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Moderna Hepatologia –Vol 38 – Nº 2 – Jul/Dez – 2012 53

Serviço de Hepatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro (8ª Enfermaria)Rua Santa Luzia, nº 206 – Castelo - 20020-020 – Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2220-9649

E-mail: [email protected]

Grupo de Fígado do Rio de JaneiroRua Siqueira Campos, nº 93/802 - Copacabana –22031-070 - Rio de Janeiro-RJ

Tels.: (21) 2255-8282 e (21) 2236-4510 - e-mail: [email protected]

MODERNA HEPATOLOGIAISSN 19823150

MODERNA HEPATOLOGIA

Editores ResponsáveisCláudio G de Figueiredo Mendes

Eduardo Joaquim Castro

Conselho EditorialCarlos Antônio R. Terra Filho, Carlos Eduardo Brandão-Mello, Cláudio G. de Figueiredo Mendes,

Cristiane Alves Villela Nogueira, Eduardo Joaquim Castro, Fernando Wendhausen Portella, Francesco Agoglia,Henrique Sérgio M. Coelho, João Luiz Hauer, João Luiz Pereira, Joaquim Ribeiro Filho, Jorge André de Segadas Soares,

Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto, Renata de Mello Perez, Ricardo Cerqueira Alvariz,Silvando Barbalho Rodrigues, Vera Lucia N. Pannain

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA DA MODERNA HEPATOLOGIATrasso Comunicação Ltda

Av. N. Sra. de Copacabana, 1059 sala 1201 – 22060-001– Rio de Janeiro-RJ – Tel/Fax.: (21) [email protected] - www.trasso.com.br

DIRETORIA DO GRUPO DE FÍGADOBIÊNIO 2011-2013

Presidente: Francesco AgogliaSecretário: Eduardo Joaquim Castro

Tesoureiro: Marcio Fragoso CastroDiretor Científico: João Luiz Pereira

Diretor de Divulgação: Silvando Barbalho Rodrigues

ComissõesHomepage: Paulo de Tarso A. Pinto

Moderna HepatologiaClaudio G. de Figueiredo Mendes e Eduardo Joaquim Castro

Curso de Aperfeiçoamento em HepatologiaFlavia Fernandes e Gustavo Henrique Pereira

Admissão: Carlos Antônio R Terra Filho e Clarice Gdalevici

Comissão Fiscal: Fernando Wendhausen Portella, Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto

Ano 38 – Nº 2 – Julho/Dezembro de 2012

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Moderna Hepatologia –Vol 38 – Nº 2 – Jul/Dez – 2012 54

EditorialFórum Jovem Pesquisador em Hepatologia .............................................................................................................................................................. 56Henrique Sergio Moraes Coelho

Trabalhos para apresentação oral

Tema: Carcinoma Hepatocelular/Transplante Hepático

Papel de alelos e genótipos de polimorfismos dos genes IL-18, IFN-γ, TNF-α e HLA-G na suscetibilidade e gravidade docarcinoma hepatocelular ........................................................................................................................................................................................... 57Andreza Corrêa Teixeira

Análise da sobrevida de pacientes cirróticos listados para transplante ortotópico de fígado nas eras pré-MELD e pós-MELD noSul do Brasil ............................................................................................................................................................................................................... 58Ângelo Zambam de Mattos

Carcinoma hepatocelular pós-transplante hepático: Análise de 10 anos ............................................................................................................... 59Joyce Roma Lucas de Silva

Sobrevida de pacientes com carcinoma hepatocelular: Avaliação de oito classificações prognósticas .............................................................. 60Fernando Every Belo Xavier

Avaliação da profilaxia de tuberculose no pós-transplante hepático em área endêmica ...................................................................................... 61Luciana Vanessa Agoglia

Tema: Cirrose

Solução de albumina em dose reduzida na peritonite bacteriana espontânea: ensaio clínico piloto, randomizado, duplo cego- Estudo Alternate ...................................................................................................................................................................................................... 61Araujo A, Lopes AB, Rossi G, Silva GV, Ananias P, Ness S, Álvares-da-Silva MR

Níveis de cortisol matinal e após estímulo com ACTH em portadores de cirrose hepática ..................................................................................... 62Rodrigo Pereira Luz

Infusão de células-tronco mononucleares autólogas de medula óssea em veia periférica para pacientes com cirrose hepática pelo HCV .... 63André Luiz Moreira Torres

Critérios da Acute Kidney Injury Network como preditores de mortalidade hospitalar em pacientes cirróticos com ascite ................................. 63Juliana Ribeiro de Carvalho

Prevalência e fatores preditivos de varizes de esôfago em pacientes com hepatite C e plaquetopenia .......................................................... 64Flavia Fernandes, Gustavo Pereira, Zulane Veiga, Daniela Mariz, José Carlos Lino, João Luiz Pereira

Tema: Doença Autoimune/Outras Hepatopatias

Ocorrência de shunt intrapulmonar em pacientes com esquistossomose hepatoesplênica avaliada pela cintilografia com MAA-Tc99m

e sua associação com provas de função hepática e grau de hipertensão portal ................................................................................................. 64Andréa Simone Siqueira de Queirós

Importância do anticorpo antiantígeno hepático solúvel na hepatite autoimune ...................................................................................................... 65Débora Raquel Benedita Terrabuio

Avaliação da fibrose hepática na esquistossomose mansônica através de marcadores séricos ....................................................................... 67Tibério Batista de Medeiros, Ana Lúcia Coutinho Domingues, Edmundo Pessoa Lopes, Ana Virgínia Matos Sá Barreto,Clarice Neuenschwander Lins de Morais, João Roberto Martins

Dilatações vasculares intrapulmonares não estão associadas à hipoxemia em pacientes com hipertensão portal esquistossomótica ............ 67Frederico Santana de Lima

ÍNDICE

MODERNA HEPATOLOGIAISSN 19823150

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Moderna Hepatologia –Vol 38 – Nº 2 – Jul/Dez – 2012 55

Tema: Hepatite B

Variantes do vírus da Hepatite B com mutações de resistência aos análogos nucleos(t)ídeos em pacientes com hepatite Bcrônica virgens de tratamento .................................................................................................................................................................................. 68Michele S. Gomes-Gouvêa

Estudos sobre infecções pelos vírus das hepatite B (HBV), hepatite C (HCV), hepatite Delta (HDV) e vírus GB-C (GBV-C) emdiferentes regiões da América do Sul ...................................................................................................................................................................... 69Mónica Viviana Alvarado-Mora, Ph.D.

Análise filogenética do vírus da hepatite B (HBV) entre familiares cronicamente infectados no Sudeste do Brasil ............................................ 71Silvana Gama Florencio Chachá, Michele Soares Gomes-Gouvêa, Fernanda Malta, Sandro da Costa Ferreira,Márcia Guimarães Villanova, Fernanda Fernandes Souza, Andresa Correa Teixeira, Afonso Dinis da Costa Passos,João Renato Rebello Pinho, Ana de Lourdes Candolo Martinelli

Exacerbação bioquímica da hepatite B em pacientes transplantados renais ......................................................................................................... 71Christini Takemi Emori

Associação entre HLA-DRB1* e infecção pelo vírus da hepatite B em doadores de sangue ............................................................................... 72Bruno de Melo Corrêa, Edmundo Pessoa Lopes, Maria de Fátima P. Albuquerque, Lúcia Dourado

Tema: Hepatite C

Avaliação da influência dos polimorfismos dos genes MXA, OPN E SOCS3 como marcadores preditivos de resposta à terapiacom IFN-α em pacientes com hepatite crônica C: Comparação com IL28B ............................................................................................................ 73Ana Luiza Dias Angelo, Lourianne Nascimento Cavalcante, Taisa Manuela Bonfim, Kiyoko Abe Sandes,Denise Carneiro Lemaire, Luiz Guilherme Lyra, André Castro Lyra

Os polimorfismos do gene IL28B, genótipo C/C (rs12979860) e genótipo G/G (rs8099917) são fortes marcadores de respostaterapêutica em uma população miscigenada de pacientes com hepatite crônica C precedentes de uma população miscigenada .................... 74Lourianne N Cavalcante

Perda de peso, composição corporal e gasto energético de repouso em portadores de hepatite crônica C em tratamento cominterferon peguilado e ribavirina ............................................................................................................................................................................... 76Milena Fioravante

Associação entre esteatose hepática e os polimorfismos C677T do gene da MTHFR da homocisteína e -493G/T do gene da MTP empacientes com hepatite C crônica ............................................................................................................................................................................ 77Siqueira ERF, Oliveira CPMS, Correa-Giannella ML, Stefano JT, Cavaleiro AM, Fortes MAHZ, Muniz MTC, Silva FS,Pereira LMMB, Carrilho J

Influência do transtorno depressivo maior e dos transtornos de ansiedade na qualidade de vida de pacientes com hepatite C crônica .......... 78Luciana Rodrigues da Cunha

Avaliação do desempenho de testes rápidos para a detecção do anti-HCV ......................................................................................................... 79Lígia da Rosa, Esther B. Dantas-Corrêa, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Leonardo de Lucca Schiavon

Reativação tardia da hepatite B após o tratamento para hepatite C em pacientes hemodialisados com dupla infecção HBV/HCV .................... 80Wahle RC, Perez RM, Pereira PSF, Oliveira EMG, Emori CT, Uehara SNO, Melo IC, Silva ISS, Silva AEB, Ferraz MLG

Aspectos epidemiológicos da infecção pelo vírus da hepatite C e coinfecções com os vírus B e Delta no estado do Acre,Amazônia ocidental brasileira ................................................................................................................................................................................... 80Thor Oliveira Dantas

Tema: Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica

Efeito antifibrogênico do doador de óxido nítrico S-Nitroso-N-acetilcisteína (SNAC) na esteato-hepatite não alcoólica experimental ................ 81Daniel Ferraz de Campos Mazo

Valor preditivo do marcador não invasivo (FibroTest) em pacientes diabéticos não insulino-dependentes (tipo 2) comsíndrome metabólica .................................................................................................................................................................................................. 82Hugo Perazzo

Espectro de alterações hepáticas em usuários de esteroides anabolizantes ....................................................................................................... 83Paulo Adriano Schwingel

Avaliação da doença hepática gordurosa não alcoólica em pacientes diabéticos tipo II em atendimento ambulatorial em umhospital terciário ........................................................................................................................................................................................................ 84Lilian Machado

Trabalhos para apresentação em formato de pôster ........................................................................................................ 86 a 112

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56 Moderna Hepatologia – Vol 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012

É

Fórum Jovem Pesquisador em Hepatologia

com muita satisfação que faço a apresentação desta nova atividade educativa daSociedade Brasileira de Hepatologia.Ha muitos anos tenho observado um crescente númerode trabalhos científicos originais, de excelente qualidade, apresentados nos congressosda SBH. Ao mesmo tempo, um grande número de trabalhos na área têm sido publicadosem revistas internacionais de médio e alto impacto Também nas minhas andanças peloBrasil nos congressos, simpósios, oficinas e defesas de tese de mestrado e doutoradoconheci jovens hepatologistas com interesse em pesquisa básica e clínica. Assim, diantede uma especialidade em expansão e afirmação, com um número cada vez maior decursos de pós-graduação, nada mais desejável de que um Fórum onde estes jovenspesquisadores e seus orientadores pudessem mostrar seu trabalho e trocar experiências.

Para desenvolver e organizar este Fórum convidei as Dras. Maria Lucia Ferraz eRenata Perez, conceituadas professoras e pesquisadoras, que através chamada e divulgaçãopela SBH convidou os associados a participarem enviando resumos de seus estudos paraseleção daqueles que seriam mostrados no Fórum. Foram selecionados trinta trabalhosdesenvolvidos em Centros de Pós-Graduação ou em Servicos de Gastroenterologia eHepatologia desde que versassem sobre temas relacionados à Hepatologia. Houve umapreocupação da Comissão 0rganizadora de que grande número de Serviços ou Centros dePós-Graduação participassem, limitando o número de trabalhos por Grupo, permitindodesta maneira um acesso maior de Servicos das diversas regiões do País.

Esperamos que este Fórum permita revelar novos valores para a Hepatologia e quese torne um evento oficial da nossa Sociedade para que consigamos, ao final, nossoobjetivo maior que é a educação para prevenção e tratamento das doencas hepáticas.

Henrique Sérgio Moraes Coelho

Presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia

EDITORIAL

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Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012 57

FÓRUM JOVEM PESQUISADOR EM HEPATOLOGIA

Trabalhos selecionados para apresentação oral

TEMA: CARCINOMA HEPATOCELULAR/TRANSPLANTE HEPÁTICO

Papel de alelos e genótipos de polimorfismos dos genes IL-18, IFN-γγγγγ, TNF-ααααα eHLA-G na suscetibilidade e gravidade do carcinoma hepatocelular

Autor: Andreza Corrêa TeixeiraOrientador: Ana Lôurdes Candolo Martinelli

O carcinoma hepatoceluar (CHC) é um tumor maligno primá-rio do fígado que ocorre, principalmente, em portadores dedoença hepática crônica. O dano celular seguido de regene-ração, mediado pela resposta imune, parece ter papel impor-tante na hepatocarcinogênese. Estudos envolvendo promo-tores de citocinas, incentivados pela identificação de singlenucleotide polymorphisms (SNPs), assim como polimorfismosno gene HLA-G (Human Leukocyte Antigen-G), em particulardos 14 pares de bases (14 pb), têm sido importantes paramelhor compreensão da resposta imune no desenvolvimentodo câncer. Contudo, a relação desses polimorfismos coma suscetibilidade e a gravidade do CHC ainda não estáesclarecida. Assim, avaliou-se a associação de alelos egenótipos de polimorfismos da região promotora dos genesIL-18 (-607C/A e -137C/G), IFN-γ (+874A/T) e TNF-α (-238A/Ge -308A/G), e do polimorfismo I/D 14 pb do HLA-G com sus-cetibilidade e gravidade do CHC. Cento e trinta pacientes comCHC e 202 controles saudáveis da mesma área geográficaforam avaliados. A amplificação dos SNPs das citocinasestudadas e da 3'UTR do gene HLA-G foi realizada por reaçãoda polimerase em cadeia, com primers específicos, sendo osprodutos das reações submetidos à eletroforese em gel depoliacrilamida corado pela prata. Para avaliação da gravidadedo CHC foram estudados: a) apresentação do tumor; b)tamanho do nódulo; c) critérios de Milão; d) metástase e; e)classificação histológica, segundo Edmondson & Steiner,1954. A mediana (± DP) da idade dos pacientes à época dodiagnóstico de CHC foi de 56 ± 11,2 anos, com 81,5% do sexomasculino. Cirrose esteve presente em 89,2% dos casos.Tumor uninodular foi encontrado em 70,5%, multinodular em16,3% e infitrativo difuso em 13,2%. Aproximadamente 60%dos tumores eram <5 cm, 19% entre 5 e 10 cm e, 8% >10 cm.

Mais da metade dos casos (55%) preenchiam os critérios deMilão, e metástase foi encontrada em 7,7%. Sessenta e seispor cento dos pacientes apresentaram classificação histo-lógica graus I e II. Associação significativa foi encontrada entreCHC e os seguintes polimorfismos: alelos IL-18 -607*A[P=0,0235; OR=1,48; IC95%=1,06-2,08]; TNF-α -238*A[P=0,0025; OR=2,12; IC95%=1,32-3,40] TNF-α -308*A[P=0,0351; OR=1,82; IC95%=1,07-3,08] e, 14pb*D [P=0,0326;OR=1,46; IC95%=1,04-2,05]. Quando os genótipos foram ava-liados, as seguintes associações com CHC foram encon-tradas: IL-18 -607AA [P=0,0048; OR=3,03; IC95%=1,40-6,55];TNF-α -238GA [P=0,0011; OR=2,44; IC95%=1,45-4,12]; eTNF-α -308GA [P=0,0031; OR=2,51; IC95%=1,39-4,51]. IL-18-137G/C e IFN-γ +874T/A não estiveram associados comsuscetibilidade ao CHC. Quando avaliada a gravidade do CHC,foi encontrada associação entre: alelo IL-18 -607*C e tumormultinodular {multinodular vs. uninodular; [P=0,0289; OR=2,4;IC95%=1,09-5,28]} e; alelo IL-18 -137*C e metástase {pre-sente vs. ausente; [P=0,0240; OR=4,00; IC95%=1,32-12,14]};genótipo IL-18 -607CC e tumor multinodular {multinodular vs.uninodular; [P=0,0284; OR=3,5; IC95%=1,24-9,86]} e; IFN-γ+874AT e infiltrativo difuso {infiltrativo difuso vs. uninodular;[P=0,0443; OR=3,6; IC95%=1,04-12,47]}. Não foi observadoassociação entre TNF-α -238A/G, -308A/G e I/D14 pb egravidade do CHC. Nossos resultados sugerem que os SNPsTNF-α (-238A/G e -308A/G) e IL-18 -607C/A, e o polimorfismoinserção/deleção dos 14pb do HLA-G podem conferir susce-tibilidade ao CHC, e os SNPs IL-18 (-607C/A e -137C/G) eIFN-γ +874A/T maior gravidade do CHC.

Palavras-chave: Carcinoma hepatocelular, IL-18, IFN-α,TNF-γ, HLA-G.

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58 Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012

Introdução e Objetivos: A cirrose é o estágio final da hepato-patia crônica e é uma importante causa de morte. O trans-plante hepático é a única terapêutica curativa para a cirrosedescompensada, e, na última década, o escore MELD temsido utilizado na alocação de órgãos. No entanto, há autoresque questionam se a alocação de órgãos pelo MELD nãoestaria simplesmente transferindo a mortalidade dos paci-entes do período em lista de espera para o período pós-trans-plante. Uma vez que o enxerto é um bem público e finito e quenão há, nem mesmo em um modelo de política de transplan-tes utópico, órgãos suficientes para todos os doentes, umaboa política de transplantes deve otimizar ao máximo o tempode vida ganho pela população de pacientes candidata ao trans-plante e não somente aumentar a sobrevida de cada indiví-duo transplantado, analisando o benefício coletivo e não ape-nas o individual. Assim, este estudo objetiva comparar, utili-zando de maneira inédita uma estratégia "intenção-de-tratar-símile", a sobrevida da população listada para transplantehepático nas eras pré e pós-MELD independentemente de ospacientes terem sido transplantados ou não, bem como esti-mar a sobrevida em longo prazo para ambos os grupos atra-vés de modelos matemáticos. Pacientes e Métodos: Este éum estudo retrospectivo, de cirróticos listados para transplan-te hepático no Sul do Brasil nas eras pré e pós-MELD. Ospacientes foram seguidos até o óbito ou até dezembro de2009. Curvas de sobrevida foram criadas através do modelode Kaplan-Meier para a população de pacientes em lista emambas as eras, independentemente de os pacientes teremsido submetidos ao transplante ou não. A regressão de Coxfoi utilizada para determinar fatores de risco associados demaneira independente à mortalidade. Os modelos expo-nencial, Weibull, log-normal e Gompertz, modelos matemáti-cos paramétricos, foram utilizados para produzir curvas capa-zes de estimar a sobrevida de longo prazo dos grupos depacientes; o modelo cuja curva fosse melhor adaptada àquelaproduzida pelo modelo não-paramétrico de Kaplan-Meierpara os paciente de cada era seria o escolhido para projetarsua sobrevida ao longo do tempo. Resultados: Incluíram-se162 pacientes listados na era pré-MELD e 184 listados na pós-MELD. No momento da inscrição, os pacientes da era pós-

MELD tinham bilirrubinas mais elevadas (4,09 vs. 3,04 mg/dL,p=0,008) e sódio mais baixo (136,05 vs. 138,06 mEq/L,p<0,001). No momento do transplante, os receptores da erapós-MELD tinham albumina mais baixa (2,92 vs. 3,36 g/dL,p=0,001) e bilirrubinas (5,69 vs. 2,18 mg/dL, p=0,002) eescore MELD (18,20 vs. 14,74, p=0,002) mais elevados. Naera pós-MELD, pacientes etilistas foram menos listados(21,40% vs. 33,80%, p=0,021) e transplantados (16,40% vs.31,90%, p=0,047). Excluídos os casos de carcinomahepatocelular, o MELD de inscrição foi mais alto na era pós-MELD (17.12 vs. 15,24, p=0,001). A curva de Kaplan-Meier paraos pacientes listados na era pós-MELD demonstrou melhorsobrevida do que a da era pré-MELD (p=0,009). Esta diferen-ça permaneceu nas estimativas de longo prazo, com sobrevidade 53,54% em 5 anos e de 44,64% em 10 anos para pacien-tes listados na era pós-MELD de acordo com a curva geradapelo modelo de log-normal e de 43,17% e 41,75%, respecti-vamente, para os listados no período pré-MELD conforme acurva produzida pelo modelo de Gompertz. A era em que ospacientes foram listados (p=0,010) e o MELD de inscrição(p<0,001) estiveram associados de maneira independente àsobrevida, com razão de riscos de 0,664 (IC 95%=0,487-0,906)e de 1,069 (IC 95%=1,043-1,095) respectivamente, refletindouma chance cerca de 34% maior de sobrevida para os paci-entes listados na era pós-MELD e um aumento no risco demortalidade de cerca de 6,9% a cada acréscimo de um pontono MELD dos pacientes listados. Conclusão: Este estudo é oprimeiro a analisar a sobrevida nas eras pré e pós-MELD soba perspective da população listada para transplante, indepen-dentemente de terem recebido o enxerto, em uma aborda-gem "intenção-de-tratar-símile", o que é fundamental, umavez que os órgãos ofertados devem ser utilizados de modo aproduzir a maior quantidade possível de "anos de vida ga-nhos" para a comunidade. Através de seus resultados, verifi-cou-se que a política de transplantes baseada no escore MELDé superior à baseada no tempo de espera em lista e promovemelhor sobrevida, uma superioridade que persiste após aná-lises de longo prazo. Assim, é possível afirmar que a atualpolítica de alocação de órgãos para transplante hepático pro-moveu progresso em relação à anteriormente utilizada.

Análise da sobrevida de pacientes cirróticos listados para transplante ortotópico defígado nas eras pré-MELD e pós-MELD no Sul do Brasil

Autor: Ângelo Zambam de MattosOrientador: Angelo Alves de Mattos

FÓRUM JOVEM PESQUISADOR EM HEPATOLOGIA

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Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012 59

Resumo: Atualmente o transplante hepático (TH) é considera-do uma terapia curativa para casos selecionados de porta-dores de carcinoma hepatocelular (CHC). Isto ocorre porquealém de obter a ressecção completa do tumor, também épossível extrair todo tecido hepático capaz de se diferenciarem novas células neoplásicas. No entanto, a escassez dedoadores continua sendo um fator limitante quando se indicaeste tratamento, pois o longo tempo decorrido até a obtençãode um órgão pode ser decisivo na sobrevida do paciente comCHC. Com o intuito de reduzir mortalidade em lista, o sistemaatual de alocação de órgãos tem priorizado, todos os casosde CHC com indicação de TH. Por este motivo, a partir de2006 o número de transplantes por CHC aumentou signifi-cativamente, quando comparados aos não portadores de CHC.Nos últimos anos, devido à melhora das técnicas diagnósticase a um conseqüente aumento na frequência do CHC, o trans-plante hepático com doador vivo se tornou uma opção atrativaem regiões onde a demanda é maior que a oferta de órgãos.Todavia, vários estudos relatam que as taxas de recidiva docarcinoma hepatocelular (CHC) são mais elevadas apóstransplante hepático intervivo quando comparadas comtransplante hepático com doador falecido. Não é claro se estadiferença é devido a uma resposta biológica tumoral rela-cionada ao tipo de procedimento ou a outros fatores tais comoa seleção dos pacientes. Especula-se que o aumento dastaxas de recidiva poderia ser justificado no transplante hepáticointervivo devido à presença de fatores de crescimento quemedeiam a regeneração do enxerto, ou a uma biologia tumoralagressiva de crescimento rápido que poderia não ser reco-nhecida durante o tempo reduzido em lista de espera paratransplante ou até mesmo pela inclusão de tumores maioresneste tipo de TH. Considerando o estado do Rio de Janeiro,onde o número de doadores de órgãos ainda é limitado, apossibilidade de estudar a recidiva tumoral e a sobrevida antese após a introdução do atual sistema de alocação de órgãos,assim como verificar a relação com o tipo de enxerto, motivoua realização deste trabalho. Objetivos: O objetivo do presenteestudo foi analisar a recidiva tumoral dos pacientes subme-tidos a TH. Determinar a sobrevida e recidiva tumoral nosdiferentes grupos THDV e THDF. Analisar os fatores prog-nósticos de recidiva e óbito por CHC em pacientes submeti-dos a TH. E determinar o impacto do score MELD na curva desobrevida do transplante hepático doador cadáver a longoprazo. Métodos: Um estudo retrospectivo dos prontuários dos

pacientes submetidos a TH por CHC com doador falecido edoador vivo conforme critérios de inclusão e exclusão foirealizado no período de junho de 2001 a junho 2011. O acom-panhamento compreendeu um período mínimo de 10 mesese máximo de 10 anos pós-TH. Foram analisadas as sobrevidasdo grupo de TH doador vivo e falecido, antes e após a imple-mentação do MELD score no grupo falecido. Foi realizadaanálise exploratória de dados através do programa S-PLUS8.0, utilizado testes como qui quadrado ou exato de Fisherpara comparação dos grupos. Variáveis contínuas foram com-paradas por subgrupos através do teste de Mann-Whitney outeste t-student. Análise de riscos competitivos foi realizadapara o estudo do risco de recidiva. Para o estudo da sobrevidafoi utilizado o método de Kaplan-Meier, log-Rank e regressãode COX. Consideramos p < 0.05 como estatisticamente signi-ficante. Resultados: Dos 423 transplantes hepáticos foramselecionados 93 (21.9%) pacientes com explante confirmandoCHC. Na análise global, foram observadas 14 recidivas (15%).Metade (7 casos) ocorreu no fígado e a outra metade no pul-mão (5 casos), osso (1 caso) e linfonodos (1 caso). O tempomédio entre o TH e a recidiva foi de 7.57 ± 4.71 meses com amediana de 6 meses, variando de 2 a 17 meses. A recidiva foiclassificada conforme a mediana em precoce e tardia. Asrecidivas precoces eram localizadas no fígado enquanto astardias em sítios extra-hepáticos. A presença de invasãovascular apresentou 12 vezes risco de recidiva (RR 12.27, IC95% 2.9-51.5, p = 0.006). As sobrevidas foram semelhantesem ambos os grupos, transplante hepático doador falecido(THDF) e transplante hepático doador vivo (THDV) sem dife-renças significativas (p = 0.35). Embora a prioridade oferecidapelo MELD score para CHC tenha melhorado a sobrevida emmuitos centros, isto não foi demonstrado em nosso centroquando comparamos a sobrevida pós transplante em 5 anos,diminuindo de 70% no período pré para 64% no pós-MELD.Todavia, as taxas de recidiva diminuíram de 15.3% para 12.5%.Conclusão: 1) A presença de invasão vascular no enxertoapresentou impacto na recidiva. 2) Não houve diferençassignificativas nas taxas de recidiva e sobrevida quando com-paramos THDV e THDF, no entanto com um número maiorpoderia ser significativo. 3) Nenhum dos fatores prognósticosestudados influenciou a mortalidade por CHC no período póstransplante hepático. 3) O MELD score apresentou pequenoimpacto na sobrevida pós-transplante a longo prazo no THDFem nosso centro.

Carcinoma hepatocelular pós-transplante hepático: Análise de 10 anos

Autor: Joyce Roma Lucas de SilvaOrientador: José Manoel da Silva Gomes MartinhoDissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcialpara obtenção do Grau de Mestre. Aprovada em 27 de agosto de 2012

Artigo: Impact of MELD score on Long-term Survival Following Liver Transplantation - Publicação prevista para outubro de 2012, TransplantationProceedings

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Sobrevida de pacientes com carcinoma hepatocelular: Avaliação de oito classificaçõesprognósticas

Autor: Fernando Every Belo XavierOrientador: Alex Vianey Callado França

Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é a neoplasiaprimária de fígado mais comum. Vários sistemas de esta-diamento têm sido propostos para predizer a sobrevida dospacientes com CHC. Estudos comparativos entre os sistemasapresentam resultados discordantes, provavelmente devidoàs características peculiares de cada população estudada.No Brasil, ainda não há informações sobre os modelos prog-nósticos para pacientes com CHC. O objetivo deste estudo foiavaliar a capacidade que as classificações prognósticasOkuda, BCLC, TNM, CLIP, CUPI, Francesa, Tokyo e JIS têmpara predizer a sobrevida e determinar o sistema que melhorse adapta aos pacientes brasileiros com CHC. Casuística eMétodos: Foram avaliados oitenta pacientes cirróticos comCHC. Para avaliação das classificações prognósticas foramutilizados os testes: Kaplan-Meier com o teste de log-rank, oteste da razão de verossimilhança, modelo de Cox e o c-indexde Harrels. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de56 anos (14-77); 88,7% eram do sexo masculino; 52,7% eramportadores do vírus da hepatite C; 46,1% eram Child-Pugh A;26,7% com invasão tumoral da veia porta. Trinta e oito paci-

entes (47,5%) foram submetidos a tratamento do tumor: trezecom intenção curativa e vinte e cinco por métodos paliativos.Quarenta e dois pacientes (52,5%) não receberam tratamentoespecífico para o tumor. A sobrevida mediana foi de 11,8meses. A taxa de sobrevida geral foi de 47,4%; 25,4% e 19,5%em 12, 24 e 36 meses, respectivamente. Houve significativacorrelação entre a sobrevida e o estádio do tumor ao se utilizartodos os oito sistemas de estadiamento (Okuda p < 0,001;BCLC p < 0,001; TNM p < 0,005; CLIP p < 0,001; CUPI p < 0,001;Francesa p = 0,03; Tokyo p < 0,002; JIS p < 0,001). Quandocomparadas as curvas em cada classificação, o teste darazão de verossimilhança e o c-index de Harrels, observou-se que o modelo BCLC teve maior capacidade em predizer oprognóstico dos pacientes (Gráficos em anexo). Conclusão:a sobrevida foi predita com acurácia por todos os modelosprognósticos. O sistema de estadiamento BCLC apresentoumelhor desempenho em predizer a sobrevida de pacientesbrasileiros com CHC. Por isso, semelhante ao comprovadoem outras regiões do mundo, o estadiamento BCLC deveser utilizado no Brasil.

Classificação de CLIP Classificação CUPI Classificação Francesa

Classificação BCLC Classificação TNMClassificação de OKUDA

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Avaliação da profilaxia de tuberculose no pós-transplante hepático em áreaendêmica

Autor: Luciana Vanessa AgogliaOrientador: Prof. Dr. José Manoel Da Silva Gomes Martinho

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial paraobtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Ciências Médicas. Rio de Janeiro, 2012

Introdução: Os pacientes submetidos a transplante hepático(TH) têm maior risco de desenvolver tuberculose (TB) porreativação de foco latente, cursando com maior gravidade eletalidade. Entretanto, a hepatotoxicidade do tratamento da TBlatente (profilaxia) levanta questões quanto ao seu risco/benefício. Objetivo: Avaliar o uso da isoniazida como profilaxiapara TB no pós-TH em uma área endêmica. Pacientes e Méto-dos: Foi realizada análise observacional prospectiva históricados pacientes adultos submetidos ao TH primário por doençahepática crônica desde outubro de 2001 a dezembro de 2010no Hospital Geral de Bonsucesso (Rio de Janeiro) medianterevisão de prontuários. Foram selecionados aqueles quetinham indicação de profilaxia, e os que não a realizaram(apesar de indicada) constituíram o grupo controle. O desfechoprimário foi o diagnóstico de TB, e o secundário o de hepato-toxicidade pela isoniazida. Resultados: Dos 414 pacientessubmetidos a TH neste período restaram 214 após a aplicaçãodos critérios de exclusão, dos quais 60 tinham indicação deprofilaxia e 21 (35%) a iniciaram. Houve suspensão do fármacoantes de seis meses em seis casos (hepatotoxicidade de28%, ou de 5%, se aplicados os critérios pré-estabelecidospela literatura, que só foram satisfeitos por um paciente). Nogrupo que completou a profilaxia não houve nenhum caso deTB, já no grupo controle, que incluiu os pacientes em que aprofilaxia foi suspensa, houve 1 caso (não houve significânciaestatística). Entre os 154 pacientes sem indicação de profilaxia,ocorreram outros 2 casos de TB (incidência na populaçãogeral do estudo de 1,4%). Entre os 214 pacientes estudados

houve maior número de casos de TB em indivíduos que ti-nham simultaneamente PPD positivo e história/imagem deTB prévia (RR = 37,5, IC 95% 2,81- 498,81, p = 0,006). O mes-mo ocorreu nos indivíduos não submetidos à profilaxia (RR =33,50, IC 95% 2,52-445,34, p = 0,0078), nos quais verificou-setambém que a ocorrência de TB no pós-TH não mostroudiferença significativa entre os que tinham PPD positivo enegativo, mas sim entre os que tinham ou não imagem/histó-ria de TB prévia (RR = 11,93, IC 95% 1,20-118,34, p = 0,034).Quando os fatores de risco para o desenvolvimento de TBforam avaliados isoladamente em todos os pacientes, verifi-cou-se que os pacientes com PPD positivo não tinham mai-or risco de desenvolver TB que os com PPD negativo, o quenão aconteceu nos pacientes com e sem história/imagemde TB prévia (RR = 12,88, IC 95% 1,29-127,68, p = 0,029).Conclusões: 1) A imagem sugestiva de TB prévia e a históriade TB com tratamento inadequado são bons preditores de TBno pós-TH e justificam a profilaxia com isoniazida após o TH,mesmo em pacientes com PPD negativo. 2) A presença deimagem radiográfica e/ou história sugestiva de TB prévia as-sociada a um PPD reator foi o melhor preditor de TB no pósTH. 3) Nosso estudo não encontrou evidências suficientespara valorizar a presença isolada de PPD positivo comomarcador de infecção latente. 4) A hepatotoxicidade da profilaxiacom isoniazida em pacientes pós-TH é preocupante, mas nãoimpeditiva.

Palavras-Chave: Tuberculose; Profilaxia; Transplante hepático

TEMA: CIRROSE

Solução de albumina em dose reduzida na peritonite bacteriana espontânea:ensaio clínico piloto, randomizado, duplo cego - Estudo Alternate

Autores: Araujo A, Lopes AB, Rossi G, Silva GV, Ananias P, Ness S, Álvares-da-Silva MROrientador: Dr. Mário Reis Álvares-da-Silva

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Introdução e objetivo: Peritonite bacteriana espontânea (PBE)é uma complicação grave da cirrose. Insuficiência renal (IR) éo principal preditor de mortalidade na PBE. Albumina humanaintravenosa (A-IV) reduz a ocorrência de IR e melhora asobrevida, todavia tem alto custo, disponibilidade limitada e

não é isenta de riscos. Esse benefício foi demonstrado emsomente um ensaio clínico randomizado, que utilizou dosearbitrária de albumina. Não há dados referentes à eficácia dedoses reduzidas de albumina na PBE. O objetivo desse estu-do foi comparar solução de albumina em dose padrão versus

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dose reduzida na prevenção de insuficiência renal de pacien-tes com PBE. Métodos: Foram selecionados pacientes de 18a 80 anos com diagnóstico de cirrose e PBE atendidos noHospital de Clínicas de Porto Alegre entre março de 2006 enovembro de 2010. Foram incluídos aqueles com líquido deascite tendo ≥ 250 polimorfonucleares/mm3 e ausência desinais sugestivos de peritonite secundária, além de ausênciade outras infecções, choque, sangramento gastrintestinal e/ou uso de vasopressores por até 5 dias antes da rando-mização. Pacientes com encefalopatia hepática grau III ou IV,insuficiência cardíaca congestiva, IR com creatinina sérica> 3 mg/dL, nefropatia orgânica, neoplasia avançada com expec-tativa de sobrevida < 90 dias, sorologia positiva para HIV,diarreia ou abuso de diuréticos causando desidratação signi-ficativa até 5 dias antes da randomização, uso de antibióticos(exceto norfloxacina ou sulfametoxazol-trimetoprim para profi-laxia de PBE) foram excluídos. Os pacientes foram alocadosrandomicamente através de sorteio computadorizado paradiferentes regimes de A-IV em solução salina: regime de dosepadrão (RDP) – 1,5 g/kg no diagnóstico e 1 g/kg 48 h após ouregime de dose reduzida (RDR) – 1 g/kg e 0,5 g/kg nos mes-mos momentos estabelecidos. Baseado na creatinina sérica,p < 0,05 e poder de 90%, o tamanho da amostra estimado foide 46 pacientes. Pacientes, médicos assistentes e pesqui-sadores foram cegados. Ambos os grupos receberam A-IVdiluída em solução salina em frascos de 1 e 0,5 litros nosdias 1 e 3, respectivamente. Todos os pacientes foram tratados

com cefotaxima endovenosa por 5 a 7 dias. Durante osprimeiros 5 dias de tratamento foi proibido o uso de diuréticos.Paracentese de alívio > 3 litros não foi realizada durante otratamento da PBE para evitar disfunção hemodinâmica epiora de função renal. IR foi definida como creatinina sérica> 1,5 mg/dL associado a um aumento > 50% na creatinina préinclusão. SHR tipo 1 foi definida conforme os critérios do ClubeInternacional de Ascite. Insuficiência renal progressiva foidefinida como uma piora progressiva da creatinina para níveis> 2,5 mg/dL. Os pacientes foram acompanhados até 90 dias.Não houve perda de seguimento. O estudo foi aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa do HCPA e cada paciente incluídoassinou termo de consentimento livre e esclarecido. O estudofoi registrado no Clinical Trials sob número NCT 00852800.Resultados: Não houve diferença significativa entre os grupos(RDP, n = 24 x RDR, n = 22) em relação à perda de função renalhospitalar (41,7 x 45,5, p = 0,999), mortalidade hospitalar(20,8 x 27,3%, p = 0,734), IR em 90 dias (13,3 x 7,1%, p = 0,999),SHR tipo 1 (16,7 x 13,6%, p = 0,999) ou mortalidade em 90dias (37,5 x 36,4%, p = 0,999). Os níveis de renina plasmáticaforam similares nos dias 0 e 7 nos pacientes alocados paraRDP (10,94 e 5,5) e RDR (8,12 e 7,19) - p = 0,474 e p = 0,979,respectivamente. Conclusões: A-IV em RDR foi tão efetivo quan-to RDP na prevenção de perda de função renal e SHR tipo 1em pacientes com cirrose e PBE. Estudos multicêntricosdevem ser realizados para confirmar se um regime dealbumina alternativo pode ser rotineiramente usado na PBE.

Níveis de cortisol matinal e após estímulo com ACTH em portadores decirrose hepática

Autor: Rodrigo Pereira LuzOrientadores: Profª. Drª. Cristiane Alves Villela Nogueira, Profª. Drª. Renata de Mello Perez

Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica, Faculdade de Medicina, da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina.

Introdução: Foi demonstrado recentemente que portadoresde cirrose podem apresentar insuficiência adrenal na ausên-cia de sepse. Entretanto, existem poucos estudos sobre afunção adrenal de pacientes cirróticos ambulatoriais. O obje-tivo deste estudo foi avaliar os seguintes parâmetros: 1) Arelação entre os níveis de cortisol (matinal e após estímulocom ACTH) e a função hepática, 2) prevalência de insuficiênciaadrenal em pacientes cirróticos ambulatoriais. Pacientes eMétodos: Os níveis de cortisol matinal foram avaliados, eaqueles com valores entre 5 µg/dL e 18 µg/dL foram sele-cionados para realizar o teste com 250 µg de ACTH. O pico e odelta do cortisol foram comparados com a classificação deChild-Pugh e o escore MELD. Insuficiência adrenal foi definidapela presença de cortisol matinal ≤ 5 µg/dL ou pico de cortisolapós infusão de ACTH < 18 µg/dL. Resultados: 105 pacientesforam incluídos neste estudo (38% Child A, 31% B, 31% C). Amédia do cortisol matinal foi 13,0 ± 4,7µg/dL. Dezessete

pacientes (16%) apresentaram cortisol matinal ≥ 18 µg/dL enenhum paciente apresentou cortisol matinal ≤ 5 µg/dL. Ospacientes com Child C apresentaram níveis de pico (p = 0,04)e delta cortisol (p < 0,01) mais baixos do que pacientes ChildA ou B, assim como pacientes com MELD > 12 apresentaramníveis de pico (p = 0,02) e delta (p < 0,01) cortisol mais baixosdo que pacientes com MELD ≤ 12. Insuficiência adrenal foiobservada em 8% dos pacientes e esteve associada com apresença de ascite (p = 0,04) e encefalopatia hepática (0,003).Conclusão: Pacientes com cirrose mais avançada apresen-tam menor resposta ao estímulo com ACTH, o que pode re-presentar diminuição da reserva adrenal. A prevalência de insu-ficiência adrenal na população estudada é baixa e está asso-ciada com sinais clínicos de insuficiência hepática avançada,como ascite e encefalopatia.Palavras-chave: Cirrose hepática; Insuficiência adrenal;Cortisol; Ascite; Insuficiência hepática

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Infusão de células-tronco mononucleares autólogas de medula ossea em veiaperiférica para pacientes com cirrose hepática pelo HCV

Autor: André Luiz Moreira TorresOrientadores: Guilherme Ferreira da Mota e Henrique Sérgio Moraes Coelho

Introdução: Estudos envolvendo infusão de células-troncoautólogas de medula óssea em doenças hepáticas demons-traram resultados promissores. São relatadas não apenasmelhora na função hepática, frequentemente transitórias, mastambém evidências de aumento da proliferação de hepatócitose redução da fibrose no tecido hepático. Entretanto, osprotocolos utilizados divergem quanto às populações celularese vias de infusão utilizadas, tornando difícil a definição da meto-dologia ideal. Objetivos: Comparar as possíveis modificaçõeshistológicas e imuno-histoquímicas no tecido hepático comas modificações dos parâmetros clínicos e das provas defunção hepática dos pacientes portadores de cirrose hepáticapelo HCV e indicação de transplante hepático, 30 dias após ainfusão em veia periférica de células-tronco mononuclearesderivadas da medula óssea. Material e Métodos: Portadoresde cirrose hepática pelo HCV, Child B7 a C10, com indicaçãode transplante hepático foram considerados elegíveis. Cirrosede outras etiologias e carcinoma hepatocelular foram excluí-dos. Sob anestesia geral, 200 mL de medula óssea foramaspirados. As CMMO foram isoladas com o gradiente dedensidade Ficoll-Hypaque e diluídas em solução de albumina5%. Uma alíquota foi marcada com SnCl2-99mTc. O materialfoi injetado em veia periférica, de forma lenta e contínua, 3horas após a obtenção. A distribuição das células foi avaliadaatravés de cintilografia, realizadas após 3 horas e 24 horas.Os pacientes foram acompanhados com avaliações clínicas,laboratoriais e ultrassonográficas. Tecido hepático obtidoatravés de biópsias hepáticas antes e 30 dias após a infusãodas CMMO foram corados com HE e Picrossírius Red paraanálises morfológicas semiquantitativas utilizando o escorede Ishak e da classificação de METAVIR. Imunomarcaçõescom anticorpo primário α-SMA foram realizas para avaliar a

distribuição de células estreladas ativadas. Foram tambémfeitas imunomarcações com Ki67, cuja imunoexpressão ava-lia a multiplicação celular, e com MMP9, cuja imunoexpressãopode refletir aumento da degradação da matriz extracelular econsequente redução da fibrose. Resultados: Dez pacientesforam selecionados, porém dois foram excluídos devido àfragmentação do tecido hepático durante a biópsia, impedindosua análise. A amostra final foi representada por oito pacientes,sendo quatro do sexo masculino e quatro do sexo feminino,com idade mediana de 64,5 anos (52 a 72 anos). A medianado escore Child no D0 foi B7 (variação entre B7 e B8) e o MELDescore mediano foi 12,5 (variação entre 9 e 13). A contagem deCMMO foi de 1,76 x 108 céls (variação: 1,5 a 17 x 108 céls). Nãoocorreu nenhum evento adverso grave no período. As queixasmais frequentemente relatadas foram dor lombar e hemato-ma no sítio de punção (70%). Encefalopatia hepática leve nosprimeiros 14 dias foi observada em 40% dos pacientes. Nãose observaram mudanças evolutivas com significância esta-tística em nenhum dos parâmetros clínicos avaliados: bilirru-bina total, INR, albumina, Child-Pugh ou MELD. Da mesmaforma, não se observou mudança no padrão morfológico oude imunomarcações com α-SMA, Ki67 e MMP9 do tecido he-pático nos primeiros 30 dias após a infusão das CMMO. Con-clusão: A infusão de CMMO em veia periférica se mostrou umprocedimento seguro e exequível. Os eventos adversosobservados foram leves e transitórios. Não se observaramalterações significativas dos parâmetros laboratoriais, morfo-lógicos teciduais e de imunoexpressão de α-SMA, Ki67 e MMP9nos primeiros 30 dias após o procedimento. Novos estudosdevem ser feitos para esclarecimento da população celularresponsável pelo possível efeito terapêutico das CTMO, assimcomo da via de infusão mais adequada.

Critérios da Acute Kidney Injury Network como preditores de mortalidade hospitalarem pacientes cirróticos com ascite

Autor: Juliana Ribeiro de CarvalhoOrientadores: Cristiane Alves Villela Nogueira e Renata de Mello Perez

Introdução e objetivos: A insuficiência renal aguda é frequen-te em pacientes cirróticos, porém sua definição neste gruponão está bem estabelecida. Recentemente, a Acute KidneyInjury Network (AKIN) propôs critérios de insuficiência renalaguda. Os objetivos deste estudo foram aplicar os critérios daAKIN em pacientes cirróticos com ascite e avaliar suaassociação com a mortalidade hospitalar. Métodos: Nesteestudo retrospectivo foram incluídos os pacientes cirróticos

com ascite admitidos em um hospital universitário no Brasilentre novembro de 2003 e dezembro de 2007. Os critérios daAKIN foram aplicados nas primeiras 48 horas de hospi-talização, considerando dois valores de creatinina no período.A associação entre injúria renal aguda (IRA) na admissão emortalidade hospitalar foi avaliada. Resultados: Dos 198pacientes do estudo, 91 (46%) apresentaram IRA na admis-são hospitalar. A mortalidade hospitalar global foi de 40,4%.

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Pacientes sem IRA apresentaram mortalidade hospitalar de29,9% enquanto a mesma taxa para os pacientes com estacomplicação foi de 52,7% (OR = 2,6; IC 95%: 1,5 - 4,7; p =0,001). Na análise de regressão logística, quatro variáveisforam associadas de forma independente à mortalidade hos-pitalar: infecção, encefalopatia hepática, escore de Child-Pughe IRA. A análise de curva ROC mostrou que a variação decreatinina proposta pela AKIN apresentou a melhor relação

Prevalência e fatores preditivos de varizes de esôfago em pacientes comhepatite C e plaquetopenia

Autores: Flavia Fernandes, Gustavo Pereira, Zulane Veiga, Daniela Mariz, José Carlos Lino, João Luiz Pereira

Introdução: Pacientes com hepatite C crônica podem de-senvolver varizes de esôfago (VE) devido a cirrose. Plaque-topenia é comum em pacientes com hepatite C e é habi-tualmente descrita em pacientes com fibrose hepática avan-çada. Métodos não invasivos para diagnosticar VE vem sen-do progressivamente utilizados em pacientes com hepatiteC crônica. Objetivos: Objetivando estudar a prevalência e apresença de fatores preditivos de VE, foram avaliados, pros-pectivamente, 80 pacientes com hepatite C e plaquetopenia(menos de 150.000 plaquetas) que nunca haviam sidoexaminados para a presença de VE por endoscopia diges-tiva alta (EDA). Material e Métodos: Os pacientes foram sub-metidos a ultrassonografia de abdômen superior (USG) eEDA, além de coleta de sangue para hepatograma e provasde função hepática. Os valores estão expressos em médias(± DP) e percentuais. Resultados: A média de idade foi de57 anos, 50% eram homens. Consumo prévio de álcool foimencionado por 5% dos pacientes. Ascite foi observadoem 5% dos casos. A função hepática era preservada confor-me evidenciado por bilirrubinas, albumina e score Meld, 1.4(± 1.5), 4.4 (± 0.5) e 9.7 (± 3.4), respectivamente. A maioriafoi classificada como Child-Pugh A. O diâmetro bipolar dobaço médio foi de 120.7 mm (± 23.4) e 46% apresentavam

esplenomegalia. VE foram detectadas em 36% dos paci-entes (26% fino calibre e 10% grosso calibre). Pacientescom VE tinham valores mais altos de bilirrubina e INR,contagem mais baixa de plaquetas assim como maior inci-dência de esplenomegalia. Na análise multivariada, a conta-gem de plaquetas foi o único preditor independente de VE(AUC ROC 0.72; 95% CI 0.61- 0.83; p 0,001). Curiosamen-te, nem o diâmetro do baço, nem a relação plaqueta/baço,tampouco o Meld ou Child foram independentementeassociados com VE. Pacientes com contagem de plaquetasabaixo de 50.000, entre 50.000 e 100.000 e acima de100.000 apresentaram prevalência de VE de 100%, 58% e34% respectivamente (p 0,001). Os pontos de corte dasplaquetas com 90% de sensibilidade e especificidade parapresença de VE foram 136.000 e 76.000, respectivamente.Conclusão: Pacientes com hepatite C e plaquetopenia,mesmo sem outras evidências de cirrose, têm alta preva-lência de VE. O grau de plaquetopenia foi o único fator inde-pendente para a presença de VE nesta população. Osachados ultrassonográficos não foram úteis para avaliar apresença de VE. Novos métodos não invasivos sáo neces-sários, e talvez possam ser utilizados em associação como nível sérico de plaquetas.

Ocorrência de shunt intrapulmonar em pacientes com esquistossomose hepatoesplênicaavaliada pela cintilografia com MAA-Tc99m e sua associação com provas de funçãohepática e grau de hipertensão portal

TEMA: DOENÇA AUTO-IMUNE/OUTRAS HEPATOPATIAS

Autor: Andréa Simone Siqueira de QueirósOrientadores: Ana Lúcia Coutinho/Simone Brandão

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de sensibilidade e especificidade em relação à mortalidadehospitalar. Conclusão: Em pacientes cirróticos com ascite, aprevalência de IRA na admissão hospitalar é elevada.Pacientes com disfunção renal definida pela AKIN apresentammortalidade hospitalar significativamente mais alta. Oscritérios da AKIN são úteis em pacientes com cirrose hepáticae ascite, já que identificam mais precocemente pacientes compior prognóstico.

A esquistossomose hepatoesplênica (EHE) caracteriza-sepela presença de fibrose hepática, sendo a principal causade hipertensão portal (HP) no Brasil. A HP leva a formação decirculação colateral, com surgimento de varizes de esôfago

(VVEE) que podem provocar hemorragia digestiva. Além dis-to, estes pacientes podem apresentar alterações vascularesna circulação pulmonar com o desenvolvimento de shuntsintrapulmonares (SIP). O objetivo desse estudo é avaliar a

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ocorrência de SIP em pacientes com EHE e sua associaçãocom variáveis clínicas, laboratoriais, endoscópicas e ultras-sonográficas de HP. Métodos: Estudo descritivo, transver-sal, envolvendo comparações intergrupos. Cinquenta e doispacientes com EHE acompanhados no Ambulatório de Hepa-tologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal dePernambuco entre novembro de 2010 e junho de 2012 parti-ciparam deste estudo. Foram avaliadas variáveis clínicas(sexo, idade, tempo de doença e passado de hemorragiadigestiva alta); laboratoriais de função e atividade inflamató-ria hepática e hiperesplenismo (dosagens de albumina, INR,bilirrubinas, TGO, TGP e plaquetas), endoscópica (grau docalibre das VVEE) e ultrassonográficas de HP (grau de fibroseperiportal, diâmetros das veias porta e esplênica e volumedo baço). Para avaliação da presença de SIP, os pacientesforam submetidos à cintilografia com 99mTc-MAA. O diag-nóstico de SIP foi considerado positivo quando a captaçãocerebral de 99mTc-MAA foi superior a 6%. Posteriormente, ospacientes foram divididos de acordo com a presença (G1)ou ausência de SIP (G2) e todas estas variáveis foram com-paradas entre os grupos. Valor p<0,05 foi considerado esta-tisticamente significativo. Resultados: Dos 52 pacientes ava-liados, 35 (67%) foram do sexo feminino, com média de ida-de de 56 anos, mínimo de 29 e máximo de 89 anos de idade.O tempo médio de diagnóstico de EHE foi de sete anos, comtempo mínimo de um e máximo de 23 anos. Foi observadauma prevalência de 60% de SIP, ou seja, 31 casos positivos(G1) entre os 52 pesquisados, IC (95%): 45,8% a 73,4%. Detodas as variáveis estudadas, associações estatisticamentesignificativas, com a presença de SIP, foram observadas,quanto aos níveis médios de albumina e INR, onde o G1mostrou valores médios superiores em relação ao G2, bemcomo os pacientes com SIP apresentaram um menor diâ-metro médio da veia esplênica. Além do mais, houve umatendência na associação com o grau de fibrose periportal,onde o G1 apresentou uma maior frequência de grau I, en-quanto que o G2 uma maior frequência dos graus II e III,Tabela 1. Conclusões: A maioria dos pacientes com EHEavaliados neste estudo apresentaram SIP através dacintilografia com MAA-Tc99m. A fisiopatologia do desenvolvi-mento deste fenômeno na vasculatura pulmonar destes pa-cientes não está bem esclarecida. Sabe-se que em cirróticos,

a presença de SIP faz parte da tríade do diagnóstico desíndrome hepatopulmonar, e que o desenvolvimento destasíndrome está associado a um pior prognóstico. Entretanto,em esquistossomóticos na sua forma hepatoesplênica, seusignificado não está definido. Este estudo mostrou que paci-entes com EHE e SIP apresentam maiores níveis dealbumina e INR, menor diâmetro de veia esplênica, o queparece denotar uma maior preservação da função e do parên-quima hepático, sugerindo assim que a presença de shuntintrapulmonar seria um sinal indireto de proteção vascularcontra o regime de hipertensão portal permanente presentenestes pacientes.

Importância do anticorpo antiantígeno hepático solúvel na hepatite autoimune

Autor: Débora Raquel Benedita Terrabuio

Introdução: O anticorpo antiantígeno hepático solúvel/fígadopâncreas (anti-SLA/LP) é considerado altamente específicopara o diagnóstico de hepatite autoimune (HAI) e é particu-larmente útil em pacientes sem os marcadores clássicosda doença. Recentemente foi encontrada sua positividadeem pacientes com hepatite autoimune tipo 2 (HAI-2), colan-gite esclerosante primária (CEP) e hepatite crônica C (VHC).Em alguns estudos com HAI, aqueles com positividade doanti-SLA/LP teriam maior frequência de HLA DR3 (compara-

do ao DR4), alterações histológicas mais acentuadas, neces-sidade de maior tempo para atingir remissão da doença,maiores taxas de recidiva após suspensão do tratamento emaior necessidade de transplante hepático. Foi propostaentão, a definição de terceiro subgrupo de HAI, tipo 3, naausência dos autoanticorpos habituais, o que não tem sidoaceito pelo Grupo Internacional de Estudos da HAI pela faltade comprovação que esse anticorpo realmente defina umsubgrupo diferente. Diversos estudos não foram capazes de

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caracterizá-lo como marcador de terceiro subtipo de HAI,embora tenham confirmado sua especificidade para HAI. Emestudo multicêntrico com 132 pacientes adultos e criançasdo HC-FMUSP, foi encontrada positividade do anti-SLA/LPpor ELISA em 17,4%, sendo mais frequente em pacientesadultos com HAI-1 e naqueles sem marcadores sorológicosda doença. Os pacientes com anti-SLA/LP isolado apresen-tavam características clínicas e bioquímicas semelhantesàs da HAI-1, podendo então ser considerado como terceiromarcador da HAI-1, ao lado dos outros marcadores. Não foipossível avaliar se os pacientes com anti-SLA/LP apresen-taram evolução diferente na casuística brasileira, em razãodos poucos casos com anti-SLA/LP isolado. Ademais, emcerca de 50% dos pacientes com esse marcador, foi obser-vado o HLA DR13, característico de pacientes brasileiros comquadro clínico mais grave quando comparados a pacientesnorte-americanos. São necessários novos estudos, commaior casuística nacional, para validar os achados dos es-tudos internacionais. Há dois ensaios comerciais para de-terminação da reatividade do anti-SLA/LP, porém não exis-tem estudos comparativos para definir se os resultados ob-tidos por esses testes são superponíveis. Objetivos: 1) De-terminar a frequência da positividade do anticorpo anti-SLA/LP, pesquisado pela técnica de ELISA por meio de dois kitscomerciais, em pacientes com HAI-1, HAI-2 e sem marcador,cirrose biliar primária (CBP), colangite esclerosante primá-ria (CEP), hepatite C com marcadores de autoimunidade(VHC), doença celíaca (DC) e controles saudáveis; 2. Avaliarse o anticorpo anti-SLA/LP pode ser utilizado como marcadordiagnóstico da HAI; 3. Definir se o anticorpo anti-SLA/LP émarcador de novo subtipo de HAI. Metodologia: Foi realizadaa determinação do anticorpo anti-SLA/LP por técnica de ELISAem 363 soros, distribuídos da seguinte forma: 213 pacien-tes com diagnóstico provável ou definitivo de HAI-1, HAI-2 esem marcador, de acordo com os critérios do Grupo Interna-cional de Estudos da HAI e 150 controles (30 pacientes comCBP, CEP, VHC, DC de acordo com critérios internacionais e30 soros de controles sadios). A detecção do anticorpo antiSLA/LP foi feita pelos kits comerciais QUANTA LIFETM SLAELISA código 708775, da INOVA Diagnostics Inc (Califórnia,USA) e EA 1302-9601, EUROIMMUN Medizinische Labordiag-nostika AG (Lubeck, Germany) para detecção semiquantitativade anticorpos IgG anti-SLA/LP. Foram seguidas as orienta-ções protocolares contidas nos formulários que acompanhamos produtos. O soro foi considerado indiscutivelmente posi-tivo se fosse positivo por ambos os testes. Os resultadospositivos por um único teste foram analisados de acordo

com o contexto clínico, bioquímico, sorológico e característi-cas histológicas. Foi realizada a revisão dos prontuários con-tendo dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais dospacientes com HAI e dos casos positivos de DC, VHC, CEP eCBP. Resultados: O antiSLA/LP foi positivo em 55 casos(15,2%). Foi negativo em todos pacientes com CBP e contro-les normais. Foi positivo em apenas 6 pacientes sem HAI, 2com doença celíaca (6,7%), 3 com VHC (10%) e 1 com CEP(3,4%). No grupo com HAI, 49 pacientes foram positivos (23%)pelos dois métodos, dois pelo EUROIMMUN® e dois peloINOVA®, que tiveram desempenho igual pelo teste de McNemar(p = 0.6171, OR:1,0, IC = 0,072-13,796). Foram revisados osdados clínicos e laboratoriais de 173 pacientes com HAI(81,2% da casuística total). Cento e quarenta e oito pacientessão do sexo feminino (85,5%), 141 com HAI-1 (81,5%), 19com HAI-2 (11%) e 13 sem marcador (7,5%). O tempo médiode seguimento foi de 3645 ± 1723 dias (~9,9 anos). A idadeao início dos sintomas foi de 30 ± 16,4anos, ao início dotratamento de 31 ± 16,7anos. 81,5% dos pacientes apre-sentavam biópsia hepática inicial, 63,1% com cirrose hepá-tica e 76,6% com fibrose hepática avançada (F3/4). 46% dospacientes atingiram remissão histológica, num tempo médiode 1902 ± 1257 dias (~5,2 anos). O antiSLA/LP foi positivoem 43 (N=173, 24,9%), em 37 pacientes com HAI-1 (26,2%),1 com HAI-2 (5,3%) e 5 sem marcador (38,5%). Os pacientescom HAI-2 tiveram as menores taxas de positividade, comdiferença estatisticamente significante (p=0,046). Os paci-entes com anti-SLA/LP apresentaram início da doença comidade mais avançada (34,3 ± 16,3 X 28,6 ± 16,2, p = 0,046).Não houve diferenças quanto à positividade do anti-SLA/LPno que se refere ao tempo de seguimento, sexo, forma deapresentação da doença, cirrose hepática ou fibrose avan-çada na biópsia inicial, exames laboratoriais iniciais (AST,ALT, Fosfatase alcalina, gglutamil transpeptidase, bilirrubinas,RNI, albumina e gamaglobulinas), ocorrência de remissãohistológica, tempo para ocorrência da primeira remissãohistológica, número de remissões histológicas, evoluçãopara óbito ou transplante hepático (p > 0,05). Conclusões:Os dois kits comerciais são equivalentes em identificar soroscom reatividade para o anti-SLA/LP. A positividade do anti-SLA/LP não definiu subgrupo diferente de HAI e não indicapior prognóstico no que se refere à resposta ao tratamento,número de recidivas, evolução para óbito ou transplante he-pático. É pouco frequente em outras doenças que não a HAI.É positivo em cerca de um terço dos pacientes com HAI semmarcador e parece ser mais um marcador da HAI-1 o que émais uma diferença com a HAI-2.

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Introdução: A esquistossomose mansônica apresenta distri-buição universal e acomete mais de 200 milhões de pessoasno mundo. Constitui uma das principais causas de doençafibrogênica do fígado e de hipertensão portal. A avaliação dafibrose hepática (periportal) na esquistos-somose tem naultrassonografia seu principal método diagnóstico. Contudo,apesar de simples e não invasivo, o exame ultra-sonográficonem sempre está disponível nas áreas endêmicas de regiõesmenos desenvolvidas. Objetivo: Correlacionar os diferentespadrões de fibrose periportal (FPP) estabelecidos pelaultrassonografia com marcadores séricos de fibrose hepática,como a contagem de plaquetas, os níveis de GGT, de imuno-globulina G (IgG), de ácido hialurônico (AH), a razão AST/ALT eo índice APRI em pacientes com esquistossomose man-sônica. Pacientes e métodos: Foram incluídos no estudo 110pacientes com esquistossomose mansônica e 12 controlesoriundos de zona endêmica sem FPP, avaliados no períodode março a dezembro de 2009. Após assinatura do TCLE,todos os pacientes foram submetidos à punção em veia peri-férica para realização das dosagens séricas (hemograma,AST, ALT GGT, IgG e AH) no mesmo dia da realização daultrassonografia abdominal. Todos os exames foramrealizados no Laboratório Central do Hospital das Clínicas daUFPE, com exceção da dosagem do nível sérico de AH que foirealizada no Departamento de Bioquímica do Instituto de Far-macologia (INFAR) da Universidade Federal de São Paulo.Após a coleta de sangue, os pacientes realizaram ultrasso-nografia do abdome superior, no HC-UFPE, por um único exa-minador, utilizando o aparelho Siemens Acuson X 150 comtransdutor convexo de 3,5 Megahertz. No grupo de casos, foiconfirmada a presença de FPP, assim como o padrão de texturahepática através da classificação de Niamey. No grupo con-trole, foi constatada a ausência de FPP. De acordo com a clas-sificação de Niamey, os pacientes foram classificados em 3grupos: controles + ausência de fibrose (grupo 1, padrões A

e B); FPP leve (grupo 2, padrões C e D); e FPP avançada(grupo 3, padrões E e F). Foram construídas curvas ROC paradefinição de pontos de corte para cada parâmetro laboratorial.Resultados: Nos padrões mais avançados de FPP, níveisséricos de GGT, IgG e AH além do índice APRI foram maiselevados, assim como foi observado menor número médiode plaquetas. Através de curva ROC, observou-se que 171.000/mm3 plaquetas, GGT de 0,84 (LSN), IgG de 1.542 mg/dL, AHde 27,8 mcg/L e APRI 0,349 foram os melhores pontos decorte para identificar os grupos com e sem FPP. A razão AST/ALT não constituiu bom parâmetro na detecção de FPP.Isoladamente o número de plaquetas e o APRI foram os me-lhores preditores do padrão da FPP. Conclusão: Demonstrou-se que o número de plaquetas, os níveis séricos de GGT, deIgG e de AH, como também o índice APRI, apresentaramassociação com a FPP diagnosticada pela ultrassonografia,sugerindo que poderão ser utilizados como marcadores defibrose hepática na esquistossomose mansônica.Descritores: Esquistossomose mansônica; Fibrose hepática;Plaquetas; Imunoglobulina G; Gamaglutamiltranspeptidase;Razão AST/ALT; APRI; Ácido hialurônico.

Dilatações vasculares intrapulmonares não estão associadas à hipoxemia empacientes com hipertensão portal esquistossomótica

Autor: Frederico Santana de LimaOrientador: Alex Vianey Callado França

Introdução: O objetivo deste estudo foi determinar a prevalênciada síndrome hepatopulmonar (SHP) e dilatações vascularesintrapulmonares (DVIP) e suas relações com a oxigenaçãoarterial em pacientes esquistossomóticos da forma hepato-esplênica (EHE). Métodos: Pacientes com EHE foram sub-

metidos à gasometria arterial e ecocardiografia transtorácicacom contraste (ETC). Espirometria foi realizada nos pacientescom DVIP. Os critérios para identificação dos pacientes comEHE foram parasitológico de fezes positivo e/ou epidemiologiapositiva associada a ultrassonografia de abdome superior

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Avaliação da fibrose hepática na esquistossomose mansônica através demarcadores séricos

Autores: Tibério Batista de Medeiros; Ana Lúcia Coutinho Domingues; Edmundo Pessoa Lopes; Ana Virgínia Matos Sá Barreto,Clarice Neuenschwander Lins de Morais, João Roberto MartinsOrientador: Ana Lúcia Coutinho Domingues

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compatível com EHE, segundo critérios de Niamey – OMS.Foram excluídos pacientes com outras doenças hepáticas.Critérios de SHP: PaO2 < 80 mmHg e/ou AaPO2 ≥ 15 mm Hg,DVIP diagnosticado pelo ETC, além de hipertensão portalesquistossomótica. Para análise dos dados, os pacientesforam divididos em três grupos: Grupo 1 – Pacientes comSHP; Grupo 2 – Pacientes com DVIP sem alterações da oxige-nação arterial; Grupo 3 – Pacientes sem DVIP. Resultados:Dezessete/40 pacientes (42,5%) apresentaram DVIP, masapenas seis cumpriram critérios para SHP, demonstrandouma prevalência de 15%. Destes, apenas um paciente comSHP apresentou nível de PaO2 inferior a 80 mm Hg. A médiada idade dos 40 pacientes com esquistossomose foi de 48,6anos. Os pacientes não diferiram quanto aos critérios clínicose bioquímicos. As médias da PaO2 e da AaPO2 diferiram

significativamente entre os grupos (P = 0,001 e P = 0,005respectivamente), sendo a PaO2 significativamente maior nogrupo 2 quando comparado ao grupo 1 (p = 0,022) e ao gru-po 3 (p = 0,001). Não houve diferença significativa na com-paração entre grupo 1 x grupo 3 (p = 0,957). O AaPO2 foi signifi-cativamente menor para o grupo 2 quando comparado ao grupo1 (p = 0,01) e ao grupo 3 (p = 0,005). Não houve diferençasignificativa na comparação entre grupo 1 x grupo 3 (p = 0,381)(Figuras). Conclusão: Os resultados indicam que, em pacientescom EHE, ocorre DVIP e SHP em frequências semelhantes àsencontradas em pacientes com cirrose. A presença de DVIPparece não levar a alterações da oxigenação arterial em paci-entes com esquistossomose da forma hepatoesplênica,podendo as alterações de trocas gasosas serem causadaspor outros motivos não relacionados à presença de DVIP.

p = 0,01 p = 0,005

Figura 2 - Média do AaPO2 nos Grupos 1, 2 e 3

p = 0,022 p = 0,001

Figura 1 - Média da PAO2 nos Grupos 1, 2 e 3

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TEMA: HEPATITE B

Introdução e objetivos: A infecção pelo vírus da hepatite B(HBV) ainda representa um importante problema de SaúdePública mundial apesar do sucesso alcançado com a intro-dução dos programas de vacinação. Atualmente, ainda há umgrande reservatório do vírus composto por 350 milhões deportadores crônicos em todo o mundo, nos quais a infecçãopode levar à evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular.Tratamentos efetivos têm sido desenvolvidos para controlar eprevenir a progressão da doença nesses indivíduos, reduzin-do significantemente a morbidade e a mortalidade. O trata-mento com análogos nucleot(s)íedos (AN) apresentam gran-des vantagens sobre a terapia com interferon, pois podemser administrados oralmente e são relativamente livres de

efeitos adversos e além disso, são potentes inibidores dareplicação viral. Contudo o tratamento com esses medica-mentos deve ser mantido por longos períodos levando à sele-ção de vírus com mutações de resistência, o que é uma dasprincipais limitações ao tratamento. Esses vírus com muta-ções de resistência aos medicamentos podem ser transmiti-dos a novos hospedeiros vindo a constituir dessa forma im-portante barreira para o eventual controle da disseminaçãoda infecção. Muitos estudos têm demonstrado a emergênciade vírus com mutações de resistência durante o tratamentocom antivirais, porém ainda é pequeno o número de estudosque têm demonstrado o quando essas cepas estão circu-lando entre portadores crônicos não submetidos a trata-

Autor: Michele S. Gomes-GouvêaOrientador: João Renato Rebello Pinho

Variantes do vírus da hepatite B com mutações de resistência aos análogosnucleos(t)ídeos em pacientes com hepatite B crônica virgens de tratamento

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mento. Tal informação nos permitirá avaliar o quanto essascepas estão sendo transmitidas, conferindo desta forma achamada resistência primária ao tratamento, e avaliar se asatuais estratégias de monitoramento e tratamento da hepatiteB crônica empregadas no Brasil ainda são adequadas ounecessitam ser revistas. Portanto, o objetivo deste estudo foiavaliar a prevalência de cepas do HBV com mutações queconferem resistência aos AN entre indivíduos com hepatite Bcrônica que não tenham recebido tratamento com esses me-dicamentos. Casuística e Métodos: Neste estudo foramincluídas 636 amostras de soro de pacientes com infecçãocrônica pelo HBV e virgens de tratamento, as quais foramcoletadas no período de 2006 a 2011. Os pacientes eramprocedentes dos seguintes estados brasileiros: São Paulo,Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará e Maranhão. O DNAdo HBV foi extraído das amostras de soro utilizando o KitQIAamp DNA Blood Mini Kit (Qiagen) e posteriormente foirealizada a amplificação das regiões S e polimerase (S/P)do genoma viral por nested PCR. O fragmento amplificadofoi submetido a sequenciamento direto em sequenciadorautomático de DNA (ABI 3500 - Applied Biosystems) e assequências obtidas foram analisadas para identificação dossubgenótipos do HBV e pesquisa de mutações associadasà resistência aos análodos nucleo(s)ídeos. Resultados: Fo-ram analisadas sequências de 557 amostras nas quais foiidentificado o subgenótipo do HBV e a presença de mutaçõesde resistência. Os genótipos A [A1 (66,8%), A2 (2,3%)] e D[D1 (0,5%), D2 (4,3%), D3 (11,8%), D4 (6,6%)] foram os maisprevalentes, contudo também foram identificados os genó-tipos B (0,4%), C (0,7%), E (0,7%), F (4,8%) e G (0,5%). Víruscom mutações que conferem resistência aos AN foram iden-tificados em 1,8% (10/557) dos pacientes. As mutaçõesidentificadas e a frequência das mesmas foram as seguintes:rtM204V/I (0,4%); rtM204V + rtS202G (0,4%); rtA181S/T (0,4%);

rtM250I (0,2%); rtA194T (0,4%). Essas mutações conferemresistência e/ou reduzem a sensibilidade aos seguintes AN:lamivudina (rtM204V/I, rtA181S/T), entecavir (rtM204V +rtS202G), adefovir (rtA181S/T) e tenofovir (rtA181S/T, rtT184S,rtA194T e rtM250I). Dentre as variantes que apresentarammutações na posição 204, quatro também tinham mutaçõescompensatórias [rtL180M (3/4); rtL180M + rtV207I (1/4)], asquais são responsáveis pela restauração da capacidadereplicativa do vírus resistente. Variantes do HBV portandoapenas mutações compensatórias (rtV173L + rtL180M) foramidentificadas em um paciente. Em trinta pacientes (5%; 30/557) foram identificadas variantes do HBV com mutaçõespotencialmente associadas com resistência ao Adefovir: rtS85A(n = 1), rtV214A (n = 6), rtQ215S (n =14), rtI233V (n = 6), rtN238T(n = 4), rtN238D (n = 5). Além dessas, variantes do HBV comoutras alterações nas posições onde ocorrem as mutaçõespotencialmente associadas com resistência ao Adefovir fo-ram identificadas em 18 pacientes (3,2%): rtV214G (n = 2),V214E (n = 1), Q215H (n = 6), Q215P (n = 1), E218D (n = 2),I233L (n = 1), T237A (n = 1), N238H (n = 3), N238A (n = 1).Conclusões: As cepas do HBV que circulam no Brasil apre-sentam grande variabilidade genética, especialmente dentrodo genótipo D. A disseminação de variantes do HBV commutações de resistência aos AN parece ocorrer com poucafrequência nas regiões estudadas, porém é necessário vigi-lância para monitorar o seu espalhamento. Uma vez quepacientes virgens de tratamento podem estar infectados comcepas resistentes aos AN, faz-se necessário o estrito moni-toramento durante o tratamento da hepatite B crônica comesses medicamentos. A elevada frequência de mutaçõespotencialmente associadas com resistência ao adefovir empacientes virgens de tratamento sugere que essas mutaçõesrepresentam apenas polimorfismos sem implicações naresposta aos tratamento com AN.

Introdução: As hepatites virais estão entre as mais importan-tes pandemias mundiais da atualidade. Existem várias causasde hepatite, entre elas, o vírus da hepatite B (HBV), o vírus dahepatite C (HCV) e o vírus da Hepatite Delta (HDV). Da mesmaforma, o vírus GB-C (GBV-C) é importante na coinfecção comoutros vírus, como o HIV. O estudo de agentes virais com estascaracterísticas, através da detecção de sua presença ecaracterização de seus variantes genéticos em diferentesgrupos populacionais, permite que se possa adotar medidasefetivas para o controle destas infecções, não só peloconhecimento dos mecanismos de transmissão, como tam-bém pela indicação do tratamento antiviral mais adequado

para os pacientes infectados. Além disso, estudos detalha-dos das características das populações virais em diferentesregiões do mundo, através da avaliação da diversidadegenética viral pela análise das diferentes sequênciasnucleotídicas obtidas, tornam possível inferir a dinâmica daexpansão da infecção viral nos diferentes grupos popula-cionais. Um outro aspecto importante do comportamentoepidemiológico dos vírus causadores de doença hepáticacrônica é a tendência de alguns destes agentes se estabele-cerem em alguns grupos populacionais devido a fatores geo-gráficos, sociais ou culturais. Objetivos: O objetivo deste estudofoi relatar as frequências das infecções por HBV, HCV e HDV

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Estudos sobre infecções pelos vírus das hepatite B (HBV), hepatite C (HCV),hepatite Delta (HDV) e vírus GB-C (GBV-C) em diferentes regiões da América do Sul

Autor: Mónica Viviana Alvarado-Mora, Ph.D.Orientador: João Renato Rebello Pinho

Laboratório de Gastroenterologia e Hepatologia Tropical, Departamento de Gastroenterologia, Faculdade de Medicina, Universidade deSão Paulo

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em várias regiões da Colômbia, assim como caracterizar osgenótipos circulantes no país e avaliar a dinâmica das infec-ções virais nas populações onde são encontrados. Além disso,considerando o trabalho dispendido durante a coleta dasamostras, realizamos vários estudos em paralelo com o vírusGB-C nas amostras previamente positivas para HBV e HCV.Através de outras colaborações com grupos do Brasil e Chile,foi possível aplicar as mesmas metodologias desenvolvidaspara o trabalho com a Colômbia em outros trabalhos de carac-terização dos vírus das hepatites de transmissão parenteralem outras regiões. Estes estudos foram importantes para adeterminação do perfil epidemiológico destas infecções nestasregiões, em especial quanto aos genótipos virais encontradose para estudos da dinâmica do espalhamento destas infec-ções virais pelo continente sul-americano. Material e Métodos:Amostras de pacientes com infecção pelo HBV e HCV de cincoregiões (Bogotá, Amazonas, Magdalena, Chocó e San Andrés)da Colômbia, de Santiago do Chile, no Chile e dos estados deRondônia, Maranhão e Pernambuco no Brasil foram coletadase analisadas. Também foram processadas para detecção dovírus da hepatite Delta e o GBV-C. Nas amostras positivaspara cada vírus, os genótipos e subtipos foram determinadosatravés de análises filogenéticas das sequências geradasneste estudo. Da mesma forma, foram determinadas as rela-ções evolutivas existentes entre as sequências obtidas nessetrabalho com sequ~encias dos bancos de dados utilizandouma abordagem baseada no principio da coalescência.Resultados e conclusões: Na Colômbia, os estados doAmazonas e Magdalena foram encontradas como regiõeshiperendêmicas para HBV. O genótipo F3 (75%) foi o maisprevalente. Determinou-se que o subgenótipo F3 é o maisantigo dos subgenótipos F. No estado de Chocó, encontrou-se o subgenótipo A1 (52,1%) como o mais prevalente.Surpreendentemente, nesse mesmo estado foram encontra-dos nove casos autóctones de infecção pelo genótipo E(39,1%). Para o HCV, em Bogotá, encontrou-se o subtipo 1b(82,8%) como o mais prevalente. Da mesma forma, estimou-se que esse subtipo foi introduzido por volta de 1950 e sepropagou exponencialmente entre 1970 a 1990. O HDV foiidentificado em casos de hepatite fulminante do estado deAmazonas, todos classificados como genótipo 3. Determinou-se que o HDV/3 se espalhou exponencialmente a partir de1950 a 1970 na América do Sul e, depois desta época, estainfecção deixou de aumentar, provavelmente devido a intro-dução de vacinação contra o HBV. GBV-C foi procurado emdoadores de sangue colombianos infectados com HCV e/ouHBV de Bogotá e em povos indígenas com infecção pelo HBVno Amazonas. A análise filogenética revelou a presença dogenótipo 2a como o mais prevalente entre os doadores desangue e o 3 nos povos indígenas estudados. A presença dogenótipo 3 na população indígena foi previamente relatada naregião de Santa Marta, na Colômbia e nos povos indígenas daVenezuela e da Bolívia. No Chile, foi realizado um estudo com21 pacientes crônicamente infectados pelo HBV sem trata-mento antiviral prévio. Todas as sequências obtidas eram dosubgenótipo F1b e se agrupavam em quatro diferentes grupos,sugerindo que diferentes linhagens desse subgenótipo estãocirculando no Chile. No Brasil, no estado de Rondônia, para o

HCV, encontramos o subtipo 1b (50,0%) como o mais fre-quente. Esse foi o primeiro relato sobre os genótipos do HCVneste estado. Para o HBV, o subgenótipo A1 (37,0%) foi omais frequente. Os resultados do estado de Rondônia sãoconsistentes com outros estudos no Brasil, mostrando apresença de vários genótipos do HBV, refletindo a origemmista da população brasileira. Estudando o estado do Mara-nhão, avaliamos a frequência da infecção pelo HBV e seusgenótipos. Foram encontradas 4 sequências genótipo A1 queagruparam com outras sequências reportadas do Brasil. Emoutro estudo, caracterizamos os subgenótipos do HBV em 68pacientes com hepatite crônica B em Pernambuco, encon-trando 78,7% de presença do subgenótipo A1. Finalmente,em um estudo realizado com amostras da cidade de SãoPaulo, encontramos um caso de HBV genótipo C em um bra-sileiro nativo, sendo essa a primeira sequência completa dogenoma de HBV/C2 notificados no Brasil. Sendo assim, comeste projeto foram publicados 13 trabalhos em revistas deimpacto, e 30 resumos foram apresentados em vários eventosnacionais e internacionais.

Agradecimentos: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de SãoPaulo - FAPESP 2007/5675-7; 2008/50461-6, CNPq, Faculdade deMedicina da USP, Fundação Faculdade de Medicina e PontifíciaUniversidad Javeriana.Trabalhos publicados desse projeto:1) Alvarado Mora MV, Moura I, Botelho L, Azevedo R, Lopes E, Carrilho F, PinhoJRR. Distribution and molecular characterization of hepatitis C vírus (HCV)genotypes in patients with chronic infection from Pernambuco State, Brazil. VirusResearch. 2012;2 [Epub ahead of print]2) Alvarado Mora MV, Botelho L, Nishiya A, Azevedo R, Gomesgouvea M, GutierrezMF, Carrilho F, Pinho JR. Frequency and genotypic distribution of GB vírus C(GBV-C) among Colombian population with Hepatitis B (HBV) or Hepatitis C(HCV) infection. Virol J. 2011;8:345.3) Venegas M, Alvarado-Mora MV, Villanueva RA, Rebello Pinho Jr, Carrilho FJ,Locarnini S, Yuen L, Brahm J. Phylogenetic analysis of hepatitis B vírus genotypeF complete genome sequences from Chilean patients with chronic infection. JMed Virol. 2011;83:1530-6.4) Alvarado-Mora MV, Pinho JRR, Carrilho FJ. Current Epidemiology of HepatitisB and C in Latin America. Moderna Hepatologia. 2011;37:34-9.5) Alvarado-Mora MV, Botelho L, Gomes-Gouvea M, De Souza VF, NascimentoMC, Pannuti CS, Carrilho F, Pinho JR. Detection of Hepatitis B vírus subgenotypeA1 in a Quilombo community from Maranhao, Brazil. Virol J. 2011;8:415.6) Alvarado-Mora MV, Romano CM, Gomes-Gouvea MS, Gutierrez MF, CarrilhoFJ, Pinho JR. Dynamics of Hepatitis D (Delta) Virus Genotype 3 in the Amazonregion of South America. Infect Genet Evol. 2011;11(6):1462-8.7) Alvarado-Mora MV, Santana RA, Sitnik R, Ferreira PRA, Mangueira CL, Carrilho FJ,Pinho JR. Full-length genomic sequence of hepatitis B vírus genotype C2 isolatedfrom a native Brazilian patient. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2011;106(4):495-8.8) Alvarado-Mora MV, Fernandez MF, Gomes-Gouvêa MS, de Azevedo Neto RS,Carrilho FJ, Pinho JR. 2011. Hepatitis B (HBV), Hepatitis C (HCV) and HepatitisDelta (HDV) víruses in the Colombian population – How is the epidemiologicalsituation?. PLoS One. 2011;6(4):e18888.9) Vieira DS, Alvarado-Mora MV, Botelho L, Carrilho FJ, Pinho JR, Salcedo JM.Distribution of Hepatitis C vírus (HCV) genotypes in patients with chronic infectionfrom Rondônia, Brazil. Virol J. 2011;8:165.10) Alvarado-Mora MV, Romano CM, Gomes-Gouvea MS, Gutierrez MF, CarrilhoFJ, Pinho JR. Molecular characterization of the Hepatitis B vírus genotypes inColombia: A Bayesian inference on the genotype F. Infect Genet Evol. 2011;11(1):103-8.11) Santos AO, Alvarado-Mora MV, Botelho L, Vieira DS, Pinho JR, Carrilho FJ,Honda ER, Salcedo JM. Characterization of Hepatitis B vírus (HBV) genotypes inpatients from Rondônia, Brazil. Virol J. 2010;7:315.12) Mora MV, Romano CM, Gomes-Gouvea MS, Gutierrez MF, Carrilho FJ, PinhoJR. Molecular characterization, distribution and dynamics of hepatitis C vírusgenotypes in blood donors from Colombia. J Med Virol. 2010;82(11):1889-98.13) Alvarado Mora MV, Romano CM, Gomes-Gouvea MS, Gutierrez MF, CarrilhoFJ, Pinho JR. Molecular epidemiology and genetic diversity of Hepatitis B vírus(HBV) genotype E in an Afro-Colombian isolated community. J Gen Virol. 2010Feb;91(Pt 2):501-8.

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Objetivos: Analisar características moleculares dos HBV pre-sentes entre pacientes crônicamente infectados, pertencen-tes a um mesmo núcleo familiar, em seguimento no Hos-pital das Clínicas de Ribeirão Preto, sudeste do Brasil.Métodos: Foram incluídos 15 pacientes portadores da infec-ção crônica pelo HBV, divididos em seis duplas e um trio deparentes em primeiro grau, pertencentes a sete famílias di-ferentes. Os genótipos e subgenótipos do HBV foram anali-sados por meio do sequenciamento de fragmento de 1306pb da região S/polimerase; as sequências obtidas foramalinhadas com sequências obtidas no GenBank e comsequências do HBV de outros 106 pacientes em seguimen-to no mesmo serviço médico, sem história de familiaresinfectados pelo vírus. Foram construídas as árvores filo-genéticas pelo método de distância, com análise de bootstrapcom 1000 replicatas, sendo os valores acima de 70% apre-sentados nos ramos. Foram realizadas análises descritivasda casuística. Os resultados referentes à análise molecular

Análise filogenética do vírus da hepatite B (HBV) entre familiares cronicamenteinfectados no Sudeste do Brasil

Autores: Silvana Gama Florencio Chachá1, Michele Soares Gomes-Gouvêa2, Fernanda Malta2, Sandro da Costa Ferreira3, MárciaGuimarães Villanova3, Fernanda Fernandes Souza3, Andresa Correa Teixeira3, Afonso Dinis da Costa Passos3, João RenatoRebello Pinho2, Ana de Lourdes Candolo Martinelli3

Orientador: Ana Lourdes Candolo Martinelli

1Departamento de Medicina, Universidade de São Carlos, São Carlos, São Paulo, Brasil.2Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil3Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.

dos subgenótipos dos HBV foram expostos nas árvores.Resultados: os 15 pacientes incluídos relataram contatodomiciliar com os parentes em primeiro grau infectados peloHBV. Verificou-se a presença do genótipo D do HBV (sub-genótipo D3) em 13 (86,7%) pacientes, e do genótipo A(subgenótipo A1) em dois (13,3%) pacientes. As sequênciasdos HBV encontradas entre os familiares agruparam-se nomesmo ramo da árvore em quatro duplas (três duplas demãe/filho e uma dupla de irmãos), em ramos próximos daárvore em duas duplas (duas duplas de pai/filho), e em ra-mos distantes no caso de um trio de irmãos. As 60 sequên-cias D3 e as 46 sequências A1 de pacientes em seguimentono serviço, sem familiares infectados aparecem distribuí-das em vários ramos, entremeadas por sequências de ou-tros países. Conclusão: os resultados obtidos apontam paraa possibilidade de circulação do HBV no ambiente domésti-co, com eventual transmissão intrafamiliar entre os indivídu-os incluídos no estudo.

Exacerbação bioquímica da hepatite B em pacientes transplantados renais

Autor: Christini Takemi EmoriOrientador: Maria Lúcia Gomes Ferraz

Introdução: Dados a respeito da evolução da infecção peloHBV em transplantados renais são escassos. Nesse gru-po de pacientes a exacerbação bioquímica tem sido relata-da, entretanto as características clínicas e os fatores relacio-nados a esta ocorrência ainda não são bem conhecidos,sobretudo em função do número limitado de pacientessistematicamente acompanhados. O objetivo deste estudofoi avaliar a incidência de exacerbação bioquímica em trans-plantados renais com infecção crônica pelo HBV e corre-lacionar esse evento com o tempo de seguimento pós-transplante renal (TxR), presença de replicação viral e evo-lução clínica. Material e Métodos: Foram incluídos pacien-tes transplantados renais com HBsAg positivo por pelomenos 6 meses, no período de 1998 a 2008, de ambos osgêneros, com idade acima de 18 anos e com avaliaçãoclínica e bioquímica disponível. Exacerbação bioquímica foicaracterizada como ALT > 5 x LSN e/ou > 3 x o valor basal.Foram avaliados os seguintes fatores preditivos de exacer-bação: idade, gênero, tipo de doador, tempo de seguimento

pós-TxR, nível de ALT basal, positividade do HBeAg, níveisde HBV-DNA, positividade de anti-HCV e HCV RNA, esquemade imunossupressão e emprego ou não de lamivudina(LAM). A biópsia hepática foi indicada na avaliação inicialpós-TxR em pacientes com evidência de replicação viral,independentemente do nível de ALT e, quando possível, nomomento da exacerbação. Resultados: 140 transplantadosrenais com HBsAg positivo foram incluídos; 99 (71%) ho-mens, com média de idade de 46 ± 10 anos e média dotempo de acompanhamento pós-TxR de 8 ± 5 anos. Duranteo período de seguimento, 35/140 (25%) apresentaramexacerbação bioquímica. Este evento ocorreu em média 3,4± 3 anos após o TxR. Entre os pacientes que apresentaramexacerbação, foi possível caracterizar a presença dereplicação viral em todos os pacientes submetidos a estaavaliação (n = 33). As variáveis associadas com a presençade exacerbação foram o uso menos frequente de micofe-nolato mofetil e de profilaxia com lamivudina. Sinais clíni-cos e laboratoriais de insuficiência hepatica foram obser-

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Objetivo: Determinar a associação genotípica dos alelos declasse II dos antígenos leucocitários humanos (HLA) pre-sentes no locus DRB1* entre doadores de sangue da Fun-dação HEMOPE, infectados e imunizados pelo vírus da hepatiteB (HBV). Métodos: Estudo caso-controle foi realizado com umgrupo de doadores infectados pelo HBV (HBsAg e anti-HBcpositivos) e um grupo controle com doadores imunizados (anti-HBc e anti-HBs positivos) na proporção de 1:4. A determinaçãodos marcadores séricos do HBV foi realizada utilizandoensaios imunoenzimáticos com micropartículas. Além dacoleta de rotina para doação de sangue, foi colhida amostrade 5 ml de sangue venoso em tubo de vidro contendo EDTApara a tipificação HLA. Estas amostras foram enviadas aoLaboratório de Biologia Molecular do HEMOPE, onde foramsubmetidas a extração do DNA genômico, e este foi congeladoe armazenado em freezer a -80º C para posterior tipificação doHLA DRB1*. Para a tipificação do lócus HLA-DRB1* foi utiliza-da a técnica de reação em cadeia da polimerase – SequênciaEspecífica de Oligonucleotídeos (PCR-SSO), RSSO2B1 da OneLambda, dividida em duas fases. A primeira foi a amplificaçãodo lócus HLA-DRB1* com primers específicos e a segunda foia hibridização do produto de PCR pré-amplificado com sondasmarcadas pela sequência de cada grupo alélico pertencen-tes ao lócus HLA-DRB1*. A análise do material obtido na fasede hibridização realizou-se no citômetro Labscan 100(LUMINEX) e a interpretação dos resultados em software forne-cido pela One Lambda. A construção do banco de dados foirealizada no software SPSS for Windows, versão 13.1 (SPSSInc., Chicago, IL, 2005). As características dos casos e grupocontrole (sexo, idade e os 13 alelos HLA-DRB1*) foramdescritas em frequências absolutas e relativas. Além disso,foram descritas todas as 78 possíveis tipificações HLA-DRB1*em pares de alelos e seus valores absolutos e relativos noscasos e controles. Para verificar a ocorrência de associaçõesentre variáveis categóricas, foram realizadas análises univa-riada e multivariada, utilizando o teste de qui-quadrado ou oteste exato de Fisher. Para análise univariada foram conside-rados todos os 13 alelos DRB1* em uma tabela de contingên-cia, analisando-se a presença ou ausência de cada um deles

nas tipificações de casos e controles. Na análise multivariadaselecionou-se aquelas variáveis DRB1* que apresentaramassociação com a presença da infecção pelo HBV na análiseunivariada com um valor de p ≤ 0,20. A regressão logísticamultivariada da associação entre a infecção pelo HBV e asvariáveis DRB1* selecionadas na análise univariada foi estra-tificada por sexo e idade. A magnitude dessas associações foiestimada como odds ratio (OR), usando intervalos de confiançade 95%. Os valores de p = 0,05 na análise multivariada foramindicativos de significância estatística. Resultados: Entre os320 doadores de sangue, 241 (75%) eram do sexo masculinoe 79 (25%) eram do sexo feminino. A média de idade foi de 39anos, variando de 18 a 65 anos. O grupo de casos foi consti-tuído por 64 doadores infectados pelo HBV e o grupo controlefoi composto por 256 doadores imunes ao HBV. A análiseunivariada revelou que a infecção pelo HBV não foi signifi-cativamente associada com o sexo (OR: 1,021; IC 95%:0,542-1,924, p = 0,948) ou idade (OR: 0,983, IC 95%: 1,009-5,94, p = 0,204). As combinações mais frequentes no grupocaso foram DRB1* 03 * 08 e DRB1* 04 * 07 (6,3%). Acombinação DRB1* 11 * 13 foi mais frequente no grupo controle(4,3%), no entanto, as diferenças não foram significativas (p =0,314). A análise univariada revelou que os seguintes DRB1*estiveram associados aos doadores infectados (grupo caso)a um nível de significância de p ≤ 0,2: DRB1* 08 (p = 0,067),DRB1* 09 (p = 0,083), DRB1* 12 (p = 0,135) e DRB1* 15 (p =0,147). A análise multivariada estratificada por sexo revelouque o DRB1* 09 foi associado com os doadores infectadosdo sexo masculino (OR: 4,20 IC 95%: 1,30-13,60, p = 0,016). Ea análise multivariada estratificada por idade revelou que oDRB1* 08 foi mais frequente em doadores infectados comidade abaixo de 39 anos (OR: 2,54 IC 95%: 1,09 a 5,94; p =0,031). Conclusões: Os resultados deste estudo revelam quedoadores de sangue mais jovens e do sexo masculino queapresentam, respectivamente, os alelos DRB1* 08 e DRB1*09 são mais suscetíveis à cronificação da infecção pelo HBV.

Palavras-chave: Antígenos HLA; HBV; HLA-DRB1; HepatiteB; Complexo principal de histocompatibilidade.

Associação entre HLA-DRB1* e infecção pelo vírus da hepatite B em doadores desangue

Autores: Bruno de Melo Corrêa; Edmundo Pessoa Lopes; Maria de Fátima P Albuquerque; Lúcia DouradoOrientador: Edmundo Pessoa de Almeida Lopes

vados em 6/35 (17%) pacientes. Três pacientes evoluirampara óbito em consequência de falência hepática Conclusões:A exacerbação da infecção pelo HBV é uma ocorrência fre-quente e potencialmente grave em pacientes transplantados

renais com HBsAg positivo. Assim sendo, a terapia pre-emptiva/profilática, com drogas antivirais, deve ser indicadapara todos os pacientes HBsAg positivo submetidos a trans-plante renal.

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TEMA: HEPATITE C

Introdução: Fatores genéticos do hospedeiro tais como anti-gênio leucocitário humano (HLA), raça, polimorfismos de cito-cinas, gênero, fibrose hepática e resistência à insulina estãoimplicados na determinação da eficácia da terapia com inter-feron (IFN)-α na hepatite C crônica (HCV). O IFN é um com-ponente crucial da resposta imune inata contra agentes in-fecciosos. O IFN tipo I induz numerosas proteínas antivirais,incluindo proteína A de resistência a Myxovírus (MxA), a 2',5'-oligoadenilato sintetase (2,5-OAS) e proteína kinase (PKR).Proteína MxA tem atividade seletiva contra vários vírus e seusníveis são mais elevados em pacientes HCV durante trata-mento com IFN, além disso, polimorfismos de nucleotídeoúnico (SNPs) na região do promotor do gene MxA parecemestar associados com a resposta terapêutica. Osteopontina(OPN) é uma proteína da matriz extracelular que é expressaem células de Kupffer e células estreladas ativadas econtribui para a migração de macrófagos em áreas necró-ticas no fígado lesionado. No entanto, OPN é também umacitocina essencial para iniciar a resposta imunitária Th1,trabalhos demonstraram que polimorfismos genéticos nogene OPN determinam a magnitude da reação imune e SNPsna região promotora deste gene pode afetar a atividade necro-inflamatória em pacientes com hepatite C crônica. Osmecanismos pelos quais o HCV interfere na via de sinalizaçãodo IFN atenuando a eficácia antiviral não estão comple-tamente esclarecidos. A infecção pelo HCV leva à produçãode IFN endógeno e aumento da expressão de supressor decitocina sinalização 3 (SOCS3). SOCS3 pode suprimir a viade sinalização JAK-STAT impedindo a expressão dos genesestimulados pelo IFN. Polimorfismos na região promotorado gene SOCS3 estão associados com falha terapêutica.IL28A, IL28B e IL29 são citocinas relacionadas com a famíliado IFN lambda. SNP localizado no gene IL28B é o mais im-portantes marcador genético de predição de resposta àterapia combinada com IFN-α peguilado (Peg) e ribavirinaem pacientes infectados com HCV genótipo 1. IFN-alfa atuaatravés da via JAK-STAT estimulando ou inibindo centenasde genes que funcionam em vias de resposta imunológica.SNPs em regiões promotoras de genes relacionados à viade sinalização e em genes estimulados pelo IFN são asso-ciados com resposta à terapia. A identificação de fatoresgenéticos isoladamente ou em combinação com outrosfatores de risco clínicos poderia identificar aqueles pacientes

com maiores chances de responderem à terapia antiviral emelhorar as estratégias de tratamento. Polimorfismos dospromotores dos genes MxA, OPN e SOCS3 poderiam estarimplicados na reposta antiviral em pacientes com hepatitecrônica C. Objetivo: Avaliar a influência da heterogeneidadegenética definida por SNPs nas regiões promotoras de MxA,OPN e SOCS3 em pacientes com hepatite crônica C genótipo1 tratados com Peg-IFN e ribavirina. A capacidade destesgenótipos em predizer resposta terapêutica em pacientescom HCV foi comparada com a dos genótipos de IL28B.Métodos: Trata-se de um estudo de caso controle retro-prospectivo. Os portadores do vírus da hepatite C foram divi-didos em 2 grupos: não respondedores e recidivantes (NR)à terapia antiviral e respondedores virológicos sustentados(SVR). A análise de SNPs dos genes MxA, OPN, SOCS3 eIL28B foram realizadas através de PCR-RFLP, sequencia-mento e real time PCR, respectivamente. Resultados: Foramincluídos neste estudo 184 pacientes adultos, de ambos ossexos, soropositivos para HCV genótipo 1. Dentre os 184pacientes, 121 (65,8%) eram indivíduos do gênero masculinoe 63 (34,2%) do gênero feminino. A idade dos pacientes va-riou de 21 a 74 anos, com média de 52,09 ± 9,9 anos (média± desvio padrão). Observou-se maior prevalência do vírusHCV entre os homens, e o grupo etário mais atingido foi o de50 a 60 anos e >60 anos de idade, respectivamente, entrehomens e mulheres. Dentro da amostra estudada, 161 pa-cientes foram submetidos à biopsia hepática, com estágiode fibrose classificados conforme escore METAVIR. Setentae nove (42,9%) dos pacientes apresentaram estágio defibrose leve à moderada (METAVIR < F2) e 82 (44,6%) estavamem estágio de fibrose avançada (METAVIR F3 ou F4). Houveassociação estatisticamente significante entre estágios defibrose mais avançados (METAVIR F3 e F4) e falha ao tratamen-to antiviral (p = 0,02). Um desequilíbrio de ligação foi observadaentre os SNPs rs2071430 e MxA rs17000900 (p = 0,001).Polimorfismos em MxA na posição -88 (rs2071430) foramassociados com a resposta do paciente a Peg-IFN e ribavirina.O genótipo G/G foi significativamente menos frequente no grupoSVR do que no grupo NR (11,2 vs 88,8%, p < 0,0001). No entan-to, a combinação entre heterozigotos G/T e homozigotos T/T foisignificativamente mais frequente entre os pacientes com RVS(54 vs 46%, p < 0,0001). O alelo T teve uma frequência significa-tivamente maior em pacientes com RVS (OR = 0,39 IC 95%:

Avaliação da influência dos polimorfismos dos genes MxA, OPN e SOCS3 comomarcadores preditivos de resposta à terapia com IFN-ααααα em pacientes com hepatitecrônica C: Comparação com IL28b

Autores: Ana Luiza Dias Angelo1; Lourianne Nascimento Cavalcante3; Taisa Manuela Bonfim3; Kiyoko Abe Sandes3; DeniseCarneiro Lemaire1, Luiz Guilherme Lyra2,3; André Castro Lyra2,3

1Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular - Instituto de Ciências da Saúde - Universidade Federal da Bahia2Serviço de Gastrohepatologia - Universidade federal da Bahia3Serviço de Gastrohepatologia - Hospital São Rafael.

Estudo realizado em parte com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB)

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0,21-0,71, p = 0,003). O SNP na posição -123 (rs17000900)também foi associado à resposta terapêutica. Pacientes NRtiveram maior frequência do genótipo C/C do que o grupoSVR (82,6% vs 17,4, p < 0,0001). A frequência do alelo C nogrupo NR foi significativamente maior do que no grupo SVR(OR = 5,11, 95% CI: 2,48-10,53, P = 0,001). O sequenciamentodireto de 182 pacientes revelou dois SNPs na região pro-motora de OPN, localizado no nt -616 (rs2853744) e -443(rs11730582). O genótipo T/T para o rs2853744 foi associa-da com uma resposta virológica sustentada (60 vs 40%, p =0,013). O alelo T ocorreu com maior frequência no grupoSVR comparado ao grupo NR (OR = 0,30, IC 95%: 0,12 - 0,73;p = 0,009). Pacientes com o genótipo T/T para rs11730582(64,3%) tiveram uma taxa de RVS significativamente maiordo que aqueles com o T/C ou C/C genótipos (12,8%, p <0,0001). O alelo T teve forte associação com a taxa de SVR(OR = 0,23 IC 95%: 0,12-0,43, p = 0,001). Os nossos dadosindicam que o SNP localizado no nt -4874 (rs4969170) naregião promotora do gene SOCS3 está associada com aresposta ao tratamento antiviral. Os genótipos A/G + A/A foimais frequente entre os indivíduos no grupo NR em compa-ração com o grupo de RVS (79,9% vs 20,1%, p < 0,0001). Afrequência do genótipo G/G foi muito maior nos pacientesRVS do que nos pacientes NR (62,2 vs 37,8%, p < 0,0001).Os alelos não foram associados com a resposta terapêuticaantiviral (OR = 0,56 IC 95%: 0,32-0,99, p = 0,065). Analisandohaplótipos de genótipos protetores observou-se que os pa-cientes que tiveram 3 ou mais genótipos de proteção tinhamuma chance maior que 90% de atingir a resposta virológicasustentada (OR = 0,01 IC 95%: 0,001-0,10, p < 0,0001). Noentanto, indivíduos com menos de três genótipos protetoresforam frequentemente detectados no grupo NR. Indivíduos

com o alelo C para o polimorfismo de IL28B (rs12979860)tiveram maior chance de alcançar RVS, enquanto os pacien-tes com o alelo T teve uma chance maior de não-resposta(OR = 0,45 IC 95%: 0,25 - 0,80; p = 0,009). O genótipo C/C foimais frequente no grupo SVR, enquanto que os genótipos C/T e T/T foram mais frequentes no grupo NR (OR = 0,20 IC95%: 0,09 - 0,47; p = 0,0008). Comparações entre a análiseseparada de cada genótipo protetor dos genes OPN e SOCS3e a do genótipo de IL28B C/C (rs12979860) detectou umaassociação entre RVS e esses polimorfismos. Genótipos deproteção de MxA não foram associados com RVS em compa-ração com IL28B. A partir da análise combinada dos genótiposprotetores de MxA, OPN e SOCS3 com IL28B C/C notou-seque os pacientes com três ou mais genótipos de proteçãotiveram maior chance de atingir RVS em comparação comaqueles que só teve o genótipo C/C de IL-28B (OR = 0,07, IC95%: 0,02 - 0,20; p <0,0001). Nessa população, analisandoapenas o genótipo de proteção de IL28B isolado (C/C) mos-trou-se uma taxa de 58,8% de SVR, no entanto, analisando ogenótipo de IL28B C/C juntamente com o genótipo protetor deOPN (T/T, rs11730582) houve um aumento na proporção deSVR para 85,7% (OR = 0,23 IC 95%: 0,11-0,46, p <0,0001). Acombinação de IL28B C/C com o genótipo de proteção deSOCS3 (G/G) atingiu uma taxa de RVS de 91,7% (OR = 0,12 IC95%: 0,05-0,28, p <0,0001). Conclusão: A combinação dosgenótipos de proteção de MxA, OPN e SOCS3 foi mais fre-quente entre os pacientes com resposta virológica sustenta-da. A análise conjunta da SOCS3 e genótipos IL28B de prote-ção (G/G + C/C) teve maior poder para prever SVR do que ogenótipo isolado de IL28B. Portanto, novos estudos que rea-lizam uma análise do polimorfismo de combinação deve serincentivada, a fim de validar os nossos resultados.

Os polimorfismos do gene IL28B, genótipo C/C (rs12979860) e genótipo G/G(rs8099917) são fortes marcadores de resposta terapêutica em uma populaçãomiscigenada de pacientes com hepatite crônica C precedentes de uma populaçãomiscigenada

Autor: Lourianne N CavalcanteOrientador: André Castro Lyra

Introdução: Em pacientes com hepatite crônica pelo vírus C(VHC) tratados com interferon peguilado e ribavirina a taxa deresposta virológica sustentada (RVS) com tratamento realiza-do com terapia dupla baseada na combinação de interferonpeguilado e ribavirina está em torno de 50% para pacientescom genótipo 1 e de 80% para pacientes com genótipo 2/3.Fatores preditivos de resposta terapêutica estão relaciona-dos ao vírus e ao hospedeiro. Gênero masculino, estágio defibrose hepática avançado, coinfecção com vírus B ou HIV,elevada resistência a insulina, má aderência à terapia, VHCgenótipo 1 e carga viral elevada são preditores de falha tera-pêutica.(1) A ancestralidade dos indivíduos é um preditor deresposta, sendo demonstrado que afrodescendentes têmchances menores de sucesso à terapia antiviral quando com-

parados aos caucasianos; estas diferenças não são explica-das pela aderência ao tratamento, genótipo viral, tipo deinterferon ou status social dos indivíduos.(2) As variações ge-néticas e imunológicas dos indivíduos são possíveis explica-ções, além de serem marcadores em potencial de prognósti-co e da resposta terapêutica. Polimorfismos do gene IL28Bsão considerados os mais fortes preditores de resposta tera-pêutica à terapia dupla, cinética e clearance espontâneo viralem pacientes infectados pelo VHC; atualmente são preditoresde encurtamento de terapia em indivíduos submetidos aotratamento tríplice baseado nos inibidores de protease.Estudos baseados na terapia dupla demonstraram importan-te influência da ancestralidade na associação entre ospolimorfismos do IL28B e resposta ao tratamento, apontando

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que as variações genéticas do IL28B talvez expliquem partedas diferenças encontradas na associação entre ancestra-lidade e resposta terapêutica.(3,4) O SNP (Polimorfismo deNucleotídeo Único) rs12979860 do IL28B foi fortemente asso-ciado com resposta terapêutica em norte-americanos infec-tados com VHC genótipo 1, sendo o genótipo C/C associadoa maiores chances de RVS. A ancestralidade analisada porautoclassificação influenciou os resultados encontrados: emindivíduos com ancestralidade europeia e genótipo C/C achance de obter RVS foi 2 vezes maior que no genótipo T/T; osafro-americanos C/C tiveram chance de RVS 3 vezes superiore, entre hispânicos C/C, a chance de RVS foi 2 vezes superioràqueles com genótipo T/T.(3) No VHC genótipo 2/3, o papel doIL28B ainda é controverso, entretanto estudo multicêntrico queavaliou o SNP rs1297960 em 268 caucasianos concluiu queo genótipo C/C estava associado à RVS nos indivíduos quenão alcançaram resposta virológica rápida.(6) No SNPrs8099917, a presença do alelo G está fortemente associadaà falha terapêutica principalmente em asiáticos e europeus.O alelo G é mais frequente em asiáticos o que explicaria omaior valor preditivo de resposta deste polimorfismo entreasiáticos do que em afro-americanos e caucasianos-ameri-canos. Neste SNP, o alelo T está associado a maiores taxasde RVS e é mais frequente em populações afro-descen-dentes.(4,7) Estudos publicados até o momento foram realiza-dos em populações mais homogêneas, com baixos índicesde mistura, onde métodos como autoclassificação e defini-ção de fenótipo podem ser aplicados para definir a ances-tralidade dos indivíduos. É importante conhecer a frequênciados alelos e genótipos do gene IL28B em populações alta-mente miscigenadas como a brasileira e demonstrar se estespolimorfismos são preditores de resposta terapêutica empopulações com estas características. Em populaçõesmiscigenadas, métodos mais objetivos para determinar aancestralidade são necessários, sendo a análise dos marca-dores moleculares informativos de ancestralidade o métodode melhor acurácia.(8) Objetivo: Analisar se os polimorfismosdo gene IL28B [rs12979860 (T>C), rs8099917 (T>G)] estãoassociados com resposta terapêutica em uma populaçãomiscigenada com hepatite crônica C tratada com terapia dupla,combinada com interferon peguilado e ribavirina, analisadaatravés de marcadores genéticos de ancestralidade. Materi-ais e métodos: Estudo do tipo caso-controle. No período entrejaneiro de 2010 e março de 2011, 222 indivíduos crônicamen-te infectados pelo vírus C, atendidos no Ambulatório de Hepa-tologia da Universidade Federal da Bahia, foram consecu-tivamente incluídos no protocolo. O estudo foi aprovado pelocomitê de ética da instituição local e todos os pacientes assi-naram o termo de consentimento livre e pré-esclarecido (Emanexo). Critérios de inclusão: pacientes infectados croni-camente pelo vírus C de genótipos 1, 2 ou 3; maiores de 18anos, tratados previamente com interferon peguilado maisribavirina. Critérios de exclusão: coinfecção com vírus B e/ouHIV, ingestão alcoólica > 40 g etanol/dia ou diagnóstico deoutras doenças crônicas do fígado concomitantes. Geno-tipagem do IL28B: Os SNPs rs12979860 e rs8099917 foramgenotipados utilizando o ABI TaqMan SNP genotyping assays(Applied Biosystems, Foster City, CA) e sondas previamentedesenhadas (ABI assay C_11710096_10). Os SNPs foram

analisados por Real-Time PCR (Applied Biosystems) e adiscriminação alélica foi realizada com sistema de detecçãode fluorescência SDS versão1.3.1. Marcadores genéticos in-formativos de ancestralidade (AIM): ancestralidade genômicafoi analisada através de sete marcadores genéticos com dife-rencial de frequência superior a 48%, genotipados pela técni-ca de PCR Real time. Os AIMs analisados foram: AT3-I/D (76bpindel, locus 1q25.1) e LPL [T>C (SNP), locus 8p21.3]; Sb19.3(Alu insertion, locus 19p12), APO (Alu insertion, locus 11q23.3)e FY-Null [A>G (SNP), locus 1q23.2]; PV92 (Alu insertion, locus16q23.3), CKMM [C>T (SNP), locus 19q13.32]. Análisemorfológica fenotípica: dois pesquisadores treinados fi-zeram classificação morfológica fenotípica utilizando critéri-os de Krieger.(8) Os indivíduos eram classificados fenotipica-mente como brancos, mulatos (claros, médios e escuros) ounegros. Autoclassificação de raça: indivíduos se definiramcomo brancos, mulatos, negros ou outros. Análise estatística:A amostra foi estimada para obter poder de 80% e detectar aassociação entre IL28B e resposta à terapia antiviral. Foiestabelecido erro alfa igual a 5% e intervalo de confiança de95%. Proporções foram comparadas com Qui-quadrado eteste exato de Fisher. Variáveis contínuas foram comparadasutilizando teste t de Student para as paramétricas e Mann-Whitney para as não paramétricas. O software R Projects (ver-são 2.11.1 for Windows) foi utilizado para análise dos dados.As análises de ancestralidade foram feitas utilizando ossoftwares GENEPOP online, ADMIX e Structure 2.2. Resulta-dos: A população de estudo é miscigenada, tri-híbrida, forma-da da contribuição das ancestralidades genômicas europeia(0,333), ameríndia (0,217) e africana (0,450). O rs12979860do IL28B foi genotipado em 221 pacientes e o rs8099917 em222 pacientes. As frequências genotípicas observadas nos221 indivíduos foram: C/C 24,4% (n=54), C/T 54,8% (n=121) eT/T de 20,8% (n=46). A distribuição de frequência foi seme-lhante no grupo com VHC genótipo 1 [CC 23,5% (n=39), CT56% (n=93) e TT de 20,5% (n= 34)] e com VHC genótipos 2/3[(CC 27,3% (n=15), CT 50,9% (n = 28) e TT de 21,8% (n=12)].O genótipo C/C esteve em maior proporção entre os res-pondedores e os genótipos C/T e T/T entre os indivíduos quefalharam à terapia em toda a amostra e quando consideradosos genótipos do VHC separadamente. A frequência de RVSentre pacientes C/C em toda a amostra, no grupo com VHCgenótipo 1 e no grupo com VHC genótipos 2/3 foi de 67%,64% e 73%, respectivamente. No SNP rs8099917, as frequên-cias genotípicas em toda amostra foram: T/T 62,6% (n = 139),G/T 34,2% (n=76) e G/G 3,2% (n = 7). Distribuição semelhantede frequência foi observada nos grupos com VHC genótipo 1[T/T 62% (n = 103), G/T 34,3% (n = 57) e G/G 3,6% (n = 6)] ecom VHC genótipo 2/3 [T/T 64,3% (n = 36), G/T 33,9% (n = 19)e G/G de 1,7% (n = 1)]. Os genótipos G/G e G/T foram signi-ficativamente associados com falha terapêutica em todaanálise e quando estratificada entre os genótipos do VHC; ospacientes com RVS tinham em maior frequência o genótipo T/T. O alelo G apesar da baixa frequência na amostra estevemais presente entre os NR/R e o alelo T foi mais frequenteentre os indivíduos com RVS (p = 6,50 x 10-3); resultados se-melhantes foram encontrados para o grupo com VHC genó-tipo1 (p = 3,00 x 10-2) e no grupo com VHC genótipos 2/3 (p =0,05). Os genótipos C/C no rs12979860 e G/G no rs8099917

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foram associados à resposta independente da ancestrali-dade. Os demais genótipos foram influenciados pela an-cestralidade genômica: C/T e T/T(rs12979860) e G/T e T/T(rs8099917) com maior contribuição ameríndia estiveramassociados à RVS e com maior contribuição africana a NR/R.No grupo de indivíduos com genótipo C/C rs12979860, a con-tribuição da ancestralidade observada foi: africana em NR/R0,343 vs. RVS 0,338, p = 0.86; ameríndia NR/R 0,300 vs. RVS0,322, p = 0,37; europeia NR/R 0,356 vs. RVS 0,339, p = 0.50.Entre os pacientes T/T e C/T com VHC genótipo 1, a ances-tralidade genômica influenciou na resposta à terapia antiviral,com maior interferência da ancestralidade no genótipo T/Tdo que no C/T. A contribuição da ancestralidade observadano genótipo T/T foi: africana em NR/R 0,413 vs. RVS 0,325,p = 1,51 x 10-3; ameríndia em NR/R 0,274 vs. RVS 0,326, p =3,77 x 10-3. No genótipo C/T a contribuição identificada foi:africana em NR/R 0,377 vs. RVS 0,331, p = 6,61x10-2; ameríndiaRVS 0,322 vs. NR/R 0,280, p = 2.28x10-3. A ancestralidadeeuropeia foi associada com RVS apenas entre os pacientesde genótipo T/T no grupo com VHC genótipo 1 (NR/R 0,309 vs.RVS 0,349, p = 2.16 x 10-2). Não houve associação significanteentre a resposta terapêutica e a contribuição da ancestralidadegenética nos indivíduos infectados com VHC genótipos 2/3. Aancestralidade definida por autoclassificação e por avaliaçãomorfológica fenotípica não interferiu na resposta terapêuticanos grupos estudados, considerando todos os genótipos doIL28B rs12979860. No SNP rs8099917, em toda amostra eno grupo com VHC genótipo1, entre os indivíduos com genó-tipo T/T, a ancestralidade genômica teve influência na respostaà terapia antiviral, sendo a contribuição africana significativa-mente maior entre os pacientes NR/R; porém, a contribuiçãoameríndia e europeia foi maior no grupo com RVS (contribuiçãoafricana em NR/R 0,390 vs. RVS 0,342, p = 4,0 x 10-3; ameríndia

NR/R 0,285 vs. RVS 0,323, p = 1,0 x 10-3; europeia NR/R 0,318vs. RVS 0,333, p = 0,20). Não houve associação significanteentre resposta terapêutica, ancestralidade genômica e genó-tipos do IL28B no grupo de indivíduos infectados pelo VHCgenótipos 2/3. Conclusões: 1) Os polimorfismos do IL28Bnos rs12979860 e rs8099917 podem ser utilizados comopreditores de resposta terapêutica em populações misci-genadas de pacientes com hepatite crônica C com genó-tipos 1,2 e 3. 2) Independente da ancestralidade dos indiví-duos, no rs12979860 do IL28B, o genótipo C/C foi associadoà RVS e, no rs8099917, o genótipo G/G esteve associado àNR/R. 3) Em pacientes com hepatite crônica C provenientesde uma população miscigenada, a influência da ancestra-lidade na associação dos polimorfismos do IL28B com res-posta terapêutica só foi observada quando a ancestralidadefoi analisada por marcadores moleculares.Referências:1. Seeff LB, Hoofnagle JH. Appendix: The National Institutes of Health ConsensusDevelopment Conference Management of Hepatitis C 2002. Clin Liver Dis2003;7(1):261-87.2. Conjeevaram HS, et al. Peginterferon and ribavirin treatment in African Americanand Caucasian American patients with hepatitis C genotype 1. Gastroenterology2006;131(2):470-7.3.Ge D, et al. Genetic variation in IL28B predicts hepatitis C treatment-inducedviral clearance. Nature 2009;461(7262):399-401.4. Tanaka Y, et al. Genome-wide association of IL28B with response to pegylatedinterferon-alpha and ribavirin therapy for chronic hepatitis C. Nat Genet.2009;41(10):1105-9.5. Mangia A, et al. An IL28B polymorphism determines treatment response ofhepatitis C vírus genotype 2 or 3 patients who do not achieve a rapid virologicresponse. Gastroenterology. 2010;139(3):821-7.6. Rauch A, et al. Genetic variation in IL28B is associated with chronic hepatitisC and treatment failure: a genome-wide association study. Gastroenterology2010;138(4):1338-45.7. Parra FC, et al. Color and genomic ancestry in Brazilians. Proc Natl Acad SciU S A. 2003;100(1):177-82.8. Krieger H, at al. Racial admixture in north-eastern Brazil. Ann Hum Genet.1965;29(2):113-25.

Perda de peso, composição corporal e gasto energético de repouso em portadoresde hepatite crônica C em tratamento com interferon peguilado e ribavirina

Autor: Milena FioravanteOrientador: Elza Cotrim Soares

Os objetivos deste estudo foram avaliar a perda de peso, acomposição corporal e o gasto energético de repouso depacientes durante o tratamento da hepatite crônica C comInterferon peguilado (PEG IFN) e ribavirina, comparando comos resultados obtidos antes do tratamento. Após seleçãode 56 indivíduos, com o diagnóstico de hepatite crônica C,encaminhados para o ambulatório de hepatites virais noGastrocentro da Unicamp, o presente estudo avaliou, pros-pectivamente, 42 pacientes que preencheram os critériospreviamente estabelecidos. O estudo foi realizado em doistempos diferentes: o primeiro, antes de iniciar o tratamento,e o segundo na 12ª semana de tratamento que consistia nouso semanal de injeção subcutânea de PEG IFN alfa-2a(180 µg) ou PEG IFN alfa-2b (1,5 µg/kg) e ribavirina, via oral,diariamente (1000 ou 1250 mg/dia). A avaliação do estado

nutricional incluiu avaliação antropométrica de peso e alturapara cálculo do índice de massa corporal (IMC), circunfe-rência do braço, dobra cutânea tricipital, circunferência mus-cular do braço e circunferência abdominal. A composiçãocorporal foi analisada por bioimpedância elétrica (BIA),sendo estimados os valores de massa magra em quilo-gramas e porcentagem de gordura corporal. O gasto ener-gético de repouso de cada indivíduo foi obtido pelo métododa calorimetria indireta e o consumo alimentar avaliado porrecordatório de 24 horas e questionário de frequênciaalimentar. Os exames laboratoriais seguiram protocolo pa-drão utilizado para o tratamento de hepatite C. A amostra deindivíduos, com média de idade igual a 46,3 anos, foi com-posta por 30 (71,4%) homens e 12 (28,6%) mulheres. Nomomento basal do estudo, 40,5% dos pacientes eram

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eutróficos, 33,3% tinham sobrepeso e 26,2% apresentavamalgum grau de obesidade. Os indivíduos apresentaram per-da de peso significativa durante o tratamento (79,1 ± 15,6 vs.75,7 ± 15 kg; p < 0,001) com consequente redução de IMC(27,5 ± 5,2 vs. 26,3 ± 5 kg/m²; p < 0,001), circunferência dobraço (32,6 ± 3,8 vs. 31,3 ± 3,7 cm; p < 0,001), dobra cutâneatricipital (18 ± 8,1 vs. 15,6 ± 7 mm; p < 0,001), circunferênciamuscular do braço (27 ± 2,9 vs. 26,5 ± 2,8; p = 0,008) ecircunferência abdominal (97,8 ± 14,3 vs. 95,5 ± 14,1 cm;p < 0,001). A perda de peso deu-se com redução significativade gordura corporal (29 ± 8,2 vs. 26,7 ± 7,8%; p < 0,001),sem redução de massa magra (55,6 ± 10 vs. 55 ± 10,2 kg;p = 0,210). Houve redução significativa no consumoalimentar (2131 ± 890 vs. 1834 ± 699 kcal; p = 0,012),avaliado pelo recordatório de 24 horas. Porém, não houve

alteração no gasto energético de repouso (1168,2 ± 303 vs.1151,3 ± 249 kcal; p = 0,670) e no gasto energético de re-pouso corrigido pela massa magra (20,9 ± 3,7 vs. 21,1 ±3,7 kcal/kg; p = 0,864). Na análise de correlação realizadaentre o consumo calórico e a perda de peso observou-seforte tendência na associação entre estas duas variáveis(r = -0,306; p = 0,0517). Isto é, quanto maior a perda depeso apresentada, menor é a ingestão calórica (maior aredução no consumo calórico total). Em conclusão, a perdade peso observada durante o tratamento dos pacientes comhepatite crônica C com PEG-Interferon e ribavirina, é rela-cionada à redução significativa do consumo calórico, porémsem alteração do gasto energético. Mais estudos podemser necessários para tentar elucidar outros mecanismosde perda de peso nesses pacientes.

Associação entre esteatose hepática e os polimorfismos C677T do gene da MTHFRda homocisteína e -493G/T do gene da MTP em pacientes com hepatite C crônica

Autores: Siqueira ERF 1,3,4, Oliveira CPMS 1*, Correa-Giannella ML2, Stefano JT1, Cavaleiro AM2, Fortes MAHZ2, Muniz MTC3,Silva FS3, Pereira LMMB4,5,F, Carrilho J1

Orientadores: Flair Cariilho e Cláudia Pinto Marques Souza de Oliveira

1Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Disciplina de Gastroenterologia Clinica (LIM-07), São Paulo, Brasil.2Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Laboratório de Endocrinologia, Biologia Celular e Molecular LIM-25, São Paulo, Brasil.3Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, Departamento de Bioquímica, Pernambuco, Brasil.4Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, Departamento de Gastroenterologia, Pernambuco, Brasil.5Instituto do Fígado de Pernambuco.

A infecção crônica pelo vírus da hepatite C (VHC) atingeaproximadamente 180 milhões de pessoas em todo o mun-do. No Brasil a prevalência do anticorpo do VHC nos indiví-duos é de 1,38%. O mecanismo pelo qual o VHC estáassociado à esteatose hepática ainda é desconhecido. Opolimorfismo do C677T (ALA222VAL) do gene da metileno-tetrahidrofolato redutase (MTHFR) está associado a eleva-das concentrações de homocisteína (Hcy). A hiper-homo-cisteinemia (HHe) alteraria o metabolismo intracelular doslipídios por aumentar a expressão de alguns genes, comogenes da proteína ligante do elemento regulador de este-roides-1 (SREBP-1) relacionados a enzimas do metabolis-mo do colesterol e dos triglicerídeos. Por outro lado, umpolimorfismo funcional na região promotora do gene daproteína microssomal transportadora de triglicerídeos (MTP)(-493G/T) confere ao alelo G uma menor atividade daproteína associada ao aumento da transcrição do alelo T invitro e in vivo, favorecendo risco para elevação do colesteroltotal, lipoproteína de baixa densidade (LDL) e Apo B comaumento do risco cardiovascular em indivíduos saudáveis.Material e Métodos: Foram incluídos no estudo 174pacientes sem tratamento prévio com RNA do VHC positivoe com biópsia hepática. Os mesmos foram genotipadospara o polimorfismo 677C/T da MTHFR por RestrictionFragment Length Polymorfism-Polimerase Chain (PCR-

RFLP) e para -493G/T da MTP, por sequenciamento. Todosos pacientes tinham marcadores negativos para doençade Wilson, hemocromatose e doença autoimune, e tam-bém tinham baixa ingesta alcoólica, com menos de 100 g/semana. Variáveis clínicas e bioquímicas foram analisa-das em 138 pacientes no momento da realização da biópsiahepática. Resultados: Foi encontrada associação entre ogenótipo TT x CT /CC do polimorfismo do gene MTHFR,com o grau de esteatose e fibrose hepática (p < 0,05). Umadiferença significativa foi encontrada em níveis plasmáticosde homocisteína em pacientes com esteatose (p=0,03). Afrequência do genótipo GG+GT do gene MTP foi de 56,8%nos pacientes com genótipo 1 do VHC com fibrose hepáticagrau 3+4 (OR 1,8, IC 95% 1,3-2,3). Foi observada umaassociação direta entre a presença da esteatose hepáticanos pacientes com VHC com o genótipo GG+GT do poli-morfismo -493G/T do gene da MTP independentemente dogenótipo do VHC (OR = 0,4, IC 95% 0,2-0,8, p = 0,01).Conclusões: O genótipo CT +TT do polimorfismo C677T dogene da MTHFR foi mais frequente na presença de fibrosegrau 1+ 2 e da esteatose hepática assim como a concen-tração elevada de Hcy em indivíduos com esteatose. Apresença do alelo G do polimorfismo -493G/T do gene daMTP está associada a uma menor expressão da MTP hepá-tica, protegendo contra a esteatose em pacientes com VHC.

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Numerosos estudos em pacientes com hepatite C crônicademonstram redução significativa da qualidade de vida rela-cionada à saúde (QVRS) em comparação a controles sau-dáveis, independentemente do estágio da doença hepática.O estado de humor, a gravidade da doença e o estilo de vidainterferem na QVRS de indivíduos que apresentem doençacrônica. No caso da infecção pelo vírus da hepatite C (VHC),as interrelações entre estes fatores biopsicossociais nãoestão totalmente esclarecidas. Objetivos: (1) avaliar a QVRSem pacientes com hepatite C crônica atendidos no AHEV-IAG-HC-UFMG; (2) avaliar a influência de fatores sociodemo-gráficos, características clínicas, comorbidades psiquiátri-cas e características virais na QVRS e (3) analisar o impactodo transtorno depressivo maior (TDM) e dos transtornos deansiedade na QVRS dos indivíduos arrolados no estudo.Pacientes e Métodos: Pacientes com diagnóstico de hepatiteC crônica (n=125; VHC-RNA positivos) e que concordaramem assinar o termo de consentimento livre e esclarecidoforam prospectivamente incluídos. Os pacientes respon-deram a questionário contendo informações sobre dadospessoais, sociodemográficos e clínicos e foram submeti-dos à avaliação psiquiátrica, por meio da entrevista estru-turada Mini International Neuropsychiatric Interview v.5.0.0.(M.I.N.I. Plus) e das escalas Hamilton Depression RatingScale (HDRS) e Hospital Anxiety and Depression Scale(HADS). A avaliação da qualidade de vida foi feita pelo LiverDisease Quality of Life Questionnaire (LDQOL 1.0), questio-nário híbrido para avaliação da QVRS em pacientes com do-ença hepática. O protocolo foi aprovado pelo Conselho deÉtica da UFMG. Os dados foram analisados pelo SPSS 17.0.Foram criados vários modelos de regressão linear, para cadaum dos 12 domínios do LDQOL, para identificar fatores(variáveis independentes) associados à redução dos escoresde qualidade de vida (variável dependente), pois foi verificadasobreposição de diversos cofatores. As variáveis indepen-dentes foram agrupadas em variáveis sociodemográficas(idade, sexo, estado civil, renda familiar e grau de escola-ridade), estilo de vida (tabagismo atual), características clí-nicas [cirrose hepática, índice de massa corporal (IMC), hiper-tensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM)];comorbidades psiquiátricas (TDM atual, transtornos de an-siedade, abuso ou dependência de álcool atual e/ou pas-sado, abuso ou dependênica de drogas ilícitas), caracterís-

ticas virais (genótipo e carga viral) e dados bioquímicos [alaninaaminotransferase (ALT)]. Variáveis com valor de p ≤ 0,20 naanálise univariada foram selecionadas para a análise multi-variada. Em cada agrupamento de variáveis, quando maisde uma variável tinha valor de p ≤ 0,20, modelos de regres-são linear hierárquicos foram criados para seleção daque-las verdadeiramente associadas à redução dos escores emcada domínio. No modelo final de regressão linear multi-variada foram incluídas somente as variáveis de cada agrupa-mento com valor de p ≤ 0,05. O R² (coeficiente de determina-ção) ajustado e o teste ANOVA foram usados para avaliar aadequacidade dos modelos. Resultados: média de idadede 53,2 ± 11,6 anos; 57,6%, sexo feminino; 16,8%, cirrose;28,8%, TDM atual e 23,2%, transtornos de ansiedade. TDMfoi associado a menores escores do LDQOL em 10 domínios(p < 0,001), excluindo "função sexual" (p = 0,15), e "problemasexual" (p = 0,43), independentemente do grau de doençahepática. Transtornos de ansiedade foram associados comredução em três domínios do LDQOL: "preocupação com adoença hepática" (p = 0,003), "estigma da doença hepática"(p = 0,007) e "problema sexual" (p = 0,04). Menores escoresno domínio "isolamento" foram verificados em pacientes comabuso/dependência de álcool atual ou prévia (p = 0,009).Cirrose e DM foram associados a menores escores doLDQOL em dois domínios: "função sexual" (p = 0,02) e "pro-blema sexual" (p = 0,05), respectivamente. Maior nível deescolaridade foi associado a menores escores em três di-mensões do LDQOL: "preocupação com a doença" (p = 0,02),"esperança" (p = 0,02) e "estigma da doença hepática" (p =0,04). Ainda, houve correlação negativa entre o grau do TDM edos transtornos de ansiedade e QVRS. Conclusões: váriosfatores, além da própria doença hepática, interferem na qua-lidade de vida de pacientes com hepatite C crônica. Aavaliação clínica ampla torna-se relevante no acompanha-mento desses indivíduos e, em especial, os aspectos rela-cionados à saúde psíquica devem ser investigados de formacriteriosa. A adoção de um modelo biopsicossocial de cuida-dos, com o objetivo de promover a melhora da QVRS entreos pacientes com hepatite C crônica, torna-se meta a seraprimorada pela equipe interdisciplinar e multiprofissionaldo AHEV-IAG-HC-UFMG.Palavras-chave: Qualidade de vida; Hepatite C crônica;Transtorno depressivo maior; Transtornos de ansiedade

Influência do transtorno depressivo maior e dos transtornos de ansiedade naqualidade de vida de pacientes com hepatite C crônica

Autor: Luciana Rodrigues da CunhaOrientador: Luciana Diniz

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Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012 79

Avaliação do desempenho de testes rápidos para a detecção do anti-HCV

Autores: Lígia da Rosa, Esther B. Dantas-Corrêa, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Leonardo de Lucca SchiavonOrientador: Leonardo de Lucca Schiavon

NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia; Universidade Federal de Santa Catarina

Objetivos: Objetivo geral: Estudar o desempenho diagnósti-co de testes rápidos para detecção do anti-HCV. Objetivosespecíficos: Comparar a acurácia de testes rápidos à daquimioluminescência amplificada para detecção do anti-HCV;comparar a acurácia de duas marcas de testes rápidos paraa detecção do anti-HCV disponíveis no mercado; avaliar oimpacto do tempo de leitura do teste sobre o seu desempe-nho diagnóstico. Materiais e Métodos: Tipo de estudo: Estu-do observacional transversal. População e amostragem: Ossujeitos da pesquisa foram alocados em três grupos: 1. Gru-po de portadores crônicos do HCV: indivíduos sabidamenteportadores crônicos do HCV com diagnóstico confirmado porHCV-RNA por PCR. 2. Grupo controle sem hepatopatia: indiví-duos não portadores do HCV (anti-HCV não reagente) e semantecedentes clínicos de doença hepática crônica, pareadosao grupo de portadores do HCV quanto à idade e sexo. 3.Grupo controle com doença hepática crônica: indivíduos nãoportadores do HCV (anti-HCV não reagente) e portadores deoutras doenças hepáticas crônicas. Critérios de Exclusão: 1)imunossupressão (tratamento quimioterápico ou imunos-supressor, coinfecção com o vírus da imunodeficiência hu-mana – critério de exclusão para os grupos de portadores doHCV e controle sem hepatopatia); 2) pacientes em tratamentocom interferon. Tamanho da amostra: O tamanho mínimo daamostra para cada grupo foi estimado em 95 indivíduos, con-siderando, margem de erro máxima de 2%, intervalo de confi-ança de 95% e sensibilidade e especificidade diagnósticasestimadas em 99%. Procedimentos: Os indivíduos foram ava-liados para inclusão durante as consultas ambulatoriais derotina. Após as orientações sobre o estudo e apresentação doTCLE, o teste rápido foi realizado (conforme as orientaçõesdo fabricante) através de punção digital (sangue total). A leitu-ra destes testes foi realizada em 3, 5, 10, 15, 20 e 30 minutos.A coleta da amostra por punção venosa periférica para realiza-ção do anti-HCV por quimioluminescência amplificada foi re-alizada em todos os indivíduos logo após a realização do tes-te rápido. Variáveis em Estudo: 1) Clínicas e demográficas:Sexo, idade, peso, altura, fatores de risco HCV, etilismo,comorbidades, medicações; 2) Laboratoriais: Teste rápidoanti-HCV imunocromatográfico (Acon Biotech e WAMA Diag-nóstica), anti-HCV quimioluminescência amplificada (Abbottdiagnostics division - Architect system), ALT (Dimension RLMax - Siemens). Análise Estatística: As variáveis numéricasforam comparadas pelos testes t de Student ou Mann-Whitneye as categóricas pelos testes qui-quadrado. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significante. O desem-penho dos testes rápidos foi comparado ao anti-HCV porquimioiluminescência por meio do cálculo da sensibilidade eespecificidade relativas. Os testes utilizados serão bi-caudaise executados pelo programas SPSS, versão 15.0 (SPSS, Chi-cago, IL, EUA). Resultados: As variáveis clínicas e demográ-

ficas dos três grupos estão descritas na tabela 1. Dos 47pacientes portadores de HCV que possuíam genotipagem, 34(60,7%) eram genótipo 1. Quanto aos fatores de risco relacio-nados ao HCV, 32 (31,1%) haviam sido submetidos à trans-fusão sanguínea antes de 1992, 23 (22,3%) relataram uso dedrogas endovenosas e em 48 (46,6%) não foram identificadosfatores de risco. Os resultados dos testes rápidos e daquimioiluminescência estão demonstrados na tabela 2. Re-sultado falso-negativo de ambas as marcas de teste rápido foiobservado em três indivíduos com infecção confirmada peloHCV. Nenhum resultado falso-positivo foi encontrado. Asensibilidade e a especificidade relativas do teste rápido anti-HCV Imunocromatográfico Acon Biotech, assim como do testerápido anti-HCV Imunocromatográfico Wama foram calculadasem 97,1% e 100%, respectivamente. Não foi verificada alteraçãoda sensibilidade ou especificidade dos testes nos diferentestempos de leitura.

Conclusão: Os testes rápidos de imunocromatografia para adetecção do anti-HCV apresentaram elevada sensibilidade eespecificidade quando comparados à quimioluminescênciaamplificada. Não houve alteração no desempenho dos testesa partir do terceiro minuto de leitura, sugerindo que os resultadosdestes exames possam ser liberados com maior rapidez doque o previamente recomendado, contribuindo para uma maioradesão às campanhas de rastreamento de hepatite C.

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Introdução: A dupla infecção HBV/HCV é um fenômeno co-mum em pacientes em hemodiálise e provavelmente éconsequência de vias comuns de contaminação às quaisestes pacientes estão expostos. A viremia de ambos osvírus pode variar ao longo do tempo, na maioria dos casos,há dominância de uma infecção sobre a outra, sendo quefrequentemente, a infecção crônica pelo HCV suprime o HBVe o tratamento antiviral tende a interferir nesta dinâmica.Nenhum estudo, até o momento, avaliou o seguimento emlongo prazo após o tratamento para HCV em pacienteshemodialisados com dupla infecção HBV/HCV. Objetivos:Este trabalho visou avaliar o comportamento da viremia doHBV após o tratamento da hepatite C em pacientes hemo-dialisados com dupla infecção HBV/HCV. Material eMétodos: Pacientes com dupla infecção HBV/HCV emhemodiálise, com infecção pelo vírus C dominante e biópsiahepática com fibrose maior ou igual a 2 pela classificaçãode METAVIR foram tratados com interferon-alfa 3 MU, 3x/semana em monoterapia por 12 meses. Acompanhamen-to com enzimas hepáticas e carga viral do vírus B foi reali-zado a cada 3 meses por pelo menos 24 meses após otratamento para HCV. Resultados: Do total de 18 pacientes

Reativação tardia da hepatite B após o tratamento para hepatite C em pacienteshemodialisados com dupla infecção HBV/HCV

Autores: Wahle RC, Perez RM, Pereira PSF, Oliveira EMG, Emori CT, Uehara SNO, Melo IC, Silva ISS, Silva AEB, Ferraz MLGOrientador: Maria Lúcia Ferraz

Setor de Hepatites, Disciplina de Gastroenterologia, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

tratados, dez pacientes em hemodiálise com dupla infec-ção HBV/HCV puderam ser acompanhados por pelo menos24 meses, independentemente de terem atingido respostavirológica sustentada (RVS) do vírus C. Todos os pacientesapresentavam viremia do vírus B indetectável ou inferior a2.000 UI/mL antes do tratamento da HCV crônica. O tempomédio de seguimento foi de 33 meses (24-48 meses).Houve seis casos de reativação da hepatite B (60%) duranteos primeiros 24 meses de seguimento, sendo que cincodeles haviam atingido RVS após o tratamento da hepatiteC. Três pacientes com reativação do vírus B eram candidatosa transplante renal, receberam tratamento específico e foramliberados para o transplante com viremia do vírus Bindetectável, mantendo uso continuado de antiviral oralassociado à imunossupressão específica. Conclusão: Otratamento bem sucedido do vírus da hepatite C emhemodialisados com dupla infecção HBV/HCV pode favo-recer a reativação do vírus B. Assim, o monitoramento con-tinuado da viremia do vírus B deve ser preconizado paraestes pacientes, visando instituir o tratamento antiviral pre-cocemente, especialmente naqueles pacientes candidatosa transplante renal.

Aspectos epidemiológicos da infecção pelo vírus da hepatite C e coinfecções com osvírus B e Delta no estado do Acre, Amazônia ocidental brasileira(Tese de doutorado)

Autor: Thor Oliveira DantasOrientador: Cleudson Nery Castro

Introdução: As hepatites virais constituem um complexo pro-blema de saúde pública em todo o planeta, em particular ashepatites crônicas, B, C e D pelo risco de evolução para acirrose e o carcinoma hepatocelular. A região amazônica éhá muito reconhecida como hiperendêmica para os vírus B eD, mas considerada originalmente indene para o VHC, em-bora a introdução deste agente em comunidades remotasda Amazônia já tenha claramente ocorrido, em alguns cená-rios com coeficientes não negligenciáveis. As coinfecçõespor vírus hepatotrópicos têm sido objeto de estudo e atençãopela complexidade dos mecanismos de interferência viral,pelo desafio terapêutico e, em especial, pela aparente ten-dência em determinar quadros mais graves, seja nas apre-sentações agudas, seja na evolução para a cronicidade. Oestado do Acre figura na literatura como um dos que exibemas mais elevadas prevalências de infecção pelo VHC no País.

Objetivos: O presente trabalho objetivou realizar investiga-ção soroepidemiológica e virológica sobre a prevalência deinfecção pelo VHC e coinfecções com os vírus B e D entre apopulação geral do interior do estado do Acre, na Amazôniaocidental brasileira, com exploração de possíveis fatoresassociados. Metodologia: Coletaram-se informações socio-demográficas e epidemiológicas através de entrevistas indi-viduais, e material sanguíneo por venopunção, de uma amos-tra populacional aleatória de 2.144 indivíduos, representan-do 11 municípios da porção mais ocidental do estado. Asamostras foram submetidas aos seguintes testes soro-lógicos por métodos imunoenzimáticos, utilizando-se kitscomerciais: anti-VHC, AgHBs, anti-HBc total e anti-VHD. Asamostras anti-VHC reagentes foram submetidas à detecçãode RNA-VHC por RT-PCR. As amostras RNA-VHC reagentesforam submetidas à genotipagem por LiPA. A exploração de

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possíveis fatores associados foi realizada por análise multi-variada através de métodos de regressão logística. Resul-tados e Conclusões: A prevalência de infecção pelo VHCestimada através de biologia molecular foi elevada (2,5%),superior à média nacional e aos coeficientes encontradospara os demais estados da região Norte, estimados porsorologia. A transmissão do VHC na região provavelmentenão é de início recente, manteve-se elevada, desde suaintrodução, por alguns anos, provavelmente associada ao usode injeções parenterais não seguras, tendo diminuídogradativamente de intensidade a partir de então, mas prova-velmente ainda se fazendo importante. Prevalências particu-larmente elevadas foram identificadas nos municípios deTarauacá (7,0%) e Cruzeiro do Sul (3,8%). O genótipo 1b doVHC foi o mais prevalente (42,6%), seguido pelos genótipos1a (29,6%), 3 (18,5%) e 2 (5,6%). Marcador de infecção peloVHD foi identificado em 15,9% dos portadores do AgHBs. Aprevalência de infecção pelo VHC entre portadores do AgHBs

foi 4,3% e a do AgHBs entre os infectados pelo VHC de 5,6%.Aproximadamente 6% da amostra exibiu marcador de infec-ção por pelo menos um dos três vírus, significando possi-velmente mais de 40.000 indivíduos portadores de algum(s)vírus hepatotrópicos no estado. Dentre os infectados, aproxi-madamente 80% apresentaram-se em monoinfecção e 20%em coinfecção. Dentre os monoinfectados, 53,3% foram peloVHB e 46,7% pelo VHC. Dentre as coinfecções, a mais comumfoi a associação VHD/VHB (88,9%) seguida por VHC/VHB(7,4%) e pela tripla infecção (3,7%). História de injeção nopassado por curioso, condição de analfabeto e maior tempode vida são provavelmente fatores de risco para infecção pelogenótipo 3 do VHC. O gênero masculino é provavelmente umfator de risco para a infecção pelo VHD e por qualquer vírus,mas provavelmente não o é para vírus em coinfecção. Areferência a hepatite no passado é provavelmente preditiva deinfecção crônica pelo VHB, pelo VHD, por qualquer vírus oupor vírus em coinfecções.

TEMA: DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA

Efeito antifibrogênico do doador de óxido nítrico S-Nitroso-N-acetilcisteína (SNAC) naesteato-hepatite não alcoólica experimental

[tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2011.

Autor: Daniel Ferraz de Campos MazoOrientador: Cláudia Pinto Marques Souza de Oliveira

Introdução: Já foi mostrado que o óxido nítrico (NO) age comoum potente inibidor da peroxidação lipídica, um dos principaiscontribuintes para a fibrogênese na esteato-hepatite nãoalcoólica (EHNA). O S-Nitroso-N-acetilcisteína (SNAC), umdoador de NO, modula a ativação de células estreladashepáticas e tem mostrado efeitos benéficos na EHNA expe-rimental. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a eficáciado SNAC como um agente antifibrogênico na EHNA expe-rimental. Métodos: Ratos Sprague-Dawley adultos foramalimentados com dieta hiperlipídica deficiente em colina eexpostos a dietilnitrosamina (DEN) durante 8 semanas. Dezanimais receberam SNAC (1,4 mg/kg) por gavagem diaria-mente (grupo SNAC) e 10 receberam veículo (grupo EHNA).Três animais receberam somente dieta padrão e veículo (gru-po Controle). Após este período, os animais foram sacrifica-dos e o tecido hepático retirado para avaliação histológica,quantificação do colágeno e análises de expressão gênica.Genes relacionados à fibrose [metaloproteinase de matriz(MMP)-2, 9 e 13, e, TGF® -1, colágeno-1⟨, inibidor tecidual de

metaloproteinase (TIMP)-1 e 2] e genes relacionados aoestresse oxidativo [proteínas de choque térmico (HSP)-60 e90] foram avaliados. Resultados: O SNAC levou a atenuaçãoda fibrose hepática verificada pela quantificação de colágeno,e este efeito foi associado com suprarregulação da MMP-13,MMP-9 e infrarregulação da HSP-60, TIMP-2, TGF® -1 ecolágeno-1⟨. Conclusões: O SNAC apresenta propriedadesantifibrogênicas no modelo de EHNA empregado, infrarregulamoléculas pró-fibrogênicas e suprarregula a MMP-13, umfator determinante da degradação do colágeno intersticial.Nossa hipótese é que o SNAC, pela redução do estresseoxidativo, leva a um padrão de expressão gênica que favoreceuma maior remoção de colágeno, com consequente atenua-ção da fibrose hepática na EHNA, sugerindo que SNAC é umpotencial agente antifibrogênico neste contexto.

Descritores: S-nitroso-N-acetilcisteína; Fibrose; Células es-treladas do fígado; Esteato-hepatite; Estresse oxidativo; Óxidonítrico; Modelos animais.

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82 Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012

Introdução: Atualmente a doença hepática gordurosa nãoalcoólica (DHGNA) é a principal causa mundial de doençahepática crônica. Esta condição clínico-patológica, altamen-te prevalente em pacientes diabéticos tipo 2 (DT2), carac-teriza-se pelo acúmulo anormal de gordura no tecido hepáticona ausência de ingestão alcoólica significativa (< 20 g/diapara mulheres e < 40 g/dia para homens). Os principaisfatores relacionados à DHGNA são aqueles associados àsíndrome metabólica (SM): obesidade central, dislipidemia,hipertensão arterial e diabetes mellitus. A DHGNA apresentaum amplo espectro de lesões hepáticas, desde presençade esteatose hepática simples, passando pela esteato-hepatite e diferentes graus de fibrose até a presença dacirrose hepática. A presença da DHGNA esta relacionada àelevada morbi-mortalidade, especialmente de etiologia hepá-tica e cardiovascular. A relação entre DHGNA e complicaçõescardiovasculares (CCV) pode ser explicada pela forte asso-ciação da esteatose hepática aos fatores da SM. Atualmente,o score de Framingham (SF) é considerado como avaliaçãode referência na identificação de pacientes de alto-risco nodesenvolvimento de complicações CV. A biópsia hepática é oexame de referência na avaliação diagnóstica e prognósticade doenças hepáticas crônicas. Porém este é um métodoinvasivo, custoso e sujeito a potenciais complicações graves.O fragmento da biópsia hepática representa 1/50.000 dofigado, implicando em algumas limitações, como erro amos-tral e alta variabilidade inter e intraobsevador da análise histo-patológica. Como alternativa à biopsia hepática, diversosmarcadores não invasivos de fibrose hépatica vêm sendodesenvolvidos na última década. O FibroTest (FT) é ummarcador não invasivo que combina 5 parâmetros biológicos:apolipotreina A1, α-macroglobulina, haptoglobina, bilirrubinae gama-glutamil-transpeptidase (GGT). Este método forneceum resultado com valores entre 0.0 e 1.0 que correlacionam-se com os diferentes graus de fibrose hepática, apresentan-do excelente performance diagnóstica. Igualmente, o valorprognóstico do FT na predição da morbi-mortalidade asso-ciada a complicações hepáticas ja foi previamente validadonas hepatites virais (B e C) e na doença hepática alcoólica.Objetivo: O objetivo principal deste estudo foi avaliar o valorprognóstico do FT na predição de complicações hepáticas ecardiovasculares, bem como a mortalidade global na DHGNA.O objetivo secundário foi avaliar se a presença de fibrosehepática avançada (METAVIR ≥ F2), estimada pelo FT, asso-ciada ao SF apresenta um valor prognóstico melhor que autilização do score de forma isolada na predição de compli-cações CV. Métodos e pacientes: Pacientes diabéticos dotipo 2 (DT2), não insulino-dependentes, com síndrome meta-bólica (SM) e sem antecedentes de doença hepática crônicaforam acompanhados prospectivamente (2004-2012) quantoao desenvolvimento de complicações hepáticas [encefa-

Valor preditivo do marcador não invasivo (FibroTest) em pacientes diabéticosnão insulino-dependentes (tipo 2) com síndrome metabólica

Autor: Hugo Perazzo

Universidade do Estado do Rio Janeiro (UERJ) / Université Pierre et Marie Curie (UPMC - Paris 6)

lopatia hepática, ascite, carcinoma hepatocelular (CHC), rup-tura de varizes de esôfago e transplante hepático] e cardio-vasculares [infarto agudo do miocárdio (IAM), by-pass coro-nariano, acidente vascular encefálico isquêmico (AVCI) e an-gina instável]. A síndrome metabólica foi definida pelos crité-rios da "National Cholesterol Education Program" (NCEP-ATP III). Fibrose avançada (FA - METAVIR ≥ F2) foi definidapela presença de FibroTest ≥ 0.48. Pacientes apresentandoSF ≥ 15% foram considerados como apresentando risco mo-derado-elevado para desenvolvimento de complicações CV.Todos os pacientes assinaram um termo de consentimentolivre pós-informação antes da inclusão no estudo que foiaprovado pelo comitê de ética local. A análise estatística foirealizada com auxílio do programa NCSS (Number CruncherStatistical System, 2007). Variáveis nominais foram expres-sas em número absoluto (n) e frequência relativa (%).Variáveis quantitativas foram expressas em média ± desviopadrão. A avaliação da sobrevida foi realizada pelas curvasde Kaplan-Meier (95%IC), teste de log-rank e modelo de riscoproporcional de Cox. Resultados: 423 pacientes DT2/SM,55.6% do sexo masculino, índice de massa corporal médiode 30.2 ± 6.2 Kg/m² (range 19-64) e média de idade 60 ± 9.8anos foram incluídos. Durante o acompanhamento prospec-tivo de 5 anos, 27 (6.4%) pacientes faleceram, 63 (15%)desenvolveram 90 complicações CV e 3 complicações hepá-ticas. Foram registrados 21 IAM, 17 anginas instáveis, 46by-pass coronarianos (89% por angioplastia), 6 AVCI, 1ascite e 2 carcinomas hepatocelulares. A incidência de CHCem DT2 com síndrome metabólica e sem antecedentes dedoença hepática crônica foi de 4.7 por 1.000 pacientes. Ascurvas de sobrevida em 5 anos (Kaplan-Meier 95%IC) deacordo com a fibrose hepática, estimada pelo FibroTest fo-ram: sobrevida global – 87% (75-98) em pacientes com FA vs95% (93-97) com fibrose mínima (longrank p = 0.02); sobre-vida sem complicações CV – 61% (41-80) em pacientes comFA vs 86% (82-90) com fibrose mínima (p < 0.001) e sobrevidasem complicações hepáticas – 91% (82-100) em pacientescom FA vs 100% com fibrose mínima (p < 0.0001). Nos 333pacientes considerados como moderado-alto risco pelo SF,a sobrevida sem complicações CV foi 59% (39-79) em paci-entes com FA vs 85% (81-90) com fibrose mínima (p < 0.002).Na análise multivariada (modelo de Cox), FibroTest foi con-siderado como variável independentemente relacionada acomplicações CV, após ajuste pelo score de Framingham:risco relativo = 4.8 (95%IC 1.1-21.9; p = 0.04). Conclusão:FibroTest tem valor prognóstico significativo para prediçãoda sobrevida global, sem complicações CV e hepáticas a 5anos em pacientes DT2 com síndrome metabólica. Igual-mente, o FibroTest melhora a predição de complicações CVem pacientes com moderado-alto risco pelo score deFraminghamn

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.......................Fibrose minima pelo FT (METAVIR F0F1)

Espectro de alterações hepáticas em usuários de esteroides anabolizantes

Autor: Paulo Adriano SchwingelOrientador: Helma Pinchemel Cotrim

Objetivo: Determinar o espectro clínico de alterações hepá-ticas em usuários de esteroides anabolizantes androgênicos(EAA) por motivos estéticos, cosméticos ou de melhora nodesempenho físico. Métodos: Estudo transversal conduzidoentre fevereiro de 2007 e maio de 2012. A amostra foi volun-tária, composta de praticantes recreativos de musculaçãodo gênero masculino, assintomáticos, que utilizavam tes-tosterona ou derivados. Os indivíduos selecionados foramsubmetidos à entrevista, exame clínico, coleta de sangue,determinação de indicadores cineantropométricos e examede ultrassonografia abdominal (USAB). A avaliação labo-ratorial foi composta de dosagem de enzimas hepáticas (AST,ALT e GGT) e enzimas musculares (CPK), perfil lipídico(colesterol total e frações e triglicerídeos), glicemia e insuli-na. Marcadores sorológicos para hepatites virais (AgHBs eanti-VHC) foram também mensurados, e quando necessá-rio foi dosado ferritina, saturação de transferrina, bilirrubinae fator antinúcleo. Os dados foram tabulados e analisadossegundo a estatística descritiva. Valores apresentados sãomédia e desvio padrão ou frequências absoluta e relativa.

Associação e relacionamento entre variáveis foramestabelecidas através do Qui Quadrado e da correlação line-ar, ambos de Pearson. Prevalências e riscos relativos tam-bém foram estimados. Em todas as análises, inclusive nosintervalos de confiança (IC), foi adotado o nível de sig-nificância de 5%. Resultados: Novecentos e vinte e três pra-ticantes de musculação entre seis meses e 20 anos foramentrevistados. Estes homens frequentavam a academia en-tre quatro e sete dias na semana por motivos estéticos(59,5%), melhora do desempenho físico (15,4%), saúde(14,1%) e fisiculturismo (11,2%). Destes indivíduos com ida-des entre 18 e 45 anos, 182 eram usuários de EAA há pelomenos seis meses. Neste sentido, a prevalência de uso deEAA foi estimada em 19,7% (IC95%: 17,2 – 22,4). O perfil dosusuários de EAA está apresentado na tabela 1. Aproximada-mente 33% dos participantes utilizavam EAA por pelo menosdois anos, 48% utilizavam entre dois e cinco anos e 19% portempo superior a este. Cento e dezoito (90,1%) indivíduosusavam EAA apenas por via intramuscular, os demais con-sumiam também preparações orais. Testosterona, nandro-

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Fibrose avançada pelo FT (METAVIR F2F3F4)

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lona, boldenona, metenolona, estanozolol, metandros-tenolona, oximetolona e oxandrolona foram os compostosutilizados pela amostra. Obesidade foi verificada em sete(3,8%) indivíduos, e diabetes mellitus em seis (3,3%), sendotrês do tipo 2 e dois do tipo 1. Apesar do perfil lipídico daamostra apresentar médias dentro dos valores de referência(colesterol total: 172 ± 37 mg/dL; HDL: 44 ± 17 mg/dL; LDL:112 ± 34 mg/dL; triglicérides: 102 ± 63 mg/dL), dislipidemiasforam verificadas em 41,2% da amostra (IC95%: 34,0 - 48,7).Baixos níveis de HDL foram verificados em 64,1% destescasos. Sessenta e nove (37,9%) voluntários apresentavamenzimas hepáticas elevadas (IC95%: 30,8 - 45,4). EnzimasALS e AST conjuntamente elevadas foram verificadas em 22(31,9%), GGT estava aumentada em 8 (11,6%) e os demais(n = 39) tinham ALT ou AST mais elevadas que os valores dereferência. Além disso, 22 (32,8%) apresentavam enzimaselevadas em pelo menos 3 vezes o valor de referência. Trintae sete (20,3%) indivíduos eram abstêmios. Dentre os 145usuários de EAA que ingeriam álcool, 118 consumiam menosde 60 gramas de etanol por dia e 27 bebiam mais do queesta concentração. A prevalência de infecção por hepatitesviriais foi estimada em 1,1% (IC95%: 0,01 - 3,9). Um voluntáriofoi diagnosticado AgHBs positivo (0,55%; IC95%: 0,01 - 3,02) eoutro apresentou anticorpos anti-VHC (0,55%; IC95%: 0,01 -3,02). Coinfecção não foi observada, porém associação signi-ficativa (P<0,05) foi verificada entre infecção por hepatitesvirais e baixo nível educacional (2/33). A USAB realizada em128 participantes, por distintas questões, revelou esteatosehepática em 16 (12,5%) voluntários, hepatomegalia em 14(10,9%), esteatose e hepatomegalia em seis (4,7%), hepato-megalia e esplenomegalia em dois (1,6%), e nódulos hepá-ticos também em dois (1,6%) indivíduos. Um participanteteve seu diagnóstico de hiperplasia nodular focal confirmadopor ressonância magnética, e outro teve seu adenomahepatocelular confirmado por tomografia computadorizada.A prevalência de tumores hepáticos na amostra foi estimadaem 1,1% (IC95%: 0,01 - 3,91), enquanto a de estetose hepáti-ca em 12,1% (IC95%: 7,7 - 17,7). Dos 22 casos de esteatose,20 (90,9%) apresentavam esteatose hepática com distribui-

Avaliação da doença hepática gordurosa não alcoólica em pacientes diabéticostipo II em atendimento ambulatorial em um hospital terciário

Autor: Lilian MachadoOrientadores: Fátima Aparecida Figueiredo e Renata de Mello Perez

Introdução: As alterações hepáticas da doença hepática gor-durosa não alcoólica (DHGNA), ou seja, esteatose simplese esteato-hepatite (EH), e a possibilidade de evolução paracirrose hepática e carcinoma hepatocelular têm se tornadocausas frequentes de atendimento nos ambulatórios deHepatologia e de transplante hepático. Os diabéticos tipo IIcompõem um importante grupo de risco para a presença epara a gravidade desta doença. No entanto, a real prevalênciada DHGNA não é bem conhecida na população de diabéticos

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ção difusa, sendo 85% de intensidade leve e 15% modera-da. Dos 79 (43,4%; IC95%: 36,1 - 50,9) indivíduos com enzimashepáticas elevadas e/ou esteatose hepática no USAB, 26não ingeriam bebidas alcóolicas ou consumiam outras dro-gas lícitas e ilícitas. Estes casos não apresentavam obesi-dade, dislipidemia, diabetes mellitus ou outras doençashepáticas. Além disso, em 23 os níveis enzimáticos de CPKeram também normais. Neste sentido, a prevalência de do-ença hepática gordurosa não alcoólica associada ao uso deEAA (TAFLD) foi 12,6% (IC95%: 8,2 - 18,4). Entre os 27 partici-pantes que consumiam mais de 60 gramas de etanol pordia, 23 (85,2%) destes apresentavam pelo menos umaenzima hepática elevada (P<0,0001). A prevalência de doençahepática gordurosa entre os usuários de EAA que consumi-am álcool em excesso foi estimada em 8,8% (IC95%: 5,1 -13,9), e neste sentido o risco relativo de agressão hepáticapelo consumo concomitante de EAA e álcool é 2,9 vezes maior(IC95%: 2,2 - 3,8). Conclusões: Os resultados deste estudo,pioneiro nessa população, sugerem que os riscos para ofígado são maiores que os benefícios estéticos associadosao uso de anabolizantes. Destaca também a relevância dealertar os usuários dessas drogas para possíveis doençashepáticas, que incluem infecção pelo vírus B da hepatite,infecção pelo vírus C da hepatite, agressão tóxica (TAFLD),doença alcoólica, e neoplasias.

pois depende da biópsia hepática, que é um exame invasivo.Até o momento os estudos de prevalência que utilizaram abiópsia hepática apresentam o viés de indicar esse proce-dimento apenas para os pacientes com elevação de enzimashepáticas ou presença de esteatose à ultrassonografia.Objetivos: 1- Determinar a prevalência da DHGNA em diabé-ticos tipo II por biópsia hepática; 2- Determinar a frequênciados subtipos de DHGNA (esteatose, EH e cirrose); 3- Quan-tificar a esteatose e fibrose, quando presentes; 4- Identificar

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variáveis demográficas, clínicas, laboratoriais e ultrasso-nográficas associadas à DHGNA, EH e fibrose avançada.Métodos: Pacientes com diabetes mellitus tipo II (DM II),atendidos no Ambulatório de Diabetes do Hospital Univer-sitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio deJaneiro, maiores de 18 e menores de 70 anos, foram elegíveisà participação no estudo. Foram excluídos os pacientes comsorologias positivas para hepatites B e C, com evidência dedoença hepática por outras etiologias, uso de drogas hepa-totóxicas, comorbidades graves ou descompensadas, obe-sidade mórbida, coagulopatias, gravidez ou puerpério,consumo de bebida alcoólica (> 30g/dia em homens, > 20 g/dia em mulheres) e os que se recusaram participar doestudo. A biópsia hepática foi indicada para todos os pacientesincluídos independente de alterações nas enzimas hepáticasou da presença de esteatose na ultrassonografia abdominal.Foram retirados os pacientes com fragmentos de biópsiamenores que 2 cm ou evidência de outra hepatopatia noexame histopatológico. Os pacientes selecionados assi-naram o termo de consentimento livre e esclarecido e foraminternados por 12h para realização de exames laboratoriais,ultrassonografia de abdome e biópsia hepática percutâneacom agulha de Menghini 16G. Foram avaliadas as seguintesvariáveis demográficas e clínicas: gênero, idade, tempo dediagnóstico de DM II, presença de complicações micro emacrovasculares do diabetes, uso de insulina, presença desíndrome metabólica, índice de massa corporal (IMC) ecircunferência abdominal (CA). A análise laboratorial incluiuas dosagens de glicose, perfil lipídico, hemoglobina glico-silada, AST, ALT, ?GT e fosfatase alcalina. Pela ultras-sonografia abdominal foi determinada a presença de estea-tose; a sua quantificação em leve, moderada ou acentuada esinais de hepatopatia crônica. Os achados histopatológicosforam definidos como normal, esteatose, esteato-hepatiteprovável (casos "borderline"), esteato-hepatite definida como grau de fibrose associado ou cirrose de acordo com aanálise global das lâminas pelos patologistas. Foi usado o"NASH Clinical Research Network Scoring System/ NASHCRN" para a classificação da DHGNA. Dois médicos patolo-gistas independentes receberam as lâminas sem terqualquer conhecimento dos dados clínicos dos pacientes.Os casos discordantes foram excluídos dessa análise

preliminar. Resultados: Até o momento foram avaliados 497pacientes, dos quais 171 não preenchiam critérios de inclusão(166 maiores de 70 anos; 5 com DM I) e 247 apresentavamcritérios de exclusão (116- comorbidades graves; 50recusaram participar; 26- hepatite C; 19- etilismo; 13- uso dedrogas; 9- obesidade mórbida; 5- outras doenças hepáticascrônicas; 4- alterações de coagulação; 3- gestantes oupuérperas; 2- hepatite B). Dos 79 pacientes incluídos, 2 foramretirados pela presença de outras hepatopatias nahistopatologia e 2 por amostras insuficientes. Até o momento,apenas 47 pacientes incluídos tiveram as biópsias hepáticasavaliadas por dois patologistas independentes. Seis casoscom laudos discordantes foram excluídos dessa análise pre-liminar e os resultados apresentados referem-se a 41 paci-entes. Nessa amostra houve predomínio do gênero feminino(83%), com média de idade de 53 anos (± 9). Em relação aoDM II, o tempo médio de diagnóstico foi de 11 anos (± 9), 2,4 %apresentavam complicações macrovasculares, 7% compli-cações microvasculares e 51% usavam insulina. Síndromemetabólica estava presente em 97%, sendo a média do IMCde 30,2 kg/m2 (± 4,3) e da CA 100,4 cm (± 11,4). Elevação deenzimas hepáticas estava presente em 58,5% dos casos eesteatose à ultrassonografia em 58,5%. Quatorze pacientes(34%) apresentavam enzimas hepáticas e ultrassonografianormais. O tamanho médio das amostras de biópsia foi de3,5 cm (± 1,3) e não houve complicações após os proce-dimentos. Apenas 3 pacientes (7%) apresentavam histologianormal e a prevalência global de DHGNA foi de 93%: esteatosesimples em 22 (54%) e esteatohepatite em 16 (39%). Nospacientes com DHGNA o grau de esteatose foi leve em 22casos (58%), moderado em 7 (18%) e acentuado em 9 (24%).Vinte e quatro pacientes (63,2%) não apresentavam fibrosena biópsia, 7 (18,4%) fibrose grau 1; 5 (13,1%) fibrose grau 2;2 (5,3%) fibrose grau 3. Não houve casos de cirrose até omomento. Conclusão: Nesta avaliação preliminar em pacien-tes diabéticos não selecionados por alterações laboratoriaisou ultrassonográficas hepáticas encontramos uma taxa ele-vada de DHGNA (93%) pela biópsia hepática. O percentual deEH de 39% também é significativo se considerarmos o poten-cial progressivo da doença. Esses dados reforçam a atualnecessidade de entendimento sobre a doença e de buscar-mos métodos não invasivos para o diagnóstico.

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Trabalhos selecionados para apresentação no formato de pôster

TEMA: CARCINOMA HEPATOCELULAR/TRANSPLANTE HEPÁTICO

Avaliação prospectiva da composição corporal e daprevalência de desordens metabólicas em pacientessubmetidos ao transplante hepático

Autor: Lucilene Rezende AnastácioOrientador: Eduardo Garcia Vilela

Introdução: As taxas de sobrevida após o transplante hepático (TxH)aumentaram substancialmente nos últimos anos. Entretanto, o aumentoda sobrevida trouxe consigo aumento da prevalência de doençascrônicas, por vezes, superior às prevalências encontradas na popu-lação geral. Nesse contexto, destaca-se o ganho de peso excessivo,obesidade, síndrome metabólica e seus componentes. Objetivo: avaliara composição corporal e a prevalência de desordens metabólicas empacientes submetidos ao TxH de forma pospectiva. Pacientes emétodos: Pacientes submetidos a TxH acompanhados no Ambulatóriode TxH do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicasda Faculdade de Medicina-UFMG foram avaliados em dois temposdiferentes (2008 e 2012). Os pacientes foram avaliados Foi realizadaa bioimpedância elétrica no sentido de avaliar a composição corporal,a medida da circunferência da cintura, cálculo do Índice de MassaCorporal (IMC) e estudo da prevalência de síndrome metabólica e seuscomponentes segundo os critérios da International Diabetes Federation(2005). Variáveis demográficas, socioeconômicas, clínicas, de com-posição corporal/antropométricas e de estilo de vida foram coletadas.Os dados coletados foram analisados utilizando-se os testes de McNemar e análise de regressão logística multivariada (SPSS versão17.0) e foi adotado o nível de significância < 5%. Resultados: Foramavaliados 70 pacientes (sexo masculino: 54,3%, idade: 53 14 anos,tempo de transplante mediano em 2008: 3 anos, variando de 0 a 13anos, e em 2012: 7 anos, variando de 3 a 17 anos). Os valores damédia do percentual de gordura corporal em 2008 e 2012, res-pectivamente, foram de 30,1 ± 9,1% e 32,1 ± 8,6%, a média do percentualde massa corporal magra foi de 69,2 ± 9,1% e 67,5 ± 9,1% e a médiada circunferência da cintura foi de 94,3 ± 14,5cm e 93,9 ± 14,6 cm. OIMC médio dos pacientes, que era de e 22,5 ± 4,2 kg/m² logo após oTxH, em 2008 foi 26,6 ± 4,5 kg/m² e em 2012, 26,6 ± 4,6 kg/m². Emquatro anos, somente a massa corporal magra reduziu significati-vamente (p < 0,01). Em 2008, 62,5% dos pacientes avaliados possuíaexcesso de gordura corporal (34,3% de obesos) e em 2012, 73,6%(41,2% de obesos). A prevalência de obesidade abdominal grau 1 e 2foi observada em 65,7% e 45,7% dos pacientes, respectivamente,tanto em 2008 como em 2012. A prevalência das desordens metabólicasestudadas foram, no momento do TxH, em 2008 e em 2012,respectivamente: 6,3%, 18,6% e 37,1%, para diabetes mellitus (DM);26,6%, 37,1% e 33,3% para hipertensão arterial sistêmica (HAS);12,9%, 22,9% e 21,4% para obesidade. Baixos níveis de HDL foramobservados em 51,7% dos indivíduos avaliados em 2008 e em 37,1%em 2012. Níveis elevados de triglicérides (TG) foram descritos em33,3% dos pacientes em 2008 e em 28,5% em 2012. A prevalência deSM foi de 52,3% em 2008 e de 55,0% em 2012. A prevalência DM, HASe obesidade aumentou de forma significativa considerando-se osvalores de prevalência desses acometimentos no TxH e em 2008/2012(p < 0,05). Entretanto, nas avaliações de 2008 e 2012, apenas a pre-valência de DM aumentou significativamente (p < 0,01). Na análise deregressão logística multivariada, os fatores associados às desordensestudadas foram: maior idade (para DM, HAS e HDL reduzido), maiorescolaridade (para obesidade e HDL reduzido), sobrepeso do doador(para obesidade), história familiar de doença cardiovascular (paraobesidade) e maior circunferência da cintura (para TG elevados).

Conclusão: Os distúrbios metabólicos são muito prevalentes após oTxH. Há piora da composição corporal de pacientes submetidos aoTxH e aumento da incidência de DM, HA e obesidade ao longo dos anosapós o procedimento cirúrgico.

Fructose- 1,6 -bisfosfato (FBP) versus solução daUniversidade de Wisconsin na preservação defígados de ratos: FBP previne o dano mitocondrialprecoce?

Autores: Raquel Scherer de Fraga, Paula Elisa T. Heinen, CleberRosito Pinto Kruel, Siluê Dal Molin, Stela Maria Mota, CarlosThadeuSchmidt Cerski, Glauber Gasperin, André Arigoni Souto, JarbasRodrigues de Oliveira, Mário Reis Álvares-da-SilvaOrientador: Mário Reis Álvares-da-Silva

Fructose-1,6-bisfosfato (FBP) é um intermediário energético da rotaglicolítica que vem sendo estudado como protetor celular em diversassituações patológicas, como choque séptico, e em modelos expe-rimentais de isquemia/reperfusão em diferentes órgãos.1-5 Este estudocomparou solução de FBP com a solução da Universidade de Wisconsin(UW) durante a isquemia a frio e após a reperfusão. Objetivos:Objetivo geral: Comparar o efeito da solução de FBP com UW apósisquemia a frio e reperfusão, em relação ao dano de isquemia/ reper-fusão em fígados de ratos. Objetivos específicos: a) Comparar asolução de FBP com UW após a isquemia a frio através de variáveisbioquímicas. b) Comparar a solução de FBP com UW após a reperfusãoatravés de variáveis bioquímicas e da estimativa do estresse oxidativo,através da mensuração das TBARS (substâncias reativas ao ácidotiobarbitúrico), dos produtos do NO (óxido nítrico) e da atividade dacatalase. c) Comparar a solução de FBP com UW em relação ao danomitocondrial após a reperfusão; d) Comparar a solução de FBP comUW após a reperfusão através da avaliação anatomopatológica.Materiais e Métodos: Desenho do estudo e animais de experi-mentação: Foi realizado um estudo experimental em ratos da linhagemWistar, machos, adultos, com peso entre 300 e 450g, procedentes doCentro de Reprodução e Experimentação de Animais de Laboratório(CREAL) do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os ratos foram usados comodoadores e receptores, sendo divididos em dois grupos: 1) UW (n=5;Viaspan Bristol-Myers-Squibb); 2) FBP (n=5; 10 mmol/L de FBPdissolvida em NaCl 0,9%). Os animais foram anestesiados comisoflurano inalatório (Isoflurano a 1,5%, Abbott, Chicago, USA).Procedimento experimental: Os procedimentos cirúrgicos foramrealizados de acordo com um modelo de reperfusão, que inclui isquemiaa frio, isquemia a quente e reperfusão de 15 minutos 6. Amostras dasolução de preservação foram obtidas em 2, 4 e 6 horas durante apreservação a frio para medidas de aspartato aminotransferase (AST),alanina aminotransferase (ALT), e desidrogenase lática (LDH)- kitLiquiform® - ensaio cinético, Roche Diagnostic. Após a reperfusão,amostras de sangue foram obtidas da veia supra-hepática do fígadoreperfundido para medida de AST, ALT, LDH e substâncias reativas aoácido tiobarbitúrico (TBARS). Na sequência, o fígado reperfundido foilavado com 10 mL de soro fisiológico através da veia porta, e fragmentosforam retirados para análise histológica, mensuração de TBARS (reaçãocolorimétrica com ácido tiobarbitúrico), catalase (método de Chance,1979) 7 e derivados do óxido nítrico (NO), além da avaliação mitocondrialpor espectrofotometria. Resultados: Durante a preservação a frio,os níveis de AST e LDH na solução de preservação foram menores no

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grupo da FBP, mas após a reperfusão, os níveis séricos de AST, ALT eLDH foram maiores neste grupo, assim como a atividade da catalase.Níveis de TBARS e óxido nítrico foram semelhantes entre os grupos.No grupo da UW, houve um maior índice amida I/amida II que no grupoda FBP, sugerindo uma alteração na vibração das proteínas na estruturada membrana mitocondrial. Em relação à análise histológica, não sedetectou sinais de dano preservação em nenhuma biópsia, mas houvecongestão sinusoidal nos fígados preservados com FBP. Conclusão:FBP demonstrou um efeito protetor hepático durante o período depreservação a frio, protegeu a membrana mitocondrial, mas não conse-guiu prevenir o dano de reperfusão.Referências Bibliográficas1. Markov AK. Hemodynamics and metabolic effects of fructose 1- 6 diphosphatein ischemia and shock- experimental and clinical observations. Ann Emerg Med.1986;15:1470 .2. Markov AK, Terry J, White TZ, et al. Increasing survival of dogs subjected tohemorrhagic shock by administration of fructose 1-6 diphosphate. Surgery. 1987102:515.3. Sun JX, Farias LA, Markov AK. Fructose 1-6 diphosphate prevents intestinalischemic reperfusion injury and death in rats. Gastroenterology. 1990; 98:117.4. Markov AK, Rayburn TS, Talton DS, et al. Fructose-1,6- diphosphate alone andin combination with cyclosporine potentiates rat cardiac allograft survival andinhibits lymphocyte proliferation and interleukin-2 expression. Transplantation.2002; 74:1651.5. Nunes FB, Simões Pires MG, Alves Filho JC, et al. Physiopathological studiesin septic rats and the use of fructose 1,6- bisphosphate as cellular protection. CritCare Med. 2002;30:2069.6. Pinto Kruel CR, Scherer de Fraga R, Dal Molin S, et al. Hepatic reperfusion inrats: a new model with portal arterialization in studying early ischemia-reperfusioninjury. Transplant Proc. 2007;39:3015.7. Ishida T, Yarimizu K, Gute DC, et al. Mechanisms of ischemic preconditioning.Shock.1997;8:86.

Análise molecular do polimorfismo Ala114Val dogene GSTP1 em pacientes com cirrose e carcinomahepatocelular

Autores: Pamela Risardi Francelin, Ana Lívia Silva Galbiatti, AneliseRusso, Gislaine Dionísio Ferreira, Renato Ferreira da Silva; Rita deCássia Martins Alves da Silva, Érika Cristina Pavarino, Eny MariaGoloni-Bertollo

Objetivo: Analisar o polimorfismo GSTP1 Ala114Val em pacientes comcirrose e carcinoma hepatocelular e em indivíduos sem história deneoplasia (grupo controle), visando identificar biomarcadores desuscetibilidade deste tipo de câncer. Métodos: Foram incluídos 284indivíduos (52 pacientes com cirrose, 32 pacientes com carcinomahepatocelular e 200 controles). A análise molecular foi realizada pormeio da Reação em Cadeia da Polimerase - Polimorfismos deComprimentos de Fragmento de Restrição PCR-RFLP. Para análiseestatística, foram utilizados os testes qui-quadrado e regressão logísticamúltipla com p ≤ 0,05 e IC 95% considerados significantes. Resultados:Os resultados mostraram que idade ≥ 42 anos (OR 18,33; IC 95% 6,01- 55,91; p = 0,000), hábito etilista (OR 3,89; IC 95% 1,64 - 9,23; p =0,002) e a presença do polimorfismo GSTP1 Ala114Val (OR 5,26; IC95% 1,64 - 16,87; p = 0,005) são fatores de risco para o desen-volvimento de cirrose. Os mesmos fatores foram encontrados nodesenvolvimento do carcinoma hepatocelular: idade ≥ 41 anos (OR9,07; IC 95% 2,81 - 29,27; p = 0,000), hábito etilista (OR 6,46; IC 95%2,13 - 19,57; p = 0,001) e a presença do polimorfismo GSTP1 Ala114Val(OR 6,83; IC 95% 1,62 - 28,79; p = 0,009). As variáveis clínicas nãoforam associadas à presença do polimorfismo. Conclusões: Indivíduoscom idade ≥ 41 anos, hábito etilista e presença polimorfismo GSTP1Ala114Val podem ser fatores preditores para o desenvolvimento dacirrose e do carcinoma hepatocelular. Desse modo, a identificaçãodesse polimorfismo pode tornar a vigilância dos pacientes cirróticosmais efetiva contra o carcinoma hepatocelular.

Efeito do probiótico saccharomyces boulardii empacientes em lista de espera para o transplantehepático

Autor: Juliana C. Liboredo, Maria Isabel T.D. CorreiaOrientadores: Maria Isabel Toulson e Davisson Correia

Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, Faculdade de Farmácia,Universidade Federal de Minas Gerais

Introdução: Alterações da microbiota e aumento da permeabilidadeintestinal estão relacionados às principais complicações da cirrosehepática que aumentam a gravidade da doença. Por isso, estratégiasde modulação da microbiota se tornam extremamente importantes. Ouso de probióticos tem sido advogado, porém bons resultados foramobtidos apenas em casos de encefalopatia hepática e na classificaçãode Child-Pugh. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivoavaliar o efeito do Saccharomyces boulardii na permeabilidadeintestinal e em parâmetros laboratoriais, de pacientes em lista de esperapara o transplante hepático. Material e métodos: Pacientes comcirrose de origem etanólica, viral ou criptogênica em lista de esperapara o transplante hepático foram tratados diariamente com 3 cápsulasde 200mg de Floratil® (Merck S.A. Indústrias Químicas) durante 30dias. Cada cápsula contém aproximadamente 4 x 108 células deSaccharomyces boulardii - 17 e excipientes (açúcar e estearato demagnésio). O efeito do probiótico na permeabilidade intestinal (relaçãoentre lactulose e manitol) e sobre parâmetros laboratoriais foi avaliadoimediatamente antes do início do estudo (T0) e após 30 dias detratamento (T1). Os dados foram analisados no programa SPSS 16.0 eo teste de t de Student pareado foi utilizado considerando-se p< 0,05como limiar de significância estatística. Resultados: Quinze pacientesforam envolvidos no estudo, sendo que cinco deles não continuaramaté o momento final por motivos diversos (1 por óbito, 1 por ter tido otransplante contraindicado, 1 por outra operação e 2 por terem desistidode continuar). Dos dez pacientes, 80% eram do sexo masculino, comidade média de 49 anos (36 a 65). A maior parte dos pacientes tinhacirrose hepática por vírus C (HCV; n = 3; 30%) e álcool (n = 3; 30%),seguidos por vírus B (HBV; n = 2; 20%), álcool + vírus C (n = 1; 10%)e cirrose criptogênica (n = 1; 10%). A comparação do Meld (Model forend-stage liver disease/Modelo prognóstico para doença hepáticaterminal), da classificação de Child-Pugh e dos exames laboratoriaisentre T0 e T1 estão representados na tabela. Não houve diferençasignificativa em nenhum desses parâmetros avaliados antes e após ouso do probiótico. Na avaliação da permeabilidade intestinal, não houvealteração significativa entre a média da porcentagem de excreçãourinária de lactulose (1,537 ± 2,579% e 0,654 ± 0,813%; p = 0,14), domanitol (11,37 ± 7,695% e 10,17 ± 9,406%; p = 0,28) e da relação entreambas (0,087 ± 0,1426% e 0,058 ± 0,06%; p = 0,24) em T0 e T1,mostrando que a função de barreira da mucosa também não apresentoualteração com o uso do probiótico. Além disso, do total de pacientes

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que participaram do estudo, cinco (33,3%) relataram ter apresentadoconstipação intestinal durante o tratamento. Conclusão: Não foi ob-servado efeito benéfico do uso de Sacharomyces boulardii nospacientes em lista de espera para o transplante hepático. O papel deprobióticos em pacientes cirróticos requer investigação adicionalenvolvendo um número maior de pacientes.Palavras-chave: Probióticos; Microbiota intestinal; Cirrose hepática;Transplante hepático.

Transplante hepático intervivos: Análise da morbi-dade do doador vivo nos 100 primeiros casos de umserviço de cirurgia hepatobiliar e transplantehepático

Autor: Reinaldo Afonso Fernandes JúniorOrientador: Lúcio Pacheco

Objetivo: Este estudo tem como objetivo analisar qualitativa equantitativamente a morbidade apresentada pelos 100 primeiros casosde doadores vivos, submetidos à hepatectomia, em um hospital doMinistério da Saúde e compará-la entre os grupos submetidos àsdiferentes ressecções: direita e esquerda. Material e Métodos: Apósaprovação do Comitê de Ética em Pesquisa de um hospital do Ministérioda Saúde, foi realizado um levantamento de dados, nos prontuáriosdos 100 primeiros pacientes doadores vivos, submetidos à hepatec-tomia, correspondendo ao período de dezembro de 2002 a agosto de2008. Todos os pacientes tiveram seus procedimentos realizados noServiço de Cirurgia Hepatobiliar e Transplante Hepático deste hospital.Em relação ao modelo de estudo, trata-se de um trabalho descritivo eretrospectivo. Foram coletados dados referentes à idade dos doado-res, tempo de duração do procedimento cirúrgico, grau de parentescoentre doador e receptor e duração da internação hospitalar. Foi anali-sada também a taxa de complicação após dividir os pacientes em doisgrupos, os submetidos à ressecção direita (grupo A) e à esquerda(grupo B). De acordo com a classificação de Clavien-Dindo, foi feita aanálise de todas as complicações apresentadas por estes pacientesno decorrer do período pós-operatório, imediato (até 30 dias) ou tardio(entre 30 dias e no mínimo um ano). Considerou-se ressecção direita ahepatectomia dos segmentos V, VI, VII e VIII. Outras ressecções, asdos segmentos II, III e IV foram agrupadas como esquerda. No presen-te estudo foram calculadas, médias aritméticas, desvios padrões, dis-tribuições de frequências simples e percentuais. O teste t de studentfoi utilizado para comparação das médias aritméticas dos grupos A(ressecção direita) e B (ressecção esquerda). O teste não paramétricode χ2 (qui-quadrado) avaliou o comportamento das distribuições defrequências destes mesmos grupos. Foi utilizado o software SPSS, emsua versão 17.0. O nível de significância adotado foi de 5% de proba-bilidade (P ≤ 0.05). Resultados: De um total de 100 doadores subme-tidos ao procedimento, a maioria (n = 74) não apresentou nenhumacomplicação, assim como nenhum doador experimentou complicaçãoque ameaçasse a sua vida. Os primeiros 100 TIV foram realizadosutilizando 57 doadores do sexo masculino e 43 do feminino, com idademédia de 31 anos (18-46). Entre as 100 hepatectomias, 57 foramrealizadas para o TH adulto e 43 para o TH pediátrico, e, de acordo como sistema de nomenclatura de Brisbane, foram: 49 HD, duas HE e 49SLE. O tempo médio operatório foi de 7 horas e 15 minutos, variando de4 a 10,5h. No grupo A esta média foi de 7,9h e no B de 6,4h; a perma-nência média dos doadores no hospital, entre unidades fechadas (UTIou UTH) e enfermaria, foi de 6,5 dias, variando de 4 a 14 dias. No grupoA, a média de internação em UTI/UTH foi de 1.82 dias enquanto que, noB foi de 1.53. Dois pacientes foram submetidos a um procedimentocirúrgico com o objetivo de tratar uma complicação, um para o trata-mento de hérnia incisional (grupo A) e outro para o tratamento de umaqueimadura elétrica no membro inferior (grupo B). Seis doadores apre-sentaram fístula biliar ou biloma, cinco no grupo A. Dois pacientesapresentaram volvo gástrico, ambos no grupo B. Um paciente neces-sitou de hemotransfusão de duas unidades de sangue autólogo (gru-po B). Uma paciente apresentou trombose de veia cava inferior (grupo

A). Vinte e cinco doadores apresentaram suas complicações nosprimeiros seis meses. Dois pacientes, ambos do grupo A, evoluíramcom insuficiência hepática transitória. A hipofosfatemia foi experimen-tada por um doador do grupo A, assim como a ascite. Foram encontra-das outras complicações como, pneumonia, hemorragia digestiva,granuloma de fio, litíase urinária, alopécia, parestesia transitória demembro superior, fístula liquórica e colestase. O grupo A (submetidosà ressecção direita) apresentou uma taxa de complicação de 32.6%(16 em 49) enquanto que o grupo B (submetidos à ressecção esquer-da) uma taxa de 23.4% (12 em 51). Conclusões: A hepatectomia dodoador vivo realizada neste Serviço de Cirurgia Hepatobiliar e Trans-plante Hepático mostrou-se um procedimento seguro, com taxa demorbidade semelhante aos grandes centros internacionais. Não hou-ve diferença estatística entre as taxas de complicação das técnicasempregadas nos dois tipos de ressecção (p = 0.779). O tempo deinternação em UTI/UTH e o tempo operatório foram maiores nos doado-res do grupo A, e com relevância estatística, p = 0.023 e p = 0.0001,respectivamente. O grupo de doadores submetidos às ressecçõesesquerdas era mais jovem estatisticamente (p = 0.001).

Balanço energético negativo e ingestão alimentarem pacientes em lista de espera para transplantehepático

Autores: Lívia Garcia Ferreira1, Maria Isabel Toulson DavissonCorreia2

Orientador: Maria Isabel T. D. Correia

1Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Cirurgia2Professora titular da Faculdade de Medicina, Universidade Federal de MinasGerais

Objetivos: Pacientes com doença hepática avançada possuem grandeimpacto nutricional e ingestão alimentar alterada. O objetivo desteestudo foi avaliar o balanço energético de pacientes em lista deespera para transplante hepático (TH), pela análise do gasto ener-gético total (GET), e da ingestão alimentar, analisando a adequaçãode nutrientes e os fatores associados ao mesmo. Métodos: Trata-se de estudo transversal com pacientes aguardando TH. O GET foicalculado pela medida do gasto energético de repouso (GER), obtidopor calorimetria indireta, e cálculo do fator atividade física. A ingestãoalimentar foi quantificada por meio de registro alimentar de três dias,com cálculo da ingestão de calorias; proteínas; carboidratos; lipídeostotais; ácidos graxos saturados e insaturados, colesterol, fibras,ferro, cálcio, sódio, potássio, fósforo e vitaminas A, E, D, C, B1, B2,B6, B5, B12, Niacina e Folato. Utilizou-se a recomendação da ESPENpara cirrose, para calorias (35 Kcal/kg peso seco) e proteínas (1,2g/kgpeso seco) e valores recomendados pelas DRIs para os demais nutri-entes. O balanço energético foi obtido subtraindo o valor calórico inge-rido pelo GET. Também foram coletados dados socioeconômicos evariáveis clínicas. Foram utilizados teste Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e qui-quadrado nas análises estatísticas com p<0,05 parasignificância (SPSS, 16.0). Resultados: Neste estudo foram incluídos73 pacientes candidatos ao transplante hepático, sendo 75,3% (n =55) do sexo masculino e idade mediana de 51 anos (20 - 67). Asprincipais doenças que levaram à indicação do transplante foramcirrose etanólica (39,7%, n = 29), cirrose por vírus C (23,3%, n = 17)e cirrose criptogênica (15,1%, n = 11). De acordo com a gravidade dadoença, 52,1% (n = 38) dos pacientes foram classificados como ChildB e 21,9% (n = 16) como Child C. A média do MELD foi de 15,37 ± 4,39.Os pacientes tiveram GER de 1533,0 Kcal (1041,0 - 3237,0) e fatoratividade física de 1,49 (1,03 - 2,25). O GET foi de 2318,48kcal (1249,4- 4527,0) e o consumo calórico de 1485,11 kcal (559,3 - 3432,0),sendo que 81,6% dos pacientes tiveram balanço energético negativo(BEN). O BEM foi observado em 78,1% (n = 57) dos pacientes. Amédia de GET foi 37,49 ± 10,62 kcal/kg e a ingestão energética foi24,0 ± 7,3 kcal/kg, sendo que 91,8% (n = 67), não atingiram as reco-mendações energéticas. Não houve associação significativa entre

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ingestão alimentar e o BEN versus variáveis socioeconômicas comoidade, estado civil, escolaridade e renda per capta (p > 0,05 paratodas). Homens tiveram ingestão calórica estatisticamente maior[1632,22 kcal (576,2 - 3432,0)], do que as mulheres [1286,6 kcal(559,3 - 2280,4), p = 0,008]. Porém, os homens tiveram GER superior[1611,0 kcal (1102 - 3237) versus 1400,5 kcal (1041 - 2097), p = 0,03]em relação às mulheres e não houve diferença significativa quanto aofator atividade física (p = 0,649). Consequentemente quanto ao balan-ço energético (p = 0,128). A etiologia da doença não afetou a ingestãoalimentar e o balanço energético dos pacientes (p > 0,05). Contudo,aqueles com maior gravidade da doença hepática pelo escore deChild-Pugh tiveram balanço energético mais negativo (p = 0,05), de-corrente da menor ingestão alimentar dos pacientes (p = 0,009), jáque não houve diferença entre escore Child e o GER (p = 0,204). Agravidade da doença hepática avaliada pelo escore MELD, tambémfoi associada ao balanço energético negativo (p = 0,04). Em termosda contribuição energética de proteínas no valor calórico da dieta,63% dos enfermos (n = 46) tem ingestão acima dos valores aconse-lhados. Entretanto, analisando quantitativamente, a ingestão de pro-teica foi de 1,06 ± 0,3g/kg e assim, 72,6% (n = 53) apresentaraminadequação proteica. Observou-se alto percentual de valores abai-xo do recomendado para ácidos graxos poli (64,4%, n = 47) e mono-insaturados (91,8%, n = 67). Porém, 16,4% (n = 12) dos pacientesingerem colesterol em excesso. Quase a totalidade de pacientes(94,5%, n = 69) apresentou deficiência de ingestão de fibras. Opercentual de adequação da ingestão foi abaixo de 10% para vitaminaB5, cálcio, ácido fólico, vitamina D e potássio, sendo que nenhumpaciente atingiu os valores recomendados para os dois últimos nutri-entes citados. Nenhum nutriente atingiu 100% da recomendação paramicronutrientes, sendo que os maiores percentuais de adequaçãoencontrados foram para o ferro (89%), vitamina B1 (84%) e vitaminaB12 (82%). Ainda, 54,8% (n = 40) dos pacientes, tiveram ingestãoalimentar excessiva de sódio. Conclusão: O balanço energético ne-gativo foi altamente prevalente nos pacientes em lista de espera paratransplante hepático, sendo associado à gravidade da doença hepáti-ca e afetado principalmente pelo baixa ingestão alimentar. Os dados deingestão alimentar demonstram, baixo consumo energético e proteico,e inadequação na composição do plano alimentar, caracterizados pordeficiências e excessos de nutrientes.

Gasto energético e omissão do consumo alimentarde pacientes submetidos a transplante hepático

Autor: Hélen de Sena RibeiroOrientador: Maria Isabel T. D. Correia

Objetivos: Ganho excessivo de peso em pacientes submetidos atransplante hepático tem sido bem documentado. No entanto, aindanão estão claras quais são as causas dessa condição. O gastoenergético reduzido poderia estar envolvido na gênese do ganho ex-cessivo de peso. Sendo assim, observa-se a importância da men-suração do gasto energético de repouso (GER) nesta população. Oobjetivo principal do estudo foi realizar a mensuração do gasto ener-gético de repouso, por calorimetria indireta, em pacientes submetidosa transplante hepático. Material e métodos: Este foi um estudotransversal no qual os dados foram coletados de março a outubro de2011. O estudo foi realizado com pacientes submetidos a transplantehepático no Instituto Alfa de Gastroenterologia e Ambulatório de Trans-plantes pertencentes ao Hospital das Clínicas da Universidade Federalde Minas Gerais. Pacientes com idade mínima de 18 anos e tempo detransplante maior que um ano foram incluídos. Mulheres grávidas, pa-cientes com recorrência de insuficiência hepática, com ascite e, aque-les com doenças que acarretam alterações metabólicas foram exclu-ídos. Os pacientes foram entrevistados uma vez, para avaliação dedados demográficos e socioeconômicas (data da avaliação, telefonepara contato, profissão, atividade profissional atual, estado marital,número de pessoas residindo na mesma casa, renda familiar total eescolaridade), dados referentes ao estilo de vida (horas dormidas por

noite, tabagismo e ex-tabagismo, descrição detalhada das atividadesfísicas diárias), dados clínicos (existência de história familiar de diabe-tes, hipertensão, excesso de peso e doenças cardiovasculares, me-dicamentos utilizados), dados antropométricos (peso, altura, índice demassa corporal, circunferência de cintura, composição corporal), da-dos dietéticos (consumo de macro e micronutrientes) e característicasmetabólicas (gasto energético de repouso - GER - mensurado porcalorimetria indireta e predito pela fórmula de Harris e Benedict). Oestudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal deMinas Gerais (ETIC 44/08). Foram utilizados testes estatísticos uni(Kolmogorov-Smirnov, correlação de Sperman, Teste T de student,teste T pareado, e regressão linear simples e multivariada (regressãolinear múltipla) com auxílio do programa estatístico SPSS versão 17.0.O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: Foram avali-ados 42 pacientes sendo 52,4% do sexo masculino. A idade média naavaliação foi de 50,1 ± 13,1 anos. A renda familiar média foi de R $2.150,00 (R$ 560,00 - R$ 18.000,00), e renda per capita, R$ 676,30(R$ 112,00 - R$ 7.500,00). Os pacientes tiveram média de 11 anos deescolaridade, variando de 2 a 16 anos. Dos indivíduos avaliados, 76,2%eram casados ou viviam com cônjuge e 62,8% relataram não exerceratividade profissional remunerada. Apenas um paciente (2,4%) relatouser fumante, 40,5% relataram ser ex-fumantes, 57,1% disseram quenunca haviam fumado. A maioria dos pacientes (92,7%) foi classifica-da como sedentária ou pouco ativa (7,2%) e nenhum paciente foiclassificado como muito ativo. O inibidor da calcineurina mais utilizadofoi tracolimus (88,1%, em comparação com 7,1% que utilizamciclosporina). O tempo médio desde o transplante foi de 6,5 anos(variando de 1,1 anos a 15 anos). Hipertensão arterial e diabetesmellitus foram detectados em 33,3% (n = 14) e 21,4% (n = 9) dospacientes, respectivamente. Antes do transplante, a prevalência dehipertensão arterial foi de 21,4% (n = 9), e de diabetes mellitus, de7,1% (n = 3). História familiar de hipertensão arterial, diabetes mellitus,excesso de peso e doenças cardiovasculares foram relatadas por69,0% (n = 29), 33,3% (n = 14), 42,9 (n = 18) e 50,0% (n = 21) dospacientes, respectivamente. Não houve diferença estatística entre osgrupos. O peso médio no momento da avaliação foi de 71,3 ± 15,5 kg e,antes do transplante, 65,3 ± 16,1 kg. IMC acima de 25 kg/m² antes dadisfunção hepática esteve presente em 31,0% dos pacientes, e IMCacima de 30 kg/m², em 4,8% dos indivíduos (total n = 34). No momentoda avaliação, o excesso de peso foi observado em 57% (n = 24) dospacientes, e obesidade, em 26,2%. Houve diferenças significativas en-tre os grupos de IMC antes do transplante > 30,0 kg/m2 versus IMCatual > 30,0 kg/m2 (p < 0,05). O valor médio da circunferência decintura foi de 86,7 ± 13,2 cm em mulheres e 94,5 ± 13,7 centímetros noshomens. De acordo com os critérios da OMS (1998), obesidadeabdominal grau 1 esteve presente em 53,7% (57,9% das mulheres e50,0% dos homens da amostra) e grau 2 em 36,7% dos pacientes(52,6% em mulheres e 22,7% em homens), após o transplante hepáti-co. A análise de bioimpedância elétrica foi realizada em 40 pacientes.Grande percentual da população feminina (45,2%) e masculina (28,6%)teve porcentagem de gordura corporal elevada (> 32% e > 25% res-pectivamente). Em relação ao consumo alimentar, 29,0% dos pacien-tes tiveram ingestão de energia total maior do que 90% das necessida-des, 36,8% tiveram o consumo ideal (entre 90% e 110% das necessi-dades) e 34,2% tiveram consumo de energia inferior a 90% das ne-cessidades. No entanto, sub-relato do consumo energético foi obser-vado na maioria dos pacientes (65,8%), sendo de 66,7% em pacientescom sobrepeso e 90,0% em pacientes com obesidade. Os pacientesapresentaram GER médio de 1.449,7 kcal/dia quando mensurado pelaCI e 1.404,5 kcal/dia quando predito pela fórmula de Harris-Benedict(HB). Houve boa correlação entre os métodos, sendo que a fórmulade HB conseguiu predizer em até 91% dos pacientes o GER. Todosos pacientes foram classificados como normometabólicos. Todas asvariáveis foram cruzadas com o GER mensurado e a partir daregressão linear múltipla os melhores preditores para o GER, respon-sáveis por 96,7% da variabilidade entre os indivíduos estudadosforam: idade, peso, quantidade de massa magra, e quantidade totalde água corporal. Conclusões: Ainda não há consenso sobre ascausas da grande prevalência de sobrepeso e obesidade na

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população submetida a transplante hepático. A partir dos resultadosdeste estudo, pode-se excluir o hipometabolismo como causa dopeso excessivo na população estudada. Além disso, provavelmente,a maioria dos pacientes omitiram o consumo alimentar, especialmenteaqueles que têm sobrepeso ou obesidade. A maioria pratica baixosníveis de atividade física. Portanto, grande ingestão energética ebaixos níveis de atividade física combinados podem estar relaciona-dos ao excesso de peso nesta população, além dos fatores conhe-cidos relacionados com o uso de imunossupressores.

Análise das complicações vasculares em receptoresde transplante hepático intervivos

Autor: Klaus SteinbruckOrientador: José Manoel da Silva Gomes Martinho

Resumo: O objetivo deste estudo foi avaliar as complicações associ-adas às reconstruções vasculares nos receptores de transplantehepático intervivos operados no Hospital Federal de Bonsucesso, noperíodo de dezembro de 2001 e fevereiro de 2011. Foram levantadosdados referentes aos receptores, seus respectivos doadores e rela-cionados ao procedimento cirúrgico, visando identificar possíveis fa-tores de risco ao desenvolvimento das complicações vasculares. Centoe quarenta e quatro transplantes foram realizados em 141 receptores,76 adultos e 65 crianças. Foram identificadas sete complicações (4,9%do total) da artéria hepática, cinco complicações (3,5%) da veia portae uma complicação (0,7%) da veia hepática. Devido ao pequeno núme-ro de complicações, não foi possível realizar análise estatística defatores de risco. A sobrevida em um ano dos pacientes com e semcomplicação vascular foi de 26% e 82%, respectivamente. A sobrevidaem um ano dos enxertos utilizados em pacientes com e sem complica-ção vascular foi de 15% e 82%, respectivamente. Houve diferençaestatística (p < 0,001) na sobrevida de pacientes e enxertos, que foimenor no grupo que apresentou complicações vasculares. Concluiu-se que as técnicas de reconstrução vascular utilizadas no HospitalFederal de Bonsucesso apresentam resultados comparáveis aos gran-des centros internacionais. A presença de complicação na reconstru-ção vascular diminui a sobrevida do receptor e do enxerto.Palavras-chave: Transplante de fígado; Procedimentos cirúrgicosreconstrutivos; Veias hepáticas; Veia porta; Artéria hepática; Com-plicações pós-operatórias.

TEMA: CIRROSE

Efeito da sinvastatina na hipertensão porta porcirrose hepática(Resumo do projeto de tese de doutorado)

Autor: Priscila Pollo FloresOrientador: Guilherme Ferreira da Mota

Objetivos gerais: Avaliar o efeito da sinvastatina em pacientes comhipertensão porta cirrótica (HPC). Específicos: – Avaliar a seguran-ça do uso de sinvastatina em pacientes com hipertensão portacirrótica; – Avaliar o efeito da sinvastatina sobre o GPVH em pacien-tes com hipertensão porta cirrótica; – Avaliar o efeito da sinvastatinasobre o fluxo da veia ázigos em pacientes com hipertensão portacirrrótica. Material e Métodos: Metodologia: Pacientes e méto-dos: Fonte: No período de abril de 2010 a março de 2013 serão inclu-ídos no estudo pacientes acompanhados no ambulatório de doençasdo fígado do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro de forma randomizada e triplo cega, ouseja, o paciente, o médico que o atende e o estatístico não saberãoaqueles que estarão fazendo a medicação sinvastatina e aqueles que

estarão fazendo placebo. Pacientes: Serão estudados pacientes por-tadores de cirrose hepática de qualquer etiologia complicada porhipertensão porta, divididos aleatoriamente entre o grupo tratamentoe o grupo placebo. O grupo placebo será semelhante ao grupo detratamento com relação aos dados epidemiológicos, demográficos epresença de hipertensão porta cirrótica. O estadiamento da hiperten-são porta será também semelhante entre os dois grupos através daclassificação de Child-Pugh. A única diferença entre os dois gruposserá o uso da medicação para que esta variável seja adequadamen-te estudada. Critérios de inclusão: – Portadores de cirrose hepáticade qualquer etiologia complicada por hipertensão portal, diagnosticadapela identificação de varizes de esôfago, ascite, esplenomegalia ouaumento do calibre dos vasos do sistema porta; – Idade maior ouigual a 18 anos e menor que 70 anos; – Child A, B e C. Critérios deexclusão: – Diagnóstico de neoplasia maligna de qualquer origem,exceto basocelular; – SIDA; – Gestação; – Ascite de difícil controle; –Coagulopatia grave; – Encefalopatia hepática moderada a grave; –Pacientes que apresentam os níveis basais das aminotransferasesacima de 3X o limite superior da normalidade; – Uso de bebida alcoó-lica nos últimos 6 meses; – Em esquema de ligadura elástica ouescleroterapia de varizes esofagianas; – Sob terapia antiviral comInterferon; – Presença de trombose portal, TIPS, shunts cirúrgicos eesplenectomias prévias; – Intolerância e alergia à medicação (sinvas-tatina). Tamanho amostral: Serão estudados 15 pacientes no grupotratamento e 15 pacientes no grupo controle. Variáveis analisadas: –Medida do GPVH antes e no 3º mês após início de sinvastatina 20 mg/dia; – Medida do fluxo sanguíneo nas veias ázigos antes e após 3° mêsde tratamento com sinvastatina 20 mg/dia; – Dados demográficos (pesoe altura, IMC); – Sexo; – Etiologia; – Função hepática conforme Child-Pugh e MELD antes do início do tratamento e mensalmente por seismeses; – Aminotransferases, proteína, albumina e o tempo de pro-trombina (TAP) ; – Enzimas que expressam colestase (gGT e FA) alémdas bilirrubinas; – Enzimas musculares como aldolase e CPK total; –Tamanho das varizes esofagianas medidas por endoscopia alta utili-zando-se a classificação do grupo da Itália do norte; – História desangramento digestivo alto prévio e, quando presente, a fonte dosangramento e o respectivo tratamento. Resultados: Foram incluí-dos 20 pacientes para medida do gradiente e comparação de sinvas-tatina versus placebo com resultados parciais. Como o estudo é triplocego, a comparação entre a medicação e o placebo ainda não foifinalizada. Vinte e sete medidas do gradiente foram realizadas. Noentanto, observamos que houve uma tendência de correlação entreo calibre das varizes e a presença de sinais vermelhos à medida dogradiente de pressão venosa hepática acima de 10 mmhg bem comoa plaquetopenia. Todos os pacientes exceto um com medida acima de12 mmhg, 28% dos pacientes possuíam varizes esofagianas de mé-dio ou grosso calibre. Entre aqueles pacientes com GPVH abaixo de10 mmhg, todos exceto um apresentavam varizes de pequeno cali-bre. Os pacientes com sinais vermelhos apresentavam todos o GPVHacima de 10 mmhg. Entre os parâmetros laboratoriais, a plaquetopeniafoi observada em todos os pacientes. Apenas dois pacientes nãoexibiam este achado (15%), com plaquetas na faixa da normalidade,sendo que os valores do GPVH estavam também na faixa da norma-lidade e a endoscopia demonstrava varizes de pequeno calibre semsinais vermelhos. Em 30% dos pacientes submetidos aos dois exa-mes houve redução do GPVH após três meses, de dois comprimidosao dia, sendo dois do grupo B™ e um do grupo ACR. A sinvastatina foisegura nas doses utilizadas e nenhum paciente precisou suspendê-la. As perdas foram frequentes durante o estudo (25%) – 5 pacien-tes foram excluídos devido a complicações, sendo dois por hemorra-gia digestiva alta (um antes do início da medicação), um por apareci-mento de carcinoma hepatocelular durante o estudo e dois por aler-gia à contraste. Conclusões: Embora o tamanho amostral aindaseja pequeno para conclusões, houve tendência de correspondên-cia entre o calibre das varizes, presença de sinais vermelhos eplaquetopenia com gradientes de pressão venosa hepática mais ele-vados. A sinvastatina foi bastante segura sem necessidade de sus-pensão da medicação em nenhum paciente por elevação de amino-transferases.

FÓRUM JOVEM PESQUISADOR EM HEPATOLOGIA

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Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012 91

Insuficiência renal e hiponatremia são complicaçõesfrequentes em cirróticos com infecções cutâneas.Valor do MELD-sódio como marcador prognóstico

Autor: Gustavo Henrique

1Liver Unit, Hospital Clínic, University of Barcelona, Barcelona, Catalunya, Spain2Serviço de gastroenterologia e Hepatologia, Hospital Federal de Bonsucesso,Ministério da Saúde, Rio de Janeiro

Introdução: Infecções bacterianas são frequentes em cirróticos ese associam a elevada morbi-mortalidade. Em especial, insuficiênciarenal e hiponatremia, assim como encefalopatia hepática, são com-plicações bem descritas na peritonite bacteriana espontânea (PBE).Pacientes cirróticos frequentemente desenvolvem infecções cutâ-neas, particularmente nos membros inferiores, devido à presença deedemas. Ainda que sejam habituais na prática clínica, não há estudosque avaliem as características clínicas, complicações e prognósticodestas infecções na cirrose. Objetivo: avaliar as característicasclínicas, complicações e mortalidade em uma coorte de cirróticosinternados com infecções cutâneas em um período de seis anos emum serviço de hepatologia. Insuficiência renal foi definida por aumen-to na creatinina > 50% comparado ao valor prévio, com valor final>1,5 mg/dL. Hiponatremia foi definida como diminuição do sódio sérico> 5mEq/L em comparação ao valor prévio, com valor final <130 mEq/L.Um grupo de pacientes cirróticos pareados por Child-Pugh, admitidospara tratamento complicações distintas das infecções bacterianas,também foi avaliado. Resultados: Foram incluídos 92 pacientesconsecutivos, com idade de 61 ± 12 anos, MELD 16 ± 5 e Child-Pugh9 ± 2 (media ± desvio padrão). A infecção acometeu mais frequen-temente os membros inferiores (78%) e na maioria dos casos seassociou a edema acentuado. Em 22 dos 77 pacientes com cultivosrealizados, foi possível identificar o micro-organismo responsável.Bactérias gram-positivas foram isoladas em 15 pacientes e S. aureuso agente etiológico mais comum (50% dos casos). Houve resoluçãoda infecção em 88 pacientes. Insuficiência renal se desenvolveu em20 pacientes, sendo transitória em 10 e persistente nos demais. Osvalores máximos de creatinina nestes grupos foram 2,3 ± 0,7 e 3,0 ±1,1 mg/dL. Hiponatremia se desenvolveu em 37 pacientes (sódiobasal e ao diagnóstico 135 ± 5 vs. 129 ± 5 mEq/L; p < 0.001). Em 19pacientes, a diminuição do sódio sérico foi moderada (descensoentre 5 e 10 mEq/L), enquanto que nos demais foi superior a 10mEq/L.Os valores mínimos de sódio sérico neste dois grupos foram 126 ± 3 e122 ± 5 mEq/L respectivamente. Não houve relação entre a presençade SIRS e positividade de cultivos com o desenvolvimento destascomplicações. A sobrevida a 90 dias foi de 76%. Em uma análisemultivariada, o MELD-sódio assim como o local de aquisição da infec-ção foram os únicos fatores independentemente associados a sobre-vida. A incidência de insuficiência renal e hiponatremia, assim como amortalidade, foram menores em cirróticos sem infecção (5%, 25% e8%, p < 0.01) Conclusão: infecções cutâneas são uma grave com-plicação em pacientes cirróticos e se associam a elevada frequênciade insuficiência renal e hiponatremia. O escore MELD-sódio é útil empredizer prognóstico nestes pacientes.

Avaliação do perfil neuropsicológico, neuroanatô-mico e metabólico de pacientes portadores decirrose sem encefalopatia clínica

Autor: Ronaldo Carneiro dos SantosOrientador: Renata de Melo Perez e Carlos Terra Filho

A complicação cognitiva mais proeminente da cirrose é a encefalopatiahepática (EH), configurando-se importante marcador prognóstico eassociando-se a uma sobrevida de apenas 42% em um ano, apóssua ocorrência. Existem evidências de que as alterações neuro-cognitivas no cirrótico ocorram antes mesmo do desenvolvimento daEH clínica, sendo denominada encefalopatia hepática mínima (EHM).

Trata-se de uma forma precoce de EH, que não é detectável aoexame clínico, e sim por métodos diagnósticos complementares es-pecíficos, representados por testes neuropsicométricos, neuro-fisiológicos e computadorizados, tais como o PHES (PsychometricHepatic Encephalopathy Score), o Critical Flicker Frequency (CFF -"Flicker Test") e o teste de controle inibitório (Inhibitory Control Test- ICT), respectivamente. Estudos evidenciaram maior risco de aci-dentes e violações no tráfego neste grupo de pacientes, de formaque a identificação precoce pode melhorar a qualidade de vida, alémde estabelecer um plano terapêutico mais adequado. Evidências cres-centes na literatura demonstram que refinamentos técnicos na espec-troscopia por ressonância magnética (RM) tornaram possível a iden-tificação e quantificação de metabólitos cerebrais em regiões espe-cíficas. A EH clinicamente manifesta se caracteriza por depleção domio-inositol (mI) e da colina (Cho), associada a um aumento do com-plexo glutamino-glutamato (Glx). No que diz respeito à EHM essasalterações ainda não estão bem estudadas. O objetivo geral desteestudo é avaliar o perfil neuropsicológico, neuro-anatômico e meta-bólico (por RM) dos pacientes portadores de cirrose sem ence-falopatia clínica, através da correlação entre testes neuropsico-métricos, o CFF, o ICT e a RM com espectroscopia. Dentre objetivosespecíficos, determinar as alterações nestes testes envolvendo pa-cientes com cirrose Child A, sem EH clínica. Cinquenta pacientesentre 18 e 75 anos portadores de cirrose hepática Child A, sem sinaisou sintomas sugestivos de EH clínica em acompanhamento no Ambu-latório de Fígado do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universi-dade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ) e do Hospital QuintaD'Or estão sendo elegidos para inclusão no estudo, tal como umgrupo controle, composto por 25 indivíduos saudáveis. Instituiram-secomo critérios de exclusão: doenças neurológicas ou comorbidadesmetabólicas com acometimento do SNC, história de etilismo ativo,doenças cardíacas ou pulmonares descompensadas, história detraumatismo cranioencefálico (TCE) prévio com perda de consciên-cia, de acidente vascular encefálico (AVE) prévio, de meningite, psico-se ou epilepsia, insuficiência renal definida por creatinina > 1,5 mg/dl,encefalopatia hepática prévia, contra-indicação à realização de RM,uso de medicamento(s) com ação no SNC, uso de drogas ilícitas ediabetes mellitus. Até janeiro de 2012, foram incluídos 37 pacientescirróticos (75,5%) e 12 controles (24,5%). A média da pontuaçãopela classificação de Child-Pugh no grupo de pacientes cirróticos foide 5,2 ± 0,42. Com relação à classificação de MELD, a pontuaçãomédia foi de 8,43 ± 3,5. Na avaliação específica pelo PHES, todos oscontroles apresentaram resultado normal. Cinco de 37 cirróticos apre-sentaram alteração neste método (13%), contra 32 cirróticos semalterações (87%). Quanto ao CFF, utilizando-se 39 Hz como valor decoorte (CFF < 39 sugere EHM), 9 de 35 cirróticos apresentaramresultados menores do que 39 Hz (26%), enquanto 26 pacientesapresentaram resultados maiores do que 39 Hz (74%). No que dizrespeito à RM com espectroscopia, dos 37 pacientes, 15 apresenta-ram alterações sugestivas de EHM (41%), e em 22 pacientes o exa-me não apresentou estas alterações (59%). Em análise univariada, avariável "target" do ICT, os metabólitos cerebrais representados pelacolina e mioinositol – tanto na córtex cerebral, quanto na substânciabranca – além de variáveis laboratoriais (incluindo a amônia) mostra-ram diferenças estatisticamente significantes, quando comparadosos cirróticos e os controles. O PHES e o Glx, embora não tenhamapresentado diferença estatisticamente significativa nesta análisepreliminar, mostraram "p" de 0,075 e 0,065, respectivamente. Con-clui-se, com a análise preliminar dos resultados, que algumas dasvariáveis citadas anteriormente podem ser úteis na avaliação diag-nóstica da EHM, um indício de progressão para a encefalopatia hepá-tica clinicamente evidente.

FÓRUM JOVEM PESQUISADOR EM HEPATOLOGIA

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92 Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012

Insuficiência renal aguda na cirrose: Estudoprospectivo

Autor: Márcia Tatianna Fernandes Pereira

Introdução: Insuficiência renal aguda (IRA) é uma complicação comumem pacientes com cirrose hepática, ocorrendo em aproximadamente20% dos pacientes hospitalizados com esta doença. A IRA pode tercausas como hipovolemia, uso de drogas nefrotóxicas, doenças renaisparenquimatosas, causas pós-renais e síndrome hepatorrenal (SHR).A SHR é uma causa potencialmente reversível de insuficiência renal.Existem evidências consideráveis de que a falência renal em pacientescom cirrose é primeiramente relacionada com os distúrbios da funçãocirculatória, principalmente uma redução da resistência vascularsistêmica, devido à vasodilatação arterial na circulação esplâncnica.Vasoconstrictores sistêmicos associados com albumina neutralizam avasodilatação intensa da circulação esplâncnica e melhoram o volumesanguíneo arterial efetivo. Objetivos: Demonstrar dados de prevalênciada IRA na cirrose hepática, suas manifestações clínicas, complicaçõese desfecho na Enfermaria do Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospitalde Base em São José do Rio Preto, SP. Pacientes e métodos: Estu-do observacional prospectivo, incluindo pacientes cirróticos com IRAinternados na Enfermaria do Serviço de Gastro-Hepatologia, durante operíodo de fevereiro de 2011 a março de 2012. Resultados: Dentre554 internações (395 pacientes, sendo 271 cirróticos), houve 159episódios de IRA em 108 pacientes (51 episódios de reincidência). Amédia de idade dos pacientes foi 59 anos, 84% eram do sexo masculino,87% brancos. As comorbidades como diabetes mellitus e hipertensãoarterial sistêmica estiveram presentes em 28 casos (26%) e 36 (34%),respectivamente. Da amostra, 59% eram cirróticos por álcool (24,5%em etilismo ativo), 69% classificados como Child-Pugh C e a medianado MELD foi 21. Na avaliação da descompensação inicial da cirrose, aascite esteve presente em 67%, encefalopatia em 51% e hemorragiadigestiva alta em 9% dos pacientes. Os mesmos apresentaram níveisde creatinina sérica na admissão hospitalar que variaram de 0,4 a5,6 mg/dL, com mediana de 1,7 mg/dL. A infecção esteve presente em70% dos pacientes. Os 108 episódios de IRA estudados nos pacientescirróticos foram classificados em 3 categorias: pré-renal responsiva avolume que englobou 75 pacientes (79%), SHR em 12 (13%) e IRAintrínseca em 8 (8%). Entre os pacientes com SHR, o tipo mais fre-quente foi a SHR tipo 1 com 8 eventos (67%). Inicialmente foi realizadaexpansão volêmica com albumina (na dose de 1g/Kg no primeiro dia,seguido de 20 g no segundo dia), paralelamente à investigação etiológicados episódios de IRA. As frações de excreção de sódio e ureia altas,juntamente com a análise da urina (proteinúria e/ou hematúria), indica-vam lesão renal e, portanto levavam ao diagnóstico de IRA intrínseca.Uma vez com frações de excreção baixas (FENa+ < 1% e FEureia< 35%), os pacientes que respondiam a esta primeira fase de ex-pansão recebiam o diagnóstico de IRA pré-renal responsiva a volume.Por outro lado, aqueles que não respondiam, preenchiam critérios paraSHR e eram tratados com drogas vasoativas (octreotide e midodrineou octreotide isolado), em associação com expansão volêmica comalbumina durante 5 dias. A resposta à primeira fase de expansãovolêmica foi alcançada em 79% dos pacientes, que foram classifica-dos como IRA pré-renal responsiva a volume. Dentre os pacientes comSHR, houve resposta terapêutica em 30%. Nesses, droga vasoativafoi instituída em 6 pacientes: 4 com associação midodrine e octreotidee 2 com octreotide isolado. A taxa de mortalidade intra-hospitalar foi36%, sendo as variáveis que se associaram ao óbito, hepatite alcoó-lica, infecção, CHILD, MELD, Na+ e PCR. Discussão: O etilismo foi aprincipal causa de cirrose em associação ou não com vírus da hepatiteC. A gravidade dos pacientes internados em nosso Serviço pode su-gerir que a insuficiência renal ocorra numa fase avançada da doençahepática e, por isso, tenhamos tido uma alta prevalência da mesma emnossos pacientes. Uma das grandes contribuições desse estudo foiverificar que a classificação criteriosa da IRA em três categorias é degrande importância no manejo desses pacientes e pode predizer prog-nóstico. A maioria dos pacientes respondeu à expansão volêmica comalbumina, sendo classificados, portanto, na categoria pré-renal respon-

siva a volume. Isto ressalta a importância de que uma medida simplescomo expansão volêmica pode resgatar a grande maioria dos pacien-tes cirróticos que desenvolvem IRA, evitando terapêuticas mais sofis-ticadas e/ou dispendiosas desnecessárias. A resposta ao tratamen-to da IRA no geral foi alcançada em mais da metade dos pacientes,porém quando analisado o subgrupo de pacientes com SHR, esta sófoi alcançada em um terço deles. A análise da curva ROC para oescore MELD no presente estudo permitiu detectar o nível de cortede 23,5 como tendo alta especificidade, o que possibilitou identificarem mais de 80% dos casos aqueles que não evoluíram ao óbito.Conclusões: A prevalência da IRA nos pacientes cirróticos internadosno nosso Serviço foi 28%. Nossos dados foram concordantes comos relatados na literatura por experientes pesquisadores nesse as-sunto. A alta taxa de mortalidade intra-hospitalar de 36% demonstra agravidade da insuficiência renal aguda nos cirróticos e a presençade fatores preditores de mortalidade como, hepatite alcoólica, infec-ção, escores Child-Pugh e MELD, Na+ e PCR auxiliam na identificaçãodos pacientes com maior risco de mortalidade.

Perfil epidemiológico, clínico e laboratorial dospacientes com cirrose hepática atendidos no Hospitaldas Clínicas do ACRE

Autor: André David Marques Alexandre

Introdução: A cirrose hepática (CH) é uma das grandes causas deóbito em todo mundo, sendo patologia frequente nos serviços deinfectologia e hepatologia do estado do Acre. Objetivos: 1) Descre-ver os aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais, além dascomplicações da cirrose hepática em pacientes atendidos no Hospitaldas Clínicas do Acre (HC-AC); 2) Descrever as principais etiologiasimplicadas na cirrose hepática; 3) Avaliar o nível de gravidade dospacientes pelos critérios de Child-Turcotte-Pugh e MELD (Model forEnd-Stage Liver Disease). Material e Métodos: Foram acompanha-dos os pacientes internados na enfermaria de infectologia do HC-ACcom suspeita ou confirmação diagnóstica de CH no período de outubrode 2011 a julho de 2012 (dez meses). Adicionalmente, está em anda-mento a revisão dos prontuários de pacientes do Serviço de Assistên-cia Especializada (SAE) – Rio Branco/Acre, atendidos no período dejunho de 2010 a julho de 2012 com o diagnóstico clínico ou histopa-tológico de CH. O estudo recebeu parecer favorável do Conselho deÉtica em Pesquisa do HC-AC e respeitou todas as normas éticas daResolução CNS 196/96. Resultados: Foram incluídos 146 pacientescom cirrose hepática atendidos durante o período, sendo 90 (61,6%)internados na enfermaria de infectologia do HC-AC e 56 (38,4%) aten-didos ambulatorialmente no SAE (atividade em andamento, com diver-sos prontuários não incluídos até o momento). Dentre 146 pacientesincluídos no estudo, 74,0% (108/146) eram do gênero masculino, 41,8%(61/146) originários de Rio Branco, 30,1% (44/146) do interior do Acree 27,4% (40/146) de outros estados. As causas mais frequentes deCH identificadas foram hepatite C crônica isoladamente em 26,7% (39/146); etilismo isoladamente em 22,6% (33/146); superinfecção hepatitepelos vírus B e delta – VHB/VHD – em 15,0% (22/146); VHB isolado em9,6% (14/146); vírus da hepatite C (VHC) associado ao abuso deálcool em 6,16% (9/146); coinfecção VHB/VHC em 3,4% (5/146) eVHB associado ao etilismo em 3,4 % (5/146). Causas menos comunsforam autoimune, cardíaca e esteato-hepatite, que somados represen-taram 3,4% (5/146) da amostra. Nove casos estavam ainda sob inves-tigação etiológica, enquanto onze foram classificados como cirrosecriptogênica. Foi possível classificar a doença em 125 pacientes, dosquais 24 (19,2%) apresentavam estágio A de Child-Pugh, 64 Child B(51,2%) e 37 Child C (29,6%). A média no escore MELD de 88 pacien-tes internados na enfermaria foi de 17 (± 6,9), enquanto que 41 paci-entes atendidos ambulatorialmente apresentaram média do MELD de12,8 (± 4,36). As complicações mais observadas foram: a) ascite em61,0% (89/146), b) varizes de esôfago ou fundo gástrico (61,0%), c)episódio(s) de hemorragia digestiva (20,5%), d) episódio(s) deencefalopatia hepática (19,9%), e) infecções não peritoneais (15,1%),

FÓRUM JOVEM PESQUISADOR EM HEPATOLOGIA

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Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012 93

das quais as mais frequentes foram infecção do trato urinário, erisi-pela, pneumonia e tuberculose, f) peritonite bacteriana espontânea(11,0%), g) carcinoma hepatocelular (11,0%), h) nódulo hepático denatureza não esclarecida (6,2%) e i) síndrome hepatorrenal (3,4%).As comorbidades mais prevalentes foram: hipertensão arterial crôni-ca (29/146 - 19,9%), doença da vesícula biliar (11,0%), diabetesmellitus (10,0%) e insuficiência renal crônica (7,5%). Dentre os 90pacientes internados, 60,0% (54/90) receberam alta hospitalar, 15,5%evoluíram para o óbito durante a internação e 4,5% necessitaram detransferência para unidade de terapia intensiva. Os principais moti-vos de internação hospitalar foram: hemorragia digestiva (24/90 -26,7%), infecções não peritoneais (24,4%), ascite (21,0%), encefa-lopatia hepática (16,7%), dor abdominal (16,7%), diarreia ou vômitos(8,9%) e insuficiência renal aguda (7,8%). O valor médio de albuminasérica encontrado entre 131 pacientes foi de 2,79 (± 0,77) mg/dL,onde 102 apresentavam níveis inferiores a 3,5 mg/dL. A média debilirrubina total entre 132 pacientes foi de 3,46 (± 5,94) mg/dL e 48deles apresentaram valores superiores a 2 mg/dL. O Índice deNormatização Internacional (INR) de 131 pacientes apresentou valormédio de 1,59 (± 0,43), enquanto 65 pacientes apresentaram INR > 1,5.Quanto à função renal, o valor médio de creatinina de 134 pacientes foide 1,11 (± 0,99) mg/dL e 37 apresentaram valores superiores a 1 mg/dL.Quarenta e cinco pacientes apresentaram em algum momento sódioplasmático inferior a 135 mmol/L. Discussão e Conclusões: A maio-ria dos pacientes pertencia ao gênero masculino e era oriunda de RioBranco. A principal etiologia de CH nesta amostra do Acre foi o vírusda hepatite C, diferindo da principal causa da doença na maioria dosestudos brasileiros sobre o tema, que aponta o etilismo como princi-pal responsável. A somatória do VHC, VHB e VHD totalizou 57,5%(84/146) dos casos de cirrose hepática dessa amostra. A ascite foi acomplicação mais frequentemente observada neste estudo, à seme-lhança dos achados de outros autores consultados. A maior causade internação hospitalar foi hemorragia digestiva. A maioria dos paci-entes apresentou Child B e C. Os pacientes internados apresentaramescore MELD mais elevado que os pacientes ambulatoriais, demons-trando maior gravidade daqueles durante o período de internação.Os marcadores bioquímicos que se mostraram alterados mais fre-quentemente, albumina e INR, ajudam a reforçar a ideia defendida poralguns autores de que são estas as primeiras funções comprometi-das na insuficiência hepática.

TEMA: DOENÇA AUTOIMUNE/OUTRASHEPATOPATIAS

Excreção urinária de cobre antes e depois daadministração oral de D-penicilamina em pais depacientes com doença de Wilson

Autor: Jakeliny VieiraOrientador: Eduardo Luiz Rachid Cançado

Introdução: O diagnóstico da doença de Wilson não é geralmentedifícil quando as principais características clínicas (neurológicas,hepáticas e oftalmológicas) e as principais alterações bioquímicasestão presentes (níveis séricos baixos de cobre e ceruloplasmina). Aexcreção urinária basal de cobre >100 µg/24h também é útil nodiagnóstico, embora muitos pacientes possam exibir níveis inferio-res. Em pacientes com dificuldade diagnóstica (sem manifestaçõesneurológicas, pacientes com alterações discretas de aminotrans-ferases, níveis de ceruloplasmina no limite inferior da normalidade oudiscretamente reduzidos e ausência de anéis de Kayser-Fleisher) oteste desafio com a administração de 1,0 g de d-penicilamina podeinduzir cuprúria acima de 1400 µg/24h, permitindo maior acuráciadiagnóstica. Objetivos: Investigar se indivíduos heterozigotos po-dem atingir esses valores; comparar os níveis de cobre sérico, deceruloplasmina e de excreção de cobre urinário de 24 horas antes e

após administrar 1,0g de d-penicilamina entre pais e mães de portado-res de doença de Wilson. Material e Métodos: Cinquenta pais (25 decada sexo) de pacientes adultos com doença de Wilson foram recru-tados para participar do estudo, com dosagem dos níveis séricos decobre e de ceruloplasmina e dos níveis de excreção urinária de cobrede 24 horas antes e após a administração de 1,0 g de d-penicilamina.A concentração do cobre nas amostras de urina foi determinada porabsorção espectrofotométrica de absorção atômica eletrotérmica. Osníveis de aminotransferases, fosfatase alcalina, gama glutamiltranspeptidase, bilirrubinas, albumina, globulinas e INR também forammedidos. Se alterações bioquímicas hepáticas fossem detectadas,investigações diagnósticas subsequentes seriam realizadas. Resul-tados: A média dos níveis séricos de ceruloplasmina e de cobre foramsignificantemente mais elevados nas mães do que nos pais (27,8 X21,8 mg%; 88,0 X 71,4 µg%; p ≤ 0,001). Treze pais e apenas uma mãeapresentaram cupremia abaixo de 70 µg/dL. Houve correlação positi-va entre os níveis séricos de ceruloplasmina e de cobre para mães epais. A média da excreção urinária basal de cobre foi maior nos ho-mens do que nas mulheres. (26,2 X 18,7 µg/24h, p = 0,001). Os valoresmais elevados foram encontrados em dois homens (50,5 e 59,3 µg/24h). A excreção urinária de cobre após a administração de d-penicilamina não diferiu significantemente de acordo com o gênero(521,7 ± 300,0 variação de 31,6-1085,1 µg/24h, e 525,3 ± 216,5, vari-ação 74,2-839,0 µg/24h para homens e mulheres respectivamente). Ovalor mais elevado, 1085,1 µg/24h) foi observado em um homem comos níveis mais baixos de cupremia e de ceruloplasmina. A média doaumento da excreção urinária de cobre após d-penicilamina foi de 22,1versus 31.7 para homens e mulheres respectivamente. Apenas homensapresentaram cuprúria após d-penicilamina acima de 1000 µg/24 h.Somente um dos pais exibiu discreta alteração de ALT e apresentavasinais ultrassonográficos de esteatose hepática. Como tinha sobrepeso,com a orientação de dieta e de exercícios físicos houve normalizaçãobioquímica. Conclusões: A média dos valores séricos do cobre e daceruloplasmina e da excreção urinária basal de cobre foram signifi-cantemente diferentes entre homens e mulheres. As referênciasdiagnósticas atualmente utilizadas da excreção urinária de 24 horasapós administração da d-penicilamina não foram atingidas por hete-rozigotos para a doença de Wilson. O incremento na excreção urináriabasal de cobre após a administração de 1,0g de d-penicilamina foimuito mais elevado do que cinco vezes o limite superior da normalidadena vasta maioria dos heterozigotos e não deveria ser levado em con-sideração no diagnóstico de doença de Wilson como proposto peloscritérios internacionais.OBS. Esse estudo foi dissertação de mestrado de Jakeliny Vieira e foi publicadona revista Digestive and Liver Diseases em 2012.

Características da resposta autoimune humoral emfases distintas da história natural da cirrose biliarprimária

Autor: Danielle Cristiane BaldoOrientador: Luis Eduardo Coelho Andrade

Resumo: As alterações imunológicas características das doençasautoimunes, especialmente o aparecimento de autoanticorpos,frequentemente precedem a instalação do quadro clínico respectivopor meses ou anos. Embora este fato esteja bem demonstrado, não sesabe se ocorrem mudanças qualitativas e quantitativas nos parâmetrosimunológicos entre as fases iniciais (subclínicas) e as fases clinica-mente estabelecidas das enfermidades autoimunes. A cirrose biliarprimária é um modelo especialmente adequado para avaliação destaquestão uma vez que tem evolução extremamente insidiosa e apareci-mento precoce de autoanticorpos. A cirrose biliar primária é uma doen-ça autoimune hepática caracterizada por uma história natural hetero-gênea. O diagnóstico está baseado no preenchimento de pelo menosdois dos três critérios estabelecidos: (1) biópsia hepática compatível;(2) enzimas hepáticas alteradas por mais de seis meses, especial-mente a fosfatase alcalinas e (3) presença de autoanticorpos

FÓRUM JOVEM PESQUISADOR EM HEPATOLOGIA

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antimitocôndria. Atualmente há consenso de que a presença de outrosautoanticorpos considerados específicos para a doença deva servalorizada quando o paciente não apresenta anticorpos antimitocôndria.Embora consagrados como marcadores de doença, os autoanticorposassociados à cirrose biliar primária não têm associação estabelecidacom os aspectos clínicos da mesma, como a fase e a gravidade dadoença. O objetivo do presente estudo foi proceder a uma análiseabrangente das características imunológicas dos autoanticorpos aolongo da história natural da cirrose biliar primária, especificamentecomparando indivíduos com anticorpos antimitocôndria sem altera-ções bioquímicas hepáticas e aqueles com cirrose biliar primáriaestabelecida. As amostras foram provenientes de quatro grupos deindivíduos: (I) CBP - pacientes com cirrose biliar primária estabelecida,(II) CBP/DAI – cirrose biliar primária estabelecida e outra doençaautoimune associada, (III) BN – indivíduos com anticorpos antimito-côndria e sem alterações enzimáticas (especialmente fosfatase alca-lina) e (IV) BN/DAI – indivíduos como no grupo 3, mas com outra doen-ça autoimune associada. As amostras foram submetidas à pesquisade anticorpos antimitocôndria por imunofluorescência indireta em rimde rata (IFI-AMA), western blot com extrato de fígado de rata,antipiruvato desidrogenase (anti-PDC-E2), determinação dos isotiposde AMA, avidez de IgG anti-PDC-E2, autoanticorpos contra proteínasdo envelope nuclear (anti-gp210), autoanticorpos com proteínas dodomínio celular PML (anti-sp-100), autoanticorpos contra proteínascentroméricas (anti-CENP-A/B). Títulos altos (1/320 - 1/2560) de IFI-AMA foram mais frequentes nos grupos CBP (57%) e CBP/DAI (70%)quando comparados a BN (23%) e BN/DAI (19%) (p < 0,001). A pre-sença de três isotipos de AMA (IgA, IgM e IgG) foi mais frequente emCBP (35%) e CBP/DAI (42%) quando comparados com BN (17%; p0,008) e BN/AID (28%; p = 0,013). Níveis elevados de anti-PDC-E2foram mais frequentes em CBP (3,82; 95% IC 3,36 - 4,29) e CBP/DAI(3,89; 95% IC 3,15 - 4,63) que BN (2,43; 95% IC 1,92 - 2,94) e BN/DAI(2,52; 95% IC 1,54 - 3,50) (p < 0,001). A avidez de IgG anti-PDC-E2 foimais alta em CBP (64,5%; 95% IC 57,5 - 71%) e CBP/DAI (66,1%; 95%IC 54,4 - 77,8%) que BN (39,2%; 95% IC 30,9 - 37,5%) (p < 0,001). Nowestern blot com extrato de fígado maior frequência de reatividade àproteína de 74 kDa foi observada em CBP (87%) quando comparada aBN (71%) (p = 0,004). Não houve diferença significativa nas frequênciasde autoanticorpos contra Sp-100, bem como na reatividade às proteí-nas de peso molecular 56 kDa, 52 kDa, 48 kDa e 36 kDa entre os quatrogrupos. Na análise por regressão multivariada três variáveis indepen-dentes representaram maior risco para a classificação como cirrosebiliar primária estabelecida: alta avidez de anticorpos da classe IgGanti-PDC-E2 (OR 4,121; 95% IC 2,118 - 8,019), altos títulos (1/640 -1/2560) de IFI-AMA (OR 4,890; 95% IC 2,319 - 10,314) e reconheci-mento de mais de três domínios celulares (OR 9,414; 95% IC 1,924 -46,060). Conclusões: Houve diferenças relevantes no perfil de res-posta autoimune humoral observada na fase pré-bioquímica ou latentee na fase de cirrose biliar primária estabelecida, indicando progressãoqualitativa e quantitativa na resposta autoimune humoral ao longo dahistória natural da cirrose biliar primária.

Autor: Márcia Raquel da Silva Folhadela

Introdução: Hepatite alcoólica (HA) é uma inflamação hepática as-sociada a significativa morbidade e mortalidade que ocorre em paci-entes que consomem quantidades excessivas de álcool. Objetivos:Avaliar características clínicas e laboratoriais, bem como a respostaterapêutica e os desfechos dos pacientes com HA internados naEnfermaria do Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital de Base deSão José do Rio Preto durante o período de 1º de fevereiro de 2011a 31 de março de 2012. Pacientes e Métodos: Estudo observacionalprospectivo, analisando as características clínicas e laboratoriaisdos pacientes cirróticos e não cirróticos com HA durante um períodode 14 meses. Resultados: Foram analisadas 554 internações (362pacientes). Destas internações, 76 foram por HA em 67 pacientes (9episódios de reincidência). No período estudado, a prevalência deHA foi de 19%. A maioria eram cirróticos (85%), Child-Pugh C, com

média de idade de 50 anos. A ingestão alcoólica em média foi de 130g/dia, variando de 25 a 400g/dia, e o tempo médio de etilismo de 29anos. O álcool isoladamente foi a causa de cirrose em 84,7% e houveassociação com o vírus C em 15,3% dos casos. Na avaliação dadescompensação inicial da cirrose, a ascite esteve presente em42,2%, encefalopatia hepática em 33,3% e hemorragia digestiva altaem 26,6% dos pacientes. Alguns apresentaram duas descompen-sações concomitantemente. Os pacientes apresentaram níveis deAST bastante elevados e superiores aos de ALT (130U/L x 43U/L),importante aumento de bilirrubinas bem como de GGT. Vale ressaltaro percentual de 25,4% de pacientes com creatinina alterada já naadmissão hospitalar, os quais 15,4% evoluiram para síndromehepatorrenal (SHR). A abordagem do paciente incluiu diagnósticoclínico de HA, avaliação da presença de complicações da cirrose,icterícia, além da avaliação laboratorial, cálculo do índice de Maddrey,MELD e Glasgow, avaliação nutricional e necessidade de cuidadosintensivos. Foi prescrito hidratação com correção de distúrbioshidroeletrolíticos, suporte nutricional adequado, reposição de tiamina,ácido fólico, complexo B e vitamina K e promovido abstenção alcoó-lica que é, sem dúvida, a principal medida terapêutica para os pacien-tes com HA desde a forma leve até a doença grave. O tratamentocom corticoide ou pentoxifilina foi indicado apenas nos casos comíndice de Maddrey ≥ 32, visto que este é o parâmetro atual conside-rado para risco elevado de mortalidade precoce. Dos 67 pacientescom HA, 23 preencheram este critério (34%) e foram tratados compentoxifilina (19 casos, 28%) e corticóide (4 casos, 6%). A taxa deóbito intra-hospitalar foi de 24%. Ao analisar as variáveis relaciona-das ao óbito, os 4 escores de prognóstico (Child-Pugh, MELD,Maddrey e Glasgow) foram significativamente associados com mor-talidade, além de sete variáveis laboratoriais como: sódio sérico,albumina, INR, bilirrubina, proteína C reativa, creatinina e ALT. Comrelação ao escore de Maddrey, o nível de corte de 32 apresentousensibilidade de 80% e especificidade de 65% em predizer óbito.Quando estudado ponto de corte de 27, detectou-se sensibilidade de87% e especificidade de 55%. Para o escore de MELD, o nível decorte de 19 apresentou sensibilidade e especificidade de 87% e 50%respectivamente. Curva ROC foi construída para determinar a acuráciadesses escores. Discussão: Observou-se alta prevalência de HAem homens, com somente 6% da amostra representada por mulhe-res. Os pacientes apresentavam quadro clínico heterogêneo o quelevou a períodos de internação entre 1 a 42 dias. Isso também foirefletido pelos exames laboratoriais com ampla variabilidade dos ní-veis de bilirrubina e atividade de protrombina e desta forma, o escorede Maddrey atingiu níveis tão altos quanto 123,82 nos casos maisgraves. O nível de corte de 32 no escore de Maddrey foi estudadoassim como o nível de 27 o qual neste estudo, apresentou sensibili-dade de 87% e especificidade de 55%, significando que o valor deMaddrey ≥ 27 esteve presente em 87% dos pacientes que foram aóbito. Desta forma, uma das contribuições do presente estudo ésugerir que a farmacoterapia seja iniciada para os pacientes com HAque apresentarem escore de Maddrey ≥ 27, visto que essa pode sera melhor conduta baseada nos resultados da população estudada. Aterapia farmacológica para HA está indicada para paciente com altachance de mortalidade intra-hospitalar e as duas opções (pentoxifilinae corticóide) são atualmente recomendadas pela Associação Euro-péia para Estudo das doenças do Fígado (EASL). Conclusões: HAé um evento grave em pacientes cirróticos com taxa de mortalidadeelevada. A prevalência desse evento nos pacientes do nosso Servi-ço foi 19%. Nossos dados foram concordantes com os relatados naliteratura. A taxa de óbito neste estudo foi alta (24%), demonstrandoa gravidade da doença hepática alcoólica no nosso meio. Isso res-salta a importância de que sejam estudados os fatores relacionadosao óbito. O manejo desses pacientes é difícil e requer uma equipemultidisciplinar com médicos, psicólogos e enfermeiros para o tra-tamento das complicações da doença hepática alcoólica avançada.

FÓRUM JOVEM PESQUISADOR EM HEPATOLOGIA

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Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012 95

Estudo duplo cego e randomizado com uso decloroquina ou placebo na manutenção da remissãona hepatite autoimune

Autor: Débora Raquel TerrabuioOrientador: Eduardo Luiz Rachid Cançado

Introdução: Entende-se por remissão bioquímica na hepatite autoimune(HAI) a normalização dos valores de aminotransferases durante 18meses e por remissão histológica a regressão da atividade inflamatóriaperi-portal (peri-septal) para ausente ou mínima (0/1) de acordo com aclassificação de Hepatites Crônicas da Sociedade Brasileira deAnatomia Patológica. Uma das características da HAI é o alto índice derecidivas (~80%) após a suspensão do tratamento nos pacientes queatingiram remissão histológica. Em estudo piloto prévio, 14 pacientesem remissão histológica usaram difosfato de cloroquina por até doisanos e obtiveram 6,49 vezes menos chance de recidiva quandocomparados a um controle histórico que não utilizou a medicação (23,5X 72,2%). Objetivos: Avaliar se a cloroquina previne recidivas da HAIem pacientes com remissão da doença, após a suspensão dotratamento convencional, em estudo randomizado e duplo cego; avaliara ocorrência de efeitos colaterais decorrentes do uso da cloroquina.Metodologia: Para serem incluídos os pacientes deveriam preenchersimultaneamente os seguintes critérios: diagnóstico provável/definitivode HAI (de acordo com os critérios do grupo internacional de HAI),função hepática normal e ausência de sinais clínicos de doença hepáticadescompensada (ascite, encefalopatia, hemorragia digestiva alta ecarcinoma hepatocelular); remissão histológica na biópsia hepática decontrole em vigência de tratamento imunossupressor; assinatura dotermo de consentimento após informação. Foram excluídos os pacientesque necessitaram suspender a droga com menos de seis meses deuso da medicação em razão de efeitos colaterais ou desejo do pacientee os casos de perda de seguimento. O tratamento foi interrompido emcaso de gestação, desejo do paciente, aparecimento de efeitos colateraisintratáveis ou recidiva da HAI. A recidiva foi definida como aumento deenzimas hepáticas maior ou igual a duas vezes o valor normal (deacordo com os critérios do Grupo Internacional de Hepatite autoimune).O tamanho amostral foi estabelecido de acordo com os resultados deestudo piloto e dados da literatura estipulando como boa resposta se arecidiva da HAI em uso de cloroquina fosse 25-40% e 65-80% nogrupo placebo, o que justifica o número de pacientes de 30 a 128pacientes (mínimo de 15 e máximo de 64 em cada braço do estudo). Otrabalho seria interrompido se fosse obtida diferença significante afavor de uma das drogas, com nível de confiança maior ou igual a 95%(erro alfa) e poder estatístico maior ou igual a 80% (erro beta). Ospacientes em remissão histológica receberam droga A ou droga B, deacordo com sorteio realizado previamente. As medicações forampreparadas pela Farmácia do Hospital das Clínicas da FMUSP e apenaso responsável da Farmácia tem conhecimento da correspondênciadas drogas. No primeiro mês os pacientes receberam o tratamentoimunossupressor que levou à remissão histológica associado à drogaA B. No segundo mês, foi feita a suspensão imediata da AZA e reduçãosemanal de 2,5 mg da dose da PD, associado ao uso da droga A/B. Apartir do segundo/terceiro mês o paciente utilizou a droga A/B emmonoterapia, até completar 36 meses em monoterapia (37 meses deestudo) ou até recidiva da HAI. Os retornos foram mensais nos primeirosseis meses, a cada dois meses até completar um ano e a cada trêsmeses até completar 36 meses. O exame oftalmológico para rastre-amento de retinopatia por cloroquina foi realizado a cada seis meses ea orientação ao oftalmologista foi que todos os pacientes estariamrecebendo cloroquina. Nos casos de recidiva da doença, foi realizadaconfirmação da alteração laboratorial por duas vezes, com intervalode 7 a 15 dias. Os pacientes que estavam em uso de ácido urso-desoxicólico para obtenção da remissão bioquímica, permaneceramem uso dessa droga durante o estudo. Resultados: No período de2002 a 2010 foram incluídos 62 pacientes, 31 randomizados para usode droga A e 31 para uso de droga B. Foram excluídos três pacientesno grupo A e quatro no grupo B; restando 55 pacientes. As causas deexclusão foram: efeitos colaterais (N = 4), desejo do pacientes (N = 1),

perda de seguimento (N = 2). Três pacientes ainda estão em uso dedroga A, com previsão de término do estudo em novembro de 2013,na ausência de recidiva da doença. Quarenta e seis pacientes eramdo sexo feminino (83,6%). A idade média à inclusão no estudo foi de38,12 ± 16,5 anos. Em relação ao tipo de HAI, 46 (83,6%) eram do tipo1, um (1,8%) do tipo 2, seis (10,9%) sem marcador, dois (3,6%) comantimitocôndria). Quatorze pacientes apresentaram episódio préviode remissão histológica, 7 em cada grupo, com tempo médio de reci-diva de 218 ± 298 dias (mediana = 120 dias) após suspensão dotratamento. A imunossupressão pré-randomização era azatioprina(95,5 ± 22 mg/d) e prednisona (10,8 ± 16 mg/d); nove pacientesusavam ácido ursodesoxicólico associado (666,6 ± 132,3 mg/d). Nãohouve diferença significante entre os grupos droga A e droga B no quese refere ao tipo de HAI, idade à inclusão no estudo, fibrose hepáticaavançada (E3/4), esquema de imunossupressão na remissão histo-lógica que precedeu a inclusão e ocorrência de remissão histológicaou recidiva prévias. O tempo médio de uso de droga A foi de 610 ± 462dias (mediana = 405 dias) e de droga B de 395 ± 386 dias (mediana =150 dias), com p = 0,07. A taxa de recidiva em vigência da droga(análise "per protocol") foi significativamente menor para os pacientesem uso de droga A (35,7% X 74,1% para a droga B, p = 0,008). Até opresente momento, a evolução pode ser esquematizada da seguinteforma para as drogas A e droga B respectivamente: exclusão (1/4pacientes); término do estudo sem recidiva (7/3 pacientes); recidivasapós término do estudo (2/0); interrupção do estudo após seis mesessem recidiva (1/3 pacientes); interrupção do estudo após seis mesescom recidiva (5/1); recidiva durante o estudo (10/20); em curso (3/0).Os efeitos colaterais foram mais frequentes nos pacientes que usa-ram droga A (50% X 14,8%, p = 0,009): musculoesqueléticos (mialgia,1,8%), perda de peso (1,8%), cefaleia (3,6%), neuropatia (3,6%),gastrintestinais (náuseas, inapetência – 5,4%), retinopatia (5,5%),dermatológicos (hiperpigmentação cutânea, lesões cutâneas – 9,1%),prurido cutâneo (9,1). Conclusões: O presente estudo sugere quehá diferença estatisticamente significante favorável à droga A para amanutenção da remissão da HAI. Os efeitos colaterais com a droga A,embora frequentes, não foram graves, mas exigiram a suspensão dotratamento em alguns pacientes.

TEMA: HEPATITE B

Hepatite B crônica e esquistossomose mansônicaforma hepática: Uma associação deletéria

Autor: José Rubens de AndradeOrientador: Rosângela Teixeira

Introdução e Objetivos: A esquistossomose mansônica e a hepatiteB sao doenças tropicais com mais de 200 e 350 milhões de pessoasinfectadas em todo o mundo, respectivamente, e uma alta taxa decoinfecção e esperada. A infecção crônica pelo HBV e a esquis-tossomose mansônica na forma hepatoesplênica (EHE) são prevalentesem algumas áreas do Brasil, incluindo o Norte, o Nordeste e em algu-mas regiões do Sudeste. No entanto, o impacto do HBV com a infecçãoconcomitante pelo S. mansoni ainda não foi completamente elucidada.Métodos: Análise de prontuários médicos de pacientes com diagnós-tico de hepatite B crônica atendidos no Ambulatório de Hepatites Viraisdo Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas da Univer-sidade Federal de Minas Gerais (AHEV/IAG/HC/UFMG) no período de1998 a 2011. Fatores demográficos e clínicos da avaliação pré-trata-mento foram analisados. Alcoolismo foi identificado pelo consumo diá-rio acima de 30 g e 20 g para homens e mulheres, respectivamente, pormais de um ano. Após análise excludente foram elegíveis 406 pacien-tes com diagnóstico confirmado de hepatite crônica B (HBsAg posi-tivo por mais de seis meses) nas fases replicativa (n = 235) e inativa(n = 171). Realizou-se um estudo transversal para avaliar a prevalênciae a morbidade da coinfecção com o S. mansoni. As variáveis contínu-

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as foram analisadas por métodos não paramétricos por não apresen-tarem distribuição normal, e as variáveis dicotômicas foram compara-das pelo teste do χ2. Por se tratar de estudo transversal, os riscosevolutivos para as formas de cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC)foram avaliados pela distribuição de Poisson para razão de preva-lências. O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa daUFMG. Resultados: 265 pacientes (65,0%) eram do sexo masculino,com idade média de 44,3 ± 12,7 anos. Dados epidemiologicos comexame de ultrassonografia do fígado e do baco e/ou histologia hepáti-ca confirmaram o diagnóstico de EHE em 86/406 (21,1%) pacientes,sendo 58/235 (24,7%) na forma replicativa e 28/171 (16,4%) inativospara o HBV (p=0,04). As principais diferenças entre os dois grupossão apresentados na tabela abaixo.

Conclusões: Pacientes com hepatite B crônica B e infecção pelo S.mansoni, na forma hepatoesplênica tendem a desenvolver fibrosehepática mais acentuada. Este estudo sugere que essa associaçãotende a piorar a função hepática e acelerar a fibrose hepática, acarre-tando em resultados deletérios aos pacientes das áreas endêmicas.

Análise da prevalência e de fatores de risco para ashepatites virais crônicas B e C em idosos residentesno município de Botucatu-SP

Autores: Iara Pinheiro Barcos1; Giovanni Faria Silva2; Mariana VulcanoNeres1; Natália Bronzato Medolago1; Mariana de Souza Dorna3; Fábioda Silva Yamashiro1; Cássio Vieira de Oliveira3

Orientador: Giovanni Faria Silva

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica,Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, Botucatu-SP, Brasil.2Professor Assistente Doutor, Disciplina de Gastroenterologia e Nutrição,Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, Botucatu-SP, Brasil.3 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica,Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, Botucatu-SP, Brasil.

Introdução: Atualmente no Brasil os idosos são aproximadamente 15milhões de pessoas. Apresentam maiores condições crônicas e têmuma maior suscetibilidade a doenças infecciosas, tais como as hepa-tites virais crônicas B e C. Há relatos na literatura especializada de quea interação das variáveis idade na data da infecção, tempo de infec-ção e idade avançada constituam fator de risco e, consequentemente,existem implicações importantes no prognóstico das doenças. Há ain-da pouco conhecimento sobre seu curso e tratamento na populaçãoidosa, especialmente no Brasil, justificando a relevância deste estudo.Objetivos: Avaliar a prevalência de hepatites virais crônicas B e C napopulação idosa residente no município de Botucatu-SP e a associa-ção a fatores de risco. Métodos: Foram incluídos até o momento 625pacientes acima de 60 anos cadastrados nas Unidades Básicas de

Saúde, Centros de Convivência de Terceira Idade e residentes eminstituições de longa permanência após a assinatura do Termo deConsentimento Livre e Esclarecido. Estes foram submetidos a entre-vistas sobre suas condições socioeconômicas, fatores de risco e atestes sorológicos para as hepatites virais crônicas B e C (Anti-HCV,AgHBs, Anti-HBc IgG e Anti-HBs). Os pacientes com o resultadosorológico positivo foram encaminhados ao centro de referência regi-onal para tratamento e acompanhamento clínico, localizado na Facul-dade de Medicina de Botucatu (Ambulatório de Hepatites Virais daDisciplina de Gastroenterologia Clínica). Nos pacientes com sorologiapositiva para anti-VHC, foi realizado um teste confirmatório para apesquisa do RNA do VHC e sua genotipagem por PCR (Reação dePolimerase em Cadeia). Para os resultados das variáveis categóricasserão utilizadas frequências absolutas e relativas e para as variáveiscontínuas utilizar-se-á estatística descritiva e os valores serão apre-sentados como média e desvio padrão. Resultados: Foram analisa-dos os dados de perfil sociodemográfico tais como sexo, idade, raça/etnia, estado civil, grau de escolaridade e renda; e histórico de saúdecom base em comorbidades referidas, uso crônico de medicamentos,hospitalização prévia (ocorrida há mais de um ano) e hospitalizaçãorecente (ocorrida nos últimos 12 meses). Características da Popula-ção Estudada – Dos 358 pacientes analisados até o momento, 226eram do sexo feminino (63.1%) e 132 do sexo masculino (36.9%). Aidade média encontrada foi de 72,46 (± 8.6) anos, sendo que a maioriaencontrava-se na faixa entre 65 a 69 anos. A raça/etnia prevalente foia branca (75.42%), seguida de pardos (17.32%), negros (6.7%) eamarelos (0.56%). As análises para estado civil indicaram que a maiorparte dos entrevistados é casada (41.6%) e 50% possuem apenas oprimeiro grau incompleto, o que possivelmente explica o fato de 43%ganharem até um salário mínimo. Análise do Histórico de Saúde – AHipertensão Arterial Sistêmica foi a mais prevalente entre as comor-bidades referidas pelos idosos entrevistados (55.6%) e apenas 12.3%não relataram ter nenhum problema crônico de saúde. O uso crônicode medicamentos foi relatado por 79.33% dos pacientes. Enquanto61.77% citaram terem sido hospitalizados previamente, apenas 12.85%alegaram hospitalização recente. Caracterização da População HBVe HCV Positivos – De 358 foi diagnosticado apenas um idoso AgHBspositivo, AgHBe negativo, caracterizando doença crônica inativa, de-monstrando uma prevalência de 0.28%. A idade é de 75 anos, sexofeminino, raça branca, viúva, nunca estudou e com renda de até umsalário mínimo. A prevalência de idosos com diagnóstico confirmado dehepatite C crônica foi de 1.4% (n=5). A idade média foi de 69.2 (± 4.96)anos. Conclusões: A análise realizada corrobora com dados da lite-ratura, onde a prevalência de casos de hepatite B para a populaçãoadulta mundial varia entre 0,1% a 30% de acordo com a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS). No Brasil, segundo o Ministério da Saúde(MS), a prevalência gira em torno de 1%. Em relação à hepatite C, deacordo com a OMS, aproximadamente 3% da população mundial podeestar infectada; já no Brasil, segundo dados do MS, a prevalência é de1 a 2%. Cerca de 87,7% dos idosos apresentaram doenças crônicasnão transmissíveis, demonstrando que com o crescimento da popula-ção com 60 anos ou mais há uma grande necessidade de acompanha-mento de seu estado de saúde, uma vez que há um aumento da sus-ceptibilidade e incidência de doenças, influenciado tanto por fatoresgenéticos quanto comportamentais e ambientais.

Prevalência de hepatite B oculta em pacientes trans-plantados renais

Autora: Cibele Franz FonsecaOrientadores: Renata de Mello Perez e Cristiane Alves Villela Nogueira

Serviço de Hepatologia , Universidade Federal do Rio de Janeiro

Introdução: A infecção crônica pelo HBV é associada ao aumento namorbi-mortalidade de pacientes transplantados renais. Não é bem co-nhecida a importância da infecção oculta pelo HBV nesta população,assim como sua prevalência em nosso meio. Objetivo: Determinar a

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prevalência de hepatite B oculta entre pacientes transplantados re-nais. Metodologia: Foram incluídos pacientes transplantados renaisHBsAg negativos (≥ 18 anos) em acompanhamento no ambulatório detransplante renal do HUCFF-UFRJ. Foram considerados inelegíveis parao estudo os pacientes que apresentaram anti-HIV positivo. O estudofoi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HUCFF-RJ em agosto/2008 (no 118/08). Os pacientes que concordaram em participar doestudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido(TCLE). Foram realizados testes bioquímicos, sorológicos e moleculares.As determinações da ALT e GGT e os marcadores sorológicos foramrealizados no laboratório central do HUCFF - UFRJ. A pesquisa de HBV-DNA no soro foi realizada pelo método de PCR em tempo real com limitemínimo de detecção de 3UI/ml. Neste estudo, foram considerados por-tadores de hepatite B oculta os pacientes com HBV-DNA detectável nosangue. Resultados: Foram incluídos 207 pacientes transplantadosrenais, 51% do sexo masculino, com média de idade de 45 ± 12 anos.Quarenta e seis (22%) e 67 (32%) pacientes apresentavam ALT eGGT aumentadas, respectivamente. O tempo médio de terapia dialíticafoi de 50 ± 42 meses. Doze (6%) pacientes eram anti-HBc positivo e 10deles (84%) também expressavam anti-HBs. Vinte e cinco (12%) indi-víduos eram anti-HCV positivo. A determinação do HBV-DNA por PCRem tempo real evidenciou 2 pacientes com carga viral detectável, comvalores de 3,3UI/ml e 3,5 UI/ml, caracterizando-os como portadores dehepatite B oculta. Conclusão: A prevalência de infecção oculta peloHBV em transplantados renais é extremamente baixa. Estudos longitu-dinais são necessários para se avaliar o impacto deste achado nestapopulação e sua importância epidemiológica.

Perfil epidemiológico da infecção crônica pelo vírusda hepatite B e frequência dos genótipos do vírus Bno município de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul

Autores: André Castagna Wortmann1,2,3, Juliana de Paoli4, MirelliGabardo Klein5, Adriana Cirolini6, Raquel Lovatel6, Nilo Ikuta4,7, VagnerRicardo Lunge4,7, Daniel Simon4,7

1Clínica privada2Hospital Tacchini (Bento Gonçalves, RS)3Curso de Medicina da Universidade de Caxias do Sul4Programa de Pós-Graduação em Diagnóstico Genético e Molecular, UniversidadeLuterana do Brasil (ULBRA)5Curso de Ciências Biológicas, ULBRA6Serviço de Atendimento Especializado, Secretaria Municipal de Saúde de BentoGonçalves7Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saude,ULBRA

Introdução: A prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV)no Brasil é heterogênea. O município de Bento Gonçalves, localizadona região serrana do Rio Grande do Sul (RS) e colonizado maciçamen-te por imigrantes italianos, possui uma incidência de casos de HBVmuito superior às médias nacional e estadual. A frequência dos dife-rentes genótipos do HBV varia, globalmente, de acordo com caracte-rísticas geográficas. No Brasil, os genótipos mais prevalentes são A, De F, sendo que existem poucos dados referentes à epidemiologiamolecular da infecção pelo HBV no estado do RS. Objetivos: Avaliaro perfil epidemiológico da infecção pelo HBV em uma amostra de paci-entes de Bento Gonçalves e determinar a frequência dos diferentesgenótipos do HBV nesta amostra. Métodos: A amostra envolveu por-tadores crônicos do HBV com idade superior a 18 anos que faziamacompanhamento em dois serviços de referência no atendimento dehepatites no município de Bento Gonçalves. Os dados foram coletadosde julho a dezembro de 2010 através do preenchimento de um questi-onário epidemiológico, do questionário AUDIT (para avaliação da ingestãoalcoólica e problemas associados), e da coleta de sangue para arealização de exames de sorologia (HBsAg e anti-HBc total) e biologiamolecular (detecção e quantificação do HBV-DNA, precedida pela ex-tração de DNA a partir de sangue total). Os genótipos virais foramdeterminados através de análises filogenéticas dos fragmentos am-

plificados da porção final do gene da transcriptase reversa. Sequênciasrepresentativas dos diferentes genótipos e subgenótipos do HBV foramobtidas do GenBank e utilizadas para a análise das sequências gera-das. As sequências foram alinhadas utilizando o programa SeqAlign(DNAStar, Madison, Wisconsin, EUA) com o uso do algoritmo Clustal V.Neste mesmo programa, foi utilizado o método de "neighbor-joining"para o cálculo das distâncias e a construção da árvore filogenética.Os genótipos do HBV foram identificados conforme a filogenia obtida.Todos os indivíduo assinaram termo de consentimento livre esclareci-do. O nível de significância pré-estabelecido foi de 5%. Resultados:Foram incluídos 102 indivíduos (55 homens), com idade média de 45anos. Cinquenta e quatro pacientes (52,9%) relataram pais ou irmãosinfectados pelo HBV; 16 (15,7%) referiram provável transmissão ver-tical. Mulheres apresentaram menor escolaridade e maior compar-tilhamento de objetos pessoais do que os homens. A ingestão exces-siva de álcool foi maior em homens do que mulheres. Mais de 60% dospacientes reportaram que os quatro avós eram de ascendência étnicaitaliana, enquanto outros 18% relataram ter pelo menos 2 avós comascendência italiana. Amostras de plasma de todos os pacientes fo-ram submetidas à detecção do HBV através da reação em cadeia dapolimerase (PCR) e 54 amostras apresentaram resultados positivos(52,9%). Destas, 52 foram genotipadas: o genótipo D foi identificadoem 48 amostras (92,3%), e o genótipo A, em quatro (7,7%). Conclu-sões: A predominância do genótipo D permite supor que os imigrantesda Itália (que colonizaram a região no século XIX), onde também háelevada frequência do genótipo D, disseminaram este genótipo naregião. Além disso, os resultados apontam um padrão de transmissãointra-familiar da infecção pelo HBV nesta amostra.Nota: O presente trabalho faz parte do projeto intitulado "Validação clínica eavaliação de custo-efetividade de método de PCR em tempo real para análise dacarga viral em pacientes com hepatite B crônica", cuja aprovação pelo Comitê deÉtica em Pesquisa do Hospital Tacchini encontra-se em anexo.

Genotipagem do vírus da hepatite B em pacientescom hepatite crônica na região Nordeste do Brasil

Autor: Ludmila Oliveira Carvalho SenaOrientador: Alex Vianey Callado França

Introdução: O vírus da hepatite B é classificado em oito genótiposque variam de acordo com a distribuição geográfica, apresentandodiferentes manifestações clínicas e resposta ao tratamento antiviral.Poucos são os estudos de prevalência dos genótipos na região nor-deste do Brasil. Objetivos: O estudo visa determinar a prevalênciados genótipos do vírus da hepatite B em portadores de hepatite crôni-ca no estado de Sergipe, Brasil e avaliá-los de acordo com achadosclínicos e histopatológicos. Metodologia: Em estudo transversal, fo-ram avaliados 97 pacientes portadores crônicos do AgHBs com sinaisde replicação viral. Destes, conseguiu-se amplificação do DNA em 43amostras, as quais constituíram a casuística para realização degenotipagem. As amostras, também, foram avaliadas quanto àpositividade do AgHBe, quantificação da carga viral (CV), amino-tranferases (ALT) e avaliação histológica. Resultados: Foram iden-tificados os genótipos A e F, sendo 35/43 (81,4%) do genótipo A.Vinte e cinco/43 pacientes (58,1%) apresentaram ALT normais, AgHBenegativo em 23/43 (53,5%) e CV inferior a 10.000 cópias/mL em 20/32 (62,5%) pacientes. Dos pacientes com genótipo A, 20/32 (62,5%)apresentaram CV inferior a 10.000 cópias/mL enquanto o genótipo F,5/7 (71,4%) apresentaram CV superior a 10.000 cópias/mL, mas semsignificância estatística (p = 0,101). Não houve diferença estatísticaentre genótipo viral e características histológicas. Discussão: A pre-sença dos genótipos A e F sugere que, nesta região do Brasil, o vírusda hepatite B pode ser original de imigrantes negros africanos egrupos indígenas respectivamente. Conclusão: Em Sergipe foramdescritos os genótipos A e F com predomínio do genótipo A. Nãoforam encontradas diferenças significantes entre os genótipos emrelação às manifestações clínico-laboratoriais.

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Interferon alfa peguilado como monoterapia ou emcombinação com análogo de nuclesídeo no trata-mento da hepatite Delta crônica no estado deRondônia

Autor: Lourdes M. Pinheiro BorzacovOrientador: Juan Miguel Villalobos Salcedo

Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Rondônia, Centro de Pesquisa emMedicina Tropical de Rondônia (CEPEM), Instituto de Pesquisas em PatologiasTropicais (IPEPATRO)Apoio: Sociedade Brasileira de Hepatologia

Objetivo Geral: Avaliar a eficácia do tratamento com interferonpeguilado em monoterapia ou combinado com análogo de nucleosídeono tratamento de hepatite D crônica no estado de Rondônia. Específi-co: Confirmar a infecção pelo vírus da hepatite Delta nos pacientescom sorologia positiva para anti-HDV total no teste ELISA, através datécnica de PCR-HDV e de anti-HDV IgM antes do início do tratamento.Determinar a Resposta Virológica Precoce, a Resposta Virológica Rá-pida e Resposta Virológica Sustentada de cada um dos pacientes.Correlacionar a resposta ao tratamento com os resultados de BiologiaMolecular de Carga Viral pré-tratamento e genótipos do vírus B e Delta.Analisar a relevância da ALT como indicador indireto da resposta aotratamento. Relacionar a Resposta Virológica Sustentada com anegativação da carga viral do vírus Delta e do marcador Anti HDV IgMcomo fator preditivo de resposta. Estabelecer associação entregenótipos do vírus B e Delta como o quadro clínico laboratorial dospacientes. Material e Método: Local de estudo: O presente estudoprospectivo, comparativo, não randomizado será realizado no estadode Rondônia em Porto Velho onde o local de estudo será o AmbulatórioEspecializado de Hepatites do Centro de Pesquisa em Medicina Tropi-cal de Rondônia (CEPEM), referência para o estado de Rondônia, fun-ciona dentro das dependências do Centro de Pesquisa em MedicinaTropical de Rondônia (CEPEM), órgão da Secretária Estadual da Saúdedo estado. Foi criado em agosto de 1993 com fins de atendimento,ensino e pesquisa e mantêm atendimento diário com 4 profissionaismédicos, infectologistas e gastroenterologistas. Até dezembro/2010havia 4.120 pacientes em acompanhamento ambulatorial, dos quais211 pacientes em tratamento com hepatites B e C no momento atual. Jáé rotina no ambulatório tratar os pacientes com hepatite B e Deltaseguindo as normas do Protocolo de Hepatites Virais e com as drogasdisponíveis atualmente pelo SUS. Serão os pacientes já matriculadosnos Ambulatórios Especializados de Hepatites (CEPEM) na cidade dePorto Velho com diagnóstico sorológico da infecção pelos vírus B eDelta, com HDV-RNA detectável pela técnica de Reação em Cadeia daPolimerase, e que preencheram os demais critérios de inclusão. Noatual projeto apresentamos 30 pacientes com o perfil apresentado.Pacientes con anti-HDV IgG positivo e PCR HDV-RNA positivo foramprospectivamente incluidos para tratamento con 180 mg de PEG-IFN-a2a junto con Entecavir 0,5 mg diários por 48 semanas e acompanha-dos por mais 24 semanas. Os exames de laboratório incluíram níveisbasais séricos de HBV-DNA e HDV-RNA, cinética dos seus níveis nassemanas 4, 12, 24 e 48 semanas, determinação dos genótipos do HBVe HDV e da avaliação histológica. Os níveis de HBV-DNA foram testa-dos pela reação de cadeia de polimerase em tempo real, dos HDV-RNApor reação de cadeia de polimerase por transcrição reversa (RT-PCR)e os níveis séricos de IgG anti-HD por ensaio imunoenzimático (Sorin-Biomédica). Apresentamos resultados da semana 4, 12, 24 e 60% dospacientes que terminaram a semana 48. Resultados: Trinta pacientesforam incluídos, sendo 28% brancos, 5% negros e 67% ameríndios;56% femininos; idade média de 45,3 anos; 62% con HBV-DNA positivocom média basal de 5.674 UI/mL e HDV-RNA basal de 135.768 cópi-as/mL. O genótipo III do HDV foi detectado em todos os pacientes. Afibrose hepática foi classificada como leve F1 36% A1 20%; moderadaF2 40% F3 12% A2 68%; grave F4 12% A3 12%. Todos os pacientesforam positivos para HBV-DNA na semana 4, incluindo pacientes pre-viamente negativos nos testes basais. Dezoito pacientes completaram48 semanas de tratamento, todos HDV-RNA negativo. Quatro desses

pacientes que terminaram a semana 48 apresentaram a perda do "S"com HBsAg negativo e três deles com anti-HBs positivo. Conclusão:O tratamento combinado com PEG-IFN-a 2a com Entecavir, resulta emuma alta porcentagem de resposta virológica em pacientescoinfectados HBV/HDV com o genótipo III.

Soroprevalência de hepatite B em pacientes infec-tados pelo HIV em Rio Branco, Acre

Autor: Elissandra Melo LimaOrientador: Rita do Socorro Uchôa da Silva

Resumo: Objetivos: Descrever a soroprevalência da hepatite pelovírus B em indivíduos infectados pelo HIV e comparar os achadosclínicos e epidemiológicos entre os pacientes coinfectados e os mono-infectados pelo VHB. Material e Métodos: Estudo retrospectivo,realizado no Serviço de Assistência Especializada (SAE) usando da-dos contidos nos prontuários dos pacientes atendidos naquela unida-de de saúde. A amostra foi composta por 250 pacientes infectadospelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) que foram divididos emdois grupos: monoinfectados (portadores apenas de HIV) e coinfec-tados (portadores de HIV e VHB). Resultados: As mulheres totalizaram51,2%. A média de idade no momento do diagnóstico foi de 32,6 anos.A faixa etária entre 25 e 49 anos foi responsável por 75,2% dosportadores do HIV. O estado civil mais frequente foi solteiro com 41,6%.O possível meio de contágio mais frequente foi sexual entre heteros-sexuais com 53,2%. A média do tempo de acompanhamento foi de 4,69anos (mínimo de 3 meses e máximo de 15 anos). A prevalência decoinfectados HIV/VHB foi de 3,44 por 100.000 habitantes, corres-pondendo a uma frequência de 4,4% entre os indivíduos com HIV. Oshomens foram os mais acometidos com a coinfecção perfazendo 63,6%dos casos. A maioria dos coinfectados HIV/HBV apresentava idadeentre 25 a 29 anos, era solteiro e heterossexual. Os indivíduos comhepatite B crônica apresentaram carga viral do HIV mais elevada commédia de 166.248,89 cópias/ml. Os imunes ao VHB compuseram 62,4%da amostra, sendo destes 37,6% imunes pós-contato. Conclusões:A prevalência de coinfecção com a hepatite B em indivíduos HIV-posi-tivo foi de 4,4%. Os indivíduos com hepatite B crônica apresentaramcarga viral do HIV mais elevada e mais da metade dos pacientes comHIV estão imunes ao VHB.Palavras-chave: HIV, hepatite B, VHB.Financiamento: PIBIC/UFAC

Excesso de gordura corporal em pacientes com he-patite viral crônica B ou C

Autor: Kiara Gonçalves Dias Diniz

Introdução: A hepatite viral pode progredir de forma desfavorável navigência do excesso de gordura corporal. O estudo da composiçãocorporal de indivíduos infectados pelos vírus da hepatite B ou C sejustifica pelo aumento da incidência de obesidade na população mun-dial. Objetivo: Avaliar a composição corporal e determinar fatoresassociados ao excesso de gordura corporal em pacientes com hepa-tite B ou C crônica. Métodos: Trata-se de estudo transversal condu-zido no Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastro-enterologia do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universi-dade Federal de Minas Gerais. Peso, altura e dobras cutâneas (triciptal,biciptal, subescapular e suprailíaca) dos pacientes foram mensurados.Os pacientes foram classificados quanto ao percentual de gorduracorporal (%GC) a partir do somatório das dobras cutâneas e a equa-ção de cálculo da densidade corporal proposta por Durnin e Womersley(1974) e Equação de Siri. O %GC foi determinado conforme Lohman ecolaboradores (1991). O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado(peso/altura²) e classificado segundo a Organização Mundial de Saú-de (1998). Os dados de idade, sexo e tipo viral foram coletados em

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prontuário médico. Para análise de dados, foram utilizados o teste t deStudent, teste exato de Fisher e Qui quadrado (SPSS versão 17.0). Onível de significância adotado foi de 5%. Este estudo foi aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa da UFMG - COEP (ETIC 0404.0.203.000-10). Resultado: Foram avaliados 43 pacientes (média de idade 52 ±13,7 anos; 63% mulheres; 70,7% infectados pelo vírus da hepatite C).Oitenta e quatro por cento (n = 36) dos pacientes avaliados apresen-taram excesso de gordura corporal. Pelo IMC, 60,5% (n = 26) dospacientes possuiam excesso de peso corporal (IMC > 25 kg/m²), sen-do cerca de metade deles, obesos (IMC > 30 kg/m²; 32,6%; n = 14).Não foi observada associação da idade com o excesso gordura cor-poral (p > 0,05). Houve maior prevalência de excesso de gorduracorporal entre as mulheres (92,6%; n = 25) em relação aos homens(68,8%; n = 11), porém sem significância estatística (p = 0,06). Nãohouve diferença na prevalência de excesso de gordura corporal con-forme a infecção viral (p > 0,05). Conclusão: Grande parte dos paci-entes apresentaram excesso de gordura corporal, principalmente asmulheres. No cuidado aos pacientes infectados pelo vírus da hepatiteB ou C é essencial o aconselhamento sobre o estilo saudável de vida.A educação na direção de hábitos alimentares mais saudáveis é rele-vante e avaliação nutricional torna-se parte importante na assistênciaclínica desses indivíduos.

TEMA: HEPATITE C

Risco cardiovascular em pacientes portadores dehepatite crônica pelo vírus c não cirróticos

Autor: Stela Scaglioni MariniOrientador: Mário Reis-Álvares-da-Silva

Introdução: A associação risco cardiovascular (RCV) e infecçãocrônica pelo vírus C é desconhecida. Este estudo objetiva avaliar ainfluência da infecção do HCV no RCV utilizando o escore de cálciocoronariano (CACS), o qual não foi testado previamente nesta popu-lação. Pacientes e Métodos: Pacientes monoinfectados pelo HCV,sem tratamento, não obesos (IMC<30), não cirróticos e não diabéticos(n = 42) foram incluídos e comparados com controles (n = 34). Pacien-tes com diagnóstico prévio de doença arterial coronariana (DAC), hi-pertensão, insuficiência renal crônica, câncer e aqueles utilizandodrogas hipolipemiantes ou imunossupressores foram excluídos. RCVfoi avaliado através dos seguintes métodos: Escore de Framingham(FRS), proteína C reativa ultrassensível (PCR-US) e CACS. Resulta-dos: FRS e PCR-US foram similares entre HCV e controles (p = NS).Risco cardiovascular moderado ou elevado (CACS > 50) esteve pre-sente em 10/42 pacientes do grupo HCV (24%) contra 5/34 controles(15%) e após ajuste para IMC, HOMA, LDL, triglicerídeos e tabagismoesta diferença foi estatisticamente significativa (RP 5.2; 95% CI, 1.1-24) p = 0.036. CACS se correlacionou com FRS-71.4% dos pacientescom CACS > 50 apresentaram FRS ≥ 10 (p = 0.006). Níveis elevadosde ALT se correlacionaram com maior risco cardiovascular (p=<0.05).Conclusão: O risco cardiovascular foi maior em população bemselecionada de portadores de HCV quando comparada aos contro-les. Nossos dados sugerem que infecção pelo vírus da hepatite Cesteja associada ao aumento do risco cardiovascular avaliado atra-vés do CACS.

Autor: Patricia da Silva Fucuta PereiraOrientador: Maria Lúcia Gomes Ferraz

Introdução: A complexa relação entre ferro hepático e progressão dafibrose na hepatite C crônica, possivelmente mediada pela ativação decélulas estreladas hepáticas (CEH), bem como o impacto dos depósi-tos de ferro sobre a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) à

terapia antiviral permanecem inconclusivos. Objetivos: Avaliar a rela-ção entre concentração de ferro hepático (CHF) e ativação de CEH ea influência da CFH sobre a taxa de RVS. Métodos: Foram elegíveispara estudo das CEH pacientes com hepatite C crônica e biopsia hepá-tica com quantificação de ferro no tecido por espectrofotometria deabsorção atômica. Dentre estes pacientes, os que foram submetidos àterapia baseada em interferon e ribavirina (24 ou 48 semanas) foramincluídos para análise da relação entre RVS e CFH. Fibrose e atividadenecroinflamatória foram graduadas segundo a Sociedade Brasileirade Patologia. Pesquisa de CEH ativadas foi realizada por exame imuno-histoquímico com anticorpo contra α-actina de músculo liso; estas cé-lulas foram semiquantificadas de acordo com o escore de Schimitt-Graff et al. modificado, graduadas no compartimento lobular (zona 1 ezonas 2-3) e mesenquimal (espaço-porta/septos). Para identificarassociação entre as variáveis CFH, CEH ativadas, atividade necro-inflamatória e fibrose, utilizou-se o coeficiente de correlação deSpearman. CFH foi comparada entre pacientes com e sem RVS,empregando-se os testes Mann-Whitney e exato de Fisher; p < 0,05 foiconsiderado significante. Resultados: Foi possível determinação dasCEH em 73 pacientes. Correlação positiva foi encontrada entre CEHativadas e atividade necroinflamatória e fibrose, quando analisadas nazona 1, espaço-porta/septos e escore total de CEH ativadas, sendo amais forte associação encontrada no compartimento espaço-porta/septos: r = 0,63 e p < 0,001 para atividade periportal; r = 0,56 e p < 0,001para estadiamento. Não houve associação entre CEH ativadas e CFH,nos diversos compartimentos analisados (zona 1: r = -0,10 e p= 0,40;zonas 2-3: r = 0,08 e p = 0,49; espaço-porta/septos: r = -0,22 e p = 0,59).No estudo da relação entre RVS e CFH foram incluídos 50 pacientes,com média de idade 46 ± 10 anos; gênero masculino 60%; genótipo 1em 70%; CFH mediana 459 µg/g. Apenas um paciente (2%) apresen-tou CFH acima dos limites fisiológicos. RVS, analisada por protocolo,foi obtida em 18 dos 50 pacientes (36%). Não houve diferença naCFH entre os pacientes com e sem RVS (mediana de 556,8 µg/g e444,3 µg/g, respectivamente, p = 0,37). Na análise das diferentes faixasde CFH, verificou-se que dentre os 39 pacientes com CFH ≤ 800 µg/g, 28não responderam ao tratamento, conferindo a este nível de corte umvalor preditivo negativo de 72%. A diferença nas taxas de RVS deacordo com CFH ≤ ou > 800 µg/g alcançou significância estatística,p = 0,04. Conclusões: A CFH não se associou à maior ativação deCEH, a despeito da associação desta ativação com maior danohistológico hepático. Além disso, a CFH teve impacto positivo sobre aRVS. Assim, no contexto de limites fisiológicos, deve haver uma faixaótima de concentração do ferro, que seja benéfica para o hospedeirona sua relação com a infecção pelo vírus da hepatite C.

Prevalência e relevância das variantes genotípicasdos polimorfismos rs12979860 (C/T) e rs8099917(T/G) do gene IL28B em pacientes monoinfectadospelo HCV, coinfectados HCV/HIV e indivíduos nãoinfectados

Autores: Bruna C. Bertol1, Carlos E. B. Mello2, Alessandra M. A. Maciel2,Marcia M. A. Pires2, Simone Moreira1, Raquel F. L. Garcia1, Leslie E.Ferreira1, Mauro S. L. Pinho1, Paulo H. C. de Franca1

Orientador: Paulo Henrique Condeixa de França

1Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) – Joinville (SC), Brasil2Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) . Rio de Janeiro (RJ),Brasil

Resumo: A hepatite C e um problema de saude publica mundial, aco-metendo aproximadamente 170 milhoes de pessoas. Cerca de 80%dos infectados pelo vírus da hepatite C (HCV) evoluem para cronicidade,permanecendo sob risco significativo de desenvolvimento de cirrosee/ou carcinoma hepatocelular. O tratamento indicado para os portadoresdo genótipo viral 1 consiste de Interferon Peguilado-α associado aRibavirina por 48 semanas, objetivando o alcance da Resposta VirológicaSustentada (RVS), caracterizada pela manutenção da negativação do

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RNA viral por no mínimo seis meses apos o término da terapia. Osmedicamentos, entretanto, além de possuirem eficácia limitada, sãomuitas vezes mal tolerados devido aos efeitos adversos. A coinfecçãopelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é comum, uma vez queambos os vírus são transmitidos por via parenteral. É reconhecido queo HIV impacta o curso da hepatite C influenciando os níveis de RNA doHCV e o dano hepático. Fatores como o genótipo do vírus, carga virale variações genéticas relacionadas ao hospedeiro têm sido associa-dos com a capacidade de depuração do HCV. Ge et al. (2009), Thomaset al. (2009), Tanaka et al. (2009) e Rauch (2010) foram os primeiros aidentificar polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) próximos ao geneIL28B fortemente associados com a eliminação do HCV. Foi demons-trado que os genótipos rs12979860 C/C e rs8099917 T/T aumentamsignificativamente a taxa de resolução espontânea da infecção peloHCV, assim como a probabilidade de alcance da RVS, tanto em pacien-tes monoinfectados quanto em coinfectados. Além disso, Ge e colabo-radores (2009) verificaram que a frequência do alelo C do SNPrs12979860 encontrava-se significativamente reduzida no grupo depaciente portadores de hepatite C crônica em comparação com umgrupo de controles pareados (p < 2,5 x 10-6). Objetivo: Estimar aprevalência e relevância das variantes genotípicas dos polimorfismosrs12979860 (C/T) e rs8099917 (T/G) do gene IL28B em pacientesmonoinfectados pelo HCV, coinfectados HCV/HIV e indivíduos nãoinfectados, avaliando sua possivel influência quanto à instalação damonoinfecção pelo HCV e da coinfecção HCV/HIV. Métodos: Foramincluidos 198 indivíduos com evidência sorológica de ausência de ex-posição ao HCV e HIV (amostras residuais de sangue periférico dedoadores voluntários) e 215 pacientes com hepatite C crônica (amos-tras de sangue obtidas via punção digital), dos quais 164 monoinfec-tados e 51 coinfectados. A genotipagem consistiu em amplificação dosegmento gênico contendo os SNPs rs12979860 e rs8099917 via Re-ação em Cadeia da Polimerase (PCR) seguido de exposição às endo-nucleases Hpy166II e BsrDI, respectivamente, e análise dos padrõesde restrição gerados (RFLP). Os amplicons e fragmentos obtidos fo-ram separados via eletroforese em gel de agarose e registrados sobluz ultravioleta. As diferenças entre proporções foram testadas quan-to à significância através do teste do qui-quadrado e valores de Pinferiores a 0,05 foram considerados significativos. Resultados ediscussão: Dentre os indivíduos controle, 47,4% (90/190) apresen-taram genótipo rs12979860 C/C, 43,7% (83/190) C/T e 8,9% (17/190)T/T, enquanto 29,2% (62/212), 52,4% (111/212) e 18,4% (39/212) dospacientes apresentaram genótipo C/C, C/T e T/T, respectivamente. Afrequência do genótipo C/C do SNP rs12979860 mostrou-se significa-tivamente aumentada no grupo controle quando comparada ao grupode pacientes (P<0,05). O mesmo achado foi observado no estudo deSarrazin e colaboradores (2011), sendo demonstrada uma importantediferença estatística na distribuição do genótipo C/C entre pacientesportadores de hepatite C crônica e indivíduos controle, sugerindo queo genótipo desfavorável do SNP rs12979860 (T/T) predisponha osindivíduos ao desenvolvimento de infecção crônica. Segundo Shi ecolaboradores (2012), o efeito dos alelos do SNP rs12979860 sobre asuscetibilidade do hospedeiro à infecção pelo HCV permaneceinconclusivo, sugerindo a possibilidade de que as variantes possaminfluenciar a expressao do gene IL28B e, consequentemente, a produ-ção da citocina interferon lambda-3. Quanto ao polimorfismo rs8099917,67,2% (133/198) dos indivíduos controle apresentaram genótipo T/T,31,3% (62/198) T/G e 1,5% (3/198) G/G, enquanto 56,7% (122/215),40,0% (86/215) e 3,3% (7/215) dos pacientes apresentaram genótipoT/T, T/G e G/G, respectivamente. O genótipo T/T do SNP rs8099917mostrou-se significativamente mais prevalente no grupo controle quan-do comparado ao grupo de pacientes (p < 0,05). Nenhum dos autoresconsultados discutiu a distribuição e o impacto das variantes do SNPrs8099917 entre indivíduos controles e pacientes. Ao se desmembraro grupo de pacientes em monoinfectados (HCV) e coinfectados (HCV/HIV), novamente se verificou aumento significativo do genótipors12979860 C/C [Coinfecção – C/C: 22,5% (11/49); C/T: 67,3% (33/49);T/T: 10,2% (5/49). Monoinfecção – C/C: 31,3% (51/163); C/T: 47,8%(78/163); T/T: 20,9% (34/163)] nos indivíduos controle quando compa-rado ao grupo de pacientes (p < 0,05). O mesmo ocorreu com o genótipo

rs8099917 T/T [Coinfecção – T/T: 64,7% (33/51); T/G: 33,4% (17/51);G/G: 1,9% (1/51). Monoinfecção – T/T: 54,3% (89/164); TG: 42,0% (69/164); GG: 3,7% (6/164) (p < 0,05)]. Não houve diferenca estatistica-mente significativa na distribuição dos genótipos de ambos os SNPsavaliados entre pacientes monoinfectados pelo HCV e coinfectadosHCV/HIV. Conclusão: A frequência aumentada do genótipo C/C doSNP rs12979860 no grupo de indivíduos controle, assim como dogenótipo T/T do SNP rs8099917, corrobora com o papel protetor pro-posto para os alelos C e T respectivos quanto a instalação da infecçãopelo HCV, na ausência ou presença concomitante do HIV.

Associação entre crioglobulinemia e resposta viroló-gica sustentada em pacientes com infecção crônicapelo vírus da hepatite C

Autores: Aline Gonzalez Vigani1, Alexandre Macedo de Oliveira2,Raquel Tozzo1, Maria Helena Postal Pavan1, Eduardo Sellan Gonçales1,Viviane Fais1, Neiva Sellan Gonçales1, Fernando Lopes Gonçales Jr.1

1Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Departamento de Clínica Médicada Faculdade de Ciências Médicas, Disciplina de Moléstias Infecciosas, Grupo deEstudos das Hepatites Virais2Consultant in Epidemiology, Campinas, Brazil

Estudos prévios sugerem que entre pacientes com infecção crônicapelo vírus da hepatite C (VHC), crioglobulinemia pode influenciar aevolução da doença hepática e a resposta a terapia antiviral, no entantoessas associações ainda foram totalmente avaliadas. Nosso objetivofoi avaliar a relação entre crioglobulinemia e resposta viral sustentada(RVS) em pacientes tratados para a infecção crônica pelo HCV. Foramincluídos pacientes com infecção pelo HCV atendidos de janeiro de2003 a dezembro de 2006. Análises bioquímicas, detecção de crio-globulinemia e biópsias hepáticas foram realizadas antes do tratamen-to. Pacientes com infecção pelos genótipos 1 ou 4 receberam Peg-interferon (IFN) alfa-2a ou-2b durante 48 semanas; pacientes cominfecção pelos genótipos 2 ou 3 receberam IFN alfa convencionaldurante 24 semanas. Todos os pacientes também receberam ribavirina.Foram incluídos 329 pacientes, dos quais 242 (73%) eram do sexomasculino e a média de idade foi de 43 anos. Infecção pelo genótipo 1do VHC estava presente em 188 (57%) pacientes, pelo genótipo 2 em8 (2,4%), pelo genótipo 3 em 132 (40,2%), e pelo genótipo 4em 1(0,3%). O estágio de fibrose F0 foi identificado em 6 (1,8%) pacientes,F1 em 66 (20,1%), F2 em 139 (42,2%), F3 em 47 (14,3%) e F4 em 43(13,0%). Em 28 pacientes adicionais, o diagnóstico de cirrose foibaseada em parâmetros clínicos e laboratoriais apenas. Portanto,considerou-se um total de 71 (21,5%) pacientes com cirrose. A análisehistológica demonstrou como grau de atividade necroinflamatóriaausente (A0) em 10 (3,3%) pacientes, leve (A1) em 57 (19,0%), mode-rada (A2) em 154 (51,2%) e intensa (A3) em 80 (26,6%). Crioglo-bulinemia foi detectada em 196 (59,6%) pacientes; biópsia hepática foirealizada em 301 pacientes. A análise multivariada demonstrou associ-ação entre crioglobulinemia e necroinflamação hepática intensa (A3)(odds ratio ajustado [ORA] = 9,48, intervalo de confiança de 95% [IC]:1,50-59,92) e nível de fator reumatoide (FR) (AOR = 1,01, 95% IC:1,00-1,02). A análise multivariada demonstrou que as variáveis asso-ciadas com fibrose avançada foram idade, nível de aspartato amino-transferase e fosfatase alcalina, uso de álcool e presença de diabe-tes. A análise multivariada demonstrou que as variáveis associadascom RVS foram crioglobulinemia (AOR = 2,33, IC 95%: 1,26-4,32),ausência de cirrose (AOR = 4,5, IC 95%: 1,4-14,80), e nível de FR(ORA = 1,008, 95% IC: 1,001-1,014). Nossos resultados sugerem as-sociação entre crioglobulinemia e atividade necroinflamatória hepáticaem pacientes infectados pelo VHC. Também fornecem a primeira evi-dência de uma associação entre crioglobulinemia e maiores taxas deRVS, destacando o seu papel potencial como um fator prognósticopara a resposta ao tratamento.

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Moderna Hepatologia – Vol. 38 – Nº 2 – Jul/Dez 2012 101

Fenótipo do arco da alça V3 da GP120 do HIV-1 eprogressão da infecção pelo HIV em pacientes co-infectados com os vírus da imunodeficiência huma-na (HIV) e vírus da hepatite C (VHC)

Autores: Viviam Milanez Massolini1, Aline Aki Tanikawa1, Lenice doRosário de Souza2, Giovanni Faria Silva3, Maria Inês de Moura Cam-pos Pardini1, Rejane Maria Tommasini Grotto1

Orientador: Maria Inês de Moura Campos Pardini

1Laboratório de Biologia Molecular, Hemocentro, Faculdade de Medicina de Botucatu,UNESP, Botucatu, SP, Brasil2Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem, Faculdade deMedicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP, Brasil3Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP,Botucatu, SP, Brasil

Introdução: A coinfecção pelos Vírus da Imunodeficiência Humana(HIV) e Vírus da Hepatite C (VHC) é um evento frequente, sendo queaproximadamente 40% dos pacientes infectados pelo HIV apresentamtambém, infecção pelo VHC. A presença da coinfecção induz a um piorprognóstico de ambas as infecções, levando ao comprometimentohepático precoce e à rápida progressão para aids. No Brasil, foi descritauma variante do HIV do subtipo B, denominada B', caracterizada pelasequência de aminoácidos GWG no arco da alça V3 da gp120 emsubstituição à sequência GPG, mais frequente mundialmente entrevariantes do subtipo B. A presença da variante B' já foi associada a ummaior tempo entre a infecção e progressão para aids, conduzindo aum melhor prognóstico. Pouco se conhece sobre a presença destavariante viral em indivíduos coinfectados pelo VHC, bem como suaassociação com a progressão do HIV em indivíduos com ambas asinfecções. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar a correlaçãoentre a presença da variante B' do HIV em pacientes coinfectados peloVHC e, sua relação com a progressão da infecção pelo HIV. Casuísticae Métodos: Foram estudadas 674 amostras de pacientesmonoinfectados HIV (Grupo 1) e 75 amostras de pacientes coinfectadosHIV/VHC (Grupo 2). RNA viral extraído do plasma foi utilizado paraamplificação e sequenciamento da região C2-V3 da gp120 do HIV empacientes de ambos os grupos. As sequências obtidas foram utilizadaspara inferência do fenótipo do arco da alça V3. Os dados referentes àprogressão da infecção e evolução para aids foram avaliados utilizan-do os prontuários médicos dos pacientes incluídos no estudo. Resul-tados: Não houve diferença estatisticamente significativa entre osgrupos estudados e a frequência do fenótipo do arco da alça V3,assim como em relação à progressão para aids entre as variantescom fenótipo GPG ou GWG no grupo de pacientes coinfectados HIV/VHC. Conclusão: O efeito "protetor" decorrente da infecção pelavariante B' (GWG) do HIV-1 parece ser perdido em pacientescoinfectados, sugerindo então, que a presença do VHC pode, dealguma maneira, afetar a variante do HIV. Mais estudos devem serrealizados com o objetivo de compreender os mecanismos envolvi-dos neste processo.

Análise da relação entre o nível sérico de hormôniossexuais (sulfato de dehidroepiandrosterona, testos-terona total, testosterona livre e androstenediona)e o grau de fibrose hepática em pacientes com he-patite C crônica

Autor: João Marcello de Araujo NetoOrientadores: Cristiane Alves Villela Nogueira, Henrique SérgioMoraes Coelho, Renata Mello Perez

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UCFF) , Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro

Abreviações: S-DHEA: sulfato de dehidroepiandrosterona; ; IMC: Índice de mas-sa corporal; TAP: tempo de atividade de protrombina; GGT: gama-glutamiltransferase; FA: fosfatase alcalina; TSH: hormônio estimulante da tireoide

Objetivos: 1- Determinar os níveis séricos do sulfato de dehidro-epiandrosterona (S-DHEA), testosterona total, testosterona livre eandrostenediona em pacientes com hepatite C crônica. 2- Compararos níveis séricos hormonais nos pacientes com fibrose hepática levee avançada secundária à hepatite C crônica. Materiais e métodos:Trata-se de um estudo transversal com inclusão prospectiva de pa-cientes realizado exclusivamente no Hospital Universitário ClementinoFraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).A coleta de dados iniciou-se em outubro de 2009 e terminou emagosto de 2012. Foram convidados a participar da pesquisa todos ospacientes com hepatite C crônica encaminhados para realização debiópsia hepática percutânea no HUCFF por indicações próprias dosseus médicos assistentes. Nenhum paciente realizou biópsia hepáti-ca apenas com o intuito de participar da pesquisa. Após a obtençãodo termo de consentimento livre e esclarecido e a avaliação doscritérios de inclusão e exclusão, os pacientes passaram por avalia-ção clinica na qual foram obtidos dados sócio-demográficos eantropométricos. Em seguida, foram encaminhados para coleta desangue periférico para analise laboratorial. As biópsias foram avali-adas pela equipe de patologia do HUCFF visando quantificar o graude fibrose pela classificação de METAVIR (Bedossa, 1994) (Bedossa,1996). Por fim, os dados obtidos em todas as fases do processoforam analisados pelo pesquisador responsável a fim de obter dadosestatísticos. Resultados: Até o final da coleta de dados, 315 paci-entes foram incluídos na pesquisa. Um estudo piloto com a avaliaçãodo S-DHEA foi feito com os primeiros 35 pacientes e será descritoneste momento. As demais análises laboratoriais e estatísticas serãofeitas ao longo do mês de setembro de 2012 e estarão disponíveis naocasião do "Fórum de Jovens Pesquisadores" da Sociedade Brasilei-ra de Hepatologia. A média de idade dos pacientes foi de 51,72 anose houve grande homogeneidade em relação ao gênero (50,7% dehomens). Os resultados das biópsias hepáticas foram avaliados emrelação ao grau de fibrose que foi subdividido em leve (METAVIR 0 a2) e avançado (METAVIR 3 ou 4). A maioria dos pacientes (86,0%)apresentou fibrose leve. O S-DHEA foi medido através da técnicaImmunoassay. Quando foram comparados os valores médios de S-DHEA com o grau de fibrose (leve X avançada), o grupo com fibroseavançada apresentou menor valor médio de S-DHEA conforme tabe-la abaixo.

Conclusão: Há muitos tempo se estuda a relação entre a funçãoendócrina e o metabolismo do fígado (Loria, 2009). Nos últimos anos,surgiram evidencias de que os níveis séricos do S-DHEA variam con-forme o grau de fibrose em pacientes com doença hepática gordurosanão alcoólica (Charlton, 2008). Até o presente momento, nenhum estu-do avaliou o comportamento deste hormônio em pacientes com hepa-tite C crônica. Embora, o estudo piloto não tenha obtido significânciaestatística devido ao reduzido tamanho amostral, há uma importantetendência demonstrando que há variação inversa entre os níveisséricos de S-DHEA e o grau de fibrose hepática em pacientes comhepatite C crônica. Caso os dados do estudo piloto se confirmem aofinal desta pesquisa, pode-se inferir que de alguma forma o S-DHEAparticipe do processo de fibrogênese hepática. Dados recentes daliteratura (White, 2012) nos fizeram incluir também a análise de outroshormônios na presente pesquisa e que não estavam previstos naépoca do estudo piloto (testosterona total, testosterona livre eandrostenediona). Na ocasião do " Fórum de Jovens Pesquisadores",todos os dados deste estudo estarão disponíveis para apresentação.Bibliografia:Bedossa P. An algorithm for the grading of activity in chronic hepatitis C. Themetavir Cooperative Study Goup. Hepatology. 1996;24(2):289-93.Bedossa P. Intraobserver and interobserver variations in liver biopsy interpretationin patients with chronic hepatitis C. The French Metavir Cooperative StudyGroup. Hepatology. 1994; 20(1):15-20.

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Charlton M, et al. Low circulating levels of dehydroepiandrosterone in histologicallyadvanced nonalcoholic fatty liver disease. Hepatology. 2008;47(2):484-92.Loria P, et al. Endocrine and liver interaction: the role of endocrine pathways inNASH. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2009;6(4):236-47.White DL, et al. High serum testosterone is associated with increased risk of advancedhepatitis C-related liver disease in males. Hepatology. 2012;55 (3):759-68.

HOMA-AD na avaliação de resistência à insulina emindivíduos não cirróticos portadores de hepatite Ccrônica

Autores: Matheus Truccolo Michalczuk, Camila Rippol Kappel, OscarBirkhan, Ana Carolina Bragança, Mário Reis Álvares-da-Silva.Orientador: Mário Reis Álvares-da-Silva

Serviço de Gastroenterologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.

Objetivos: Há uma documentada associação entre HCV e resistênciaà insulina (RI), que é comumente avaliada através do HOMA-IR. Háevidências de que um novo índice, o HOMA-adiponectina (HOMA-AD)apresente melhor rendimento na avaliação de RI, especialmente empacientes com sobrepeso, porém o seu papel em indivíduos com HCVé desconhecida. O objetivo deste estudo foi avaliar a RI em uma amos-tra de portadores de hepatite C e controles, a fim de comparar aacurácia do HOMA-IR e HOMA-AD. Material e Métodos: Foram se-lecionados noventa e quatro pacientes ambulatoriais, com infecçãopor HCV documentada através de anti-HCV e RNA - PCR, com idadeinferior 60 anos, IMC< 30, sem diabetes melito ou consumo regular deálcool (definido ingestão superior a 40 gramas ao dia). Noventa e doisdeles (97%) foram genotipados, 73 (77%) tinham carga viral disponí-vel, e 89 (95%) foram submetidos à biópsia hepática. Os outros 5(5%) que não realizaram estudo anatomopatológico, não apresenta-vam sinais clínicos de cirrose (tempo de protrombina normal, escoreAPRI com pontuação <0,5 e uma ultrassonografia normal). O grupocontrole foi composto por 29 indivíduos recrutados no Banco deSangue do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. As seguintes variá-veis foram avaliadas: glicemia de jejum, insulina, adiponectina, e per-fil lipídico. A RI foi estimada pelos índices HOMA-IR e HOMA-AD.Foram excluídos pacientes com doença hepática concomitante, do-ença cardiovascular grave, insuficiência renal crônica, pancreatite,infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e evidênciade neoplasias malignas, incluindo carcinoma hepatocelular. Resulta-dos: Quanto às características demográficas, os grupos foram se-melhantes em relação ao sexo e IMC, porém, os pacientes HCV erammais velhos. O nível médio de insulina foi maior no grupo HCV [8,6 mU/ mL (6,5 - 13,7) x 6,5 (4,3 -1 0,7), p = 0,004], bem como a mediana doHOMA-IR [1,94 (1,51 - 3,48) 1,40 x (1,02 - 2,36), p = 0,002], e aprevalência de IR [38,3% vs 10,3% (p = 0,009)]. Não foram encontra-das diferenças nos níveis de adiponectina (p = 0,294) e HOMA-AD (p= 0,393). Conclusões: O vírus HCV está relacionado com RI, mesmona ausência de obesidade, DM e cirrose, e, essa relação parece serindependente da adiponectina. Pacientes com HCV, independente deapresentarem ou não fatores de risco para doenças metabólicas,devem ser avaliados quanto à presença de RI. Apesar de HOMA-ADser um método promissor para avaliar a RI em outras condições, nãopode ser recomendado para a avaliação de RI em indivíduos portado-res de hepatite C, não podendo, portanto substituir o HOMA-IR nessapopulação.

Avaliação dos polimorfismos do gene da interleu-cina-28B (IL-28B) na doença crônica do fígado cau-sada pelo vírus da hepatite C (HCV)

Autor: Luciano Beltrão PereiraOrientador: Leila Maria Moreira Beltrão Pereira

Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco

Objetivo: Nosso objetivo foi investigar as SNPs rs8099917 ers12979860 em pacientes infectados com o vírus da hepatite C (VHC)de genótipo 1 e genótipos 2 e 3 e associar essas SNPs com a respostavirológica precoce (RVP) ao tratamento com PEG-IFN alfa + Ribavirina.Método: Foram analisados, estratificados e genótipados 150 pacien-tes com VHC em tratamento com PEG-IFN alfa + Ribavirina atendidosem ambulatório de hepatologia de um centro de referência brasileiro e234 pacientes sadios como grupo controle. O VHC-RNA foi realizadona semana 12 para poder avaliar a resposta ao tratamento e dividir osgrupos em RVP e não RVP. As SNPs foram determinadas pelo uso doTaqman Real Time PCR podendo ser feito a genotipagem do IL28b. Foiutilizado o teste c² com correção de Yates através do programa EPinfo3.2 usando tabelas de contingência 2 x 2. Foi considerado significativop <0.05. Resultado: Em pacientes infectados pelo genótipo 1 doVHC a frequência do genótipo CC da rs12979860 foi fortemente as-sociado a RVP comparado a não RVP (-)40% vs 10% respectiva-mente (p = 6 x 10-4 OR OR 6.23 IC 2.00-21.32). Quanto a rs8099917,no grupo de VHC genótipo 1 o genótipo TT foi relacionado a RVPcomparado a não-RVP 79% vs 47% respectivamente (p= 3,1 x 10-3 OR4.05 IC 1.54-11.17). Nos genótipos 2 e 3 analisados nas 2 SNPs não seencontrou associação relevante. Conclusão: Os genótipos CC dars12979860 e TT da rs8099917 foram associados a RVP, predizendoa boa resposta ao tratamento quando considerados os pacientes degenótipo 1 do VHC. Esse estudo confirma a associação dos polimor-fismos do IL28b com RVP em pacientes brasileiros com o VHC emtratamento com Interferon alfa peguilado (PEG-IFN alfa) e ribavirina.Área do conhecimento: GastroenterologiaPalavras-chave: Interleucina -28b; Resposta virológica; Hepatite CApoio: Facepe/CNPq

Papel dos polimorfismos -238 A/G e -308 A/G dofator de necrose tumoral-alfa (TNF-a), -137 C/G e -607 C/A da interleucina-18 (IL-18), +874 A/T dointerferon-gama (IFN-g) e 14 pares de bases D/Ido HLA-G na progressão da fibrose hepática em pa-cientes com hepatite C crônica. 2011

Autor: Fernanda Fernandes SouzaOrientador: Ana de Lourdes Candolo Martinelli

Resumo: A hepatite C crônica é problema de saúde pública mundialcom potencial de evolução para cirrose hepática e carcinoma hepato-celular. A evolução para formas mais graves está relacionada a fato-res ligados ao vírus, ao hospedeiro e à interação vírus-hospedeiro. Osobjetivos foram avaliar em pacientes com hepatite C crônica: 1) aassociação dos polimorfismos -238 A/G e -308 A/G do fator de necrosetumoral-alfa (TNF-α), -137 C/G e -607 C/A da interleucina-18 (IL-18),+874 A/T do interferon-gama (IFN-γ), 14 pares de bases (pb) D/I doHLA-G e C282Y/H63D do gene HFE com taxa de progressão da fibrosehepática, gravidade da doença hepática e suscetibilidade à infecção;2) fatores de risco para progressão da fibrose hepática. Foram inclu-ídos 256 pacientes com hepatite C crônica e avaliados parâmetrosclínicos, bioquímicos, histológicos [fibrose, atividade necroinflamatória(HAI), esteatose e depósitos de ferro] e polimorfismos [-238 A/G e -308 A/G (TNF-α), -137 C/G e -607 C/A (IL-18), +874 A/T (IFN-γ), 14pb D/I (HLA-G) e C282Y/H63D (HFE)] pela técnica reação depolimerase em cadeia com iniciadores de sequência específica. Ava-liou-se o grau de fibrose hepática [leve: escores 1 a 3 (132 pacientes)e grave: escores 4 a 6 (124 pacientes)] e o tempo para o desenvolvi-mento de cirrose [fibrosantes lentos (tempo ≥ 30 anos: 150 pacientes)ou rápidos (tempo < 30 anos: 73 pacientes)]. Para comparação dospolimorfismos foram usados dois grupos controles de indivíduos saudá-veis da mesma região geográfica. Resultados: O genótipo AG [-308(TNF-α)] foi mais frequente no grupo fibrosante rápido [41% (29/71)]que no lento [26% (37/141)] [OR:1,94 IC(95%):1,06-3,55; (p=0,04)]. Osgenótipos AA, AG e alelo A [-308 (TNF-ααααα)] foram mais frequentes nospacientes com hepatite C crônica comparados aos controles [9% (21/245); 32% (79/245) e 25% (121/409) vs. 1% (3/202); 13% (26/202) e

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8% (32/404), (p=0,001); (p<0,001) e (p<0,001), respectivamente]. Ogenótipo AA e o alelo A [-607 (IL-18)] foram mais frequentes nos paci-entes com hepatite C crônica comparados com controles [14%(36/251) e 40% (199/502) vs. 6% (12/202) e 32% (129/404), (p=0,005) e(p=0,002), respectivamente]. Não houve associação dos polimorfismos-238 A/G (TNF-α), -137 C/G e -607 C/A (IL-18), +874 A/T (IFN-γ), 14pb D/I (HLA-G) e C282Y/H63D (HFE) com gravidade da fibrose hepá-tica ou tempo de evolução para cirrose. Análise multivariada mostrouque HAI ≥ 9, glicemia ≥ 110 mg%, contagem mais baixa de plaquetas eidade maior na época da biópsia hepática foram fatores independen-tes associados à fibrose grave, enquanto que idade na época da infec-ção ≥ 40 anos, idade maior na biópsia hepática, glicemia ≥ 110 mg%,esteatose hepática e contagem mais baixa de plaquetas foram fatoresde risco independentes para maior taxa da progressão de fibrose nahepatite C crônica. Conclusão: O genótipo AG [-308 (TNF-α)] foiassociado com maior taxa da progressão de fibrose na hepatite Ccrônica. Os genótipos AA/AG e o alelo A [-308 (TNF-α)] e o genótipoAA e alelo A [-607 (IL-18)] foram associados com suscetibilidade àinfecção pelo HCV. Foram fatores associados à maior taxa da pro-gressão de fibrose hepática: idade do paciente, glicemia, presença deesteatose hepática e contagem de plaquetas.

Impacto das hepatites virais em pacientes comtuberculose: oportunidade ímpar de diagnóstico esaúde pública

Autores: Carvalho FRC; Neto CDF; Nahmias DM; Assumpção I &Rocha CM

Universidade do Estado do Amazonas. Fundação de Amparo a Pesquisa noEstado do Amazonas (FAPEAM)

Introdução: Hepatoxicidade durante o tratamento de tuberculose (TB)ocorre em até 25% dos casos, com importante morbimortalidade(Thompson et al., 1995; Kimmoun & Samuel, 2002). Infecção pelosvírus das hepatites B (HBV) e/ ou C (HCV) contribuem para aumentodo risco de hepatite medicamentosa. No entanto, não ha recomenda-ção formal para realização de sorologias para hepatites virais, empacientes com indicação de terapia antituberculostática. Objetivos:Determinar a prevalência das hepatites B, C e D e os fatores de riscopara sorologias positivas em pacientes com TB. Metodologia: A pes-quisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidadedo Estado do Amazonas e desenvolvida na Policlínica Cardoso Fontes,referência estadual para diagnóstico e tratamento de TB no Amazo-nas, no período de agosto/2009 a março/2011. O recrutamento dospacientes ocorreu apos o diagnóstico de TB, ao início da terapêuticaespeciífica. Após assinarem termo de consentimento livre e esclareci-do, os mesmos responderam questionário sobre fatores de risco parahepatite virais e, em seguida, submetidos a coleta sanguínea, pararealização das sorologias virais HBsAg, anti-HBs, anti-HBc total, anti-HCV e anti-delta. Critérios de inclusão: ter diagnóstico de TB pulmonare/ou extrapulmonar e ser maior de 18 anos. Critérios de exclusão:contraindicação a procedimentos de venopunção ou coinfecção comHIV. Resultados e Discussão: Foram incluídos na pesquisa 119pacientes, sendo 66 (55,46%) do gênero feminino e 53 (44,53%) dogênero masculino, com mediana de idade de 46 anos, sendo a maioria(79%) natural do estado do Amazonas. Trinta e oito (31,9%) pacientesapresentaram sorologias positivas, enquanto 81(68%) tinham soro-logias negativas (tabela 1). Dos 38 pacientes com sorologias positi-vas, 10 apresentavam anti-HCV e/ou HBsAg reativos, totalizando 8,4%da amostra. Quando comparados aqueles sororreativos vs nãosororreativos, os sororreativos apresentaram mediana de idade maior(50,5 anos vs 32 anos, respectivamente, p <0,001), não houve dife-rença quanto ao gênero ou naturalidade. Quanto aos fatores de riscoanalisados, os pacientes sororeativos mais frequentemente tinhamhistória de etilismo e tinham histórico de cirurgias antes de 1992, comsignificância estatística, p = 0,008 e p = 0,004, respectivamente. Iden-tificamos altas taxas de sorologias positivas para hepatites virais, com

surpreendentes 5,9% de positividade para o anti-HCV e 3,4% para oHBsAg, contrastando com dados do ultimo inquérito nacional deprevalência de hepatites virais, que encontrou prevalência médianacional de 1,4% para anti-HCV e 0,4% para HBsAg. As taxas decoinfecção também são relevantes, dos quatro pacientes com hepati-te B, 50% apresentaram coinfecção com hepatite D e 25% com anti-HCV. Quanto aos fatores de risco identificados no estudo, o alcoolis-mo, reconhecidamente, faz parte do perfil epidemiológico tanto dashepatites virais quanto da tuberculose, assim como a exposição aprocedimento médico-odontológico tem sido considerado fonte de con-taminação para HBV e HCV, especialmente antes de 1992. Conclu-sões: Encontramos elevada prevalência de sorologias reativas parahepatites virais em pacientes com diagnóstico de tuberculose. Acoinfecção tuberculose e hepatites virais pode ter influência mútua namorbiletalidade, com importante impacto no manejo e tratamento. Suge-rimos rastreamento de rotina para hepatites virais naqueles com diag-nóstico de tuberculose.

Associação entre ângulo de fase, estadiamento dafibrose hepática, gravidade da cirrose hepática e daresistência à insulina de portadores de hepatite C

Autor: Mariana de Souza DornaOrientador: Giovanni Faria Silva e Marcos Minicucci

Objetivos: Objetivo geral: Investigar a associação entre o Ângulode Fase e o estadiamento da fibrose hepática, gravidade da cirrosehepática e a resistência à insulina dos pacientes portadores de hepa-tite C, acompanhados no Ambulatório de Hepatites Virais do Hospitaldas Clínicas da Faculdade de Medicina da UNESP – Botucatu. Objeti-vos específicos: 1) Avaliar a composição corporal e o estado nutri-cional dos pacientes portadores de hepatite C; 2) Avaliar se há corre-lação entre Ângulo de Fase e variáveis bioquímicas como aspartatoaminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), gama-glutamiltransferase (GGT), perfil lipídico e triglicerídeos. Material eMétodos: A gravidade da cirrose hepática foi estabelecida a partirdos escores de Child-Pugh e MELD. A resistência a insulina foi avali-ada segundo o escore de HOMA-IR. Foram avaliados os parâmetrosbioquímicos Colesterol Total e frações, transaminases hepáticas, egama-glutamiltransferase. O estadiamento da fibrose hepática foi feitopor biópsia hepática e classificado pelos critérios de METAVIR. Paraavaliação nutricional foi realizada aferição de peso, estatura, IMC, CB,CMB, AMB e PCT. A bioimpedância elétrica foi realizada para avaliaçãode composição corporal e obtenção do Ângulo de Fase. As análisesestatísticas foram feitas por média e desvio padrão para os dadosparamétricos e percentis 25 e 75 para os não paramétricos. Tambémforam utilizados os testes “t” de Student, Mann-Whitney, Spearman ecorrelação de Pearson. Foi utilizada a análise de covariância (ANCOVA)e curvas ROC. Os demais dados foram apresentados em valoresabsolutos e números de vezes o limite superior de normalidade (n° xLSN). O nível de significância adotado foi de 5% e as análises foramrealizadas com os programas Sistat e Sigma Stat for Windows v3.5(Systat Software Inc, San Jose, CA, USA) e Medcalc (7.2). Resulta-

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dos: O presente estudo avaliou 108 pacientes sendo 56,48% do sexomasculino, com idade média de 51,3 (± 12,1) anos e 76,85% portado-res do genótipo 1. A totalidade da amostra apresentou sobrepeso, deacordo com IMC. Ainda em relação a totalidade da amostra observa-mos correlação negativa entre CT, AST e GGT e Ângulo de Fase (p =0,024; p = 0,004 e p = 0,02 respectivamente). Quanto a amostra foiestratificada por grupos de fibrose mais avançada (F3 e F4) e menosavançada (F0 a F2) foi observado maior número de indivíduos nogrupo de fibrose avançada bem como menor valor de Ângulo de Fasenesse grupo (0,001). Valores de HOMA-IR e IMC também foram maioresnesse grupo (p < 0,001 e p = 0,05 respectivamente). Os valores da AST,ALT e GGT foram maiores no grupo de fibrose avançada (p < 0,001,p = 0,04 e p < 0,001 respectivamente). A CMB, no entanto, foi menor nogrupo de fibrose avançada (p = 0,04) enquanto a AMB permaneceumaior nesse grupo (p = 0,02). Análise de covariância foi realizada paraverificar se os valores do Ângulo de Fase, CB e AMB perderiam adiferença estatística quando ajustados por idade e gênero. Apenas oÂngulo de Fase perdeu a diferença estatística quando ajustado porgênero e idade. O teste de regressão logística mostrou que o Ângulode Fase foi efetivo para predição de progressão de fibrose (p = 0,031;OR 0,332; IC 0,122 - 0,904). No entanto, o mesmo teste não mostrouefetividade do Ângulo de Fase para predizer o escore de Child-Pugh eo teste de regressão linear múltipla também mostrou que o Ângulo deFase não foi efetivo para predizer o escore de MELD e a progressãodo índice de HOMA-IR. A amostra composta apenas por pacientescirróticos (n=66) foi predominantemente do sexo masculino (59%) equando estratificada entre Child A e Child B e C houve predominânciado genótipo 1 em ambos os grupos. Foi observada associação entreColesterol Total e LDL colesterol (p = 0,002 e p = 0,03 respectivamen-te). As análises de correlação feitas com o grupo de pacientes cirróticosem relação ao MELD mostrou correlação negativa para os parâmetrosde Colesterol Total e HDL colesterol (p = 0,003 e p = 0,01 respectiva-mente). Quanto a este escore, os pacientes do sexo masculino apre-sentaram maior gravidade ( n = 28; 9,5 (8,0 - 12,0; n = 21; 7,0 (7,0- 10,3) p = 0,002). E, em relação aos genótipos, os portadores dogenótipo não-1 apresentaram MELD maior, porém não estatisticamentediferentes (gtp-1 n = 37; 8,0 (7,0 - 10,5); gtp não-1 n = 12; 11,0 (8,0 -11,5) p = 0,07). Para determinar quais valores do Ângulo de Fase seriamcapazes de melhor separar os pacientes com maior e menor esta-diamento de fibrose hepática foram utilizadas Curvas ROC. Para atotalidade da amostra foi determinado valor de Ângulo de Fase ≤ 6,4°(p = 0,001, AUC 0,676, IC: 0,579 - 0,763). Para o sexo masculino, valorde ≤ 7,0° (p = 0,017, AUC 0,687, IC 0,555 - 0,800) e, para o sexofeminino Ângulo de Fase ≤ 6,4° (p = 0,002, AUC 0,737, IC 0,588 -0,854). Conclusões: O Ângulo de Fase foi preditor de fibrose avan-çada; o Ângulo de Fase não foi capaz de predizer a gravidade dacirrose hepática e do HOMA-IR. Observamos que nossa amostra écomposta por pacientes que se encontram na faixa de sobrepeso,porém houve maior quantidade de massa magra no grupo com fibroseavançada; Houve correlação negativa entre Ângulo de Fase e CT, ASTe GGT.

Depressão em pacientes com infecção crônica pelovírus da hepatite C

Autor: Maria Magalhães Vasconcelos GuedesOrientador: Edmundo Pessoa de Almeida Lopes

Resumo: Introdução: A hepatite C crônica ocorre em todo o mundo eestá associada a algumas complicações hepáticas e extra-hepáticas,sendo a depressão uma manifestação comum. Objetivo: Verificar aocorrência de depressão em pacientes com infecção crônica peloHCV, além de compará-la com aquela encontrada nos pacientes cura-dos. Métodos: Foram avaliados consecutivamente 58 pacientesinfectados pelo HCV e 24 controles curados, espontaneamente ouapós terapia antiviral. Foi aplicado a ambos os grupos um questionárioelaborado pelos pesquisadores com perguntas sobre dados pesso-ais, detalhes da infecção como forma de contágio, genótipo e tempo de

doença, além de comorbidades e resultados de exames laboratoriaisrecentes e de biópsia hepática. O diagnóstico de depressão foi estabe-lecido através da aplicação da Escala M.I.N.I. (Mini InternationalNeuropsychiatric Interview), versão brasileira 5.0.0. Resultados: aprevalência de depressão na amostra total foi de 28% e não houvediferença na ocorrência de depressão entre os grupos caso e controle(32,8% X 16,7%, p = 0,140). A única variável analisada que esteveassociada à maior ocorrência de depressão foi o sexo feminino (p <0,001). Conclusões: Na população estudada, a ocorrência de depres-são foi elevada, sendo mais frequente no sexo feminino, mas não seobservou diferenças entre os pacientes com infecção ativa pelo HCV eos curados.Palavras-chave: Hepatite C; Depressão; Manifestações extra-he-páticas do HCV

Efeitos do vírus da hepatite C sobre o risco cardio-vascular em pacientes infectados: um estudo com-parativo

Autores: Oliveira CP, Kappel CR, Siqueira ER, Lima VM, Stefano JT,Michalczuk MT, Marini SS, Barbeiro HV, Soriano FG, Carrilho FJ,Pereira LM, Alvares-da-Silva MR

Departamento de Gastroenterologia, Faculdade de Medicina, Universidade de SãoPaulo, São Paulo, BrasilInstituto do Fígado de Pernambuco, Pernambuco, Brasil.Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Serviço de Gastroenterologia, UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.

Objetivos: O papel do vírus da hepatite C (HCV) na patogênese daaterosclerose e eventos cardiovasculares ainda não é bem estabele-cido. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito direto do HCV no riscocardiovascular e correlacioná-lo com citocinas pró e anti-inflamatóriasem pacientes com HCV. Material e Métodos: Foram incluídos paci-entes infectados pelo vírus HCV, genótipo 1, sem tratamento prévio,não obesos (IMC < 30) e não diabéticos, comparados a controles

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(doadores de sangue). Poram excluídos pacientes com diagnósticoprévio de doenças cardiovasculares, hipertensão, insuficiência renalcrônica, câncer e uso crônico de drogas hipolipemiantes ou imunos-supressores. As variáveis avaliadas foram: idade, IMC, pressão arte-rial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), glicemia de jejum e perfil lipídico.Citocinas séricas (IL-6, IL-10 e TNF-α) e o escore de Framinghamtambém foram avaliados. Resultados: Dos 62 pacientes portadoresde HCV avaliados, 34 (54,8%) eram homens e nenhum deles estavafumando. Os escores de Framingham (mediana e percentis 25 e 75)foram 12% (6,5 - 14%), demostrando risco cardiovascular intermediá-rio em pacientes com HCV. Houve correlação direta entre escoreFramingham e Colesterol Total (p = 0,043) e PAD (p = 0,007). O HDLColesterol foi inversamente correlacionado com o escore de Framingham(p = 0,002). Pacientes infectados pelo HCV apresentaram níveis maiselevados de citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e TNF-α) em comparaçãoaos indivíduos do grupo controle (p < 0,0001), e a relação pró/anti-inflamatória, TNF-α/IL10 e IL-6/IL10 foi mais elevada em pacientes comHCV (p < 0,01). O escore de Framingham foi diretamente correlacionadocom os níveis de IL-6 e TNF-α, porém sem significância estatística.Conclusões: Pacientes infectados pelo vírus da hepatite C, não dia-béticos, não obesos e sem tratamento prévio apresentam riscocardiovascular intermediário, conforme demonstrado pelo escore deFramingham e níveis de citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e TNF).

Manifestações reumatológicas na hepatite C e aná-lise de polimorfismo HLA, HPA e indicadores deautoimunidade

Autores: Natália Bronzatto Medolago , Adriana Camargo Ferrasi, MariNilce Peres, Mariana Neres Vulcano, Iara Pinheiro Barcos, FernandaWinkcler, Rita de Cássia Siqueira Bruder, Adriana Polachini do Valle,Rejane Maria Tommasini Grotto, Maria Inês de Moura Campos Pardini,Oswaldo Melo Rocha, Giovanni Faria SilvaOrientador: Giovanni Faria Silva

Resumo. Objetivo: Verificar possíveis associações de indicadoresde autoimunidade e polimorfismos do HLA e HPA com manifestaçõesreumatológicas e parâmetros clínicos da doença. Material e Méto-do: Estudo transversal com 166 indivíduos portadores Hepatite C Crô-nica selecionados consecutivamente no Ambulatório de Hepatites Viraisda Disciplina de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculda-de de Medicina de Botucatu. Foram realizadas avaliações do históricopessoal, clínica mediante consulta com o doente, levantamento emprontuário e coletas e armazenagem de amostras sanguíneas afim dese obter tipagem HLA/HPA, valores de fator reumatoide e anti-ccp. Foideterminado um tamanho amostral mínimo de 160 pacientes pela fór-mula de Fisher e Belle, utilizando-se intervalo de confiança de 95%,precisão de 7% e uma proporção de 31% dos infectados com mani-festações reumatológicas. Foram incluídos pacientes com idade entre18 e 80 anos, com RNA VHC detectável e genotipagem do VHC; semtratamento prévio para hepatite (näives), com biópsia hepática ou di-agnóstico clínico/imagem de cirrose, que assinou TCLE. Foram exclu-ídos pacientes com coinfecção VHB/HIV, insuficiência renal crônica,doenças difusas do tecido conjuntivo outras doenças hepáticas comohepatite autoimune, hemocromatose, doença de Wilson, cirrose biliarprimária e colangite esclerosante primária. Considerou-se manifesta-ção reumatológica toda manifestação do aparelho locomotor não trau-mática e não congênita, a saber: artrite, artralgia, tendinite, tenossi-novite, bursite, mialgia, fraqueza muscular, fenômeno de Raynaud,alterações cutâneas, nódulo subcutâneo, sensações parestésicas,na ausência de outras doenças que possam desencadeá-las e cujacausa só possa ser a hepatite C. Resultados preliminares: Dos166 pacientes VHC positivos observados, 73% apresentam manifes-tações reumatológicas não atribuídas a doença autoimune. As maisprevalentes são artralgia (36%), mialgia (33%), fenômeno de Raynaud(30%), sensações parestésicas (29%), fraqueza muscular (28%),dor lombar (17%), alterações cutâneas (14%). Nódulo subcutâneo eartrite foram pouco presentes, respectivamente, em 2% e 11%. Dis-

cussão: A prevalência de manifestações reumatológicas na popula-ção mostrou-se maior do que já observado na literatura internacional(31%). Além disso, o estudo confirma dados observados na populaçãomundial, onde os sintomas mais prevalentes são artralgia (9 - 23%),mialgia (15 - 24%). Apesar dos sinais de artrite terem sido vistos emapenas 11% dos indivíduos avaliados, pode-se considerar um resul-tado expressivo, visto que a prevalência desta sintomatologia é de4%. Conclusões: Os resultados parciais demonstram um indicativoque a maioria da população com VHC positivo apresenta manifesta-ções reumatológicas. O resultado é fundamental para estimular estu-dos de prevalência na população brasileira, buscar associaçõesdesses sintomas com a hepatite C e verificar a suscetibilidade dosportadores à manifestações reumatológicas e se este fato pode serindicativo de um curso grave da doença.

A coinfecção pelo vírus da hepatite B (HBV) tem al-gum impacto na resposta ao tratamento da hepati-te crônica C (HCV) em pacientes em hemodiálise?

Autores: Wahle RC, Perez RM, Pereira PSF, Oliveira EMG, Emori CT,Uehara SNO, Melo IC, Silva ISS, Silva AEB, Ferraz MLGOrientador: Maria Lúcia Gomes Ferraz

Setor de Hepatites, Disciplina de Gastroenterologia, Universidade Federal de SãoPaulo (UNIFESP)

Introdução: A dupla infecção HBV/HCV é um achado comum entre ospacientes em hemodiálise. No entanto, há pouca informação sobre oimpacto do HBV em paciente com dupla infecção HBV/HCV quanto aresposta ao tratamento de pacientes infectados pelo HCV em hemo-diálise. Objetivos: Comparar a taxa de resposta virológica sustenta-da (RVS) ao tratamento com interferon (IFN) entre estágio final dadoença renal terminal (DRT) dos pacientes com dupla infecção HBV/HCV e aqueles com monoinfecção pelo HCV. Metodologia: Pacientescom HCV em doentes infectados em hemodiálise tratados com IFNforam incluídos no estudo. O tratamento foi indicado para pacientescom HCV RNA-positivos e biópsia mostrando hepatite de interface e/ou fibrose septal, independentemente dos níveis de ALT. Os pacientesforam tratados com 3 MU de IFN-alfa, 3x/semana em monoterapia para12 meses e aqueles com HBV evidência de replicação foram tratadoscom uma dose mais elevada de IFN. Os doentes coinfectados peloHBV/HCV foram comparados com doentes monoinfectados com HCV,em relação às características clínicas e bioquímicas, e as taxas deresposta virológica sustentada. Resultados: Ao todo, cento e onzeforam tratados (69% homens, com idade média de 45 ± 10 anos). Otempo médio em diálise foi de 7 ± 4 anos. O pré-tratamento ALT foielevada em 58% dos pacientes. Fibrose septal foi observada em 45%dos pacientes. A dupla infecção HBV/ HCV foi observada em 18 paci-entes (16%). A análise comparativa entre os coinfectados HBV/HCV emonoinfectados pelo HCV mostrou que não houve diferença entre osgrupos quanto ao sexo (p = 0,39), tempo em diálise (p = 0,09), pré-tratamento nível de ALT (p = 0,12), carga viral inicial (p = 0,95) eatividade necroinflamatory (p = 0,76). Pacientes coinfectados erammais jovens (38 ± 9 vs 46 ± 10 anos; p = 002) e mostraram umatendência a apresentar uma maior prevalência de fibrose septal (77%vs 52%, p = 0,06). Os índices de ALT foram maiores ao longo de todoo tratamento em pacientes coinfectados quando comparados aos mono-infectados atingindo uma diferença estatisticamente significamente noterceiro mês de tratamento (p = 0,04). A análise por intenção de tra-tamento demonstrou RVS de 56% entre os pacientes coinfectados ede apenas 18% em monoinfectados HCV - pacientes (p = 004). Con-clusão: Pacientes em hemodiálise com dupla infecção HBV/HCVapresentam uma taxa de RVS maior para o tratamento da hepatite Cem relação aos pacientes monoinfectados pelo HCV. É possível quefatores relacionados à resposta imune do hospedeiro e a interaçãoviral na vigência do tratamento com IFN possa explicar a melhorresposta terapêutica observada entre os pacientes com duplainfecção HBV/HCV.

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Hepatotoxicidade após terapia antirretroviral empacientes portadores do vírus da imunodeficiênciahumana (HIV), coinfectados com o vírus da hepati-te C (HCV)

Autor: Vicente Sperb AntonelloOrientador: Cristiane ValleTovo

Introdução: A introdução da terapia antirretroviral altamente ativaaumentou a expectativa de vida dos pacientes portadores de HIVsignificativamente, e, dessa forma, a doença hepática pelo HCV é hojeuma importante causa de morbimortalidade nestes pacientes. Estudossugerem que hepatite crônica pelo vírus C aumenta o risco de hepato-toxicidade por terapia antirretroviral. O objetivo do presente estudo éavaliar o risco e a incidência de hepatotoxicidade nos pacientes co-infectados com HIV e HCV, comparados com os monoinfectados peloHIV. Métodos: Foram acompanhados 30 pacientes coinfectados comHIV/HCV e 35 pacientes monoinfectados por HIV de agosto de 2008 aagosto de 2010, desde o início da terapia antirretroviral, a cada trêsmeses, com avaliação clínica e laboratorial. Resultados: Os pacien-tes coinfectados tiveram antes da introdução da terapia antirretroviralníveis médios de transaminases maiores que o grupo de monoinfectados(p < 0,001). Após o início da terapia antirretroviral, a magnitude deaumento dos níveis de AST e ALT foi maior no grupo de pacientescoinfectados com HCV, independente do tipo de antirretroviral em uso,comparado aos monoinfectados. Do total, 22 (73%) pacientes coinfec-tados apresentaram algum grau de hepatotoxicidade. Por outro lado,apenas sete (20%) pacientes monoinfectados desenvolveram algumgrau de hepatotoxicidade. Nenhum paciente em estudo apresentouhepatotoxicidade grave. O risco de um paciente desenvolverhepatotoxicidade quando coinfectado foi 3,7 vezes o risco de ummonoinfectado (RR 3.7; 95% IC, 1,8-7,4; p < 0,001). Conclusão: Opresente estudo demonstrou que os pacientes coinfectados estão emmaior risco para o desenvolvimento de hepatotoxicidade, porém o be-nefício clínico e imunológico da terapia antirretroviral é superior aorisco de hepatotoxicidade, raramente justificando a descontinuaçãoda terapia.

Hepatite C- Análise dos fatores de risco, exameslaboratoriais e de imagem, prognóstico, realizaçãode biópsia hepática e abordagem terapêutica no Sis-tema Penitenciário de Brasília/DF

Autor: Juliana Aparecida Santos Pereira.

Introdução: A OMS estima que 3% da população mundial seja acome-tida pelo vírus da hepatite C. Dois terços dos casos cursam com infec-ção crônica, sendo que 1/3 terão cirrose hepática em um períodoaproximado de vinte anos. Além disso, é a principal causa de trans-plante hepático e importante fator de risco para carcinoma hepatocelular.Trata-se de um grave problema social e de saúde pública. O rastrea-mento dos casos-fonte é primordial para implantação de medidas deprevenção e controle adequadas. Ainda há escassos relatos de pes-quisa e rastreio de hepatite C no sistema penitenciário no Brasil e nomundo. Objetivo: Estimar a prevalência de hepatite C em detentos doSistema Penitenciário do Distrito Federal; Conhecer os fatores de ris-co, exames laboratoriais e de imagem, critérios prognósticos, realiza-ção e análise da biópsia hepática e indicação terapêutica nos pacien-tes portadores de hepatite C do Sistema Penitenciário do Distrito Fede-ral. Metodologia: Estudo descritivo com corte transversal. Amostraconstituída por detentos portadores de hepatite C diagnosticados porcritérios sorológicos e confirmados por análise de PCR. Foram exclu-ídos apenas os detentos que não desejaram participar da pesquisa.Período compreendido para a revisão bibliográfica e coleta e análisedos dados foi de abril a setembro de 2011. Os instrumentos utilizadosforam revisão de prontuário – exames laboratoriais e ultrassono-gráficos, aplicação de questionário padrão operado por um mesmo

aplicador e realização e análise de biópsia hepática. Os dados foramanalisados e tabulados no Programa SpSS versão 1.8. Início apósaprovação no Conselho de Ética Médica/ FEPECS-DF. Todos os casosestudados foram submetidos ao Termo de Consentimento Livre e Es-clarecido. Resultados e Discussão: O total de casos obtidos foi de26 portadores de hepatite C após realização de anti-HCV e PCR RNAem 500 detentos do Distrito Federal (26/500=5,2%), no Intervalo deConfiança de 95%: 3,42 - 7,52%. Amostra constituída totalmente porcasos do sexo masculino. A idade média é 42,7 +/- 6,8 anos. Fatoresde risco em ordem decrescente de prevalência: exposição sexual(92,30%); drogas inalatórias (80,76%); tatuagens (76,92%); cirurgiaprévia (69,23%); drogas injetáveis (61,53%); pérfuro-cortantes(53,84%); hemotransfusões – todas após 1993 (23,07%) e acupuntura(3,84%). Nenhum voluntário referiu contato homossexual, piercing,hemodiálise anterior e transplante de órgãos. Em concordância com aliteratura, o genótipo predominante é o 1 (17/26, 65,38%), com subtipoA = 76,47%; n = 8 (30,76%) eram genótipo 3, subtipo A; genotipagemfoi inconclusiva em um voluntário. Foram analisadas coinfecções rela-cionadas a 3 DST's: HIV, hepatite B e sífilis. Os dois primeiros estãofortemente relacionados a piora do prognóstico, com intensificação dafibrose hepática. HIV n = 1 (3,84%) e n = 4 (15,38%) eram VDRLpositivo. Dados limitados de sorologia para HBV mostraram anti-HBcIgG reagente em n = 5 (19,23%). O uso de álcool maior que 40 g/dia eo tabagismo foram analisados com finalidade prognóstica. O etilismocom nível de evidência confirmado, enquanto o tabagismo ainda semuma relação definitivamente comprovada, ambos acometendo 12/26(46,15%) dos estudados. Valores de aminotransferases superioresao valor normal: TGO/AST em 17/26 (65.38%) e TGP/ALT em 20/26(76,92%). Dados ultrassonográficos realizados por um único radiolo-gista revelam hepatopatia crônica em 11/26 (42,30%), sendo 8/11(72,72%) com esteatose hepática associada; esteatose hepática iso-lada 4/26 (15,38%); normal 5/26 (19,23%); indisponíveis em 6/26(23,07)%. Biópsia hepática foi realizada em 24 voluntários: F0-1, 18/24(75,0%); F2, 4/24 (16,66%); F3, 2/24 (8,33%). Dois casos não realiza-ram biópsia hepática (um caso dispensável-HIV e um caso por recusaespontânea). O estudo das correlações entre fibrose hepática e acha-dos clínicos e laboratoriais selecionados da população de detentosestudada revela que, em decorrência do pequeno número de indivídu-os (n = 19 a 24) disponível para as análises multivariadas, o nível designificância estatística de p < 0,08 foi aceito. A tabela 1 evidencia ascorrelações em estudo. Inicialmente, modelos de regressão linearunivariada foram estimados para todas as variáveis de interesse. Asanálises significativamente associadas à fibrose hepática (p < 0,08)foram: tatuagem (ß = 1,253, p < 0,01); contagem de plaquetas (ß = -0,005,

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p < 0,075); TGO (ß = 0,013, p < 0,060) e APRI (ß = 0,648, p = 0,001). Nomodelo de regressão linear multivariada, tatuagem (ß = 0,406, p = 0,02)e APRI (ß = 0,804, p = 0,03) foram variáveis independentes que seassociaram significativamente com a fibrose para os pacientes porta-dores de hepatite C crônica estudados. Conclusão: O rastreio decasos fontes continuará até a totalidade de presos ser abrangida –superior a 6.000 detentos. Fatores de risco parenterais são prioritários.Genótipo 1 é o prevalente. Dois terços dos casos apresentam cargaviral elevada e alteração das transaminases. Metade com evidênciaultrassonográfica de hepatopatia crônica. Avaliação do método nãoinvasivo - APRI como substituto significativamente estatístico da biópsiahepática. Um quarto dos casos com indicação terapêutica (F > ou = 2).

Avaliação do perfil epidemiológico de hepatite C crô-nica em pacientes psiquiátricos atendidos no Hospi-tal Psiquiátrico Juliano Moreira em João Pessoa, PB

Autor: Marcos Martins Soares JúniorOrientador: Maria de Fátima Duques de Amorim

Resumo: Objetivos: O presente estudo tem como objetivo avaliar operfil epidemiológico de hepatite C crônica em pacientes psiquiátricosatendidos no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira em João Pessoa, PB.Material e Métodos: Período da Pesquisa: A pesquisa teve inícioem maio de 2012 e terminará em maio de 2013. Amostra Elegível: Apesquisa está sendo desenvolvida no Hospital Psiquiátrico JulianoMoreira. Os dados estão sendo coletados a partir dos registros dosprontuários de pacientes atendidos no próprio hospital pelo corpo clí-nico desse setor e que forem atendidos no período de maio de 2012 amaio de 2013. A população alvo é constituída de todos pacientes doHospital Psiquiátrico Juliano Moreira que tiverem diagnóstico de hepatiteC, no qual tenha sido detectado o anti-VHC reagente. Desenho doestudo: É realizado um estudo transversal. A escolha deste desenhodeve-se ao fato dos estudos transversais serem úteis para descrevero espectro clínico de uma afecção, estudar os efeitos das variáveissobre a saúde, e serem convenientes para examinar uma rede deconexões causais. Definição e classificação das variáveis: Variávelprimária – a variável primária relevante é o diagnóstico de hepatite C.Variáveis secundárias – as variáveis secundárias escolhidas são:faixa etária, sexo, cor da pele, antecedente familiar hepatite C, profis-são e grau de instrução. Coleta de dados: É realizada uma pesquisadocumental, utilizando-se como instrumento a pesquisa em registroclínico hospitalar dos pacientes que foram atendidos no hospital psi-quiátrico, sede desta pesquisa. Os dados são coletados através daconsulta ao registro de prontuários dos pacientes que iniciaram oatendimento no período da pesquisa. O instrumento da coleta de dadosé formulário no qual constará o resultado dos exames solicitados (anti-VHC e transaminases AST/ALT). Após a coleta de dados, os pesqui-sadores selecionam os casos de hepatite C, aplicando-se os critériosde inclusão preconizados na definição de caso. Tamanho da amostra:A amostra é composta pelos pacientes acompanhados no referidohospital psiquiátrico. Não se sabe a quantidade de pacientes com anti-VHC positivos neste serviço, já que de rotina tais exames diagnósticosnão são realizados no hospital, sendo necessário um convênio com oHospital Universitário Lauro Wanderley - UFPB para a realização dosmesmos. Após consultar a direção e médicos do serviço, estimamosque a população do complexo hospitalar seja em torno de 300 pacien-tes. Contudo, por não haver certeza deste valor, adotaremos um graude confiança de 95% e um erro amostral máximo de 5%. Sendo assim,a amostra significativa é calculada em 170 pacientes. Aspectos éti-cos: Por se tratar de uma pesquisa documental a partir de registrosclínicos e laboratoriais em prontuários, a identificação dos constituin-tes da amostra não será revelada, o que atende o princípio ético reco-mendado pela Resolução 196/96. (BRASIL, Conselho Nacional de Saú-de, 1996). A instituição psiquiátrica, sede da pesquisa, por meio demembro responsável, concede autorização por escrito para acompa-nhamento a indivíduos internados e em atendimento ambulatorial, senecessário, e ainda ao acesso de prontuários do serviço. Resulta-

dos parciais: Até o presente momento, tivemos uma análise aleatóriade 35 pacientes psiquiátricos internados no hospital Juliano Moreira,sendo estes distribuídos pelos diversos setores da Instituição, taiscomo, enfermarias masculinas e femininas, alas de adolescentes e depaciente senil, alas de internação por dependência química tanto mas-culinas quanto femininas. Dos 35 pacientes analisados, 16 tiveramanti-VHC reagente e 19 não tiveram sorologia positiva. Destes 16, 11são do sexo masculino e 5 do feminino. Do total anti-VHC reagente, 9são considerados pardos, 4 são negros e 3 brancos. Dessa amostraanalisada 3 tinham antecedentes familiares para hepatite C, 4 não tinhaantecedentes e em 9 prontuários nada constava. Em relação ao graude instrução 11 são analfabetos, 4 são alfabetizados e 1 tem primeirograu completo. Em relação à profissão, todas as cinco mulheres eramdona de casa, 7 trabalhavam como pedreiro em construção civil, 4nunca tiveram profissão. Já quanto à idade, os pacientes foram agru-pados por faixa etária: 0 - 18 anos, 19 - 30 anos, 31 - 50 anos, 51 - 65anos; 66 anos em diante. Dessa forma, 8 eram da faixa de 0 - 18 anos,5 de 19 - 30 anos, 2 de 51 - 65 anos e 1 acima de 66 anos. Conclu-sões: Este é o primeiro estudo epidemiológico de hepatite C crônicaem pacientes com doença mental no estado da Paraíba. Outros estu-dos nacionais e internacionais sugerem que a prevalência de hepatiteC em pacientes psiquiátricos é superior quando se compara com apopulação geral. Doenças mentais são um grande fator de risco, oqual poderia explicar maior prevalência. Observou-se neste início depesquisa que houve predominância para anti-VHC reagente para osexo masculino, pardos, analfabetos, profissões pouco valorizadas eremuneradas – baixa condição socioeconômica, faixa etária jovem.Entretanto, devemos ter cuidado na interpretação desses dados tendoem vista que esses 35 pacientes tiveram uma seleção aleatória, alémdo que a pesquisa ainda está no início e a amostra ainda é pequena.Dessa forma, é extremamente importante que haja mais estudos econtinuidade da pesquisa, que terminará em maio de 2013, para que seconclua o estudo epidemiológigo de hepatite C crônica em pacientespsiquiátricos, instigando a elaboração de outros estudos e que, apartir de estudos semelhantes, possam se desenvolver políticas desaúde no sentido de proporcionar um cuidado de saúde mais abran-gente e integrada para esses pacientes que tanto são marginalizadospela sociedade.

Prevalência de hepatite A e hepatite B em pacien-tes com infecção crônica pelo VHC em centro terciáriode tratamento no Brasil

Autores: Silva EF; Pessoa MG; Mazzo D; Oliveira CP1; Medeiros R;Carrilho FJOrientador: Mário Guimarães Pessôa

Departamento de Gastroenterologia, Faculdade de Medicina da Universidade deSão Paulo, São Paulo, Brasil

Introdução: Pacientes com infecção crônica pelo VHC e superinfecçãopelo vírus da hepatite A (VHA) ou o vírus da hepatite B (VHB) têm maiormorbi-mortalidade quando comparados com pacientes que apresen-tam infecção aguda somente pelo VHA ou VHB. A mortalidade associ-ada à hepatite A aguda pode estar particularmente elevada em pacien-tes com pré-existência de hepatite crônica causada pelo VHC. Poresta razão, a imunização ativa com vacinas contra HAV e HBV vem aser obrigatória nesta população, e consequentemente esta sorologiadeve ser determinada. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliara prevalência de marcadores sorológicos da hepatite A e hepatite B em1.000 pacientes com infecção crônica pelo VHC em nosso CentroTerciário de Tratamento. Resultados: Dos 1.000 pacientes, foi reali-zada sorologia anti-VHA IgG em 769, dos quais 692 foram positivos(90%). Dois destes pacientes soroconverteram após vacinação, e 77(10%) eram anti-VHA IgG negativos. Quando estratificamos pacientespor idade, o anti-HAV IgG foi encontrado em 71% dos pacientes entre20 a 29 anos, 67% entre 30 - 39 anos, 83% entre 40 - 49 anos, 91%entre 50 - 59 anos, 99% entre 60 - 69 anos e 100% entre 70 - 80 anos.

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Foi realizada sorologia para VHB (Anti-HBc IgG) em 852 pacientes. OAnti-HBC IgG foi negativo em 658 destes pacientes (77,2%), não de-monstrando contato com o vírus B. Destes, 67 pacientes (24,4%)receberam 3 doses da vacina, e 57/67 (85%) tornaram-se anti-HBspositivo (≥ 10 UI/mL). Dez pacientes (15%) não responderam ao es-quema padrão de vacinação. O anti-HBc IgG foi positivo em 194 paci-entes (22,8%) dos quais 8 pacientes (0,9%) eram HBsAg positivos, 65(7,6%) eram anti-HBc IgG isolado e 123 (14,4%) eram também anti-HBs positivos, demonstrando imunidade adquirida para o VHB. Quan-do estratificamos os pacientes por idade, o anti-HBc IgG foi encontra-do em 6,7% dos pacientes de 20 a 29 anos, 27,6% com 30 - 39 anos,19,7% com 40 - 49 anos, 24,6% com 50 - 59 anos, 22,8% com 60 - 69anos e 24,4% com 70 - 80 anos. Conclusão: Nosso estudo demons-trou que a prevalência do anti-VHA IgG é similar ao observado napopulação geral em nosso país, especialmente em pacientes idosos.No entanto, a prevalência de anti-HBc IgG foi maior em pacientes cominfecção crônica pelo VHC quando comparados à população geral depaíses ocidentais, sugerindo fatores de risco de infecção semelhan-tes pelo VHB e VHC, enfatizando a importância dos programas deimunização nesta população. Foi observado também que em nossopaís os pacientes com hepatite C crônica não estão recebendo manejoadequado sobre a vigilância da hepatite e da imunização ativa, deacordo com as diretrizes internacionais e locais, nos centros de aten-ção primária e secundária.

Progressão da fibrose e a resposta à terapêuticaantiviral na coinfecção VHC/HIV: avaliação do poli-morfismo do sistema HPA -1, -3 e -5

Autor: Natália PicelliOrientador: Maria Inês de Moura Campos Pardini

Introdução: A coinfecção pelos vírus da hepatite C (VHC) e da imuno-deficiência humana (HIV) é frequente. Embora as células alvo do VHCsejam os hepatócitos, as plaquetas transportam o vírus em indivíduosinfectados. No entanto, o receptor de entrada do VHC em hepatócitos,o CD81 não é expresso em plaquetas e, outras proteínas vem sendosugeridas como candidatas para a ligação do vírus às plaquetas. Asplaquetas expressam antígenos de superfície denominados HPA, al-guns dos quais residem em integrinas, proteínas de adesão celular jáassociadas a entradas de outros vírus em suas células alvo. Já foidemonstrada uma associação entre o alelo HPA-5b e a presença doVHC e uma associação do HPA 1a/1b com a evolução da fibrose. Noentanto, ambos os estudos foram realizados em pacientes mono-infectados pelo VHC. Embora a influência dos fatores genéticos dohospedeiro já tenham sido bem documentadas na infecção pelo VHC,na evolução da fibrose hepática e, na resposta ao tratamento, a maio-ria dos estudos apresenta como foco pacientes monoinfectados peloVHC. Assim, pouco se sabe sobre a influência destes fatores emindivíduos coinfectados VHC/HIV. Objetivo: A finalidade deste estudofoi avaliar uma possível associação entre os sistemas HPA -1, -3 e -5e progressão da fibrose hepática e/ou resposta ao tratamento antiviralem pacientes coinfectados VHC/HIV. Casuística e Método: DNAgenômico extraído de sangue total de 57 pacientes VHC/HIV positivosatendidos, atendidos no SAE de Infectologia "Domingos Alves Meira" edo Ambulatório de Hepatites da Disciplina de Gastroenterologia Clínicado Departamento de Clínica Médica, ambos da Faculdade de Medicinade Botucatu, UNESP, foi utilizado como fonte para genotipagem dossistemas HPA -1 e -3 pela técnica de PCR-SSP e HPA -5 pela técnicaPCR-RFLP. Grupo controle foi constituído por indivíduos não infectadose indivíduos monoinfectados reportados por Verdichio-Moraes e cola-boradores (2009). Resultados: O equilíbrio de Hardy-Weinberg foiusado para verificar a distribuição genotípicas e alélicas dos HPA -1 a-5 e o teste de x-quadrado foi usado para investigar uma possívelassociação entre genótipos e alelos HPA e características dos indiví-duos coinfectados. Não foram encontradas diferenças estatísticasentre o grupo de coinfectados VHC/HIV, monoinfectados HCV e nãoinfectados, em relação aos sistemas HPA estudados e as variáveis

analisadas, incluindo o foco do trabalho que é a evolução para fibrosee resposta ao tratamento. O nível de significância estatístico utilizadofoi de 0,05. Conclusão: O Polimorfimos dos Antígenos PlaquetáriosHumanos (HPA) já foi associado a diversas doenças, incluindo hepa-tite C e HIV. Diferenças estatísticas significantes em alguns estudosmostram uma real associação desse polimorfismo e a infecção daHepatite C e do HIV com as plaquetas. Um estudo anterior relacionouo aumento da frequência genotípica do HPA -1a1b em indivíduoscoinfectados VHC/HIV em relação a monoinfectados (Picelli et al., noprelo), e recentes estudos encontraram uma relação aumentada dogenótipo HPA -1a1b em indivíduos portadores de VHC, na progressãoda fibrose e resposta ao tratamento antiviral (Silva et al., 2012). Levan-do em consideração que nenhuma diferença estatisticamente signi-ficante (p > 0,05) foi encontrada, podemos considerar que essa rela-ção plaqueta/VHC foi perdida em pacientes coinfectados VHC/HIVsugerindo que o HIV possa interferir de alguma maneira na interaçãovírus plaqueta, torna-se um fator protetor para o invidíduo portador deambas as doenças.

Desenvolvimento de um sistema original simplificadopara a análise de polimorfismos relacionados aogene IL28B

Dissertação apresentada como requisito final para obtenção do título de Mestreno Programa de Pós-Graduação em Saúde e Meio Ambiente, na Universidade daRegião de Joinville - Univille

Autor: Simone MoreiraOrientador: Prof. Dr. Paulo Henrique Condeixa de França

Resumo. Introdução: Atualmente, a combinação de interferon alfapeguilado (PeglFN-α-2a/2b) mais ribavirina (RBV) durante 24 a 72 se-manas, constitui o tratamento preconizado para os pacientes comhepatite C crônica. No entanto, muitos pacientes, principalmente aque-les infectados pelo genótipo 1 do HCV, não alcançam a RespostaVirológica Sustentada (RVS), definida como ausência de RNA viral nosoro seis meses após o final do tratamento. Uma ampla investigaçãodo genoma humano identificou variantes genéticas fortemente associ-adas com a resposta ao tratamento da hepatite C (Ge et al., 2009).Particularmente, dois Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNP), deno-minados rs12979860 e rs8099917, localizados próximo ao gene IL28Bno cromossomo 19, foram associados à RVS. Objetivo: O presenteestudo teve por objetivo desenvolver um sistema original simplificadopara a análise dos SNPs rs12979860 e rs8099917 capaz de ser utili-zado na prática clínica. Material e Métodos: As amostras de sangueforam coletadas no Hemocentro de Joinville/Brasil, sendo realizada, aseguir, a extração do DNA genômico. Para o desenvolvimento da Reaçãoem Cadeia da Polimerase (PCR) convencional pretendida, obteve-se omapa gênico e os loci de interesse, com auxílio das sequências dispo-níveis no GenBank. Utilizando-se o software Primer3 v.0.4.0, foramdesenhados dois pares de primers para amplificação dos segmentosgênicos contendo os SNPs selecionados. Para a definição dosgenótipos, foi estabelecida a técnica de análise de Polimorfismo deComprimentos de Fragmentos de Restrição (RFLP), tendo sido identi-ficadas endonucleases capazes de distinguir as variantes pesqui-sadas na base de dados online REBASE. Algumas amostras repre-sentativas foram submetidas à técnica de sequenciamento automa-tizado para a validação da metodologia proposta. Resultados: Atermociclagem foi definida com vistas à amplificação simultânea dosdois loci investigados. Após a PCR, os amplicons foram digeridos pelasendonucleases respectivas selecionadas (Hpy166II - rs12979860 eBsrDI - rs8099917). Os padrões genotípicos observados através daPCR-RFLP desenvolvida foram comprovados pelo sequenciamento.Conclusões: Todos os genótipos correspondentes aos SNPs inves-tigados – rs12979860 (C/C, C/T e T/T) e rs8099917 (T/T, T/G e G/G) –foram identificados. Portanto, o método proposto constitui uma técnicasimples e confiável para a determinação dos principais SNPs do geneIL28B, permitindo sua utilização nos laboratórios de apoio associados

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aos centros de tratamento de hepatite C. Assim, em conjunto comoutros marcadores clínicos e laboratoriais, a genotipagem simplificadados SNPs do gene IL28B permitirá maior confiabilidade na predição deresposta ao tratamento baseado em IFN em pacientes com hepatite Ccrônica.Palavras-chave: Hepatite C; IL28B; Polimorfismos de nucleotídeo único

Este trabalho foi publicado recentemente na revista Journal of Virological Methods(vol. 184) sob o título "A straightforward genotyping of the relevant IL28B SNPs forthe prediction of hepatitis C treatment outcome".

Influência da tecnologia educacional na avaliaçãodo conhecimento de portadores de hepatite c crônicasobre sua doença e aderência ao tratamentoantiviral

Autor: Mariana Vulcano NeresOrientador: Prof. Dr. Giovanni Faria Silva

Projeto de Dissertação de Mestrado a ser apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu,área de concentração: Aspectos Fisiopatológicos, Diagnósticos, Clínicos eTerapêuticos de Doenças em Medicina Interna Botucatu, 2012

Resumo: A literatura tem evidenciado a importância de programaseducacionais para a orientação dos pacientes acerca da doença edo tratamento como recurso para melhorar a adesão. Com a educaçãodos portadores de hepatite C é possível reduzir complicações impor-tantes e, conseqüentemente, obter a melhoria da qualidade de vida.Como a educação para a saúde é uma tarefa que requer conheci-mentos, dedicação e persistência, é de responsabilidade de cadaintegrante da equipe de saúde. Como parte essencial do tratamento,constitui-se em direito e em dever do paciente e dos profissionaisresponsáveis pela promoção da saúde. A hepatite C é caracterizadapor ser uma doença viral do fígado causada pelo RNA-vírus flavivírus(HCV). A hepatite C exige cuidados, devido à inexistência de vacinae limitações do tratamento, e à sua alta tendência para a cronicidadeque complica eventualmente em cirrose hepática. É uma das doençasque mais tem chamado a atenção de estudiosos da área de saúdenos últimos anos. Os crescentes custos dos serviços de saúde têmcolocado em evidência a importância da educação sobre práticassaudáveis, programas educacionais e políticas de prevenção quepermita uma intervenção integral, aumento dos índices de adesão atratamentos e redução do impacto da doença sobre o funcionamentoglobal do indivíduo. Assim, a importância de planejar atividadeseducativas para pessoas portadoras de doença crônica justifica-se,pois, apesar dos grandes avanços tecnológicos em relação aodiagnóstico e ao tratamento, um alto percentual delas não adere aotratamento preconizado.(1) Frente a essa problemática, observa-se aimportância da investigação dos efeitos da utilização de um materialeducativo, que poderá melhorar os níveis de conhecimento sobre aenfermidade, proporcionar um melhor autogerenciamento dotratamento de pacientes com hepatite C e, em última instância, promo-ver mudanças nos índices de adesão ao tratamento. Objetivo: Avaliaro conhecimento dos pacientes portadores de hepatite C crônicaacerca de sua doença e sua adesão ao tratamento com interferonpeguilado mais ribavirina; antes e após a implementação do materialeducativo. Material e Métodos: Este estudo será desenvolvidomediante delineamento experimental, prospectivo, com pré e pós-teste. Idealizado para se realizar em três momentos distintos, incluirátécnicas quantitativas de coleta e análise de dados. O estudo contarácom a participação de aproximadamente 70 pacientes adultos, comdiagnóstico confirmado de hepatite c crônica, que nunca trataram eestarão iniciando tratamento com uso do interferon peguilado maisribavirina conforme o Protocolo Clínico do Ministério da Saúde.(41) Osparticipantes serão acompanhados em um ambulatório de especiali-dades do Hospital das Clínicas da UNESP de Botucatu/SP, neste am-bulatório é desenvolvido um programa específico para essa clientela,e por isso é denominado Ambulatório de Hepatites Virais da

Gastroclínica. Os sujeitos desta pesquisa deverão ser alfabetiza-dos, com escolaridade mínima equivalente ao ensino fundamental. Ocritério da alfabetização será relevante para definir o repertório deconhecimento dos participantes, presumindo que tal critério possaminimizar efeitos relacionados a dificuldades de compreensão dasregras estabelecidas para o tratamento. Os questionários utilizadospara coleta de dados foram: Roteiro de entrevista – descrição deinformações que o paciente já possuía sobre a doença, relacionadasà etiologia, tratamento e prognóstico da doença; Teste de conheci-mentos sobre o tratamento da hepatite C – objetivou avaliar o nível deconhecimento dos participantes sobre a hepatite C e seu tratamento;Inventário de adesão ao tratamento – identificar os comportamentosde adesão emitidos pelos participantes em sua rotina diária, por meiodo autorrelato; Roteiro de avaliação do material educativo – verificarse elementos como: tamanho de letra, linguagem, ilustrações,informações claras e coerentes com as oferecidas pela equipe desaúde contidas no manual são compreensíveis e adequados; Materi-al para coleta de dados – para a presente pesquisa, objetivando queo manual fosse um instrumento adaptado para esse estudo, o mesmofoi elaborado em formato de história em quadrinhos, com todos osaspectos referentes à doença, ao tratamento e ao cuidado multipro-fissional a que o paciente estará sujeito. A coleta de dados foi realizadaem três momentos do tratamento: Momento I (início do tratamento),Momento II (12ª semana de tratamento), Momento III (24ª semana detratamento). Resultados parciais: O estudo conta com a participa-ção de setenta (70) pacientes adultos, portadores de Hepatite CCrônica, sem tratamento anterior, com idades entre 24 a 68 anos, 40homens (M = 46,5; DP = 9,3) e 30 mulheres (M = 49,5; DP = 11,7), comdiagnóstico confirmado pelo período de 1 (um) mês a 27 anos. Osparticipantes são alfabetizados, e o nível de escolaridade variou doensino fundamental incompleto ao superior completo, quanto à distri-buição demográfica dos sujeitos da pesquisa, 3 participantes sãoresidentes no estado do Mato Grosso do Sul, 1 (um) no estado do RioGrande do Sul, 2 no Estado do Pará e 64 residem no estado de SãoPaulo. Quanto à ocupação, 44 participantes estão ativos profissio-nalmente e 17 estão inativos. Até o momento foram analisados os 30primeiros pacientes que responderam aos questionários do Teste deConhecimentos sobre o tratamento da hepatite C no Momento I e noMomento II do estudo, os dados foram emparelhados e os resultadosaté então são satisfatórios, pois demonstram um alto índice de absor-ção de conhecimentos sobre a doença (87%) e seu tratamento. Maisde 50% dos pacientes aumentaram sua pontuação em até 3 pontos.Na questão sobre forma de contaminação, prevaleceu a respostatransfusão de sangue com percentual de 31,4%, seguido por nãosabe (17,1%) dentre outros fatores como acidente de trabalho, usode drogas, cirurgia, seringas de vidro, hemodiálise, tatuagem, trans-missão vertical e uso de gluconergan. Na questão referente a sinto-mas, 52,9% relataram ser assintomáticos, o que confirma relevânciacom a literatura. Quando questionados sobre recursos utilizadospara informação sobre a doença, 47,1% (n=30) buscaram orientaçãona Internet, e 34,3% não procuraram esse conhecimento. Conclusão:Os temas apresentados nesta pesquisa são interligados: a compre-ensão que o indivíduo possui sobre a doença é fundamental para suaadesão ao tratamento e seu maior conhecimento sobre a patologiaque abriga. Parte-se do pressuposto que o conhecimento sobre ques-tões básicas acerca da hepatite C é o primeiro passo para umaparticipação mais ativa e, consequentemente, mais efetiva do pacienteem seu tratamento. Dificuldades de adesão pode ser conseqüênciado desconhecimento ou incompreensão das orientações repassa-das pelas equipes de saúde. Vários estudos na área da saúde têmevidenciado a proposição de intervenções educativas direcionadasao paciente diabético objetivando a prevenção de complicações atra-vés do autogerencimento da doença, o que possibilita ao pacienteconviver melhor com a condição. O uso de materiais educativos emcontexto de saúde tem sido um aliado importante no processoeducativo. Porém, não basta somente entregar ao paciente um exem-plar do mesmo. É preciso que o profissional de saúde explique oconteúdo do material gráfico junto ao paciente para que as informa-ções sejam melhor compreendidas e memorizadas. Assim, as ativi-

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dades realizadas até o momento facilitaram o contato com o paciente,pois o manual educativo tornou-se um meio acessível e agradável paraque se desenvolvesse uma comunicação entre profissional de saúde- paciente.Palavras-chave: Hepatite C; Educação em Saúde; Equipe Inter-disciplinar de Saúde; Adesão ao tratamento; Tecnologia educacional

TEMA: DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSANÃO ALCOÓLICA

Autor: André Vinícius de Assis FlorentinoOrientador: Helma Pinchemel Cotrim

Resumo: Objetivos: Estudar as características clinicas da doençahepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e da síndrome metabólica(SM) em mulheres menopausadas. Material e Métodos: estudo trans-versal conduzido entre abril de 2009 e abril de 2011, incluiu 292 mulhe-res menopausadas (MMP) submetidas ou não à terapia de reposiçãohormonal (TRH) provenientes dos ambulatórios do Sistema Único deSaúde (SUS) e da rede privada. O status menopausal foi definido comoa cessação da menstruação por um período igual ou superior a 12meses. Estas MMP responderam a um questionário, submeteram-se aexame físico, ultrassonografia de abdome superior (US) e a exameslaboratoriais. Critérios para DHGNA: ingestão alcoólica < 20g/dia; exclu-são de outras doenças hepáticas (vírus B, C, autoimune, metabólicas);presença de esteatose em US. Critérios para SM: definidos segundo oNCEP ATP-III. A resistência insulínica (RI) foi considerada quando o HOMA-IR ≥ 3. Os dados foram processados e a análise foi realizada através doprograma SPSS 2008. As variáveis contínuas foram apresentadas emmédia e desvio padrão; as categóricas em frequências e percentuais. Oteste t de Student foi utilizado para a comparação de médias entre doisgrupos. Os testes Exato de Fisher e Qui-quadrado foram usados paratestar associações entre variáveis categóricas. A análise de variânciaOne-Way foi usada para comparar médias de quatro grupos, isto foiseguido por teste de Bonferroni post hoc. A análise de regressão logísticafoi utilizada para o estudo de fatores prognósticos e para obter o OddsRatio ajustado e seu exato intervalo de confiança de 95%. Todas ascomparações feitas foram bicaudais, o valor de p foi calculado e oníveis de significância foi ajustado para menor que 0,05. Resultados:a média de idade das participantes foi 56,5 ± 7. Cinquenta e três(21,1%) das mulheres usavam TRH (Grupo G1), e cento e noventa eoito (78,9%) não referiram uso (Grupo G2). A prevalência de DHGNAna amostra estudada de 37,1%, sendo menor no grupo G1 – 15% (14/93) do que no grupo G2 – 85% (79/93). As MMP do G2 com e semdiagnóstico de DHGNA apresentaram altas taxas de sobrepeso, obe-sidade e resistência insulínica quando comparadas as do grupo G1. Afrequência de síndrome metabólica no grupo total foi de 39,8% (100/251), sendo mais elevada nos pacientes com DHGNA sem uso de TRH(Tabela 1).

resistência insulínica foram também significativamente mais elevadasnas menopausadas que não faziam reposição hormonal. Os resulta-dos mostram a importância da DHGNA e da SM na menopausa, e aindaapontam para um possível efeito protetor da TRH contra o desenvolvi-mento dessas condições nessa população de mulheres.

Autor: Crimério Ribeiro dos Santos JúniorOrientador: Helma Pinchemel Cotrim

Objetivo: Alterações de enzimas hepáticas e exercício físico regulartêm sido tema de discussões recorrentes na literatura e na clínica.Esse trabalho teve interesse em estudar o assunto investigandopossíveis correlações entre: a) níveis séricos de aminotransferases(ALT/ AST), gama glutamiltranspeptidase (GGT) e exercício físicoregular; b) indicadores antropométricos e essas enzimas; c) marca-dores de agressão muscular e enzimas. Métodos: Estudo analíticode corte transvesal, que avaliou alunos regulares de academias deginástica, de ambos os sexos, com idade entre 18 - 45 anos, praticantesde exercício aeróbico e/ou musculação com frequência semanal > 3dias, por período > 6 meses entre junho/2010 e julho/2012. Osparticipantes foram entrevistados, submetidos a avaliação antro-pométrica e exames clínico-laboratoriais (AST, ALT e GGT, CPK, perfillipídico, glicemia, AgHBS e anti-VHC). Foram excluídos: indivíduos comhistória de ingestão alcoólica > 60 g/dia ou 3 X semanais; fumantes;indivíduos expostos a petroquímicos; usuários de drogas ou anabo-lizantes. Conforme distribuição dos dados, teste de correlação linearde Pearson ou Spearman para avaliar a relação entre as variáveis. Ostestes Qui Quadrado de Pearson e exato de Fisher foram usados paraavaliar possíveis associações entre as variáveis. São apresentadas amédia e desvio padrão ou frequências absoluta e relativa das variáveis,adotando-se 5% como nível de significância na análise estatística.Resultados: Entre 173 avaliados, 128 preencheram critérios paraparticipar do estudo. Todos os participantes eram AgHBs e anti-VHCnegativos. Os indicadores antropométricos e bioquímicos estão descritosna tabela 1.

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O modelo de regressão logística multivariado mostrou que os fatoresprognósticos para DHGNA foram: presença de Síndrome Metabólica,HOMA-IR ≥ 3 e obesidade. (Tabela 2). Conclusões: Foi elevada afrequência de DHGNA em MMP; essa frequência foi maior nas mulhe-res que não usavam TRH; observou-se que síndrome metabólica e

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Verificaram-se níveis elevados das enzimas hepáticas em 8% da amos-tra (n = 10): AST em 6; ALT em 1; GGT em 2; ALT e AST em 1 indivíduo.O IMC apresentou forte correlação apenas com circunferência dacintura (r = 0,84; p < 0,01) e fracas com percentual de gordura (r =0,24; p < 0,01) e as enzimas, ALT (r = 0,20; p = 0,03), AST (r = 0,21; p= 0,02), GGT (r = 0,21; p = 0,02) e CPK (r = 0,21; p = 0,02), assim comoentre a circunferência da cintura e as enzimas ALT (r = 0,22; p =0,01), AST (r = 0,34; p < 0,01), GGT (r = 0,38; p < 0,01) e CPK (r = 0,30;p < 0,01). O percentual de gordura corporal apresentou fracacorrelação positiva com ALT (r = 0,20; p = 0,02) e negativa com GGT (r= -0,21; p = 0,02). Separados por gênero, observa-se uma amostrapredominantemente composta por indivíduos do sexo masculino.Indicadores antropométricos, de agressão hepática (AST/ALT) emuscular (CPK) estão descritos na tabela 2.

1. Mestre, Médica do Serviço de Gastroenterologia da Universidade Federal deUberlândia (UFU), Uberlândia, MG.2. Doutora, Professora adjunta da Faculdade de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),Uberlândia, MG.3. Pós-doutorado, Professora associada da Faculdade de Medicina da Bahia,Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde da Univer-sidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA.4. Mestre, Médico do Serviço de Gastroenterologia da Universidade Federal deUberlândia (UFU), Uberlândia, MG.5. Professor titular de Gastroenterologia da Universidade Federal de Uberlândia(UFU), Uberlândia, MG.

Resumo: Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar prospec-tivamente a acurácia do parâmetro ultrassonográfico Razão Hepator-renal (RHR) para gradação da esteatose em pacientes com DoençaHepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), utilizando a biópsia he-pática por agulha como referência padrão. Métodos: Trata-se deestudo observacional, com coleta prospectiva de dados, realizado emum único centro de pesquisa. Os voluntários que aceitaram participarda pesquisa foram incluídos consecutivamente. O protocolo de pesquisafoi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa local (registro 065/08) e foram incluídos somente aqueles voluntários que assinaram termode consentimento livre e esclarecido após esclarecimento verbal.Avaliação clínica e laboratorial, ultrassonografia (USG) e biópsiahepática foram realizadas em 42 pacientes com DHGNA. Os critériosde inclusão foram voluntários de 18-70 anos de idade, de ambos ossexos, com presença de esteatose verificada pela USG convencionalde acordo com os critérios já estabelecidos. Também foram estudadosoutros quarenta voluntários sem esteatose à USG, e sem fatores derisco para DHGNA. Este grupo foi incluído com base em seu estilo devida, nenhum fator de risco para DHGNA, ingestão alcoólica nenhumaou mínima e nenhum sinal característico de resistência insulínica. Oscritérios de exclusão foram: Ingestão de álcool significante > 140 g/semana para homens e > 70 g/semana para mulheres; hepatites viraisB ou C; outras doenças hepáticas; hipertensão portal, ascite, insu-ficiência hepática; distúrbio de coagulação sanguínea; cardiopatias,isquemia aguda coronariana, cerebral ou periférica; insuficiênciarespiratória; nefropatia, rim direito ectópico ou ausente; lesõeshepáticas focais; lesões renais focais; gravidez e lactação. Para obteruma medida numérica da intensidade dos ecos, foram utilizados oshistogramas. Regiões de interesse (ROIs) de aproximadamente 1,2 x1,2 cm foram selecionadas de forma a conter somente parênquimahepático e renal sem nenhum vaso visível, seio renal ou medula. AsROIs hepática e renal foram selecionadas no mesmo plano e profun-didade para evitar efeitos de distorção de imagem. A RHR foi obtida dadivisão do nível médio de brilho da ROI hepática pela renal. O fragmentohepático foi colhido por agulha e submetido a coloração com hemato-xilina-eosina. A esteatose foi classificada como discreta (até 33% doshepatócitos infiltrados por gotículas de gordura), moderada (de 33 a66%) e acentuada (mais de 66% de infiltração gordurosa em hepa-tócitos). O infiltrado inflamatório foi discriminado em intensidade dis-creta, moderada e acentuada. A fibrose foi descrita segundo a locali-zação no ácino hepático, o aspecto e a intensidade. Coeficiente deSpearman foi utilizado para avaliar a correlação entre a RHR e o graude esteatose, inflamação e fibrose à histologia, análise de variânciapara avaliar as diferenças entre os grupos e receiver operatingcharacteristic curve analysis para sensibilidade e especificidade.Resultados: Foi observada correlação significante entre RHR eesteatose à histologia (r = 0,80, p < 0,01). O ponto de corte da RHRpara predizer esteatose foi ≥ 1.24 (sensibilidade 92,7%, especificidade92,5%). A média ± desvio padrão da RHR nos controles e nos subgruposcom esteatose foram: controle 1,09 ± 0,13, discreta 1,46 ± 0,24, mode-rada 1,52 ± 0,27, severa 2,04 ± 0,3 e foram significantemente diferen-tes entre si, exceto entre os subgrupos de esteatose discreta e mode-rada. Conclusão: O estudo mostrou que a RHR é um parâmetro sim-ples, objetivo e não invasivo que pode ser útil para o diagnóstico daesteatose hepática. Houve uma correlação maior da RHR com o graude esteatose do que com o grau de inflamação ou de fibrose à biópsiahepática.

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Nos homens, forte correlação entre IMC e circunferência da cintura(r = 0,90; p < 0,01) e fracas correlações entre o percentual de gordu-ra com IMC (r = 0,61; p < 0,01) e circunferência da cintura (r = 0,64;p < 0,01) foram encontradas. Indicadores antropométricos e enzimashepáticas apresentaram apenas fracas correlações. IMC e percentualde gordura correlacionaram-se com ALT (r = 0,22; p = 0,02) e (r = 0,25;p < 0,01) respectivamente, enquanto que a circunferência da cinturacorrelacionou-se com AST (r = 0,25; p = 0,01), ALT (r = 0,27; p < 0,01)e GGT (r = 0,24; p = 0,01). Fracas correlações estatísticas (p < 0,01)foram também encontradas entre CPK com circunferência da cintura(r = 0,25) e com aminotransferases AST (r = 0,63) e ALT (r = 0,36). Nasmulheres, fracas correlações foram encontradas entre IMC comcircunferência da cintura (r = 0,60; p < 0,01) e percentual de gordu-ra (r = 0,45; p = 0,04), assim como entre circunferência da cintura epercentual de gordura (r = 0,48; p = 0,02). Correlações foram verificadasentre circunferência da cintura com ALT (r = 0,47; p = 0,03) e fracacorrelação negativa entre IMC e AST (r = -0,45; p = 0,04). Nível de CPKapresentou fraca correlação com AST (r = 0,55; p < 0,01) apenas.Porém, tanto em homens (p = 0,15) quanto nas mulheres (p = 0,67),não foram verificadas associações estatísticas entre níveis elevadosde CPK e enzimas hepáticas elevadas.

Razão hepatorrenal versus biópsia hepática para odiagnóstico da esteatose não alcoólica

Autores: Valéria F. de A. e Borges, MD1, Angélica L. D. Diniz, PhD2,Helma P. Cotrim, PhD3, Haroldo L. O. G. Rocha, MD4, Nestor B.Andrade, MD5

Orientador: Helma Pinchemel Cotrim

Trabalho realizado pela Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UniversidadeFederal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, MG.

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Key words: Fatty liver; Ultrasound; Sonographic hepatorenal ratio;Liver biopsy; Nonalcoholic steatosis.

Gasto energético em repouso de pacientes porta-dores de hepatite crônica pelo vírus C

Autor: Tamara Paixão de OliveiraOrientador: Helma Pinchemel Cotrim

Resumo: Objetivo: Avaliar o Gasto Energético em Repouso (GER) depacientes portadores de hepatite crônica pelo vírus C (HVC) com esem Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica (DHGNA). Material eMétodos: Estudo transversal incluindo 21 pacientes com diagnósticode HVC atendidos no ambulatório de Nutrição e Gastro-hepatologia doComplexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (C-HUPES)da Universidade Federal da Bahia no período de março de 2011 aagosto de 2012. Foram selecionados para o estudo indivíduos querealizaram biópsia hepática há no máximo um ano, sem outra doençahepática associada, sem edema ou ascite, que não estivessem emtratamento antiviral e com ingestão de etanol ≤ 140g/semana. Foi apli-cado um questionário com dados de identificação, informações clíni-cas e antropométricas (altura, peso e circunferência da cintura). Paraaferição do GER os pacientes realizaram um teste de calorimetria indi-reta e para avaliação da composição corporal foi realizado o teste debioimpedância. Para análises estatísticas foi utilizado o softwareStatistical Package for the Social Science (SPSS), versão 13.0. O erroamostral tipo I foi estimado em 5. Para caracterização da amostraforam utilizados os parâmetros da estatística descritiva (Média, Medianae Desvio-Padrão), e cálculos de frequências simples e relativas. Opresente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa daEscola de Nutrição da UFBA e todos os participantes assinaram oTermo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados:Pode-se verificar que dos 21 pacientes avaliados 18 não apresentaramDHGNA e 3 apresentaram. Foi possível avaliar o genótipo de 16pacientes, desses 11 (68,75%) apresentaram genótipo 1 (18,2% comDHGNA e 81,8% sem DHGNA) e 5 (31,25%) genótipo 3, todos semDHGNA. Com relação ao Child-Pug todos foram classificados nacategoria A. A maioria dos pacientes com DHGNA, 66,7%, apresentousobrepeso comparado com 55,6% dos pacientes sem DHGNA (p =0,58). Todos os pacientes com DHGNA apresentaram circunferênciada cintura aumentada e não praticavam atividade física, conformeapresentado na tabela 1. A média de idade dos pacientes com DHGNAfoi de 53,00 ± 3,46 anos e dos pacientes sem DHGNA foi de 45,06 ±9,32 anos (p = 0,16). O GER dos pacientes com DHGNA foi menor(782,33 ± 173,80 Kcal) quando comparado aos pacientes sem DHGNA(1224,00 ± 366,81 Kcal), p = 0,06. Porém com relação à composiçãocorporal dos pacientes com DHGNA foi observado que a média do

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percentual de massa magra e massa gorda (67,26 ± 6,55% e 32,73± 6,55%) respectivamente, não apresentaram diferenças esta-tísticas dos pacientes sem DHGNA (p = 0,74). O índice de massacorporal (IMC) médio de pacientes com e sem DHGNA foi de 27,10 ±2.39 Kg/m2 e 27,59 ± 6,04 Kg/m2, respectivamente (p = 0,89) e dacircunferência da cintura foi de 90,46 ± 5,81cm e 90,04 ± 13,13 cm(p = 0,95) (tabela 2).

Conclusões: No presente estudo o GER foi diferente entre os pacientescom HVC quanto à presença de DHGNA e, sem associação com acomposição corporal. O baixo metabolismo nos indivíduos com acúmulode gordura nos hepatócitos, independente do estado nutricional, podeajudar a elucidar a ocorrência de DHGNA em pacientes com HVC.