francisco allen gomes o viver insatisfatório da sexualidade: problemas & disfunções
TRANSCRIPT
Francisco Allen GomesFrancisco Allen Gomes
O Viver InsatisfatO Viver Insatisfatório da ório da Sexualidade:Sexualidade:
Problemas & DisfunçõesProblemas & Disfunções
2Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
De uma forma geral, disfunção sexual engloba todas as formas de vivências insatisfatórias no relacionamento sexual, desde a dificuldade em sentir prazer ou satisfação até à incapacidade em satisfazer o(a) parceiro(a).
Nem todas as dificuldades e insatisfações são verdadeiras disfunções. Há alturas da vida em que o ajustamento sexual entre duas pessoas é mais difícil por factores circunstanciais ou individuais. O stress profissional e o stress da vida quotidiana nos tempos actuais pode, por exemplo, criar dificuldades a um relacionamento sexual satisfatório.Assim deve-se reservar o termo disfunção para quando há uma situação concreta, física ou psíquica, que torna impossível a função sexual.
3Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
Problemas e dificuldades no relacionamento sexuais são situações frequentes ao longo da nossa vida.
As disfunções, pelo contrário, são bastante mais raras, estando mais ligadas a um estado de saúde deficiente a nível físico ou mental.
4Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
Para se compreenderem bem a classificação e definição das disfunções sexuais, é preciso ter umas noções básicas sobre a resposta sexual de acordo com as concepções de William Masters & Virginia Johnson nos anos 60 e de Helen Kaplan nos anos 70 e 80.
A resposta sexual desenvolve-se numa sequência de três fases: desejo, excitação e orgasmo.
5Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
• O desejo é a fase apetitiva da resposta sexual e é eminentemente cerebral. O desejo pode ser desperto por estímulos internos (fantasias e memórias sexuais) ou por estímulos externos relacionados com os vários orgãos dos sentidos
• A fase de excitação segue a do desejo embora muitas vezes se sobreponha a ela. Manifesta-se no corpo em geral, mas a sua maior intensidade e visibilidade é a nível genital. É uma fase em que predominam mecanismos vasculares que se traduzem por vasodilatação. Erecção do pénis no homem e lubrificação vaginal na mulher são os acontecimentos fisiológicos emblemáticos desta fase. A componente parassimpática do Sistema Nervoso Autónomo é o seu substrato neurológico.
6Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
• A fase de orgasmo é o culminar da resposta sexual. É uma fase caracteristicamente muscular.
- No homem traduz-se, em condições normais, por ejaculação, acompanhada por uma sensação subjectiva de intenso prazer. Processa-se em duas fases: (i) contracção dos orgãos reprodutivos internos (vesícula seminal, canais deferentes e próstata) que lançam os seus fluidos na uretra prostática e (ii) contracções espasmódicas da uretra peniana lançando o sémen para o exterior em sacadas, a uma periodicidade de 0.8 segundos.
7Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
• A fase de orgasmo é o culminar da resposta sexual. É uma fase caracteristicamente muscular, mediada pela divisão simpática do Sistema Nervoso Autónomo.
- No homem traduz-se, em condições normais, por ejaculação, acompanhada por uma sensação subjectiva de intenso prazer. Processa-se em duas fases: (i) contracção dos orgãos reprodutivos internos (vesícula seminal, canais deferentes e próstata) que lançam os seus fluidos na uretra prostática e (ii) contracções espasmódicas da uretra peniana lançando o sémen para o exterior em sacadas, a uma periodicidade de 0.8 segundos.
8Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
• A resposta sexual masculina é mais visível e mais estereotipada o que a torna mais consensual.Pelo contrário, a feminina tem sido sempre fonte de polémicas, sobretudo no que diz respeito ao orgasmo.Antigamente, havia tendência a considerar-se tipos diferentes de orgasmo de acordo com os vários estímulos utilizados. Foi clássica a divisão entre orgasmos clitoridianos e vaginais. Estes, os vaginais, chegaram a ser o paradigma da normalidade em mulheres adultas e “normais”. Actualmente esta dualidade não faz sentido. Kaplan foi decisiva: “o orgasmo é um fenómeno total, desencadeado pelo clitoris e vivenciado na vagina”.
9Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Clínica das Disfunções Sexuais: IntroduçãoClínica das Disfunções Sexuais: Introdução
• Também é habitual considerar as mulheres como sendo multiorgásticas. Isto é e não é verdade, ou seja, há um número limitado de mulheres (não mais de 25%) que, de facto, é multiorgástica. Daí não se poder generalizar esta capacidade a todas as mulheres. A sexualidade humana é caracterizada pela sua imensa diversidade. Variações são isto mesmo: variações! Não são regras!
10Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Classificação das Disfunções SexuaisClassificação das Disfunções Sexuais
Os esquemas classificativos e definições que se seguem, foram baseados nas seguintes fontes:(i) Para as disfunções sexuais masculinas (DSM), a DSM-IV na sua edição de Texto Revisto (2000).Para as disfunções sexuais femininas (DSF), as orientações duma reunião de consenso em 1998 posteriormente publicadas por Rosemary Basson (2000).
11Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
ClassificaçClassificação das Disfunções Sexuais: notas ão das Disfunções Sexuais: notas préviasprévias
Bancroft J, Loftus J, Long JS (2003). Distress about sex: a national survey of women in heterosexual relationships. Arch Sex Behav, 32 (3): 193-208.
Disfunção sexual é uma forma apropriada e, heuristicamente útil, de descrever um problema sexual que resulta, quer de um padrão mal adaptativo de resposta psicofisiológica, ou das consequências de um processo patológico, hormonal ou provocado por drogas que interferem com o sistema de resposta sexual.
12Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
Critérios indispensáveis para que uma alteração da resposta sexual, seja
considerada uma disfunção
Classificação das Disfunções Sexuais: Classificação das Disfunções Sexuais: notas préviasnotas prévias
Ser Persistente ou RecorrenteCausar Sofrimento Interpessoal (DSM-IV-
TR, 2000)
Causar Sofrimento Pessoal (Consensus 98. Rosemary
Basson, 2000)
13Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSM: ClassificaçãoDSM: Classificação
Desejo Sexual Hipoactivo
Aversão SexualD. do Desejo Sexual
D. da Excitação Sexual Disfunção Eréctil
D. do OrgasmoEjaculação Prematura
Disfunção do Orgasmo MasculinoD. Dolorosa Dispareunia
Primária ou Secundária
Generalizada ou Situacional
Devida a factores Orgânicos, Psicológicos ou Mistos
14Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSF: ClassificaçãoDSF: Classificação
Desejo Sexual Hipoactivo
D. do Desejo Sexual
Aversão Sexual
D. da Excitação Sexual Disf da Excitação Sexual Feminina
D. Do Orgasmo Disf do Orgasmo Feminino
Dispareunia
D. Dolorosas Vaginismo
Dor Sexual Não CoitalPrimária ou Secundária
Generalizada ou Situacional
Devida a factores Orgânicos, Psicológicos, Mistos ou Desconhecidos e que causem
perturbação pessoal
15Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSM: DefiniçõesDSM: Definições
Desejo Sexual Hipoactivo: Diminuição ou ausência persistente e
recorrente de fantasias sexuais e desejo de actividade sexual.
Aversão Sexual: Persistente e recorrente aversão e evitamento activo do contacto sexual genital com uma parceira sexual.
16Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSM: DefiniçõesDSM: Definições
Disfunção Eréctil: incapacidade persistente e recorrente em atingir ou manter uma erecção adequada até completar a actividade sexual.
17Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSM: DefiniçõesDSM: Definições
Ejaculação Prematura: quando o orgasmo e ejaculação acontecem, de forma persistente e recorrente, na sequência de um pequeno período de excitação, durante ou imediatamente após a penetração e sem que o homem o deseje.
D. Do Orgasmo Masculino (Ejaculação Retardada): atraso ou ausência de orgasmo persistente e recorrente a seguir a uma fase de excitação considerada suficiente.
18Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSM: DefiniçõesDSM: Definições
Dispareunia: Dor genital persistente e recorrente associada à actividade sexual.
19Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSF: DefiniçõesDSF: Definições
Desejo Sexual Hipoactivo: Uma persistente ou recorrente deficiência (ou ausência) de fantasias sexuais e/ou do desejo para a actividade sexual ou para a sua receptividade.
Aversão Sexual: Persistente ou recorrente aversão fóbica e evitamento do contacto sexual com um parceiro sexual.
20Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSF: DefiniçõesDSF: Definições
D. da Excitação Sexual Feminina: A incapacidade persistente ou recorrente para atingir ou manter uma excitação sexual suficiente. Pode ser expressa por uma ausência subjectiva de excitação ou por uma falta de lubrificação genital, ou outras respostas somáticas.
21Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSF: DefiniçõesDSF: Definições
D. do Orgasmo Feminino: Atraso ou ausência de orgasmo persistente ou recorrente, após uma estimulação e excitação sexual suficientes.
22Francisco Allen Gomes - 2008Francisco Allen Gomes - 2008
DSF: DefiniçõesDSF: Definições
Dispareunia: Dor genital persistente e recorrente associada com a relação sexual (coito).
Vaginismo: Espasmo involuntário persistente e recorrente da musculatura do terço externo da vagina que interfere com a penetração vaginal.
Dor Sexual Não Coital: Dor genital persistente e recorrente, induzida por uma estimulação sexual não coital, que cause perturbação pessoal.