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FRAQUEZAS PERSISTENTES NA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Pedagogo e líder da ANEP, António Pacavira advoga a instituição imediata da figu-ra do orientador vocacional e profissional nas escolas. A sua ausência continua a dificultar a escolha do curso a seguir no ensino secundário. Com fre-quência prevalece a “ditadu-ra” dos pais.
Por SÃO DIAS
A indefinição sobre o passo se-guinte continua a permear a vida de muitos alunos que
depois de concluírem a nona classe não sabem que curso ou ramo deve-
rão seguir. O ingresso na 10 classe revela-se bastante angustiante pa-ra a maioria deles. O tema volta às páginas da revista “O Educador”, abordado pelo mestre em Pedagogia António Pacavira, ele que também é o presidente da Associação Nacio-nal do Ensino Particular, ANEP.
Para António Pacavira, a situa-ção se deve em grande medida ao facto do sistema de educação do país “ainda não se ter comprome-tido seriamente com a questão da orientação vocacional”. Falta nas escolas a figura do orientador vo-cacional, indivíduo capacitado
para trabalhar com os alunos do ponto de vista afectivo, psicológi-co, emocional e também atender às expectativas profissionais do alu-no e da própria família, garante o presidente da ANEP.
“A realidade angolana é de mani-festa ausência. Não há realização de testes vocacionais nas escolas, quer públicas como privadas. Al-gumas escolas fazem entrevistas, mas elas não têm rigor científico para serem consideradas testes vocacionais como tal”, sublinha o pedagogo.
António Pacavira desvaloriza assim, qualificando-a de “super-ficial e incipiente”, a experiência
de alguns gabinetes instalados em determinadas escolas do II ciclo do ensino geral, bem como institutos médios e escolas técnico-profissio-nal, supostamente para ajudar os alunos na escolha dos cursos para universidades e sobretudo para o mercado de trabalho. “O trabalho feito [nestes gabinetes] é superfi-cial e incipiente, e a sociedade não sente os seus efeitos”, critica o pe-dagogo.
Segundo António Pacavira, em geral, quando os estudantes che-gam ao “dia D”, a decisão é tomada ao nível familiar. Frequentemente,
os alunos acabam por sujeitar-se aos ditames dos pais, inclinando--se por “cursos que estão na moda” ou ainda, o que é pior, são levados a seguir a área de formação dos progenitores.
Qualquer dos cenários, diz o pe-dagogo, é sempre errado do pon-to de vista científico, porquanto desemboca-se numa situação em que os alunos descobrem, tardia-mente, a vocação e talento para um outro curso.
A desmotivação e o abandono de-vido ao insucesso escolar, a troca frequente de cursos e o atraso no cumprimento do plano curricular são algumas consequências que podem experimentar os alunos enquanto esta questão não for tra-tada de forma adequada pelas au-toridades.
Histórico de fraquezas
De acordo com um historial tra-çado por António Pacavira, a rea-lidade angolana tem demonstrado que o desempenho dos alunos tem sido bom até à 6ª classe. Depois a tendência é entrar-se num ciclo de declínio de resultados, não obstan-te ser nesta fase que geralmente começam a revelar-se os talentos que cada aluno tem para as várias ciências. Perante tal quadro, o es-pecialista advoga a institucionali-zação imediata dos testes vocacio-nais, a partir da 7ª até à 9ª classes, como instrumento para aferir a real vocação dos alunos, bem como as suas expectativas de formação e trabalho.
António Pacavira defende ainda um processo de feição científica e metodológica, que seja inclusivo para todos os sujeitos e actores do sistema de ensino e aprendiza-gem. Um processo, em suma, que conte com a participação activa de alunos, professores, escolas, encarregados de educação e até a comunidade onde se vive.
Ciências sociais ou exactas?
O Educador 27Interacção e estratégia
Pedagogo António Pacavira defende a existência de orientador
vocacional nas escolas do país
Apesar de tudo, o pedagogo António Pacavira considera que este assunto tem vindo gra-dualmente a “mexer” com diversas entida-
des e segmentos da sociedade, incluindo as autori-dades do sector.
Neste particular, Pacavira deu a conhecer que a instituição que lidera, a ANEP, encetou dili-gências no sentido de colher a experiência nesta matéria de países como Brasil e Portugal.
A diligência da ANEP surge na sequência de uma plataforma de concertação que está a haver já entre diversas entidades nacionais que, visan-do uma parceria público-privada, trabalham com o fito de, até 2015, submeterem ao Ministério da Educação propostas concretas sobre modelos de orientação vocacional e profissional.
Uma ideia essencial defendida no seio desta plataforma vai no senti-do de que quando forem introduzidos os testes vo-cacionais – de preferência realizados um mês antes do fim do ano lectivo –, os resultados sejam poste-riormente agregados à fi-cha do estudante, de modo a que este se faça acom-panhar dos resultados do teste quando ingressar na 10ª classe.
O líder da ANEP mos-tra-se esperançado que a introdução do teste vo-
cacional seja um elemento que agregue valor ao processo de ensino, em ordem a diminuir o insu-cesso escolar, que segundo ele se deve constituir numa das maiores preocupações do Ministério da Educação, porquanto, sublinha, “muitos alunos transitam de classe sem reunir competências e habilidades suficientes”.
“As escolas só são credíveis quando têm rele-vância para a sociedade e interagem com ela. Por exemplo, um gabinete de orientação e apoio de estudantes deve igualmente ter outros aportes, como tratar do estágio profissional para os alunos do ensino médio técnico-profissional. O estágio seria a melhor forma de os avaliar”, finaliza An-tónio Pacavira.
Hora da viragem?O Educador 28Interacção e estratégia
Entidades várias concertam ideias para até 2015 submeterem ao MEd propostas sobre modelos
A Biologia Molecular é umas das profissões do futuro
Falemos sério. A questão de escolher o que se quer ser no futuro não é coisa fácil. Ainda para mais quando se é um adolescente ao redor dos 15 anos,
mais coisa menos coisa, e sem experiência relevante de vida que lhe possa servir de bússola. O problema é que a opção tem de ser tomada de imediato, não podendo ser adiada.
É assim para o jovem que pensa em abraçar imedia-tamente uma profissão, optando por ingressar no En-sino Médio Técnico-Profissional. Mas é-o igualmente para aqueles que escolham o secundário do Ensino Geral como antecâmara para a Universidade (o que não quer dizer que os que optam pelos institutos médios não venham a fazê-lo também). O aguilhão da escolha é o mesmo para ambos os grupos. O que não vale é protelar a escolha da profissão futura. Em qualquer dos casos, a opinião dos pais e encarregados de educação são de grande valia. Mas, é óbvio, sem imposições de personalidades e outras “ditaduras”.
O que os especialistas dizem é que seja qual for a escolha, ela deve ser feita priorizando-se a realização pessoal e felicidade do indivíduo. Identificação e afi-nidade com a área ou a profissão escolhida também estão entre os critérios essenciais. Recomenda-se co-nhecer os profissionais que já actuam no mercado de trabalho. Pode-se, inclusive, interagir perguntando--lhes como é o dia-a-dia deles. Enfim, o que os satisfaz e não satisfaz na profissão e o que consideram funda-mental para exercê-la.
E, nessa esteira, até vale sonhar. Imaginar-se co-mo um profissional de “barba feita” pode ajudar-nos a perceber se é isso mesmo que desejamos. Afinal, toda rotina de trabalho sempre produz cansaço, mas se for
algo de que se goste, valerá em definitivo a máxima: quem corre por gosto não se cansa. Estaremos bem na profissão que um dia escolhemos.
A seguir um cardápio de profissões possíveis. Tra-ta-se apenas de uma pista, porque neste mundo há profissões que nunca mais acabam. Agora, não perca tempo, sente-se à mesa e escolha!
O QUE CONTA NA HORA DE DECIDIR
A profissão do futuro
O Educador 29Interacção e estratégia
O que os especialistas dizem é que seja qual for a escolha, ela deve ser
feita priorizando a realização pessoal e felicidade do indivíduo
O fonoaudiólogo é um profissional de extrema importância para qual-
quer unidade de saúde