fuga de cerebros

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Escola Secundária de Cacilhas - Tejo Curso EFA

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Page 1: FUGA DE CEREBROS

Escola Secundária de Cacilhas - Tejo

Curso EFA

___________________________Maria Zélia Teixeira

Turma P – Nº12 Janeiro 2010

Page 2: FUGA DE CEREBROS

Trabalho realizado para os seguintes professores:

ARMANDO ROCHETEAU - CID PROF

PAULA AZOUGADO – CID PROF

ISABEL AZEVEDO - CLC

SILVESTRE RIBEIRO – CLC

GABRIELA GONÇALVES – STC

CARLA GRANGEIA - STC

PELA ALUNA: MARIA ZÉLIA TEIXEIRA

TURMA P – Nº12

DATA DE ENTREGA: JANEIRO DE 2010

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Page 3: FUGA DE CEREBROS

INDICE

1. INTRODUÇÂO...........................................................................................................................................4

2. TRABALHO TRANSVERSAL – FUGA DE CÉREBROS..................................................................5

CARTA EUROPEIA DO INVESTIGADOR E CÓDIGO DE CONDUTA PARA O RECRUTAMENTO DE INVESTIGADORES..................................................................................11

A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A E EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA (UNESCO)..........................................................................................................................................13

CIÊNCIA PARA O SÉCULO XXI – UM NOVO COMPROMISSO: DECLARAÇÃO SOBRE O CIÊNCIA E A UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO...........................................13

TESTEMUNHO NA PRIMEIRA PESSOA DE UM MÉDICO CIENTISTA DR. LUÍS GRAÇA..15

PROMESSAS ELEITORAIS QUE FICAM [QUASE] SEMPRE POR CUMPRIR........................16

O ESTATUTO DA CARREIRA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA: DE UMA CARREIRA PARA TRAJECTÓRIAS DIVERSAS NO SISTEMA DE INVESTIGAÇÃO..................................17

DEBATE SOBRE PAPEL DOS PRIVADOS NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA EM QUE O TEMA FOI: FUNDAÇÕES PRIVADAS ESPERAM MAIS RESULTADOS DAS INVESTIGAÇÕES QUE FINANCIAM............................................................................................18

TESTEMUNHO DE UMA INVESTIGADORA QUE ASSISTIU AO DEBATE E COMO TANTOS OUTROS PLANEIAM VOLTAR AO SEU PAÍS.............................................................18

FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD ABRE CENTRO DE CANCRO EM 2010.................................19

CPLP E A FUGA DE CÉREBROS...................................................................................................21

PROGRAMA CIÊNCIA GLOBAL - CENTRO UNESCO PARA FORMAÇÃO DE CIENTISTAS DA CPLP............................................................................................................................................22

PROJECTO INOVADOR SERÁ SEDEADO EM PORTUGAL......................................................22

CIENTISTA ZACHARY MAINEN DA FUNDAÇÃO CHAMPALIMAUD RECEBE BOLSA DE 2,3 MILHÕES DE EUROS................................................................................................................23

3. CONCLUSÃO..........................................................................................................................................25

4. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................26

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Page 4: FUGA DE CEREBROS

1. INTRODUÇÂO

Sempre fomos um país de navegadores: demos a conhecer novos mundos ao mundo mas, hoje

somos confundidos como uma província de Espanha. Encontrei um texto do jornalista José

Fernando Monteiro do Jornal de Noticias que se enquadrava neste tema e achei por bem utiliza-lo

na introdução do meu trabalho transversal sobre o tema a (Fuga de Cérebros):

“Pelos idos anos do século XV, quando Portugal viveu a pujança, o Infante D. Henrique,

denominado o "Navegador" e "Infante de Sagres", quinto filho de D. João I e de D. Filipa de

Lencastre, foi uma figura ímpar na história de Portugal. Como ninguém, soube comunicar e ver os

problemas da altura, sendo mais propenso às ciências experimentais que às metafísicas.

Desejoso de decifrar os mistérios do Mundo, criou a maior escola científica da altura, dedicada às

Ciências da Navegação: a Escola de Sagres. Mandou vir, de todo o mundo civilizado, os melhores

especialistas em Matemática, Astronomia, Cartografia e Navegação que fundaram o corpo docente

da Escola e transmitiam aos marinheiros da época todo o saber para a grande epopeia dos

Descobrimentos. Curiosamente, Carl Sagan disse-nos, em entrevista há uns anos, que "Portugal

perdeu a sua projecção no Mundo porque tinha deixado a vocação de explorar e descobrir. Vem

tudo isto a propósito da tão falada fuga de cérebros para o estrangeiro. Na verdade, não é uma

fuga: é uma necessidade.”

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Page 5: FUGA DE CEREBROS

2. Trabalho Transversal – Fuga de Cérebros

Tenho por hábito guardar os suplementos dos jornais para os ler quando o tempo me permite, pois

quase sempre trazem artigos interessantes. Foi no suplemento do jornal expresso a Única que

descobri esta reportagem sobre o professor Alexandre Quintanilha reconhecido cientista nacional e

internacional. Abaixo transcrevo as passagens que considerei mais importantes para este trabalho:

” Nasceu em Moçambique a 9 de Agosto de 1945, é licenciado em Física Teórica pela Universidade

Witwatersrand (Joanesburgo), e foi na mesma Universidade que fez o Doutoramento em Física do

estado sólido, em 1968. Mas foi há área de Biologia que decidiu dedicar-se na Universidade de

Berkeley (Califórnia ,EUA).Foi nomeado Director do Centro de Estudos Ambientais onde

desenvolveu importante investigação nessa área”.

“Em 1990 regressa Portugal é nomeado director do Centro de Citologia Experimental, e para

professor no instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Ao longo do seu percurso

publicou mais de 90 artigos em diversas revistas científicas de nível mundial”.

Na primeira parte da entrevista o professor fala de seu pai Aurélio

Quintanilha também ele cientista, em anexo a este trabalho junto

a sua biografia, estão separadas por várias décadas mas tem algo

em comum que as une.

Professor Alexandre Quintanilha investigador e autor na área da

Biofísica, membro de varias comunidades científicas

internacionais, um nome fundamental da ciência que por cá se

pratica. O seu currículo, impressionante de responsabilidade e

distinções, não se esgota na Academia. Tem 65 anos,

nacionalidade portuguesa e americana, é um cidadão do mundo. Na mais ampla acepção do termo.

P-É filho de um açoriano, também cientista, a sua mãe é alemã, de Berlim, nasceu em

Maputo, estudou Física em Joanesburgo, trabalhou na Califórnia durante vinte anos até

chegar ao Porto. Como é que esta herança toda se cruza em si?

Sou resultado da experiência de vida dos meus pais, e, foi fundamental para a formação do ser que

sou.

P- Que experiência foi essa?

O meu pai era contra o regime de Salazar. Participou activamente nas discussões anarco-

sindicalistas do inicio do séc.xx, era um homem muito á frente para aquela época. Nasci em 1945 e

não fui baptizado. No início dos anos 30 foi expulso da Universidade de Coimbra e, como já era

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Page 6: FUGA DE CEREBROS

conhecido geneticista de plantas, convidaram-no para ir para Berlim como investigador. Ainda antes

da Guerra, percebeu que a Alemanha não era o lugar indicado para se estar naquele momento e

mudou-se para Paris. Em 1940, recebeu o convite de uma Universidade no Canadá, mas como a

mãe estava muito doente, em Lisboa, o director da Estação Agronómica Nacional (EAN)

convenceu-o a voltar, dizendo que Salazar já se tinha esquecido e lhe arranjaria um lugar como

investigador. Mas Salazar não se tinha esquecido e o meu pai esteve dois anos em Lisboa a dirigir

a cantina da EAN. Foi o único lugar que conseguiram para um dos geneticistas portugueses mais

conhecidos internacionalmente daquela altura. Salazar acabou por deixa-lo ir para Moçambique,

dirigir o Instituto de Genética do Algodão. Sou produto destas circunstâncias e de uma história

europeia controversa e muito pouco democrática.

P-Como é que estas circunstâncias influenciaram a sua educação?

Apesar do meu pai ter tido, de algum modo, a vida destruída e de a minha mãe ter visto o seu país

desempenhar um papel monstruoso, os meus pais não ficaram traumatizados por esta experiência

nem deixaram de acreditar no ser humano. Pelo contrario. O meu pai acreditava que a única coisa

de valor que nos pertence é o conhecimento e entendia que eu tinha de me desenvolver a partir da

minha experiência pessoal. A única regra que usava lá em casa era “trata os outros como gostas

que te tratem”.

P- Em que se traduzia essa liberdade?

Por exemplo, em poder dizer-lhes, com apenas quinze anos, que estava apaixonado por um rapaz.

A única coisa que o meu pai me disse foi, que se isso me preocupava iria procurar alguém com

quem eu pudesse falar. Naquela altura havia dois psiquiatras muito bons em Lourenço Marques .Fui

ter com um deles, um homem extraordinário, levei-lhe o meu diário, voltei passados uns dias,

perguntei-lhe o que tinha achado e ele respondeu: “Não acho nada. Tens muita sorte em estar

apaixonado, que é uma coisa óptima”.

P- O que conta é extremamente raro.

Raríssimo. Tudo foi excepcional. Naquela altura tive relações muito intimas com pessoas de ambos

os sexos, cheguei a viver com algumas delas e durante muito tempo tive duvidas. Nunca me senti

atraído pela beleza física. Atraiam-me pessoas que eu considerava inteligentes, criativas,

sensíveis… Em toda esta minha trajectória tive uma sorte enorme nos pais que tive.

P- A partir do momento em que os seus pais aceitaram a sua escolha, a questão social nunca

foi relevante?

Nunca foi sequer tema. Nunca tive vergonha das minhas relações amorosas. Não se esqueça que

tive a sorte de vir para São Francisco. Nos 20 anos que vivi na Califórnia fiz as duas grandes

descobertas de vida. Uma delas foi perceber que a investigação interdisciplinar é aquela que mais

me fascina. Dirigi um grande centro de estudos do ambiente onde estavam biólogos, matemáticos,

juristas, arquitectos, engenheiros…e cruzar todas as áreas. Pôr todos a funcionarem e a trocarem

conhecimento entre si foi uma coisa que adorei fazer, a outra foi a descoberta do meu parceiro.

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P- Richard Zimler, o escritor, que se nacionalizou português …

É uma relação que dura á 31anos. Uma das coisas mais importantes que os meus pais me

transmitiram foi o prazer, muito verdadeiro, que ambos sentiam ao ver que as pessoas de que

gostavam iam tão longe quanto podiam. Do ponto de vista cientifico, a grande felicidade do meu pai

foi ter meia dúzia de alunos que foram muito mais longe do que ele.

P- Outra coisa rara?

Pois é. Mas muito infeccioso e fui contaminado. A grande satisfação que retiro de ser professor é

saber que pessoas que passaram por mim poderão ir muito mais longa que eu.

P- Porque relacionou essa característica com o amor?

Se tivéssemos a sorte de desenvolver uma relação intima, onde se possa sentir um prazer e uma

alegria muito particulares com o sucesso do outro, torna-se contagioso deixar crescer.

P- È assim tão simples?

Não. Pelo contrário, dá muito trabalho.

P- Experiência é uma palavra complexa. No seu caso, e agora enquanto cientista, qual é o

eco que tem em si?

Para pegar num cliché, diria imediatamente que é o que está na base do conhecimento sobre nós e

o mundo á nossa volta. Mas anterior à experiência há a palavra curiosidade que nos leva em

direcções muito diferentes e não estou a falar de mobilidade, Kante nunca saiu da sua cidade, mas

a curiosidade levou-o a explorar a sua cabeça assim como é a curiosidade que nos pode levar a

fazer experiências sobre o mundo exterior e partir para a descoberta das leis da física e da química.

Quem está satisfeito com o seu pequenino mundo não faz perguntas.

P- O mesmo se passa num laboratório?

Sim, sem curiosidade não se desenha uma experiência. Há pessoas pouco curiosas, pessoas muito

curiosas, e outras pegam nas perguntas que fazem, juntam a imaginação e desenham formas de

responder.

P- Esses são os cientistas?

Toda a ciência é feita a partir da procura de formas de responder às grandes perguntas. Em breve

vou fazer uma conferência a Coimbra dobre Darwin. Um dos dilemas dessa discussão, e isto é uma

coisa de que ás vezes os cientistas não se apercebem, é que a conversa começa sempre pela

mesma pergunta:”acredita em Darwin, ou acredita no criacionismo?

P- Pode um cientista da área de biologia não acreditar na Teoria da Evolução das espécies?

Darwin postulou uma hipótese, desde então temos feito tudo para ir à procura da evidencia que seja

a favor ou contra. Alias, é mais importante ir à procura da evidencia contra porque se a teoria for

abaixo haverá outra ainda mais sofisticada. Começamos com as leis de Newton e temos o Einstein,

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que engloba Newton. Sei lá se daqui a cem anos não haverá outra teoria que vá ainda mais longe?

Acreditar é uma palavra que não faz parte da ciência. Os cientistas não acreditam em coisa

nenhuma, só acreditam, temporariamente, naquilo que é a evidência do que está à nossa volta.

P- Nem quando se confirma a hipótese?

Enquanto estiver confirmada. Aliás, todos os grandes avanços da ciência são feitos quando as

pessoas, depois de confirmarem a hipótese, passam 50 anos a ver se a desaprovam. As teorias

mais robustas são as que resistiram a todas as tentativas de as contraprovar.

P- No nosso imaginário o cientista é um lunático, um ser ultra-inteligente mas muito

desajeitado para os lados práticos da vida.

Pois é. Costumamos até dizer ‘um cientista maluco’.Mas é uma figura que não assusta. Essa

construção surge muito provavelmente da física do século XX que veio destruir todo o senso

comum das coisas aparentemente óbvias. A teoria da relatividade veio alterar tudo: os relógios em

aviões espaciais a grande velocidade atrasam-se e isto é estranhíssimo. A física do século XXI fez

com que as pessoas começassem a achar que a ciência estava cheia de coisas muito estranhas. O

cientista louco é sempre apresentado de cabelos no ar, como Einstein, e de bata branca com os

lápis e as réguas de calcular a sair do bolso.

P-Alguém (que) sabe as respostas das grandes questões e perplexidades sobre o universo?

E ás vezes abusam da sua aura. Acreditam demasiado na ciência. Têm dificuldade em dizer que

daqui a 20 anos talvez saibamos outras coisas. Ao tentar convencer de que o colesterol é mau tem

de se ter a certeza de que é mesmo mau. Nestes processos tornam-se demasiado autocráticos.

Isso assusta-me. Se alguém deveria ter duvidas, então seriam os cientistas. Mas na verdade, são

também vocês jornalistas, que forçam os cientistas a responder – ‘ Há ou não um gene da

esquizofrenia?’; ‘introduzir organismos geneticamente forçados são ou não um perigo?’- e nós

sentimo-nos obrigados a certezas absolutas.

P- Os cientistas estão demasiado condicionados à pressão de publicar, a aos investimentos.

Isto não retira liberdade à investigação?

Cada vez há menos liberdade. A maioria dos investidores, quando propõe um projecto, propõe

mundos e fundos do que sairá daquele projecto, porque a aplicação de uma ideia cientifica exige

um enorme investimento. A descoberta de um novo fármaco pode levar anos a desenvolver depois

de se descobrir a substância que esta na sua origem. Isto custa milhões.

P- Quando se leva anos a trabalhar numa experiencia e não se confirma o resultado, o que se

faz com a matéria que não se pode validar?

É mais difícil publicar resultados negativos. Há muita gente que começa a fazer um trabalho

convencida de que a resposta está ali, e depois descobre que está noutro lado. Isto é tanto mais

normal acontecer quanto mais arriscada for a pergunta.

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Page 9: FUGA DE CEREBROS

P- Estudou Física mas o seu trajecto enquanto cientista foi feito em diversas áreas da

biologia. O que o fez mudar de campo de investigação?

Quando estava a acabar o meu doutoramento em Física do Estado Sólido na universidade

witwatersrand, em Joanesburgo, conheci Sydney Brenner (biólogo sul-africano, prémio Nobel da

Medicina em 2002) isto passou-se em 1971. Brenner era também físico de formação, tinha

estudado na minha universidade, estava na África do Sul para receber o premio honoris causa e

alguém pediu que fizesse de chaperon. Andei com ele uns dias e fiquei deslumbrado. Falei-lhe das

minhas dúvidas, que gostava de ir para Berkeley investigar em biologia, mas que não sabia nada.

Ele olhou para mim e disse;’qual é o problema? Vá aprender!’ Tinha 25 nos e vivido uma existência

muito protegida, São Francisco era o outro lado do mundo e foi ele que me deu o empurrão para ter

coragem de partir. Quando cheguei, só tinha o bilhete de ida, comecei quase do zero e foi

complicado. Mas foi a decisão mais importante da minha vida.

P- Hoje tem dupla nacionalidade e por isso teve a possibilidade de fazer nos Estados Unidos

o seu testamento vital. Pensou exactamente quais as condições em que não quer morrer?

Se eu adoecer e entrar numa fase em que os médicos saibam que não há recuperação possível,

quero que não sejam usados quaisquer meios para me manter vivo. A pior coisa que posso

imaginar é manterem-me ligado a tubos para se me tornar um vegetal.

P- Este documento não é valido em Portugal?

Não. E nos Estados Unidos tenho de o renovar a cada cinco anos.

P- O que pensa da nossa lei do testamento vital cuja aprovação foi recentemente adiada?

Não conheço o conteúdo, mas posso dizer que acho extraordinário que, neste momento, todas as

questões ligadas à ética deixaram de ser uma utopia. Finalmente começamos a debater coisas

muito íntimas que determinam a nossa vida.

P- Estas são hoje as grandes questões colocadas pela bioética?

São. A palavra bioética surgiu no inicio da década de 70. Tem pouco mais de 30 anos.

Dizia numa conversa que o século XX foi o da física e o XXI será o da biologia?..

Essa afirmação é redutora, mas tem a ver com o facto de a biologia ter deixado de ser uma ciência

descritiva e passar a ser uma ciência interventiva.

P- Foi professor adjunto numa das universidades mais prestigiadas na área das ciências.

Qual foi a descoberta que o validou junto da sua comunidade?

Na biologia, a minha área é o stresse oxidativo. Todos sabemos que precisamos de oxigénio para

viver mas o que nem todos sabem e que o oxigénio e um elemento da natureza altamente tóxico.

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P- Depois de 20 anos em Berkeley, veio para Portugal para trabalhar no instituto Abel

Salazar, no Porto. Nessa Altura tinha já o projecto de construir o IBMC (Instituto de Biologia

Molecular e Celular) instituto que dirigiu até o inicio de 2009?

Demorei quatro anos a conseguir montar um instituto interdisciplinar com pessoas de cinco

faculdades diferentes – Medicina, Farmácia, Biomédicas, Engenharia e Ciência. Quando aqui

cheguei existia o Centro de Citologia Experimental, onde trabalhavam três pessoas de áreas

diferentes. Começamos com três grupos e agora já são trinta. O maior desafio foi criar um ambiente

onde se cruzem várias áreas do conhecimento. Gosto muito da ideia da mobilidade mental.

P- Quando chegou dirigia um centro de estudos ambientais no Lawrence Berkeley

Laboratory, um dos mais prestigiados laboratórios dos Estados Unidos da América. Não foi

complicado trocar São Francisco pelo Porto?

O meu primeiro grande choque foi ver só pessoas brancas à minha volta. Vinha de uma cidade

muitíssimo cosmopolita e aqui não havia nada para fazer.

Qual é a importância de uma comunidade científica para um país?

Gostava de chamar conhecimento à generalidade da ciência. Penso que as melhores sociedades

são constituídas por indivíduos que saibam pensar.

“A forma como usamos o conhecimento não é decisão só para cientistas “

“Alexandre Quintanilha”

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Carta Europeia do Investigador e Código de Conduta para o Recrutamento de Investigadores.

No âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, realizou-se a “Conferência

sobre a Modernização das Universidades”. A Associação dos Bolseiros de Investigação Científica

(ABIC) veio novamente chamar a tenção dos bolseiros, dos professores universitários, dos

investigadores científicos, da comunicação social e do público em geral para a Carta Europeia do

Investigador e Código de Conduta para o Recrutamento de Investigadores, em particular para

a forma como este documento tem sido desconsiderado e as suas recomendações desprezadas

pelo actual Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). A carta Europeia do

Investigador e Código de Conduta para o Recrutamento de Investigadores (CEI) é uma

recomendação da Comissão Europeia dos Estados Membros, de 11 de Março de 2005, que tem

como objectivo transformar a Europa, até 2010, numa economia baseada no conhecimento, mais

competitiva e dinâmica. Neste sentido, o investimento em recursos humanos e a criação de

condições necessárias para a investigação e desenvolvimento mais sustentáveis, são

considerados “pedra[s] angular [es]” com especial prioridade para as condições de trabalho e

formação na fase inicial da carreira dos investigadores.

Por condições destaca-se:

A melhoria das suas perspectivas de carreira;

Garantir que o desempenho dos investigadores para que não seja prejudicado pela instabilidade

dos contratos de trabalho;

Garantir que os investigadores em todas as fases de carreira, incluindo os investigadores em

inicio de carreira, beneficiem de condições justas e atraentes de financiamento e/ou de salários

com regalias de segurança social adequadas e equitativas ( incluindo assistência na doença e

assistência à família, direitos de pensão e subsidio de desemprego);

Elaborar uma estratégia especifica de progressão na carreira, independentemente da sua

situação contratual, incluindo os investigadores com contratos de trabalho a termo, contribuindo

para a redução da insegurança quanto ao seu futuro profissional;

Promoção de uma atitude pública positiva em relação à profissão de investigador, encorajando

assim os mais jovens a enveredar por carreiras no domínio da investigação;

Garantir que os investigadores sejam tratados como profissionais;

Portugal encontra-se longe de alcançar as condições recomendadas pela Carta Europeia do

Investigador (CEI). Os jovens investigadores e técnicos de investigação, em particular os bolseiros e

avençados, vivem condições de insegurança, enfrentam falta de perspectivas de emprego e

carreira, débeis benefícios sociais, e falta de reconhecimento profissional. O MCTES tem insistido

numa política de recursos humanos centrada nas bolsas de investigação, mas este modelo de

financiamento tem sido utilizado abusivamente pelas unidades de investigação, incluindo as

universidades, para colmatar necessidades básicas de funcionamento e garantir a prática de

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Page 12: FUGA DE CEREBROS

investigação científica, substituindo a prática de contratação de investigadores e técnicos de

investigação.

O modelo da bolsa não oferece perspectivas de carreira ou segurança social condigna, e não

promove o reconhecimento dos jovens investigadores e técnicos como trabalhadores profissionais.

O MCTES não tem desenvolvido uma política consistente de promoção de emprego científico e

criação de alternativas de carreira de Investigação e Desenvolvimento (I&D). Consequentemente,

em vez de constituir uma saída profissional atractiva para os jovens, a I&D em Portugal é uma

actividade de precariedade e insegurança, o que fomenta a "fuga de cérebros" ou a opção por

outros ramos de actividade.

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Page 13: FUGA DE CEREBROS

A Organização das Nações Unidas para a e Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Ciência para o Século XXI – Um Novo compromisso: Declaração sobre o Ciência e a

Utilização do Conhecimento Científico

De seguida apresento os textos adoptados pela Conferência

Mundial sobre a Ciência a 1 de Julho de 1999 traduzidos e

editados pela Comissão Nacional da UNESCO:

“Todos vivemos no mesmo planeta e todos fazemos parte da

biosfera. Temos de reconhecer que estamos numa situação de

crescente interdependência e que o nosso futuro se encontra

intrinsecamente ligado à preservação dos sistemas globais de apoio à vida e à sobrevivência de

todas as formas de vida. As nações e os cientistas do mundo são instados a reconhecer que urge

utilizar o conhecimento de todos os campos da ciência de um modo responsável para responder às

necessidades e às aspirações humanas sem abusar desse conhecimento. Procuramos colaboração

activa em todos os domínios do trabalho científico, e tanto das ciências naturais como das ciências

físicas, da terra e da biologia, das ciências biomédicas e de engenharia, e das ciências sociais e

humanas”.

3º-As Nações Unidas proclamaram o ano 2000 como o Ano Internacional da Cultura da Paz, o ano

2001 como o Ano das Nações Unidas para o Diálogo entre as Civilizações que passos a dar na

direcção de uma paz duradoura: a comunidade científica, juntamente com outros sectores da

sociedade, pode e deve desempenhar um papel essencial neste processo.

4º-O desenvolvimento contínuo do conhecimento científico sobre a origem, evolução do Universo e

da vida, fornece à Humanidade práticas que influenciam profundamente a conduta e as

perspectivas desta.

8º- Que no século XXI a ciência tem de se tornar um bem partilhado, beneficiando todos os povos.

A ciência é um poderoso recurso para a compreensão de fenómenos naturais e sociais, e que o seu

papel promete ser ainda maior no futuro, à medida da crescente complexidade.

12. Que a investigação científica é uma força motriz decisiva no campo dos cuidados sociais e de

saúde e que uma maior utilização do conhecimento científico representa um grande potencial na

melhoria da qualidade da saúde da humanidade;

13. O actual processo de globalização e o papel estratégico que nele tem o conhecimento científico

e tecnológico;

15. Que a revolução da informação e da comunicação oferece meios novos e mais eficientes de

realizar o intercâmbio de conhecimento científico e de fazer progredir a educação e a investigação;

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Page 14: FUGA DE CEREBROS

18. As recomendações das grandes conferências convocadas pelas organizações do sistema das

Nações Unidas, e outras, e dos encontros relativos à Conferência Mundial sobre a Ciência;

19-º Que a investigação científica e o uso de conhecimento científico devem respeitar os direitos

humanos e a dignidade dos seres humanos, em concordância com a Declaração Universal do

Direitos do Homem e à luz da Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos

Humanos.

20. Que algumas aplicações da ciência podem ser prejudiciais para os indivíduos e para a

sociedade, para o ambiente e para a saúde humana, podendo mesmo ser ameaçadoras da

continuidade da existência da espécie humana, e que a contribuição da ciência é indispensável à

causa da paz e do desenvolvimento e à segurança mundial;

24. Que há um desequilíbrio histórico na participação de homens e de mulheres em todas as

actividades relacionadas com a ciência;

25. Que existem barreiras que têm impedido a participação plena de outros grupos, de ambos os

sexos, incluindo pessoas deficientes, populações autóctones e minorias étnicas, doravante referidos

como grupos desfavorecidos;

28. A necessidade de um forte compromisso com a ciência por parte dos governos, da sociedade

civil e do sector produtivo, bem como um compromisso igualmente forte dos cientistas com o bem-

estar social;

38. Os direitos de propriedade intelectual necessitam de protecção adequada à escala mundial, e o

acesso a dados e a informação é essencial ao empreendimento do trabalho científico e à tradução

dos resultados da investigação científica em benefícios tangíveis para a sociedade. Devem ser

adoptadas medidas para favorecer as relações entre a protecção dos direitos de propriedade

intelectual e a divulgação do conhecimento científico que sejam mutuamente úteis. É necessário

considerar o âmbito, a extensão e a aplicação dos direitos de propriedade intelectual em relação à

produção, distribuição e uso equitativos do conhecimento. Há também a necessidade de

desenvolver mais os quadros jurídicos nacionais apropriados à acomodação das exigências

específicas dos países em desenvolvimento e dos saberes, das fontes e dos produtos tradicionais,

para assegurar o seu reconhecimento e adequada protecção a partir do consentimento informado

dos detentores tradicionais ou habituais deste conhecimento.

Estas devem incluir a regulação de procedimentos para lidar com as contestações e os

contestatários de forma justa e eficaz. A Comissão Mundial sobre a Ética do Conhecimento

Científico e das Tecnologias da UNESCO pode oferecer um quadro de diálogo neste âmbito.

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Page 15: FUGA DE CEREBROS

Testemunho na primeira pessoa de um Médico Cientista DR. Luís Graça

Em Portugal pouco ou nada foi feito para investir na ciência e nas

condições de trabalho dos cientistas. Para cá poderem trabalhar, e assim

evitar a fuga de cérebros para outros países, muitos optam por concorrer a

bolsas de estudo no país, nomeadamente ao Instituto Gulbenkian de

Ciência. Os mais arrojados concorrem directamente ao país e à

Universidade que escolheram para estudar na esperança de serem

aceites, o que acaba por acontecer na sua maioria, e por lá ficam alguns

anos ou nunca mais voltam, perdendo-se assim importantes contributos

para o nosso país. Outros, os mais jovens, vão acalentando o sonho de um dia voltarem e ajudar o

seu país a evoluir na área da ciência e investigação. Este é um testemunho na primeira pessoa: O

seu nome é Luís Graça dá aulas na faculdade de medicina no Hospital de St. Maria e é lá que

também tem a sua equipa e faz investigação na área das Ciências Biomédicas.

Olá Luís! Obrigada por te dispores a dar o teu testemunho e assim contribuíres para o

enriquecimento do meu trabalho. O que pretendo é que no geral dês o teu testemunho

pessoal explicando a razão porque foste estudar para fora. Como te adaptaste? Como te

acolheram? Quais as diferenças que existiam entre cá e lá? Quando foste e quando voltaste?

Aconselhas os jovens que queiram ser reconhecidos pelo seu trabalho quer nacional ou

internacionalmente seja em que área for irem trabalhar ou estudar para fora?

Luís : Fui para Inglaterra para fazer investigação científica numa área inexistente nessa altura em

Portugal que era (Imunologia dos transplantes). O local para onde fui está muito habituado a

receber estrangeiros, pelo que fui muito bem recebido sendo todas as questões burocráticas

facilmente resolvidas (ao contrario do que veio acontecer a estrangeiros que vêm fazer investigação

em Portugal). Fui em 1998, regressei em 2004. O conselho que poderei dar é que estas

experiências são úteis quando o local escolhido faz sentido. Isto é, no estrangeiro, tal como em

Portugal existem locais com características excelentes e que beneficiarão imenso a carreira de

quem por lá passar pois permitem uma formação excepcional. Existem igualmente sítios péssimos

que só prejudicam quem por lá passe. E existem todas as variantes entre estes dois extremos. No

nosso país, também tem havido uma grande mudança da oferta em termos de investigação

científica. Hoje é possível encontrar em Portugal locais tão bons como alguns dos melhores do

Mundo.

Quais as vantagens ou desvantagens se tivesses ficado no teu país? Terias tido as mesmas

oportunidades de carreira profissional? Quais as principais diferenças que encontraste,

quando foste para Inglaterra? por ex: ao nível de alojamento, condições de trabalho,

transportes, oportunidades, de reconhecimento (internacional), etc.etc. Como foste acolhido

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Page 16: FUGA DE CEREBROS

lá fora? Qual foi o teu percurso antes de regressares

ao teu país? E quando regressas-te alguma coisa

havia mudado significativamente? Porque voltaste?

Se fosse hoje tomarias a mesma decisão?

Luís: No meu caso pessoal, ficando no país não teria tido

a oportunidade de formação na área em que hoje trabalho.

Estive 6 anos em Inglaterra (Oxford), primeiro a fazer o

doutoramento e depois como investigador pós-doutorado.

Em seguida passei 6 meses na Austrália para tomar

conhecimento com outros assuntos importantes para a

investigação que hoje faço. Neste momento tenho condições tão boas em Portugal como teria no

estrangeiro para fazer investigação. Isto influenciou o meu regresso. Hoje tomaria a mesma

decisão, quer na saída, quer no regresso.

Promessas eleitorais que ficam [quase] sempre por cumprir.

Durante a última campanha eleitoral os principais partidos fizeram promessas de investimento na

ciência para evitar a fuga de cérebros (caso ganhassem as eleições claro!).

Para convencer mais investigadores a trabalhar em Portugal, os programas legislativos dos partidos

propõem o reforço do orçamento das instituições, o fim da precariedade laboral, maior cooperação

entre organismos e empresas e apoios fiscais para quem contrate doutorados.

As forças políticas dão a conhecer suas propostas no domínio da ciência e tecnologia.

Na obstante continua a ser usual aparecerem nos programas eleitorais promessas aliciantes para a

área da investigação, uma vez que é reconhecido por todos os partidos a sua importância

estratégica para o desenvolvimento e modernização do país. A titulo de exemplo, do ultimo acto

eleitoral transcrevo aqui as propostas do (PCP), (CDS), (BE), (PSD), e (PS):

O (PCP) considera que, para cativar investigadores para as instituições Portuguesas, é”

fundamental atribuição de um orçamento próprio plurianual a todos os organismos e instituições

publicas “ de onde se faz investigação, nomeadamente laboratórios públicos, institutos e centros de

investigação ligados ou dependentes de instituições publicas de ensino superior.

O (CDS) considera que o “ o estado deve ser generoso em bolsas” que permitam mobilidade

internacional de investigadores portugueses e que “é preciso abrir a universidade portuguesa a

investigadores e docentes - portugueses ou não provenientes do estrangeiro”.

O (BE) esta também preocupado com a fraca internacionalização da investigação científica

portuguesa, o (BE) considera importante a estabilidade profissional para os professores e

investigadores, que devem ter renumerações decentes. O bloco defende “ o fim do recurso aos

bolseiros como mão-de-obra barata para suprir necessidades permanentes das instituições e

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combate à precariedade pela conversão das falsas bolsas em contratos de trabalho” e a sua

substituição do processo de Bolonha “por um modelo de cooperação europeia no ensino, ciência e

investigação”.

O (PSD) no seu programa de governo pretende criar “ um sistema estruturado de inovação cientifica

e tecnológica, baseado no apoia jovens investigadores e empreendedores” com

Incentivos à articulação entre empresas, universidades e “ outros serviços do sistema científico e

tecnológico nacional.

O (PS), partido do actual governo garante que o futuro da ciência passa pela continuidade da

politica que promova a “ colaboração entre instituições cientificas, as universidades e as empresas”

através de novos mecanismos de financiamento público que complementem financiamento privado.

Os socialistas pretendem triplicar o numero de patentes internacionais, duplicar a despesa privada

em I&D (investigação e desenvolvimento), e aumentar o numero de investigadores e de novos

doutorados e criando um Simplex da Ciência que de ao sector um quadro legal próprio mais flexível.

O (PS) garante que é nesta legislatura que “ todos os investigadores doutorados [terão] um regime

de protecção social idêntico ao dos restantes trabalhadores, incluindo os actuais bolseiros”.

O Estatuto da Carreira de Investigação Científica: de uma carreira para trajectórias diversas

no sistema de investigação

De seguida apresento um excerto de um artigo de Tiago Santos Pereira – investigador que achei

interessante:

“A política de recursos humanos em ciência e tecnologia estão crescentemente no centro de

diversos debates quer a nível europeu quer a nível nacional. Perante o sucesso dos Estados Unidos

em atrair recursos humanos altamente qualificados, oriundos de todo o mundo, a noção de brain

drain (fuga de cérebros), deixou de estar unicamente associada aos países em desenvolvimento e

faz já parte das principais preocupações a nível europeu.

A Europa esta ainda em fase de aprendizagem, olhando não só para os Estados Unidos de forma

reverencial perante a sua capacidade de atracção de investigadores, como também para as

economias emergentes, perante as suas estratégias de valorização de recursos humanos, que

muitas vezes transformam o brain drain em brain gain. (fuga de cérebros em regresso de

cérebros).

Para além de questões estratégicas dos recursos humanos na competitividade e produtividade das

economias mundiais, esta torna-se também cada vez mais uma questão operacional, no quadro dos

objectivos da agenda de Lisboa, e da cimeira de Barcelona que definiram como meta para o Espaço

Europeu atingir 3% do PIB de investimento em I&D, (Investigação e Desenvolvimento) em

2010.Conhecida que é a dependência da despesa em I&D (investigação e desenvolvimento) nos

recursos humanos, este objectivo implica um crescimento significativo na capacidade de atracão e

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de retenção de investigadores no Espaço Europeu. Na Comunicação da Comissão “(Researches

in the European Research Area: One Profession, Multiple Careers”), estima-se que sejam

necessários mais de 700.000 investigadores na Europa, para além da renovação natural dos

quadros de investigadores, para atingir este objectivo a nível europeu”.

Debate sobre papel dos privados na investigação científica em que o tema foi: Fundações

privadas esperam mais resultados das investigações que financiam.

“As fundações privadas que financiam investigação científica arriscam mais e são mais flexíveis,

mas esperam também mais resultados, dizem representantes de várias destas entidades que se

reuniram em Oeiras as para um debate sobre o sector”.

Decorreu a 28 de Dezembro de 2009 no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) uma mesa redonda

para debater a política de apoio à investigação científica pelas fundações privadas em Portugal e a

nível internacional. Contou com a participação das figuras mais importantes ligadas à área

científica. O presidente do (IGC) Instituto da Gulbenkian Ciência, Dr. António Coutinho e Dr. Diogo

Lacerda, da Fundação Chanpalimaud, Dr.ª Leonor Beleza, e representando a Fundação

Volkswagen (Alemanha), DR. Wilhelm Krul , Deste debate saíram criticas e ideias, mas a palavra

[talvez] mais repetida com que todos se deparam é a burocracia. Dr. António Coutinho frisou que:

“com (algumas excepções), são os burocratas que, actualmente, na União Europeia, tomam as

decisões em vez dos políticos. A falta de comunicação entre departamentos e as consequências

negativas da organização tradicional das universidades, a não alteração da forma de algumas

disciplinas, é muito importante a partilha de princípios na investigação para haver

complementaridade, flexibilidade e entendimento, “os investigadores querem apoio, flexibilidade

e confiança”.

A Dr.ª Leonor Beleza revelou os planos para 2010 da instituição e explicou o funcionamento da

organização, que procura a “ excelência da Ciência” para seguir o modelo do seu fundador o

(empresário António Champalimaud), é preciso “ ser criativo, activo e obter resultados”.

“Wilhem Krull , da Fundação alemã Volkswagen, sublinhou que a fundação é “padrão e não parte

da academia” e por isso é mantida a independência de uma investigação “excelente e

inovadora.”

Testemunho de uma investigadora que assistiu ao debate e como tantos outros planeiam

voltar ao seu país

A investigadora Sara Geraldo, de 29 anos, iniciou há três meses uma nova “aventura” em Paris,

como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi uma das pessoas que ouviram que

“flexibilidade, risco e confiança” são conceitos que caracterizam as fundações privadas que

financiam investigação científica.

Depois de uma licenciatura em Bioquímica em Coimbra, Sara ligou-se à Gulbenkian e rumou a

Londres para um doutoramento na área das ciências neurobiológicas.

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Actualmente, investiga o cancro no Instituto parisiense Curie e planeia voltar a Portugal após a

formação com “ideias frescas para ajudar ao crescimento da Ciência” no país. “Contacto com

novas culturas, com formas diferentes de se fazerem as coisas”, é como resume a experiência

de estudar no estrangeiro.

Fundação Champalimaud abre centro de cancro em 2010

O Centro de Investigação da Fundação Champalimaud vai abrir em Lisboa uma área dedicada às

neurociências e ao cancro. O responsável pela área oncológica do Centro, que abrirá em Outubro

de 2010, Raghu Kalluri, explica que parte do edifício será dedicada à prevenção e tratamento

clínico.

Mais um caso de sucesso desta feita nos Estados Unidos e que regressa a Portugal a convite

da fundação Champalimaud de seu nome Rui Costa

Rui Costa doutorou-se em Ciências Biomédicas pela Universidade do

Porto e da Califórnia em Los Angeles, fez um pós- doutoramento em

Neurobiologia na Universidade de Duke, também nos EUA, e desde

2006 chefia a secção de Neurobiologia no laboratório de

Neurociência interactiva dos Institutos Nacionais de Saúde (INS) dos

EUA . Rui Costa recebeu o prémio de jovem investigador da

Fundação Nacional de Neurofibromatose em 2001 e foi finalista do prémio Donald B. Lindsey da

Sociedade de Neurociência dos Estados Unidos da América em 2003.

Apesar de muito jovem (36 anos) Rui Costa tem já um vasto currículo: Em Abril de 2010 regressa a

Portugal para integrar o projecto de Neurociências da Fundação Champalimaud. Este investigador

de começou por estudar os mecanismos da aprendizagem, nomeadamente a Neurofibromatose do

tipo 1. Nesta área o seu laboratório nos (NIH) investiga actualmente os mecanismos neuronais que

controlam a aprendizagem de novas acções. È um trabalho que, tem implicações na compreensão

dos fenótipos associados a certas doenças por exemplo a de Parkinson, à compulsividade e à

psicose.

“A aprendizagem de acções é, no fundo, a aprendizagem de novas maneiras de fazer as coisas e

de novas regras, e a escolha de acções prende-se coma a tomada de decisões", disse Rui Costa. O

objectivo do nosso trabalho é perceber como é que aprendemos essas novas maneiras de fazer as

coisas ou como geramos novas regras, porque é que escolhemos certas acções em vez de outras,

como é que desenvolvemos acções automáticas ou hábitos, e como é que os hábitos

eventualmente se transformam em comportamentos compulsivos", explicou.

Na sua perspectiva, o estudo das acções é "fascinante" por remeter para o conceito de objectivo

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ou de recompensa dentro do cérebro, já que muitas das acções são executadas para atingir um

objectivo específico.”

Rui Costa e oTrabalho em dois continentes

“Além disso, esta investigação implica os conceitos de ordem, de sequência e de tempo relativo, e

de probabilidade causal entre acção e objectivo, e está também ligada ao conceito de diversidade

no cérebro, diversidade de padrões de actividade cerebral, de células e circuitos cerebrais e de

comportamento.

O seu laboratório recorre a vários níveis de análise, desde as moléculas às células e aos sistemas

ou circuitos de células, e utiliza manipulações genéticas e técnicas de medição e visualização de

actividade cerebral. Rui Costa vai trazer a maioria da sua equipa de investigação para Portugal, que

funcionará no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, enquanto o edifício da Fundação

Champalimaud não estiver concluído, mas continuará a chefiar o seu laboratório de Neurobiologia

da Acção dos Institutos Nacionais de Saúde ( NIH) dos EUA.

Nota de rodapé

O neurocientista Rui Costa - investigador principal no Programa de Neurociências da Fundação

Champalimaud, no Instituto Gulbenkian de Ciência -  recebeu uma bolsa de 1,6 milhões de euros

para tentar descobrir, nos próximos cinco anos, as diferenças a nível cerebral entre as acções

novas e as praticadas por rotina ou compulsividade.

A bolsa foi atribuída pelo European Research Council (ERC), o mais importante organismo europeu

de apoio à ciência e à investigação e o neurocientista português é um dos 219 bolseiros do

prestigioso European Council Starting – selecção feita entre 2503 candidatos.

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CPLP e a Fuga de cérebros

A chamada «fuga de cérebros» e as dificuldades no

reconhecimento das habilitações que os imigrantes encontram

nos países de acolhimento foram os temas em debate na

conferência internacional «Migrações e Desenvolvimento», a

decorrer em Lisboa.

Ilustrando as dificuldades que essa «fuga de cérebros» pode

provocar nos países de origem, Maria Hermínia Cabral, da

Fundação Calouste Gulbenkian, fez saber que existem em

Portugal cerca de 2.100 médicos angolanos e 180 guineenses.

«Angola não tem tantos e a Guiné-Bissau não supera os 80»,

afirmou. A responsável disse ainda que a Gulbenkian tem

pontualmente incentivado o regresso de médicos ao país de origem, quando é essa a sua vontade,

mas afirma que os que aceitam acabam por ficar pouco tempo. «Tentamos criar condições para a

integração desses médicos em hospitais dos seus países de origem, mas depois as condições

salariais não são apetecíveis» e eles acabam por regressar a Portugal, disse Maria Hermínia Cabral

à agência Lusa. Por isso, uma das apostas da Gulbenkian é apoiar a formação das pessoas nos

seus países de origem, «com o intuito também de essas pessoas passarem a ser as formadoras»,

afirmou. Referindo-se ao problema do reconhecimento das habilitações dos imigrantes, Maria

Hermínia Cabral deu a conhecer às diversas organizações internacionais presentes na conferência

o programa que a Fundação Calouste Gulbenkian desenvolveu com médicos e enfermeiros

estrangeiros, que permitiu que mais de 100 estejam actualmente a trabalhar no Sistema Nacional

de Saúde. Em declarações à Agência Lusa, a chefe de missão em Portugal da Organização

Internacional para as Migrações (OIM), Mónica Goracci, mostrou-se confiante com o trabalho que

vai ser desenvolvido no gabinete de Reconhecimento de Habilitações, do Alto Comissariado para a

Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI). «Acredito que vai facilitar esse reconhecimento», afirmou

a responsável, para quem o actual processo «é muito lento e não está a responder às

necessidades». Mónica Goracci disse ainda que os países de acolhimento deveriam «aproveitar»

os conhecimentos que os imigrantes levam porque são pessoas com «capacidade de se adaptar a

contextos diferentes, trabalham em equipas multiétnicas e falam mais línguas do que as populações

locais». Na conferência foi ainda apresentado um projecto da fundação holandesa IntEnt, que

incentiva e apoia os imigrantes na Holanda a criarem Pequenas e Médias Empresas nos seus

países de origem.

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Programa Ciência global - Centro UNESCO para formação de cientistas da CPLP

Projecto inovador será sedeado em Portugal

O programa Ciência global é lançado no âmbito da preparação do centro UNESCO para as

Ciências no âmbito das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), iniciativa

apresentada por Portugal junto da UNESCO com o apoio e a participação de todos os países da

CPLP.

Reunidos em Lisboa em Agosto de 2009, os ministros responsáveis pela ciência e Ensino Superior

de cada um dos países da CPLP decidiram saudar, apoiar, e acompanhar a iniciativa, de criação de

um Centro Unesco para a formação avançada em ciências, como entidade distribuída. Trata-se de

uma iniciativa que tem como objectivo evitar a fuga de cérebros oferecendo-lhes os meios

necessários para a sua permanência nas Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A formação que se pretende dar aos investigadores deste centro consistirá na aprendizagem das

condições específicas do trabalho de investigação nos seus países de origem e a sua educação no

domínio da responsabilidade social dos cientistas, e

também tem com objectivo avaliar os investigadores de acordo com critérios internacionais, de

modo a ficarem aptos para operar num contexto universal, através da integração em programas e

redes internacionais de investigação.

A ideia foi formalmente proposta ao Director-geral da UNESCO por José Mariano Gago, Ministro da

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em Paris, os seus homólogos das CPLP, ou os seus

representantes, já haviam aprovado unanimemente a iniciativa, numa cimeira realizada em Lisboa

no mês de Agosto. Consideraram o projecto um contributo pioneiro para a criação e consolidação

de capacidades científicas em países em vias de desenvolvimento. A UNESCO exprimiu também o

seu empenho e interesse na concretização desta iniciativa.

Portugal assumiu a responsabilidade de garantir o funcionamento inicial do Centro assim como

assegurar o seu secretariado, que será financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia

(FCT). A este organismo competirá a gestão da iniciativa, futuramente sujeita a uma avaliação

internacional independente.

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Cientista Zachary Mainen da Fundação Champalimaud recebe bolsa de 2,3 milhões de euros

Zachary Mainen, coordenador do Programa de Neurociência

da Fundação Champalimaud, no Instituto Gulbenkian de

Ciência, acaba de ver reconhecido, pelo European Research

Council (ERC), o trabalho que tem desenvolvido como

investigador na área das Neurociências ao ser-lhe atribuída

uma das maiores bolsas científicas, no valor de 2,3 milhões

de euros. A atribuição tem a duração de cinco anos e servirá

para apoiar o estudo das funções biológicas da serotonina.

O cientista norte-americano publicou mais de uma trintena de

artigos de referência em revistas científicas conceituados. Em

2007, trocou o Laboratório de Cold Spring Harbor pelo

Programa de Neurociência da Fundação Champalimaud e

veio viver para Portugal.

O investigador e o seu grupo propõem-se levantar o véu sobre um dos assuntos mais enigmáticos

nas Neurociências – dissecar o papel da serotonina (um neurotransmissor, o que permite a

comunicação entre os neurónios) no controlo de comportamentos vitais como comer, dormir, ou

respirar, e nas perturbações psiquiátricas associadas, como ansiedade, depressão, enxaqueca ou

disfunções alimentares.

Zachary Mainen explica que “remédios anti-depressivos como o Prozac aumentam o nível de

serotonina no cérebro, mas ainda pouco se sabe sobre o que leva o cérebro a libertar a sua própria

serotonina, ou em que como é que isso afecta o funcionamento do sistema nervoso.

A equipa está a desenvolver novas ferramentas que irão permitir efectuar testes decisivos sobre a

função desta molécula e adquirir mais informação sobre a forma como este importante

neurotransmissor realmente actua no cérebro. Os nossos estudos poderão ter aplicações clínicas e

contribuir para o desenvolvimento de drogas mais eficazes no tratamento de perturbações do

comportamento e até mesmo de terapias genéticas mais avançadas concluiu. As ferramentas que

os cientistas estão a desenvolver, baseadas na genética, na visualização dos neurónios e na

electrofisiologia (registando a actividade dos neurónios), serão um recurso valioso para toda a

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comunidade científica internacional. A bolsa, «Advanced Investigator Grant», atribuída a Zachary

Mainen destina-se a investigadores seniores, com o objectivo de incentivar e apoiar projectos

inovadores à sua escolha, em qualquer campo da ciência. Nesta segunda edição houve 512

candidaturas, provenientes de países de toda a Europa. Esta bolsa é a primeira atribuída a um

investigador das Ciências da Vida a trabalhar em Portugal. Nasceu em Rockville, nos Estados

Unidos e estudou na Universidade de Yale. Posteriormente, doutorou-se em Neurociências na

Universidade da Califórnia. Até 1997 foi bolseiro de pós-doutoramento no Laboratório de Roberto

Malinow, em Cold Spring Harbor; passou depois para o Laboratório de Karel Svoboda. Em 1999

foi nomeado professor assistente em Cold Spring Harbor; entre 2004 e 2007 trabalhou como

professor associado na mesma instituição até que veio para Portugal como investigador principal e

coordenador do Programa de Neurociência da Fundação Champalimaud.

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3. CONCLUSÃO

Não fui muito feliz na escolha do tema, não se adequava aos DRS mas, fiz o melhor que sabia

espero que esteja do vosso agrado, alguns vão ter mais trabalho visto que não deu para

separar os DRS das três áreas, assim sendo vão ter de ler o trabalho todo e decidir que partes

se enquadram na respectiva área.

Gostei de trabalhar este tema é sempre muito gratificante saber que temos excelentes cérebros

mas que infelizmente não tem no seu país a oportunidade que lhe oferecem nos EUA, visto que

é lá que se encontra a maior comunidade de cientistas, embora alguns regressem, não perdem

a ligação ao país que os acolheu como poderão verificar em alguns exemplos que vos

apresento neste trabalho a” fuga de cérebros” mas na verdade não é uma fuga, mas uma

necessidade.

Gratos a todos pela ajuda e paciência que tiveram.

M-ª Zélia Teixeira

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4. BIBLIOGRAFIA

Expresso « Revista Única» Fundação para Ciências e a Tecnologia Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior Programa global www.mctes.pt/CPLP-unesco . cienciahoje.pt ciencia hoje Diário Digital/ Lusa Jornal de Negócios. Http://www.snesup.pt/htmls/EEZyZFlpuldVAojguA.shtml

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