fronteiras culturais

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Fronteiras Culturais: algumas considerações o tema Charles Scherer Junior * e Carolina Gomes Chiappini** Introdução A expressão “fronteiras culturais” possui um significado amplo e c na compreensão de dois importantes conceitos: o de fronteira; e, o disso, outros temas estão interligados aos estudos que tratam das fato que permite um amplo espectro de análises provenientes das di conhecimento. Nessa perspectiva, buscaremos, aqui, considerar, num conceitos de fronteira e cultura para, posteriormente, tratar sobr O termo “fronteira” tem recebido atenção de historiadores e estudi temática. As discussões e debates em torno do assunto variam muito pela qual se tem tratado a polêmica. Nessa perspectiva, o presente uma consideração, ainda que breve, da historicidade do termo e, ai possibilidades de aplicação como instrumental heurístico conceitua “cultura”, por sua vez, possui um extenso percurso nas ciências hu jurídicas. Desse modo, num segundo momento deste trabalho, buscare “cultura” e o seu papel na demarcação ou caracterização das fronte impacto causado pelas novas tecnologias na transmissão de aspectos fronteiras políticas. A “fronteira” como conceitual heurístico. O célebre estudo de Frederick Jackson Turner, apresentado no final buscava salientar a importância da “fronteira” na expansão econômi época e na “americanização” dos imigrantes e demais habitantes das pode ser considerado um ponto de partida para a maneira de percebe significado. O enredo narrativo de Turner e o imaginário progressi trabalho são apontados como pontos “fracos” por alguns estudiosos necessário salientar uma das principais idéias de Turner, senão a “fronteira” é algo móvel, sem um “território” pré-estabelecido; um constituída e passível de re-significações. Tal concepção, consubs extensa argumentação que não temos como discutir aqui face aos lim

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Margem, cultura

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Fronteiras Culturais: algumas consideraes sobre otemaCharles Scherer Junior * e Carolina Gomes Chiappini** IntroduoA expresso fronteiras culturais possui um signifcado amplo e complexo porque implica na compreenso de dois importantes conceitos: o de fronteira; e, o de cultura. Alm disso, outros temas esto interligados aos estudos que tratam das fronteiras culturais, fato que permite um amplo espectro de anlises provenientes das diversas reas do conecimento. !essa perspectiva, "uscaremos, aqui, considerar, num primeiro momento, os conceitos de fronteira e cultura para, posteriormente, tratar so"re a temtica em si.# termo fronteira tem rece"ido aten$o de istoriadores e estudiosos interessados nessa temtica. As discuss%es e de"ates em torno do assunto variam muito em rela$o a forma pela qual se tem tratado a pol&mica. !essa perspectiva, o presente ensaio se pretende a uma considera$o, ainda que "reve, da istoricidade do termo e, ainda as suas possi"ilidades de aplica$o como instrumental eur'stico conceitual. A expresso cultura, por sua ve(, possui um extenso percurso nas ci&ncias umanas, sociais e )ur'dicas. *esse modo, num segundo momento deste tra"alo, "uscaremos considerar so"re a cultura e o seu papel na demarca$o ou caracteri(a$o das fronteiras, tal qual, o impacto causado pelas novas tecnologias na transmisso de aspectos culturais alm das fronteiras pol'ticas.A ronteira! como conceitual heur"stico## cle"re estudo de +rederic, -ac,son .urner, apresentado no fnal do sculo /0/, e que "uscava salientar a import1ncia da fronteira na expanso econ2mica norte3americana da poca e na americani(a$o dos imigrantes e demais a"itantes das reas fronteiri$as pode ser considerado um ponto de partida para a maneira de perce"er e imaginar o seu signifcado. # enredo narrativo de .urner e o imaginrio progressista que permeiam o tra"alo so apontados como pontos fracos por alguns estudiosos do tema. 4ntretanto, necessrio salientar uma das principais idias de .urner, seno a mais criativa: a fronteira algo m5vel, sem um territ5rio pr3esta"elecido; uma constru$o imaginria constitu'da e pass'vel de re3signifca$%es. .al concep$o, consu"stanciada com uma extensa argumenta$o que no temos como discutir aqui face aos limites deste tra"alo, destacou as possi"ilidades da fronteira na qualidade de conceito.A partir dessas considera$%es, necessrio registrar que o termo fronteira ainda trs consigo um imaginrio fortemente arraigado a no$o de territ5rio e territorialidade. 4 esses, por sua ve(, de uma ou outra forma aca"am remetendo a pol&mica questo que envolve o tema 4stado3na$o e a forma$o dasidentidades nacionais. A eran$a 6estfaliana da no$o de territ5rio, e, por conseguinte, de fronteira se torna, em alguns casos, uma armadila ao pensamento agu$ado. A alegada crise dos territ5rios se coloca como um impasse nas rela$%es entre as na$%es e gera de"ates acirrados em torno do tema. !as palavras de 7ertrand 7adie:em ve( de unifcar o mundo em torno de uma gramtica comum das rela$%es internacionais, o princ'pio da territorialidade divide, e de forma irremediavelmente dissensual. 8...9, em ve( de ser um meio de ordenamento do mundo, o territ5rio tende a tornar3se propriamente aportico.A )ornada do termo ao longo do sculo // e in'cio do //0 foi pautada por algumas outras tentativas de escapar das armadilas engendradas a partir da no$o de fronteira como algo ligado de maneira indissol:vel e indissocivel de um dado territ5rio. !essa perspectiva, alguns estudiosos a"ordaram o temada fronteira tomando o conceito como "ase para anlises do imaginrio, ou, at mesmo, das possi"ilidades de sua aplica$o como instrumental eur'stico. !essa perspectiva, ;andra -ata< =esaventod conta que:as fronteiras, antes de serem marcos f'sicos ou naturais, so so"retudo sim"5licas. ;o marcos, sim, masso"retudo de refer&ncia mental que guiam a percep$o da realidade. 8...9, so produtos desta capacidade mgica de representar o mundo por um mundo paralelo de sinais por meio do qual os omens perce"em e qualifcam a si pr5prios, ao corpo social, ao espa$o e ao pr5prio tempo.# carter m5vel e transcendente das fronteiras aponta para uma necessidade de amplia$o do pensamento no af de compreenso do fen2meno. >omo "em nos ensina =esavento: como realidade transcendente, a fronteira um limite sem limites, que aponta para um alm. ? conceito impregnado de mo"ilidade .A expectativa de perce"er a fronteira como o locus apropriado para a intensifca$o dos contatos e trocas culturais tam"m se pode cote)ar nas considera$%es de -oo Arriscado !unes. =ara este autor, a fronteira, como metfora, possui uma ansiedade de contamina$o. !esse sentido, a fronteira uma (ona de articula$o entre diferentes culturas, etnias, povos e modos de vida que dese)a e ense)a o contato e a transcultura$o. A sua rique(a consiste em possi"ilitar os processos de interc1m"ios entre os omens, e entre os omens e o meio em que vivem.A concep$o de que a fronteira um termo que pode ser explorado tanto pelo seu carter de metfora quanto por seu valor conceitual tam"m a orienta$o de @ui >una Aartins. =ar esse autor, o termo possu' um duplo sentido de referencia e de visi"ilidade. >onforme destaca Aartins: a demarca$o a evid&ncia matinal da fronteira. !essa perspectiva, o autor enfati(a que a expresso no deve ser entendida, :nica e to3somente, como algo que delimita, mas, sim como algo que revela, pois, a fronteira se defne, tam"m, pelo seu interior; ela metfora e conceito.As considera$%es de Aartins so"re o signifcado da fronteira remetem a formula$o de algumas proposi$%es. ;o elas: aB sendo factor de complexifca$o ist5rica, a fronteira no age, porm, so"re o real, como garantia de metamorfose social ; "B as fronteiras, enquanto margens no funcionam apenas como o contrrio dos centros; so tam"m, a reserva destes, quando no a sua outra nature(a ; cB as fronteiras correspondem tanto C defni$o de uma exterioridade, quanto, so"retudo, C pretenso de visi"ilidade do inv5lucro que elas delimitam ; dB a insta"ilidade das fronteiras o pre$o a pagar pela suapropenso plural e pelo seu potencial de desdo"ramento, sendo desta forma no essencialista que deverentender3se a conting&ncia que nelas ; eB a fronteira no principalmente um Daltar de media$oE porque igualmente forte, nela, a propenso para fundamentar am"i$%es ol'sticas.A partir das considera$%es apresentadas por Aartins convm retornar ao texto de ;andra -ata< =esavento, especialmente, quando a autora destaca que necessrio ultrapassar a dimenso pol'tica e territorial impl'citas na no$o de fronteira e rumar na dire$o de uma a"ordagem de "usque compreender as percep$%es e as representa$%es so"re ela no tempo e no espa$o. >onforme destaca a autora:, sem d:vida, uma tend&ncia para pensar as fronteiras a partir de uma concep$o que se ancora na territorialidade e se desdo"ra no pol'tico. !esse sentido, a fronteira , so"retudo, encerramento de um espa$o, delimita$o de um territ5rio, fxa$o de uma superf'cie. 4m suma, a fronteira um marco que limita e separa e que aponta sentidos sociali(ados de reconecimentoA perspectiva apontada por =esavento orienta a idiaFno$o de fronteira como algo alm das dimens%es geopol'ticas enfati(ando os sentidos sociais de reconecimento que esto presentes em seu signifcado. =ara tanto, a autora destaca: o conceito de fronteira tra"ala, necessariamente, com princ'pios de reconecimento que envolvam analogias, oposi$%es e correspond&ncias de igualdade, em um )ogo permanente de interpenetra$o e conex%es variadas . !esse sentido, a fronteira pode ser perce"ida em seu carter amplo, que supera os seus limites geopol'ticos, e que possi"ilita a explora$o de seu universo imaginrio. #s contatos entre os omens, e entre os omens e o meio onde vivem, se encontram, levam auma necessria considera$o so"re os aspectos culturais da constitui$o do sentido incorporado ao termofronteira. =ara -acques Geenardt , a fronteira pode ser um conceito que possi"ilite a"ordagens so"re novos su)eitos, novas constru$%es e novas percep$%es do mundo. .al expectativa consu"stancia, e tam"m consu"stanciada, pelas considera$%es de =esavento com as quais vimos dialogando ao longo deste tra"alo, "em como se mostra pertinente com as demais idias antes destacadas.A noo de cultura e a sua e$oluo hist%rica## termo cultura possui uma tra)et5ria marcada por re3signifca$%es em seu sentido ao longo de mais de HII anos de percursso ist5rico. !essa perspectiva, a expresso que tem origem no latim tra(ia consigo no in'cio do sculo /J0 o sentido de cultivo da terra; ou, designava a a$o de cultivar . >onforme "em nos ensina *enuce:no meio do sculo /J0 se forma o sentido fgurado e DculturaE pode designar ento a cultura de uma faculdade, isto , o fato de tra"alar para deenvolv&3la. Aas este sentido fgurado ser pouco conecido at metade do sculo /J00, o"tendo pouco reconecimento acad&mico e no fgurado na maior parte dos dicionrios da poca.4 mais:o termo DculturaE no sentido fgurado come$a a se impor no sculo /J000 8...9 e ento quase sempre seguido de um complemento fala3se da Dcultura das artesE, da Dcultura das letrasE,, da Dcultura das cienciasE, como se fosse precisso que a coisa cultivada estivesse explicitada. 8...9 progressivamente, DculturaE se li"erta de seus complementos e aca"a por ser empregada s5, para designar a Dforma$oE, a Deduca$oE do esp'rito.Ainda segundo >uce:no sculo /J000, DculturaE sempre empregada no singular, o que reKete o universalismo e o umanismo dos fl5sofos 8...9 a cultura pr5pia do Lomem Mcom mai:sculaB, alm de toda distin$o de povos ou de classes. D>ulturaE se inscreve ento plenamente na ideologia do 0luminismo 8...9 a palavra associada Cs idias de progresso, de evolu$o, de educa$o, de ra(o que esto no centro do pensamento da poca.4 prossegue:a idia de cultura participa do otimismo do momento, "aseado na confan$a no futuro perfeito do ser umano. # progresso nasce da instru$o, isto , da cultura, cada ve( mais a"rangente. D>ulturaE est ento muito pr5xima de uma palavra que vai ter um grande sucesso Mat maior que o de DculturaEB no 8...9 sculo /J000 8...9 Dcivili(a$oE. As duas palavras pertencem ao mesmo campo sem1ntico, reKetem as mesmas concep$%es fundamentais. Ns ve(es associadas, elas no so, no entanto, equivalentes.=or fm, mas no sem import1ncia, assevera >uce:o uso de DculturaE e de Dcivili(a$o no sculo /J000 marca ento o aparecimento de uma nova concep$o dessacrali(ada da ist5ria. A flosofa Mda ist5riaB se li"erta da teologia Mda ist5riaB. As idias otimistas de progresso, inscritas nas no$%es de DculturaE e Dcivili(a$oE podem ser consideradas como uma forma de suced1neo de esperan$a religiosa. A partir de ento, o omem est colocado no centro da reKexo e no centro do universo. Aparece a idia de possi"ilidade de uma Dci&ncia do omemE; a expresso empregada pela primeira ve( em OPHH 8...9 e, em OPQP, Alexandre de >avannes cria o termo DetnologiaE, que ele defne como a disciplina que estuda a Dist5ria dos progressos dos povos em dire$o C civili(a$oE.# contexto s5cio3ist5rico do sculo /J000 propiciou outras tentativas de conce"er ci&ncias que permitissem estudar o omem a fundo, que dessem oportunidade de sa"er mais acerca da criatura em si. 4m OPRS, o fl5sofo franc&s *esttut *e .rac< proclamou a inven$o de uma ci&ncia que o")etivava estudar a origem das idias e dos seres umanos: a ideologia, ou ci&ncia das idias. A tentativa foi maisuma entre tantas outras que mercaram aquele per'odo.# sculo /0/ deu lugar ao processo de constitui$o das diferentes disciplinas e campos de conecimento onde a cultura e a civili(a$o tinam espa$os de estudos demarcados e partilavam outros entre si. As fronteiras entre as disciplinas foram para muitos uma limita$o, para outros, entretanto, serviram de ponto de partida para a explora$o de novos aspectos pertinentes aos seres umanos e sua vida em sociedade. >onforme enfati(a *enuce: ao longo do sculo /0/, a ado$o de um procedimento positivo na reKexo so"re o omem e a sociedade resulta na cria$o da sociologia e da etnologia como disciplinas cient'fcas. A "usca pelo estudo da diversidade umana foi o campo de estudo privilegiado pela etnologia, e nessa rea do conecimento, a cultura o"teve muito espa$o para anlises, em"ora a sua utili(a$o ainda fosse mantida no singular T cultura3 clara evidencia de um universalismo ainda reinante.# sculo //, por sua ve(, oportuni(ou uma mudan$a radical na forma de conce"er o termo cultura. A partir das a"ordagens da etnologia e da antropologia e de outras reas do conecimento o termo cultura deixou de ser perce"ido como algo universal e seu entendimento foi preconi(ado como plural. # pluralismo cultural, defendido por +ran( 7oa( no in'cio dos anos de ORUI foi o marco divisor nas anlisesque tomaram a cultura, ou culturas, como o")eto de estudo. Ao longo do sculo ouve outras a"ordagens que trataram da cultura como tema central de maneira a ense)ar a intensifca$o dos de"ates so"re o assunto tanto em 1m"ito acad&mico quanto geral. !essa perspectiva, a cultura deixou de ser tema exclusivo da etnologia ou da antropologia e passou a ser considerada tam"m por outras reas do conecimento como o direito, a ist5ria e geografa entre outras. A ultrapassagem, ou o desrespeito das antigas fronteiras eVou delimita$%es existentes entre os vrios ramos do sa"er, posi$o essa fruto do pr5prio processo de constitui$o das disciplinas como ci&ncias em si, permitiu uma nova forma de percep$o so"re vrios assuntos signifcativos ligados aos seres umanos, entre os quais esta a cultura.As concep$%es so"re cultura nos dias atuais do conta do carter plural do termo, ou do conceito, e tam"m da sua complexidade e import1ncia nas sociedades. !essa perspectiva, devemos esclarecer um conceito cave para o desenvolvimento de nosso tra"alo: o de cultura. *estacamos o carter relevantede que se reveste tal conceitua$o, pois, foi )ustamente atravs da intensifca$o dos fen2menos de trocas sim"5licas, feitas por diferentes culturas ao longo da ist5ria do omem que permitiu3nos cegar a uma, dita, era dos meios de comunica$o de massa. 4ssa, cada ve( mais, oferece novas possi"ilidades de contatos culturais, conforme indica -on 7. .ompson,cultura o padro de signifcados incorporados nas formas sim"5licas, que inclui a$%es, manifesta$%es ver"ais e o")etos signifcativos de vrios tipos, em virtude dos quais os indiv'duos comunicam3se entre si e partilam suas pr5prias experi&ncias, concep$%es e cren$as.!otemos que, no conceito de cultura proposto por .ompson, est im"ricada a no$o de que existe um padro de sentido Tsignifcado3 nas formas sim"5licas, fato esse que torna poss'vel sua decodifca$o entre os indiv'duos. >umpre assinalar, entretanto, que o referido padro de signifcados conferido a cada cultura conforme os ditames, os usos, cren$as e costumes pr5prios. !essa perspectiva, o termo cultura deve ser perce"ido como plural porque cada cultura possui os seus tra$os particulares que a informam e destacam das demais culturas existentes. !esse sentido, a exist&ncia das diferentes culturas se fa( a partir do constante contato e das trocas por eles oportuni(adas.A partir dessas considera$%es, a expresso Dfronteiras culturaisE pode ser entendida como uma realidade transcendente acima da geopol'tica e que contempla o carter plural do termo cultura. =ara =esavento:fronteiras culturais remetem C viv&ncia, Cs sociedades, Cs formas de pensar intercam"iveis, aos etos, valores, signifcados contidos nas coisas, palavras, gestos, ritos, comportamentos e idias. 8...9, a fronteiracultural aponta para a forma pela qual os omens investem no mundo, conferindo sentidos de reconecimento.4 mais:a fronteira cultural transito e passagem, que ultrapassa os pr5prios limites que fxa, ela proporciona o surgimento de algo novo e diferente, possi"ilitado pela situa$o exemplar do contato, da mistura, da troca, do i"ridismo, da mesti$agem cultural e tnica.# atual contexto permite que as fronteiras culturais se)am exploradas alm dos limites e delimita$%es rigorosas que algumas ci&ncias ou campos do conecimento exigem. As a"ordagens multiculturais, os estudos das trocas entre os omens Me entre os omens e o meio em que vivemB, reKetem o am"iente prop'cio para a anlise das culturas e sua rique(a de diversidades. As fronteiras a ser transpostas no atualcontexto no referem a limites pol'ticos, mas, sim, Cquelas relativas aos aspectos culturais. Afnal, tempo de retomar o pluralismo cultural, ainda que so" a sua nova gide de multiculturalismo, e dar va(o a novas a"ordagens e novas formas de ver, imaginar e perce"er a import1ncia das culturas e sua diversidade na composi$o daquilo que conecemos como sociedades. A partir dessas considera$%es encaminamos nossos argumentos fnais lem"rando as idias de =esavento so"re a am"ival&ncia e am"igWidade caracter'sticas das fronteiras culturais como possi"ilidades a ser exploradas na dire$o de novas formas de perce"er as trocas culturais e sua rica diversidade alm dos limes alegadamente impostos pela concep$o 6estfaliana de fronteira e territ5rio.&ibliogra'aXvila, Artur Gima de. *a ist5ria da fronteira C ist5ria do #este: fragmenta$o e crise na Yestern istor< norte3americana no sculo //.0!: @evista List5ria Znisinos, n OU, p.PQ3QU, -aneiro3A"ril [IIR.7adie, 7ertrand. # fm dos territ5rios. 4nsaio so"re a desordem internacional e so"re a utilidade social do respeito. Gis"oa: 0nstituto =iaget,ORRS.7neton, =ierre. Listoire de mots: culture e civili(ation. =aris: +!;=, ORPH.>uce, *en, [II[.Aartins, @ui >una. +ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR,[III.!unes, -oo Arriscado. +ronteiras, i"ridismo e mediati(a$o: os novos territ5rios da cultura. 0!: @evista de >i&ncias ;ociais, n.\H, maio deORRS, p.UH3PO.=esavento, ;andra -ataulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo:Ateli& 4ditorial, [II[.@icouer, =aul. Ga metfora viva. Aadri: 4di$%es 4uropa, ORQI..ompson, -on 7. 0deologia e >ultura Aoderna: teoria social cr'tica na 4ra dos meios de comunica$o de massa. =etr5polis: J#]4;, ORRH..urner, +rederic, -ac,son. .e frontier in American Listor@; [IIRB._ Advogada, Aestre em *ireito da 0ntegra$o 4con2mica pela Zniversidad del ;alvador MA@B e mestranda em *ireito 0nternacional =rivadopela Zniversidad de 7uenos Aires T Z7A [email protected], +rederic, -ac,son. .e frontier in American Listorumpre assinalar que o original a que referimos no textofoi pu"licado em OQRU.=ara uma cr'tica ao texto de .urner, ver, especialmente: Xvila, Artur Gima de. *a ist5ria da fronteira C ist5ria do #este: fragmenta$o ecrise na Yestern istor< norte3americana no sculo //. 0!: @evista List5ria Znisinos, n OU, p.PQ3QU, -aneiro3A"ril [IIR.=ara uma anlise mais consistente dessa perspectiva cr'tica so"re a crise dos territ5rios e sua rela$o coma fronteira ver,especialmente: 7adie, 7ertrand. # fm dos territ5rios. 4nsaio so"re a desordem internacional e so"re a utilidade social do respeito. Gis"oa:0nstituto =iaget, ORRS, p.Q3R.Alm das +ronteiras, p.UH. 0!: Aartins, Aaria Lelena M#rg.B +ronteiras >ulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo: Ateli& 4ditorial, [II[,p.UH3UR. # grifo nosso.=esavento, ;andra -ataulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo:Ateli& 4ditorial, [II[, pUS. # grifo nosso.+ronteiras, i"ridismo e mediati(a$o: os novos territ5rios da cultura. 0!: @evista de >i&ncias ;ociais, n.\H, maio de ORRS, p.UH3PO. =arauma anlise mais detalada so"re a metfora e suas potencialidades ver, especialmente: @icouer, =aul. Ga metfora viva. Aadri: 4di$%es4uropa, ORQI.+ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR, [III.Aartins, @ui >una. +ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR,[III, p. IP. # grifo nosso.Aartins, @ui >una. +ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR,[III, p.OH. # grifo nosso.Aartins, @ui >una. +ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR,[III, p.OH. # grifo nosso.Aartins, @ui >una. +ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR,[III, p.OH. # grifo nosso.Aartins, @ui >una. +ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR,[III, p.OS. # grifo nosso.Aartins, @ui >una. +ronteira, referencialidade e visi"ilidade. 0!: @evista de 4studos 0"ero3Americanos, =Z>@;, 4di$o 4special, n.O, p.P3OR,[III, p.OS. # grifo nosso.=esavento, ;andra -ataulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo:Ateli& 4ditorial, [II[, p.US.=esavento, ;andra -ataulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo:Ateli& 4ditorial, [II[, p.US.+ronteiras, fronteiras culturais e glo"ali(a$o. 0!: Aartins, Aaria Lelena M#rg.B +ronteiras >ulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo:Ateli& 4ditorial, [II[, p. [P3U\. # grifo nosso.7neton, =ierre. Listoire de mots: culture e civili(ation. =aris: +!;=, ORPH. A=Z* >uce, *en, [II[, p.OR.A no$o de cultura nas ci&ncias sociais. 7auru: 4*Z;>, [II[, p.OR. `rifado no original.>uce, *en, [II[, p.[I. `rifado no original.>uce, *en, [II[, p.[O. `rifado no original.>uce, *en, [II[, p.[O. `rifado no original. >umpre assinalar que o intensode"ate entre os estudiosos alemes e franceses do sculo OQ e OR acerca dos termos cultura e civili(a$o no ca"e aqui nos limites destetra"alo, para uma anlise mais acurada ver, entre outros: >uce, *en, [II[,especialmente os cap'tulo O e [; .ompson, -on 7. 0deologia e cultura moderna. .eoria social cr'tica na 4ra dos meios de comunica$o demassa. =etr5polis: J#]4;, ORRH.>uce, *en, [II[, p.[U..ompson, -on 7. 0deologia e >ultura Aoderna: teoria social cr'tica na 4ra dos meios de comunica$o de massa. =etr5polis: J#]4;, ORRH.=ara maiores considera$%es so"re os termos cultura e ideologia ver, especialmente, os cap'tulos O e [ da o"ra mencionada.A no$o de cultura nas ci&ncias sociais. 7auru: 4*Z;>, [II[, p.UU. # grifo nosso.>uce, *en, [II[, p.U\.0deologia e >ultura Aoderna: teoria social cr'tica na 4ra dos meios de comunica$o de massa. =etr5polis: J#]4;, ORRH, p.OPS. *evemosregistrar que a concep$o de cultura proposta por .ompson, parte da cr'tica que esse autor fa( aos pressupostos apresentados por>liford `eert(, na o"ra intitulada, A interpreta$o das culturas. =ara `eert(, existe uma concep$o sim"5lica de cultura mas, segundo.ompsontal concep$onolevaemcontaopapel dosmeiosdecomunica$odemassanoprocessodetrocassim"5licas. 4mcontrapartida, .ompson prop%em uma concep$o estrutural do conceito de cultura onde, a import1ncia dos meios de comunica$o fator crucial na agili(a$o das trocas sim"5licas. .ompson assevera tam"m, que o termo estrutural, nada tem a ver com as vriasa"ordagensdecunoestruturalistasnosmoldes propostospor Gevis3;trauss, e seusseguidores. *estacamosesseafastamento doestruturalismo, pois, comosesa"e, as discuss%es epistemol5gicas quereferematal enfoque)destacaram, por umlado, suaspossi"ilidades; mas, acima de tudo ressaltaram suas limita$%es.=esavento, ;andra -ataulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo:Ateli& 4ditorial, [II[, p.US. `rifado no original.=esavento, ;andra -ataulturais. 7rasil3Zruguai3Argentina. ;o =aulo:Ateli& 4ditorial, [II[, p. UP.