rel C/Q* 0,92 ± 0,16

*n=152 IMC=Índice de Massa Corporal. Rel C/Q=Relação cintura/quadril

57

O uso de terapia de reposição hormonal (TRH) por tempo superior a 1

ano foi referido por 24,7% (n=46); de cálcio suplementar por 37,1% (n=69); e

de glicocorticóides por tempo superior a 3 meses por 9,7% (n=18). Dentre

outros fatores de risco para fragilidade óssea, 14% (n=26) tinham familiares de

1º grau com história de fratura de quadril, 24,2% (n=45) tinham história pessoal

de fraturas prévias em diversos sítios exceto coluna vertebral, 21,5% (n=40)

diziam ter diagnóstico de osteoporose definido por densitometria, 1,6% (n=3)

tinham baixo peso, 14,5% (n=27) eram tabagistas atuais e 33,3% (n=62) eram

sedentárias. A maioria negou uso regular de bebidas alcoólicas (62,4%), e

ninguém referiu consumo alimentar diário de cálcio acima de 600 mg.

Gráfico 1: Freqüência de fratura por vértebra

0

5

10

15

20

25

30

35

T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12 L1 L2 L3 L4 L5

vértebras

n v

érte

bra

s fr

atura

das

Do total 2604 vértebras analisadas, 156 (6,0%) estavam fraturadas.

Quase metade das mulheres avaliadas (48,9%) tinha no mínimo uma fratura

58

vertebral não associada à história prévia de fratura por alto impacto, sendo que

31,7% (n=59) tinham fraturas em vértebras torácicas, 25,8%, (n=48) em

vértebras lombares, e 8,6% (n=16) tinham fraturas em ambos sítios. A maior

prevalência de fraturas por vértebra foi observada no final da coluna torácica

(T11 e T12) e lombar (L4-L5) (gráfico 1). Observou-se maior freqüência de

fratura por esmagamento na base da coluna vertebral, e de fratura em cunha

na área média (T6-7) e final (T11-12) do tórax gráfico 2.

Gráfico 2: Tipo de fratura por vértebra

0

5

10

15

20

25

T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12 L1 L2 L3 L4 L5

vértebras

n v

érte

bra

s fr

atura

das

Cunha Bicôncava Esmagamento

A tabela 2 apresenta os resultados da análise bruta da razão de chances

de acordo com as categorias dos fatores de risco para fraturas, e na tabela 3

os resultados da análise ajustada. Observa-se que existe gradiente entre idade

e fratura vertebral, chegando a ser 2,4 vezes maior a prevalência de fraturas

dentre as mulheres com idade superior a 80 anos. As sedentárias

apresentaram prevalência de fratura 1,57 vezes maior do que as não-

59

sedentárias. Na análise ajustada, o ajuste foi feito apenas pelas variáveis que

no modelo anterior (tabela 2) apresentaram associação com fratura vertebral

em nível de p < 0,20. Optou-se em não se utilizar ajuste pelo tempo de

menopausa devido à colinearidade com a idade. Mesmo assim, o sedentarismo

e a idade foram os únicos fatores de risco que apresentaram significância

estatística após ajuste.

Tabela 2: Prevalência de fratura vertebral (%) e razões de prevalência

segundo categorias de fatores de risco (n=186)

Fator de risco Com fratura/n

% RPbruta

(IC 95%)

p

Faixa etária

60-69 anos

70-79 anos

>80 anos

36/99

42/72

13/15

36,4

58,3

86,7

1,00

1,60 (1,16-2,22)

2,38 (1,72-3,31)

<0,05

<0,001

HF de fratura quadril*

Não

Sim

77/151

11/26

51,0

42,4

1,00

0,83 (0,52-1,34)

0,44

HP de fratura

Não

Sim

66/141

25/45

46,8

55,6

1,00

1,19 (0,87-1,63)

0,29

IMC**

Sobrepeso/obesidade

Normal/baixo

45/98

31/54

45,8

57,4

1,00

0,80 (0,58-1,10)

0,16

60

Uso terapia hormonal > 1 ano

Sim

Não

21/46

12/25

45,7

48,0

1,00

1,05 (0,63-1,76)

0,85

Tabela 2: Prevalência de fratura vertebral (%) e razões de prevalência

segundo categorias de fatores de risco (n=186)

Uso de suplemento de

cálcio

Atual

Nunca

No passado

33/69

53/108

5/9

36,7

57,8

55,6

1,00

1,02 (0,74-1,39)

1,16 (0,62-2,19)

0,92

0,64

Tabagismo

Nunca

No passado

Atual

49/110

25/49

17/27

44,5

51,0

63,0

1,00

1,15 (0,81-1,62)

1,41 (0,99-2,02)

0,44

0,06

Ingesta álcool

Nunca

Regularmente

60/116

31/70

51,7

44,3

1,00

0,86 (0,62-1,18)

0,34

Atividade física atual

> 30 min/dia

Nenhuma

51/124

40/62

41,1

64,5

1,00

1,57 (1,19-2,08)

0,02

61

Ingesta de cálcio

alimentar diário

> 300 mg

< 300 mg

40/82

51/104

48,0

49,0

1,00

1,01 (0,75-1,35)

0,97

*n= 177 **n=152 HF=História Familiar. HP=História Prévia. IMC=Índice de Massa

Corporal

Tabela 3: Razões de prevalência ajustadas (n=186)

Fator de risco Modelo ajustado

RP (IC 95%)

p

Faixa etária

60-69 anos

70-79 anos

>80 anos

1,00

1,72 (1,20-2,48)

2,33 (1,63-3,33)

0,003 <0,001

IMC*

Normal

Sobrepeso

1,00

0,92 (0,69-1,22)

0,562

Tabagismo

Nunca

No passado

Atual

1,00

1,05 (0,73-1,50)

1,44 (0,97-2,14)

0,812

0,072

Atividade física atual

> 30 min/dia

Nenhuma

1,00

1,44 (1,07-1,95)

0,016

*n=152 IMC=Índice de Massa Corporal

62

DISCUSSÃO

Ainda existem poucos estudos brasileiros sobre a prevalência de fraturas

vertebrais. A dimensão do território e as diferenças regionais dificultam

extrapolar os resultados para toda a população residente no país. Nós

encontramos uma alta prevalência de fraturas na coluna, sendo T11-12 e L4-5

os sítios mais envolvidos. Essa prevalência aumentou com o aumento da

idade. As mulheres com evidência radiográfica de fratura vertebral tinham

maior tempo de menopausa do que as sem fraturas, possivelmente por serem

mais velhas. Na análise (razão de prevalências ajustada) o sedentarismo e a

idade mostraram-se como fatores de risco com significância estatística.

Comparando os resultados de nosso estudo (população de amostra

oriunda da cidade de Chapecó, no Sul do país) com outros estudos brasileiros

encontramos dados divergentes. O estudo conhecido como LAVOS14, cuja

população de origem era de mulheres residentes em Vitória, no Espírito Santo,

na região Sudeste do país, demonstrou uma prevalência de fratura vertebral de

14,2%, praticamente 1/3 da nossa. Essa diferença poderia ser atribuída

primeiramente à diferença nos critérios de definição e análise das fraturas.

Neste estudo, optou-se pela medida direta da vértebra e análise de T4 a L4,

enquanto no nosso estudo optamos por análise visual de T4 a L5. Porém,

embora nós tenhamos encontrado alta prevalência de fraturas em L5, se

excluíssemos da análise de prevalência as 13 mulheres com fratura exclusiva

da L5, ficaríamos ainda com uma prevalência de fraturas de 41,9%, valor

superior ao encontrado em quaisquer estudos nacionais. Também pode se

63

atribuir esta diferença às diferenças entre as populações estudadas. Ainda que

ambas as cidades possuam IDH e renda per capita semelhantes, o que por si

só já destoa das outras cidades da União, as características gerais das

mesmas são diferentes. Por exemplo, quanto à cor da pele, 54% da população

brasileira se auto-refere como branca, embora haja variação entre 28% no

Norte a 83% no Sul do país26. Logo, a cor da pele pode ser um dos fatores

responsáveis pela maior prevalência de fraturas na nossa população. Em

nosso estudo utilizamos a cor não-branca como fator de exclusão para evitar

viés, porém apenas quatro mulheres foram excluídas da amostra por esse

motivo. Embora não descrito no estudo, a região de origem da amostra do

LAVOS possui 64% da população descrita como branca segundo dados do

IBGE26.

Outros estudos brasileiros também reforçam estas variações regionais,

como o de Bandeira & Carvalho15 com 36,8% de fraturas de coluna em uma

população de mulheres de Pernambuco (região Nordeste), e Pinheiro7 com

27,2% dentre mulheres residentes em SP (região Sudeste). Ambos estudos

utilizaram medidas diretas para definição de fraturas de T4 a L5. O estudo

conhecido como BRAZOS11 identificou uma freqüência variável de fraturas por

fragilidade (auto-referidas) de diferentes sítios nas cinco regiões geográficas do

país, sendo que entre a população feminina variou 10,5% na região Centro-

Oeste para 16,2% na região Sul, e apenas 4% foram referidas como de coluna.

Quando comparadas todas essas regiões iremos observar diferenças quanto à

cor da pele e hábitos de vida como tabagismo, grau de atividade física,

consumo de álcool, índice de massa corpórea, entre outros, todos esses

fatores com influência já descrita em alguns estudos nacionais7, 27 sobre a

64

massa óssea e, provavelmente, sobre a resistência a fraturas. Variações

regionais também são descritas no continente europeu, com maior prevalência

de fraturas vertebrais na Suécia (27,8%) e menor em algumas cidades do Sul e

nos países mediterrâneos (14,9% Madri, 15,9% na Turquia)28.

Outra explicação para essas variações regionais além das

características da população é a situação geográfica da população analisada.

Além de ser predominantemente branca, nossa população reside em um

território ao Sul do país e 27º abaixo da linha do Equador (670m do nível do

mar, latitude -27°5’47’’), o que poderia por si só denotar aumento de risco para

fraturas conforme sugerido por Johnell et al29. Estes autores observaram

aumento na freqüência de fraturas a cada 10º de afastamento da linha do

Equador, o que foi ratificado por Castro da Rocha et al13 ao encontrar uma

incidência de fraturas do colo do fêmur na cidade de Sobral/CE quatro vezes

menor do que a relatada nas estatísticas internacionais. Aventou-se como um

dos motivos que esta cidade localiza-se na região de clima tropical do país

próxima à linha do Equador, e possui população de cor não-branca, portanto,

potencialmente com menor risco de fraturas.

O critério utilizado para definir fratura em nosso estudo foi a redução de

igual ou superior a 20% na altura do corpo vertebral em comparação com a

vértebra adjacente através da análise visual, sem medidas diretas. Este pode

ter sido um fator de confusão para comparação de prevalências entre

diferentes estudos já que diferentes métodos para definição de fratura podem

ter sido utilizados7,14,15. Além disso, alguns estudos optam por não analisar a

vértebra L514, provavelmente devido à dificuldade na análise visual desta

vértebra. Alguns autores referem risco de um falso diagnóstico de fratura

65

devido a presença de alterações degenerativas que induzem esse falso-

diagnóstico30, Grados et al31 recentemente publicaram um estudo com revisão

da literatura e avaliação de experts sobre definição e metodologia para

diagnóstico de fratura vertebral e observaram o contrário. Embora não haja

consenso sobre o tema, o método semi-quantitativo de Genant foi descrito

como o de maior utilidade para estudos epidemiológicos e ensaios clínicos por

ter boa reprodutibilidade e capacidade de distinção entre fraturas e outras

deformidades quando efetuado por analisador treinado. Para reduzir erros de

diagnóstico, estabelecemos uma avaliação comparativa entre dois radiologistas

capacitados que demonstrou alto índice de concordância tanto para coluna

torácica quanto para lombar (k=0,89).

Nosso questionário incluiu diversos fatores clínicos de risco para

fraturas, mas a prevalência do uso de glicocorticóides por tempo superior a 3

meses e o baixo consumo de cálcio alimentar foram fatores que chamaram

nossa atenção pela freqüência de uso divergente dos estudos prévios. O uso

de glicocorticóides no presente estudo superior ao descrito no estudo LAVOS

para a população brasileira (3,4%), e mesmo colombiana (5,3%), a maior

referência de usuários daquele estudo14. Quanto ao consumo alimentar de

cálcio, embora a orientação padrão seja acima de 1200mg/dia, o fato de

nenhuma mulher ter referido consumo superior a 600 mg/dia foi fator de

surpresa, principalmente levando-se em conta o PIB per capita da cidade ser

superior a maioria dos municípios brasileiros. Mesmo com essa deficiência

alimentar e com história de fraturas prévias por fragilidade, apenas uma

pequena parcela da população fazia uso de suplementos de cálcio.

O percentual de consumo de álcool em nossa população foi maior do

66

que o referido em outro estudo nacionais14 , o que poderia ser explicado pelo

hábito secular de populações de origem italiana e alemã ingerir bebidas

alcoólicas regularmente. Por outro lado, nossa população possui baixo

percentual de sedentárias, o que teria alguma influência protetora sobre o risco

de fraturas. Altas taxas de atividade física também foram relatadas por Clark et

al14 sobre a população Argentina. O exercício físico está relacionado ao

aumento da resistência muscular, da coordenação motora, do equilíbrio e da

flexibilidade, contribuindo para a redução da perda óssea e melhora da saúde

em geral32, bem como para a redução do risco de fraturas de fêmur33. No

presente estudo esse fato pode ser explicado porque no município de Chapecó

houve adoção de programas públicos de promoção e prevenção à saúde do

idoso nos últimos anos, que incluem atividade física e orientações de saúde

periódicas.

A freqüência de história de fratura por fragilidade e de fraturas de coluna

identificadas no RX aumentou com a idade, chegando a 60% na população

acima de 80 anos. Bandeira & Carvalho15 avaliaram 174 mulheres em hospital

de referência em Pernambuco com prevalência de fraturas ao RX inferior a

observada neste estudo. Também observaram que as mulheres com fratura

eram mais velhas e com maior tempo de menopausa do que as sem fraturas, e

que essa freqüência aumentava com a idade (81,8% após 80 anos). Além

disso, verificaram que 87,5% eram assintomáticas, 28,1% eram múltiplas, e a

localização mais freqüente era no final da coluna torácica, dados semelhantes

ao descrito por na presente investigação.

Nossas mulheres também referiram maior prevalência de história familiar

de fratura do que o descrito previamente para populações brasileiras14, 15, mas

67

semelhante ao descrito para mulheres com fratura por fragilidade já

estabelecida11. Esse dado corrobora na idéia de que nossa população parece

ter maior risco para fraturas do que o restante da população do país.

Na análise ajustada, observamos que a cada 10 anos de faixa etária

havia aumento na prevalência de fraturas vertebrais, reforçando a associação

entre fraturas e idade já descrita anteriormente 10, 11, 14. O sedentarismo foi

associado a quase o dobro de prevalência de fratura vertebral. Feskanich et

al33 já haviam relatado associação entre atividade física no período de lazer e

risco de fratura.

Apesar do estudo seccional não ser estratégia para testar hipóteses

sobre vínculo causal, é possível testar a existência de associações entre

doença/agravo e exposição. Para isso, optamos por apresentar as razões de

risco pelas razões de prevalência porque as razões de chance tendem a

superestimar as associações com prevalência elevada32, como em nosso

estudo. Por outro lado, não se pode descartar o efeito do viés de sobrevivência,

já que como apenas um período curto de tempo é avaliado, não se tem

informações sobre diferenciais de sobrevivência entre expostos e não

expostos32. Um possível limitante deste estudo foi o tamanho amostral (n)

obtido, já que dificulta a demonstração de efeitos de pequena intensidade.

Provavelmente, com um n maior teríamos redução no IC de algumas

associações e talvez algumas relações limítrofes seriam significativas.

Em síntese, este estudo demonstrou que em regiões ao Sul do Brasil

parece haver uma alta prevalência de fraturas vertebrais. Pelas características

geográficas, culturais e climáticas do Sul, já esperávamos que o resultado

68

deste estudo fosse diferente do até então relatado em outros estudos

nacionais. Tanto a alta prevalência como a variação regional reforçam a idéia

da necessidade de políticas públicas adaptáveis para cada população.

O último guia para prevenção e tratamento da National Osteoporosis

Foundation12 já orienta o início de tratamento para aumentar a densidade

óssea em pacientes que tenham evidência clínica ou morfométrica de fratura

de coluna ou quadril, independente dos resultados da densitometria óssea. No

Brasil, estas orientações não foram ainda amplamente adotadas na prática.

Sendo assim, levando-se em conta que a presença de fraturas vertebrais são

facilmente identificadas a partir de exame complementar de baixo custo e risco

(radiografia de coluna) e que sua ocorrência é a mais comum e precoce

relacionada à osteoporose, representando um risco aumentado para a

ocorrência de nova fratura vertebral3, de fraturas de quadril e de antebraço4, de

disabilidades diárias2,4,6 e de redução na qualidade de vida33, sugerimos a

realização de radiografia simples de coluna torácica e lombar para mulheres a

partir dos 60 anos como método para prevenção secundária de agravos

relacionados a fraturas por fragilidade óssea e em regiões onde a realização de

rastreamento mais precoce por outros métodos for dificultada pelo valor do

exame ou distância do centro de referência, devendo-se iniciar tratamento

adequado se a mesma for constatada.

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69

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74

3.3 - Artigo 3: A ultra-sonometria óssea de calcâneo e o risco de

fraturas em uma população de idosas residentes no sul do país /

Quantitative ultrasound of the calcaneus and risk of fracture in an elderly

population living in southern country / A ultra-sonometria óssea de

calcâneo e o risco de fraturas

Resumo: Estudo transversal para verificar a prevalência de mulheres com

risco de fratura estimada pela ultra-sonometria óssea de calcâneo (UOC) em

uma população de mulheres brasileiras idosas e sua associação com fatores

de risco. Amostra selecionada aleatoriamente e submetida a questionário

estruturado sobre fatores de risco para fratura e UOC. Foram estudadas 168

mulheres brancas, menopausadas, com média de idade de 69,56 ± 6,27 anos;

81% da população de estudo tinha exame alterado, sendo 41% consideradas

de maior risco. As mulheres com exames alterados tinham menores peso,

altura e IMC, e tinham menores valores de SOS, BUA, BQI e T-score. Após

ajuste, o IMC manteve significância para UOC alterada (OR=3,37, IC 1,19-9,56,

p=0,02) e a história prévia de fraturas para UOC da faixa de maior risco

(OR=4,44, IC 1,16-16,96, p=0,03). Essa alta prevalência de risco para fraturas

por UOC foi superior ao de outros estudos brasileiros. Isso mostra a

necessidade de políticas públicas adaptáveis para cada região, e propõe a

utilização da UOC no rastreamento de populações de risco.

Palavras-chave: osteoporose, fraturas, epidemiologia, pós-menopausa

75

Abstract: Cross-sectional study to verify the prevalence of women with fracture

risk estimated by ultrasonometry of the calcaneus (UOC) in a population of

Brazilian elderly women and its association with clinical risk factors. The sample

was randomly selected to carry out a structured questionnaire on risk factors for

fracture and UOC. We studied 168 white postmenopausal women with a mean

age of 69.56 ± 6.27 years-old; 81% of the study population had abnormal test,

41% considered at higher risk. Women with abnormal tests had lower weight,

height and BMI, and had lower values of SOS, BUA, BQI and T-score. After

adjustment, BMI remained significant for UOC changed (OR = 3.37, IC 1,19-

9,56, p = 0.02) and history of previous fractures for UOC of the greatest risk

(OR = 4.44 IC 1,16-16,96, p = 0.03). This high prevalence of risk for fractures

UOC was higher than other Brazilian studies. This shows the need for adaptive

policies for each region, and proposes the use of the UOC in screening of

populations at risk.

Key Words: osteoporosis, fractures, epidemiology, postmenopausal

FONTE DE FINANCIAMENTO

Este estudo recebeu apoio do Laboratório Lilly para sua implementação através

da cessão da máquina de ultra-sonometria óssea de calcâneo.

INTRODUÇÃO

A osteoporose e as fraturas dela decorrentes constituem um importante

76

problema de Saúde Pública em todo o mundo. Além do impacto econômico e

social, com redução da qualidade de vida, também tem seu reflexo sobre a

morbimortalidade. Estima-se que as fraturas de colo do fêmur reduzam a

expectativa de vida em torno de 12%, com uma taxa de mortalidade de 20%

nos primeiros meses após a ocorrência do evento1. Já as fraturas de coluna,

mesmo que assintomáticas, aumentam o risco de ocorrência de novas fraturas

vertebrais e de não-vertebrais2,3,4 além de aumentar a mortalidade geral5.

A identificação de populações em risco para fraturas é indispensável

para a sua prevenção. Apesar da densitometria óssea ser o padrão-ouro para

a identificação de osteoporose, outros equipamentos já são cientificamente

reconhecidos para a avaliação do risco de fraturas. O último consenso da

Sociedade Brasileira de Densitometria6 orienta o uso da ultra-sonometria óssea

de calcâneo (UOC) para este fim. Sugere que os resultados deste exame

associado a fatores de risco clínicos poderiam ser utilizados para se iniciar

tratamento farmacológico em populações aonde a densitometria não fosse

acessível se a probabilidade de fratura for suficientemente alta.

Estudos demonstram que a UOC é capaz de estimar o risco para

fraturas por fragilidade de coluna vertebral, de quadril e global em mulheres na

pós-menopausa independentemente do resultado da densitometria. Também

parece haver associação entre os baixos valores na UOC e aumento de risco

de mortalidade a longo prazo5. Esses equipamentos são de fácil manuseio,

pois independem da análise do operador como em outros exames radiológicos.

Além disso, tem rápida execução, baixo custo, são portáteis e não tem

radiação para o paciente10.

77

Este estudo teve como objetivo estimar a prevalência de risco para

fratura através da UOC em uma população brasileira de mulheres idosas e

verificar sua associação com fatores de risco clínicos.

METODOLOGIA

Realizado estudo transversal com 168 mulheres selecionadas por

amostragem aleatória de uma população de mulheres idosas residentes no sul

do Brasil (Chapecó/SC). A coleta de dados foi feita por meio de questionário

estruturado realizado através de visitas domiciliares entre os meses de maio e

dezembro de 2007 por uma equipe de estudantes de Medicina previamente

treinados. Após o questionário, as pacientes foram encaminhadas para

realização da ultra-sonometria óssea de calcâneo.

Os critérios de inclusão foram: sexo feminino; cor branca (auto referida);

idade superior a 60 anos; diagnóstico clínico de menopausa (definido pela

ausência de menstruação por pelo menos 1 ano); e residência fixa na cidade

de Chapecó/SC. Os critérios de exclusão foram: história pessoal de doenças

que sabidamente afetam o metabolismo ósseo direta ou indiretamente (como

artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, hiperparatireoidismo,

osteogênese imperfecta); neoplasias malignas, exceto carcinoma basocelular

de pele, existência de pino metálico ou edema com cacifo em ambos os pés ou

impossibilidade física de posicionamento dos pés no aparelho de UOC.

Utilizou-se questionário estruturado11 para avaliação de fatores

relacionados à osteoporose e à fratura. Os dados antropométricos foram

78

aferidos segundo critérios adotados internacionalmente, sendo o índice de

massa corporal (IMC) foi calculado pela fórmula peso/altura2 (kg/m2)12.

As medidas ultra-sonométricas foram realizadas com aparelho de UOC

Sonost 2000 (OSTEOSYS CO, Ltda; Coréia) utilizando o pé esquerdo e gel. O

aparelho fornece os seguintes parâmetros de acordo com a emissão e

captação das ondas sonoras através do material examinado: velocidade do

som (SOS) em m/s, atenuação do som (BUA) em dB/MHz e índice de

qualidade óssea (BQI) calculado a partir dos dois primeiros. Esta última medida

é semelhante ao índice de stiffness (SI) de outros equipamentos10. Os

resultados são expressos em forma de desvio-padrào da média de adultos

jovens (T-score). A calibragem do equipamento foi realizada diariamente antes

do início dos exames.

Os exames da UOC foram categorizados por faixas de risco a partir dos

resultados do T-score de duas formas: normal (>-1,1) ou alterado (<-1,1); e

baixo (>-1,0), médio (entre -1,1 e -2,4) e alto risco (< -2,5). Essas faixas foram

analisadas conforme características antropométricas e reprodutivas da

população estudada, e com a idade categorizada em faixas de 10 anos.

A análise bivariada dos dados foi realizada considerando a presença

UOC alterada como variável dependente e os fatores clínicos como

independentes. O nível de significância adotado foi de 5%, sendo os valores

entre 5% e 10% considerados limítrofes. A regressão logística multivariada foi

utilizada para obter estimativas de odds ratios (OR) e intervalos de confiança

ajustados. O critério para inclusão de variáveis no modelo logístico foi a

associação com fratura vertebral em nível de p < 0,20 na análise bivariada. A

79

análise estatística foi realizada com programa Statistical Package for Social

Sciences (SPSS) versão 10.0.

Este estudo obedeceu aos critérios de ética preconizados pela resolução

nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Ministério da Saúde,

tendo sido previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó).

RESULTADOS

Foram avaliadas 168 mulheres, com idade variando entre 60 e 91 anos.

Na tabela 1 estão listadas as características gerais da população.

A divisão da população de estudo pelos valores do T-score mostrou que

81,0% (n=136) da amostra apresentavam algum tipo de alteração no exame (T-

score<-1,1). Quando estratificamos nas três faixas de risco propostas,

observamos que o grupo considerado de maior risco (41,1% da amostra) é

composto por mulheres com menor peso, altura e IMC (p<0,05) (tabela 2).

Embora sem significância estatística, essas mulheres também eram mais

idosas e com maior tempo de menopausa do que as dos outros grupos.

A divisão da população de estudo pelos valores do T-score mostrou que

81,0% (n=136) da amostra apresentavam algum tipo de alteração no exame (T-

score<-1,1). Quando estratificamos nas três faixas de risco propostas,

observamos que o grupo considerado de maior risco (41,1% da amostra) é

composto por mulheres com menor peso, altura e IMC (p<0,05) (tabela 2).

80

Embora sem significância estatística, essas mulheres também eram mais

idosas e com maior tempo de menopausa do que as dos outros grupos.

Tabela 1: Características das mulheres da população de estudo (n=168)

Características Média ± DP

Idade (anos) 69,56 ± 6,27

Idade menarca (anos) 13,60 ± 1,83

Idade menopausa (anos) 49,08 ± 5,43

Tempo de menopausa (anos) 21,08 ± 9,34

Peso (kg) 67,64 ± 14,31

Altura (m) 1,56 ± 0,06

IMC (kg/m2) 27,81 ± 5,25

Rel C/Q* 0,92 ± 0,16

SOS (m/s) 1560,04 ± 112,89

BUA (dB/MHz) 57,09± 23,37

BQI 64,93 ± 23,10

T-score -2,15 ± 1,24

* n=156 DP=desvio-padrão IMC=índice de massa corporal; Rel C/Q=Relação cintura/quadril

SOS=velocidade do som em m/s; BUA=atenuação do som em dB/MHz; BQI=índice de

qualidade óssea

Devido à tendência da associação entre idade e exame alterado,

dividimos a população em faixa etária a cada 10 anos e analisamos as

categorias do T-score de acordo com cada faixa (figura 1). Observamos

81

aumento na prevalência de exames alterados conforme aumenta a idade

(p=0,02).

Tabela 2: Comparação entre grupos com T-score categorizado por faixas

de risco para fraturas quanto às características gerais da população

(n=168)

Baixo risco

(n=32)

(média±DP)

Médio Risco

(n=67)

(média±DP)

Alto risco

(n=69)

(média±DP)

p

Idade atual (anos) 68,50 ± 5,66 68,80 ± 6,25 70,79 ± 6,43 0,10

Idade de menarca

(anos)

13,09 ± 1,82 13,89 ± 1,83 13,71 ± 1,99 0,22

Idade de

menopausa (anos)

50,13 ± 5,15 48,57 ± 5,38 49,09 ± 5,62 0,42

Tempo de

menopausa (anos)

18,31 ± 8,00 20,86 ± 9,36 22,60 ± 9,70 0,09

Peso (kg) 75,94 ± 11,62 a 68,36 ± 12,98 b 63,08±14,95 b

<0,001

Altura (m) 1,57 ± 0,04 a,b 1,57 ± 0,06 a 1,53 ± 0,07 b 0,01

IMC (kg/m2) 30,78 ± 4,49 a 27,67 ± 4,89 b 26,55 ± 5,44 b

0,001

Relação C/Q * 0,91 ± 0,05 0,90 ± 0,05 0,94 ± 0,23 0,34

* n=138 a,b=letras diferentes significam médias diferentes IMC=índice de massa corporal. Rel

C/Q=Relação cintura/quadril. DP=desvio-padrão

82

Figura 1: Prevalência de T-score alterado conforme faixa etária (n=168)

0

10

20

30

40

50

60

60-69 70-79 >80

Faixa etária

Pre

valê

nci

a (%

)

>-1,0 entre -1,1 e -2,4 < -2,5

A tabela 3 apresenta os resultados da análise bivariada e multivariada

para exames alterados de UOC (T-score<-1,0). O IMC foi o único fator com

significância estatística no modelo ajustado. A baixa ingesta de cálcio parece

aumentar o risco do exame mostrar-se alterado, porém o resultado não foi

estatisticamente significativo. Optou-se por não se utilizar ajuste pela idade

devido à colinearidade com o tempo de menopausa.

A mesma seqüência de análise foi utilizada para avaliar a relação entre

os fatores de risco e a faixa mais alterada de exames de UOC (T-score<-2,5)

(dados não demonstrados em tabela). Foi observada significância estatística

para o IMC (OR=0.21, IC 0.74-0.62, p=0.005), ingesta alimentar de cálcio

(OR=3.58, IC 0.09-13.82, p=0.005), história prévia de fratura por fragilidade

óssea (OR=5.16, IC 1.42-18.68, p=0.01) e tempo de menopausa (OR=1.06, IC

0.99-1.15, p=0.04). Porém após ajuste apenas a história prévia de fratura por

fragilidade óssea (OR=4.44, IC 1.16-16.96, p=0.03) manteve significância

83

estatística.

Tabela 3: Resultados das análises bi e multivariada entre fatores de risco

e resultados alterado na UOC (n=168)

Fator de risco ORbruta

(IC 95%)

p ORajustada

(IC 95%)

p

Tempo de menopausa* 0,96 (0,91-1,00) 0,06 0,96 (0,91-1,01) 0,14

Faixa etária

60-69 anos

70-79 anos

>80 anos

1,00

2,41 (0,95-6,10)

2,80 (0,53-14,53)

0,06

0,22

-

História Familiar de

fratura quadril

Não

Sim

1,00

1,32 (0,44-3,91)

0,62

-

História prévia de fratura

Não

Sim

1,00

0,29 (0,08-1,00)

0,05

1,00

0,32 (0,87-1,15)

0,32

84

Tabela 3: Resultados das análises bi e multivariada entre fatores de risco

e resultados alterado na UOC (n=168)

IMC

Sobrepeso/obesidade

Normal/baixo

1,00

3,78(1,37-0,41)

0.01

1,00

3,37 (1,19-9,56)

0,02

TRH > 1 ano

Sim

Não

1,00

1,48 (0,44-4,95)

0,53

-

Suplemento de cálcio

Atual

No passado

Nunca

1,00

0,57 (0,06-5,08)

0,65 (0,29-1,43)

0,61

0,28

-

Tabagismo

Nunca

No passado

Atual

1,00

1,12 (0,48-2,64)

0,75 (0,20-2,83)

0,79

0,67

-

Ingesta álcool

Nunca

Regularmente

1,00

1,24 (0,56-2,73)

0,59

-

Atividade física atual

> 30 min/dia

Nenhuma

1,00

1,14 (0,51-2,52)

0,75

-

85

Tabela 3: Resultados das análises bi e multivariada entre fatores de risco

e resultados alterado na UOC (n=168)

Ingesta de cálcio

alimentar diário

> 300 mg

< 300 mg

1,00

2,90 (1,29-6,49)

0,01

1,00

2,22 (0,95-5,20)

0,06

*(em anos) UOC=ultra-sonometria óssea de calcâneo HF=Historia Familiar TRH=Terapia de

Reposição Hormonal IMC=Índice de Massa Corporal.

DISCUSSÃO

Este estudo observou uma alta prevalência de risco de fratura estimado

pela UOC em uma população de mulheres idosas no Sul do Brasil superiores

aos descritos em outros países13,14. Quando comparado a um estudo com 385

mulheres na pós-menopausa residentes na Ilha de Paquetá/RJ15, também

observamos maior percentual de população de risco (81% versus 59,22% dos

exames de UOC com T-score <-1,0, e 41,07% versus 16,88% com T-score <-

2,5). Ainda que a população fluminense fosse mais jovem (64,63 + 9,93 anos

versus 69,56 + 6,27 anos) e com menor tempo de menopausa (17,00 + 10,76

anos versus 21,08 + 69,34 anos) do que a de nosso estudo, acreditamos que

essa diferença reflita a interferência da origem étnica da população, já que

naquele havia uma parcela de 42,84% de mulheres não-brancas. Ambos

estudos observaram variação dos parâmetros ultra-sonométricos com a idade,

o tempo de menopausa, o peso e o IMC.

86

Além de indicar uma população em maior risco para fraturas, estudos

atuais demonstram que um exame de UOC alterado pode indicar a existência

de fraturas prévias ou atuais. Zambrano-Velho et al16 realizaram estudo

transversal com 52 mulheres com idade superior a 60 anos na cidade de

Campinas/SP para avaliar o poder discriminatório da UOC quanto à existência

de fraturas de quadril. Este grupo também observou que o SI, o BUA e o T-

score foram significativamente menores no grupo com fratura. Embora

realizado com um número muito restrito de pacientes, este estudo mostrou

haver poder discriminatório da UOC também para fraturas não-axiais. Pinheiro

et al9 realizaram estudo transversal com 275 mulheres brancas na pós

menopausa na cidade de SP/SP, e também observaram habilidade a UOC em

diferenciar paciente com história de fraturas osteoporóticas prévias, além de

demonstrar que este poder é semelhante ao da densitometria óssea. Apesar

destes estudos9,16 terem sido realizados com diferentes dispositivos UOC,

todos mostraram haver possibilidade de discriminação de grupos com fratura. A

UOC parece também possuir bom poder de discriminação para fraturas por

fragilidade em outros sítios além da coluna e do quadril17.

A associação entre UOC alterado e mortalidade já foi descrito por

Pinheiro et al9 em estudo com mulheres brasileiras. Após acompanhamento

prospectivo, os autores observaram que a redução de 1 DP no SI associou-se

a aumento de risco de nova fratura e de mortalidade por causas diversas.

Sendo assim, além da alta prevalência de mulheres com exames alterados no

nosso estudo poder estar associada à alta mortalidade, o fato da relação

cintura/quadril ser superior a 0,90 também auxiliaria no aumento de risco de

mortalidade por doença cardiovascular.

87

Um grande número de fatores clínicos pode estar associado a aumento

de risco de fraturas e devem ser identificados, principalmente aqueles que

podem ser reversíveis e passiveis de identificação e aplicação de estratégias

de controle, mesmo sem a realização da densitometria18. Nosso estudo

encontrou associação entre menor IMC e UOC alterada, e história prévia de

fraturas e UOC da faixa de maior risco. O IMC baixo e a história prévia de

fraturas já foram descritos previamente associados a aumento de risco de

fraturas, sendo que este risco praticamente dobra na presença de fratura já

instalada18. O que nos surpreendeu foi não haver semelhança nos riscos entre

o grupo com UOC < -1,0 e <-2,5 quanto a esses fatores, fato talvez explicado

pelo n pequeno.

Outro fator bastante significativo observado neste estudo foi a referência

ao baixo consumo de cálcio alimentar. Para fins de análise, dividimos a

população em dois grupos pela ingesta, porém não houve referencia de

consumo superior a 600 mg/dia por nenhuma participante. Este fato é muito

preocupante, já que o cálcio tem papel central na resistência óssea e a quantia

mínima preconizada para idosos é de 1200 mg/dia19. O baixo consumo de

cálcio dentre pessoas idosas já foi reportado anteriormente em estudos

nacionais20,21 e internacionais22,23.

Estudos econômicos procuram avaliar o custo-efetividade do

rastreamento e tratamento da osteoporose/fraturas na população. Estudos

internacionais recentes24,25 destacam a importância da avaliação do risco

relativo para fratura e do ganho em anos de qualidade de vida para a tomada

da decisão terapêutica. King et al26, utilizaram–se de um modelo teórico para

estimar incidência de fraturas e custos em mulheres acima de 65 anos durante

88

3 anos, e concluíram que o aumento do diagnóstico de osteoporose e a adoção

de intervenções direcionadas para mulheres com risco elevado para fraturas

poderia reduzir sensivelmente os gastos, que são maiores com a complicação

já instalada.

No Brasil, Silva27, construiu alguns modelos teóricos (árvore de decisão)

com as variáveis: realização de densitometria ou não versus terapêutica

(alendronato, terapia de reposição homonal ou cálcio+vitamina D) baseada nos

dados do Sistema Único de Saúde (SUS) disponível na ocasião. Concluiu que

a adoção de quaisquer umas destas medidas seria questionável, pois o custo

incremental da avaliação e terapêutica superava o custo do tratamento da

fratura em si. Para a construção deste modelo, a autora baseou-se nos

escassos dados existentes no país, e no total de notificações de internação por

fratura de fêmur e custos da tabela do SUS. Logo, consideramos que

provavelmente este modelo subestimou o quadro real por que: a) não levou em

conta outros tipos de fratura que seriam evitadas e sua morbimortalidade e

impacto sobre qualidade de vida; b) considerou apenas os registros do SUS,

onde 40% das internações para tratamento são provenientes dos estados de

SP e RJ, não levando-se em conta outros estados com maior incidência de

complicações e os casos de fratura que não conseguem atendimento

hospitalar; c) não avaliou o impacto sobre a qualidade de vida e mortalidade

dos indivíduos acometidos; d) não avaliou os custos familiares diretos e

indiretos (necessidade de cuidador, analgésicos, etc...); e) análise de custo foi

baseada na tabela SUS que não condiz com os valores reais da

internação/tratamento.

89

Concluindo, nosso estudo mostrou haver alta prevalência de risco para

fraturas estimado pela UOC em mulheres com idade acima de 60 anos, sendo

superior a outros estudos nacionais. Além disso, demonstrou associação entre

o resultado alterado do exame com a história prévia de fraturas e

antropometria. Isso mostra a necessidade de políticas públicas adaptáveis para

cada região e de métodos de rastreio mais rápidos e efetivos. Como a meta do

tratamento de osteoporose é a prevenção das fraturas, sugerimos a utilização

da UOC, associada ou não a fatores clínicos, para a seleção de população de

risco para fraturas para início de terapêutica apropriada como uma forma de

rastreamento mais barata e ágil em regiões carentes ou de difícil acesso,

independente da realização da densitometria óssea.

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3.4 - Artigo 4: O uso da ultra-sonometria óssea de calcâneo Sonost

2000 para rastreamento de fraturas vertebrais assintomáticas em

mulheres brasileiras / The use of ultrasonometry of the calcaneus sonost

2000 for screening of vertebral fracture risk people

Palavras-chave: osteoporose, fraturas, ultrassom, calcâneo, pós-menopausa

Key Words: osteoporosis, fractures, calcaneus, ultrasound, postmenopausal

RESUMO

Introdução e Objetivos: A ultra-sonometria óssea de calcâneo (UOC) é capaz

de estimar o risco para fraturas por fragilidade de forma semelhante a

densitometria óssea. Embora existam muitos dispositivos no mercado, o

Sonost 2000 tem sido amplamente utilizado em campanhas de saúde em

nosso pais, embora não existam dados na literatura que comprovem ou

comparem sua acurácia com os modelos mais amplamente estudados. Este

94

estudo tem por objetivo verificar o poder deste aparelho para discriminar

fraturas vertebrais por fragilidade óssea em uma população de mulheres

brasileiras na pós-menopausa. Metodologia: Foi feito estudo transversal com

149 mulheres brancas menopausadas selecionadas aleatoriamente. Todas

responderam um questionário estruturado sobre história médica, e fizeram

radiografia de coluna (RX) e UOC entre maio e dezembro de 2007.

Resultados: A prevalência de fraturas no RX foi de 49,7% (n=74). De acordo

com o T-score da UOC, 79,9% tinham exame alterado. Mulheres com fratura

radiográfica eram mais idosas e com maior tempo desde menopausa, e

apresentaram menores valores em todos os parâmetros ultra-sonométricos. O

exame apresentou sensibilidade de 87,8% e especificidade de 28% para UOC

alterado, e de 80% e 45% para a maior faixa de risco da UOC,

respectivamente. A AUC foi mais significativa para SOS e BUA. Conclusões:

Nosso estudo mostra boa sensibilidade do Sonost 2000 para rastreamento de

populações femininas acima e 60 anos e propõe a utilização da UOC no

rastreamento de populações de risco.

ABSTRACT

Introduction and objectives: Quantitative ultrasound of the calcaneus (QUC)

is able to estimate the risk for fragility fractures similary to bone densitometry.

Although there are many devices on the world, Sonost 2000 has been widely

used in public health in our country, although there are no published data that

prove or compare its accuracy with those most widely studied. This study aims

to test the power of this machine to discriminate vertebral fractures due to bone

fragility in a population of Brazilian women in post-menopausal. Methods:

95

Cross-sectional study was done with 149 white postmenopausal women were

randomly selected. All answered a structured questionnaire on medical history,

and have spine radiography (RX) and QUC between May and December 2007.

Results: The prevalence of fractures in the RX was 49.7% (n = 74). According

to the T-score of the QUC, 79.9% had abnormal test result. Women with

radiographic fractures were older and with longer time since menopause, and

had lower values in all parameters of QUC.The test had a sensitivity of 87.8%

and specificity of 28%, and 80% and 45% for the largest range of risk of QUC,

respectively. The AUC was more significant for SOS and BUA. Conclusion:

Our study shows good sensitivity of Sonost 2000 machine for screening of

female populations up to 60 years and proposes the use of the QUC in

screening of populations at risk.

CONFLITO DE INTERESSES

Não há.

FONTE DE FINANCIAMENTO

Este estudo recebeu apoio do Laboratório Eli Lilly para sua implementação

através da cessão da máquina de ultrassonometria óssea de calcâneo.

96

INTRODUÇÃO

A osteoporose é um significativo problema de Saúde Pública mundial, e

as taxas de fraturas decorrentes dela estão em crescimento proporcional ao

crescimento da parcela idosa da população. Na América Latina, estima-se um

aumento de 400% entre 1990 e 2050 no número de fraturas de quadril em

indivíduos entre 50 e 64 anos1, e de 700% para indivíduos com mais de 65

anos, com um custo aproximado de 13 bilhões de dólares2. No Brasil, calcula-

se um gasto de 6 milhões de dólares anuais apenas para o tratamento de

fraturas de quadril pelo sistema de saúde suplementar3.

Além do impacto econômico, as fraturas osteoporóticas também têm seu

reflexo sobre a qualidade de vida e a morbimortalidade4,5. A fratura da coluna

vertebral é o tipo mais comum e precoce relacionada à fragilidade óssea por

osteoporose na pós-menopausa. Sua presença aumenta os riscos para outras

fraturas, vertebrais ou não6,7,8. Logo, o rastreamento de grupos de risco

constitui importante estratégia para a sua prevenção primária, minimizando

riscos futuros.

A ultra-sonometria óssea de calcâneo (UOC) vem sendo cada vez mais

utilizada para avaliação de risco de fratura por ser de fácil manuseio, rápida

execução, baixo custo, excelente portabilidade, e por não trazer riscos para o

paciente9. Sua aplicabilidade foi comprovada em diversos estudos clínicos

como sendo similar à densitometria óssea (DO) como preditor de fraturas por

osteoporose4,10,11. A Sociedade Brasileira de Densitometria sugere a utilização

dos resultados da UOC para a identificação de populações de risco para

fraturas12.

97

Diferentes dispositivos de UOC têm sido utilizados para verificação

dessa associação, porem não encontramos nenhum que tenha utilizado o

modelo Sonost 2000, embora diversas campanhas brasileiras de

conscientização sobre riscos e prevenção utilizem este modelo para chamar

atenção da população. Por outro lado, poucos estudos brasileiros se

propuseram a demonstrar a aplicabilidade deste recurso em nosso pais. Sendo

assim, este estudo teve como objetivo verificar o poder do dispositivo de UOC

Sonost 2000 para discriminar fraturas vertebrais em uma população de

mulheres brasileiras na pós-menopausa.

METODOLOGIA

Estudo transversal com 149 mulheres selecionadas por amostragem

aleatória simples de uma população feminina idosa brasileira. A coleta de

dados foi feita por meio de questionário estruturado realizado através de visitas

domiciliares entre os meses de maio e dezembro de 2007 por uma equipe de

estudantes de Medicina previamente treinados. Após o questionário, as

pacientes foram encaminhadas para realização de radiografia de coluna

vertebral (RX) e de UOC.

Os critérios de inclusão foram: sexo feminino; cor branca (auto referida);

idade superior a 60 anos; diagnóstico clínico de menopausa (definido pela

ausência de menstruação por pelo menos 1 ano), residência fixa na cidade de

Chapecó/SC. Os critérios de exclusão foram: história pessoal de doenças que

sabidamente afetam o metabolismo ósseo direta ou indiretamente (como artrite

reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, hiperparatireoidismo, osteogênese

98

imperfecta); neoplasias malignas, exceto carcinoma basocelular de pele,

existência de pino metálico ou edema com cacifo em ambos os pés ou

impossibilidade física de posicionamento dos pés no aparelho de UOC.

Todas participantes responderam a questionário estruturado conciso

composto por dados de história médica. Os dados antropométricos foram

aferidos segundo critérios adotados internacionalmente, com medidas de peso

e altura observando intervalos de 0,1kg e 0,01m, respectivamente. O índice de

massa corporal (IMC) foi calculado pela fórmula peso/altura2 (kg/m2)13.

As medidas ultra-sonométricas foram realizadas com aparelho de UOC

Sonost 2000 (OSTEOSYS CO, Ltda; Coréia) utilizando o pé esquerdo e gel. O

equipamento utiliza a transmissão da onda sonora para fornecer os seguintes

índices que se relacionam às propriedades elásticas do tecido ósseo através

de técnica já amplamente descrita9: velocidade do som (SOS) em m/s,

atenuação do som (BUA) em dB/MHz e índice de qualidade óssea (BQI). Os

resultados são elaborados conforme curva de normalidade fornecida pelo

software a partir do T-score calculado em desvios-padrão (DP) da média dos

resultados em adultos jovens. A calibragem do equipamento foi realizada

diariamente antes do início dos exames. Os resultados do T-score foram

categorizados por faixas de risco em duas formas: normal (>-1,1) ou alterado

(<-1,1); e em baixo (>-1,0), médio (entre -1,1 e -2,4) e alto risco (< -2,5).

A documentação das fraturas axiais foi realizada por RX em perfil, sendo

analisado o segmento de T4 a L5. A aquisição das imagens obedeceu aos

critérios padronizados internacionalmente, e sua avaliação foi realizada com

99

base no método semi-quantitativo14. Para cada vértebra utilizamos avaliação

binária (sim ou não) quanto à presença de fratura,

A significância estatística para a diferença de médias foi avaliada através

de testes paramétricos (teste t), e entre as variáveis categóricas foi avaliada

através de testes Chi-quadrado. A validação (sensibilidade, especificidade) foi

realizada utilizando-se o as categorias do T-score, sendo construída curva

ROC sem ajustes para os parâmetros clínicos. Para análise estatística utilizou-

se o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 17.0.

Todas as mulheres assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido antes de qualquer procedimento. Este estudo obedeceu aos

critérios de ética preconizados pela resolução nº 196/96 do Conselho Nacional

de Saúde do Ministério da Saúde, tendo sido previamente aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Comunitária Regional de

Chapecó (Unochapecó) e registrado sob o número 101/06. Ao final do estudo,

todas participantes receberam copias dos exames realizados para entregarem

aos seus médicos-assistentes para serem avaliados e receber respectivo

tratamento, quando necessário. Aquelas que não tinham acompanhamento

médico regular ou que o desejaram foram atendidas e orientadas pela

pesquisadora principal, sem ônus.

RESULTADOS

Foram avaliadas 149 mulheres, com idade variando entre 60 e 91 anos.

Na analise do RX, 49,7% (n=74) das mulheres tinha no mínimo uma fratura

vertebral assintomática. Na UOC, 79,9% (n=119) apresentavam exame

100

alterado. Comparamos as características gerais e as médias dos parâmetros

da UOC entre pacientes com e sem fraturas de coluna (tabela 1).

Tabela 1: Comparação entre grupos com e sem fratura vertebral quanto

aos parâmetros clínicos e ultra-sonométricos (n=149)

Parâmetros Com fratura

vertebral

Sem fratura

vertebral

p

Nº indivíduos 74 75

Idade (anos) 71,93 ± 6,96 67,54 ± 4,66 0,00

Menarca (anos) 13,78 ± 1,69 13,39 ± 1,94 0,18

Menopausa (anos) 48,60 ± 5,03 49,27 ± 5,79 0,46

Tempo de menopausa

(anos)

24,12 ± 9,58 18,77 ± 8,62 0,00

Peso (kg) 67,08 ± 15,49 68,70 ± 12,06 0,47

Altura (m) 1,55 ± 0,74 1,56 ± 0,60 0,98

IMC (kg/m2) 27,80 ± 5,64 27,90 ± 1,69 0,90

SOS (m/s) 1563,68 ± 35,02 1555,61 ± 165,46 0,68

BUA (dB/MHz) 52,67 ± 22,68 63,75 ± 22,84 0,00

BQI 60,41 ± 23,10 71,31 ± 22,60 0,00

101

Tabela 1: Comparação entre grupos com e sem fratura vertebral quanto

aos parâmetros clínicos e ultra-sonométricos (n=149)

T-score -2,4 ± 1,23 -1,8 ± 1,21 0,00

*n=138; Dados expressos em média ± desvio-padrão. IMC=índice de massa corporal;

SOS=velocidade do som em m/s; BUA=atenuação do som em dB/MHz; BQI=índice de

qualidade óssea.

Dentre as mulheres com fraturas independente do seu grau (n=74), 65

tinham UOC alterada. Desta forma, uma curva ROC foi construída para

analisar a sensibilidade e a especificidade do exame para discriminação de

fraturas vertebrais assintomáticas (figura 1), com taxas de 87,8% e 28%,

respectivamente. A BUA foi o melhor parâmetro da UOC para esta avaliação. A

área abaixo da curva ROC (AUC) foi de 0,637 para BUA, 0,615 para SOS, e

0,28 para BQI. Quando analisado apenas o grupo de maior risco sugerido pelo

T-score da UOC (valores abaixo -2,5), observamos um aumento da

especificidade do exame para 45% à custa de uma discreta queda da

sensibilidade (80%), com AUC de 0,605, 0,621 e 0,616, respectivamente

(dados não demonstrados na figura).

102

Figura 1: Curva ROC para os parâmetros da UOC e fratura vertebral

assintomática

Curva ROC

1 - Specificity

1,00,75,50,250,00

Se

nsi

tivity

1,00

,75

,50

,25

0,00

Reference Line

medida T-score

medida BQI

medida SOS

medida BUA

DISCUSSÃO

Nosso estudo mostrou boa sensibilidade do dispositivo de UOC Sonost

2000 para detecção de fratura vertebral de qualquer grau em mulheres idosas,

embora com uma baixa especificidade. Essa medida foi corrigida quando

comparamos apenas os exames ultra-sonometricos muito alterados quanto a

existência ou não de fraturas, demonstrando um aumento da especificidade à

custa de uma discreta redução na sensibilidade. A BUA e o SOS foram os

melhores parâmetros da UOC para avaliação do risco de fraturas.

Outros estudos brasileiros tentaram validar o uso da UOC para

rastreamento na população nacional. Na cidade de Campinas/SP, Zambrano-

Velho et al 15 realizaram estudo transversal com mulheres idosas para avaliar o

poder discriminatório da UOC quanto à existência de fraturas de quadril e não

103

axiais, e também encontraram significância para todos os parâmetros. Na

cidade de São Paulo/SP, Pinheiro et al11 demonstraram poder discriminatório

da UOC para fraturas vertebrais, sendo que o SI foi o melhor parâmetro de

avaliação (OR=2,8 por DP, IC 2,3-8,7). Apesar destes estudos 11,15 terem sido

realizados com dispositivos de UOC diferentes do utilizado em nosso estudo,

todos mostraram haver possibilidade de discriminação entre grupos com e sem

fratura. Estudos prévios já haviam comparado o poder de precisão de

aparelhos de UOC utilizando diferentes tecnologias para discriminação de

sujeitos fraturados sem demonstrar diferenças significativas entre eles 16,17,.

O poder discriminatório da UOC é variável dentro da literatura

internacional de acordo com a população e sítio de fratura

analisados18,19,20,21,22. Hupio et al22 acompanharam 422 mulheres climatéricas

na Finlândia e observaram 32 casos de fratura, sendo principalmente de punho

(n=9) e tornozelo (n=9), e apenas quatro de coluna vertebral. Os valores de

BUA, SOS e SI foram menores entre o grupo de mulheres com fraturas, e os

valores da AUC encontrados foram semelhantes aos nossos (0,62 para BUA,

0,68 para SOS e 0,67 para SI). A média do T-score para o grupo com fratura foi

de - 1,5 (IC 95% - 1,7 a - 1,2) e para o sem fratura foi de - 1,0 (IC 95% -1,1 a -

0,9), valores abaixo dos descritos em nosso estudo. Logo, poderíamos sugerir

que nossa população com risco aumentado para fraturas é muito superior ao

das mulheres finlandesas, mesmo sabendo que provavelmente exista uma

sobreposição de mulheres com e sem risco aumentado neste grupo.

Frost et al18 avaliaram 342 mulheres inglesas na pós-menopausa com

objetivo de determinar associação entre UOC e fraturas por fragilidade em

sítios diferentes dos tradicionais punho, coluna e quadril. Observaram também

104

que todos parâmetros da UOC eram menores nos grupos com história de

fratura, e a AUC para BUA e fratura de punho e de outros sítios foi de 0,72 e

0,65, respectivamente. Outros estudos referiram AUC semelhantes para BUA e

fraturas vertebrais (0,56)20 e de quadril (0,76)21, próximos ao encontrado em

nosso estudo. Em contraponto, Kung et al 19 avaliaram o uso da UOC para

discriminar fraturas vertebrais sintomáticas em mulheres chinesas e verificaram

que AUC muito superiores ao anteriormente descritos: 0,92 para BUA e 0,95

para SOS e BQI. Valores tão discrepantes podem ser relacionados mais a

diferenças na metodologia do estudo do que nas diferenças entre as

populações.

Estudos prévios já haviam descrito a semelhança entre UOC e DO para

avaliação de risco para fraturas23, 24. Após um seguimento de 2 anos, Hans et

al23 observaram 115 fraturas de quadril por baixo impacto em uma população

de 5662 mulheres com idade média de 80,4 anos. Baixos valores na USO de

calcâneo e na DO foram associados com risco aumentado para fraturas não-

axiais após ajustes, sendo que os parâmetros da UOC mantiveram-se como

preditores após controle para DO. Bauer et al24 também encontraram

associação entre os parâmetros da UOC e da DO e o risco aumentado para

fraturas não-axiais mesmo após ajustes (RR para BUA=1,5; IC 95% 1,0 - 2,1).

Logo, o poder de predição da DO e da UOC são semelhantes.

CONCLUSÕES

Nosso estudo demonstrou alta sensibilidade da UOC para predição de

fraturas vertebrais, que além de serem as mais precocemente relacionadas à

105

fragilidade óssea, aumentam o risco para a ocorrência de novas fraturas, axiais

ou não. A especificidade do mesmo abaixo do desejado não inutiliza sua

indicação, mas delimita seu campo de ação para o rastreamento de

populações. Além disso, se seu resultado apontar maior risco, nosso estudo

mostrou haver maior chance de um resultado positivo para fraturas.

Sendo assim, ratificamos o uso deste tipo de equipamento na pratica

clinica, sendo possível utilizar o resultado das campanhas de saúde que

fizeram uso deste para a adoção de medidas pertinentes para auxilio da

população. Logo, se há evidências que demonstrem que DO e UOC são

preditores independentes para fraturas, não deve haver razão para não se

ratificar a utilização da UOC para rastreamento populacional na prática clínica.

A adoção desta prática pode propiciar uma maior abrangência das políticas de

prevenção à saúde do idoso, já que a UOC tem fácil manuseio e pode ser

transportada entre as diversas unidades de saúde para a execução do exame

enquanto os aparelhos de DO são estáticos e de maior custo. Estudos

adicionais são necessários para avaliar o impacto do rastreamento e

tratamento precoces destas populações sobre o sistema de saúde e a

qualidade de vida do individuo.

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109

Capítulo IV- Considerações Finais

A prevalência de osteoporose vem aumentando nas últimas décadas,

tornando-se um dos grandes problemas de Saúde Pública no mundo. Como a

doença atinge principalmente mulheres e envolve diversos setores da

medicina, seu diagnóstico e tratamento podem ser realizados por profissionais

de diversas áreas. Porém, freqüentemente o ginecologista é o único médico

visitado rotineiramente, sendo sua atualização nesta área imprescindível.

Sendo assim, o primeiro artigo teve por finalidade fazer uma avaliação e

atualização das posições oficiais da ISCD no ano de 2008 sobre o diagnóstico

da osteoporose em mulheres. Ratifica o uso da densitometria óssea como

padrão-ouro para o diagnóstico sendo necessária análise de pelo menos dois

sítios (coluna lombar e/ou fêmur e/ou radio 33%). O documento oficial completo

abrange diversos pontos relacionados à realização e interpretação da DO.

Quanto às indicações para realização do exame não houve modificações entre

as recomendações de 2003 e 2005. Por outro lado, para o diagnóstico ficou

estabelecido que para mulheres menopausadas mantém-se a referência do T-

score < -2,5, mas para mulheres na pré-menopausa ou com idade inferior a 20

anos deve-se utilizar o Z-score com ponto de corte em -2,0 (“abaixo do

esperado para a faixa etária” ou “dentro do esperado para a faixa etária”).

Termos como “osteopenia” e “osteoporose” não devem ser utilizados para

mulheres nesta fase. Também se estabeleceu a necessidade de que cada

Serviço de Radiologia calcule o LSC para cada aparelho para a utilização de

exames seriados (finalidade de monitorar a resposta a um tratamento instituído

110

ou determinar se uma terapia deve ser iniciada). Sendo assim, orienta-se

realizar exames para este fim sempre no mesmo Serviço.

O segundo artigo discorre sobre a prevalência de fraturas vertebrais e

fatores de risco na população residente em Chapecó/SC. Por ser uma cidade

localizada no sul do Brasil, de origem essencialmente européia, e sem dados

epidemiológicos precisos, acreditava-se que essa taxa fosse superior ao

encontrado no restante do país. Essa etapa do estudo, desenvolvida em 2007

com delineamento transversal e seleção por amostragem aleatória

estratificada, incluiu 186 das 234 mulheres brancas com idade acima de 60

anos inicialmente selecionadas. Destas, 48,9% tinham fraturas vertebrais

assintomáticas, com maiores prevalências em T11-12 e L4-5. Na análise

multivariada, o sedentarismo e a idade foram fatores de risco para fratura.

Devido a alta prevalência e o risco aumentado em 20% para a ocorrência de

nova fratura vertebral (Lindsay et al, 2001), de fratura de quadril ou de

antebraço (Naves et al, 2003) sugerimos a realização de RX de coluna para

mulheres idosas para rastreamento e prevenção de agravos por ser um método

simples e de fácil implementação a curto prazo.

No terceiro artigo abordamos a relação entre a ultra-sonometria óssea

de calcâneo e o risco de fraturas nesta mesma população. Porém, foram

estudadas 168 mulheres por ser o contingente submetido a UOC. Destas, 81%

tinha exame alterado, sendo 41% consideradas de maior risco. As mulheres

com exames alterados tinham menores peso, altura e IMC, e tinham menores

valores de SOS, BUA, BQI e T-score. Após ajuste, o IMC manteve significância

para UOC alterada (T-secore < -1,0), e a historia previa de fraturas para UOC

da faixa de maior risco (T-score < -2,5). Assim como a prevalência de fratura

111

vertebral demonstrada no artigo 2, nossa prevalência de risco para fraturas

utilizando-se a UOC também foi alta e superior ao de outros estudos

brasileiros.

No último artigo abordamos o uso do aparelho de UOC Sonost 2000

para rastreamento de fraturas vertebrais assintomáticas em mulheres

brasileiras. Escolhemos esta abordagem porque embora existam muitos

dispositivos no mercado e estudos prévios demonstrando a mesma habilidade

discriminatória entre diferentes modelos (Greenspan et al, 1997; Hans et al,

2003; Njeh et al 2000), este tem sido amplamente utilizado em campanhas de

saúde em nosso país sem que existam dados na literatura que comprovem ou

comparem sua acurácia com os modelos mais amplamente estudados. Da

população inicial, selecionamos aleatoriamente 149 mulheres que realizaram

os dois exames (UOC e RX). O exame apresentou sensibilidade de 87,8% e

especificidade de 28% para UOC alterado, e de 80% e 45% para a maior faixa

de risco da UOC, respectivamente. A AUC foi mais significativa para SOS e

BUA. Devido a boa sensibilidade do Sonost 2000 para rastreamento de

populações femininas acima e 60 anos, propusemos sua utilização como

alternativa no rastreamento de populações de risco.

112

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107. Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Agricultura do Município de Chapecó. Banco de Dados. Boletim Informativo, 2004.

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114. Tosteson ANA, Melton 3 rd LJ, Dawson-Hughes B, Baim S, Favus

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117. Zambrano-Velho LAZ, Bellangero W, Bahamondes L. Avaliação

quantitativa ultra-sonográfica do calcâneo permite diferenciar mulheres com e sem fraturas ósseas recentes. Rev Assoc Med Bras 2007; 53(3): 229-33.

125

ANEXOS E APÊNDICES

126

ANEXOS

127

ANEXO 1: Folha de rostro de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

128

ANEXO 2: Autorização para utilização da área das UBS

129

ANEXO 3: Artigo publicado

130

ANEXO 4: Normas dos periódicos para os quais os artigos foram enviados

A 4.1 Cadernos Saúde Pública

Forma e preparação de manuscritos

Recomendamos aos autores a leitura atenta das instruções

abaixo antes de submeterem seus artigos a Cadernos de Saúde

Pública.

1. CSP aceita trabalhos para as seguintes seções:

1.1 Revisão - revisão crítica da literatura sobre temas

pertinentes à saúde pública (máximo de 8.000 palavras e 5

ilustrações);

1.2 Artigos - resultado de pesquisa de natureza empírica,

experimental ou conceitual (máximo de 6.000 palavras e 5

ilustrações);

1.3 Notas - nota prévia, relatando resultados parciais ou

preliminares de pesquisa (máximo de 1.700 palavras e 3

ilustrações);

1.4 Resenhas - resenha crítica de livro relacionado ao campo

temático de CSP, publicado nos últimos dois anos (máximo de

1.200 palavras);

1.5 Cartas - crítica a artigo publicado em fascículo anterior de

CSP (máximo de 1.200 palavras e 1 ilustração);

1.6 Debate - artigo teórico que se faz acompanhar de cartas

críticas assinadas por autores de diferentes instituições,

convidados pelo Editor, seguidas de resposta do autor do artigo

principal (máximo de 6.000 palavras e 5 ilustrações);

1.7 Fórum - seção destinada à publicação de 2 a 3 artigos

coordenados entre si, de diferentes autores, e versando sobre

131

tema de interesse atual (máximo de 12.000 palavras no total). Os

interessados em submeter trabalhos para essa seção devem

consultar o Conselho Editorial.

2. Normas para envio de artigos

2.1 CSP publica somente artigos inéditos e originais, e que não

estejam em avaliação em nenhum outro periódico

simultaneamente. Os autores devem declarar essas condições

no processo de submissão. Caso seja identificada a publicação

ou submissão simultânea em outro periódico o artigo será

desconsiderado. A submissão simultânea de um artigo científico

a mais de um periódico constitui grave falta de ética do autor.

2.2 Serão aceitas contribuições em português, espanhol ou

inglês.

2.3 Notas de rodapé e anexos não serão aceitos.

2.4 A contagem de palavras inclui o corpo do texto e as

referências bibliográficas, conforme item 12.13.

3. Publicação de ensaios clínicos

3.1 Artigos que apresentem resultados parciais ou integrais de

ensaios clínicos devem obrigatoriamente ser acompanhados do

número e entidade de registro do ensaio clínico.

3.2 Essa exigência está de acordo com a recomendação da

BIREME/OPAS/OMS sobre o Registro de Ensaios Clínicos a

serem publicados a partir de orientações da Organização

Mundial da Saúde - OMS, do International Committee of Medical

Journal Editors (www.icmje.org) e do Workshop ICTPR.

3.3 As entidades que registram ensaios clínicos segundo os

critérios do ICMJE são:

a) Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR)

b) ClinicalTrials.gov

c) International Standard Randomised Controlled Trial Number

132

(ISRCTN)

d) Nederlands Trial Register (NTR)

e) UMIN Clinical Trials Registry (UMIN-CTR)

f) WHO International Clinical Trials Registry Platform (ICTRP)

4. Fontes de financiamento

4.1 Os autores devem declarar todas as fontes de financiamento

ou suporte, institucional ou privado, para a realização do estudo.

4.2 Fornecedores de materiais ou equipamentos, gratuitos ou

com descontos, também devem ser descritos como fontes de

financiamento, incluindo a origem (cidade, estado e país).

4.3 No caso de estudos realizados sem recursos financeiros

institucionais e/ou privados, os autores devem declarar que a

pesquisa não recebeu financiamento para a sua realização.

5. Conflito de interesses

5.1 Os autores devem informar qualquer potencial conflito de

interesse, incluindo interesses políticos e/ou financeiros

associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais

e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos

fabricantes.

6. Colaboradores

6.1 Devem ser especificadas quais foram as contribuições

individuais de cada autor na elaboração do artigo.

6.2 Lembramos que os critérios de autoria devem basear-se nas

deliberações do International Committee of Medical Journal

Editors, que determina o seguinte: o reconhecimento da autoria

deve estar baseado em contribuição substancial relacionada aos

seguintes aspectos: 1. Concepção e projeto ou análise e

interpretação dos dados; 2. Redação do artigo ou revisão crítica

relevante do conteúdo intelectual; 3. Aprovação final da versão a

133

ser publicada. Essas três condições devem ser integralmente

atendidas.

7. Agradecimentos

7.1 Possíveis menções em agradecimentos incluem instituições

que de alguma forma possibilitaram a realização da pesquisa

e/ou pessoas que colaboraram com o estudo mas que não

preencheram os critérios para serem co-autores.

8. Referências

8.1 As referências devem ser numeradas de forma consecutiva

de acordo com a ordem em que forem sendo citadas no texto.

Devem ser identificadas por números arábicos sobrescritos (Ex.:

Silva1). As referências citadas somente em tabelas e figuras

devem ser numeradas a partir do número da última referência

citada no texto. As referências citadas deverão ser listadas ao

final do artigo, em ordem numérica, seguindo as normas gerais

dos Requisitos Uniformes para Manuscritos Apresentados a

Periódicos Biomédicos (http://www.nlm.nih.gov/citingmedicine/).

8.2 Todas as referências devem ser apresentadas de modo

correto e completo. A veracidade das informações contidas na

lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es).

8.3 No caso de usar algum software de gerenciamento de

referências bibliográficas (Ex. EndNote ®), o(s) autor(es)

deverá(ão) converter as referências para texto.

9. Nomenclatura

9.1 Devem ser observadas as regras de nomenclatura zoológica

e botânica, assim como abreviaturas e convenções adotadas em

disciplinas especializadas.

10. Ética em pesquisas envolvendo seres humanos

134

10.1 A publicação de artigos que trazem resultados de pesquisas

envolvendo seres humanos está condicionada ao cumprimento

dos princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (1964,

reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000), da World

Medical Association.

10.2 Além disso, deve ser observado o atendimento a

legislações específicas (quando houver) do país no qual a

pesquisa foi realizada.

10.3 Artigos que apresentem resultados de pesquisas

envolvendo seres humanos deverão conter uma clara afirmação

deste cumprimento (tal afirmação deverá constituir o último

parágrafo da seção Metodologia do artigo).

10.4 Após a aceitação do trabalho para publicação, todos os

autores deverão assinar um formulário, a ser fornecido pela

Secretaria Editorial de CSP, indicando o cumprimento integral de

princípios éticos e legislações específicas.

10.5 O Conselho Editorial de CSP se reserva o direito de solicitar

informações adicionais sobre os procedimentos éticos

executados na pesquisa.

11. Processo de submissão online

11.1 Os artigos devem ser submetidos eletronicamente por meio

do sítio do Sistema de Avaliação e Gerenciamento de Artigos

(SAGAS), disponível em http://www.ensp.fiocruz.br/csp/.

Outras formas de submissão não serão aceitas. As instruções

completas para a submissão são apresentadas a seguir. No caso

de dúvidas, entre em contado com o suporte sistema SAGAS

pelo e-mail: [email protected].

11.2 Inicialmente o autor deve entrar no sistema SAGAS. Em

seguida, inserir o nome do usuário e senha para ir à área restrita

de gerenciamento de artigos. Novos usuários do sistema SAGAS

devem realizar o cadastro em "Cadastre-se" na página inicial.

Em caso de esquecimento de sua senha, solicite o envio

135

automático da mesma em "Esqueceu sua senha? Clique aqui".

11.3 Para novos usuários do sistema SAGAS. Após clicar em

"Cadastre-se" você será direcionado para o cadastro no sistema

SAGAS. Digite seu nome, endereço, e-mail, telefone, instituição.

12. Envio do artigo

12.1 A submissão online é feita na área restrita do Sistema de

Avaliação e Gerenciamento de Artigos (SAGAS). O autor deve

acessar a "Central de Autor" e selecionar o link "Submeta um

novo artigo".

12.2 A primeira etapa do processo de submissão consiste na

verificação às normas de publicação de CSP.

O artigo somente será avaliado pela Secretaria Editorial de CSP

se cumprir todas as normas de publicação.

12.3 Na segunda etapa são inseridos os dados referentes ao

artigo: título, título corrido, área de concentração, palavras-

chave, informações sobre financiamento e conflito de interesses,

resumo, abstract e agradecimentos, quando necessário. Se

desejar, o autor pode sugerir potenciais consultores (nome, e-

mail e instituição) que ele julgue capaz de avaliar o artigo.

12.4 O título completo (no idioma original e em inglês) deve ser

conciso e informativo, com no máximo 150 caracteres com

espaços.

12.5 O título corrido poderá ter máximo de 70 caracteres com

espaços.

12.6 As palavras-chave (mínimo de 3 e máximo de 5 no idioma

original do artigo) devem constar na base da Biblioteca Virtual

em Saúde (BVS), disponível: http://decs.bvs.br/.

12.7 Resumo. Com exceção das contribuições enviadas às

seções Resenha ou Cartas, todos os artigos submetidos em

português ou espanhol deverão ter resumo na língua principal e

em inglês. Os artigos submetidos em inglês deverão vir

acompanhados de resumo em português ou em espanhol, além

136

do abstract em inglês. O resumo pode ter no máximo 1100

caracteres com espaço.

12.8 Agradecimentos. Possíveis agradecimentos às instituições

e/ou pessoas poderão ter no máximo 500 caracteres com

espaço.

12.9 Na terceira etapa são incluídos o(s) nome(s) do(s) autor(es)

do artigo, respectiva(s) instituição(ões) por extenso, com

endereço completo, telefone e e-mail, bem como a colaboração

de cada um. O autor que cadastrar o artigo automaticamente

será incluído como autor de artigo. A ordem dos nomes dos

autores deve ser a mesma da publicação.

12.10 Na quarta etapa é feita a transferência do arquivo com o

corpo do texto e as referências.

12.11 O arquivo com o texto do artigo deve estar nos formatos

DOC (Microsoft Word), RTF (Rich Text Format) ou ODT (Open

Document Text) e não deve ultrapassar 1 MB.

12.12 O texto deve ser apresentado em espaço 1,5cm, fonte

Times New Roman, tamanho 12.

12.13 O arquivo com o texto deve conter somente o corpo do

artigo e as referências bibliográficas. Os seguintes itens deverão

ser inseridos em campos à parte durante o processo de

submissão: resumo e abstract; nome(s) do(s) autor(es), afiliação

ou qualquer outra informação que identifique o(s) autor(es);

agradecimentos e colaborações; ilustrações (fotografias,

fluxogramas, mapas, gráficos e tabelas).

12.14 Na quinta etapa são transferidos os arquivos das

ilustrações do artigo (fotografias, fluxogramas, mapas, gráficos e

tabelas), quando necessário. Cada ilustração deve ser enviada

em arquivo separado clicando em "Transferir".

12.15 Ilustrações. O número de ilustrações deve ser mantido ao

mínimo, conforme especificado no item 1 (fotografias,

fluxogramas, mapas, gráficos e tabelas).

12.16 Os autores deverão arcar com os custos referentes ao

137

material ilustrativo que ultrapasse o limite e também com os

custos adicionais para publicação de figuras em cores.

12.17 Os autores devem obter autorização, por escrito, dos

detentores dos direitos de reprodução de ilustrações que já

tenham sido publicadas anteriormente.

12.18 Tabelas. As tabelas podem ter 17cm de largura,

considerando fonte de tamanho 9. Devem ser submetidas em

arquivo de texto: DOC (Microsoft Word), RTF (Rich Text Format)

ou ODT (Open Document Text). As tabelas devem ser

numeradas (números arábicos) de acordo com a ordem em que

aparecem no texto.

12.19 Figuras. Os seguintes tipos de figuras serão aceitos por

CSP: Mapas, Gráficos, Imagens de satélite, Fotografias e

Organogramas, e Fluxogramas.

12.20 Os mapas devem ser submetidos em formato vetorial e

são aceitos nos seguintes tipos de arquivo: WMF (Windows

MetaFile), EPS (Encapsuled PostScript) ou SVG (Scalable

Vectorial Graphics). Nota: os mapas gerados originalmente em

formato de imagem e depois exportados para o formato vetorial

não serão aceitos.

12.21 Os gráficos devem ser submetidos em formato vetorial e

serão aceitos nos seguintes tipos de arquivo: XLS (Microsoft

Excel), ODS (Open Document Spreadsheet), WMF (Windows

MetaFile), EPS (Encapsuled PostScript) ou SVG (Scalable

Vectorial Graphics).

12.22 As imagens de satélite e fotografias devem ser submetidas

nos seguintes tipos de arquivo: TIFF (Tagged Image File Format)

ou BMP (Bitmap). A resolução mínima deve ser de 300dpi

(pontos por polegada), com tamanho mínimo de 17,5cm de

largura.

12.23 Os organogramas e fluxogramas devem ser submetidos

em arquivo de texto ou em formato vetorial e são aceitos nos

seguintes tipos de arquivo: DOC (Microsoft Word), RTF (Rich

138

Text Format), ODT (Open Document Text), WMF (Windows

MetaFile), EPS (Encapsuled PostScript) ou SVG (Scalable

Vectorial Graphics).

12.24 As figuras devem ser numeradas (números arábicos) de

acordo com a ordem em que aparecem no texto.

12.25 Títulos e legendas de figuras devem ser apresentados em

arquivo de texto separado dos arquivos das figuras.

12.26 Formato vetorial. O desenho vetorial é originado a partir de

descrições geométricas de formas e normalmente é composto

por curvas, elipses, polígonos, texto, entre outros elementos, isto

é, utilizam vetores matemáticos para sua descrição.

12.27 Finalização da submissão. Ao concluir o processo de

transferência de todos os arquivos, clique em "Finalizar

Submissão".

12.28 Confirmação da submissão. Após a finalização da

submissão o autor receberá uma mensagem por e-mail

confirmando o recebimento do artigo pelos CSP. Caso não

receba o e-mail de confirmação dentro de 24 horas, entre em

contato com a secretaria editorial de CSP por meio do e-mail:

[email protected].

13. Acompanhamento do processo de avaliação do artigo

13.1 O autor poderá acompanhar o fluxo editorial do artigo pelo

sistema SAGAS. As decisões sobre o artigo serão comunicadas

por e-mail e disponibilizadas no sistema SAGAS.

13.2 O contato com a Secretaria Editorial de CSP deverá ser

feito através do sistema SAGAS.

14. Envio de novas versões do artigo

14.1 Novas versões do artigo devem ser encaminhadas usando-

se a área restrita do sistema SAGAS, acessando o artigo e

utilizando o link "Submeter nova versão".

139

15. Prova de prelo

15.1 Após a aprovação do artigo, a prova de prelo será enviada

para o autor de correspondência por e-mail. Para visualizar a

prova do artigo será necessário o programa Adobe Reader ®.

Esse programa pode ser instalado gratuitamente pelo site:

http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html.

15.2 A prova de prelo revisada e as declarações devidamente

assinadas deverão ser encaminhadas para a secretaria editorial

de CSP por e-mail ([email protected]) ou por fax

+55(21)2598-2514 dentro do prazo de 72 horas após seu

recebimento pelo autor de correspondência.

STATUS ATUAL

140

A.2 Revista Brasileira de Medicina

Normas de publicação

1. Serão publicados artigos originais, notas prévias, relatórios, artigos de

revisão e de atualização em língua portuguesa ou inglesa, devendo a ortografia

portuguesa seguir a oficial. Poderão ser republicados artigos em condições

especiais.

2. Os trabalhos em língua portuguesa devem vir acompanhados, pelo menos,

por um título, título em inglês, unitermos, key words e um resumo em língua

inglesa para fins de cadastramento internacional. Resumos em outras línguas

poderão ser anexados também, a critério do autor.

3. Os trabalhos recebidos pelo Editor serão analisados com a Assessoria do

Conselho Editorial. Pequenas alterações de "copy desk" poderão ser efetivadas

com a finalidade de padronizar os artigos, sem importarem em mudanças

substanciais em relação ao texto original.

4. Os trabalhos devem ser encaminhados em disquetes e em duas vias

impressas. O processador de texto utilizado deve ser qualquer programa

compatível com Windows (Word, Write etc.). Deve ser assinalado no disquete

qual o programa empregado e o nome do arquivo correspondente ao trabalho.

5. O trabalho deverá ter, obrigatoriamente:

a) título (com tradução para o inglês);

b) nome completo dos autores;

c) citação do local (endereço completo) onde fora realizado o trabalho;

d) títulos completos dos autores;

e) unitermos (ou "palavras-chave") em português e inglês;

141

f) resumo do trabalho em português, sem exceder um limite de 250 palavras.

Deverá conter, quando tratar-se de artigo original, objetivo, métodos, resultados

e conclusão;

g) introdução;

h) material ou casuística e método ou descrição do caso;

i) resultados;

j) discussão e/ou comentários (quando couber);

l) conclusões (quando couber);

m) summary (resumo em língua inglesa), consistindo na correta versão do

resumo, não excedendo 250 palavras;

n) referências bibliográficas (como citados a seguir no item 8) em ordem

alfabética;

o) as ilustrações anexas devem seguir regulamentação apropriada, descrita no

item 7.

6. Caberá ao Editor julgar textos demasiadamente longos, suprimindo – na

medida do possível e sem cortar trechos essenciais à compreensão – termos,

frases e parágrafos dispensáveis ao correto entendimento do assunto. O

mesmo se aplica às tabelas excessivamente extensas, que possam ser

consideradas parcial ou totalmente dispensáveis.

Em trabalhos prospectivos, envolvendo seres humanos, é considerada

fundamental a aprovação prévia por um Comitê de Ética, devendo o trabalho

seguir as recomendações da Declaração de Helsinki. Os pacientes devem ter

concordado com sua participação no estudo.

7. Ilustrações: constam de figuras e gráficos, referidos em números arábicos

(exemplo: Fig. 3, Gráfico 7), sob a forma de desenhos a nanquim, fotografias

ou traçados (ECG etc.). Se forem "escaneadas", deverão ser enviadas em

142

formato .tif ou .jpg e ter, no mínimo, 270 dpi de resolução. Quando possível

deverão ser enviadas em forma original. Somente serão aceitas as ilustrações

que permitirem boa reprodução. Não devem ser coladas no meio do texto do

artigo e sim em folhas anexas com as respectivas legendas datilografadas na

parte inferior da mesma (uma folha para cada ilustração). Deve tomar-se o

cuidado de numerar cada ilustração no verso da mesma e indicar o correto

lugar onde deve ser inserida. Tabelas e quadros serão referidos em números

arábicos, constando sempre o respectivo título, de maneira precisa. As tabelas

e quadros dispensam sua descrição no texto e têm a finalidade de resumir o

artigo. As unidades utilizadas para exprimir os resultados (m, g, g/100, ml etc.)

figurarão no alto de cada coluna. Caberá ao Editor julgar o excesso de

ilustrações (figuras, quadros, gráficos, tabelas etc.), suprimindo as

redundantes.

8. As referências bibliográficas devem seguir a ordem de aparecimento no

texto. Utilizar o estilo e formato baseados nos usados pela Biblioteca Nacional

de Medicina dos Estados Unidos no Index Medicus (de acordo com o estilo

Vancouver – COMITÊ INTERNACIONAL DE EDITORES DE PERIÓDICOS

MÉDICOS).

a) Artigo de revista - sobrenomes e iniciais de todos os autores (de sete ou

mais, apenas os três primeiros, seguidos de et al.) - Título do artigo. Nome da

revista abreviada Ano; Volume: página inicial-página final.

Vega KJ, Pina I, Krevsky B. - Heart transplantation is associed with an

increased risk for pancreatobiliary disease. Ann Intern Med 1996;124:980-3.

b) Para citação de outras fontes de referência, consultar os Requisitos

Uniformes para Manuscritos submetidos a Periódicos Médicos. New Engl J

Med 1997; 336(4):309-15.

9. Os nomes de medicamentos citados no texto (nomes de fantasia, oficiais,

patenteados, químicos e siglas de pesquisa) devem obedecer à

regulamentação correspondente da Organização Mundial da Saúde.

143

10. De acordo com a resolução 1.595 do Conselho Federal de Medicina, os

autores devem declarar os agentes financeiros que patrocinam suas pesquisas,

como agências financiadoras, laboratórios farmacêuticos etc.

11. Os autores receberão exemplares da edição em que seu trabalho foi

publicado (a título de separatas), que lhes serão enviados diretamente ao local

em que o trabalho fora realizado. Separatas deverão ser encomendadas e

previamente combinadas com a Direção Comercial.

12. Os trabalhos que não se enquadrem nas normas acima ou que não se

adequem às necessidades editoriais da revista poderão ser reencaminhados

aos autores para que procedam às necessárias adaptações que serão

indicadas em carta pessoal do Editor.

Serão citadas as datas do recebimento do trabalho e aprovação do mesmo

para publicação, a fim de salvaguardar os interesses de prioridade do autor. No

caso de reencaminhamento do trabalho para adaptação às nossas normas de

publicação, a data citada de recebimento será sempre a do primeiro

encaminhamento do trabalho.

STATUS ATUAL

144

ANEXO 5: Esquema visual de graduação para deformidade vertebral utilizado para avaliação radiológica

145

APÊNDICES

146

APÊNDICE 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto de Pesquisa: A EPIDEMIOLOGIA DAS FRATURAS POR FRAGILIDADE ÓSSEA EM UMA POPULAÇÃO DE MULHERES BRASILEIRAS NA PÓS-MENOPAUSA RESIDENTES NA CIDADE DE CHAPECÓ/SC

Pesquisador responsável: Patrícia Pereira de Oliveira Instituição responsável: Unochapecó-Medicina

A osteoporose é uma doença que se caracteriza pela diminuição da resistência do osso tornando-o mais frágil. Essa fragilidade aumenta o risco da pessoa que tem osteoporose de ter fraturas mesmo com atividades comuns, como tossir ou espirrar. O objetivo principal do nosso estudo é determinar a ocorrência de fraturas relacionadas à fragilidade óssea em uma população de mulheres brasileiras na pós-menopausa com um acompanhamento mínimo de 24 meses.

Você não é obrigada a participar. Mas se quiser você terá que responder a um questionário e realizar um exame físico simples. Será realizado um exame chamado ultra-sonometria que é um exame rápido (demora cerca de 1 minuto), fácil (é só colocar gel em seu pé que estará cima de uma prancha com um aparelhinho de cada lado, em cima da pele), e sem risco para a saúde (não tem radiação). Você também terá a oportunidade de fazer uma radiografia de coluna para avaliar alguma fratura, mesmo que você não tenha percebido nenhuma alteração.

Para participar você não terá que pagar nada. O resultado será fornecido apenas a você; ninguém mais saberá. Se por acaso os exames estiverem alterados, você receberá instruções individualmente, suas dúvidas serão esclarecidas e você deverá continuar acompanhamento com seu médico assistente. Se você não quiser participar não será submetida a nenhum constrangimento físico ou moral, e seu atendimento no posto de saúde não será prejudicado. O resultado de toda a pesquisa será divulgada e através de artigos científicos em revistas, encontros, congressos ou similares, sem a divulgação dos nomes de quem participou.

Eu,________________________________________________________________________, fui informada dos objetivos e da justificativa deste trabalho, de forma clara e detalhada. Recebi informações específicas sobre cada procedimento no qual estarei envolvida, dos desconfortos e riscos previstos, tanto quanto dos benefícios esperados. Todas as minhas dúvidas foram respondidas com clareza e sei que poderei solicitar novos esclarecimentos a qualquer momento. Além disso, sei que novas informações obtidas durante o estudo me serão fornecidas e que terei liberdade de retirar meu consentimento de participação face a estas informações, sem prejuízo para mim.

O pesquisador responsável pelo Projeto é a Drª Patrícia Pereira de Oliveira.

Assinatura da paciente:__________________________________________________

RG ou CPF: ___________________________________________________________

Assinatura da pesquisadora:______________________________________________

Data: ________________, _______de ___________ de ________.

147

APÊNDICE 2: Instrumento de coleta - EVOS (EUROPEAN VERTEBRAL

OSTEOPOROSIS STUDY)

Data: ___/___/___

Nome:___________________________________________________________

Endereço:________________________________________________________

Fone: _____________ Data de nascimento: ___/___/___ RG: _________

1- Dados antropométricos:

Peso (Kg): , Altura (m): , IMC: ,

2- Dados Ginecológicos:

Idade da primeira menstruação ? anos

Você já usou pílula anticoncepcional por mais de 3 meses ?

sim não não sei

Você já ficou algum período em sua vida sem menstruar antes da menopausa (exceto, se gravidez) ? sim não não sei

Idade da última menstruação ? anos

Número de filhos:

Você fez cirurgia para retirar o útero ? sim com Idade ____ (anos)

não não sei

E, para retirar os ovários (um ou os dois)? sim co Idade ___ (anos)

não não sei

Você fez reposição hormonal após a menopausa ? sim não não sei

Se sim, quando iniciado, o período foi superior a 1 ano ? sim não não sei

Você notou os seguintes sintomas na menopausa:

calores sim não não sei

depressão sim não não sei

insônia sim não não sei

outros sim não não sei

148

Você amamentou ? sim não não sei

Se sim, quantas crianças você amamentou por mais que 3 meses:

3- Dados familiares :

Em sua família (pai, mãe, irmãos) existe história de fratura de quadril após os 50 anos de idade? sim não não sei

4- História de fratura:

Você já teve alguma fratura ? sim não não sei

Se sim, em qual sítio esquelético, com que idade e qual foi o tipo de trauma ?

Sítio Número Idade (anos) Nível do trauma

Vértebra

Fêmur (colo / trocânter)

Costela

Antebraço

Úmero

Outras

Você sabe que tem osteoporose ? sim, tenho não, não tenho não sei

5- Álcool :

Com que freqüência você bebeu no último ano ?

diariamente 5-6 d/sem 3-4 d/sem

1 -2 d/sem < 1 d/sem nunca

Tipo de bebida: destilados (uísque, cachaça, vodka)

fermentados (cerveja, vinho)

6- Imobilização:

Você já ficou acamado por um período superior a 2 meses ?

149

sim não não sei

Se sim, foi : antes ou após os 25 anos de idade ?

ano passado ? nunca

7- Fumo:

Você fumou cigarro ou usou outras formas de fumo (cachimbo ou charuto)?

atualmente no passado nunca

Com que idade iniciou ? anos

Se parou, com que idade ? anos

Número de cigarros/dia ?

8- Atividade Física:

Quantas tempo costuma passar diariamente ao ar livre caminhando ou andando de bicicleta?

nenhuma ½ a 1 h superior a 1 h

Qual a sua atividade física durante diferentes períodos de sua vida adulta ?

Até os 25 anos 25 a 50 anos acima 50 anos

Nível 1 (leve); 2 (moderada); 3 (pesada); 4 (muito pesada)

9- Impacto:

Como você descreveria sua saúde geral neste momento ?

muito boa boa satisfatória regular ruim

10- Interrogatório sobre drogas:

Você já usou alguma medicação, oral ou injetável, contendo corticosteróides por mais de 3 meses? sim não não sei

Você já usou alguma desses remédios?

Droga sim não não sei tempo (meses)

parou há quanto tempo ?

Hormônios masculinos

Hormônios femininos

150

Calcitonina

Flúor

Cálcio

Vitamina D

Anabolizantes

Diuréticos tiazídicos

11- Ingestão de cálcio:

Com que freqüência você comeu produtos derivados do leite na semana passada ? (dias/semana)

queijo amarelo___ queijo branco___ iogurte___ leite___sorvete___

Para os períodos indicados abaixo, com que freqüência você recebeu leite ?

até 25 anos 25 a 50 anos Acima de 50 anos

Todas as refeições (3 ou + copos/dia)

1-2 copos/dia

Toda semana, mas não todo dia

< 1 vez/semana

151

APÊNDICE 3: Notas metodológicas

Por se tratar de um estudo de coorte, o desenho e a amostragem

populacional tem suas peculiaridades. Por isso, optamos por descrever abaixo

a metodologia adotada para sua realização. As referências aqui citadas

encontram-se descritas no item “Referências bibliográficas” do corpo do texto.

AP 3.1 – Desenho e população do estudo

AP 3.1.1 – Desenho

Estudo de coorte prospectivo, analítico-descritivo, na cidade de

Chapecó/SC, com duração de seguimento previsto para 24 meses após

primeira avaliação. Chapecó é uma cidade localizada no oeste catarinense, sul

do Brasil, com uma população fixa de 173.261 habitantes (acima de 90%

urbana), sendo 6,14% idosos (acima de 60 anos) (Datasus, 2006), Apresenta-

se a 670 m em relação ao nível do mar (latitude 27°5’47’’, longitude 52°37’6’’) e

é considerada a Capital Latino-Americana de Produção de Aves e Centro

Brasileiro de Pesquisas Agropecuárias, com renda per capita de 21,22 salários

mínimos, e IDH 0,848. Possui colonização essencialmente italiana, porém

também se observa forte influência alemã e polonesa (Secretaria do

Desenvolvimento Econômico e Agricultura do Município de Chapecó, 2004).

152

AP 3.1.2 – Amostragem

Duzentos e trinta e quatro mulheres pós-menopáusicas com idade

superior a 60 anos, residentes na área urbana da cidade, foram selecionadas

para o estudo. O tamanho amostral foi calculado usando a fórmula a seguir

com base nos dados de literatura sobre a prevalência de fraturas vertebrais na

população brasileira (Clark et al, 2009). Neste grande estudo denominado

Latin American Vertebral Osteoporosis Study (LAVOS) um total de 1761

mulheres com idade acima de 50 anos de cinco países diferentes foram

selecionadas e submetidas à DO e RX. Foram encontradas diferentes

prevalências dependendo da região de origem, sendo que no Brasil foi de

14,8%.

Onde: N=tamanho da amostra, p=proporção de pessoas com o evento

(x/n=0,15); 1-p=proporção de pessoas sem o evento (1-x/n=0,85); z=nível de

confiança (1,96 para 95%); erro tolerável=5%.

Para fins de cálculo, adotamos uma prevalência provável do evento

(fratura) de 15%, e uma população exposta, ou seja, potencialmente elegível

de 5781 mulheres (que correspondem ao número total de mulheres com idade

igual ou superior a 60 anos residentes na cidade no ano de 2006 segundo

dados do Datasus). Sendo assim, o tamanho mínimo previsto para a nossa

amostra, obedecendo aos critérios acima, é de 190 mulheres (n/Nx100 ou 3,3%

)]/(1)[/()1(

)]/(1)[/(22

2

nxnxze�

�nxnxzn

−+−

−=

153

da população de origem). Optamos por alocar inicialmente no mínimo 199

mulheres (5% acima do n calculado) numa tentativa de manter o poder do

estudo em caso de perdas ou desistências no transcorrer do acompanhamento.

A população de estudo foi selecionada por amostragem aleatória

estratificada. Neste tipo de amostragem, primeiro seleciona-se substratos de

acordo com uma variável de interesse, e depois seleciona-se de forma

aleatória e independente amostras dentro de cada substrato, de modo que a

amostragem completa foi obtida com a agregação de todas as amostras

(Torres, 2003).

Optamos por estratificar a população de acordo com o nível social de

cada bairro de residência para depois selecionar o n pertinente a cada estrato.

Como não há um sistema de estratificação oficial disponível ao público,

entramos em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e com a

Fundação de Amparo Social local para obtermos a classificação de classes

sociais dos bairros adotada atualmente. Como as Unidades Básicas de Saúde

(UBS) do município têm cadastradas 5162 das mulheres com idade acima de

60 anos residentes na cidade, correspondendo a um percentual de 87,92% da

população local com esta mesma faixa etária (Datasus, 2006), optamos por

selecionar os subestratos a partir da área de abrangência destas UBS após

classificação sócio-econômica de cada bairro.

O município de Chapecó possui 20 UBS distribuídas ao longo de seu

território. Considerando as características das áreas abrangidas pelas UBS e o

número de pessoas atendidas em cada uma, estratificamos cada UBS em

classe baixa, média e alta. Conforme esta classificação, observamos que

154

50,64% das mulheres com idade superior a 60 anos residentes no município

residiam em áreas consideradas de classe baixa, 43,23% de classe média e

6,14% de classe alta. Optamos por unir os estratos de classe alta e media

devido a baixa expressividade numérica da classe alta, e excluir mulheres

residentes na área rural por risco de viés devido a atividade laboral do local que

é a agricultura de subsistência.

Sendo assim, sorteamos as UBS que participaram da amostragem

proporcionalmente ao tamanho de cada estrato da população de origem. Após

essa etapa, selecionamos as mulheres participantes através de uma

amostragem aleatória simples em cada UBS de origem (alocação a partir do

cadastro feito na UBS utilizando idade e sexo como critérios de inclusão). Para

atender a esses critérios, cada estrato deveria contribuir minimamente com o

seguinte n: classe baixa – 101 mulheres, classe média e alta – 98 mulheres.

AP 3.1.3 – Critérios de inclusão e de exclusão

Os critérios de inclusão foram: mulheres com idade superior a 60 anos,

na pós-menopausa, de raça branca ou caucasóide (fenótipo), residentes nos

locais de estudo. Por menopausa entende-se o último fluxo menstrual

confirmado após 12 meses de amenorréia, pois este diagnóstico é

essencialmente clínico, segundo diretrizes adotadas pela Federação Brasileira

de Ginecologia e Obstetrícia (Pereira-filho & Soares, 2001).

Os critérios de exclusão foram: mulheres não-caucasóides, não-

155

residentes em Chapecó ou com idade inferior a 60 anos completos, doenças

que sabidamente afetam o metabolismo ósseo direta ou indiretamente – como:

doenças renais (litíase de repetição ou insuficiência renal crônica), doenças do

trato gastrintestinal (doença celíaca, hepatopatia crônica, síndrome de má

absorção ou diarréia crônica, gastrectomia ou colectomia), endocrinológicas

(hipertireoidismo, hiperparatireoidismo ou hipotireoidismo não-tratados,

acromegalia ou síndrome de Cushing), reumáticas auto-imunes (artrite

reumatóide ou lúpus eritematoso sistêmico), doenças pulmonares crônicas

(asma ou doença pulmonar obstrutiva), anorexia nervosa, e neoplasias

malignas (exceto câncer de pele). Prejuízo cognitivo importante que

impossibilite a obtenção das respostas do questionário foi considerado fator de

exclusão caso a mulher não possuísse acompanhante que fosse responsável

pelas informações confiáveis e pelo termo de consentimento. O uso de

fármacos que afetam o metabolismo do osso não foi considerado fator de

exclusão já que é contemplado no questionário, recebendo tratamento

diferenciado na análise estatística dos resultados.

A existência de pino metálico ou edema com cacifo em ambos os pés, e

a impossibilidade física de posicionamento dos pés no aparelho de ultra-

sonometria óssea, que podem prejudicar a análise deste exame, não foram

considerados fatores de exclusão do estudo, porém mulheres com estes

achados não tiveram os resultados de seus exames de ultra-sonometria óssea

de calcâneo considerados válidos para a análise final.

Este estudo obedeceu aos critérios de ética preconizados pela resolução

nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do MS, tendo sido previamente

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Comunitária

156

Regional de Chapecó (Unochapecó) e registrado sob o número 101/06 (anexo

1). A coleta de dados foi feita por meio de questionário estruturado realizado

através de visitas domiciliares entre os meses de maio e dezembro de 2007 por

uma equipe de estudantes de Medicina previamente treinados. Após o

questionário, as pacientes foram encaminhadas para realização de RX em

clinica privada e de UOC nas dependências das UBS (anexo 2), em dias pré-

agendados. Todas as mulheres assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido antes de qualquer procedimento (apêndice 1).

Ao final do estudo, todas participantes receberam cópias dos exames

realizados para entregarem aos seus médicos-assistentes para serem

avaliados e receber respectivo tratamento, quando necessário. Aquelas que

não tinham acompanhamento médico regular, ou que o desejaram, foram

atendidas e orientadas pela pesquisadora principal, sem ônus.

AP 3.2 – Medidas e Instrumentos

Os métodos serão descritos em dois momentos: momento 1 (1ª coleta

ou avaliação inicial) e momento 2 (2ª coleta ou avaliação final).

AP 3.2.1- Momento 1

As mulheres que preencheram os critérios propostos acima, foram

157

submetidas a um questionário de avaliação de fatores relacionados à

fragilidade óssea e à deformidade vertebral conhecido como European

Vertebral Osteoporosis Study (EVOS) (O’Neil et al, 1995) (apêndice 2), já

validado previamente para o português, além de UOC e RX.

O questionário EVOS foi aplicado por um grupo de entrevistadores

previamente treinados para tal. Este treinamento consistiu na realização de um

estudo-piloto com a aplicação prévia do questionário em um grupo de

indivíduos de faixa etária semelhante da população de estudo para

padronização da técnica e avaliação do grau de entendimento.

O questionário é composto pelos seguintes dados: antropométria,

história médica pessoal prévia e atual, história familiar, uso de medicações com

ação sobre o metabolismo ósseo, questionário dietético, hábitos de vida,

impacto da doença sobre a saúde geral do indivíduo. Os dados

antropométricos foram aferidos segundo critérios adotados internacionalmente,

com medidas de peso e altura observando intervalos de 0,1kg e 0,01m,

respectivamente. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado como

peso/altura2 (kg/m2) (Calle et al, 1999). Para cálculo aproximado da ingesta

alimentar de cálcio utilizou-se um recordatório da semana prévia à entrevista

com os principais alimentos ricos em cálcio ingeridos no período (queijo,

iogurte, leite e sorvete) incluso no questionário EVOS. Para análise dos

resultados, utilizamos uma adaptação da tabela brasileira de composição de

alimentos (NEPA): 1 fatia queijo, 90 mg; 1 copo de iogurte, 121,2 mg; 1 copo

leite, 257 mg; 1 bola se sorvete, 135 mg. O interrogatório sobre hábitos de vida

abrange ingestão alcoólica a partir de recordatório semanal. O nível de

atividade física foi classificado conforme proposto por O'Neil et al (1995) em:

158

nível 1 - atividade leve (trabalho burocrático em escritório, com a maior parte do

tempo sentada); nível 2 - atividade moderada (trabalhos com a maior parte do

tempo em pé, como vendedor e dona-de-casa); nível 3 - atividade pesada

(enfermeira, empregada doméstica); nível 4 - atividade muito pesada

(agricultor, esportista, pedreiro). Com relação à ingesta alimentar e à atividade

física, questiona-se quatro diferentes fases ao longo da vida: até 25 anos, dos

25 aos 50 anos, e após os 50 anos, e da semana prévia à entrevista (registro

recordatório).

As medidas ultra-sonométricas foram realizadas com aparelho de ultra-

sometria óssea de calcâneo Sonost 2000 (Osteosys Co, Ltda; Coréia)

utilizando o pé esquerdo, de acordo com manual de operações fornecido pelo

fabricante. O sinal de banda larga é emitido de um transdutor, passando

através do gel que envolve o calcâneo até o transdutor oposto (transdutores

OSA01L001 – Holder Probe Sonost2000 e OSA01M005 – Bracket MTG

Probe). O sinal recebido por este último é digitalizado e armazenado pelo

aparelho. A velocidade do som (SOS) é fornecida em m/s, a atenuação do som

(BUA) em dB/MHz e o índice de qualidade óssea (BQI) calculado a partir dos

dois primeiros. Esta última medida é desenvolvida em alguns equipamentos,

semelhante ao índice de stiffness (SI), resultando de uma equação que

combina valores normatizados de SOS e BUA com objetivo de reduzir seus

coeficientes de variação, melhorando a precisão do método e fornecendo uma

medida clinicamente útil. Os resultados são elaborados conforme curva de

normalidade fornecida pelo software a partir do T-score calculado em desvios-

padrão (DP) da média dos resultados em adultos jovens, com interpretações e

resultados gráficos destacados em cores. O equipamento utiliza interface do

159

usuário Windows 98, e para fornecer o resultado final de cada exame realiza a

média de cerca de 110 leituras em uma área de 1,0 cm2, durante um tempo

aproximado de um minuto. A calibragem do equipamento foi realizada

diariamente antes do início dos exames conforme padrão fornecido com o

mesmo. Segundo o fabricante, este aparelho possui um coeficiente de variação

(CV%) de 0,2 para SOS, 1,5 para BUA e 1,5 para BQI. Utilizamos as

referências populacionais do aparelho fornecidas pelo fabricante baseado em

estudo brasileiro com equipamento de ultra-sonometria com interface de água

(Achilles, Lunar, Madison, WI) que demonstrou a similariedade entre as duas

curvas de referência (Castro et al, 1998), e nos estudos de Hans et al (2003),

Njeh et al (2000) e Greenspan et al (1997) que demonstraram que diferentes

dispositivos de ultra-sonometria possuem a mesma habilidade discriminatória,

independente de utilizarem água ou gel.

A documentação das fraturas axiais foi realizada por avaliação

radiológica (RX) de coluna torácica e lombar em perfil. A aquisição das imagem

obedeceu aos critérios padronizados internacionalmente (distância de 1,20 m

do tubo ao filme, com feixe centrado em T8 para coluna torácica, e em L3 para

coluna lombar). A avaliação das imagens obedeceu o método semi-quantitativo

proposto em 1993 por Genant e adotado atualmente em protocolos de

pesquisa (anexo 4). Por este método, a avaliação é realizada apenas por

determinação visual da extensão da redução da altura da vértebra e de suas

mudanças morfológica, com diferenciação das áreas fraturadas de outras

deformidades, sendo classificada em graus: grau 0 - normal; grau 1 -

deformidade leve (20-25% de redução na altura anterior, média ou posterior e

10-20% de redução da área vertebral projetada); grau 2 - deformidade

160

moderada (25-40% de redução na altura anterior, média ou posterior e 20-40%

de redução da área vertebral projetada); grau 3 - deformidade severa (40% ou

mais de redução na altura anterior, média ou posterior e na área vertebral

projetada). As radiografias foram avaliadas por radiologistas com titulo de

especialista e experiência por tempo superior a 2 anos de forma “cega”. O

índice kappa inter-observadores foi 0,89 para coluna torácica e lombar.

A documentação de fraturas apendiculares foi realizada através de relato

da paciente e confirmada por prontuário médico ou radiografia da área

acometida (quando disponíveis). As fraturas traumáticas (após acidente

automobilístico ou outras condições sob forte impacto) ou as de baixo impacto

não relacionadas à osteoporose (como, por exemplo, ou as de face, tornozelo,

metacarpo, falanges) não foram consideradas para análise por não ser possível

associar sua ocorrência com a existência de fragilidade óssea.

AP 3.2.2 Momento 2

A população de estudo foi submetida a contatos semestrais (telefônicos

ou presenciais) para verificação de novos eventos e redução de possíveis

perdas ate um mínimo de 24 meses após o momento 1. As mulheres não

localizadas através de telefonemas e visita domiciliar foram consideradas

"perdas" após 60 dias da tentativa do primeiro contato.

Nestes contatos foram avaliados os seguintes critérios: co-morbidades

adquiridas no período (diagnósticos de novas doenças, cirurgias, fraturas e

161

óbitos) e uso de novos fármacos inclusive os com ação sobre o metabolismo

ósseo.

AP 3.3 Análise estatística

A análise estatística dos dados foi realizada com programa Statistical

Package for Social Sciences (SPSS) versões 10.0 e 17.0 a partir de banco de

dados digitado na forma Excel. O nível de significância adotado foi de 5%,

sendo os valores entre 5% e 10% considerados limítrofes. Os testes

estatísticos empregados encontram-se descritos nos respectivos artigos no

corpo do texto.

AP 3.4 Fontes de financiamento

O aparelho de ultra-sonometria óssea foi cedido pelo laboratório Eli Lilly

sem ônus para a pesquisadora ou participantes. As radiografias foram pagas

com recursos da própria pesquisadora, e a equipe de entrevistadores foi

composta por estudantes voluntários que fazem parte do grupo de pesquisa de

Epidemiologia Clínica (EPICLIN) da Faculdade de Medicina/Unochapecó. Á

posteriori, três destes receberam bolsas de pesquisa para dar continuidade às

linhas de pesquisa originadas desta tese como trabalho de conclusão de seus

cursos (TCC). A pesquisadora recebeu bolsa de pesquisa CAPES de 2006.

162

APÊNDICE 4: Resultados complementares

Apenas os resultados após o seguimento (momento 2) serão

apresentados visto que os dados iniciais foram expressos em forma de artigo

no corpo do texto. Além dos resultados expressos abaixo, este estudo originou

outros quatro, sendo três com a mesma população amostral, todos em fase de

conclusão. Estes são projetos orientados para desenvolvimento de trabalhos

de conclusão do curso de Medicina da UNOCHAPECÓ.

AP 4.1 Linhas de estudo originadas no estudo principal

a) Associação entre fraturas vertebrais e a ingestão de cálcio em

mulheres pós-menopausadas no município de Chapecó/SC

b) Associação entre quedas e fraturas vertebrais em mulheres na pós-

menopausa no município de Chapecó/SC

c) Relação entre fraturas vertebrais por fragilidade óssea e qualidade de

vida em mulheres pós-menopausadas residentes na cidade de

Chapecó/SC

d) Prevalência da fratura de fêmur e a mortalidade associada em

indivíduos acima de 65 anos na cidade de Chapecó/SC

163

AP 4.2 – Outros achados relevantes do estudo principal

Das 234 mulheres avaliadas inicialmente, 13,2% (n=31) não

completaram o estudo. Destas, 58,0% não foram localizadas ou mudaram-se

para outros estados, 16,1% morreram, 22,6% desistiram por motivos pessoais.

Não foi possível saber com certeza a causa das mortes, nem se as mulheres

haviam apresentado fratura recente. As características gerais das 203

mulheres que seguiram acompanhamento estão expressas na tabela 1. A

diferença entre a renda média per capita das mulheres oriundas de bairros de

classe social consideradas alta ou baixa foi estatisticamente significativa

(RS$764,00 versus 385,00).

Das mulheres que seguiram acompanhamento, 7,4% (n=15) referiram

nova fratura óssea não axial durante período do estudo, num total de 18

fraturas, sendo que duas mulheres (3 fraturas) foram excluídas por serem

devido a alto impacto (atropelamento). Os sítios decorrentes de trauma por

baixo impacto mais comumente referidos foram 46,1% antebraço e 23,1%

fêmur. Sítios que não podem ser seguramente relacionados a fratura por

fragilidade somaram juntos os casos restantes das fraturas.

A incidência cumulativa geral de novas fraturas por fragilidade óssea

durante o período de acompanhamento foi de 47,3/1000 pessoas-ano, sendo

9,8/1000 e 38,8/1000 pessoas-ano para fraturas não-axiais e axiais,

respectivamente. Consideramos como novas fraturas vertebrais (fraturas

prevalentes) aquelas não visualizadas no 1º RX ou a piora no grau de alguma

fratura prévia.

164

Tabela 1: Características gerais das mulheres da população de estudo

inicial (n=234) e final (n=203)

Características Inicial

µ ± DP

Final

µ ± DP

Idade (anos) 69,24 ± 6,40 71,00 ± 6,23

Idade da menarca (anos) 13,68 + 1,80 13,67 + 1,86

Idade da menopausa (anos) 48,55 ± 5,68 48,58 ± 5,66

Tempo de menopausa (anos) 21,26 ± 9,35 20,84 ± 9,13

Classe social (%)

Alta

Baixa

47,4

52,6

49,3

50,7

Peso (kg)* 67,88 ± 14,50 68,20 ± 13,49

Altura (m)* 1,55 ± 0,07 1,56 ± 0,06

IMC (kg/m2)* 27,92 ± 5,35 28,00 ± 5,17

Rel C/Q* 0,92 ± 0,15 0,92 ± 0,17

*n=152 e 148, respectivamente IMC=Índice de Massa Corporal Rel C/Q=relação

cintura/quadril µ ± DP=média±desvio-padrão

Das 186 pacientes que realizaram RX no M1, 70,43% (n=131) foram

submetidas a novo exame no M2, sendo que destas 53,4% (n=70)

apresentaram fratura vertebral sem relação com alto impacto, totalizando 110

vértebras fraturadas. Comparativamente ao RX realizado no M1, 84,3% (n=59)

165

destas mulheres apresentavam novas fraturas e 15,7% (n=11) piora no grau

das fraturas prévias.

Com relação às novas fraturas (n=98), 81,6%, 11,2% e 7,1% eram dos

tipos I, II e III, respectivamente. Utilizamos também o índice de fratura de

coluna (IFC) calculado para cada paciente através da soma dos escores de

deformidade divididos pelo número de vértebras avaliadas (Genant et al, 1993).

Houve piora no IFC em 38,2% (n=50) das mulheres submetidas a

acompanhamento radiográfico no período do estudo.