freire, ricardo aguiar villanova. câncer de mama

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RICARDO AGUIAR VILLANOVA FREIRE CÂNCER DE MAMA:UMA ABORDAGEM DIAGNÓSTICA PRECOCE COMO ESTRATÉGIA PARA UM TRATAMENTO EFICAZ DESSE ATUAL E IMPORTANTE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA. Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Rio de Janeiro 2013 Orientadora: Profª. Sônia Dutra

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Page 1: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

RICARDO AGUIAR VILLANOVA FREIRE

CÂNCER DE MAMA:UMA ABORDAGEM DIAGNÓSTICA PRECOCE

COMO ESTRATÉGIA PARA UM TRATAMENTO EFICAZ DESSE ATUAL E IMPORTANTE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA.

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Rio de Janeiro

2013

Orientadora: Profª. Sônia Dutra

Page 2: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

C2013 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que

resguarda os direitos autorais é considerado

propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

(ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do

trabalho, ou mencioná-los, para comentários e

citações, desde que sem propósitos comerciais e

que seja feita à referência bibliográfica completa. Os

conceitos expressos neste trabalho são de

responsabilidade do autor e não expressam

qualquer orientação institucional da ESG

________________________________________

Ricardo Aguiar Villanova Freire – Cel Med – Autor

Freire, Ricardo Aguiar Villanova

Câncer de Mama: uma abordagem diagnóstica precoce como estratégia de

um tratamento eficaz desse importante problema de Saúde Pública. MSc

Ricardo Aguiar Villanova Freire, Rio de Janeiro: ESG, 2013. 59 fls.: 33 il.

Orientadora: Profª. Sônia Dutra

Trabalho de conclusão de curso - Monografia apresentada O Departamento

de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do

diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013.

1. Câncer de mama. 2. Rastreamento do Câncer de mama. 3.Diagnóstico

precoce. 4. Politicas de Governo. 5. Estratégia em Saúde Pública. I. Título.

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Page 3: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

À minha amada e maravilhosa mãe, Profª

Maria de Lourdes Pinheiro de Aguiar Freire,

pelo constante apoio e motivação durante a

realização desta dissertação, a qual a

dedico como reconhecimento dessa

espetacular trajetória e incrível vida como

educadora incansável e dedicada que tenho

o prazer, a honra e a sorte de ter sempre a

meu lado. Obrigado, Mãe.

Page 4: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

AGRADECIMENTOS

Ao ExmºSr General de Exército Enzo Martin Peri, Comandante do Exército, pela distinção para com a minha pessoa, com a nossa indicação para que participássemos deste Curso de Altíssimo Nível do Ministério da Defesa. Aos ExmºGenerais de Exército e de Brigada Túlio Xerem e Expedito Alves de Lima,

os então, Diretor da ESG e Chefe do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia

(CAEPE), do Ministério da Defesa, pela forma cortês e amiga que nos receberam e

nos trataram no CAEPE, durante as suas gestões.

Ao Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira e ao General de Brigada

Otávio Santana do Rego Barros, atuais Diretor da ESG e Chefe do CAEPE, pela

condução precisa e extrema dedicação, para que o CAEPE pudesse ser

considerado o excelente curso que é.

Ao ExmºSr General de Exército R/1 Ivan de Mendonça Bastos, por sua amizade e confiança em me apoiar neste importante, até então, sonho, em realizar o Curso de Altos Estudos de Políticas e Estratégias, da Escola Superior de Guerra. Ao Prof. Dr. Dilon Pinheiro de Oliveira, que mesmo não sendo meu orientador, nos orientou e guiou-nos, como era de se esperar desse nosso eterno mestre, na condução de mais um trabalho científico. Aos amigos e companheiros de trabalhos AntônioAccetta Neto e Ana Mary Bacos de Oliveira Accetta, Marcos Aurélio Palieraqui, Anna Cláudia de Oliveira Mazzoni, pelo apoio na realização desse trabalho. A Professora Sônia Dutra, pelo carinho, atenção e sabedoria com que orientou esse nosso trabalho. Assim, como Antístenes de Atenas disse:”... que a gratidão é a memória do coração....”, não poderíamos deixar de fazer este agradecimento especial para a Senhora. Gostaria ainda, de agradecer, em especial, às minhas adoradas e amadas esposa e filhas, pela força que nos deram na conclusão de mais este trabalho científico, privando-se da nossa presença em vários finais de semana, compreendendo a importância que damos a este tema, apoiando-nos e até mesmo ajudando-nos, na consecução de trabalhos científicos nas bibliotecas de suas Faculdades. A vocês a minha incondicionada gratidão e amor. Ao Corpo permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações transmitidas, além por toda camaradagem nós dispensadas durante todas as atividades do CAEPE.

Page 5: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

“... somente poucos podem manter-se no justo meio, sem repelir o que os antigos criaram com acerto, nem desdenhar as convenientes inovações dos modernos...”

Roger Bacon

(1214 – 1292)

Page 6: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

RESUMO

O Objetivo deste trabalho é identificar nas políticas públicas, os fatores que vem

comprometendo e atrasando o diagnóstico e o início do tratamento do clínico e/ou

cirúrgico do câncer de mama no Brasil, avaliando a implementação do rastreamento

das lesões iniciais, assim como a precocidade no diagnóstico de certeza, com o

início do tratamento previsto, verificando ainda, quais estratégias estão sendo

providenciadas, por parte do Governo e dos gestores de saúde, a fim de oferecer à

população, meios possíveis de combate contra este importante problema de saúde

pública. Procuramos ainda, realizar um breve comparativo entre os tratamentos

realizados pelo mundo e no Brasil e concluindo, propondo algumas medidas que

possam fortalecer essas ações de controle do Câncer de Mama, a nível dos

gestores e em consonância com o apresentado mundialmente, a serem controladas

nas organizações de saúde públicas em benefício da população carente de nossa

sociedade, que depende de um Serviço Público de Saúde eficaz e eficiente.

Palavras Chave: 1- Câncer de Mama, 2- Rastreamento do Câncer de Mama, 3-

Políticas de Governo

Page 7: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

ABSTRACT

The objective of this study is to identify public policies , factors affecting and been

delaying the diagnosis and early treatment of clinical and / or surgical treatment of

breast cancer in Brazil , assessing the implementation of the initial screening lesions ,

as well as in early diagnostic certainty , with the start of the treatment provided ,

checking yet, what strategies are being provided by the Government and health

administrators in order to provide population means possible to combat this important

public health problem . We also seek, make a brief comparison between the

treatments performed worldwide and in Brazil and concluded by proposing some

measures that can strengthen these control actions of Breast Cancer, the level of

managers and presented in accordance with the world, to be controlled in public

health organizations for the benefit of the poor of our society, which depends on a

public Health Service efficiently and effectively.

Keyworks: 1 - Breast Cancer, 2 - Track Breast Cancer 3 - Government Policies.

]

Page 8: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1a: Centralectomia,com reconstrução por técnica de cirurgia plástica.........34 FIGURA 1b: Tumorectomia .................................................................................................34 FIGURA 1c: Confecção do Retalho dermogorduroso (preenchimento)..........................34 FIGURA 1d: Fechamento em “T” invertido (Técnica de Pitanguy)..................................34 FIGURA 1e: Resultado transoperatório..............................................................................35 FIGURA 1f: Resultado de pós-operatório...........................................................................35 FIGURA 2a: Pós-operatório de mastectomia poupadora de pele com colocação............

de expansor.....................................................................................................35 FIGURA 2b: Expansão da loja completa.............................................................................35 FIGURA 2c: Substituição do Expansor por implante definitivo.......................................36 FIGURA 2d: Resultado fina, com realização de tatuagem no complexo aréolo...............

papilar...............................................................................................................36 FIGURA 3a: Infiltração do radioisótopo marcador (Tecnécio 99) ..................................36 FIGURA 3b: Infiltração do corante Blue Patente...............................................................36 FIGURA 3c: Verificação com o medidor de radioatividade (PROBO).............................36 FIGURA 3d: Identificação do linfonodo sentinela, duplamente marcado.......................37 FIGURA 3e: Incisão Periareolar...........................................................................................37 FIGURA 3f: Peça cirúrgica completa (mama e axila)........................................................37 FIGURA 4: Carcinoma avançado........................................................................................38 FIGURA 5: Carcinoma avançado.........................................................................................38 FIGURA 6a/b: Carcinoma avançado tratado pré-cirurgicamente com rádio e quimiote-

rapia..............................................................................................................38 FIGURA 6c: Pós operatório de Reconstrução com TRAM mono pediculado ...............39 FIGURA 6e: Resultado pós-operatório de 5 anos.............................................................39

Page 9: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

LISTA DE ILUSTRAÇÃO Gráfico 1: Taxas de incidência por neoplasias malignas, por 100 mil mulher segundo

a Unidade da Federação, em 2012......................................................................22 Gráfico 2: Representação especial das taxas brutas de incidência, por mil mulheres,

estimadas para o ano de 2012, segundo a Unidade da Federação (neoplasia maligna de mama feminina)................................................................................24

Gráfico 3: Condições essenciais para o rastreamento do câncer de mama- análise das

evidências científicas, em 2012..........................................................................38 Quadro 1: Recomendações da USPSTF para o rastreamento do câncer de mama

(2009) ...................................................................................................................29 Quadro 2: Recomendações da Canadian Task Force para o rastreamento do câncer

de mama(2011)...................................................................................................29 Quadro 3: comparação de taxas de incidência e mortalidade por câncer de mama

entre os países desenvolvidos e o Brasil(2005)..............................................31

Page 10: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEM Autoexame das Mamas

BRCA 1 Breast Cancer 1

BRCA2 Breast Cancer 2

DNA DeoxyriboNucleic Acid

ECI Estágio Canceroso I

ECII Estágio Canceroso II

ECIII Estágio Canceroso III

ECIV Estágio Canceroso IV

ECM Exame Clínico das Mamas

ER Estrogenic Receptor

HER2/neu Human Epidermal Growth Factor Receptor 2

IARC International Agency for Research on Cancer

INCA Instituto Nacional do Câncer

MMG Mamografia

MS Ministério da Saúde

NOAS Normas Operacionais de Assistência a Saúde

NOB Normas Operacionais Básicas

PAISM Plano de Assistência Integral a Saúde da Mulher

P53 Tumor Supressor Gene

PubMed Publicações Médicas

RNM Ressonância Nuclear Magnética

SBM Sociedade Brasileira de Mastologia

SISMAMA Sistema Informação do Programa de Controle do Câncer

de mama

SUS Sistema Único de Saúde

USPSTF EUA Preventive Services Task Force

3D Terceira Dimensão

Page 11: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 O CÂNCER COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA ........................... 17

3 CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER DE MAMA .................................................... 19

3.1SUA ABORDAGEM NO CONTEXTO MUNDIAL ................................................. 20

3.2SUA ABORDAGEM NO CONTEXTO BRASILEIRO ............................................ 21

3.3 RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA ...................................................... 23

3.4DETECÇÃO PRECOCE ....................................................................................... 29

3.4.1 Auto-exame das mamas ............................................................. 30 3.4.2 Exame clínico das mamas ........................................................ 31 3.4.3 Exame mamográfico ................................................................... 31 3.4.4 Tratamentos cirurgicos: possibilidades e limitações .............. 32

4 POLÍTICAS PÚBLICAS DIRECIONADAS AO CÂNCER DE MAMA .................... 40

5 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 43

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 48 REFERÊNCIAS

Page 12: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

13

1 INTRODUÇÃO

Os mecanismos que explicam a transformação dos diferentes tipos de

neoplasias são complexos e não completamente entendidos. É sabido que fatores

externos ambientais e comportamentais, como a radiação ionizante, poluentes

químicos, produtos biológicos e hábitos de vida, além de fatores internos, como o

desequilíbrio emocional, doenças metabólicas, deficiência imunológica, alterações

genéticase fatores hormonais interagem,causando danos ao organismo, interferindo

em diferentes tipos de células, provocando mutações que determinarão futuras

neoplasias.

O processo global de industrialização, ocorridoprincipalmente no século

passado, conduziu a umacrescente integração das economias e das sociedadesdos

vários países, desencadeando a redefinição depadrões de vida com uniformização

das condições de trabalho, nutrição e consumo. (WATERS, 2001)

Toda essa mudança pode ser traduzida nos dados do GLOBOCAN,referentes

a 2008, onde verificamos que, independente do aumento da incidência do câncer de

mama nos países desenvolvidos com relação aos em desenvolvimento, tenha sido

discreta, as suas taxas de mortalidade menoresdemonstram uma contrastante

diferença (27% nos desenvolvidos e 39% nos em desenvolvimento), que advém de

ações políticas por estes implantadas na abordagem diagnóstica precoce dessas

populações, que utilizam de intensa informação dos dados no atendimento inicial ao

pessoal, além de adequados meios diagnósticos especializados a elas

disponibilizados(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008).

Preocupado com esse cenário mundial e, em razão do envelhecimento da

população como um todo, o câncer de mama vem sendo considerado um relevante

problema de saúde pública,ao qualnossos Governantes têm dedicado uma atenção

considerável no planejamento e na elaboração de programas de educação em

Saúde e de rastreamentos para mulheres entre 50 e 70 anos, a fim de proporcionar-

lles a desejada abordagem precoce das lesões suspeitas e, desta forma, possibilitar

Page 13: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

14

diagnósticos seguros, tratamentos mais simples e menos onerosos, com maior

probabilidade de cura.

A idéia de a abordagem clínica do câncer de mama no Brasil acompanhar as

condutas dos países desenvolvidos, está diretamente relacionada à presteza dos

diagnósticos proporcionados para tal patologia, que são, em aproximadamente 80%

dos casos, realizados em pacientes classificadas nos estadios clínicos mais iniciais –

estágios I e II (ECI e ECII), devido à utilização dos exames de rastreio mamográfico.

Em abril de 2011, foi lançado pelo Governo Federal o Plano de

Fortalecimento da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer, com os

vieses decontrole do câncer de mama e ampliação e qualificação da assistência

oncológica. Esse controle tem com objetivo garantir o acesso das pacientes com

lesões palpáveis ao imediato esclarecimento diagnóstico e tratamento (diagnóstico

precoce e política de alerta), além da ampliação na possibilidade de acesso à

mamografia de rastreamento para as demais mulheres de 50 a 70

anos,qualificadasna rede de Atenção Básica. (BRASIL, 2011)

Contudo, é exatamente em cima dessa Rede e na distribuição de

mamografos disposta à população, que observamos o maior entrave para a

consecução plena desseplano e, por conseguinte, na possibilidade de um

tratamento mais conservador, já que este fica limitado a uma pequena parcela dessa

população. A precocidade da atenção nos países desenvolvidos não se dá nas

pacientes sintomáticas conforme determina o Plano, mas, exatamente naquelas que

ainda nem sabem que são portadoras de lesões suspeitas, encontradas por meio

das mamografias preventivas.

Outro fato marcante, isto é, a existência de um número reduzido de centros

especializados de diagnóstico definitivo e de tratamento clinico-cirúrgico para o

atendimento da população, tem obrigado as pacientes a se organizarem em filas de

espera, comprometendo a abordagem precoce, causando com isso, o aumento de

casos com estadiamentos clínicos mais avançados – estágios III e IV (ECIII e ECIV).

Abreu e Koifman (2002) atestaram sero estadiamento, um fator prognóstico

decisivo para a sobrevida das pacientes, que, realizado no momento do diagnóstico,

Page 14: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

15

possibilitam-lhes melhores resultados. Corroborando com essa idéia, Pedersen et

al., também certificaram em seus estudos que o diagnóstico do câncer de mama em

fases iniciais reduz o risco de morte de forma significativa.

Os autores ressaltaram, ainda, que a sobrevida traduz um

fundamentalparâmetro de avaliação dos resultados oncológicos, cujassuas taxas de

mortalidade, vistas em séries históricas,determinarão uma relevância analítica,

possibilitando a análise estatística da sobrevida, expressa em probabilidade, após

um período de tempo determinado, além de oferecer uma noção da qualidade do

Serviço de Saúde, quanto às condições de atendimento e de rastreamento precoce

do câncer.(ABREU; KOIFMAN,2002)

Samb e colaboradores (2010), demonstraramque um sistema de saúde “forte”

ou “funcional” é aquele que permite a qualquer pessoa – independente do seu nível

social ou econômico, ou mesmo de sua localização geográfica – acessar aos

serviços de atenção primária de qualidade, além de poderem ser referenciados aos

serviços especializados (atenção secundária e terciária) quando necessário, em

tempo suficiente para não comprometer sua condição clínica e, principalmente, sem

qualquer risco financeiro.(SAMB et al,2010)

Assim, investir em uma abordagem “sistêmica” para o enfrentamento das

doenças crônicas, nos países de média e baixa renda per capita,pode representar

um olhar estratégico para uma agenda global pós-20151.(SAMB et al, 2010)

Brown e colaboradores(2006) ressaltaram que, ao desenvolver estratégias

nacionais de controle do câncer, os governos deveriam considerar uma abordagem

abrangente, a qual envolveria quatro dimensões: prevenção primária, detecção

precoce (rastreamento e diagnóstico precoce), tratamento e cuidados paliativos.

Entenda-se, neste contexto, que as estratégicas relacionadas à detecção precoce do

câncer de mama incluiriam o autoexame, o exame clínico das mamas e a

1As Metas de Desenvolvimento do Milênio (Millenium DevelopmentGoals– MDG) das Nações Unidas trata-se

de uma agenda global com prazo final estabelecido para 2015.

Page 15: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

16

mamografia, com possível complemento com exames ultrassonograficos. (MARTIN;

BROWN,2006)

Assim, os principais fatores relacionados às reduções em incidência e,

principalmente, mortalidade,estarão ligadas a uma maior oferta de serviços de

promoção da saúde, deprevenção, dedetecção precoce (diagnóstico precoce e

rastreamento) e de novos e eficazes tratamentos. (SILVA, 2012)

Contudo, as dificuldades têm sido visualizadas no acesso ao serviço de

saúde, atrelado a uma política de marcação interna do Sistema Único de Saúde

(SUS), e freiam a fluidez do processo, haja vista o aumentoda quantidade de

indivíduos que diariamente são acometidos por este male que, por conseguinte,

sofrem um atraso e/ou não aderem ao tratamento, comprometendo os objetivos das

ações propostas.

Dessa forma, objetivamos com este trabalho, identificar os fatores associados

ao atrasodo diagnóstico do câncer de mama e do início do seutratamento clínico

e/ou cirúrgicono Brasil, avaliando as Políticas Públicas implementadas para o

rastreamento das lesões iniciais, assim como da precocidade no diagnóstico de

certeza e no início do tratamento previsto,verificandoas estratégias que estão sendo

promovidas pelo Governo e pelos gestores de saúde, a fim de oferecerá

população,meios para combater este problema de saúde pública, realizandoum

breve comparativo entre os tratamentos no mundo e no Brasil, concluindo,com

propostas dealgumas medidas que fortaleçam as ações de controle do Câncer de

Mama para os gestores,em consonância com o apresentado a nível mundial, a

serem apreciadasnas organizações de saúde públicas em benefício da nossa

população carente, que depende de um Serviço Público de Saúde eficaz e eficiente.

Page 16: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

17

2 O CÂNCER COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

No Brasil, conforme demonstram as estatísticas nacionais, o câncer de mama

é a neoplasia de maior incidência nas mulheres, excluindo o câncer de pele não

melanoma. É também responsável pela maior taxa de mortalidade por câncer nas

mulheres. O Instituto Nacional do Câncer tem demonstrado que o aumento da

incidência tem sido acompanhado pelo aumento da mortalidade dessas pacientes,

em virtudeda presença de fatores que imponham o retardamento do diagnóstico e

da instituição terapêutica adequada. (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2004)

Um sistema de vigilância de qualidade oferece informaçõesvaliosas sobre a

evolução e os impactos que esse malpode acarretar.Contra isso, medidas

preventivas devem ser colocadas em ação, minimizando-os. Assim, por meio de um

rastreamento bem conduzido e vigiado, poderemos agirprecoce e com

possibilidades de tratamentos eficazes e menos radicais para as nossas pacientes.

Por meio dessas informações, inseridas no subsistema estatístico do SUS,

sobre a incidência desse mal,subdividas em faixas etárias, e o índice de mortalidade,

de acordo com os estádios oncológicos encontrados, seria possívelavaliar como as

regiões ou áreas de atuação do SUS vem realizando o atendimento básico,e por

conseguinte, o diagnóstico e tratamento dos pacientes,realizandoo controleeftivo da

doença.

Com base nessaavaliação, a leitura do problema teria uma melhor

compreensãoda ação do câncer sobre a população e os impactosque este tem

causado à população e ao Sistema.Será possívelainda, uma formulação das

hipóteses causais; avaliaçãoda aplicação do emprego dos avanços tecnológicos

para a prevenção, além de termos uma idéia de como os tratamentos estão sendo

realizados (inicial ou tardiamente), bem como, a eficiência doreferido plano de

controle do câncer.

Page 17: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

18

Diante deste cenário, está clara a necessidade de Políticas Públicas bem

conduzidas e de forma contínua, com investimentos no desenvolvimento das ações

abrangentes no controle do câncer, em todos os níveis de atuação, com destaque

para a prevenção, com rastreios e diagnósticos precoces, a fim de promover saúde,

emuma contínua vigilância epidemiológica, assistindo os pacientes, agindo na

formação dos novos profissionais, com ênfase na área técnica especializada e na

manutenção dos centros de pesquisas, destinando recursos para novas pesquisas,

tanto na área tecnológica como na científica, de maneira a oferecer à população as

armas necessárias e as novas condições de vencer este mal.

O Plano de Fortalecimento das Ações de Prevenção e Qualificação do

Diagnóstico e Tratamento dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama, como já

comentado, lançado em março de 2011, pelo governo federal, é o maior exemplo

dessa ideia. Nos últimos 17 anos, este vem realizando o compartilhamentodas

informações e experiências desenvolvidase,o INCA, vem oferecendosubsídios por

meio de suas estatísticas e estimativas sobre possíveis novos casos de câncer no

Brasil, a fim dedar aos gestores, aos serviços de saúde especializados,

universidades, centros de pesquisa e associedades científicas nacional e

internacional, informações que possam gerar novos trabalhos e conhecimentos

sobre a ocorrência da doença na população brasileira. (INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2011)

Conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, por meio do Plano de Ações

Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis no

Brasil, 2011-2022, todas as necessidades da população devem ser priorizadas e

atendidas pelas políticas públicas, e uma ferramenta fundamental como essa

idealizada pelo INCA, certamente possibilitará o desenvolvimento desse sistema de

vigilância do câncer no país. (BRASIL, 2011)

Page 18: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

19

3 CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER DE MAMA

O câncer de mama, devido àsua incidência crescente e ao aumento gradual

da sua taxa de mortalidade, agregado ao alto investimento para que sua

identificação seja feita de forma eficaz e eficiente, é considerado um grave problema

de saúde pública mundial.

Os fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca

precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos,

anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal) estão

bem estabelecidos em relação ao desenvolvimento do câncer de mama. Além

desses, a idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco.

(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2011)

As taxas de incidência aumentam rapidamente até os 50 anos, e

posteriormente o mesmo se dá de forma mais lenta. Essa mudança no

comportamento da taxa temsido atribuída a menopausa. Alguns estudos apontam

para dois tipos de câncer de mama relacionados com aidade: o primeiro ocorre na

pré-menopausa e é caracterizado por ser mais agressivo e uma ter uma recepção

estrogênica (ER) negativa; o segundo ocorre na pós-menopausa e está associado a

características indolentes e principalmente por ser ER positivo. As variações

morfológicas também estão relacionadas ao ER, como os carcinomas medulares em

ER – negativos – e os carcinomas tubulares e lobulares em ER – positivos.

Com relação aos estudos dos genes supressores de tumor mamário BRCA 1

e BRCA 2, motivo de grande auvoroço midiático, por conta de mastectomias

profiláticas em atriz holliwoodana, e, ainda muito honerosos para a população em

geral, podemos dizer serem eles muito específicos cujas mutações, estão

associados aos tipos histológicos medulares para o BRCA 1, mais frequente na

população de baixo risco, como a população oriental, e, lobular e tubular para o

BRCA 2, mais comumente encontrado em nosso meio e nos norte-americanos, e de

maiores riscos. (ALMEIDA JR et al, 2011)

Page 19: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

20

3.1 SUA ABORDAGEM NO CONTEXTO MUNDIAL

A experiência de países desenvolvidos, que organizaram de forma adequada

o rastreamento mamográfico, tem mostrado que com esta ação se conseguea

redução da mortalidade por câncer de mama entre 15% e 20%. (CLINICAMCAM,

2012)

Embora a incidência deste tipo deneoplasia venha sofrendo um leve declínio

em alguns países desenvolvidos, em razão da saturação do sistema de

rastreamento da doença e da redução do uso indiscriminado da terapia de reposição

hormonal (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008),esta vem aumentando

gradualmente na maioria dos países em todo o mundo, especialmente em países em

desenvolvimento.

A busca atual na maioria dessespaíse,está relacionada à diminuição, ainda

maior, do aparecimento desta doença. Para tanto, têm-se utilizado a biologia

molecular, a análise dos marcadores hormonais e o estudo do prórpio DNA, agindo

ainda na célula, procurando intervir proativamente, antes mesmo que a doença se

desenvolva.

O cerne dessa questão, está na certeza do desenvolvimento dessa

neoplasianessas pacientes. Por vezes, atitudes menos radicais podem oferecer as

pacientes resultados mais próximo da realidade que elas por ventura venham a

desenvolver, diminuindo, sobremaneira, a incerteza e a instabilidade emocional

causada por esse diagnóstico. Cabe aqui um momento de reflexão: será que é

válido mutilar pessoas por conta de possibilidades e não por certeza de uma

doença?

No final dos anos 90, um cirurgião americano preconizava a mastectomia

profilática em todas as pacientes com risco de desenvolver um câncer por conta de

heranças familiares. Será que hoje ainda existe espaço para isso?

O importante ao nosso ver, é que as pesquisas e estudos estão sendo

realizados nos diversos cantos do mundo, na busca do efetivo controle desta

Page 20: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

21

neoplasia é que, no futuro certamente teremos resultados ainda melhores que os de

hoje apresentados, com menores taxas de mortalidades e uma melhor qualidade de

vida para as pacientes.

3.2SUA ABORDAGEM NO CONTEXTO BRASILEIRO

Conforme a análise do GLOBOCAN, em sua visão mundial e associada aos

dados do Instituto Nacional do Câncer (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,

2012), o Brasil tem acompanhado as estatisticas mundiais, no que diz respeito a

casuística de câncer de mama na população feminina. Estima-se que,entre 2012 e

2013, teremosuma média de 53 mil casos novos de câncer de mama, com uma taxa

de incidência de 52 casos para cada 100 mil, colocando o câncer de mama comoa

neoplasia mais frequente (26,5%) nas mulheresbrasileiras,com uma taxa de

mortalidade próxima das dos países desenvolvidos (14,3%).

Assim, se excluírmosde todos os casos de câncer que acometamo sexo

femininoos de pele não melanoma, teremos o de mama como o de maior incidência

em todas as regiões, com exceção da região Norte, onde o câncer do colo do útero

ocupa a primeira posição por características regionais, não compromentendo a

estatística brasileira que está de acordo com a casuística mundial. (Gráfico1)

(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2012).

Casos novos estimados – Sexo Feminino Localizações mais frequentes – Brasil e Regiões

Brasil Norte Nordeste Centro Oeste

Sudeste Sul

1 Mama

feminina (51,7)

Colo do Útero (23,7)

Mama Feminina

(26,2)

Mama feminina

(26,7)

Mama feminina

(29,1)

Mama feminina

(28,4)

2 Colo do Útero (20,3)

Mama Feminina

(19,5)

Colo do Útero (14,8)

Colo do Útero (15,5)

Colo e reto (9,7)

Colo e reto (8,7)

3 Colo e reto (14,1)

Estômago (5,7)

Colo e reto (5,4)

Colo e reto (8,1)

Colo do Útero (6,5)

Pulmão (8,1)

4 Pulmão (9,8)

Pulmão (5,1)

Pulmão (4,7)

Pulmão (5,1)

Tireóide (6,3)

Colo de Utero (6,1)

5 Estômago (8,7)

Colo e reto

(4,5)

Estômago (4,5)

Estômago (3,7)

Pulmão (4,7)

Estômago (3,7)

Page 21: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

22

Gráfico 1 - Taxas de incidência por neoplasias malignas, por 100 mil mulheres, segundo Unidade da Federação, em

2012.Fonte: A situação do câncer no Brasil – Estimativa 2012 – INCA, 2012.

Quando observarmos asua taxa de mortalidade, ajustada pela população

mundial,constatamos o surgimento de uma curva ascendente, que ratifica ser o

câncer de mama a principal causa de morte na população feminina tanto mundial

como brasileira.

Em virtude de sua ocorrênciaestar relacionada ao processo de modernização

e urbanizaçãosocial dos centros populosos, evidencia-se maior risco de

aparecimento dessa patologia entre mulheres de maiorstatus socioeconômico, ao

contrário do que se observa para o câncer do colo do útero.

Outro fator relevante, é asua história familiar,que nos remete a um aumento

da casuística normal em cerca de duas a três vezes o risco de desenvolver essetipo

de câncer. As alterações em alguns genes que são síntese de

resultados,responsáveis pela regulação e pelo metabolismo hormonal e reparo de

DNA, como, por exemplo, BRCA1, BRCA2 e p53, repercurtem e aumentam o risco

de desenvolver essa neoplasia. (ALMEIDA JR et al, 2011)

A prevenção primária não é totalmente possível, em razão da variação dos

fatores de risco e das características genéticas que estão envolvidas na sua

etiologia, assim como o aumento no orçamentoque exames tão específicos podem

casuarpara o SUS realizá-los. Contudo,novas estratégias de rastreamento factíveis

para países com restrição de recursos têm sido buscadas e, até agora, a

mamografia ainda éa melhor opção recomendada como método efetivo para esta

detecção precoceem mulheres com idade entre 50 e 69 anos. Juntamente a este

rastreio, existe ainda a determinação do exame clínico anual das mamas a partir dos

40 anos, em todoas as Unidades de Atendimento Básico de Saúde

(SILVA;HORTALE,2011)

Já naquelas mulheres consideradas de risco elevado, com relação ao câncer

da mama (história familiar em parentes de primeiro grau antes dos 50 anos de idade;

história familiar do câncer de forma bilateral ou de ovário em parentes de primeiro

grau em qualquer idade; história familiar de câncer da mama masculina; ou mulheres

Page 22: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

23

com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou

neoplasia lobular in situ), é essencial que seja indicado o rastreamento de forma

anual, a partir de 35 anos, conforme consenso mundial.

A melhora na qualidade de vida, por meio de mudanças de alguns hábitos

danosos à saúde de maneira geral, vem sendo implementada e oferecidaà

população feminina, a fim de estimular a prática da amamentação, a implementação

de atividade física, associada a realização de uma alimentação saudável como

intuito da perda de peso, naquelas com sobrepeso e posterior manutenção desse

peso corporal, tendo em vistaque, atitudes como estas corroborarem com um menor

risco do desenvolvimento do câncer de mama.(INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2013,APUD HANDSON A 2007, 12p.)

Apesar de ser considerado um câncer relativamente de bom prognóstico nos

países desenvolvidos, por serem diagnosticados e tratados oportunamente, suas

taxas de mortalidade continuam elevadas em nosso país, que luta ao se defrontar

com entraves do ponto de vista técnico, como o número reduzido de centros para o

diagnóstico, com a escassez de especialistas nos núcleos de atendimentos básicos

de saúde, além dos óbices burocráticos causadospelademasiada demora na

marcação de exames complementares e agendamento clínico-cirúrgicos dos casos

já diagnosticados, assim como nos encaminhamentos aos centros de referênciasde

problemas complexos, retardando ainda mais o tratamento dos pacientes,

comprometendo estádios oncológicos das pacientes. (INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2012)

(Gráfico 2)

Page 23: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

24

3.3 RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA

Quando falamos em rastreamento do câncer de mama, idealizamos a

identificação de lesões suspeitas, ou seja,a neoplasia em estágios iniciais, em

mulheres ainda assintomáticas, propiciando mudança na sua abordagem e em seu

prognóstico. Diversas técnicas vêm sendo empregadas para o rastreamento do

câncer de mama, contudo, as mais conhecidas e mapeadas são as que utilizam os

exames de imagem (mamografia – MMG), associado ao exame clínico das mamas

(ECM) e o autoexame das mamas (AEM).

A partir da carcinogênese, o câncer de mama passa por diversos estágios,

até o momento em que leva à morte uma grande maioria das pacientes. Esse

processo, quando não interrompido, consiste na história natural da doença. As

características completas de desenvolvimento, desde o período inicial do câncer,

ainda estão sob investigação. Dois aspectos,contudo, merecem destaques:

- o primeiro é relativo ao curso natural da doença, que apresenta um tempo

de evolução variado para cada paciente, podendo, inclusive, haver uma latência de

muitos anos até o seu aparecimento, evolução e morte;

- o outro aspecto é referente aos estágios múltiplos , ou seja, a história natural

do câncer de mama tem características próprias e bastante discutidas .

Seria oportuno, ao prosseguirmos, lembrar que a instabilidade do cariótipo é

uma das características principais da progressão tumoral, e,além disso, a ausência

de controle da duplicação celular é que distingue a malignidade e que torna o tumor

letal.

O conhecimento do ciclo celular não esclareceu, por completo, o mecanismo

que regula a duplicação celular nos cânceres “in vivo”, tampouco foram totalmente

explicados. Através de procedimentos como a avaliação dos diâmetros

biperpendiculares dos tumores de pele em humanos, ou de linfonodos palpáveis, de

achados radiográficos, ou pesquisando a duplicação do DNA, além dos marcadores

de nucleotídeos, podemos chegar à conclusão de que, o tempo médio de duplicação

celular é em torno de 50/60 dias com variações amplas (BRENTANI, 1997).

Grafico 2 - Representação espacieal das taxas brutas de incidência em 100 mil mulheres

estimadas para o ano de 2012, segundo Unidade da Federação (Neoplasia maligna de

mama feminina) (INCA, 2012).

Page 24: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

25

Tumores individuais podem ter tempo de duplicação diferente, em momentos

diferentes em suas histórias naturais. Essa taxa de crescimento celular mostra que a

maioria dos tumores apresenta uma duplicação de 30 (trinta) vezes o seu volume,

quando estes atigem um tamanho mínimo de 01 (um)centimetro.(PIATO, 1988)

AsMMG atuais são realizadas com equipamentosmais sensíveis, que emitem

doses mínimas de irradiação, com grandeprecisão (sensibilidade e especificidade),

mas que, independente disso, dependerão de váriascondicionantes como:

obesidade, tamanho da mama, densidade das mamas, idade, utilização de terapia

de reposição hormonal, assim como aqueles relacionados à variabilidade técnica do

exame. Diz-se ser a MMG o exame de excelência para rastreamento do câncer na

população-alvo.

Assim,fica a MMG constituída como principal instrumento da detecção

precoce do câncer de mama,por possibilitar a identificação de estruturas ainda de

pequenas dimensões. As características e recomendações do método para este

exame, tem trazido grandes controvérsias a respeito da faixa etária que se deve

iniciar tal rastreamento.

Pereira e colaboradores fazem menção de que alguns epidemiologistas são

contrários à eficácia da mamografia para pacientes entre 40 e 49 anos. Contudo,

fazem referência a alguns estudos que demonstram que a taxa de mortalidade

reduziu entre 25% e 45 %, quando os exames de rastreamento foram realizados a

partir dos 40 anos (PEREIRA et al, 2011).

Esses mesmos autores ainda certificaram que o câncer de mama é uma

doença idade-dependente, caracterizada pelo aumento da incidência com o avanço

da idade da mulher. Estima-se, com base em estatísticas mundiais, que a incidência

em mulheres de 50 a 69 anos de idade seja quatro vezes maior , em comparação

com as mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos.

Com base no Documento de Consenso, elaborado pelo INCA, pela Sociedade

Brasileira de Mastologia(SBM) e por membros do próprio Ministério da Saúde (MS),

em 2004, ficou determinado que, a partir da data de sua publicação, fosse

Page 25: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

26

implementado nas Unidades de Saúde Pública um sistema de detecção precoce do

câncer de mama, seguindo as seguintes recomendações:

- Rastreamento por meio do ECM, para todas as mulheres a partir de

40 anos de idade, realizado anualmente. Esse procedimento é ainda

compreendido como parte do atendimento integral à saúde da mulher,

devendo ser realizado em todas as consultas clínicas, independente da

faixa etária;

- Rastreamento por MMG, para as mulheres com idade entre 50 a 69

anos, com o prazo máximo de dois anos entre os exames;

- O ECM e a MMG anuais, a partir dos 35 anos, para as mulheres

pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de desenvolver

câncer de mama;

- Garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento para

todas as mulheres com alterações nos exames realizados.

São definidos como grupos populacionais com risco elevado para o

desenvolvimento do câncer de mama, as mulheres:

- com história familiar de, pelo menos, um parente de primeiro grau

(mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama, abaixo dos 50

anos de idade;

- com história familiar de, pelo menos, um parente de primeiro grau

(mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama bilateral ou

câncer de ovário, em qualquer faixa etária;

- com história familiar de câncer de mama masculino;

-com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com

atipia ou neoplasia lobular in situ(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,

2004).

Em 2009, na oportunidade do Encontro Internacional sobre o Rastreamento

do Câncer de Mama, também promovido pelo INCA, ratificou-se o Consenso

anteriormente exposto, destacando-se ainda, a necessidade de um Programa de

Controle de Câncer de Mama Nacional organizado.

Page 26: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

27

Dessa forma, é imprensindivel que, as informações geradas, do ponto de vista

ambulatorial e/ou hospitalar,sejam encaminhadas para o SISMAMA, que tem como

objetivo, gerenciar as ações de detecção precoce do câncer de mama. Como um

subsistema de informação do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA)do SUS, foi

criado para monitorar o rastreamento populacional, ou seja, aquele realizado

poriniciativas de busca ativa da população-alvo ou ooportunístico, no momento em

que a paciente procura espontaneamente a Unidade de Saúde (BRASIL, 2008).

A análise preliminar dos dados do SISMAMAilustra o que é possível obter por

meio deste subsistemae destaca a necessidade de preocupação permanentedos

gestores e de todos os envolvidos com ainformação, de forma confiável e contínua e

que traduza a realidade dosestados e municípios, possibilitando o

gerenciamentoadequado das ações de detecção precoce do câncerde mama.

Poucos países com programas de rastreamento ainda utilizam o AEM como

exame de rastreamento. Talexame, muito divulgado e usado na década de 50 e 60

nos Estados Unidos da Américae, aqui, na década de 2000, inclusive com

campanhas televisivas diárias, que estimulavaa própria paciente a examinar-se e a

palpar-se à procura de estruturas anômalas, teve grande sucesso. Contudo, com o

passar do tempo, ele não mostrou tanta eficácia tanto no Brasil como em países

desenvolvidos, no que diz respeito à redução da mortalidade por câncer de mama

nos ensaios clínicos randomizados, realizados na Rússia e China e que, aos poucos,

vem sendo abandonada (SILVA;HORTALE, 2012).

A mesma avaliação podemos verificar nos países de média e baixa renda,

como o demonstrado neste estudo, entretanto o comparecimento às unidades de

investigação diagnóstica fica sempre comprometido, por conta da marcação de

retorno de consulta, atingindo um considerado grupo de mulheres, já que em uma

média de 50% delas, os exames estão alterados.

A USPSTFe aCanadianTask Forceatualizaram recentemente suas

recomendações sobre o rastreamento do câncer de mama (2009 e 2011

respectivamente). Os quadros 1 e 2 apresentam, respectivamente, as sínteses das

recomendações das duas organizações.

Page 27: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

28

MAMOGRAFIA

AEM

ECM

MMG - D

RNM

40 – 49 ANOS

50 – 74 ANOS

>75 ANOS

Não

recomenda

A evidênciaé

insuficiente

para fazer

recomendações

A evidência é

insulficiente

para fazer

recomendações

A evidência é

insuficiente

para fazer

recomendações

Decisão

individual após

discutir com a

paciente. SAe

optar por

rastrear realizar

a cada 2 anos.

Intervalos

de 2 anos

A evidência

éinsuficiente

para fazer

recomendação

Quadro 1– Recomendações da USPSTF de 2009 para o rastreamento do câncer de mama

Nota: AEM – Autoexame das mama; ECM – Exame clínico das mama; MMG – mamografia digital e RNM –

Ressonância Nuclear Magnética. Fonte Nelson et al. (2009)

MAMOGRAFIA

AEM

ECM

RNM

40 – 49 ANOS

50 – 74 ANOS

>75 ANOS

Não

recomenda

A evidênciaé

insuficiente para

fazer

recomendações

A evidência é

insuficiente para

fazer

recomendações

Não rastrear

rotineiramente

Intervalos

de 2 a 3 anos

Não

recomenda

Quadro 2– Recomendações da CanadianTask Force de 2011 para o rastreamento do câncer de mama

Nota: ECM – Exame Clínico das Mamas; AEM – Autoexame das mamas; RNM – Ressonância Nuclear Magnética.

Fonte: CanadianTask Force (2011).

Os indicadores básicos para medir a efetividade do rastreamento repousa na

redução da taxa de mortalidade como um todo. Indicadores de desempenho podem

ser usados para monitorar os programas de rastreamento nos estágios iniciais (o

impacto na reduçãoda mortalidade pode levar de 5 a 8 anos). Esses

indicadoresavaliam cobertura da população-alvo, percentual departicipação, taxas

de detecção de câncer, taxas dedetecção de cânceravançado e câncer no intervalo

entreos exames. (SILVA; HORTALE, 2012)

Desse modo, a implantação de um rastreamento eficaz gera um aumento do

custo para a administração pública, tendo em vista que, um número considerado de

pacientes obterão resultados normais em seus exames, porém, esta ação preventiva

certamente implicará custosreduzidosno que se refereàs internações, e,

asneoplasiasnão mais serão diagnosticadas tardiamente, deixando de comprometer

a sua cura e recuperação.

Page 28: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

29

Com base em nossa experiência e, por meiode uma melhor seleção do

público-alvo;da implantação de programas que garantam a qualidade nosprocessos

e da qualificação dos profissionais que atuarão nesserastreamento e uma

maiordistribuição, de forma descentralizada,dos mamógrafos,nas regiões brasileiras,

conseguiremos um maior controle dessas pacientes e,por conseguinte, ter-se-á a

diminuição dos custos deste rastreamento.

Naquele Encontro Internacional sobre o Rastreamento do Câncer de

Mamarealizado no INCA em 2009, representantes de vários países europeus

estavam presentes, sendo por todos definido que a melhor época para o início do

rastreamento mamográfico seria a partir dos 50 anos de idade, queoferece um

resultado mais apurado, pois, após 20 anos do início do método, pode-se observar

umataxa de mortalidade bem diminuída.(SILVA; HORTALE, 2012)

Foi verificado aindao consenso,queas taxas de mortalidade, a incidência do

câncer de mama e a frequência do rastreamento influenciam na eficiência, na

efetividade e no uso dos serviços prestados. Isso também é verdadeiro para a

extensão da faixa etária de realização do rastreamento, tendo um impacto muito

grande na magnitude dos recursos utilizados e na efetividade dessa

estratégia.(PEREGRINO et al, 2010).

Esses mesmos autores ainda verifcaram que as análises de custo-

efetividadesão diferentes com relação aos países em que são realizados, levando

emconsideração a incidência do câncer, as suas taxas de mortalidade, a qualidade

do programa derastreamento, principalmente, com relação à qualidade do exame

mamográfico,como também na distribuição por estágios tumorais encontrados,

quanto aos aspectos econômicosrelacionados aos sistemas de saúde.

3.4 DETECÇÃO PRECOCE

Como já apresentado anteriormente, repousa na detecção tumoral ainda em

estágios iniciais, ou seja, no rastreamento e no diagnóstico precoce, os principais

fatores que geram reduções da sua incidência e, por conseguinte, da

suamortalidade. Agindo preventivamente na evolução da neoplasia, propicia

Page 29: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

30

tratamentos mais simples e com menor morbidade,oferecidos por parte dos serviços

de promoção da saúde às paciente envolvidas.

Na medida em que as ações de rastreamento do câncer de mama no Brasil

forem expandidas para toda a população-alvo, espera-se que a identifcaçãoda

doença seja na maior partedas vezes conseguida por meio das imagens e muito

menos por sintomas, ampliando-se as possibilidades de intervenção conservadora e

de prognóstico favorável. Destaca-se, no entanto, que mesmo nos países com

rastreamentoorganizado e uma boa cobertura da saúde, aproximadamente metade

dos casos são detectados em fase sintomática, o que aponta a necessidade de

valorização do diagnóstico precoce.

3.4.1 Autoexame das mamas

Não é uma técnica idônea para o diagnóstico precoce de tumores mamários,

assim como, não ter demonstrado ser um relevante exame para a redução da

mortalidade por esse tipo neoplasia, quando comparamos as pacientes que fazem o

autoexame com aquelas que não o fazem.

O autoexame contudo, pode fornecer informações úteis ao médico, com

relação ao tempo em que notou essa ou aquela lesão, “caroço”, ou mesmo,

mudança da consistência e aparência da pele. Pode ainda reportar sobre o aumento

dessas alterações ou aparecimento deoutras mudanças ou mesmo, a presença de

descargas das papilares mamárias.

Países como: EUA/ Canadá / Reino Unido / Holanda / Dinamarca / Noruega

TAXA DE INCIDÊNCIA

TAXA DE MORTALIDADE

Detecção precoce por meio da introdução da

mamografia para rastreamento e oferta de tratamento adequado.

No Brasil

TAXA DE INCIDÊNCIA

TAXA DE MORTALIDADE

Retardo no diagnóstico

e na instituição de terapêutica adequada.

Quadro 3 – Comparação de taxas de incidência e mortalidade por câncer de mama entre os países

desenvolvidos e o Brasil. Fonte: OMS, 2003 e INCA, 2005.

Page 30: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

31

Por essas razões, a sua execução ainda é por todos recomendada, sem,

portanto, obrigar à sua realização, haja vista haver mulheres que não gostam ou não

desejam realizar tal exame, por conta da insegurança ou medo de encontrarem

estruturas que, na realidade são comuns à mama, mas que, por conta de uma

instabilidade emocional, palpações falso positivas podem gerar.

3.4.2 Exame clínico das mamas

Baseado na semiologia clínica, constitui a realização de um exame físico, de

maneira metódica, em um ambiente iluminado, propício a identificar, por meio de

manobras específicas quaisquer alterações na forma, no volume e na cobertura das

mama. Deve ser sistematizado e dividido em inspeção estática e dinâmica, com

palpação superfical e profunda das mamas e, posteriormente, das cadeias

ganglionares axilares e cérvico-torácico.

Muito embora seja bem específico para lesões médiase de maiores

proporções, é um exame de baixa sensibilidade, quando se refere a lesões de

pequenas dimensões, não sendo desta forma um exame de grande utilidade para o

diagnóstico precoce do câncer de mama.

3.4.3 Exame mamográfico

Nos últimos trinta anos, a tencnologia embarcada nos aparelhos de imagens,

trouxeram ao cirurgião oncológico e ao mastologista possibilidades de identificar

lesões cada vez menores em suas pacientes. A partir do final dos anos 70 e durante

os anos 80, muito se fez para identificar estruturas anormais das mamas,

conseguindo encontrar tumores de um centrímetronos exames mamográficos. Hoje,

os mamógafos digitais, oferecem condições de identificarmos estruturas mínimas,

ampliando em até vinte vezes a imagem de uma alteração, de modo a permitir

vermos tumores circunscritos a um ducto, similares a grãos de areia.

Aprovada em 2011, a mamografia em 3D, ou Tomossíntese, produz imagens

precisas do contorno do tumor, determinante na identificação de lesões malignas, de

maneira que, combinada com a mamografia digital, teremos um acréscimo na

Page 31: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

32

condição de diagnosticarmos lesões ainda menores em nossa população-alvo,

assintomática.

Dessa forma, a mamografia, muito embora tenha uma conotação não muito

agradável pelas pacientes, que referem dor, ansiedade, desconforto durante a

realização do exame, ela deve ser encarada como uma execelente opção de se

conseguir diagnosticar precocemente essa multilante e mortal doença.

3.4.4 Tratamentos cirurgicos: possibilidades e limitações

Com base nos trabalhos aqui pesquisados e referenciados, que nos

possibilitaram a certificação deste trabalho científico,temos que a solução para a

diminuição da taxa de mortalidade decorrente do câncer de mama é oportuno

repetir, está diretamente relacionada a um diagnóstico precoce, evitando-sea

possibilidade de infiltração e/ou evolução desses tumores, implicando os seus

crescimentos e concomitante disseminações celulares (metástases), quer por

corrente linfática, quer por via hematogênica.

Assim, temos no programa de rastreamento organizado, a única opção para

ser disponibilizada a toda a população, para que se consiga intervir com abordagens

preventivas coordenadas, evitando-se abordagens curativas avançadas, seguindo

um protocolo de atenção a este significativo problema de saúde pública.Tal conduta,

permitirá que profissionais de saúde envolvidos com esse mister, possam agir

proativamente, oferecendo tratamentos conservadores e com menor morbidade

terapêutica, em substituição a tratamentos radicais, de grande agressividade e que,

por vezes, responde como o fator motivador da morte da paciente, devido à grande

toxicidade do tratamento e a fragilidade apresentada pela paciente, em uma

abordagem,única e exclusivamente paliativa.

Alguns grupos de brasileiros, devido a diagnósticos precoces e rastreamentos

frequentes, por terem um maior controle das equipes de profissionais que as

acompanham, como é o caso das pacientes que compõem a família militar ou

que,utilizam planos de saúde particulares, têm sido privilegiadas com diagnósticos

Page 32: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

33

precoces e tratamentos mais conservadores que as demais pacientes que,

dependem do SUS.

Fruto desse controle pormenorizado e anual, tumores cada vez mais

diminutos têm sido encontrados, classificando nossas pacientes nos estágios I e II,

característicos de comprometimentos mais brandos e de maior possibilidade clínico-

cirúrgica, onde a referida abordagem conservadora será a nossa principal escolha

de tratamento.

Na (Figura 1), mostramos nesse planejamento cirúrgicoque optou-se pela

remoção do tumor realizando uma centralectolia (retirada em monobloco de todas as

estruturas retroareolares, com margens de segurança constatadas em exame

histopatológico intraoperatório) e posterior montagem da mama restante e sem

tumor, utilizando-se para isso, técnica de cirurgia plástica, oferecendo à paciente

uma maior aceitação do problema vivido e em contra partida, melhor recuperação

psíquica, já que o estigma da doença foi substituído por uma plástica mamária.

TUMOR

1a - Marcação da área do tumor e da reconstrução

1c - Confecção de ratalhodermogorduroso

1d -Fechamento em “T” invertido

1b - Visão da Tumorectomia

Page 33: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

34

Figura 1: Centralectomia, com reconstrução por meio técnica de plástica mamária (a,b,c,d,e e f).Fonte: Autor

Nem sempre, tal possibilidade é conseguida, em razão da área

comprometida; do tamanho do tumor, por vezes muito próximos a valores que nos

obrigam agir com maior radicalidade; do tipo histológico que se apresenta, associado

ou não a sua multifocalidade, obrigando-nos a intervir mais agressivamente,

contudo, sem causar uma mutilação de difícil ou impossível reparação.

Assim, apresentamos na (Figura 2), um exemplo de quando o que fomos

obrigados a realizar uma mastectomia poupadora de pele, com reconstrução da

mama em dois tempos, por meio de utilização de um expansor de pele e posterior

substituição por um implante definitivo, por ter-se conseguido a criação de uma loja

semelhante à pele remanescente e que seria ocupada por um implante de silicone

para se conseguir volume desejado

1e -Resultado no transoperatório 1f - Resultado com 1 (um) mês de pós operatório

2a - Pós operatório de mastectomia poupadora de pele com colocação

de expansor. Fonte: Autor

2b - Expansão da loja muscula

Page 34: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

35

Figura 2: Mastectomia Poupadora de Pele, com reconstrução em dois tempo (expansão da pele + substituição do expansor por

um implante definitivo) (a,b,c e d)Fonte: Autor

Em ambos os casos apresentados, as pacientes foram submetidas ao estudo

da cadeia linfática axilar por meio de uma técnica intitulada como: „linfonodo

sentinela”, que consiste em abordamos à região axilar a procura do primeiro

linfonodo que tem intima relação com a área em que o tumor se encontra, devido à

sua drenagem natural.

Nesta técnica, utilizamos uma dupla marcação da área do tumor, primeiro

com Tecnécio e depois com Azul Patente (corante azul) (Figura 3), que irão impregnar

o linfonodo referente àquela área, possibilitando assim verificarmos a existência de

metástase ou não, fator primordial para o andamento do tratamento, haja vista que

um comprometimento a distância gera um ação mais agressiva do ponto de vista

oncológico. Mesmo assim, graças ao rastreamento, houve a possibilidade de

ressecarmos um tumor precocemente e oferecermos um tratamento eficaz e

estéticamente apresentável

3a -Injeção com Tecnésio 99 3b - Injeção Azul Patente 3c -Verificação com o Probo

2c - Substituição por implante definitivo

2d - Resultado final após realização da tatuagem do Complexo areolo-

papilar

Page 35: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

36

c, d, e, f, g, h e i)Fonte: Autor

Agora, quando não possuímos um rastreamento eficaz e efetivo, para o

planejamento de controle dos nossos pacientes, o diagnóstico precoce fica

prejudicado, contribuindo para encontrarmos pacientes em estágios mais avançados

da neoplasia mamária, o que compormete não só a possibilidade de oferecermos um

tratamento mais estético, como também a oportunidade de curar estatemível doença

que acomete a nosso população feminina.

Exemplo claro deste retardo e o que ele pode acarretar, apresentamos

nessesdoiscasos (Figuras 4 e 5), chegados ao ambulatório do nosso Hospital,

contrariando toda a nossa estatística de precocidade no diagnóstico, mas que

procuramos oferecer o que existia de mais adequado para a condução de cada

problema.

3d - Dissecção do linfonodo sentinela

3e - Incisão periareolar 3f - Peça cirúrgica completa

3g – Área pronta para colocação do Expansor de pele. Fonte: Autor

3h – Expansor já colocado

3i – Área já expandida

Page 36: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

37

Conforme demonstrado anteriormente, o atraso no diagnóstico, nos limita a

realizar cirurgia mutiladoras, alargadas e sem muita possibilidade de reparo,

promovendo deformidades na silhueta feminina que muito interferirão na sua

autoestima , trazendo-lhe problemas tanto do ponto de vista de saúde física, como

mental e de aceitação perante a sociedade.

Mesmo assim, a possibilidade de cura, por vezes é alcançada em casos como

esses, que trazem ao cirurgião oncológico um certo prazer em poder concorrer com

esta doença, na luta diária dessas pacientes que, dia após dia enfrentam o câncer

com toda a dignidade e perseverança. Nas figuras 6 (letras a, b, c, d e e) podemos

demonstrar um desses sucessos, paciente dependente, que o nosso Serviço de

Mastologia alcançou, mostrando as etapas por ela passada e como ela se encontra,

5 (cinco) anos depois.

6aCarcinoma avançado – tratamento pré cirúrgico com radioterapia e quimioterapia

6b – Mastectomia à Haslted ,com reconstrução imediata com TRAM

Figura 4: Carcinoma avançado Figura 5: Carcinoma avançado

Page 37: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

38

Em novembro de 2013, esta paciente teve o seu tratamento e controle

finalizados. Depois de 10 anos da nossa primeira abordagem no ambulatório,

quando foi previsto um tratamento agressivo, com quimioterapias e radioterapias

prévias e um procedimento cirúrgico multilante eagressivo, mas com reconstrução

imediata. Pois bem, na primeira semana de outubrodo corrente ano, ela recebeu alta

tanto pelo Serviço de Mastologia como pelo Serviço de Oncologia, sendo então

considerada clinicamente curada para a sua felicidade e para a nossa tranquilidade

e prazer de lhe termos oferecido o que existia de melhor,por todo o tempo, quando,

de início, era a de pior prognóstico.

6c - Pós operatório de 02 (dois) dias 6d - Pós operatório de 3 meses 6e - Pós operatório de 5 anos.Fonte: Autor

Page 38: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

39

4 POLÍTICAS PÚBLICAS DIRECIONADAS AO CÂNCER DE MAMA

No Brasil, as políticas públicas ligadas à saúde da mulher teve seu início em

meados dos anos 80, contudo, limitavam-se às necessidades temporais do período

gestacional. Diante de uma casuística cada vez mais importante do câncer mamário,

viu-se a necessidade de uma abordagem mais larga, ampliando essas perspectivas

reducionistas com que tratavam a mulher, restritas aos cuidados do ciclo gravídico-

puerperal.

Diante desses desafios, em 1984 o Ministério da Saúde elaborou o Programa

de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), visando, sobretudo, à

mudanças dos conceitos pelos quais eram notados os princípios tradicionais da

política de saúde da mulher, e modificando, ainda, os critérios de eleição das

prioridades neste campo,promovendo ações em benefício da promoção, a proteção

e da recuperação dessas pacientes(BRASIL,1984).

No processo de construção do SUS,o PAISM teve uma grande influência, já

que como norteava as ações a serem promovidas, oferecia aos dirigentes o caminho

a ser seguido. Para tal, iniciou-se a implementação, com apoio nos princípios e

diretrizes contidos na legislação básica sobre a questão, de normas a serem

seguidas, quais sejam: Normas Operacionais Básicas (NOB) e Normas Operacionais

de Assistência à Saúde (NOAS), editadas pelo Ministério da Saúde. Na área da

saúde da mulher, ficou sob a responsabilidade dos municípios a garantia das ações

básicas mínimas ligadas ao processo puérpero-gravídico, o planejamento familiar e

a prevenção do câncer de colo uterino e de mama, garantindo o acesso às ações

mais complexas,conforme preveemos sistemas funcionais e resolutivos de

assistência à saúde por meio da organização dos territórios estaduais(OSIS, 1998).

O Ministério da Saúde, através do INCA, tem procurado aplicar diretrizes priorizando

ações e programas, dividindo as responsabilidades com os gestores estaduais e

municipais, e preparando-se para acompanhar e avaliar a Política Nacional de

Controle do Câncer(BRASIL, 2002).

Page 39: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

40

O Pro-Onco, Programa de Oncologia do Instituto Nacional de

Câncer/Ministério da Saúde, foi criado em 1986 como estrutura técnico-

administrativa da extinta Campanha Nacional de Combate ao Câncer. Em 1990, o

programa passou a chamar-se Coordenação de Programas de Controle de Câncer,

e tinha como premissa,a informação e a educação sobre os cânceres mais

incidentes, dentre os quais o câncer de mama(ABREU, 1997).

No final dos anos 90, o VIVA MULHER (Programa Nacional de Controle do

Câncer de Colo do Útero e de Mama), visava a formular diretrizes e a reestruturar a

rede assistencial, a fim de detectar precocemente o câncer em estágios iniciais,

objetivandoa redução da mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais

para esses tipos de câncer na mulher brasileira(BRASIL, 2002).

Ainda com vistas a este programa, a comunidade científica e o aumento da

casuística de mortalidade, além da situação do controle dessa doença na época, foi

elaborado um documento de consenso que definia as estratégias a serem

priorizadas para o controle do câncer, através de um trabalho conjunto entre o

Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Área Técnica da Saúde da Mulher, do

Ministério da Saúde.Nele estavam as recomendações determinadas para a

prevenção, detecção precoce, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos no

câncer de mama e apontando as possíveis estratégias a serem utilizadas para a sua

implementação no Sistema Único de Saúde(INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER,

2004).

Para o século XXI, o documento “O Pacto pela Vida” é o compromisso entre

os gestores do SUS, com prioridades que apresentem impacto sobre a situação de

saúde da população brasileira. Tal proposta possibilita acordos entre as três esferas

de gestão do SUS, e objetivandoa promoção de inovações nos processos e

instrumentos de gestão, buscando maior efetividade, eficiência e qualidade nas

respostas, redefinindo responsabilidades, a fim de melhorar os indicadores dos

resultados sanitários, em função das necessidades de saúde da população e na

busca da igualdade social.(BRASIL, 2006)

Page 40: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

41

Tal Pacto determinava que metas nacionais, estaduais, regionais ou

municipais deveriam ser estabelecidas, de maneira queprioridades estaduais ou

regionais poderiam ser agregadas às prioridades nacionais de acordo com os

acertos locais. Assim, para o controle do câncer de mama foram traçadas as

seguintes metas: ampliar para 60% a cobertura de mamografia, conforme protocolo,

e realizar a punção em 100% dos casos necessários, conforme protocolo(BRASIL

2006).

Em abril de 2009, o INCA promoveu o Encontro Internacional sobre

Rastreamento do Câncer de Mama, no Rio de Janeiro, quando reuniu

representantes do Ministério e das secretarias estaduais de Saúde, do movimento

organizado de mulheres e de instituições ligadas ao controle do câncer, objetivando

das conhecimento das experiências dos programas bem-sucedidos da Europa,

Canadá e Chile. Desse encontro, foi possível extrair um resumo executivo, como fio

condutor, onde se achavam recomendações para implantação de programa

organizado de rastreamento do câncer de mama, base das ações estrangeiras para

a diminuição, não da incidência, mas da mortalidade da pacientes (INSTITUTO

NACIONAL DO CÂNCER,2008).

A implantação do SISMAMA - Sistema de Informação do Câncer de Mama,

em junho de 2009, o aumento da oferta de mamografias pelo Ministério da Saúde

(Mais Saúde 2008-2011) e a publicação de documentos, dentre os quais os

Parâmetros técnicos para o rastreamento do câncer de mama (INSTITUTO

NACIONAL DO CÂNCER, 2009)e Recomendações para a redução da mortalidade

do câncer de mama no Brasil (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2010),

ofereceu-se uma oportunidade de melhor controlar a doença. Contudo, se faz

necessário a contínua implantação das informações a fim de que o Sistema possa

ser alimentadado, permitindo um diagnóstico da situação atual.

A partir de março de 2011, com o lançamento do Plano Nacional de

Fortalecimento da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer pela

presidente da República Dilma Roussef, a priorização do controle do câncer de

mama foi reafirmado. No Plano está determinado em investir técnico-financeiro em

ações de controle nos estados e municípios. Quanto à detecção precoce, previam-se

Page 41: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

42

a garantia da confirmação diagnóstica das lesões palpáveis e das identificadas no

rastreamento; a implantação da gestão da qualidade da mamografia; a ampliação da

oferta de mamografia de rastreamento; a comunicação e a mobilização social e o

fortalecimento da gestão do programa.

Ainda, no intuito de oferecer uma maior atenção às paciente, no atendimento

terciário, a meta era dar continuidade às ações de ampliação de acesso ao

tratamento do câncer com qualidade, atendendoos objetivos da Política Nacional de

Atenção Oncológica. Entre essas ações, está a reconstrução mamária, que é um

procedimento cirúrgico que possibilita a devolução do volume e do contorno

mamário para as mulheres submetidas a mastectomias, inclusive com a

reconstrução da aréola.

No início deste ano, a Presidente da Republica regulamentou o referido

procedimento cirúrgico no SUS, sancionando a lei nº. 12.802/2013, obrigando ao

SUS a realizar o procedimento reparador após a realização das mastectomias,

sempre que a técnica tivesse indicação para ser realizada. Esta possibilidade já era

assegurada às paciente que haviam sofrido esse tipo de mutilação, através da lei

9.797/1999, contudo, o tempo em que deveriam ser submetidas a essas

reconstruções não era determinado, causando uma grande insatisfação e apreensão

às pacientes, que aguardavam por um longo em filas mal controladas, chegando até

mesmo, a nunca realizá-las.

Page 42: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

43

5 DISCUSSÃO

Ao analisarmos os programas e planos governamentais para o controle e o

rastreamento do câncer de mama, podemos evidenciar as contribuições que eles

podem oferecer à população mais carente e totalmente dependente do nosso SUS.

Devemos, contudo, também ter em mente que restrições, do ponto de vista da

adesão a esses programas e planos por parte dos gestores de saúde, assim como

da própria população alvo são os grande limitadores de sucesso em nosso país.

Na tese de doutoradode Silva, foi mostrado que, após uma extensa busca

superficial na base do PubMed, utilizando como filtro somente: “breast câncer

screening” evidenciando o título e resumo, entre 2000-2012, encontrando mais de 75

mil publicações, com cerca de 9.500 revisões(SILVA, 2012), tal abrangência

demonstra o interesse que o assunto rastreamento do câncer de mama provocado

na comunidade acadêmica desse importante assunto de saúde pública.Em nosso

levantamento, pudemos verificar que, da mesma forma que o autor avaliou, existem

partidários a favor desse rastreamento e contra ele, utilizando-se de diferentes

argumentos e formas deidentificar e avaliar as evidências(SILVA, 2012).

O autor ainda verificou que, entre 2003 e 2011, as experiências dos

programas de rastreamento estavam “consolidadas” o suficiente para produzirem

milhares de relatórios e publicações científicas(SILVA, 2012), principalmente nos

países desenvolvidos. Observou-se que nesse período, em relação às organizações

como a USPSTF, CanadianTask Force e Cochrane Collaborationexistia um

posicionamento mais incisivo sobre a não recomendação de rastrear a população de

risco-padrão menores de 50 anos e uma maior atenção na análise dos benefícios e

riscos dessa realização para decidir sobre adotar ou não essa conduta.

Podemos ainda verificar que, o declínio na mortalidade por câncer de mama é

devido a uma combinação de fatores, masa maioria dos especialistas conclui que a

melhora na detecção e o célere início do tratamento, são as causas principaispara

esse sucesso. Tecnologias embarcadas nos equipamentos de rastreio têm

melhorado a cada dia e as lesõesestão sendo detectadas mais precocemente e os

especialistas oncológicostornaram-se mais eficientes na prestação desses cuidados.

Page 43: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

44

Em uma síntese do contexto apresentado em sua tese, Silva esquematizou os

oito elementos que podem ser considerados condições essenciais para o

rastreamento organizado do câncer de mama, no brasileiro(SILVA, 2012).

-=

Organizações que sintetizam evidências:

Com base no grande número de publicações que estudam este assunto, e as

diversas análises e normatização que determinam, em função das peculiaridades de

cada uma delas, a coleta, a seleção, a análise e a interpretação das evidências

podem ser influenciadas por diferentes interesses e vieses. A imparcialidade dessa

análise é muito dificultada, já queum número grande de atores, como os

profissionais de empresas privadas, dosserviços públicos, médicos autônomos ou

acadêmicos apresentam um certo grau de conflito de seus interesses ao analisarem

essas evidências científicas.

Se consideramos que as organizações que realizam essa síntese de

evidências são as mais adequadas para ditar recomendações, como é o caso do

Gráfico 3– Condições essenciais para o rastreamento do câncer de mama – análise das evidências científicas

Fonte: Silva, R, 2012.

Page 44: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

45

INCA, ficará fácil entender que devem ser estas a direcionarem as políticas a serem

implementadas de acordo com os programas idealizados nos

planejamentosestratégicos do Governo, independente de mudança deste ou não,

pois como vemos, a cada Governo, novos programas e planos são implementados

ou idealizados, sendo colocados de lado os já existentes.

-= Equipamentos de Mamografia

Como já mensionado anteriormente, entre as diferentes técnicas de

rastreamento do câncer de mama estudadas, a mamografia convencional (analógica

de alta resolução) ou digital mais modernamente oferecidasà população, disponível,

principalmente, nos grandes centros, continua sendo a técnica padrãoouro na

identificação do tumor de mama. Devido a sua acurácia (sensibilidade e

especificidade) essa técnica tem sido largamente utilizada no mundo com o fim de

propiciar a diminuição da mortalidade das nossas pacientes.

A Ressonância Nuclear Magnética, também tem mostrado ser bastante

sensível nos contextos específicos, mas ainda não substitui a mamografia no

programa de rastreamento na populações de risco padrão, por conta da

disponibilidade e custo elevado para o Sistema.

-= Eficácia do rastreamento

Segundo Silva, não há um consenso em relação ao grau de redução do risco

relativo (eficácia) de morte por câncer de mama nos diferentes ensaios clínicos

realizados até o momento. Contudo, The 236 Cochrane Collaboratione a USPSTF,

duas das maiores organizações realizadoras de revisões sistemáticas abrangentes,

sugerem a redução da mortalidade em aproximadamente 15% após análise recente

(2009) desses ensaios clínicos. Já ospesquisadores do IARC, que têm uma

impressão um pouco mais interessante, considerando que a redução da mortalidade,

nos seus ensaios clínicos, podem chegar a 35%(SILVA, 2012).

-= Efetividade do rastreamento variável

Page 45: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

46

A efetividade do rastreamento é um indicador essencial para se avaliar a

introdução de programas de rastreamento, por conta de deficiência na manutenção

das informações decorrentes dos diversos centros nacionais, com maior ênfase nos

centros de saúde do interior.Tal efetividade ficará prejudicada, até que políticas mais

eficazes sejam implementadas e devidamente conduzidas e acompanhadas.

Como análise da efetividade dos programas de rastreamento, podemos

verificar ser ela bem conduzida nas potencias desenvolvidas, já que se verifica a

existência da diminuição da taxa de mortalidade na população-alvo. Ogrupo de

trabalho do IARC estima em aproximadamente 20% a redução na mortalidade

(incluindo os estudos de modelagem) nos programas de rastreamento. Dados de

estudos mais recentes apontam que nos países desenvolvidos há uma variação na

redução da mortalidade na ordem de 30% a 50% entre populações-alvo diferentes,

assim como, nos programas de rastreamento encontrados.

-= Contribuição relativa do rastreamento

Silva em sua tese ainda certifica que persiste o debate sobre a efetividade do

rastreamento mamográfico, principalmente em relação ao equilíbrio entre benefícios

e riscos e a contribuição isolada desse processo (mamografias em mulheres

assintomáticas) na redução da mortalidade do câncer de mama.(SILVA, 2012)Já que

a efetividade pode diminuir esta mortalidade entre 30% e 50 %, conforme vimos

anteriormente, é cabível afirmar que o rastreamento mamográfico poderá contribuir

com 15% a 25%, e o diagnóstico precoce e tratamento com 25% a 35%(SILVA,

2012).

-= Contextualização das evidências

Diversos são os ensaios e trabalhos científicos referentes a esse tema.

Contudo, eles focalizam situações e características particulares de cada centro de

pesquisa. Por conta disso, seria importante que os países em desenvolvimento e

quevislumbrem implantar o rastreamento organizado do câncer de mama,

produzissem suas próprias evidências, e, com cuja base realizassem as

considerações necessárias para a eficácia e a eficiência desse programa.

Page 46: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

47

-= Investimento em pesquisa e formação de pesquisadores

Apoiado na ideia anterior e, a fim de possibilitar uma informação precisa para os

centros avaliadores e de controle, se faz necessário o investimento em pessoal

habilitado e a habilitar, pronto para realizar pesquisas e atuarem em prol desse

sistema de informação, colocando à disposição, variáveis como: tipos tumorais

(aspectos biológicos e moleculares); distribuição do estadiamento tumoral por

região; sistematização do atendimento (qual unidade fezo atendimento primário, qual

realizou o diagnóstico, qual irá realizar o acompanhamento clínico e cirúrgico);as

condições dos equipamentos existentes (por unidade e seu desempenho) e a

análise dos tratamentos efetuados, como o procedimento realizado (neoadjuvante e

adjuvante)tudo por meio dos registros hospitalares, como determina o Sistema do

Governo (SISMAMA).

Ainda, com vistas na utilização das informações, poderemos pormenorizar a

existência de crenças e mitos externados pela população em geral, com relação ao

câncer de mama, a avaliação das pacientes sobre o seu atendimento, verificando a

presteza da ação; o tempo para a consecução do diagnóstico e o início do

tratamento; a noção que as pacientes têm sobre a doença; do ponto de vista dos

fatores de risco, além do alcance do programa quanto ao conhecimento dos meios

de ratreamentopara essa doença, de maneira a oferecer aos gestores condições de

corrigir as estratégias propostas.

-= Aproximação dos pesquisadores com os disseminadores e formuladores de

políticas

Para a realização de uma política efetiva e eficaz de saúde, com relação à

implantação de um programa efetivo de rastreamento do câncer de mama, as

evidências científicas Nacionais e as informações oriundas das unidades de

atendimentos básicos, de urgências e especializados devem chegar ao Sistema de

informação, juntamente com, a academia e demais atores envolvidos com o

processo Saúde Pública, necessitando trocar experiências,através de debates e

demais mecanismos institucionais, a fim de fortalecer o Sistema.

Page 47: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

48

Este espaço seria estratégico e essencial para aproximar os produtores de

conhecimento (pesquisadores e tecnocratas) dos disseminadores (grupos de

interesse e mídia). Da mesma forma, a aproximação dos gestores de saúde e dos

profissionais de saúde dos diferentes serviços e pesquisadores, propiciando a pronta

intervenção nos problemas identificados nesses sistemas com o serviço de saúde,

contribuindo para a elaboração metas e estratégias para o processo(SILVA, 2012).

Infelizmente, não é isso que temos. As elites agem em seus espaços

específicos e não se preocupam com o progresso nacional, pois ainda falta uma

postura que as leve a uma ação conjunta. Se faz necessário esta aproximação para

a evolução das pesquisas, para a realização de programas e planos governamentais

eficazes e um serviço de saúde pública eficiente ou, pelo menos, que sejam

devidamente cumpridos e continuados, de maneira a alcançar o horizonte desejado

pela classe médica e esperado pela população.

6 CONCLUSÃO

Page 48: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

49

O presente trabalho buscou apresentar esse importante problema de saúde

pública que vem acomentendo, cada dia mais, no Brasil e no mundo, mulheres de

variadas faixas etárias, com destaque para aquelas com idades superiores aos 50

anos e a importância que um programa de rastreamento representa na diminuição

da morbidade e da mortalidade, em função de oferecer um diagnóstico precoce

desta temida doença, tida como crônica não transmissível.

Este rastreamentomamográficoabordado e, adotado de forma anual a partir

dos 50 anosnos países desenvolvidos, como nosEuropeus e Norte Americanos

como o Canadá, e e, alguns Serviços de Mastologia brasileiro, tem a finalidadede

reduzir a incidência dessa neoplasia, ao mesmo tempo que também propicia que os

especialistas possam realizarum diagnóstico precoce e que com isso, venham a

oferecer um tratamento menos radical e mais eficaz, commaior qualidade de vida

para as pacientese um menor custo para o Estado.

Tal proposta, obrigou as autoridades de saúde e ao Estado Brasileiro dar

prioridade a medidas de implantação desse rastreamento,realizando uma ampla

divulgação pelos diversos meios de comunicação sobre a importância dodiagnóstico

precoce, procurando ainda diminuir o conceito da falta de conscientização e o medo

da doença, sabiamente, principais responsáveis pelo grande número de tumores

avançados no Brasil.

A ampla divulgação dessa doença pelos meios de comunicações, com

destaque para a internet, trouxe às pacientes e aos familiares, condições

assustadoras, gerando um misto de pavor (cancerofobia) e recusa (não aceitação da

doença), principalmente naquelas pacientes mais jovens. Estas, por sua vez,

começaram a procurar o Serviço Público especializado, mesmo contrariando as

estatísticas científicas, demonstrando um total desconhecimento da doença e

atrapalhando o atendimento daquelas já diagnosticadas ao ocuparem os

ambulatórios especializados com consultas desnecessárias.

A exposição na mídia de mulheres jovens e internacionalmente conhecidas

com este tipo de doença, promoveu uma comoção internacional, levando pacientesa

procurarem os ambulatórios clínicos especializados e os laboratórios radiológico

Page 49: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

50

promovendo técnicas diagnósticas cada vez mais específicas e dispendiosas, fora

das possibilidades dos centros de referência públicos, levando-as à procura de

doença aonde não se tinha ainda sequer possibilidade de sua existência.

Assim, esse medo leva pessoas ainda sem a doença mais esclarecidas, aos

Hospitais de Referência, portando todos os exames realizados,que na maioria das

vezes atropelam a evolução do processo, ainda de forma muito precoce, sem a real

necessidade, apresentado exames negativos ou benignos, ocupando o atendimento

especializado,impedindo queoutras mulheres, por vezes mais idosas ejá portadoras

deuma doença clínica, obrigando-as a aguardar, por meses, por um atendimento

especializado necessário.

Este então, passou a ser o grande desafio vivido pelas autoridades de saúde,

que vêm procurando solucionar por meio de atendimentos referenciados dos postos

de atendimentos básicos, mas a falta de acesso aos poucos Centros Especializados,

nem sempre capacitados para um diagnóstico e um tratamento rápido e eficiente,

geram diagnósticos tardios e tratamentos mais dispendiosos.

Também podemos constatar que,além de escassos,esses centros de

referência ainda estão mal distribuídos, atuando com recursos humanos

desproporcionais ecom necessidade de melhoria na infraestrutura, em geral,

inadequada e desaparelhadadas unidades no interior do país.

A falta de um programa nacional regionalizado e hierarquizado,que realmente

cumpra o previsto na busca da detecção precoce do câncer de mama, dificulta o

gerenciamento das ações e a capacitação médica, já que cada um faz a sua

parte,prejudicando o todo. Os registros das informações e dos encaminhamentos

não são eficazmente realizados,comprometendo o controle, gerando frequentes

migrações de pacientes de áreas com atendimento deficienteou mesmo, inexistente

(outros estados e interior), assoberbando o atendimento dos grandes centros, assim

como, onerando o Estado.

No que diz respeito à existência de profissionais de saúde, sabemos que

estes existem principalmente nos centros de referência, onde ainda encontramos

Page 50: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

51

melhores e atuais equipamentos para o diagnóstico precoce, dispostos para agilizar

o atendimento e o tratamento, garantindo o acesso, respeitando e controlando a

neoplasia, oferecendo a qualidade de vida esperada, como é o caso das cidades de

São Paulo e Curitiba.

Com o intuito de aumentar a realização de mamografias, o Governo Federal,

por meio do Ministério da Saúde, adquiriu novos mamógrafos, alguns deles móveis

para aparelhar e atenteder a cidades e lugarejos fora da linha do desenvolvimento

tecnológico e científico, mas, apesar de todos esses esforços, ainda encontram

dificuldades técnicas e logísticas, o que resulta de um tempo superior a 120 dias

para que se consiga diagnósticar e dar início ao tratamento das pacientes com

tumores já palpáveis, comprometendo a eficácia e a eficiência do programa.

Assim, fica demonstrado que o atendimento da rede primária ainda é

deficientee que necessitade gestões mais firmes e contínuas, seguindo as suas

diretrizesde implantaçãopara o atendimento primário da população-alvo. Agregado a

isso, se faz necessário um treinamento mais efetivo, de maneira a oferecer o acesso

rápido da primeira abordagem dos paciente.

Em contrapartida, o médicotambém vem contribuindo para esse entrave

quando solicita exames desnecessários,que sobrecarregame trazem dispesas para

o Sistema. Nessa visão,fica bem claro que essa distorção de procedimentos dificulta

o acesso das pacientes, etambém retarda a elucidação das queixas, elevando o

nível de ansiedade dessas pacientes, principalmente quando seus diagnósticos se

confirmam, gerando o pavor anteriomente falado, retardando o

diagnóstico,comprometendotratamento e o prognóstico. É sabido que os

tratamentos, tanto cirúrgicos como clínicos dos casos avançados,têm um custo

bastante elevado se compararmos com aqueles realizados precocementes e, esse

retardo, compromete a possibilidade de cura, nesse tipo de caso, a alcançar índices

inferiores a 30%.

No Brasil a implantaçãode um programa de rastreamento mamográfico em

toda a federaçãofica bastante difícil, pela falta de recursos humanos especializados

Page 51: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

52

(radiologistas e técnicos em radiologia), assim comopelas limitações econômicasque

as necessidades atuais, principalmente no interior do país apresenta. No momento já

é difícil se promover o diagnóstico, imagine para realizar o rastreamento de maneira

preventiva.

Em resumo, podemos concluir que, mesmo não sendo a neoplasia mamária

uma patologia aceita pelas pacientes como uma doença de bom prognóstico, temos

que, do ponto de vista científico,como vemos nos países desenvolvidos e em alguns

em desenvolvimento, como o Brasil, afirmar que o câncer de mama é uma doença

controlável e com um prognóstico bom. Contudo, para que isso aconteça é

imperioso que o seu diagnóstico seja feito precocemente e após isso, ter o seu

tratamentoiniciado de imediatamente, não dando oportunidade de células

neoplásicas transitem pelas vias hematogênicas ou linfáticas para outras

localizações.

Assim, entendemos que nossa prioridade deve incindir no investimento

tecnológico, na capacitação em pessoal de saúde (médica e técnica), na promoção

e na hierarquização do atendimento (médico de família ou atendimento básico para

o pronto atendimento e o especializado), proporcionadoo rápido acesso aos centros

secundários e terciários de atendimento resolutivo, oferecendoumfluxo efetivo de

rastreamento da doença, objetivando assim, a médio prazo, uma redução da taxa de

mortalidade por essa doença.

O programa de rastreamento brasileiro deverá ser constituído de um

planejamento eficaz, iniciando a sua implantação nas regiões mais bem aparelhadas

e capacitadas, identificando lesões mínimas, ainda não palpáveis, reduzindo os

custos,assegurando recursos econômicos adicionais para terapêuticas

complementaresadjuvantes ou neoadjuvantes como: radio, quimio e

hormonioterapias, além de implantação desse mesmoprocesso nas regiões ainda

carentes de meios e médicos, combatendo o câncer com maior veemência e

eficiência.

Com isso, acreditamos, que o Ministério da Saúde diminuirá osencargos

econômicos nesses grandes centros, já que os tratamentos passarão a ser menos

Page 52: FREIRE, Ricardo Aguiar Villanova. Câncer de mama

53

radicais, diminuindo a aplicação financeira e aumentando as suas resolubilidades

para alocar ainda, de forma continua e eficiente,esses recursos, tanto profissionais

(médicos e técnicos), como tecnológicos (equipamentos específicos - mamógrafos e

ultrassons) nas demais cidades da federação, até que se consiga oferecer a todas

as pacientesumacesso ao sistema de rastreamento eficaz e aguardado pela

comunidade científica nacional, assimcomo,esperado pelas pacientes em geral, em

consonância com o que rege a nossa Constituição Cidadã.

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