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7/29/2019 FSP2008-Tomar o Dinheiro de Lula
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Resposta no pergunta: Com o episdio da CPMF, a oposio ao
governo Lula encontrou um caminho?
Tomar o dinheiro de Lula
Fbio Wanderley Reis
Responder no pergunta daFolha envolve presumir que a idia do
rumo expresso na atuao recente da oposio seja vista com alguma
seriedade ou em termos mais ambiciosos. Pois claro que essa atuao tem
dado certo em determinado sentido: imps-se a derrota do governo no casoda CPMF e, com a difcil situao oramentria que resulta, torna-se possvel
continuar a fustig-lo, sobretudo dada a precariedade de sua sustentao no
Congresso.
Mas os limites do caminho trilhado pela oposio so tambm claros.
Talvez se possa deixar de lado o Democratas. O prprio fato de ter acabado
tendo de carregar esse nome desajeitado um arremate irnico da
camalenica trajetria desde a condio de partido da ditadura militar, pontode origem do governismo e do clientelismo de sempre que de repente perdem
o p. Pagando o preo da imagem negativa junto s parcelas majoritrias do
eleitorado urbano e h muito sem perspectiva de uma candidatura presidencial
que pudesse pretender viabilidade, natural que esteja disposto a fazer
barulho e jogar duro, quem sabe atear fogo ao circo, na expectativa de cavar
espao.
Do ponto de vista do PSDB, porm, o quadro atual faz surgir problemasnovos, que se juntam a outros menos novos e os complicam. No obstante o
nimo hostil que as circunstncias da luta com o PT pela hegemonia poltica
nacional ocasionalmente produziram, em especial em So Paulo, a auto-
imagem socialdemocrtica do partido no pode seno aproxim-lo de posies
que Lula na Presidncia terminou adotando com xito, por gosto ou fora, e
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no claro at onde, eleitoralmente, convm levar a briga. As derrotas nas
duas ltimas eleies presidenciais, e sobretudo as condies da derrota de
2006, com a frouxido abjurante da campanha de Alckmin, combinadas
ciso latente engendrada por duas novas candidaturas presidenciais
potencialmente fortes com os governadores Jos Serra e Acio Neves,trouxeram ao PSDB sua dose da recente crise geral dos partidos. Ora, a guerra
em torno da CPMF e os desdobramentos parecem intensific-la, em seu caso,
por mais de um aspecto.
Para comear, h um problema de consistncia (ainda que obviamente
caiba apont-lo, s avessas, tambm no PT) em que o partido batalhe com
exacerbada agressividade contra um imposto que ele prprio, no poder, criou,
eternizou e desvirtuou. Alm disso, como tem sido observado, o radicalismocom que o PSDB foi levado, no episdio da CPMF, a comprometer a imagem
de paladino da sade, conquistada sobretudo com Serra no ministrio
correspondente, dificilmente poderia ser avaliado como compensado, do ponto
de vista eleitoral, pelo fato de que supostamente se trata de mitigar o peso da
carga tributria tema muito menos visvel, por boas ou ms razes, junto ao
eleitorado popular.
H mais, porm. A ciso latente entre Serra e Acio comps-se com o
novo foco de tenso entre os governadores, de um lado, em particular os
candidatos potenciais Presidncia, e a bancada de senadores, de outro.
Passemos tambm por alto, aqui, o papel desempenhado no episdio pelo ex-
presidente Fernando Henrique Cardoso: ele vem sendo pessoalmente, h mais
tempo, um indcio e fonte das dificuldades do PSDB, por uma parte
representando liderana de clara importncia, por outra tendendo a ser posto
de lado em razo da impopularidade com que concluiu seu governo, donde
resultam formas de atuao (em que suas posies so como que gritadas de
fora) de motivao com frequncia equvoca e consequncias provavelmente
negativas, ao cabo, para o partido como tal.
Mas h Arthur Virglio. No ser com as feies marcadas pela
truculncia palavrosa e pobre de votos do lder da promessa de surra no
presidente, do blefe da ameaa da CPI do caixa dois (depois da esquecida
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exortao de 2000 a que no sejamos hipcritas, todo mundo burla a lei...),
dos insultos no plenrio do Senado a Pedro Simon e das aluses ofensivas aos
prprios presidenciveis do partido que as perspectivas do PSDB se tornaro
mais brilhantes em qualquer plano.
Era melhor ter deixado ao DEM a luta no STF para que Lula fique sem
dinheiro.
Folha de S.Paulo, 12/1/2008
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